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Treino tecnico para - Xadrez Real

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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO<br />

Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico<br />

_____________________________________________________________________________________<br />

Onde os Reis se encontram<br />

Av. Itatiaia, 686<br />

Jardim Sumaré<br />

Ribeirão Preto – SP<br />

14025-240(16) 623 1215<br />

academiadexadrez@bol.com.br<br />

www.geocities.com/academiadexadrez<br />

TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO<br />

Introdução à Análise<br />

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza<br />

CLASSIFICAÇÃO DOS LANCES<br />

Lance Descrição Resposta<br />

Ataque Aquele que cria uma situação de perigo ao adversário. Defesa ou Contra-ataque<br />

Defesa Estabelece uma proteção, uma defesa <strong>para</strong> o lado que a Ataque ou pre<strong>para</strong>ção de<br />

realiza.<br />

ataque<br />

Neutra Por exclusão, não é nem de ataque nem de defesa. Ataque ou pre<strong>para</strong>ção de<br />

Exemplo: lances de desenvolvimento de peças.<br />

ataque<br />

Errônea Aquele que propicia ao adversário uma vantagem<br />

imediata ou a médio prazo.<br />

Aproveitamento do erro<br />

1. Razões dos lances<br />

CONDUÇÃO DA PARTIDA<br />

_____________________________________________________________________________________________________<br />

Página 1<br />

1


Tenha sempre ao menos um objetivo <strong>para</strong> o próprio lance. Lances sem objetivo são inúteis e<br />

podem ocasionar perdas de tempo ou derrota.<br />

O lance do adversário deve ser analisado cuidadosamente, procurando descobrir-lhe as<br />

intenções. Não procedendo desta maneira, há o risco de perda de material ou derrota.<br />

Procure debilitar a posição inimiga e aproveite-se dela com um ataque direto de mate<br />

2. Desenvolvimento lógico<br />

Desenvolva suas peças <strong>para</strong> casas, onde aumentam sua potencialidade agressiva, sem<br />

entorpecer a saída das demais.<br />

3. Lances iniciais<br />

Na fase da abertura, os lances devem visar o desenvolvimento lógico das peças e a<br />

fiscalização das casas centrais. Tire as peças de suas desfavoráveis posições iniciais, ampliando seu raio<br />

de ação, e por conseqüência, a capacidade de luta, ou seja, desenvolva suas peças. Tenha em vista as casas<br />

centrais do tabuleiro: e4, e5, d4, d5.<br />

Antes de executar seu lance, deve o enxadrista procurar responder afirmativamente às<br />

perguntas “O lance atende ao desenvolvimento?” e “O lance tem ação no centro do tabuleiro?”. Estes são<br />

os objetivos dos lances inicias.<br />

4. Nomes das aberturas<br />

De acordo com a posição estabelecida após alguns lances iniciais, são denominadas as<br />

aberturas. O importante não é decorar os nomes, nem os lances, mas ter em mente seu plano e deduzir<br />

logicamente a seqüência.<br />

5. Lances de Peões<br />

Durante a abertura, procure jogar os Peões d e e, <strong>para</strong> permitir entre outros objetivos, a saída<br />

dos Bispos.<br />

Além destes, nas aberturas jogue apenas c3 quando sua idéia for apoiar um futuro d4.<br />

Afora esses, os outros Peões constituem, via de regra, perda de tempo, e, somente devem ser<br />

feitos, após o completo desenvolvimento das peças.<br />

Se d4 é fácil <strong>para</strong> as Brancas, <strong>para</strong> as Negras, ... d5 não o é. Quase sempre o Peão d negro vai<br />

a d6, após a saída do Bispo do Rei. Porém, sempre que possível, ... d5 é um bom lance, pois elimina, pela<br />

troca, o Peão e branco.<br />

6. Casas <strong>para</strong> os Cavalos<br />

inativo.<br />

Para as Brancas, c3 e f3; <strong>para</strong> as Negras, c6 e f6. Normalmente em h3, o Cavalo permanece<br />

7. Casas <strong>para</strong> os Bispos<br />

2


a) Bispo do Rei: em sua diagonal, o Bispo encontra sua melhor casa em c4 ou b5, neste último<br />

caso, quando existe um Cavalo em c6. Nas posições restringidas, quando o avanço d3 antecede a saída do<br />

Bispo Rei, ele limita-se a ocupar a casa e2.<br />

b) Bispo da Dama: de acordo com a posição, as melhores casas <strong>para</strong> o Bispo branco são g5,<br />

cravando o Cavalo de f6, em b2, a3. Já o Bispo negro, geralmente se posiciona em e6 ou d7, ou quando<br />

possível em g4, cravando o Cavalo de f3.<br />

8. Casas <strong>para</strong> a Dama<br />

Freqüentemente atua em sua coluna e nas diagonais d1-h5 e d1-a4. Quando se lança<br />

diretamente ao ataque, suas casas boas são g4 e h5. Na casa e2 geralmente tira proveito da coluna e<br />

aberta. Pode ser eficaz também em d4 ou em b3.<br />

Nas partidas do Peão do Rei, as Negras tem dificuldade de jogar com sua Dama. Suas casas de<br />

escolha são as casas da primeira e segunda horizontais pretas, como d8, d7, e7, c7, etc.<br />

Não saia prematuramente com a Dama <strong>para</strong> não se expor a um ataque de peça de menor valor,<br />

que a obrigaria a mover-se novamente, perdendo tempo.<br />

9. Casas <strong>para</strong> o Rei<br />

O roque pequeno permite colocar o Rei na casa segura g1, onde se põe a salvo de ataques<br />

inimigos. É sua casa ideal, onde goza de ampla segurança. Caso não se efetue o roque, facilitará o ataque<br />

inimigo. Se o roque não tiver a proteção de suas peças, pode sofrer um ataque fatal.<br />

10. Casas <strong>para</strong> as Torres<br />

As casas iniciais das colunas abertas.<br />

11. Reforço de um ataque com as Torres<br />

Após o desenvolvimento dos Cavalos, dos Bispos e mesmo da Dama, o jogador necessita do<br />

reforço das Torres, <strong>para</strong> prosseguir num ataque, uma vez que essas peças são as últimas a entrar em<br />

combate. Um dos meios é avançar o Peão f e abrir esta coluna. A ocupação de colunas abertas são<br />

caminhos <strong>para</strong> a 7ª horizontal, onde se realizam os golpes táticos.<br />

12. Como tirar proveito das Torres?<br />

aberta.<br />

a) Abrindo colunas <strong>para</strong> elas;<br />

b) Fazendo-as agir nas colunas já abertas;<br />

c) Instalando-as na 7ª horizontal e<br />

d) Conduzindo-as a importantes colunas de ataque, utilizando como via de acesso, uma coluna<br />

13. A importância do avanço d4 (ou d5 <strong>para</strong> o Negro)<br />

a) Para as Brancas, além de facilitar o desenvolvimento, visa, pela troca, eliminar o Peão e<br />

inimigo, resultando uma posição em que apenas as Brancas dispõem de um Peão central, deixando o<br />

adversário com inferioridade no centro.<br />

b) Para as Negras, é igualmente eficiente por quebrar o centro branco. Sempre que o Negro<br />

consegue jogar impunemente ... d5, nas partidas do Peão do Rei, conseguem, ao menos, igualdade.<br />

3


14. Roque<br />

“Rocar o mais cedo possível e de preferência, o roque pequeno”. O roque coloca o Rei em<br />

segurança e permite jogo à torre companheira. Mas o roque não deve ser enfraquecido, pois seria<br />

acessível a ataque.<br />

Se mantiver o roque íntegro, não terá preocupações com a segurança de seu Rei. Caso<br />

contrário, se permitir a destruição do escudo real, sucumbirá por deixar o monarca desprotegido.<br />

Impeça que seu adversário faça o roque.<br />

15. Desenvolvimento e Centro<br />

O lado que tem maior mobilidade de peças (conseqüência do melhor desenvolvimento e<br />

domínio central) domina o tabuleiro.<br />

16. Desenvolvimento acelerado de peças<br />

A vantagem real em xadrez decorre do número de peças ativas.<br />

As peças valem pelo que fazem.<br />

Desenvolva todas as peças rapidamente, mesmo que à custa de sacrifício de Peões. O tempo<br />

gasto pelo adversário, ao capturar com uma peça já desenvolvida, um nosso Peão, será por nós<br />

aproveitado no desenvolvimento de mais uma peça.<br />

17. Geral<br />

ESCOLA ANTIGA<br />

Tenha sempre em mente durante a partida os seguintes ítens:<br />

•os ataques diretos e indiretos<br />

•defesas diretas e indiretas (contra-ataques)<br />

•eficiência dos lances com mais de um objetivo<br />

•debilidade da casa f7<br />

•a força de um Cavalo em e6<br />

•a força de dois Bispos no ataque<br />

•lances enérgicos, de iniciativa<br />

•exploração de peças cravadas<br />

•o clima de tensão central das aberturas<br />

•etc.<br />

EVOLUÇÃO HISTÓRICA<br />

O ponto débil que a configuração inicial das peças oferece, é a casa f7, o setor de cada lado,<br />

que mais generosamente se oferece aos planos agressivos do adversário. E o Peão que se instala nessa<br />

casa, é fraco, pois conta apenas com o magro apoio de seu Rei.<br />

4


A primitiva idéia que ocorreu aos primeiros estudiosos do xadrez (séc. XVI em diante), foi o<br />

ataque direto a essa casa, conhecidamente fraca.<br />

Todas as combinações, planos, ciladas dos enxadristas antigos, estavam orientados em direção<br />

a este ponto, onde procuravam acumular o maior número de peças atacantes.<br />

A) MATE PASTOR<br />

a)<br />

1 e4 e5 2 Dh5<br />

Ameaçando o Peão e5<br />

2 ... Cc6 3 Bc4 d6 4 Df7++ (1-0).<br />

Refutação: 3 ... g6! 4 Df3 (novamente ameaçando mate com Df7++) Cf6, seguido de ... Bg7 e ...<br />

0-0 e as Negras tem melhor jogo.<br />

b)<br />

1 e4 e5 2 Bc4 Cc6 3 Df3 d6 4 Df7++ (1-0).<br />

Refutação: 3 ... Cf6!, e as Negras estão bem.<br />

B) MATE LEGAL<br />

O melhor é, após 1 e4 e5 2 Bc4 jogar logo 2 ... Cf6, evitando as ameaças de mate.<br />

1 e4 e5 2 Bc4 d6? 3 Cf3 g6 4 Cc3 Bg4 5 Ce5!<br />

Entregando a Dama.<br />

5 ... Bd1 6 Bf7+ Be7 7 Cd5++ (1-0)<br />

Refutação: consiste em jogar de acordo com os princípios gerais de desenvolvimento e domínio do centro,<br />

ou seja 2 ... Cf6. Na variante principal, ao invés de 5 ... Bd1?, o Negro pode jogar 5 ... de5, e não existe<br />

mais o Mate Legal.<br />

C) ATAQUE GRECO<br />

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 c3 Cf6 5 d4 ed4 6 cd4 Bb4+ 7 Cc3 Ce4 8 0-0 Cc3 9 bc3 Bc3 10 Db3<br />

Ba1 11 Bf7+ Rf8 12 Bg5 Ce7 13 Ce5! d5 14 Df3 Bf5 15 Be6! g6 16 Bh6+ Re8 17 Bf7++ (1-0)<br />

Refutação: 9 ... d5! e desaparece o Ataque Greco.<br />

D) ATAQUE FEGATELLO<br />

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Cf6<br />

Defesa dos 2 Cavalos<br />

4 Cg5<br />

É esta uma abertura típica da escola antiga de xadrez, em que o ataque direto contra o Rei era o objetivo<br />

único de todas as idéias estratégicas.<br />

As Negras desenvolveram normalmente suas peças e, aparentemente, nenhuma razão assiste às Brancas<br />

<strong>para</strong> pretenderem tirar proveito da abertura.<br />

Com 4 Cg5, como que aspiram as Brancas a realizar uma expedição punitiva ao adversário, visando a<br />

casa fraca f7, onde já atua o Bispo branco.<br />

O lance 4 Cg5 transgride um princípio de desenvolvimento que proíbe jogar a mesma peça duas vezes na<br />

abertura, e outro princípio de ordem estratégica, que veda, igualmente, os ataques prematuros, sem o<br />

desenvolvimento de peças.<br />

5


Mas, <strong>para</strong>doxalmente, 4 Cg5 não pode ser considerada errônea, ao contrário, exige grande atenção.<br />

Como as Negras defenderão seu Peão de f7 atacado duplamente? Não existe uma proteção direta de outra<br />

peça (exemplo: 4 ... De7 5 Cf7, e as Negras não podem retomar com a Dama, por causa da defesa que o<br />

Cavalo tem de seu Bispo de c4).<br />

O único lance que procura obstruir a ação do Bispo branco sobre a casa f7 é 4 ... d5!, permitindo também<br />

o desenvolvimento do Bispo da Dama negro.<br />

Após 5 ed4, o lance lógico negro, <strong>para</strong> que não percam um Peão é 5 ... Cd5. As Brancas continuam com 6<br />

Cf7!, entregando o Cavalo e especulando a debilidade da posição negra e na força que irá ter, agora, o<br />

Bispo f4 branco, cravando o Cd5 negro.<br />

4 ... d5 5 ed5 Cd5 6 Cf7!<br />

Inicia-se o famoso Ataque Fegatello.<br />

O Cavalo ataca a Dama e a Torre do Rei. A resposta negra é forçada:<br />

6 ... Rf7 7 Df3+<br />

Atacando também o Cavalo d5 inimigo.<br />

7 ... Re6<br />

Novamente forçada e resulta numa posição muito comprometida <strong>para</strong> o Rei negro.<br />

8 Cc3<br />

Atacando mais uma vez o Cavalo d5.<br />

Um exemplo do que pode acontecer é:<br />

8 ... Ce7 9 d4 c6 10 Bg5 Rd7 11 de5 Re8 12 0-0-0 Be6 13 Cd5 Bd5 14 Td5! cd5 15 Bb5+<br />

(+ -)<br />

Refutação:<br />

a) O Ataque Fegatello tem dado margem a muita controvérsia. Aparece, como sua refutação, em vez de 8<br />

... Ce7, erro que deu grande prestígio ao Ataque, o lance 8 ... Ccb4! e após 9 De4 c6 10 a3 Ca6 11 d4 Cc7<br />

12 Bf4 Rf7 13 Be5, as Brancas possuem um ataque poderoso, mas as Pretas têm excelentes<br />

possibilidades.<br />

Teoricamente o Fegatello pode ser contestado, mas, praticamente é jogável, pelas possibilidades de ataque<br />

que proporciona, beneficiando, via de regra, as Brancas.<br />

b) O melhor é evita-lo, o que se consegue com o lance 5 ... Ca5! em vez de jogar 5 ... Cd5. Com este<br />

lance, as Negras jogam uma espécie de gambito, entregando um Peão <strong>para</strong> conseguir rápido<br />

desenvolvimento de peças e ataque ao Rei inimigo. Um exemplo é, após 5 ... Ca5, 6 d3 h6 7 Cf3 e4! 8<br />

De2 Cc4 9 dc4 Bc5, etc.<br />

Ao estudar a Defesa dos 2 Cavalos, você pode encontrar outros exemplos de ataque.<br />

O Ataque Fegatello é um produto da influência que os mestres italianos de xadrez exerceram na época do<br />

Renascimento. O nome Fegatello vem do italiano “fégato”, que quer dizer fígado. O ataque visaria o<br />

ponto mais vital do inimigo (f7), como era o fígado, na época, <strong>para</strong> o organismo humano.<br />

Este ataque e todas as demais continuações, que têm em mira o ataque direto ao Rei inimigo, atacando o<br />

Peão f7, são muito interessantes, exigindo do jogador das Negras respostas precisas e arte na defesa.<br />

Os jogadores da chamada escola antiga de xadrez confiavam no êxito dos ataques diretos ao Rei. O<br />

objetivo da partida seria o ataque frontal ao monarca inimigo, estando, assim, justificados todos os<br />

sacrifícios de peças, que tivessem, por finalidade, eliminar o Rei contrário.<br />

ESCOLA MODERNA<br />

Com a evolução do xadrez, com a experiência e o aperfeiçoamento da técnica defensiva, ficou<br />

provado que os meios diretos não são suficientes <strong>para</strong> ganhar uma partida e que deve-se antes debilitar a<br />

posição inimiga, por meio de manobras estratégicas de grande alcance, as quais, minam, solapam todos os<br />

setores da luta.<br />

6


Essas idéias foram alardeadas pela escola moderna de xadrez, cujo pioneiro foi o grande<br />

mestre Steinitz.<br />

Atualmente o ataque frontal é considerado como o complemento lógico de uma estratégia bem<br />

definida, que objetiva enfraquecer, num primeiro tempo, a posição adversária.<br />

As combinações, os sacrifícios brilhantes de peças, os ataques fulminantes ao Rei inimigo,<br />

devem surgir como uma conseqüência lógica de uma conduta inteligente, que conseguiu tornar débil o<br />

inimigo.<br />

O êxito do ataque final, nessas condições, é assim, absoluto.<br />

Antigamente, atirava-se à luta, de frente, sem pensar no resultado, confiando apenas na<br />

habilidade do espírito ofensivo e na surpresa do ataque prematuro. As partidas eram orientadas por uma<br />

tendência bárbara de luta, primitiva.<br />

Na atualidade, os desejos regicidas não são tão fundamentais. Há um trabalho prévio de<br />

solapamento.<br />

O principiante é, por instinto, um adepto da escola antiga de xadrez.<br />

A explicação é fácil, visto que o ataque ao Rei é, em essência, o motivo mesmo da partida.<br />

Seus objetivos e suas intenções são quase evidentes, daí os principiantes aprenderem, facilmente, essa<br />

parte do jogo.<br />

Quem se inicia em xadrez embarca freqüentemente, em combinações de ataque direto ao<br />

adversário, sem pre<strong>para</strong>tivos necessários, isto é, o desenvolvimento de peças e o real controle do centro.<br />

Tais procedimentos, armas de dois gumes, são errôneos e, invariavelmente, conduzem à derrota, quando<br />

são empregados contra jogadores experientes.<br />

O principiante deve ter em mente esses fatos em suas partidas. Lembrar sempre que, como foi<br />

demonstrado por Steinitz, antes de dirigir uma ação direta ao Rei adversário, deve ter obtido alguma<br />

vantagem que a justifique.<br />

Dita vantagem pode manifestar-se por duas formas fundamentais:<br />

a) Superioridade material, isto é, mobilização de maior quantidade de forças, ou<br />

b) Superioridade dinâmica, ou seja, melhor colocação das peças.<br />

Outra coisa que o principiante deve levar em consideração: quando iniciar um ataque direto<br />

contra o Rei adversário, é lembrar que não é necessário ganhar a partida por esse meio. Não há, como diz<br />

Max Euwe, “necessidade de queimar as naves <strong>para</strong> este fim. Essas táticas são filhas do desespero. Um<br />

ataque bem planejado não é um desespero, mas uma conseqüência lógica na cadeia de idéias estratégicas<br />

e, geralmente, produz como saldo uma vantagem duradoura, que se explora com um tranqüilo e paciente<br />

jogo de posição”.<br />

7


Apostila 1<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

APARECE UM TÍTULO<br />

A criação do título de Campeão Mundial foi uma obra pessoal, e muito anterior ao surgimento<br />

de um organismo que controlasse as competições. Até surgir Steinitz, ninguém havia tido a idéia de se<br />

empregar tão atraente título, apesar de que a superioridade de Stauton, Anderssen e Morphy sobre todos<br />

os seus contemporâneos era patenteada em determinados anos.<br />

Quando Steinitz surge no palco do xadrez internacional, o norte-americano Morphy já havia<br />

deixado as competições sérias, onde então a figura máxima era o prussiano Anderssen, que havia sido<br />

derrotado por Morphy convincentemente no ano de 1858, em Paris por +2 -7 =2. Assim, quando em 1866,<br />

Steinitz venceu em um disputado match a Anderssen por +8 -6 =0, em Londres, se autoentitulou como<br />

Campeão Mundial, diante do sorriso de todos os aficionados, que não levaram a serio aquele pequeno<br />

enxadrista centroeuropeu.<br />

Objetivamente falando, a superioridade de Steinitz, naquela época estava longe da clareza,<br />

pois no ano seguinte, 1867, Kolisch e Winawer o superaram no Torneio de Paris, e em 1870, Anderssen<br />

na revanche, no Torneio de Baden-Baden, derrota-lhe nas duas partidas que jogaram. Mas Steinitz volta<br />

com toda a força e vence o grande Torneio de Viena, 1873, com a satisfação de obrigar a Anderssen a<br />

render seu Rei nas duas partidas disputadas. Depois desta vitória, esteve bastante tempo sem participar de<br />

Torneios, mas em encontros pessoais derrotou, entre outros, Bird, Londres, 1866, +7 -5 =5; Blackburne,<br />

Londres, 1870, +5 -0 =1; Zukertort, Londres, 1872, +7 -1 =4 e outra vez Blackburne, Londres, 1876, +7<br />

-0 =0.<br />

No ano de 1882 reaparece no grande Torneio de Viena e obtém o primeiro posto, mas<br />

empatado em pontos com o polonês Simón Winawer, o que indubitavelmente, empalideceu um pouco seu<br />

triunfo.<br />

Durante o tempo em que Steinitz permaneceu afastado dos torneios, novas figuras começaram<br />

a brilhar com luz própria e ameaçavam o trono que o mesmo havia criado.<br />

Assim está a situação, quando no ano de 1883, em Londres, organizaram um torneio de dupla<br />

volta com os melhores enxadristas da época e que foi ganho brilhantemente por Zukertort, aquele jogador<br />

que Steinitz havia derrotado contundentemente em um match, onze anos antes. Aqui começaram as<br />

dificuldades de Steinitz, pois se até então, se bem que nada lhe dava o direito de ostentar o Título<br />

Mundial, ninguém havia reclamado <strong>para</strong> si tal galardão, ocorreu neste momento a Zukertort o desejo de o<br />

tomar <strong>para</strong> si, e depois de seu triunfo (impecável diga-se de passagem), definiu-se como Campeão<br />

Mundial...<br />

Steinitz não consentiu isto, e imediatamente desafiou-o a jogar um match decisivo em que se<br />

esclarecesse quem teria o direito de utilizar o título de Campeão Mundial. As conversas foram longas e<br />

divergentes, e até 1886 estes dois esplêndidos enxadristas não se encontraram por meio do tabuleiro <strong>para</strong><br />

disputar a supremacia.<br />

Antes de Steinitz “criar” o Título Mundial, alguns matches (e torneio) podem ser considerados<br />

como indicadores de enxadristas que mereceriam ostentar o Título:<br />

8


Mac Donell – De La Bourdonnais, Londres, 1834, 21V 13E 44D<br />

Saint-Avant – Stauton, Paris, 1943, 6V 4E 11D<br />

Anderssen, vencedor do Torneio de Londres, 1851<br />

Anderssen – Morphy, Paris, 1857, 2V 2E 7D<br />

Anderssen – Steinitz, Londres, 1866, 6V 0E 8D<br />

Steinitz – Blackburne, Londres, 1876, 7V 0E 0D<br />

A SEGUIR:<br />

I Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Steinitz x Zukertort, 1886<br />

FINAIS I<br />

1. A IMPORTÂNCIA DOS FINAIS<br />

A partida de xadrez possui três fases: Abertura, Meio Jogo e Final, cujos limites não podem<br />

ser traçados com exatidão. Podemos porém declarar que a partida se encaminha <strong>para</strong> o Final, quando o<br />

material existente no tabuleiro esteja diminuído, escasso, ou seja, com peças apenas suficientes <strong>para</strong> o<br />

mate.<br />

Uma das principais características do Final é a função ativa desempenhada pelo Rei, em<br />

contraste com o papel inerte que assume na abertura. Na primeira fase, em virtude do maior número de<br />

peças inimigas e dos perigos delas decorrentes, este exerce um papel passivo, procurando a proteção de<br />

outras peças e, pelo roque, localizar-se em lugar seguro, de defesa, afastando-se assim do campo de luta.<br />

Já nos Finais, esta peça faz jus ao título que ostenta, ora escoltando Peões candidatos à<br />

promoção, ora colaborando com seu poder no cerco e morte do Rei inimigo.<br />

Outra peça de grande importância é o Peão.<br />

A disposição destes no tabuleiro (estrutura de Peões), define a estratégia a ser seguida nos<br />

Finais. O recurso de sua promoção, aumenta consideravelmente o poderio material de seu lado, o que lhe<br />

confere mérito considerável.<br />

O Final é considerado a fase mais difícil, pois exige do enxadrista talento, imaginação, e<br />

grande conhecimento teórico, atenção contínua e bom cálculo. Uma manobra precipitada ou mal<br />

calculada, pode anular um grande esforço desenvolvido na Abertura ou Meio Jogo.<br />

Seu bom conhecimento permite ganhar em muitas posições aparentemente empatadas, assim<br />

como salvar-se de posições aparentemente perdidas e mesmo desesperadas.<br />

Todo enxadrista de destaque é, antes de tudo, um ótimo finalista.<br />

2. MATES ELEMENTARES<br />

Estudaremos os casos em que um dos lados possui apenas o Rei sobre o tabuleiro.<br />

Fora das casas marginais, o Rei pode ocupar oito casas, em casa marginal, cinco, e, nas<br />

angulares, somente três casas. Esta última é sem dúvida a mais desfavorável possível.<br />

9


Ocupando uma casa angular, o Rei levará mate se o adversário dominar as três casas que lhe<br />

restam e a própria casa angular em que se encontra. Dessas quatro casas, duas podem ser dominadas pelo<br />

Rei.<br />

Diagrama: Rb6 x Ra8<br />

O Rei negro está em sua casa desfavorável, e das três casas que lhe restam, duas estão dominadas pelo Rei<br />

branco. O mate não poderá ser dado com um Bispo ou um Cavalo apenas; essas peças dando xeque,<br />

dominarão apenas mais uma das duas casas que deveriam ser dominadas <strong>para</strong> existir o mate, tendo o Rei<br />

negro a casa de fuga b8. Logo não há mate.<br />

Diagrama: Rf7, Bf6, Bg6 x Rh8<br />

Com dois Bispos, o mate é possível, um deles dá xeque e o outro impede a fuga do Rei.<br />

Diagrama: Rb3, Cc2, Cd2 x Ra1<br />

Com dois Cavalos é “possível” dar mate.<br />

Diagrama: Rg3, Bf3, Ch3 x Rh1<br />

Com Bispo e Cavalo também é possível dar mate de igual maneira.<br />

No final com dois Bispos, ou Bispo e Cavalo, o mate é forçado contra os melhores lances<br />

adversários, com dois Cavalos é possível chegar a uma posição de mate apenas com a colaboração do<br />

adversário. No diagrama correspondente (Rei e 2 Cavalos x Rei), o último lance branco foi Cc2++. Se o<br />

Rei negro antes de ir à a1, estava em b1, obviamente, onde recebeu o xeque do Cavalo colocado em d2,<br />

tivesse se dirigido à c1, o mate não seria possível. Logo não é um mate “forçado”.<br />

Diagrama: Rb6, Tc8 x Ra8<br />

Diagrama: Rf3, Tb1 x Rf1<br />

Nestes diagrama, as Torres controlam as duas casas que não são dominadas pelo seu Rei.<br />

Diagrama: Rg6, De8 x Rg8<br />

A Dama aqui faz o mesmo papel de uma Torre. Observe que as duas casas que devem ser dominadas<br />

localizam-se sobre a mesma horizontal, via de mobilidade da Dama (ou Torre).<br />

Para se praticar o mate ao Rei situado em casa marginal, devemos dominar as cinco casas que<br />

dispõe, além da que ocupa.<br />

O Rei atacante domina três e as restantes podem ser dominadas por uma Torre ou Dama,<br />

desde que as casas se encontrem sobre a mesma horizontal (ou coluna).<br />

Com o Rei inferior no meio do tabuleiro, nove casas devem ser dominadas: oito de<br />

movimentos deste e mais uma ocupada por ele. O Rei branco pode dominar três, as seis restantes<br />

encontram-se em duas horizontais vizinhas. Por aí se vê que o mate com o Rei colocado no meio do<br />

tabuleiro requer mais peças (duas Torres, ou Torre e Dama).<br />

O material mínimo <strong>para</strong> o mate é:<br />

a) Uma Dama: mate em qualquer casa marginal.<br />

b) Uma Torre: mate em qualquer casa marginal.<br />

c) Dois Bispos: mate somente nas casas angulares.<br />

d) Bispo e Cavalo: mate somente nas casas angulares.<br />

e) Dois Cavalos: mate somente nas casas angulares, somente “ajudado”.<br />

10


2.1. Rei e Dama x Rei<br />

O mate com a Dama realiza-se com o Rei negro em qualquer casa marginal do tabuleiro. As<br />

posições de mate são Rc6, Dc7 x Rc8; Rg6, De8 x Rg8 e análogas.<br />

O mate é forçado num máximo de 10 lances. É muito fácil dar mate com a Dama, mas deve-se<br />

tomar cuidado com posições de empate como por exemplo Rb5, Dc7 x Ra8; Rf5, Df7 x Rh6; ou posições<br />

análogas jogando o Negro.<br />

Diagrama: Ra1, Db1 x Re6<br />

1 ? mate em 9<br />

PLANO<br />

*****<br />

Forçar o Rei negro a colocar-se em qualquer uma das casas marginais, ficando com o Rei branco diante<br />

dele, se<strong>para</strong>do por uma casa, quando então domina três das seis casas que deve dominar. Então infiltrar<br />

a Dama numa das casas desta margem efetuando o mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Rb2 Rd5 2 Rc3 Re5 3 Dg6 Rf4 4 Rd4 Rf3 5 Dg5<br />

O Rei negro vai sendo encaminhado <strong>para</strong> a margem do tabuleiro.<br />

5 ... Rf2 6 Dg4 Re1 7 Re3 Rf1 8 Dg6<br />

Por que não jogar 8 Dg3 ?<br />

*****<br />

Porque seria empate por afogamento.<br />

8 ... Re1 9 Dg1++ (1-0)<br />

A SEGUIR:<br />

2.2. Rei e Torre x Rei<br />

TÁTICA I<br />

1. GANHO DE PEÇAS<br />

Capturando-se as peças inimigas, paulatinamente se reduz o potencial adversário. A<br />

supremacia material origina, na maioria das vezes, superioridade de posição e ambos fatores, obrigarão o<br />

adversário, duplamente inferiorizado a render-se sem apelação.<br />

partida.<br />

11<br />

Se um dos enxadristas possui mais peças que o outro, salvo as exceções, deve ganhar a<br />

Podemos reduzir a seis, os princípios fundamentais de ganho de peças:<br />

1. Princípio do Rei em Perigo<br />

2. Princípio da peça imóvel<br />

3. Princípio da peça sobrecarregada<br />

4. Princípio do ataque simultâneo<br />

5. Princípio da peça sem defesa<br />

6. Princípio da promoção do Peão


1.1. Princípio do Rei em perigo<br />

O Rei em perigo sob múltiplas ameaças, escapa, muitas vezes ao mate entregando material,<br />

quer seja <strong>para</strong> abrir caminho <strong>para</strong> sua fuga, quer seja <strong>para</strong> distrair peças atacantes, ou destrui-las, embora<br />

sacrificando peças de maior valor.<br />

Diagrama: Ba8, Tg5, Rh5 x Cf8, g7, Rg8, h7, Th8<br />

1 ? Brancas ganham material<br />

PLANO<br />

*****<br />

Atrair o Cavalo negro <strong>para</strong> a diagonal onde encontra-se seu Rei, <strong>para</strong> que o Bispo possa agir sobre ela.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bd5+<br />

E as Brancas ganham o Cavalo. Para escapar do xeque, o negro deve entregar uma peça.<br />

1 ... Ce6 2 Be6+ Rf8<br />

O Rei negro consegue a casa de fuga à custa de material.<br />

Diagrama: Ra6, Tb7, Ce5 x f6, g7, h7, De8, Tg8, Rh8<br />

1 ? Brancas ganham material<br />

PLANO<br />

*****<br />

Atacar o Rei negro “sufocado” atraindo a Dama <strong>para</strong> f7, onde será capturada pela Torre.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Cf7+ Df7 2Tf7<br />

As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.<br />

A SEGUIR:<br />

1.2. Princípio da peça imóvel<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

1. ADOLF ANDERSSEN<br />

Antes de se praticar o jogo de posição deve-se aprender a combinar. Esta regra, confirmou-se<br />

na história do xadrez, e é recomendada aos iniciantes.<br />

Não inicie seu jogo com aberturas do Peão da Dama e Abertura Francesa, mas com partidas<br />

de jogo aberto, gambitos. Certamente que com o jogo fechado, o principiante perderá menos partidas, mas<br />

em troca, com o jogo aberto, aprenderá a jogar xadrez.<br />

Antigamente, haviam também os jogadores de posição. O maior deles foi André Danican<br />

Philidor, talvez até o maior pensador de todos os tempos. Mas o que, com seu exemplo, auxiliou em<br />

12


maior grau a força da combinação do mundo enxadrístico, amadurecendo-a <strong>para</strong> a prática do jogo de<br />

posição foi Adolf Anderssen.<br />

Anderssen nasceu em Breslau no dia 6 de julho de 1818. Sua carreira foi muito simples.<br />

Estudou Filosofia e Matemática, e até o dia 13 de Março de 1879, época em que faleceu, ocupou o cargo<br />

de professor no Instituto de sua cidade natal.<br />

Começou a estudar xadrez no início de sua vida estudantil, mas a força de seu jogo<br />

desenvolveu-se lentamente. Para seus compatriotas alemães, e até <strong>para</strong> os internacionais, foi considerado<br />

uma revelação quando, no primeiro torneio de mestres celebrado em Londres, 1851, com o qual começou<br />

a época moderna do xadrez, obteve o primeiro prêmio. A esta vitória seguiram outras, especialmente no<br />

Torneio de Londres, 1862 e no de Baden-Baden, 1870.<br />

Aquele que quer aprender a jogar o bom xadrez, deve observar as partidas de Anderssen não<br />

somente <strong>para</strong> divertir-se com elas, mas <strong>para</strong> fortalecer seu jogo de combinação. Não acredite que o jogo<br />

de combinação seja somente fruto do talento que não se pode aprender. Os elementos são sempre os<br />

mesmos que se apresentam em relações mais ou menos complicadas, tais como ataques duplos,<br />

sobrecarga, trocas, etc.<br />

Quanto mais combinações você apreciar, mais fáceis serão de executa-las.<br />

Nas partidas que estudaremos, analisaremos também as aberturas. Entre elas, a primeira que<br />

veremos é o Gambito do Rei. Entende-se por gambito uma abertura na qual se sacrifica um Peão com o<br />

objetivo de conseguir vantagem no desenvolvimento, ou outras vantagens. O gambito conhecido como o<br />

mais antigo na literatura do xadrez é o do Rei: 1 e4 e5 2 f4. A idéia deste gambito é dupla: abertura da<br />

coluna f, através da qual, uma vez efetuado o roque, a Torre do Rei poderá entrar rapidamente em ação e a<br />

possibilidade de formar um forte centro de Peões, depois do avanço ou da troca do Peão e inimigo,<br />

mediante d4. A força deste centro de Peões, analisaremos mais adiante. As Brancas, após 2 ... ef4, não<br />

podem jogar a seguir 3 d4, mas devem antes fazer algo <strong>para</strong> evitar a ameaça negra ... Dh4+.<br />

Tanto o enxadrista experiente quanto o iniciante melhorarão sensivelmente seu jogo se<br />

esforçarem em tratar cada abertura conforme sua idéia base, seguindo o plano preconcebido. Por exemplo,<br />

se jogar o Gambito do Rei, deve ter em mente que os dois objetivos principais desta abertura são o<br />

domínio da coluna f e a formação de um forte centro de Peões.<br />

Se, ao contrário, deixa-se levar por desvios e rodeios, o mesmo tira o sentido de seus<br />

primeiros lances, e então as conseqüências serão fatais.<br />

Como devem então contestar as Negras ao Gambito do Rei? Antigamente era comum aceitar<br />

cada sacrifício que o adversário oferecia, e neste caso defender o Peão com ... g5. Esta defesa tem dois<br />

objetivos: um material e outro posicional. Ao defender o Peão f, obstrui esta coluna, e então as Brancas,<br />

<strong>para</strong> seguir com a idéia da abertura, devem atacar sobre a coluna f, quase sempre sacrificando uma peça<br />

<strong>para</strong> eliminar o Peão f negro.<br />

Outra réplica contra o Gambito do Rei, é o contra-ataque no centro: 2 ... d5 3 ed5 segue quase<br />

sempre 3 ... e4 (seria um grave erro 3 fe5 por causa de 3 ... Dh5+). Agora são as Negras que jogam<br />

gambito, chamado este de Falkbeer, cujo criador foi o mestre austríaco Ernesto Carlos Falkbeer (Brünn,<br />

1819 - Viena, 1885).<br />

O que conseguiram as Negras com este sacrifício de Peão? Antes de mais nada, o fracasso<br />

completo do objetivo branco de jogar o gambito. A abertura da coluna f, ou mesmo a intenção de formar<br />

um centro de Peões, são impedidas radicalmente. Agora, não se sabe que objetivo tem o Peão de f4 nesta<br />

13


posição. Além disso, o Peão e5 causa certo incômodo à posição branca, e estas encontram-se com<br />

dificuldades <strong>para</strong> o desenvolvimento. Em troca, as Negras, tem certa preponderância no centro. Por esta<br />

razão, nos últimos anos, tem se considerado o Gambito Falkbeer quase como que uma refutação ao<br />

Gambito do Rei.<br />

Outra réplica: as Negras podem ignorar a idéia do gambito branco, continuando seu<br />

desenvolvimento, e neste caso, não é necessário jogar imediatamente 2 ... d6, <strong>para</strong> defender o Peão, pois<br />

restringiriam a ação do Bispo do Rei. O ataque ao Peão e5 é somente aparente, pois 3 fe5 fracassaria por 3<br />

... Dh5+. As Negras podem, portanto jogar tranqüilamente 2 ... Bc5 e defender mais tarde o Peão de e5<br />

com d6 sem enclausurar seu Bispo.<br />

Quem compreende o espírito da abertura, pode ter confiança de que mesmo sem o<br />

conhecimento de suas variantes, não produzirá uma partida ruim.<br />

A SEGUIR:<br />

1.1. Partida n.º 1<br />

Breslau, 1862<br />

Gambito Falkbeer<br />

Rosanes x Anderssen<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 1.1<br />

a2, b2, c3, e4, f2, g2, h2, Ta1, Te1, De2, Cf5, Rg1 x a7, b7, c7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Cc6, Dd7, Tf8, Rg8<br />

Composição<br />

1 ? (1-0)<br />

Encontre o plano vitorioso branco.<br />

PLANO<br />

*****<br />

O ponto g7 está atacado pelo Cavalo branco. Se a Dama branca pudesse colocar-se sobre esta coluna,<br />

haveria ameaça de mate. A Dama negra encontra-se completamente indefesa. Logo, deve-se procurar um<br />

meio de executar estas duas ameaças concomitantemente.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dg4 (1-0)<br />

As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.<br />

Diagrama 1.2<br />

b4, c4, f3, g2, h2, Td1, Ce1, De3, Bf1, Tf2, Rg1 x b6, d6, e5, g7, h7, Bb7, Cd4, Tf4, Tf8, Dg5, Rg8<br />

Stahlberg x Alekhine<br />

Olimpíada 1931<br />

1 ... ?<br />

Aqui Alekhine efetuou um fino lance:<br />

1 ... h6<br />

Tente descobrir seu objetivo<br />

*****<br />

Alekhine imaginou que se não houvessem na coluna f o Peão e a Torre, poderia jogar ... Tf1++. O Peão<br />

de g está cravado, o Bispo localizado em b7 converge sobre g2 indiretamente, as Torres agem na coluna<br />

f semi-aberta, o único empecilho da posição é a Dama negra indefesa, problema este que é resolvido por<br />

14


Alekhine de maneira elegantemente terrível, pois ameaça 2 ... Tc3! 3 Db5 Tf2, e graças à ameaça de<br />

mate com ... Tf1, as Brancas não tem tempo de salvar sua Dama.<br />

O objetivo do lance de Alekhine portanto foi defender sua Dama, e o lance é tão forte que Stahlberg não<br />

tem recursos suficientes <strong>para</strong> escapar da derrota.<br />

Por exemplo, se 2 Dd2, segue 2 ... Bf3! 3 Cf3 Cf3+ 4 Tf3 Tf3 5 Dg5 Tf1 6 Tf1 Tf1+ 7 Rf1 hg5, e com um<br />

Peão de vantagem, as Negras ganhariam facilmente o final.<br />

A partida seguiu com:<br />

2 Rh1 Tf3 (0-1)<br />

As Brancas abandonaram.<br />

Apostila 2<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

I CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Steinitz x Zukertort, 1886<br />

Em 11 de janeiro de 1886, em um local especialmente escolhido pelo Manhattan Chess Club<br />

de New York, encontram-se frente a frente Steinitz e Zukertort <strong>para</strong> dirimir de uma vez por todas a<br />

supremacia mundial.<br />

Zukertort inicia o match com as Brancas, e sem vacilar, efetua seu primeiro lance 1. d4. A luta<br />

que toda a aficção mundial havia esperado durante três longos anos havia começado!<br />

Porém, deixemos Steinitz refletindo sua resposta e vejamos quem eram os protagonistas deste<br />

apaixonante encontro que acabava de começar.<br />

Wilhelm Steinitz havia nascido em 17 de maio de 1836, em Praga, no seio de uma família<br />

judia que sonhava em converte-lo em um rabino. Aos 12 anos já mostrava na escola uma boa disposição<br />

<strong>para</strong> a matemática, e aos 22, foi enviado a Viena <strong>para</strong> seguir um dos estudos que jamais completou, pois,<br />

desde os primeiros dias começou a freqüentar os círculos de xadrez, onde começou jogando ao estilo que<br />

agradava naquela época, ou seja, a base de brilhantes ataques com sacrifícios. Logo o chamaram de<br />

“Morphy austríaco”, pela veemência e a beleza de suas combinações. Seu estilo de jogo estava muito<br />

longe do que ia ser mais adiante, e nada o pressagiava a enorme transformação que aquele homenzinho ia<br />

imprimir no mundo do tabuleiro.<br />

O caráter independente de Steinitz já se manifestou nesta época, pois se conta que um dia,<br />

jogando com um famoso banqueiro chamado Epstein lhe disse: “Jovem, tenha cuidado! Não sabe você<br />

com quem está falando?” e Steinitz rapidamente respondeu: “O sei perfeitamente, você é Epstein, porém,<br />

na bolsa, aqui Epstein sou eu!”.<br />

Alguns psicólogos, e com eles o Grande Mestre Ruben Fine, qualificam esta resposta de<br />

Steinitz como um delírio de grandeza, mas não há outro remédio que reconhecer que o futuro Campeão<br />

Mundial tinha razão, pois estavam jogando xadrez e não discutindo sobre ações.<br />

Durante sua estada em Viena já havia se convertido em um jogador profissional, pois as<br />

partidas que disputava, eram em geral por meio de uma pequena aposta.<br />

15


Em 1862, partiu <strong>para</strong> Londres <strong>para</strong> jogar um torneio internacional, que foi ganho por<br />

Anderssen, no qual finalizou em 6º lugar, empatando com Barnes e Dubois em pontuação, mas<br />

destacando-se pelas brilhantes combinações.<br />

Londres era naquela época, a Meca do xadrez, e não devemos estranhar pois, que ali fixasse<br />

Steinitz sua residência, impondo-se pouco a pouco a todos os adversários que lhe opuseram. Em 1874<br />

começou a colaborar com a famosa revista inglesa “The Field”, analisando conscientemente as partidas de<br />

sua época e começando a mostrar sua nova concepção de jogo.<br />

Como se entendia xadrez até o advento de Steinitz?<br />

Muito simples, se o objetivo nosso era dar mate, o lógico era que todos os esforços se<br />

concentrassem sobre o monarca inimigo <strong>para</strong> abate-lo, mas Steinitz pensava de outra forma: o importante<br />

é ganhar a partida, e <strong>para</strong> isto, temos que adquirir uma série de vantagens, com as quais o mate será uma<br />

conseqüência por si só. Em outras palavras, Steinitz descobriu o que atualmente conhecem todos os<br />

jogadores do mundo, o jogo de posição. Em que consiste ele? Como todos sabemos hoje, consiste em<br />

dominar as colunas abertas, em aproveitar os Peões e as casas débeis e outros mil detalhes que até então<br />

permaneciam ignorados. Assim, não é de se estranhar que o enxadrista Adolfo Schwarz tenha se dirigido<br />

a Steinitz e lhe dito: “Este pequeno homem nos está ensinando, a todos, como jogar xadrez!”. Ali estavam<br />

os mais famosos da época e não protestaram, pois já haviam adotado, pelo menos em parte, sua doutrina,<br />

que anos antes parecia rebuscada e barroca a todos os críticos.<br />

Depois do Torneio de Londres de 1883, Steinitz se transfere <strong>para</strong> os Estados Unidos, onde<br />

adquire a nacionalidade norte-americana.<br />

O que o levou ao citado país? Talvez a disputa com o editor de “The Field”, ou talvez o desejo<br />

de jogar com Morphy, que permanecia inativo em New Orleans e com quem conseguiu uma entrevista,<br />

mas com a condição de não falar sobre xadrez. Seguramente, <strong>para</strong> um lutador da categoria de Steinitz, não<br />

poder enfrentar Morphy foi uma das maiores decepções de sua vida.<br />

Retornamos então a 11 de janeiro de 1886. A 1 d4 de Zukertort, o pequeno Steinitz, o grande<br />

Steinitz, respondeu com 1 ... d5. Os dois colossos da época estavam frente a frente ...<br />

Johannes Hermann Zukertort é agora o que medita. Havia nascido a 7 de setembro de 1842 na<br />

cidade de Lublin (Polônia), de pai alemão e mãe polonesa. Aos 13 anos sua família mudou-se <strong>para</strong><br />

Breslau e estudou química em Heidelberg e psicologia em Berlim, doutorando-se em medicina na<br />

Universidade de Breslau em 1865. Exerceu a medicina no exército prussiano durante as guerras contra a<br />

Dinamarca, Áustria e França, sendo condecorado por sua valentia. Tinha uma memória prodigiosa, e era<br />

capaz de recordar todas as partidas que havia jogado em sua vida, falava onze idiomas e era um excelente<br />

atirador de pistola e esgrimista.<br />

Aprendeu a jogar xadrez em Breslau, aos 18 anos, tendo como professor o grande Adolf<br />

Anderssen, quem lhe iniciou no jogo de combinação, e com quem jogou dois matches, perdendo em 1868<br />

por +3 -8 =1 e ganhando em 1871 por +5 -2 =0. Durante os anos 1867/71 foi editor com Anderssen da<br />

revista “Neue Berliner Schachzeitung”. Em 1878, ganhou o grande Torneio de Paris, e este mesmo ano se<br />

fez cidadão inglês. Foi um extraordinário jogador às cegas, realizando múltiplas e brilhantes sessões de<br />

simultâneas, e em 16 de dezembro de 1876 bateu, em Londres, o recorde mundial, ao jogar 16 partidas de<br />

uma vez com o magnífico resultado de +11 -1 =4.<br />

Seu estilo de jogo era brilhante ao extremo, as combinações eram sua especialidade e quanto à<br />

sua imaginação, ninguém lhe superava em seus melhores tempos, que eram, sem dúvida, o momento que<br />

16


enfrentava Steinitz com o Título Mundial em jogo. Mas tinha vários pontos débeis em sua personalidade:<br />

nervoso e impressionável.<br />

As negociações <strong>para</strong> este encontro que agora estavam disputando haviam durado anos, e<br />

destaco, ironicamente, que nenhum dos concorrentes aceitava a designação de “aspirante”. O vencedor<br />

seria o primeiro que ganhasse 10 partidas, sem contar os empates.<br />

Steinitz se impôs conduzindo as peças negras na 1ª partida, mas Zukertort ganhou as quatro<br />

seguintes de forma impressionante, com o que ninguém duvidava que seria Campeão Mundial, sem<br />

demasiados problemas. Mas tinha que contar com o formidável poder de recuperação de Steinitz, que na<br />

seguinte série de jogos, disputados em São Luis, reagiu com ímpeto, ganhando 3 das 4 partidas ali<br />

disputadas, e um empate, com o que o match ficou em 4,5 x 4,5. As partidas seguintes foram disputadas<br />

em New Orleans, com um Steinitz cada vez mais moral e um Zukertort já sem confiança em si mesmo.<br />

Steinitz se impôs agora contundentemente, ganhando o encontro por +10 -5 =5, com o qual chegou a<br />

convencer por fim, toda a aficção mundial de que era o jogador n.º 1.<br />

Zukertort, de caráter muito impressionável, jamais se repôs desta derrota, pois, no ano<br />

seguinte, perdeu um encontro com Blackburne, a quem havia vencido facilmente em 1881 (+7 -2 =5) pelo<br />

discrepante placar de +1 -5 =8. Também jogou outros torneios, mas já sem êxito, e o 20 de junho de 1888<br />

foi marcado por seu derrame cerebral, que o levou à tumba enquanto se encontrava jogando uma partida.<br />

Steinitz x Zukertort<br />

New York, São Luís e New Orleans<br />

11Jan - 29Mar1886<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Steinitz 1 0 0 0 0 1 1 ½ 1 ½<br />

Zukertort 0 1 1 1 1 0 0 ½ 0 ½<br />

11 12 13 14 15 16 17 18 1<br />

9<br />

20 Tot<br />

Steinitz 1 1 0 ½ ½ 1 ½ 1 1 1 12,5<br />

Zukertort 0 0 1 ½ ½ 0 ½ 0 0 0 7,5<br />

Zukertort começou o match de Brancas.<br />

17<br />

ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Defesa Tarrasch 7, 13, 15 3 15<br />

Escocesa 2 1 5<br />

Eslava 1, 3, 5 3 15<br />

Gambito da Dama 9, 17, 19 3 15<br />

Quatro Cavalos 11 1 5<br />

Ruy Lopez 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18 8 40<br />

Vienense 20 1 5<br />

A SEGUIR:<br />

II Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Steinitz x Tchigorin, 1889


marginal.<br />

FINAIS I<br />

2.2. Rei e Torre X Rei<br />

Como no caso Rei e Dama x Rei, o mate é praticado com o Rei inferior em qualquer casa<br />

Exemplos: Tb1, Rf3 x Rf1; Te8, Rg6 x Rh8; e análogas.<br />

O mate ocorre em média com 17 lances.<br />

Diagrama: Ra1, Td4 x Re5<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Cercar o Rei na margem do tabuleiro e chegar à posição típica de mate. Obs.: cuidado com o “pat”.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Ta4<br />

Mantendo o Rei inimigo preso do “outro lado do tabuleiro”, o mais longe possível dele.<br />

1 ... Rd5 2 Rb2<br />

Ao contrário da Dama, que não pode ser atacada pelo Rei inimigo, a Torre necessita da defesa do Rei.<br />

2 ... Rc5 3 Rb3 Rd5<br />

Se 3 ... Rb5 então Tc4, facilitando o trabalho branco, pois o Rei estaria preso no retângulo a8-c8-c4-a4.<br />

4 Rc3 Re5<br />

Se 4 ... Rc5 então 5 Ta5+, tirando do Rei inimigo mais uma horizontal.<br />

Se 4 ... Rc6, 4 ... Rd6 ou 4 ... Re6 então 5 Ta5, tirando do Rei inimigo a 5ª horizontal.<br />

5 Rd3 Rd5 6 Ta5+<br />

Quando o Rei negro coloca-se diante (ou lateralmente) do Rei branco, se<strong>para</strong>do por uma casa, deve-se dar<br />

xeque.<br />

6 ... Rc6 7 Rc4<br />

A Torre cerca o Rei inimigo no quadrado a5-a8-d8-d5.<br />

7 ... Rb6 8 Tc5<br />

Diminuindo o espaço do Rei negro.<br />

8 ... Rb7 9 Rd5 Rb6 10 Rd6<br />

Continuando a vigília sob a 5ª horizontal.<br />

10 ... Rb7 11 Tc1<br />

Pre<strong>para</strong>ndo 12 Tb1+, cercando o Rei inimigo na margem se o adversário responder com 11 ... Rb6.<br />

11 ... Rb6 12 Tb1+<br />

O Rei negro colocou-se ao lado do Rei inimigo, se<strong>para</strong>do por uma casa, então a Torre deu xeque,<br />

cercando agora o Rei na margem. A Torre só sairá desta coluna <strong>para</strong> dar mate.<br />

12 ... Ra5 13 Rc6<br />

Deve-se esperar que o Rei negro coloque-se na mesma horizontal.<br />

13 ... Ra4<br />

Se 13 ... Ra6 14 Ta1++<br />

14 Rc5 Ra3 15 Rc4 Ra2 16 Tb8<br />

Continuando a vigiar a coluna b e distanciando-se ao máximo do Rei inimigo.<br />

16 ... Ra3 17 Tb7<br />

18


“Perdendo um tempo” <strong>para</strong> que o Rei negro entre na horizontal de seu Rei.<br />

17 ... Ra2<br />

É obvio que se 17 ... Ra4 18 Ta7++<br />

18 Rc3 Ra1 19 Rc2<br />

Cuidado: 19 Tb2, pat.<br />

19 ... Ra2 20 Ta7++ (1-0)<br />

Posições que se deve evitar:<br />

•Tb7, Rc6 x Ra8<br />

1 ... ? (=)<br />

•Te7, Rf8 x Rh8<br />

1 ... ? (=)<br />

•e posições análogas<br />

A SEGUIR:<br />

2.3. Rei e dois Bispos x Rei<br />

TÁTICA I<br />

1.2. Princípio da peça imóvel<br />

Atuando sobre uma peça inimiga imobilizada (por bloqueio ou pregadura), um número de<br />

peças atacantes maior que o número de peças que a defendem, essa peça imobilizada poderá ser<br />

capturada.<br />

Exemplo:<br />

Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cc6, e5, Rf8, Bg7<br />

1 ? Brancas ganham o Peão inimigo<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão preto está imobilizado (bloqueado pelo Peão branco). Convergem sobre eles 3 ataques: Cavalo,<br />

Bispo e Torre, enquanto suas defesas são apenas duas: Cavalo e Bispo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Ce5 Ce5 2 Be5 Be5 3 Te5<br />

E as Brancas ganham o Peão.<br />

Se o Peão e5 estivesse defendido por outro Peão, as Brancas não iriam captura-lo. Estes<br />

ganhos de peça são possíveis quando as peças trocadas são do mesmo valor.<br />

19<br />

Nas capturas de peças defendidas há uma regra fácil.<br />

a) Para se ganhar uma peça defendida, deve-se ter, no mínimo, uma peça de ataque a mais do<br />

que as peças de defesa.<br />

b) Para se defender, uma peça atacada, basta ter um número de peças defensivas igual ao<br />

número de peças atacantes.


No exemplo anterior, se existisse mais uma peça preta de defesa, por exemplo, uma Torre em<br />

e7, teríamos 3 peças atacantes x 3 peças defensivas. Insistindo as Brancas nas capturas: 1 Ce5 Ce5 2 Be5<br />

Be5 3 Te5 Te5 e as Pretas ganhariam uma Torre em troca de um Peão. Estas regras dizem respeito apenas<br />

aos casos em que as peças trocadas são do mesmo valor. Um Peão defendido somente por um Peão anula<br />

diversos ataques de peças contrárias.<br />

Exemplo:<br />

Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cb7, d6, Td8, e5, Rf8, Bg8<br />

1 ?<br />

Analise esta posição. As Brancas devem capturar o Peão e5?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Três peças brancas (Cavalo, Bispo e Torre) convergem sobre o Peão preto, que está defendido por outro<br />

Peão. As Brancas não podem captura-lo, pois 1 Ce5 de5 2 Be5, as Brancas ganhariam um Peão, mas<br />

perderiam o Cavalo.<br />

Diagrama: a2, b2, c2, Ba4, Rd1 x a6, b7, c5, Rd8<br />

1 ... ?, ganham material<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Bispo a4 está cercado por seus próprios Peões.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... b5 2 Bb3 c4<br />

Ganhando o Bispo.<br />

O Bispo encontra-se defendido por 2 Peões (a2 e c2) e atacado por apenas um Peão inimigo; é<br />

um caso interessante de ganho de peça imobilizada.<br />

Diagrama: c4, d3, Ra3, Ch5 x c5, d4, Rc6, Bg7<br />

1 ... ? (0-1)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Cavalo encontra-se longe da defesa de seu Rei, e de h5 locomove-se somente <strong>para</strong> as casas negras,<br />

onde corre o Bispo inimigo, que pode imobiliza-lo, dominando suas casas de salto.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Be5 (0-1)<br />

Imobilizando o Cavalo. Agora o Rei negro chega primeiro que o branco e captura o cavalo.<br />

Se 2 Rb3 Rd7 3 Rc2 Re6 4 Rd2 Rf5 5 Re2 Rg4, ganhando o Cavalo e a partida.<br />

Diagrama: Bb1, Rg6 x Rc8, Dd7<br />

1 ? ganham material<br />

PLANO<br />

*****<br />

A Dama e o Rei estão na mesma diagonal por onde corre o Bispo branco. Surge a idéia de pregadura.<br />

20


PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bf5<br />

Ganhando a Dama que não pode mover-se por estar pregada.<br />

Breslau, 1862<br />

Gambito Falkbeer<br />

Rosanes x Anderssen<br />

A SEGUIR:<br />

1.3. Princípio da peça sobrecarregada<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

1.1. Partida n.º 1<br />

1 e4 e5 2 f4 d5 3 ed5 e4 4 Bb5+<br />

Este lance é característico dos jogadores antigos. Não é lance posicional, tem como objetivo apenas<br />

perseguir uma imediata vantagem material ou mate. Hoje em dia, sabe-se que durante a abertura, o<br />

domínio do centro é o ponto essencial.<br />

Um jogador moderno se esforçará antes de tudo em lutar contra o pressionador Peão negro de e4 e, por<br />

conseqüência, jogar 4 d3. O condutor das brancas na presente partida quer, ao contrário, tal como era<br />

usual nesta época, assegurar a preponderância numérica de seus Peões, ainda que a custa de seu próprio<br />

desenvolvimento, jogando <strong>para</strong> isto 4 Bb5+ <strong>para</strong> seguir, após ...c6, com a troca de seu Peão d5 que<br />

poderia chegar a ser débil mais tarde.<br />

4 ... c6 5 dc6 Cc6<br />

Na maioria das vezes, costuma-se jogar aqui ...bc6.<br />

6 Cc3 Cf6 De2<br />

Aqui era melhor <strong>para</strong> as Brancas jogar o Peão d com o objetivo de recuperar-se no desenvolvimento<br />

atrasado.<br />

Ao invés disto, as Brancas perseguem mais vantagem material, ou seja, ganhar outro Peão, o do Rei.<br />

As Negras, e com razão, não se esforçam em defender este Peão, mas continuam seu desenvolvimento.<br />

Quanto mais Peões desaparecem do tabuleiro e quanto mais colunas se abrem, maior será a vantagem do<br />

desenvolvimento.<br />

7 ... Bc5 8 Ce4 0-0 9 Bc6 bc6 10 d3 Te8 11 Bd2<br />

As Brancas querem colocar seu Rei em segurança por meio do roque grande, mas o Negro conseguiu<br />

colunas abertas também no flanco da Dama.<br />

11 ... Ce4 12 de4 Bf5 13 e5 Db6<br />

Se 13 ... Bc2 14 Dc4 e as Negras deveriam trocar um de seus Bispos bons, mas ainda assim seria<br />

favorável ao segundo jogador, graças ao atraso branco.<br />

14 0-0-0 Bd4<br />

Isto causa uma debilidade no flanco do roque branco.<br />

15 c3 Tab8 16 b3 Ted8!<br />

Uma típica jogada pre<strong>para</strong>tória de Anderssen, princípio de uma brilhante combinação da qual seu<br />

adversário ignora completamente.<br />

17 Cf3<br />

É claro que se jogam 17 cd4 Dd4 e não teriam mais salvação. Se houvesse percebido o propósito de seu<br />

adversário, teriam jogado 17 Rb2, mas o Negro com ... Be6 ameaçando ... Bb3 teria ganho rapidamente.<br />

17 ... Db3! 18 ab3 Tb3 19 Be1 Be3+! (0-1)<br />

21


Com mate no próximo lance.<br />

A SEGUIR:<br />

1.2. Partida n.º 2<br />

Breslau, 1862<br />

Gambito Kieseritzky<br />

Rosanes x Anderssen<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 2.1<br />

a2, b2, c3, f2, g2, h2, Ta1, Te1, Rg1, Cg5, Dh5 x a7, b7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Dc7, Bd7, Te8, Rg8<br />

Composição<br />

1 ... ?<br />

O que ameaçam as Brancas?<br />

PLANO<br />

*****<br />

O ataque simultâneo a h7 e f7.<br />

Mas o Negro pode proteger simultaneamente ambos os Peões, como?<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Bf5<br />

Observe que isto só é possível graças ao posicionamento das peças negras. Se a Dama negra estivesse em<br />

c8 (ao invés de c7), a perda do Peão seria inevitável.<br />

Diagrama 2.2<br />

a3, f2, g2, h3, Ta7, Dc5, Tc7, Rh2 x d5, f4, g7, h6, Td3, Td4, Dg6, Rh7<br />

Tartakower x Cohn<br />

Varsovia, 1927<br />

1 ?<br />

Se neste diagrama jogasse o Negro, o que deveria fazer?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar a posição desprotegida do Rei Branco. Se o Negro conseguir dominar a casa g3 (ou obstrui-la),<br />

h2, g1 e h1, teria uma posição de mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1++ (1-0)<br />

Mas compete ao Branco o lance, e Tartakower encontra um lance que impede o plano negro e cria uma<br />

forte ameaça contra Cohn. Descubra você.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Contra-atacar o ponto débil g7.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

22


1 Df8!<br />

Não somente impede o mate ( 1... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1+ 4 Df1, etc), mas ao mesmo tempo cria<br />

uma forte ameaça contra a casa f7, ganhando rapidamente.<br />

1 ... Tg3 2 Tg7+ Dg7 3 Df5+ (1-0)<br />

O Negro abandona, pois se 3 ... Tg6, segue 4 Tg7+ Rg7 5 De5+ (1-0)<br />

Apostila 3<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

II CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Steinitz X Tchigorin, 1889<br />

Após sua vitória sobre Zukertort, nenhum jogador no mundo ameaçava seriamente o trono de<br />

Steinitz. O Campeão Mundial passou quase 3 anos sem participar de nenhuma “luta” séria, mas quando<br />

visitou Havana (Cuba), onde existia uma enorme simpatia pelo xadrez, foi organizado o “match” com<br />

Tchigorin com o título em jogo ao melhor resultado em vinte partidas.<br />

Miguel Ivanovich Tchigorin (Gatschina, 12Nov1850 - Lublin, 25Jan1908), fundador da atual<br />

escola soviética (russa), foi um dos jogadores mais geniais e irregulares de todos os tempos. Ao longo de<br />

sua carreira encontramos produções de grande beleza juntamente com erros grosseiros, indignos de um<br />

enxadrista de tão extraordinário talento. Até os 16 anos não havia aprendido a jogar xadrez, mas em 1879<br />

venceu o Torneio de San Petesburgo. Sua 1ª participação internacional foi no Torneio de Berlim, 1881,<br />

onde terminou empatado em 3º lugar com Winawer e superado por Blackburne e Zukertort, mas deixando<br />

<strong>para</strong> trás jogadores de reconhecida classe. No ano seguinte participou discretamente do Torneio de Viena,<br />

e em 1883 classificou-se em 4º lugar no Torneio de Londres. Estas atuações, assim como seus triunfos em<br />

matches contra Alapin, Schiffers e A. de Riviere, lhe deram uma grande reputação, pois seu jogo<br />

demonstrava uma grande riqueza de idéias. Tchigorin foi um dos poucos enxadristas que não admitiram<br />

os princípios de Steinitz totalmente, afirmando que “as melhores normas de jogo estão longe de<br />

conhecerem-se”. Não é de estranhar que <strong>para</strong> Tchigorin, a superioridade dos Bispos sobre os Cavalos,<br />

como pregava Steinitz, e outras normas, não tiveram valor algum. Para ele a atividade das peças não era o<br />

mais importante, e o domínio do centro com Peões, uma utopia, com o que se antecipavam os hipermodernistas,<br />

que como Nimzowitch, Reti e Breyer, principalmente, iriam revolucionar o xadrez nos<br />

primeiros 25 anos do século XX.<br />

Tchigorin gostava do jogo aberto e não admitia nenhum dogma. Assim, contra a Defesa<br />

Francesa, empregava o aparente absurdo lance 2 De2, depois de 1 e4 e6; ou defendia-se do Gambito da<br />

Dama da seguinte forma: 1 d4 d5 2 c4 Cc6, etc. De qualquer forma, seu aprofundamento na teoria das<br />

aberturas foi muito grande, e muitas são hoje linhas surgidas de seu engenho. Sua principal virtude era o<br />

constante afã de luta, seu desejo de complicar posições e seu grande poder de combinação. Seus defeitos:<br />

as enormes distrações, que também o fizeram famoso, e seu escasso domínio do Gambito da Dama com<br />

Negras, assim como seu grande nervosismo e aficção à bebida.<br />

23


Steinitz aceitou rapidamente o desafio por dois motivos: 1º porque considerava Tchigorin<br />

como o mais forte adversário, o que indubitavelmente lhe honrava desportivamente, e o 2º pelo desejo de<br />

mostrar ao mundo sua superioridade, pois Tchigorin havia ganho 3 das 4 partidas que haviam jogado<br />

(uma em Viena, 1882 e duas em Londres, 1883), e além disso, no match por correspondência entre<br />

Londres e San Petesburgo, 1886-1887, Tchigorin, o capitão da equipe russa, se impôs a Londres, dirigida<br />

por Steinitz, com uma vitória e um empate.<br />

O encontro de Havana, ao melhor resultado em 20 partidas, começou em meio a uma grande<br />

expectativa, e começou 48 horas após a chegada de Tchigorin, depois de uma viagem de 32 dias, dos<br />

quais 26, havia passado no mar. Até a 13ª partida, apesar de interessante, o match permanecia indeciso,<br />

mas Steinitz se impôs nas 3 partidas seguintes com o que decidiu praticamente a luta, pois, somente um<br />

empate nas 4 seguintes era suficiente <strong>para</strong> conservar o título. Tchigorin lutou como um leão na 17ª<br />

partida, mas teve de conformar-se em repartir o ponto e deixar o título nas mãos do rival, que venceu por<br />

+10 -6 =1, o que demonstra como foi disputada a luta.<br />

Steinitz teve a satisfação de vencer de Negras em 3 “Gambito Evans Aceito”, onde empregou<br />

sua barroca defesa de 1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Ba5 6 0-0 Df6?!, mas foi derrotado 4<br />

vezes e empatou a 17ª que lhe serviu <strong>para</strong> revalidar o título.<br />

Possivelmente Steinitz não teria sido derrotado 6 vezes se escolhesse outras aberturas, pois<br />

Tchigorin foi o maior jogador de Gambito Evans, mas aquele grande lutador sempre estava disposto a<br />

provar sobre o tabuleiro o que afirmava com a pluma em seus artigos periódicos.<br />

Tchigorin começou o match de Brancas.<br />

24<br />

Steinitz x Tchigorin<br />

Havana<br />

20Jan - 24Fev1889<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Steinitz 0 1 0 1 1 0 0 1 1 1<br />

Tchigorin 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0<br />

11 12 13 14 15 16 17 Tot<br />

Steinitz 0 1 0 1 1 1 ½ 10,5<br />

Tchigorin 1 0 1 0 0 0 ½ 6,5<br />

ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Eslava 8 1 6<br />

Gambito Evans 1, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17 8 47<br />

Holandesa 16 1 6<br />

Ruy Lopez 3 1 6<br />

Tchigorin 2, 4, 6, 10, 12, 14 6 35<br />

A SEGUIR:<br />

III Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Steinitz x Gunsberg, 1890-91


FINAIS I<br />

2.3. Rei e dois Bispos x Rei<br />

O mate só é possível quando o Rei inimigo se localiza em casa angular ou vizinha da angular.<br />

Exemplos: Rc7, Bb6, Bd5 x Ra8; Rf7, Bf5, Bg7 x Rh7; etc.<br />

O mate ocorre em média de 18 lances.<br />

Diagrama: Ra1, Bg4, Bh4 x Rf4<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Em 1º lugar é claro, afastar o Bispo g4. Então manobrar com os Bispos cercando o Rei através de<br />

triângulos, até prender o Rei num dos triângulos de 6 casas das 4 casas angulares, colocando o Rei na<br />

casa 3C (ou 2B) <strong>para</strong> então dar mate com o outro Bispo. Os Bispos lado a lado defendem-se<br />

mutuamente, evitando que o Rei capture um deles. Cuidado com o pat.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bd1 Re3<br />

Ameaçando 2 ... Rd2<br />

2 Bg5+ Rd4<br />

Se 2 ... Rf2, o Rei se autocerca no triângulo da casa angular h1, facilitando o serviço branco!<br />

3 Bc2<br />

Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular a8.<br />

3 ... Rc3 4 Rb1 Rd4 5 Rb2 Re5 6 Rc3 Rd5 7 Bf6<br />

Fechando outra linha do triângulo citado.<br />

7 ... Re6 8 Bd4 Rd5<br />

Permanecendo o máximo tempo possível no centro.<br />

9 Bf5 Rd6 10 Rc4 Re7 11 Be5<br />

Agora o Rei foi trancado no triângulo da casa angular h8. Os Bispos se autodefendem!<br />

11 ... Rf7 12 Rd5 Re7 13 Be6 Re8 14 Bf6<br />

Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular h8. Colocando os Bispos emparelhados.<br />

14 ... Rf8 15 Re5<br />

Dirigindo-se a g6.<br />

15 ... Re8 16 Rf5 Rf8 17 Rg6 Re8 18 Bg5<br />

Forçando o Rei a dirigir-se <strong>para</strong> h8.<br />

18 ... Rf8 19 Bd7<br />

Evitando que o Rei se dirija a f8 e pre<strong>para</strong>ndo-se <strong>para</strong> cerca-lo no triângulo f8-h6-h8.<br />

19 ... Rg8 20 Be7 Rh8 21 Bf8<br />

Manobra instrutiva.<br />

21 ... Rg8 22 Bh6 Rh8 23 Bg7+ Rg8 24 Be6++ (1-0)<br />

25<br />

Posições de pat:<br />

•Bb7, Rc7, Bd6 x Ra7 1 ... ? (=)<br />

•Rf7, Bg5, Bg6 x Rh8 1 ... ? (=)


•etc<br />

Obs.: 2 Bispos da mesma cor não podem dar mate. Até 9 Bispos que se movimentem por<br />

casas de cor igual, não podem dar mate. É fácil compreender que resta ao Rei inferior uma casa de fuga de<br />

cor oposta a 2 Bispos.<br />

A SEGUIR:<br />

2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei<br />

TÁTICA I<br />

1.3. Princípio da peça sobrecarregada<br />

Peça sobrecarregada é aquela que desempenha mais de uma ação. Por exemplo: uma peça que<br />

defende, ao mesmo tempo, duas ou mais peças. Obrigando-se essa peça sobrecarregada a mover-se,<br />

desfaz-se a harmonia defensiva; daí poderá resultar a perda de material.<br />

Diagrama: c3, Be2, g3, Rg7 x Rb8, c4, Be6, g4<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Bispo e6 é uma peça sobrecarregada, pois defende os Peões c4 e g4. Se atacado, deverá deixar uma<br />

das defesas.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Rf6 (1-0)<br />

Diagrama: a2, b2, f2, g3, h2, Cc3, Dd3, Te1, Rg1 x a7, b7, f7, g7, h7, Da5, Cd4, Td8, Rh8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

A Torre d8 está sobrecarregada, pois defende o Cavalo d4 e o mate Te8.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dd4 (1-0)<br />

Obvio que se 1 ... Td4 2 Te8++.<br />

Diagrama: c4, d5, e4, g2, h2, Tb1, Tc1, Bf5, Rg1 x a7, c5, c7, g7, h6, Tb7, Cd8, Df7, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar o Cavalo d8, sobrecarregado, pois defende a Torre b7 e a entrada do Bispo em e6, cravando a<br />

Dama.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tb7! (1-0)<br />

Se 1 ... Cb7 2 Be6.<br />

Diagrama: d5, Cb3, Td2, Rf4 x d6, Cc5, Te5, Rf8<br />

26


1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar o Peão d6, sobrecarregado, pois defende o Cavalo c5 e a Torre e5.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Cc5 (1-0)<br />

Se 1 ... dc5 2 Re5<br />

Breslau, 1862<br />

Gambito Kieseritzky<br />

Rosanes x Anderssen<br />

A SEGUIR:<br />

1.4. Princípio do ataque simultâneo<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

1.2. Partida n.º 2<br />

1 e4 e5 2 f4 ef4 3 Cf3<br />

Com este lance formou-se o gambito conhecido sobre o nome de Cavalo do Rei. Existem outras variantes,<br />

por exemplo: 3 Bc4 e 3 Be2, e também 3 Df3 (Gambito Breyer), ainda que não muito utilizado.<br />

3 ... g5<br />

Como se conhece há três séculos, o Peão do gambito somente pode ser defendido imediatamente. De<br />

acordo com o que observamos na primeira partida, esse objetivo de sustentar a vantagem material obtida,<br />

era, nos tempos de Anderssen, a forma predominante de jogar. Agora, as Brancas tem duas variantes<br />

diferentes. Uma delas consiste em continuar seu desenvolvimento mediante 4 Bc4 e 5 0-0.<br />

Esta é uma maneira inocente de jogar, própria de enxadristas de ataques superficiais, mas não corresponde<br />

ao espírito do Gambito do Rei. A idéia deste gambito, como já sabemos, é o ataque à coluna f, na qual os<br />

pontos f6 e f5 foram debilitados pelo lance g5, pois se forem dominados, não podem ser defendidos pelo<br />

Peão, que está em g5, não podendo este atacar a peça branca que possivelmente se coloque nestes pontos.<br />

Se Rosanes quiser jogar posicionalmente no espírito do Gambito do Rei, antes de tudo deve abrir a coluna<br />

f e tirar o Peão de f4. A continuação posicional é 4 h4, minando a defesa do Peão f4, ou seja, o Peão de<br />

g5. Rosanes tem que decidir neste momento a linha a seguir.<br />

Se joga 4 Bc4, Anderssen pode contestar com 4 ... Bg7, e o lance 5 h4 já não pode conseguir seu objetivo,<br />

pois Anderssen tem a possibilidade de jogar h6 e com isso manter intacta sua cadeia de Peões.<br />

4 h4 g4 5 Ce5<br />

Esta abertura recebe o nome de Gambito Kieseritzky. Outra continuação é o Gambito de Allgaier, onde as<br />

Brancas jogam 5 Cg5, vendo-se obrigadas, após 5 ... h6, a sacrificar seu Cavalo com 6 Cf7, mas em troca,<br />

obtém um ataque muito perigoso.<br />

5 ... Cf6<br />

Eis uma boa ocasião <strong>para</strong> demonstrar o valor de ter compreendido o espírito de uma abertura e não<br />

memorizar as diversas variantes, o que não é tão proveitoso. O “jogador de café”, que busca o lance mais<br />

próximo <strong>para</strong> atacar, provavelmente jogaria aqui, 6 Bc4.<br />

Mas também o jogador novato, que tenha sido contaminado pela infrutuosa moléstia de estudar o célebre<br />

método de Bilguer, seguindo aquelas indicações, fará o mesmo lance, e por um contra-ataque negro,<br />

chegara a ter desvantagem. Não deve-se estranhar o fato de que na análise do Gambito do Rei, a obra de<br />

27


Bilguer contenha numerosos defeitos. Uma análise de variantes, no decorrer dos anos, chega a manifestarse<br />

quase sempre como equivocada. A ciência de conhecer variantes é somente uma ciência aparente.<br />

Além disso, o Gambito do Rei não é nenhuma abertura moderna, e a maior parte das variantes procedem<br />

do tempo antigo, quando era insignificante o que se pensava sobre o jogo de posição. Se mantém-se a<br />

idéia da abertura, se chega à conclusão de que é preciso fazer desaparecer o Peão f4 <strong>para</strong> a liberação da<br />

coluna f. Portanto, o lance indicado é 6 d4, o qual um dos melhores jogadores de posição, Philidor e o<br />

grande “posicionalista”, Rubinstein, qualificaram como vantajosa <strong>para</strong> as Brancas. Após 6 d4 d6 7 Cd3<br />

Ce4 8 Bf4, as Negras tem efetivamente um Peão a mais, mas se encontra em uma situação nada agradável,<br />

graças à debilidade irreparável da coluna aberta. Não devemos estranhar que Rosanes tenha feito o lance<br />

mais débil, mas aparentemente mais lógico.<br />

6 Bc4 d5 7 ed5 Bd6 8 d4 Ch5<br />

Rosanes não consegue abrir tão facilmente a coluna f. Deveriam ter jogado na hora certa 0-0, apesar da<br />

possível contestação ... Dh4. Rosanes, como na partida anterior, não joga posicionalmente, mas pela<br />

vantagem material.<br />

9 Bb5+ c6 10 dc6 bc6 11 Cc6 Cc6 12 Bc6+ Rf8 13 Ba8<br />

Rosanes tem uma Torre a mais, mas em troca, uma posição perigosa no flanco do Rei, e uma posição mal<br />

desenvolvida.<br />

13 ... Cg3 14 Th2<br />

Rosanes, ao invés de colocar a Torre em h2, onde atua o adversário, deveria devolver o sacrifício,<br />

cedendo a qualidade, colocando o Rei em f2 no lance 14.<br />

14 ... Bf5 15 Bd5<br />

Melhor defesa seria 15 Bc6 <strong>para</strong> não permitir que a Torre negra se dirigisse a e8.<br />

15 ... Rg7! 16 Cc3 Te8+ 17 Rf2 Db6<br />

Anderssen ameaça o ataque decisivo através de ... Be5.<br />

18 Ca4 Da6<br />

Anderssen ameaça mate em 4. Será que você descobre?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Mate de Cavalo e Torre<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

19 De2+ 20 De2 Te2+ 21 Rg1 Te1+ 22 Rf2 Tf1++<br />

Esta ameaça de Anderssen não se pode <strong>para</strong>r através de 19 c4. Descubra o porque.<br />

PLANO<br />

*****<br />

O mesmo, mate de Cavalo e Torre.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

19 ... Da4! 20 Da4 Te2+ (0-1)<br />

19 Cc3 Be5! 20 a4<br />

Anderssen anuncia mate em 4. Encontre você.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Mate com Bispo, Torre e Cavalo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

20 ... Df1+! 21 Df1 Bd4+ 22 Be3 Te3! 23 Rg1<br />

A qualquer outro lance segue ... Te2++.<br />

23 ... Te1++ (0-1)<br />

28


A SEGUIR:<br />

1.3. Diagramas Diversos<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 3.1<br />

a2, c2, f2, g2, h2, Bc5 Tf1, Rg1, Th3, Dh5 x a7, c6, e6, f6, g7, Ba5, Ta8, Bc8, Dd8, Te8, Rg8<br />

Zuckertort x Anderssen<br />

1 ?<br />

Neste diagrama, após 1 Dh7+ Rf7 2 Dh5+ Rg8 e Zuckertort não conseguiria nada mais do que um empate<br />

por repetição de lances. Mas Zuckertort encontrou uma linha ganhadora.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1)<br />

Analise 1 ... Te7<br />

*****<br />

Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc.<br />

Diagrama 3.2<br />

c5, d4, e6, g2, h3, Tb1, Tf1, Dg3, Rh1 x a5, b7, f6, h5, Bb4, Dc6, Ce7, Re8, Tf8<br />

Morphy x Thompson<br />

Match 1859<br />

1 ?<br />

Morphy forçou a vitória em poucos lances, de maneira irrefutável<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar a posição incômoda do Rei negro, cuja mobilidade resume-se a d8.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Db8+ Dc8 2 Dd6 Dc6 3 Tb4 ab4 4 Ta1 (1-0)<br />

Thompson abandonou, pois não encontrou defesa contra a entrada da Torre branca em a8.<br />

Analise 1 ... Cc8.<br />

*****<br />

2 d5! Dc5<br />

Única que mantém a defesa do Cavalo.<br />

3 Tfc1 Bc3 4 Db7 (1-0)<br />

Observe como Morphy reagrupou suas peças.<br />

Diagrama 3.3<br />

a4, b3, d4, e3, f3, g4, h4, Ta1, Cc3, Dd1, Bd2, Te1, Rg1, Bg2, Cg3 x a5, b7, c7, d5, f7, g7, h6, Ta8,<br />

Bb4, Cd7, Dd8, Te8, Cf6, Rg8, Bh7<br />

Spasski x Petrosian<br />

Torneio de Candidatos 1956<br />

1 ... ?<br />

Encontre a ameaça branca.<br />

29


****<br />

Spasski ameaça ganhar o Cavalo de Petrosian mediante 2 g5.<br />

Encontre um plano defensivo <strong>para</strong> as Negras.<br />

PLANO<br />

****<br />

Criar um refúgio <strong>para</strong> o Cavalo f6 sem esquecer do Peão d5 que está defendido apenas por ele.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Bd6! 2 f4<br />

Se 2 Cge2, Petrosian contestaria com 2 ... Bd3.<br />

2 ... Bg4<br />

Após a troca Bc3, a casa e4 poderá ser ocupada por uma peça de Petrosian.<br />

3 g5 Bc3 4 Bc3 Ce4 5 Be4 Be4<br />

E a partida seguiu com igualdade.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE<br />

Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha<br />

Págs. 16-17 e 63-71<br />

• XADREZ BÁSICO<br />

Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil<br />

Págs. 110-111 e 200-202<br />

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO<br />

Ricardo Reti, Club de Ajedrez<br />

Págs. 14-16<br />

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I<br />

Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,<br />

Barcelona – Espanha<br />

Apostila 4<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

III CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Steinitz X Gunsberg, 1890-91<br />

Isidoro Gunsberg (Budapeste, 02Nov1854-Londres, 02Mai1930), de origem judia, foi o<br />

terceiro aspirante ao Título de Steinitz. Ainda que húngaro de nascimento, pode ser considerado um<br />

enxadrista inglês, já que aos 13 anos mudou-se <strong>para</strong> a Inglaterra com sua família e ali obteve a cidadania.<br />

Aprendeu a jogar logo e no célebre Café de La Regence, de Paris, foi apresentado como um menino<br />

prodígio. em 1876 jogou dentro do famoso robô “Mephisto” em Londres, com o que pretendia emular as<br />

façanhas do idealizado pelo Barão Wolfgang von Kempelen, que chegou a jogar contra Napoleão.<br />

30


Quando enfrentou Steinitz, era considerado como um dos mais fiéis seguidores das teorias do<br />

Campeão, e contava com um brilhante curriculum, pois havia ganho os Torneios de Hamburgo, 1885;<br />

Bradford e Londres, 1888. Em matches havia vencido a Bird (Londres, 1866, por +5 -1 =3), Blackburne<br />

(Bradford, 1887, por +5 -2 =6) e empatado com Tchigorin num dramático encontro em Havana, 1890,<br />

com o resultado de +9 -9 =5.<br />

Frente a Steinitz defendeu-se com grande dignidade, pois somente foi derrotado por +4 -6 =9,<br />

em um encontro ao melhor resultado em 20 partidas. O Campeão Mundial voltou a aplicar em quatro<br />

ocasiões sua barroca defesa do Gambito Evans, que havia empregado diante de Tchigorin, e perde em<br />

duas ocasiões, ainda que tenha conseguido a satisfação de vencer em uma e empatar outra.<br />

Gunsberg dirigiu durante cerca de 30 anos a seção de xadrez do “Daily Telegraph” e do<br />

“Morning Post”, de Londres e escreveu diversos livros sobre o tema. Sua carreira enxadrística se<br />

desenvolveu até 1914, ano em que participou do famoso Torneio de San Petesburgo, vencido por Lasker,<br />

mas a idade já não lhe permitia enfrentar com êxito a jovens como Capablanca e Alekhine.<br />

Steinitz x Gunsberg<br />

New York<br />

09Dez1890-22Jan1891<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Steinitz ½ 1 ½ 0 0 1 1 ½ ½ 1<br />

Gunsberg ½ 0 ½ 1 1 0 0 ½ ½ 0<br />

11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tot<br />

Steinitz ½ 0 1 ½ ½ 0 ½ 1 ½ 10,5<br />

Gunsberg ½ 1 0 ½ ½ 1 ½ 0 ½ 8,5<br />

Steinitz começou o match de Brancas.<br />

31<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Eslava 3 1 5<br />

Gambito da Dama 1, 5, 17 3 16<br />

Gambito da Dama Aceito 7 1 5<br />

Gambito Evans 12, 14, 16, 18 4 21<br />

Italiana 4, 8, 10 3 16<br />

Peão da Dama Irregular 6, 19 2 11<br />

Ruy Lopez 2 1 5<br />

Zukertort 9, 11, 13, 15 4 21<br />

A SEGUIR:<br />

IV Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Steinitz x Tchigorin, 1892<br />

FINAIS I<br />

2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei


Método dos Triângulos<br />

Délétang e Cognet<br />

É o mais difícil e apaixonante dos finais elementares.<br />

Existem diversos métodos, utilizaremos o de mais fácil memorização. o Método dos<br />

Triângulos do amador argentino Daniel Délétang (La Stratégia, 1923; El Ajedrez Argentino, 1925),<br />

aperfeiçoado por E. Cognet (L’Echiquier, janeiro de 1931).<br />

É raríssimo ocorrer este tipo de final, mas todo enxadrista deve conhece-lo.<br />

O mate de Bispo e Cavalo só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular<br />

seja da mesma cor que as dominadas pelo Bispo.<br />

Exemplos:<br />

Diagrama: Ca6, Rb6, Bc6 x Ra8<br />

O Bispo dá mate desde uma casa afastada do Rei adversário. Neste diagrama, o Bispo pode ocupar uma<br />

casa mais afastada ainda, mas <strong>para</strong> dar mate deve mover-se desde uma diagonal <strong>para</strong>lela à grande<br />

diagonal.<br />

Diagrama: Rb6, Bb7, Cc6 x Ra8<br />

O Bispo dá mate colocando-se na casa contígua ao Rei inimigo. Na posição deste diagrama, o Cavalo<br />

pode estar colocado também em d7, mas não em a6, pois é dela que vem o Bispo.<br />

Diagrama: Ca6, Rb6, Bb7 x Rb8<br />

O mate é realizado pelo Cavalo, que pode estar colocado não só em a6, mas também em c6 ou em d7.<br />

angular.<br />

Para realizar qualquer um destes mates, o Rei ofensivo deve estar a salto de Cavalo da casa<br />

Diagrama: Bb3, Cd3, Rg7 x Re7<br />

Examinando este diagrama, observamos que o Bispo está colocado na 2ª casa de uma<br />

diagonal, que é por sua vez a segunda casa de uma fila, cuja 4ª casa está ocupada por um Cavalo.<br />

Consideremos agora o tabuleiro em relação às diagonais.<br />

A grande diagonal preta (a1-h8) divide o tabuleiro em 2 partes iguais. O Rei preto encontra-se<br />

na metade esquerda.<br />

Nesta metade, as 3 diagonais brancas formam com as bordas do tabuleiro, 3 triângulos<br />

retângulos que se superpõem num ângulo reto comum, situado em a8.<br />

As hipotenusas desses 3 triângulos estão representadas:<br />

•<strong>para</strong> o triângulo maior pela diagonal a2-g8;<br />

•<strong>para</strong> o triângulo médio pela diagonal a4-e8;<br />

•<strong>para</strong> o triângulo menor pela diagonal a6-c8.<br />

Examinando o triângulo maior, verificamos que o Rei preto não pode atravessar a hipotenusa.<br />

Com efeito, o Bispo impede o acesso às casas brancas, o Rei branco protege as casas pretas f6 e f8, e o<br />

Cavalo domina as casas pretas b4, c6 e e5. Pode-se afirmar que o triângulo maior está fechado.<br />

32


O mesmo resultado se obtém em posição análoga: Rb2, Cf5, Bf7 x Rb4.<br />

Após cercar o Rei no triângulo maior, deve-se empurra-lo <strong>para</strong> o triângulo médio e, deste,<br />

obriga-lo a penetrar no triângulo menor.<br />

Veremos previamente que a aplicação do “método dos triângulos” permite obter o que<br />

denominaremos uma posição final da qual derivará uma das 3 formas de mate que já foram apontadas.<br />

Examinaremos estas posições finais, nas quais as Brancas acabam de fechar o triângulo menor<br />

e, portanto, é a vez de jogarem as Pretas:<br />

Posição Final do Tipo A - Diagrama: Rb6, Bd7, Cd5 x Rb8<br />

1 ... Ra8 2 Cb4<br />

Ou Cc7+<br />

2 ... Rb8 3 Ca6+ Ra8 4 Bc6++<br />

Mate tipo I.<br />

Se o Rei preto estiver em a8 (não em b8), o mate se processa assim:<br />

1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Be6<br />

Lance de espera com o objetivo de permitir que o Cavalo vá a a6, <strong>para</strong> dar xeque, pois é evidente que se<br />

as Brancas jogarem 3 Ca6? é empate por afogamento.<br />

3 ... Rb8 4 Ca6+ Ra8 5 Bd5++<br />

Mate tipo I<br />

Posição Final do Tipo B - Diagrama: Ba6, Rb6, Cd5 x Rb8<br />

1 ... Ra8 2 Cb4 Rb8 3 Cc6+ Ra8 4 Bb7++<br />

Mate tipo II.<br />

Se o Rei preto estiver em a8, dá-se o mate da seguinte forma:<br />

1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Bb7+ Rb8 4 Cc6++<br />

Mate tipo II.<br />

Posição Final do Tipo C - Diagrama: Ba6, Rb5, Cd5 x Rb8<br />

1 ... Ra7<br />

Se 1 ... Ra8 2 Rb6 e entramos numa posição final do tipo B.<br />

2 Cb4 Rb8<br />

Se 2 ... Ra8 3 Rb6 4 Cc6+ Ra8 5 Bb7++, mate tipo II.<br />

3 Rb6 Ra8 4 Bb7+ Rb8 5 Cc6++<br />

Mate tipo II.<br />

Existem outros tipos desta posição com o Rei preto em a8 ou em a7, nas quais o mate se<br />

efetua da mesma forma que na posição examinada, e com as mesmas manobras, porém invertendo a<br />

ordem dos lances, segundo convenha. Também o Rei branco pode estar em a5 (e não em b5).<br />

Por analogia, estas posições finais podem apresentar-se com outra disposição. Exemplo: a<br />

posição final A com o Rei branco em c7 e o Rei preto em a7, estando o Bispo em b5 e o Cavalo em d5. O<br />

mesmo acontece com as demais posições finais que, aliás, podem reproduzir-se em outro ângulo do<br />

tabuleiro.<br />

33


Vejamos o procedimento que deve ser aplicado no método dos triângulos.<br />

O retrocesso do Rei preto, <strong>para</strong> faze-lo passar de um triângulo a outro, obtém-se unicamente<br />

mediante às manobras de Rei e Bispo ofensivos. No que toca à passagem do triângulo maior <strong>para</strong> o<br />

menor, observar-se-á que o Bispo deve cuidar da diagonal (hipotenusa) a2-g8 devendo proteger ao mesmo<br />

tempo, a casa a4 <strong>para</strong> impedir a fuga do Rei preto por este ponto, mas o Bispo pode mover-se pela<br />

diagonal vigiada, pois poderá voltar a b3 antes que o Rei adversário alcance a mencionada casa a4.<br />

Partindo do diagrama inicial, observamos que o Rei branco não pode mover-se porque tem a<br />

seu cargo as 2 casas pretas f6 e f8; então, logicamente, será preciso mover o Bispo pela diagonalhipotenusa<br />

a fim de escolher a colocação que tire mais casas do Rei adversário; tendo em conta esta<br />

circunstância, o primeiro lance será:<br />

1 Bf7 Rd6<br />

Dirigindo-se <strong>para</strong> a casa a4.<br />

2 Rf8<br />

Ocupando diretamente o extremo da hipotenusa.<br />

Se 2 Rf6? Rd7 3 Bb3 Re8 4 Rg7 Re7 e volta-se a posição inicial.<br />

2 ... Rd7 3 Bb3 Rd6<br />

Se 3 ... Rc6 4 Re7.<br />

Se 3 ... Rd8 4 Ba4, fechando o triângulo médio.<br />

O Rei negro deve evitar estes lances, que apressam a derrota.<br />

4 Re8 Rc7<br />

Se 4 ... Rc6 5 Re7 Rc7 6 Ba4.<br />

5 Re7 Rc7<br />

A qualquer outro lance, seguiria 6 Ba4.<br />

6 Re6 Rb5<br />

Também aqui, a qualquer outro lance, seguiria 7 Ba4.<br />

7 Rd6 Ra5 8 Rc5 Ra6 9 Ba4<br />

Agora o Bispo ocupa a hipotenusa do triângulo médio, o qual começa a fechar-se com esta manobra.<br />

Observe-se que se o Rei negro - durante esta manobra de retrocesso - abandona as diagonais a3-f8 e a4c8,<br />

o Bispo se instala imediatamente nesta última. Se o Rei se mantém sobre estas duas diagonais, será<br />

encurralado contra a beirada do tabuleiro, como se terá observado, até que se veja forçado a abandonar<br />

uma posição que lhe é favorável.<br />

Agora é necessário terminar de fechar o triângulo médio, colocando oportunamente o Cavalo em d5.<br />

9 ... Rb7<br />

Se 9 ... Ra5 10 Bd7 Ra6 e continua como depois do lance 12 desta análise.<br />

10 Rd6 Rb6 11 Bd7 Ra5 12 Rc5 Ra6 13 Cb4+<br />

Ou 13 Cc4. O Cavalo se dirige a seu novo posto em d5, ou seja, 4ª casa da coluna (antes era uma<br />

horizontal), onde se encontra o Bispo.<br />

13 ... Rb7 14 Cd5<br />

O triângulo médio está fechado.<br />

14 ... Ra6<br />

Se 14 ... Ra8 (ou Rb8) 15 Rb6 e o triângulo menor está fechado, tendo-se chegado a uma posição final do<br />

tipo A.<br />

Se 14 ... Ra6 15 Bc8 Rb8 (Se 15 ... Ra8 16 Rb6 e 17 Ba6, chegando-se a uma posição final do tipo B) 16<br />

Ba6 Ra7 (Se 16 ... Ra8 17 Rb6 e se chega a uma posição final do tipo C).<br />

15 Rb4 Rb7 16 Rb5 Ra6<br />

Se 16 ... Rb8 17 Rb6 e chega-se a uma posição final tipo A.<br />

17 Bc8 Ra8<br />

34


Se 17 ... Rb8 18 Ba6 e estamos numa posição final tipo C.<br />

18 Rb6 Rb8 19 Ba6<br />

E o triângulo menor fecha-se numa posição final tipo B.<br />

Resumindo:<br />

1. O mate só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular seja da mesma cor<br />

que as que o Bispo percorre.<br />

2. Formar-se-ão imaginariamente, 3 triângulos retângulos sobrepostos, cujo ângulo reto<br />

comum está situado no canto do tabuleiro onde se forçará o mate. Estes triângulos serão: um maior, um<br />

médio e um menor, e suas hipotenusas são, respectivamente, três diagonais da cor da casa angular, uma<br />

diagonal de 7 casas de comprimento, outra de 5, e a terceira de 3 casas.<br />

3. O fechamento dos 2 primeiros triângulos (maior e médio) efetua-se:<br />

a) Colocando-se o Bispo e o Cavalo na mesma horizontal ou coluna;<br />

b) Colocando-se o Bispo na 2ª casa da diagonal-hipotenusa de cada um dos triângulos;<br />

c) Colocando-se o Cavalo na 4ª casa da fila (horizontal) ou coluna em que se acha o Bispo,<br />

ficando então, ambas as peças, em casas da mesma cor e se<strong>para</strong>das por uma só casa;<br />

d) A outra extremidade da hipotenusa estará vigiada pelo Rei.<br />

4. O fechamento do 3º triângulo efetua-se facilmente, sem necessidade de mover o Cavalo e,<br />

em alguns casos, sem que o Bispo tenha de ocupar a diagonal que constitui a hipotenusa menor.<br />

5. O Bispo age nas casas da cor que percorre; o Cavalo será utilizado <strong>para</strong> vigiar as casas da<br />

cor contrária.<br />

6. Uma vez encerrado o Rei adversário no triângulo maior - e <strong>para</strong> força-lo a passar dum<br />

triângulo a outro - manobrar-se-á unicamente com o Rei e o Bispo, pois o Cavalo só precisará efetuar 4<br />

movimentos: 2 <strong>para</strong> passar do triângulo maior ao médio, e outros dois <strong>para</strong> colaborar no mate.<br />

Antes de ser encerrado nos triângulos, o Rei adversário tratará de refugiar-se na diagonal de<br />

cor oposta à das casas que percorre o Bispo - dirigindo-se a um dos cantos onde o mate não é possível.<br />

Neste caso será fácil obriga-lo a entrar num dos dois grandes triângulos que margeiam a mencionada<br />

diagonal. Exemplo: Ra1, Bh8, Ch1 x Ra8.<br />

Nas variantes que examinaremos, observe que o Rei preto trata de fugir, quer dirigindo-se à<br />

direita (Rb7-c6-b6-b5-b4, etc, na variante a), quer indo <strong>para</strong> a esquerda (Rb7-c6-d6-c5, etc, na variante c)<br />

ou - o que é preferível - tratará de manter-se em seu refúgio em a8 (variantes b e d) prolongando, desta<br />

forma, o mate inevitável.<br />

(a)<br />

1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb6 4 Rd5<br />

Para poder conduzir o Bispo e o Cavalo a seus respectivos lugares é boa tática situar o Rei branco numa<br />

das casas centrais do tabuleiro, de preferência numa casa da grande diagonal, que serve de refúgio ao Rei<br />

adversário, e colocar o Bispo a seu lado.<br />

4 ... Rb5 5 Bd4 Rb4 6 Cg3 Rb3 7 Ch5<br />

Ou Ce2<br />

7 ... Rc2 8 Cf4 Rb3<br />

Se 8 ... Rd2 9 Bf2 Rc3 10 Be1+, começando a fechar o triângulo médio.<br />

9 Rc5 Ra4 10 Rb6 Rb4 11 Bf2<br />

E o triângulo maior está fechado.<br />

35


(b)<br />

1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rd6 4 Rd4 Rc6<br />

Se 4 ... Re6, vide variante c.<br />

O Rei negro tenta permanecer em a8, resistindo o máximo, não entrando no triângulo maior.<br />

5 Cf2<br />

A função do Cavalo é expulsar o Rei adversário do seu refúgio colocando-o em b6 ou c7.<br />

5 ... Rb5 6 Rd5 Rb6<br />

Ameaçava-se 7 Bd4 seguido de Ch3 e Cf4, o que fecharia o triângulo maior.<br />

7 Be5 Rb7<br />

Se 7 ... Rb5 8 Bd5 seguido de Ch3, ou Rc6, etc.<br />

8 Ce4 Ra8<br />

Se 8 ... Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Bd6 (barrando a passagem do Rei preto, de modo a dar tempo ao Cavalo <strong>para</strong><br />

colocar-se em seu posto em e6) Re8 11 Cc3 seguido de 12 Cd1, 13 Ce3 e 14 Bg3 - e fechando assim, o<br />

triângulo maior.<br />

9 Rc6 Ra7 10 Cc3<br />

O Cavalo se aproxima do ponto b6, situando-se antes em d5 de onde poderá dirigir-se, eventualmente, a<br />

seu posto em f4.<br />

10 ... Ra8 11 Cd5 Ca7 12 Cb6 Ra6 13 Bb8<br />

Posição clássica: o Rei adversário foi expulso definitivamente da grande diagonal que lhe servia de<br />

refúgio.<br />

13 ... Ra5 14 Cd5<br />

Agora, cumprida sua missão, o Cavalo se dirige ao seu lugar em f4.<br />

14 ... Ra4<br />

Se 14 ... Ra6 15 Cf4 Ra5 16 Ba7 seguido de Bf2 e fica fechado o triângulo maior.<br />

15 Ba7 Rb3<br />

Se 15 ... Ra5 16 Bb6+ Ra4 17 Rc5 Rb3 18 Ba5 e começa o fechamento do triângulo médio.<br />

16 Rb5 Rc2 17 Cf4 Rd2 18 Bf2<br />

E o triângulo maior está fechado.<br />

(c)<br />

Até o quarto lance das Brancas (4 Rd4), como na variante b. E depois:<br />

4 ... Re6 5 Be5 Rf5 6 Cf2 Re6<br />

Se 6 ... Rg5 7 Bg3 Rf5 8 Rd5 Rf6 (se 8 ... Rg5 9 Re6) 9 Cg4+ Rf5 (se 9 ... Re7 10 Rc6) 10 Ce3+ e fechase<br />

o triângulo maior.<br />

7 Bg3 Rd7 8 Rd5 Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Cd1<br />

Seguido de 11 Ce3 e o triângulo maior está fechado.<br />

(d)<br />

1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb7 4 Rc5 Ra8 5 Rc6 Rb8 6 Cg3 Ra8 7 Ce4 Rb8 8 Cc3 Ra8 9 Cd5 Rb8<br />

Se 9 ... Ra7 10 Be5 Ra8 11 Cb6+ Ra7 12 Bd6 Ra6 13 Bb8 e se chega à posição clássica.<br />

10 Bd4 Ra8 11 Cc7+ Rb8 12 Bc5 Rc8 13 Ba7<br />

E se atinge a posição clássica, com colocação invertida das peças.<br />

36<br />

A SEGUIR:<br />

3. Finais de Reis e Peões<br />

3.1 Rei e Peão x Rei


TÁTICA I<br />

1.4. Princípio do ataque simultâneo<br />

Como em xadrez joga-se uma peça de cada vez, atacando-se simultaneamente duas ou mais<br />

peças, pode determinar a captura de uma delas.<br />

Esse meio de ganhar peças tem ainda mais força desde que uma das peças atacadas seja o<br />

próprio Rei.<br />

Diagrama: Te8, Rg1 x Ra1, Bb3, Bg3<br />

1 ? Ganham material<br />

PLANO<br />

*****<br />

Os Bispos encontram-se sem apoio e na mesma horizontal. Se existir uma Torre (peça que move-se pela<br />

horizontal) ou Dama que possam colocar-se nesta horizontal, ganha-se um deles.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Te3<br />

Ganhando material, pois um dos Bispos será salvo, enquanto o outro será capturado pela Torre.<br />

Diagrama: Da8, Rd5 x Be8, Tf8, Rh8<br />

1 ... ? (0-1)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Se o Bispo desloca-se da horizontal 8, a Torre passa a atacar a Dama. Caso o lance de Bispo force as<br />

Brancas a um lance que não permita a retirada da Dama branca, esta estará perdida, assim como a<br />

partida.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Bf7+(0-1)<br />

Diagrama: Bc3, Te5, Rh4 x f7, h6, Dd7, Rh8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Rei negro encontra-se sobre a diagonal onde encontra-se o Bispo branco. Movendo-se a Torre efetuase<br />

um xeque descoberto, atacando uma peça de maior valor, irá ganha-la pela obrigação de sair do<br />

xeque.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Td5+ (1-0)<br />

O xeque descoberto freqüentemente é utilizado <strong>para</strong> o ganho de peças.<br />

Diagrama: a2, b4, d4, f2, g2, h2, Te1, Ce3, Rg1, Tg3, Bg5, Dh5 x a7, d6, e6, f7, g7, h6, Ta8, Db5,<br />

Bb7, Te8, Cf8, Rg8<br />

C. Torre x E. Lasker<br />

37


Moscou, 1925<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Chegar à posição de mate com a Torre em g7 e Dama em h6. Para isto deverá desobstruir a coluna g, e<br />

a melhor casa <strong>para</strong> coloca-lo é f6, pois explora o Peão g cravado, ameaçando Tg7 e uma série de xeques<br />

descobertos, ganhando material.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bf6!<br />

Ameaçando mate com Tg7+ e Dh6<br />

1 ... Dh5 2 Tg7+ Rh8 3 Tf7+<br />

Ataque simultâneo ao Rei e às demais peças.<br />

3 ... Rg8 4 Tg7+ Rh8 5 Tb7+ Rg8 6 Tg7+ Rh8 7 Tg5 Rh7 8 Th5 Rg6 9 Th3 Rf6 10 Th6 (1-0)<br />

Diagrama: b2, c2, Bf6, Tg3, Rb1 x a7, d7, f7, g7, Bb7, Cc7, Cf8, Bg1, Rg8, Dh8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Idem ao anterior<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tg7+ Rh8 2 Tf7+ Rg8 3 Tg7+ Rh8 4 Td7+ Rg8 5 Tg7+ Rh8 6 Tc7+ Rg8 7 Tg7+ Rh8 8 Tb7+ Rg8 9<br />

Tg7+ Rh8 10 Ta7+ Rg8 11 Tg7+ Rh8 12 Tg1+ Rh7 13 Th1+ (1-0)<br />

Observe a força do Bispo e Torre nessas posições, atacando simultaneamente várias peças.<br />

A SEGUIR:<br />

1.5. Princípio da peça sem defesa<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

1.3. Diagramas Diversos<br />

Diagrama: c3, f2, f6, g2, h2, Ta1, Ba3, Da4, Bd3, Te1, Cf3, Rg1 x a7, c7, d7, f7, h7, Bb6, Bb7, Tb8,<br />

Cc6, Ce7, Re8, Tg8, Dh5<br />

Anderssen x Dufresne<br />

Esta posição foi atingida após o lance 18 de Dufresne.<br />

Ambos atacam diretamente o Rei adversário, mas as melhores perspectivas são brancas, pois elas<br />

dominam o centro.<br />

Em troca, Dufresne, ataca o roque inimigo com a Dama, a Torre no flanco do Rei e com os Bispos, pelo<br />

flanco da Dama.<br />

O moderno jogador de posição que continuamente esforça-se <strong>para</strong> conhecer os indícios da posição e trata<br />

a combinação como um meio auxiliar <strong>para</strong> demonstrar depois sua vantagem posicional, nesta situação<br />

levará o ataque ao centro de tal forma, que impedirá o ataque do flanco da Dama negro (Bispos) contra o<br />

Rei branco.<br />

Assim, é fácil adivinhar o lance que ganha em seguida, indicado por Lasker: 19 Be4. Mas Anderssen<br />

optou por jogar:<br />

38


19 Tad1<br />

Este lance é prova da incomparável combinação de Anderssen, mas não leva em consideração as<br />

exigências posicionais. É mais débil que 19 Be4, tanto que, se Dufresne contesta com ... Tg4, consegue<br />

empate, segundo as análises feitas mais tarde. Mas Dufresne continuou assim:<br />

19 ... Df3<br />

E após este lance, a combinação de Anderssen triunfa.<br />

Tente descobrir como Anderssen encontrou a linha de vitória.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar a posição desprotegida do Rei, atacando com as peças pelo centro dominado por Anderssen.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

20 Te7+ Ce7<br />

Analise 20 ... Rd8.<br />

*****<br />

21 Td7+, se Dufresne toma esta Torre, então, Anderssen ganha a Dama ao contestar 22 Be2+.<br />

Analise contra 21 Td7+, 21 ... Rc8.<br />

*****<br />

22 Td8+<br />

a) 22 ... Td8 23 gf3<br />

b) 22 ... Rd8 23 Be2+<br />

c) 22 ... Cd8 23 Dd7+ Rd7 24 Bf5+ Re8 25 Bd7++<br />

Mas Anderssen dá mate em 4. Como?<br />

*****<br />

21 Dd7+ Rd7 22 Bf5+ Re8<br />

E se 22 ... Rc6 ?<br />

*****<br />

23 Bd7++<br />

23 Bd7 qualquer lance negro 24 Be7++ (1-0)<br />

Diagrama: a2, b2, c3, d4, f2, g2, Ta1, Cb1, Bc1, Ce5, Tf1, Rg1, Dg4 x a7, b7, c7, c6, f7, g3, g7, Ta8,<br />

Bc5, Dd8, Ce4, Re8, Th8<br />

Mayet x Anderssen<br />

Chegou-se a esta posição após o lance 11 de Mayet. Anderssen havia sacrificado uma peça, mas<br />

conseguiu um ataque decisivo. Em busca de combinações, Anderssen jogou:<br />

11 ... Bd4<br />

Mayet, contestou com o equivocado:<br />

12 De4<br />

E Anderssen venceu. Como?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Mayet desviou a ação da Dama da casa f2, onde começa o ataque de Anderssen. Dominando-se a 1ª<br />

horizontal, após desviar a Torre dela, consegue-se uma posição de mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

12 ... Bf2+ (0-1)<br />

Se 13 Tf2 Dd1+ 14 Tf1 Th1+ 15 Rh1 Df1++.<br />

O livro de Gottschall sobre Anderssen, diz: “As Brancas não se defenderam bem; o correto era 12 cd4<br />

Dd4 13 Dd7+ Dd7 14 Cd7, etc.<br />

Mas é estranho, que tanto Anderssen quanto o crítico (Gottschall) deixaram passar a variante 11 ... gf2+<br />

12 Tf2 Th1+ (0-1).<br />

39


Diagrama: a2, b2, f3, g2, h2, Bb5, Dc2, Td1, Te1, Be3, Rh1 x a7, b7, c7, f7, g7, h7, Bb6, Rc8, Td8,<br />

De5, Cg8, Th8<br />

Anderssen x Hillel<br />

A partida seguiu com:<br />

16 Bg5<br />

A respeito deste lance, o livro de Gottschall sobre Anderssen acrescenta um ponto de exclamação e diz:<br />

“Agora, as Negras estão perdidas!”.<br />

16 ... Dg5 17 Df5+ Df5 18 Td8+ Rd8 19 Te8++ (1-0)<br />

Esta “brilhante” combinação deu a volta ao mundo inteiro e ninguém se perguntou porque este sacrifício<br />

de uma Dama, quando se consegue o mesmo resultado de uma maneira mais rápida. Descubra como.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Mate de Bispo e Torre<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

16 Td8+ Rd8 17 Bg5+ (1-0)<br />

Com o decorrer dos anos, e conforme a evolução, Anderssen também chegou a ser jogador de<br />

posição. Ainda veremos outra partida sua, que começa com jogo de posição, mas no final volta a vencer<br />

pela força do talento combinativo de Anderssen, o que dá uma característica particular à partida.<br />

A SEGUIR:<br />

1.4. Partida nº 3<br />

Defesa Philidor<br />

Anderssen x L. Paulsen<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 4.1<br />

a4, b2, c2, d4, g2, h4, Ta1, Bc1, Cc3, Dd1, Bd5, Rf2, Th2 x a7, f4, f7, g4, h7, Da6, Be5, Te8, Bf5,<br />

Cg3, Rg7<br />

Rosanes x Anderssen<br />

1 ... ? Mate em 4<br />

PLANO<br />

*****<br />

Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1)<br />

Analise 1 ... Te7<br />

*****<br />

Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc.<br />

Diagrama 4.2<br />

a2, b2, d5, e4, g6, Rc1, Cc3, Df2, Tg1, Th1, Bh3 x a6, c4, c5, d6, e5, Tb7, Dc7, Bd7, Bf6, Tf8, Rg8<br />

Pachman x Pilnik<br />

Mar del Plata, 1959<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

40


*****<br />

Exploração da posição frágil do Rei inimigo por meio do Peão avançado e Torres nas colunas abertas.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 g7!<br />

Um lance de sacrifício. Analise as duas alternativas de Pilnik: 1 ... Bg7 e 1 ... Bg5+.<br />

a) 1 ... Bg7<br />

PLANO<br />

*****<br />

Contra 1 ... Bh7, Pachman dá um mate rápido, mediante novo sacrifício.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Tg7+ Rg7 3 Tg1+ (1-0)<br />

O lance com o qual Pilnik continuou na partida foi:<br />

b) 1 ... Bg5<br />

PLANO<br />

*****<br />

O mesmo anterior, com ameaça da promoção do Peão.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Tg5 Tf2 3 Be6+ (1-0)<br />

Pilnik abandonou a partida. Por que? Não poderia jogar Be6 ?<br />

*****<br />

Não, pois contra 3 ... Be6 segue 4 Th8+ Rf7 5 g8=D+, etc.<br />

Apostila 5<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

IV CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Steinitz X Tchigorin, 1892<br />

Tchigorin não desanimou ao ser derrotado por Steinitz, e em poucos meses se impõe,<br />

empatando com Max Weiss, no importante Torneio de New York. Precisamente durante sua visita nesta<br />

cidade, o grande enxadrista russo criticou as aberturas recomendadas por Steinitz em seu livro “Modern<br />

Chess Instructor”, referentes ao Gambito Evans (1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Ba5 6 0-0<br />

Df6) e a Defesa dos 2 Cavalos (1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Cf6 4 Cg5 d5 5 ed5 Ca5 6 Bb5+ c6 7 dc6 bc6 8<br />

Be2 h6 9 Ch3). Um guerreiro como Steinitz enfurece e aceita um match por telégrafo com essas duas<br />

variantes, mas é derrotado fulminantemente em ambas as partidas, e então a aficção mundial deseja um<br />

novo combate entre eles.<br />

O encontro volta a celebrar-se em Havana e o vencedor seria o primeiro que ganhasse 10<br />

partidas. Se o primeiro encontro entre estes dois colossos foi apaixonante, o segundo superou a<br />

imaginação no que diz respeito à combatividade e emoção. Antes de iniciar a 23ª partida, o resultado era<br />

41


favorável a Steinitz por +9 -8 =5, Tchigorin, portanto, necessitava ganhar <strong>para</strong> igualar o encontro, e<br />

depois de executar um Gambito do Rei com singular maestria superou nitidamente seu rival, de quem<br />

chegou a ganhar uma peça. Mas eis que o mestre russo comete um terrível erro e recebe um simples mate<br />

em dois lances, o que lhe impediu de prosseguir na luta, pois, segundo as condições do match, em caso de<br />

empate a nove vitórias o match continuaria até que um deles obtivesse duas vitórias.<br />

Este terrível lapso de Tchigorin influenciou o resto de sua vida, apesar de não ter terminado<br />

com sua carreira, já que precisamente após seu combate com Steinitz obteve suas melhores vitórias, como<br />

o 2º lugar no torneio de Hastings, 1895 (torneio que esteve a um ponto da vitória, e que se não ganhou foi<br />

devido à sua famosa irregularidade, pois perdeu a penúltima rodada frente a Janowski, enxadrista muito<br />

inferior a ele, naquela época), e as vitórias em Budapest, 1896; Moscou, 1899 e 1901; Kiev e Viena, 1903<br />

e San Petesburgo, 1905. Em matches, derrotou Schiffers em várias ocasiões, a Chaurosek por +3 -1 =0,<br />

<strong>para</strong> desempatar o 1º lugar no Torneio de Budapest, 1896, e a Lasker, em 1903, por +2 -1 =3, com<br />

abertura forçada, e empatou um dramático encontro com Tarrasch, 1893, em San Petesburgo com o<br />

resultado de +9 -9 =4.<br />

As atuações de seu últimos anos não condiziam com sua extraordinária classe, já que o álcool<br />

havia minado seu organismo, mas até seus dias finais, foi admirado por seu talento criador e<br />

combatividade.<br />

Steinitz x Tchigorin<br />

Havana<br />

01Jan - 28Fev1892<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />

Steinitz 0 ½ ½ 1 ½ 1 0 0 ½ 0 1 0<br />

Tchigorin 1 ½ ½ 0 ½ 0 1 1 ½ 1 0 1<br />

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Tot<br />

Steinitz 1 1 0 1 0 1 0 1 ½ 1 1 12,5<br />

Tchigorin 0 0 1 0 1 0 1 0 ½ 0 0 10,5<br />

Tchigorin começou o match de Brancas.<br />

42<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Defesa dos 2 Cavalos 6, 8, 10, 12 4 17<br />

Escocesa 19 1 4<br />

Gambito do Rei 23 1 4<br />

Gambito Evans 1, 3, 5, 7, 9, 13, 15, 17 8 35<br />

Holandesa 18 1 4<br />

Ruy López 2, 4, 11, 14, 16 5 22<br />

Vienense 21 1 4<br />

Zuckertort 20, 22 2 9<br />

A SEGUIR:<br />

V Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Steinitz x Lasker, 1894


FINAIS I<br />

3. FINAIS DE REIS E PEÕES<br />

Finais de partida sem Peões são raros; presentes, assumem grande importância, não só pelo<br />

recurso da promoção, mas também pela sua disposição no tabuleiro, ditando a estratégia a seguir nos<br />

finais.<br />

É preciso manobra-los corretamente e saber quando devem ser avançados, trocados ou<br />

sacrificados.<br />

“O Peão é a alma do xadrez”(Philidor)<br />

“O Peão nos finais, corresponde a 9/10 do corpo”(Ruben Fine)<br />

3. 1. Rei e Peão x Rei<br />

O ganho só é possível com a promoção do Peão à Dama ou Torre. Este é o objetivo do lado<br />

que possui o Peão; o adversário, consequentemente, deverá captura-lo ou impedir a promoção.<br />

Há dois casos a considerar:<br />

a) O Peão está afastado do Rei;<br />

b) O Peão está acompanhado do Rei<br />

Diagrama: Rb1, e5 x Ra4<br />

Regra do Quadrado<br />

Constroi-se um quadrado imaginário sobre o tabuleiro, tendo como lado a distância que vai do<br />

Peão até a 8ª horizontal, isto é, até o fim de sua coluna. No caso do exemplo, são os quadrados b5-b8-e8e5<br />

e h5-h8-e8-e5. Surgem então 3 hipóteses:<br />

a) O Rei negro está dentro do quadrado; o lance pertence ao Peão. O Rei negro alcança-o, contudo, e<br />

captura-o em seguida;<br />

b) O Rei negro está fora do quadrado; o lance á ainda do Peão. O Rei negro aqui, não alcança o Peão.<br />

Temos consequentemente sua promoção;<br />

c) O Rei negro está fora do quadrado, mas seu é o lance. Penetrando no quadrado, em b5, ganhará o Peão.<br />

Quando as Brancas jogam, estando o Rei negro situado fora do quadrado, o avanço do Peão<br />

determinará um quadrado, cujo lado estaria formado de 3 casas. Nestas condições, o Rei negro não<br />

alcançará o Peão, sendo portanto promovido.<br />

Estando o Peão acompanhado de seu Rei e o Rei inimigo colocando-se na mesma coluna do<br />

Peão, ou em condições de atingi-la, o ganho dependerá da possibilidade de expulsar-se o Rei desta coluna.<br />

Nestes casos, levará vantagem o lado que tiver a oposição.<br />

) Rei branco atrás do Peão;<br />

43<br />

Estudaremos a seguir 2 posições básicas:


) Rei branco diante do Peão.<br />

a) Rei atrás do Peão<br />

“Haverá empate sempre que o Rei negro, dominando a casa de promoção, puder conservar a<br />

oposição, na primeira horizontal, ao atingir o Peão a 6ª horizontal”.<br />

Diagrama: Rd3, d4 x Rd6<br />

Tablas<br />

PLANO<br />

*****<br />

Independente de quem jogue, haverá empate, desde que o Negro mantenha a oposição. O objetivo é<br />

chegar à posição de pat com Rd6, d7 x Rd8.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Re4 Re6 2 d5+ Rd7 3 Rd4 Rd8!<br />

Ganhará a oposição contra qualquer lance branco.<br />

4 Re5 Re7 5 d6+ Rd7 6 Rd5 Rd8<br />

E se 6 ... Re8 ?<br />

*****<br />

7 Re6!, ganhando a oposição e a partida: 7 ... R joga 8 d7 Rc7 9 Re7 (1-0).<br />

b) Rei diante do Peão<br />

“Quando o Rei branco está 2 ou mais casas diante do Peão, ganha sempre. Se o Rei está<br />

apenas uma casa na frente de seu Peão, ganha somente tendo a oposição”.<br />

Diagrama: e2, Re4 x Re6<br />

1 ? (1-0)<br />

1 e3<br />

Ganhando a oposição e o final.<br />

1 ... Rd6 2 Rf5 Rd7 3 Rf6 Rd8 4 e4 Rd7 5 e5 Re8 6 Re6<br />

Novamente ganhando a oposição.<br />

6 ... Rd8 7 Rf7 (1-0)<br />

Diagrama: e3, Re4 x Re6<br />

1 ? (=) 1 ... ? (1-0)<br />

PLANO - Caso A<br />

*****<br />

Jogando as Brancas, as Negras devem conservar a oposição e chegar à posição de pat.<br />

PROCEDIMENTO - Caso A<br />

*****<br />

1 Rf4 Rf6! 2 e4 Re6 3 e5 Re7 (=)<br />

Chegamos à posição básica de Rei atrás do Peão.<br />

PLANO - Caso B<br />

*****<br />

Jogando as Negras, as Brancas devem progredir com o Rei e Peão, não permitindo às Negras recuperar<br />

definitivamente a oposição.<br />

44


PROCEDIMENTO - Caso B<br />

*****<br />

1 ... Rd6 2 Rf5 Re7 3 Re5 Rf7 4 Rd6 Re8 5 Re6 Rd8 6 e4 Re8 7 e5 Rf8 8 Rd7 (1-0)<br />

Diagrama: e5, Re6 x Re8<br />

(1-0) com ou sem lance<br />

Rei na 6ª horizontal, ganha sempre<br />

PLANO<br />

*****<br />

“Quando o Rei branco encontra-se na 6ª horizontal, o ganho se dará com ou sem o lance”. Basta<br />

desobstruir o caminho do Peão e avança-lo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Rf6 Rf8 2 e6 Re8 3 e7 Rd7 4 Rf7 (1-0)<br />

Peão da Torre é exceção<br />

“Dá-se empate sempre que o Rei negro conseguir alcançar a casa 1B. Há vitória, no entanto,<br />

sempre que o Rei branco conseguir chegar a 7C”.<br />

Exemplos de empate:<br />

•a4, Ra6 x Ra8<br />

•h5, Rh7 x Rf8<br />

No primeiro exemplo, o Rei negro não pode ser expulso de seu canto, o resultado da partida é<br />

sempre empate.<br />

No segundo, como o Rei negro já atingiu f8, a partida está empatada:<br />

1 h6 Rf7 2 Rh8 Rf8 3 h7 Rf7 (=)<br />

Ou:<br />

1 Rg6 Rg8 2 h6 Rh8 3 h7 (=)<br />

A SEGUIR:<br />

3.2. Rei e Peão x Rei e Peão<br />

TÁTICA I<br />

1. 5. Princípio da peça sem defesa<br />

Obviamente que uma peça sem defesa e atacada poderá ser capturada com facilidade. O que<br />

estudaremos são as manobras <strong>para</strong> deixar uma peça sem defesa. O princípio da peça sem defesa se alia ao<br />

princípio do ataque simultâneo, no ganho de peças.<br />

Diagrama: Te1, Be4, Rf1 x De6, Rg8, g7, h7<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

A Dama preta encontra-se sem defesa sobre a coluna d domínio da Torre. Movendo-se o Bispo, ataca-se<br />

com a Torre a Dama negra, e se o lance negro for forçado, a peça citada será capturada.<br />

45


PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bh7+ Rh7<br />

E se 1 ... Rf7 ?<br />

*****<br />

2 Bg8+ (1-0).<br />

Diagrama: a3, b2, c3, g3, h2, Tb5, Be5, Rg1 x a7, b6, f7, g7, h7, Tf8, Bg4, Rh8<br />

1 ? Ganham um Peão<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Bispo preto está indefeso. Se for possível atrair o Rei <strong>para</strong> a coluna g com a horizontal 5 desobstruída,<br />

a Torre branca pode dirigir-se a g5 com xeque, ganhando o Bispo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bg7+! Rg7 2 Tg5+ Rh8 3 Tg4<br />

Ganhando o Peão.<br />

Diagrama: a5, g3, h4, Rb4, De4 x g7, h6, Tc5, Rd8, De7<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

A Torre preta está atacada pelo Rei branco, porém defendida pela Dama negra. Neutralizada a defesa, a<br />

Torre poderá ser capturada.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dd7+ Rd7 2 Rc5 (1-0)<br />

Diagrama: g4, Dd5, Tf5, Rh4 x g7, h7, Dd7, Td8, Rh8<br />

1 ? Ganhando material<br />

PLANO<br />

*****<br />

A Dama preta está defendida pela Torre, mas essa defesa pode ser desviada.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tf8+! Tf8 2 Dd7<br />

Ganhando material.<br />

E se 1 Dd7, tentando 1 ... Td7 2 Tf8++ não seria melhor?<br />

*****<br />

Não, pois daria-se mal após 1 ... g4+, igualando.<br />

46<br />

A SEGUIR:<br />

1.6. Princípio da promoção do Peão<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO


Defesa Philidor<br />

Anderssen x L. Paulsen<br />

1.4. Partida nº 3<br />

1 e4 e5 2 Cf3 d6<br />

A defesa de Philidor. Indica-se como melhor, 2 ... Cc6, pois assim as Negras pre<strong>para</strong>m o lance d5, e<br />

podem atacar mais energicamente na abertura <strong>para</strong> dominar o centro. O lance ... d6 é, de certa maneira,<br />

uma resignação das Negras, cedendo ao adversário, que jogará d4, sem lutar <strong>para</strong> ter maior liberdade de<br />

movimento. Os teóricos antigos criticavam este lance dizendo que encerravam o Bispo do Rei negro, mas<br />

isto não é tão importante.<br />

3 d4 ed4 4 Dd4 Cc6 5 Bb5 Bd7 6 Bc6 Bc6 7 Bg5 Cf6 8 Cc3 Be7 9 0-0-0 0-0 10 The1 Te8<br />

Anderssen terminou seu desenvolvimento, enquanto que Paulsen somente o conseguiram à custade sua<br />

restringida situação. A posição do Peão brancos no centro, e4 e o negro, d6, significa uma vantagem<br />

perceptível de terreno <strong>para</strong> Anderssen. Pôde-se estabelecer uma favorável continuação <strong>para</strong> Anderssen,<br />

situando suas Torres em e1 e d1, respectivamente, enquanto Paulsen não tem nenhuma coluna aberta <strong>para</strong><br />

sua Torre da Dama.<br />

11 Rb1<br />

Satisfeito na luta estabelecida pelo domínio do centro, com resultado favorável, Anderssen faz um<br />

tranquilo lance de espera, e contribui assim <strong>para</strong> a segurança de sua posição. Em casos como estes, em<br />

que se tem uma permanente vantagem de posição, estes lances de segurança são aplicados na maioria das<br />

vezes.<br />

11 ... Bd7<br />

Paulsen quer jogar seu Bispo em e6; mas com isto, oferece a Anderssen a oportunidade de fortalecer ainda<br />

mais sua vantagem.<br />

12 Bf6! Bf6 13 e5! Be7 14 Cd5 Bf8<br />

Os lances de Paulsen são todos forçados. Ameaçava-se a captura do Peão d6, e Paulsen não podia jogar 14<br />

... de5 por 15 Ce7+ Te7 16 Ce5.<br />

15 ed6 cd6<br />

A ponte, consequência do lance 12, introdução da combinação de Anderssen. Se Paulsen joga 15 ... Bd6,<br />

Anderssen jogaria 16 Cc7! e ganha um Peão. Paulsen é forçado a deixar isolado o Peão d6, sendo ele a<br />

maior vantagem da posição de Anderssen, obtida no início da abertura, pela luta de seu Peão e4 contra o<br />

do adversário em d6. Um Peão isolado é uma desvantagem, mas deve-se saber aproveita-la. A maioria dos<br />

leigos pensa que ele pode ser tomado facilmente. Mas quando a posição é igual, raras vezes é fácil tomalo,<br />

pois o defensor pode apoiar o Peão isolado com tantas peças quantas o atacante usar <strong>para</strong> tentar tomalo.<br />

A essencial vantagem do Peão isolado não está no Peão, mas na casa diante dele, neste exemplo, a casa<br />

d5. Esta casa pertence a Anderssen, que poderá estabelecer uma peça que terá uma grande eficácia, pois<br />

não existem Peões nas colunas laterais <strong>para</strong> expulsa-lo. Por outro lado, o Peão é uma peça de obstrução e<br />

neste caso, impedem que as Torres de Paulsen ataquem o Cavalo.<br />

A peça mais eficaz desta partida é o Cavalo d5. As outras peças, as maiores, operam de longe, mas o<br />

Cavalo teve seu valor engrandecido por ter obtido uma sólida posição diante do adversário.<br />

Diante do que foi visto, fica claro que Paulsen tentará trocar seu Bispo da Dama pelo Cavalo inimigo.<br />

Aparentemente parece que Anderssen perde alguns tempos, mas sua tática consiste em sustentar seu<br />

Cavalo na casa d5 e nos dá uma aula, pois no início da partida, pratica o jogo de posição.<br />

16 Te8 Be8 17 Cd2! Bc6 18 Ce4<br />

Paulsen não pode jogar agora 18 ... Bd5, pois perderia seu Peão de d6.<br />

18 ... f5 19 Cec3<br />

Anderssen assegura o domínio de seu Cavalo.<br />

19 ... Dd7 20 a3<br />

47


Assim como no lance 11, voltamos a ver como Anderssen assegura sua vantagem de posição, ao fazer um<br />

tranquilo lance de espera, que melhora a colocação de seu Rei.<br />

20 ... Df7 21 h3<br />

Agora começa uma nova fase da partida: o ataque de Peões no flanco do Rei. Nas “partidas de café”, se vê<br />

com muita frequência, mas raramente justificável, este ataque no jogo de posição.<br />

A preciosa condição de um ataque de Peões no flanco é o centro solidamente dominado, como neste caso.<br />

Caso fosse possível uma ruptura no centro, possivelmente flaharia a agressão pelo flanco.<br />

21 ... a6<br />

O que há de pior na posição negra é a impossibilidade de jogar ... g6, <strong>para</strong> colocar o Bispo em g7, pois, se<br />

... g6, seguiria Cf6+. Agora se percebe a potência do Cavalo em d5. Paulsen pre<strong>para</strong> o lance ... g6<br />

manobrando com ... Te8 e ... Te6, mas primeiro deve cuidar de seu Peão a, que está atacado pela Dama<br />

inimiga.<br />

22 g4<br />

O ataque de Peões é ao mesmo tempo, um contra-ataque ao objetivo negro.<br />

22 ... Te8 23 f4 Te6 24 g5<br />

Frustrando o objetivo de Paulsen. Mas em compensação conseguem as Negras dificultar a abertura da<br />

coluna g, que desejava Anderssen, o que teria conseguido por meio de gf5.<br />

24 ... b5<br />

Paulsen, que nada pode fazer, tenta “espernear” no flanco da Dama.<br />

25 h4 Te8 26 Dd3!<br />

Anderssen conduz fina e inexoravelmente o ataque contra o roque. O lance de Dama pre<strong>para</strong> h5.<br />

26 ... Tb8 27 h5 a5 28 b4!<br />

No momento oportuno, Anderssen cerra a ação de Paulsen. O Peão negro de b5 é agora um obstáculo <strong>para</strong><br />

o Bispo c6.<br />

28 ... ab4 29 ab4 Dh5<br />

Se Paulsen não toma esta providência, os Peões brancos tornariam-se demasiadamente fortes. Anderssen<br />

ameaçava, por exemplo: Tg1, talvez, antes Df3, além disso g6; h6 é outra ameaça e, caso ... g6, então<br />

Cf6+ e Dd4.<br />

30 Df5 Df7 31 Dd3 Bd7<br />

Este lance libera o Cavalo de c3, mas Paulsen não tem outra defesa contra a ameaça 32 Th1.<br />

32 Ce4 Df5<br />

Anderssen ameaçava Cg3, dominando a casa f5, além disto, Th1. A 32 ... Bf5 naturalmente seguiria 33<br />

Cf6+.<br />

33 Th1<br />

Anderssen que conduz o ataque com precisão admirável, ameaça 34 Dg3 e 35 f5. Para impedir o plano,<br />

Paulsen quase não tem mais lances, e Anderssen novamente nos mostra sua força de combinação.<br />

33 ... Te8 34 Cef6+ gf6 35 Cf6+ Rf7 36 Th7+ Bg7<br />

A 36 ... Rg6, seguiria 37 Df3.<br />

37 Tg7+ Rg7 38 Ce8+ Rf8 39 Df5+ Bf5 40 Cd6 (1-0)<br />

A SEGUIR:<br />

2. Paul Morphy<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 5.1<br />

b4, c3, d5, f4, g2, h2, Ta3, Bc1, Bc2, Dd3, Tf1, Rg1 x c7, d6, f5, g7, h7, Tb8, Bc8, Ce4, Te8, Df6, Rg8<br />

Riga, 1910<br />

Behting x Nimzowich<br />

1 ... ?<br />

48


Um bom plano <strong>para</strong> Behting é colocar o Bispo da Dama em d4, dominando a grande diagonal negra. Com<br />

esta manobra, sua posição estaria consideravelmente reforçada. Mas Nimzowich, impediu este<br />

reagrupamento, especulando com a debilidade do Peão da Dama de Behting.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Remanejamento das peças, debilitando o Peão b, impedindo assim o plano inimigo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Df7! 2 Be3 Cf6 3 Bb3 Bb7!<br />

Behting é obrigado a defender seu Peão com:<br />

4 f4<br />

4 Td1 seria ineficaz, pois o Bispo de e3 não está apoiado.<br />

4 ... Bc8! 5 Bd2 Ce4 6 Be1 Df6<br />

Seis lances depois, Nimzowitch retorna à posição em que iniciou a manobra, mas graças a debilidade do<br />

Peão b, Behting não pode realizar seu plano primitivo de dominar com o Bispo a grande diagonal negra.<br />

Observe como o giro posicional foi surpreendente como manobra de combinação das Negras. Que um<br />

lado possa efetuar seis lances consecutivos sem que se varie a posição de suas peças e com a posição<br />

melhorada, é algo pouco comum e evidentemente uma contradição dos fundamentos estratégicos do jogo.<br />

Portanto, devemos destacar que se trata de um caso raro de combinação, sem o típico sacrifício de<br />

material.<br />

Diagrama 5.2<br />

a2, e3, g2, h2, Td1, Be2, Tf1, Rg1, Cg4, Dh6 x a7, b7, e6, f5, h7, Dc5, Tc7, Be7, Be8, Rf7, Th8<br />

Cambridge Springs 1904<br />

Pillsbury x Lasker<br />

1 ?<br />

Pillsbury sacrificou um Peão e, a consequência disto é que o Rei negro encontra-se situado perigosamente<br />

no centro; além disso, a Torre em h8 está desligada do jogo, e o Bispo de e8 numa posição completamente<br />

passiva. Um ligeiro exame prévio da posição permite deduzir claramente que <strong>para</strong> Pillsbury prosseguir o<br />

ataque, deve pressionar os Peões negros e e f, que são a única e não muito sólida proteção do Rei de<br />

Lasker.<br />

Para este objetivo, é apropriado utilizar o Bispo de casas brancas que se encontra em e2, na reserva. Um<br />

jogador experiente percebe rapidamente que o lance indicado aqui é:<br />

1 Bc4!<br />

Este Bispo não pode ser capturado por que?<br />

*****<br />

TEMA: Duplo de Cavalo.<br />

Por 2 Ce5+, ganhando a Dama.<br />

Mas afinal de contas, o que Pillsbury ameaçou?<br />

*****<br />

TEMA: Ataque ao Rei centralizado.<br />

2 De6+.<br />

Mas Lasker não pode defender-se com 1 ... Bd7?<br />

*****<br />

TEMA: Ataque ao Rei centralizado e desvio de peças defensivas.<br />

Não, por causa de 2 td7! Td7 3 Be6+.<br />

Observe que a retirada 1 ... Db6 deixaria sem proteção o Peão f negro, e seguiria 2 Tf5+.<br />

Por isto, Lasker seguiu com:<br />

1 ... Tc6<br />

49


Praticamente forçado. Observe que o Peão e negro está cravado, logo, está debilitada a proteção do Peão f,<br />

o que permite a continuação:<br />

2 Tf5+ Df5 3 Tf1 Df1+ 4 Rf1<br />

Ganhando Pillsbury a Dama e um Peão em troca das duas Torres, além da possibilidade do forte Ce5+. Na<br />

verdade, o material pode considerar-se nivelado, mas Lasker não conseguirá evitar o lance citado, que é<br />

decisivo. Observe que esta combinação originou-se com o lance 1 Bc4!<br />

A partida prosseguiu:<br />

4 ... Bd7 5 Dh5+<br />

Melhor que 5 Ce5+ Re8.<br />

5 ... Rg8 6 Ce5 (1-0)<br />

Lasker abandonou, pois as possibilidades de defesa são muito limitadas devido à deficiente posição de<br />

suas peças<br />

Apostila 6<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

V CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Steinitz X Lasker, 1894<br />

Depois de sua vitória sobre Tchigorin, a Steinitz só restava um rival que oferecia perigo a seu<br />

título, o alemão Tarrasch, mas este não aceitou o desafio de enfrentar o Campeão Mundial que lhe fizeram<br />

desde Havana, por receio de que uma longa ausência de sua cidade lhe prejudicasse as atividades de<br />

médico.<br />

Entretanto, outro alemão, de origem judia, Emanuel Lasker (Berlinchen, próximo a Berlim,<br />

24Dez1868 - New York, 11Jan1941), filho de um ministro da sinagoga local, começou a obter triunfos na<br />

Alemanha e Inglaterra e mudou-se <strong>para</strong> os Estados Unidos em busca de Steinitz.<br />

Quando o encontro foi acertado <strong>para</strong> que o título fosse disputado, a carreira de Lasker não era<br />

muito brilhante, já que se resumia a uma vitória no Torneio de Londres, 1892, outro no de New York,<br />

1893, e algumas atuações de menor importância, em que ganhou o primeiro prêmio. Em matches, havia<br />

derrotado todos os seus adversários, com exceção de Blackburne (Londres, 1892, +6 -0 =4), os demais,<br />

Bardeleben (Berlim, 1889, +2 -1 =1), Bird (Liverpool, 1890, +7 -2 =3), English (Viena, 1890, +2 -0 =3),<br />

Mieses (Leipzig, 1890, +5 -0 =3), Miniati (Manchester, 1890, +3 -0 =2), Lee (Londres, 1891, +1 -0 =1),<br />

Bird (Londres, 1892, +5 -0 =0), C. Golmayo (Havana, 1893, +2 -0 =1), Vázquez (Havana, 1893, +3 -0<br />

=0), Showalter (Kokomo, 1893, +6 -2 =1) e Ettlinger (New York, 1893, +5 -0 =0, não se encontravam<br />

entre as primeiras figuras da época.<br />

Steinitz não voltou a duvidar se colocava seu título em jogo, entre outras razões porque tinha<br />

um alto conceito de seu jovem rival, e assim, com seus 58 anos, se dispõe a demonstrar diante de um<br />

jovem de 26 anos que seguia sendo o Número Um do mundo. O encontro começou em 15 de março de<br />

1894, em New York, <strong>para</strong> continuar na Filadélfia e Montreal. Seria vencedor o primeiro que chegasse a<br />

dez vitórias, e receberia como prêmio US$ 2500, enquanto que o derrotado, apenas U$ 750.<br />

50


As primeiras partidas mostraram uma absoluta igualdade, pois Steinitz ganhou a 2ª e a 4ª,<br />

perdendo a 1ª e a 3ª, enquanto que as outras duas finalizaram em empate. Mas a partir deste instante, o<br />

velho campeão começou a ter falhas em seu jogo e perdeu sucessivamente 5 partidas. Não se abateu<br />

aquele maravilhoso guerreiro que era Steinitz e depois de empatar a 12ª, venceu as duas seguintes, ainda<br />

que estas vitórias já eram o canto do cisne, pois Lasker se impôs na 15ª e a 16ª, com o que obteve 9<br />

vitórias.<br />

O título já estava praticamente perdido, pois somente uma vitória se<strong>para</strong>va o desafiante do<br />

título, e ainda que Steinitz, em seu último esforço chegasse a se impor na 17ª partida, e conseguisse<br />

empate na seguinte, teria que declinar o Rei adversário na 19ª, e o fez com uma esportividade que lhe<br />

honrou, pois, se colocou em pé e gritou: “Três urras <strong>para</strong> o novo Campeão”.<br />

A partir desta derrota, o indomável espírito de Steinitz se coloca a prova outra vez e começa a<br />

participar dos mais importantes torneios do mundo com o brilho e a ilusão de um jovem iniciante. Poucos<br />

meses depois, vence um torneio em New York, no que supera, entre outros a Albin, Showalter e Pillsbury.<br />

Em seguida, participa do grande Torneio de Hastings, 1895, onde finaliza em 5º, atrás de Pillsbury,<br />

Tchigorin, Lasker e Tarrasch, mas superando a todos os jovens que logo seriam figuras de renome<br />

mundial, como Schlechter, Janowski, Mieses, Teichmann, etc. A carreira de Steinitz brilhou altamente,<br />

pois obteve vitórias como a conseguida diante de Bardeleben, que lhe valeu o Primeiro Prêmio de<br />

Brilhantismo, e que é considerada como uma das partidas mais belas de todos os tempos.<br />

Pouco depois deste torneio, em São Petesburgo, convidaram os cinco primeiros classificados<br />

em Hastings a jogar outro, a seis rodadas, com objetivo de que o vencedor, caso não fosse Lasker,<br />

disputasse o Título Mundial.<br />

Devemos destacar que quando Lasker proclamou-se Campeão Mundial, recebeu muitas<br />

críticas por parte dos mais fortes apreciadores do xadrez de então, principalmente do dr. Tarrasch, quem<br />

não lhe considerava com classe suficiente <strong>para</strong> ostentar tal título. Sem dúvida, devemos destacar também,<br />

que a partir de sua vitória sobre Steinitz, é que verdadeiramente começa a brilhante carreira do novo<br />

Campeão Mundial.<br />

O dr. Tarrasch, por motivos profissionais, recusou jogar, sendo assim, partici<strong>para</strong>m deste<br />

torneio apenas os 5 dos 6 enxadristas convidados, e constitui um sensacional triunfo de Lasker que se<br />

impôs claramente, mas também uma prova de que Steinitz não estava acabado, pois finalizou em 2º, como<br />

se pode ver no quadro de classificação que segue:<br />

51<br />

TORNEIO DE SÃO PETESBURGO, 1895-96<br />

13Dez1895 - 27Jan1896<br />

1 2 3 4 Tot<br />

Lasker x x x x x x 1 1 ½ 0 1 ½ 0 0 ½ 1 ½ ½ 1 ½ 1 1 ½ 1 11,5<br />

Steinitz 0 0 ½ 1 0 ½ x x x x x x 1 ½ ½ 1 1 1 0 1 1 0 0 ½ 9,5<br />

Pillsbury 1 1 ½ 0 ½ ½ 0 ½ ½ 0 0 0 x x x x x x 1 1 1 0 0 ½ 8,0<br />

Tchigorin 0 ½ 0 0 ½ 0 1 0 0 1 1 ½ 0 0 0 1 1 ½ x x x x x x 7,0<br />

Lasker x Steinitz<br />

New York, Filadélfia e Montreal<br />

15Mar - 26Mai1894<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Steinitz 0 1 0 1 ½ ½ 0 0 0 0


Lasker 1 0 1 0 ½ ½ 1 1 1 1<br />

11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tot<br />

Steinitz 0 ½ 1 1 0 0 1 ½ 0 7,0<br />

Lasker 1 ½ 0 0 1 1 0 ½ 1 12,0<br />

Lasker começou o match de Brancas.<br />

Diagrama: Rg4, f6 x Rg2 h3<br />

1 ? (1-0)<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Eslava 14 1 5<br />

Francesa 8 1 5<br />

Gambito da Dama 10, 11, 12, 15, 16, 18, 19 7 37<br />

Italiana 4, 6, 17 3 16<br />

Ruy Lopez 1, 2, 3, 5, 7, 9, 13 7 37<br />

A SEGUIR:<br />

VI Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Lasker x Steinitz, 1896-97<br />

FINAIS I<br />

3.2. Rei e Peão x Rei e Peão<br />

PLANO<br />

*****<br />

Promover o Peão. Os dois são passados, mas as Brancas ganham porque promovem primeiro. As<br />

Brancas tentam chegar ao diagrama com os Reis em oposição Rg3 x Rg1, <strong>para</strong> seguir com mate de<br />

Dama em f3 ou g2.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 f7 h2 2 f8=D h1=D 3 Df3+ Rg1<br />

E se 3 ... Rh2 ?<br />

*****<br />

Seguiria 4 Dg3++.<br />

Continuando a linha principal:<br />

4 De3+ Rf1<br />

E se 4 ... Rg2 ?<br />

*****<br />

Seguiria 5 De2+ Rg1 6 Rg3!! (1-0)<br />

Continuando a linha principal:<br />

5 Dc1+ Rg2 6 Dd2+ Rg1 7 De1+ Rg2 8 De2+ Rg1 9 Rg3 !! (1-0)<br />

Diagrama: Rh2, a3 x Ra2, f3<br />

Autor: H. Rinck, 1922<br />

1? (1-0)<br />

52


PLANO<br />

*****<br />

O Branco deve procurar manobrar o Rei ocupando a casa de promoção do Peão negro enquanto<br />

dis<strong>para</strong>m seu Peão na coluna a.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 a4 Rb3 2 a5 Rc3<br />

Analise 2 ... Rc4<br />

*****<br />

3 a6 Rd3 4 a7 f2 5 a8=D f1=D<br />

Observe como o Rei e a Dama estão na mesma diagonal!<br />

6 Da6+ (1-0)<br />

Continuando a linha principal:<br />

3 Rg1!!<br />

Analise 3 h6 e 3 Rg3.<br />

*****<br />

a) 3 a6<br />

3 a6? Rd2!<br />

Note como o Rei e a futura Dama não ficarão na mesma diagonal!<br />

4 a7 c2 5 Rg2 Re2 (=)<br />

b) 3 Rg3<br />

3 Rg3? Rd4! 4 a6 Re3 5 a7 f2 (=)<br />

Continuando a linha principal:<br />

3 ... Rd4 4 a6 Re3 5 Rf1! (1-0)<br />

Diagrama: f2, Rg4 x e4, Rh2<br />

Autor: Duclos, 1904<br />

1 ... ? (=)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Sacrificar o Peão <strong>para</strong> conseguir a oposição e consequentemente o empate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... e3!! 2 fe3<br />

Agora não há horizontal entre o Rei e o Peão <strong>para</strong> o ganho de tempo.<br />

2 ... Rg6<br />

Ganhando a oposição.<br />

3 Rf4 Rf6 Re4 Re6 (=)<br />

Analise 1 ... Rg6.<br />

*****<br />

1 ... Rg6 2 Rf4 Rf6 3 Re4 Re6 4 Rf4 Rf6 5 f3 (1-0)<br />

As Brancas recuperam a oposição com uma “perda de tempo”.<br />

53<br />

A SEGUIR:<br />

3.3. Rei e dois Peões x Rei


TÁTICA I<br />

1.6. Princípio da promoção do Peão<br />

O lado que promove o Peão ganha extraordinariamente em poder; daí o adversário precisar<br />

impedir a promoção, quer capturando o Peão, quer bloqueando seu avanço.<br />

a tomou.<br />

O Peão estando defendido na casa de promoção, sua captura determinará o ganho da peça que<br />

Quando bloqueado, um ataque à peça bloqueadora determinará sua retirada ou sua captura.<br />

Em ambos os casos, ganha-se material.<br />

Diagrama: d7, Cc6 x Tg8<br />

1 ? Ganham material<br />

PLANO<br />

*****<br />

Promover o Peão <strong>para</strong> ganhar a Torre adversária.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 d8=D Td8 2 Cd8<br />

Diagrama: d7, Ca7, Bf5 x Td8<br />

1 ? Ganham material<br />

PLANO<br />

*****<br />

Idem ao anterior.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Cc6 Ta8 2 d8=D Td8 3 Cd8<br />

A SEGUIR:<br />

2. Pregaduras<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

2. PAUL MORPHY<br />

A biografia deste eminentíssimo jogador, o maior de todos os mestres do xadrez é explicada<br />

em poucas palavras.<br />

Paul Morphy nasceu em New Orleans, 1837. No ano de 1857, participando no I Torneio<br />

Americano, ganhou o primeiro prêmio, diante do mestre alemão L. Paulsen.<br />

Durante os anos que se seguiram, visitou a Europa a fim de provar suas forças com os mestres<br />

do continente.<br />

54


Tantos quantos lhe foram apresentados, foram vencidos. Os encontros mais significativos que<br />

teve foram contra Löwenthal, Harrwitz e Anderssen, sendo o primeiro em Londres e os dois últimos em<br />

Paris. Pouco tempo depois, já satisfeito de torneios e matches, regressou a sua cidade natal, onde morreu a<br />

10 de julho de 1884.<br />

Era censurado porque <strong>para</strong> ganhar um miserável Peão, trocava as Damas. Hoje em dia, muitos<br />

aficcionados admiram o jogo aberto de Morphy. Hoje em dia um enxadrista iniciante, compreende<br />

facilmente o jogo aberto, mas na época de Morphy não. A ele devemos nossa compreensão de hoje.<br />

A superioridade de Morphy sobre seus contemporâneos baseia-se em que foi o primeiro a<br />

compreender a essência das posições abertas.<br />

Diz-se que uma posição é aberta quando, sendo trocados vários Peões do centro, fornecem às<br />

peças linhas livres. As aberturas que começam com 1 e4 e5, são as mais predestinadas a conduzir a<br />

posições abertas, porque a idéia é seguir com d4 e a troca de Peões do centro. Nas aberturas 1 d4 d5,<br />

ocorre o contrário. O lance 2 e4, é muito mais difícil, pois as Brancas não podem defender sua casa e4. As<br />

partidas com abertura do Peão da Dama, conduzem quase sempre a posições fechadas.<br />

Nas posições abertas, as peças desenvolvem-se rapidamente, e esta era a especialidade de<br />

Morphy. Antes de tudo, desenvolvia rapidamente as peças, chegava a um jogo ativo e não perdia tempos.<br />

Em contrapartida ao principio do desenvolvimento de Morphy, encontramos entre seus contemporâneos,<br />

ataques prematuros por causa do desenvolvimento insuficiente ou lances supérfluos em momentos<br />

desesperados de defesa.<br />

A SEGUIR:<br />

2.1. Partida nº 1<br />

Mobile, 1885<br />

Gambito Escocês<br />

Meek x Morphy<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 6.1<br />

a3, b3, d4, d5, e3, e5, f2, Ba6, Bb2, Tc1, Dc2, Te1, Rf1 x a5, b6, c7, e6, f4, h7, Cc6, Tf8, Dg5, Rg8,<br />

Th2<br />

Santiago do Chile, 1959<br />

Pachman x Fischer<br />

Pachman tem uma peça de vantagem e ameaça capturar outra. em troca, Fischer organizou um perigoso<br />

contra-ataque no flanco do Rei e após ... fe3, abririam uma nova linha de ataque contra f2. Se Pachman<br />

pudesse transferir seu Rei ao flanco da Dama, refutando a ação das peças adversárias, haveriam dado um<br />

decisivo passo em direção ao triunfo. O problema consiste em saber se a fuga é possível, começando com<br />

o lance 1 Re2. Mas Pachman abandona esta idéia. Por que?<br />

PLANO<br />

*****<br />

TEMA: Ataque contra o Rei centralizado, Torres na 7ª horizontal.<br />

O Rei está na mesma horizontal que sua Dama, onde já age uma Torre.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

Se 1 Re2, então 1 ... fe3 2 Rd3 Tff2 3 Tg1 Td2+, etc.<br />

O que aconteceria se 3 Dc6?<br />

55


*****<br />

3 ... Df5+ 4 Rc3 Tf2+.<br />

Existe uma outra variante contra 1 Re2 que também deve ser levada em consideração, 1 ... Tf2+. Analisea.<br />

*****<br />

2 Rf2 fe3+ 3 Re2 Tf2+ 4 Rd3 Dg6+ 5 Rc3 Tc2+ 6 Tc2 Cb4!<br />

Por estes motivos Pachman jogou:<br />

1 e4<br />

O que Pachman pretendeu com este lance?<br />

*****<br />

Evitar a abertura da coluna f.<br />

1 ... f3 2 Re1<br />

Forçado. Por que?<br />

*****<br />

Pela ameaça de mate: ... Th1++.<br />

E se agora Fischer joga 2 ... Dg1, as Brancas podem responder com 3 Bf1?<br />

*****<br />

Não, se 3 Bf1??, segue 3 ... Df1+.<br />

Então qual foi a idéia de Pachman ao fazer este lance?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Colocar o Rei em local seguro: d3 ou c3.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

Se 2 ... Dg1+ 3 Rd2<br />

E temos duas variantes:<br />

a) 3 ... Df2+ Rc3.<br />

b) 3 ... Tf2+ Re3.<br />

E o risco passou.<br />

E se 2 ... Th1?<br />

*****<br />

3 Bf1 Tf1+ 4 Rf1 Dg2+ 5 Re1 Dg1+ 6 Rd2.<br />

E se 2 ... Dg2?<br />

*****<br />

Simplesmente 3 Rd2.<br />

Observe como Fischer não poderia utilizar sua Torre de f8 nestas subvariantes.<br />

2 ... Tf5!<br />

O que ameaça Fischer?<br />

*****<br />

3 ... Tg4 seguido de 4 ... Tg1+<br />

3 Bf1<br />

Qual a intenção de Pachman?<br />

*****<br />

Transpor peças. Se 3 ... Tg4, segue 4 Dd3 e eventualmente 5 De3, facilitando ao Rei a fuga via d2.<br />

3 ... Dg1?<br />

Este lance tem duplo objetivo, quais?<br />

*****<br />

4 ... Df1+ ou 4 ... Te4+.<br />

4 dc6!!<br />

As Brancas “ignoram” as terríveis ameaças inimigas.<br />

Analise 4 ... Df1+ e Te4.<br />

56


a) 4 ... Df1<br />

*****<br />

5 Rd2 Tf2+ 6 Re3!<br />

A Torre negra de f4 está atacada, e as Brancas tem vantagem material suficiente.<br />

b) 4 ... Te4+<br />

*****<br />

5 Rd2 Tf2+ 6 Rc3 Tc2+ 7 Rc2<br />

Com posição ganha <strong>para</strong> as Brancas. Possuem Torre e 2 Bispos contra Dama e Peão de vantagem, e<br />

depois de Bc4, a ruptura d5 é muito forte.<br />

O Peão f negro não é perigoso porque sua casa de promoção está superdefendida.<br />

Com os exercícios feitos, podemos tirar algumas conclusões:<br />

1.É indispensável fixar o objetivo que se quer alcançar mediante o desenrolar de lances<br />

sucessivos. existe uma grande diferença entre um plano tático e outro estratégico. A meta estratégica em<br />

uma partida é chegar a uma determinada posição, ainda que devam efetuar-se durante a marcha,<br />

imprevistas retificações. O plano tático é mais concreto e imediato.<br />

2.Compreenda com clareza que os meios de que dispõe, bastam <strong>para</strong> o fim proposto e valorize<br />

as possibilidades do adversário <strong>para</strong> impedi-lo.<br />

3.Calcule com antecedência lance por lance (tanto a “manobra” quanto a “combinação”),<br />

assim como as possibilidades de resposta do adversário. Analise sistematicamente e por ordem de<br />

subvariante.<br />

4.Se a posição final de uma das variantes não está clara (se você não conseguir “ver” o mate,<br />

tablas, vantagem material, posição de fácil empate), reveja a análise desde o início e comprove se<br />

corresponde ao plano tático proposto.<br />

No pré-cálculo de muitas posições encontraremos com freqüência algumas variantes jogadas<br />

que a princípio não tínhamos levado em consideração, mas que podem ser úteis em outras variantes da<br />

mesma posição. Através da análise descobrimos novas e surpreendentes lances que a priori nos passaram<br />

desapercebidas.<br />

Diagrama 6.2<br />

b3, e4, f5, h3, Td6, Bf3, Tg2, Rh1, Ch2 x b5, f6, h5, Tc3, Bf4, Tf8, Rh8<br />

Nikitin x N. N.<br />

“Ajedrez en Rússia”<br />

As Negras acabaram de sacrificar uma peça, com a suposição que poderão continuar com ... Bh2, seguido<br />

de Tf3, recuperando o material. Mas as Brancas ganharam rapidamente contestando:<br />

1 e5!<br />

O vencedor conta, na revista “Ajedrez en Rússia” como encontrou esta continuação decisiva:<br />

“A primeira vista parece que a Torre de d6 deve deslocar-se, mas falta uma casa onde possa ter jogo ativo.<br />

Seria um grande erro 1 Tb6?? (com a intenção de, se 1 ... Bh2?, contestar com 2 Rh2 Tf3 3 Tb5,<br />

ganhando um Peão por causa de...”<br />

Tente descobrir antes de prosseguir o Tema e o Procedimento.<br />

*****<br />

Tema: Duplo de Bispo ao Rei e Torre.<br />

“1 ... Tc1+ 2 Tg1 Tg1+ 3 Rg1 Be3+” (0-1)<br />

“... Outra possibilidade é a ocupação da sétima horizontal, 1 Td7. Depois da natural resposta 1 ... Bh2, as<br />

brancas podem continuar com ...”<br />

Descubra você o Tema e o Procedimento.<br />

*****<br />

57


Tema: Torre na 7ª horizontal.<br />

“2 T2g7 com ameaça de mate em 2”.<br />

“... Mas Nikitin percebeu que as Negras poderiam continuar aqui com 2 ... Td8! e com a forçada<br />

liquidação, resultaria um final de Torres dificílimo de ganhar. Entretanto, esta linha lhe proporcionou a<br />

idéia de que, se não existisse o Peão e, as Brancas disporiam de sua casa d5 <strong>para</strong> o Bispo, e o mate seria<br />

um fato. Surgiu então a idéia de jogar 1 e5, mas era necessário examinar as diversas variantes. Se as<br />

Negras contestam 1 ... Bh2, seguiria ...”<br />

Descubra você o Tema e o Procedimento.<br />

*****<br />

Tema: Princípio da Promoção do Peão.<br />

“2 Rh2 Tf3 3 e6 (1-0), se 3 ... Tb3 4 e7 Te8 5 Td8” (1-0),<br />

“... e a captura do Peão, (seja por 1 ... fe5 ou 1 ... Be5) permite as brancas a continuação da linha<br />

principal”<br />

A partida transcorreu assim:<br />

1 ... Be5 2 Td7 Bh2<br />

Por que?<br />

*****<br />

Porque caso contrário, as Brancas manteriam a vantagem material.<br />

3 T2g7 Td8<br />

Ou 3 ... Tb8<br />

Descubra você a linha de mate.<br />

*****<br />

Tema: Combinação de Mate.<br />

4 Th7+ Rg8 5 Bd5+ Rf8 6 Th8++ (1-0)<br />

O surpreendente 1 e5! foi consequência da análise das possíveis retiradas da Torre branca em d6.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE<br />

Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha<br />

Págs. 19-21 e 92-101<br />

• XADREZ BÁSICO<br />

Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil<br />

Págs. 120-121 e 205-206<br />

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO<br />

Ricardo Reti, Club de Ajedrez<br />

Págs. 23<br />

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I<br />

Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,<br />

Barcelona - Espanha<br />

Págs. 20-22<br />

58<br />

Apostila 7


OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

VI CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Lasker x Steinitz, 1896-97<br />

Ao classificar-se em segundo lugar no Torneio de San Petesburgo, Steinitz se encontrou de<br />

novo às portas do Título Mundial, e como jamais foi homem que dormisse sobre suas glórias, aceita em<br />

seguida um match com Schiffers, o enxadrista russo de maior talento depois de Tchigorin. O match<br />

celebrou-se em Rostow e Steinitz venceu por +6 -4 =1, após dura batalha, onde demonstrou que, se bem<br />

que conservasse suas grandes qualidades enxadrísticas, sua saúde começava a debilitar.<br />

Apesar de tudo, decide participar do Torneio de Nuremberg, 1896, onde o Campeão Mundial<br />

obtém outro ressonante êxito ao vence-lo, enquanto que Steinitz consegue apenas o sexto lugar. Estaria<br />

Steinitz acabado? Não acredite nisto. Bem é verdade que já tinha idade avançada e que se encontrava<br />

doente, mas tinha fé em si mesmo e partiu <strong>para</strong> Moscou cheio de ilusões, não sem antes pre<strong>para</strong>r-se<br />

conscientemente, quer seja com estudos teóricos, ou com curas em balneários.<br />

O segundo match Lasker x Steinitz, começou em 06 de novembro de 1896, em Moscou, com<br />

as mesmas condições do anterior, ou seja, venceria o primeiro que ganhasse 10 partidas.<br />

O resultado não poderia ser mais desastroso <strong>para</strong> Steinitz, já que perdeu as quatro primeiras<br />

partidas, empatou a quinta, voltou a perder a sexta, chegou a empatar a sétima, oitava e nona, <strong>para</strong> ser<br />

derrotado na décima e décima primeira.<br />

Mas nem assim se rende, e todavia tem brio <strong>para</strong> conseguir sua primeira vitória na partida<br />

número doze. Poderia reverter o adverso placar? Ele tentou e voltou a vencer a décima terceira, mas estas<br />

duas batalhas acabaram com suas forças e Lasker se impôs sem maiores dificuldades, ganhando por +10<br />

-2 =5.<br />

Esta segunda derrota diante de Lasker foi um duro golpe <strong>para</strong> Steinitz, mas sempre desportivo,<br />

pouco depois escrevia em um jornal de New York: “Por que fui derrotado de forma tão lamentável? Em<br />

primeiro lugar, porque Lasker é o maior enxadrista que já encontrei; possivelmente o maior que já existiu.<br />

Ao afirmar expressamente isto, parecerá que quero desculpar-me, rebaixando, ao mesmo tempo a outros<br />

rivais, mas sou incapaz de fazer tal coisa referindo-me à mestres de primeira categoria. Certa vez disse<br />

estas, ou parecidas, palavras, que um mestre não tem direito de sentir-se doente em uma prova, assim<br />

como um general em um campo de batalha. E permaneço fiel a este pensamento.”<br />

E Steinitz, ainda que se negasse a reconhecer, estava doente e envelhecido. Envelhecido pelos<br />

anos e pela dura luta pela sobrevivência, pois sempre foi pobre e cheio de problemas. Depois do match<br />

com Lasker foi internado em um sanatório na Rússia e submetido à observação, mas curou-se e voltou a<br />

lutar em torneios, ainda que o êxito já não lhe voltasse a sorrir. Em seu retorno aos Estados Unidos, foi<br />

objeto de uma carinhosa recepção, e quando, no ano seguinte se dispôs a partir <strong>para</strong> participar no Torneio<br />

de Viena, 1898, quando se comemorava o jubileu do imperador Francisco José, um jornalista lhe<br />

perguntou:<br />

59<br />

— Mestre, já não ganhou o senhor suficientes glórias <strong>para</strong> deixar o lugar <strong>para</strong> os jovens?<br />

— Posso ceder-lhes a glória, mas os prêmios, não - foi a resposta de Steinitz.


Tampouco foram importantes os prêmios que obteve, pois em Viena, classificou-se em quarto<br />

lugar, o que deixaria a qualquer um satisfeito, menos ao grande Steinitz; em Colônia, no mesmo ano, em<br />

quinto, e sua última atuação foi no Torneio de Londres, 1899, onde finalizou na décima primeira posição,<br />

empatado com W. Cohn.<br />

Seus últimos dias foram muito tristes, vivendo praticamente de caridade e com claros<br />

sintomas de loucura. Contam que afirmava ter inventado um meio <strong>para</strong> comunicar-se por meio da<br />

eletricidade com Deus, a quem podia dar a vantagem de um Peão e da saída.<br />

Com sua morte, em 1900, o mundo perdeu o homem que havia revolucionado o xadrez,<br />

terminando sua vida em total miséria.<br />

Durante toda sua vida desenvolveu um grande trabalho jornalístico pelo xadrez, primeiro na<br />

Inglaterra e mais tarde, na América do Norte. Editou a revista mensal “The Internacional Chess<br />

Magazine” em New York, de 1885 a 1891 e publicou os livros “The Modern Chess Instructor”, dois<br />

volumes, 1889 e 1895, e “The sixth American Chess Congress, 1889”.<br />

Steinitz começou o match de Brancas.<br />

Diagrama: Ra4, a7, b6 x Rb7<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

60<br />

Lasker x Steinitz<br />

Moscou<br />

06Nov1896 - 14Jan1897<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Lasker 1 1 1 1 ½ 1 ½ ½ ½ 1<br />

Steinitz 0 0 0 0 ½ 0 ½ ½ ½ 0<br />

11 12 13 14 15 16 17 Tot<br />

Lasker 1 0 0 1 ½ 1 1 12,5<br />

Steinitz 0 1 1 0 ½ 0 0 4,5<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Italiana 1, 3, 6 3 18<br />

Ruy Lopez 2, 4, 8, 10, 12, 14, 16 7 41<br />

Gambito da Dama 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17 7 41<br />

A SEGUIR:<br />

VII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Lasker x Marshall, 1907<br />

FINAIS I<br />

3.3. Rei e dois Peões x Rei


*****<br />

Chegar à posição básica com o Rei na 6ª horizontal.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Rb5 Ra8 2 Rc5 Rb7 3 a8D+ Ra8 4 Rc6 Rb8 5 b7 Ra7 6 Rc7 (1-0)<br />

Diagrama: Rg1, f4, h4 x Rg6<br />

1 ... ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

“Quando dois Peões estão na mesma horizontal, se<strong>para</strong>dos por uma casa, impede-se a captura de um,<br />

avançando-se o outro. A posição de defesa dos Peões, corresponde a um salto de Cavalo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Rh5 2 f5!<br />

E o Peão h não pode ser capturado.<br />

Se 1 ... Rf5 2 h6!<br />

Se 1 ... Rg7, as Brancas devem aproximar o Rei e não jogar:<br />

a) 2 h5? por 2 ... Rh6.<br />

b) 2 f5? por 2 ... Rf6.<br />

Em ambas as variantes as Negras ganham um Peão.<br />

2 ... Rh6 3 Rg2 Rg7 4 h5 Rf6 5 h6 Rf7 6 Rg3 Rg8 7 f6 Rh7 8 f7 (1-0)<br />

A SEGUIR:<br />

3.4. Rei e dois Peões x Rei e Peão<br />

TÁTICA I<br />

2. PREGADURAS<br />

Peça pregada é aquela que ameaçada por outra inimiga não pode, contudo, mover-se, sem<br />

determinar dificuldades maiores.<br />

Diagrama: a3, b2, c3, e4, f2, g2, h2, Dd1, Re1, Th1 x a7, b6, c5, f7, g7, h7, Re8, De7, Th8<br />

1 ?<br />

1 0-0 De4?<br />

Agora as Brancas jogam e ganham, graças ao erro negro. Na ambição de ganhar o Peão, as Negras não<br />

percebem que colocam sua Dama numa coluna onde encontra-se seu Rei.<br />

PLANO<br />

*****<br />

A Dama negra encontra-se numa coluna aberta onde encontra-se seu Rei. Uma Torre posicionada nesta<br />

coluna, capturaria a Dama, pois esta não poderia fugir por causa de seu Rei.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Te1 (1-0)<br />

Diagrama: Rf2, Tg2, Tg8 x De5, Rh4<br />

61


1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Atrair a Dama <strong>para</strong> a coluna h (onde encontra-se o Rei), <strong>para</strong> então dar xeque e enquanto o Rei foge, a<br />

Dama é capturada.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Th8+ Dh8 2 Th2+ (1-0)<br />

Diagrama: Ba7, a6, Rc3, Te3 x Ce5, Df4, Rh8<br />

1 Te5 De5?<br />

Agora as Brancas jogam e ganham, graças ao erro negro.<br />

PLANO<br />

*****<br />

A Dama e o Rei encontram-se na mesma diagonal e as Brancas possuem um Bispo que pode domina-la,<br />

pregando a Dama.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bd4 (1-0)<br />

Observe que ainda que 1 ... Dd4, segue 2 Rd4 e as Brancas ganham porque promovem o Peão.<br />

Diagrama: c4, Be2, e3, Tf2 Rh3 x c5, Re6, Tf7, Bg6<br />

1 ?<br />

1 Bg4+ Bf5?<br />

Como você se aproveitaria do erro negro?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Atrair a Torre negra <strong>para</strong> a diagonal h3-c8, onde já age o Bispo branco, deixando-a cravada.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Tf5! Tf5 3 e4 Rf6 4 ef5 (1-0)<br />

Diagrama: d4, Ce2, De3, e5, Rf2, Tf6, Tg7, h3 x Da2, Ba6, Tc7, Rc8, d5, e6, f7, Tf8, h4<br />

Brancas: Chatard<br />

Analise a posição sob o ponto de vista negro. Encontre um possível plano <strong>para</strong> o segundo jogador.<br />

*****<br />

O Cavalo branco está pregado pela Dama negra. Há ainda a ameaça de Tc2, reforçando o ataque sob o<br />

Cavalo branco.<br />

Mas as Brancas tomam providências e seu primeiro lance parece muito inocente.<br />

1 Tg1! Be2<br />

Brancas jogam e ganham, como?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar a possibilidade de pregadura da Torre negra na coluna c.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

62


2 De2 Tc2<br />

O Branco parece perdido!<br />

3 Tc1!<br />

Agora é a Torre negra que ficou pregada. Sobre esta peça convergem duas brancas, a Dama e a Torre,<br />

ameaçando captura-la. Ainda a Torre negra não pode deslocar-se pela ameaça das Brancas Da2.<br />

Verdadeiro duelo de pregadura contra pregadura, ou melhor ainda, de “caçador caçado”<br />

New York, 1855<br />

Gambito Escocês<br />

Meek x Morphy<br />

A SEGUIR:<br />

3. Promoções<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

Paul Morphy<br />

2.1. Partida nº 1<br />

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 d4 ed4<br />

O lance 3 ... ed4, na verdade não é um lance de desenvolvimento, mas sem dúvida, não é uma perda de<br />

tempo, pois se as Brancas quiserem ganhar um Peão a seguir ou mais tarde, terão de jogar Cd4, que<br />

tampouco é um lance de desenvolvimento, pois move uma peça que já havia jogado, o Cavalo de f3. Se as<br />

Negras contestassem com 4 ... Cd4, esta troca seria uma perda de tempo, pois as Brancas com 5 Dd4,<br />

desenvolveriam uma peça que até agora não tinha ação.<br />

Se refletirmos sobre a posição antes desta troca errada, vemos que ambos os lados desenvolveram uma<br />

peça, as Brancas o Cd4, as Negras Cc6. Depois da troca, as Brancas teriam uma peça desenvolvida, a<br />

Dama em d4, em troca, as Negras nenhuma em jogo. Portanto, deve-se reconhecer pelo resultado desta<br />

troca, que foi uma maneira drástica de perda de tempo.<br />

Outra coisa é se as Brancas, por exemplo, na Abertura Escandinava, depois de 1 e4 d5, continuam com 2<br />

ed5, pois as Negras perdem um tempo por 2 ... Dd5, pois está exposta em d5, onde as Brancas ganham um<br />

tempo com 3 Cc3.<br />

Esta abertura (linha principal) tem o nome de Abertura Escocesa. Já que o Peão d4 está atacado e não<br />

pode ser bem defendido, as Negras não tem melhor contestação que a escolhida.<br />

A resposta mais usada é 4 Cd4, pois aparentemente, e graças ao Peão e4, as Brancas têm maior domínio<br />

central e também um jogo mais livre. Sem dúvida, esta vantagem é passageira, pois as Negras podem<br />

atacar ou trocar o Peão de e4, que após manobra pode alcançar a troca por meio de ... d5.<br />

Observe como é mais importante compreender o plano das Aberturas do que decorar variantes!<br />

Os melhores lances <strong>para</strong> o Negro serão os de desenvolvimento, que dominam as casas d5 e e5, pois<br />

somente desta forma se desvia o Peão pressionador e4, <strong>para</strong> poder jogar ... d5.<br />

Já o Branco, somente poderão aproveitar-se da aparente vantagem se chegar a dominar os pontos e4 e d5,<br />

<strong>para</strong> atrasar o desenvolvimento do jogo negro com d5. Ambos se empenharão em encontrar tais lances de<br />

desenvolvimento que ataquem as casas citadas. Assim resultam as seguintes combinações: 4 Cd4 Cf6<br />

(atacando d5 e e4) 5 Cc3 (defendendo e4 e d5) Bb4 (continuando o ataque) 6 Cc6 (as Brancas não tem<br />

melhor continuação <strong>para</strong> abrir e4 do que esta pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> o lance Bd3) bc6 7 Bd3 d5. As Negras<br />

conseguiram seu objetivo, trocaram o Peão de e4, com equilíbrio.<br />

4 Bc4<br />

Este lance não é desvantajoso, ainda que se sacrifique um Peão, obtém um rápido desenvolvimento.<br />

Característica do Gambito Escocês. Mas as Brancas cometem o erro, que veremos, não <strong>para</strong> jogar o<br />

63


Gambito com rápido desenvolvimento, mas com o interesse de um ataque prematuro contra a casa f7,<br />

idéias próprias daquele tempo e cuja deficiência foi provada por Morphy.<br />

4 ... Bc5 5 Cg5<br />

Isto é um erro por dois fundamentos: 1º As Brancas nesta posição aberta jogam a mesma peça duas vezes,<br />

que havia sido desenvolvida, portanto, perdem um tempo, enquanto que as Negras conseguem uma<br />

vantagem no desenvolvimento. 2º As Brancas esquecem que a Abertura é uma luta no centro e, com o<br />

lance do texto, cede imediatamente ao adversário o domínio do mesmo. A continuação melhor aqui seria<br />

5 c3 <strong>para</strong> continuar depois de 5 ... dc3 com 6 Bf7+ Rf7 7 Dd5+.<br />

5 ... Ch6<br />

As Negras defendem-se com um lance de desenvolvimento. Se tivessem jogado 5 ... Ce5, que também<br />

defende f7 e ataca c4, teria cometido o mesmo erro branco de jogar duas vezes a mesma peça na abertura.<br />

Graças a esta seqüência, no decorrer da partida, as Brancas chegaram à vantagem.<br />

6 Cf7 Cf7 7 Bf7+ Rf7 8 Dh5+<br />

Os principiantes apreciam este tipo de combinação, mas um jogador experiente, teme diante dela, pois as<br />

peças brancas desenvolvidas desaparecem do tabuleiro, e as que permanecem estão ainda na posição<br />

inicial. Logo, não resulta um ataque vencedor!<br />

8 ... g6 9 Dc5<br />

Somente uma peça branca está desenvolvida, a Dama, e, logo estará exposta ao ataque adversário. Desta<br />

forma, o Negro chega a uma vantagem decisiva rapidamente. Se o Negro, tivesse jogado 5 ... Ce5,<br />

teríamos o mesmo diagrama, mas com a diferença de que o Cavalo do Rei estaria restringido em g8,<br />

devido a seguinte continuação: 6 Cf7 Cf7 7 Bf7+ Rf7 8 Dh5+ g6 Dc5, etc.<br />

9 ... d6 10 Db5 Te8 11 Db3+<br />

As Brancas, por jogarem errado com a Dama, perdem tempo. Agora inicia-se a vitória de Morphy, de<br />

forma gratificante. Deveria ter jogado 11 0-0.<br />

11 ... d5 12 f3 Ca5 13 Dd3 de4 14 fe4 Dh4+ 15 g3 Te4+ 16 Rf2 De7 17 Cd2<br />

Agora segue uma bonita combinação baseada na situação em que a Dama branca não pode, nem deve<br />

abandonar o apoio da casa e2.<br />

17 ... Te3 18 Db5 c6 19 Df1 Bh3 20 Dd1 Tf8<br />

Os principiantes que no calor da luta somente jogam com as peças que têm desenvolvidas, esquecem de<br />

trazer as reservas, podem aprender muito com este lance!<br />

21 Cf3 Re8 (0-1)<br />

A SEGUIR:<br />

2.2. Partida nº 2<br />

New York, 1857<br />

Gambito Escocês<br />

Th. Lichtenhein x Morphy<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 7.1<br />

b4, c3, f2, h4, Ta5, Bc2 Bd4, De3 Rg1 x b5, c4 e4, g6, h7, Bb7, Td7, Cf4, Df5, Rg8<br />

Lee x Lasker<br />

Londres, 1899<br />

1 ... ?<br />

Análoga, mas mais difícil de resolver é a posição deste diagrama. O então Campeão Mundial ganhou<br />

brilhantemente começando com:<br />

1 ... Td4!<br />

Como pôde descobrir tal lance? Previamente Lasker considerou a lógica continuação 1 ... Dg4+ 2 Rf1.<br />

Analise 2 Dg3.<br />

64


*****<br />

Tema: Duplo de Cavalo ao Rei e Dama.<br />

2 ... Ce2+ (0-1).<br />

Prosseguindo a análise, 2 ... Dg2+ 3 Re1 Dg1+ 4 Rd2, com posição vantajosa <strong>para</strong> as Negras, que tem um<br />

Peão a mais, com o Rei adversário no centro do tabuleiro. Mas não se deve buscar uma forma de ganhar<br />

rapidamente. Sem dúvida, Lasker considerou aqui, que depois de 4 ... Td4+ 5 cd4 c3+ 6 Dc3 Df2+ 7 Rd1<br />

e3, mas isto falha, pois as Brancas poderiam contestar a 4 ... Td4+? com 5 Dd4. Reconsiderando a<br />

posição, se deu conta de que jogando em seguida 1 ... Td4, as Brancas não poderiam tomar com a Dama<br />

por causa de ...<br />

Será que você descobre?<br />

*****<br />

Tema: Duplo de Cavalo.<br />

Se 2 Dd4 Ce2+ (0-1).<br />

Em consequência, toda a combinação pode desenrolar-se da forma prevista:<br />

2 cd4 Dg4+ 3 Rf1 Dg2+ 4 Re1 Dg1+ 5 Rd2 c3+ 6 Dc3<br />

Por que não se deve jogar 6 Rc3? ?<br />

*****<br />

Tema: Duplo de Cavalo.<br />

Por 6 ... Cd5+ (0-1).<br />

Prosseguindo a linha principal:<br />

6 ... Df2+ 7 Rd1<br />

Por que não se deve jogar 7 Rc1? ?<br />

*****<br />

Tema: Duplo de Cavalo.<br />

Por 7 ... Ce2+ (0-1).<br />

7 ... e3 8 Bb3+ Rg7 9 d5+ Rh6 10 De1 Bc8! (0-1)<br />

As Brancas abandonaram. Por que?<br />

*****<br />

Tema: Desvio de Peça Defensiva e Promoção de Peão.<br />

As Negras ameaçam o inevitável ... Bg4+, e depois de 11 Df2 ef2 com promoção inevitável.<br />

Quando Lasker efetuou seu primeiro lance, provavelmente não calculou totalmente o desenlace desta<br />

combinação, mas considerou que após 6 ... Df2+ a posição resultante era suficiente <strong>para</strong> ganhar. Os<br />

elementos onde podia apoiar tal idéia eram o Peão livre de e3, a desfavorável posição do Rei branco e o<br />

exílio da Torre branca de a5.<br />

Tarrasch encontrou, mais tarde um segundo caminho vencedor: 1 ... Dg4+ 2 Rf1 Dg2+ 3 Re1 Dg1+ 4 Rd2<br />

Cg2 5 De2 e3+! 6 fe3 Bf3!, etc. Esta linha é mais curta que a seguida por Lasker. Para a técnica do précálculo,<br />

este fato não tem muita importância. Quando se está jogando uma partida de torneio e encontra-se<br />

uma variante que conduz com segurança à vitória, raramente perde-se tempo em buscar outra. Isto<br />

justifica o fato de Lasker não ter feito a continuação recomendada por Tarrasch.<br />

No cálculo prévio de posições complicadas, cometem-se erros típicos. Um dos mais freqüentes é a<br />

omissão dos lances chamados “intermediários”. Se em nosso plano esquecemos o direito do adversário de<br />

procurar lances ocultos ou imprevistos que possam virar a posição, é provável que surja um contratempo.<br />

O lance intermediário baseia-se em motivos muito simples. Por exemplo, não retirar uma peça atacada<br />

<strong>para</strong> ameaçar antes a do adversário. Depois dos lances 1 d4 Cf6 2 f4 e6 3 Cc3 Bb4 4 e3 Cc6 5 Bd3 e5 6<br />

d5, as Negras podem retirar o Cavalo até as casas e7 ou b8 (também após a troca prévia 6 ... Bc3+, <strong>para</strong><br />

debilitar a formação de Peões inimiga). Mas existe a possibilidade de intercalar o lance 6 ... e4!, e se 7<br />

Be2 (ou 7 Bf1), pode seguir então o ativo lance 7 ... Ce5.<br />

Diagrama 7.2<br />

a2, b3, d5, e4, f2, g4, h3, Ta1, Bb2, Bc2, Dd1, Cd2, Tf1, Rg1, Ch4 x a6, b5, c5, d6, f7, g7, h7, Ta8,<br />

Cb8, Dd8, Be7, Cf6, Rf8, Bg6, Th8<br />

65


Bochum, 1958<br />

Christoph x Rautenberg<br />

1 ... ?<br />

1 ... Be4?<br />

O melhor era 1 ... Cfd7.<br />

2 Ce4 Ce4<br />

O Negro acreditou que a peça havia sido recuperada, pois o Cavalo branco de h4 está indefeso, ganhando<br />

o Peão. Mas as Brancas deram uma resposta desagradável:<br />

PLANO<br />

*****<br />

TEMA: Xeque intermediário<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

3 Bg7+<br />

E os lances negros são agora todos forçados!<br />

Rg7 4 Cf5+ Rf8 5 Be4<br />

E o material está equilibrado, mas as Brancas tem superioridade posicional, pois seu Cavalo está numa<br />

posição privilegiada enquanto o Rei negro está deficiente.<br />

Apostila 8<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

VII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Lasker x Marshall, 1907<br />

A personalidade de Lasker se estendeu a outros campos alheios ao xadrez, pois o objetivo de<br />

converter-se em Campeão Mundial voltou a seus estudos de matemática e filosofia, doutorando-se<br />

brilhantemente na Universidade de Eriangen, em 1900. Também adquiriu renome, escrevendo obras<br />

filosóficas como Der Kampt (A luta), em 1907, e Das Begreifen der Welt (A compreensão do mundo).<br />

Como escritor de xadrez, fora as colaborações em jornais e revistas, publicou O sentido comum no<br />

xadrez; Manual de xadrez, nos quais expressa seu modo de entender o jogo, O Torneio de San<br />

Petesburgo, 1909; Lasker x Tarrasch, 1916; Lasker x Capablanca, 1921; Alekhine x Bogoljubow,<br />

1934 e na América do Norte editou a revista Lasker's Chess Magazine, de 1904 a 1908.<br />

Para Lasker o xadrez era antes de tudo uma luta e tudo subordinou a este fim. Veja o que disse<br />

Reti a respeito dele em sua obra Os grandes mestres do tabuleiro: Seu segredo consiste no seguinte: o<br />

essencial <strong>para</strong> ele é a luta de nervos. Busca por meio da partida atacar em primeiro lugar o equilíbrio<br />

psicológico do adversário. Sabe produzir nesta queda nervosa que é corrente após um erro cometido, e<br />

faz que esta queda seja precisamente a origem e a causa de um próximo erro. Como consegue? Estuda as<br />

partidas, a forma de jogar, a força e a fraqueza dos mestres com os quais vai jogar. Não busca os<br />

melhores lances, mas os mais desagradáveis ao adversário, guiando a partida a uma direção que não<br />

seja a que agrade seu rival. Sobre este caminho desconhecido por seu oponente, e com lances fracos,<br />

propositais, Lasker se encaminha até o abismo, mas criando sempre problemas ao rival. E chega o<br />

66


momento em que o tempo premia, e tem de jogar com rapidez em posições difíceis, é então que Lasker<br />

usa toda sua verdadeira força, vem a queda nervosa do adversário, a catástrofe psicológica e com ela a<br />

catástrofe sobre o tabuleiro.<br />

Este era o método de Lasker, o qual, por outro lado, de nada serviria se não possuísse<br />

extraordinária condição combinativa e exata consciência da posição, assim como a habilidade fora do<br />

comum <strong>para</strong> jogar finais.<br />

Para compreender bem o caráter de Lasker, nada melhor do que narrar o que o mestre inglês<br />

Winter conta em seu livro Kings of Chess: “Na partida que jogamos no torneio de Nottinghan, 1936,<br />

situei um Cavalo em uma casa em que podia ser capturado por um Peão. Lasker replicou rapidamente<br />

com um lance defensivo e acabou vencendo. Quando terminou a partida, um espectador lhe perguntou<br />

por que não havia capturado o Cavalo, e Lasker respondeu: "Eu estava jogando com um forte mestre, e<br />

quando um forte mestre pensa hora e meia <strong>para</strong> um lance, creio que não é conveniente fazer o que ele<br />

deseja.”"<br />

Desde seu triunfo no Torneio de Londres, 1899, até seu encontro com Marshall, em 1907, a<br />

atividade de Lasker não foi muito extensa, reduzindo-se ao Torneio de Paris, 1900, que ganhou em<br />

brilhante estilo; um match com abertura selecionada com Tchigorin, que perdeu por +1-2=3, em Brighton<br />

(Inglaterra), 1903; o torneio de Cambridge Springs, 1094, vencido por Marshall, onde empatou em<br />

segundo lugar com Janowski, e sua vitória no pequeno Torneio de Trenton Falls, 1906.<br />

Frank James Marshall (New York, 1877 - 1944), foi um dos enxadristas mais simpáticos e de<br />

jogo mais alegre e agressivo que jamais haviam existido. Sua carreira enxadrística foi muito longa e<br />

deteve o título de Campeão dos Estados Unidos por 27 anos, até 1936, quando deixou o título vago por<br />

decisão própria. Seus êxitos mais importantes foram o primeiro lugar no citado Torneio de Cambridge<br />

Springs, 1904, e suas vitórias em Scheweningen, 1905; Nuremberg, 1906; New York, 1910; La Habana,<br />

1913 e New York, 1913. Quanto a matches foram numerosíssimos os que jogou, ganhando entre outros de<br />

Janowski, Paris, 1905 (+8-5=4); Mieses, Berlim, 1908 (+5-4=1); Showalter, Lexington, 1909 (+7-2=3);<br />

Janowski, Biarritz, 1912 (+6-2=2) e Janowski, New York, 1916 (+4-1=3). Sem dúvida também sofreu<br />

sérios tropeços, pois foi derrotado por Tarrasch, Nuremberg, 1905 (+1-8=8); Janowski, Suresnes, 1908<br />

(+2-5=3) e Capablanca, New York, 1909 (+1-8=14).<br />

Seu estilo de jogo, audaz em demasia, se fez famoso por seus veementes ataques ao monarca<br />

adversário, e por suas combinações, algumas falsas, que se fizeram populares pelo nome de estelionato,<br />

mas que sem dúvida, lhe proporcionaram numerosas vitórias.<br />

O encontro Lasker x Marshall, teria como vencedor o que primeiro vencesse oito partidas, e se<br />

desenvolveu nas cidades norte-americanas de New York, Filadélfia, Memphis, Chicago e Baltimore, de<br />

26Jan a 06Abr, e constituiu um redondo triunfo do campeão, que não permitiu a seu adversário vitória<br />

alguma, finalizando por +8-0=7 a favor de Lasker.<br />

O encontro teve pouca história, já que Lasker venceu as três partidas iniciais, e depois,<br />

serenamente, foi impondo-se pouco a pouco as tentativas audazes de seu rival.<br />

Como dado curioso temos que Marshall somente pode ganhar de Lasker em duas ocasiões, a<br />

primeira quando se enfrentaram no Torneio de Paris, 1900 e a última, uma partida de exibição em New<br />

York, 1940, enquanto se disputava o Campeonato Norte-americano.<br />

67


Marshall dedicou toda sua vida ao xadrez, e nos legou um delicioso livro titulado Meus 50<br />

anos de xadrez, no qual junto a suas mais belas partidas se encontram numerosas anedotas da época<br />

dourada do xadrez.<br />

Lasker x Marshall<br />

New York, Philadelphia, Washington, Baltimore, Chicago, Memphis e New York<br />

26Jan - 08Abr1907<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tot<br />

Lasker 1 1 1 ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½ 1 1 1 1 11,5<br />

Marshall 0 0 0 ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½ 0 0 0 0 3,5<br />

Marshall começou o match de Brancas.<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Francesa 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 7 46<br />

Gambito da Dama 3, 5, 7, 9, 13, 15 6 40<br />

Holandesa 11 1 7<br />

Ruy Lopez 1 1 7<br />

A SEGUIR:<br />

VIII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Lasker x Tarrasch, 1908<br />

FINAIS I<br />

3.4. Rei e dois Peões x Rei e Peão<br />

Geralmente as Brancas ganham, mas há exceções interessantes.<br />

Diagrama: d5, h4, Rd3 x f3, Rf5<br />

1 ... ? (=)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Valorizar o Peão passado, atingindo a casa g2 <strong>para</strong> auxilia-lo na promoção.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Rg4! 2 d6 Rg3 3 d7 f2 4 Re2 Rg2 5 d8D f1D+(=)<br />

Diagrama A: e7, f6, Re5 x f7, Re8<br />

Diagrama B: d2, e3, Rb1 x d3, Rb3<br />

1? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

"Os Peões (brancos no caso), estando unidos e um deles sendo passado o ganho é fácil”.Em ambos os<br />

casos, "dar a volta" e tomar o Peão inimigo, <strong>para</strong> poder promover o seu tranqüilamente.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

A) 1 Rf5 Rd7 2 Rg5 Re8 3 Rh6 Rd7 4 Rg7 Re8 5 Rg8 Rd7 6 Rf7 (1-0)<br />

68


B) 1 Rc1 Rc4 2 Rd1 Rd5 3 Re1 Re5 4 Rf2 Re4 5 Rg3 Re5 6 Rf3 Rf5 7 e4+ Re5 8 Re3 (1-0)<br />

Diagrama: a2, c4, Rc3 x a7, Rc6<br />

Bayer, 1911<br />

1? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Chegar a uma posição básica de Rei e Peão x Rei favorável ao primeiro jogador, usando <strong>para</strong> isto o<br />

tempo de Peão.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Rd4 Rd5 2 c5+ Rc6 3 Rc4 Rc7 4 Rd5 Rd7 5 c6+ Rc7 6 Rc5 Rc8 7 Rd6 Rd8 8 c7+ Rc8 9 Rc6 a5 10<br />

Rb6 a4 11 a3<br />

Zugzwang.<br />

11 ... Rd7 12 Rb7 (1-0)<br />

Diagrama: a4, c3, Rc2 x a5, Rc4<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Observe que se jogassem as Negras, o ganho seria fácil, pois perderiam a oposição.<br />

As Brancas devem utilizar uma manobra chamada "triangulação" <strong>para</strong> chegar a mesma posição, mas<br />

tendo o adversário o lance.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Rb2 Rc5 2 Rc1! Rd5<br />

E se 2 ... Rc4?<br />

*****<br />

3 Rc2, e o objetivo é conseguido imediatamente.<br />

3 Rd2 Re4 4 Re2 Rd5 5 Rd3 Rc5 6 c4!<br />

Qual o objetivo branco?<br />

*****<br />

Entregar o Peão a <strong>para</strong> progredir com o Peão c.<br />

6 ... Rb4 7 Rd4 Ra4 8 Rc3!!<br />

Engenhoso lance de Rei.<br />

8 ... Ra3 9 c5 a4 10 c6 Ra2 11 c7 a3 12 c8D Rb1 13 Rb3 a2 14 Dc2+ Ra1 15 Db2++ (1-0)<br />

E se as Negras jogassem 3 ... Rc5 ?<br />

*****<br />

Seguiria 4 Rd3 Rd5 5 c4+ Rc5 6 Rc3, e as Brancas ganham como no diagrama anterior.<br />

Diagrama: f4, g4, Re3 x f6, Re6<br />

1 ?<br />

Analise a posição. Que resultado terá este diagrama? Qual o plano e o procedimento?<br />

*****<br />

Empate.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Chegar a um final de Rei e Peão x Rei empatado, sacrificando seu Peão.<br />

PROCEDIMENTO<br />

69


*****<br />

1 Re4 f5+!! 2 gf5 Rf6 (=)<br />

Segue-se ... Rf5 com final empatado.<br />

A SEGUIR:<br />

3.5. Rei e dois Peões x Rei e dois Peões<br />

TÁTICA I<br />

3. PROMOÇÕES<br />

Normalmente quando se promove um Peão que atingiu a 8ª horizontal, este é substituído por<br />

uma Dama, mas há exceções em que uma peça de valor inferior é mais vantajosa ou decisiva.<br />

Diagrama: Rf5, f7, h6 x Rh8<br />

1? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão h6 domina a casa de fuga g7. Se existisse uma peça que dominasse h6, h7, h8 e g8<br />

simultaneamente teríamos uma posição de mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 f8D+ Rh7 2 Dg7++ (1-0)<br />

E se o lance fosse negro?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Se o lance fosse negro, seria forçado jogar Rh7. Nesta posição, não se pode promover o Peão<br />

imediatamente à Dama, pois haveria pat. É necessário fazer um lance de espera <strong>para</strong> promover o Peão<br />

com xeque, seguido de mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Rh7 2 Rf6 Rh8 3 f8D+ (1-0)<br />

Diagrama: Rc2, g7 x Ra1<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Rei branco domina as casas de fuga b1 e b2 (e a possível b3). É necessário ter uma peça que domine<br />

a1, a2 e a3 simultaneamente. Se o Peão g for promovido à Dama temos o pat!<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 g8T Ra2 2 Ta8++ (1-0)<br />

Diagrama: d7, Rh7 x Dc6, Rf7<br />

1 ? (=)<br />

PLANO<br />

*****<br />

70


As Negras ameaçam mate em 2, sendo o primeiro lance das Brancas (tente descobrir), a promoção do<br />

Peão à Dama não o evita. Observe que o Rei e a Dama encontram-se em casa conjugada ao salto de<br />

Cavalo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 d8C+! (=)<br />

Diagrama: a5, e3, g7, Ca8, Bd7, Re2, x a6, g2, Rg1, Bh1, Dh8<br />

Orfeu Gilberto D'Agostinni<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O 1° lance é fácil: 1 gh8, mas que promoção realizar? Dama ou Torre ocorre o pat; Cavalo dá vitória ao<br />

2° jogador, pois consegue promover o Peão g com a manobra ...Rh2/...g1D. Obviamente resta apenas o<br />

Bispo, mas que plano seguir? Se o Cavalo estivesse em h3 (ou f3) teríamos uma posição de mate, mas as<br />

Negras estão sem movimentos. Deve-se então sacrificar uma peça <strong>para</strong> dar movimentos às Negras. Surge<br />

a idéia de sacrificar o Bispo em b5, quando então surgiria o Peão passado negro da coluna b, a 4 passos<br />

da promoção. O Cavalo também necessita de apenas 4 passos <strong>para</strong> chegar ao objetivo, ou seja, vence<br />

quem jogar primeiro! Deve-se calcular os lances cuidadosamente.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 gh8B! Rh2 2 Be5+ Rg1<br />

As Negras estão sem movimentos.<br />

3 Bb5! ab5 4 Cc7 b4 5 Ce6 b3 6 Cg5 b2 7 Ch3++ (1-0)<br />

New York, 1857<br />

Gambito Escocês<br />

Th. Lichtenhein x Morphy<br />

A SEGUIR:<br />

4. Ataque duplo de Cavalo ao Rei e à Dama<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

2.2. Partida nº 2<br />

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 d4 ed4 4 Bc4 Cf6<br />

Colocando as peças em jogo rapidamente. As Brancas têm duas peças desenvolvidas (Cavalo e Bispo)<br />

além de terem jogado os dois Peões centrais (que colaboram <strong>para</strong> o desenvolvimento das peças). As<br />

Negras têm duas peças desenvolvidas, mas apenas um Peão central. Não se pode afirmar que as Brancas<br />

estão melhores porque tem um Peão a menos. Para recuperar este Peão, devem jogar Cd4, que não é um<br />

lance de desenvolvimento, pois move duas vezes a mesma peça na abertura. Para recuperar o Peão, as<br />

Brancas devem devolver o tempo ganho, atingindo a igualdade.<br />

5 e5<br />

A perda de tempo por um lance de ataque. O lance do texto ataca o Cavalo, mas não continua o<br />

desenvolvimento. Se as Negras fossem obrigadas a contestar com um lance defensivo, que não<br />

desempenhasse nada em favor do desenvolvimento, se igualariam os tempos perdidos e o ataque branco<br />

se justificaria. Mas Morphy contestará com um lance de desenvolvimento, ganhando um tempo.<br />

71


O correto teria sido 5 0-0, e se 5 ... Ce4, então 6 Te1 d5, recuperando as Brancas ambos os Peões<br />

sacrificados.<br />

5 ... d5 6 Bb5 Ce4<br />

Ambos tiveram de jogar uma peça desenvolvida.<br />

7 Cd4 Bd7<br />

Até agora as Brancas não conseguiram vantagem alguma. Conseguiram duas peças desenvolvidas e<br />

jogaram os Peões centrais, ou seja, têm quatro tempos desenvolvidos. Em troca, o Negro tem três peças<br />

desenvolvidas (dois Cavalos e Bispo) e os dois Peões centrais totalizando cinco tempos de<br />

desenvolvimento. A vantagem do tempo originou-se no lance 5 branco.<br />

8 Cc6<br />

Novamente uma perda de tempo, pois as Negras, ao retornar com o Peão, obrigam o Bispo b5 (já<br />

desenvolvido) a mover-se novamente.<br />

8 ... bc6<br />

As Brancas perderam dois tempos. Lichtenhein tem uma peça desenvolvida e jogou os dois Peões<br />

centrais, logo, tem três lances de desenvolvimento. Morphy tem duas peças desenvolvidas e igualmente<br />

dois Peões centrais jogados. Logo, as Brancas tem um tempo perdido.<br />

9 Bd3 Bc5 10 Be4 Dh4 11 De2 de4 12 Be3<br />

Em posições abertas, deve-se (especialmente quando o desenvolvimento está atrasado), colocar o Rei a<br />

salvo dos ataques, o indicado aqui seria 12 0-0.<br />

12 ... Bg4 13 Dc4<br />

As Brancas buscam a salvação com o contra-ataque, pois 13 Dd2 perdem em seguida por 13 ... Td8.<br />

Assim nasce um furioso jogo de combinação, oferecendo as melhores possibilidades de combinar ao lado<br />

que tenha mais peças em jogo.<br />

13 ... Be3! 14 g3<br />

Seria bonito: 14 Dc6+ Bd7 15 Da8+ Re7 16 g3! Bf2+ 17 Rf2 e3+ 18 Re1 (Se 18 Rg1, segue 18 ... e7)<br />

Db4+ 19 c3 Db2 20 Dh8 Bg4, com mate inevitável.<br />

14 ... Dd8 15 fe3 Dd1+ 16 Rf2 Df3+ 17 Rg1 Bh3<br />

O mate é inevitável.<br />

18 Dc6+ Rf8 19 Da8+ Re7 (0-1)<br />

A SEGUIR:<br />

2.3. Partida nº 3<br />

New York, 1857<br />

Gambito Falkbeer<br />

Schulten x Morphy<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 8.1<br />

a2, b2, c3, d4, g3, h2, Ta1, Be2, Tf1, Df3, Rg1 x a7, b7, c7, d5, g7, h7, Te8, Tf8, Df6, Rg8<br />

Mattisson x Vukovik, Debreczen, 1925<br />

As Brancas calcularam 1 ... De7 2 Dh5 De2??, uma pausa, por que interroga duas?<br />

*****<br />

Por 3 Tf8+ Rf8 4 Tf1+ ganhando a Dama.<br />

Mas e se 4 ... Rg8?<br />

*****<br />

5 Df7+, com mate em 2.<br />

A partida transcorreu assim:<br />

1 ... De7 2 Dh5<br />

Mas as Negras encontraram um lance que obrigam as Brancas a resignarem-se. Descubra-o.<br />

72


*****<br />

É o xeque intermediário:<br />

2 ... De3+! (0-1)<br />

Se 3 Rh1 segue 3 ... De2 4 Tf8+ Rf8 e o lance Tf1+ não é possível.<br />

Diagrama 8.2<br />

b2, b3, c2, e4, g3, h2, Ca4, Rb1, Td1, Dd2, Be2, Tf1 x a6, b7, d6, e6, f6, h5, Da7, Rb8, Bd7, Td8, Be7,<br />

Th8<br />

Keres x Botwinnik, Moscou, 1956<br />

Keres encontrou uma combinação na qual teve de calcular 2 lances intermediários do adversário, além de<br />

alguns próprios.<br />

1 Tf6!!<br />

Botwinnik não pode capturar agora esta Torre. Por que?<br />

*****<br />

Se 1 ... Bf6 2 Dd6+ Ra8 (ou Rc8) 3 Cb6+, ganhando a Dama.<br />

Mas existem 2 possibilidades intermediárias:<br />

a) 1 ... Ba4<br />

O objetivo é continuar, se 2 ba4, com 2 ... Bf6. Mas Keres tem um excelente lance intermediário.<br />

Qual?<br />

*****<br />

2 Tf7!<br />

Atacando o Bispo negro indefeso de e7, conservando o Peão de vantagem.<br />

b) 1 ... b5 2 Tf7! Be8 3 Tg7 ba4 4 Db4+ Rc8 5 Td3 Td7 6 Tc3+ Rd8 7 Da5+<br />

Outra alternativa seria 4 ... Ra8 5 e5! com dupla ameaça. Descubra-as.<br />

*****<br />

6 Bf3+ e 6 ed6.<br />

Por que 5 ... d5 não funciona?<br />

*****<br />

Por 6 Te7.<br />

Observe como no cálculo prévio é indispensável lembrar que não é prudente no curso de uma<br />

combinação, cair em uma dupla ameaça se não existir a possibilidade de liberar uma delas contra ataques<br />

efetivos.<br />

Apostila 9<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

VIII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Lasker x Tarrasch, 1908<br />

Em 17Ago1908 começou em Düsseldorf o match que durante tantos anos, toda a aficção<br />

mundial estava esperando. As negociações foram longas e trabalhosas, já que entre eles existia uma<br />

evidente animosidade, principalmente por parte de Tarrasch, que jamais havia perdoado Lasker pela<br />

conquista do título mundial antes dele.<br />

73


Siegbert Tarrasch (Breslau, 1862 - Munich, 1934) foi o principal propulsor das doutrinas de<br />

Steinitz e suas principais obras, Trezentas partidas de xadrez e A moderna partida de xadrez,<br />

influenciaram poderosamente no desenvolvimento de várias gerações de enxadristas, pelo qual foi<br />

chamado de praeceptor germaniae, devido ao seu extremo dogmatismo e afã de fixar cátedra em todos os<br />

aspectos do xadrez, até o ponto em que o notável psicólogo e grande enxadrista norte-americano, Ruben<br />

Fine, referindo-se a seus artigos, afirma que deveriam chamar-se Assim fala Tarraschustra.<br />

Tarrasch possuía um orgulho excessivo sem com<strong>para</strong>ções, que lhe transformava em uma<br />

pessoa antipática, pois tinha um conceito muito elevado sobre si, subestimando todos os adversários, o<br />

que notavelmente o prejudicou. Conta-se que, antes do início do Torneio de Hamburgo, 1910, protestou<br />

com os organizadores pela inclusão do jovem inglês Yates, alegando que não tinha suficiente história <strong>para</strong><br />

participar do torneio. Objetivamente falando, ele tinha razão, mas seguramente se arrependeu mais tarde<br />

de suas palavras, pois Yates não somente ganhou-lhe uma partida, mas uma bela partida.<br />

Este aspeto negativo de seu caráter tem como contrapartida seu grande amor pelo xadrez<br />

durante toda sua vida e as belíssimas partidas que deixou <strong>para</strong> a posteridade, verdadeiras jóias do jogo de<br />

posição. A ele pertence a frase o xadrez, como a música, como o amor, tem a virtude de fazer feliz o<br />

homem, o que demonstra que Tarrasch, apesar de sua egolatria, não foi apenas um dos maiores jogadores<br />

de todos os tempos, mas também um dos mais fieis adoradores de Caissa.<br />

Quando Lasker proclamou-se Campeão Mundial, teve que reconhecer que Tarrasch contava<br />

com um histórico muito superior, pois havia vencido os importantíssimos torneios de Nuremberg, 1888;<br />

Breslau, 1889; Manchester, 1890; Dresden, 1892 e Leipzig, 1894, além disso, recusou o match com<br />

Steinitz <strong>para</strong> não prejudicar sua carreira de médico, que exerceu primeiro em Nuremberg e depois em<br />

Munich. Verdade que não venceu o match contra Tchigorin em 1893, mas devemos reconhecer que seu<br />

rival tinha autêntica categoria de Campeão Mundial, ainda que jamais houvesse sustentado o título.<br />

Depois do surgimento de Lasker no cenário internacional, havia sido superado pelo Campeão Mundial em<br />

Hastings, 1895, e Nuremberg, 1896, mas nos encontros particulares estavam empatados, pois havia<br />

ganhado na primeira ocasião, perdendo a segunda. Mais tarde obteve um triunfo impressionante no grande<br />

Torneio de Viena, 1898, onde partici<strong>para</strong>m em 2 turnos, os melhores enxadristas, com exceção do<br />

Campeão Mundial, e outro não menos notório, o Torneio de Monte Carlo, 1903.<br />

Em 1905, enfrentou Marshall em Nuremberg, que havia vencido no ano anterior, superando<br />

Lasker e todos os grandes da época, em Cambridge-Springs, derrotando-o pelo avassalador resultado de<br />

+8-1=8, com o que voltou a sentir-se o mais forte enxadrista do mundo, segundo o que manifestou: Após<br />

minha última e maior atuação, não vejo motivos <strong>para</strong> reconhecer alguém superior a mim no mundo<br />

enxadrístico. Seguramente foi mais difícil vencer o jovem Marshall, novo gênio americano em ascensão,<br />

que ao velho Steinitz. Estou disposto a jogar com Lasker sob condições iguais, mas não vou desafia-lo,<br />

isto o faz somente quem não é famoso e conquistou poucos títulos”.<br />

A estas palavras Lasker enfrentou Marshall, vencendo por um placar superior ao obtido por<br />

Tarrasch, com o qual a rivalidade aumentou ainda mais. A comissão organizadora do Campeonato<br />

Mundial fez com que ambos fizessem as pazes, concordando Lasker em celebrar um encontro prévio,<br />

afirmando não sentir rancor de seu rival. Quando Tarrasch aproximou-se de Lasker, disse-lhe com rosto<br />

carrancudo: A você, doutor Lasker, só tenho que dizer-lhe duas palavras: xeque mate!<br />

O vencedor do match seria aquele que primeiro conseguisse oito vitórias e realizou-se em<br />

Düsseldorf (onde foram jogadas as quatro primeiras partidas) e Munich (as restantes), e resultou numa<br />

amarga derrota <strong>para</strong> Tarrasch, pois poucas vezes não cumpriu o que prometeu, já que venceu somente três<br />

partidas, enquanto foi derrotado em oito, com cinco empates.<br />

74


Após esta derrota, Tarrasch participou de torneios até 1928, e ainda que produzindo notáveis<br />

partidas, não venceu torneios importantes. Em 1911 enfrentou Schlechter em um emocionante encontro,<br />

em Colônia, com o qual empatou em +3-3=10; em 1916, derrotou Mieses, em Berlim, por +7-2=4, e neste<br />

mesmo ano, voltou a enfrentar Lasker em um match amistoso, em benefício às vítimas da Guerra, e o<br />

resultado foi mais adverso que o anterior, perdendo por<br />

+0-5=1.<br />

Deve-se reconhecer que Tarrasch, apesar de ter sido um dos mais notáveis enxadristas de<br />

todos os tempos, teve o triplo azar de não enfrentar Steinitz, não enfrentar Lasker em sua melhor fase (que<br />

foi no final do século), e haver coincidido sua carreira com a de um dos maiores gênios de toda a história<br />

do xadrez.<br />

Lasker iniciou o match com as Brancas.<br />

Lasker x Tarrasch<br />

Düsseldorf e Munich, 17Ago - 30Set1908<br />

1 2 3 4 5 6 7 8<br />

Lasker 1 1 0 1 1 ½ 1 ½<br />

Tarrasch 0 0 1 0 0 ½ 0 ½<br />

9 10 11 12 13 14 15 16 Tot<br />

Lasker ½ 0 1 0 1 ½ ½ 1 10,5<br />

Tarrasch ½ 1 0 1 0 ½ ½ 0 5,5<br />

ABERTURAS N° DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Francesa 6, 7, 9, 11 4 25,0<br />

Ruy Lopez 1, 2, 3, 4, 5, 8, 10, 12, 14, 16 10 62,5<br />

Tarrasch 13, 15 2 12,5<br />

A SEGUIR:<br />

IX Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Lasker x Janowski, 1909<br />

FINAIS I<br />

3.5. Rei e dois Peões x Rei e dois Peões<br />

É grande o número de empates, mas há posições de ganho instrutivas.<br />

Diagrama: d5, e5, Rf5 x a7, b7, Re7<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Infiltrar o Rei na 6ª e promover o Peão.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

a) 1 d6+ Rd8 2 e6 a5 3 Rf6 a4 4 Rf7 a3 5 e7+ Rd7 6 e8D+ (1-0)<br />

75


) 1 d6+ Rd8 2 Re6 a5 3 d7 a4 4 Rd6 a3 5 e6 a2 6 e7++ (1-0)<br />

Diagrama: a4, b5, Rd3 x a5, Re5, g5<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Peão passado defendido ganha com facilidade. O Rei negro não pode sair do quadrado do Peão branco<br />

de b. As Brancas ganham o Peão passado preto e a posição resultante é semelhante ao final Rei e dois<br />

Peões x Rei e Peão, com vitória branca.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Re3 Re6 2 Re4 Rd6 3 Rf5 (1-0)<br />

Diagrama: a4, f4, Rc4 x c5, f5, Rd6<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Sacrificar o Peão passado branco, <strong>para</strong> capturar os outros do inimigo, chegando a um final vencedor de<br />

Rei e Peão x Rei.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 a5 Rc6 2 a6 Rb6 3 a7 Ra7 4 Rc5 Rb7 5 Rd6 Rc8 6 Re6 Rd8 7 Rf5 Re7 8 Rg6 (1-0)<br />

Diagrama: b4, d4, Rh4 x c6, d6, Rh6<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Forçar um Peão passado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 d5! cd5 2 b5 (1-0)<br />

Diagrama: b4, d4, Rh4 x c6, d6, Rh6<br />

1 ... ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Impedir a formação do Peão passado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... d5! (=)<br />

Diagrama: b3, c4, Re3 x b4, c5, Re6<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Manter a oposição e tomar o Peão bloqueador.<br />

76


PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Re4<br />

Oposição vertical.<br />

1 ... Rd6 2 Rf5 Rd7 3 Re5 Rc6 4 Re6<br />

Oposição horizontal.<br />

4 ... Rc7 5 Rd5 Rb6 6 Rd6 (1-0)<br />

Obtendo oposição horizontal, ganhando o Peão e o final.<br />

Diagrama: b3, c4, Re3 x b4, c5, Re6<br />

1 ... ? (=)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão c4 está defendido, logo, as Negras conseguem apenas o empate.<br />

Observe que no caso anterior, o Peão negro de c não tinha a proteção de outro Peão.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Re5 2 Rd3 Rf4 3 Rd2!!<br />

Contra qualquer lance negro as Brancas ganham a oposição e empatam.<br />

a) 3 ... Re4 4 Re2! Rd4 5 Rd2 (=)<br />

b) 3 ... Rf3 4 Rd3 (=)<br />

Diagrama: b4, h4, Rd2 x b5, h5, Re8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Ganhar a oposição e capturar o Peão b.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Re2!<br />

Oposição distante (Rei na mesma coluna do Rei inimigo e se<strong>para</strong>do por um número ímpar de casas).<br />

1 ... Rd7 2 Rd3!<br />

Oposição distante.<br />

2 ... Re7 3 Re3<br />

Repete-se a manobra.<br />

3 ... Re6 4 Re4<br />

Agora o ganho é fácil.<br />

4 ... Rd6 5 Rd4 Rc6 6 Re5 Rc7 7 Rd5 Rb6 8 Rd6 Rb7 9 Rc5 Ra6 10 Rc6 (1-0)<br />

E se 1 ... Rd8?<br />

*****<br />

2 Rf3 Re7<br />

Evitando Rf4 e Rg5.<br />

3 Re3! (1-0)<br />

E repete-se a variante principal.<br />

77<br />

A SEGUIR:<br />

3.6. Rei e três Peões x Rei e dois Peões


TÁTICA I<br />

4. ATAQUE DUPLO DE CAVALO NO REI E A DAMA<br />

O salto do Cavalo torna-se perigoso quando permite atacar 2 peças ao mesmo tempo, como o<br />

Rei e a Dama. Uma delas se livra (no caso o Rei), mas a outra...<br />

Diagrama: a3, b2, c3, e3, f2, g3, h2, Bc4, Td2, Te1, Cf3, Rg1, Dh4 x a7, b6, c5, f7, g7, h6, Tb8,<br />

Dc6, Bd8, Re8, Cf6, Th8<br />

1 Bf7+ Rf7?<br />

Por que interroga? O que você jogaria de Brancas?<br />

*****<br />

Porque coloca o Rei e a Dama na casa conjugada do Cavalo em e5.<br />

2 Ce5+ (1-0)<br />

Diagrama: Dd1, Td3, Ce4, f3, g4, Rh3, h4 x Db7, Bd6, Td8, e5, e7, Rf7<br />

1 ?<br />

Que plano você seguiria nesta posição?<br />

*****<br />

Dama e Rei estão na casa conjugada do Cavalo em d6. Após uma série de trocas deve-se chegar a um<br />

final com peça a mais.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Td6 ed6 2 Dd6 Td6 3 Cd6+ (1-0)<br />

Diagrama: Bd3, Ce5, Rf6, g4 x Db8, c7, Re8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Atrair o monarca negro <strong>para</strong> f8 ou d8, ambas casas conjugadas ao ataque de Cavalo ao Rei e à Dama<br />

vencendo pelo Peão passado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bg6+ Rd8 2 Cc6+ (1-0)<br />

Se 1 ... Rf8 2 Cd7+ (1-0)<br />

Diagrama: a3, b4, c5, e4, f4, g7, Re3, Df3, Cf5 x a7, b6, c7, Ce6, Re8, Dg6, Th5<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Atrair a Dama e Rei <strong>para</strong> h5 e e6 respectivamente <strong>para</strong> executar o duplo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dh5! Dh5<br />

E se 1 ... Df7 ?<br />

*****<br />

2 g8D+ (1-0)<br />

78


2 g8D+ Rd7 3 De6+! Re6 4 Cg7+ R joga 5 Cg7 (1-0)<br />

New York, 1857<br />

Gambito Falkbeer<br />

Schulten x Morphy<br />

A SEGUIR:<br />

5. Ataque duplo de Peão (Garfo)<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

2.3. Partida nº 3<br />

1 e4 e5 2 f4 d5 3 ed5 e4 4 Cc3 Cf6 5 d3 Bb4 6 Bd2 e3!<br />

O sacrifício de Peão com objetivo posicional. Morphy, após reconhecer que em situações abertas, antes de<br />

tudo deve-se apressar o desenvolvimento, ainda teve que ir mais longe, ou seja, convencer-se da<br />

necessidade de criar uma posição mais aberta possível quando se tem vantagem em desenvolvimento,<br />

trocando Peões, quebrando a cadeia de Peões inimigos e, como última conseqüência, se conveniente,<br />

sacrifícios, afim de obter mais colunas abertas <strong>para</strong> suas peças. Neste caso, Morphy sacrificou seu Peão e<br />

<strong>para</strong> obter mais rápido a coluna e do que seu rival.<br />

7 Be3 0-0 8 Bd2 Bc3 9 bc3 Te8+ 10 Be2 Bg4 11 c4<br />

Neste e no próximo lance, as Brancas não deveriam segurar, tão temerosas, a maioria de Peões.<br />

11 ... c6<br />

Abrindo o jogo, pois está mais bem desenvolvido.<br />

12 dc6 Cc6 13 Rf1 Te2! 14 Ce2 Cd4 15 Db1 Be2+ 16 Rf2 Cg4+ 17 Rg1<br />

Mate em 7.<br />

*****<br />

17 ... Cf6+ 18 gf3 Dd4+ 19 Rg2 Df2+ 20 Rh3 Df3+ 21 Rh4 Ch6 22 Dg1 Cf5+ 23 Rg5 Dh5++<br />

(0-1)<br />

A SEGUIR:<br />

2.4. Partida nº 4<br />

New York, 1857<br />

Partida Francesa<br />

Morphy x Meek<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 9.1<br />

a3, b4, e3, f2, h2, Ba5, Td3, Be2, Rg1 x a7, d6, e5, f6, f7, Ba6, Ta8, Cb8, Re7<br />

V. Vukovic<br />

1 ?<br />

Após 1 Td2 Be2 2 Td2 Cc6 as Brancas ficam em leve inferioridade. Por isso e com o desejo de conservar<br />

o par de Bispos, jogaram:<br />

1 Bf3?<br />

Calculando que uma vez eliminadas as Torres, a posição estaria mais ou menos equilibrada. Mas as<br />

Negras encontraram um belo lance intermediário:<br />

1 ... e4!!<br />

Cujo objetivo é difícil descobrir. Seguiu:<br />

79


2 Be4 Cc6!<br />

E agora é mais fácil compreender este segundo lance intermediário. O que contestariam as Negras se 3<br />

Bc6 ?<br />

*****<br />

3 Tg8+ (xeque intermediário) seguido de 4 ... Bd3.<br />

Continuando:<br />

3 Tc3<br />

Ou 3 Td5 Tg8+ 4 Rh1 Bc4 (ou 4 Bg2 Bc4 5 Th5 Be2 6 Tf5 Bd3 e 7 ... Be4) 5 Th5 d5! 6 Bd5 Ca5.<br />

3 ... Tg8+ 4 Rh1 Ca5 5 Tc7+ Re6 6 Ta7<br />

Com esta manobra, as Brancas atacam 2 peças e chegariam a salvar-se as Negras se não tivessem efetuado<br />

oportunamente 1 ... e4!!<br />

O que você jogaria de Negras?<br />

*****<br />

6 ... Cb3 7 Ta6 Cc5<br />

Ficando as Negras com uma peça de vantagem.<br />

Diagrama 9.2<br />

a2, e3, f2, g2, h2, Cb5, Tc1, Tc2, De2, Rg1 x a7, c3, f7, g7, h7, Db6, Tc5, Cd5, Td8, Rg8<br />

Moscou, 1914<br />

Bernstein x Capablanca<br />

1 ?<br />

As Brancas acreditaram que o Peão e poderia ser capturado impunemente:<br />

1 Cc3<br />

Observe que são inócuas as Torres negras dobradas em c: 1 ... Tdc8 2 Cd1<br />

Seguiu:<br />

1 ... Cc3 2 Tc3 Tc3 3 Tc3<br />

E se 3 ... Db1+ ?<br />

*****<br />

4 Df1, evitando 4 ... Td1 por 5 Tc8+<br />

Mas a análise citada é superficial, pois as Negras ganham. Como?<br />

*****<br />

3 ... Db2! 4 Tc2 Db1+ 5 Df1 Dc2 (0-1)<br />

Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,<br />

Barcelona - Espanha<br />

Pág. 24-25<br />

Apostila 10<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

IX CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Lasker x Janowski, 1909<br />

No ano seguinte ao que derrotou Tarrasch, Lasker participou do Torneio de San<br />

Petesburgo, empatando em 1° lugar com Rubinstein, de quem perdeu neste torneio. Se<br />

alguma crítica pode ser feita a Lasker como Campeão Mundial, é de não ter dado oportunidade<br />

80


a Rubinstein nesta época ou em 1912, já que ganhou de forma impressionante os torneios de<br />

Vilna, San Sebastian, Breslau (com Duras) e Pistyan.<br />

Em fins de 1909, David Janowski (Walkowisk - Polônia, 1868 * Hyeres - França,<br />

1927), um jogador de origem judia que havia migrado em sua juventude <strong>para</strong> a França, teve<br />

sua oportunidade graças a seu protetor Nardus, grande amante do xadrez e do jogo brilhante,<br />

ao estilo de Morphy, que era o que praticava Janowski.<br />

Janowski foi muito temperamental, que amava o risco e odiava o empate. Sempre<br />

buscava a vitória o que muitas vezes lhe custou a partida. Seu estilo era veemente e suas<br />

combinações harmoniosas; desprezava o final, pois afirmava que uma partida bem jogada<br />

terminava no Meio Jogo. Tinha obsessão pelo ataque direto e pela conservação do Bispo do<br />

Rei, que era <strong>para</strong> ele "a alma de seu jogo”. Chegou a derrotar em belas partidas os melhores<br />

de seu tempo, como Steinitz, Tarrasch, Pillsbury, Rubinstein, Schlechter, Marshall,<br />

Capablanca, Alekhine.<br />

Sua carreira enxadrística foi longa e obteve importantes triunfos como suas vitórias<br />

nos torneios: Montecarlo, 1901; Hannover, 1902 e Barmen, 1905 (com Maroczy). Em matches<br />

venceu: Winawer, Viena, 1896, por +5-2=0; Walbrodt, Berlim, 1897, por +4-2=2; Showalter,<br />

New York, 1899, por +7-2=4; Marshall, Paris, 1905, por +5-8=4,etc.<br />

Após a derrota diante de Marshall, em 07Mar1905 escreveu uma carta a este que<br />

foi publicada em La Strategie que dizia: "Senhor Marshall. Estimo que o resultado de nosso<br />

match está longe de ter demonstrado nossas forças, pois na maioria das partidas deixei<br />

escapar algumas vezes a vitória e outras, o empate, pelo que estou convencido que poderia<br />

ter vencido facilmente. Tenho, pois a honra de desafiar-lhe a um novo match de revanche com<br />

as seguintes condições: vencerá quem ganhe, primeiro, dez partidas, os empates não contam.<br />

Eu ofereço a vantagem de quatro partidas, ou seja, minhas quatro primeiras vitórias não<br />

contam...”.<br />

Pouco antes de disputar o título mundial, havia enfrentado Lasker em um amistoso<br />

de quatro partidas, finalizado com duas vitórias <strong>para</strong> cada lado, o que incentivou o patrocínio<br />

de Nardus. Após o confronto-mor, Janowski decepcionou-se, pois o estilo metódico de Lasker<br />

se impôs facilmente no encontro de dez partidas. Apesar do título ter se confirmado na sétima<br />

partida, eles jogaram as três restantes.<br />

81<br />

Lasker x Janowski<br />

Paris, 19Out - 09Nov1909<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TOT<br />

Lasker ½ 1 1 1 1 0 1 ½ 1 1 8,0<br />

Janowski ½ 0 0 0 0 1 0 ½ 0 0 2,0<br />

Lasker iniciou o match com as Brancas.<br />

ABERTURAS N° DAS<br />

PARTIDAS<br />

TOTAL %<br />

Quatro<br />

Cavalos<br />

2,4,6,8 4 40<br />

Ruy Lopez 1,3,5,7,9 5 50<br />

Siciliana 10 1 10


A SEGUIR:<br />

X Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Lasker x Schlechter, 1910<br />

FINAIS I<br />

3.6. Rei e três Peões x Rei e dois Peões<br />

É mais fácil ganhar com três Peões contra dois Peões do que com dois Peões<br />

contra Peão. Geralmente reduz-se aos casos anteriores.<br />

Diagrama: f5, g5, h5, Re5 x g7, h7, Re7<br />

(1-0)<br />

As Brancas ganham com ou sem o lance!<br />

a) Jogando o Negro<br />

PLANO<br />

*****<br />

Formar um Peão passado, apoiando seu avanço com o Rei.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

a.1) 1 ... Rf7 2 g6+ Rg8 3 Re6 Rh8 4 Rf7 hg6 5 h6! gh6 6 fg6 (1-0)<br />

a.2) 1 ... g6 2 hg6 hg6 3 f6+ Re8 4 Re6 (1-0)<br />

b) Jogando o Branco<br />

PLANO<br />

*****<br />

Manobrar através da triangulação <strong>para</strong> infiltrar o Rei em f7 apoiando o avanço do Peão.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 g6 h6 2 Re4 Rf6 3 Rf4 Re7 4 Re5 Re8 5 Re6 Rf8 6 Rd7 Rg8 7 Re7 Rh8 8 f6 gf6 9 Rf7 (1-0)<br />

As Brancas dão mate em dois.<br />

Diagrama: a3, b4, c5, Rd5 x a6, b5, Rd7<br />

1? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Valorizar o Peão passado, infiltrar o Rei em b6 e tomar os Peões inimigos.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 c6+ Rc7 2 Rc5 Rc8 3 Rb6 Rb8 4 Ra6 Rc7 5 Rb5 (1-0)<br />

Diagrama: a2, b2, c2, Rg2 x Rb7, g7, h7<br />

1? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Avançar os Peões em linha e segurar os Peões negros com o Rei.<br />

PROCEDIMENTO<br />

82


*****<br />

1 a4 h5 2 b4 g5 3 c4 h4 4 Rh3 Rb6 5 a5+ Ra6 6 c5 Rb5 7 Rg4<br />

Forçando o Rei negro a abandonar sua posição.<br />

7 ... Ra6 8 c6 Ra7 9 b5 Rb8 10 b6 Rc8 11 a6 Rb8 12 c7+ Rc8 13 a7 Rb7 14 a8D+ Ra8 15<br />

c8D++ (1-0)<br />

Diagrama: a4, b3, g4, Rc3 x a5, g5, Rc5<br />

1? (+-)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Formar um Peão passado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 b4+! ab4+ 2 Rb3 R move 3 Rb4 (1-0)<br />

Observe que se 1 Rc2? Rc6 (1...Rb4 2 Rb2 Rc5 3 Rc3, ganhando como na linha principal) 2<br />

Rd3 Rd5 (=)<br />

Diagrama: a2, b3, h4, Rg3 x b4, f6, Rg6<br />

Kmoch x Scheltinga, Amsterdam, 1936<br />

1 ... ? (=)<br />

Se jogassem as Brancas, a vitória seria fácil com 1 Rf4!<br />

PLANO<br />

*****<br />

Avançar o Rei <strong>para</strong> apoiar a promoção do Peão do Peão ao mesmo tempo que o Branco.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Rf5! 2 Rf3 Re5! 3 Rg4!<br />

Analise 3 h5.<br />

*****<br />

3 h5? Rf5, ganhando o Peão.<br />

Continuando a analise principal...<br />

3 ... Re4 4 h5 f5+ 5 Rg3 Re3 6 h6 f4+ (=)<br />

A SEGUIR:<br />

3.7. Rei e três Peões x Rei e três Peões<br />

TÁTICA I<br />

5. ATAQUE DUPLO DE PEÃO (“GARFO”)<br />

Diagrama: a2, f2, Rb1, Bb2, Tc1 x Rb4, Te4, Cg4<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Cavalo e Torre estão em posição de garfo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 f3 (1-0)<br />

83


Diagrama: c3, d2, h3, Tc8, Tc7, Re3 x b6, c5, Dd5, Re5<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Atrair a Dama <strong>para</strong> c5, ficando caracterizada a posição de garfo com o Rei.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tc5! bc5 2 Tc5! Dc5 3 d4+ Rd5 4 dc5 Rc5 5 h4 (1-0)<br />

As Brancas promovem um dos Peões.<br />

Diagrama: f5, Rf3, Bh3 x e7, Bb6, Dd7, Rf7<br />

1 ... ?<br />

As Negras esquecem uma particularidade do movimento do Peão e jogam 1 ... e4??, com o<br />

que as Brancas empatam uma partida perdida. Como?<br />

*****<br />

2 fe6 e.p.<br />

Diagrama: b4, c5, e5, Db2, Te2, Rf1 x d7, Dc7, Re6, Te7, Ch8<br />

1 ... ?<br />

Outro esquecimento negro: 1 d5??. O que você joga de Brancas?<br />

*****<br />

2 ed6 e.p.+ (1-0)<br />

Ataque simultâneo a quatro peças.<br />

Diagrama: a4, b2, e4, f3, g2, h3, Th6, Re1 x a7, e5, g5, h5, Bb6, Rf4, Th4<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Possibilidade de garfo em g3, simplificação na ala Rei e formação de Peão passado na ala<br />

Dama.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tb6! ab6 2 Rf2<br />

O que pretende o Branco?<br />

*****<br />

3 g3++(1-0)<br />

Continuando a analise principal...<br />

2 ... g4<br />

Analise 2 ... Th3<br />

*****<br />

Se 2 ... Th3, então 3 gh3 g4 4 hg4 hg4 5 fg4 seguido de b4 e a5, ganhando.<br />

Continuando a analise principal...<br />

3 g3+ Rg5 4 gh4 Rh4 5 hg4 hg4 6 fg4 Rg4 7 Re3 Rg5 8 b4 Rf6 9 a5 ba5 10 ba5 (1-0)<br />

84<br />

A SEGUIR:<br />

6. Sacrifício de Dama


New York, 1857<br />

Partida Francesa<br />

Morphy x Meek<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

2.4. Partida nº 4<br />

1 e4 e6<br />

Levando em consideração a desvantagem negra da saída, estas deveriam, desde o começo,<br />

entorpecer a ação das Brancas, impedindo-as de abrir o jogo, já que o jogo aberto favorece<br />

sempre quem está melhor desenvolvido. Entre as defesas fechadas, a Partida Francesa é a<br />

mais antiga.<br />

2 d4 c5<br />

O correto é 2 ... d5. Com o lance do texto, as Brancas conseguem preponderância no centro.<br />

3 d5 e5<br />

De maneira geral, Morphy não jogava partidas fechadas tão bem como as abertas, mas o<br />

lance do texto que é perda de tempo, dá oportunidade de abrir o jogo com vantagem.<br />

4 f4 d6 5 Cf3 Bg4 6 fe5 Bf3<br />

Novamente uma perda de tempo. Antes da troca, as Brancas tem uma peça em f3, as Negras<br />

uma em g4. Após a troca, a peça negra desapareceu, enquanto que a branca, é substituída<br />

por outra.<br />

7 Df3 de5 8 Bb5+ Cd7 9 Cc3 Cf6 10 Bg5 Be7 11 d6!<br />

O sacrifício de Peão típico de Morphy, com a intenção de abrir uma coluna, decide aqui em<br />

seguida.<br />

11 ... Bd6 12 0-0-0 (1-0)<br />

Meek abandona porque perde uma peça.<br />

A SEGUIR:<br />

2.5. Partida nº 5<br />

New Orleans, 1858<br />

Gambito Evans<br />

Morphy x Aficionado<br />

(Uma das seis partidas simultâneas às cegas)<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 10.1<br />

a2, b2, d4, f2, g2, h2, Db3, Tc1, Cc5, Te1, Ce5, Rg1 x a6, b5, e6, f7, g7, h6, Ta8, Bb7, De7,<br />

Cf6, Tf8, Rg8<br />

Simagin x Beylin, 1946<br />

Simagin entrou na combinação:<br />

1 Cg6? fg6 2 Te6 Df7 3 Cb7<br />

Supunha Simagin que recuperava a peça ganhando um Peão (se 3 ... Db7 4 Tf6+). Sem<br />

dúvidas, o cálculo foi superficial, pois esquecia a debilidade de seu Peão f, que permitiu um<br />

decisivo contra-ataque com base no lance intermediário:<br />

3 ... Cd5!<br />

A Dama branca não pode tomar o Cavalo. Por que?<br />

*****<br />

Se 4 Dd5 Df2+, com mate a seguir.<br />

85


4 Te2 Db7 5 Tc5 Tad8 6 Te5<br />

Reaparece o tema anterior.<br />

6 ... Df7!<br />

Descravando o Cavalo e vencendo rapidamente.<br />

Diagrama 10.2<br />

a2, c3, c4, d3, e2, f2, g3, h2, Ta1, Dd2, Be3, Tf1, Cf5, Rg1, Bg2 x a7, b6, c7, d6, e4, f7, g7,<br />

h6, Ta8, Bb7, Cb8, Dd7, Te8, Cf6, Rh7<br />

Hostinsky x Thelen<br />

Brno, 1941<br />

Hostinsky considerara um erro o último lance negro (Dama de d8 <strong>para</strong> d7) e decide-se por uma<br />

combinação que parecia beneficia-lo:<br />

1 Cg7 Rg7 2 Bh6+ Rh7 3 Dg5 Tg8 4 Df6 Tg6 5 Df4 Th6 6 Be4+ Be4 7 De4+ Rg7 8 Da8<br />

Estes 8 lances, evidentemente forçados foram calculados exatamente. Mas na posição<br />

resultante fica mais latente que Hostinsky não previu: a Dama branca pode ser desconectada<br />

momentaneamente do setor de luta e as Negras podem aproveitar esta circunstância <strong>para</strong><br />

iniciar um poderoso contra-ataque baseado no forte lance ... Dh3.<br />

8 ... c6!<br />

E se 9 Db8 ?<br />

*****<br />

O mate é inevitável com 9 ... Dh3<br />

O melhor é continuar com 9 h4 Th8, mas as Brancas, após ... Ca6 teriam que sacrificar a<br />

Dama em troca da Torre inimiga. O material torna-se superior ao Negro, que deve vencer pela<br />

difícil atividade de jogo das Torres brancas.<br />

9 Tfb1 Dh3<br />

Era preferível 9 ... Th8.<br />

O que ameaçam as Negras?<br />

*****<br />

Mate em dois: ... Dh2 e ... Dh1++.<br />

10 e3 Dh2+ 11 Rf1 Tf6! 12 Tb2<br />

Ou 12 f4 Tg6 e contra 13 ... Tg3 não há defesa.<br />

12 ... Dh1+ 13 Re2 Da1 14 Td2 Dg1 15 f4 Te6 16 e4 Th6 17 Db8<br />

17 ... ? (+-)<br />

*****<br />

17 ... Th2+ 18 Rf3 Td2 (0-1)<br />

Apostila 11<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

X CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Lasker x Schlechter, 1910<br />

Até o momento que enfrentou Capablanca, o único match que Lasker não pôde ganhar foi<br />

contra Schlechter, em Viena e Berlim no ano de 1910, que finalizou a +1-1=8, após o qual Schlechter se<br />

denominou Campeão de meio mundo.<br />

86


Sobre este encontro, que foi dos mais emocionantes de todos os tempos, muito se escreveu,<br />

mas na maioria das vezes, sem suficiente conhecimento de causa, pois as condições do match eram de que<br />

o aspirante deveria vencer por dois pontos de vantagem <strong>para</strong> proclamar-se novo Campeão. Isto explica a<br />

dramática 10ª partida, onde Schlechter jogou <strong>para</strong> vencer, pois o empate não era suficiente. Mas Lasker,<br />

com seu característico sangue frio driblou os obstáculos e acabou vencendo. Talvez soem estranhas as<br />

condições do match, mas Lasker fez esta proposta a Capablanca, pouco depois deste encontro.<br />

Naturalmente a proposta não era justa, mas não podemos esquecer que naquela época, o Título era quase<br />

propriedade de quem o possuía e não existia órgão algum que emitisse normas, como mais tarde o fez a<br />

Federação Internacional. Lasker havia se impressionado terrivelmente com o fim de Steinitz (na miséria) e<br />

<strong>para</strong> evitar que lhe acontecesse o mesmo, sempre exigiu elevados honorários <strong>para</strong> sua participação em um<br />

torneio, match ou exibição. Levando isto em consideração podemos, imparcialmente, compreender a<br />

posição de Lasker.<br />

O encontro com Schlechter foi emocionante, mas Lasker não teve muita sorte, pois a única<br />

partida que perdeu (a quinta) lhe era muito favorável, <strong>para</strong> não dizer completamente ganha.<br />

Antes deste match, ambos haviam se enfrentado em 7 ocasiões, com 3 vitórias de Lasker, 1<br />

derrota e 3 empates. Em todos os torneios, o Campeão Mundial havia superado seu rival na classificação<br />

final e depois somente se encontraram no Torneio de Berlim, 1918, vencido por Lasker, onde superou<br />

Schlechter em uma partida, empatando a outra. Logo não se pode negar que a superioridade de Lasker foi<br />

sempre visível.<br />

Karl Schlechter (Viena, 1874 - Budapest, 1918), cujo apelido traduzido significava O Pior,<br />

era de origem judia e foi conhecido como o Rei dos Empates, pois do total de partidas que jogou em<br />

torneios e matches empatou uma elevada porcentagem.<br />

Foi um homem extremamente amável e modesto. Diziam que evitava ganhar uma partida se o<br />

adversário ficasse ofendido. Isto não deixa de ser um exagero, mas em 1893, disputou em Viena um<br />

match com Marco, finalizando em 10 partidas empatadas.<br />

A característica de seu jogo era a segurança e acreditava que o importante era não perder, pois<br />

com os empates também se somam pontos valiosos <strong>para</strong> a classificação em torneios. Muitos acreditavam<br />

que o jogo de Schlechter era inofensivo por excelência, mas, sem dúvida, isto está longe de ser verdade, já<br />

que recebeu prêmios de brilhantismo em várias ocasiões e produziu em outras partidas, combinações<br />

inesquecíveis.<br />

outros:<br />

87<br />

Em torneios sempre se classificou entre os primeiros, vencendo os Torneios a seguir, entre<br />

Munich, 1900 com Pillsbury e Maroczy<br />

Coburg, 1904 com Bardeleben e Swiderski<br />

Ostende, 1906<br />

Viena, 1908 com Duras e Maroczy<br />

Praga, 1908 com Duras<br />

Hamburgo, 1910<br />

Seus mais importantes matches, além de Lasker, foram:<br />

Janowski Carlsbad, 1902 +6-1=3<br />

Tarrasch Colonia, 1911 +3-3=10


lados.<br />

Rubinstein Berlim, 1918 +1-2=3<br />

Sua morte foi ocasionada por privações sofridas durante a I Guerra Mundial.<br />

Lasker x Schlechter<br />

Viena e Berlim, 07Jan - 10Fev1910<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tot<br />

Lasker ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½ ½ 1 5<br />

Schlechter ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½ ½ 0 5<br />

Schlechter começou o match de Brancas.<br />

ABERTURA Nº DAS TOTAL %<br />

S<br />

PARTIDAS<br />

Eslava 10 1 10<br />

Ruy Lopez 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8 7 70<br />

Siciliana 7, 9 2 20<br />

A SEGUIR:<br />

XI Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Lasker x Janowski, 1910<br />

FINAIS I<br />

3.7. Rei e três Peões x Rei e três Peões<br />

Geralmente terminam em empate, com exceção de clara vantagem posicional <strong>para</strong> um dos<br />

Diagrama: a5, b5, c5, Rg3 x a7, b7, c7, Rg5<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Formar um Peão passado, levando em consideração que os Reis estão afastados.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 b6!<br />

Analise as duas hipóteses lógicas<br />

*****<br />

a) 1 ... cb6 2 a6! bc6 3 c6 (1-0)<br />

b) 1 ... ab6 2 c6 bc6 3 a6 (1-0)<br />

E se jogasse o Negro, qual o resultado?<br />

*****<br />

Empate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Evitar o Peão passado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

88


*****<br />

1 ... b6!<br />

Analise 1 ... a6 e 1 ... c6.<br />

*****<br />

a) 1 ... a6? 2 c6! (1-0)<br />

b) 1 ... c6? 2 a6! (1-0)<br />

2 ab6 ab6 3 cb6 cb6 (=)<br />

Diagrama: d4, g4, h3, Rg3 x d5, e6, h6, Rg8<br />

1 ... ? (1-0)<br />

1 ... Rg7<br />

PLANO BRANCO<br />

*****<br />

Infiltrar-se em e5, forçar um Peão passado na ala do Rei, <strong>para</strong> depois sacrifica-lo em troca dos dois<br />

negros centrais. Observe como o Peão d vale por dois.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Rf4 Rf6 3 h4 Rf7 4 Re5 Re7 5 g5 hg5 6 hg5 Rf7 7 g6+<br />

Manobra típica em finais de Peões: troca de um Peão por dois.<br />

7 ... Rg6 8 Re6 Rg7 9 Rd5 Rf7 10 Rf6 (1-0)<br />

Diagrama: a3, f4, h2, Rc2 x f6, g7, h7, Rg8<br />

Bogoljubow x Fine<br />

Zandvoort, 1936<br />

1 ... ? (=)<br />

PLANO<br />

*****<br />

A priori o Peão a parece ser muito forte por ser passado, mas as Negras sacrificam os Peões da ala do<br />

Rei de maneira a simplificar o final <strong>para</strong> Rei e Peão x Rei, com Peão de Torre e posição de empate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Rf7 2 Rd3 Re6 3 Re4 g6!<br />

Impedindo f5, com vitória branca.<br />

4 Rd4 Rd6 5 Rc4 h6<br />

Ameaçando o que?<br />

*****<br />

6 ... g5 e se 7 fg5, então 7 ... hg5! 8 Rd4 f5, seguido de ... f4, terminando com a esperança de vitória das<br />

Brancas.<br />

Continuando...<br />

*****<br />

6 Rd4 Rc6<br />

Analise 6 ... g5.<br />

*****<br />

6 ... g5? 7 Re4 (1-0)<br />

Continuando...<br />

*****<br />

7 Re4 Rb5 8 Rd5 g5!<br />

O lance do empate.<br />

89


Continuando...<br />

*****<br />

9 fg5 fg5! 10 Re5 Ra4 11 Rf5 Ra3 12 Rg6 Rb4 13 Rh6 g4! (=)<br />

Observe que o Negro atinge f8.<br />

Analise 4 a4 ao invés de 4 Rd4.<br />

*****<br />

4 a4 Rd6 5 a5 Rc5 6 a6 Rb6 7 Rd5 g5! 8 f5 h5 9 Re6 h4 10 Rf6 g4 11 Re6 g3 12 hg3 hg3 13 f6 g2 14 f7<br />

g1D 15 f8D Ra6 (=)<br />

A SEGUIR:<br />

3.8. Rei e quatro Peões x Rei e três Peões<br />

TÁTICA I<br />

6. SACRIFÍCIO DE DAMA<br />

São muito freqüentes em ataques ao roque.<br />

Diagrama: g3, h4, Ra4, Bc4, De4, Be5 x a7, b7, c6, g5, h6, Rc8, Cd7, Td8, Tf7, Cf8, Dg8<br />

1? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Desobstruir a diagonal a6-c8, <strong>para</strong> então se dirigir com o Bispo <strong>para</strong> a6, dando mate com o par de<br />

Bispos.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dc6+ bc6 2 Ba6++(1-0)<br />

Diagrama: a2, f2, f5, g7, h2, Bd3, Cf3, Tg1, Tg3, Rh1, Dh6 x a7, b4, c5, e5, h7, Ca5, Bb6, Dd6,<br />

Td8, Tf7, Rg8<br />

Brancas: Anderssen<br />

Torneio de Barmen, 1869<br />

1? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Dar mate com a Torre em h8, apoiado pelo Peão g. Para conseguir o objetivo deverão ser feitos<br />

sacrifícios em h7 não esquecendo de obstruir a 6ª horizontal, impedindo que a Dama acuda o seu<br />

monarca.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dh7+ Rh7 2 f6+ Rg8 3 Bh7+! Rh7 4 Th3+ Rg8 5 Th8++ (1-0)<br />

Diagrama: a4, b2, g3, h4, Db7, Td1, Bf6, Tg5, Rh1 x a5, b6, f7, g4, h5, Dc2, Be6, Te8, Rf8, Th7<br />

Brancas: Krause<br />

1 ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

90


Atrair o Rei <strong>para</strong> g8, fazendo com que a Torre e desapareça <strong>para</strong> dar mate com a Torre entrando na 8ª<br />

horizontal.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 De7+ Te7 2 Td8 Te8 3 Tg8+! Rg8 4 Te8++ (1-0)<br />

Diagrama: a3, d3, g6, h2, Cb4, Te1, Be4, Tg1, Rh1, Dd8 x a7, c6, h5, Cc3, Dc5, Be7, Tf2, Tf6, Rg7<br />

1 ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Promoção do Peão g a custa de sacrifício de Dama <strong>para</strong> desobstruir o caminho do mesmo. quando for<br />

novamente obstruído, sacrificar o Bispo em h7, liberando então seu caminho, quando então o mate será<br />

elementar pelo domínio da coluna g.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dh8+! Rh8 2 g7+ Rg8 3 Bh7+! Rh7 4 g8D+ Rh6 5 Dh8++(1-0)<br />

Ou Dg7++.<br />

New Orleans, 1858<br />

Gambito Evans<br />

Morphy x Aficionado<br />

(Uma das 6 partidas simultâneas às cegas)<br />

A SEGUIR:<br />

7. Ataques ao Roque<br />

7.1. Ataques na coluna h aberta<br />

(Falta o Peão h)<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

2.5. Partida nº 5<br />

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4<br />

Continuam as Brancas o desenvolvimento, reservando a abertura do jogo a seu desejo, com d4 (após a<br />

pre<strong>para</strong>ção c3) ou 0-0 (acompanhado de alguns lances de pre<strong>para</strong>ção com f4).<br />

3 ... Bc5 4 b4<br />

O Gambito Evans (que levou o nome de seu criador), muito jogado no tempo de Andersen e Morphy.<br />

As Brancas planejam jogar c3, pre<strong>para</strong>ndo d4 (quebra do centro negro) e optam por executa-lo com o<br />

ganho de tempo, pois o Bispo (ou Cavalo) após ter tomado o Peão deverá retirar-se por causa do lance<br />

citado.<br />

4 ... Bb4<br />

O Gambito Evans pode ser recusado com 4 ... Bb6. O Peão avançado branco (b4) normalmente fica débil.<br />

O Bispo negro em b6 é muito eficaz.<br />

5 c3 Ba5<br />

Melhor que 5 ... Bc5 por 6 d4, perdendo mais um tempo.<br />

6 d4<br />

A continuação no estilo de gambito. As Brancas colocam às Negras duas alternativas:<br />

a) deixar intacto o centro branco<br />

b) ganhar Peões<br />

91


No segundo caso, conseguem as Negras excelente vantagem de desenvolvimento pelo jogo aberto, uma<br />

partida ao puro estilo Morphy.<br />

6 ... ed4<br />

Ou 6 ... d6 apoiando o centro e o Peão e5 <strong>para</strong>, se as Brancas seguirem com 7 de5, simplificar o jogo.<br />

Com o lance do texto, as Negras fizeram a segunda opção citada no comentário anterior.<br />

7 0-0 dc3 8 Ba3<br />

A vantagem do desenvolvimento das Brancas não é compensada pelos Peões sacrificados.<br />

Aqui deve-se jogar 8 Db3 após o qual devem as Negras seguir com 8 ... Df6 podendo continuar as<br />

Brancas o ataque com 9 e5. Mas as Negras tem à sua disposição ... Ch6, após ter jogado<br />

... Dg6.<br />

8 ... d6 9 Db3 Ch6 10 Cc3 Bc3<br />

Esta troca facilita às Brancas uma posição de ataque.<br />

11 Dc3 0-0 12 Tad1<br />

Para fazer valer sua vantagem em desenvolvimento, as Brancas devem abrir o jogo. O lance de ataque é<br />

e5, mas as Negras o impedem habilmente:<br />

12 ... Cg4 13 h3 Cge5 14 Ce5 Ce5 15 Be2!<br />

A 15 Bb3, com o objetivo de simplificar, as Negras jogam 15 ... Be6. Agora as Brancas continuam com<br />

f4, pre<strong>para</strong>ndo o jogo aberto. As Negras devem manter o jogo fechado com, por exemplo ... f6, além de ...<br />

Cg6, dominando a casa chave e5, ponto onde as Brancas pretendem abrir o jogo.<br />

15 ... f5<br />

As Negras abrem o jogo com a falsa idéia de libertar seus movimentos, mas com isto facilitam o plano<br />

branco. Provavelmente seria mais vantajoso, devido à vantagem material, a linha citada antes. Observe<br />

quantas linhas foram abertas:<br />

a) a coluna e<br />

b) a diagonal a2-g8<br />

c) a diagonal a1-h8, já que não pode ser obstruída por ...f6<br />

Com os lances 17, 18 e 19, note que Morphy se apodera destes três elementos.<br />

16 f4 Cc6 17 Bc4+ Rh8 18 Bb2 De7 19 Tde1 Tf6 20 ef5 Df8<br />

As Brancas tem a oportunidade de decidir a partida mediante uma brilhante combinação. Tente encontrala.<br />

*****<br />

21 Te8! De8 22 Df6 De7 23 Dg7+! Dg7 24 f6 Dg2+<br />

Desespero! Se 24 ... Df8, o mate é inevitável. Encontre-o.<br />

*****<br />

25 f7+ Ce5 26 fe5 h5 27 e6+ Rh7 28 Bd3+ Rh6 29 Tf6+ Rg5 30 Tg6+ Rf4 31 Rf2! (1-0)<br />

Continuando a linha principal...<br />

25 Rg2 (1-0)<br />

A SEGUIR:<br />

2.6. Partida nº 6<br />

Paris, 1858<br />

Defesa Philidor<br />

Morphy x Duque de Brunschwig e Conde Isouard<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 11.1<br />

a2, c3, d4, f2, g2, h2, Tb5, Td1, Bd3, Dd2, Cf3, Bf4, Rg1 x a7, b6, e6, f7, g7, h7, Ca5, Bb7, Tc8, Dd8,<br />

Be7, Tf8, Rg8<br />

Pachman x Neikirch<br />

Torneio Interzonal, 1958<br />

92


O ataque a h7 parece uma continuação natural.<br />

1 Cg5<br />

Pachman usou quase 45 minutos de reflexão.<br />

Neikirch dispõe da forte defesa 1 ... h6, e a continuação 2 Ch7 não é satisfatória, já que as Negras não<br />

responderiam 2 ... Te8 que permite o forte lance 3 Dg4, mas ofereceriam qualidade em troca de um Peão e<br />

um importante tempo <strong>para</strong> obter contra-jogo: 2 ... Tc3! 3 Cf8 Bf8.<br />

Mas antes de se decidir por 1 Cg5, Pachman teve de calcular a seguinte combinação: 1 ... h6 2 Ce6 fe6 3<br />

De6+ Tf7 (3 ... Rh8 4 Dg6) 4 Bg6, e as Negras tem 2 linhas de defesa:<br />

a) 4 ... De8 5 Te1!<br />

Qual a ameaça?<br />

*****<br />

Ganhar qualidade: 6 Bf7+ Df7 7 De7 Df4<br />

5 ... Te6 6 Bf7+ Df7 7 De7 Df4 8 Ta5 Tf6<br />

Qual a ameaça?<br />

*****<br />

Mate em 3: 9 ... Df2+ 10 Rh1 Df1+ 11 Tf1 Tf1++<br />

9 f3 Tg6<br />

Qual a ameaça?<br />

*****<br />

Explorar o Peão g cravado: 10 ... Df3, com ameaça de mate.<br />

10 Db7 Dd2<br />

Qual a ameaça?<br />

*****<br />

11 ... Dg2++<br />

11 Te8+ Rh7 12 g3, etc.<br />

b) 4 ... Df8!<br />

E as Brancas podem escolher entre duas respostas:<br />

b.1) 5 Bh6 Tc6<br />

E se 5 ... gh6 ?<br />

*****<br />

6 Tf5, etc.<br />

6 Df7+ Df7 7 Bf7 Rf7 8 Bd2<br />

Com vantagem material, mas com contra-jogo <strong>para</strong> as Negras após 8 ... Tg6.<br />

b.2) 5 d5<br />

Com boas perspectivas de ataque.<br />

Mas a partida seguiu assim:<br />

1 … Bg5 2 Bg5 Dd3 3 Bf6! Df4 4 De5 Dg5 5 f4 De2 6 Bh7+ Rh7 7 Dh5+ Rg8 8 Bg7 f5<br />

Desligando Torre e Dama.<br />

Por que não 8 ... Rg7 ?<br />

*****<br />

Por 9 Tg5+, etc.<br />

9 Be5<br />

Qual a ameaça ?<br />

*****<br />

10 Dg6+ seguido de mate.<br />

9 ... Cc4?? 10 Dg6+ (1-0)<br />

93


Diagrama 11.2<br />

b4, f3, g2, h2, Ta1, Bb3, Dc1, Te1, Rh1 x b5, c7, d4, f4, f7, h7, Bc3, Dc6, Cd6, Rf8, Th8<br />

Alekhine x Rohacek<br />

Munich, 1914<br />

Alekhine seguiu com 1 Df4! após analisar as 4 linhas negras: 1 ... Ba1, 1 ... Be1, 1 ... Cc4, 1 ... d3. Faça o<br />

mesmo.<br />

a) 1 ... Ba1<br />

*****<br />

2 Df6 Tg8<br />

E se 2 ... Rg8 ?<br />

*****<br />

3 Bf7+ Cf7 4 Dc6 (1-0)<br />

3 Bf7! (1-0)<br />

As Negras não tem defesa suficiente contra o lance seguinte de Bispo branco.<br />

b) 1 ... Be1<br />

Funcionaria agora a manobra 2 Df6 ?<br />

*****<br />

Não por 2 ... Tg8 3 Bf7 Bh4!<br />

Analise 2 Te1.<br />

*****<br />

As Negras conseguem boas possibilidades de defesa: 2 ... Cc4! 3 Dd4 Tg8<br />

Mas as Brancas tem linha de vitória. Encontre-a.<br />

*****<br />

2 Dh6+ Rg8<br />

E agora não se deve seguir com 3 Te1 por causa de 3 ... Dc3, mas com:<br />

3 Tc1!<br />

Se as Negras contestam com o lógico 3 ... Bc3 o que joga o Branco ?<br />

*****<br />

4 Dg5+ Rf8 (1-0), vide variante a).<br />

Continuando:<br />

*****<br />

3 ... Dd7 4 Tc5 Cf5 5 Dg5+ Cg7 6 Td5 (1-0)<br />

c) 1 ... Cc4<br />

Evitando a infiltração da Dama na 6ª horizontal e limitando ao mesmo tempo a atividade do Bispo b3.<br />

*****<br />

2 Bc4 bc4 3 De5! Tg8 4 b5! Db7 5 Dc5+ Rg7 6 Dg5+ Rg8 7 Dh6+ Tg7 8 Da6! (1-0)<br />

d) 1 ... d3<br />

*****<br />

2 Tec1 d2 3 Tc2 Da6 4 Td1 Bg7 5 Tc7 (1-0)<br />

Obs.: Esta foi a continuação que seguiu a partida.<br />

94


Apostila 12<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

XI CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Lasker x Janowski, 1910<br />

Em fins de 1910, <strong>para</strong> reabilitar-se diante da aficção mundial, Lasker não exitou em colocar<br />

novamente seu Título em jogo, oferecendo a Janowski uma nova oportunidade em Berlim.<br />

O combinado era que o primeiro que vencesse 8 partidas seria o Campeão. Mas este match<br />

não foi interessante, pois o Campeão impôs-se mais facilmente que na vez anterior, finalizando o<br />

encontro com +8-0=3.<br />

Após esta 2ª tentativa, Janowski começou a declinar, e ainda que continuasse a jogar, somente<br />

voltou a conquistar o 1º lugar no Torneio de Atlantic City, 1912.<br />

Em matches seus resultados foram:<br />

Jaffé New York +5-4=4<br />

Jaffé New York +10-4=4<br />

Showalter Lexington, 1916 +7-2=2<br />

Marshall Biarritz, 1912 +2-6=2<br />

Marshall New York, 1918 +5-7=10<br />

Ao estourar a I Guerra Mundial, se encontrava participando do Torneio de Mannheim, 1914,<br />

que foi interrompido e os participantes dos países inimigos da Alemanha ficaram presos, entre eles<br />

Alekhine (URSS). Janowski chegou a passar pela Suíça e mudar-se <strong>para</strong> os E.U.A., onde permaneceu<br />

durante vários anos participando de numerosos torneios, mas com poucos êxitos. Em 1925 voltou à<br />

França e jogou importantes torneios do Velho Continente, mas sua saúde era precária, o que fez sua força<br />

decair notavelmente, ainda que tenha obtido prêmio de beleza pela vitória diante de Sämisch no Torneio<br />

de Marienbad, 1925.<br />

Em 14Jan1927, morreu de tuberculose em Hyeres, quando se dispunha a participar de um<br />

pequeno torneio local.<br />

Janowski foi um autêntico boêmio, dedicando-se exclusivamente ao xadrez, e ainda que não<br />

tenha escrito livros, foi autor de numerosos artigos em diversos jornais e revistas, destacando a magnífica<br />

seção que redigiu <strong>para</strong> Le Monde Ilustré, de 1902 a 1908. Conta-se que tudo o que ganhava com seu<br />

talento enxadrístico perdia na roleta e outros jogos de azar.<br />

Conta-se também que um dia, cansado de jogar com seu mecenas Nardus, lhe disse: de todos<br />

os maus jogadores que conheci, nenhum é tão ruim quanto você. Foi então que finalizou a proteção que<br />

lhe havia permitido disputar o Título Mundial por duas vezes.<br />

95<br />

Lasker x Janowski<br />

Berlim, 08Nov - 08Dez1910<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Tot<br />

Lasker 1 ½ ½ 1 1 ½ 1 1 1 1 1 9,5


Janowski 0 ½ ½ 0 0 ½ 0 0 0 0 0 1,5<br />

Lasker começou o match de Brancas.<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Gambito da Dama 3 1 9,1<br />

Gambito do Rei 11 1 9,1<br />

Peão Dama - Irregular 2 1 9,1<br />

Pirc 10 1 9,1<br />

Ruy Lopez 9 1 9,1<br />

Tarrasch 1, 4, 5, 6, 7, 8 6 54,5<br />

A SEGUIR:<br />

XII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Lasker x Capablanca, 1921<br />

FINAIS I<br />

3.8. Rei e quatro Peões x Rei e três Peões<br />

O final torna-se mais fácil quanto maior o número de Peões. Assim, por exemplo, o final de<br />

Rei e três Peões x Rei e dois Peões é mais fácil que o final de Rei e dois Peões x Rei e Peão.<br />

O Peão a mais nos finais atrai o Rei inimigo, desviando-o dos outros, que serão capturados<br />

pelo Rei do lado majoritário.<br />

Este tipo de final não apresenta dificuldades, o lado majoritário deve reduzir o final a uma das<br />

posições mais simples em que o ganho é forçado.<br />

Diagrama: a2, b2, c3, d4, Rd2 x a7, b6, c6, Re4<br />

Berger<br />

1 ? (1-0)<br />

As Brancas ganham sempre. Analise 1 ... Rf4, 1 ... c5, 1 ... a6, 1 ... b5 e 1 ... a5.<br />

a) 1 ... Rf4<br />

PLANO BRANCO<br />

*****<br />

Formar o Peão passado com posição de ganho. Os Peões devem ser avançados em linha. Utilizar a<br />

oposição.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Rd3 Rf5 3 c4 Rf4 4 a4 a6 5 b4 Rf5 6 a5 ba5 7 ba5 Rf4 8 d5 cd5 9 cd5 Re5 10 Rc4 Rd6 11 Rd4 (1-0)<br />

b) 1 ... c5<br />

PLANO BRANCO<br />

*****<br />

Idem ao plano anterior.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

96


2 dc5 bc5 3 b3 a6 4 a3 a5 5 a4 Re5 6 Re3 Rd5 7 Rd3 c4+ 8 bc4+ Rc5 9 Rd2! Rc4 10 Rc2<br />

(1-0)<br />

c) 1 ... a6<br />

PLANO BRANCO<br />

*****<br />

Idem ao plano anterior.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 b4 a5 3 ba5 ba5 4 a4 Rf4 5 Rd3 Rf5 6 Re3 Re6 7 Re4 Rd6 8 c4 Re6 9 c5 Rd7 10 d5 cd5+ 11 Rd5 (1-0)<br />

d) 1 ... b5<br />

PLANO BRANCO<br />

*****<br />

Idem ao plano anterior.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 b4 a6 3 a3 Rf4 4 Rd3 Rf5 5 c4 Re6 6 c5 Rd5 7 Re3 Re6 8 Re4 Re7 9 d5 cd5+ 10 Rd5 Rd7 (1-0)<br />

e) 1 ... a5<br />

PLANO BRANCO<br />

*****<br />

Idem ao plano anterior.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 a4 b5 3 ab5 cb5 4 Re2 b4 5 Rd2 b3 6 Re2 a4 7 Rd2 Rd5 8 Rd3 Rd6 9 Rc4 Rc6 10 Rb4<br />

(1-0)<br />

Ganhando os Peões e o final.<br />

A SEGUIR:<br />

3.9. Finais com mais Peões<br />

TÁTICA I<br />

7. ATAQUES AO ROQUE<br />

O roque (principalmente o pequeno) é praticado em quase todas as partidas. Conservando a<br />

barreira de Peões (2T, 2C, 2B), a Torre como companheira e um Cavalo em 3B, o Rei estará durante<br />

muito tempo bem defendido. A falta de um desses elementos pode ocasionar um ataque.<br />

Exemplo de roque bem defendido:<br />

Diagrama: f7, g7, h7, Cf6, Tf8, Rg8<br />

Exemplo de roques débeis:<br />

Diagrama: f7, g7, Cf6, Tf8, Rg8<br />

Diagrama: f7, h7, Cf6, Tf8, Rg8<br />

Diagrama: g7, h7, Cf6, Tf8, Rg8<br />

Diagrama: f7, g7, h7, Tf8, Rg8<br />

97


Diagrama: f7, g7, h7, Cf6, Rg8<br />

Diagrama: f7, g6, h7, Cf6, Tf8, Rg8<br />

Diagrama: f7, g7, h6, Cf6, Tf8, Rg8<br />

Observe que mais cedo ou mais tarde, as peças do roque devem deslocar-se. A Torre, por<br />

exemplo, normalmente é utilizada <strong>para</strong> agir nas colunas abertas, o Cavalo posiciona-se no centro, o<br />

avanço do Peão a 4BR é normalmente utilizado <strong>para</strong> ataque, o avanço do Peão a 3TR é utilizado em<br />

algumas aberturas <strong>para</strong> evitar um ataque de Bispo.<br />

Quando o adversário não pode explorar a debilidade, ela deixa de existir. Um conselho geral:<br />

mantenha a estrutura do roque caso não tenha plano claro. Podemos classificar os ataques ao roque da<br />

seguinte maneira:<br />

7.1. Ataques na coluna h aberta (falta o Peão h)<br />

7.2. Ataques na coluna g aberta (falta o Peão g)<br />

7.3. Ataques na diagonal aberta (falta o Peão f)<br />

7.4. Ataques ao Peão h (falta o Cavalo em f)<br />

7.5. Ataques ao Peão f (falta a Torre em f)<br />

7.6. Ataques devido ao avanço do Peão g<br />

7.6. Ataques devido ao avanço do Peão h<br />

Normalmente essas debilidades aparecem juntas.<br />

7.1. Ataques na coluna h aberta<br />

(Falta o Peão h)<br />

Nem sempre a coluna h encontra-se aberta e é necessário manobrar <strong>para</strong> conseguir este<br />

objetivo. Torre e Dama são peças utilizadas neste ataque porque se movem pelas colunas.<br />

Diagrama: g6, De2, Tf3, Rg2, Tg4 x f6, g7, Dc7, Te8, Tf8, Rh8<br />

1 ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Falta o Peão h7, além do Cavalo f6, o que traz a idéia de posicionar a Dama em h7 através de sacrifício<br />

das Torres. O Peão g6 vigia a importante casa de fuga f7.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Th4+ Rg8 2 Th8 Rh8 3 Th3+ Rg8 4 Th8 Rh8 5 Dh5+ Rg8 6 Dh7++ (1-0)<br />

Diagrama: a3, b2, c3, f2, g2, Te1, Tf1, Rg1, Cg3 x a5, b6, Be5, Rf8, Th5, Th8<br />

1 ... ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Ataque na coluna h aberta, explorando a ausência do Cavalo f6 e do Rei completamente cercado por<br />

suas peças.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Th1+! 2 Ch1 Bh2++ (0-1)<br />

98


Diagrama: a3, b4, c2, g2, h2, De1, Bf1, Tf2, Rh1 x a7, b6, c5, e6, f7, g6, Db2, Be5, Rf8, Cg4<br />

1 ... ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Abrir a coluna h através de sacrifício <strong>para</strong> que a Dama dê xeque através dela posicionando-se<br />

economicamente em h2 com mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Bg3! 2 hg3 Dh8+ 3 Rg1 Dh2++ (0-1)<br />

Diagrama: Bd4, Dd6, Re4, Th4 x a5, b6, f7, g7, Tb4, Db8, Tf8, Rg8<br />

1 ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Dar mate em g7 com a Dama, mas é necessário coloca-la em linha de tiro, ou seja, onde alcança a casa<br />

g7 sem perda de tempo. A coluna h está aberta (além da falta do Cavalo f6) e pode ser utilizada <strong>para</strong><br />

atrair o Rei <strong>para</strong> ela, quando então o Peão g ficaria cravado, cedendo h6 <strong>para</strong> a Dama entrar na<br />

batalha.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Th8+ Rh8 2 Dh6+ Rg8 3 Dg7++ (1-0)<br />

Diagrama: a2, b3, d5, e4, f5, Bc4, Te3, Rf2, Th2, Ch4, Dh5 x a3, b4, f6, g7, h7, Ba7, Tb8, Dd6,<br />

Td8, Be8, Rh8<br />

1 ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão f está avançado, o que possibilita a exploração da diagonal a2-g8, onde já está o Bispo do Rei<br />

ofensivo. Dama e Torre situam-se na coluna h, que pode ser aberta mediante sacrifício e explorada<br />

mediante xeque descoberto.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dh7+ Rh7 2 Cg6+ Rg8 3 Th8+ Rf7 4 Tf8+ Df8 5 d6++ (1-0)<br />

Diagrama: a3, b2, c3, f3, g2, Dd1, Td3, Tf1, Rg1 x a7, b6, c5, Df4, Rg7, Bh4, Th6<br />

1 ... ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

O roque está débil: falta o Peão h, o Peão f está avançado, falta o Cavalo f3. Se o Bispo dominasse g1 e<br />

o Rei estivesse na coluna h, a posição seria mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Dh2+ 2 Rh2 Bf2++ (1-0)<br />

Diagrama: a2, b2, c2, d4, f2, g2, h2, Bc5, Tf1, Rg1, Th3, Dh5 x a4, a7, c6, e6, f6, g7, Ba5, Ta8, Bc8,<br />

Dd8, Te8, Rg8<br />

1 ? Mate<br />

99


PLANO<br />

*****<br />

Explorar o roque débil negro: o Peão f está avançado, a coluna h está aberta, falta o Cavalo f6. O Rei<br />

negro tem à sua mercê a via de escape f7. Se a Torre estivesse diante da Dama, haveria a possibilidade<br />

de mate em h8, pois a Dama domina f7.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dg6! Ba6 2 Th7<br />

Ameaçando Dg7++<br />

2 ... Dc7 3 Dh5 (1-0)<br />

A SEGUIR:<br />

7.2. Ataques na coluna g aberta<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

2.6. Partida nº 6<br />

Defesa Philidor<br />

Paris, 1858<br />

Morphy x Duque de Brunschwig & Conde Isouard<br />

1 e4 e5 2 Cf3 d6 3 d4 Bg4<br />

Perde um tempo. Após 4 de5 as Negras devem jogar 4 ... Bf3 <strong>para</strong> evitar a perda do Peão.<br />

4 de5 Bf3 5 Df3 de5 6 Bc4 Cf6<br />

Observe o que ocasionou a perda de tempo negra: as Brancas têm duas peças desenvolvidas contra uma<br />

negra. Além disso, o último lance negro é um erro que permite o ataque duplo de Morphy.<br />

7 Db3 De7 8 Cc3<br />

Morphy desenvolve mais uma peça ao invés de ganhar um Peão. Note que a Dama negra não pode ser<br />

considerada desenvolvida por estar obstruindo o Bispo Rei, além de que as Negras perderão um tempo<br />

<strong>para</strong> defender o Peão b.<br />

8 ... c6 9 Bg5 b5<br />

Este lance proporciona às Brancas uma combinação de sacrifício, mas é inevitável, visto que de outro<br />

modo, ficariam restringidas.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Abrir linhas de modo a dar mate de Bispo e Torre em d8.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

10 Cb5 cb5 11 Bb5+ Cbd7 12 O-O-O Td8 13 Td7! Td7 14 Td1 De6 15 Bd7+<br />

Analise 15 Bf6<br />

*****<br />

15 ... Db3 16 Bd7++(1-0)<br />

Continuando<br />

*****<br />

15 ... Cd7 16 Db8+ Cb8 17 Td8++ (1-0)<br />

Sem dúvidas a caminho escolhido por Morphy foi mais elegante<br />

100<br />

A SEGUIR:


Diagrama 12.1<br />

a3, f3, g4, h4, Rb2, Bb5 x a7, f6, g7, h6, Rc7, Cc6<br />

1 ... ? Ganham as Negras um Peão<br />

3. Willelm Steinitz<br />

EXERCÍCIOS<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Bispo e o Peão f3 estão em casas conjugadas ao Cavalo negro, logo, o tema é duplo de Cavalo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Cd4<br />

Ganhando o Peão, pois o Bispo, ao retirar-se não pode defender o Peão.<br />

Diagrama 12.2<br />

a3, b2, f2, g2, h3, Ta1, Cb5, Dc2, Be2, Cf3, Rg1 x a7, b6, c7, f7, g7, h6, Ta8, Bb7, Cc6, De8, Cf6, Rg8<br />

1 ? Ganham as Brancas qualidade<br />

PLANO<br />

*****<br />

Ataque duplo de Cavalo à Dama e à Torre.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Cc7<br />

E troca-se Cavalo por Torre<br />

Diagrama 12.3<br />

b3, g2, h2, Ta1, Td1, Rf1 x b6, f4, f6, h7, Bb4, Tc7, Te3, Rg8<br />

Composição<br />

Se você pudesse colocar um Cavalo branco em qualquer casa livre, onde colocaria?<br />

*****<br />

Em d5, atacando 7 peças simultaneamente<br />

Diagrama 12.4<br />

a2, b2, c2, e5, f2, g2, h2, Ta1, Bb3, Dd1, Cd2, Tf1, Rg1, Bg5 x a6, b5, c6, d5, f7, g7, h6, Ta8, Bc8,<br />

Dd8, Ce7, Re8, Bf8, Th8<br />

Vassiltschuk x Bobolowitsch<br />

Moscou, 1959<br />

1 ?<br />

Se as Brancas retiram o Bispo de g5, as Negras poderiam aproveitar este tempo <strong>para</strong> estimular seu<br />

desenvolvimento. Mas as Brancas ganham ao achar o tema da posição: Dama e Torre inimigos estão em<br />

posição de duplo de Cavalo, que pode dirigir-se a esta casa via d6 (defendido pelo Peão e5), onde ataca o<br />

Rei que deverá deixar a defesa do Peão f7, observe que o Cavalo e7 está cravado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

101


1 Ce4! Be6<br />

As Negras frustram o plano branco.<br />

Analise 1 ... de4 e 1 ... hg5<br />

*****<br />

a) 1 ... de4<br />

PLANO<br />

*****<br />

A Dama negra está apoiada apenas pelo Rei. A diagonal a2-f7 foi aberta, o que vulnera o ponto f7<br />

apenas defendido pelo Rei.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Bf7+, ganhando a Dama a seguir.<br />

b) 1 ... hg5<br />

Com este lance as Negras permitem a execução do plano branco:<br />

*****<br />

2 Cd6+ Rd7 3 Cf7 e 4 Ch8, com vantagem decisiva.<br />

Continuando a analise principal...<br />

2 Cd6+ Rd7 3 Be3 Cg6 4 f4! Bd6 5 ed6 Ch4 6 Bc5 Df6 7 Dd2 a5 8 c3 a4<br />

O que você jogaria?<br />

*****<br />

9 f5!<br />

Note que se 9 ... ab3 10 fe6+, ganhando a Dama.<br />

9 ... Cf5 10 Bc2 h5 11 Bd4 Dh6<br />

12 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Desviar o Cavalo de f6, atraindo-o <strong>para</strong> h6, quando então o Bispo se dirige <strong>para</strong> g7, atacando<br />

simultaneamente h8 e h6. Observe que o Peão g está cravado e que o Bispo do Rei branco dominará h7,<br />

impedindo a Torre de permanecer nesta coluna.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

12 Dh6 Ch6 13 Bg7 (1-0)<br />

Apostila 13<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

XII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Lasker x Capablanca, 1921<br />

Durante 11 anos Lasker não defendeu o Título Mundial. Ainda que se deve mencionar a seu<br />

favor que, desde 1914 até fins de 1918, o mundo tinha demasiadas preocupações com a I Guerra Mundial<br />

<strong>para</strong> preocupar-se com xadrez, deve-se também reconhecer que impôs muitas dificuldades a Rubinstein<br />

<strong>para</strong> que disputasse o Campeonato.<br />

102


José Raul Capablanca (La Habana, 1888 - New York, 1942) foi um dos meninos prodígios<br />

mais sensacionais da história do xadrez mundial. Aprendeu a jogar aos 4 anos e aos 13 consagrou-se<br />

Campeão Cubano ao derrotar em um match, Juan Corzo por +4-3=6.<br />

Suas extraordinárias condições de jogador se desenvolveram ao máximo na América do<br />

Norte, onde se mudou <strong>para</strong> seguir estudos de engenharia na Universidade de Columbia, que mais tarde<br />

abandonou pelo xadrez. Em 1909 acertou um encontro com Frank J. Marshall, que 2 anos antes havia<br />

disputado o Título Mundial contra Lasker, e diante da surpresa geral, o cubano venceu pelo extraordinário<br />

resultado +8-1=14, com o que seu nome começou a figurar ao lado das mais importantes estrelas do<br />

tabuleiro.<br />

Em 1910, participa do Torneio de New York, classificando-se em 2°, atrás de Marshall. Em<br />

1921 o convidaram a participar do grande Torneio de San Sebastian, onde jogaram os mais destacados<br />

enxadristas da época, com exceção do Campeão Mundial, Lasker. Alguns jogadores opuseram-se à sua<br />

participação, alegando falta de categoria suficiente, ao que Marshall respondeu: Quem me venceu num<br />

match é forçosamente um bom enxadrista e como a categoria de Marshall era indiscutível, ninguém se<br />

atreveu a responder-lhe.<br />

Capablanca fez jus às palavras de seu rival e amigo, pois diante da surpresa geral obteve o 1°<br />

lugar, superando entre outros a Rubinstein, Vidmar, Marshall, Nimzowich, Schlechter, Tarrasch,<br />

Bernstein, Spielmann, etc.<br />

Em 1911 começaram as negociações <strong>para</strong> o encontro Lasker x Capablanca, mas o Campeão<br />

recusou uma oferta do Clube de <strong>Xadrez</strong> de La Habana, alegando que o clima tropical lhe prejudicaria. Em<br />

seguida, o clube Argentino, de Buenos Aires, quis organizar o encontro, oferecendo 25.000 francos ao<br />

vencedor e 12.500 ao perdedor. Ambas propostas falharam e ao 3° desafio, Lasker contestou, colocando<br />

entre outras, com as seguintes condições: Será vencedor o 1° que ganhe 6 partidas, sem contar os<br />

empates. O máximo de partidas será 30. Ao final destas, será vencedor o que tenha mais vitórias. Mas se<br />

houver apenas uma vitória a mais, o match será declarado empatado. O dr. Lasker fixará a data <strong>para</strong><br />

começar a luta e o local da mesma...<br />

Capablanca recusou alegando que um vencedor é sempre um vencedor, ainda que a vantagem<br />

seja mínima. Naturalmente Capablanca tinha razão, mas também a tinha os partidários de Lasker quando<br />

afirmavam: Capablanca ganhou reputação muito rapidamente, e antes de enfrentar Lasker deveria<br />

demonstrar sua maestria em outros torneios e matches. E isso era correto, já que uma vitória sobre<br />

Marshall e um 1° lugar em San Sebastian eram pouca coisa diante de um histórico como o do Campeão<br />

Mundial. Diante destas discórdias, o relacionamento entre eles não era muito agradável.<br />

Vejamos os sucessos enxadrísticos que se desenvolveram até 1921, quando enfim se<br />

enfrentaram estes dois gigantes:<br />

Capablanca começou sua carreira de maneira triunfal, vencendo em 1913 dois torneios em<br />

New York e ficando em 2° em La Habana, ficando atrás de Marshall. Lasker não jogou torneio algum<br />

nestes anos, mas em 1914, em San Petesburgo, organizaram um torneio que tinha como pré-requisito<br />

indispensável <strong>para</strong> participar, ter obtido um 1° lugar em uma competição internacional. Partici<strong>para</strong>m deste<br />

torneio, Lasker, Capablanca, Tarrasch, Marshall, Alekhine, Rubinstein, Janowski, Nimzowich, Bernstein<br />

e os veteranos Blackburne e Gunsberg. O torneio foi disputado no sistema schuring em 1 turno,<br />

classificando os 5 primeiros <strong>para</strong> a 2ª fase, disputada em sistema schuring em 2 turnos, e iniciariam esta<br />

fase com a pontuação alcançada na 1ª fase.<br />

103


Capablanca venceu brilhantemente a 1ª fase sem derrotas, enquanto Lasker perdeu de<br />

Bernstein e ficou a 1,5 pontos de distância. Ao iniciar a 2ª fase, todos os aficionados pensavam que<br />

Capablanca acabaria vencendo facilmente, mas Lasker, fantasticamente superou Capablanca por 0,5<br />

ponto, após derrota-lo em uma Espanhola - Variante das Trocas, que é uma das mais famosas partidas da<br />

história do xadrez. A classificação final foi:<br />

1° Lasker 13,5<br />

2° Capablanca 13,0<br />

3° Alekhine 10,0<br />

4° Tarrasch 8,5<br />

5° Marshall 8,0<br />

Após este torneio o velho leão é novamente considerado como o melhor jogador do mundo. O<br />

ano de 1914 foi fatídico, estoura a I Guerra Mundial e a atividade de Lasker resume-se a um match<br />

amistoso com Tarrasch, 1916, vencendo por +5-0=1 e um triunfo em um torneio na mesma cidade, em<br />

1918, superando Rubinstein, Schlechter e Tarrasch.<br />

Capablanca, por sua vez, vence em 1915, 1916 e 1918 os torneios de New York e em 1919<br />

vence Kostic, em La Habana, por +5-0=0. No Torneio de Hastings (denominado A vitória), onde estavam<br />

excluídos os enxadristas alemães e dos países aliados, também conseguiu o 1° posto.<br />

Após o fim da I Guerra Mundial, Lasker, sentindo-se velho, quis renunciar ao Título,<br />

nomeando seu sucessor, Capablanca, mas esta decisão não agradaria os aficionados, que desejavam ver o<br />

confronto. Após trabalhosas negociações foi organizado o match a ser disputado em La Habana. O<br />

vencedor seria aquele que conseguisse 8 vitórias primeiro, mas chegando à partida 24 sem este resultado,<br />

decidiria a melhor pontuação.<br />

Após a 14ª partida, Lasker desmoralizado pelo placar adverso e talvez afetado fisicamente<br />

pelo clima de La Habana, decidiu enviar uma carta ao árbitro propondo sua rendição ao match, em<br />

27Abr1921. A resposta, ainda que discutida entre os organizadores, chegou no mesmo dia, aceitando sua<br />

proposta.<br />

Durante o encontro, Lasker foi correspondente de um diário holandês. Eis alguns parágrafos<br />

que escreveu sobre si:<br />

Este match, que me ocasionou dificuldades como em nenhum outro, foi <strong>para</strong> mim um deleite<br />

enxadrístico. As circunstâncias extrínsecas que o rodearam foram na verdade desfavoráveis, mas o estilo<br />

de Capablanca trouxe-me legítimos problemas. Suas partidas são claras, lógicas e vigorosas. Nelas não<br />

havia nada oculto, presumido ou artificial. Através de seus lances adverte seu pensamento, ainda que<br />

queira ser astuto. Quer seja quando joga <strong>para</strong> ganhar como <strong>para</strong> empatar, ou quando temia perder, seus<br />

lances traduziam claramente seu objetivo. Se bem que seus lances são transparentes, estes não são fáceis<br />

de encontrar, e às vezes profundos, Capablanca não é amante de complicações nem de aventuras,<br />

prefere saber previamente onde pisa. Sua profundidade não é a de um poeta, mas a de um matemático;<br />

seu espírito é de um romano, não o de um grego...<br />

Seu xadrez foi muito simpático. Alegrava-me ter um adversário de aço, mas as circunstâncias<br />

não me permitiram jogar como planejado. Sob novas condições de vida e climáticas, minhas atitudes<br />

decaíram. Meu juízo posicional, a exatidão de minhas combinações e até a facilidade de analisar uma<br />

simples posição foram debilitadas, confusas e caíram quase nulas pelo cansaço. Não pude evitar, ainda<br />

que nunca cheguei a desmoralizar-me. As causas foram de origem física: transpiração, perda de peso e<br />

104


impossibilidade de dormir profundamente, surgindo assim a falta de concentração por um período<br />

prolongado.<br />

Assim terminou um episódio de minha vida. Quando Steinitz viu perdida a última partida do<br />

match, pôs-se de pé e exclamou: Três urras ao novo Campeão! Esse gesto emocionou-me e é uma honra<br />

pronunciar diante do mundo enxadrístico essas mesmas palavras.<br />

O mestre Mieses disse: O estilo de Lasker é como um copo d'água clara com uma gota de<br />

veneno. O de Capablanca, é um copo d'água ainda mais clara, sem a gota de veneno.<br />

Reti, grande enxadrista e publicitário, afirmou: O que mais surpreende, inclusive num estudo<br />

superficial do método de jogo de Capablanca é sua grande segurança, sua quase ausência de descuidos<br />

e falsas interpretações de posição. É sem dúvida conseqüência de ter aprendido a jogar sendo um<br />

menino de 4 anos. Em certo sentido, o xadrez é sua língua nativa. Para ele a dedução de posições<br />

simples era muito fácil, enquanto os enxadristas que haviam aprendido o xadrez com mais dificuldades,<br />

mais tarde na vida, tinham que estudar as situações.<br />

Após esta derrota, Lasker somente reapareceu sensacionalmente dois anos depois em<br />

Mährisch-Ostrau, 1923, vencendo o torneio sem derrotas, o que demonstrava que não estava acabado.<br />

Em New York, 1924, organizou-se um dos torneios mais fortes de todos os tempos, em 2<br />

turnos e Lasker foi vencedor, ainda que perdendo uma das 2 partidas disputadas com Capablanca. Veja a<br />

classificação final:<br />

1° Lasker 16,0 7° Bogoljubow 9,5<br />

2° Capablanca 14,5 8° Tartakower 8,0<br />

3° Alekhine 12,0 9° Yates 7,0<br />

4° Marshall 11,0 10° Ed. Lasker 6,5<br />

5° Reti 10,5 11° Janowski 5,0<br />

6° Maroczy 10,0<br />

Capablanca não perdia uma partida já faziam 8 anos e neste torneio, Reti conseguiu quebrar o<br />

tabu. Disse um comentarista da época: Capablanca começou o torneio bastante inseguro, mas terminou<br />

como um rodamoinho, mas Lasker o fez como um verdadeiro ciclone.<br />

Em Moscou, 1925, ambos voltaram a se encontrar finalizando em empate a partida entre eles.<br />

E ainda que Bogoljubow tenha vencido o Torneio, Lasker teve a satisfação de ficar em 2°, superando<br />

Capablanca, que finalizou em 3°.<br />

Após este torneio, Lasker esteve longe das competições sérias durante 9 anos, mas ao<br />

chegarem os nazistas ao poder na Alemanha, por ser judeu, perdeu sua fortuna e teve de abandonar sua<br />

pátria e voltar a participar de torneios <strong>para</strong> sobreviver. Assim, em Zurich, 1934, aos 66 anos, reaparece no<br />

cenário enxadrístico, finalizando em 5° lugar atrás de Alekhine, Euwe, Flohr e Bogoljubow, mas<br />

superando Bernstein, Nimzowich, Sthalberg, etc. Neste Torneio, Alekhine vence-o pela 1ª e única vez em<br />

sua vida, mas Lasker derrotou, entre outros ao aspirante principal ao Título Mundial, Euwe e a<br />

Bogoljubow.<br />

Em Moscou, 1935, Lasker finaliza em 3° sem perder uma única partida, ficando somente a 0,5<br />

ponto de Botwinnik e Flohr, que terminaram empatados, superando Capablanca, a quem venceu em uma<br />

harmoniosa partida que merecia o prêmio de brilhantismo, além das vitórias diante dos novos astros do<br />

tabuleiro.<br />

105


Suas últimas atuações foram nos Torneios de Moscou, 1936 e Nottinghan, 1936. Em ambos,<br />

desenvolveu partidas de grande categoria, mas logicamente por causa da idade não podia aspirar os<br />

primeiros lugares, ainda que produzindo atrativas partidas.<br />

Seus últimos anos de vida passou na América do Norte, falecendo em 11Jan1941, no Hospital<br />

Monte Sinai, o mesmo onde morreria no ano seguinte seu grande rival e grande amigo, Capablanca, pois,<br />

se bem houve entre eles verdadeira amizade e admiração mútua.<br />

Lasker x Capablanca<br />

La Habana, 15Mar - 21Abr1921<br />

1 2 3 4 5 6 7 8<br />

Lasker ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½<br />

Capablanca ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½<br />

9 10 11 12 13 14 Tot<br />

Lasker ½ 0 0 ½ ½ 0 5,0<br />

Capablanca ½ 1 1 ½ ½ 1 9,0<br />

Capablanca começou o match de Brancas.<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Eslava 8 1 7<br />

Gambito da Dama 2 1 7<br />

Ortodoxa 1, 4, 5, 7, 10, 11. 13 7 50<br />

Ruy Lopez 3, 6, 12, 14 4 29<br />

Tarrasch 9 1 7<br />

A SEGUIR:<br />

XIII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Capablanca x Alekhine, 1927<br />

FINAIS I<br />

3.9. Finais com mais Peões<br />

Triangulação é um estratagema intimamente ligado à oposição. <strong>Real</strong>iza-se quando um lado<br />

tem mais casas disponíveis <strong>para</strong> seu Rei do que o oponente.<br />

Diagrama: b3, c4, f5, g3, g4, Re2 x c5, e4, f6, g5, g7, Rd6<br />

1? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Aproximando-se as Brancas do Peão negro por meio de 1 Re3? as Negras replicam com 1 ... Re5 e<br />

ganham, pois o rei branco é obrigado a retirar-se. Mas as Brancas tem 2 vias de acesso a e3, ou seja d2<br />

e e2 (ou f2 e e2), enquanto o Negro dispõe somente de uma via <strong>para</strong> e5, que é a casa d6. As Brancas<br />

podem manobrar no triângulo d2-e2-e3 (ou f2-e2-e3), enquanto o Negro apenas movimenta-se na<br />

diagonal d6-e5. A triangulação permite o ganho (ou perda) de um tempo.<br />

106


PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Rd2! Re5 2 Re3 Rd6 3 Re4 (1-0)<br />

A) Um lado tem um Peão a mais.<br />

SÍNTESE DESTES FINAIS<br />

Nestes finais, os processos ganhantes reduzem-se geralmente a um dos seguintes sistemas:<br />

A.1. Forçando um Peão passado.<br />

A.2. Sacrificando um Peão no momento exato <strong>para</strong> obter:<br />

A.2.1. Um Peão que vai à Dama;<br />

A.2.2. Uma supremacia suficiente de material ou<br />

A.2.3. Uma vitória numa das posições básicas.<br />

B) Ambos tem o mesmo número de Peões.<br />

Geralmente há empate, com exceção de nítida superioridade posicional <strong>para</strong> um dos lados.<br />

Na maioria dos casos estas regras encontram fácil aplicação. Mas como diz Ruben Fine, o<br />

xadrez não seria um jogo se não houvessem numerosas exceções devidas principalmente, às estruturas<br />

irregulares de Peões, às diferenças posicionais e às posições de pat.<br />

A SEGUIR:<br />

3.10. Finais diversos de Rei e Peões<br />

TÁTICA I<br />

7.2. Ataques na coluna g aberta<br />

(falta o Peão g)<br />

Este ataque ocorre quando há falta do Peão g ou se é possível abri-la mediante sacrifício. As<br />

peças de grande importância neste ataque são a Dama e as Torres. As Torres, se dobradas nesta coluna<br />

tornam-se muito fortes.<br />

Diagrama: a2, h2, Ta1, Bc3, Tg1, Dg4, Rh1 x a7, b6, f7, g7, h7, Dc8, Td7, Ce6, Tf8, Rg8<br />

1? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Abrir a coluna g mediante sacrifício, valorizando o domínio da grande diagonal negra e fazendo com<br />

que as Torres tenham mais eficácia nesta coluna.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dg7+! Cg7 2 Tg7+! Rh8 3 Tg8+ Rg8 4 Tg1++ (1-0)<br />

107


Diagrama: c2, d2, e4, f2, g2, h2, Ca3, Db1, Tf1, Rg1 x b7, c6, c4, g7, Te8, Ch4, Dh5, Rh8<br />

1 ... ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Abrir através de sacrifício da coluna g e fazer com que a Torre aja sobre ela.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Cg2! 2 Rg2 Dg4+ 3 Rh1 Df3+ 4 Rg1 Te6 (1-0)<br />

O mate é inevitável após 5 ... Tg6+<br />

Diagrama: c3, d2, f2, g2, h2, Db2, Ce2, Tf1, Rh1 x a7, b6, c6, f7, g7, h4, Bd5, Df5, Tf8, Rh8<br />

1 ... ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Abrir através do sacrifício a coluna g e utilizar o Peão avançado como pivô do ataque.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Bg2+! 2 Rg2 Dg4+ 3 Cg3 h3+ 4 Rg1 Df3 (0-1)<br />

O mate é inevitável: 5 ... Dg2++<br />

Diagrama: e3, f2, h2, Bd3, Df1, Rg2 x g7, h6, Bd7, Df6, Rg8<br />

1 ... ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Rei e Dama encontram-se na mesma diagonal do Bispo da Dama inimigo, o que permite atrair o Rei à<br />

zona de mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Bh3+! 2 Rh3 Df3+ 3 Rh4 g5++ (0-1)<br />

Diagrama: a2, b2, c2, d3, g2, h5, Cc3, Te1, Df4, Rg1, Th3 x a7, b7, c6, d5, f7, h7, Ta8, Cb8, Dd8,<br />

Tf8, Rg8<br />

Harwitz x N.N.<br />

1 ? Mate<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar as colunas g e e abertas, agindo sobre elas, Torres e Dama, ameaçando mate com a Dama em<br />

g7.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tg3+ Rh8 2 Dh6!<br />

Ameaçando 3 Dg7++<br />

2 ... Tg8 3 Te8!! (1-0)<br />

Por que o Negro abandonou?<br />

***<br />

Porque se 3 ... Te8 4 Dg7++ e se 3 ... De8 o mate se inicia com 4 Df6+<br />

108


A SEGUIR:<br />

7.3. Ataques na diagonal aberta<br />

(Falta o Peão f)<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

3. WILLELM STEINITZ<br />

Willelm Steinitz nasceu a 18Mai1836, em Praga. Como estudioso apareceu em Viena, aos 22<br />

anos, começando sua carreira enxadrística na Wiener Schachgesellschaft, que foi a escola de muitos<br />

mestres do xadrez. Em 1862, representando seu país, participou do Torneio Internacional de Londres,<br />

obtendo o 6° lugar, mas tendo reconhecida uma de suas partidas como a melhor do Torneio.<br />

Estabeleceu-se em Londres, vivendo ali até 1883. Em 1866 jogou um match contra<br />

Anderssen, quem, após a retirada de Morphy, voltou a ser grande mestre. Steinitz venceu por<br />

+8-6=0. Após esta vitória, apesar de não existir o Título, Steinitz alcançou o patamar de Campeão<br />

Mundial.<br />

Os sucessivos resultados nos torneios internacionais que tomou parte foram:<br />

Baden-Baden, 1870 2° lugar<br />

Viena, 1872 1° lugar<br />

Viena, 1882 2° lugar (vencido por J. H. Zukertort)<br />

Em 1866, disputou-se pela primeira vez o Campeonato Mundial entre Steinitz e Zukertort.<br />

Como Steinitz havia se estabelecido nos E.U.A., os encontros foram em New York, St Louis e New<br />

Orleans, com Steinitz alcançando o título oficial com +10-5=5. Posteriormente defendeu seu Título<br />

diversas vezes com êxito. Entre os quais pode-se destacar o confronto com Tchigorin, 1889 e 1892, pois<br />

foi um dos mais interessantes, caindo mais tarde em 1894 diante do dr. Emanuel Lasker. Como o próprio<br />

Lasker disse: O pensador foi superado pelo jogador. Até mesmo em seu método, Lasker destacou as<br />

idéias filosóficas básicas do jogo de Steinitz.<br />

Após perder o Título Mundial, Steinitz participou ainda de diversos torneios, mas sem<br />

conseguir a primeira colocação em nenhum. Morreu em 1900.<br />

Enquanto Morphy foi o mais célebre dos mestres de xadrez, considerado pelo público como o<br />

herói do xadrez, aos estudiosos deste jogo, Steinitz era o jogador mais profundo, o que traduzia melhor a<br />

personalidade enxadrística. Enquanto Morphy praticou o estudo do jogo aberto, Steinitz dedicou-se às<br />

partidas fechadas, o que caracterizava o caráter de cada um. O jogo aberto de Morphy demonstra o caráter<br />

de um homem de rápida liberdade de ação, que deseja o brilhantismo, o êxito rápido; Steinitz, ao<br />

contrário, o valor duradouro, assim, normalmente dedicava-se a uma longa defesa, apenas <strong>para</strong> conservar<br />

a mais sensível vantagem posicional. Por este motivo, as posições cerradas eram suas prediletas.<br />

Para entender melhor, observe que nas posições fechadas, os Peões estão imóveis <strong>para</strong> ambos,<br />

sinal de longa luta, nas abertas, mais mudanças. Neste estudo de luta de posição, resume-se a obra de<br />

Steinitz e a base de toda a técnica enxadrística moderna.<br />

109<br />

A SEGUIR:<br />

3.1. Partida nº 1<br />

Abertura Giuoco Piano<br />

Londres, 1862<br />

Dubois x Steinitz


Diagrama 13.1<br />

a2, f2, g2, h2, Ca5, Re3 x a7, f7, g7, h7, Bb4, Re5<br />

EXERCÍCIOS<br />

As Negras acabaram de atacar o Cavalo branco, o que fazer?<br />

*****<br />

1 Cc6+, ganhando o Bispo, ficando com vantagem decisiva.<br />

Diagrama 13.2<br />

a2, f2, g2, h2, Td1, Re1, Be2, Cf3, Th1 x a7, b7, f7, g7, h7, ta8, Cb6, Bd7, Re8, Cf6, Th8<br />

Se você pudesse colocar um Cavalo branco numa casa livre, onde você colocaria?<br />

*****<br />

Em c7, ganhando qualidade.<br />

Diagrama 13.3<br />

a2, f2, g2, h2, Ta1, Tf1, Rg1, Dh4 x a7, b7, f7, h6, Cc6, Dd5, Td7, Te8, Bg6, Rh7<br />

Onde você colocaria um Cavalo branco nesta composição?<br />

*****<br />

Em f6, atacando simultaneamente quatro peças.<br />

Após 1 e4 c5 2 Cf3 Cc6 3 d4 cd4 4 Cd4 Cf6 5 Cc6 e6 6 Cdb5 d5<br />

O que você joga?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar o tema tático duplo de Cavalo em c7 e ganhar um Peão<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

7 ed5 ed5 8 Cd5 Cd5 9 Dd5! Dd5 10 Cc7+<br />

Diagrama 13.4<br />

a2, b2, c2, f2, g2, h2, Ta1, Bc4, Dd1, Re1, Be3, Cg5, Th1 x a7, b7, c6, d6, f7, g6, h7, Ta8, Cb8, Bc8,<br />

Dd5, Re8, Bf8, Th8<br />

Hastings, 1949/50<br />

Rossolimo x Szabo<br />

1 ?<br />

As Brancas sacrificaram um Peão na abertura e agora recuperam-no com a vantagem da sensível<br />

debilidade na estrutura negra.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Duplo de Cavalo em f7 após atrair o Rei a e8.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dd8+ Rd8 2 Cf7+<br />

110


Apostila 14<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

XIII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Capablanca x Alekhine, 1927<br />

Quando Capablanca conquistou o Título, parecia não existir no mundo alguém capaz de<br />

derrotar-lhe. Esta impressão se confirmou no ano seguinte, ao vencer o Torneio de Londres, 1922, de<br />

forma impressionante, sem derrotas.<br />

Neste Torneio começou a rivalidade com Alekhine, que terminou em 2° lugar, também<br />

invicto, mas com 1,5 pontos a menos. Até esta data entre os dois existia boa amizade, pois durante o<br />

Torneio de San Petesburgo, 1914, ambos analisaram juntos variantes <strong>para</strong> usar no mesmo.<br />

A rivalidade não foi causada pelo resultado do Torneio, mas pelas cláusulas <strong>para</strong> disputar o<br />

Campeonato Mundial, que foram praticamente ditadas por Capablanca e aceitas por Alekhine,<br />

Bogoljubow e Vidmar. Os pontos principais diziam que o encontro seria ganho pelo primeiro que<br />

vencesse 6 partidas, sem contar os empates. O prêmio seria de US$ 10.000, dos quais o Campeão<br />

receberia US$ 2.000, enquanto o vencedor do match receberia US$ 4.800 e o vencido US$ 3.200.<br />

Naturalmente os gastos de viagem e alojamento não estavam incluídos nos US$ 10.000 e quem deveria<br />

procurar o patrocínio não era o Campeão. As condições eram normais, mesmo com o problema dos US$<br />

10.000 e demais gastos, pois naqueles tempos o Campeão emitia as leis.<br />

Alejandro Alekhine (Moscou, 1892 - Estoril, 1946) foi o jogador mais tenaz de todos os<br />

tempos. Era considerado um jogador completo, veio de uma família aristocrata russa, estudou na Escola<br />

Imperial Superior de Leis <strong>para</strong> Nobres e na Escola Militar de San Petesburgo. Em 1914 gradua-se como<br />

advogado e ingressa no Ministério das Relações Exteriores. A Revolução Russa arruinou sua família, e<br />

em 1921 muda-se da Rússia <strong>para</strong> Paris, doutorando-se na Faculdade de Direito, profissão que nunca<br />

exerceu por sua dedicação exclusiva ao xadrez.<br />

Alekhine aprendeu a jogar muito jovem e foi um simpatizante do xadrez postal. Até 1912,<br />

com exceção de Estocolmo, não havia vencido torneio importante. Seus resultados mais importantes<br />

foram:<br />

Estocolmo, 1912 1° lugar<br />

Scheweningen, 1913 1° lugar, superando Janowski, Olland, Yates, etc.<br />

San Petesburgo, 1913 1° lugar, empatado com Nimzowich. O vencedor deste Torneio<br />

classificaria-se <strong>para</strong> a versão 1914. Após 2 partidas <strong>para</strong> desempatar o<br />

1° posto, cada um deles venceu uma, levando ambos a serem<br />

convidados <strong>para</strong> o ano seguinte.<br />

San Petesburgo, 1914 3° lugar, é considerado revelação, ficando atrás de Lasker e<br />

Capablanca.<br />

111


Mannheim, 1914 1° lugar, Alekhine é declarado campeão após estourar a I Guerra<br />

Mundial, que interrompeu o Torneio antes do fim. Alekhine,<br />

Janowski, Bogoljubow, etc. foram presos pelos alemães. Alekhine<br />

chegou a voltar à Rússia, alistando-se no Corpo de Saúde, onde<br />

recebeu diversas honras e feridos no campo de batalha.<br />

Moscou, 1916 1° lugar<br />

Moscou, 1918 1° lugar<br />

Moscou, 1919 1° lugar<br />

Camp. da URSS, 1920 1° lugar. No ano seguinte abandona a Rússia.<br />

Tribergs, 1921 1° lugar<br />

Budapeste, 1921 1° lugar<br />

La Haya, 1921 1° lugar<br />

Pistyan, 1922 2° lugar, empatado com Spielmann. Bogoljubow, seu rival e<br />

compatriota, venceu este Torneio<br />

Londres, 1922 2° lugar, vencido por Capablanca.<br />

Hastings, 1922 1° lugar<br />

Viena, 1922 4°/6° lugar.<br />

Margate, 1923 2°/5° lugar.<br />

Carlsbad, 1923 1°/3° lugar.<br />

Portsmouth, 1923 1° lugar.<br />

New York, 1924 3° lugar. Alekhine percebe, após este Torneio, que precisa amadurecer<br />

antes de enfrentar Capablanca e continua estudando com afinco. O<br />

Torneio foi vencido por Capablanca.<br />

Paris, 1925 1° lugar.<br />

Berna, 1925 1° lugar.<br />

Baden-Baden, 1925 1° lugar. Somente Capablanca e Lasker, dos grandes nomes do xadrez<br />

não partici<strong>para</strong>m deste Torneio.<br />

Hastings, 1925-26 1° lugar, com Vidmar.<br />

Summering, 1926 2° lugar, atrás de Spielmann.<br />

Dresde, 1926 2° lugar, com Nimzowich.<br />

Scarborough, 1926 1° lugar.<br />

Buenos Aires, 1926 1° lugar.<br />

Birmingham, 1926 1° lugar.<br />

Ficou estipulado que no Torneio de New York, 1927, o vencedor seria o aspirante ao Título<br />

Mundial. Apesar de já ter negociado o match na Argentina, Alekhine participa deste Torneio, que foi<br />

disputado em matches de 4 partidas, com Capablanca vencendo todos. A classificação final foi:<br />

1° Capablanca 14,0<br />

2° Alekhine 11,5<br />

3° Nimzowich 10,5<br />

4° Vidmar 10,0<br />

5° Spielmann 8,0<br />

6° Marshall 6,0<br />

Rubinstein injustamente não foi convidado a participar deste Torneio e Bogoljubow também<br />

esteve ausente por ter exigido honorários muito altos. Lasker também não foi convidado, dizem que havia<br />

o temor, por parte dos organizadores, que vencesse, pois gostariam de um aspirante jovem.<br />

112<br />

Já Capablanca participou dos seguintes Torneios:


Londres, 1922 1° lugar<br />

New York, 1924 1° lugar<br />

Moscou, 1925 1° lugar<br />

Lake Hopatcong, 1226 1° lugar<br />

Após o Torneio de New York, 1927, Capablanca estava autoconfiante demais (já que havia<br />

ganhado uma das 4 partidas do match contra Alekhine) e não se preparou <strong>para</strong> o combate.<br />

invicto.<br />

Alekhine, enquanto isto, continua sua pre<strong>para</strong>ção, muda-se <strong>para</strong> a Europa e vence Kecskemet,<br />

Antes do match, estas eram as opiniões sobre Alekhine:<br />

Alekhine não ganhará uma partida sequer (Spielmann)<br />

O resultado será 6 x 3 a favor de Capablanca (Bogoljubow, sendo que Nimzowich e Maroczy<br />

tinham opinião semelhante)<br />

1924)<br />

Alekhine pode obter bom resultado contra Capablanca se não jogar em La Habana (Lasker,<br />

Capablanca venceu Londres, 1922 porque era Campeão Mundial; Lasker, New York, 1924<br />

como se fosse Campeão Mundial; mas Alekhine venceu Baden-Baden como um verdadeiro Campeão<br />

Mundial (Tartakower)<br />

(Reti)<br />

Alekhine pode vencer se jogar como em Baden-Baden, 1925 e conseguir dominar os nervos<br />

Antes de viajar a Buenos Aires, Alekhine disse: Não sei como poderei vencer 6 partidas de<br />

Capablanca, mas também não sei como ele poderá ganhar de mim.<br />

Até aquela data, Alekhine não havia vencido Capablanca em seus 12 confrontos:<br />

San Petesburgo, 1913 2 derrotas<br />

San Petesburgo, 1914 2 derrotas<br />

Londres, 1922 1 empate<br />

New York, 1924 2 empates<br />

New York, 1927 1 derrota e 3 empates<br />

Capablanca estava tão confiante que antes do match, participou no Brasil de uma atividade<br />

desgastante: uma sessão de simultâneas. Mas o castigo veio, e na 34ª partida do match, após 2ª suspensão,<br />

Capablanca envia uma carta ao adversário felicitando-o pela vitória, sem, contudo apresentar-se no salão<br />

de jogo nem assistir o banquete em que Alekhine foi proclamado Campeão Mundial.<br />

A inimizade mútua perdurou até a morte. Alekhine sempre encontrava pretextos <strong>para</strong> evitar o<br />

match revanche contra Capablanca nas suas diversas tentativas. Escolheu como adversários Bogoljubow<br />

(2 vezes) e Euwe, convencido que os venceria facilmente.<br />

Será que Capablanca teria vencido a revanche? Jamais saberemos, pois se bem que o cubano<br />

foi um jogador genial, esta foi a melhor fase de Alekhine.<br />

113


Após Buenos Aires, encontraram-se nos seguintes Torneios:<br />

Nottinghan, 1936 Capablanca vence não somente Alekhine como também o Torneio.<br />

A.V.R.O. , 1938 Empatam no 1° turno (oferecido por Capablanca por intermédio do<br />

(Holanda)<br />

árbitro) e Alekhine vence no 2° turno.<br />

Torneio das Nações, Última vez que se encontram, porém sem se enfrentarem. Capablanca<br />

1939 (Buenos Aires) obtém a melhor pontuação do 1° tabuleiro, e enquanto o público o<br />

aclamava, Alekhine com clara demonstração de desagrado, abandona a<br />

sala.<br />

Ao estourar a II Guerra Mundial, tentou-se organizar o match revanche, já que ambos tiveram<br />

de permanecer na Argentina. Mas Tartakower avisou: Não percam vocês o tempo. Esse encontro jamais<br />

se realizará, pois Capablanca sabe que Alekhine pode voltar a vencê-lo, e Alekhine sabe que ele é o único<br />

que pode derrotar-lhe.<br />

Capablanca volta à luta em 1928:<br />

Bad Kissingen, 1928 2° lugar, atrás de Bogoljubow<br />

Berlim, 1928 1° lugar<br />

Budapeste, 1928 1° lugar<br />

Ramsgate, 1929 1° lugar<br />

Budapeste, 1929 1° lugar<br />

Carlsbad, 1929 2° lugar, atrás de Nimzowich e empatado com Spielmann<br />

Barcelona, 1929 1° lugar<br />

Hastings, 1929-30 1° lugar<br />

Hastings, 1930-31 1° lugar<br />

New York, 1931 1° lugar<br />

Em match na Holanda, venceu o futuro Campeão Mundial, Euwe por +2-0=8. Após alguns<br />

anos afastado do tabuleiro, reaparece em 1934:<br />

Hastings, 1934-35 4° lugar, superado por Euwe, Flohr e Thomas (empatados em 1° lugar).<br />

Margate, 1935 2° lugar, atrás de Reshevsky<br />

Moscou, 1935 4° lugar, onde voltou a encontrar-se com o velho rival Lasker, que lhe<br />

derrotou em uma bela partida.<br />

Moscou, 1936 1° lugar, onde venceu Lasker em uma interessante partida.<br />

Margate, 1936 2° lugar, atrás de Flohr.<br />

Nottinghan, 1936 1° lugar, empatado com Botwinnik. Este Torneio é considerado como um<br />

dos mais fortes da história do xadrez.<br />

Suas últimas atuações foram:<br />

Semering-Baden, 1937 3° lugar, com Reshevsky e atrás de Keres e Fine.<br />

A.V.R.O., 1938 7° lugar, atrás de Keres e Fine (empatados em 1° lugar) e de<br />

Botwinnik, Euwe, Alekhine e Reshevsky, somente superando<br />

Flohr.<br />

Paris, 1938 1° lugar.<br />

Margate, 1939 2° lugar, com Flohr e atrás de Keres.<br />

Torneio das Nações, 1939<br />

(Buenos Aires)<br />

Melhor 1° tabuleiro.<br />

114


Em 07Mar1942, enquanto presenciava uma partida em que jogavam dois aficionados no<br />

Manhattan Chess Club, Capablanca sente-se mal, perde os sentidos, e no dia seguinte, vem a falecer no<br />

hospital de New York, vítima de apoplexia. Por triste coincidência do destino ali, no ano anterior, falecera<br />

Lasker, seu antigo rival.<br />

Capablanca foi o mais amável, simpático e agradável de todos os Campeões Mundiais. O<br />

mundo inteiro o estimava como pessoa e como enxadrista, e além de inesquecíveis partidas nos deixou<br />

entre outros, livros deliciosos como: Minha carreira de xadrez, Fundamentos do <strong>Xadrez</strong> e Últimas Lições.<br />

Capablanca x Alekhine<br />

Buenos Aires, 16Set - 28Nov1927<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11<br />

Alekhine 1 ½ 0 ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½ 1<br />

Capablanca 0 ½ 1 ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½ 0<br />

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22<br />

Alekhine 1 ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ 1 ½<br />

Capablanca 0 ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ 0 ½<br />

23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Tot<br />

Alekhine ½ ½ ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ 1 ½ 1 18,5<br />

Capablanca ½ ½ ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ 0 ½ 0 15,5<br />

Capablanca começou o match de Brancas.<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Francesa 1 1 2,94<br />

Ortodoxa 2, 4, 5, 6, 8, 10, 12 a 28, 30, 32, 34 26 76,47<br />

Índia da Dama 3 1 2,94<br />

Cambridge-Springs 7, 9, 11, 29, 31, 33 6 17,65<br />

Diagrama: g4, h5, Rd2 x b4, c5, d4, f7, h6, Rd5<br />

Composição: Kling & Harwitz<br />

1? (1-0)<br />

A SEGUIR:<br />

XIV Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Alekhine x Bogoljubow, 1929<br />

FINAIS I<br />

3.10. Finais diversos de Rei e Peões<br />

PLANO<br />

*****<br />

Formar um Peão passado e afastar o Rei negro dos Peões da ala Dama.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 g5! Re5 2 gh6 Rf6<br />

115


Impedindo o avanço do Peão, mas tornando-se escravo da posição.<br />

3 Rc2! c4 4 Rc1!<br />

Defesa do Rei contra três Peões: Quando os 3 Peões encontram-se numa mesma horizontal, o Rei deve<br />

colocar-se na mesma coluna do Peão do meio, afastado dele 2 casas; assim poderá colocar-se diante de<br />

qualquer dos Peões que avançar.<br />

4 ... c3<br />

Se 4 ... b3 5 Rb2!<br />

Se 4 ... d3 5 Rd2!<br />

5 Rc2! b3+ 6 Rb3 d3 7 Rc3 d2 8 Rd2 Re6 9 h7 (1-0)<br />

Diagrama: f3, g2, g4, h3, Rh2 x a6, g5, g6, Rb8<br />

Composição: Berger<br />

1? (=)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Para evitar a promoção do Peão a somente uma posição de pat.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 f4! a5<br />

Se 1 ... gf4 2 h4 (1-0)<br />

2 fg5! a4 3 Rg3! a3 4 Rh4! a2 5 g3 a1D (=)<br />

Diagrama: b3, c4, c5, e5, h5, Rg6 x a7, b4, c6, c7, Rb7<br />

1? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

As Negras tentarão empatar chegando a uma posição de pat, enquanto o Branco deve sacrificar o Peão<br />

promovido <strong>para</strong> desafogar o Rei inimigo, formando outro Peão passado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 e6! Ra6 2 e7 Ra5 3 e8C! a6 4 Cd6! cd6 5 cd6 (1-0)<br />

"As peças valem pelo que fazem, não pela sua simples existência no tabuleiro”.<br />

Analise 1 h6.<br />

*****<br />

1 ... Rh6 2 h7 Ra5 3 h8D a6 4 D joga (=)<br />

Diagrama: a2, b3, c2, g4, Rf3 x a5, b4, h6, Rg6<br />

Partida por correspondência<br />

Berger x Bauer, 1889-91<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Sacrifício de Peões, forçando um Peão passado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 c4! bc3 e.p. 2 Re3 Rg5 3 a4!! Rg4 4 b4! ab4 5 Rd3!!<br />

Único. Analise 5 a5.<br />

*****<br />

116


5 ... b3 6 Rd3 b2 7 Rc2 Rf3 8 a6 Re2 9 a7 b1D+ 10 Rb1 Rd1, e ambos promovem a Dama.<br />

5 ... h5 6 a5 h4 7 a6 h3 8 a7 h2 9 a8D (1-0)<br />

Segue Dh1, ganhando<br />

Diagrama: a4, d4, d5, f4, Ra1 x a5, d6, f5, Ra7<br />

Composição: Lasker & Reichhelm, 1901<br />

1? (1-0) 1 ... ? (=)<br />

a) 1 ?<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Rei branco deve penetrar em b5 ou g5. O Rei negro não deve afastar-se mais do que uma coluna do<br />

branco <strong>para</strong> que não se infiltre em uma das casas citadas. Se o Rei branco estiver em c4, o negro em b6,<br />

jogando o Negro, perdem, pois ... Ra6 (forçado) permite a entrada pela ala do Rei via g5. Com o Rei<br />

branco em d3 e o Rei negro em c7, as Negras, tendo o lance perdem novamente, pois, se ... Rd7 permite<br />

ao Branco a entrada via Rc4 e Rb5; e se ... Rb6 o Rei branco penetra via g5. As Brancas, tendo o lance<br />

conseguem a última posição, daí o ganho.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Rb1! Rb7 2 Rc1 Rc7 3 Rd1 Rd7 4 Rc2 Rd8 5 Rc3 Rc7 6 Rd3 (1-0)<br />

As Negras não podem jogar ... Rd7 nem ... Rb6.<br />

b) 1 ... ?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Evitar a entrada do Rei inimigo em b5 ou g5. O Rei negro não deve afastar-se mais do que uma coluna<br />

do Rei inimigo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Rb7<br />

Mantendo-se na coluna vizinha do Rei adversário e se<strong>para</strong>do deste por um número ímpar de casas (1, 3,<br />

5), ou seja mantendo uma espécie de oposição distante.<br />

2 Rb1 Ra7! 3 Rb2<br />

Se 3 Rc1 Rb7! (=).<br />

Se 3 Rc2 Rb8! (=).<br />

3 ... Ra8! 4 Rb3 Ra7 5 Rc3 Rb7 6 Rd3 Rc7<br />

O monarca negro está na coluna vizinha à do Rei branco e se<strong>para</strong>do deste por um número ímpar de casas<br />

(3), permitindo o empate. Observe que no diagrama inicial, em que as Brancas tinham o lance, neste<br />

momento competia às Negras o lance.<br />

7 Re3 Rd7 8 Rf3 Re7 9 Rg3 Rf7 10 Rh3 Rg7<br />

E se 10 ... Rg6?<br />

*****<br />

11 Rh4 (1-0).<br />

11 Rh4 Rg6 (=)<br />

117<br />

A SEGUIR:<br />

3.10. Finais diversos de Rei e Peões (cont.)


TÁTICA I<br />

7.3. Ataques na Diagonal Aberta<br />

(Falta o Peão f)<br />

O avanço do Peão f abre a diagonal a2-g8 (ou a7-g1). O avanço deste Peão duas casas, quase<br />

sempre acompanhado de g6 (ou g3) defendendo o Peão em f5 (ou f4) possibilita a abertura de uma outra<br />

diagonal, a1-h8 (ou a8-h1). As peças usadas neste ataque são os Bispos e a Dama.<br />

Diagrama: f4, Rf1, Cg5, Dh2 x g7, h7, Db6, Tc8, Bf6, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

A diagonal a2-g8 está aberta e pode ser acessada pela Dama. Se o Rei estivesse em h8, obstruído por<br />

uma peça, o Cavalo entraria em h7 com mate (Philidor).<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Da2+ Rh8<br />

Se 1 ... Rf8 2 Df7++ (1-0).<br />

2 Cf7+ Rg8 3 Ch6+ Rh8 4 Dg8+ Tg8 5 Cf7++ (1-0)<br />

Diagrama: a2, b2, c2, f4, g2, h2, Td1, Te4, Rg1, Dh8 x a7, b7, c7, g7, h7, Ta8, Bc8, Bd6, Rf7, Dh4<br />

Euwe x Reti<br />

1 ... ? (0-1)<br />

As Negras sacrificaram a Torre (que acabou de ser capturada pela Dama) com o objetivo de ganhar<br />

tempo.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Sacrificar a segunda Torre e aproveitar a diagonal a7-g1 aberta e a bela posição da Dama negra em via<br />

de ataque.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Bh3! 2 Da8 Bc5+ 3 Rh1 Bg2+! 4 Rg2 Dg4+ 5 Rf1 Df3+ 6 Re1 Df2++ (0-1)<br />

Diagrama: a2, b3, c4, f2, h2, Bb2, Te1, Tf3, Rg1, Bg2, Ch5 x a5, b6, f6, g7, h7, Cb7, Tb8, Cc5,<br />

Tc8, Bf8, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar a diagonal a2-g8 aberta pelo avanço do Peão f.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tf6 (1-0)<br />

E se 1 ... gf6 ?<br />

*****<br />

2 Bd5+ Rh8 3 Bf6+ Bg7 4 Bg7++ (1-0).<br />

118


Diagrama: g4, h4, Ta1, Ta8, Bg2, Bg3, Rh3 x b6, c7, f5, g6, h7, Tc2, Bc5, Bd7, Tf8, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

O Negro acabou de jogar ... f5 procurando atacar a posição desfavorável do Rei inimigo.<br />

PLANO<br />

*****<br />

O avanço ... f5? abriu a diagonal a2-g8, que é fatal ao monarca. A Torre negra está cravada, os Bispos<br />

brancos em posição de tiro, além dos Peões que podem colaborar no ataque.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bd5+ Rg7<br />

Analise 1 ... Rh8.<br />

*****<br />

2 Be5 Tf6 3 Bf6++ (1-0).<br />

2 Be5+ Rh6<br />

Analise 2 ... Tf6.<br />

*****<br />

3 Tg8+ Rh6 4 g5+ Rh5 5 Bf3++ (1-0).<br />

3 g5+ Rh5 4 Bf3++ (1-0)<br />

Londres, 1862<br />

Abertura Giuoco Piano<br />

Dubois x Steinitz<br />

A SEGUIR:<br />

7.4. Ataques ao Peão h7 (ou h2)<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

3.1. Partida nº 1<br />

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 0-0<br />

É mais conveniente esperar <strong>para</strong> rocar, reservando a possibilidade do roque grande. A paciência de<br />

esperar <strong>para</strong> rocar não é característica das partidas anteriores à época de Steinitz. Morphy, por exemplo,<br />

<strong>para</strong> facilitar o avanço rápido dos Peões centrais deveria abrir o jogo, e é evidente que <strong>para</strong> colocar seu<br />

Rei em segurança deve rocar o mais cedo possível.<br />

4 ... Cf6 5 d3 d6<br />

O plano de Steinitz contrasta com o de seu adversário, esperando <strong>para</strong> rocar.<br />

6 Bg5<br />

Era mais prudente jogar 6 Be3<br />

6 ... h6 7 Bh4 g5<br />

Eis as conseqüências do antecipado roque branco e da espera do roque negro. Estes lances que hoje<br />

parecem naturais não são encontrados em jogadores como Morphy, por exemplo. Este tipo de ataque<br />

(pelo flanco) somente é admissível quando se tem segurada a posição central e pode-se fecha-la<br />

rapidamente. Este ataque é típico de Steinitz: centro fechado, seguro e pressão de Peões pelo flanco Rei.<br />

8 Bg3 h5! 9 h4<br />

Analise 9 Cg5<br />

*****<br />

119


9 ... h4! 10 Cf7 hg3 11 Cd8 Bg4 12 Dd2 Cd4 13 Cc3 Cf3+ 14 gf3 Bf3 (0-1)<br />

O mate é rápido<br />

9 ... Bg4<br />

Observe que se 10 hg5 h4 11 Bh2 Ch7 e as Negras alcançam vantagem posicional. O objetivo branco é<br />

abrir o centro através do sacrifício de Peões.<br />

10 c3 Dd7 11 d4 ed4 12 e5 de5 13 Be5 Ce5 14 Ce5 Df5!<br />

O ataque negro é reforçado, vencendo o contra-ataque central branco.<br />

15 Cg4 hg4 16 Bd3 Dd5 17 b4<br />

Com o objetivo de, após 17 ... Bb6, 18 c4 e 19 c5. Steinitz sacrifica o Bispo, prevendo que o ataque na<br />

coluna h será decisivo. O eixo da combinação está no lance 22 negro, pois Steinitz, apesar de uma peça a<br />

menos, troca as Damas <strong>para</strong> tirar a casa de escape f2 do Rei branco.<br />

17 ... 0-0-0 18 c4<br />

Relativamente o melhor. Objetiva desviar a Dama negra da grande diagonal branca e da casa f5. Após<br />

desviar a ação do inimigo da grande diagonal, poderia o Branco seguir com g3. A importância de f5 será<br />

observada no decorrer da partida.<br />

18 ... Dc6 19 bc5 Th4<br />

O que Steinitz ameaça?<br />

*****<br />

20 ... Tdh8 21 f3 g3 22 Bf5+<br />

Com idéia de 23 Bh3.<br />

22 ... De6!<br />

Com mate a seguir.<br />

20 f3 Tdh8 21 fg4 De8<br />

Se 21 ... Cg4? 22 Bf5+<br />

22 De1<br />

Analise 22 Te1.<br />

*****<br />

22 ... Th1+ 23 Rf2 De1+ 24 De1 Cg4+ 25 Re2 Te1+<br />

22 ... De3+ 23 De3 de3 24 g3 Th1+ 25 Rg2 T8h7+ 26 Rf3 Tf1+ 27 Bf1 Tf2+ 28 Re3 Tf1<br />

As peças brancas estão travadas. O final é insustentável. Após poucos lances Steinitz venceu.<br />

A SEGUIR:<br />

3.2. Partida nº 2<br />

Campeonato de Londres, 1863<br />

Gambito Evans<br />

Blackburne x Steinitz<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 14.1<br />

a3, b4, e3, g2, h2, Cc5, Bd3, Te1, Tf1, Df2, Rg1 x a6, b7, d5, g7, h7, Tc6, Bd7, De5, Ce7, Re8, Th8<br />

Olimpíada, 1956<br />

Momo x Mac Govan<br />

1 ? (1-0)<br />

O mestre mongol ganha uma peça, o que lhe dá vantagem decisiva.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Atrair o Rei a f8 e dar duplo de Cavalo em d7, ganhando o Bispo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

120


1 Df8+ Tf8 2 Tf8+ Rf8 3 Cd7 (1-0)<br />

Diagrama 14.2<br />

a3, c4, e2, f2, g3, h2, Ta1, Bc1, Cc3, Dd2, Re1, Cf3, Bg2, Th1 x a7, b7, d7, f7, g7, h7, Da5, Ta8, Bc5,<br />

Cc6, Bc8, Cf6, Tf8, Rg8<br />

Ostrava, 1923<br />

Euwe x Bogoljubow<br />

1 ... ?<br />

Bogoljubow pode ganhar um Peão. Como?<br />

PLANO<br />

*****<br />

O alvo é o Peão f2, apenas defendido pelo Rei , já que existe a possibilidade de atrair a Dama branca a<br />

c3 através do sacrifício de Dama caso o Rei negro tome o Bispo f2 e então dar o duplo de Cavalo à<br />

Dama e Rei.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Bf2+ 2 Rf2 Dc3! 3 Dc3 Ce4+<br />

Diagrama 14.3<br />

a2, b2, c3, d4, f3, f5, g2, Dc2, Cf4, Rg4 x a7, b7, c6, d5, f6, g7, De3, Cf1, Rg7<br />

Wittek x Meitner<br />

Viena, 1882<br />

1 ... ?<br />

Meitner pode dar um belo golpe tático nesta posição, como?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Dama e Rei brancos estão posicionados a salto de Cavalo. O Cavalo negro domina a casa convergente<br />

e3. Logo, havendo uma maneira de ceder a casa e3 <strong>para</strong> o Cavalo, o golpe será decisivo.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Df4+ 2 Rf4 g5+<br />

O Rei branco é forçado a voltar <strong>para</strong> g4!<br />

3 Rg4 Ce3+<br />

E as Negras ganham um Cavalo<br />

Diagrama 14.4<br />

a2, a3, c2, d3, g2, Rc1, Td1, Ce6, Df3 x b6, c6, d5, g6, Ta5, Dd7, Bg7, Rh7<br />

Gottschall x N.N.<br />

Halle, 1894<br />

1 ... ?<br />

Nesta posição se o lance pertencesse às Brancas, o que deveriam jogar?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar a posição de duplo de Cavalo, pois o Rei e Dama estão em casas que propiciam este golpe<br />

tático.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Df8!!<br />

121


Ameaçando mate (1 … De6 2 Th1+ Bh6 3 Th6++). Mas e se 1 … Bf8?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Idem ao anterior.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Cf8+ Rg7 3 Cd7, ganhando uma peça.<br />

A partida prosseguiu assim:<br />

1 ... d5 2 Th1+ Th5 3 Th5+ gh5 4 Df5+ Rg8 5 Cg7 Dg7 6 De6+ Df7 7 Dc6<br />

E as Brancas, com dois Peões de vantagem ganharam com facilidade. Neste caso a ameaça do duplo de<br />

Cavalo é latente e somente se converte em efetiva se as Negras respondem com 1 ... Bf8.<br />

Apostila 15<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

XIV CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Alekhine x Bogoljubow, 1929<br />

Após a vitória sobre Capablanca, não havia quem superasse Alekhine sobre o tabuleiro. Além<br />

de seu título e impressionante histórico, era o melhor jogador do mundo às cegas, já que em New York,<br />

1924 bateu o recorde de Breyer (25 partidas), enfrentando 26 adversários, sem dúvidas mais fortes,<br />

obtendo o resultado de +16-5=5, superando a si mesmo em fevereiro do ano seguinte em Paris, ao jogar<br />

28 partidas obtendo +22-3=3. Bem é verdade que 6 dias mais tarde Reti joga em São Paulo-Brasil, 29<br />

partidas, com +20-2=7, porém com adversários inferiores.<br />

De Capablanca não queria ouvir nem falar, e durante o ano de 1928, dedica-se ao descanso e<br />

exibições pela Europa e América, mas <strong>para</strong> não ficar mal visto diante da aficção mundial, aceita o desafio<br />

de Bogoljubow, concedendo-lhe condições econômicas acessíveis. Para treinar, joga o Torneio de Bradley<br />

Beach (América do Norte), 1929, vencendo-o sem dificuldades, já que não contava com rivais de<br />

verdadeira categoria.<br />

Ewfim Dimitrievich Bogoljubow (Stanislawtsik, 1889 - Triberg, 1952) era um excelente<br />

enxadrista, mas muito inferior a Alekhine, que lhe conhecia há anos e sabia onde se localizavam seus<br />

pontos fracos.<br />

Quando estourou a I Guerra Mundial, Bogoljubow participava do Torneio de Mannheim,<br />

1914, e como cidadão russo, ficou preso. Ali jogou numerosas partidas às cegas com Alekhine.<br />

Até esta época, suas vitórias resumiam-se a torneios de pouca importância, mas quando se<br />

tornou prisioneiro de guerra o transferiram a Triberg juntamente com outros enxadristas de mesma<br />

nacionalidade e jogaram numerosos torneios durante a questão, dos quais Bogoljubow venceu cinco,<br />

adquirindo grande força.<br />

Terminada a Guerra, dedicou-se inteiramente ao xadrez, pois antes havia iniciado estudos de<br />

teologia. Venceu os seguintes torneios:<br />

122<br />

•Berlim, 1919


•Estocolmo, 1919<br />

•Estocolmo, 1920<br />

•Kiel, 1921<br />

•Pistyan, 1922 (superando Alekhine que ficou em 2°)<br />

•Carlsbad, 1923 (empatado com Alekhine e Maroczy)<br />

•Campeonato Russo, 1924<br />

•Breslau, 1925<br />

•Leningrado, 1925<br />

•Moscou, 1925 (superando Lasker e Capablanca)<br />

•Berlim, 1926<br />

•Bremen, 1927<br />

•Bad Homburg, 1927<br />

•Bad Kissingen, 1928<br />

•Berlim, 1928<br />

Juntamente com estes sensacionais triunfos, encontramos classificações medíocres, o que<br />

caracterizava a irregularidade de Bogoljubow. Seu otimismo lhe deu fama, conta-se que certa vez disse:<br />

Quando jogo de Brancas venço porque tenho a saída. Quando jogo de Negras porque sou Bogoljubow.<br />

Em matches, perdeu vários, mas com valiosos triunfos:<br />

•Nimzowich, Estocolmo, 1920, +3-1=0<br />

•Euwe, Holanda, 1928, +3-2=5<br />

•Euwe, Holanda, 1928-29, +2-1=7<br />

Argumentando que Bogoljubow havia superado Capablanca no Torneio de Bad Kissingen,<br />

1928, resolveu Alekhine dar-lhe a oportunidade de disputar o título. Mas Alekhine sabia que seu rival não<br />

lhe proporcionaria muitos problemas.<br />

O match, disputado em diversas cidades da Alemanha e Holanda, seria decidido ao melhor<br />

resultado obtido em 30 partidas. Alekhine vence o match, mas não convence a aficção mundial, que<br />

preferia um novo encontro com Capablanca. Até defender novamente o Título, Alekhine venceu todos os<br />

torneios que disputou, com exceção de Hastings, 1933-4, que ficou em 2° (superado por Flohr) e empates<br />

em 1° lugar num pequeno torneio em Berlim, 1932 e México, 1932. Seus triunfos foram:<br />

•San Remo, 1930<br />

(invicto, superando Nimzowich por 3,5 pontos)<br />

•Bled, 1931<br />

(invicto, superando Bogoljubow por 5,5 pontos)<br />

Nimzowich declarou: Trata-nos como se fossemos principiantes.<br />

Provavelmente jamais tenha existido um enxadrista como Alekhine nesta época, que não<br />

somente era envolvente nos torneios, como também nas partidas, de beleza, riqueza de idéias e afã de<br />

vencer inigualáveis.<br />

Alekhine x Bogoljubow<br />

Wiesbaden, Heidelberg, Berlim, Amsterdam, La Haya, Rotterdam e Wiesbaden<br />

06Set - 12Nov1929<br />

123<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13<br />

Alekhine 1 ½ ½ 0 1 0 1 1 ½ 1 ½ 1 0


Bogoljubow 0 ½ ½ 1 0 1 0 0 ½ 0 ½ 0 1<br />

14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Tot<br />

Alekhine 0 ½ 1 1 0 1 ½ 1 1 ½ ½ ½ 15,5<br />

Bogoljubow 1 ½ 0 0 1 0 ½ 0 0 ½ ½ ½ 9,5<br />

Alekhine começou o match de Brancas.<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Eslava 1, 3, 5, 9, 10 a 14, 16, 19, 23, 25 13 52<br />

Francesa 18, 24 2 8<br />

Grünfeld 17 1 4<br />

Índia da Dama 8 1 4<br />

Índia do Rei 7, 15 2 8<br />

Nimzoíndia 2, 4, 6, 21 4 16<br />

Ruy Lopez 20, 22 2 8<br />

A SEGUIR:<br />

XV Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Alekhine x Bogoljubow, 1934<br />

FINAIS I<br />

3.10. Finais diversos de Rei e Peões (cont.)<br />

Diagrama: a3, b4, d3, e4, f5, h4, Rg2 x a7, b5, c7, e5, f6, f7, h5, Rc8<br />

1 ? (0-1)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Formar Peão passado na ala da Dama, sacrificar este Peão e atacar a base dos Peões centrais (d3)<br />

tomando os outros e progredindo com os seus.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... c5! 2 Rf2 a5! 3 Re3 ab4 4 ab4 cb4 5 Rd2 Rc7 6 Rc2 Rc6 7 Rb2 Rc5 8 Rb3 Rd4 (0-1)<br />

Diagrama: a3, c3, f3, g3, Rg2 x a4, c4, c6, g5, h5, Rf5<br />

1 ... ? (0-1)<br />

Teichman x Blackburne<br />

Esta partida foi considerada empatada. A análise a seguir foi feita por Fine em seu livro Basic chess<br />

endings: Cedo ou tarde as Negras devem jogar h4, onde residem as esperanças de vitória. As Brancas<br />

não poderão jogar gh4, pois as Negras retomariam com o Peão g, ficando com um Peão passado e final<br />

ganho. A resposta branca ao avanço ... h4 deve ser Rh3 e após 1 ... h4 2 Rh3 hg3 3 Rg3 e o Negro deve<br />

perder um tempo jogando 3 ... c5 <strong>para</strong> forçar a entrada do Rei via f4. Segue-se 4 Rg2 Rf4 5 Rf2 (=).<br />

O Negro precisa de uma manobra que evite o avanço de seu Peão c; consegue isso jogando ... Rf5 como<br />

resposta a Rg3, e <strong>para</strong> isto, o Rei negro deve então retroceder uma casa.<br />

As Negras ganham assim:<br />

1 ... Rf6! 2 Rh3 Rg6<br />

As Negras vão realizar a triangulação f6-g6-f5. Com isto perderão um tempo.<br />

124


3 Rh2<br />

Se 3 g4 h4, e se 3 f4 gf4 4 gf4 Rf5<br />

3 ... h4 4 Rh3 hg3 5 Rg3<br />

Se 5 Rg2 Rf6 6 Rh3 Re5! 7 Rg3 Rf5!, como na continuação a seguir:<br />

5 ... Rf5 6 Rg2 Rf4 7 Rf2 c5!<br />

E agora, as Pretas têm a oposição e, por conseguinte, o final vitorioso.<br />

8 Re2<br />

Ou 8 Rg2 Re3 9 Rg3 Rd3 10 Rg4 Rc3 11 Rg5 Rb3 12 f4 c3 e o Peão preto é promovido à Dama com<br />

xeque.<br />

8 ... Rg3 9 Re3 Rh3!!<br />

Pre<strong>para</strong>ndo-se <strong>para</strong> obter a oposição diagonal.<br />

10 Re4 Rg2 11 Re3 Rf1 12 Re4 Rf2 13 Rf5 Rf3 14 Rg5 Re3 (0-1)<br />

Diagrama: a4, e4, f3, g4, h5, Rb3 x b6, f6, g5, h6 Rc5<br />

1 ? ou 1 ... ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Sacrificar Peões <strong>para</strong> conseguir um Peão Passado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Rc6 2 Rb4 Rd6 3 Rc4 Rc6 4 f4!!<br />

O primeiro sacrifício de Peão<br />

4 ... gf4 5 e6!<br />

O segundo sacrifício de Peão<br />

5 ... fe5 6 g5!<br />

O terceiro sacrifício de Peão<br />

6 ... f3 7 Rd3 (1-0)<br />

Diagrama: d4, g6, h2, Re2 x a7, b7, c4, g7, Re6<br />

Stahlberg x Tartakower, Budapest, 1934<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Criar um Peão passado na ala do Rei, mediante o avanço do Peão h.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 h4! a5<br />

Analise 1 ... Rf5<br />

*****<br />

Se 1 ... Rf5, segue 2 h5 Rg5 3 d5 Rf6 4 d6 Re6 5 h6 (1-0)<br />

2 h5 a4 3 Rd2! B5 4 d5+ Rd7<br />

Observe que Tartakower não pode capturar o Peão de Stahlberg por causa do avanço do Peão h.<br />

5 h6<br />

Analise 5 Rc3<br />

*****<br />

Se 5 Rc3, segue 6 ... a3 6 h6 b4+, e as Negras se salvam.<br />

5 ... a3 6 Rc2!<br />

Analise 6 Rc3?<br />

*****<br />

125


Se 6 Rc3?, as Negras jogam 6 ... b5+ e novamente se salvam.<br />

6 ... b4 7 hg7 b3+ 8 Rb1!<br />

E se 8 Rc6?<br />

*****<br />

Interroga: 8 Rc6? a2 9 Rb2 c3+ 10 Ra1 c2 11 g8D c1D++ (0-1)<br />

Diagrama: a2, c2, c3, g2, h2, Rg1 x a7, b7, c6, e5, g6, Rf7<br />

Lasker x Aliados, Moscou, 1899<br />

1 ? (1-0)<br />

Havendo mais de 3 Peões de cada lado, o Peão Passado ganha sempre. Mas este diagrama é uma exceção<br />

interessante.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Formar um Peão Passado na ala do Rei, atraindo o Rei inimigo <strong>para</strong> esta ala, sacrifica-lo e então se<br />

infiltrar pelo centro e tomar os Peões inimigos.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 h4! a5 2 g4 a4 3 Rf2 a3 4 Re3 Re6 5 Re4 Rf6 6 c4 b6 7 c3 Re6 8 h5 gh5 9 h5 Rf6 10 h6 Rg6 11 Re5<br />

(1-0)<br />

Diagrama: a2, d4, e3, e6, g4, h2, Re2 x a5, b5, d5, f6, g5, h7, Rc6<br />

Pillsbury x Gunsberg, Hastings, 1895<br />

1 ? (1-0)<br />

Este é considerado um dos Finais de Peões mais bonitos da história do xadrez. Há igualdade de material e<br />

as Negras ameaçam formar um Peão Passado na Ala da Dama. O Peão Passado das Brancas de e6 parece<br />

perdido.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Defender o Peão Passado e6, criar um Peão Passado na ala da Dama e vencer sacrificando um deles<br />

<strong>para</strong> que o outro seja promovido.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 e4! de4 2 d5+<br />

O Peão “e” recebeu defesa e as Brancas têm dois Peões Passados poderosos.<br />

2 ... Rd6 3 Re3 b4 4 Re4 h4 5 Rd4 Re7 6 Rc4 b3 7 ab3 a3 8 Rc3 f5 9 gf5 g4<br />

Aparentemente as Negras promovem primeiro. Mas...<br />

10 b4 h5 11 b5 a2 12 Rb2 a1D+ 13 Ra1 h4 14 b6 g3<br />

Numa análise superficial, as Negras estão bem, pois seu Rei bloqueia os Peões avançados brancos e<br />

ameaçam a promoção com xeque. Mas Pillsbury executa uma série de lances de mestre.<br />

15 d6+ Rd6<br />

Analise 15 ... Rf6<br />

*****<br />

Se 15 ... Rf6, segue 16 d7 Re7 17 b7 g2 18 d8D+ Rd8 19 b8D+ (1-0)<br />

16 b7 Rc7 17 e7 g2 18 b8D+ Rb8 19 e8D+ (1-0)<br />

126<br />

A SEGUIR:<br />

4. Finais de Torres e Peões<br />

4.1. Torre e Peão x Torre


TÁTICA I<br />

7.4. Ataques ao Peão h7<br />

(Falta o Cavalo em f6)<br />

O Cavalo em f6 protege o Peão h7, que apenas se encontra defendido pelo Rei. Quando o<br />

Cavalo está ausente, devemos estudar a possibilidade de atacar o ponto h7. A coluna h é susceptível de ser<br />

aberta e por ela é que surgirão os ataques análogos aos vistos anteriormente.<br />

Diagrama: a2, b2, c2, d4, e5, f2, g2, h2, Ta1, Bc1, Cc3, Dd1, Bd3, Re1, Cf3, Th1 x a7, b7, c7, d5,<br />

e6, f7, g7, h7, Ta8, Bb4, Cb8, Bc8, Cd7, Dd8, Tf8, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

Esta posição surgiu depois da Defesa Francesa (1 e4 e6). Observe que o Cavalo negro não se encontra em<br />

f6 (foi expulso pelo Peão), o que dá margem às Brancas de elaborarem um plano de ataque sobre o Peão<br />

h7.<br />

PLANO<br />

*****<br />

Abrir a coluna h e a diagonal d1-h5 por onde agirá a Dama atacando o Rei inimigo, atraindo-o <strong>para</strong> o<br />

centro numa posição de mate. Observe que o Peão e5 domina as casas de fuga d6 e f6.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bh7+ Rh7 2 Cg5+<br />

Analise 2 ... Rg6<br />

*****<br />

Se 2 ... Rg6, segue 3 Dg4!, ameaçando Ce6+desc. (1-0)<br />

2 ... Rg8 3 Dh5 Te8 4 Df7+ Rh8 5 Dh5+ Rg8 6 Dh7+ Rf8 7 Dh8+ Re7 8 Dg7++<br />

Diagrama: b2, b3, c2, d3, f2, g2, h2, Ta1, Cc3, Re1, Be3, Cg5, Th1, Dh5 x a7, b7, c7, e5, f7, g7, h7,<br />

Ta8, Bc8, Cd6, Dd8, Be7, Tf8, Rg8<br />

1 ... ?<br />

Se você estivesse de Brancas, o que jogaria agora?<br />

*****<br />

1. Dh7++ (1-0)<br />

Observe que isto é possível pela ausência do Cavalo em f6.<br />

As Negras seguiram com:<br />

1 ... h6 2 h4!<br />

Lance típico nestas posições. Visa abrir a coluna h, por onde agirão a Dama e a Torre.<br />

2 ... hg5 3 hg5 f6<br />

Visando dar a casa de fuga f7 <strong>para</strong> o Rei negro.<br />

O que devem jogar as Brancas agora?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Tirar a casa de fuga f7 do Rei inimigo e fazer valer a força da Dama e Torre na coluna h aberta.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

4 g6! (1-0)<br />

O mate é inevitável.<br />

127


Diagrama: a2, b2, c2, d4, e5, f2, g2, h4, Ta1, Cc3, Dd1, Bd3, Re1, Cf3, Th1 x a7, b7, c7, d5, e6, f6,<br />

g7, h7, Ta8, Cb8 Bd7, Dd8, Be7, Tf8, Rg8<br />

Brancas: Schlechter<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Cavalo está ausente de f6, o que torna o Peão h7 alvo de ataque. Abrindo a coluna h, a Torre e a<br />

Dama poderão agir sobre ela. Havendo a possibilidade de infiltrar um Peão em g6, o mate é<br />

praticamente inevitável.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bh7+! Rh7 2 Cg5+ fg5 3 hg5+desc. Rg8 4 Th8+ Rh8 5 Dh5Rg8 6 g6 (1-0)<br />

Diagrama: a2, b2, c3, f2, g2, h4, Ta1, Dd1, Te1, Be4, Cf3, Rg1 x a7, b6, e6, f7, g7, h7, Ta8, Bb7,<br />

Bc5, Cc6, Dc7, Tf8, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar a ausência do Cavalo em f6 com ataque ao Peão h7. O sacrifício de Bispo é típico neste caso<br />

com o objetivo de abrir a coluna h, por onde agirá a Dama, juntamente com o ataque do Cavalo ou<br />

então atrair o Rei inimigo <strong>para</strong> o centro onde estaria exposto ao ataque fulminante das Brancas.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bh7+ Rh7 2 Cg5+ Rg6<br />

Analise 2 ... Rg8<br />

*****<br />

Seguiria 3 Dh5 Tfd8 4 Dh7+ Rf8 5 Dh8+ Re7 6 Dg7, etc.<br />

3 Dg4 Rf6 4 Te6+! fe6 5 De6++ (1-0)<br />

Campeonato de Londres, 1863<br />

Gambito Evans<br />

Blackburne x Steinitz<br />

A SEGUIR:<br />

7.5. Ataques ao Peão f7 (falta a Torre em f8)<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

3.2. Partida nº 2<br />

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Bc5<br />

Aqui é mais recomendável jogar 5 ... Ba5, pois assim o Bispo não ficaria exposto ao ataque mediante o<br />

lance branco d4. Segundo os métodos de abertura daquele tempo, ambas eram consideradas equivalentes.<br />

6 d4<br />

128


Observe que se o Bispo estivesse em a5, as Negras poderiam seguir com 6 ... d3, sem a necessidade de<br />

abandonar o centro com 6 ... ed4. Se as Brancas jogam 7 de5 de5 8 Dd8+ Cd8 9 Ce5, caem em<br />

desvantagem pela má posição de seus Peões ao tentar recuperar o Peão do Gambito.<br />

6 ... ed4 7 0-0 d6<br />

Não seria recomendável jogar 7 ... dc3, por que?<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Bispo c5 é uma peça sem defesa. Ao tomar o Peão “c”, a coluna “d” é aberta, por onde pode agir a<br />

Dama.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

8 Bf7+ Rf7 9 Dd5+<br />

8 cd4 Bb6<br />

Esta posição era considerada como normal no Gambito Evans, pois os lances que foram empregados até<br />

agora por ambos os lados, se conceituam como os melhores.<br />

9 Cc3<br />

Devemos observar que este lance que hoje é como compreensível como de desenvolvimento, foi<br />

introduzido por Morphy na prática do jogo. Antes dele, preferia-se o ataque direto, como por exemplo, 9<br />

d5, ainda que claramente tenha seus reveses. Por um lado limita a eficácia do lance branco Bc4, mas por<br />

outro, imobiliza os Peões brancos do centro.<br />

9 ... Bg4<br />

As Brancas tem um Peão a menos, mas em troca um desenvolvimento melhor, além de um forte centro de<br />

Peões. As formações de Peões d4-e4 (branca) contra d6 (negra) são encontradas com freqüência. A<br />

vantagem das Brancas é o domínio do centro, o que lhe permite levar as peças de um flanco a outro com<br />

facilidade. Em contrapartida, as Negras estão presas no flanco do Rei e da Dama e a comunicação entre as<br />

peças é ruim. Tomemos como exemplo o Bb6, que tem grandes dificuldades (perda de tempo) <strong>para</strong> se<br />

dirigir ao flanco do Rei.<br />

Com estas considerações já dá <strong>para</strong> ter uma idéia de como seguirá a partida. As Brancas pretendem atacar<br />

o flanco, provavelmente o do Rei, pois podem fazer valer a sua superioridade sobre o Negro. Em<br />

contrapartida as Negras atacarão o centro <strong>para</strong> atrair as Brancas. Além disso, as Negras tentarão trocar as<br />

peças <strong>para</strong> diminuir a desvantagem de sua posição restringida.<br />

Steinitz pretende com 9 ... Bg4 conseguir uma boa posição <strong>para</strong> um ataque contra o centro das Brancas.<br />

10 Bb5<br />

Na partida Morphy contra De Riviere, que seguiu idêntica até esta posição. As Negras, <strong>para</strong> destruir a<br />

ameaça branca d5, não encontraram nada melhor que ... Bd7, com o que abandonaram o ataque ao centro<br />

de seu adversário. Com o lance seguinte, Steinitz demonstra que o que lhe impulsionava era a condução<br />

do jogo posicional, seu primeiro princípio, e aceitava calmamente as passageiras dificuldades que eram<br />

apresentadas <strong>para</strong> atingir seu objetivo.<br />

10 ... Rf8 11 Bc6 bc6 12 Ba3<br />

As Brancas pre<strong>para</strong>m o avanço do centro, com o objetivo de explorar a má situação do Rei negro.<br />

12 ... Bf3<br />

Aparentemente perigoso, pois abre a coluna g, por onde as Brancas podem atacar, mas Steinitz continua<br />

ciente de que irá imobilizar o centro branco e debilitar o Peão d4.<br />

13 gf3 Dg5+ 14 Rh1 Ce7<br />

Para conseguir o ataque, as Brancas devem avançar antes de tudo, o seu Peão f. Portanto, devem dominar<br />

a casa f5.<br />

15 Ce2 Cg6 16 Tg1 Df6 17 Dd3 Rg8<br />

Agora Steinitz impede e5 com ... h6 e ... Rh7, ligando as Torres <strong>para</strong> continuar com o ataque ao centro<br />

branco.<br />

129


18 Bc1 h6 19 f4 Rh7 20 f5 Ce7 21 Bb2<br />

A debilidade do Peão d4 começa a se manifestar. As Brancas o defendem com o Bispo <strong>para</strong> ameaçar Cf4-<br />

Ch5.<br />

21 ... d5<br />

Steinitz continua o ataque no centro.<br />

22 f3 Tad8 23 Cf4 Thg8 24 Ch5 Dh4 25 f6<br />

Com este ataque as Brancas recuperam seu Peão do Gambito.<br />

25 ... Dh5 26 fe7 Td7 27 ed5+desc. g6 28 Tae1<br />

Os últimos lances negros dão a impressão de que Blackburne ataca impetuosamente e que Steinitz apenas<br />

se defende devolvendo o Peão. Mas a verdade é outra. Enquanto Blackburne nada no mar da combinação,<br />

Steinitz (de característica posicional) vai lutando pelo domínio do centro.<br />

Parecia, por exemplo, mais indicado jogar 26 ... Tde8 e não 26 ... Td7, pois fica exposto ao ataque<br />

mediante dc6, mas o lance seguinte das Negras demonstra-nos a previsão de Steinitz, querendo reservar a<br />

casa e8 <strong>para</strong> a outra Torre.<br />

28 ... Te8<br />

Agora está claro que as Negras, depois de 29 dc6 Tde7, dominam a coluna “e” e enfraquecem os Peões<br />

brancos, ficando assim em vantagem. Mas Blackburne evita as trocas e continua magistralmente seu<br />

ataque, que fracassa finalmente pela inexorável defesa de seu adversário.<br />

29 Te5 Dh4 30 Tf5<br />

Lance genial! As Negras não podem tomar a Torre. Também não seria conveniente 30 ... T7e7, por que?<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Rei negro está exposto ao ataque da Dama pela diagonal b1-h7, além de que a Torre Branca age<br />

sobre a coluna aberta g.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

31 Tf7+ seguido de Dg6+.<br />

30 … De7 31 dc6 T7d8 32 Ba3<br />

As Brancas não podem jogar 32 Te5, pois as Negras ganhariam a Torre.<br />

32 ... De6 33 Tf4 f5<br />

As Negras não cedem mais a coluna “e”. Impedem agora o lance branco Te4 e ameaçam ... Dc6.<br />

34 Th4<br />

Analise 34 ... Dc6<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Rei negro está exposto ao ataque da Dama pela diagonal b1-h7, além de que a Torre Branca age<br />

sobre a coluna aberta g. Se a Dama tomar o Peão c, deixa de vigiar a casa f5. Ou seja o mesmo tema<br />

anterior.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

Se 34 ... Dc6 35 Bc1 h5 36 Th5+! gh5 37 Df5+ (1-0)<br />

Mas esta combinação analisada por Blackburne é tão bonita quanto inútil...<br />

34 ... h5<br />

Muitos mestres teriam caído aqui na perspicaz armadilha de Blackburne, fazendo o aparente lance<br />

destruidor 34 ... De2, parecendo que, depois da troca de Damas, o final é perdido <strong>para</strong> o primeiro jogador.<br />

Mas a continuação poderia ser outra, qual?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Colocar as duas Torres na sexta horizontal e dar xeques perpétuos.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

130


35 Bf8!! e se as Negras jogam 35 ... Dd3, as Brancas empatam com 36 Th6+ Rg8 37 T1g6+ Rf8 38 Tf6+<br />

Re7 39 Te6+ (=)<br />

Ainda nesta análise, o que você faria se as Negras jogassem 35 ... h5 ao invés de jogar 35 ... Dd3 como foi<br />

visto?<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

36 Th5+ gh5 37 Df5 (1-0)<br />

35 Bb2 Td5<br />

Defende o ponto f5 e renova a ameaça ... Dc6.<br />

36 Dc2 De2 37 Db3 Db5 38 Dc3 Te2<br />

Os minutos de Blackburne estão contados, mas ainda assim ele pre<strong>para</strong> outra armadilha.<br />

39 f4<br />

Se o negro jogar 39 ... Bd4 o que acontece?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Abrir a coluna g <strong>para</strong> agir sobre ela com a Dama e a Torre, chegando à posição típica de mate com a<br />

Dama atacando o Rei, defendida pela Torre ou pelo Bispo em b2.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

40 Th5+ gh5 41 Dg3 Bg1 42 Dg7++ (1-0)<br />

39 ... Td4 40 Df3<br />

Ameaça o sacrifício em h5 de Dama ou Torre.<br />

40 Dd5 (0-1)<br />

Blackburne abandona.<br />

A SEGUIR:<br />

3.3. Partida nº 3<br />

Londres, 1863<br />

Defesa Robatsch<br />

Steinitz x Mongredien<br />

EXERCÍCIOS<br />

Diagrama 15.1<br />

a3, b2, e4, f6, g4, h2, Cb3, Be2, Rf1, Bg7, Dh6 x a6, d6, e6, f7, h7, Ta8, Db6, Bb7, Tc2, Cd8, Ce5,<br />

Rg8<br />

Riches x Leslie<br />

Londres, 1955<br />

1 ... ?<br />

O que ameaçam as Brancas nesta posição?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Se a Dama Branca estivesse ocupando a casa g7 agora, teríamos uma posição de mate.<br />

Se o lance pertencesse às Brancas o que deveriam jogar?<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Bf8, seguido de 2 Dg7++.<br />

131


Observe que apesar da superioridade material (2 Torres), as Negras não poderiam impedir o ataque<br />

Branco. Mas o lance pertence ao segundo jogador, o que possibilitará se desvencilhar desta posição.<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Cavalo pode atingir a casa g4, atacando a Dama. Se as Negras conseguem atrair o Rei <strong>para</strong> a casa f2,<br />

o duplo está montado e consegue o segundo jogador evitar o ataque visto anteriormente.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Df2+ 2 Rf2 Cg4+<br />

Observe que o duplo é possível nesta posição por causa do Bispo branco de d2 cravado.<br />

Diagrama 15.2<br />

a3, b4, e6, Rb3, Cc4, Dg4 x a6, b7, c7, Rc8, Df6, Tg5<br />

Trüitsch x Heindenreich<br />

Wurzen, 1935<br />

1 ?<br />

As Brancas tem qualidade a menos. As Negras, após colocarem o Rei em g8 poderiam atacar facilmente o<br />

Peão e6.<br />

O que deve fazer o Branco?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Explorar o Peão Passado, com xeque descoberto, atrair o Rei Negro <strong>para</strong> a casa d7 e a Torre negra<br />

<strong>para</strong> g4, onde o Cavalo poderia dar um duplo<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 e7+! Tg4 2 e8D+ Dd8 3 De6+ Dd7<br />

Observe que as Brancas ameaçavam 4 Dg4<br />

4 Dd7+ Rd7 5 Ce5+, seguido de 6 Cg4<br />

E as Brancas tem um Cavalo de vantagem. Este é um exemplo de manobra (ou combinação) de duplo,<br />

que contém em sua fase pre<strong>para</strong>tória elementos táticos <strong>para</strong> atrair o Rei e outras peças <strong>para</strong> as casas<br />

convergentes ao duplo de Cavalo.<br />

Apostila 17<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

XVI CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Alekhine x Euwe, 1935<br />

Poucos meses depois de sua segunda vitória sobre Bogoljubov, Alekhine participa e<br />

ganha brilhantemente o Torneio de Zurique, 1934, perdendo somente uma partida <strong>para</strong> Euwe,<br />

que seria seu próximo desafiante no Campeonato Mundial.<br />

Max Euwe, nascido em 20Mai1901, na cidade holandesa de Watergraasfmeer,<br />

próximo de Amsterdam, foi o único Campeão Mundial que alcançou a glória máxima que não<br />

era um profissional do xadrez.<br />

Durante sua vida, desenvolveu a atividade de professor de matemática e mais tarde<br />

dirigiu um instituto de eletrônica. No ano de 1923, conseguiu o título de Doutor em Filosofia e<br />

em 1970 foi eleito presidente da Federación International dés Échécs (FIDE).<br />

132


Euwe aprendeu a jogar xadrez com sua mãe aos 4 anos de idade, ainda que jamais<br />

tenha sido considerado um menino prodígio, apesar de que aos 10 anos já tenha participado<br />

de um pequeno torneio. Em 1919 empatou em segundo lugar no Campeonato Nacional, e em<br />

1926 seu nome começa a ser conhecido ao finalizar em 2º/3º em um torneio, em Gotemburgo.<br />

No ano seguinte ficou em 2º, atrás de Sämisch, em Viena, mas à frente de enxadristas de<br />

categoria, como Breyer, Grunfeld, Tartakower, etc. Neste mesmo ano, enfrentou pela primeira<br />

vez Alekhine no Torneio de Budapest, chegando a empatar a partida e finalizando em 6º lugar.<br />

A partir deste momento e até encontrar-se com Alekhine pelo título mundial, sua carreira é<br />

muito extensa. Suas principais atuações foram:<br />

TORNEIO ANO COLOCAÇÃO<br />

Mährisch-Ostrau 1923 5º/6º<br />

Hastings 1923/24 1º<br />

Weston 1924 1º<br />

Weston 1926 1º<br />

La Haya* 1928 1º<br />

Bad Kissingen 1928 3º/4º<br />

Carlsbad 1929 5º/7º<br />

Hastings 1930/31 1º**<br />

Zurique 1934 2º/3º<br />

Hastings 1934/35 1º/3º<br />

Campeonato Holandês Diversas vezes<br />

* Considerado o Campeonato Mundial de Amadores<br />

** Superando a Capablanca<br />

Em matches foi derrotado duas vezes por Bogoljubov, uma vez por Capablanca.<br />

Destacamos outros matches:<br />

133<br />

ADVERSÁRIO CIDADE, ANO RESULTADO<br />

Reti Amsterdam, 1920 +1 –3 =0<br />

Maroczy Aussee, 1921 +2 –2 =8<br />

Olland Utrecht, 1922 +5 –2 =3<br />

Colle Zütphen, 1924 +5 –3 =0<br />

Davidson Rotterdam, 1924 +5 –1 =3<br />

Davidson Amsterdam, 1926 +3 –0 =2<br />

Colle Amsterdam, 1928 +5 –0 =1<br />

Landau Amsterdam, 1931 +3 –1 =2<br />

Noteboom Amsterdam, 1931 +3 –0 =3<br />

Spielmann Amsterdam, 1932 +2 –0 =2<br />

Bosch Amsterdam, 1934 +6 –0 =0<br />

Landau Amsterdam, 1934 +4 –1 =1


Flohr Amsterdam/Carlsbad, 1932 +3 –3 =10<br />

O histórico, apesar de importante, não incomodava Alekhine, que o havia vencido<br />

em um match antes de disputar o Mundial contra Capablanca, por +3 –2 =5 e que foi jogado<br />

em Amsterdam no fim de 1926 e começo de 1927.<br />

Alekhine concedeu a oportunidade a Euwe, voltando a “esquecer” Capablanca e<br />

cometeu o mesmo erro que contra o cubano: não deu importância ao rival. A maior prova disto<br />

é que o Campeão Mundial começa o ano de 1935 realizando uma extensa turnê de<br />

simultâneas pela Espanha, onde declara: “Não acredito que Euwe ganhe sequer 3 partidas de<br />

mim!”.<br />

Confiante, deixa a Espanha <strong>para</strong> jogar o Torneio de Orebro, que ganha sem<br />

dificuldades; em seguida, participa das Olimpíadas de Varsóvia, onde não perde uma partida<br />

sequer, ganhando sete e empatando dez, uma quantidade excessiva, se levarmos em<br />

consideração os rivais, não tão perigosos <strong>para</strong> sua categoria. Um mês depois de terminar este<br />

torneio, Alekhine defende seu Título diante de Euwe, em um encontro que seria disputado em<br />

diversas cidades da pátria do aspirante, e no qual seria vencedor o que conseguisse melhor<br />

resultado em 30 partidas.<br />

As primeiras partidas deram a impressão de que o Campeão revalidaria seu Título<br />

sem maiores esforços, pois começou ganhando a 1ª partida, e ainda que tenha perdido a 2ª,<br />

ganhou a 3ª e 4ª. Seguiram 2 empates e Alekhine ganhou a 7ª, e o placar sinaliza +4 –1 =2 a<br />

seu favor, que era muito tranqüilo. A partir de então, Euwe começa a jogar muito bem,<br />

ganhando a 8ª, e ainda que perdendo a 9ª, impõe-se na 10ª, 12ª e 14ª, empatando a 11ª e a<br />

13ª, com o que a pontuação se iguala a +5 –5 =4.<br />

Os aficionados holandeses se emocionaram ao ver seu campeão reagir tão<br />

brilhantemente após um começo negativo, e a luta se converte em um acontecimento nacional.<br />

A partida 15 finaliza empatada e Alekhine joga um balde de água fria nos<br />

simpatizantes de Euwe ao ganhar a 16 e a 19, depois de empatar as outras duas.<br />

Com 2,0 pontos de vantagem, ninguém mais acreditava em Euwe, mas desafiante<br />

iguala a pontuação ao vencer as duas partidas seguintes, a 20 e a 21. Seguem 3 empates e o<br />

aspirante vence a 25ª e a 26ª, com o que fica com 2,0 pontos de vantagem e restando apenas<br />

4 partidas <strong>para</strong> o final do match.<br />

Alekhine se recuperou? Não. Ainda que tivesse tentado com todas as suas forças<br />

vencendo a 27ª. E a partir de então, Euwe demonstra sua classe e sangue frio, empatando a<br />

28ª e 29ª. Alekhine tem de vencer a 30ª, de Negras e se lança a um ataque desesperado.<br />

Euwe se defende com precisão, ganha material, e quando a luta está completamente perdida<br />

<strong>para</strong> Alekhine, oferece empate, que este aceita, entregando o Título.<br />

O encontro finalizou por +9 –8 =13 a favor de Euwe, e ainda que a vantagem tenha<br />

sido mínima, não ficou dúvida de que o aspirante jogou melhor.<br />

Muito se especula sobre este match no sentido de que Alekhine não se apresentou<br />

em sua melhor forma <strong>para</strong> jogar, o que não há duvidas, e que inclusive uma partida jogou<br />

praticamente embriagado, pois naquela época bebia em demasia.<br />

Indubitavelmente, Euwe não tinha a genialidade de seus antecessores no Título,<br />

mas foi um grande trabalhador que jogava perfeitamente as aberturas e possuía um grande<br />

sentido posicional. Como bem observou o grande enxadrista, psicólogo e publicista Ruben<br />

Fine, durante o período que foi Campeão Mundial não se mostrou inferior a nenhum outro<br />

enxadrista. E a prova desta afirmação é sua classificação nos torneios que jogou como titular:<br />

134


Local Ano Colocação Observação<br />

Amsterdan 1936 1º/2º Com Fine, sem derrotas, superando Alekhine<br />

(com uma vitória sobre ele).<br />

Nottingham 1936 3º/5º Com Fine e Reshevsky, a meio ponto de<br />

Capablanca e Botwinnik, os vencedores,<br />

perdendo somente <strong>para</strong> Alekhine e Lasker.<br />

Zanvoort 1936 2º Atrás de Fine, mas à frente de Keres,<br />

Tartakower, etc.<br />

Bad Nahueim 1937 1º Pequeno torneio com turno e returno<br />

superando a Alekhine em uma partida e<br />

empatando outra.<br />

Estocolmo 1937 - Última atuação como Campeão Mundial com<br />

uma magnífica pontuação e vitórias sobre<br />

Keres, entre outros.<br />

Após perder o Título, a estrela de Alekhine começa a brilhar e sua força de vontade<br />

começa a se destacar. Decide deixar por completo a bebida e o fumo, além disso, começa<br />

uma intensa pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> recuperar o Título, já que o contrato tinha uma cláusula em que<br />

tinha direito à revanche.<br />

Mas a força de Alekhine dava a impressão de haver caído. Veja suas atuações:<br />

Local Ano Col Observação<br />

Bad Nauheim 1936 1º/2º Sem derrotas, com Keres.<br />

Dresden 1936 1º Uma derrota <strong>para</strong> Engels.<br />

Podebrad 1936 2º Sem derrotas, atrás de Flohr.<br />

Nottingham 1936 6º Duas derrotas diante de Capablanca e Reshevsky.<br />

Amsterdan 1936 1º/2º Sem derrotas, com Landau.<br />

Amsterdan 1936 3º Atrás de Euwe e Fine, com uma derrota <strong>para</strong> Euwe.<br />

Hastings 1936/7 1º Sem derrotas.<br />

Margate 1937 3º Atrás de Fine e Keres, derrotado por Keres Fine e<br />

Buerger.<br />

Kemeri 1937 4º/5º Empatado com Keres, uma derrota diante de<br />

Mikenas e superado por Flohr, Petrov e Reshevsky,<br />

que terminaram empatados em 1º.<br />

Bad Nauheim 1937 2º/3º Com Bogoljubow, atrás de Euwe, que lhe ganhou<br />

uma partida.<br />

Não é de se estranhar que diante destes resultados, anos mais tarde, Euwe<br />

declarou: “Em 1935, eu acreditava ser inferior a Alekhine. Em troca, em 1937, pensava que o<br />

mais forte era eu”.<br />

135<br />

Euwe x Alekhine<br />

Amsterdan e diversas cidades da Holanda<br />

08Out-15Dez1935


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Euwe 0 1 0 0 = = 0 1 0 1<br />

Alekhine 1 0 1 1 = = 1 0 1 0<br />

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20<br />

Euwe = 1 = 1 = 0 = = 0 1<br />

Alekhine = 0 = 0 = 1 = = 1 0<br />

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Tot<br />

Euwe 1 = = = 1 1 0 = = = 15,5<br />

Alekhine 0 = = = 0 0 1 = = = 14,5<br />

Alekhine começou o match de Brancas.<br />

136<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Alekhine 29 1 3,33<br />

Cambridge Springs 25 1 3,33<br />

Eslava 1, 6, 8, 10, 11, 15, 16, 19, 20, 21, 23 11 36,67<br />

Francesa 3, 5, 7, 9 4 13,33<br />

Gambito da Dama Aceito 30 1 3,33<br />

Grünfeld 2, 4, 12, 14 4 13,33<br />

Holandesa 24, 26 2 6,67<br />

Inglesa 18 1 3,33<br />

Nimzoindia 22 1 3,33<br />

Ortodoxa 28 1 3,33<br />

Peão da Dama 17 1 3,33<br />

Ruy López 13 1 3,33<br />

Vienense 27 1 3,33<br />

A SEGUIR:<br />

XVII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Euwe x Alekhine, 1937


Diagrama: e5, Th7, Rf5 x Re8, Tb1<br />

Posição de Philidor, 1777, Empate<br />

FINAIS I<br />

4. FINAIS DE TORRES E PEÕES (cont.)<br />

4. 1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />

Final de Berger<br />

Neste final, a Torre negra não mais vigia a 3ª horizontal, nem a coluna “a” está a sua<br />

disposição, pois está ocupada pela Torre branca.<br />

Estes fatores levaram a considerar, por muito tempo, o final perdido <strong>para</strong> as Negras.<br />

As Negras, tendo o lance, com 1 ... Tb3! Conseguem empatar facilmente, desde que<br />

conservem a Torre na 3ª horizontal até o avanço do Peão branco na 6ª casa (vide Manobra de<br />

Philidor).<br />

Berger opinava que as Brancas ganhariam se lhes correspondesse a jogar, baseado<br />

na continuação:<br />

1 Rf6<br />

Se 1 Re6? Porque seguiria 1 ... Tb6+, atingindo posição de empate que já estudamos.<br />

1 ... Tf1+?<br />

Este é o erro de Berger.<br />

2 Re6 Rf8 3 Ta8+ Rg7 4 Re7 Tf7+ 5 Rd6 Tb7 6 e6 Tb6+ 7 Rd7 Tb7+ 8 Rf6 (1-0)<br />

Este final estaria empatado se a Torre negra estivesse distanciada 3 colunas do<br />

Peão branco; por exemplo se estivesse na coluna “a” e a Torre branca na coluna “b”.<br />

Manobra de Chéron<br />

O teórico Chéron refutou as análises de Berger, descobrindo, na posição do<br />

diagrama do Final de Berger uma manobra de empate.<br />

1 Rf6 Te1!!<br />

Lance sutil que garante o empate.<br />

2 Re6 Rf8 3 Ta8+ Rg7 4 Rd6!<br />

Se 4 Te8, haveria empate com 4 ... Ta1!, colocando a Torre em situação que deixa 3 colunas<br />

livres entre ela e o Peão inimigo, segredo tático fundamental.<br />

4 ... Rf7! (=)<br />

Estes dois finais (Philidor e Berger) têm grande importância em virtude de a maioria<br />

dos finais de Torres e Peões se resumir num daqueles que vimos.<br />

137<br />

A SEGUIR:<br />

4.1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />

Posição Ideal da Torre defensiva


TÁTICA I<br />

7.6. Ataques devidos ao avanço g6<br />

Nesta estrutura de Peões (f7-g6-h7), as casas f6 e h6 tornam-se casas débeis,<br />

devido ao avanço do Peão e nelas, o adversário poderá situar suas peças <strong>para</strong> apoiar o mate.<br />

Além disso, a diagonal a1-h8 é aberta (alguns autores a chamam de “diagonal fatal do roque”).<br />

Através dela uma Dama ou Bispo podem vulnerar a posição do monarca inimigo <strong>para</strong> seguir<br />

com mate.<br />

Diagrama: a3, b2, c3, d4, f6, g2, h2, Te1, Tf1, Rh1, Dh3 x a5, b6, c5, f7, g6, h7, Db7, Td8,<br />

Tf8, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão g avançou enfraquecendo as casas f6 e h6. As Brancas já ocupam a casa f6 com o<br />

Peão, dominando a casa g7. Se a Dama conseguir penetrar em g7, teremos uma posição de<br />

mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dh6 (1-0)<br />

O mate é inevitável com 2 Dg7++.<br />

Diagrama: a3, b4, c5, f2, g2, h3, Bb2, Rg1, Dg3, Th4 x a7, b6, c7, f7, g6, h7, Bb7, Dc8, Tf8,<br />

Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão g avançou enfraquecendo as casas f6 e h6. O Bispo branco em b2 domina a “diagonal<br />

fatal”. Se a Dama branca conseguir se infiltrar em g7 ou h8 ou ainda a Torre branca em h8,<br />

teremos uma posição de mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Th7! Rh7 2 Dh4+ Rg8 3 Dh8++ (1-0)<br />

Diagrama: a3, b4, d4, f2, g3, h2, Ta1, Dd2, Te1, Be2, Be3, Cf3, Rg2 x a6, b5, c4, f7, g6, h6,<br />

Ta8, Bb7, Cc6, Bc7, Dd5, Tf6, Rh7<br />

N.N. x Rjumin<br />

1 … ? (0-1)<br />

PLANO<br />

*****<br />

138


O Peão g avançou enfraquecendo as casas f3 e h3. Dama e Bispos negros já se encontram<br />

na “diagonal fatal”, a Torre negra age sobre o Cavalo cravado.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 … Tf3!! 2 Bf3 Df3+ 3 Rf3 Cd4+ 4 Rg4 Bc8+ 5 Rh4 Cf3++ (0-1)<br />

Diagrama: b2, e5, f2, g2, h3, tc1, Bd3, Te1, Rg1, Bg5, Dh6 x b7, e6, f7, g6, h7, Ta7, Db6,<br />

Bc5, Bc8, Te8, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão g avançou enfraquecendo as casas f6 e h6. A Dama branca já se encontra em h6 e<br />

ameaçam entrar com o Bispo em f6, seguido de Dh7++. Mas as Negras podem se defender<br />

facilmente jogando ... Bf8. Além disso, ameaçam ... Bf2+.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tc5! Dc5 2 Bg5<br />

Armadilha tentando desviar a atenção da Dama negra da casa f8.<br />

2 … Df8 3 Be8 De8 4 Bf6 Df8<br />

Evitando o mate.<br />

5 Df8+ Rf8 6 Td1! Bd7 7 Td7 (1-0)<br />

Dublin, 1865<br />

Defesa Philidor<br />

Steinitz x MacDonnel<br />

A SEGUIR:<br />

7.7. Ataques devido ao avanço h6<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

3.4. Partida nº 4<br />

Esta partida é um bom exemplo <strong>para</strong> o tratamento de posições fechadas. Nos mostra o<br />

método dos fundamentos de Steinitz que foi popularizado pelos excelentes trabalhos<br />

pedagógicos do dr. Tarrasch.<br />

1 e4 e5 2 Cf3 d6 3 Bc4<br />

Nas partidas anteriores, vimos somente o lance enérgico 3 d4. Mas Steinitz constrói um centro<br />

bem defendido. Pela simétrica formação de Peões (d3, e4 x d6, e5), as perfectivas favorecem<br />

às Brancas, pois seu Bispo do Rei já está desenvolvido diante da cadeia de Peões, enquanto<br />

que o das Negras está fechado atrás de sua cadeia de Peões.<br />

139


Pode parecer pouco, mas o xadrez é formado de conquista de pequenas vantagens, que<br />

devem ser conquistadas. As grandes vantagens, só são possíveis de alcançar se o adversário<br />

cometer erros graves, o que não devemos nunca esperar.<br />

3 ... Be7 4 c3 Cf6 5 d3 0-0 6 0-0 Bg4 7 h3 Bf3<br />

Um mestre moderno não faria esta troca, pois Steinitz demonstrou que 2 Bispos são<br />

superiores a Bispo e Cavalo.<br />

8 Df3 c6 9 Bb3 Cbd7 10 De2 Cc5<br />

Agora se compreende o objetivo do aparente inútil 9 Bb3. Se o Bispo estivesse em c4, as<br />

Brancas não conseguiriam impedir a troca do mesmo.<br />

11 Bc2<br />

As Brancas iniciarão o ataque de Peões pelo Flanco do Rei com f4.<br />

11 ... Ce6 12 g3!!<br />

As Brancas querem conservar o par de Bispos, por isso não jogaram f4 agora.<br />

12 ... Dc7 13 f4 Tfe8 14 Cd2 Tad8 15 Cf3 Rh8<br />

As Negras não tem, graças à sua posição restringida, nenhum lance bom a ser feito. Observe<br />

como a vantagem das Brancas vai se tornar mais clara.<br />

16 f5 Cf8 17 g4 h6 18 g5 hg5 19 Cg5 Rg8 20 Rh1<br />

A essência da vantagem branca se reconhece claramente ao ver o planejado ataque contra a<br />

coluna g e contra a casa g7.<br />

As Brancas querem triplicar suas forças na coluna g, o que é fácil, levando em consideração a<br />

liberdade de movimento que têm. Já as Negras estão restringidas em seu próprio campo, o<br />

que dificulta a defesa do ponto g7.<br />

20 … C6h7 21 Cf3 Td7<br />

Começam as Negras a pre<strong>para</strong>r a defesa de g7, o qual pode ser feito apenas com muitas<br />

manobras.<br />

22 Tg1 Bd8 23 Bh6 c6 24 Tg2 d5<br />

As Negras tentam quebrar o centro <strong>para</strong> conseguir maior liberdade <strong>para</strong> suas peças.<br />

25 Tag1 Tee7 26 ed5 cd5 27 Ba4 Td6<br />

Não há mais casas <strong>para</strong> as Torres juntas defenderem o Peão g7.<br />

28 Tg7+ Tg7 29 Tg7+ Dg7 30 Bg7 (1-0)<br />

140<br />

A SEGUIR:<br />

3.5. Partida nº 5<br />

Baden-Baden, 1870<br />

Partida dos 3 Cavalos<br />

Paulsen x Steinitz<br />

EXERCÍCIOS


Diagrama 17.1<br />

a2, b2, e2, f2, g2, h2, Ta1, Cb5, Bc1, Cd5, Re1, Bf1, Th1 x a7, b7, e5, f7, g7, h7, Ca6, Ta8,<br />

Bc8, Re8, Bf8, Cg8, Th8<br />

Tarrasch x Dyckhoff<br />

Da obra “Modernen Schachpartie”<br />

1 ... ?<br />

O ponto fraco da posição negra é a casa c7 (convergência do ataque duplo de Cavalo ao Rei e<br />

Torre). É difícil defende-la, pois se 1 ... Rd8, segue 2 Be3 seguido de 3 0-0-0. Mas as Negras<br />

podem desenhar um contra-ataque, pois o Rei e a Torre brancos também estão em casa<br />

convergente de ataque duplo de Cavalo (c2).<br />

1 ... Cb4<br />

E agora? O que devem fazer as Brancas? Tarrasch tem uma peça desenvolvida a mais, o que<br />

torna mais fácil a sua liberação do que o seu oponente.<br />

2 Cdc7+ Rd8 3 Ch8 Cc2+ 4 Rd1 Ca1 5 Ca7 Bc5 6 Cb5! Be6<br />

Qual a idéia de 6 ... Be6?<br />

*****<br />

Aproximar o Rei e tomar o Cavalo a8<br />

7 b4! Bf2 8 Bb2 Cb3 9 Be5<br />

As Brancas impedem a captura do Cavalo a8 e ganham rapidamente ao envolver o Rei<br />

adversário em uma rede de mate.<br />

9 ... f6 10 Bc7+ Rd7 11 e3! Ca1<br />

Se 11 ... Be3 12 ab3 Bb3+ 13 Re2.<br />

12 Bd3! Be3 13 Re2 Bg5 14 Cb6+ Rc6 15 a4! f5 16 a5! Cb3 17 Be5 Ca5 18 ba5 Cf6 19 Tb1<br />

(0-1)<br />

Por que as Negras abandonaram?<br />

*****<br />

As Negras abandonaram por causa das ameaças Cd4+ e Ca7+.<br />

Diagrama 17.2<br />

a2, b2, f3, g2, h2, Re1, Dd5, Ta1, Th1, Bf1, Ce4, Cg1 x a7, b7, f7, g7, h7, Rg8, De7, Ta8,<br />

Tf8, Bc8, Cc6<br />

Stahlberg x Donner<br />

Göteborg, 1955<br />

1 ... ?<br />

Esta posição é muito importante <strong>para</strong> a teoria do Gambito da Dama. Chega-se a ela através<br />

dos seguintes lances:<br />

1 d4 d5 2 c4 e6 3 Cc3 Cf6 4 Bg5 c5!? 5 cd5 cd4 6 Dd4 Be7 7 e4 Cc6 8 Dd2! Ce4 9 Ce4 ed5<br />

10 Be7 De7 11 Dd5 0-0!? 12 f3<br />

As Brancas tem uma peça de vantagem, mas as Negras pre<strong>para</strong>m um tema tático<br />

interessante. Descubra qual e como.<br />

PLANO<br />

141


*****<br />

O tema é o duplo de Cavalo em c2<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Cg4<br />

Se 2 Dd2? Td8 3 Df2 f5.<br />

Se 2 Db3? Be6, etc.<br />

A partida continuou assim:<br />

2 Dc5<br />

Analise 2 Dd6.<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Cavalo negro está em posição de duplo em c2, o Cavalo branco em e4 está cravado, a<br />

Dama branca está numa coluna aberta acessível à Torre inimiga.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

Se 2 Dd6, as Negras podem responder: 2 ... Cc2+ 3 Rd2 Td8 4 Dd8+ Dd8 5 Rc2 Bf5 com<br />

perspectivas de ataque que compensam o material sacrificado.<br />

2 ... Dc5 3 Cc5 Cc2+ 4 Rd2 Ca1 5 Bd3<br />

Aparentemente o Cavalo está perdido, mas as Negras se salvam graças a um interessante<br />

contra-ataque.<br />

5 ... Td8!<br />

Qual a ameaça negra?<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Bispo branco encontra-se cravado na coluna d e está protegido pelo Cavalo e Rei. O Cavalo<br />

sendo expulso, restará apenas a frágil proteção do Rei.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

Ameaça negra: ... b6 seguido de ... Ba6.<br />

6 Ce4 Be6! 7 Ch3<br />

Com 7 Ce2 a continuação seria análoga.<br />

7 ... Td3+ 8 Rd3 Td8+ 9 Rc3 Tc8+ 10 Rd2 Td8+ (=)<br />

Analise 11 Rc1<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Rei branco está se deslocando em direção ao Cavalo, que está imóvel porque suas casas<br />

de fuga c2 e b3 estão dominadas, logo é necessário evitar que o Rei atinja a casa b1.<br />

142


PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

11 ... Ba2 12 b3 Cb3 13 Rb2 Cd2! 14 Ra2 Ce4 15 fe4 Td2+ e a vantagem é negra. Uma<br />

emocionante luta <strong>para</strong> a liberação do Cavalo.<br />

Mais tarde encontrou-se uma linha em que as Brancas podem reforçar a posição através de<br />

uma interessante manobra:<br />

1 ... Cb4 2 Dc4! Be6 3 Dc5! Dc5 4 Cc5 Cc2+ 5 Rd2 Ca1 6 Ce6 fe6 7 Bd3 Tfd8 8 Ce2 Td3+ 9<br />

Rd3 Td8+ 10 Rc3 Tc8+ 11 Rd2 Td8+ 12 Rc1<br />

E o Cavalo não pode escapar. Um instrutivo exemplo de “perda de tempo”!<br />

Apostila 18<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

XVII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Euwe x Alekhine, 1937<br />

Euwe voltou a cometer o mesmo erro que antes cometeram Capablanca e Alekhine.<br />

Pensava que poderia voltar a vencer sem dificuldades seu adversário, e mal aconselhado,<br />

precipitou-se em conceder-lhe o encontro da revanche, que poderia demorar, já que o contrato<br />

não especificava data.<br />

O Alekhine de 1937 já não era o de 1935. Aqueles dois anos de ex-campeão foram<br />

muito duros e tristes <strong>para</strong> um homem acostumado a vencer, a ser o número um e a não privarse<br />

do álcool que minava seu organismo. Alekhine compreendeu que somente vencendo a si<br />

mesmo poderia derrotar Euwe, e com uma vontade de ferro, afastou-se de tudo que poderia<br />

prejudicar sua saúde.<br />

Quando chegou o 05Out1937, dia seu segundo encontro com Euwe, ninguém<br />

acreditava nele, e muito menos quando perdeu a primeira partida. Mas Alekhine, com a saúde<br />

recuperada e a moral muito alta, ganha a segunda, empata as duas seguintes, e depois de<br />

perder a quinta, se impõe nas três seguintes. Euwe seria capaz de repetir a façanha anterior?<br />

De maneira nenhuma, pois seu rival já não era o mesmo, senão um homem cheio de fé que<br />

vence uma partida atrás da outra e chega aos 15,5 pontos que significavam a recuperação do<br />

Título em 25 partidas, com o avassalador resultado de +10 –4 =11.<br />

Após ter perdido o Título, Euwe continua jogando numerosos torneios com pouco<br />

êxito até que começa a II Guerra Mundial e ainda perde um match contra Keres (Amsterdam,<br />

1939, +5 –6 =3), ganha, entre outros, de Bogoljubow (Carlsbad, 1941, +5 –2 =3).<br />

Finalizada a Guerra, parece que volta ao que era antes, vencendo o Torneio de<br />

Londres, 1946, e ficou a um ponto de ganhar o Torneio de Groninga, 1946, onde ficou em 2º<br />

lugar, atrás de Botwinnik.<br />

Em 1948, como o Título Mundial havia ficado vago com a morte de Alekhine,<br />

organizou-se um torneio de 5 turnos <strong>para</strong> designar o novo Campeão e constituiu num amargo<br />

fracasso <strong>para</strong> Euwe, pois ficou em último lugar, vencendo apenas uma partida (contra<br />

Smyslov). Desde então, ainda que tenha jogado com freqüência e vencido numerosos<br />

143


pequenos torneios, seu nome começou a declinar, não obtendo nenhum primeiro prêmio de<br />

verdadeira importância. No xadrez, o tempo não perdoa.<br />

Alekhine continuou conseguindo êxitos até a II Guerra Mundial, ainda que também<br />

alguns fracassos, como em A.V.R.O., 1938. No início da Guerra, estava em Buenos Aires,<br />

participando da Olimpíada, onde defende, pela França, o primeiro tabuleiro. Volta <strong>para</strong> a<br />

Europa e se incorpora ao exército francês como intérprete. Quando seu país de adoção se<br />

rende aos exércitos de Hitler, começa a jogar numerosos torneios na Alemanha nazista e<br />

países ocupados, ganhando importantes prêmios. No final de 1943, chega à Espanha, joga<br />

diversos torneios, nem sempre com êxito, e ao fim da Guerra, muda-se <strong>para</strong> Portugal, com a<br />

ilusão de que lhe convidem a participar do Torneio de Londres, 1946. Acusado de prónazismo,<br />

vê seu sonho de defender seu Título diante de Botwinnik se desmanchar.<br />

Um dia, em um modesto hotel de Estoril, o maior lutador de todos os tempos<br />

aparece morto. Tinha um agasalho <strong>para</strong> proteger-se do frio e um tabuleiro diante de si. Nos<br />

bolsos, umas míseras moedas e naquele coração, já sem vida, desilusão e amargura.<br />

Somente a morte pode tirar-lhe o Título!<br />

Tanto Alekhine quanto Euwe escreveram importantes livros. Do primeiro<br />

mencionamos “Minhas Melhores Partidas”, os torneios de New York, 1924 e 1927, assim como<br />

“Gran Ajedrez” e “Legado”, estes dois últimos editados em espanhol. Euwe é autor de<br />

numerosos estudos sobre aberturas, “Estratégia e Tática” e muitos outros.<br />

Euwe começou o match de Brancas.<br />

144<br />

Alekhine x Euwe<br />

Amsterdan e diversas cidades da Holanda<br />

05Out-07Dez1937<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Alekhine 0 1 = = 0 1 1 1 = 1<br />

Euwe 1 0 = = 1 0 0 0 = 0<br />

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20<br />

Alekhine = = 0 1 = = 0 = = =<br />

Euwe = = 1 0 = = 1 = = =<br />

21 22 23 24 25 Tot<br />

Alekhine 1 1 = 1 1 15,5<br />

Euwe 0 0 = 0 0 9,5<br />

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />

Catalã 14, 16 2 8<br />

Defesa Nimzoíndia 8, 10, 12, 19, 20, 25 6 24<br />

Eslava 1, 2, 3, 4, 6, 7, 9, 11, 13, 15, 17 11 44


Gambito da Dama Aceito 5 1 4<br />

Índia da Dama 21, 23 2 8<br />

Tarrasch 18, 24 2 8<br />

Zukertort 22 1 4<br />

A SEGUIR:<br />

XVIII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Torneio em 5 turnos, 1948 (Botwinnik, Smyslov, Keres, Reshevsky e Euwe)<br />

FINAIS I<br />

4. FINAIS DE TORRES E PEÕES (cont.)<br />

4. 1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />

Posição Ideal da Torre defensiva<br />

(Princípio das 3 colunas livres entre a Torre defensiva e o Peão inimigo)<br />

Na Posição de Philidor a Torre defensiva atinge a eficiência máxima, dando xeques<br />

ao Rei branco, que se mantém junto ao Peão, quando situada na 8ª horizontal e distanciada 4<br />

casas do Peão. O Rei branco não pode se afastar do Peão, em direção à Torre negra, pois<br />

perderia o Peão. Esses xeques de Torre são eficientes mesmo quando realizados pelos<br />

flancos, ao longo das horizontais, mas a Torre deve estar afastada do Peão inimigo pelo<br />

menos 3 casas.<br />

Chéron, que foi um grande estudioso dos finais de Torres, sintetizou o princípio<br />

relativo a esses finais da seguinte maneira:<br />

“A Torre da defesa tem máxima resistência, se sua posição é tal que deixa 3 colunas livres<br />

entre ela e o Peão inimigo. A posse desse espaço intermediário constitui a posição correta da<br />

Torre defensiva”.<br />

Observe os diagramas:<br />

Diagrama: Rd7, Td8, e6 x Rb7, Td1<br />

(=)<br />

Diagrama: Rd7, Td8, e6 x Rf7, Td1<br />

(1-0)<br />

Ambos os diagramas diferem apenas na colocação do Rei negro, que no primeiro caso está na<br />

ala da Dama e no segundo, na ala do Rei. Esta diferença define o resultado. No primeiro<br />

diagrama, a Torre negra, dando xeques na coluna h, distanciada 3 casas do Peão branco<br />

garante o empate. No segundo, os xeques se realizando na coluna “a”, a uma distância de<br />

apenas duas casas do Peão branco, a vitória é branca.<br />

Vamos analisar o primeiro diagrama:<br />

1 ... Th1!<br />

Procurando os xeques pelo flanco, <strong>para</strong> afastar o Rei branco da defesa do Peão.<br />

2 Te8 Th7+<br />

145


A Torre defensiva está em sua melhor posição, afastada 3 casas do Peão inimigo.<br />

3 Te7<br />

Analise 3 Rd8<br />

PLANO<br />

*****<br />

Tomar o Peão<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

Se 3 Rd8 Rc6! e ganha o Peão.<br />

3 ... Th8!<br />

Facilitando o empate, ao evitar a ameaça Rd8+ desc.<br />

4 Tf7 Rb6<br />

Com a Torre branca na 7ª horizontal, as Negras devem manobrar seu Rei pelas casas b7-b6.<br />

5 Re7 Rc6 6 Tg7<br />

Se 6 d7 Rc7 7 Tg7 Td8! 8 Re6 Th8! (=). Empate por repetição de lances.<br />

6 ... Rb7 7 Re6+ desc. Rc8 (=)<br />

Não há como as Brancas vencerem.<br />

Analisemos agora o segundo diagrama:<br />

1 ... Ta1 2 Tc8 Ta7+ 3 Tc7 Ta8<br />

As Negras utilizam o mesmo plano, mas não será suficiente pela falta da quantidade mínima<br />

de colunas.<br />

4 Tb7 Rf6 5 Tb1 Ta7+ 6 Rc8 Re6 7 Td1 Ta8+ 8 Rb7!<br />

Este importante ganho de tempo, ao atacar a Torre negra, decorre da má posição da Torre<br />

defensiva, que não se encontra em sua melhor posição (distanciada 3 colunas livres do Peão<br />

adversário).<br />

8 ... Td8 9 Rc7 Td7+ 10 Rc6 Ta7 11 Te1+ Rc7 12 d7 Ta8 13 Rb7!<br />

Observe que a Torre negra não se acha em sua melhor posição.<br />

13 Td8 14 Rc7 (1-0)<br />

146<br />

A SEGUIR:<br />

4.1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />

Exceções<br />

TÁTICA I<br />

7.7. Ataques devidos ao avanço h6


Sobre o Peão avançado h6 converge com freqüência, a ação das peças inimigas<br />

que abrem brechas no escudo do roque.<br />

Diagrama: b2, f2, g2, h2, Dd1, Bd4, Td6, Rg1 x a5, f7, g7, h6, Db7, Cb8, Tf8, Rg8<br />

1 ?<br />

1 Th6! gh6?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Ao tomar a Torre, a coluna g ficou aberta, assim como a grande diagonal negra sobre o roque.<br />

Se a Dama branca consegue se infiltrar em g7 sem dar tempo das Negras refutarem, temos<br />

uma posição de mate, pois o Bispo defende esta casa.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Dg4+ Rh7 3 Dg7++<br />

Diagrama: a2, b2, c2, f2, g5, h2, Rc1, Td1, Bd3, Be5, Tg1, Dh4 x a7, c4, e6, f7, g7, h6, Ta8,<br />

Bc6, Td8, Cd7, De7, Rg8<br />

Brancas: Spielman<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão h6 está avançado, a Torre branca está posicionada na coluna g e o par de Bispos está<br />

direcionado ao roque.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dh6!! gh6 2 gh6+desc. Rf8 3 Tg8+! Rg8 4 h7+ Rf8 5 h8=D++<br />

Observe que a promoção à Torre também seria mate.<br />

E se jogassem as Negras no diagrama inicial e fizessem o lance ... Rf8?<br />

Diagrama: a2, b2, c3, f2, g2, g3, Ta1, Bb3, Dd6, Cg5, Th1, Rh2 x a6, b5, f7, g7, h6, Ba8,<br />

Cb6, Db8, Te8, Tf8, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão h6 está avançado e o Peão f7 está cravado. Estas duas debilidades, aliadas à Torre<br />

branca posicionada na coluna h possibilitam a exploração da casa fraca g6.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dg6<br />

Ameaçam mate com Dg7.<br />

1 ... hg5 2 Rg1 (1-0)<br />

147


Não há como evitar 3 Dh7++.<br />

Diagrama: c2, f2, g2, h2, Tb5, Dd1, Bd2, Bd3, Ce5, Rg1, Tg3 x a7, b7, e6, f7, g7, h6, Ta8,<br />

Bc8, Dd6, Be7, Cf6, Tf8, Rh8<br />

Brancas: Richter<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

As Negras avançaram o Peão <strong>para</strong> h6 e têm as peças entorpecidas. A Torre branca está<br />

posicionada sobre a coluna g e o par de Bispos está direcionado ao roque.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tg7!! Rg7 2 Bh6+! Rg8<br />

Analise 2 ... Rh6 e 2 ... Rh8.<br />

PLANO (2 ... Rh6)<br />

*****<br />

Explorar as colunas g e h abertas sobre o Rei com a Dama e o Cavalo que tem fácil acesso.<br />

Além disso, a Torre poderá também tirar proveito das colunas citadas.<br />

PROCEDIMENTO (2 ... Rh6)<br />

Se 2 ... Rh6 3 Dd2+ (Rh5? 4 Be2+ e o mate é inevitável) Rg7 4 Dg5+ Rh8 5 Dh6+ Rg8 6 Cg6!<br />

fg6 7 Dg6+ Rh8 8 Th5+ Ch5 9 Dh7++.<br />

PLANO (2 ... Rh8)<br />

*****<br />

Ganhar a Torre e ameaçar o duplo de Cavalo em f7.<br />

PROCEDIMENTO (2 ... Rh8)<br />

Se 2 ... Rh8 3 Bf8 ameaçando Cf7+.<br />

Voltemos à linha principal:<br />

3 Df3 Ce8 4 DDg4+ Rh8 5 Bg7+! Cg7 6 Dh3+ Bh4 7 Dh4+ Ch5 8 Dh5+ Rg7 9 Dg5+ Rh8 10<br />

Dh6+ Rg8 11 Dh7++ (1-0)<br />

Baden-Baden, 1870<br />

Abertura dos 3 Cavalos<br />

L. Paulsen x W. Steinitz<br />

148<br />

A SEGUIR:<br />

8. Ataques contra o Rei Centralizado<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

3.5. Partida nº 5


1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Cc3<br />

O lance branco não é a continuação ao ataque feito ao Peão negro de e5 (2 Cf3), portanto, as<br />

Negras tem uma maior liberdade de ação que na Abertura Ruy López (3 Bb5). A melhor<br />

continuação <strong>para</strong> as Negras é 3 ... Cf6, chegando-se à Abertura dos 4 Cavalos. Se as Negras<br />

optam por outro lance, a Abertura é chamada de “Abertura dos 3 Cavalos”.<br />

3 ... g6<br />

O fianchetto do Bispo do Rei, é uma particularidade encontrada nas partidas de Steinitz.<br />

Morphy preferia o jogo aberto, não jogava fianchetto. Steinitz preferia posições fechadas.<br />

4 Bc4<br />

O mais usado é 4 d4, pois abre a posição. Paulsen evitou esta continuação sem dúvida porque<br />

com isto abriria a Grande Diagonal Negra <strong>para</strong> o Bispo do Rei de Steinitz. Por outro lado, as<br />

Brancas também poderiam desta maneira chegar a aproveitar a debilidade do ponto f6, com 4<br />

d4 ed4 5 Cd5! Bg7 6 Bg5 e as Brancas com vantagem sempre, recuperam o Peão, por<br />

exemplo, depois de 6 ... f6 7 Bf4 ou 6 ... Cge7 7 Bf6.<br />

4 ... Bg7 5 d3 d6 6 Bg5 Dd7 7 a3<br />

Evitando a troca do Cavalo da Dama pelo Bispo do Rei branco.<br />

7 ... h6 8 Bh4 g5!<br />

Este avanço de Peão no flanco do Rei parece um debilitamento da posição negra. Mas Steinitz<br />

na verdade encontrou um plano de ganho.<br />

9 Bg3 Cge7<br />

O objetivo é jogar ... f5 seguido de ... f4, obrigando as Brancas a trocarem o Peão Central pelo<br />

do Flanco. As conseqüências <strong>para</strong> as Negras são a preponderância de Peões no centro e a<br />

possibilidade de forma-lo. Esta é a idéia do plano de Steinitz. Paulsen tenta evitar, mas não<br />

consegue.<br />

10 h4 g4 11 Cd2 h5<br />

Steinitz impede que Paulsen desafogue seu Bispo mediante o avanço do Peão h.<br />

12 Cd5 Cd5 13 Bd5 Ce7 14 Bb3 f5<br />

As Negras conseguem executar seu plano. É evidente que as Brancas terão de fazer trocas,<br />

pois não podem deixar eternamente restringido o Bispo da Dama.<br />

15 ef5 Cf5 16 Cf1<br />

As Brancas fazem este lance com o objetivo de evitar dobrar seus Peões no Flanco do Rei,<br />

pois ficariam com um Peão a menos no centro, depois de 16 ... Cg3 17 fg3.<br />

16 ... c6<br />

Steinitz pre<strong>para</strong> ... d5, mas esperará a conclusão de seu desenvolvimento, pois o centro de<br />

Peões seria débil pela insuficiente possibilidade de poder agir com outras peças.<br />

17 c3 Dc7<br />

A Dama negra se dirige à b3, onde agirá todas as direções.<br />

18 De2 Db6 19 Ba2 Bd7 20 0-0-0 0-0-0 21 f3 Cg3 22 Cg3 d5<br />

O centro está formado!<br />

As Negras, com a posse do centro pre<strong>para</strong>m o ataque pelo flanco. Não escolhem <strong>para</strong> isto o<br />

Flanco da Dama, ainda que o Rei se encontre ali, mas o Flanco do Rei, pois é onde as<br />

Brancas têm maior debilidade. As Brancas não tem outro remédio a não ser atacar o centro<br />

149


negro. Observe a dificuldade branca de levar o Bispo de a2 ao Flanco da Dama ou o Cavalo<br />

de g3 ao Flanco do Rei!<br />

23 Rb1<br />

As Brancas colocam, antes de tudo, o Rei em segurança, pois pretendem atacar o centro<br />

negro com c4.<br />

23 ... Bf8<br />

O Bispo é conduzido ao ataque contra o Flanco do Rei (que é sempre o lado direito das<br />

Brancas), ainda que tenham as Brancas roçado <strong>para</strong> o outro lado.<br />

24 Ra1 Bd6 25 Cf1 Tdf8 26 Cd2 Th6 27 c4 Be6 28 Cb3<br />

Ameaçam as Brancas destruir o centro negro com 29 c5 Bc5 30 Cc5 Dc5 31 De5.<br />

28 ... gf3 29 gf3 Bc7 30 Cd2 T6f6 31 Tc1<br />

Ameaça 32 cd5 e as Negras não podem contestar com 32 ... cd5 por causa de 33 De5.<br />

31 ... Rb8 32 cd5 cd5 33 Thg1 Bd6 34 Tg5 Bf7 35 Cb1<br />

Última tentativa branca de atacar o centro negro com Cc3.<br />

35 ... Dd4 36 Cc3 a6<br />

Seria um erro 36 ... Dh4, pois 37 Te5 Be5 38 De5+ Ra8 39 Bd5 daria um contra ataque<br />

completo, por exemplo: 39 ... te8 40 Cb5.<br />

37 Tg7<br />

As Brancas querem sacrificar a qualidade em f7. O lance Bd5 antes sustentaria mais a<br />

situação.<br />

37 ... Be6<br />

Nesta posição as Brancas perderam por tempo. De qualquer maneira, a partida não se<br />

sustentaria. Em primeiro lugar, Steinitz ameaçava ... Tf3. Se as Brancas se antecipam com<br />

Tg3, as Negras respondem com e4. Se 38 Tf1, então as Negras se encontram com mais<br />

possibilidades na posição e podem ganhar um Peão com ... Ba3.<br />

Diagrama 18.1<br />

A SEGUIR:<br />

3.6. Partida nº 6<br />

Viena, 1873<br />

Partida dos 3 Cavalos<br />

Rosental x Steinitz<br />

EXERCÍCIOS<br />

a2, b2, c3, e5, f2, g2, h2, Ta1, Bc1, Bd3, De2, Tf1, Cf5, Rg1 x a7, b6, c7, d5, f7, g7, h7, Ta8,<br />

Bb7, Cc5, Dd7, Be7, Tf8, Rg8<br />

Bogoljubow - Hussong<br />

Karlsruhe, 1939<br />

1 ... ?<br />

Por que as Negras não devem tentar trocar o Cavalo com 1 ... Cd3?<br />

150


PLANO<br />

*****<br />

O tema é o ataque ao roque. O Cavalo branco ataca a casa g7. Se a Dama também tivesse<br />

acesso a esta casa, teríamos uma ameaça de mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

Se 1 ... Cd3?? 2 Dg5 (1-0)<br />

Ameaça mate em g7 e Ch6+ ganhando a Dama.<br />

Diagrama 18.2<br />

a2, b3, c4, e4, f2, g2, h2, Cc3, Td1, Dd2, Te1, Be3, Rg1 x a7, b7, d6, e7, f7, g6, h7, Da5,<br />

Td8, Be6, Tf8, Bg7, Rg8<br />

1 ?<br />

Como as Brancas podem ganhar um Peão nesta posição?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Ataque descoberto com o Cavalo (a Dama negra está desprotegida) com xeque intermediário.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Cd6! Dd2 2 Ce7+ Rh8 3 Td2<br />

Suponhamos uma posição parecida: as Torres negras em a8 e c8 e o Bispo branco em b2 ao<br />

invés de e3. As Brancas também ganhariam um Peão. Como?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Ataque descoberto com o Cavalo (a Dama negra está desprotegida) com xeque intermediário.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Cd5 Dd2 2 Ce7+ rf8 3 Bg7+ (segundo cheque intermediário) Rg7 (ou 3 ... Re7) 4 Td2<br />

Apostila 19<br />

OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />

XVIII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />

Torneio <strong>para</strong> o Campeonato Mundial<br />

Botwinnik, Smyslov, Keres, Reshevsky e Euwe<br />

O momento da morte tem a faculdade de fazer ressaltar em somente um lance a<br />

glória ou a futilidade de uma vida.<br />

151


A morte de Alekhine contém um <strong>para</strong>doxo. Se havia buscado a felicidade, encontrou<br />

algo diferente; se queria a fama, seu nome viverá enquanto se jogue xadrez. Quando este<br />

homem solitário foi encontrado morto em seu hotel de Estoril, próximo de Lisboa, a cabeça<br />

caída <strong>para</strong> o lado, um tabuleiro diante de si, alguém tirou uma foto da cena e assim nos deixou<br />

um símbolo da viagem pela vida de uma personalidade insólita. Em sua vida, havia vendido<br />

sua alma à deusa do xadrez e somente assim foi capaz de escalar as alturas. Os que puderam<br />

maravilhar-se com ele enquanto viveu, amaram sua força criativa depois de sua morte.<br />

Quando jovem, ficava irritado em ter de possuir uma pátria, pois queria ser independente,<br />

capaz de ir onde desejasse, respondendo às chamadas de um torneio. Não tinha amigos<br />

porque era centrado demasiadamente em si mesmo. Não tinha necessidade de mulheres<br />

porque estava apaixonado pelo xadrez. Se casou com mulheres mais velhas que ele. Ele, que<br />

passou toda a vida em hotéis, necessitava de uma esposa que não necessitasse de sua<br />

presença, mas que o protegesse, solitário que era. Seu antecessor, Capablanca, , que devia<br />

tudo a seu gênio e nada à sua preguiça, parecia, em seu match contra Alekhine, 1927, um<br />

desarmado epicurista <strong>para</strong> quem o prazer era mais precioso que a ambição, confrontado com<br />

um guerreiro de vontade férrea e armado até os dentes.<br />

Como o cérebro e os nervos humanos não podem suportar 24 horas de meditação<br />

em esferas abstratas totalmente alheias à vida. Nas horas vagas, Alekhine enchia-se de álcool.<br />

Mas o álcool nunca foi mais necessário que o xadrez. Quando estava ardendo em desejo de<br />

recuperar seu título perdido, bebia somente leite. Era supersticioso e durante seu match com<br />

Euwe, levava um Jersey com um gato negro bordado.<br />

Morphy, talvez, teve uma carreira mais brilhante e meteórica; Lasker, mais longa;<br />

Capablanca, mais convincente, mas um fanático como Alekhine não se viu no mundo até<br />

então.<br />

É 1948, surge Mikhail Botwinnik, similar a Alekhine em sua tremenda energia e<br />

vontade de ganhar, portanto, o homem que deveria sucede-lo. Em qualquer outro aspecto,<br />

Botwinnik desenvolveu-se em situações diferentes. Pela primeira vez, o governo proporcionava<br />

ajuda material ao desenvolvimento do xadrez e considerava que este contribuía ao prestígio do<br />

regime socialista. No Escolar de Leningrado, com calças remendadas, recebeu muitos<br />

incentivos <strong>para</strong> dedicar-se ao seu jogo predileto. Até então, os melhores jogadores do mundo<br />

haviam sido cosmopolitas em sua forma de viver e haviam cuidado de seus próprios<br />

interesses. Botwinnik, ao contrário, viajou pouco e introduziu uma novidade: sua enorme<br />

pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> as competições. Seus êxitos estavam assegurados de antemão, pelo trabalho<br />

em casa. Empregava muito mais tempo em análises e na comprovação de linhas eficientes de<br />

jogo do que na partida real, onde colocava em prática suas novas idéias. Tais métodos eram<br />

também característicos de Alekhine, mas nunca em escala tão grandiosa. Além disso, a vida<br />

pessoal de Alekhine não foi, e nem podia ter sido, regular. Para Botwinnik, ao contrário, tudo<br />

estava planejado e calculado <strong>para</strong> obter o máximo êxito.<br />

Planejou conquistar o título supremo durante anos. Conservou-se em forma durante<br />

a Guerra. Botwinnik tomou parte de vários torneios nacionais, concentrado em suas<br />

aspirações, incluindo quando a ameaça de Hitler batia às portas de Moscou.<br />

Depois da Guerra, a morte do deprimido Alekhine significou o cancelamento do<br />

match <strong>para</strong> o qual ele estava se pre<strong>para</strong>ndo. Os outros, Smyslov, Reshevsky, Keres, Euwe e o<br />

ausente do Torneio <strong>para</strong> o Campeonato Mundial, Fine, não representavam perigo <strong>para</strong><br />

Botwinnik. Aquele era o seu momento. Mais do que todos, ele estava disposto a dar o grande<br />

salto da carreira.<br />

Quando conseguiu atingir o sonho de sua vida, Botwinnik isolou-se durante vários<br />

anos como Campeão Mundial, sussurrando pensamentos sobre sua superioridade. Se bem<br />

que sua ambição era igual à de Alekhine, sua devoção ao xadrez não o era. Botwinnik era um<br />

homem sombrio que, <strong>para</strong>lelamente à sua carreira enxadrística, escolheu a profissão, menos<br />

152


conhecida, mas mais segura, de engenheiro eletrotécnico. Enquanto isso,Bronstein e Smyslov<br />

iam se fortalecendo cada vez mais em torneios, Botwinnik não jogou nenhuma partida. Seu<br />

novo objetivo era conseguir o grau de Doutor em Ciências Técnicas. Na então União Soviética<br />

isto significava muito. Não somente a reputação, mas o soldo e os honorários fixos pela lei<br />

serem muito maiores. Alekhine teve também o diploma de Doutor em Direito, em Paris, mas<br />

aquilo foi mais por prestígio social enquanto viajava pelo mundo jogando xadrez, o que<br />

Botwinnik fazia com finalidades práticas. Para Alekhine, seu diploma era necessário por causa<br />

do xadrez; Botwinnik, ao contrário, o queria <strong>para</strong> o caso de algum dia abandonar o xadrez. Mas<br />

tanto <strong>para</strong> um como <strong>para</strong> o outro, o xadrez era a obra da vida.<br />

Torneio <strong>para</strong> o Campeonato Mundial<br />

Primeiras 10 rodadas, Haya, 02-25Mar1948<br />

As restantes 15 rodadas, em Moscou, 11Abr-17Mai1948<br />

Nº Enxadrista 1 2 3 4 5 Tot<br />

1 Botwinnik x = = 1 = = 1 1 1 1 0 1 = 0 1 1 1 = 1 = = 14,0<br />

2 Smyslov = = 0 = = x 0 0 = 1 = = = 1 = = 1 1 1 0 0 11,0<br />

3 Keres 0 0 0 0 1 1 1 = 0 = x 1 = 1 0 = 1 = 1 1 1 10,5<br />

4 Reshevsky 0 = 1 0 0 = = 0 = = 0 = 0 1 = x 1 = = 1 1 10,5<br />

5 Euwe 0 = 0 = = 0 0 0 1 1 0 = 0 0 0 0 = = 0 0 x 4,0<br />

A SEGUIR:<br />

XIX Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />

Botwinnik x Bronstein, 1951<br />

FINAIS I<br />

4. FINAIS DE TORRES E PEÕES (cont.)<br />

4. 1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />

Exceções<br />

Há 3 casos em que as Negras perdem o final, muito embora seu Rei tenha atingido<br />

a casa de promoção do Peão inimigo:<br />

1) Quando a Torre negra fica imobilizada;<br />

2) Quando o Rei negro permite sua expulsão da casa de promoção do Peão;<br />

3) Quando o rei negro se dirige <strong>para</strong> o lado incorreto.<br />

Vejamos então cada um dos casos:<br />

Diagrama: Ta2, e6, Rf6 x Tb8, Rf8<br />

(1-0)<br />

153<br />

Torre Defensiva Imobilizada


Obs.: ganham também com o PD e o PB, mas empatam com o PC e o PT.<br />

A idéia da Posição de Philidor era não permitir que o Rei branco alcançasse a 6ª<br />

casa sem ser molestado, razão por que a Torre negra dispunha de mobilidade, atacando o Rei<br />

por trás, na 8ª horizontal.<br />

Observamos neste diagrama que a Torre negra está presa na 8ª horizontal, evitando<br />

o mate com Ta8, ou seja não pode dar os xeques por trás. Por este motivo, as Brancas<br />

ganham.<br />

1 ... Tc8<br />

Analise 1 ... Rg8.<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Rei e a Torre ficam na mesma horizontal, daí surge a idéia de aproveitar esta posição com<br />

xeque pela ala do Rei <strong>para</strong> ganhar a Torre.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

Se 1 … Rg8, segue 2 Tg2+ Rf8 3 e7+ Re8 4 Tg8+ Rd7 5 Tb7 (1-0)<br />

2 Th2 Rg8 3 Tg2+ Rh8<br />

Se 3 ... Rf8 4 e7+ (1-0).<br />

4 Rf7 Tc7+ 5 e7 (1-0)<br />

Quando o Peão é o PD ou o PB, a análise é a mesma. Mas se tratando do PC ou<br />

PT, há empate, mesmo com a Torre defensiva na 1ª horizontal, pois deixa de existir a ameaça<br />

de mate com a Torre branca.<br />

Diagrama: Rh6, Ta2, g6 x Rg8, Tb8<br />

1 ? (=)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O plano de empate é manter a Torre negra na 8ª horizontal até o avanço do Peão, quando<br />

então, dará xeques laterais consecutivos.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Ta7 Tc8 2 Tg7+ Rh8 3 Th7+ Rg8 4 Ta7 Tb8 5 g7 Tb6+ (=)<br />

Diagrama: Rd6, d5, Th7 x Tc1, Rd8<br />

1 ... (1-0)<br />

Rei negro permite a expulsão da casa de promoção<br />

As Negras empatam com sua Torre em qualquer casa da 8ª horizontal, com<br />

exceção de e8.<br />

PLANO<br />

*****<br />

154


xxxx<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 ... Rc8<br />

1 ... Re8 2 Th8+ Rf7 3 Rd7 Ta1 4 d6 Ta7+ 5 Rc6 Ta6+ 6 Rc7 Ta7+ 7 Rb6! Td7 8 Rc6 (1-0)<br />

2 Th8+ Rb7 3 Rd7 Tg1 4 d6 Tg7+ 5 Re6 Tg6+ 6 Re7 Tg7+<br />

Se 6 … Rc6 7 Tc8+ Rb7 8 d7 (1-0)<br />

7 Rf6! Td7 8 Re6 Tg7 9 d7 (1-0)<br />

(continua com o rei negro dirige-se <strong>para</strong> o lado incorreto)<br />

A SEGUIR:<br />

4.1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />

Exceções<br />

TÁTICA I<br />

7.6. Ataques devidos ao avanço h6<br />

Sobre o Peão avançado h6 converge com freqüência, a ação das peças inimigas<br />

que abrem brechas no escudo do roque.<br />

Diagrama: b2, f2, g2, h2, Dd1, Bd4, Td6, Rg1 x a5, f7, g7, h6, Db7, Cb8, Tf8, Rg8<br />

1 ?<br />

1 Th6! gh6?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Ao tomar a Torre, a coluna g ficou aberta, assim como a grande diagonal negra sobre o roque.<br />

Se a Dama branca consegue se infiltrar em g7 sem dar tempo das Negras refutarem, temos<br />

uma posição de mate, pois o Bispo defende esta casa.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

2 Dg4+ Rh7 3 Dg7++<br />

Diagrama: a2, b2, c2, f2, g5, h2, Rc1, Td1, Bd3, Be5, Tg1, Dh4 x a7, c4, e6, f7, g7, h6, Ta8,<br />

Bc6, Td8, Cd7, De7, Rg8<br />

Brancas: Spielman<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão h6 está avançado, a Torre branca está posicionada na coluna g e o par de Bispos está<br />

direcionado ao roque.<br />

155


PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dh6!! gh6 2 gh6+desc. Rf8 3 Tg8+! Rg8 4 h7+ Rf8 5 h8=D++<br />

Observe que a promoção à Torre também seria mate.<br />

E se jogassem as Negras no diagrama inicial e fizessem o lance ... Rf8?<br />

Diagrama: a2, b2, c3, f2, g2, g3, Ta1, Bb3, Dd6, Cg5, Th1, Rh2 x a6, b5, f7, g7, h6, Ba8,<br />

Cb6, Db8, Te8, Tf8, Rg8<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

O Peão h6 está avançado e o Peão f7 está cravado. Estas duas debilidades, aliadas à Torre<br />

branca posicionada na coluna h possibilitam a exploração da casa fraca g6.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Dg6<br />

Ameaçam mate com Dg7.<br />

1 ... hg5 2 Rg1 (1-0)<br />

Não há como evitar 3 Dh7++.<br />

Diagrama: c2, f2, g2, h2, Tb5, Dd1, Bd2, Bd3, Ce5, Rg1, Tg3 x a7, b7, e6, f7, g7, h6, Ta8,<br />

Bc8, Dd6, Be7, Cf6, Tf8, Rh8<br />

Brancas: Richter<br />

1 ? (1-0)<br />

PLANO<br />

*****<br />

As Negras avançaram o Peão <strong>para</strong> h6 e têm as peças entorpecidas. A Torre branca está<br />

posicionada sobre a coluna g e o par de Bispos está direcionado ao roque.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Tg7!! Rg7 2 Bh6+! Rg8<br />

Analise 2 ... Rh6 e 2 ... Rh8.<br />

PLANO (2 ... Rh6)<br />

*****<br />

Explorar as colunas g e h abertas sobre o Rei com a Dama e o Cavalo que tem fácil acesso.<br />

Além disso, a Torre poderá também tirar proveito das colunas citadas.<br />

PROCEDIMENTO (2 ... Rh6)<br />

Se 2 ... Rh6 3 Dd2+ (Rh5? 4 Be2+ e o mate é inevitável) Rg7 4 Dg5+ Rh8 5 Dh6+ Rg8 6 Cg6!<br />

fg6 7 Dg6+ Rh8 8 Th5+ Ch5 9 Dh7++.<br />

156


PLANO (2 ... Rh8)<br />

*****<br />

Ganhar a Torre e ameaçar o duplo de Cavalo em f7.<br />

PROCEDIMENTO (2 ... Rh8)<br />

Se 2 ... Rh8 3 Bf8 ameaçando Cf7+.<br />

Voltemos à linha principal:<br />

3 Df3 Ce8 4 DDg4+ Rh8 5 Bg7+! Cg7 6 Dh3+ Bh4 7 Dh4+ Ch5 8 Dh5+ Rg7 9 Dg5+ Rh8 10<br />

Dh6+ Rg8 11 Dh7++ (1-0)<br />

Baden-Baden, 1870<br />

Abertura dos 3 Cavalos<br />

L. Paulsen x W. Steinitz<br />

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Cc3<br />

A SEGUIR:<br />

8. Ataques contra o Rei Centralizado<br />

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />

3.5. Partida nº 5<br />

O lance branco não é a continuação ao ataque feito ao Peão negro de e5 (2 Cf3), portanto, as<br />

Negras tem uma maior liberdade de ação que na Abertura Ruy López (3 Bb5). A melhor<br />

continuação <strong>para</strong> as Negras é 3 ... Cf6, chegando-se à Abertura dos 4 Cavalos. Se as Negras<br />

optam por outro lance, a Abertura é chamada de “Abertura dos 3 Cavalos”.<br />

3 ... g6<br />

O fianchetto do Bispo do Rei, é uma particularidade encontrada nas partidas de Steinitz.<br />

Morphy preferia o jogo aberto, não jogava fianchetto. Steinitz preferia posições fechadas.<br />

4 Bc4<br />

O mais usado é 4 d4, pois abre a posição. Paulsen evitou esta continuação sem dúvida porque<br />

com isto abriria a Grande Diagonal Negra <strong>para</strong> o Bispo do Rei de Steinitz. Por outro lado, as<br />

Brancas também poderiam desta maneira chegar a aproveitar a debilidade do ponto f6, com 4<br />

d4 ed4 5 Cd5! Bg7 6 Bg5 e as Brancas com vantagem sempre, recuperam o Peão, por<br />

exemplo, depois de 6 ... f6 7 Bf4 ou 6 ... Cge7 7 Bf6.<br />

4 ... Bg7 5 d3 d6 6 Bg5 Dd7 7 a3<br />

Evitando a troca do Cavalo da Dama pelo Bispo do Rei branco.<br />

7 ... h6 8 Bh4 g5!<br />

Este avanço de Peão no flanco do Rei parece um debilitamento da posição negra. Mas Steinitz<br />

na verdade encontrou um plano de ganho.<br />

9 Bg3 Cge7<br />

O objetivo é jogar ... f5 seguido de ... f4, obrigando as Brancas a trocarem o Peão Central pelo<br />

do Flanco. As conseqüências <strong>para</strong> as Negras são a preponderância de Peões no centro e a<br />

157


possibilidade de forma-lo. Esta é a idéia do plano de Steinitz. Paulsen tenta evitar, mas não<br />

consegue.<br />

10 h4 g4 11 Cd2 h5<br />

Steinitz impede que Paulsen desafogue seu Bispo mediante o avanço do Peão h.<br />

12 Cd5 Cd5 13 Bd5 Ce7 14 Bb3 f5<br />

As Negras conseguem executar seu plano. É evidente que as Brancas terão de fazer trocas,<br />

pois não podem deixar eternamente restringido o Bispo da Dama.<br />

15 ef5 Cf5 16 Cf1<br />

As Brancas fazem este lance com o objetivo de evitar dobrar seus Peões no Flanco do Rei,<br />

pois ficariam com um Peão a menos no centro, depois de 16 ... Cg3 17 fg3.<br />

16 ... c6<br />

Steinitz pre<strong>para</strong> ... d5, mas esperará a conclusão de seu desenvolvimento, pois o centro de<br />

Peões seria débil pela insuficiente possibilidade de poder agir com outras peças.<br />

17 c3 Dc7<br />

A Dama negra se dirige à b3, onde agirá todas as direções.<br />

18 De2 Db6 19 Ba2 Bd7 20 0-0-0 0-0-0 21 f3 Cg3 22 Cg3 d5<br />

O centro está formado!<br />

As Negras, com a posse do centro pre<strong>para</strong>m o ataque pelo flanco. Não escolhem <strong>para</strong> isto o<br />

Flanco da Dama, ainda que o Rei se encontre ali, mas o Flanco do Rei, pois é onde as<br />

Brancas têm maior debilidade. As Brancas não tem outro remédio a não ser atacar o centro<br />

negro. Observe a dificuldade branca de levar o Bispo de a2 ao Flanco da Dama ou o Cavalo<br />

de g3 ao Flanco do Rei!<br />

23 Rb1<br />

As Brancas colocam, antes de tudo, o Rei em segurança, pois pretendem atacar o centro<br />

negro com c4.<br />

23 ... Bf8<br />

O Bispo é conduzido ao ataque contra o Flanco do Rei (que é sempre o lado direito das<br />

Brancas), ainda que tenham as Brancas roçado <strong>para</strong> o outro lado.<br />

24 Ra1 Bd6 25 Cf1 Tdf8 26 Cd2 Th6 27 c4 Be6 28 Cb3<br />

Ameaçam as Brancas destruir o centro negro com 29 c5 Bc5 30 Cc5 Dc5 31 De5.<br />

28 ... gf3 29 gf3 Bc7 30 Cd2 T6f6 31 Tc1<br />

Ameaça 32 cd5 e as Negras não podem contestar com 32 ... cd5 por causa de 33 De5.<br />

31 ... Rb8 32 cd5 cd5 33 Thg1 Bd6 34 Tg5 Bf7 35 Cb1<br />

Última tentativa branca de atacar o centro negro com Cc3.<br />

35 ... Dd4 36 Cc3 a6<br />

Seria um erro 36 ... Dh4, pois 37 Te5 Be5 38 De5+ Ra8 39 Bd5 daria um contra ataque<br />

completo, por exemplo: 39 ... te8 40 Cb5.<br />

37 Tg7<br />

As Brancas querem sacrificar a qualidade em f7. O lance Bd5 antes sustentaria mais a<br />

situação.<br />

158


37 ... Be6<br />

Nesta posição as Brancas perderam por tempo. De qualquer maneira, a partida não se<br />

sustentaria. Em primeiro lugar, Steinitz ameaçava ... Tf3. Se as Brancas se antecipam com<br />

Tg3, as Negras respondem com e4. Se 38 Tf1, então as Negras se encontram com mais<br />

possibilidades na posição e podem ganhar um Peão com ... Ba3.<br />

Diagrama 18.1<br />

A SEGUIR:<br />

3.6. Partida nº 6<br />

Viena, 1873<br />

Partida dos 3 Cavalos<br />

Rosental x Steinitz<br />

EXERCÍCIOS<br />

a2, b2, c3, e5, f2, g2, h2, Ta1, Bc1, Bd3, De2, Tf1, Cf5, Rg1 x a7, b6, c7, d5, f7, g7, h7, Ta8,<br />

Bb7, Cc5, Dd7, Be7, Tf8, Rg8<br />

Bogoljubow - Hussong<br />

Karlsruhe, 1939<br />

1 ... ?<br />

Por que as Negras não devem tentar trocar o Cavalo com 1 ... Cd3?<br />

PLANO<br />

*****<br />

O tema é o ataque ao roque. O Cavalo branco ataca a casa g7. Se a Dama também tivesse<br />

acesso a esta casa, teríamos uma ameaça de mate.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

Se 1 ... Cd3?? 2 Dg5 (1-0)<br />

Ameaça mate em g7 e Ch6+ ganhando a Dama.<br />

Diagrama 18.2<br />

a2, b3, c4, e4, f2, g2, h2, Cc3, Td1, Dd2, Te1, Be3, Rg1 x a7, b7, d6, e7, f7, g6, h7, Da5,<br />

Td8, Be6, Tf8, Bg7, Rg8<br />

1 ?<br />

Como as Brancas podem ganhar um Peão nesta posição?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Ataque descoberto com o Cavalo (a Dama negra está desprotegida) com xeque intermediário.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Cd6! Dd2 2 Ce7+ Rh8 3 Td2<br />

159


Suponhamos uma posição parecida: as Torres negras em a8 e c8 e o Bispo branco em b2 ao<br />

invés de e3. As Brancas também ganhariam um Peão. Como?<br />

PLANO<br />

*****<br />

Ataque descoberto com o Cavalo (a Dama negra está desprotegida) com xeque intermediário.<br />

PROCEDIMENTO<br />

*****<br />

1 Cd5 Dd2 2 Ce7+ rf8 3 Bg7+ (segundo cheque intermediário) Rg7 (ou 3 ... Re7) 4 Td2<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE<br />

Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha<br />

Págs. 48-49 e 209-220<br />

• XADREZ BÁSICO<br />

Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil<br />

Págs. 145-148 e 225-227<br />

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO<br />

Ricardo Reti, Club de Ajedrez<br />

Págs. 41-43<br />

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I<br />

Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,<br />

Barcelona - Espanha<br />

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