Biologia e Geologia – 11º ano FIXISMOvs ... - Netxplica
Biologia e Geologia – 11º ano FIXISMOvs ... - Netxplica
Biologia e Geologia – 11º ano FIXISMOvs ... - Netxplica
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Biologia</strong> e <strong>Geologia</strong> <strong>–</strong> <strong>11º</strong> <strong>ano</strong><br />
FIXISMO vs EVOLUCIONISMO<br />
Ainda hoje não existe consenso relativamente à origem da diversidade dos seres vivos. As<br />
respostas que foram surgindo ao longo da História da Humanidade foram condicionadas pelos<br />
contextos em que se desenvolveram: o estado de conhecimento que existe numa determinada<br />
época condiciona as explicações que vão sendo avançadas e, além disso o desenvolvimento<br />
científico e tecnológico é sempre marcado pelo contexto sócio-económico, cultural, político e<br />
religioso em que se desenvolve.<br />
A observação das espécies dos seres vivos conduz à ideia que estas são imutáveis. Esta<br />
observação de imutabilidade condicionou as ideias dos primeiros filósofos e naturalistas,<br />
relativamente à origem da multiplicidade de espécies.<br />
Os filósofos gregos Platão e Aristóteles, os que mais<br />
influenciaram o pensamento da cultura durante vários<br />
séculos, admitiam que as espécies não sofreram<br />
alterações, permanecendo imutáveis ao longo dos<br />
tempos, tal e qual como quando foram criadas. Esta<br />
perspectiva prevaleceu mais de dois mil <strong>ano</strong>s e<br />
constitui o Princípio Fixista ou, simplesmente, o<br />
Fixismo. As suas obras foram largamente utilizadas,<br />
sobretudo, durante a Idade Média, tendo<br />
representado, em alguns casos, devido ao carácter de<br />
Platão (427-347 a.C.) Aristóteles (384-322 a.C.) absoluta verdade que lhes era atribuída, um obstáculo<br />
insuperável ao avanço da Ciência.<br />
Neste contexto, a explicação para a origem das espécies radicava num Princípio Criacionista<br />
ou Criacionismo, segundo o qual os seres foram originados por criação divina.<br />
Lineu (1707-1778)<br />
Cuvier (1769-1832)<br />
No século XVII, Carl Von Linné (Lineu), um criacionista convicto e<br />
considerado por muitos como o pai da Sistemática, iniciou um<br />
extenso trabalho de levantamento e classificação dos seres vivos.<br />
O seu longo trabalho não tinha só o propósito de catalogar a<br />
Natureza, mas também de compreender os desígnios de Deus no<br />
que respeita à criação. O seu trabalho de classificação exigia um<br />
estudo pormenorizado da morfologia dos seres vivos, e permitiu o<br />
conhecimento de semelhanças e diferenças entre eles. Para alguns<br />
naturalistas da época, tal sugeria relações de parentesco e uma<br />
possível origem comum. Assim, sem se aperceber, Lineu contribuiu<br />
para o estabelecimento de ideias evolucionistas.<br />
Para além do trabalho de Lineu, o desenvolvimento da<br />
Paleontologia permitiu coleccionar um conjunto de dados que viriam a<br />
abalar as ideias fixistas. De facto, o estudo dos fósseis mostrava que<br />
algumas das espécies encontradas não tinham correspondência com<br />
as espécies actuais. Por outro lado, os fósseis presentes em<br />
determinados estratos rochosos apresentavam características<br />
diferentes das características dos fósseis que surgiam em outras<br />
camadas. Estas evidências contrariavam a ideia fundamental do<br />
Fixismo, isto é, a imutabilidade das espécies.<br />
Na tentativa de conciliar os dados paleontológicos com as ideias<br />
fixistas, George Cuvier propôs, em 1799, a Teoria do Catastrofismo<br />
(1), que defendia que uma sucessão de catástrofes (dilúvios,<br />
glaciações, …) tinha ocorrido no decurso da História da Terra. Esses<br />
fenómenos teriam conduzido à destruição dos seres vivos em<br />
determinadas áreas. Desta forma, o catastrofismo explicava o<br />
aparecimento de determinadas formas fósseis em alguns estratos,<br />
sem que houvesse continuidade dessas formas nos estratos mais<br />
recentes. Alguns catastrofistas consideraram que as catástrofes<br />
tinham um alcance global e eram seguidas de novos actos de criação.
C. de Buffon (1707-1788)<br />
J. Hutton (1726<strong>–</strong>1797)<br />
Charles Lyell (1797-1875)<br />
Lamarck (1744-1829) Darwin (1809-1882)<br />
Em meados do século XVIII, George Louis Leclerc, conde de Buffon,<br />
desenvolveu uma concepção transformista relativamente à origem da<br />
diversidade de espécies, admitindo que derivavam umas das outras por<br />
degeneração provocada por circunstâncias ambientais, como o clima e<br />
o alimento. Assim, enquanto que algumas formas originais persistiam,<br />
outras degeneravam, conduzindo à formação de espécies próximas.<br />
Maupertius (1698-1759), outro naturalista da época, também<br />
defendeu ideias transformistas. Contudo, estas ideias não tiveram<br />
aceitação na época.<br />
Em 1778, o geólogo James Hutton, na sua obra Theory of the Earth,<br />
estabeleceu uma idade para a Terra muito superior àquela que era<br />
admitida até então e defendeu que os fenómenos geológicos existentes<br />
na actualidade são idênticos aos que ocorreram no passado <strong>–</strong> Teoria<br />
do Uniformitarismo (1) ou Princípio do actualismo ou das Causas<br />
Actuais <strong>–</strong> “o presente é a chave do passado”.<br />
Abandonava-se, progressivamente, a visão estática do Mundo,<br />
substituindo-a por uma ideia de um planeta em constante mudança,<br />
perspectiva que veio preparar o terreno para as concepções<br />
evolucionistas relativamente à origem das espécies.<br />
A obra de Hutton foi retomada, desenvolvida e popularizada pelo<br />
geólogo inglês, Charles Lyell.<br />
Lyell confirma a Teoria do Uniformitarismo e conclui que:<br />
- as leis naturais são constantes no espaço e no tempo;<br />
- os acontecimentos do passado devem ser explicados a partir dos<br />
mesmos processos que se observam na actualidade, dado que as<br />
causas são as mesmas (princípio do actualismo);<br />
- a maioria das alterações geológicas ocorrem de forma lenta e<br />
gradual.<br />
Embora Lyell tivesse mostrado relutância em aceitar a transformação<br />
das espécies, as suas concepções gradualistas conduziram ao<br />
desenvolvimento de ideias evolucionistas no campo da <strong>Biologia</strong>.<br />
Contudo, faltavam modelos que explicassem o processo evolutivo.<br />
A ideia de a diversidade de seres vivos resultar de um<br />
processo dinâmico de lenta transformação de<br />
espécies ao longo do tempo é defendida por diversos<br />
naturalistas.<br />
Os nomes mais marcantes são os de Jean Baptiste<br />
de Monet, cavaleiro de Lamarck e Charles Darwin.<br />
Historicamente, considera-se a hipótese de Lamarck<br />
como a primeira teoria explicativa dos mecanismos de<br />
evolução dos seres vivos. No entanto, foi o<br />
mecanismo proposto por Darwin que veio modificar a<br />
perspectiva sobre a origem das espécies<br />
(1) Princípios básicos do raciocínio geológico (10º <strong>ano</strong> <strong>–</strong> <strong>Geologia</strong>)<br />
Na história da Terra têm ocorrido grandes alterações, não só biológicas como também geológicas.<br />
Existem duas linhas do pensamento geológico que explicam a evolução do nosso planeta <strong>–</strong> o<br />
catastrofismo e o uniformitarismo.<br />
O catastrofismo foi o princípio mais aceite até meados do século XVIII e o seu principal defensor foi<br />
Cuvier, considerado o pai da Paleontologia (ciência que estuda os fósseis). Segundo esta teoria, as<br />
grandes alterações ocorridas à superfície da Terra deveram-se a catástrofes.<br />
O uniformitarismo, defendido por James Hutton (considerado o pai da <strong>Geologia</strong> moderna) no século<br />
XVIII, afirma que os processos geológicos podem ser explicados à luz de processos ocorrentes na<br />
actualidade. Hutton reconheceu, no entanto, que certos acontecimentos violentos, como erupções<br />
vulcânicas, podem ter influenciado a história da Terra.<br />
Neocatastrofismo <strong>–</strong> Nova teoria que reconhece o uniformitarismo como o guia principal que permite<br />
entender os processos gerais terrestres, mas não exclui que fenómenos catastróficos ocasionais<br />
(impactos meteoríticos, por exemplo) tenham contribuído para eventuais alterações da superfície<br />
terrestre.