17.04.2013 Views

pdf: 154.7K - Instituto Paulo Freire

pdf: 154.7K - Instituto Paulo Freire

pdf: 154.7K - Instituto Paulo Freire

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ealizadas - número de reuniões formais, por exemplo - mas pela competência política<br />

e organizacional em transformar permanentemente a proposta da escola numa proposta<br />

social com o envolvimento da comunidade.<br />

É preciso, contudo reconhecer que a gestão democrática é um processo sempre<br />

inacabado e que os limites são enormes. Esses limites se encontram:<br />

a) nas próprias pessoas, com pequena experiência de democracia;<br />

b) na mentalidade que atribui aos técnicos e apenas a eles a capacidade de<br />

governar e considera o povo é incapaz de exercer o governo de qualquer coisa;<br />

c) na própria estrutura de nosso sistema educacional que é vertical;<br />

d) no autoritarismo que impregnou nosso ethos educacional;<br />

e) no tipo de liderança que tradicionalmente domina nossa atividade política.<br />

Enfim, a gestão democrática apoia-se em alguns princípios:<br />

a) desenvolvimento de uma consciência crítica;<br />

b) envolvimento das pessoas;<br />

c) participação e cooperação;<br />

d) autonomia.<br />

Vou insistir particularmente neste último princípio, pois foi sobre ele que mais<br />

trabalhei nos últimos anos.<br />

2. Autonomia, participação e gestão democrática<br />

Na história das idéias pedagógicas, a autonomia sempre foi associada ao tema<br />

da liberdade individual e social, ruptura com esquemas centralizadores e,<br />

recentemente, com a transformação social.<br />

Pode-se dizer que a autonomia faz parte da própria natureza da educação.<br />

Por isso, o seu conceito encontra-se em diversos autores:<br />

a) John Locke concebe-a como "autogoverno" (self-government), no sentido<br />

moral de "auto-domínio individual";<br />

b) os educadores soviéticos Makarenko e Pistrak a entendiam como "autoorganização<br />

dos alunos";<br />

c) Adolph Ferriere e Jean Piaget entendiam que ela exercia um papel<br />

importante no processo de "socialização" gradual das crianças;<br />

d) o educador inglês Alexander S. Neill organizou uma escola (Summerhill)<br />

controlada autonomamente pelos alunos;<br />

A autonomia é "real", diz Georges Snyders, "mas a conquistar<br />

incessantemente"... "é muito menos um dado a constatar do que uma conquista a<br />

realizar" (1977:109). Snyders insiste que essa "autonomia relativa" tem que ser<br />

mantida pela luta e "só pode tornar-se realidade se participar no conjunto das lutas das<br />

classes exploradas" (Idem, ibidem). A escola precisa preparar o indivíduo para a<br />

autonomia pessoal, mas também para a inserção na comunidade e para a emancipação<br />

social.<br />

Cornelius Castoriadis opõe autonomia à alienação. Para ele, "a autonomia<br />

seria o domínio do consciente sobre o inconsciente" (1982:123), onde o inconsciente<br />

é o "discurso do outro". A alienação se dá quando "um discurso estranho que está em<br />

mim, me domina, fala por mim" (Idem, p. 124). Portanto, a educação enquanto<br />

processo de conscientização (desalienação) tem tudo a ver com a autonomia.<br />

Autonomia e autogestão<br />

A palavra "autogestão" aparece no início dos anos 60, na linguagem política e<br />

principalmente nos meios intelectuais da esquerda francesa insatisfeita com as<br />

Erro! Indicador não definido.<br />

3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!