Treino tecnico para - Xadrez Real
Treino tecnico para - Xadrez Real
Treino tecnico para - Xadrez Real
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO<br />
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico<br />
_____________________________________________________________________________________<br />
Onde os Reis se encontram<br />
Av. Itatiaia, 686<br />
Jardim Sumaré<br />
Ribeirão Preto – SP<br />
14025-240(16) 623 1215<br />
academiadexadrez@bol.com.br<br />
www.geocities.com/academiadexadrez<br />
TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO<br />
Introdução à Análise<br />
Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza<br />
CLASSIFICAÇÃO DOS LANCES<br />
Lance Descrição Resposta<br />
Ataque Aquele que cria uma situação de perigo ao adversário. Defesa ou Contra-ataque<br />
Defesa Estabelece uma proteção, uma defesa <strong>para</strong> o lado que a Ataque ou pre<strong>para</strong>ção de<br />
realiza.<br />
ataque<br />
Neutra Por exclusão, não é nem de ataque nem de defesa. Ataque ou pre<strong>para</strong>ção de<br />
Exemplo: lances de desenvolvimento de peças.<br />
ataque<br />
Errônea Aquele que propicia ao adversário uma vantagem<br />
imediata ou a médio prazo.<br />
Aproveitamento do erro<br />
1. Razões dos lances<br />
CONDUÇÃO DA PARTIDA<br />
_____________________________________________________________________________________________________<br />
Página 1<br />
1
Tenha sempre ao menos um objetivo <strong>para</strong> o próprio lance. Lances sem objetivo são inúteis e<br />
podem ocasionar perdas de tempo ou derrota.<br />
O lance do adversário deve ser analisado cuidadosamente, procurando descobrir-lhe as<br />
intenções. Não procedendo desta maneira, há o risco de perda de material ou derrota.<br />
Procure debilitar a posição inimiga e aproveite-se dela com um ataque direto de mate<br />
2. Desenvolvimento lógico<br />
Desenvolva suas peças <strong>para</strong> casas, onde aumentam sua potencialidade agressiva, sem<br />
entorpecer a saída das demais.<br />
3. Lances iniciais<br />
Na fase da abertura, os lances devem visar o desenvolvimento lógico das peças e a<br />
fiscalização das casas centrais. Tire as peças de suas desfavoráveis posições iniciais, ampliando seu raio<br />
de ação, e por conseqüência, a capacidade de luta, ou seja, desenvolva suas peças. Tenha em vista as casas<br />
centrais do tabuleiro: e4, e5, d4, d5.<br />
Antes de executar seu lance, deve o enxadrista procurar responder afirmativamente às<br />
perguntas “O lance atende ao desenvolvimento?” e “O lance tem ação no centro do tabuleiro?”. Estes são<br />
os objetivos dos lances inicias.<br />
4. Nomes das aberturas<br />
De acordo com a posição estabelecida após alguns lances iniciais, são denominadas as<br />
aberturas. O importante não é decorar os nomes, nem os lances, mas ter em mente seu plano e deduzir<br />
logicamente a seqüência.<br />
5. Lances de Peões<br />
Durante a abertura, procure jogar os Peões d e e, <strong>para</strong> permitir entre outros objetivos, a saída<br />
dos Bispos.<br />
Além destes, nas aberturas jogue apenas c3 quando sua idéia for apoiar um futuro d4.<br />
Afora esses, os outros Peões constituem, via de regra, perda de tempo, e, somente devem ser<br />
feitos, após o completo desenvolvimento das peças.<br />
Se d4 é fácil <strong>para</strong> as Brancas, <strong>para</strong> as Negras, ... d5 não o é. Quase sempre o Peão d negro vai<br />
a d6, após a saída do Bispo do Rei. Porém, sempre que possível, ... d5 é um bom lance, pois elimina, pela<br />
troca, o Peão e branco.<br />
6. Casas <strong>para</strong> os Cavalos<br />
inativo.<br />
Para as Brancas, c3 e f3; <strong>para</strong> as Negras, c6 e f6. Normalmente em h3, o Cavalo permanece<br />
7. Casas <strong>para</strong> os Bispos<br />
2
a) Bispo do Rei: em sua diagonal, o Bispo encontra sua melhor casa em c4 ou b5, neste último<br />
caso, quando existe um Cavalo em c6. Nas posições restringidas, quando o avanço d3 antecede a saída do<br />
Bispo Rei, ele limita-se a ocupar a casa e2.<br />
b) Bispo da Dama: de acordo com a posição, as melhores casas <strong>para</strong> o Bispo branco são g5,<br />
cravando o Cavalo de f6, em b2, a3. Já o Bispo negro, geralmente se posiciona em e6 ou d7, ou quando<br />
possível em g4, cravando o Cavalo de f3.<br />
8. Casas <strong>para</strong> a Dama<br />
Freqüentemente atua em sua coluna e nas diagonais d1-h5 e d1-a4. Quando se lança<br />
diretamente ao ataque, suas casas boas são g4 e h5. Na casa e2 geralmente tira proveito da coluna e<br />
aberta. Pode ser eficaz também em d4 ou em b3.<br />
Nas partidas do Peão do Rei, as Negras tem dificuldade de jogar com sua Dama. Suas casas de<br />
escolha são as casas da primeira e segunda horizontais pretas, como d8, d7, e7, c7, etc.<br />
Não saia prematuramente com a Dama <strong>para</strong> não se expor a um ataque de peça de menor valor,<br />
que a obrigaria a mover-se novamente, perdendo tempo.<br />
9. Casas <strong>para</strong> o Rei<br />
O roque pequeno permite colocar o Rei na casa segura g1, onde se põe a salvo de ataques<br />
inimigos. É sua casa ideal, onde goza de ampla segurança. Caso não se efetue o roque, facilitará o ataque<br />
inimigo. Se o roque não tiver a proteção de suas peças, pode sofrer um ataque fatal.<br />
10. Casas <strong>para</strong> as Torres<br />
As casas iniciais das colunas abertas.<br />
11. Reforço de um ataque com as Torres<br />
Após o desenvolvimento dos Cavalos, dos Bispos e mesmo da Dama, o jogador necessita do<br />
reforço das Torres, <strong>para</strong> prosseguir num ataque, uma vez que essas peças são as últimas a entrar em<br />
combate. Um dos meios é avançar o Peão f e abrir esta coluna. A ocupação de colunas abertas são<br />
caminhos <strong>para</strong> a 7ª horizontal, onde se realizam os golpes táticos.<br />
12. Como tirar proveito das Torres?<br />
aberta.<br />
a) Abrindo colunas <strong>para</strong> elas;<br />
b) Fazendo-as agir nas colunas já abertas;<br />
c) Instalando-as na 7ª horizontal e<br />
d) Conduzindo-as a importantes colunas de ataque, utilizando como via de acesso, uma coluna<br />
13. A importância do avanço d4 (ou d5 <strong>para</strong> o Negro)<br />
a) Para as Brancas, além de facilitar o desenvolvimento, visa, pela troca, eliminar o Peão e<br />
inimigo, resultando uma posição em que apenas as Brancas dispõem de um Peão central, deixando o<br />
adversário com inferioridade no centro.<br />
b) Para as Negras, é igualmente eficiente por quebrar o centro branco. Sempre que o Negro<br />
consegue jogar impunemente ... d5, nas partidas do Peão do Rei, conseguem, ao menos, igualdade.<br />
3
14. Roque<br />
“Rocar o mais cedo possível e de preferência, o roque pequeno”. O roque coloca o Rei em<br />
segurança e permite jogo à torre companheira. Mas o roque não deve ser enfraquecido, pois seria<br />
acessível a ataque.<br />
Se mantiver o roque íntegro, não terá preocupações com a segurança de seu Rei. Caso<br />
contrário, se permitir a destruição do escudo real, sucumbirá por deixar o monarca desprotegido.<br />
Impeça que seu adversário faça o roque.<br />
15. Desenvolvimento e Centro<br />
O lado que tem maior mobilidade de peças (conseqüência do melhor desenvolvimento e<br />
domínio central) domina o tabuleiro.<br />
16. Desenvolvimento acelerado de peças<br />
A vantagem real em xadrez decorre do número de peças ativas.<br />
As peças valem pelo que fazem.<br />
Desenvolva todas as peças rapidamente, mesmo que à custa de sacrifício de Peões. O tempo<br />
gasto pelo adversário, ao capturar com uma peça já desenvolvida, um nosso Peão, será por nós<br />
aproveitado no desenvolvimento de mais uma peça.<br />
17. Geral<br />
ESCOLA ANTIGA<br />
Tenha sempre em mente durante a partida os seguintes ítens:<br />
•os ataques diretos e indiretos<br />
•defesas diretas e indiretas (contra-ataques)<br />
•eficiência dos lances com mais de um objetivo<br />
•debilidade da casa f7<br />
•a força de um Cavalo em e6<br />
•a força de dois Bispos no ataque<br />
•lances enérgicos, de iniciativa<br />
•exploração de peças cravadas<br />
•o clima de tensão central das aberturas<br />
•etc.<br />
EVOLUÇÃO HISTÓRICA<br />
O ponto débil que a configuração inicial das peças oferece, é a casa f7, o setor de cada lado,<br />
que mais generosamente se oferece aos planos agressivos do adversário. E o Peão que se instala nessa<br />
casa, é fraco, pois conta apenas com o magro apoio de seu Rei.<br />
4
A primitiva idéia que ocorreu aos primeiros estudiosos do xadrez (séc. XVI em diante), foi o<br />
ataque direto a essa casa, conhecidamente fraca.<br />
Todas as combinações, planos, ciladas dos enxadristas antigos, estavam orientados em direção<br />
a este ponto, onde procuravam acumular o maior número de peças atacantes.<br />
A) MATE PASTOR<br />
a)<br />
1 e4 e5 2 Dh5<br />
Ameaçando o Peão e5<br />
2 ... Cc6 3 Bc4 d6 4 Df7++ (1-0).<br />
Refutação: 3 ... g6! 4 Df3 (novamente ameaçando mate com Df7++) Cf6, seguido de ... Bg7 e ...<br />
0-0 e as Negras tem melhor jogo.<br />
b)<br />
1 e4 e5 2 Bc4 Cc6 3 Df3 d6 4 Df7++ (1-0).<br />
Refutação: 3 ... Cf6!, e as Negras estão bem.<br />
B) MATE LEGAL<br />
O melhor é, após 1 e4 e5 2 Bc4 jogar logo 2 ... Cf6, evitando as ameaças de mate.<br />
1 e4 e5 2 Bc4 d6? 3 Cf3 g6 4 Cc3 Bg4 5 Ce5!<br />
Entregando a Dama.<br />
5 ... Bd1 6 Bf7+ Be7 7 Cd5++ (1-0)<br />
Refutação: consiste em jogar de acordo com os princípios gerais de desenvolvimento e domínio do centro,<br />
ou seja 2 ... Cf6. Na variante principal, ao invés de 5 ... Bd1?, o Negro pode jogar 5 ... de5, e não existe<br />
mais o Mate Legal.<br />
C) ATAQUE GRECO<br />
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 c3 Cf6 5 d4 ed4 6 cd4 Bb4+ 7 Cc3 Ce4 8 0-0 Cc3 9 bc3 Bc3 10 Db3<br />
Ba1 11 Bf7+ Rf8 12 Bg5 Ce7 13 Ce5! d5 14 Df3 Bf5 15 Be6! g6 16 Bh6+ Re8 17 Bf7++ (1-0)<br />
Refutação: 9 ... d5! e desaparece o Ataque Greco.<br />
D) ATAQUE FEGATELLO<br />
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Cf6<br />
Defesa dos 2 Cavalos<br />
4 Cg5<br />
É esta uma abertura típica da escola antiga de xadrez, em que o ataque direto contra o Rei era o objetivo<br />
único de todas as idéias estratégicas.<br />
As Negras desenvolveram normalmente suas peças e, aparentemente, nenhuma razão assiste às Brancas<br />
<strong>para</strong> pretenderem tirar proveito da abertura.<br />
Com 4 Cg5, como que aspiram as Brancas a realizar uma expedição punitiva ao adversário, visando a<br />
casa fraca f7, onde já atua o Bispo branco.<br />
O lance 4 Cg5 transgride um princípio de desenvolvimento que proíbe jogar a mesma peça duas vezes na<br />
abertura, e outro princípio de ordem estratégica, que veda, igualmente, os ataques prematuros, sem o<br />
desenvolvimento de peças.<br />
5
Mas, <strong>para</strong>doxalmente, 4 Cg5 não pode ser considerada errônea, ao contrário, exige grande atenção.<br />
Como as Negras defenderão seu Peão de f7 atacado duplamente? Não existe uma proteção direta de outra<br />
peça (exemplo: 4 ... De7 5 Cf7, e as Negras não podem retomar com a Dama, por causa da defesa que o<br />
Cavalo tem de seu Bispo de c4).<br />
O único lance que procura obstruir a ação do Bispo branco sobre a casa f7 é 4 ... d5!, permitindo também<br />
o desenvolvimento do Bispo da Dama negro.<br />
Após 5 ed4, o lance lógico negro, <strong>para</strong> que não percam um Peão é 5 ... Cd5. As Brancas continuam com 6<br />
Cf7!, entregando o Cavalo e especulando a debilidade da posição negra e na força que irá ter, agora, o<br />
Bispo f4 branco, cravando o Cd5 negro.<br />
4 ... d5 5 ed5 Cd5 6 Cf7!<br />
Inicia-se o famoso Ataque Fegatello.<br />
O Cavalo ataca a Dama e a Torre do Rei. A resposta negra é forçada:<br />
6 ... Rf7 7 Df3+<br />
Atacando também o Cavalo d5 inimigo.<br />
7 ... Re6<br />
Novamente forçada e resulta numa posição muito comprometida <strong>para</strong> o Rei negro.<br />
8 Cc3<br />
Atacando mais uma vez o Cavalo d5.<br />
Um exemplo do que pode acontecer é:<br />
8 ... Ce7 9 d4 c6 10 Bg5 Rd7 11 de5 Re8 12 0-0-0 Be6 13 Cd5 Bd5 14 Td5! cd5 15 Bb5+<br />
(+ -)<br />
Refutação:<br />
a) O Ataque Fegatello tem dado margem a muita controvérsia. Aparece, como sua refutação, em vez de 8<br />
... Ce7, erro que deu grande prestígio ao Ataque, o lance 8 ... Ccb4! e após 9 De4 c6 10 a3 Ca6 11 d4 Cc7<br />
12 Bf4 Rf7 13 Be5, as Brancas possuem um ataque poderoso, mas as Pretas têm excelentes<br />
possibilidades.<br />
Teoricamente o Fegatello pode ser contestado, mas, praticamente é jogável, pelas possibilidades de ataque<br />
que proporciona, beneficiando, via de regra, as Brancas.<br />
b) O melhor é evita-lo, o que se consegue com o lance 5 ... Ca5! em vez de jogar 5 ... Cd5. Com este<br />
lance, as Negras jogam uma espécie de gambito, entregando um Peão <strong>para</strong> conseguir rápido<br />
desenvolvimento de peças e ataque ao Rei inimigo. Um exemplo é, após 5 ... Ca5, 6 d3 h6 7 Cf3 e4! 8<br />
De2 Cc4 9 dc4 Bc5, etc.<br />
Ao estudar a Defesa dos 2 Cavalos, você pode encontrar outros exemplos de ataque.<br />
O Ataque Fegatello é um produto da influência que os mestres italianos de xadrez exerceram na época do<br />
Renascimento. O nome Fegatello vem do italiano “fégato”, que quer dizer fígado. O ataque visaria o<br />
ponto mais vital do inimigo (f7), como era o fígado, na época, <strong>para</strong> o organismo humano.<br />
Este ataque e todas as demais continuações, que têm em mira o ataque direto ao Rei inimigo, atacando o<br />
Peão f7, são muito interessantes, exigindo do jogador das Negras respostas precisas e arte na defesa.<br />
Os jogadores da chamada escola antiga de xadrez confiavam no êxito dos ataques diretos ao Rei. O<br />
objetivo da partida seria o ataque frontal ao monarca inimigo, estando, assim, justificados todos os<br />
sacrifícios de peças, que tivessem, por finalidade, eliminar o Rei contrário.<br />
ESCOLA MODERNA<br />
Com a evolução do xadrez, com a experiência e o aperfeiçoamento da técnica defensiva, ficou<br />
provado que os meios diretos não são suficientes <strong>para</strong> ganhar uma partida e que deve-se antes debilitar a<br />
posição inimiga, por meio de manobras estratégicas de grande alcance, as quais, minam, solapam todos os<br />
setores da luta.<br />
6
Essas idéias foram alardeadas pela escola moderna de xadrez, cujo pioneiro foi o grande<br />
mestre Steinitz.<br />
Atualmente o ataque frontal é considerado como o complemento lógico de uma estratégia bem<br />
definida, que objetiva enfraquecer, num primeiro tempo, a posição adversária.<br />
As combinações, os sacrifícios brilhantes de peças, os ataques fulminantes ao Rei inimigo,<br />
devem surgir como uma conseqüência lógica de uma conduta inteligente, que conseguiu tornar débil o<br />
inimigo.<br />
O êxito do ataque final, nessas condições, é assim, absoluto.<br />
Antigamente, atirava-se à luta, de frente, sem pensar no resultado, confiando apenas na<br />
habilidade do espírito ofensivo e na surpresa do ataque prematuro. As partidas eram orientadas por uma<br />
tendência bárbara de luta, primitiva.<br />
Na atualidade, os desejos regicidas não são tão fundamentais. Há um trabalho prévio de<br />
solapamento.<br />
O principiante é, por instinto, um adepto da escola antiga de xadrez.<br />
A explicação é fácil, visto que o ataque ao Rei é, em essência, o motivo mesmo da partida.<br />
Seus objetivos e suas intenções são quase evidentes, daí os principiantes aprenderem, facilmente, essa<br />
parte do jogo.<br />
Quem se inicia em xadrez embarca freqüentemente, em combinações de ataque direto ao<br />
adversário, sem pre<strong>para</strong>tivos necessários, isto é, o desenvolvimento de peças e o real controle do centro.<br />
Tais procedimentos, armas de dois gumes, são errôneos e, invariavelmente, conduzem à derrota, quando<br />
são empregados contra jogadores experientes.<br />
O principiante deve ter em mente esses fatos em suas partidas. Lembrar sempre que, como foi<br />
demonstrado por Steinitz, antes de dirigir uma ação direta ao Rei adversário, deve ter obtido alguma<br />
vantagem que a justifique.<br />
Dita vantagem pode manifestar-se por duas formas fundamentais:<br />
a) Superioridade material, isto é, mobilização de maior quantidade de forças, ou<br />
b) Superioridade dinâmica, ou seja, melhor colocação das peças.<br />
Outra coisa que o principiante deve levar em consideração: quando iniciar um ataque direto<br />
contra o Rei adversário, é lembrar que não é necessário ganhar a partida por esse meio. Não há, como diz<br />
Max Euwe, “necessidade de queimar as naves <strong>para</strong> este fim. Essas táticas são filhas do desespero. Um<br />
ataque bem planejado não é um desespero, mas uma conseqüência lógica na cadeia de idéias estratégicas<br />
e, geralmente, produz como saldo uma vantagem duradoura, que se explora com um tranqüilo e paciente<br />
jogo de posição”.<br />
7
Apostila 1<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
APARECE UM TÍTULO<br />
A criação do título de Campeão Mundial foi uma obra pessoal, e muito anterior ao surgimento<br />
de um organismo que controlasse as competições. Até surgir Steinitz, ninguém havia tido a idéia de se<br />
empregar tão atraente título, apesar de que a superioridade de Stauton, Anderssen e Morphy sobre todos<br />
os seus contemporâneos era patenteada em determinados anos.<br />
Quando Steinitz surge no palco do xadrez internacional, o norte-americano Morphy já havia<br />
deixado as competições sérias, onde então a figura máxima era o prussiano Anderssen, que havia sido<br />
derrotado por Morphy convincentemente no ano de 1858, em Paris por +2 -7 =2. Assim, quando em 1866,<br />
Steinitz venceu em um disputado match a Anderssen por +8 -6 =0, em Londres, se autoentitulou como<br />
Campeão Mundial, diante do sorriso de todos os aficionados, que não levaram a serio aquele pequeno<br />
enxadrista centroeuropeu.<br />
Objetivamente falando, a superioridade de Steinitz, naquela época estava longe da clareza,<br />
pois no ano seguinte, 1867, Kolisch e Winawer o superaram no Torneio de Paris, e em 1870, Anderssen<br />
na revanche, no Torneio de Baden-Baden, derrota-lhe nas duas partidas que jogaram. Mas Steinitz volta<br />
com toda a força e vence o grande Torneio de Viena, 1873, com a satisfação de obrigar a Anderssen a<br />
render seu Rei nas duas partidas disputadas. Depois desta vitória, esteve bastante tempo sem participar de<br />
Torneios, mas em encontros pessoais derrotou, entre outros, Bird, Londres, 1866, +7 -5 =5; Blackburne,<br />
Londres, 1870, +5 -0 =1; Zukertort, Londres, 1872, +7 -1 =4 e outra vez Blackburne, Londres, 1876, +7<br />
-0 =0.<br />
No ano de 1882 reaparece no grande Torneio de Viena e obtém o primeiro posto, mas<br />
empatado em pontos com o polonês Simón Winawer, o que indubitavelmente, empalideceu um pouco seu<br />
triunfo.<br />
Durante o tempo em que Steinitz permaneceu afastado dos torneios, novas figuras começaram<br />
a brilhar com luz própria e ameaçavam o trono que o mesmo havia criado.<br />
Assim está a situação, quando no ano de 1883, em Londres, organizaram um torneio de dupla<br />
volta com os melhores enxadristas da época e que foi ganho brilhantemente por Zukertort, aquele jogador<br />
que Steinitz havia derrotado contundentemente em um match, onze anos antes. Aqui começaram as<br />
dificuldades de Steinitz, pois se até então, se bem que nada lhe dava o direito de ostentar o Título<br />
Mundial, ninguém havia reclamado <strong>para</strong> si tal galardão, ocorreu neste momento a Zukertort o desejo de o<br />
tomar <strong>para</strong> si, e depois de seu triunfo (impecável diga-se de passagem), definiu-se como Campeão<br />
Mundial...<br />
Steinitz não consentiu isto, e imediatamente desafiou-o a jogar um match decisivo em que se<br />
esclarecesse quem teria o direito de utilizar o título de Campeão Mundial. As conversas foram longas e<br />
divergentes, e até 1886 estes dois esplêndidos enxadristas não se encontraram por meio do tabuleiro <strong>para</strong><br />
disputar a supremacia.<br />
Antes de Steinitz “criar” o Título Mundial, alguns matches (e torneio) podem ser considerados<br />
como indicadores de enxadristas que mereceriam ostentar o Título:<br />
8
Mac Donell – De La Bourdonnais, Londres, 1834, 21V 13E 44D<br />
Saint-Avant – Stauton, Paris, 1943, 6V 4E 11D<br />
Anderssen, vencedor do Torneio de Londres, 1851<br />
Anderssen – Morphy, Paris, 1857, 2V 2E 7D<br />
Anderssen – Steinitz, Londres, 1866, 6V 0E 8D<br />
Steinitz – Blackburne, Londres, 1876, 7V 0E 0D<br />
A SEGUIR:<br />
I Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Steinitz x Zukertort, 1886<br />
FINAIS I<br />
1. A IMPORTÂNCIA DOS FINAIS<br />
A partida de xadrez possui três fases: Abertura, Meio Jogo e Final, cujos limites não podem<br />
ser traçados com exatidão. Podemos porém declarar que a partida se encaminha <strong>para</strong> o Final, quando o<br />
material existente no tabuleiro esteja diminuído, escasso, ou seja, com peças apenas suficientes <strong>para</strong> o<br />
mate.<br />
Uma das principais características do Final é a função ativa desempenhada pelo Rei, em<br />
contraste com o papel inerte que assume na abertura. Na primeira fase, em virtude do maior número de<br />
peças inimigas e dos perigos delas decorrentes, este exerce um papel passivo, procurando a proteção de<br />
outras peças e, pelo roque, localizar-se em lugar seguro, de defesa, afastando-se assim do campo de luta.<br />
Já nos Finais, esta peça faz jus ao título que ostenta, ora escoltando Peões candidatos à<br />
promoção, ora colaborando com seu poder no cerco e morte do Rei inimigo.<br />
Outra peça de grande importância é o Peão.<br />
A disposição destes no tabuleiro (estrutura de Peões), define a estratégia a ser seguida nos<br />
Finais. O recurso de sua promoção, aumenta consideravelmente o poderio material de seu lado, o que lhe<br />
confere mérito considerável.<br />
O Final é considerado a fase mais difícil, pois exige do enxadrista talento, imaginação, e<br />
grande conhecimento teórico, atenção contínua e bom cálculo. Uma manobra precipitada ou mal<br />
calculada, pode anular um grande esforço desenvolvido na Abertura ou Meio Jogo.<br />
Seu bom conhecimento permite ganhar em muitas posições aparentemente empatadas, assim<br />
como salvar-se de posições aparentemente perdidas e mesmo desesperadas.<br />
Todo enxadrista de destaque é, antes de tudo, um ótimo finalista.<br />
2. MATES ELEMENTARES<br />
Estudaremos os casos em que um dos lados possui apenas o Rei sobre o tabuleiro.<br />
Fora das casas marginais, o Rei pode ocupar oito casas, em casa marginal, cinco, e, nas<br />
angulares, somente três casas. Esta última é sem dúvida a mais desfavorável possível.<br />
9
Ocupando uma casa angular, o Rei levará mate se o adversário dominar as três casas que lhe<br />
restam e a própria casa angular em que se encontra. Dessas quatro casas, duas podem ser dominadas pelo<br />
Rei.<br />
Diagrama: Rb6 x Ra8<br />
O Rei negro está em sua casa desfavorável, e das três casas que lhe restam, duas estão dominadas pelo Rei<br />
branco. O mate não poderá ser dado com um Bispo ou um Cavalo apenas; essas peças dando xeque,<br />
dominarão apenas mais uma das duas casas que deveriam ser dominadas <strong>para</strong> existir o mate, tendo o Rei<br />
negro a casa de fuga b8. Logo não há mate.<br />
Diagrama: Rf7, Bf6, Bg6 x Rh8<br />
Com dois Bispos, o mate é possível, um deles dá xeque e o outro impede a fuga do Rei.<br />
Diagrama: Rb3, Cc2, Cd2 x Ra1<br />
Com dois Cavalos é “possível” dar mate.<br />
Diagrama: Rg3, Bf3, Ch3 x Rh1<br />
Com Bispo e Cavalo também é possível dar mate de igual maneira.<br />
No final com dois Bispos, ou Bispo e Cavalo, o mate é forçado contra os melhores lances<br />
adversários, com dois Cavalos é possível chegar a uma posição de mate apenas com a colaboração do<br />
adversário. No diagrama correspondente (Rei e 2 Cavalos x Rei), o último lance branco foi Cc2++. Se o<br />
Rei negro antes de ir à a1, estava em b1, obviamente, onde recebeu o xeque do Cavalo colocado em d2,<br />
tivesse se dirigido à c1, o mate não seria possível. Logo não é um mate “forçado”.<br />
Diagrama: Rb6, Tc8 x Ra8<br />
Diagrama: Rf3, Tb1 x Rf1<br />
Nestes diagrama, as Torres controlam as duas casas que não são dominadas pelo seu Rei.<br />
Diagrama: Rg6, De8 x Rg8<br />
A Dama aqui faz o mesmo papel de uma Torre. Observe que as duas casas que devem ser dominadas<br />
localizam-se sobre a mesma horizontal, via de mobilidade da Dama (ou Torre).<br />
Para se praticar o mate ao Rei situado em casa marginal, devemos dominar as cinco casas que<br />
dispõe, além da que ocupa.<br />
O Rei atacante domina três e as restantes podem ser dominadas por uma Torre ou Dama,<br />
desde que as casas se encontrem sobre a mesma horizontal (ou coluna).<br />
Com o Rei inferior no meio do tabuleiro, nove casas devem ser dominadas: oito de<br />
movimentos deste e mais uma ocupada por ele. O Rei branco pode dominar três, as seis restantes<br />
encontram-se em duas horizontais vizinhas. Por aí se vê que o mate com o Rei colocado no meio do<br />
tabuleiro requer mais peças (duas Torres, ou Torre e Dama).<br />
O material mínimo <strong>para</strong> o mate é:<br />
a) Uma Dama: mate em qualquer casa marginal.<br />
b) Uma Torre: mate em qualquer casa marginal.<br />
c) Dois Bispos: mate somente nas casas angulares.<br />
d) Bispo e Cavalo: mate somente nas casas angulares.<br />
e) Dois Cavalos: mate somente nas casas angulares, somente “ajudado”.<br />
10
2.1. Rei e Dama x Rei<br />
O mate com a Dama realiza-se com o Rei negro em qualquer casa marginal do tabuleiro. As<br />
posições de mate são Rc6, Dc7 x Rc8; Rg6, De8 x Rg8 e análogas.<br />
O mate é forçado num máximo de 10 lances. É muito fácil dar mate com a Dama, mas deve-se<br />
tomar cuidado com posições de empate como por exemplo Rb5, Dc7 x Ra8; Rf5, Df7 x Rh6; ou posições<br />
análogas jogando o Negro.<br />
Diagrama: Ra1, Db1 x Re6<br />
1 ? mate em 9<br />
PLANO<br />
*****<br />
Forçar o Rei negro a colocar-se em qualquer uma das casas marginais, ficando com o Rei branco diante<br />
dele, se<strong>para</strong>do por uma casa, quando então domina três das seis casas que deve dominar. Então infiltrar<br />
a Dama numa das casas desta margem efetuando o mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Rb2 Rd5 2 Rc3 Re5 3 Dg6 Rf4 4 Rd4 Rf3 5 Dg5<br />
O Rei negro vai sendo encaminhado <strong>para</strong> a margem do tabuleiro.<br />
5 ... Rf2 6 Dg4 Re1 7 Re3 Rf1 8 Dg6<br />
Por que não jogar 8 Dg3 ?<br />
*****<br />
Porque seria empate por afogamento.<br />
8 ... Re1 9 Dg1++ (1-0)<br />
A SEGUIR:<br />
2.2. Rei e Torre x Rei<br />
TÁTICA I<br />
1. GANHO DE PEÇAS<br />
Capturando-se as peças inimigas, paulatinamente se reduz o potencial adversário. A<br />
supremacia material origina, na maioria das vezes, superioridade de posição e ambos fatores, obrigarão o<br />
adversário, duplamente inferiorizado a render-se sem apelação.<br />
partida.<br />
11<br />
Se um dos enxadristas possui mais peças que o outro, salvo as exceções, deve ganhar a<br />
Podemos reduzir a seis, os princípios fundamentais de ganho de peças:<br />
1. Princípio do Rei em Perigo<br />
2. Princípio da peça imóvel<br />
3. Princípio da peça sobrecarregada<br />
4. Princípio do ataque simultâneo<br />
5. Princípio da peça sem defesa<br />
6. Princípio da promoção do Peão
1.1. Princípio do Rei em perigo<br />
O Rei em perigo sob múltiplas ameaças, escapa, muitas vezes ao mate entregando material,<br />
quer seja <strong>para</strong> abrir caminho <strong>para</strong> sua fuga, quer seja <strong>para</strong> distrair peças atacantes, ou destrui-las, embora<br />
sacrificando peças de maior valor.<br />
Diagrama: Ba8, Tg5, Rh5 x Cf8, g7, Rg8, h7, Th8<br />
1 ? Brancas ganham material<br />
PLANO<br />
*****<br />
Atrair o Cavalo negro <strong>para</strong> a diagonal onde encontra-se seu Rei, <strong>para</strong> que o Bispo possa agir sobre ela.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bd5+<br />
E as Brancas ganham o Cavalo. Para escapar do xeque, o negro deve entregar uma peça.<br />
1 ... Ce6 2 Be6+ Rf8<br />
O Rei negro consegue a casa de fuga à custa de material.<br />
Diagrama: Ra6, Tb7, Ce5 x f6, g7, h7, De8, Tg8, Rh8<br />
1 ? Brancas ganham material<br />
PLANO<br />
*****<br />
Atacar o Rei negro “sufocado” atraindo a Dama <strong>para</strong> f7, onde será capturada pela Torre.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Cf7+ Df7 2Tf7<br />
As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.<br />
A SEGUIR:<br />
1.2. Princípio da peça imóvel<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
1. ADOLF ANDERSSEN<br />
Antes de se praticar o jogo de posição deve-se aprender a combinar. Esta regra, confirmou-se<br />
na história do xadrez, e é recomendada aos iniciantes.<br />
Não inicie seu jogo com aberturas do Peão da Dama e Abertura Francesa, mas com partidas<br />
de jogo aberto, gambitos. Certamente que com o jogo fechado, o principiante perderá menos partidas, mas<br />
em troca, com o jogo aberto, aprenderá a jogar xadrez.<br />
Antigamente, haviam também os jogadores de posição. O maior deles foi André Danican<br />
Philidor, talvez até o maior pensador de todos os tempos. Mas o que, com seu exemplo, auxiliou em<br />
12
maior grau a força da combinação do mundo enxadrístico, amadurecendo-a <strong>para</strong> a prática do jogo de<br />
posição foi Adolf Anderssen.<br />
Anderssen nasceu em Breslau no dia 6 de julho de 1818. Sua carreira foi muito simples.<br />
Estudou Filosofia e Matemática, e até o dia 13 de Março de 1879, época em que faleceu, ocupou o cargo<br />
de professor no Instituto de sua cidade natal.<br />
Começou a estudar xadrez no início de sua vida estudantil, mas a força de seu jogo<br />
desenvolveu-se lentamente. Para seus compatriotas alemães, e até <strong>para</strong> os internacionais, foi considerado<br />
uma revelação quando, no primeiro torneio de mestres celebrado em Londres, 1851, com o qual começou<br />
a época moderna do xadrez, obteve o primeiro prêmio. A esta vitória seguiram outras, especialmente no<br />
Torneio de Londres, 1862 e no de Baden-Baden, 1870.<br />
Aquele que quer aprender a jogar o bom xadrez, deve observar as partidas de Anderssen não<br />
somente <strong>para</strong> divertir-se com elas, mas <strong>para</strong> fortalecer seu jogo de combinação. Não acredite que o jogo<br />
de combinação seja somente fruto do talento que não se pode aprender. Os elementos são sempre os<br />
mesmos que se apresentam em relações mais ou menos complicadas, tais como ataques duplos,<br />
sobrecarga, trocas, etc.<br />
Quanto mais combinações você apreciar, mais fáceis serão de executa-las.<br />
Nas partidas que estudaremos, analisaremos também as aberturas. Entre elas, a primeira que<br />
veremos é o Gambito do Rei. Entende-se por gambito uma abertura na qual se sacrifica um Peão com o<br />
objetivo de conseguir vantagem no desenvolvimento, ou outras vantagens. O gambito conhecido como o<br />
mais antigo na literatura do xadrez é o do Rei: 1 e4 e5 2 f4. A idéia deste gambito é dupla: abertura da<br />
coluna f, através da qual, uma vez efetuado o roque, a Torre do Rei poderá entrar rapidamente em ação e a<br />
possibilidade de formar um forte centro de Peões, depois do avanço ou da troca do Peão e inimigo,<br />
mediante d4. A força deste centro de Peões, analisaremos mais adiante. As Brancas, após 2 ... ef4, não<br />
podem jogar a seguir 3 d4, mas devem antes fazer algo <strong>para</strong> evitar a ameaça negra ... Dh4+.<br />
Tanto o enxadrista experiente quanto o iniciante melhorarão sensivelmente seu jogo se<br />
esforçarem em tratar cada abertura conforme sua idéia base, seguindo o plano preconcebido. Por exemplo,<br />
se jogar o Gambito do Rei, deve ter em mente que os dois objetivos principais desta abertura são o<br />
domínio da coluna f e a formação de um forte centro de Peões.<br />
Se, ao contrário, deixa-se levar por desvios e rodeios, o mesmo tira o sentido de seus<br />
primeiros lances, e então as conseqüências serão fatais.<br />
Como devem então contestar as Negras ao Gambito do Rei? Antigamente era comum aceitar<br />
cada sacrifício que o adversário oferecia, e neste caso defender o Peão com ... g5. Esta defesa tem dois<br />
objetivos: um material e outro posicional. Ao defender o Peão f, obstrui esta coluna, e então as Brancas,<br />
<strong>para</strong> seguir com a idéia da abertura, devem atacar sobre a coluna f, quase sempre sacrificando uma peça<br />
<strong>para</strong> eliminar o Peão f negro.<br />
Outra réplica contra o Gambito do Rei, é o contra-ataque no centro: 2 ... d5 3 ed5 segue quase<br />
sempre 3 ... e4 (seria um grave erro 3 fe5 por causa de 3 ... Dh5+). Agora são as Negras que jogam<br />
gambito, chamado este de Falkbeer, cujo criador foi o mestre austríaco Ernesto Carlos Falkbeer (Brünn,<br />
1819 - Viena, 1885).<br />
O que conseguiram as Negras com este sacrifício de Peão? Antes de mais nada, o fracasso<br />
completo do objetivo branco de jogar o gambito. A abertura da coluna f, ou mesmo a intenção de formar<br />
um centro de Peões, são impedidas radicalmente. Agora, não se sabe que objetivo tem o Peão de f4 nesta<br />
13
posição. Além disso, o Peão e5 causa certo incômodo à posição branca, e estas encontram-se com<br />
dificuldades <strong>para</strong> o desenvolvimento. Em troca, as Negras, tem certa preponderância no centro. Por esta<br />
razão, nos últimos anos, tem se considerado o Gambito Falkbeer quase como que uma refutação ao<br />
Gambito do Rei.<br />
Outra réplica: as Negras podem ignorar a idéia do gambito branco, continuando seu<br />
desenvolvimento, e neste caso, não é necessário jogar imediatamente 2 ... d6, <strong>para</strong> defender o Peão, pois<br />
restringiriam a ação do Bispo do Rei. O ataque ao Peão e5 é somente aparente, pois 3 fe5 fracassaria por 3<br />
... Dh5+. As Negras podem, portanto jogar tranqüilamente 2 ... Bc5 e defender mais tarde o Peão de e5<br />
com d6 sem enclausurar seu Bispo.<br />
Quem compreende o espírito da abertura, pode ter confiança de que mesmo sem o<br />
conhecimento de suas variantes, não produzirá uma partida ruim.<br />
A SEGUIR:<br />
1.1. Partida n.º 1<br />
Breslau, 1862<br />
Gambito Falkbeer<br />
Rosanes x Anderssen<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 1.1<br />
a2, b2, c3, e4, f2, g2, h2, Ta1, Te1, De2, Cf5, Rg1 x a7, b7, c7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Cc6, Dd7, Tf8, Rg8<br />
Composição<br />
1 ? (1-0)<br />
Encontre o plano vitorioso branco.<br />
PLANO<br />
*****<br />
O ponto g7 está atacado pelo Cavalo branco. Se a Dama branca pudesse colocar-se sobre esta coluna,<br />
haveria ameaça de mate. A Dama negra encontra-se completamente indefesa. Logo, deve-se procurar um<br />
meio de executar estas duas ameaças concomitantemente.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dg4 (1-0)<br />
As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.<br />
Diagrama 1.2<br />
b4, c4, f3, g2, h2, Td1, Ce1, De3, Bf1, Tf2, Rg1 x b6, d6, e5, g7, h7, Bb7, Cd4, Tf4, Tf8, Dg5, Rg8<br />
Stahlberg x Alekhine<br />
Olimpíada 1931<br />
1 ... ?<br />
Aqui Alekhine efetuou um fino lance:<br />
1 ... h6<br />
Tente descobrir seu objetivo<br />
*****<br />
Alekhine imaginou que se não houvessem na coluna f o Peão e a Torre, poderia jogar ... Tf1++. O Peão<br />
de g está cravado, o Bispo localizado em b7 converge sobre g2 indiretamente, as Torres agem na coluna<br />
f semi-aberta, o único empecilho da posição é a Dama negra indefesa, problema este que é resolvido por<br />
14
Alekhine de maneira elegantemente terrível, pois ameaça 2 ... Tc3! 3 Db5 Tf2, e graças à ameaça de<br />
mate com ... Tf1, as Brancas não tem tempo de salvar sua Dama.<br />
O objetivo do lance de Alekhine portanto foi defender sua Dama, e o lance é tão forte que Stahlberg não<br />
tem recursos suficientes <strong>para</strong> escapar da derrota.<br />
Por exemplo, se 2 Dd2, segue 2 ... Bf3! 3 Cf3 Cf3+ 4 Tf3 Tf3 5 Dg5 Tf1 6 Tf1 Tf1+ 7 Rf1 hg5, e com um<br />
Peão de vantagem, as Negras ganhariam facilmente o final.<br />
A partida seguiu com:<br />
2 Rh1 Tf3 (0-1)<br />
As Brancas abandonaram.<br />
Apostila 2<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
I CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Steinitz x Zukertort, 1886<br />
Em 11 de janeiro de 1886, em um local especialmente escolhido pelo Manhattan Chess Club<br />
de New York, encontram-se frente a frente Steinitz e Zukertort <strong>para</strong> dirimir de uma vez por todas a<br />
supremacia mundial.<br />
Zukertort inicia o match com as Brancas, e sem vacilar, efetua seu primeiro lance 1. d4. A luta<br />
que toda a aficção mundial havia esperado durante três longos anos havia começado!<br />
Porém, deixemos Steinitz refletindo sua resposta e vejamos quem eram os protagonistas deste<br />
apaixonante encontro que acabava de começar.<br />
Wilhelm Steinitz havia nascido em 17 de maio de 1836, em Praga, no seio de uma família<br />
judia que sonhava em converte-lo em um rabino. Aos 12 anos já mostrava na escola uma boa disposição<br />
<strong>para</strong> a matemática, e aos 22, foi enviado a Viena <strong>para</strong> seguir um dos estudos que jamais completou, pois,<br />
desde os primeiros dias começou a freqüentar os círculos de xadrez, onde começou jogando ao estilo que<br />
agradava naquela época, ou seja, a base de brilhantes ataques com sacrifícios. Logo o chamaram de<br />
“Morphy austríaco”, pela veemência e a beleza de suas combinações. Seu estilo de jogo estava muito<br />
longe do que ia ser mais adiante, e nada o pressagiava a enorme transformação que aquele homenzinho ia<br />
imprimir no mundo do tabuleiro.<br />
O caráter independente de Steinitz já se manifestou nesta época, pois se conta que um dia,<br />
jogando com um famoso banqueiro chamado Epstein lhe disse: “Jovem, tenha cuidado! Não sabe você<br />
com quem está falando?” e Steinitz rapidamente respondeu: “O sei perfeitamente, você é Epstein, porém,<br />
na bolsa, aqui Epstein sou eu!”.<br />
Alguns psicólogos, e com eles o Grande Mestre Ruben Fine, qualificam esta resposta de<br />
Steinitz como um delírio de grandeza, mas não há outro remédio que reconhecer que o futuro Campeão<br />
Mundial tinha razão, pois estavam jogando xadrez e não discutindo sobre ações.<br />
Durante sua estada em Viena já havia se convertido em um jogador profissional, pois as<br />
partidas que disputava, eram em geral por meio de uma pequena aposta.<br />
15
Em 1862, partiu <strong>para</strong> Londres <strong>para</strong> jogar um torneio internacional, que foi ganho por<br />
Anderssen, no qual finalizou em 6º lugar, empatando com Barnes e Dubois em pontuação, mas<br />
destacando-se pelas brilhantes combinações.<br />
Londres era naquela época, a Meca do xadrez, e não devemos estranhar pois, que ali fixasse<br />
Steinitz sua residência, impondo-se pouco a pouco a todos os adversários que lhe opuseram. Em 1874<br />
começou a colaborar com a famosa revista inglesa “The Field”, analisando conscientemente as partidas de<br />
sua época e começando a mostrar sua nova concepção de jogo.<br />
Como se entendia xadrez até o advento de Steinitz?<br />
Muito simples, se o objetivo nosso era dar mate, o lógico era que todos os esforços se<br />
concentrassem sobre o monarca inimigo <strong>para</strong> abate-lo, mas Steinitz pensava de outra forma: o importante<br />
é ganhar a partida, e <strong>para</strong> isto, temos que adquirir uma série de vantagens, com as quais o mate será uma<br />
conseqüência por si só. Em outras palavras, Steinitz descobriu o que atualmente conhecem todos os<br />
jogadores do mundo, o jogo de posição. Em que consiste ele? Como todos sabemos hoje, consiste em<br />
dominar as colunas abertas, em aproveitar os Peões e as casas débeis e outros mil detalhes que até então<br />
permaneciam ignorados. Assim, não é de se estranhar que o enxadrista Adolfo Schwarz tenha se dirigido<br />
a Steinitz e lhe dito: “Este pequeno homem nos está ensinando, a todos, como jogar xadrez!”. Ali estavam<br />
os mais famosos da época e não protestaram, pois já haviam adotado, pelo menos em parte, sua doutrina,<br />
que anos antes parecia rebuscada e barroca a todos os críticos.<br />
Depois do Torneio de Londres de 1883, Steinitz se transfere <strong>para</strong> os Estados Unidos, onde<br />
adquire a nacionalidade norte-americana.<br />
O que o levou ao citado país? Talvez a disputa com o editor de “The Field”, ou talvez o desejo<br />
de jogar com Morphy, que permanecia inativo em New Orleans e com quem conseguiu uma entrevista,<br />
mas com a condição de não falar sobre xadrez. Seguramente, <strong>para</strong> um lutador da categoria de Steinitz, não<br />
poder enfrentar Morphy foi uma das maiores decepções de sua vida.<br />
Retornamos então a 11 de janeiro de 1886. A 1 d4 de Zukertort, o pequeno Steinitz, o grande<br />
Steinitz, respondeu com 1 ... d5. Os dois colossos da época estavam frente a frente ...<br />
Johannes Hermann Zukertort é agora o que medita. Havia nascido a 7 de setembro de 1842 na<br />
cidade de Lublin (Polônia), de pai alemão e mãe polonesa. Aos 13 anos sua família mudou-se <strong>para</strong><br />
Breslau e estudou química em Heidelberg e psicologia em Berlim, doutorando-se em medicina na<br />
Universidade de Breslau em 1865. Exerceu a medicina no exército prussiano durante as guerras contra a<br />
Dinamarca, Áustria e França, sendo condecorado por sua valentia. Tinha uma memória prodigiosa, e era<br />
capaz de recordar todas as partidas que havia jogado em sua vida, falava onze idiomas e era um excelente<br />
atirador de pistola e esgrimista.<br />
Aprendeu a jogar xadrez em Breslau, aos 18 anos, tendo como professor o grande Adolf<br />
Anderssen, quem lhe iniciou no jogo de combinação, e com quem jogou dois matches, perdendo em 1868<br />
por +3 -8 =1 e ganhando em 1871 por +5 -2 =0. Durante os anos 1867/71 foi editor com Anderssen da<br />
revista “Neue Berliner Schachzeitung”. Em 1878, ganhou o grande Torneio de Paris, e este mesmo ano se<br />
fez cidadão inglês. Foi um extraordinário jogador às cegas, realizando múltiplas e brilhantes sessões de<br />
simultâneas, e em 16 de dezembro de 1876 bateu, em Londres, o recorde mundial, ao jogar 16 partidas de<br />
uma vez com o magnífico resultado de +11 -1 =4.<br />
Seu estilo de jogo era brilhante ao extremo, as combinações eram sua especialidade e quanto à<br />
sua imaginação, ninguém lhe superava em seus melhores tempos, que eram, sem dúvida, o momento que<br />
16
enfrentava Steinitz com o Título Mundial em jogo. Mas tinha vários pontos débeis em sua personalidade:<br />
nervoso e impressionável.<br />
As negociações <strong>para</strong> este encontro que agora estavam disputando haviam durado anos, e<br />
destaco, ironicamente, que nenhum dos concorrentes aceitava a designação de “aspirante”. O vencedor<br />
seria o primeiro que ganhasse 10 partidas, sem contar os empates.<br />
Steinitz se impôs conduzindo as peças negras na 1ª partida, mas Zukertort ganhou as quatro<br />
seguintes de forma impressionante, com o que ninguém duvidava que seria Campeão Mundial, sem<br />
demasiados problemas. Mas tinha que contar com o formidável poder de recuperação de Steinitz, que na<br />
seguinte série de jogos, disputados em São Luis, reagiu com ímpeto, ganhando 3 das 4 partidas ali<br />
disputadas, e um empate, com o que o match ficou em 4,5 x 4,5. As partidas seguintes foram disputadas<br />
em New Orleans, com um Steinitz cada vez mais moral e um Zukertort já sem confiança em si mesmo.<br />
Steinitz se impôs agora contundentemente, ganhando o encontro por +10 -5 =5, com o qual chegou a<br />
convencer por fim, toda a aficção mundial de que era o jogador n.º 1.<br />
Zukertort, de caráter muito impressionável, jamais se repôs desta derrota, pois, no ano<br />
seguinte, perdeu um encontro com Blackburne, a quem havia vencido facilmente em 1881 (+7 -2 =5) pelo<br />
discrepante placar de +1 -5 =8. Também jogou outros torneios, mas já sem êxito, e o 20 de junho de 1888<br />
foi marcado por seu derrame cerebral, que o levou à tumba enquanto se encontrava jogando uma partida.<br />
Steinitz x Zukertort<br />
New York, São Luís e New Orleans<br />
11Jan - 29Mar1886<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Steinitz 1 0 0 0 0 1 1 ½ 1 ½<br />
Zukertort 0 1 1 1 1 0 0 ½ 0 ½<br />
11 12 13 14 15 16 17 18 1<br />
9<br />
20 Tot<br />
Steinitz 1 1 0 ½ ½ 1 ½ 1 1 1 12,5<br />
Zukertort 0 0 1 ½ ½ 0 ½ 0 0 0 7,5<br />
Zukertort começou o match de Brancas.<br />
17<br />
ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Defesa Tarrasch 7, 13, 15 3 15<br />
Escocesa 2 1 5<br />
Eslava 1, 3, 5 3 15<br />
Gambito da Dama 9, 17, 19 3 15<br />
Quatro Cavalos 11 1 5<br />
Ruy Lopez 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18 8 40<br />
Vienense 20 1 5<br />
A SEGUIR:<br />
II Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Steinitz x Tchigorin, 1889
marginal.<br />
FINAIS I<br />
2.2. Rei e Torre X Rei<br />
Como no caso Rei e Dama x Rei, o mate é praticado com o Rei inferior em qualquer casa<br />
Exemplos: Tb1, Rf3 x Rf1; Te8, Rg6 x Rh8; e análogas.<br />
O mate ocorre em média com 17 lances.<br />
Diagrama: Ra1, Td4 x Re5<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Cercar o Rei na margem do tabuleiro e chegar à posição típica de mate. Obs.: cuidado com o “pat”.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Ta4<br />
Mantendo o Rei inimigo preso do “outro lado do tabuleiro”, o mais longe possível dele.<br />
1 ... Rd5 2 Rb2<br />
Ao contrário da Dama, que não pode ser atacada pelo Rei inimigo, a Torre necessita da defesa do Rei.<br />
2 ... Rc5 3 Rb3 Rd5<br />
Se 3 ... Rb5 então Tc4, facilitando o trabalho branco, pois o Rei estaria preso no retângulo a8-c8-c4-a4.<br />
4 Rc3 Re5<br />
Se 4 ... Rc5 então 5 Ta5+, tirando do Rei inimigo mais uma horizontal.<br />
Se 4 ... Rc6, 4 ... Rd6 ou 4 ... Re6 então 5 Ta5, tirando do Rei inimigo a 5ª horizontal.<br />
5 Rd3 Rd5 6 Ta5+<br />
Quando o Rei negro coloca-se diante (ou lateralmente) do Rei branco, se<strong>para</strong>do por uma casa, deve-se dar<br />
xeque.<br />
6 ... Rc6 7 Rc4<br />
A Torre cerca o Rei inimigo no quadrado a5-a8-d8-d5.<br />
7 ... Rb6 8 Tc5<br />
Diminuindo o espaço do Rei negro.<br />
8 ... Rb7 9 Rd5 Rb6 10 Rd6<br />
Continuando a vigília sob a 5ª horizontal.<br />
10 ... Rb7 11 Tc1<br />
Pre<strong>para</strong>ndo 12 Tb1+, cercando o Rei inimigo na margem se o adversário responder com 11 ... Rb6.<br />
11 ... Rb6 12 Tb1+<br />
O Rei negro colocou-se ao lado do Rei inimigo, se<strong>para</strong>do por uma casa, então a Torre deu xeque,<br />
cercando agora o Rei na margem. A Torre só sairá desta coluna <strong>para</strong> dar mate.<br />
12 ... Ra5 13 Rc6<br />
Deve-se esperar que o Rei negro coloque-se na mesma horizontal.<br />
13 ... Ra4<br />
Se 13 ... Ra6 14 Ta1++<br />
14 Rc5 Ra3 15 Rc4 Ra2 16 Tb8<br />
Continuando a vigiar a coluna b e distanciando-se ao máximo do Rei inimigo.<br />
16 ... Ra3 17 Tb7<br />
18
“Perdendo um tempo” <strong>para</strong> que o Rei negro entre na horizontal de seu Rei.<br />
17 ... Ra2<br />
É obvio que se 17 ... Ra4 18 Ta7++<br />
18 Rc3 Ra1 19 Rc2<br />
Cuidado: 19 Tb2, pat.<br />
19 ... Ra2 20 Ta7++ (1-0)<br />
Posições que se deve evitar:<br />
•Tb7, Rc6 x Ra8<br />
1 ... ? (=)<br />
•Te7, Rf8 x Rh8<br />
1 ... ? (=)<br />
•e posições análogas<br />
A SEGUIR:<br />
2.3. Rei e dois Bispos x Rei<br />
TÁTICA I<br />
1.2. Princípio da peça imóvel<br />
Atuando sobre uma peça inimiga imobilizada (por bloqueio ou pregadura), um número de<br />
peças atacantes maior que o número de peças que a defendem, essa peça imobilizada poderá ser<br />
capturada.<br />
Exemplo:<br />
Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cc6, e5, Rf8, Bg7<br />
1 ? Brancas ganham o Peão inimigo<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão preto está imobilizado (bloqueado pelo Peão branco). Convergem sobre eles 3 ataques: Cavalo,<br />
Bispo e Torre, enquanto suas defesas são apenas duas: Cavalo e Bispo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Ce5 Ce5 2 Be5 Be5 3 Te5<br />
E as Brancas ganham o Peão.<br />
Se o Peão e5 estivesse defendido por outro Peão, as Brancas não iriam captura-lo. Estes<br />
ganhos de peça são possíveis quando as peças trocadas são do mesmo valor.<br />
19<br />
Nas capturas de peças defendidas há uma regra fácil.<br />
a) Para se ganhar uma peça defendida, deve-se ter, no mínimo, uma peça de ataque a mais do<br />
que as peças de defesa.<br />
b) Para se defender, uma peça atacada, basta ter um número de peças defensivas igual ao<br />
número de peças atacantes.
No exemplo anterior, se existisse mais uma peça preta de defesa, por exemplo, uma Torre em<br />
e7, teríamos 3 peças atacantes x 3 peças defensivas. Insistindo as Brancas nas capturas: 1 Ce5 Ce5 2 Be5<br />
Be5 3 Te5 Te5 e as Pretas ganhariam uma Torre em troca de um Peão. Estas regras dizem respeito apenas<br />
aos casos em que as peças trocadas são do mesmo valor. Um Peão defendido somente por um Peão anula<br />
diversos ataques de peças contrárias.<br />
Exemplo:<br />
Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cb7, d6, Td8, e5, Rf8, Bg8<br />
1 ?<br />
Analise esta posição. As Brancas devem capturar o Peão e5?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Três peças brancas (Cavalo, Bispo e Torre) convergem sobre o Peão preto, que está defendido por outro<br />
Peão. As Brancas não podem captura-lo, pois 1 Ce5 de5 2 Be5, as Brancas ganhariam um Peão, mas<br />
perderiam o Cavalo.<br />
Diagrama: a2, b2, c2, Ba4, Rd1 x a6, b7, c5, Rd8<br />
1 ... ?, ganham material<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Bispo a4 está cercado por seus próprios Peões.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... b5 2 Bb3 c4<br />
Ganhando o Bispo.<br />
O Bispo encontra-se defendido por 2 Peões (a2 e c2) e atacado por apenas um Peão inimigo; é<br />
um caso interessante de ganho de peça imobilizada.<br />
Diagrama: c4, d3, Ra3, Ch5 x c5, d4, Rc6, Bg7<br />
1 ... ? (0-1)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Cavalo encontra-se longe da defesa de seu Rei, e de h5 locomove-se somente <strong>para</strong> as casas negras,<br />
onde corre o Bispo inimigo, que pode imobiliza-lo, dominando suas casas de salto.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Be5 (0-1)<br />
Imobilizando o Cavalo. Agora o Rei negro chega primeiro que o branco e captura o cavalo.<br />
Se 2 Rb3 Rd7 3 Rc2 Re6 4 Rd2 Rf5 5 Re2 Rg4, ganhando o Cavalo e a partida.<br />
Diagrama: Bb1, Rg6 x Rc8, Dd7<br />
1 ? ganham material<br />
PLANO<br />
*****<br />
A Dama e o Rei estão na mesma diagonal por onde corre o Bispo branco. Surge a idéia de pregadura.<br />
20
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bf5<br />
Ganhando a Dama que não pode mover-se por estar pregada.<br />
Breslau, 1862<br />
Gambito Falkbeer<br />
Rosanes x Anderssen<br />
A SEGUIR:<br />
1.3. Princípio da peça sobrecarregada<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
1.1. Partida n.º 1<br />
1 e4 e5 2 f4 d5 3 ed5 e4 4 Bb5+<br />
Este lance é característico dos jogadores antigos. Não é lance posicional, tem como objetivo apenas<br />
perseguir uma imediata vantagem material ou mate. Hoje em dia, sabe-se que durante a abertura, o<br />
domínio do centro é o ponto essencial.<br />
Um jogador moderno se esforçará antes de tudo em lutar contra o pressionador Peão negro de e4 e, por<br />
conseqüência, jogar 4 d3. O condutor das brancas na presente partida quer, ao contrário, tal como era<br />
usual nesta época, assegurar a preponderância numérica de seus Peões, ainda que a custa de seu próprio<br />
desenvolvimento, jogando <strong>para</strong> isto 4 Bb5+ <strong>para</strong> seguir, após ...c6, com a troca de seu Peão d5 que<br />
poderia chegar a ser débil mais tarde.<br />
4 ... c6 5 dc6 Cc6<br />
Na maioria das vezes, costuma-se jogar aqui ...bc6.<br />
6 Cc3 Cf6 De2<br />
Aqui era melhor <strong>para</strong> as Brancas jogar o Peão d com o objetivo de recuperar-se no desenvolvimento<br />
atrasado.<br />
Ao invés disto, as Brancas perseguem mais vantagem material, ou seja, ganhar outro Peão, o do Rei.<br />
As Negras, e com razão, não se esforçam em defender este Peão, mas continuam seu desenvolvimento.<br />
Quanto mais Peões desaparecem do tabuleiro e quanto mais colunas se abrem, maior será a vantagem do<br />
desenvolvimento.<br />
7 ... Bc5 8 Ce4 0-0 9 Bc6 bc6 10 d3 Te8 11 Bd2<br />
As Brancas querem colocar seu Rei em segurança por meio do roque grande, mas o Negro conseguiu<br />
colunas abertas também no flanco da Dama.<br />
11 ... Ce4 12 de4 Bf5 13 e5 Db6<br />
Se 13 ... Bc2 14 Dc4 e as Negras deveriam trocar um de seus Bispos bons, mas ainda assim seria<br />
favorável ao segundo jogador, graças ao atraso branco.<br />
14 0-0-0 Bd4<br />
Isto causa uma debilidade no flanco do roque branco.<br />
15 c3 Tab8 16 b3 Ted8!<br />
Uma típica jogada pre<strong>para</strong>tória de Anderssen, princípio de uma brilhante combinação da qual seu<br />
adversário ignora completamente.<br />
17 Cf3<br />
É claro que se jogam 17 cd4 Dd4 e não teriam mais salvação. Se houvesse percebido o propósito de seu<br />
adversário, teriam jogado 17 Rb2, mas o Negro com ... Be6 ameaçando ... Bb3 teria ganho rapidamente.<br />
17 ... Db3! 18 ab3 Tb3 19 Be1 Be3+! (0-1)<br />
21
Com mate no próximo lance.<br />
A SEGUIR:<br />
1.2. Partida n.º 2<br />
Breslau, 1862<br />
Gambito Kieseritzky<br />
Rosanes x Anderssen<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 2.1<br />
a2, b2, c3, f2, g2, h2, Ta1, Te1, Rg1, Cg5, Dh5 x a7, b7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Dc7, Bd7, Te8, Rg8<br />
Composição<br />
1 ... ?<br />
O que ameaçam as Brancas?<br />
PLANO<br />
*****<br />
O ataque simultâneo a h7 e f7.<br />
Mas o Negro pode proteger simultaneamente ambos os Peões, como?<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Bf5<br />
Observe que isto só é possível graças ao posicionamento das peças negras. Se a Dama negra estivesse em<br />
c8 (ao invés de c7), a perda do Peão seria inevitável.<br />
Diagrama 2.2<br />
a3, f2, g2, h3, Ta7, Dc5, Tc7, Rh2 x d5, f4, g7, h6, Td3, Td4, Dg6, Rh7<br />
Tartakower x Cohn<br />
Varsovia, 1927<br />
1 ?<br />
Se neste diagrama jogasse o Negro, o que deveria fazer?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar a posição desprotegida do Rei Branco. Se o Negro conseguir dominar a casa g3 (ou obstrui-la),<br />
h2, g1 e h1, teria uma posição de mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1++ (1-0)<br />
Mas compete ao Branco o lance, e Tartakower encontra um lance que impede o plano negro e cria uma<br />
forte ameaça contra Cohn. Descubra você.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Contra-atacar o ponto débil g7.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
22
1 Df8!<br />
Não somente impede o mate ( 1... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1+ 4 Df1, etc), mas ao mesmo tempo cria<br />
uma forte ameaça contra a casa f7, ganhando rapidamente.<br />
1 ... Tg3 2 Tg7+ Dg7 3 Df5+ (1-0)<br />
O Negro abandona, pois se 3 ... Tg6, segue 4 Tg7+ Rg7 5 De5+ (1-0)<br />
Apostila 3<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
II CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Steinitz X Tchigorin, 1889<br />
Após sua vitória sobre Zukertort, nenhum jogador no mundo ameaçava seriamente o trono de<br />
Steinitz. O Campeão Mundial passou quase 3 anos sem participar de nenhuma “luta” séria, mas quando<br />
visitou Havana (Cuba), onde existia uma enorme simpatia pelo xadrez, foi organizado o “match” com<br />
Tchigorin com o título em jogo ao melhor resultado em vinte partidas.<br />
Miguel Ivanovich Tchigorin (Gatschina, 12Nov1850 - Lublin, 25Jan1908), fundador da atual<br />
escola soviética (russa), foi um dos jogadores mais geniais e irregulares de todos os tempos. Ao longo de<br />
sua carreira encontramos produções de grande beleza juntamente com erros grosseiros, indignos de um<br />
enxadrista de tão extraordinário talento. Até os 16 anos não havia aprendido a jogar xadrez, mas em 1879<br />
venceu o Torneio de San Petesburgo. Sua 1ª participação internacional foi no Torneio de Berlim, 1881,<br />
onde terminou empatado em 3º lugar com Winawer e superado por Blackburne e Zukertort, mas deixando<br />
<strong>para</strong> trás jogadores de reconhecida classe. No ano seguinte participou discretamente do Torneio de Viena,<br />
e em 1883 classificou-se em 4º lugar no Torneio de Londres. Estas atuações, assim como seus triunfos em<br />
matches contra Alapin, Schiffers e A. de Riviere, lhe deram uma grande reputação, pois seu jogo<br />
demonstrava uma grande riqueza de idéias. Tchigorin foi um dos poucos enxadristas que não admitiram<br />
os princípios de Steinitz totalmente, afirmando que “as melhores normas de jogo estão longe de<br />
conhecerem-se”. Não é de estranhar que <strong>para</strong> Tchigorin, a superioridade dos Bispos sobre os Cavalos,<br />
como pregava Steinitz, e outras normas, não tiveram valor algum. Para ele a atividade das peças não era o<br />
mais importante, e o domínio do centro com Peões, uma utopia, com o que se antecipavam os hipermodernistas,<br />
que como Nimzowitch, Reti e Breyer, principalmente, iriam revolucionar o xadrez nos<br />
primeiros 25 anos do século XX.<br />
Tchigorin gostava do jogo aberto e não admitia nenhum dogma. Assim, contra a Defesa<br />
Francesa, empregava o aparente absurdo lance 2 De2, depois de 1 e4 e6; ou defendia-se do Gambito da<br />
Dama da seguinte forma: 1 d4 d5 2 c4 Cc6, etc. De qualquer forma, seu aprofundamento na teoria das<br />
aberturas foi muito grande, e muitas são hoje linhas surgidas de seu engenho. Sua principal virtude era o<br />
constante afã de luta, seu desejo de complicar posições e seu grande poder de combinação. Seus defeitos:<br />
as enormes distrações, que também o fizeram famoso, e seu escasso domínio do Gambito da Dama com<br />
Negras, assim como seu grande nervosismo e aficção à bebida.<br />
23
Steinitz aceitou rapidamente o desafio por dois motivos: 1º porque considerava Tchigorin<br />
como o mais forte adversário, o que indubitavelmente lhe honrava desportivamente, e o 2º pelo desejo de<br />
mostrar ao mundo sua superioridade, pois Tchigorin havia ganho 3 das 4 partidas que haviam jogado<br />
(uma em Viena, 1882 e duas em Londres, 1883), e além disso, no match por correspondência entre<br />
Londres e San Petesburgo, 1886-1887, Tchigorin, o capitão da equipe russa, se impôs a Londres, dirigida<br />
por Steinitz, com uma vitória e um empate.<br />
O encontro de Havana, ao melhor resultado em 20 partidas, começou em meio a uma grande<br />
expectativa, e começou 48 horas após a chegada de Tchigorin, depois de uma viagem de 32 dias, dos<br />
quais 26, havia passado no mar. Até a 13ª partida, apesar de interessante, o match permanecia indeciso,<br />
mas Steinitz se impôs nas 3 partidas seguintes com o que decidiu praticamente a luta, pois, somente um<br />
empate nas 4 seguintes era suficiente <strong>para</strong> conservar o título. Tchigorin lutou como um leão na 17ª<br />
partida, mas teve de conformar-se em repartir o ponto e deixar o título nas mãos do rival, que venceu por<br />
+10 -6 =1, o que demonstra como foi disputada a luta.<br />
Steinitz teve a satisfação de vencer de Negras em 3 “Gambito Evans Aceito”, onde empregou<br />
sua barroca defesa de 1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Ba5 6 0-0 Df6?!, mas foi derrotado 4<br />
vezes e empatou a 17ª que lhe serviu <strong>para</strong> revalidar o título.<br />
Possivelmente Steinitz não teria sido derrotado 6 vezes se escolhesse outras aberturas, pois<br />
Tchigorin foi o maior jogador de Gambito Evans, mas aquele grande lutador sempre estava disposto a<br />
provar sobre o tabuleiro o que afirmava com a pluma em seus artigos periódicos.<br />
Tchigorin começou o match de Brancas.<br />
24<br />
Steinitz x Tchigorin<br />
Havana<br />
20Jan - 24Fev1889<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Steinitz 0 1 0 1 1 0 0 1 1 1<br />
Tchigorin 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0<br />
11 12 13 14 15 16 17 Tot<br />
Steinitz 0 1 0 1 1 1 ½ 10,5<br />
Tchigorin 1 0 1 0 0 0 ½ 6,5<br />
ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Eslava 8 1 6<br />
Gambito Evans 1, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17 8 47<br />
Holandesa 16 1 6<br />
Ruy Lopez 3 1 6<br />
Tchigorin 2, 4, 6, 10, 12, 14 6 35<br />
A SEGUIR:<br />
III Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Steinitz x Gunsberg, 1890-91
FINAIS I<br />
2.3. Rei e dois Bispos x Rei<br />
O mate só é possível quando o Rei inimigo se localiza em casa angular ou vizinha da angular.<br />
Exemplos: Rc7, Bb6, Bd5 x Ra8; Rf7, Bf5, Bg7 x Rh7; etc.<br />
O mate ocorre em média de 18 lances.<br />
Diagrama: Ra1, Bg4, Bh4 x Rf4<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Em 1º lugar é claro, afastar o Bispo g4. Então manobrar com os Bispos cercando o Rei através de<br />
triângulos, até prender o Rei num dos triângulos de 6 casas das 4 casas angulares, colocando o Rei na<br />
casa 3C (ou 2B) <strong>para</strong> então dar mate com o outro Bispo. Os Bispos lado a lado defendem-se<br />
mutuamente, evitando que o Rei capture um deles. Cuidado com o pat.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bd1 Re3<br />
Ameaçando 2 ... Rd2<br />
2 Bg5+ Rd4<br />
Se 2 ... Rf2, o Rei se autocerca no triângulo da casa angular h1, facilitando o serviço branco!<br />
3 Bc2<br />
Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular a8.<br />
3 ... Rc3 4 Rb1 Rd4 5 Rb2 Re5 6 Rc3 Rd5 7 Bf6<br />
Fechando outra linha do triângulo citado.<br />
7 ... Re6 8 Bd4 Rd5<br />
Permanecendo o máximo tempo possível no centro.<br />
9 Bf5 Rd6 10 Rc4 Re7 11 Be5<br />
Agora o Rei foi trancado no triângulo da casa angular h8. Os Bispos se autodefendem!<br />
11 ... Rf7 12 Rd5 Re7 13 Be6 Re8 14 Bf6<br />
Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular h8. Colocando os Bispos emparelhados.<br />
14 ... Rf8 15 Re5<br />
Dirigindo-se a g6.<br />
15 ... Re8 16 Rf5 Rf8 17 Rg6 Re8 18 Bg5<br />
Forçando o Rei a dirigir-se <strong>para</strong> h8.<br />
18 ... Rf8 19 Bd7<br />
Evitando que o Rei se dirija a f8 e pre<strong>para</strong>ndo-se <strong>para</strong> cerca-lo no triângulo f8-h6-h8.<br />
19 ... Rg8 20 Be7 Rh8 21 Bf8<br />
Manobra instrutiva.<br />
21 ... Rg8 22 Bh6 Rh8 23 Bg7+ Rg8 24 Be6++ (1-0)<br />
25<br />
Posições de pat:<br />
•Bb7, Rc7, Bd6 x Ra7 1 ... ? (=)<br />
•Rf7, Bg5, Bg6 x Rh8 1 ... ? (=)
•etc<br />
Obs.: 2 Bispos da mesma cor não podem dar mate. Até 9 Bispos que se movimentem por<br />
casas de cor igual, não podem dar mate. É fácil compreender que resta ao Rei inferior uma casa de fuga de<br />
cor oposta a 2 Bispos.<br />
A SEGUIR:<br />
2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei<br />
TÁTICA I<br />
1.3. Princípio da peça sobrecarregada<br />
Peça sobrecarregada é aquela que desempenha mais de uma ação. Por exemplo: uma peça que<br />
defende, ao mesmo tempo, duas ou mais peças. Obrigando-se essa peça sobrecarregada a mover-se,<br />
desfaz-se a harmonia defensiva; daí poderá resultar a perda de material.<br />
Diagrama: c3, Be2, g3, Rg7 x Rb8, c4, Be6, g4<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Bispo e6 é uma peça sobrecarregada, pois defende os Peões c4 e g4. Se atacado, deverá deixar uma<br />
das defesas.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Rf6 (1-0)<br />
Diagrama: a2, b2, f2, g3, h2, Cc3, Dd3, Te1, Rg1 x a7, b7, f7, g7, h7, Da5, Cd4, Td8, Rh8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
A Torre d8 está sobrecarregada, pois defende o Cavalo d4 e o mate Te8.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dd4 (1-0)<br />
Obvio que se 1 ... Td4 2 Te8++.<br />
Diagrama: c4, d5, e4, g2, h2, Tb1, Tc1, Bf5, Rg1 x a7, c5, c7, g7, h6, Tb7, Cd8, Df7, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar o Cavalo d8, sobrecarregado, pois defende a Torre b7 e a entrada do Bispo em e6, cravando a<br />
Dama.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tb7! (1-0)<br />
Se 1 ... Cb7 2 Be6.<br />
Diagrama: d5, Cb3, Td2, Rf4 x d6, Cc5, Te5, Rf8<br />
26
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar o Peão d6, sobrecarregado, pois defende o Cavalo c5 e a Torre e5.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Cc5 (1-0)<br />
Se 1 ... dc5 2 Re5<br />
Breslau, 1862<br />
Gambito Kieseritzky<br />
Rosanes x Anderssen<br />
A SEGUIR:<br />
1.4. Princípio do ataque simultâneo<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
1.2. Partida n.º 2<br />
1 e4 e5 2 f4 ef4 3 Cf3<br />
Com este lance formou-se o gambito conhecido sobre o nome de Cavalo do Rei. Existem outras variantes,<br />
por exemplo: 3 Bc4 e 3 Be2, e também 3 Df3 (Gambito Breyer), ainda que não muito utilizado.<br />
3 ... g5<br />
Como se conhece há três séculos, o Peão do gambito somente pode ser defendido imediatamente. De<br />
acordo com o que observamos na primeira partida, esse objetivo de sustentar a vantagem material obtida,<br />
era, nos tempos de Anderssen, a forma predominante de jogar. Agora, as Brancas tem duas variantes<br />
diferentes. Uma delas consiste em continuar seu desenvolvimento mediante 4 Bc4 e 5 0-0.<br />
Esta é uma maneira inocente de jogar, própria de enxadristas de ataques superficiais, mas não corresponde<br />
ao espírito do Gambito do Rei. A idéia deste gambito, como já sabemos, é o ataque à coluna f, na qual os<br />
pontos f6 e f5 foram debilitados pelo lance g5, pois se forem dominados, não podem ser defendidos pelo<br />
Peão, que está em g5, não podendo este atacar a peça branca que possivelmente se coloque nestes pontos.<br />
Se Rosanes quiser jogar posicionalmente no espírito do Gambito do Rei, antes de tudo deve abrir a coluna<br />
f e tirar o Peão de f4. A continuação posicional é 4 h4, minando a defesa do Peão f4, ou seja, o Peão de<br />
g5. Rosanes tem que decidir neste momento a linha a seguir.<br />
Se joga 4 Bc4, Anderssen pode contestar com 4 ... Bg7, e o lance 5 h4 já não pode conseguir seu objetivo,<br />
pois Anderssen tem a possibilidade de jogar h6 e com isso manter intacta sua cadeia de Peões.<br />
4 h4 g4 5 Ce5<br />
Esta abertura recebe o nome de Gambito Kieseritzky. Outra continuação é o Gambito de Allgaier, onde as<br />
Brancas jogam 5 Cg5, vendo-se obrigadas, após 5 ... h6, a sacrificar seu Cavalo com 6 Cf7, mas em troca,<br />
obtém um ataque muito perigoso.<br />
5 ... Cf6<br />
Eis uma boa ocasião <strong>para</strong> demonstrar o valor de ter compreendido o espírito de uma abertura e não<br />
memorizar as diversas variantes, o que não é tão proveitoso. O “jogador de café”, que busca o lance mais<br />
próximo <strong>para</strong> atacar, provavelmente jogaria aqui, 6 Bc4.<br />
Mas também o jogador novato, que tenha sido contaminado pela infrutuosa moléstia de estudar o célebre<br />
método de Bilguer, seguindo aquelas indicações, fará o mesmo lance, e por um contra-ataque negro,<br />
chegara a ter desvantagem. Não deve-se estranhar o fato de que na análise do Gambito do Rei, a obra de<br />
27
Bilguer contenha numerosos defeitos. Uma análise de variantes, no decorrer dos anos, chega a manifestarse<br />
quase sempre como equivocada. A ciência de conhecer variantes é somente uma ciência aparente.<br />
Além disso, o Gambito do Rei não é nenhuma abertura moderna, e a maior parte das variantes procedem<br />
do tempo antigo, quando era insignificante o que se pensava sobre o jogo de posição. Se mantém-se a<br />
idéia da abertura, se chega à conclusão de que é preciso fazer desaparecer o Peão f4 <strong>para</strong> a liberação da<br />
coluna f. Portanto, o lance indicado é 6 d4, o qual um dos melhores jogadores de posição, Philidor e o<br />
grande “posicionalista”, Rubinstein, qualificaram como vantajosa <strong>para</strong> as Brancas. Após 6 d4 d6 7 Cd3<br />
Ce4 8 Bf4, as Negras tem efetivamente um Peão a mais, mas se encontra em uma situação nada agradável,<br />
graças à debilidade irreparável da coluna aberta. Não devemos estranhar que Rosanes tenha feito o lance<br />
mais débil, mas aparentemente mais lógico.<br />
6 Bc4 d5 7 ed5 Bd6 8 d4 Ch5<br />
Rosanes não consegue abrir tão facilmente a coluna f. Deveriam ter jogado na hora certa 0-0, apesar da<br />
possível contestação ... Dh4. Rosanes, como na partida anterior, não joga posicionalmente, mas pela<br />
vantagem material.<br />
9 Bb5+ c6 10 dc6 bc6 11 Cc6 Cc6 12 Bc6+ Rf8 13 Ba8<br />
Rosanes tem uma Torre a mais, mas em troca, uma posição perigosa no flanco do Rei, e uma posição mal<br />
desenvolvida.<br />
13 ... Cg3 14 Th2<br />
Rosanes, ao invés de colocar a Torre em h2, onde atua o adversário, deveria devolver o sacrifício,<br />
cedendo a qualidade, colocando o Rei em f2 no lance 14.<br />
14 ... Bf5 15 Bd5<br />
Melhor defesa seria 15 Bc6 <strong>para</strong> não permitir que a Torre negra se dirigisse a e8.<br />
15 ... Rg7! 16 Cc3 Te8+ 17 Rf2 Db6<br />
Anderssen ameaça o ataque decisivo através de ... Be5.<br />
18 Ca4 Da6<br />
Anderssen ameaça mate em 4. Será que você descobre?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Mate de Cavalo e Torre<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
19 De2+ 20 De2 Te2+ 21 Rg1 Te1+ 22 Rf2 Tf1++<br />
Esta ameaça de Anderssen não se pode <strong>para</strong>r através de 19 c4. Descubra o porque.<br />
PLANO<br />
*****<br />
O mesmo, mate de Cavalo e Torre.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
19 ... Da4! 20 Da4 Te2+ (0-1)<br />
19 Cc3 Be5! 20 a4<br />
Anderssen anuncia mate em 4. Encontre você.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Mate com Bispo, Torre e Cavalo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
20 ... Df1+! 21 Df1 Bd4+ 22 Be3 Te3! 23 Rg1<br />
A qualquer outro lance segue ... Te2++.<br />
23 ... Te1++ (0-1)<br />
28
A SEGUIR:<br />
1.3. Diagramas Diversos<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 3.1<br />
a2, c2, f2, g2, h2, Bc5 Tf1, Rg1, Th3, Dh5 x a7, c6, e6, f6, g7, Ba5, Ta8, Bc8, Dd8, Te8, Rg8<br />
Zuckertort x Anderssen<br />
1 ?<br />
Neste diagrama, após 1 Dh7+ Rf7 2 Dh5+ Rg8 e Zuckertort não conseguiria nada mais do que um empate<br />
por repetição de lances. Mas Zuckertort encontrou uma linha ganhadora.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1)<br />
Analise 1 ... Te7<br />
*****<br />
Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc.<br />
Diagrama 3.2<br />
c5, d4, e6, g2, h3, Tb1, Tf1, Dg3, Rh1 x a5, b7, f6, h5, Bb4, Dc6, Ce7, Re8, Tf8<br />
Morphy x Thompson<br />
Match 1859<br />
1 ?<br />
Morphy forçou a vitória em poucos lances, de maneira irrefutável<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar a posição incômoda do Rei negro, cuja mobilidade resume-se a d8.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Db8+ Dc8 2 Dd6 Dc6 3 Tb4 ab4 4 Ta1 (1-0)<br />
Thompson abandonou, pois não encontrou defesa contra a entrada da Torre branca em a8.<br />
Analise 1 ... Cc8.<br />
*****<br />
2 d5! Dc5<br />
Única que mantém a defesa do Cavalo.<br />
3 Tfc1 Bc3 4 Db7 (1-0)<br />
Observe como Morphy reagrupou suas peças.<br />
Diagrama 3.3<br />
a4, b3, d4, e3, f3, g4, h4, Ta1, Cc3, Dd1, Bd2, Te1, Rg1, Bg2, Cg3 x a5, b7, c7, d5, f7, g7, h6, Ta8,<br />
Bb4, Cd7, Dd8, Te8, Cf6, Rg8, Bh7<br />
Spasski x Petrosian<br />
Torneio de Candidatos 1956<br />
1 ... ?<br />
Encontre a ameaça branca.<br />
29
****<br />
Spasski ameaça ganhar o Cavalo de Petrosian mediante 2 g5.<br />
Encontre um plano defensivo <strong>para</strong> as Negras.<br />
PLANO<br />
****<br />
Criar um refúgio <strong>para</strong> o Cavalo f6 sem esquecer do Peão d5 que está defendido apenas por ele.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Bd6! 2 f4<br />
Se 2 Cge2, Petrosian contestaria com 2 ... Bd3.<br />
2 ... Bg4<br />
Após a troca Bc3, a casa e4 poderá ser ocupada por uma peça de Petrosian.<br />
3 g5 Bc3 4 Bc3 Ce4 5 Be4 Be4<br />
E a partida seguiu com igualdade.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE<br />
Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha<br />
Págs. 16-17 e 63-71<br />
• XADREZ BÁSICO<br />
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil<br />
Págs. 110-111 e 200-202<br />
• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO<br />
Ricardo Reti, Club de Ajedrez<br />
Págs. 14-16<br />
• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I<br />
Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,<br />
Barcelona – Espanha<br />
Apostila 4<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
III CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Steinitz X Gunsberg, 1890-91<br />
Isidoro Gunsberg (Budapeste, 02Nov1854-Londres, 02Mai1930), de origem judia, foi o<br />
terceiro aspirante ao Título de Steinitz. Ainda que húngaro de nascimento, pode ser considerado um<br />
enxadrista inglês, já que aos 13 anos mudou-se <strong>para</strong> a Inglaterra com sua família e ali obteve a cidadania.<br />
Aprendeu a jogar logo e no célebre Café de La Regence, de Paris, foi apresentado como um menino<br />
prodígio. em 1876 jogou dentro do famoso robô “Mephisto” em Londres, com o que pretendia emular as<br />
façanhas do idealizado pelo Barão Wolfgang von Kempelen, que chegou a jogar contra Napoleão.<br />
30
Quando enfrentou Steinitz, era considerado como um dos mais fiéis seguidores das teorias do<br />
Campeão, e contava com um brilhante curriculum, pois havia ganho os Torneios de Hamburgo, 1885;<br />
Bradford e Londres, 1888. Em matches havia vencido a Bird (Londres, 1866, por +5 -1 =3), Blackburne<br />
(Bradford, 1887, por +5 -2 =6) e empatado com Tchigorin num dramático encontro em Havana, 1890,<br />
com o resultado de +9 -9 =5.<br />
Frente a Steinitz defendeu-se com grande dignidade, pois somente foi derrotado por +4 -6 =9,<br />
em um encontro ao melhor resultado em 20 partidas. O Campeão Mundial voltou a aplicar em quatro<br />
ocasiões sua barroca defesa do Gambito Evans, que havia empregado diante de Tchigorin, e perde em<br />
duas ocasiões, ainda que tenha conseguido a satisfação de vencer em uma e empatar outra.<br />
Gunsberg dirigiu durante cerca de 30 anos a seção de xadrez do “Daily Telegraph” e do<br />
“Morning Post”, de Londres e escreveu diversos livros sobre o tema. Sua carreira enxadrística se<br />
desenvolveu até 1914, ano em que participou do famoso Torneio de San Petesburgo, vencido por Lasker,<br />
mas a idade já não lhe permitia enfrentar com êxito a jovens como Capablanca e Alekhine.<br />
Steinitz x Gunsberg<br />
New York<br />
09Dez1890-22Jan1891<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Steinitz ½ 1 ½ 0 0 1 1 ½ ½ 1<br />
Gunsberg ½ 0 ½ 1 1 0 0 ½ ½ 0<br />
11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tot<br />
Steinitz ½ 0 1 ½ ½ 0 ½ 1 ½ 10,5<br />
Gunsberg ½ 1 0 ½ ½ 1 ½ 0 ½ 8,5<br />
Steinitz começou o match de Brancas.<br />
31<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Eslava 3 1 5<br />
Gambito da Dama 1, 5, 17 3 16<br />
Gambito da Dama Aceito 7 1 5<br />
Gambito Evans 12, 14, 16, 18 4 21<br />
Italiana 4, 8, 10 3 16<br />
Peão da Dama Irregular 6, 19 2 11<br />
Ruy Lopez 2 1 5<br />
Zukertort 9, 11, 13, 15 4 21<br />
A SEGUIR:<br />
IV Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Steinitz x Tchigorin, 1892<br />
FINAIS I<br />
2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei
Método dos Triângulos<br />
Délétang e Cognet<br />
É o mais difícil e apaixonante dos finais elementares.<br />
Existem diversos métodos, utilizaremos o de mais fácil memorização. o Método dos<br />
Triângulos do amador argentino Daniel Délétang (La Stratégia, 1923; El Ajedrez Argentino, 1925),<br />
aperfeiçoado por E. Cognet (L’Echiquier, janeiro de 1931).<br />
É raríssimo ocorrer este tipo de final, mas todo enxadrista deve conhece-lo.<br />
O mate de Bispo e Cavalo só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular<br />
seja da mesma cor que as dominadas pelo Bispo.<br />
Exemplos:<br />
Diagrama: Ca6, Rb6, Bc6 x Ra8<br />
O Bispo dá mate desde uma casa afastada do Rei adversário. Neste diagrama, o Bispo pode ocupar uma<br />
casa mais afastada ainda, mas <strong>para</strong> dar mate deve mover-se desde uma diagonal <strong>para</strong>lela à grande<br />
diagonal.<br />
Diagrama: Rb6, Bb7, Cc6 x Ra8<br />
O Bispo dá mate colocando-se na casa contígua ao Rei inimigo. Na posição deste diagrama, o Cavalo<br />
pode estar colocado também em d7, mas não em a6, pois é dela que vem o Bispo.<br />
Diagrama: Ca6, Rb6, Bb7 x Rb8<br />
O mate é realizado pelo Cavalo, que pode estar colocado não só em a6, mas também em c6 ou em d7.<br />
angular.<br />
Para realizar qualquer um destes mates, o Rei ofensivo deve estar a salto de Cavalo da casa<br />
Diagrama: Bb3, Cd3, Rg7 x Re7<br />
Examinando este diagrama, observamos que o Bispo está colocado na 2ª casa de uma<br />
diagonal, que é por sua vez a segunda casa de uma fila, cuja 4ª casa está ocupada por um Cavalo.<br />
Consideremos agora o tabuleiro em relação às diagonais.<br />
A grande diagonal preta (a1-h8) divide o tabuleiro em 2 partes iguais. O Rei preto encontra-se<br />
na metade esquerda.<br />
Nesta metade, as 3 diagonais brancas formam com as bordas do tabuleiro, 3 triângulos<br />
retângulos que se superpõem num ângulo reto comum, situado em a8.<br />
As hipotenusas desses 3 triângulos estão representadas:<br />
•<strong>para</strong> o triângulo maior pela diagonal a2-g8;<br />
•<strong>para</strong> o triângulo médio pela diagonal a4-e8;<br />
•<strong>para</strong> o triângulo menor pela diagonal a6-c8.<br />
Examinando o triângulo maior, verificamos que o Rei preto não pode atravessar a hipotenusa.<br />
Com efeito, o Bispo impede o acesso às casas brancas, o Rei branco protege as casas pretas f6 e f8, e o<br />
Cavalo domina as casas pretas b4, c6 e e5. Pode-se afirmar que o triângulo maior está fechado.<br />
32
O mesmo resultado se obtém em posição análoga: Rb2, Cf5, Bf7 x Rb4.<br />
Após cercar o Rei no triângulo maior, deve-se empurra-lo <strong>para</strong> o triângulo médio e, deste,<br />
obriga-lo a penetrar no triângulo menor.<br />
Veremos previamente que a aplicação do “método dos triângulos” permite obter o que<br />
denominaremos uma posição final da qual derivará uma das 3 formas de mate que já foram apontadas.<br />
Examinaremos estas posições finais, nas quais as Brancas acabam de fechar o triângulo menor<br />
e, portanto, é a vez de jogarem as Pretas:<br />
Posição Final do Tipo A - Diagrama: Rb6, Bd7, Cd5 x Rb8<br />
1 ... Ra8 2 Cb4<br />
Ou Cc7+<br />
2 ... Rb8 3 Ca6+ Ra8 4 Bc6++<br />
Mate tipo I.<br />
Se o Rei preto estiver em a8 (não em b8), o mate se processa assim:<br />
1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Be6<br />
Lance de espera com o objetivo de permitir que o Cavalo vá a a6, <strong>para</strong> dar xeque, pois é evidente que se<br />
as Brancas jogarem 3 Ca6? é empate por afogamento.<br />
3 ... Rb8 4 Ca6+ Ra8 5 Bd5++<br />
Mate tipo I<br />
Posição Final do Tipo B - Diagrama: Ba6, Rb6, Cd5 x Rb8<br />
1 ... Ra8 2 Cb4 Rb8 3 Cc6+ Ra8 4 Bb7++<br />
Mate tipo II.<br />
Se o Rei preto estiver em a8, dá-se o mate da seguinte forma:<br />
1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Bb7+ Rb8 4 Cc6++<br />
Mate tipo II.<br />
Posição Final do Tipo C - Diagrama: Ba6, Rb5, Cd5 x Rb8<br />
1 ... Ra7<br />
Se 1 ... Ra8 2 Rb6 e entramos numa posição final do tipo B.<br />
2 Cb4 Rb8<br />
Se 2 ... Ra8 3 Rb6 4 Cc6+ Ra8 5 Bb7++, mate tipo II.<br />
3 Rb6 Ra8 4 Bb7+ Rb8 5 Cc6++<br />
Mate tipo II.<br />
Existem outros tipos desta posição com o Rei preto em a8 ou em a7, nas quais o mate se<br />
efetua da mesma forma que na posição examinada, e com as mesmas manobras, porém invertendo a<br />
ordem dos lances, segundo convenha. Também o Rei branco pode estar em a5 (e não em b5).<br />
Por analogia, estas posições finais podem apresentar-se com outra disposição. Exemplo: a<br />
posição final A com o Rei branco em c7 e o Rei preto em a7, estando o Bispo em b5 e o Cavalo em d5. O<br />
mesmo acontece com as demais posições finais que, aliás, podem reproduzir-se em outro ângulo do<br />
tabuleiro.<br />
33
Vejamos o procedimento que deve ser aplicado no método dos triângulos.<br />
O retrocesso do Rei preto, <strong>para</strong> faze-lo passar de um triângulo a outro, obtém-se unicamente<br />
mediante às manobras de Rei e Bispo ofensivos. No que toca à passagem do triângulo maior <strong>para</strong> o<br />
menor, observar-se-á que o Bispo deve cuidar da diagonal (hipotenusa) a2-g8 devendo proteger ao mesmo<br />
tempo, a casa a4 <strong>para</strong> impedir a fuga do Rei preto por este ponto, mas o Bispo pode mover-se pela<br />
diagonal vigiada, pois poderá voltar a b3 antes que o Rei adversário alcance a mencionada casa a4.<br />
Partindo do diagrama inicial, observamos que o Rei branco não pode mover-se porque tem a<br />
seu cargo as 2 casas pretas f6 e f8; então, logicamente, será preciso mover o Bispo pela diagonalhipotenusa<br />
a fim de escolher a colocação que tire mais casas do Rei adversário; tendo em conta esta<br />
circunstância, o primeiro lance será:<br />
1 Bf7 Rd6<br />
Dirigindo-se <strong>para</strong> a casa a4.<br />
2 Rf8<br />
Ocupando diretamente o extremo da hipotenusa.<br />
Se 2 Rf6? Rd7 3 Bb3 Re8 4 Rg7 Re7 e volta-se a posição inicial.<br />
2 ... Rd7 3 Bb3 Rd6<br />
Se 3 ... Rc6 4 Re7.<br />
Se 3 ... Rd8 4 Ba4, fechando o triângulo médio.<br />
O Rei negro deve evitar estes lances, que apressam a derrota.<br />
4 Re8 Rc7<br />
Se 4 ... Rc6 5 Re7 Rc7 6 Ba4.<br />
5 Re7 Rc7<br />
A qualquer outro lance, seguiria 6 Ba4.<br />
6 Re6 Rb5<br />
Também aqui, a qualquer outro lance, seguiria 7 Ba4.<br />
7 Rd6 Ra5 8 Rc5 Ra6 9 Ba4<br />
Agora o Bispo ocupa a hipotenusa do triângulo médio, o qual começa a fechar-se com esta manobra.<br />
Observe-se que se o Rei negro - durante esta manobra de retrocesso - abandona as diagonais a3-f8 e a4c8,<br />
o Bispo se instala imediatamente nesta última. Se o Rei se mantém sobre estas duas diagonais, será<br />
encurralado contra a beirada do tabuleiro, como se terá observado, até que se veja forçado a abandonar<br />
uma posição que lhe é favorável.<br />
Agora é necessário terminar de fechar o triângulo médio, colocando oportunamente o Cavalo em d5.<br />
9 ... Rb7<br />
Se 9 ... Ra5 10 Bd7 Ra6 e continua como depois do lance 12 desta análise.<br />
10 Rd6 Rb6 11 Bd7 Ra5 12 Rc5 Ra6 13 Cb4+<br />
Ou 13 Cc4. O Cavalo se dirige a seu novo posto em d5, ou seja, 4ª casa da coluna (antes era uma<br />
horizontal), onde se encontra o Bispo.<br />
13 ... Rb7 14 Cd5<br />
O triângulo médio está fechado.<br />
14 ... Ra6<br />
Se 14 ... Ra8 (ou Rb8) 15 Rb6 e o triângulo menor está fechado, tendo-se chegado a uma posição final do<br />
tipo A.<br />
Se 14 ... Ra6 15 Bc8 Rb8 (Se 15 ... Ra8 16 Rb6 e 17 Ba6, chegando-se a uma posição final do tipo B) 16<br />
Ba6 Ra7 (Se 16 ... Ra8 17 Rb6 e se chega a uma posição final do tipo C).<br />
15 Rb4 Rb7 16 Rb5 Ra6<br />
Se 16 ... Rb8 17 Rb6 e chega-se a uma posição final tipo A.<br />
17 Bc8 Ra8<br />
34
Se 17 ... Rb8 18 Ba6 e estamos numa posição final tipo C.<br />
18 Rb6 Rb8 19 Ba6<br />
E o triângulo menor fecha-se numa posição final tipo B.<br />
Resumindo:<br />
1. O mate só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular seja da mesma cor<br />
que as que o Bispo percorre.<br />
2. Formar-se-ão imaginariamente, 3 triângulos retângulos sobrepostos, cujo ângulo reto<br />
comum está situado no canto do tabuleiro onde se forçará o mate. Estes triângulos serão: um maior, um<br />
médio e um menor, e suas hipotenusas são, respectivamente, três diagonais da cor da casa angular, uma<br />
diagonal de 7 casas de comprimento, outra de 5, e a terceira de 3 casas.<br />
3. O fechamento dos 2 primeiros triângulos (maior e médio) efetua-se:<br />
a) Colocando-se o Bispo e o Cavalo na mesma horizontal ou coluna;<br />
b) Colocando-se o Bispo na 2ª casa da diagonal-hipotenusa de cada um dos triângulos;<br />
c) Colocando-se o Cavalo na 4ª casa da fila (horizontal) ou coluna em que se acha o Bispo,<br />
ficando então, ambas as peças, em casas da mesma cor e se<strong>para</strong>das por uma só casa;<br />
d) A outra extremidade da hipotenusa estará vigiada pelo Rei.<br />
4. O fechamento do 3º triângulo efetua-se facilmente, sem necessidade de mover o Cavalo e,<br />
em alguns casos, sem que o Bispo tenha de ocupar a diagonal que constitui a hipotenusa menor.<br />
5. O Bispo age nas casas da cor que percorre; o Cavalo será utilizado <strong>para</strong> vigiar as casas da<br />
cor contrária.<br />
6. Uma vez encerrado o Rei adversário no triângulo maior - e <strong>para</strong> força-lo a passar dum<br />
triângulo a outro - manobrar-se-á unicamente com o Rei e o Bispo, pois o Cavalo só precisará efetuar 4<br />
movimentos: 2 <strong>para</strong> passar do triângulo maior ao médio, e outros dois <strong>para</strong> colaborar no mate.<br />
Antes de ser encerrado nos triângulos, o Rei adversário tratará de refugiar-se na diagonal de<br />
cor oposta à das casas que percorre o Bispo - dirigindo-se a um dos cantos onde o mate não é possível.<br />
Neste caso será fácil obriga-lo a entrar num dos dois grandes triângulos que margeiam a mencionada<br />
diagonal. Exemplo: Ra1, Bh8, Ch1 x Ra8.<br />
Nas variantes que examinaremos, observe que o Rei preto trata de fugir, quer dirigindo-se à<br />
direita (Rb7-c6-b6-b5-b4, etc, na variante a), quer indo <strong>para</strong> a esquerda (Rb7-c6-d6-c5, etc, na variante c)<br />
ou - o que é preferível - tratará de manter-se em seu refúgio em a8 (variantes b e d) prolongando, desta<br />
forma, o mate inevitável.<br />
(a)<br />
1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb6 4 Rd5<br />
Para poder conduzir o Bispo e o Cavalo a seus respectivos lugares é boa tática situar o Rei branco numa<br />
das casas centrais do tabuleiro, de preferência numa casa da grande diagonal, que serve de refúgio ao Rei<br />
adversário, e colocar o Bispo a seu lado.<br />
4 ... Rb5 5 Bd4 Rb4 6 Cg3 Rb3 7 Ch5<br />
Ou Ce2<br />
7 ... Rc2 8 Cf4 Rb3<br />
Se 8 ... Rd2 9 Bf2 Rc3 10 Be1+, começando a fechar o triângulo médio.<br />
9 Rc5 Ra4 10 Rb6 Rb4 11 Bf2<br />
E o triângulo maior está fechado.<br />
35
(b)<br />
1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rd6 4 Rd4 Rc6<br />
Se 4 ... Re6, vide variante c.<br />
O Rei negro tenta permanecer em a8, resistindo o máximo, não entrando no triângulo maior.<br />
5 Cf2<br />
A função do Cavalo é expulsar o Rei adversário do seu refúgio colocando-o em b6 ou c7.<br />
5 ... Rb5 6 Rd5 Rb6<br />
Ameaçava-se 7 Bd4 seguido de Ch3 e Cf4, o que fecharia o triângulo maior.<br />
7 Be5 Rb7<br />
Se 7 ... Rb5 8 Bd5 seguido de Ch3, ou Rc6, etc.<br />
8 Ce4 Ra8<br />
Se 8 ... Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Bd6 (barrando a passagem do Rei preto, de modo a dar tempo ao Cavalo <strong>para</strong><br />
colocar-se em seu posto em e6) Re8 11 Cc3 seguido de 12 Cd1, 13 Ce3 e 14 Bg3 - e fechando assim, o<br />
triângulo maior.<br />
9 Rc6 Ra7 10 Cc3<br />
O Cavalo se aproxima do ponto b6, situando-se antes em d5 de onde poderá dirigir-se, eventualmente, a<br />
seu posto em f4.<br />
10 ... Ra8 11 Cd5 Ca7 12 Cb6 Ra6 13 Bb8<br />
Posição clássica: o Rei adversário foi expulso definitivamente da grande diagonal que lhe servia de<br />
refúgio.<br />
13 ... Ra5 14 Cd5<br />
Agora, cumprida sua missão, o Cavalo se dirige ao seu lugar em f4.<br />
14 ... Ra4<br />
Se 14 ... Ra6 15 Cf4 Ra5 16 Ba7 seguido de Bf2 e fica fechado o triângulo maior.<br />
15 Ba7 Rb3<br />
Se 15 ... Ra5 16 Bb6+ Ra4 17 Rc5 Rb3 18 Ba5 e começa o fechamento do triângulo médio.<br />
16 Rb5 Rc2 17 Cf4 Rd2 18 Bf2<br />
E o triângulo maior está fechado.<br />
(c)<br />
Até o quarto lance das Brancas (4 Rd4), como na variante b. E depois:<br />
4 ... Re6 5 Be5 Rf5 6 Cf2 Re6<br />
Se 6 ... Rg5 7 Bg3 Rf5 8 Rd5 Rf6 (se 8 ... Rg5 9 Re6) 9 Cg4+ Rf5 (se 9 ... Re7 10 Rc6) 10 Ce3+ e fechase<br />
o triângulo maior.<br />
7 Bg3 Rd7 8 Rd5 Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Cd1<br />
Seguido de 11 Ce3 e o triângulo maior está fechado.<br />
(d)<br />
1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb7 4 Rc5 Ra8 5 Rc6 Rb8 6 Cg3 Ra8 7 Ce4 Rb8 8 Cc3 Ra8 9 Cd5 Rb8<br />
Se 9 ... Ra7 10 Be5 Ra8 11 Cb6+ Ra7 12 Bd6 Ra6 13 Bb8 e se chega à posição clássica.<br />
10 Bd4 Ra8 11 Cc7+ Rb8 12 Bc5 Rc8 13 Ba7<br />
E se atinge a posição clássica, com colocação invertida das peças.<br />
36<br />
A SEGUIR:<br />
3. Finais de Reis e Peões<br />
3.1 Rei e Peão x Rei
TÁTICA I<br />
1.4. Princípio do ataque simultâneo<br />
Como em xadrez joga-se uma peça de cada vez, atacando-se simultaneamente duas ou mais<br />
peças, pode determinar a captura de uma delas.<br />
Esse meio de ganhar peças tem ainda mais força desde que uma das peças atacadas seja o<br />
próprio Rei.<br />
Diagrama: Te8, Rg1 x Ra1, Bb3, Bg3<br />
1 ? Ganham material<br />
PLANO<br />
*****<br />
Os Bispos encontram-se sem apoio e na mesma horizontal. Se existir uma Torre (peça que move-se pela<br />
horizontal) ou Dama que possam colocar-se nesta horizontal, ganha-se um deles.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Te3<br />
Ganhando material, pois um dos Bispos será salvo, enquanto o outro será capturado pela Torre.<br />
Diagrama: Da8, Rd5 x Be8, Tf8, Rh8<br />
1 ... ? (0-1)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Se o Bispo desloca-se da horizontal 8, a Torre passa a atacar a Dama. Caso o lance de Bispo force as<br />
Brancas a um lance que não permita a retirada da Dama branca, esta estará perdida, assim como a<br />
partida.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Bf7+(0-1)<br />
Diagrama: Bc3, Te5, Rh4 x f7, h6, Dd7, Rh8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Rei negro encontra-se sobre a diagonal onde encontra-se o Bispo branco. Movendo-se a Torre efetuase<br />
um xeque descoberto, atacando uma peça de maior valor, irá ganha-la pela obrigação de sair do<br />
xeque.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Td5+ (1-0)<br />
O xeque descoberto freqüentemente é utilizado <strong>para</strong> o ganho de peças.<br />
Diagrama: a2, b4, d4, f2, g2, h2, Te1, Ce3, Rg1, Tg3, Bg5, Dh5 x a7, d6, e6, f7, g7, h6, Ta8, Db5,<br />
Bb7, Te8, Cf8, Rg8<br />
C. Torre x E. Lasker<br />
37
Moscou, 1925<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Chegar à posição de mate com a Torre em g7 e Dama em h6. Para isto deverá desobstruir a coluna g, e<br />
a melhor casa <strong>para</strong> coloca-lo é f6, pois explora o Peão g cravado, ameaçando Tg7 e uma série de xeques<br />
descobertos, ganhando material.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bf6!<br />
Ameaçando mate com Tg7+ e Dh6<br />
1 ... Dh5 2 Tg7+ Rh8 3 Tf7+<br />
Ataque simultâneo ao Rei e às demais peças.<br />
3 ... Rg8 4 Tg7+ Rh8 5 Tb7+ Rg8 6 Tg7+ Rh8 7 Tg5 Rh7 8 Th5 Rg6 9 Th3 Rf6 10 Th6 (1-0)<br />
Diagrama: b2, c2, Bf6, Tg3, Rb1 x a7, d7, f7, g7, Bb7, Cc7, Cf8, Bg1, Rg8, Dh8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Idem ao anterior<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tg7+ Rh8 2 Tf7+ Rg8 3 Tg7+ Rh8 4 Td7+ Rg8 5 Tg7+ Rh8 6 Tc7+ Rg8 7 Tg7+ Rh8 8 Tb7+ Rg8 9<br />
Tg7+ Rh8 10 Ta7+ Rg8 11 Tg7+ Rh8 12 Tg1+ Rh7 13 Th1+ (1-0)<br />
Observe a força do Bispo e Torre nessas posições, atacando simultaneamente várias peças.<br />
A SEGUIR:<br />
1.5. Princípio da peça sem defesa<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
1.3. Diagramas Diversos<br />
Diagrama: c3, f2, f6, g2, h2, Ta1, Ba3, Da4, Bd3, Te1, Cf3, Rg1 x a7, c7, d7, f7, h7, Bb6, Bb7, Tb8,<br />
Cc6, Ce7, Re8, Tg8, Dh5<br />
Anderssen x Dufresne<br />
Esta posição foi atingida após o lance 18 de Dufresne.<br />
Ambos atacam diretamente o Rei adversário, mas as melhores perspectivas são brancas, pois elas<br />
dominam o centro.<br />
Em troca, Dufresne, ataca o roque inimigo com a Dama, a Torre no flanco do Rei e com os Bispos, pelo<br />
flanco da Dama.<br />
O moderno jogador de posição que continuamente esforça-se <strong>para</strong> conhecer os indícios da posição e trata<br />
a combinação como um meio auxiliar <strong>para</strong> demonstrar depois sua vantagem posicional, nesta situação<br />
levará o ataque ao centro de tal forma, que impedirá o ataque do flanco da Dama negro (Bispos) contra o<br />
Rei branco.<br />
Assim, é fácil adivinhar o lance que ganha em seguida, indicado por Lasker: 19 Be4. Mas Anderssen<br />
optou por jogar:<br />
38
19 Tad1<br />
Este lance é prova da incomparável combinação de Anderssen, mas não leva em consideração as<br />
exigências posicionais. É mais débil que 19 Be4, tanto que, se Dufresne contesta com ... Tg4, consegue<br />
empate, segundo as análises feitas mais tarde. Mas Dufresne continuou assim:<br />
19 ... Df3<br />
E após este lance, a combinação de Anderssen triunfa.<br />
Tente descobrir como Anderssen encontrou a linha de vitória.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar a posição desprotegida do Rei, atacando com as peças pelo centro dominado por Anderssen.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
20 Te7+ Ce7<br />
Analise 20 ... Rd8.<br />
*****<br />
21 Td7+, se Dufresne toma esta Torre, então, Anderssen ganha a Dama ao contestar 22 Be2+.<br />
Analise contra 21 Td7+, 21 ... Rc8.<br />
*****<br />
22 Td8+<br />
a) 22 ... Td8 23 gf3<br />
b) 22 ... Rd8 23 Be2+<br />
c) 22 ... Cd8 23 Dd7+ Rd7 24 Bf5+ Re8 25 Bd7++<br />
Mas Anderssen dá mate em 4. Como?<br />
*****<br />
21 Dd7+ Rd7 22 Bf5+ Re8<br />
E se 22 ... Rc6 ?<br />
*****<br />
23 Bd7++<br />
23 Bd7 qualquer lance negro 24 Be7++ (1-0)<br />
Diagrama: a2, b2, c3, d4, f2, g2, Ta1, Cb1, Bc1, Ce5, Tf1, Rg1, Dg4 x a7, b7, c7, c6, f7, g3, g7, Ta8,<br />
Bc5, Dd8, Ce4, Re8, Th8<br />
Mayet x Anderssen<br />
Chegou-se a esta posição após o lance 11 de Mayet. Anderssen havia sacrificado uma peça, mas<br />
conseguiu um ataque decisivo. Em busca de combinações, Anderssen jogou:<br />
11 ... Bd4<br />
Mayet, contestou com o equivocado:<br />
12 De4<br />
E Anderssen venceu. Como?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Mayet desviou a ação da Dama da casa f2, onde começa o ataque de Anderssen. Dominando-se a 1ª<br />
horizontal, após desviar a Torre dela, consegue-se uma posição de mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
12 ... Bf2+ (0-1)<br />
Se 13 Tf2 Dd1+ 14 Tf1 Th1+ 15 Rh1 Df1++.<br />
O livro de Gottschall sobre Anderssen, diz: “As Brancas não se defenderam bem; o correto era 12 cd4<br />
Dd4 13 Dd7+ Dd7 14 Cd7, etc.<br />
Mas é estranho, que tanto Anderssen quanto o crítico (Gottschall) deixaram passar a variante 11 ... gf2+<br />
12 Tf2 Th1+ (0-1).<br />
39
Diagrama: a2, b2, f3, g2, h2, Bb5, Dc2, Td1, Te1, Be3, Rh1 x a7, b7, c7, f7, g7, h7, Bb6, Rc8, Td8,<br />
De5, Cg8, Th8<br />
Anderssen x Hillel<br />
A partida seguiu com:<br />
16 Bg5<br />
A respeito deste lance, o livro de Gottschall sobre Anderssen acrescenta um ponto de exclamação e diz:<br />
“Agora, as Negras estão perdidas!”.<br />
16 ... Dg5 17 Df5+ Df5 18 Td8+ Rd8 19 Te8++ (1-0)<br />
Esta “brilhante” combinação deu a volta ao mundo inteiro e ninguém se perguntou porque este sacrifício<br />
de uma Dama, quando se consegue o mesmo resultado de uma maneira mais rápida. Descubra como.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Mate de Bispo e Torre<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
16 Td8+ Rd8 17 Bg5+ (1-0)<br />
Com o decorrer dos anos, e conforme a evolução, Anderssen também chegou a ser jogador de<br />
posição. Ainda veremos outra partida sua, que começa com jogo de posição, mas no final volta a vencer<br />
pela força do talento combinativo de Anderssen, o que dá uma característica particular à partida.<br />
A SEGUIR:<br />
1.4. Partida nº 3<br />
Defesa Philidor<br />
Anderssen x L. Paulsen<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 4.1<br />
a4, b2, c2, d4, g2, h4, Ta1, Bc1, Cc3, Dd1, Bd5, Rf2, Th2 x a7, f4, f7, g4, h7, Da6, Be5, Te8, Bf5,<br />
Cg3, Rg7<br />
Rosanes x Anderssen<br />
1 ... ? Mate em 4<br />
PLANO<br />
*****<br />
Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1)<br />
Analise 1 ... Te7<br />
*****<br />
Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc.<br />
Diagrama 4.2<br />
a2, b2, d5, e4, g6, Rc1, Cc3, Df2, Tg1, Th1, Bh3 x a6, c4, c5, d6, e5, Tb7, Dc7, Bd7, Bf6, Tf8, Rg8<br />
Pachman x Pilnik<br />
Mar del Plata, 1959<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
40
*****<br />
Exploração da posição frágil do Rei inimigo por meio do Peão avançado e Torres nas colunas abertas.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 g7!<br />
Um lance de sacrifício. Analise as duas alternativas de Pilnik: 1 ... Bg7 e 1 ... Bg5+.<br />
a) 1 ... Bg7<br />
PLANO<br />
*****<br />
Contra 1 ... Bh7, Pachman dá um mate rápido, mediante novo sacrifício.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Tg7+ Rg7 3 Tg1+ (1-0)<br />
O lance com o qual Pilnik continuou na partida foi:<br />
b) 1 ... Bg5<br />
PLANO<br />
*****<br />
O mesmo anterior, com ameaça da promoção do Peão.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Tg5 Tf2 3 Be6+ (1-0)<br />
Pilnik abandonou a partida. Por que? Não poderia jogar Be6 ?<br />
*****<br />
Não, pois contra 3 ... Be6 segue 4 Th8+ Rf7 5 g8=D+, etc.<br />
Apostila 5<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
IV CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Steinitz X Tchigorin, 1892<br />
Tchigorin não desanimou ao ser derrotado por Steinitz, e em poucos meses se impõe,<br />
empatando com Max Weiss, no importante Torneio de New York. Precisamente durante sua visita nesta<br />
cidade, o grande enxadrista russo criticou as aberturas recomendadas por Steinitz em seu livro “Modern<br />
Chess Instructor”, referentes ao Gambito Evans (1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Ba5 6 0-0<br />
Df6) e a Defesa dos 2 Cavalos (1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Cf6 4 Cg5 d5 5 ed5 Ca5 6 Bb5+ c6 7 dc6 bc6 8<br />
Be2 h6 9 Ch3). Um guerreiro como Steinitz enfurece e aceita um match por telégrafo com essas duas<br />
variantes, mas é derrotado fulminantemente em ambas as partidas, e então a aficção mundial deseja um<br />
novo combate entre eles.<br />
O encontro volta a celebrar-se em Havana e o vencedor seria o primeiro que ganhasse 10<br />
partidas. Se o primeiro encontro entre estes dois colossos foi apaixonante, o segundo superou a<br />
imaginação no que diz respeito à combatividade e emoção. Antes de iniciar a 23ª partida, o resultado era<br />
41
favorável a Steinitz por +9 -8 =5, Tchigorin, portanto, necessitava ganhar <strong>para</strong> igualar o encontro, e<br />
depois de executar um Gambito do Rei com singular maestria superou nitidamente seu rival, de quem<br />
chegou a ganhar uma peça. Mas eis que o mestre russo comete um terrível erro e recebe um simples mate<br />
em dois lances, o que lhe impediu de prosseguir na luta, pois, segundo as condições do match, em caso de<br />
empate a nove vitórias o match continuaria até que um deles obtivesse duas vitórias.<br />
Este terrível lapso de Tchigorin influenciou o resto de sua vida, apesar de não ter terminado<br />
com sua carreira, já que precisamente após seu combate com Steinitz obteve suas melhores vitórias, como<br />
o 2º lugar no torneio de Hastings, 1895 (torneio que esteve a um ponto da vitória, e que se não ganhou foi<br />
devido à sua famosa irregularidade, pois perdeu a penúltima rodada frente a Janowski, enxadrista muito<br />
inferior a ele, naquela época), e as vitórias em Budapest, 1896; Moscou, 1899 e 1901; Kiev e Viena, 1903<br />
e San Petesburgo, 1905. Em matches, derrotou Schiffers em várias ocasiões, a Chaurosek por +3 -1 =0,<br />
<strong>para</strong> desempatar o 1º lugar no Torneio de Budapest, 1896, e a Lasker, em 1903, por +2 -1 =3, com<br />
abertura forçada, e empatou um dramático encontro com Tarrasch, 1893, em San Petesburgo com o<br />
resultado de +9 -9 =4.<br />
As atuações de seu últimos anos não condiziam com sua extraordinária classe, já que o álcool<br />
havia minado seu organismo, mas até seus dias finais, foi admirado por seu talento criador e<br />
combatividade.<br />
Steinitz x Tchigorin<br />
Havana<br />
01Jan - 28Fev1892<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />
Steinitz 0 ½ ½ 1 ½ 1 0 0 ½ 0 1 0<br />
Tchigorin 1 ½ ½ 0 ½ 0 1 1 ½ 1 0 1<br />
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Tot<br />
Steinitz 1 1 0 1 0 1 0 1 ½ 1 1 12,5<br />
Tchigorin 0 0 1 0 1 0 1 0 ½ 0 0 10,5<br />
Tchigorin começou o match de Brancas.<br />
42<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Defesa dos 2 Cavalos 6, 8, 10, 12 4 17<br />
Escocesa 19 1 4<br />
Gambito do Rei 23 1 4<br />
Gambito Evans 1, 3, 5, 7, 9, 13, 15, 17 8 35<br />
Holandesa 18 1 4<br />
Ruy López 2, 4, 11, 14, 16 5 22<br />
Vienense 21 1 4<br />
Zuckertort 20, 22 2 9<br />
A SEGUIR:<br />
V Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Steinitz x Lasker, 1894
FINAIS I<br />
3. FINAIS DE REIS E PEÕES<br />
Finais de partida sem Peões são raros; presentes, assumem grande importância, não só pelo<br />
recurso da promoção, mas também pela sua disposição no tabuleiro, ditando a estratégia a seguir nos<br />
finais.<br />
É preciso manobra-los corretamente e saber quando devem ser avançados, trocados ou<br />
sacrificados.<br />
“O Peão é a alma do xadrez”(Philidor)<br />
“O Peão nos finais, corresponde a 9/10 do corpo”(Ruben Fine)<br />
3. 1. Rei e Peão x Rei<br />
O ganho só é possível com a promoção do Peão à Dama ou Torre. Este é o objetivo do lado<br />
que possui o Peão; o adversário, consequentemente, deverá captura-lo ou impedir a promoção.<br />
Há dois casos a considerar:<br />
a) O Peão está afastado do Rei;<br />
b) O Peão está acompanhado do Rei<br />
Diagrama: Rb1, e5 x Ra4<br />
Regra do Quadrado<br />
Constroi-se um quadrado imaginário sobre o tabuleiro, tendo como lado a distância que vai do<br />
Peão até a 8ª horizontal, isto é, até o fim de sua coluna. No caso do exemplo, são os quadrados b5-b8-e8e5<br />
e h5-h8-e8-e5. Surgem então 3 hipóteses:<br />
a) O Rei negro está dentro do quadrado; o lance pertence ao Peão. O Rei negro alcança-o, contudo, e<br />
captura-o em seguida;<br />
b) O Rei negro está fora do quadrado; o lance á ainda do Peão. O Rei negro aqui, não alcança o Peão.<br />
Temos consequentemente sua promoção;<br />
c) O Rei negro está fora do quadrado, mas seu é o lance. Penetrando no quadrado, em b5, ganhará o Peão.<br />
Quando as Brancas jogam, estando o Rei negro situado fora do quadrado, o avanço do Peão<br />
determinará um quadrado, cujo lado estaria formado de 3 casas. Nestas condições, o Rei negro não<br />
alcançará o Peão, sendo portanto promovido.<br />
Estando o Peão acompanhado de seu Rei e o Rei inimigo colocando-se na mesma coluna do<br />
Peão, ou em condições de atingi-la, o ganho dependerá da possibilidade de expulsar-se o Rei desta coluna.<br />
Nestes casos, levará vantagem o lado que tiver a oposição.<br />
) Rei branco atrás do Peão;<br />
43<br />
Estudaremos a seguir 2 posições básicas:
) Rei branco diante do Peão.<br />
a) Rei atrás do Peão<br />
“Haverá empate sempre que o Rei negro, dominando a casa de promoção, puder conservar a<br />
oposição, na primeira horizontal, ao atingir o Peão a 6ª horizontal”.<br />
Diagrama: Rd3, d4 x Rd6<br />
Tablas<br />
PLANO<br />
*****<br />
Independente de quem jogue, haverá empate, desde que o Negro mantenha a oposição. O objetivo é<br />
chegar à posição de pat com Rd6, d7 x Rd8.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Re4 Re6 2 d5+ Rd7 3 Rd4 Rd8!<br />
Ganhará a oposição contra qualquer lance branco.<br />
4 Re5 Re7 5 d6+ Rd7 6 Rd5 Rd8<br />
E se 6 ... Re8 ?<br />
*****<br />
7 Re6!, ganhando a oposição e a partida: 7 ... R joga 8 d7 Rc7 9 Re7 (1-0).<br />
b) Rei diante do Peão<br />
“Quando o Rei branco está 2 ou mais casas diante do Peão, ganha sempre. Se o Rei está<br />
apenas uma casa na frente de seu Peão, ganha somente tendo a oposição”.<br />
Diagrama: e2, Re4 x Re6<br />
1 ? (1-0)<br />
1 e3<br />
Ganhando a oposição e o final.<br />
1 ... Rd6 2 Rf5 Rd7 3 Rf6 Rd8 4 e4 Rd7 5 e5 Re8 6 Re6<br />
Novamente ganhando a oposição.<br />
6 ... Rd8 7 Rf7 (1-0)<br />
Diagrama: e3, Re4 x Re6<br />
1 ? (=) 1 ... ? (1-0)<br />
PLANO - Caso A<br />
*****<br />
Jogando as Brancas, as Negras devem conservar a oposição e chegar à posição de pat.<br />
PROCEDIMENTO - Caso A<br />
*****<br />
1 Rf4 Rf6! 2 e4 Re6 3 e5 Re7 (=)<br />
Chegamos à posição básica de Rei atrás do Peão.<br />
PLANO - Caso B<br />
*****<br />
Jogando as Negras, as Brancas devem progredir com o Rei e Peão, não permitindo às Negras recuperar<br />
definitivamente a oposição.<br />
44
PROCEDIMENTO - Caso B<br />
*****<br />
1 ... Rd6 2 Rf5 Re7 3 Re5 Rf7 4 Rd6 Re8 5 Re6 Rd8 6 e4 Re8 7 e5 Rf8 8 Rd7 (1-0)<br />
Diagrama: e5, Re6 x Re8<br />
(1-0) com ou sem lance<br />
Rei na 6ª horizontal, ganha sempre<br />
PLANO<br />
*****<br />
“Quando o Rei branco encontra-se na 6ª horizontal, o ganho se dará com ou sem o lance”. Basta<br />
desobstruir o caminho do Peão e avança-lo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Rf6 Rf8 2 e6 Re8 3 e7 Rd7 4 Rf7 (1-0)<br />
Peão da Torre é exceção<br />
“Dá-se empate sempre que o Rei negro conseguir alcançar a casa 1B. Há vitória, no entanto,<br />
sempre que o Rei branco conseguir chegar a 7C”.<br />
Exemplos de empate:<br />
•a4, Ra6 x Ra8<br />
•h5, Rh7 x Rf8<br />
No primeiro exemplo, o Rei negro não pode ser expulso de seu canto, o resultado da partida é<br />
sempre empate.<br />
No segundo, como o Rei negro já atingiu f8, a partida está empatada:<br />
1 h6 Rf7 2 Rh8 Rf8 3 h7 Rf7 (=)<br />
Ou:<br />
1 Rg6 Rg8 2 h6 Rh8 3 h7 (=)<br />
A SEGUIR:<br />
3.2. Rei e Peão x Rei e Peão<br />
TÁTICA I<br />
1. 5. Princípio da peça sem defesa<br />
Obviamente que uma peça sem defesa e atacada poderá ser capturada com facilidade. O que<br />
estudaremos são as manobras <strong>para</strong> deixar uma peça sem defesa. O princípio da peça sem defesa se alia ao<br />
princípio do ataque simultâneo, no ganho de peças.<br />
Diagrama: Te1, Be4, Rf1 x De6, Rg8, g7, h7<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
A Dama preta encontra-se sem defesa sobre a coluna d domínio da Torre. Movendo-se o Bispo, ataca-se<br />
com a Torre a Dama negra, e se o lance negro for forçado, a peça citada será capturada.<br />
45
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bh7+ Rh7<br />
E se 1 ... Rf7 ?<br />
*****<br />
2 Bg8+ (1-0).<br />
Diagrama: a3, b2, c3, g3, h2, Tb5, Be5, Rg1 x a7, b6, f7, g7, h7, Tf8, Bg4, Rh8<br />
1 ? Ganham um Peão<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Bispo preto está indefeso. Se for possível atrair o Rei <strong>para</strong> a coluna g com a horizontal 5 desobstruída,<br />
a Torre branca pode dirigir-se a g5 com xeque, ganhando o Bispo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bg7+! Rg7 2 Tg5+ Rh8 3 Tg4<br />
Ganhando o Peão.<br />
Diagrama: a5, g3, h4, Rb4, De4 x g7, h6, Tc5, Rd8, De7<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
A Torre preta está atacada pelo Rei branco, porém defendida pela Dama negra. Neutralizada a defesa, a<br />
Torre poderá ser capturada.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dd7+ Rd7 2 Rc5 (1-0)<br />
Diagrama: g4, Dd5, Tf5, Rh4 x g7, h7, Dd7, Td8, Rh8<br />
1 ? Ganhando material<br />
PLANO<br />
*****<br />
A Dama preta está defendida pela Torre, mas essa defesa pode ser desviada.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tf8+! Tf8 2 Dd7<br />
Ganhando material.<br />
E se 1 Dd7, tentando 1 ... Td7 2 Tf8++ não seria melhor?<br />
*****<br />
Não, pois daria-se mal após 1 ... g4+, igualando.<br />
46<br />
A SEGUIR:<br />
1.6. Princípio da promoção do Peão<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO
Defesa Philidor<br />
Anderssen x L. Paulsen<br />
1.4. Partida nº 3<br />
1 e4 e5 2 Cf3 d6<br />
A defesa de Philidor. Indica-se como melhor, 2 ... Cc6, pois assim as Negras pre<strong>para</strong>m o lance d5, e<br />
podem atacar mais energicamente na abertura <strong>para</strong> dominar o centro. O lance ... d6 é, de certa maneira,<br />
uma resignação das Negras, cedendo ao adversário, que jogará d4, sem lutar <strong>para</strong> ter maior liberdade de<br />
movimento. Os teóricos antigos criticavam este lance dizendo que encerravam o Bispo do Rei negro, mas<br />
isto não é tão importante.<br />
3 d4 ed4 4 Dd4 Cc6 5 Bb5 Bd7 6 Bc6 Bc6 7 Bg5 Cf6 8 Cc3 Be7 9 0-0-0 0-0 10 The1 Te8<br />
Anderssen terminou seu desenvolvimento, enquanto que Paulsen somente o conseguiram à custade sua<br />
restringida situação. A posição do Peão brancos no centro, e4 e o negro, d6, significa uma vantagem<br />
perceptível de terreno <strong>para</strong> Anderssen. Pôde-se estabelecer uma favorável continuação <strong>para</strong> Anderssen,<br />
situando suas Torres em e1 e d1, respectivamente, enquanto Paulsen não tem nenhuma coluna aberta <strong>para</strong><br />
sua Torre da Dama.<br />
11 Rb1<br />
Satisfeito na luta estabelecida pelo domínio do centro, com resultado favorável, Anderssen faz um<br />
tranquilo lance de espera, e contribui assim <strong>para</strong> a segurança de sua posição. Em casos como estes, em<br />
que se tem uma permanente vantagem de posição, estes lances de segurança são aplicados na maioria das<br />
vezes.<br />
11 ... Bd7<br />
Paulsen quer jogar seu Bispo em e6; mas com isto, oferece a Anderssen a oportunidade de fortalecer ainda<br />
mais sua vantagem.<br />
12 Bf6! Bf6 13 e5! Be7 14 Cd5 Bf8<br />
Os lances de Paulsen são todos forçados. Ameaçava-se a captura do Peão d6, e Paulsen não podia jogar 14<br />
... de5 por 15 Ce7+ Te7 16 Ce5.<br />
15 ed6 cd6<br />
A ponte, consequência do lance 12, introdução da combinação de Anderssen. Se Paulsen joga 15 ... Bd6,<br />
Anderssen jogaria 16 Cc7! e ganha um Peão. Paulsen é forçado a deixar isolado o Peão d6, sendo ele a<br />
maior vantagem da posição de Anderssen, obtida no início da abertura, pela luta de seu Peão e4 contra o<br />
do adversário em d6. Um Peão isolado é uma desvantagem, mas deve-se saber aproveita-la. A maioria dos<br />
leigos pensa que ele pode ser tomado facilmente. Mas quando a posição é igual, raras vezes é fácil tomalo,<br />
pois o defensor pode apoiar o Peão isolado com tantas peças quantas o atacante usar <strong>para</strong> tentar tomalo.<br />
A essencial vantagem do Peão isolado não está no Peão, mas na casa diante dele, neste exemplo, a casa<br />
d5. Esta casa pertence a Anderssen, que poderá estabelecer uma peça que terá uma grande eficácia, pois<br />
não existem Peões nas colunas laterais <strong>para</strong> expulsa-lo. Por outro lado, o Peão é uma peça de obstrução e<br />
neste caso, impedem que as Torres de Paulsen ataquem o Cavalo.<br />
A peça mais eficaz desta partida é o Cavalo d5. As outras peças, as maiores, operam de longe, mas o<br />
Cavalo teve seu valor engrandecido por ter obtido uma sólida posição diante do adversário.<br />
Diante do que foi visto, fica claro que Paulsen tentará trocar seu Bispo da Dama pelo Cavalo inimigo.<br />
Aparentemente parece que Anderssen perde alguns tempos, mas sua tática consiste em sustentar seu<br />
Cavalo na casa d5 e nos dá uma aula, pois no início da partida, pratica o jogo de posição.<br />
16 Te8 Be8 17 Cd2! Bc6 18 Ce4<br />
Paulsen não pode jogar agora 18 ... Bd5, pois perderia seu Peão de d6.<br />
18 ... f5 19 Cec3<br />
Anderssen assegura o domínio de seu Cavalo.<br />
19 ... Dd7 20 a3<br />
47
Assim como no lance 11, voltamos a ver como Anderssen assegura sua vantagem de posição, ao fazer um<br />
tranquilo lance de espera, que melhora a colocação de seu Rei.<br />
20 ... Df7 21 h3<br />
Agora começa uma nova fase da partida: o ataque de Peões no flanco do Rei. Nas “partidas de café”, se vê<br />
com muita frequência, mas raramente justificável, este ataque no jogo de posição.<br />
A preciosa condição de um ataque de Peões no flanco é o centro solidamente dominado, como neste caso.<br />
Caso fosse possível uma ruptura no centro, possivelmente flaharia a agressão pelo flanco.<br />
21 ... a6<br />
O que há de pior na posição negra é a impossibilidade de jogar ... g6, <strong>para</strong> colocar o Bispo em g7, pois, se<br />
... g6, seguiria Cf6+. Agora se percebe a potência do Cavalo em d5. Paulsen pre<strong>para</strong> o lance ... g6<br />
manobrando com ... Te8 e ... Te6, mas primeiro deve cuidar de seu Peão a, que está atacado pela Dama<br />
inimiga.<br />
22 g4<br />
O ataque de Peões é ao mesmo tempo, um contra-ataque ao objetivo negro.<br />
22 ... Te8 23 f4 Te6 24 g5<br />
Frustrando o objetivo de Paulsen. Mas em compensação conseguem as Negras dificultar a abertura da<br />
coluna g, que desejava Anderssen, o que teria conseguido por meio de gf5.<br />
24 ... b5<br />
Paulsen, que nada pode fazer, tenta “espernear” no flanco da Dama.<br />
25 h4 Te8 26 Dd3!<br />
Anderssen conduz fina e inexoravelmente o ataque contra o roque. O lance de Dama pre<strong>para</strong> h5.<br />
26 ... Tb8 27 h5 a5 28 b4!<br />
No momento oportuno, Anderssen cerra a ação de Paulsen. O Peão negro de b5 é agora um obstáculo <strong>para</strong><br />
o Bispo c6.<br />
28 ... ab4 29 ab4 Dh5<br />
Se Paulsen não toma esta providência, os Peões brancos tornariam-se demasiadamente fortes. Anderssen<br />
ameaçava, por exemplo: Tg1, talvez, antes Df3, além disso g6; h6 é outra ameaça e, caso ... g6, então<br />
Cf6+ e Dd4.<br />
30 Df5 Df7 31 Dd3 Bd7<br />
Este lance libera o Cavalo de c3, mas Paulsen não tem outra defesa contra a ameaça 32 Th1.<br />
32 Ce4 Df5<br />
Anderssen ameaçava Cg3, dominando a casa f5, além disto, Th1. A 32 ... Bf5 naturalmente seguiria 33<br />
Cf6+.<br />
33 Th1<br />
Anderssen que conduz o ataque com precisão admirável, ameaça 34 Dg3 e 35 f5. Para impedir o plano,<br />
Paulsen quase não tem mais lances, e Anderssen novamente nos mostra sua força de combinação.<br />
33 ... Te8 34 Cef6+ gf6 35 Cf6+ Rf7 36 Th7+ Bg7<br />
A 36 ... Rg6, seguiria 37 Df3.<br />
37 Tg7+ Rg7 38 Ce8+ Rf8 39 Df5+ Bf5 40 Cd6 (1-0)<br />
A SEGUIR:<br />
2. Paul Morphy<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 5.1<br />
b4, c3, d5, f4, g2, h2, Ta3, Bc1, Bc2, Dd3, Tf1, Rg1 x c7, d6, f5, g7, h7, Tb8, Bc8, Ce4, Te8, Df6, Rg8<br />
Riga, 1910<br />
Behting x Nimzowich<br />
1 ... ?<br />
48
Um bom plano <strong>para</strong> Behting é colocar o Bispo da Dama em d4, dominando a grande diagonal negra. Com<br />
esta manobra, sua posição estaria consideravelmente reforçada. Mas Nimzowich, impediu este<br />
reagrupamento, especulando com a debilidade do Peão da Dama de Behting.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Remanejamento das peças, debilitando o Peão b, impedindo assim o plano inimigo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Df7! 2 Be3 Cf6 3 Bb3 Bb7!<br />
Behting é obrigado a defender seu Peão com:<br />
4 f4<br />
4 Td1 seria ineficaz, pois o Bispo de e3 não está apoiado.<br />
4 ... Bc8! 5 Bd2 Ce4 6 Be1 Df6<br />
Seis lances depois, Nimzowitch retorna à posição em que iniciou a manobra, mas graças a debilidade do<br />
Peão b, Behting não pode realizar seu plano primitivo de dominar com o Bispo a grande diagonal negra.<br />
Observe como o giro posicional foi surpreendente como manobra de combinação das Negras. Que um<br />
lado possa efetuar seis lances consecutivos sem que se varie a posição de suas peças e com a posição<br />
melhorada, é algo pouco comum e evidentemente uma contradição dos fundamentos estratégicos do jogo.<br />
Portanto, devemos destacar que se trata de um caso raro de combinação, sem o típico sacrifício de<br />
material.<br />
Diagrama 5.2<br />
a2, e3, g2, h2, Td1, Be2, Tf1, Rg1, Cg4, Dh6 x a7, b7, e6, f5, h7, Dc5, Tc7, Be7, Be8, Rf7, Th8<br />
Cambridge Springs 1904<br />
Pillsbury x Lasker<br />
1 ?<br />
Pillsbury sacrificou um Peão e, a consequência disto é que o Rei negro encontra-se situado perigosamente<br />
no centro; além disso, a Torre em h8 está desligada do jogo, e o Bispo de e8 numa posição completamente<br />
passiva. Um ligeiro exame prévio da posição permite deduzir claramente que <strong>para</strong> Pillsbury prosseguir o<br />
ataque, deve pressionar os Peões negros e e f, que são a única e não muito sólida proteção do Rei de<br />
Lasker.<br />
Para este objetivo, é apropriado utilizar o Bispo de casas brancas que se encontra em e2, na reserva. Um<br />
jogador experiente percebe rapidamente que o lance indicado aqui é:<br />
1 Bc4!<br />
Este Bispo não pode ser capturado por que?<br />
*****<br />
TEMA: Duplo de Cavalo.<br />
Por 2 Ce5+, ganhando a Dama.<br />
Mas afinal de contas, o que Pillsbury ameaçou?<br />
*****<br />
TEMA: Ataque ao Rei centralizado.<br />
2 De6+.<br />
Mas Lasker não pode defender-se com 1 ... Bd7?<br />
*****<br />
TEMA: Ataque ao Rei centralizado e desvio de peças defensivas.<br />
Não, por causa de 2 td7! Td7 3 Be6+.<br />
Observe que a retirada 1 ... Db6 deixaria sem proteção o Peão f negro, e seguiria 2 Tf5+.<br />
Por isto, Lasker seguiu com:<br />
1 ... Tc6<br />
49
Praticamente forçado. Observe que o Peão e negro está cravado, logo, está debilitada a proteção do Peão f,<br />
o que permite a continuação:<br />
2 Tf5+ Df5 3 Tf1 Df1+ 4 Rf1<br />
Ganhando Pillsbury a Dama e um Peão em troca das duas Torres, além da possibilidade do forte Ce5+. Na<br />
verdade, o material pode considerar-se nivelado, mas Lasker não conseguirá evitar o lance citado, que é<br />
decisivo. Observe que esta combinação originou-se com o lance 1 Bc4!<br />
A partida prosseguiu:<br />
4 ... Bd7 5 Dh5+<br />
Melhor que 5 Ce5+ Re8.<br />
5 ... Rg8 6 Ce5 (1-0)<br />
Lasker abandonou, pois as possibilidades de defesa são muito limitadas devido à deficiente posição de<br />
suas peças<br />
Apostila 6<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
V CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Steinitz X Lasker, 1894<br />
Depois de sua vitória sobre Tchigorin, a Steinitz só restava um rival que oferecia perigo a seu<br />
título, o alemão Tarrasch, mas este não aceitou o desafio de enfrentar o Campeão Mundial que lhe fizeram<br />
desde Havana, por receio de que uma longa ausência de sua cidade lhe prejudicasse as atividades de<br />
médico.<br />
Entretanto, outro alemão, de origem judia, Emanuel Lasker (Berlinchen, próximo a Berlim,<br />
24Dez1868 - New York, 11Jan1941), filho de um ministro da sinagoga local, começou a obter triunfos na<br />
Alemanha e Inglaterra e mudou-se <strong>para</strong> os Estados Unidos em busca de Steinitz.<br />
Quando o encontro foi acertado <strong>para</strong> que o título fosse disputado, a carreira de Lasker não era<br />
muito brilhante, já que se resumia a uma vitória no Torneio de Londres, 1892, outro no de New York,<br />
1893, e algumas atuações de menor importância, em que ganhou o primeiro prêmio. Em matches, havia<br />
derrotado todos os seus adversários, com exceção de Blackburne (Londres, 1892, +6 -0 =4), os demais,<br />
Bardeleben (Berlim, 1889, +2 -1 =1), Bird (Liverpool, 1890, +7 -2 =3), English (Viena, 1890, +2 -0 =3),<br />
Mieses (Leipzig, 1890, +5 -0 =3), Miniati (Manchester, 1890, +3 -0 =2), Lee (Londres, 1891, +1 -0 =1),<br />
Bird (Londres, 1892, +5 -0 =0), C. Golmayo (Havana, 1893, +2 -0 =1), Vázquez (Havana, 1893, +3 -0<br />
=0), Showalter (Kokomo, 1893, +6 -2 =1) e Ettlinger (New York, 1893, +5 -0 =0, não se encontravam<br />
entre as primeiras figuras da época.<br />
Steinitz não voltou a duvidar se colocava seu título em jogo, entre outras razões porque tinha<br />
um alto conceito de seu jovem rival, e assim, com seus 58 anos, se dispõe a demonstrar diante de um<br />
jovem de 26 anos que seguia sendo o Número Um do mundo. O encontro começou em 15 de março de<br />
1894, em New York, <strong>para</strong> continuar na Filadélfia e Montreal. Seria vencedor o primeiro que chegasse a<br />
dez vitórias, e receberia como prêmio US$ 2500, enquanto que o derrotado, apenas U$ 750.<br />
50
As primeiras partidas mostraram uma absoluta igualdade, pois Steinitz ganhou a 2ª e a 4ª,<br />
perdendo a 1ª e a 3ª, enquanto que as outras duas finalizaram em empate. Mas a partir deste instante, o<br />
velho campeão começou a ter falhas em seu jogo e perdeu sucessivamente 5 partidas. Não se abateu<br />
aquele maravilhoso guerreiro que era Steinitz e depois de empatar a 12ª, venceu as duas seguintes, ainda<br />
que estas vitórias já eram o canto do cisne, pois Lasker se impôs na 15ª e a 16ª, com o que obteve 9<br />
vitórias.<br />
O título já estava praticamente perdido, pois somente uma vitória se<strong>para</strong>va o desafiante do<br />
título, e ainda que Steinitz, em seu último esforço chegasse a se impor na 17ª partida, e conseguisse<br />
empate na seguinte, teria que declinar o Rei adversário na 19ª, e o fez com uma esportividade que lhe<br />
honrou, pois, se colocou em pé e gritou: “Três urras <strong>para</strong> o novo Campeão”.<br />
A partir desta derrota, o indomável espírito de Steinitz se coloca a prova outra vez e começa a<br />
participar dos mais importantes torneios do mundo com o brilho e a ilusão de um jovem iniciante. Poucos<br />
meses depois, vence um torneio em New York, no que supera, entre outros a Albin, Showalter e Pillsbury.<br />
Em seguida, participa do grande Torneio de Hastings, 1895, onde finaliza em 5º, atrás de Pillsbury,<br />
Tchigorin, Lasker e Tarrasch, mas superando a todos os jovens que logo seriam figuras de renome<br />
mundial, como Schlechter, Janowski, Mieses, Teichmann, etc. A carreira de Steinitz brilhou altamente,<br />
pois obteve vitórias como a conseguida diante de Bardeleben, que lhe valeu o Primeiro Prêmio de<br />
Brilhantismo, e que é considerada como uma das partidas mais belas de todos os tempos.<br />
Pouco depois deste torneio, em São Petesburgo, convidaram os cinco primeiros classificados<br />
em Hastings a jogar outro, a seis rodadas, com objetivo de que o vencedor, caso não fosse Lasker,<br />
disputasse o Título Mundial.<br />
Devemos destacar que quando Lasker proclamou-se Campeão Mundial, recebeu muitas<br />
críticas por parte dos mais fortes apreciadores do xadrez de então, principalmente do dr. Tarrasch, quem<br />
não lhe considerava com classe suficiente <strong>para</strong> ostentar tal título. Sem dúvida, devemos destacar também,<br />
que a partir de sua vitória sobre Steinitz, é que verdadeiramente começa a brilhante carreira do novo<br />
Campeão Mundial.<br />
O dr. Tarrasch, por motivos profissionais, recusou jogar, sendo assim, partici<strong>para</strong>m deste<br />
torneio apenas os 5 dos 6 enxadristas convidados, e constitui um sensacional triunfo de Lasker que se<br />
impôs claramente, mas também uma prova de que Steinitz não estava acabado, pois finalizou em 2º, como<br />
se pode ver no quadro de classificação que segue:<br />
51<br />
TORNEIO DE SÃO PETESBURGO, 1895-96<br />
13Dez1895 - 27Jan1896<br />
1 2 3 4 Tot<br />
Lasker x x x x x x 1 1 ½ 0 1 ½ 0 0 ½ 1 ½ ½ 1 ½ 1 1 ½ 1 11,5<br />
Steinitz 0 0 ½ 1 0 ½ x x x x x x 1 ½ ½ 1 1 1 0 1 1 0 0 ½ 9,5<br />
Pillsbury 1 1 ½ 0 ½ ½ 0 ½ ½ 0 0 0 x x x x x x 1 1 1 0 0 ½ 8,0<br />
Tchigorin 0 ½ 0 0 ½ 0 1 0 0 1 1 ½ 0 0 0 1 1 ½ x x x x x x 7,0<br />
Lasker x Steinitz<br />
New York, Filadélfia e Montreal<br />
15Mar - 26Mai1894<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Steinitz 0 1 0 1 ½ ½ 0 0 0 0
Lasker 1 0 1 0 ½ ½ 1 1 1 1<br />
11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tot<br />
Steinitz 0 ½ 1 1 0 0 1 ½ 0 7,0<br />
Lasker 1 ½ 0 0 1 1 0 ½ 1 12,0<br />
Lasker começou o match de Brancas.<br />
Diagrama: Rg4, f6 x Rg2 h3<br />
1 ? (1-0)<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Eslava 14 1 5<br />
Francesa 8 1 5<br />
Gambito da Dama 10, 11, 12, 15, 16, 18, 19 7 37<br />
Italiana 4, 6, 17 3 16<br />
Ruy Lopez 1, 2, 3, 5, 7, 9, 13 7 37<br />
A SEGUIR:<br />
VI Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Lasker x Steinitz, 1896-97<br />
FINAIS I<br />
3.2. Rei e Peão x Rei e Peão<br />
PLANO<br />
*****<br />
Promover o Peão. Os dois são passados, mas as Brancas ganham porque promovem primeiro. As<br />
Brancas tentam chegar ao diagrama com os Reis em oposição Rg3 x Rg1, <strong>para</strong> seguir com mate de<br />
Dama em f3 ou g2.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 f7 h2 2 f8=D h1=D 3 Df3+ Rg1<br />
E se 3 ... Rh2 ?<br />
*****<br />
Seguiria 4 Dg3++.<br />
Continuando a linha principal:<br />
4 De3+ Rf1<br />
E se 4 ... Rg2 ?<br />
*****<br />
Seguiria 5 De2+ Rg1 6 Rg3!! (1-0)<br />
Continuando a linha principal:<br />
5 Dc1+ Rg2 6 Dd2+ Rg1 7 De1+ Rg2 8 De2+ Rg1 9 Rg3 !! (1-0)<br />
Diagrama: Rh2, a3 x Ra2, f3<br />
Autor: H. Rinck, 1922<br />
1? (1-0)<br />
52
PLANO<br />
*****<br />
O Branco deve procurar manobrar o Rei ocupando a casa de promoção do Peão negro enquanto<br />
dis<strong>para</strong>m seu Peão na coluna a.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 a4 Rb3 2 a5 Rc3<br />
Analise 2 ... Rc4<br />
*****<br />
3 a6 Rd3 4 a7 f2 5 a8=D f1=D<br />
Observe como o Rei e a Dama estão na mesma diagonal!<br />
6 Da6+ (1-0)<br />
Continuando a linha principal:<br />
3 Rg1!!<br />
Analise 3 h6 e 3 Rg3.<br />
*****<br />
a) 3 a6<br />
3 a6? Rd2!<br />
Note como o Rei e a futura Dama não ficarão na mesma diagonal!<br />
4 a7 c2 5 Rg2 Re2 (=)<br />
b) 3 Rg3<br />
3 Rg3? Rd4! 4 a6 Re3 5 a7 f2 (=)<br />
Continuando a linha principal:<br />
3 ... Rd4 4 a6 Re3 5 Rf1! (1-0)<br />
Diagrama: f2, Rg4 x e4, Rh2<br />
Autor: Duclos, 1904<br />
1 ... ? (=)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Sacrificar o Peão <strong>para</strong> conseguir a oposição e consequentemente o empate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... e3!! 2 fe3<br />
Agora não há horizontal entre o Rei e o Peão <strong>para</strong> o ganho de tempo.<br />
2 ... Rg6<br />
Ganhando a oposição.<br />
3 Rf4 Rf6 Re4 Re6 (=)<br />
Analise 1 ... Rg6.<br />
*****<br />
1 ... Rg6 2 Rf4 Rf6 3 Re4 Re6 4 Rf4 Rf6 5 f3 (1-0)<br />
As Brancas recuperam a oposição com uma “perda de tempo”.<br />
53<br />
A SEGUIR:<br />
3.3. Rei e dois Peões x Rei
TÁTICA I<br />
1.6. Princípio da promoção do Peão<br />
O lado que promove o Peão ganha extraordinariamente em poder; daí o adversário precisar<br />
impedir a promoção, quer capturando o Peão, quer bloqueando seu avanço.<br />
a tomou.<br />
O Peão estando defendido na casa de promoção, sua captura determinará o ganho da peça que<br />
Quando bloqueado, um ataque à peça bloqueadora determinará sua retirada ou sua captura.<br />
Em ambos os casos, ganha-se material.<br />
Diagrama: d7, Cc6 x Tg8<br />
1 ? Ganham material<br />
PLANO<br />
*****<br />
Promover o Peão <strong>para</strong> ganhar a Torre adversária.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 d8=D Td8 2 Cd8<br />
Diagrama: d7, Ca7, Bf5 x Td8<br />
1 ? Ganham material<br />
PLANO<br />
*****<br />
Idem ao anterior.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Cc6 Ta8 2 d8=D Td8 3 Cd8<br />
A SEGUIR:<br />
2. Pregaduras<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
2. PAUL MORPHY<br />
A biografia deste eminentíssimo jogador, o maior de todos os mestres do xadrez é explicada<br />
em poucas palavras.<br />
Paul Morphy nasceu em New Orleans, 1837. No ano de 1857, participando no I Torneio<br />
Americano, ganhou o primeiro prêmio, diante do mestre alemão L. Paulsen.<br />
Durante os anos que se seguiram, visitou a Europa a fim de provar suas forças com os mestres<br />
do continente.<br />
54
Tantos quantos lhe foram apresentados, foram vencidos. Os encontros mais significativos que<br />
teve foram contra Löwenthal, Harrwitz e Anderssen, sendo o primeiro em Londres e os dois últimos em<br />
Paris. Pouco tempo depois, já satisfeito de torneios e matches, regressou a sua cidade natal, onde morreu a<br />
10 de julho de 1884.<br />
Era censurado porque <strong>para</strong> ganhar um miserável Peão, trocava as Damas. Hoje em dia, muitos<br />
aficcionados admiram o jogo aberto de Morphy. Hoje em dia um enxadrista iniciante, compreende<br />
facilmente o jogo aberto, mas na época de Morphy não. A ele devemos nossa compreensão de hoje.<br />
A superioridade de Morphy sobre seus contemporâneos baseia-se em que foi o primeiro a<br />
compreender a essência das posições abertas.<br />
Diz-se que uma posição é aberta quando, sendo trocados vários Peões do centro, fornecem às<br />
peças linhas livres. As aberturas que começam com 1 e4 e5, são as mais predestinadas a conduzir a<br />
posições abertas, porque a idéia é seguir com d4 e a troca de Peões do centro. Nas aberturas 1 d4 d5,<br />
ocorre o contrário. O lance 2 e4, é muito mais difícil, pois as Brancas não podem defender sua casa e4. As<br />
partidas com abertura do Peão da Dama, conduzem quase sempre a posições fechadas.<br />
Nas posições abertas, as peças desenvolvem-se rapidamente, e esta era a especialidade de<br />
Morphy. Antes de tudo, desenvolvia rapidamente as peças, chegava a um jogo ativo e não perdia tempos.<br />
Em contrapartida ao principio do desenvolvimento de Morphy, encontramos entre seus contemporâneos,<br />
ataques prematuros por causa do desenvolvimento insuficiente ou lances supérfluos em momentos<br />
desesperados de defesa.<br />
A SEGUIR:<br />
2.1. Partida nº 1<br />
Mobile, 1885<br />
Gambito Escocês<br />
Meek x Morphy<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 6.1<br />
a3, b3, d4, d5, e3, e5, f2, Ba6, Bb2, Tc1, Dc2, Te1, Rf1 x a5, b6, c7, e6, f4, h7, Cc6, Tf8, Dg5, Rg8,<br />
Th2<br />
Santiago do Chile, 1959<br />
Pachman x Fischer<br />
Pachman tem uma peça de vantagem e ameaça capturar outra. em troca, Fischer organizou um perigoso<br />
contra-ataque no flanco do Rei e após ... fe3, abririam uma nova linha de ataque contra f2. Se Pachman<br />
pudesse transferir seu Rei ao flanco da Dama, refutando a ação das peças adversárias, haveriam dado um<br />
decisivo passo em direção ao triunfo. O problema consiste em saber se a fuga é possível, começando com<br />
o lance 1 Re2. Mas Pachman abandona esta idéia. Por que?<br />
PLANO<br />
*****<br />
TEMA: Ataque contra o Rei centralizado, Torres na 7ª horizontal.<br />
O Rei está na mesma horizontal que sua Dama, onde já age uma Torre.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
Se 1 Re2, então 1 ... fe3 2 Rd3 Tff2 3 Tg1 Td2+, etc.<br />
O que aconteceria se 3 Dc6?<br />
55
*****<br />
3 ... Df5+ 4 Rc3 Tf2+.<br />
Existe uma outra variante contra 1 Re2 que também deve ser levada em consideração, 1 ... Tf2+. Analisea.<br />
*****<br />
2 Rf2 fe3+ 3 Re2 Tf2+ 4 Rd3 Dg6+ 5 Rc3 Tc2+ 6 Tc2 Cb4!<br />
Por estes motivos Pachman jogou:<br />
1 e4<br />
O que Pachman pretendeu com este lance?<br />
*****<br />
Evitar a abertura da coluna f.<br />
1 ... f3 2 Re1<br />
Forçado. Por que?<br />
*****<br />
Pela ameaça de mate: ... Th1++.<br />
E se agora Fischer joga 2 ... Dg1, as Brancas podem responder com 3 Bf1?<br />
*****<br />
Não, se 3 Bf1??, segue 3 ... Df1+.<br />
Então qual foi a idéia de Pachman ao fazer este lance?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Colocar o Rei em local seguro: d3 ou c3.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
Se 2 ... Dg1+ 3 Rd2<br />
E temos duas variantes:<br />
a) 3 ... Df2+ Rc3.<br />
b) 3 ... Tf2+ Re3.<br />
E o risco passou.<br />
E se 2 ... Th1?<br />
*****<br />
3 Bf1 Tf1+ 4 Rf1 Dg2+ 5 Re1 Dg1+ 6 Rd2.<br />
E se 2 ... Dg2?<br />
*****<br />
Simplesmente 3 Rd2.<br />
Observe como Fischer não poderia utilizar sua Torre de f8 nestas subvariantes.<br />
2 ... Tf5!<br />
O que ameaça Fischer?<br />
*****<br />
3 ... Tg4 seguido de 4 ... Tg1+<br />
3 Bf1<br />
Qual a intenção de Pachman?<br />
*****<br />
Transpor peças. Se 3 ... Tg4, segue 4 Dd3 e eventualmente 5 De3, facilitando ao Rei a fuga via d2.<br />
3 ... Dg1?<br />
Este lance tem duplo objetivo, quais?<br />
*****<br />
4 ... Df1+ ou 4 ... Te4+.<br />
4 dc6!!<br />
As Brancas “ignoram” as terríveis ameaças inimigas.<br />
Analise 4 ... Df1+ e Te4.<br />
56
a) 4 ... Df1<br />
*****<br />
5 Rd2 Tf2+ 6 Re3!<br />
A Torre negra de f4 está atacada, e as Brancas tem vantagem material suficiente.<br />
b) 4 ... Te4+<br />
*****<br />
5 Rd2 Tf2+ 6 Rc3 Tc2+ 7 Rc2<br />
Com posição ganha <strong>para</strong> as Brancas. Possuem Torre e 2 Bispos contra Dama e Peão de vantagem, e<br />
depois de Bc4, a ruptura d5 é muito forte.<br />
O Peão f negro não é perigoso porque sua casa de promoção está superdefendida.<br />
Com os exercícios feitos, podemos tirar algumas conclusões:<br />
1.É indispensável fixar o objetivo que se quer alcançar mediante o desenrolar de lances<br />
sucessivos. existe uma grande diferença entre um plano tático e outro estratégico. A meta estratégica em<br />
uma partida é chegar a uma determinada posição, ainda que devam efetuar-se durante a marcha,<br />
imprevistas retificações. O plano tático é mais concreto e imediato.<br />
2.Compreenda com clareza que os meios de que dispõe, bastam <strong>para</strong> o fim proposto e valorize<br />
as possibilidades do adversário <strong>para</strong> impedi-lo.<br />
3.Calcule com antecedência lance por lance (tanto a “manobra” quanto a “combinação”),<br />
assim como as possibilidades de resposta do adversário. Analise sistematicamente e por ordem de<br />
subvariante.<br />
4.Se a posição final de uma das variantes não está clara (se você não conseguir “ver” o mate,<br />
tablas, vantagem material, posição de fácil empate), reveja a análise desde o início e comprove se<br />
corresponde ao plano tático proposto.<br />
No pré-cálculo de muitas posições encontraremos com freqüência algumas variantes jogadas<br />
que a princípio não tínhamos levado em consideração, mas que podem ser úteis em outras variantes da<br />
mesma posição. Através da análise descobrimos novas e surpreendentes lances que a priori nos passaram<br />
desapercebidas.<br />
Diagrama 6.2<br />
b3, e4, f5, h3, Td6, Bf3, Tg2, Rh1, Ch2 x b5, f6, h5, Tc3, Bf4, Tf8, Rh8<br />
Nikitin x N. N.<br />
“Ajedrez en Rússia”<br />
As Negras acabaram de sacrificar uma peça, com a suposição que poderão continuar com ... Bh2, seguido<br />
de Tf3, recuperando o material. Mas as Brancas ganharam rapidamente contestando:<br />
1 e5!<br />
O vencedor conta, na revista “Ajedrez en Rússia” como encontrou esta continuação decisiva:<br />
“A primeira vista parece que a Torre de d6 deve deslocar-se, mas falta uma casa onde possa ter jogo ativo.<br />
Seria um grande erro 1 Tb6?? (com a intenção de, se 1 ... Bh2?, contestar com 2 Rh2 Tf3 3 Tb5,<br />
ganhando um Peão por causa de...”<br />
Tente descobrir antes de prosseguir o Tema e o Procedimento.<br />
*****<br />
Tema: Duplo de Bispo ao Rei e Torre.<br />
“1 ... Tc1+ 2 Tg1 Tg1+ 3 Rg1 Be3+” (0-1)<br />
“... Outra possibilidade é a ocupação da sétima horizontal, 1 Td7. Depois da natural resposta 1 ... Bh2, as<br />
brancas podem continuar com ...”<br />
Descubra você o Tema e o Procedimento.<br />
*****<br />
57
Tema: Torre na 7ª horizontal.<br />
“2 T2g7 com ameaça de mate em 2”.<br />
“... Mas Nikitin percebeu que as Negras poderiam continuar aqui com 2 ... Td8! e com a forçada<br />
liquidação, resultaria um final de Torres dificílimo de ganhar. Entretanto, esta linha lhe proporcionou a<br />
idéia de que, se não existisse o Peão e, as Brancas disporiam de sua casa d5 <strong>para</strong> o Bispo, e o mate seria<br />
um fato. Surgiu então a idéia de jogar 1 e5, mas era necessário examinar as diversas variantes. Se as<br />
Negras contestam 1 ... Bh2, seguiria ...”<br />
Descubra você o Tema e o Procedimento.<br />
*****<br />
Tema: Princípio da Promoção do Peão.<br />
“2 Rh2 Tf3 3 e6 (1-0), se 3 ... Tb3 4 e7 Te8 5 Td8” (1-0),<br />
“... e a captura do Peão, (seja por 1 ... fe5 ou 1 ... Be5) permite as brancas a continuação da linha<br />
principal”<br />
A partida transcorreu assim:<br />
1 ... Be5 2 Td7 Bh2<br />
Por que?<br />
*****<br />
Porque caso contrário, as Brancas manteriam a vantagem material.<br />
3 T2g7 Td8<br />
Ou 3 ... Tb8<br />
Descubra você a linha de mate.<br />
*****<br />
Tema: Combinação de Mate.<br />
4 Th7+ Rg8 5 Bd5+ Rf8 6 Th8++ (1-0)<br />
O surpreendente 1 e5! foi consequência da análise das possíveis retiradas da Torre branca em d6.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE<br />
Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha<br />
Págs. 19-21 e 92-101<br />
• XADREZ BÁSICO<br />
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil<br />
Págs. 120-121 e 205-206<br />
• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO<br />
Ricardo Reti, Club de Ajedrez<br />
Págs. 23<br />
• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I<br />
Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,<br />
Barcelona - Espanha<br />
Págs. 20-22<br />
58<br />
Apostila 7
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
VI CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Lasker x Steinitz, 1896-97<br />
Ao classificar-se em segundo lugar no Torneio de San Petesburgo, Steinitz se encontrou de<br />
novo às portas do Título Mundial, e como jamais foi homem que dormisse sobre suas glórias, aceita em<br />
seguida um match com Schiffers, o enxadrista russo de maior talento depois de Tchigorin. O match<br />
celebrou-se em Rostow e Steinitz venceu por +6 -4 =1, após dura batalha, onde demonstrou que, se bem<br />
que conservasse suas grandes qualidades enxadrísticas, sua saúde começava a debilitar.<br />
Apesar de tudo, decide participar do Torneio de Nuremberg, 1896, onde o Campeão Mundial<br />
obtém outro ressonante êxito ao vence-lo, enquanto que Steinitz consegue apenas o sexto lugar. Estaria<br />
Steinitz acabado? Não acredite nisto. Bem é verdade que já tinha idade avançada e que se encontrava<br />
doente, mas tinha fé em si mesmo e partiu <strong>para</strong> Moscou cheio de ilusões, não sem antes pre<strong>para</strong>r-se<br />
conscientemente, quer seja com estudos teóricos, ou com curas em balneários.<br />
O segundo match Lasker x Steinitz, começou em 06 de novembro de 1896, em Moscou, com<br />
as mesmas condições do anterior, ou seja, venceria o primeiro que ganhasse 10 partidas.<br />
O resultado não poderia ser mais desastroso <strong>para</strong> Steinitz, já que perdeu as quatro primeiras<br />
partidas, empatou a quinta, voltou a perder a sexta, chegou a empatar a sétima, oitava e nona, <strong>para</strong> ser<br />
derrotado na décima e décima primeira.<br />
Mas nem assim se rende, e todavia tem brio <strong>para</strong> conseguir sua primeira vitória na partida<br />
número doze. Poderia reverter o adverso placar? Ele tentou e voltou a vencer a décima terceira, mas estas<br />
duas batalhas acabaram com suas forças e Lasker se impôs sem maiores dificuldades, ganhando por +10<br />
-2 =5.<br />
Esta segunda derrota diante de Lasker foi um duro golpe <strong>para</strong> Steinitz, mas sempre desportivo,<br />
pouco depois escrevia em um jornal de New York: “Por que fui derrotado de forma tão lamentável? Em<br />
primeiro lugar, porque Lasker é o maior enxadrista que já encontrei; possivelmente o maior que já existiu.<br />
Ao afirmar expressamente isto, parecerá que quero desculpar-me, rebaixando, ao mesmo tempo a outros<br />
rivais, mas sou incapaz de fazer tal coisa referindo-me à mestres de primeira categoria. Certa vez disse<br />
estas, ou parecidas, palavras, que um mestre não tem direito de sentir-se doente em uma prova, assim<br />
como um general em um campo de batalha. E permaneço fiel a este pensamento.”<br />
E Steinitz, ainda que se negasse a reconhecer, estava doente e envelhecido. Envelhecido pelos<br />
anos e pela dura luta pela sobrevivência, pois sempre foi pobre e cheio de problemas. Depois do match<br />
com Lasker foi internado em um sanatório na Rússia e submetido à observação, mas curou-se e voltou a<br />
lutar em torneios, ainda que o êxito já não lhe voltasse a sorrir. Em seu retorno aos Estados Unidos, foi<br />
objeto de uma carinhosa recepção, e quando, no ano seguinte se dispôs a partir <strong>para</strong> participar no Torneio<br />
de Viena, 1898, quando se comemorava o jubileu do imperador Francisco José, um jornalista lhe<br />
perguntou:<br />
59<br />
— Mestre, já não ganhou o senhor suficientes glórias <strong>para</strong> deixar o lugar <strong>para</strong> os jovens?<br />
— Posso ceder-lhes a glória, mas os prêmios, não - foi a resposta de Steinitz.
Tampouco foram importantes os prêmios que obteve, pois em Viena, classificou-se em quarto<br />
lugar, o que deixaria a qualquer um satisfeito, menos ao grande Steinitz; em Colônia, no mesmo ano, em<br />
quinto, e sua última atuação foi no Torneio de Londres, 1899, onde finalizou na décima primeira posição,<br />
empatado com W. Cohn.<br />
Seus últimos dias foram muito tristes, vivendo praticamente de caridade e com claros<br />
sintomas de loucura. Contam que afirmava ter inventado um meio <strong>para</strong> comunicar-se por meio da<br />
eletricidade com Deus, a quem podia dar a vantagem de um Peão e da saída.<br />
Com sua morte, em 1900, o mundo perdeu o homem que havia revolucionado o xadrez,<br />
terminando sua vida em total miséria.<br />
Durante toda sua vida desenvolveu um grande trabalho jornalístico pelo xadrez, primeiro na<br />
Inglaterra e mais tarde, na América do Norte. Editou a revista mensal “The Internacional Chess<br />
Magazine” em New York, de 1885 a 1891 e publicou os livros “The Modern Chess Instructor”, dois<br />
volumes, 1889 e 1895, e “The sixth American Chess Congress, 1889”.<br />
Steinitz começou o match de Brancas.<br />
Diagrama: Ra4, a7, b6 x Rb7<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
60<br />
Lasker x Steinitz<br />
Moscou<br />
06Nov1896 - 14Jan1897<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Lasker 1 1 1 1 ½ 1 ½ ½ ½ 1<br />
Steinitz 0 0 0 0 ½ 0 ½ ½ ½ 0<br />
11 12 13 14 15 16 17 Tot<br />
Lasker 1 0 0 1 ½ 1 1 12,5<br />
Steinitz 0 1 1 0 ½ 0 0 4,5<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Italiana 1, 3, 6 3 18<br />
Ruy Lopez 2, 4, 8, 10, 12, 14, 16 7 41<br />
Gambito da Dama 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17 7 41<br />
A SEGUIR:<br />
VII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Lasker x Marshall, 1907<br />
FINAIS I<br />
3.3. Rei e dois Peões x Rei
*****<br />
Chegar à posição básica com o Rei na 6ª horizontal.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Rb5 Ra8 2 Rc5 Rb7 3 a8D+ Ra8 4 Rc6 Rb8 5 b7 Ra7 6 Rc7 (1-0)<br />
Diagrama: Rg1, f4, h4 x Rg6<br />
1 ... ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
“Quando dois Peões estão na mesma horizontal, se<strong>para</strong>dos por uma casa, impede-se a captura de um,<br />
avançando-se o outro. A posição de defesa dos Peões, corresponde a um salto de Cavalo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Rh5 2 f5!<br />
E o Peão h não pode ser capturado.<br />
Se 1 ... Rf5 2 h6!<br />
Se 1 ... Rg7, as Brancas devem aproximar o Rei e não jogar:<br />
a) 2 h5? por 2 ... Rh6.<br />
b) 2 f5? por 2 ... Rf6.<br />
Em ambas as variantes as Negras ganham um Peão.<br />
2 ... Rh6 3 Rg2 Rg7 4 h5 Rf6 5 h6 Rf7 6 Rg3 Rg8 7 f6 Rh7 8 f7 (1-0)<br />
A SEGUIR:<br />
3.4. Rei e dois Peões x Rei e Peão<br />
TÁTICA I<br />
2. PREGADURAS<br />
Peça pregada é aquela que ameaçada por outra inimiga não pode, contudo, mover-se, sem<br />
determinar dificuldades maiores.<br />
Diagrama: a3, b2, c3, e4, f2, g2, h2, Dd1, Re1, Th1 x a7, b6, c5, f7, g7, h7, Re8, De7, Th8<br />
1 ?<br />
1 0-0 De4?<br />
Agora as Brancas jogam e ganham, graças ao erro negro. Na ambição de ganhar o Peão, as Negras não<br />
percebem que colocam sua Dama numa coluna onde encontra-se seu Rei.<br />
PLANO<br />
*****<br />
A Dama negra encontra-se numa coluna aberta onde encontra-se seu Rei. Uma Torre posicionada nesta<br />
coluna, capturaria a Dama, pois esta não poderia fugir por causa de seu Rei.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Te1 (1-0)<br />
Diagrama: Rf2, Tg2, Tg8 x De5, Rh4<br />
61
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Atrair a Dama <strong>para</strong> a coluna h (onde encontra-se o Rei), <strong>para</strong> então dar xeque e enquanto o Rei foge, a<br />
Dama é capturada.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Th8+ Dh8 2 Th2+ (1-0)<br />
Diagrama: Ba7, a6, Rc3, Te3 x Ce5, Df4, Rh8<br />
1 Te5 De5?<br />
Agora as Brancas jogam e ganham, graças ao erro negro.<br />
PLANO<br />
*****<br />
A Dama e o Rei encontram-se na mesma diagonal e as Brancas possuem um Bispo que pode domina-la,<br />
pregando a Dama.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bd4 (1-0)<br />
Observe que ainda que 1 ... Dd4, segue 2 Rd4 e as Brancas ganham porque promovem o Peão.<br />
Diagrama: c4, Be2, e3, Tf2 Rh3 x c5, Re6, Tf7, Bg6<br />
1 ?<br />
1 Bg4+ Bf5?<br />
Como você se aproveitaria do erro negro?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Atrair a Torre negra <strong>para</strong> a diagonal h3-c8, onde já age o Bispo branco, deixando-a cravada.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Tf5! Tf5 3 e4 Rf6 4 ef5 (1-0)<br />
Diagrama: d4, Ce2, De3, e5, Rf2, Tf6, Tg7, h3 x Da2, Ba6, Tc7, Rc8, d5, e6, f7, Tf8, h4<br />
Brancas: Chatard<br />
Analise a posição sob o ponto de vista negro. Encontre um possível plano <strong>para</strong> o segundo jogador.<br />
*****<br />
O Cavalo branco está pregado pela Dama negra. Há ainda a ameaça de Tc2, reforçando o ataque sob o<br />
Cavalo branco.<br />
Mas as Brancas tomam providências e seu primeiro lance parece muito inocente.<br />
1 Tg1! Be2<br />
Brancas jogam e ganham, como?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar a possibilidade de pregadura da Torre negra na coluna c.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
62
2 De2 Tc2<br />
O Branco parece perdido!<br />
3 Tc1!<br />
Agora é a Torre negra que ficou pregada. Sobre esta peça convergem duas brancas, a Dama e a Torre,<br />
ameaçando captura-la. Ainda a Torre negra não pode deslocar-se pela ameaça das Brancas Da2.<br />
Verdadeiro duelo de pregadura contra pregadura, ou melhor ainda, de “caçador caçado”<br />
New York, 1855<br />
Gambito Escocês<br />
Meek x Morphy<br />
A SEGUIR:<br />
3. Promoções<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
Paul Morphy<br />
2.1. Partida nº 1<br />
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 d4 ed4<br />
O lance 3 ... ed4, na verdade não é um lance de desenvolvimento, mas sem dúvida, não é uma perda de<br />
tempo, pois se as Brancas quiserem ganhar um Peão a seguir ou mais tarde, terão de jogar Cd4, que<br />
tampouco é um lance de desenvolvimento, pois move uma peça que já havia jogado, o Cavalo de f3. Se as<br />
Negras contestassem com 4 ... Cd4, esta troca seria uma perda de tempo, pois as Brancas com 5 Dd4,<br />
desenvolveriam uma peça que até agora não tinha ação.<br />
Se refletirmos sobre a posição antes desta troca errada, vemos que ambos os lados desenvolveram uma<br />
peça, as Brancas o Cd4, as Negras Cc6. Depois da troca, as Brancas teriam uma peça desenvolvida, a<br />
Dama em d4, em troca, as Negras nenhuma em jogo. Portanto, deve-se reconhecer pelo resultado desta<br />
troca, que foi uma maneira drástica de perda de tempo.<br />
Outra coisa é se as Brancas, por exemplo, na Abertura Escandinava, depois de 1 e4 d5, continuam com 2<br />
ed5, pois as Negras perdem um tempo por 2 ... Dd5, pois está exposta em d5, onde as Brancas ganham um<br />
tempo com 3 Cc3.<br />
Esta abertura (linha principal) tem o nome de Abertura Escocesa. Já que o Peão d4 está atacado e não<br />
pode ser bem defendido, as Negras não tem melhor contestação que a escolhida.<br />
A resposta mais usada é 4 Cd4, pois aparentemente, e graças ao Peão e4, as Brancas têm maior domínio<br />
central e também um jogo mais livre. Sem dúvida, esta vantagem é passageira, pois as Negras podem<br />
atacar ou trocar o Peão de e4, que após manobra pode alcançar a troca por meio de ... d5.<br />
Observe como é mais importante compreender o plano das Aberturas do que decorar variantes!<br />
Os melhores lances <strong>para</strong> o Negro serão os de desenvolvimento, que dominam as casas d5 e e5, pois<br />
somente desta forma se desvia o Peão pressionador e4, <strong>para</strong> poder jogar ... d5.<br />
Já o Branco, somente poderão aproveitar-se da aparente vantagem se chegar a dominar os pontos e4 e d5,<br />
<strong>para</strong> atrasar o desenvolvimento do jogo negro com d5. Ambos se empenharão em encontrar tais lances de<br />
desenvolvimento que ataquem as casas citadas. Assim resultam as seguintes combinações: 4 Cd4 Cf6<br />
(atacando d5 e e4) 5 Cc3 (defendendo e4 e d5) Bb4 (continuando o ataque) 6 Cc6 (as Brancas não tem<br />
melhor continuação <strong>para</strong> abrir e4 do que esta pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> o lance Bd3) bc6 7 Bd3 d5. As Negras<br />
conseguiram seu objetivo, trocaram o Peão de e4, com equilíbrio.<br />
4 Bc4<br />
Este lance não é desvantajoso, ainda que se sacrifique um Peão, obtém um rápido desenvolvimento.<br />
Característica do Gambito Escocês. Mas as Brancas cometem o erro, que veremos, não <strong>para</strong> jogar o<br />
63
Gambito com rápido desenvolvimento, mas com o interesse de um ataque prematuro contra a casa f7,<br />
idéias próprias daquele tempo e cuja deficiência foi provada por Morphy.<br />
4 ... Bc5 5 Cg5<br />
Isto é um erro por dois fundamentos: 1º As Brancas nesta posição aberta jogam a mesma peça duas vezes,<br />
que havia sido desenvolvida, portanto, perdem um tempo, enquanto que as Negras conseguem uma<br />
vantagem no desenvolvimento. 2º As Brancas esquecem que a Abertura é uma luta no centro e, com o<br />
lance do texto, cede imediatamente ao adversário o domínio do mesmo. A continuação melhor aqui seria<br />
5 c3 <strong>para</strong> continuar depois de 5 ... dc3 com 6 Bf7+ Rf7 7 Dd5+.<br />
5 ... Ch6<br />
As Negras defendem-se com um lance de desenvolvimento. Se tivessem jogado 5 ... Ce5, que também<br />
defende f7 e ataca c4, teria cometido o mesmo erro branco de jogar duas vezes a mesma peça na abertura.<br />
Graças a esta seqüência, no decorrer da partida, as Brancas chegaram à vantagem.<br />
6 Cf7 Cf7 7 Bf7+ Rf7 8 Dh5+<br />
Os principiantes apreciam este tipo de combinação, mas um jogador experiente, teme diante dela, pois as<br />
peças brancas desenvolvidas desaparecem do tabuleiro, e as que permanecem estão ainda na posição<br />
inicial. Logo, não resulta um ataque vencedor!<br />
8 ... g6 9 Dc5<br />
Somente uma peça branca está desenvolvida, a Dama, e, logo estará exposta ao ataque adversário. Desta<br />
forma, o Negro chega a uma vantagem decisiva rapidamente. Se o Negro, tivesse jogado 5 ... Ce5,<br />
teríamos o mesmo diagrama, mas com a diferença de que o Cavalo do Rei estaria restringido em g8,<br />
devido a seguinte continuação: 6 Cf7 Cf7 7 Bf7+ Rf7 8 Dh5+ g6 Dc5, etc.<br />
9 ... d6 10 Db5 Te8 11 Db3+<br />
As Brancas, por jogarem errado com a Dama, perdem tempo. Agora inicia-se a vitória de Morphy, de<br />
forma gratificante. Deveria ter jogado 11 0-0.<br />
11 ... d5 12 f3 Ca5 13 Dd3 de4 14 fe4 Dh4+ 15 g3 Te4+ 16 Rf2 De7 17 Cd2<br />
Agora segue uma bonita combinação baseada na situação em que a Dama branca não pode, nem deve<br />
abandonar o apoio da casa e2.<br />
17 ... Te3 18 Db5 c6 19 Df1 Bh3 20 Dd1 Tf8<br />
Os principiantes que no calor da luta somente jogam com as peças que têm desenvolvidas, esquecem de<br />
trazer as reservas, podem aprender muito com este lance!<br />
21 Cf3 Re8 (0-1)<br />
A SEGUIR:<br />
2.2. Partida nº 2<br />
New York, 1857<br />
Gambito Escocês<br />
Th. Lichtenhein x Morphy<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 7.1<br />
b4, c3, f2, h4, Ta5, Bc2 Bd4, De3 Rg1 x b5, c4 e4, g6, h7, Bb7, Td7, Cf4, Df5, Rg8<br />
Lee x Lasker<br />
Londres, 1899<br />
1 ... ?<br />
Análoga, mas mais difícil de resolver é a posição deste diagrama. O então Campeão Mundial ganhou<br />
brilhantemente começando com:<br />
1 ... Td4!<br />
Como pôde descobrir tal lance? Previamente Lasker considerou a lógica continuação 1 ... Dg4+ 2 Rf1.<br />
Analise 2 Dg3.<br />
64
*****<br />
Tema: Duplo de Cavalo ao Rei e Dama.<br />
2 ... Ce2+ (0-1).<br />
Prosseguindo a análise, 2 ... Dg2+ 3 Re1 Dg1+ 4 Rd2, com posição vantajosa <strong>para</strong> as Negras, que tem um<br />
Peão a mais, com o Rei adversário no centro do tabuleiro. Mas não se deve buscar uma forma de ganhar<br />
rapidamente. Sem dúvida, Lasker considerou aqui, que depois de 4 ... Td4+ 5 cd4 c3+ 6 Dc3 Df2+ 7 Rd1<br />
e3, mas isto falha, pois as Brancas poderiam contestar a 4 ... Td4+? com 5 Dd4. Reconsiderando a<br />
posição, se deu conta de que jogando em seguida 1 ... Td4, as Brancas não poderiam tomar com a Dama<br />
por causa de ...<br />
Será que você descobre?<br />
*****<br />
Tema: Duplo de Cavalo.<br />
Se 2 Dd4 Ce2+ (0-1).<br />
Em consequência, toda a combinação pode desenrolar-se da forma prevista:<br />
2 cd4 Dg4+ 3 Rf1 Dg2+ 4 Re1 Dg1+ 5 Rd2 c3+ 6 Dc3<br />
Por que não se deve jogar 6 Rc3? ?<br />
*****<br />
Tema: Duplo de Cavalo.<br />
Por 6 ... Cd5+ (0-1).<br />
Prosseguindo a linha principal:<br />
6 ... Df2+ 7 Rd1<br />
Por que não se deve jogar 7 Rc1? ?<br />
*****<br />
Tema: Duplo de Cavalo.<br />
Por 7 ... Ce2+ (0-1).<br />
7 ... e3 8 Bb3+ Rg7 9 d5+ Rh6 10 De1 Bc8! (0-1)<br />
As Brancas abandonaram. Por que?<br />
*****<br />
Tema: Desvio de Peça Defensiva e Promoção de Peão.<br />
As Negras ameaçam o inevitável ... Bg4+, e depois de 11 Df2 ef2 com promoção inevitável.<br />
Quando Lasker efetuou seu primeiro lance, provavelmente não calculou totalmente o desenlace desta<br />
combinação, mas considerou que após 6 ... Df2+ a posição resultante era suficiente <strong>para</strong> ganhar. Os<br />
elementos onde podia apoiar tal idéia eram o Peão livre de e3, a desfavorável posição do Rei branco e o<br />
exílio da Torre branca de a5.<br />
Tarrasch encontrou, mais tarde um segundo caminho vencedor: 1 ... Dg4+ 2 Rf1 Dg2+ 3 Re1 Dg1+ 4 Rd2<br />
Cg2 5 De2 e3+! 6 fe3 Bf3!, etc. Esta linha é mais curta que a seguida por Lasker. Para a técnica do précálculo,<br />
este fato não tem muita importância. Quando se está jogando uma partida de torneio e encontra-se<br />
uma variante que conduz com segurança à vitória, raramente perde-se tempo em buscar outra. Isto<br />
justifica o fato de Lasker não ter feito a continuação recomendada por Tarrasch.<br />
No cálculo prévio de posições complicadas, cometem-se erros típicos. Um dos mais freqüentes é a<br />
omissão dos lances chamados “intermediários”. Se em nosso plano esquecemos o direito do adversário de<br />
procurar lances ocultos ou imprevistos que possam virar a posição, é provável que surja um contratempo.<br />
O lance intermediário baseia-se em motivos muito simples. Por exemplo, não retirar uma peça atacada<br />
<strong>para</strong> ameaçar antes a do adversário. Depois dos lances 1 d4 Cf6 2 f4 e6 3 Cc3 Bb4 4 e3 Cc6 5 Bd3 e5 6<br />
d5, as Negras podem retirar o Cavalo até as casas e7 ou b8 (também após a troca prévia 6 ... Bc3+, <strong>para</strong><br />
debilitar a formação de Peões inimiga). Mas existe a possibilidade de intercalar o lance 6 ... e4!, e se 7<br />
Be2 (ou 7 Bf1), pode seguir então o ativo lance 7 ... Ce5.<br />
Diagrama 7.2<br />
a2, b3, d5, e4, f2, g4, h3, Ta1, Bb2, Bc2, Dd1, Cd2, Tf1, Rg1, Ch4 x a6, b5, c5, d6, f7, g7, h7, Ta8,<br />
Cb8, Dd8, Be7, Cf6, Rf8, Bg6, Th8<br />
65
Bochum, 1958<br />
Christoph x Rautenberg<br />
1 ... ?<br />
1 ... Be4?<br />
O melhor era 1 ... Cfd7.<br />
2 Ce4 Ce4<br />
O Negro acreditou que a peça havia sido recuperada, pois o Cavalo branco de h4 está indefeso, ganhando<br />
o Peão. Mas as Brancas deram uma resposta desagradável:<br />
PLANO<br />
*****<br />
TEMA: Xeque intermediário<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
3 Bg7+<br />
E os lances negros são agora todos forçados!<br />
Rg7 4 Cf5+ Rf8 5 Be4<br />
E o material está equilibrado, mas as Brancas tem superioridade posicional, pois seu Cavalo está numa<br />
posição privilegiada enquanto o Rei negro está deficiente.<br />
Apostila 8<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
VII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Lasker x Marshall, 1907<br />
A personalidade de Lasker se estendeu a outros campos alheios ao xadrez, pois o objetivo de<br />
converter-se em Campeão Mundial voltou a seus estudos de matemática e filosofia, doutorando-se<br />
brilhantemente na Universidade de Eriangen, em 1900. Também adquiriu renome, escrevendo obras<br />
filosóficas como Der Kampt (A luta), em 1907, e Das Begreifen der Welt (A compreensão do mundo).<br />
Como escritor de xadrez, fora as colaborações em jornais e revistas, publicou O sentido comum no<br />
xadrez; Manual de xadrez, nos quais expressa seu modo de entender o jogo, O Torneio de San<br />
Petesburgo, 1909; Lasker x Tarrasch, 1916; Lasker x Capablanca, 1921; Alekhine x Bogoljubow,<br />
1934 e na América do Norte editou a revista Lasker's Chess Magazine, de 1904 a 1908.<br />
Para Lasker o xadrez era antes de tudo uma luta e tudo subordinou a este fim. Veja o que disse<br />
Reti a respeito dele em sua obra Os grandes mestres do tabuleiro: Seu segredo consiste no seguinte: o<br />
essencial <strong>para</strong> ele é a luta de nervos. Busca por meio da partida atacar em primeiro lugar o equilíbrio<br />
psicológico do adversário. Sabe produzir nesta queda nervosa que é corrente após um erro cometido, e<br />
faz que esta queda seja precisamente a origem e a causa de um próximo erro. Como consegue? Estuda as<br />
partidas, a forma de jogar, a força e a fraqueza dos mestres com os quais vai jogar. Não busca os<br />
melhores lances, mas os mais desagradáveis ao adversário, guiando a partida a uma direção que não<br />
seja a que agrade seu rival. Sobre este caminho desconhecido por seu oponente, e com lances fracos,<br />
propositais, Lasker se encaminha até o abismo, mas criando sempre problemas ao rival. E chega o<br />
66
momento em que o tempo premia, e tem de jogar com rapidez em posições difíceis, é então que Lasker<br />
usa toda sua verdadeira força, vem a queda nervosa do adversário, a catástrofe psicológica e com ela a<br />
catástrofe sobre o tabuleiro.<br />
Este era o método de Lasker, o qual, por outro lado, de nada serviria se não possuísse<br />
extraordinária condição combinativa e exata consciência da posição, assim como a habilidade fora do<br />
comum <strong>para</strong> jogar finais.<br />
Para compreender bem o caráter de Lasker, nada melhor do que narrar o que o mestre inglês<br />
Winter conta em seu livro Kings of Chess: “Na partida que jogamos no torneio de Nottinghan, 1936,<br />
situei um Cavalo em uma casa em que podia ser capturado por um Peão. Lasker replicou rapidamente<br />
com um lance defensivo e acabou vencendo. Quando terminou a partida, um espectador lhe perguntou<br />
por que não havia capturado o Cavalo, e Lasker respondeu: "Eu estava jogando com um forte mestre, e<br />
quando um forte mestre pensa hora e meia <strong>para</strong> um lance, creio que não é conveniente fazer o que ele<br />
deseja.”"<br />
Desde seu triunfo no Torneio de Londres, 1899, até seu encontro com Marshall, em 1907, a<br />
atividade de Lasker não foi muito extensa, reduzindo-se ao Torneio de Paris, 1900, que ganhou em<br />
brilhante estilo; um match com abertura selecionada com Tchigorin, que perdeu por +1-2=3, em Brighton<br />
(Inglaterra), 1903; o torneio de Cambridge Springs, 1094, vencido por Marshall, onde empatou em<br />
segundo lugar com Janowski, e sua vitória no pequeno Torneio de Trenton Falls, 1906.<br />
Frank James Marshall (New York, 1877 - 1944), foi um dos enxadristas mais simpáticos e de<br />
jogo mais alegre e agressivo que jamais haviam existido. Sua carreira enxadrística foi muito longa e<br />
deteve o título de Campeão dos Estados Unidos por 27 anos, até 1936, quando deixou o título vago por<br />
decisão própria. Seus êxitos mais importantes foram o primeiro lugar no citado Torneio de Cambridge<br />
Springs, 1904, e suas vitórias em Scheweningen, 1905; Nuremberg, 1906; New York, 1910; La Habana,<br />
1913 e New York, 1913. Quanto a matches foram numerosíssimos os que jogou, ganhando entre outros de<br />
Janowski, Paris, 1905 (+8-5=4); Mieses, Berlim, 1908 (+5-4=1); Showalter, Lexington, 1909 (+7-2=3);<br />
Janowski, Biarritz, 1912 (+6-2=2) e Janowski, New York, 1916 (+4-1=3). Sem dúvida também sofreu<br />
sérios tropeços, pois foi derrotado por Tarrasch, Nuremberg, 1905 (+1-8=8); Janowski, Suresnes, 1908<br />
(+2-5=3) e Capablanca, New York, 1909 (+1-8=14).<br />
Seu estilo de jogo, audaz em demasia, se fez famoso por seus veementes ataques ao monarca<br />
adversário, e por suas combinações, algumas falsas, que se fizeram populares pelo nome de estelionato,<br />
mas que sem dúvida, lhe proporcionaram numerosas vitórias.<br />
O encontro Lasker x Marshall, teria como vencedor o que primeiro vencesse oito partidas, e se<br />
desenvolveu nas cidades norte-americanas de New York, Filadélfia, Memphis, Chicago e Baltimore, de<br />
26Jan a 06Abr, e constituiu um redondo triunfo do campeão, que não permitiu a seu adversário vitória<br />
alguma, finalizando por +8-0=7 a favor de Lasker.<br />
O encontro teve pouca história, já que Lasker venceu as três partidas iniciais, e depois,<br />
serenamente, foi impondo-se pouco a pouco as tentativas audazes de seu rival.<br />
Como dado curioso temos que Marshall somente pode ganhar de Lasker em duas ocasiões, a<br />
primeira quando se enfrentaram no Torneio de Paris, 1900 e a última, uma partida de exibição em New<br />
York, 1940, enquanto se disputava o Campeonato Norte-americano.<br />
67
Marshall dedicou toda sua vida ao xadrez, e nos legou um delicioso livro titulado Meus 50<br />
anos de xadrez, no qual junto a suas mais belas partidas se encontram numerosas anedotas da época<br />
dourada do xadrez.<br />
Lasker x Marshall<br />
New York, Philadelphia, Washington, Baltimore, Chicago, Memphis e New York<br />
26Jan - 08Abr1907<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tot<br />
Lasker 1 1 1 ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½ 1 1 1 1 11,5<br />
Marshall 0 0 0 ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½ 0 0 0 0 3,5<br />
Marshall começou o match de Brancas.<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Francesa 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 7 46<br />
Gambito da Dama 3, 5, 7, 9, 13, 15 6 40<br />
Holandesa 11 1 7<br />
Ruy Lopez 1 1 7<br />
A SEGUIR:<br />
VIII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Lasker x Tarrasch, 1908<br />
FINAIS I<br />
3.4. Rei e dois Peões x Rei e Peão<br />
Geralmente as Brancas ganham, mas há exceções interessantes.<br />
Diagrama: d5, h4, Rd3 x f3, Rf5<br />
1 ... ? (=)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Valorizar o Peão passado, atingindo a casa g2 <strong>para</strong> auxilia-lo na promoção.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Rg4! 2 d6 Rg3 3 d7 f2 4 Re2 Rg2 5 d8D f1D+(=)<br />
Diagrama A: e7, f6, Re5 x f7, Re8<br />
Diagrama B: d2, e3, Rb1 x d3, Rb3<br />
1? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
"Os Peões (brancos no caso), estando unidos e um deles sendo passado o ganho é fácil”.Em ambos os<br />
casos, "dar a volta" e tomar o Peão inimigo, <strong>para</strong> poder promover o seu tranqüilamente.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
A) 1 Rf5 Rd7 2 Rg5 Re8 3 Rh6 Rd7 4 Rg7 Re8 5 Rg8 Rd7 6 Rf7 (1-0)<br />
68
B) 1 Rc1 Rc4 2 Rd1 Rd5 3 Re1 Re5 4 Rf2 Re4 5 Rg3 Re5 6 Rf3 Rf5 7 e4+ Re5 8 Re3 (1-0)<br />
Diagrama: a2, c4, Rc3 x a7, Rc6<br />
Bayer, 1911<br />
1? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Chegar a uma posição básica de Rei e Peão x Rei favorável ao primeiro jogador, usando <strong>para</strong> isto o<br />
tempo de Peão.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Rd4 Rd5 2 c5+ Rc6 3 Rc4 Rc7 4 Rd5 Rd7 5 c6+ Rc7 6 Rc5 Rc8 7 Rd6 Rd8 8 c7+ Rc8 9 Rc6 a5 10<br />
Rb6 a4 11 a3<br />
Zugzwang.<br />
11 ... Rd7 12 Rb7 (1-0)<br />
Diagrama: a4, c3, Rc2 x a5, Rc4<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Observe que se jogassem as Negras, o ganho seria fácil, pois perderiam a oposição.<br />
As Brancas devem utilizar uma manobra chamada "triangulação" <strong>para</strong> chegar a mesma posição, mas<br />
tendo o adversário o lance.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Rb2 Rc5 2 Rc1! Rd5<br />
E se 2 ... Rc4?<br />
*****<br />
3 Rc2, e o objetivo é conseguido imediatamente.<br />
3 Rd2 Re4 4 Re2 Rd5 5 Rd3 Rc5 6 c4!<br />
Qual o objetivo branco?<br />
*****<br />
Entregar o Peão a <strong>para</strong> progredir com o Peão c.<br />
6 ... Rb4 7 Rd4 Ra4 8 Rc3!!<br />
Engenhoso lance de Rei.<br />
8 ... Ra3 9 c5 a4 10 c6 Ra2 11 c7 a3 12 c8D Rb1 13 Rb3 a2 14 Dc2+ Ra1 15 Db2++ (1-0)<br />
E se as Negras jogassem 3 ... Rc5 ?<br />
*****<br />
Seguiria 4 Rd3 Rd5 5 c4+ Rc5 6 Rc3, e as Brancas ganham como no diagrama anterior.<br />
Diagrama: f4, g4, Re3 x f6, Re6<br />
1 ?<br />
Analise a posição. Que resultado terá este diagrama? Qual o plano e o procedimento?<br />
*****<br />
Empate.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Chegar a um final de Rei e Peão x Rei empatado, sacrificando seu Peão.<br />
PROCEDIMENTO<br />
69
*****<br />
1 Re4 f5+!! 2 gf5 Rf6 (=)<br />
Segue-se ... Rf5 com final empatado.<br />
A SEGUIR:<br />
3.5. Rei e dois Peões x Rei e dois Peões<br />
TÁTICA I<br />
3. PROMOÇÕES<br />
Normalmente quando se promove um Peão que atingiu a 8ª horizontal, este é substituído por<br />
uma Dama, mas há exceções em que uma peça de valor inferior é mais vantajosa ou decisiva.<br />
Diagrama: Rf5, f7, h6 x Rh8<br />
1? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão h6 domina a casa de fuga g7. Se existisse uma peça que dominasse h6, h7, h8 e g8<br />
simultaneamente teríamos uma posição de mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 f8D+ Rh7 2 Dg7++ (1-0)<br />
E se o lance fosse negro?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Se o lance fosse negro, seria forçado jogar Rh7. Nesta posição, não se pode promover o Peão<br />
imediatamente à Dama, pois haveria pat. É necessário fazer um lance de espera <strong>para</strong> promover o Peão<br />
com xeque, seguido de mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Rh7 2 Rf6 Rh8 3 f8D+ (1-0)<br />
Diagrama: Rc2, g7 x Ra1<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Rei branco domina as casas de fuga b1 e b2 (e a possível b3). É necessário ter uma peça que domine<br />
a1, a2 e a3 simultaneamente. Se o Peão g for promovido à Dama temos o pat!<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 g8T Ra2 2 Ta8++ (1-0)<br />
Diagrama: d7, Rh7 x Dc6, Rf7<br />
1 ? (=)<br />
PLANO<br />
*****<br />
70
As Negras ameaçam mate em 2, sendo o primeiro lance das Brancas (tente descobrir), a promoção do<br />
Peão à Dama não o evita. Observe que o Rei e a Dama encontram-se em casa conjugada ao salto de<br />
Cavalo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 d8C+! (=)<br />
Diagrama: a5, e3, g7, Ca8, Bd7, Re2, x a6, g2, Rg1, Bh1, Dh8<br />
Orfeu Gilberto D'Agostinni<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O 1° lance é fácil: 1 gh8, mas que promoção realizar? Dama ou Torre ocorre o pat; Cavalo dá vitória ao<br />
2° jogador, pois consegue promover o Peão g com a manobra ...Rh2/...g1D. Obviamente resta apenas o<br />
Bispo, mas que plano seguir? Se o Cavalo estivesse em h3 (ou f3) teríamos uma posição de mate, mas as<br />
Negras estão sem movimentos. Deve-se então sacrificar uma peça <strong>para</strong> dar movimentos às Negras. Surge<br />
a idéia de sacrificar o Bispo em b5, quando então surgiria o Peão passado negro da coluna b, a 4 passos<br />
da promoção. O Cavalo também necessita de apenas 4 passos <strong>para</strong> chegar ao objetivo, ou seja, vence<br />
quem jogar primeiro! Deve-se calcular os lances cuidadosamente.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 gh8B! Rh2 2 Be5+ Rg1<br />
As Negras estão sem movimentos.<br />
3 Bb5! ab5 4 Cc7 b4 5 Ce6 b3 6 Cg5 b2 7 Ch3++ (1-0)<br />
New York, 1857<br />
Gambito Escocês<br />
Th. Lichtenhein x Morphy<br />
A SEGUIR:<br />
4. Ataque duplo de Cavalo ao Rei e à Dama<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
2.2. Partida nº 2<br />
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 d4 ed4 4 Bc4 Cf6<br />
Colocando as peças em jogo rapidamente. As Brancas têm duas peças desenvolvidas (Cavalo e Bispo)<br />
além de terem jogado os dois Peões centrais (que colaboram <strong>para</strong> o desenvolvimento das peças). As<br />
Negras têm duas peças desenvolvidas, mas apenas um Peão central. Não se pode afirmar que as Brancas<br />
estão melhores porque tem um Peão a menos. Para recuperar este Peão, devem jogar Cd4, que não é um<br />
lance de desenvolvimento, pois move duas vezes a mesma peça na abertura. Para recuperar o Peão, as<br />
Brancas devem devolver o tempo ganho, atingindo a igualdade.<br />
5 e5<br />
A perda de tempo por um lance de ataque. O lance do texto ataca o Cavalo, mas não continua o<br />
desenvolvimento. Se as Negras fossem obrigadas a contestar com um lance defensivo, que não<br />
desempenhasse nada em favor do desenvolvimento, se igualariam os tempos perdidos e o ataque branco<br />
se justificaria. Mas Morphy contestará com um lance de desenvolvimento, ganhando um tempo.<br />
71
O correto teria sido 5 0-0, e se 5 ... Ce4, então 6 Te1 d5, recuperando as Brancas ambos os Peões<br />
sacrificados.<br />
5 ... d5 6 Bb5 Ce4<br />
Ambos tiveram de jogar uma peça desenvolvida.<br />
7 Cd4 Bd7<br />
Até agora as Brancas não conseguiram vantagem alguma. Conseguiram duas peças desenvolvidas e<br />
jogaram os Peões centrais, ou seja, têm quatro tempos desenvolvidos. Em troca, o Negro tem três peças<br />
desenvolvidas (dois Cavalos e Bispo) e os dois Peões centrais totalizando cinco tempos de<br />
desenvolvimento. A vantagem do tempo originou-se no lance 5 branco.<br />
8 Cc6<br />
Novamente uma perda de tempo, pois as Negras, ao retornar com o Peão, obrigam o Bispo b5 (já<br />
desenvolvido) a mover-se novamente.<br />
8 ... bc6<br />
As Brancas perderam dois tempos. Lichtenhein tem uma peça desenvolvida e jogou os dois Peões<br />
centrais, logo, tem três lances de desenvolvimento. Morphy tem duas peças desenvolvidas e igualmente<br />
dois Peões centrais jogados. Logo, as Brancas tem um tempo perdido.<br />
9 Bd3 Bc5 10 Be4 Dh4 11 De2 de4 12 Be3<br />
Em posições abertas, deve-se (especialmente quando o desenvolvimento está atrasado), colocar o Rei a<br />
salvo dos ataques, o indicado aqui seria 12 0-0.<br />
12 ... Bg4 13 Dc4<br />
As Brancas buscam a salvação com o contra-ataque, pois 13 Dd2 perdem em seguida por 13 ... Td8.<br />
Assim nasce um furioso jogo de combinação, oferecendo as melhores possibilidades de combinar ao lado<br />
que tenha mais peças em jogo.<br />
13 ... Be3! 14 g3<br />
Seria bonito: 14 Dc6+ Bd7 15 Da8+ Re7 16 g3! Bf2+ 17 Rf2 e3+ 18 Re1 (Se 18 Rg1, segue 18 ... e7)<br />
Db4+ 19 c3 Db2 20 Dh8 Bg4, com mate inevitável.<br />
14 ... Dd8 15 fe3 Dd1+ 16 Rf2 Df3+ 17 Rg1 Bh3<br />
O mate é inevitável.<br />
18 Dc6+ Rf8 19 Da8+ Re7 (0-1)<br />
A SEGUIR:<br />
2.3. Partida nº 3<br />
New York, 1857<br />
Gambito Falkbeer<br />
Schulten x Morphy<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 8.1<br />
a2, b2, c3, d4, g3, h2, Ta1, Be2, Tf1, Df3, Rg1 x a7, b7, c7, d5, g7, h7, Te8, Tf8, Df6, Rg8<br />
Mattisson x Vukovik, Debreczen, 1925<br />
As Brancas calcularam 1 ... De7 2 Dh5 De2??, uma pausa, por que interroga duas?<br />
*****<br />
Por 3 Tf8+ Rf8 4 Tf1+ ganhando a Dama.<br />
Mas e se 4 ... Rg8?<br />
*****<br />
5 Df7+, com mate em 2.<br />
A partida transcorreu assim:<br />
1 ... De7 2 Dh5<br />
Mas as Negras encontraram um lance que obrigam as Brancas a resignarem-se. Descubra-o.<br />
72
*****<br />
É o xeque intermediário:<br />
2 ... De3+! (0-1)<br />
Se 3 Rh1 segue 3 ... De2 4 Tf8+ Rf8 e o lance Tf1+ não é possível.<br />
Diagrama 8.2<br />
b2, b3, c2, e4, g3, h2, Ca4, Rb1, Td1, Dd2, Be2, Tf1 x a6, b7, d6, e6, f6, h5, Da7, Rb8, Bd7, Td8, Be7,<br />
Th8<br />
Keres x Botwinnik, Moscou, 1956<br />
Keres encontrou uma combinação na qual teve de calcular 2 lances intermediários do adversário, além de<br />
alguns próprios.<br />
1 Tf6!!<br />
Botwinnik não pode capturar agora esta Torre. Por que?<br />
*****<br />
Se 1 ... Bf6 2 Dd6+ Ra8 (ou Rc8) 3 Cb6+, ganhando a Dama.<br />
Mas existem 2 possibilidades intermediárias:<br />
a) 1 ... Ba4<br />
O objetivo é continuar, se 2 ba4, com 2 ... Bf6. Mas Keres tem um excelente lance intermediário.<br />
Qual?<br />
*****<br />
2 Tf7!<br />
Atacando o Bispo negro indefeso de e7, conservando o Peão de vantagem.<br />
b) 1 ... b5 2 Tf7! Be8 3 Tg7 ba4 4 Db4+ Rc8 5 Td3 Td7 6 Tc3+ Rd8 7 Da5+<br />
Outra alternativa seria 4 ... Ra8 5 e5! com dupla ameaça. Descubra-as.<br />
*****<br />
6 Bf3+ e 6 ed6.<br />
Por que 5 ... d5 não funciona?<br />
*****<br />
Por 6 Te7.<br />
Observe como no cálculo prévio é indispensável lembrar que não é prudente no curso de uma<br />
combinação, cair em uma dupla ameaça se não existir a possibilidade de liberar uma delas contra ataques<br />
efetivos.<br />
Apostila 9<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
VIII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Lasker x Tarrasch, 1908<br />
Em 17Ago1908 começou em Düsseldorf o match que durante tantos anos, toda a aficção<br />
mundial estava esperando. As negociações foram longas e trabalhosas, já que entre eles existia uma<br />
evidente animosidade, principalmente por parte de Tarrasch, que jamais havia perdoado Lasker pela<br />
conquista do título mundial antes dele.<br />
73
Siegbert Tarrasch (Breslau, 1862 - Munich, 1934) foi o principal propulsor das doutrinas de<br />
Steinitz e suas principais obras, Trezentas partidas de xadrez e A moderna partida de xadrez,<br />
influenciaram poderosamente no desenvolvimento de várias gerações de enxadristas, pelo qual foi<br />
chamado de praeceptor germaniae, devido ao seu extremo dogmatismo e afã de fixar cátedra em todos os<br />
aspectos do xadrez, até o ponto em que o notável psicólogo e grande enxadrista norte-americano, Ruben<br />
Fine, referindo-se a seus artigos, afirma que deveriam chamar-se Assim fala Tarraschustra.<br />
Tarrasch possuía um orgulho excessivo sem com<strong>para</strong>ções, que lhe transformava em uma<br />
pessoa antipática, pois tinha um conceito muito elevado sobre si, subestimando todos os adversários, o<br />
que notavelmente o prejudicou. Conta-se que, antes do início do Torneio de Hamburgo, 1910, protestou<br />
com os organizadores pela inclusão do jovem inglês Yates, alegando que não tinha suficiente história <strong>para</strong><br />
participar do torneio. Objetivamente falando, ele tinha razão, mas seguramente se arrependeu mais tarde<br />
de suas palavras, pois Yates não somente ganhou-lhe uma partida, mas uma bela partida.<br />
Este aspeto negativo de seu caráter tem como contrapartida seu grande amor pelo xadrez<br />
durante toda sua vida e as belíssimas partidas que deixou <strong>para</strong> a posteridade, verdadeiras jóias do jogo de<br />
posição. A ele pertence a frase o xadrez, como a música, como o amor, tem a virtude de fazer feliz o<br />
homem, o que demonstra que Tarrasch, apesar de sua egolatria, não foi apenas um dos maiores jogadores<br />
de todos os tempos, mas também um dos mais fieis adoradores de Caissa.<br />
Quando Lasker proclamou-se Campeão Mundial, teve que reconhecer que Tarrasch contava<br />
com um histórico muito superior, pois havia vencido os importantíssimos torneios de Nuremberg, 1888;<br />
Breslau, 1889; Manchester, 1890; Dresden, 1892 e Leipzig, 1894, além disso, recusou o match com<br />
Steinitz <strong>para</strong> não prejudicar sua carreira de médico, que exerceu primeiro em Nuremberg e depois em<br />
Munich. Verdade que não venceu o match contra Tchigorin em 1893, mas devemos reconhecer que seu<br />
rival tinha autêntica categoria de Campeão Mundial, ainda que jamais houvesse sustentado o título.<br />
Depois do surgimento de Lasker no cenário internacional, havia sido superado pelo Campeão Mundial em<br />
Hastings, 1895, e Nuremberg, 1896, mas nos encontros particulares estavam empatados, pois havia<br />
ganhado na primeira ocasião, perdendo a segunda. Mais tarde obteve um triunfo impressionante no grande<br />
Torneio de Viena, 1898, onde partici<strong>para</strong>m em 2 turnos, os melhores enxadristas, com exceção do<br />
Campeão Mundial, e outro não menos notório, o Torneio de Monte Carlo, 1903.<br />
Em 1905, enfrentou Marshall em Nuremberg, que havia vencido no ano anterior, superando<br />
Lasker e todos os grandes da época, em Cambridge-Springs, derrotando-o pelo avassalador resultado de<br />
+8-1=8, com o que voltou a sentir-se o mais forte enxadrista do mundo, segundo o que manifestou: Após<br />
minha última e maior atuação, não vejo motivos <strong>para</strong> reconhecer alguém superior a mim no mundo<br />
enxadrístico. Seguramente foi mais difícil vencer o jovem Marshall, novo gênio americano em ascensão,<br />
que ao velho Steinitz. Estou disposto a jogar com Lasker sob condições iguais, mas não vou desafia-lo,<br />
isto o faz somente quem não é famoso e conquistou poucos títulos”.<br />
A estas palavras Lasker enfrentou Marshall, vencendo por um placar superior ao obtido por<br />
Tarrasch, com o qual a rivalidade aumentou ainda mais. A comissão organizadora do Campeonato<br />
Mundial fez com que ambos fizessem as pazes, concordando Lasker em celebrar um encontro prévio,<br />
afirmando não sentir rancor de seu rival. Quando Tarrasch aproximou-se de Lasker, disse-lhe com rosto<br />
carrancudo: A você, doutor Lasker, só tenho que dizer-lhe duas palavras: xeque mate!<br />
O vencedor do match seria aquele que primeiro conseguisse oito vitórias e realizou-se em<br />
Düsseldorf (onde foram jogadas as quatro primeiras partidas) e Munich (as restantes), e resultou numa<br />
amarga derrota <strong>para</strong> Tarrasch, pois poucas vezes não cumpriu o que prometeu, já que venceu somente três<br />
partidas, enquanto foi derrotado em oito, com cinco empates.<br />
74
Após esta derrota, Tarrasch participou de torneios até 1928, e ainda que produzindo notáveis<br />
partidas, não venceu torneios importantes. Em 1911 enfrentou Schlechter em um emocionante encontro,<br />
em Colônia, com o qual empatou em +3-3=10; em 1916, derrotou Mieses, em Berlim, por +7-2=4, e neste<br />
mesmo ano, voltou a enfrentar Lasker em um match amistoso, em benefício às vítimas da Guerra, e o<br />
resultado foi mais adverso que o anterior, perdendo por<br />
+0-5=1.<br />
Deve-se reconhecer que Tarrasch, apesar de ter sido um dos mais notáveis enxadristas de<br />
todos os tempos, teve o triplo azar de não enfrentar Steinitz, não enfrentar Lasker em sua melhor fase (que<br />
foi no final do século), e haver coincidido sua carreira com a de um dos maiores gênios de toda a história<br />
do xadrez.<br />
Lasker iniciou o match com as Brancas.<br />
Lasker x Tarrasch<br />
Düsseldorf e Munich, 17Ago - 30Set1908<br />
1 2 3 4 5 6 7 8<br />
Lasker 1 1 0 1 1 ½ 1 ½<br />
Tarrasch 0 0 1 0 0 ½ 0 ½<br />
9 10 11 12 13 14 15 16 Tot<br />
Lasker ½ 0 1 0 1 ½ ½ 1 10,5<br />
Tarrasch ½ 1 0 1 0 ½ ½ 0 5,5<br />
ABERTURAS N° DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Francesa 6, 7, 9, 11 4 25,0<br />
Ruy Lopez 1, 2, 3, 4, 5, 8, 10, 12, 14, 16 10 62,5<br />
Tarrasch 13, 15 2 12,5<br />
A SEGUIR:<br />
IX Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Lasker x Janowski, 1909<br />
FINAIS I<br />
3.5. Rei e dois Peões x Rei e dois Peões<br />
É grande o número de empates, mas há posições de ganho instrutivas.<br />
Diagrama: d5, e5, Rf5 x a7, b7, Re7<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Infiltrar o Rei na 6ª e promover o Peão.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
a) 1 d6+ Rd8 2 e6 a5 3 Rf6 a4 4 Rf7 a3 5 e7+ Rd7 6 e8D+ (1-0)<br />
75
) 1 d6+ Rd8 2 Re6 a5 3 d7 a4 4 Rd6 a3 5 e6 a2 6 e7++ (1-0)<br />
Diagrama: a4, b5, Rd3 x a5, Re5, g5<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Peão passado defendido ganha com facilidade. O Rei negro não pode sair do quadrado do Peão branco<br />
de b. As Brancas ganham o Peão passado preto e a posição resultante é semelhante ao final Rei e dois<br />
Peões x Rei e Peão, com vitória branca.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Re3 Re6 2 Re4 Rd6 3 Rf5 (1-0)<br />
Diagrama: a4, f4, Rc4 x c5, f5, Rd6<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Sacrificar o Peão passado branco, <strong>para</strong> capturar os outros do inimigo, chegando a um final vencedor de<br />
Rei e Peão x Rei.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 a5 Rc6 2 a6 Rb6 3 a7 Ra7 4 Rc5 Rb7 5 Rd6 Rc8 6 Re6 Rd8 7 Rf5 Re7 8 Rg6 (1-0)<br />
Diagrama: b4, d4, Rh4 x c6, d6, Rh6<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Forçar um Peão passado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 d5! cd5 2 b5 (1-0)<br />
Diagrama: b4, d4, Rh4 x c6, d6, Rh6<br />
1 ... ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Impedir a formação do Peão passado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... d5! (=)<br />
Diagrama: b3, c4, Re3 x b4, c5, Re6<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Manter a oposição e tomar o Peão bloqueador.<br />
76
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Re4<br />
Oposição vertical.<br />
1 ... Rd6 2 Rf5 Rd7 3 Re5 Rc6 4 Re6<br />
Oposição horizontal.<br />
4 ... Rc7 5 Rd5 Rb6 6 Rd6 (1-0)<br />
Obtendo oposição horizontal, ganhando o Peão e o final.<br />
Diagrama: b3, c4, Re3 x b4, c5, Re6<br />
1 ... ? (=)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão c4 está defendido, logo, as Negras conseguem apenas o empate.<br />
Observe que no caso anterior, o Peão negro de c não tinha a proteção de outro Peão.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Re5 2 Rd3 Rf4 3 Rd2!!<br />
Contra qualquer lance negro as Brancas ganham a oposição e empatam.<br />
a) 3 ... Re4 4 Re2! Rd4 5 Rd2 (=)<br />
b) 3 ... Rf3 4 Rd3 (=)<br />
Diagrama: b4, h4, Rd2 x b5, h5, Re8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Ganhar a oposição e capturar o Peão b.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Re2!<br />
Oposição distante (Rei na mesma coluna do Rei inimigo e se<strong>para</strong>do por um número ímpar de casas).<br />
1 ... Rd7 2 Rd3!<br />
Oposição distante.<br />
2 ... Re7 3 Re3<br />
Repete-se a manobra.<br />
3 ... Re6 4 Re4<br />
Agora o ganho é fácil.<br />
4 ... Rd6 5 Rd4 Rc6 6 Re5 Rc7 7 Rd5 Rb6 8 Rd6 Rb7 9 Rc5 Ra6 10 Rc6 (1-0)<br />
E se 1 ... Rd8?<br />
*****<br />
2 Rf3 Re7<br />
Evitando Rf4 e Rg5.<br />
3 Re3! (1-0)<br />
E repete-se a variante principal.<br />
77<br />
A SEGUIR:<br />
3.6. Rei e três Peões x Rei e dois Peões
TÁTICA I<br />
4. ATAQUE DUPLO DE CAVALO NO REI E A DAMA<br />
O salto do Cavalo torna-se perigoso quando permite atacar 2 peças ao mesmo tempo, como o<br />
Rei e a Dama. Uma delas se livra (no caso o Rei), mas a outra...<br />
Diagrama: a3, b2, c3, e3, f2, g3, h2, Bc4, Td2, Te1, Cf3, Rg1, Dh4 x a7, b6, c5, f7, g7, h6, Tb8,<br />
Dc6, Bd8, Re8, Cf6, Th8<br />
1 Bf7+ Rf7?<br />
Por que interroga? O que você jogaria de Brancas?<br />
*****<br />
Porque coloca o Rei e a Dama na casa conjugada do Cavalo em e5.<br />
2 Ce5+ (1-0)<br />
Diagrama: Dd1, Td3, Ce4, f3, g4, Rh3, h4 x Db7, Bd6, Td8, e5, e7, Rf7<br />
1 ?<br />
Que plano você seguiria nesta posição?<br />
*****<br />
Dama e Rei estão na casa conjugada do Cavalo em d6. Após uma série de trocas deve-se chegar a um<br />
final com peça a mais.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Td6 ed6 2 Dd6 Td6 3 Cd6+ (1-0)<br />
Diagrama: Bd3, Ce5, Rf6, g4 x Db8, c7, Re8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Atrair o monarca negro <strong>para</strong> f8 ou d8, ambas casas conjugadas ao ataque de Cavalo ao Rei e à Dama<br />
vencendo pelo Peão passado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bg6+ Rd8 2 Cc6+ (1-0)<br />
Se 1 ... Rf8 2 Cd7+ (1-0)<br />
Diagrama: a3, b4, c5, e4, f4, g7, Re3, Df3, Cf5 x a7, b6, c7, Ce6, Re8, Dg6, Th5<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Atrair a Dama e Rei <strong>para</strong> h5 e e6 respectivamente <strong>para</strong> executar o duplo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dh5! Dh5<br />
E se 1 ... Df7 ?<br />
*****<br />
2 g8D+ (1-0)<br />
78
2 g8D+ Rd7 3 De6+! Re6 4 Cg7+ R joga 5 Cg7 (1-0)<br />
New York, 1857<br />
Gambito Falkbeer<br />
Schulten x Morphy<br />
A SEGUIR:<br />
5. Ataque duplo de Peão (Garfo)<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
2.3. Partida nº 3<br />
1 e4 e5 2 f4 d5 3 ed5 e4 4 Cc3 Cf6 5 d3 Bb4 6 Bd2 e3!<br />
O sacrifício de Peão com objetivo posicional. Morphy, após reconhecer que em situações abertas, antes de<br />
tudo deve-se apressar o desenvolvimento, ainda teve que ir mais longe, ou seja, convencer-se da<br />
necessidade de criar uma posição mais aberta possível quando se tem vantagem em desenvolvimento,<br />
trocando Peões, quebrando a cadeia de Peões inimigos e, como última conseqüência, se conveniente,<br />
sacrifícios, afim de obter mais colunas abertas <strong>para</strong> suas peças. Neste caso, Morphy sacrificou seu Peão e<br />
<strong>para</strong> obter mais rápido a coluna e do que seu rival.<br />
7 Be3 0-0 8 Bd2 Bc3 9 bc3 Te8+ 10 Be2 Bg4 11 c4<br />
Neste e no próximo lance, as Brancas não deveriam segurar, tão temerosas, a maioria de Peões.<br />
11 ... c6<br />
Abrindo o jogo, pois está mais bem desenvolvido.<br />
12 dc6 Cc6 13 Rf1 Te2! 14 Ce2 Cd4 15 Db1 Be2+ 16 Rf2 Cg4+ 17 Rg1<br />
Mate em 7.<br />
*****<br />
17 ... Cf6+ 18 gf3 Dd4+ 19 Rg2 Df2+ 20 Rh3 Df3+ 21 Rh4 Ch6 22 Dg1 Cf5+ 23 Rg5 Dh5++<br />
(0-1)<br />
A SEGUIR:<br />
2.4. Partida nº 4<br />
New York, 1857<br />
Partida Francesa<br />
Morphy x Meek<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 9.1<br />
a3, b4, e3, f2, h2, Ba5, Td3, Be2, Rg1 x a7, d6, e5, f6, f7, Ba6, Ta8, Cb8, Re7<br />
V. Vukovic<br />
1 ?<br />
Após 1 Td2 Be2 2 Td2 Cc6 as Brancas ficam em leve inferioridade. Por isso e com o desejo de conservar<br />
o par de Bispos, jogaram:<br />
1 Bf3?<br />
Calculando que uma vez eliminadas as Torres, a posição estaria mais ou menos equilibrada. Mas as<br />
Negras encontraram um belo lance intermediário:<br />
1 ... e4!!<br />
Cujo objetivo é difícil descobrir. Seguiu:<br />
79
2 Be4 Cc6!<br />
E agora é mais fácil compreender este segundo lance intermediário. O que contestariam as Negras se 3<br />
Bc6 ?<br />
*****<br />
3 Tg8+ (xeque intermediário) seguido de 4 ... Bd3.<br />
Continuando:<br />
3 Tc3<br />
Ou 3 Td5 Tg8+ 4 Rh1 Bc4 (ou 4 Bg2 Bc4 5 Th5 Be2 6 Tf5 Bd3 e 7 ... Be4) 5 Th5 d5! 6 Bd5 Ca5.<br />
3 ... Tg8+ 4 Rh1 Ca5 5 Tc7+ Re6 6 Ta7<br />
Com esta manobra, as Brancas atacam 2 peças e chegariam a salvar-se as Negras se não tivessem efetuado<br />
oportunamente 1 ... e4!!<br />
O que você jogaria de Negras?<br />
*****<br />
6 ... Cb3 7 Ta6 Cc5<br />
Ficando as Negras com uma peça de vantagem.<br />
Diagrama 9.2<br />
a2, e3, f2, g2, h2, Cb5, Tc1, Tc2, De2, Rg1 x a7, c3, f7, g7, h7, Db6, Tc5, Cd5, Td8, Rg8<br />
Moscou, 1914<br />
Bernstein x Capablanca<br />
1 ?<br />
As Brancas acreditaram que o Peão e poderia ser capturado impunemente:<br />
1 Cc3<br />
Observe que são inócuas as Torres negras dobradas em c: 1 ... Tdc8 2 Cd1<br />
Seguiu:<br />
1 ... Cc3 2 Tc3 Tc3 3 Tc3<br />
E se 3 ... Db1+ ?<br />
*****<br />
4 Df1, evitando 4 ... Td1 por 5 Tc8+<br />
Mas a análise citada é superficial, pois as Negras ganham. Como?<br />
*****<br />
3 ... Db2! 4 Tc2 Db1+ 5 Df1 Dc2 (0-1)<br />
Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,<br />
Barcelona - Espanha<br />
Pág. 24-25<br />
Apostila 10<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
IX CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Lasker x Janowski, 1909<br />
No ano seguinte ao que derrotou Tarrasch, Lasker participou do Torneio de San<br />
Petesburgo, empatando em 1° lugar com Rubinstein, de quem perdeu neste torneio. Se<br />
alguma crítica pode ser feita a Lasker como Campeão Mundial, é de não ter dado oportunidade<br />
80
a Rubinstein nesta época ou em 1912, já que ganhou de forma impressionante os torneios de<br />
Vilna, San Sebastian, Breslau (com Duras) e Pistyan.<br />
Em fins de 1909, David Janowski (Walkowisk - Polônia, 1868 * Hyeres - França,<br />
1927), um jogador de origem judia que havia migrado em sua juventude <strong>para</strong> a França, teve<br />
sua oportunidade graças a seu protetor Nardus, grande amante do xadrez e do jogo brilhante,<br />
ao estilo de Morphy, que era o que praticava Janowski.<br />
Janowski foi muito temperamental, que amava o risco e odiava o empate. Sempre<br />
buscava a vitória o que muitas vezes lhe custou a partida. Seu estilo era veemente e suas<br />
combinações harmoniosas; desprezava o final, pois afirmava que uma partida bem jogada<br />
terminava no Meio Jogo. Tinha obsessão pelo ataque direto e pela conservação do Bispo do<br />
Rei, que era <strong>para</strong> ele "a alma de seu jogo”. Chegou a derrotar em belas partidas os melhores<br />
de seu tempo, como Steinitz, Tarrasch, Pillsbury, Rubinstein, Schlechter, Marshall,<br />
Capablanca, Alekhine.<br />
Sua carreira enxadrística foi longa e obteve importantes triunfos como suas vitórias<br />
nos torneios: Montecarlo, 1901; Hannover, 1902 e Barmen, 1905 (com Maroczy). Em matches<br />
venceu: Winawer, Viena, 1896, por +5-2=0; Walbrodt, Berlim, 1897, por +4-2=2; Showalter,<br />
New York, 1899, por +7-2=4; Marshall, Paris, 1905, por +5-8=4,etc.<br />
Após a derrota diante de Marshall, em 07Mar1905 escreveu uma carta a este que<br />
foi publicada em La Strategie que dizia: "Senhor Marshall. Estimo que o resultado de nosso<br />
match está longe de ter demonstrado nossas forças, pois na maioria das partidas deixei<br />
escapar algumas vezes a vitória e outras, o empate, pelo que estou convencido que poderia<br />
ter vencido facilmente. Tenho, pois a honra de desafiar-lhe a um novo match de revanche com<br />
as seguintes condições: vencerá quem ganhe, primeiro, dez partidas, os empates não contam.<br />
Eu ofereço a vantagem de quatro partidas, ou seja, minhas quatro primeiras vitórias não<br />
contam...”.<br />
Pouco antes de disputar o título mundial, havia enfrentado Lasker em um amistoso<br />
de quatro partidas, finalizado com duas vitórias <strong>para</strong> cada lado, o que incentivou o patrocínio<br />
de Nardus. Após o confronto-mor, Janowski decepcionou-se, pois o estilo metódico de Lasker<br />
se impôs facilmente no encontro de dez partidas. Apesar do título ter se confirmado na sétima<br />
partida, eles jogaram as três restantes.<br />
81<br />
Lasker x Janowski<br />
Paris, 19Out - 09Nov1909<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TOT<br />
Lasker ½ 1 1 1 1 0 1 ½ 1 1 8,0<br />
Janowski ½ 0 0 0 0 1 0 ½ 0 0 2,0<br />
Lasker iniciou o match com as Brancas.<br />
ABERTURAS N° DAS<br />
PARTIDAS<br />
TOTAL %<br />
Quatro<br />
Cavalos<br />
2,4,6,8 4 40<br />
Ruy Lopez 1,3,5,7,9 5 50<br />
Siciliana 10 1 10
A SEGUIR:<br />
X Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Lasker x Schlechter, 1910<br />
FINAIS I<br />
3.6. Rei e três Peões x Rei e dois Peões<br />
É mais fácil ganhar com três Peões contra dois Peões do que com dois Peões<br />
contra Peão. Geralmente reduz-se aos casos anteriores.<br />
Diagrama: f5, g5, h5, Re5 x g7, h7, Re7<br />
(1-0)<br />
As Brancas ganham com ou sem o lance!<br />
a) Jogando o Negro<br />
PLANO<br />
*****<br />
Formar um Peão passado, apoiando seu avanço com o Rei.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
a.1) 1 ... Rf7 2 g6+ Rg8 3 Re6 Rh8 4 Rf7 hg6 5 h6! gh6 6 fg6 (1-0)<br />
a.2) 1 ... g6 2 hg6 hg6 3 f6+ Re8 4 Re6 (1-0)<br />
b) Jogando o Branco<br />
PLANO<br />
*****<br />
Manobrar através da triangulação <strong>para</strong> infiltrar o Rei em f7 apoiando o avanço do Peão.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 g6 h6 2 Re4 Rf6 3 Rf4 Re7 4 Re5 Re8 5 Re6 Rf8 6 Rd7 Rg8 7 Re7 Rh8 8 f6 gf6 9 Rf7 (1-0)<br />
As Brancas dão mate em dois.<br />
Diagrama: a3, b4, c5, Rd5 x a6, b5, Rd7<br />
1? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Valorizar o Peão passado, infiltrar o Rei em b6 e tomar os Peões inimigos.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 c6+ Rc7 2 Rc5 Rc8 3 Rb6 Rb8 4 Ra6 Rc7 5 Rb5 (1-0)<br />
Diagrama: a2, b2, c2, Rg2 x Rb7, g7, h7<br />
1? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Avançar os Peões em linha e segurar os Peões negros com o Rei.<br />
PROCEDIMENTO<br />
82
*****<br />
1 a4 h5 2 b4 g5 3 c4 h4 4 Rh3 Rb6 5 a5+ Ra6 6 c5 Rb5 7 Rg4<br />
Forçando o Rei negro a abandonar sua posição.<br />
7 ... Ra6 8 c6 Ra7 9 b5 Rb8 10 b6 Rc8 11 a6 Rb8 12 c7+ Rc8 13 a7 Rb7 14 a8D+ Ra8 15<br />
c8D++ (1-0)<br />
Diagrama: a4, b3, g4, Rc3 x a5, g5, Rc5<br />
1? (+-)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Formar um Peão passado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 b4+! ab4+ 2 Rb3 R move 3 Rb4 (1-0)<br />
Observe que se 1 Rc2? Rc6 (1...Rb4 2 Rb2 Rc5 3 Rc3, ganhando como na linha principal) 2<br />
Rd3 Rd5 (=)<br />
Diagrama: a2, b3, h4, Rg3 x b4, f6, Rg6<br />
Kmoch x Scheltinga, Amsterdam, 1936<br />
1 ... ? (=)<br />
Se jogassem as Brancas, a vitória seria fácil com 1 Rf4!<br />
PLANO<br />
*****<br />
Avançar o Rei <strong>para</strong> apoiar a promoção do Peão do Peão ao mesmo tempo que o Branco.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Rf5! 2 Rf3 Re5! 3 Rg4!<br />
Analise 3 h5.<br />
*****<br />
3 h5? Rf5, ganhando o Peão.<br />
Continuando a analise principal...<br />
3 ... Re4 4 h5 f5+ 5 Rg3 Re3 6 h6 f4+ (=)<br />
A SEGUIR:<br />
3.7. Rei e três Peões x Rei e três Peões<br />
TÁTICA I<br />
5. ATAQUE DUPLO DE PEÃO (“GARFO”)<br />
Diagrama: a2, f2, Rb1, Bb2, Tc1 x Rb4, Te4, Cg4<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Cavalo e Torre estão em posição de garfo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 f3 (1-0)<br />
83
Diagrama: c3, d2, h3, Tc8, Tc7, Re3 x b6, c5, Dd5, Re5<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Atrair a Dama <strong>para</strong> c5, ficando caracterizada a posição de garfo com o Rei.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tc5! bc5 2 Tc5! Dc5 3 d4+ Rd5 4 dc5 Rc5 5 h4 (1-0)<br />
As Brancas promovem um dos Peões.<br />
Diagrama: f5, Rf3, Bh3 x e7, Bb6, Dd7, Rf7<br />
1 ... ?<br />
As Negras esquecem uma particularidade do movimento do Peão e jogam 1 ... e4??, com o<br />
que as Brancas empatam uma partida perdida. Como?<br />
*****<br />
2 fe6 e.p.<br />
Diagrama: b4, c5, e5, Db2, Te2, Rf1 x d7, Dc7, Re6, Te7, Ch8<br />
1 ... ?<br />
Outro esquecimento negro: 1 d5??. O que você joga de Brancas?<br />
*****<br />
2 ed6 e.p.+ (1-0)<br />
Ataque simultâneo a quatro peças.<br />
Diagrama: a4, b2, e4, f3, g2, h3, Th6, Re1 x a7, e5, g5, h5, Bb6, Rf4, Th4<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Possibilidade de garfo em g3, simplificação na ala Rei e formação de Peão passado na ala<br />
Dama.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tb6! ab6 2 Rf2<br />
O que pretende o Branco?<br />
*****<br />
3 g3++(1-0)<br />
Continuando a analise principal...<br />
2 ... g4<br />
Analise 2 ... Th3<br />
*****<br />
Se 2 ... Th3, então 3 gh3 g4 4 hg4 hg4 5 fg4 seguido de b4 e a5, ganhando.<br />
Continuando a analise principal...<br />
3 g3+ Rg5 4 gh4 Rh4 5 hg4 hg4 6 fg4 Rg4 7 Re3 Rg5 8 b4 Rf6 9 a5 ba5 10 ba5 (1-0)<br />
84<br />
A SEGUIR:<br />
6. Sacrifício de Dama
New York, 1857<br />
Partida Francesa<br />
Morphy x Meek<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
2.4. Partida nº 4<br />
1 e4 e6<br />
Levando em consideração a desvantagem negra da saída, estas deveriam, desde o começo,<br />
entorpecer a ação das Brancas, impedindo-as de abrir o jogo, já que o jogo aberto favorece<br />
sempre quem está melhor desenvolvido. Entre as defesas fechadas, a Partida Francesa é a<br />
mais antiga.<br />
2 d4 c5<br />
O correto é 2 ... d5. Com o lance do texto, as Brancas conseguem preponderância no centro.<br />
3 d5 e5<br />
De maneira geral, Morphy não jogava partidas fechadas tão bem como as abertas, mas o<br />
lance do texto que é perda de tempo, dá oportunidade de abrir o jogo com vantagem.<br />
4 f4 d6 5 Cf3 Bg4 6 fe5 Bf3<br />
Novamente uma perda de tempo. Antes da troca, as Brancas tem uma peça em f3, as Negras<br />
uma em g4. Após a troca, a peça negra desapareceu, enquanto que a branca, é substituída<br />
por outra.<br />
7 Df3 de5 8 Bb5+ Cd7 9 Cc3 Cf6 10 Bg5 Be7 11 d6!<br />
O sacrifício de Peão típico de Morphy, com a intenção de abrir uma coluna, decide aqui em<br />
seguida.<br />
11 ... Bd6 12 0-0-0 (1-0)<br />
Meek abandona porque perde uma peça.<br />
A SEGUIR:<br />
2.5. Partida nº 5<br />
New Orleans, 1858<br />
Gambito Evans<br />
Morphy x Aficionado<br />
(Uma das seis partidas simultâneas às cegas)<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 10.1<br />
a2, b2, d4, f2, g2, h2, Db3, Tc1, Cc5, Te1, Ce5, Rg1 x a6, b5, e6, f7, g7, h6, Ta8, Bb7, De7,<br />
Cf6, Tf8, Rg8<br />
Simagin x Beylin, 1946<br />
Simagin entrou na combinação:<br />
1 Cg6? fg6 2 Te6 Df7 3 Cb7<br />
Supunha Simagin que recuperava a peça ganhando um Peão (se 3 ... Db7 4 Tf6+). Sem<br />
dúvidas, o cálculo foi superficial, pois esquecia a debilidade de seu Peão f, que permitiu um<br />
decisivo contra-ataque com base no lance intermediário:<br />
3 ... Cd5!<br />
A Dama branca não pode tomar o Cavalo. Por que?<br />
*****<br />
Se 4 Dd5 Df2+, com mate a seguir.<br />
85
4 Te2 Db7 5 Tc5 Tad8 6 Te5<br />
Reaparece o tema anterior.<br />
6 ... Df7!<br />
Descravando o Cavalo e vencendo rapidamente.<br />
Diagrama 10.2<br />
a2, c3, c4, d3, e2, f2, g3, h2, Ta1, Dd2, Be3, Tf1, Cf5, Rg1, Bg2 x a7, b6, c7, d6, e4, f7, g7,<br />
h6, Ta8, Bb7, Cb8, Dd7, Te8, Cf6, Rh7<br />
Hostinsky x Thelen<br />
Brno, 1941<br />
Hostinsky considerara um erro o último lance negro (Dama de d8 <strong>para</strong> d7) e decide-se por uma<br />
combinação que parecia beneficia-lo:<br />
1 Cg7 Rg7 2 Bh6+ Rh7 3 Dg5 Tg8 4 Df6 Tg6 5 Df4 Th6 6 Be4+ Be4 7 De4+ Rg7 8 Da8<br />
Estes 8 lances, evidentemente forçados foram calculados exatamente. Mas na posição<br />
resultante fica mais latente que Hostinsky não previu: a Dama branca pode ser desconectada<br />
momentaneamente do setor de luta e as Negras podem aproveitar esta circunstância <strong>para</strong><br />
iniciar um poderoso contra-ataque baseado no forte lance ... Dh3.<br />
8 ... c6!<br />
E se 9 Db8 ?<br />
*****<br />
O mate é inevitável com 9 ... Dh3<br />
O melhor é continuar com 9 h4 Th8, mas as Brancas, após ... Ca6 teriam que sacrificar a<br />
Dama em troca da Torre inimiga. O material torna-se superior ao Negro, que deve vencer pela<br />
difícil atividade de jogo das Torres brancas.<br />
9 Tfb1 Dh3<br />
Era preferível 9 ... Th8.<br />
O que ameaçam as Negras?<br />
*****<br />
Mate em dois: ... Dh2 e ... Dh1++.<br />
10 e3 Dh2+ 11 Rf1 Tf6! 12 Tb2<br />
Ou 12 f4 Tg6 e contra 13 ... Tg3 não há defesa.<br />
12 ... Dh1+ 13 Re2 Da1 14 Td2 Dg1 15 f4 Te6 16 e4 Th6 17 Db8<br />
17 ... ? (+-)<br />
*****<br />
17 ... Th2+ 18 Rf3 Td2 (0-1)<br />
Apostila 11<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
X CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Lasker x Schlechter, 1910<br />
Até o momento que enfrentou Capablanca, o único match que Lasker não pôde ganhar foi<br />
contra Schlechter, em Viena e Berlim no ano de 1910, que finalizou a +1-1=8, após o qual Schlechter se<br />
denominou Campeão de meio mundo.<br />
86
Sobre este encontro, que foi dos mais emocionantes de todos os tempos, muito se escreveu,<br />
mas na maioria das vezes, sem suficiente conhecimento de causa, pois as condições do match eram de que<br />
o aspirante deveria vencer por dois pontos de vantagem <strong>para</strong> proclamar-se novo Campeão. Isto explica a<br />
dramática 10ª partida, onde Schlechter jogou <strong>para</strong> vencer, pois o empate não era suficiente. Mas Lasker,<br />
com seu característico sangue frio driblou os obstáculos e acabou vencendo. Talvez soem estranhas as<br />
condições do match, mas Lasker fez esta proposta a Capablanca, pouco depois deste encontro.<br />
Naturalmente a proposta não era justa, mas não podemos esquecer que naquela época, o Título era quase<br />
propriedade de quem o possuía e não existia órgão algum que emitisse normas, como mais tarde o fez a<br />
Federação Internacional. Lasker havia se impressionado terrivelmente com o fim de Steinitz (na miséria) e<br />
<strong>para</strong> evitar que lhe acontecesse o mesmo, sempre exigiu elevados honorários <strong>para</strong> sua participação em um<br />
torneio, match ou exibição. Levando isto em consideração podemos, imparcialmente, compreender a<br />
posição de Lasker.<br />
O encontro com Schlechter foi emocionante, mas Lasker não teve muita sorte, pois a única<br />
partida que perdeu (a quinta) lhe era muito favorável, <strong>para</strong> não dizer completamente ganha.<br />
Antes deste match, ambos haviam se enfrentado em 7 ocasiões, com 3 vitórias de Lasker, 1<br />
derrota e 3 empates. Em todos os torneios, o Campeão Mundial havia superado seu rival na classificação<br />
final e depois somente se encontraram no Torneio de Berlim, 1918, vencido por Lasker, onde superou<br />
Schlechter em uma partida, empatando a outra. Logo não se pode negar que a superioridade de Lasker foi<br />
sempre visível.<br />
Karl Schlechter (Viena, 1874 - Budapest, 1918), cujo apelido traduzido significava O Pior,<br />
era de origem judia e foi conhecido como o Rei dos Empates, pois do total de partidas que jogou em<br />
torneios e matches empatou uma elevada porcentagem.<br />
Foi um homem extremamente amável e modesto. Diziam que evitava ganhar uma partida se o<br />
adversário ficasse ofendido. Isto não deixa de ser um exagero, mas em 1893, disputou em Viena um<br />
match com Marco, finalizando em 10 partidas empatadas.<br />
A característica de seu jogo era a segurança e acreditava que o importante era não perder, pois<br />
com os empates também se somam pontos valiosos <strong>para</strong> a classificação em torneios. Muitos acreditavam<br />
que o jogo de Schlechter era inofensivo por excelência, mas, sem dúvida, isto está longe de ser verdade, já<br />
que recebeu prêmios de brilhantismo em várias ocasiões e produziu em outras partidas, combinações<br />
inesquecíveis.<br />
outros:<br />
87<br />
Em torneios sempre se classificou entre os primeiros, vencendo os Torneios a seguir, entre<br />
Munich, 1900 com Pillsbury e Maroczy<br />
Coburg, 1904 com Bardeleben e Swiderski<br />
Ostende, 1906<br />
Viena, 1908 com Duras e Maroczy<br />
Praga, 1908 com Duras<br />
Hamburgo, 1910<br />
Seus mais importantes matches, além de Lasker, foram:<br />
Janowski Carlsbad, 1902 +6-1=3<br />
Tarrasch Colonia, 1911 +3-3=10
lados.<br />
Rubinstein Berlim, 1918 +1-2=3<br />
Sua morte foi ocasionada por privações sofridas durante a I Guerra Mundial.<br />
Lasker x Schlechter<br />
Viena e Berlim, 07Jan - 10Fev1910<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tot<br />
Lasker ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½ ½ 1 5<br />
Schlechter ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½ ½ 0 5<br />
Schlechter começou o match de Brancas.<br />
ABERTURA Nº DAS TOTAL %<br />
S<br />
PARTIDAS<br />
Eslava 10 1 10<br />
Ruy Lopez 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8 7 70<br />
Siciliana 7, 9 2 20<br />
A SEGUIR:<br />
XI Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Lasker x Janowski, 1910<br />
FINAIS I<br />
3.7. Rei e três Peões x Rei e três Peões<br />
Geralmente terminam em empate, com exceção de clara vantagem posicional <strong>para</strong> um dos<br />
Diagrama: a5, b5, c5, Rg3 x a7, b7, c7, Rg5<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Formar um Peão passado, levando em consideração que os Reis estão afastados.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 b6!<br />
Analise as duas hipóteses lógicas<br />
*****<br />
a) 1 ... cb6 2 a6! bc6 3 c6 (1-0)<br />
b) 1 ... ab6 2 c6 bc6 3 a6 (1-0)<br />
E se jogasse o Negro, qual o resultado?<br />
*****<br />
Empate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Evitar o Peão passado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
88
*****<br />
1 ... b6!<br />
Analise 1 ... a6 e 1 ... c6.<br />
*****<br />
a) 1 ... a6? 2 c6! (1-0)<br />
b) 1 ... c6? 2 a6! (1-0)<br />
2 ab6 ab6 3 cb6 cb6 (=)<br />
Diagrama: d4, g4, h3, Rg3 x d5, e6, h6, Rg8<br />
1 ... ? (1-0)<br />
1 ... Rg7<br />
PLANO BRANCO<br />
*****<br />
Infiltrar-se em e5, forçar um Peão passado na ala do Rei, <strong>para</strong> depois sacrifica-lo em troca dos dois<br />
negros centrais. Observe como o Peão d vale por dois.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Rf4 Rf6 3 h4 Rf7 4 Re5 Re7 5 g5 hg5 6 hg5 Rf7 7 g6+<br />
Manobra típica em finais de Peões: troca de um Peão por dois.<br />
7 ... Rg6 8 Re6 Rg7 9 Rd5 Rf7 10 Rf6 (1-0)<br />
Diagrama: a3, f4, h2, Rc2 x f6, g7, h7, Rg8<br />
Bogoljubow x Fine<br />
Zandvoort, 1936<br />
1 ... ? (=)<br />
PLANO<br />
*****<br />
A priori o Peão a parece ser muito forte por ser passado, mas as Negras sacrificam os Peões da ala do<br />
Rei de maneira a simplificar o final <strong>para</strong> Rei e Peão x Rei, com Peão de Torre e posição de empate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Rf7 2 Rd3 Re6 3 Re4 g6!<br />
Impedindo f5, com vitória branca.<br />
4 Rd4 Rd6 5 Rc4 h6<br />
Ameaçando o que?<br />
*****<br />
6 ... g5 e se 7 fg5, então 7 ... hg5! 8 Rd4 f5, seguido de ... f4, terminando com a esperança de vitória das<br />
Brancas.<br />
Continuando...<br />
*****<br />
6 Rd4 Rc6<br />
Analise 6 ... g5.<br />
*****<br />
6 ... g5? 7 Re4 (1-0)<br />
Continuando...<br />
*****<br />
7 Re4 Rb5 8 Rd5 g5!<br />
O lance do empate.<br />
89
Continuando...<br />
*****<br />
9 fg5 fg5! 10 Re5 Ra4 11 Rf5 Ra3 12 Rg6 Rb4 13 Rh6 g4! (=)<br />
Observe que o Negro atinge f8.<br />
Analise 4 a4 ao invés de 4 Rd4.<br />
*****<br />
4 a4 Rd6 5 a5 Rc5 6 a6 Rb6 7 Rd5 g5! 8 f5 h5 9 Re6 h4 10 Rf6 g4 11 Re6 g3 12 hg3 hg3 13 f6 g2 14 f7<br />
g1D 15 f8D Ra6 (=)<br />
A SEGUIR:<br />
3.8. Rei e quatro Peões x Rei e três Peões<br />
TÁTICA I<br />
6. SACRIFÍCIO DE DAMA<br />
São muito freqüentes em ataques ao roque.<br />
Diagrama: g3, h4, Ra4, Bc4, De4, Be5 x a7, b7, c6, g5, h6, Rc8, Cd7, Td8, Tf7, Cf8, Dg8<br />
1? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Desobstruir a diagonal a6-c8, <strong>para</strong> então se dirigir com o Bispo <strong>para</strong> a6, dando mate com o par de<br />
Bispos.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dc6+ bc6 2 Ba6++(1-0)<br />
Diagrama: a2, f2, f5, g7, h2, Bd3, Cf3, Tg1, Tg3, Rh1, Dh6 x a7, b4, c5, e5, h7, Ca5, Bb6, Dd6,<br />
Td8, Tf7, Rg8<br />
Brancas: Anderssen<br />
Torneio de Barmen, 1869<br />
1? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Dar mate com a Torre em h8, apoiado pelo Peão g. Para conseguir o objetivo deverão ser feitos<br />
sacrifícios em h7 não esquecendo de obstruir a 6ª horizontal, impedindo que a Dama acuda o seu<br />
monarca.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dh7+ Rh7 2 f6+ Rg8 3 Bh7+! Rh7 4 Th3+ Rg8 5 Th8++ (1-0)<br />
Diagrama: a4, b2, g3, h4, Db7, Td1, Bf6, Tg5, Rh1 x a5, b6, f7, g4, h5, Dc2, Be6, Te8, Rf8, Th7<br />
Brancas: Krause<br />
1 ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
90
Atrair o Rei <strong>para</strong> g8, fazendo com que a Torre e desapareça <strong>para</strong> dar mate com a Torre entrando na 8ª<br />
horizontal.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 De7+ Te7 2 Td8 Te8 3 Tg8+! Rg8 4 Te8++ (1-0)<br />
Diagrama: a3, d3, g6, h2, Cb4, Te1, Be4, Tg1, Rh1, Dd8 x a7, c6, h5, Cc3, Dc5, Be7, Tf2, Tf6, Rg7<br />
1 ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Promoção do Peão g a custa de sacrifício de Dama <strong>para</strong> desobstruir o caminho do mesmo. quando for<br />
novamente obstruído, sacrificar o Bispo em h7, liberando então seu caminho, quando então o mate será<br />
elementar pelo domínio da coluna g.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dh8+! Rh8 2 g7+ Rg8 3 Bh7+! Rh7 4 g8D+ Rh6 5 Dh8++(1-0)<br />
Ou Dg7++.<br />
New Orleans, 1858<br />
Gambito Evans<br />
Morphy x Aficionado<br />
(Uma das 6 partidas simultâneas às cegas)<br />
A SEGUIR:<br />
7. Ataques ao Roque<br />
7.1. Ataques na coluna h aberta<br />
(Falta o Peão h)<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
2.5. Partida nº 5<br />
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4<br />
Continuam as Brancas o desenvolvimento, reservando a abertura do jogo a seu desejo, com d4 (após a<br />
pre<strong>para</strong>ção c3) ou 0-0 (acompanhado de alguns lances de pre<strong>para</strong>ção com f4).<br />
3 ... Bc5 4 b4<br />
O Gambito Evans (que levou o nome de seu criador), muito jogado no tempo de Andersen e Morphy.<br />
As Brancas planejam jogar c3, pre<strong>para</strong>ndo d4 (quebra do centro negro) e optam por executa-lo com o<br />
ganho de tempo, pois o Bispo (ou Cavalo) após ter tomado o Peão deverá retirar-se por causa do lance<br />
citado.<br />
4 ... Bb4<br />
O Gambito Evans pode ser recusado com 4 ... Bb6. O Peão avançado branco (b4) normalmente fica débil.<br />
O Bispo negro em b6 é muito eficaz.<br />
5 c3 Ba5<br />
Melhor que 5 ... Bc5 por 6 d4, perdendo mais um tempo.<br />
6 d4<br />
A continuação no estilo de gambito. As Brancas colocam às Negras duas alternativas:<br />
a) deixar intacto o centro branco<br />
b) ganhar Peões<br />
91
No segundo caso, conseguem as Negras excelente vantagem de desenvolvimento pelo jogo aberto, uma<br />
partida ao puro estilo Morphy.<br />
6 ... ed4<br />
Ou 6 ... d6 apoiando o centro e o Peão e5 <strong>para</strong>, se as Brancas seguirem com 7 de5, simplificar o jogo.<br />
Com o lance do texto, as Negras fizeram a segunda opção citada no comentário anterior.<br />
7 0-0 dc3 8 Ba3<br />
A vantagem do desenvolvimento das Brancas não é compensada pelos Peões sacrificados.<br />
Aqui deve-se jogar 8 Db3 após o qual devem as Negras seguir com 8 ... Df6 podendo continuar as<br />
Brancas o ataque com 9 e5. Mas as Negras tem à sua disposição ... Ch6, após ter jogado<br />
... Dg6.<br />
8 ... d6 9 Db3 Ch6 10 Cc3 Bc3<br />
Esta troca facilita às Brancas uma posição de ataque.<br />
11 Dc3 0-0 12 Tad1<br />
Para fazer valer sua vantagem em desenvolvimento, as Brancas devem abrir o jogo. O lance de ataque é<br />
e5, mas as Negras o impedem habilmente:<br />
12 ... Cg4 13 h3 Cge5 14 Ce5 Ce5 15 Be2!<br />
A 15 Bb3, com o objetivo de simplificar, as Negras jogam 15 ... Be6. Agora as Brancas continuam com<br />
f4, pre<strong>para</strong>ndo o jogo aberto. As Negras devem manter o jogo fechado com, por exemplo ... f6, além de ...<br />
Cg6, dominando a casa chave e5, ponto onde as Brancas pretendem abrir o jogo.<br />
15 ... f5<br />
As Negras abrem o jogo com a falsa idéia de libertar seus movimentos, mas com isto facilitam o plano<br />
branco. Provavelmente seria mais vantajoso, devido à vantagem material, a linha citada antes. Observe<br />
quantas linhas foram abertas:<br />
a) a coluna e<br />
b) a diagonal a2-g8<br />
c) a diagonal a1-h8, já que não pode ser obstruída por ...f6<br />
Com os lances 17, 18 e 19, note que Morphy se apodera destes três elementos.<br />
16 f4 Cc6 17 Bc4+ Rh8 18 Bb2 De7 19 Tde1 Tf6 20 ef5 Df8<br />
As Brancas tem a oportunidade de decidir a partida mediante uma brilhante combinação. Tente encontrala.<br />
*****<br />
21 Te8! De8 22 Df6 De7 23 Dg7+! Dg7 24 f6 Dg2+<br />
Desespero! Se 24 ... Df8, o mate é inevitável. Encontre-o.<br />
*****<br />
25 f7+ Ce5 26 fe5 h5 27 e6+ Rh7 28 Bd3+ Rh6 29 Tf6+ Rg5 30 Tg6+ Rf4 31 Rf2! (1-0)<br />
Continuando a linha principal...<br />
25 Rg2 (1-0)<br />
A SEGUIR:<br />
2.6. Partida nº 6<br />
Paris, 1858<br />
Defesa Philidor<br />
Morphy x Duque de Brunschwig e Conde Isouard<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 11.1<br />
a2, c3, d4, f2, g2, h2, Tb5, Td1, Bd3, Dd2, Cf3, Bf4, Rg1 x a7, b6, e6, f7, g7, h7, Ca5, Bb7, Tc8, Dd8,<br />
Be7, Tf8, Rg8<br />
Pachman x Neikirch<br />
Torneio Interzonal, 1958<br />
92
O ataque a h7 parece uma continuação natural.<br />
1 Cg5<br />
Pachman usou quase 45 minutos de reflexão.<br />
Neikirch dispõe da forte defesa 1 ... h6, e a continuação 2 Ch7 não é satisfatória, já que as Negras não<br />
responderiam 2 ... Te8 que permite o forte lance 3 Dg4, mas ofereceriam qualidade em troca de um Peão e<br />
um importante tempo <strong>para</strong> obter contra-jogo: 2 ... Tc3! 3 Cf8 Bf8.<br />
Mas antes de se decidir por 1 Cg5, Pachman teve de calcular a seguinte combinação: 1 ... h6 2 Ce6 fe6 3<br />
De6+ Tf7 (3 ... Rh8 4 Dg6) 4 Bg6, e as Negras tem 2 linhas de defesa:<br />
a) 4 ... De8 5 Te1!<br />
Qual a ameaça?<br />
*****<br />
Ganhar qualidade: 6 Bf7+ Df7 7 De7 Df4<br />
5 ... Te6 6 Bf7+ Df7 7 De7 Df4 8 Ta5 Tf6<br />
Qual a ameaça?<br />
*****<br />
Mate em 3: 9 ... Df2+ 10 Rh1 Df1+ 11 Tf1 Tf1++<br />
9 f3 Tg6<br />
Qual a ameaça?<br />
*****<br />
Explorar o Peão g cravado: 10 ... Df3, com ameaça de mate.<br />
10 Db7 Dd2<br />
Qual a ameaça?<br />
*****<br />
11 ... Dg2++<br />
11 Te8+ Rh7 12 g3, etc.<br />
b) 4 ... Df8!<br />
E as Brancas podem escolher entre duas respostas:<br />
b.1) 5 Bh6 Tc6<br />
E se 5 ... gh6 ?<br />
*****<br />
6 Tf5, etc.<br />
6 Df7+ Df7 7 Bf7 Rf7 8 Bd2<br />
Com vantagem material, mas com contra-jogo <strong>para</strong> as Negras após 8 ... Tg6.<br />
b.2) 5 d5<br />
Com boas perspectivas de ataque.<br />
Mas a partida seguiu assim:<br />
1 … Bg5 2 Bg5 Dd3 3 Bf6! Df4 4 De5 Dg5 5 f4 De2 6 Bh7+ Rh7 7 Dh5+ Rg8 8 Bg7 f5<br />
Desligando Torre e Dama.<br />
Por que não 8 ... Rg7 ?<br />
*****<br />
Por 9 Tg5+, etc.<br />
9 Be5<br />
Qual a ameaça ?<br />
*****<br />
10 Dg6+ seguido de mate.<br />
9 ... Cc4?? 10 Dg6+ (1-0)<br />
93
Diagrama 11.2<br />
b4, f3, g2, h2, Ta1, Bb3, Dc1, Te1, Rh1 x b5, c7, d4, f4, f7, h7, Bc3, Dc6, Cd6, Rf8, Th8<br />
Alekhine x Rohacek<br />
Munich, 1914<br />
Alekhine seguiu com 1 Df4! após analisar as 4 linhas negras: 1 ... Ba1, 1 ... Be1, 1 ... Cc4, 1 ... d3. Faça o<br />
mesmo.<br />
a) 1 ... Ba1<br />
*****<br />
2 Df6 Tg8<br />
E se 2 ... Rg8 ?<br />
*****<br />
3 Bf7+ Cf7 4 Dc6 (1-0)<br />
3 Bf7! (1-0)<br />
As Negras não tem defesa suficiente contra o lance seguinte de Bispo branco.<br />
b) 1 ... Be1<br />
Funcionaria agora a manobra 2 Df6 ?<br />
*****<br />
Não por 2 ... Tg8 3 Bf7 Bh4!<br />
Analise 2 Te1.<br />
*****<br />
As Negras conseguem boas possibilidades de defesa: 2 ... Cc4! 3 Dd4 Tg8<br />
Mas as Brancas tem linha de vitória. Encontre-a.<br />
*****<br />
2 Dh6+ Rg8<br />
E agora não se deve seguir com 3 Te1 por causa de 3 ... Dc3, mas com:<br />
3 Tc1!<br />
Se as Negras contestam com o lógico 3 ... Bc3 o que joga o Branco ?<br />
*****<br />
4 Dg5+ Rf8 (1-0), vide variante a).<br />
Continuando:<br />
*****<br />
3 ... Dd7 4 Tc5 Cf5 5 Dg5+ Cg7 6 Td5 (1-0)<br />
c) 1 ... Cc4<br />
Evitando a infiltração da Dama na 6ª horizontal e limitando ao mesmo tempo a atividade do Bispo b3.<br />
*****<br />
2 Bc4 bc4 3 De5! Tg8 4 b5! Db7 5 Dc5+ Rg7 6 Dg5+ Rg8 7 Dh6+ Tg7 8 Da6! (1-0)<br />
d) 1 ... d3<br />
*****<br />
2 Tec1 d2 3 Tc2 Da6 4 Td1 Bg7 5 Tc7 (1-0)<br />
Obs.: Esta foi a continuação que seguiu a partida.<br />
94
Apostila 12<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
XI CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Lasker x Janowski, 1910<br />
Em fins de 1910, <strong>para</strong> reabilitar-se diante da aficção mundial, Lasker não exitou em colocar<br />
novamente seu Título em jogo, oferecendo a Janowski uma nova oportunidade em Berlim.<br />
O combinado era que o primeiro que vencesse 8 partidas seria o Campeão. Mas este match<br />
não foi interessante, pois o Campeão impôs-se mais facilmente que na vez anterior, finalizando o<br />
encontro com +8-0=3.<br />
Após esta 2ª tentativa, Janowski começou a declinar, e ainda que continuasse a jogar, somente<br />
voltou a conquistar o 1º lugar no Torneio de Atlantic City, 1912.<br />
Em matches seus resultados foram:<br />
Jaffé New York +5-4=4<br />
Jaffé New York +10-4=4<br />
Showalter Lexington, 1916 +7-2=2<br />
Marshall Biarritz, 1912 +2-6=2<br />
Marshall New York, 1918 +5-7=10<br />
Ao estourar a I Guerra Mundial, se encontrava participando do Torneio de Mannheim, 1914,<br />
que foi interrompido e os participantes dos países inimigos da Alemanha ficaram presos, entre eles<br />
Alekhine (URSS). Janowski chegou a passar pela Suíça e mudar-se <strong>para</strong> os E.U.A., onde permaneceu<br />
durante vários anos participando de numerosos torneios, mas com poucos êxitos. Em 1925 voltou à<br />
França e jogou importantes torneios do Velho Continente, mas sua saúde era precária, o que fez sua força<br />
decair notavelmente, ainda que tenha obtido prêmio de beleza pela vitória diante de Sämisch no Torneio<br />
de Marienbad, 1925.<br />
Em 14Jan1927, morreu de tuberculose em Hyeres, quando se dispunha a participar de um<br />
pequeno torneio local.<br />
Janowski foi um autêntico boêmio, dedicando-se exclusivamente ao xadrez, e ainda que não<br />
tenha escrito livros, foi autor de numerosos artigos em diversos jornais e revistas, destacando a magnífica<br />
seção que redigiu <strong>para</strong> Le Monde Ilustré, de 1902 a 1908. Conta-se que tudo o que ganhava com seu<br />
talento enxadrístico perdia na roleta e outros jogos de azar.<br />
Conta-se também que um dia, cansado de jogar com seu mecenas Nardus, lhe disse: de todos<br />
os maus jogadores que conheci, nenhum é tão ruim quanto você. Foi então que finalizou a proteção que<br />
lhe havia permitido disputar o Título Mundial por duas vezes.<br />
95<br />
Lasker x Janowski<br />
Berlim, 08Nov - 08Dez1910<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Tot<br />
Lasker 1 ½ ½ 1 1 ½ 1 1 1 1 1 9,5
Janowski 0 ½ ½ 0 0 ½ 0 0 0 0 0 1,5<br />
Lasker começou o match de Brancas.<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Gambito da Dama 3 1 9,1<br />
Gambito do Rei 11 1 9,1<br />
Peão Dama - Irregular 2 1 9,1<br />
Pirc 10 1 9,1<br />
Ruy Lopez 9 1 9,1<br />
Tarrasch 1, 4, 5, 6, 7, 8 6 54,5<br />
A SEGUIR:<br />
XII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Lasker x Capablanca, 1921<br />
FINAIS I<br />
3.8. Rei e quatro Peões x Rei e três Peões<br />
O final torna-se mais fácil quanto maior o número de Peões. Assim, por exemplo, o final de<br />
Rei e três Peões x Rei e dois Peões é mais fácil que o final de Rei e dois Peões x Rei e Peão.<br />
O Peão a mais nos finais atrai o Rei inimigo, desviando-o dos outros, que serão capturados<br />
pelo Rei do lado majoritário.<br />
Este tipo de final não apresenta dificuldades, o lado majoritário deve reduzir o final a uma das<br />
posições mais simples em que o ganho é forçado.<br />
Diagrama: a2, b2, c3, d4, Rd2 x a7, b6, c6, Re4<br />
Berger<br />
1 ? (1-0)<br />
As Brancas ganham sempre. Analise 1 ... Rf4, 1 ... c5, 1 ... a6, 1 ... b5 e 1 ... a5.<br />
a) 1 ... Rf4<br />
PLANO BRANCO<br />
*****<br />
Formar o Peão passado com posição de ganho. Os Peões devem ser avançados em linha. Utilizar a<br />
oposição.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Rd3 Rf5 3 c4 Rf4 4 a4 a6 5 b4 Rf5 6 a5 ba5 7 ba5 Rf4 8 d5 cd5 9 cd5 Re5 10 Rc4 Rd6 11 Rd4 (1-0)<br />
b) 1 ... c5<br />
PLANO BRANCO<br />
*****<br />
Idem ao plano anterior.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
96
2 dc5 bc5 3 b3 a6 4 a3 a5 5 a4 Re5 6 Re3 Rd5 7 Rd3 c4+ 8 bc4+ Rc5 9 Rd2! Rc4 10 Rc2<br />
(1-0)<br />
c) 1 ... a6<br />
PLANO BRANCO<br />
*****<br />
Idem ao plano anterior.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 b4 a5 3 ba5 ba5 4 a4 Rf4 5 Rd3 Rf5 6 Re3 Re6 7 Re4 Rd6 8 c4 Re6 9 c5 Rd7 10 d5 cd5+ 11 Rd5 (1-0)<br />
d) 1 ... b5<br />
PLANO BRANCO<br />
*****<br />
Idem ao plano anterior.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 b4 a6 3 a3 Rf4 4 Rd3 Rf5 5 c4 Re6 6 c5 Rd5 7 Re3 Re6 8 Re4 Re7 9 d5 cd5+ 10 Rd5 Rd7 (1-0)<br />
e) 1 ... a5<br />
PLANO BRANCO<br />
*****<br />
Idem ao plano anterior.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 a4 b5 3 ab5 cb5 4 Re2 b4 5 Rd2 b3 6 Re2 a4 7 Rd2 Rd5 8 Rd3 Rd6 9 Rc4 Rc6 10 Rb4<br />
(1-0)<br />
Ganhando os Peões e o final.<br />
A SEGUIR:<br />
3.9. Finais com mais Peões<br />
TÁTICA I<br />
7. ATAQUES AO ROQUE<br />
O roque (principalmente o pequeno) é praticado em quase todas as partidas. Conservando a<br />
barreira de Peões (2T, 2C, 2B), a Torre como companheira e um Cavalo em 3B, o Rei estará durante<br />
muito tempo bem defendido. A falta de um desses elementos pode ocasionar um ataque.<br />
Exemplo de roque bem defendido:<br />
Diagrama: f7, g7, h7, Cf6, Tf8, Rg8<br />
Exemplo de roques débeis:<br />
Diagrama: f7, g7, Cf6, Tf8, Rg8<br />
Diagrama: f7, h7, Cf6, Tf8, Rg8<br />
Diagrama: g7, h7, Cf6, Tf8, Rg8<br />
Diagrama: f7, g7, h7, Tf8, Rg8<br />
97
Diagrama: f7, g7, h7, Cf6, Rg8<br />
Diagrama: f7, g6, h7, Cf6, Tf8, Rg8<br />
Diagrama: f7, g7, h6, Cf6, Tf8, Rg8<br />
Observe que mais cedo ou mais tarde, as peças do roque devem deslocar-se. A Torre, por<br />
exemplo, normalmente é utilizada <strong>para</strong> agir nas colunas abertas, o Cavalo posiciona-se no centro, o<br />
avanço do Peão a 4BR é normalmente utilizado <strong>para</strong> ataque, o avanço do Peão a 3TR é utilizado em<br />
algumas aberturas <strong>para</strong> evitar um ataque de Bispo.<br />
Quando o adversário não pode explorar a debilidade, ela deixa de existir. Um conselho geral:<br />
mantenha a estrutura do roque caso não tenha plano claro. Podemos classificar os ataques ao roque da<br />
seguinte maneira:<br />
7.1. Ataques na coluna h aberta (falta o Peão h)<br />
7.2. Ataques na coluna g aberta (falta o Peão g)<br />
7.3. Ataques na diagonal aberta (falta o Peão f)<br />
7.4. Ataques ao Peão h (falta o Cavalo em f)<br />
7.5. Ataques ao Peão f (falta a Torre em f)<br />
7.6. Ataques devido ao avanço do Peão g<br />
7.6. Ataques devido ao avanço do Peão h<br />
Normalmente essas debilidades aparecem juntas.<br />
7.1. Ataques na coluna h aberta<br />
(Falta o Peão h)<br />
Nem sempre a coluna h encontra-se aberta e é necessário manobrar <strong>para</strong> conseguir este<br />
objetivo. Torre e Dama são peças utilizadas neste ataque porque se movem pelas colunas.<br />
Diagrama: g6, De2, Tf3, Rg2, Tg4 x f6, g7, Dc7, Te8, Tf8, Rh8<br />
1 ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Falta o Peão h7, além do Cavalo f6, o que traz a idéia de posicionar a Dama em h7 através de sacrifício<br />
das Torres. O Peão g6 vigia a importante casa de fuga f7.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Th4+ Rg8 2 Th8 Rh8 3 Th3+ Rg8 4 Th8 Rh8 5 Dh5+ Rg8 6 Dh7++ (1-0)<br />
Diagrama: a3, b2, c3, f2, g2, Te1, Tf1, Rg1, Cg3 x a5, b6, Be5, Rf8, Th5, Th8<br />
1 ... ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Ataque na coluna h aberta, explorando a ausência do Cavalo f6 e do Rei completamente cercado por<br />
suas peças.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Th1+! 2 Ch1 Bh2++ (0-1)<br />
98
Diagrama: a3, b4, c2, g2, h2, De1, Bf1, Tf2, Rh1 x a7, b6, c5, e6, f7, g6, Db2, Be5, Rf8, Cg4<br />
1 ... ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Abrir a coluna h através de sacrifício <strong>para</strong> que a Dama dê xeque através dela posicionando-se<br />
economicamente em h2 com mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Bg3! 2 hg3 Dh8+ 3 Rg1 Dh2++ (0-1)<br />
Diagrama: Bd4, Dd6, Re4, Th4 x a5, b6, f7, g7, Tb4, Db8, Tf8, Rg8<br />
1 ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Dar mate em g7 com a Dama, mas é necessário coloca-la em linha de tiro, ou seja, onde alcança a casa<br />
g7 sem perda de tempo. A coluna h está aberta (além da falta do Cavalo f6) e pode ser utilizada <strong>para</strong><br />
atrair o Rei <strong>para</strong> ela, quando então o Peão g ficaria cravado, cedendo h6 <strong>para</strong> a Dama entrar na<br />
batalha.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Th8+ Rh8 2 Dh6+ Rg8 3 Dg7++ (1-0)<br />
Diagrama: a2, b3, d5, e4, f5, Bc4, Te3, Rf2, Th2, Ch4, Dh5 x a3, b4, f6, g7, h7, Ba7, Tb8, Dd6,<br />
Td8, Be8, Rh8<br />
1 ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão f está avançado, o que possibilita a exploração da diagonal a2-g8, onde já está o Bispo do Rei<br />
ofensivo. Dama e Torre situam-se na coluna h, que pode ser aberta mediante sacrifício e explorada<br />
mediante xeque descoberto.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dh7+ Rh7 2 Cg6+ Rg8 3 Th8+ Rf7 4 Tf8+ Df8 5 d6++ (1-0)<br />
Diagrama: a3, b2, c3, f3, g2, Dd1, Td3, Tf1, Rg1 x a7, b6, c5, Df4, Rg7, Bh4, Th6<br />
1 ... ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
O roque está débil: falta o Peão h, o Peão f está avançado, falta o Cavalo f3. Se o Bispo dominasse g1 e<br />
o Rei estivesse na coluna h, a posição seria mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Dh2+ 2 Rh2 Bf2++ (1-0)<br />
Diagrama: a2, b2, c2, d4, f2, g2, h2, Bc5, Tf1, Rg1, Th3, Dh5 x a4, a7, c6, e6, f6, g7, Ba5, Ta8, Bc8,<br />
Dd8, Te8, Rg8<br />
1 ? Mate<br />
99
PLANO<br />
*****<br />
Explorar o roque débil negro: o Peão f está avançado, a coluna h está aberta, falta o Cavalo f6. O Rei<br />
negro tem à sua mercê a via de escape f7. Se a Torre estivesse diante da Dama, haveria a possibilidade<br />
de mate em h8, pois a Dama domina f7.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dg6! Ba6 2 Th7<br />
Ameaçando Dg7++<br />
2 ... Dc7 3 Dh5 (1-0)<br />
A SEGUIR:<br />
7.2. Ataques na coluna g aberta<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
2.6. Partida nº 6<br />
Defesa Philidor<br />
Paris, 1858<br />
Morphy x Duque de Brunschwig & Conde Isouard<br />
1 e4 e5 2 Cf3 d6 3 d4 Bg4<br />
Perde um tempo. Após 4 de5 as Negras devem jogar 4 ... Bf3 <strong>para</strong> evitar a perda do Peão.<br />
4 de5 Bf3 5 Df3 de5 6 Bc4 Cf6<br />
Observe o que ocasionou a perda de tempo negra: as Brancas têm duas peças desenvolvidas contra uma<br />
negra. Além disso, o último lance negro é um erro que permite o ataque duplo de Morphy.<br />
7 Db3 De7 8 Cc3<br />
Morphy desenvolve mais uma peça ao invés de ganhar um Peão. Note que a Dama negra não pode ser<br />
considerada desenvolvida por estar obstruindo o Bispo Rei, além de que as Negras perderão um tempo<br />
<strong>para</strong> defender o Peão b.<br />
8 ... c6 9 Bg5 b5<br />
Este lance proporciona às Brancas uma combinação de sacrifício, mas é inevitável, visto que de outro<br />
modo, ficariam restringidas.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Abrir linhas de modo a dar mate de Bispo e Torre em d8.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
10 Cb5 cb5 11 Bb5+ Cbd7 12 O-O-O Td8 13 Td7! Td7 14 Td1 De6 15 Bd7+<br />
Analise 15 Bf6<br />
*****<br />
15 ... Db3 16 Bd7++(1-0)<br />
Continuando<br />
*****<br />
15 ... Cd7 16 Db8+ Cb8 17 Td8++ (1-0)<br />
Sem dúvidas a caminho escolhido por Morphy foi mais elegante<br />
100<br />
A SEGUIR:
Diagrama 12.1<br />
a3, f3, g4, h4, Rb2, Bb5 x a7, f6, g7, h6, Rc7, Cc6<br />
1 ... ? Ganham as Negras um Peão<br />
3. Willelm Steinitz<br />
EXERCÍCIOS<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Bispo e o Peão f3 estão em casas conjugadas ao Cavalo negro, logo, o tema é duplo de Cavalo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Cd4<br />
Ganhando o Peão, pois o Bispo, ao retirar-se não pode defender o Peão.<br />
Diagrama 12.2<br />
a3, b2, f2, g2, h3, Ta1, Cb5, Dc2, Be2, Cf3, Rg1 x a7, b6, c7, f7, g7, h6, Ta8, Bb7, Cc6, De8, Cf6, Rg8<br />
1 ? Ganham as Brancas qualidade<br />
PLANO<br />
*****<br />
Ataque duplo de Cavalo à Dama e à Torre.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Cc7<br />
E troca-se Cavalo por Torre<br />
Diagrama 12.3<br />
b3, g2, h2, Ta1, Td1, Rf1 x b6, f4, f6, h7, Bb4, Tc7, Te3, Rg8<br />
Composição<br />
Se você pudesse colocar um Cavalo branco em qualquer casa livre, onde colocaria?<br />
*****<br />
Em d5, atacando 7 peças simultaneamente<br />
Diagrama 12.4<br />
a2, b2, c2, e5, f2, g2, h2, Ta1, Bb3, Dd1, Cd2, Tf1, Rg1, Bg5 x a6, b5, c6, d5, f7, g7, h6, Ta8, Bc8,<br />
Dd8, Ce7, Re8, Bf8, Th8<br />
Vassiltschuk x Bobolowitsch<br />
Moscou, 1959<br />
1 ?<br />
Se as Brancas retiram o Bispo de g5, as Negras poderiam aproveitar este tempo <strong>para</strong> estimular seu<br />
desenvolvimento. Mas as Brancas ganham ao achar o tema da posição: Dama e Torre inimigos estão em<br />
posição de duplo de Cavalo, que pode dirigir-se a esta casa via d6 (defendido pelo Peão e5), onde ataca o<br />
Rei que deverá deixar a defesa do Peão f7, observe que o Cavalo e7 está cravado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
101
1 Ce4! Be6<br />
As Negras frustram o plano branco.<br />
Analise 1 ... de4 e 1 ... hg5<br />
*****<br />
a) 1 ... de4<br />
PLANO<br />
*****<br />
A Dama negra está apoiada apenas pelo Rei. A diagonal a2-f7 foi aberta, o que vulnera o ponto f7<br />
apenas defendido pelo Rei.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Bf7+, ganhando a Dama a seguir.<br />
b) 1 ... hg5<br />
Com este lance as Negras permitem a execução do plano branco:<br />
*****<br />
2 Cd6+ Rd7 3 Cf7 e 4 Ch8, com vantagem decisiva.<br />
Continuando a analise principal...<br />
2 Cd6+ Rd7 3 Be3 Cg6 4 f4! Bd6 5 ed6 Ch4 6 Bc5 Df6 7 Dd2 a5 8 c3 a4<br />
O que você jogaria?<br />
*****<br />
9 f5!<br />
Note que se 9 ... ab3 10 fe6+, ganhando a Dama.<br />
9 ... Cf5 10 Bc2 h5 11 Bd4 Dh6<br />
12 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Desviar o Cavalo de f6, atraindo-o <strong>para</strong> h6, quando então o Bispo se dirige <strong>para</strong> g7, atacando<br />
simultaneamente h8 e h6. Observe que o Peão g está cravado e que o Bispo do Rei branco dominará h7,<br />
impedindo a Torre de permanecer nesta coluna.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
12 Dh6 Ch6 13 Bg7 (1-0)<br />
Apostila 13<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
XII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Lasker x Capablanca, 1921<br />
Durante 11 anos Lasker não defendeu o Título Mundial. Ainda que se deve mencionar a seu<br />
favor que, desde 1914 até fins de 1918, o mundo tinha demasiadas preocupações com a I Guerra Mundial<br />
<strong>para</strong> preocupar-se com xadrez, deve-se também reconhecer que impôs muitas dificuldades a Rubinstein<br />
<strong>para</strong> que disputasse o Campeonato.<br />
102
José Raul Capablanca (La Habana, 1888 - New York, 1942) foi um dos meninos prodígios<br />
mais sensacionais da história do xadrez mundial. Aprendeu a jogar aos 4 anos e aos 13 consagrou-se<br />
Campeão Cubano ao derrotar em um match, Juan Corzo por +4-3=6.<br />
Suas extraordinárias condições de jogador se desenvolveram ao máximo na América do<br />
Norte, onde se mudou <strong>para</strong> seguir estudos de engenharia na Universidade de Columbia, que mais tarde<br />
abandonou pelo xadrez. Em 1909 acertou um encontro com Frank J. Marshall, que 2 anos antes havia<br />
disputado o Título Mundial contra Lasker, e diante da surpresa geral, o cubano venceu pelo extraordinário<br />
resultado +8-1=14, com o que seu nome começou a figurar ao lado das mais importantes estrelas do<br />
tabuleiro.<br />
Em 1910, participa do Torneio de New York, classificando-se em 2°, atrás de Marshall. Em<br />
1921 o convidaram a participar do grande Torneio de San Sebastian, onde jogaram os mais destacados<br />
enxadristas da época, com exceção do Campeão Mundial, Lasker. Alguns jogadores opuseram-se à sua<br />
participação, alegando falta de categoria suficiente, ao que Marshall respondeu: Quem me venceu num<br />
match é forçosamente um bom enxadrista e como a categoria de Marshall era indiscutível, ninguém se<br />
atreveu a responder-lhe.<br />
Capablanca fez jus às palavras de seu rival e amigo, pois diante da surpresa geral obteve o 1°<br />
lugar, superando entre outros a Rubinstein, Vidmar, Marshall, Nimzowich, Schlechter, Tarrasch,<br />
Bernstein, Spielmann, etc.<br />
Em 1911 começaram as negociações <strong>para</strong> o encontro Lasker x Capablanca, mas o Campeão<br />
recusou uma oferta do Clube de <strong>Xadrez</strong> de La Habana, alegando que o clima tropical lhe prejudicaria. Em<br />
seguida, o clube Argentino, de Buenos Aires, quis organizar o encontro, oferecendo 25.000 francos ao<br />
vencedor e 12.500 ao perdedor. Ambas propostas falharam e ao 3° desafio, Lasker contestou, colocando<br />
entre outras, com as seguintes condições: Será vencedor o 1° que ganhe 6 partidas, sem contar os<br />
empates. O máximo de partidas será 30. Ao final destas, será vencedor o que tenha mais vitórias. Mas se<br />
houver apenas uma vitória a mais, o match será declarado empatado. O dr. Lasker fixará a data <strong>para</strong><br />
começar a luta e o local da mesma...<br />
Capablanca recusou alegando que um vencedor é sempre um vencedor, ainda que a vantagem<br />
seja mínima. Naturalmente Capablanca tinha razão, mas também a tinha os partidários de Lasker quando<br />
afirmavam: Capablanca ganhou reputação muito rapidamente, e antes de enfrentar Lasker deveria<br />
demonstrar sua maestria em outros torneios e matches. E isso era correto, já que uma vitória sobre<br />
Marshall e um 1° lugar em San Sebastian eram pouca coisa diante de um histórico como o do Campeão<br />
Mundial. Diante destas discórdias, o relacionamento entre eles não era muito agradável.<br />
Vejamos os sucessos enxadrísticos que se desenvolveram até 1921, quando enfim se<br />
enfrentaram estes dois gigantes:<br />
Capablanca começou sua carreira de maneira triunfal, vencendo em 1913 dois torneios em<br />
New York e ficando em 2° em La Habana, ficando atrás de Marshall. Lasker não jogou torneio algum<br />
nestes anos, mas em 1914, em San Petesburgo, organizaram um torneio que tinha como pré-requisito<br />
indispensável <strong>para</strong> participar, ter obtido um 1° lugar em uma competição internacional. Partici<strong>para</strong>m deste<br />
torneio, Lasker, Capablanca, Tarrasch, Marshall, Alekhine, Rubinstein, Janowski, Nimzowich, Bernstein<br />
e os veteranos Blackburne e Gunsberg. O torneio foi disputado no sistema schuring em 1 turno,<br />
classificando os 5 primeiros <strong>para</strong> a 2ª fase, disputada em sistema schuring em 2 turnos, e iniciariam esta<br />
fase com a pontuação alcançada na 1ª fase.<br />
103
Capablanca venceu brilhantemente a 1ª fase sem derrotas, enquanto Lasker perdeu de<br />
Bernstein e ficou a 1,5 pontos de distância. Ao iniciar a 2ª fase, todos os aficionados pensavam que<br />
Capablanca acabaria vencendo facilmente, mas Lasker, fantasticamente superou Capablanca por 0,5<br />
ponto, após derrota-lo em uma Espanhola - Variante das Trocas, que é uma das mais famosas partidas da<br />
história do xadrez. A classificação final foi:<br />
1° Lasker 13,5<br />
2° Capablanca 13,0<br />
3° Alekhine 10,0<br />
4° Tarrasch 8,5<br />
5° Marshall 8,0<br />
Após este torneio o velho leão é novamente considerado como o melhor jogador do mundo. O<br />
ano de 1914 foi fatídico, estoura a I Guerra Mundial e a atividade de Lasker resume-se a um match<br />
amistoso com Tarrasch, 1916, vencendo por +5-0=1 e um triunfo em um torneio na mesma cidade, em<br />
1918, superando Rubinstein, Schlechter e Tarrasch.<br />
Capablanca, por sua vez, vence em 1915, 1916 e 1918 os torneios de New York e em 1919<br />
vence Kostic, em La Habana, por +5-0=0. No Torneio de Hastings (denominado A vitória), onde estavam<br />
excluídos os enxadristas alemães e dos países aliados, também conseguiu o 1° posto.<br />
Após o fim da I Guerra Mundial, Lasker, sentindo-se velho, quis renunciar ao Título,<br />
nomeando seu sucessor, Capablanca, mas esta decisão não agradaria os aficionados, que desejavam ver o<br />
confronto. Após trabalhosas negociações foi organizado o match a ser disputado em La Habana. O<br />
vencedor seria aquele que conseguisse 8 vitórias primeiro, mas chegando à partida 24 sem este resultado,<br />
decidiria a melhor pontuação.<br />
Após a 14ª partida, Lasker desmoralizado pelo placar adverso e talvez afetado fisicamente<br />
pelo clima de La Habana, decidiu enviar uma carta ao árbitro propondo sua rendição ao match, em<br />
27Abr1921. A resposta, ainda que discutida entre os organizadores, chegou no mesmo dia, aceitando sua<br />
proposta.<br />
Durante o encontro, Lasker foi correspondente de um diário holandês. Eis alguns parágrafos<br />
que escreveu sobre si:<br />
Este match, que me ocasionou dificuldades como em nenhum outro, foi <strong>para</strong> mim um deleite<br />
enxadrístico. As circunstâncias extrínsecas que o rodearam foram na verdade desfavoráveis, mas o estilo<br />
de Capablanca trouxe-me legítimos problemas. Suas partidas são claras, lógicas e vigorosas. Nelas não<br />
havia nada oculto, presumido ou artificial. Através de seus lances adverte seu pensamento, ainda que<br />
queira ser astuto. Quer seja quando joga <strong>para</strong> ganhar como <strong>para</strong> empatar, ou quando temia perder, seus<br />
lances traduziam claramente seu objetivo. Se bem que seus lances são transparentes, estes não são fáceis<br />
de encontrar, e às vezes profundos, Capablanca não é amante de complicações nem de aventuras,<br />
prefere saber previamente onde pisa. Sua profundidade não é a de um poeta, mas a de um matemático;<br />
seu espírito é de um romano, não o de um grego...<br />
Seu xadrez foi muito simpático. Alegrava-me ter um adversário de aço, mas as circunstâncias<br />
não me permitiram jogar como planejado. Sob novas condições de vida e climáticas, minhas atitudes<br />
decaíram. Meu juízo posicional, a exatidão de minhas combinações e até a facilidade de analisar uma<br />
simples posição foram debilitadas, confusas e caíram quase nulas pelo cansaço. Não pude evitar, ainda<br />
que nunca cheguei a desmoralizar-me. As causas foram de origem física: transpiração, perda de peso e<br />
104
impossibilidade de dormir profundamente, surgindo assim a falta de concentração por um período<br />
prolongado.<br />
Assim terminou um episódio de minha vida. Quando Steinitz viu perdida a última partida do<br />
match, pôs-se de pé e exclamou: Três urras ao novo Campeão! Esse gesto emocionou-me e é uma honra<br />
pronunciar diante do mundo enxadrístico essas mesmas palavras.<br />
O mestre Mieses disse: O estilo de Lasker é como um copo d'água clara com uma gota de<br />
veneno. O de Capablanca, é um copo d'água ainda mais clara, sem a gota de veneno.<br />
Reti, grande enxadrista e publicitário, afirmou: O que mais surpreende, inclusive num estudo<br />
superficial do método de jogo de Capablanca é sua grande segurança, sua quase ausência de descuidos<br />
e falsas interpretações de posição. É sem dúvida conseqüência de ter aprendido a jogar sendo um<br />
menino de 4 anos. Em certo sentido, o xadrez é sua língua nativa. Para ele a dedução de posições<br />
simples era muito fácil, enquanto os enxadristas que haviam aprendido o xadrez com mais dificuldades,<br />
mais tarde na vida, tinham que estudar as situações.<br />
Após esta derrota, Lasker somente reapareceu sensacionalmente dois anos depois em<br />
Mährisch-Ostrau, 1923, vencendo o torneio sem derrotas, o que demonstrava que não estava acabado.<br />
Em New York, 1924, organizou-se um dos torneios mais fortes de todos os tempos, em 2<br />
turnos e Lasker foi vencedor, ainda que perdendo uma das 2 partidas disputadas com Capablanca. Veja a<br />
classificação final:<br />
1° Lasker 16,0 7° Bogoljubow 9,5<br />
2° Capablanca 14,5 8° Tartakower 8,0<br />
3° Alekhine 12,0 9° Yates 7,0<br />
4° Marshall 11,0 10° Ed. Lasker 6,5<br />
5° Reti 10,5 11° Janowski 5,0<br />
6° Maroczy 10,0<br />
Capablanca não perdia uma partida já faziam 8 anos e neste torneio, Reti conseguiu quebrar o<br />
tabu. Disse um comentarista da época: Capablanca começou o torneio bastante inseguro, mas terminou<br />
como um rodamoinho, mas Lasker o fez como um verdadeiro ciclone.<br />
Em Moscou, 1925, ambos voltaram a se encontrar finalizando em empate a partida entre eles.<br />
E ainda que Bogoljubow tenha vencido o Torneio, Lasker teve a satisfação de ficar em 2°, superando<br />
Capablanca, que finalizou em 3°.<br />
Após este torneio, Lasker esteve longe das competições sérias durante 9 anos, mas ao<br />
chegarem os nazistas ao poder na Alemanha, por ser judeu, perdeu sua fortuna e teve de abandonar sua<br />
pátria e voltar a participar de torneios <strong>para</strong> sobreviver. Assim, em Zurich, 1934, aos 66 anos, reaparece no<br />
cenário enxadrístico, finalizando em 5° lugar atrás de Alekhine, Euwe, Flohr e Bogoljubow, mas<br />
superando Bernstein, Nimzowich, Sthalberg, etc. Neste Torneio, Alekhine vence-o pela 1ª e única vez em<br />
sua vida, mas Lasker derrotou, entre outros ao aspirante principal ao Título Mundial, Euwe e a<br />
Bogoljubow.<br />
Em Moscou, 1935, Lasker finaliza em 3° sem perder uma única partida, ficando somente a 0,5<br />
ponto de Botwinnik e Flohr, que terminaram empatados, superando Capablanca, a quem venceu em uma<br />
harmoniosa partida que merecia o prêmio de brilhantismo, além das vitórias diante dos novos astros do<br />
tabuleiro.<br />
105
Suas últimas atuações foram nos Torneios de Moscou, 1936 e Nottinghan, 1936. Em ambos,<br />
desenvolveu partidas de grande categoria, mas logicamente por causa da idade não podia aspirar os<br />
primeiros lugares, ainda que produzindo atrativas partidas.<br />
Seus últimos anos de vida passou na América do Norte, falecendo em 11Jan1941, no Hospital<br />
Monte Sinai, o mesmo onde morreria no ano seguinte seu grande rival e grande amigo, Capablanca, pois,<br />
se bem houve entre eles verdadeira amizade e admiração mútua.<br />
Lasker x Capablanca<br />
La Habana, 15Mar - 21Abr1921<br />
1 2 3 4 5 6 7 8<br />
Lasker ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½<br />
Capablanca ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½<br />
9 10 11 12 13 14 Tot<br />
Lasker ½ 0 0 ½ ½ 0 5,0<br />
Capablanca ½ 1 1 ½ ½ 1 9,0<br />
Capablanca começou o match de Brancas.<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Eslava 8 1 7<br />
Gambito da Dama 2 1 7<br />
Ortodoxa 1, 4, 5, 7, 10, 11. 13 7 50<br />
Ruy Lopez 3, 6, 12, 14 4 29<br />
Tarrasch 9 1 7<br />
A SEGUIR:<br />
XIII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Capablanca x Alekhine, 1927<br />
FINAIS I<br />
3.9. Finais com mais Peões<br />
Triangulação é um estratagema intimamente ligado à oposição. <strong>Real</strong>iza-se quando um lado<br />
tem mais casas disponíveis <strong>para</strong> seu Rei do que o oponente.<br />
Diagrama: b3, c4, f5, g3, g4, Re2 x c5, e4, f6, g5, g7, Rd6<br />
1? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Aproximando-se as Brancas do Peão negro por meio de 1 Re3? as Negras replicam com 1 ... Re5 e<br />
ganham, pois o rei branco é obrigado a retirar-se. Mas as Brancas tem 2 vias de acesso a e3, ou seja d2<br />
e e2 (ou f2 e e2), enquanto o Negro dispõe somente de uma via <strong>para</strong> e5, que é a casa d6. As Brancas<br />
podem manobrar no triângulo d2-e2-e3 (ou f2-e2-e3), enquanto o Negro apenas movimenta-se na<br />
diagonal d6-e5. A triangulação permite o ganho (ou perda) de um tempo.<br />
106
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Rd2! Re5 2 Re3 Rd6 3 Re4 (1-0)<br />
A) Um lado tem um Peão a mais.<br />
SÍNTESE DESTES FINAIS<br />
Nestes finais, os processos ganhantes reduzem-se geralmente a um dos seguintes sistemas:<br />
A.1. Forçando um Peão passado.<br />
A.2. Sacrificando um Peão no momento exato <strong>para</strong> obter:<br />
A.2.1. Um Peão que vai à Dama;<br />
A.2.2. Uma supremacia suficiente de material ou<br />
A.2.3. Uma vitória numa das posições básicas.<br />
B) Ambos tem o mesmo número de Peões.<br />
Geralmente há empate, com exceção de nítida superioridade posicional <strong>para</strong> um dos lados.<br />
Na maioria dos casos estas regras encontram fácil aplicação. Mas como diz Ruben Fine, o<br />
xadrez não seria um jogo se não houvessem numerosas exceções devidas principalmente, às estruturas<br />
irregulares de Peões, às diferenças posicionais e às posições de pat.<br />
A SEGUIR:<br />
3.10. Finais diversos de Rei e Peões<br />
TÁTICA I<br />
7.2. Ataques na coluna g aberta<br />
(falta o Peão g)<br />
Este ataque ocorre quando há falta do Peão g ou se é possível abri-la mediante sacrifício. As<br />
peças de grande importância neste ataque são a Dama e as Torres. As Torres, se dobradas nesta coluna<br />
tornam-se muito fortes.<br />
Diagrama: a2, h2, Ta1, Bc3, Tg1, Dg4, Rh1 x a7, b6, f7, g7, h7, Dc8, Td7, Ce6, Tf8, Rg8<br />
1? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Abrir a coluna g mediante sacrifício, valorizando o domínio da grande diagonal negra e fazendo com<br />
que as Torres tenham mais eficácia nesta coluna.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dg7+! Cg7 2 Tg7+! Rh8 3 Tg8+ Rg8 4 Tg1++ (1-0)<br />
107
Diagrama: c2, d2, e4, f2, g2, h2, Ca3, Db1, Tf1, Rg1 x b7, c6, c4, g7, Te8, Ch4, Dh5, Rh8<br />
1 ... ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Abrir através de sacrifício da coluna g e fazer com que a Torre aja sobre ela.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Cg2! 2 Rg2 Dg4+ 3 Rh1 Df3+ 4 Rg1 Te6 (1-0)<br />
O mate é inevitável após 5 ... Tg6+<br />
Diagrama: c3, d2, f2, g2, h2, Db2, Ce2, Tf1, Rh1 x a7, b6, c6, f7, g7, h4, Bd5, Df5, Tf8, Rh8<br />
1 ... ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Abrir através do sacrifício a coluna g e utilizar o Peão avançado como pivô do ataque.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Bg2+! 2 Rg2 Dg4+ 3 Cg3 h3+ 4 Rg1 Df3 (0-1)<br />
O mate é inevitável: 5 ... Dg2++<br />
Diagrama: e3, f2, h2, Bd3, Df1, Rg2 x g7, h6, Bd7, Df6, Rg8<br />
1 ... ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Rei e Dama encontram-se na mesma diagonal do Bispo da Dama inimigo, o que permite atrair o Rei à<br />
zona de mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Bh3+! 2 Rh3 Df3+ 3 Rh4 g5++ (0-1)<br />
Diagrama: a2, b2, c2, d3, g2, h5, Cc3, Te1, Df4, Rg1, Th3 x a7, b7, c6, d5, f7, h7, Ta8, Cb8, Dd8,<br />
Tf8, Rg8<br />
Harwitz x N.N.<br />
1 ? Mate<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar as colunas g e e abertas, agindo sobre elas, Torres e Dama, ameaçando mate com a Dama em<br />
g7.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tg3+ Rh8 2 Dh6!<br />
Ameaçando 3 Dg7++<br />
2 ... Tg8 3 Te8!! (1-0)<br />
Por que o Negro abandonou?<br />
***<br />
Porque se 3 ... Te8 4 Dg7++ e se 3 ... De8 o mate se inicia com 4 Df6+<br />
108
A SEGUIR:<br />
7.3. Ataques na diagonal aberta<br />
(Falta o Peão f)<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
3. WILLELM STEINITZ<br />
Willelm Steinitz nasceu a 18Mai1836, em Praga. Como estudioso apareceu em Viena, aos 22<br />
anos, começando sua carreira enxadrística na Wiener Schachgesellschaft, que foi a escola de muitos<br />
mestres do xadrez. Em 1862, representando seu país, participou do Torneio Internacional de Londres,<br />
obtendo o 6° lugar, mas tendo reconhecida uma de suas partidas como a melhor do Torneio.<br />
Estabeleceu-se em Londres, vivendo ali até 1883. Em 1866 jogou um match contra<br />
Anderssen, quem, após a retirada de Morphy, voltou a ser grande mestre. Steinitz venceu por<br />
+8-6=0. Após esta vitória, apesar de não existir o Título, Steinitz alcançou o patamar de Campeão<br />
Mundial.<br />
Os sucessivos resultados nos torneios internacionais que tomou parte foram:<br />
Baden-Baden, 1870 2° lugar<br />
Viena, 1872 1° lugar<br />
Viena, 1882 2° lugar (vencido por J. H. Zukertort)<br />
Em 1866, disputou-se pela primeira vez o Campeonato Mundial entre Steinitz e Zukertort.<br />
Como Steinitz havia se estabelecido nos E.U.A., os encontros foram em New York, St Louis e New<br />
Orleans, com Steinitz alcançando o título oficial com +10-5=5. Posteriormente defendeu seu Título<br />
diversas vezes com êxito. Entre os quais pode-se destacar o confronto com Tchigorin, 1889 e 1892, pois<br />
foi um dos mais interessantes, caindo mais tarde em 1894 diante do dr. Emanuel Lasker. Como o próprio<br />
Lasker disse: O pensador foi superado pelo jogador. Até mesmo em seu método, Lasker destacou as<br />
idéias filosóficas básicas do jogo de Steinitz.<br />
Após perder o Título Mundial, Steinitz participou ainda de diversos torneios, mas sem<br />
conseguir a primeira colocação em nenhum. Morreu em 1900.<br />
Enquanto Morphy foi o mais célebre dos mestres de xadrez, considerado pelo público como o<br />
herói do xadrez, aos estudiosos deste jogo, Steinitz era o jogador mais profundo, o que traduzia melhor a<br />
personalidade enxadrística. Enquanto Morphy praticou o estudo do jogo aberto, Steinitz dedicou-se às<br />
partidas fechadas, o que caracterizava o caráter de cada um. O jogo aberto de Morphy demonstra o caráter<br />
de um homem de rápida liberdade de ação, que deseja o brilhantismo, o êxito rápido; Steinitz, ao<br />
contrário, o valor duradouro, assim, normalmente dedicava-se a uma longa defesa, apenas <strong>para</strong> conservar<br />
a mais sensível vantagem posicional. Por este motivo, as posições cerradas eram suas prediletas.<br />
Para entender melhor, observe que nas posições fechadas, os Peões estão imóveis <strong>para</strong> ambos,<br />
sinal de longa luta, nas abertas, mais mudanças. Neste estudo de luta de posição, resume-se a obra de<br />
Steinitz e a base de toda a técnica enxadrística moderna.<br />
109<br />
A SEGUIR:<br />
3.1. Partida nº 1<br />
Abertura Giuoco Piano<br />
Londres, 1862<br />
Dubois x Steinitz
Diagrama 13.1<br />
a2, f2, g2, h2, Ca5, Re3 x a7, f7, g7, h7, Bb4, Re5<br />
EXERCÍCIOS<br />
As Negras acabaram de atacar o Cavalo branco, o que fazer?<br />
*****<br />
1 Cc6+, ganhando o Bispo, ficando com vantagem decisiva.<br />
Diagrama 13.2<br />
a2, f2, g2, h2, Td1, Re1, Be2, Cf3, Th1 x a7, b7, f7, g7, h7, ta8, Cb6, Bd7, Re8, Cf6, Th8<br />
Se você pudesse colocar um Cavalo branco numa casa livre, onde você colocaria?<br />
*****<br />
Em c7, ganhando qualidade.<br />
Diagrama 13.3<br />
a2, f2, g2, h2, Ta1, Tf1, Rg1, Dh4 x a7, b7, f7, h6, Cc6, Dd5, Td7, Te8, Bg6, Rh7<br />
Onde você colocaria um Cavalo branco nesta composição?<br />
*****<br />
Em f6, atacando simultaneamente quatro peças.<br />
Após 1 e4 c5 2 Cf3 Cc6 3 d4 cd4 4 Cd4 Cf6 5 Cc6 e6 6 Cdb5 d5<br />
O que você joga?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar o tema tático duplo de Cavalo em c7 e ganhar um Peão<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
7 ed5 ed5 8 Cd5 Cd5 9 Dd5! Dd5 10 Cc7+<br />
Diagrama 13.4<br />
a2, b2, c2, f2, g2, h2, Ta1, Bc4, Dd1, Re1, Be3, Cg5, Th1 x a7, b7, c6, d6, f7, g6, h7, Ta8, Cb8, Bc8,<br />
Dd5, Re8, Bf8, Th8<br />
Hastings, 1949/50<br />
Rossolimo x Szabo<br />
1 ?<br />
As Brancas sacrificaram um Peão na abertura e agora recuperam-no com a vantagem da sensível<br />
debilidade na estrutura negra.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Duplo de Cavalo em f7 após atrair o Rei a e8.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dd8+ Rd8 2 Cf7+<br />
110
Apostila 14<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
XIII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Capablanca x Alekhine, 1927<br />
Quando Capablanca conquistou o Título, parecia não existir no mundo alguém capaz de<br />
derrotar-lhe. Esta impressão se confirmou no ano seguinte, ao vencer o Torneio de Londres, 1922, de<br />
forma impressionante, sem derrotas.<br />
Neste Torneio começou a rivalidade com Alekhine, que terminou em 2° lugar, também<br />
invicto, mas com 1,5 pontos a menos. Até esta data entre os dois existia boa amizade, pois durante o<br />
Torneio de San Petesburgo, 1914, ambos analisaram juntos variantes <strong>para</strong> usar no mesmo.<br />
A rivalidade não foi causada pelo resultado do Torneio, mas pelas cláusulas <strong>para</strong> disputar o<br />
Campeonato Mundial, que foram praticamente ditadas por Capablanca e aceitas por Alekhine,<br />
Bogoljubow e Vidmar. Os pontos principais diziam que o encontro seria ganho pelo primeiro que<br />
vencesse 6 partidas, sem contar os empates. O prêmio seria de US$ 10.000, dos quais o Campeão<br />
receberia US$ 2.000, enquanto o vencedor do match receberia US$ 4.800 e o vencido US$ 3.200.<br />
Naturalmente os gastos de viagem e alojamento não estavam incluídos nos US$ 10.000 e quem deveria<br />
procurar o patrocínio não era o Campeão. As condições eram normais, mesmo com o problema dos US$<br />
10.000 e demais gastos, pois naqueles tempos o Campeão emitia as leis.<br />
Alejandro Alekhine (Moscou, 1892 - Estoril, 1946) foi o jogador mais tenaz de todos os<br />
tempos. Era considerado um jogador completo, veio de uma família aristocrata russa, estudou na Escola<br />
Imperial Superior de Leis <strong>para</strong> Nobres e na Escola Militar de San Petesburgo. Em 1914 gradua-se como<br />
advogado e ingressa no Ministério das Relações Exteriores. A Revolução Russa arruinou sua família, e<br />
em 1921 muda-se da Rússia <strong>para</strong> Paris, doutorando-se na Faculdade de Direito, profissão que nunca<br />
exerceu por sua dedicação exclusiva ao xadrez.<br />
Alekhine aprendeu a jogar muito jovem e foi um simpatizante do xadrez postal. Até 1912,<br />
com exceção de Estocolmo, não havia vencido torneio importante. Seus resultados mais importantes<br />
foram:<br />
Estocolmo, 1912 1° lugar<br />
Scheweningen, 1913 1° lugar, superando Janowski, Olland, Yates, etc.<br />
San Petesburgo, 1913 1° lugar, empatado com Nimzowich. O vencedor deste Torneio<br />
classificaria-se <strong>para</strong> a versão 1914. Após 2 partidas <strong>para</strong> desempatar o<br />
1° posto, cada um deles venceu uma, levando ambos a serem<br />
convidados <strong>para</strong> o ano seguinte.<br />
San Petesburgo, 1914 3° lugar, é considerado revelação, ficando atrás de Lasker e<br />
Capablanca.<br />
111
Mannheim, 1914 1° lugar, Alekhine é declarado campeão após estourar a I Guerra<br />
Mundial, que interrompeu o Torneio antes do fim. Alekhine,<br />
Janowski, Bogoljubow, etc. foram presos pelos alemães. Alekhine<br />
chegou a voltar à Rússia, alistando-se no Corpo de Saúde, onde<br />
recebeu diversas honras e feridos no campo de batalha.<br />
Moscou, 1916 1° lugar<br />
Moscou, 1918 1° lugar<br />
Moscou, 1919 1° lugar<br />
Camp. da URSS, 1920 1° lugar. No ano seguinte abandona a Rússia.<br />
Tribergs, 1921 1° lugar<br />
Budapeste, 1921 1° lugar<br />
La Haya, 1921 1° lugar<br />
Pistyan, 1922 2° lugar, empatado com Spielmann. Bogoljubow, seu rival e<br />
compatriota, venceu este Torneio<br />
Londres, 1922 2° lugar, vencido por Capablanca.<br />
Hastings, 1922 1° lugar<br />
Viena, 1922 4°/6° lugar.<br />
Margate, 1923 2°/5° lugar.<br />
Carlsbad, 1923 1°/3° lugar.<br />
Portsmouth, 1923 1° lugar.<br />
New York, 1924 3° lugar. Alekhine percebe, após este Torneio, que precisa amadurecer<br />
antes de enfrentar Capablanca e continua estudando com afinco. O<br />
Torneio foi vencido por Capablanca.<br />
Paris, 1925 1° lugar.<br />
Berna, 1925 1° lugar.<br />
Baden-Baden, 1925 1° lugar. Somente Capablanca e Lasker, dos grandes nomes do xadrez<br />
não partici<strong>para</strong>m deste Torneio.<br />
Hastings, 1925-26 1° lugar, com Vidmar.<br />
Summering, 1926 2° lugar, atrás de Spielmann.<br />
Dresde, 1926 2° lugar, com Nimzowich.<br />
Scarborough, 1926 1° lugar.<br />
Buenos Aires, 1926 1° lugar.<br />
Birmingham, 1926 1° lugar.<br />
Ficou estipulado que no Torneio de New York, 1927, o vencedor seria o aspirante ao Título<br />
Mundial. Apesar de já ter negociado o match na Argentina, Alekhine participa deste Torneio, que foi<br />
disputado em matches de 4 partidas, com Capablanca vencendo todos. A classificação final foi:<br />
1° Capablanca 14,0<br />
2° Alekhine 11,5<br />
3° Nimzowich 10,5<br />
4° Vidmar 10,0<br />
5° Spielmann 8,0<br />
6° Marshall 6,0<br />
Rubinstein injustamente não foi convidado a participar deste Torneio e Bogoljubow também<br />
esteve ausente por ter exigido honorários muito altos. Lasker também não foi convidado, dizem que havia<br />
o temor, por parte dos organizadores, que vencesse, pois gostariam de um aspirante jovem.<br />
112<br />
Já Capablanca participou dos seguintes Torneios:
Londres, 1922 1° lugar<br />
New York, 1924 1° lugar<br />
Moscou, 1925 1° lugar<br />
Lake Hopatcong, 1226 1° lugar<br />
Após o Torneio de New York, 1927, Capablanca estava autoconfiante demais (já que havia<br />
ganhado uma das 4 partidas do match contra Alekhine) e não se preparou <strong>para</strong> o combate.<br />
invicto.<br />
Alekhine, enquanto isto, continua sua pre<strong>para</strong>ção, muda-se <strong>para</strong> a Europa e vence Kecskemet,<br />
Antes do match, estas eram as opiniões sobre Alekhine:<br />
Alekhine não ganhará uma partida sequer (Spielmann)<br />
O resultado será 6 x 3 a favor de Capablanca (Bogoljubow, sendo que Nimzowich e Maroczy<br />
tinham opinião semelhante)<br />
1924)<br />
Alekhine pode obter bom resultado contra Capablanca se não jogar em La Habana (Lasker,<br />
Capablanca venceu Londres, 1922 porque era Campeão Mundial; Lasker, New York, 1924<br />
como se fosse Campeão Mundial; mas Alekhine venceu Baden-Baden como um verdadeiro Campeão<br />
Mundial (Tartakower)<br />
(Reti)<br />
Alekhine pode vencer se jogar como em Baden-Baden, 1925 e conseguir dominar os nervos<br />
Antes de viajar a Buenos Aires, Alekhine disse: Não sei como poderei vencer 6 partidas de<br />
Capablanca, mas também não sei como ele poderá ganhar de mim.<br />
Até aquela data, Alekhine não havia vencido Capablanca em seus 12 confrontos:<br />
San Petesburgo, 1913 2 derrotas<br />
San Petesburgo, 1914 2 derrotas<br />
Londres, 1922 1 empate<br />
New York, 1924 2 empates<br />
New York, 1927 1 derrota e 3 empates<br />
Capablanca estava tão confiante que antes do match, participou no Brasil de uma atividade<br />
desgastante: uma sessão de simultâneas. Mas o castigo veio, e na 34ª partida do match, após 2ª suspensão,<br />
Capablanca envia uma carta ao adversário felicitando-o pela vitória, sem, contudo apresentar-se no salão<br />
de jogo nem assistir o banquete em que Alekhine foi proclamado Campeão Mundial.<br />
A inimizade mútua perdurou até a morte. Alekhine sempre encontrava pretextos <strong>para</strong> evitar o<br />
match revanche contra Capablanca nas suas diversas tentativas. Escolheu como adversários Bogoljubow<br />
(2 vezes) e Euwe, convencido que os venceria facilmente.<br />
Será que Capablanca teria vencido a revanche? Jamais saberemos, pois se bem que o cubano<br />
foi um jogador genial, esta foi a melhor fase de Alekhine.<br />
113
Após Buenos Aires, encontraram-se nos seguintes Torneios:<br />
Nottinghan, 1936 Capablanca vence não somente Alekhine como também o Torneio.<br />
A.V.R.O. , 1938 Empatam no 1° turno (oferecido por Capablanca por intermédio do<br />
(Holanda)<br />
árbitro) e Alekhine vence no 2° turno.<br />
Torneio das Nações, Última vez que se encontram, porém sem se enfrentarem. Capablanca<br />
1939 (Buenos Aires) obtém a melhor pontuação do 1° tabuleiro, e enquanto o público o<br />
aclamava, Alekhine com clara demonstração de desagrado, abandona a<br />
sala.<br />
Ao estourar a II Guerra Mundial, tentou-se organizar o match revanche, já que ambos tiveram<br />
de permanecer na Argentina. Mas Tartakower avisou: Não percam vocês o tempo. Esse encontro jamais<br />
se realizará, pois Capablanca sabe que Alekhine pode voltar a vencê-lo, e Alekhine sabe que ele é o único<br />
que pode derrotar-lhe.<br />
Capablanca volta à luta em 1928:<br />
Bad Kissingen, 1928 2° lugar, atrás de Bogoljubow<br />
Berlim, 1928 1° lugar<br />
Budapeste, 1928 1° lugar<br />
Ramsgate, 1929 1° lugar<br />
Budapeste, 1929 1° lugar<br />
Carlsbad, 1929 2° lugar, atrás de Nimzowich e empatado com Spielmann<br />
Barcelona, 1929 1° lugar<br />
Hastings, 1929-30 1° lugar<br />
Hastings, 1930-31 1° lugar<br />
New York, 1931 1° lugar<br />
Em match na Holanda, venceu o futuro Campeão Mundial, Euwe por +2-0=8. Após alguns<br />
anos afastado do tabuleiro, reaparece em 1934:<br />
Hastings, 1934-35 4° lugar, superado por Euwe, Flohr e Thomas (empatados em 1° lugar).<br />
Margate, 1935 2° lugar, atrás de Reshevsky<br />
Moscou, 1935 4° lugar, onde voltou a encontrar-se com o velho rival Lasker, que lhe<br />
derrotou em uma bela partida.<br />
Moscou, 1936 1° lugar, onde venceu Lasker em uma interessante partida.<br />
Margate, 1936 2° lugar, atrás de Flohr.<br />
Nottinghan, 1936 1° lugar, empatado com Botwinnik. Este Torneio é considerado como um<br />
dos mais fortes da história do xadrez.<br />
Suas últimas atuações foram:<br />
Semering-Baden, 1937 3° lugar, com Reshevsky e atrás de Keres e Fine.<br />
A.V.R.O., 1938 7° lugar, atrás de Keres e Fine (empatados em 1° lugar) e de<br />
Botwinnik, Euwe, Alekhine e Reshevsky, somente superando<br />
Flohr.<br />
Paris, 1938 1° lugar.<br />
Margate, 1939 2° lugar, com Flohr e atrás de Keres.<br />
Torneio das Nações, 1939<br />
(Buenos Aires)<br />
Melhor 1° tabuleiro.<br />
114
Em 07Mar1942, enquanto presenciava uma partida em que jogavam dois aficionados no<br />
Manhattan Chess Club, Capablanca sente-se mal, perde os sentidos, e no dia seguinte, vem a falecer no<br />
hospital de New York, vítima de apoplexia. Por triste coincidência do destino ali, no ano anterior, falecera<br />
Lasker, seu antigo rival.<br />
Capablanca foi o mais amável, simpático e agradável de todos os Campeões Mundiais. O<br />
mundo inteiro o estimava como pessoa e como enxadrista, e além de inesquecíveis partidas nos deixou<br />
entre outros, livros deliciosos como: Minha carreira de xadrez, Fundamentos do <strong>Xadrez</strong> e Últimas Lições.<br />
Capablanca x Alekhine<br />
Buenos Aires, 16Set - 28Nov1927<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11<br />
Alekhine 1 ½ 0 ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½ 1<br />
Capablanca 0 ½ 1 ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½ 0<br />
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22<br />
Alekhine 1 ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ 1 ½<br />
Capablanca 0 ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ 0 ½<br />
23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Tot<br />
Alekhine ½ ½ ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ 1 ½ 1 18,5<br />
Capablanca ½ ½ ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ 0 ½ 0 15,5<br />
Capablanca começou o match de Brancas.<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Francesa 1 1 2,94<br />
Ortodoxa 2, 4, 5, 6, 8, 10, 12 a 28, 30, 32, 34 26 76,47<br />
Índia da Dama 3 1 2,94<br />
Cambridge-Springs 7, 9, 11, 29, 31, 33 6 17,65<br />
Diagrama: g4, h5, Rd2 x b4, c5, d4, f7, h6, Rd5<br />
Composição: Kling & Harwitz<br />
1? (1-0)<br />
A SEGUIR:<br />
XIV Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Alekhine x Bogoljubow, 1929<br />
FINAIS I<br />
3.10. Finais diversos de Rei e Peões<br />
PLANO<br />
*****<br />
Formar um Peão passado e afastar o Rei negro dos Peões da ala Dama.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 g5! Re5 2 gh6 Rf6<br />
115
Impedindo o avanço do Peão, mas tornando-se escravo da posição.<br />
3 Rc2! c4 4 Rc1!<br />
Defesa do Rei contra três Peões: Quando os 3 Peões encontram-se numa mesma horizontal, o Rei deve<br />
colocar-se na mesma coluna do Peão do meio, afastado dele 2 casas; assim poderá colocar-se diante de<br />
qualquer dos Peões que avançar.<br />
4 ... c3<br />
Se 4 ... b3 5 Rb2!<br />
Se 4 ... d3 5 Rd2!<br />
5 Rc2! b3+ 6 Rb3 d3 7 Rc3 d2 8 Rd2 Re6 9 h7 (1-0)<br />
Diagrama: f3, g2, g4, h3, Rh2 x a6, g5, g6, Rb8<br />
Composição: Berger<br />
1? (=)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Para evitar a promoção do Peão a somente uma posição de pat.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 f4! a5<br />
Se 1 ... gf4 2 h4 (1-0)<br />
2 fg5! a4 3 Rg3! a3 4 Rh4! a2 5 g3 a1D (=)<br />
Diagrama: b3, c4, c5, e5, h5, Rg6 x a7, b4, c6, c7, Rb7<br />
1? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
As Negras tentarão empatar chegando a uma posição de pat, enquanto o Branco deve sacrificar o Peão<br />
promovido <strong>para</strong> desafogar o Rei inimigo, formando outro Peão passado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 e6! Ra6 2 e7 Ra5 3 e8C! a6 4 Cd6! cd6 5 cd6 (1-0)<br />
"As peças valem pelo que fazem, não pela sua simples existência no tabuleiro”.<br />
Analise 1 h6.<br />
*****<br />
1 ... Rh6 2 h7 Ra5 3 h8D a6 4 D joga (=)<br />
Diagrama: a2, b3, c2, g4, Rf3 x a5, b4, h6, Rg6<br />
Partida por correspondência<br />
Berger x Bauer, 1889-91<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Sacrifício de Peões, forçando um Peão passado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 c4! bc3 e.p. 2 Re3 Rg5 3 a4!! Rg4 4 b4! ab4 5 Rd3!!<br />
Único. Analise 5 a5.<br />
*****<br />
116
5 ... b3 6 Rd3 b2 7 Rc2 Rf3 8 a6 Re2 9 a7 b1D+ 10 Rb1 Rd1, e ambos promovem a Dama.<br />
5 ... h5 6 a5 h4 7 a6 h3 8 a7 h2 9 a8D (1-0)<br />
Segue Dh1, ganhando<br />
Diagrama: a4, d4, d5, f4, Ra1 x a5, d6, f5, Ra7<br />
Composição: Lasker & Reichhelm, 1901<br />
1? (1-0) 1 ... ? (=)<br />
a) 1 ?<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Rei branco deve penetrar em b5 ou g5. O Rei negro não deve afastar-se mais do que uma coluna do<br />
branco <strong>para</strong> que não se infiltre em uma das casas citadas. Se o Rei branco estiver em c4, o negro em b6,<br />
jogando o Negro, perdem, pois ... Ra6 (forçado) permite a entrada pela ala do Rei via g5. Com o Rei<br />
branco em d3 e o Rei negro em c7, as Negras, tendo o lance perdem novamente, pois, se ... Rd7 permite<br />
ao Branco a entrada via Rc4 e Rb5; e se ... Rb6 o Rei branco penetra via g5. As Brancas, tendo o lance<br />
conseguem a última posição, daí o ganho.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Rb1! Rb7 2 Rc1 Rc7 3 Rd1 Rd7 4 Rc2 Rd8 5 Rc3 Rc7 6 Rd3 (1-0)<br />
As Negras não podem jogar ... Rd7 nem ... Rb6.<br />
b) 1 ... ?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Evitar a entrada do Rei inimigo em b5 ou g5. O Rei negro não deve afastar-se mais do que uma coluna<br />
do Rei inimigo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Rb7<br />
Mantendo-se na coluna vizinha do Rei adversário e se<strong>para</strong>do deste por um número ímpar de casas (1, 3,<br />
5), ou seja mantendo uma espécie de oposição distante.<br />
2 Rb1 Ra7! 3 Rb2<br />
Se 3 Rc1 Rb7! (=).<br />
Se 3 Rc2 Rb8! (=).<br />
3 ... Ra8! 4 Rb3 Ra7 5 Rc3 Rb7 6 Rd3 Rc7<br />
O monarca negro está na coluna vizinha à do Rei branco e se<strong>para</strong>do deste por um número ímpar de casas<br />
(3), permitindo o empate. Observe que no diagrama inicial, em que as Brancas tinham o lance, neste<br />
momento competia às Negras o lance.<br />
7 Re3 Rd7 8 Rf3 Re7 9 Rg3 Rf7 10 Rh3 Rg7<br />
E se 10 ... Rg6?<br />
*****<br />
11 Rh4 (1-0).<br />
11 Rh4 Rg6 (=)<br />
117<br />
A SEGUIR:<br />
3.10. Finais diversos de Rei e Peões (cont.)
TÁTICA I<br />
7.3. Ataques na Diagonal Aberta<br />
(Falta o Peão f)<br />
O avanço do Peão f abre a diagonal a2-g8 (ou a7-g1). O avanço deste Peão duas casas, quase<br />
sempre acompanhado de g6 (ou g3) defendendo o Peão em f5 (ou f4) possibilita a abertura de uma outra<br />
diagonal, a1-h8 (ou a8-h1). As peças usadas neste ataque são os Bispos e a Dama.<br />
Diagrama: f4, Rf1, Cg5, Dh2 x g7, h7, Db6, Tc8, Bf6, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
A diagonal a2-g8 está aberta e pode ser acessada pela Dama. Se o Rei estivesse em h8, obstruído por<br />
uma peça, o Cavalo entraria em h7 com mate (Philidor).<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Da2+ Rh8<br />
Se 1 ... Rf8 2 Df7++ (1-0).<br />
2 Cf7+ Rg8 3 Ch6+ Rh8 4 Dg8+ Tg8 5 Cf7++ (1-0)<br />
Diagrama: a2, b2, c2, f4, g2, h2, Td1, Te4, Rg1, Dh8 x a7, b7, c7, g7, h7, Ta8, Bc8, Bd6, Rf7, Dh4<br />
Euwe x Reti<br />
1 ... ? (0-1)<br />
As Negras sacrificaram a Torre (que acabou de ser capturada pela Dama) com o objetivo de ganhar<br />
tempo.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Sacrificar a segunda Torre e aproveitar a diagonal a7-g1 aberta e a bela posição da Dama negra em via<br />
de ataque.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Bh3! 2 Da8 Bc5+ 3 Rh1 Bg2+! 4 Rg2 Dg4+ 5 Rf1 Df3+ 6 Re1 Df2++ (0-1)<br />
Diagrama: a2, b3, c4, f2, h2, Bb2, Te1, Tf3, Rg1, Bg2, Ch5 x a5, b6, f6, g7, h7, Cb7, Tb8, Cc5,<br />
Tc8, Bf8, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar a diagonal a2-g8 aberta pelo avanço do Peão f.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tf6 (1-0)<br />
E se 1 ... gf6 ?<br />
*****<br />
2 Bd5+ Rh8 3 Bf6+ Bg7 4 Bg7++ (1-0).<br />
118
Diagrama: g4, h4, Ta1, Ta8, Bg2, Bg3, Rh3 x b6, c7, f5, g6, h7, Tc2, Bc5, Bd7, Tf8, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
O Negro acabou de jogar ... f5 procurando atacar a posição desfavorável do Rei inimigo.<br />
PLANO<br />
*****<br />
O avanço ... f5? abriu a diagonal a2-g8, que é fatal ao monarca. A Torre negra está cravada, os Bispos<br />
brancos em posição de tiro, além dos Peões que podem colaborar no ataque.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bd5+ Rg7<br />
Analise 1 ... Rh8.<br />
*****<br />
2 Be5 Tf6 3 Bf6++ (1-0).<br />
2 Be5+ Rh6<br />
Analise 2 ... Tf6.<br />
*****<br />
3 Tg8+ Rh6 4 g5+ Rh5 5 Bf3++ (1-0).<br />
3 g5+ Rh5 4 Bf3++ (1-0)<br />
Londres, 1862<br />
Abertura Giuoco Piano<br />
Dubois x Steinitz<br />
A SEGUIR:<br />
7.4. Ataques ao Peão h7 (ou h2)<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
3.1. Partida nº 1<br />
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 0-0<br />
É mais conveniente esperar <strong>para</strong> rocar, reservando a possibilidade do roque grande. A paciência de<br />
esperar <strong>para</strong> rocar não é característica das partidas anteriores à época de Steinitz. Morphy, por exemplo,<br />
<strong>para</strong> facilitar o avanço rápido dos Peões centrais deveria abrir o jogo, e é evidente que <strong>para</strong> colocar seu<br />
Rei em segurança deve rocar o mais cedo possível.<br />
4 ... Cf6 5 d3 d6<br />
O plano de Steinitz contrasta com o de seu adversário, esperando <strong>para</strong> rocar.<br />
6 Bg5<br />
Era mais prudente jogar 6 Be3<br />
6 ... h6 7 Bh4 g5<br />
Eis as conseqüências do antecipado roque branco e da espera do roque negro. Estes lances que hoje<br />
parecem naturais não são encontrados em jogadores como Morphy, por exemplo. Este tipo de ataque<br />
(pelo flanco) somente é admissível quando se tem segurada a posição central e pode-se fecha-la<br />
rapidamente. Este ataque é típico de Steinitz: centro fechado, seguro e pressão de Peões pelo flanco Rei.<br />
8 Bg3 h5! 9 h4<br />
Analise 9 Cg5<br />
*****<br />
119
9 ... h4! 10 Cf7 hg3 11 Cd8 Bg4 12 Dd2 Cd4 13 Cc3 Cf3+ 14 gf3 Bf3 (0-1)<br />
O mate é rápido<br />
9 ... Bg4<br />
Observe que se 10 hg5 h4 11 Bh2 Ch7 e as Negras alcançam vantagem posicional. O objetivo branco é<br />
abrir o centro através do sacrifício de Peões.<br />
10 c3 Dd7 11 d4 ed4 12 e5 de5 13 Be5 Ce5 14 Ce5 Df5!<br />
O ataque negro é reforçado, vencendo o contra-ataque central branco.<br />
15 Cg4 hg4 16 Bd3 Dd5 17 b4<br />
Com o objetivo de, após 17 ... Bb6, 18 c4 e 19 c5. Steinitz sacrifica o Bispo, prevendo que o ataque na<br />
coluna h será decisivo. O eixo da combinação está no lance 22 negro, pois Steinitz, apesar de uma peça a<br />
menos, troca as Damas <strong>para</strong> tirar a casa de escape f2 do Rei branco.<br />
17 ... 0-0-0 18 c4<br />
Relativamente o melhor. Objetiva desviar a Dama negra da grande diagonal branca e da casa f5. Após<br />
desviar a ação do inimigo da grande diagonal, poderia o Branco seguir com g3. A importância de f5 será<br />
observada no decorrer da partida.<br />
18 ... Dc6 19 bc5 Th4<br />
O que Steinitz ameaça?<br />
*****<br />
20 ... Tdh8 21 f3 g3 22 Bf5+<br />
Com idéia de 23 Bh3.<br />
22 ... De6!<br />
Com mate a seguir.<br />
20 f3 Tdh8 21 fg4 De8<br />
Se 21 ... Cg4? 22 Bf5+<br />
22 De1<br />
Analise 22 Te1.<br />
*****<br />
22 ... Th1+ 23 Rf2 De1+ 24 De1 Cg4+ 25 Re2 Te1+<br />
22 ... De3+ 23 De3 de3 24 g3 Th1+ 25 Rg2 T8h7+ 26 Rf3 Tf1+ 27 Bf1 Tf2+ 28 Re3 Tf1<br />
As peças brancas estão travadas. O final é insustentável. Após poucos lances Steinitz venceu.<br />
A SEGUIR:<br />
3.2. Partida nº 2<br />
Campeonato de Londres, 1863<br />
Gambito Evans<br />
Blackburne x Steinitz<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 14.1<br />
a3, b4, e3, g2, h2, Cc5, Bd3, Te1, Tf1, Df2, Rg1 x a6, b7, d5, g7, h7, Tc6, Bd7, De5, Ce7, Re8, Th8<br />
Olimpíada, 1956<br />
Momo x Mac Govan<br />
1 ? (1-0)<br />
O mestre mongol ganha uma peça, o que lhe dá vantagem decisiva.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Atrair o Rei a f8 e dar duplo de Cavalo em d7, ganhando o Bispo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
120
1 Df8+ Tf8 2 Tf8+ Rf8 3 Cd7 (1-0)<br />
Diagrama 14.2<br />
a3, c4, e2, f2, g3, h2, Ta1, Bc1, Cc3, Dd2, Re1, Cf3, Bg2, Th1 x a7, b7, d7, f7, g7, h7, Da5, Ta8, Bc5,<br />
Cc6, Bc8, Cf6, Tf8, Rg8<br />
Ostrava, 1923<br />
Euwe x Bogoljubow<br />
1 ... ?<br />
Bogoljubow pode ganhar um Peão. Como?<br />
PLANO<br />
*****<br />
O alvo é o Peão f2, apenas defendido pelo Rei , já que existe a possibilidade de atrair a Dama branca a<br />
c3 através do sacrifício de Dama caso o Rei negro tome o Bispo f2 e então dar o duplo de Cavalo à<br />
Dama e Rei.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Bf2+ 2 Rf2 Dc3! 3 Dc3 Ce4+<br />
Diagrama 14.3<br />
a2, b2, c3, d4, f3, f5, g2, Dc2, Cf4, Rg4 x a7, b7, c6, d5, f6, g7, De3, Cf1, Rg7<br />
Wittek x Meitner<br />
Viena, 1882<br />
1 ... ?<br />
Meitner pode dar um belo golpe tático nesta posição, como?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Dama e Rei brancos estão posicionados a salto de Cavalo. O Cavalo negro domina a casa convergente<br />
e3. Logo, havendo uma maneira de ceder a casa e3 <strong>para</strong> o Cavalo, o golpe será decisivo.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Df4+ 2 Rf4 g5+<br />
O Rei branco é forçado a voltar <strong>para</strong> g4!<br />
3 Rg4 Ce3+<br />
E as Negras ganham um Cavalo<br />
Diagrama 14.4<br />
a2, a3, c2, d3, g2, Rc1, Td1, Ce6, Df3 x b6, c6, d5, g6, Ta5, Dd7, Bg7, Rh7<br />
Gottschall x N.N.<br />
Halle, 1894<br />
1 ... ?<br />
Nesta posição se o lance pertencesse às Brancas, o que deveriam jogar?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar a posição de duplo de Cavalo, pois o Rei e Dama estão em casas que propiciam este golpe<br />
tático.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Df8!!<br />
121
Ameaçando mate (1 … De6 2 Th1+ Bh6 3 Th6++). Mas e se 1 … Bf8?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Idem ao anterior.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Cf8+ Rg7 3 Cd7, ganhando uma peça.<br />
A partida prosseguiu assim:<br />
1 ... d5 2 Th1+ Th5 3 Th5+ gh5 4 Df5+ Rg8 5 Cg7 Dg7 6 De6+ Df7 7 Dc6<br />
E as Brancas, com dois Peões de vantagem ganharam com facilidade. Neste caso a ameaça do duplo de<br />
Cavalo é latente e somente se converte em efetiva se as Negras respondem com 1 ... Bf8.<br />
Apostila 15<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
XIV CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Alekhine x Bogoljubow, 1929<br />
Após a vitória sobre Capablanca, não havia quem superasse Alekhine sobre o tabuleiro. Além<br />
de seu título e impressionante histórico, era o melhor jogador do mundo às cegas, já que em New York,<br />
1924 bateu o recorde de Breyer (25 partidas), enfrentando 26 adversários, sem dúvidas mais fortes,<br />
obtendo o resultado de +16-5=5, superando a si mesmo em fevereiro do ano seguinte em Paris, ao jogar<br />
28 partidas obtendo +22-3=3. Bem é verdade que 6 dias mais tarde Reti joga em São Paulo-Brasil, 29<br />
partidas, com +20-2=7, porém com adversários inferiores.<br />
De Capablanca não queria ouvir nem falar, e durante o ano de 1928, dedica-se ao descanso e<br />
exibições pela Europa e América, mas <strong>para</strong> não ficar mal visto diante da aficção mundial, aceita o desafio<br />
de Bogoljubow, concedendo-lhe condições econômicas acessíveis. Para treinar, joga o Torneio de Bradley<br />
Beach (América do Norte), 1929, vencendo-o sem dificuldades, já que não contava com rivais de<br />
verdadeira categoria.<br />
Ewfim Dimitrievich Bogoljubow (Stanislawtsik, 1889 - Triberg, 1952) era um excelente<br />
enxadrista, mas muito inferior a Alekhine, que lhe conhecia há anos e sabia onde se localizavam seus<br />
pontos fracos.<br />
Quando estourou a I Guerra Mundial, Bogoljubow participava do Torneio de Mannheim,<br />
1914, e como cidadão russo, ficou preso. Ali jogou numerosas partidas às cegas com Alekhine.<br />
Até esta época, suas vitórias resumiam-se a torneios de pouca importância, mas quando se<br />
tornou prisioneiro de guerra o transferiram a Triberg juntamente com outros enxadristas de mesma<br />
nacionalidade e jogaram numerosos torneios durante a questão, dos quais Bogoljubow venceu cinco,<br />
adquirindo grande força.<br />
Terminada a Guerra, dedicou-se inteiramente ao xadrez, pois antes havia iniciado estudos de<br />
teologia. Venceu os seguintes torneios:<br />
122<br />
•Berlim, 1919
•Estocolmo, 1919<br />
•Estocolmo, 1920<br />
•Kiel, 1921<br />
•Pistyan, 1922 (superando Alekhine que ficou em 2°)<br />
•Carlsbad, 1923 (empatado com Alekhine e Maroczy)<br />
•Campeonato Russo, 1924<br />
•Breslau, 1925<br />
•Leningrado, 1925<br />
•Moscou, 1925 (superando Lasker e Capablanca)<br />
•Berlim, 1926<br />
•Bremen, 1927<br />
•Bad Homburg, 1927<br />
•Bad Kissingen, 1928<br />
•Berlim, 1928<br />
Juntamente com estes sensacionais triunfos, encontramos classificações medíocres, o que<br />
caracterizava a irregularidade de Bogoljubow. Seu otimismo lhe deu fama, conta-se que certa vez disse:<br />
Quando jogo de Brancas venço porque tenho a saída. Quando jogo de Negras porque sou Bogoljubow.<br />
Em matches, perdeu vários, mas com valiosos triunfos:<br />
•Nimzowich, Estocolmo, 1920, +3-1=0<br />
•Euwe, Holanda, 1928, +3-2=5<br />
•Euwe, Holanda, 1928-29, +2-1=7<br />
Argumentando que Bogoljubow havia superado Capablanca no Torneio de Bad Kissingen,<br />
1928, resolveu Alekhine dar-lhe a oportunidade de disputar o título. Mas Alekhine sabia que seu rival não<br />
lhe proporcionaria muitos problemas.<br />
O match, disputado em diversas cidades da Alemanha e Holanda, seria decidido ao melhor<br />
resultado obtido em 30 partidas. Alekhine vence o match, mas não convence a aficção mundial, que<br />
preferia um novo encontro com Capablanca. Até defender novamente o Título, Alekhine venceu todos os<br />
torneios que disputou, com exceção de Hastings, 1933-4, que ficou em 2° (superado por Flohr) e empates<br />
em 1° lugar num pequeno torneio em Berlim, 1932 e México, 1932. Seus triunfos foram:<br />
•San Remo, 1930<br />
(invicto, superando Nimzowich por 3,5 pontos)<br />
•Bled, 1931<br />
(invicto, superando Bogoljubow por 5,5 pontos)<br />
Nimzowich declarou: Trata-nos como se fossemos principiantes.<br />
Provavelmente jamais tenha existido um enxadrista como Alekhine nesta época, que não<br />
somente era envolvente nos torneios, como também nas partidas, de beleza, riqueza de idéias e afã de<br />
vencer inigualáveis.<br />
Alekhine x Bogoljubow<br />
Wiesbaden, Heidelberg, Berlim, Amsterdam, La Haya, Rotterdam e Wiesbaden<br />
06Set - 12Nov1929<br />
123<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13<br />
Alekhine 1 ½ ½ 0 1 0 1 1 ½ 1 ½ 1 0
Bogoljubow 0 ½ ½ 1 0 1 0 0 ½ 0 ½ 0 1<br />
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Tot<br />
Alekhine 0 ½ 1 1 0 1 ½ 1 1 ½ ½ ½ 15,5<br />
Bogoljubow 1 ½ 0 0 1 0 ½ 0 0 ½ ½ ½ 9,5<br />
Alekhine começou o match de Brancas.<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Eslava 1, 3, 5, 9, 10 a 14, 16, 19, 23, 25 13 52<br />
Francesa 18, 24 2 8<br />
Grünfeld 17 1 4<br />
Índia da Dama 8 1 4<br />
Índia do Rei 7, 15 2 8<br />
Nimzoíndia 2, 4, 6, 21 4 16<br />
Ruy Lopez 20, 22 2 8<br />
A SEGUIR:<br />
XV Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Alekhine x Bogoljubow, 1934<br />
FINAIS I<br />
3.10. Finais diversos de Rei e Peões (cont.)<br />
Diagrama: a3, b4, d3, e4, f5, h4, Rg2 x a7, b5, c7, e5, f6, f7, h5, Rc8<br />
1 ? (0-1)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Formar Peão passado na ala da Dama, sacrificar este Peão e atacar a base dos Peões centrais (d3)<br />
tomando os outros e progredindo com os seus.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... c5! 2 Rf2 a5! 3 Re3 ab4 4 ab4 cb4 5 Rd2 Rc7 6 Rc2 Rc6 7 Rb2 Rc5 8 Rb3 Rd4 (0-1)<br />
Diagrama: a3, c3, f3, g3, Rg2 x a4, c4, c6, g5, h5, Rf5<br />
1 ... ? (0-1)<br />
Teichman x Blackburne<br />
Esta partida foi considerada empatada. A análise a seguir foi feita por Fine em seu livro Basic chess<br />
endings: Cedo ou tarde as Negras devem jogar h4, onde residem as esperanças de vitória. As Brancas<br />
não poderão jogar gh4, pois as Negras retomariam com o Peão g, ficando com um Peão passado e final<br />
ganho. A resposta branca ao avanço ... h4 deve ser Rh3 e após 1 ... h4 2 Rh3 hg3 3 Rg3 e o Negro deve<br />
perder um tempo jogando 3 ... c5 <strong>para</strong> forçar a entrada do Rei via f4. Segue-se 4 Rg2 Rf4 5 Rf2 (=).<br />
O Negro precisa de uma manobra que evite o avanço de seu Peão c; consegue isso jogando ... Rf5 como<br />
resposta a Rg3, e <strong>para</strong> isto, o Rei negro deve então retroceder uma casa.<br />
As Negras ganham assim:<br />
1 ... Rf6! 2 Rh3 Rg6<br />
As Negras vão realizar a triangulação f6-g6-f5. Com isto perderão um tempo.<br />
124
3 Rh2<br />
Se 3 g4 h4, e se 3 f4 gf4 4 gf4 Rf5<br />
3 ... h4 4 Rh3 hg3 5 Rg3<br />
Se 5 Rg2 Rf6 6 Rh3 Re5! 7 Rg3 Rf5!, como na continuação a seguir:<br />
5 ... Rf5 6 Rg2 Rf4 7 Rf2 c5!<br />
E agora, as Pretas têm a oposição e, por conseguinte, o final vitorioso.<br />
8 Re2<br />
Ou 8 Rg2 Re3 9 Rg3 Rd3 10 Rg4 Rc3 11 Rg5 Rb3 12 f4 c3 e o Peão preto é promovido à Dama com<br />
xeque.<br />
8 ... Rg3 9 Re3 Rh3!!<br />
Pre<strong>para</strong>ndo-se <strong>para</strong> obter a oposição diagonal.<br />
10 Re4 Rg2 11 Re3 Rf1 12 Re4 Rf2 13 Rf5 Rf3 14 Rg5 Re3 (0-1)<br />
Diagrama: a4, e4, f3, g4, h5, Rb3 x b6, f6, g5, h6 Rc5<br />
1 ? ou 1 ... ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Sacrificar Peões <strong>para</strong> conseguir um Peão Passado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Rc6 2 Rb4 Rd6 3 Rc4 Rc6 4 f4!!<br />
O primeiro sacrifício de Peão<br />
4 ... gf4 5 e6!<br />
O segundo sacrifício de Peão<br />
5 ... fe5 6 g5!<br />
O terceiro sacrifício de Peão<br />
6 ... f3 7 Rd3 (1-0)<br />
Diagrama: d4, g6, h2, Re2 x a7, b7, c4, g7, Re6<br />
Stahlberg x Tartakower, Budapest, 1934<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Criar um Peão passado na ala do Rei, mediante o avanço do Peão h.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 h4! a5<br />
Analise 1 ... Rf5<br />
*****<br />
Se 1 ... Rf5, segue 2 h5 Rg5 3 d5 Rf6 4 d6 Re6 5 h6 (1-0)<br />
2 h5 a4 3 Rd2! B5 4 d5+ Rd7<br />
Observe que Tartakower não pode capturar o Peão de Stahlberg por causa do avanço do Peão h.<br />
5 h6<br />
Analise 5 Rc3<br />
*****<br />
Se 5 Rc3, segue 6 ... a3 6 h6 b4+, e as Negras se salvam.<br />
5 ... a3 6 Rc2!<br />
Analise 6 Rc3?<br />
*****<br />
125
Se 6 Rc3?, as Negras jogam 6 ... b5+ e novamente se salvam.<br />
6 ... b4 7 hg7 b3+ 8 Rb1!<br />
E se 8 Rc6?<br />
*****<br />
Interroga: 8 Rc6? a2 9 Rb2 c3+ 10 Ra1 c2 11 g8D c1D++ (0-1)<br />
Diagrama: a2, c2, c3, g2, h2, Rg1 x a7, b7, c6, e5, g6, Rf7<br />
Lasker x Aliados, Moscou, 1899<br />
1 ? (1-0)<br />
Havendo mais de 3 Peões de cada lado, o Peão Passado ganha sempre. Mas este diagrama é uma exceção<br />
interessante.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Formar um Peão Passado na ala do Rei, atraindo o Rei inimigo <strong>para</strong> esta ala, sacrifica-lo e então se<br />
infiltrar pelo centro e tomar os Peões inimigos.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 h4! a5 2 g4 a4 3 Rf2 a3 4 Re3 Re6 5 Re4 Rf6 6 c4 b6 7 c3 Re6 8 h5 gh5 9 h5 Rf6 10 h6 Rg6 11 Re5<br />
(1-0)<br />
Diagrama: a2, d4, e3, e6, g4, h2, Re2 x a5, b5, d5, f6, g5, h7, Rc6<br />
Pillsbury x Gunsberg, Hastings, 1895<br />
1 ? (1-0)<br />
Este é considerado um dos Finais de Peões mais bonitos da história do xadrez. Há igualdade de material e<br />
as Negras ameaçam formar um Peão Passado na Ala da Dama. O Peão Passado das Brancas de e6 parece<br />
perdido.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Defender o Peão Passado e6, criar um Peão Passado na ala da Dama e vencer sacrificando um deles<br />
<strong>para</strong> que o outro seja promovido.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 e4! de4 2 d5+<br />
O Peão “e” recebeu defesa e as Brancas têm dois Peões Passados poderosos.<br />
2 ... Rd6 3 Re3 b4 4 Re4 h4 5 Rd4 Re7 6 Rc4 b3 7 ab3 a3 8 Rc3 f5 9 gf5 g4<br />
Aparentemente as Negras promovem primeiro. Mas...<br />
10 b4 h5 11 b5 a2 12 Rb2 a1D+ 13 Ra1 h4 14 b6 g3<br />
Numa análise superficial, as Negras estão bem, pois seu Rei bloqueia os Peões avançados brancos e<br />
ameaçam a promoção com xeque. Mas Pillsbury executa uma série de lances de mestre.<br />
15 d6+ Rd6<br />
Analise 15 ... Rf6<br />
*****<br />
Se 15 ... Rf6, segue 16 d7 Re7 17 b7 g2 18 d8D+ Rd8 19 b8D+ (1-0)<br />
16 b7 Rc7 17 e7 g2 18 b8D+ Rb8 19 e8D+ (1-0)<br />
126<br />
A SEGUIR:<br />
4. Finais de Torres e Peões<br />
4.1. Torre e Peão x Torre
TÁTICA I<br />
7.4. Ataques ao Peão h7<br />
(Falta o Cavalo em f6)<br />
O Cavalo em f6 protege o Peão h7, que apenas se encontra defendido pelo Rei. Quando o<br />
Cavalo está ausente, devemos estudar a possibilidade de atacar o ponto h7. A coluna h é susceptível de ser<br />
aberta e por ela é que surgirão os ataques análogos aos vistos anteriormente.<br />
Diagrama: a2, b2, c2, d4, e5, f2, g2, h2, Ta1, Bc1, Cc3, Dd1, Bd3, Re1, Cf3, Th1 x a7, b7, c7, d5,<br />
e6, f7, g7, h7, Ta8, Bb4, Cb8, Bc8, Cd7, Dd8, Tf8, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
Esta posição surgiu depois da Defesa Francesa (1 e4 e6). Observe que o Cavalo negro não se encontra em<br />
f6 (foi expulso pelo Peão), o que dá margem às Brancas de elaborarem um plano de ataque sobre o Peão<br />
h7.<br />
PLANO<br />
*****<br />
Abrir a coluna h e a diagonal d1-h5 por onde agirá a Dama atacando o Rei inimigo, atraindo-o <strong>para</strong> o<br />
centro numa posição de mate. Observe que o Peão e5 domina as casas de fuga d6 e f6.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bh7+ Rh7 2 Cg5+<br />
Analise 2 ... Rg6<br />
*****<br />
Se 2 ... Rg6, segue 3 Dg4!, ameaçando Ce6+desc. (1-0)<br />
2 ... Rg8 3 Dh5 Te8 4 Df7+ Rh8 5 Dh5+ Rg8 6 Dh7+ Rf8 7 Dh8+ Re7 8 Dg7++<br />
Diagrama: b2, b3, c2, d3, f2, g2, h2, Ta1, Cc3, Re1, Be3, Cg5, Th1, Dh5 x a7, b7, c7, e5, f7, g7, h7,<br />
Ta8, Bc8, Cd6, Dd8, Be7, Tf8, Rg8<br />
1 ... ?<br />
Se você estivesse de Brancas, o que jogaria agora?<br />
*****<br />
1. Dh7++ (1-0)<br />
Observe que isto é possível pela ausência do Cavalo em f6.<br />
As Negras seguiram com:<br />
1 ... h6 2 h4!<br />
Lance típico nestas posições. Visa abrir a coluna h, por onde agirão a Dama e a Torre.<br />
2 ... hg5 3 hg5 f6<br />
Visando dar a casa de fuga f7 <strong>para</strong> o Rei negro.<br />
O que devem jogar as Brancas agora?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Tirar a casa de fuga f7 do Rei inimigo e fazer valer a força da Dama e Torre na coluna h aberta.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
4 g6! (1-0)<br />
O mate é inevitável.<br />
127
Diagrama: a2, b2, c2, d4, e5, f2, g2, h4, Ta1, Cc3, Dd1, Bd3, Re1, Cf3, Th1 x a7, b7, c7, d5, e6, f6,<br />
g7, h7, Ta8, Cb8 Bd7, Dd8, Be7, Tf8, Rg8<br />
Brancas: Schlechter<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Cavalo está ausente de f6, o que torna o Peão h7 alvo de ataque. Abrindo a coluna h, a Torre e a<br />
Dama poderão agir sobre ela. Havendo a possibilidade de infiltrar um Peão em g6, o mate é<br />
praticamente inevitável.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bh7+! Rh7 2 Cg5+ fg5 3 hg5+desc. Rg8 4 Th8+ Rh8 5 Dh5Rg8 6 g6 (1-0)<br />
Diagrama: a2, b2, c3, f2, g2, h4, Ta1, Dd1, Te1, Be4, Cf3, Rg1 x a7, b6, e6, f7, g7, h7, Ta8, Bb7,<br />
Bc5, Cc6, Dc7, Tf8, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar a ausência do Cavalo em f6 com ataque ao Peão h7. O sacrifício de Bispo é típico neste caso<br />
com o objetivo de abrir a coluna h, por onde agirá a Dama, juntamente com o ataque do Cavalo ou<br />
então atrair o Rei inimigo <strong>para</strong> o centro onde estaria exposto ao ataque fulminante das Brancas.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bh7+ Rh7 2 Cg5+ Rg6<br />
Analise 2 ... Rg8<br />
*****<br />
Seguiria 3 Dh5 Tfd8 4 Dh7+ Rf8 5 Dh8+ Re7 6 Dg7, etc.<br />
3 Dg4 Rf6 4 Te6+! fe6 5 De6++ (1-0)<br />
Campeonato de Londres, 1863<br />
Gambito Evans<br />
Blackburne x Steinitz<br />
A SEGUIR:<br />
7.5. Ataques ao Peão f7 (falta a Torre em f8)<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
3.2. Partida nº 2<br />
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Bc5<br />
Aqui é mais recomendável jogar 5 ... Ba5, pois assim o Bispo não ficaria exposto ao ataque mediante o<br />
lance branco d4. Segundo os métodos de abertura daquele tempo, ambas eram consideradas equivalentes.<br />
6 d4<br />
128
Observe que se o Bispo estivesse em a5, as Negras poderiam seguir com 6 ... d3, sem a necessidade de<br />
abandonar o centro com 6 ... ed4. Se as Brancas jogam 7 de5 de5 8 Dd8+ Cd8 9 Ce5, caem em<br />
desvantagem pela má posição de seus Peões ao tentar recuperar o Peão do Gambito.<br />
6 ... ed4 7 0-0 d6<br />
Não seria recomendável jogar 7 ... dc3, por que?<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Bispo c5 é uma peça sem defesa. Ao tomar o Peão “c”, a coluna “d” é aberta, por onde pode agir a<br />
Dama.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
8 Bf7+ Rf7 9 Dd5+<br />
8 cd4 Bb6<br />
Esta posição era considerada como normal no Gambito Evans, pois os lances que foram empregados até<br />
agora por ambos os lados, se conceituam como os melhores.<br />
9 Cc3<br />
Devemos observar que este lance que hoje é como compreensível como de desenvolvimento, foi<br />
introduzido por Morphy na prática do jogo. Antes dele, preferia-se o ataque direto, como por exemplo, 9<br />
d5, ainda que claramente tenha seus reveses. Por um lado limita a eficácia do lance branco Bc4, mas por<br />
outro, imobiliza os Peões brancos do centro.<br />
9 ... Bg4<br />
As Brancas tem um Peão a menos, mas em troca um desenvolvimento melhor, além de um forte centro de<br />
Peões. As formações de Peões d4-e4 (branca) contra d6 (negra) são encontradas com freqüência. A<br />
vantagem das Brancas é o domínio do centro, o que lhe permite levar as peças de um flanco a outro com<br />
facilidade. Em contrapartida, as Negras estão presas no flanco do Rei e da Dama e a comunicação entre as<br />
peças é ruim. Tomemos como exemplo o Bb6, que tem grandes dificuldades (perda de tempo) <strong>para</strong> se<br />
dirigir ao flanco do Rei.<br />
Com estas considerações já dá <strong>para</strong> ter uma idéia de como seguirá a partida. As Brancas pretendem atacar<br />
o flanco, provavelmente o do Rei, pois podem fazer valer a sua superioridade sobre o Negro. Em<br />
contrapartida as Negras atacarão o centro <strong>para</strong> atrair as Brancas. Além disso, as Negras tentarão trocar as<br />
peças <strong>para</strong> diminuir a desvantagem de sua posição restringida.<br />
Steinitz pretende com 9 ... Bg4 conseguir uma boa posição <strong>para</strong> um ataque contra o centro das Brancas.<br />
10 Bb5<br />
Na partida Morphy contra De Riviere, que seguiu idêntica até esta posição. As Negras, <strong>para</strong> destruir a<br />
ameaça branca d5, não encontraram nada melhor que ... Bd7, com o que abandonaram o ataque ao centro<br />
de seu adversário. Com o lance seguinte, Steinitz demonstra que o que lhe impulsionava era a condução<br />
do jogo posicional, seu primeiro princípio, e aceitava calmamente as passageiras dificuldades que eram<br />
apresentadas <strong>para</strong> atingir seu objetivo.<br />
10 ... Rf8 11 Bc6 bc6 12 Ba3<br />
As Brancas pre<strong>para</strong>m o avanço do centro, com o objetivo de explorar a má situação do Rei negro.<br />
12 ... Bf3<br />
Aparentemente perigoso, pois abre a coluna g, por onde as Brancas podem atacar, mas Steinitz continua<br />
ciente de que irá imobilizar o centro branco e debilitar o Peão d4.<br />
13 gf3 Dg5+ 14 Rh1 Ce7<br />
Para conseguir o ataque, as Brancas devem avançar antes de tudo, o seu Peão f. Portanto, devem dominar<br />
a casa f5.<br />
15 Ce2 Cg6 16 Tg1 Df6 17 Dd3 Rg8<br />
Agora Steinitz impede e5 com ... h6 e ... Rh7, ligando as Torres <strong>para</strong> continuar com o ataque ao centro<br />
branco.<br />
129
18 Bc1 h6 19 f4 Rh7 20 f5 Ce7 21 Bb2<br />
A debilidade do Peão d4 começa a se manifestar. As Brancas o defendem com o Bispo <strong>para</strong> ameaçar Cf4-<br />
Ch5.<br />
21 ... d5<br />
Steinitz continua o ataque no centro.<br />
22 f3 Tad8 23 Cf4 Thg8 24 Ch5 Dh4 25 f6<br />
Com este ataque as Brancas recuperam seu Peão do Gambito.<br />
25 ... Dh5 26 fe7 Td7 27 ed5+desc. g6 28 Tae1<br />
Os últimos lances negros dão a impressão de que Blackburne ataca impetuosamente e que Steinitz apenas<br />
se defende devolvendo o Peão. Mas a verdade é outra. Enquanto Blackburne nada no mar da combinação,<br />
Steinitz (de característica posicional) vai lutando pelo domínio do centro.<br />
Parecia, por exemplo, mais indicado jogar 26 ... Tde8 e não 26 ... Td7, pois fica exposto ao ataque<br />
mediante dc6, mas o lance seguinte das Negras demonstra-nos a previsão de Steinitz, querendo reservar a<br />
casa e8 <strong>para</strong> a outra Torre.<br />
28 ... Te8<br />
Agora está claro que as Negras, depois de 29 dc6 Tde7, dominam a coluna “e” e enfraquecem os Peões<br />
brancos, ficando assim em vantagem. Mas Blackburne evita as trocas e continua magistralmente seu<br />
ataque, que fracassa finalmente pela inexorável defesa de seu adversário.<br />
29 Te5 Dh4 30 Tf5<br />
Lance genial! As Negras não podem tomar a Torre. Também não seria conveniente 30 ... T7e7, por que?<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Rei negro está exposto ao ataque da Dama pela diagonal b1-h7, além de que a Torre Branca age<br />
sobre a coluna aberta g.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
31 Tf7+ seguido de Dg6+.<br />
30 … De7 31 dc6 T7d8 32 Ba3<br />
As Brancas não podem jogar 32 Te5, pois as Negras ganhariam a Torre.<br />
32 ... De6 33 Tf4 f5<br />
As Negras não cedem mais a coluna “e”. Impedem agora o lance branco Te4 e ameaçam ... Dc6.<br />
34 Th4<br />
Analise 34 ... Dc6<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Rei negro está exposto ao ataque da Dama pela diagonal b1-h7, além de que a Torre Branca age<br />
sobre a coluna aberta g. Se a Dama tomar o Peão c, deixa de vigiar a casa f5. Ou seja o mesmo tema<br />
anterior.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
Se 34 ... Dc6 35 Bc1 h5 36 Th5+! gh5 37 Df5+ (1-0)<br />
Mas esta combinação analisada por Blackburne é tão bonita quanto inútil...<br />
34 ... h5<br />
Muitos mestres teriam caído aqui na perspicaz armadilha de Blackburne, fazendo o aparente lance<br />
destruidor 34 ... De2, parecendo que, depois da troca de Damas, o final é perdido <strong>para</strong> o primeiro jogador.<br />
Mas a continuação poderia ser outra, qual?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Colocar as duas Torres na sexta horizontal e dar xeques perpétuos.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
130
35 Bf8!! e se as Negras jogam 35 ... Dd3, as Brancas empatam com 36 Th6+ Rg8 37 T1g6+ Rf8 38 Tf6+<br />
Re7 39 Te6+ (=)<br />
Ainda nesta análise, o que você faria se as Negras jogassem 35 ... h5 ao invés de jogar 35 ... Dd3 como foi<br />
visto?<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
36 Th5+ gh5 37 Df5 (1-0)<br />
35 Bb2 Td5<br />
Defende o ponto f5 e renova a ameaça ... Dc6.<br />
36 Dc2 De2 37 Db3 Db5 38 Dc3 Te2<br />
Os minutos de Blackburne estão contados, mas ainda assim ele pre<strong>para</strong> outra armadilha.<br />
39 f4<br />
Se o negro jogar 39 ... Bd4 o que acontece?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Abrir a coluna g <strong>para</strong> agir sobre ela com a Dama e a Torre, chegando à posição típica de mate com a<br />
Dama atacando o Rei, defendida pela Torre ou pelo Bispo em b2.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
40 Th5+ gh5 41 Dg3 Bg1 42 Dg7++ (1-0)<br />
39 ... Td4 40 Df3<br />
Ameaça o sacrifício em h5 de Dama ou Torre.<br />
40 Dd5 (0-1)<br />
Blackburne abandona.<br />
A SEGUIR:<br />
3.3. Partida nº 3<br />
Londres, 1863<br />
Defesa Robatsch<br />
Steinitz x Mongredien<br />
EXERCÍCIOS<br />
Diagrama 15.1<br />
a3, b2, e4, f6, g4, h2, Cb3, Be2, Rf1, Bg7, Dh6 x a6, d6, e6, f7, h7, Ta8, Db6, Bb7, Tc2, Cd8, Ce5,<br />
Rg8<br />
Riches x Leslie<br />
Londres, 1955<br />
1 ... ?<br />
O que ameaçam as Brancas nesta posição?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Se a Dama Branca estivesse ocupando a casa g7 agora, teríamos uma posição de mate.<br />
Se o lance pertencesse às Brancas o que deveriam jogar?<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Bf8, seguido de 2 Dg7++.<br />
131
Observe que apesar da superioridade material (2 Torres), as Negras não poderiam impedir o ataque<br />
Branco. Mas o lance pertence ao segundo jogador, o que possibilitará se desvencilhar desta posição.<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Cavalo pode atingir a casa g4, atacando a Dama. Se as Negras conseguem atrair o Rei <strong>para</strong> a casa f2,<br />
o duplo está montado e consegue o segundo jogador evitar o ataque visto anteriormente.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Df2+ 2 Rf2 Cg4+<br />
Observe que o duplo é possível nesta posição por causa do Bispo branco de d2 cravado.<br />
Diagrama 15.2<br />
a3, b4, e6, Rb3, Cc4, Dg4 x a6, b7, c7, Rc8, Df6, Tg5<br />
Trüitsch x Heindenreich<br />
Wurzen, 1935<br />
1 ?<br />
As Brancas tem qualidade a menos. As Negras, após colocarem o Rei em g8 poderiam atacar facilmente o<br />
Peão e6.<br />
O que deve fazer o Branco?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Explorar o Peão Passado, com xeque descoberto, atrair o Rei Negro <strong>para</strong> a casa d7 e a Torre negra<br />
<strong>para</strong> g4, onde o Cavalo poderia dar um duplo<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 e7+! Tg4 2 e8D+ Dd8 3 De6+ Dd7<br />
Observe que as Brancas ameaçavam 4 Dg4<br />
4 Dd7+ Rd7 5 Ce5+, seguido de 6 Cg4<br />
E as Brancas tem um Cavalo de vantagem. Este é um exemplo de manobra (ou combinação) de duplo,<br />
que contém em sua fase pre<strong>para</strong>tória elementos táticos <strong>para</strong> atrair o Rei e outras peças <strong>para</strong> as casas<br />
convergentes ao duplo de Cavalo.<br />
Apostila 17<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
XVI CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Alekhine x Euwe, 1935<br />
Poucos meses depois de sua segunda vitória sobre Bogoljubov, Alekhine participa e<br />
ganha brilhantemente o Torneio de Zurique, 1934, perdendo somente uma partida <strong>para</strong> Euwe,<br />
que seria seu próximo desafiante no Campeonato Mundial.<br />
Max Euwe, nascido em 20Mai1901, na cidade holandesa de Watergraasfmeer,<br />
próximo de Amsterdam, foi o único Campeão Mundial que alcançou a glória máxima que não<br />
era um profissional do xadrez.<br />
Durante sua vida, desenvolveu a atividade de professor de matemática e mais tarde<br />
dirigiu um instituto de eletrônica. No ano de 1923, conseguiu o título de Doutor em Filosofia e<br />
em 1970 foi eleito presidente da Federación International dés Échécs (FIDE).<br />
132
Euwe aprendeu a jogar xadrez com sua mãe aos 4 anos de idade, ainda que jamais<br />
tenha sido considerado um menino prodígio, apesar de que aos 10 anos já tenha participado<br />
de um pequeno torneio. Em 1919 empatou em segundo lugar no Campeonato Nacional, e em<br />
1926 seu nome começa a ser conhecido ao finalizar em 2º/3º em um torneio, em Gotemburgo.<br />
No ano seguinte ficou em 2º, atrás de Sämisch, em Viena, mas à frente de enxadristas de<br />
categoria, como Breyer, Grunfeld, Tartakower, etc. Neste mesmo ano, enfrentou pela primeira<br />
vez Alekhine no Torneio de Budapest, chegando a empatar a partida e finalizando em 6º lugar.<br />
A partir deste momento e até encontrar-se com Alekhine pelo título mundial, sua carreira é<br />
muito extensa. Suas principais atuações foram:<br />
TORNEIO ANO COLOCAÇÃO<br />
Mährisch-Ostrau 1923 5º/6º<br />
Hastings 1923/24 1º<br />
Weston 1924 1º<br />
Weston 1926 1º<br />
La Haya* 1928 1º<br />
Bad Kissingen 1928 3º/4º<br />
Carlsbad 1929 5º/7º<br />
Hastings 1930/31 1º**<br />
Zurique 1934 2º/3º<br />
Hastings 1934/35 1º/3º<br />
Campeonato Holandês Diversas vezes<br />
* Considerado o Campeonato Mundial de Amadores<br />
** Superando a Capablanca<br />
Em matches foi derrotado duas vezes por Bogoljubov, uma vez por Capablanca.<br />
Destacamos outros matches:<br />
133<br />
ADVERSÁRIO CIDADE, ANO RESULTADO<br />
Reti Amsterdam, 1920 +1 –3 =0<br />
Maroczy Aussee, 1921 +2 –2 =8<br />
Olland Utrecht, 1922 +5 –2 =3<br />
Colle Zütphen, 1924 +5 –3 =0<br />
Davidson Rotterdam, 1924 +5 –1 =3<br />
Davidson Amsterdam, 1926 +3 –0 =2<br />
Colle Amsterdam, 1928 +5 –0 =1<br />
Landau Amsterdam, 1931 +3 –1 =2<br />
Noteboom Amsterdam, 1931 +3 –0 =3<br />
Spielmann Amsterdam, 1932 +2 –0 =2<br />
Bosch Amsterdam, 1934 +6 –0 =0<br />
Landau Amsterdam, 1934 +4 –1 =1
Flohr Amsterdam/Carlsbad, 1932 +3 –3 =10<br />
O histórico, apesar de importante, não incomodava Alekhine, que o havia vencido<br />
em um match antes de disputar o Mundial contra Capablanca, por +3 –2 =5 e que foi jogado<br />
em Amsterdam no fim de 1926 e começo de 1927.<br />
Alekhine concedeu a oportunidade a Euwe, voltando a “esquecer” Capablanca e<br />
cometeu o mesmo erro que contra o cubano: não deu importância ao rival. A maior prova disto<br />
é que o Campeão Mundial começa o ano de 1935 realizando uma extensa turnê de<br />
simultâneas pela Espanha, onde declara: “Não acredito que Euwe ganhe sequer 3 partidas de<br />
mim!”.<br />
Confiante, deixa a Espanha <strong>para</strong> jogar o Torneio de Orebro, que ganha sem<br />
dificuldades; em seguida, participa das Olimpíadas de Varsóvia, onde não perde uma partida<br />
sequer, ganhando sete e empatando dez, uma quantidade excessiva, se levarmos em<br />
consideração os rivais, não tão perigosos <strong>para</strong> sua categoria. Um mês depois de terminar este<br />
torneio, Alekhine defende seu Título diante de Euwe, em um encontro que seria disputado em<br />
diversas cidades da pátria do aspirante, e no qual seria vencedor o que conseguisse melhor<br />
resultado em 30 partidas.<br />
As primeiras partidas deram a impressão de que o Campeão revalidaria seu Título<br />
sem maiores esforços, pois começou ganhando a 1ª partida, e ainda que tenha perdido a 2ª,<br />
ganhou a 3ª e 4ª. Seguiram 2 empates e Alekhine ganhou a 7ª, e o placar sinaliza +4 –1 =2 a<br />
seu favor, que era muito tranqüilo. A partir de então, Euwe começa a jogar muito bem,<br />
ganhando a 8ª, e ainda que perdendo a 9ª, impõe-se na 10ª, 12ª e 14ª, empatando a 11ª e a<br />
13ª, com o que a pontuação se iguala a +5 –5 =4.<br />
Os aficionados holandeses se emocionaram ao ver seu campeão reagir tão<br />
brilhantemente após um começo negativo, e a luta se converte em um acontecimento nacional.<br />
A partida 15 finaliza empatada e Alekhine joga um balde de água fria nos<br />
simpatizantes de Euwe ao ganhar a 16 e a 19, depois de empatar as outras duas.<br />
Com 2,0 pontos de vantagem, ninguém mais acreditava em Euwe, mas desafiante<br />
iguala a pontuação ao vencer as duas partidas seguintes, a 20 e a 21. Seguem 3 empates e o<br />
aspirante vence a 25ª e a 26ª, com o que fica com 2,0 pontos de vantagem e restando apenas<br />
4 partidas <strong>para</strong> o final do match.<br />
Alekhine se recuperou? Não. Ainda que tivesse tentado com todas as suas forças<br />
vencendo a 27ª. E a partir de então, Euwe demonstra sua classe e sangue frio, empatando a<br />
28ª e 29ª. Alekhine tem de vencer a 30ª, de Negras e se lança a um ataque desesperado.<br />
Euwe se defende com precisão, ganha material, e quando a luta está completamente perdida<br />
<strong>para</strong> Alekhine, oferece empate, que este aceita, entregando o Título.<br />
O encontro finalizou por +9 –8 =13 a favor de Euwe, e ainda que a vantagem tenha<br />
sido mínima, não ficou dúvida de que o aspirante jogou melhor.<br />
Muito se especula sobre este match no sentido de que Alekhine não se apresentou<br />
em sua melhor forma <strong>para</strong> jogar, o que não há duvidas, e que inclusive uma partida jogou<br />
praticamente embriagado, pois naquela época bebia em demasia.<br />
Indubitavelmente, Euwe não tinha a genialidade de seus antecessores no Título,<br />
mas foi um grande trabalhador que jogava perfeitamente as aberturas e possuía um grande<br />
sentido posicional. Como bem observou o grande enxadrista, psicólogo e publicista Ruben<br />
Fine, durante o período que foi Campeão Mundial não se mostrou inferior a nenhum outro<br />
enxadrista. E a prova desta afirmação é sua classificação nos torneios que jogou como titular:<br />
134
Local Ano Colocação Observação<br />
Amsterdan 1936 1º/2º Com Fine, sem derrotas, superando Alekhine<br />
(com uma vitória sobre ele).<br />
Nottingham 1936 3º/5º Com Fine e Reshevsky, a meio ponto de<br />
Capablanca e Botwinnik, os vencedores,<br />
perdendo somente <strong>para</strong> Alekhine e Lasker.<br />
Zanvoort 1936 2º Atrás de Fine, mas à frente de Keres,<br />
Tartakower, etc.<br />
Bad Nahueim 1937 1º Pequeno torneio com turno e returno<br />
superando a Alekhine em uma partida e<br />
empatando outra.<br />
Estocolmo 1937 - Última atuação como Campeão Mundial com<br />
uma magnífica pontuação e vitórias sobre<br />
Keres, entre outros.<br />
Após perder o Título, a estrela de Alekhine começa a brilhar e sua força de vontade<br />
começa a se destacar. Decide deixar por completo a bebida e o fumo, além disso, começa<br />
uma intensa pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> recuperar o Título, já que o contrato tinha uma cláusula em que<br />
tinha direito à revanche.<br />
Mas a força de Alekhine dava a impressão de haver caído. Veja suas atuações:<br />
Local Ano Col Observação<br />
Bad Nauheim 1936 1º/2º Sem derrotas, com Keres.<br />
Dresden 1936 1º Uma derrota <strong>para</strong> Engels.<br />
Podebrad 1936 2º Sem derrotas, atrás de Flohr.<br />
Nottingham 1936 6º Duas derrotas diante de Capablanca e Reshevsky.<br />
Amsterdan 1936 1º/2º Sem derrotas, com Landau.<br />
Amsterdan 1936 3º Atrás de Euwe e Fine, com uma derrota <strong>para</strong> Euwe.<br />
Hastings 1936/7 1º Sem derrotas.<br />
Margate 1937 3º Atrás de Fine e Keres, derrotado por Keres Fine e<br />
Buerger.<br />
Kemeri 1937 4º/5º Empatado com Keres, uma derrota diante de<br />
Mikenas e superado por Flohr, Petrov e Reshevsky,<br />
que terminaram empatados em 1º.<br />
Bad Nauheim 1937 2º/3º Com Bogoljubow, atrás de Euwe, que lhe ganhou<br />
uma partida.<br />
Não é de se estranhar que diante destes resultados, anos mais tarde, Euwe<br />
declarou: “Em 1935, eu acreditava ser inferior a Alekhine. Em troca, em 1937, pensava que o<br />
mais forte era eu”.<br />
135<br />
Euwe x Alekhine<br />
Amsterdan e diversas cidades da Holanda<br />
08Out-15Dez1935
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Euwe 0 1 0 0 = = 0 1 0 1<br />
Alekhine 1 0 1 1 = = 1 0 1 0<br />
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20<br />
Euwe = 1 = 1 = 0 = = 0 1<br />
Alekhine = 0 = 0 = 1 = = 1 0<br />
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Tot<br />
Euwe 1 = = = 1 1 0 = = = 15,5<br />
Alekhine 0 = = = 0 0 1 = = = 14,5<br />
Alekhine começou o match de Brancas.<br />
136<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Alekhine 29 1 3,33<br />
Cambridge Springs 25 1 3,33<br />
Eslava 1, 6, 8, 10, 11, 15, 16, 19, 20, 21, 23 11 36,67<br />
Francesa 3, 5, 7, 9 4 13,33<br />
Gambito da Dama Aceito 30 1 3,33<br />
Grünfeld 2, 4, 12, 14 4 13,33<br />
Holandesa 24, 26 2 6,67<br />
Inglesa 18 1 3,33<br />
Nimzoindia 22 1 3,33<br />
Ortodoxa 28 1 3,33<br />
Peão da Dama 17 1 3,33<br />
Ruy López 13 1 3,33<br />
Vienense 27 1 3,33<br />
A SEGUIR:<br />
XVII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Euwe x Alekhine, 1937
Diagrama: e5, Th7, Rf5 x Re8, Tb1<br />
Posição de Philidor, 1777, Empate<br />
FINAIS I<br />
4. FINAIS DE TORRES E PEÕES (cont.)<br />
4. 1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />
Final de Berger<br />
Neste final, a Torre negra não mais vigia a 3ª horizontal, nem a coluna “a” está a sua<br />
disposição, pois está ocupada pela Torre branca.<br />
Estes fatores levaram a considerar, por muito tempo, o final perdido <strong>para</strong> as Negras.<br />
As Negras, tendo o lance, com 1 ... Tb3! Conseguem empatar facilmente, desde que<br />
conservem a Torre na 3ª horizontal até o avanço do Peão branco na 6ª casa (vide Manobra de<br />
Philidor).<br />
Berger opinava que as Brancas ganhariam se lhes correspondesse a jogar, baseado<br />
na continuação:<br />
1 Rf6<br />
Se 1 Re6? Porque seguiria 1 ... Tb6+, atingindo posição de empate que já estudamos.<br />
1 ... Tf1+?<br />
Este é o erro de Berger.<br />
2 Re6 Rf8 3 Ta8+ Rg7 4 Re7 Tf7+ 5 Rd6 Tb7 6 e6 Tb6+ 7 Rd7 Tb7+ 8 Rf6 (1-0)<br />
Este final estaria empatado se a Torre negra estivesse distanciada 3 colunas do<br />
Peão branco; por exemplo se estivesse na coluna “a” e a Torre branca na coluna “b”.<br />
Manobra de Chéron<br />
O teórico Chéron refutou as análises de Berger, descobrindo, na posição do<br />
diagrama do Final de Berger uma manobra de empate.<br />
1 Rf6 Te1!!<br />
Lance sutil que garante o empate.<br />
2 Re6 Rf8 3 Ta8+ Rg7 4 Rd6!<br />
Se 4 Te8, haveria empate com 4 ... Ta1!, colocando a Torre em situação que deixa 3 colunas<br />
livres entre ela e o Peão inimigo, segredo tático fundamental.<br />
4 ... Rf7! (=)<br />
Estes dois finais (Philidor e Berger) têm grande importância em virtude de a maioria<br />
dos finais de Torres e Peões se resumir num daqueles que vimos.<br />
137<br />
A SEGUIR:<br />
4.1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />
Posição Ideal da Torre defensiva
TÁTICA I<br />
7.6. Ataques devidos ao avanço g6<br />
Nesta estrutura de Peões (f7-g6-h7), as casas f6 e h6 tornam-se casas débeis,<br />
devido ao avanço do Peão e nelas, o adversário poderá situar suas peças <strong>para</strong> apoiar o mate.<br />
Além disso, a diagonal a1-h8 é aberta (alguns autores a chamam de “diagonal fatal do roque”).<br />
Através dela uma Dama ou Bispo podem vulnerar a posição do monarca inimigo <strong>para</strong> seguir<br />
com mate.<br />
Diagrama: a3, b2, c3, d4, f6, g2, h2, Te1, Tf1, Rh1, Dh3 x a5, b6, c5, f7, g6, h7, Db7, Td8,<br />
Tf8, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão g avançou enfraquecendo as casas f6 e h6. As Brancas já ocupam a casa f6 com o<br />
Peão, dominando a casa g7. Se a Dama conseguir penetrar em g7, teremos uma posição de<br />
mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dh6 (1-0)<br />
O mate é inevitável com 2 Dg7++.<br />
Diagrama: a3, b4, c5, f2, g2, h3, Bb2, Rg1, Dg3, Th4 x a7, b6, c7, f7, g6, h7, Bb7, Dc8, Tf8,<br />
Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão g avançou enfraquecendo as casas f6 e h6. O Bispo branco em b2 domina a “diagonal<br />
fatal”. Se a Dama branca conseguir se infiltrar em g7 ou h8 ou ainda a Torre branca em h8,<br />
teremos uma posição de mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Th7! Rh7 2 Dh4+ Rg8 3 Dh8++ (1-0)<br />
Diagrama: a3, b4, d4, f2, g3, h2, Ta1, Dd2, Te1, Be2, Be3, Cf3, Rg2 x a6, b5, c4, f7, g6, h6,<br />
Ta8, Bb7, Cc6, Bc7, Dd5, Tf6, Rh7<br />
N.N. x Rjumin<br />
1 … ? (0-1)<br />
PLANO<br />
*****<br />
138
O Peão g avançou enfraquecendo as casas f3 e h3. Dama e Bispos negros já se encontram<br />
na “diagonal fatal”, a Torre negra age sobre o Cavalo cravado.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 … Tf3!! 2 Bf3 Df3+ 3 Rf3 Cd4+ 4 Rg4 Bc8+ 5 Rh4 Cf3++ (0-1)<br />
Diagrama: b2, e5, f2, g2, h3, tc1, Bd3, Te1, Rg1, Bg5, Dh6 x b7, e6, f7, g6, h7, Ta7, Db6,<br />
Bc5, Bc8, Te8, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão g avançou enfraquecendo as casas f6 e h6. A Dama branca já se encontra em h6 e<br />
ameaçam entrar com o Bispo em f6, seguido de Dh7++. Mas as Negras podem se defender<br />
facilmente jogando ... Bf8. Além disso, ameaçam ... Bf2+.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tc5! Dc5 2 Bg5<br />
Armadilha tentando desviar a atenção da Dama negra da casa f8.<br />
2 … Df8 3 Be8 De8 4 Bf6 Df8<br />
Evitando o mate.<br />
5 Df8+ Rf8 6 Td1! Bd7 7 Td7 (1-0)<br />
Dublin, 1865<br />
Defesa Philidor<br />
Steinitz x MacDonnel<br />
A SEGUIR:<br />
7.7. Ataques devido ao avanço h6<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
3.4. Partida nº 4<br />
Esta partida é um bom exemplo <strong>para</strong> o tratamento de posições fechadas. Nos mostra o<br />
método dos fundamentos de Steinitz que foi popularizado pelos excelentes trabalhos<br />
pedagógicos do dr. Tarrasch.<br />
1 e4 e5 2 Cf3 d6 3 Bc4<br />
Nas partidas anteriores, vimos somente o lance enérgico 3 d4. Mas Steinitz constrói um centro<br />
bem defendido. Pela simétrica formação de Peões (d3, e4 x d6, e5), as perfectivas favorecem<br />
às Brancas, pois seu Bispo do Rei já está desenvolvido diante da cadeia de Peões, enquanto<br />
que o das Negras está fechado atrás de sua cadeia de Peões.<br />
139
Pode parecer pouco, mas o xadrez é formado de conquista de pequenas vantagens, que<br />
devem ser conquistadas. As grandes vantagens, só são possíveis de alcançar se o adversário<br />
cometer erros graves, o que não devemos nunca esperar.<br />
3 ... Be7 4 c3 Cf6 5 d3 0-0 6 0-0 Bg4 7 h3 Bf3<br />
Um mestre moderno não faria esta troca, pois Steinitz demonstrou que 2 Bispos são<br />
superiores a Bispo e Cavalo.<br />
8 Df3 c6 9 Bb3 Cbd7 10 De2 Cc5<br />
Agora se compreende o objetivo do aparente inútil 9 Bb3. Se o Bispo estivesse em c4, as<br />
Brancas não conseguiriam impedir a troca do mesmo.<br />
11 Bc2<br />
As Brancas iniciarão o ataque de Peões pelo Flanco do Rei com f4.<br />
11 ... Ce6 12 g3!!<br />
As Brancas querem conservar o par de Bispos, por isso não jogaram f4 agora.<br />
12 ... Dc7 13 f4 Tfe8 14 Cd2 Tad8 15 Cf3 Rh8<br />
As Negras não tem, graças à sua posição restringida, nenhum lance bom a ser feito. Observe<br />
como a vantagem das Brancas vai se tornar mais clara.<br />
16 f5 Cf8 17 g4 h6 18 g5 hg5 19 Cg5 Rg8 20 Rh1<br />
A essência da vantagem branca se reconhece claramente ao ver o planejado ataque contra a<br />
coluna g e contra a casa g7.<br />
As Brancas querem triplicar suas forças na coluna g, o que é fácil, levando em consideração a<br />
liberdade de movimento que têm. Já as Negras estão restringidas em seu próprio campo, o<br />
que dificulta a defesa do ponto g7.<br />
20 … C6h7 21 Cf3 Td7<br />
Começam as Negras a pre<strong>para</strong>r a defesa de g7, o qual pode ser feito apenas com muitas<br />
manobras.<br />
22 Tg1 Bd8 23 Bh6 c6 24 Tg2 d5<br />
As Negras tentam quebrar o centro <strong>para</strong> conseguir maior liberdade <strong>para</strong> suas peças.<br />
25 Tag1 Tee7 26 ed5 cd5 27 Ba4 Td6<br />
Não há mais casas <strong>para</strong> as Torres juntas defenderem o Peão g7.<br />
28 Tg7+ Tg7 29 Tg7+ Dg7 30 Bg7 (1-0)<br />
140<br />
A SEGUIR:<br />
3.5. Partida nº 5<br />
Baden-Baden, 1870<br />
Partida dos 3 Cavalos<br />
Paulsen x Steinitz<br />
EXERCÍCIOS
Diagrama 17.1<br />
a2, b2, e2, f2, g2, h2, Ta1, Cb5, Bc1, Cd5, Re1, Bf1, Th1 x a7, b7, e5, f7, g7, h7, Ca6, Ta8,<br />
Bc8, Re8, Bf8, Cg8, Th8<br />
Tarrasch x Dyckhoff<br />
Da obra “Modernen Schachpartie”<br />
1 ... ?<br />
O ponto fraco da posição negra é a casa c7 (convergência do ataque duplo de Cavalo ao Rei e<br />
Torre). É difícil defende-la, pois se 1 ... Rd8, segue 2 Be3 seguido de 3 0-0-0. Mas as Negras<br />
podem desenhar um contra-ataque, pois o Rei e a Torre brancos também estão em casa<br />
convergente de ataque duplo de Cavalo (c2).<br />
1 ... Cb4<br />
E agora? O que devem fazer as Brancas? Tarrasch tem uma peça desenvolvida a mais, o que<br />
torna mais fácil a sua liberação do que o seu oponente.<br />
2 Cdc7+ Rd8 3 Ch8 Cc2+ 4 Rd1 Ca1 5 Ca7 Bc5 6 Cb5! Be6<br />
Qual a idéia de 6 ... Be6?<br />
*****<br />
Aproximar o Rei e tomar o Cavalo a8<br />
7 b4! Bf2 8 Bb2 Cb3 9 Be5<br />
As Brancas impedem a captura do Cavalo a8 e ganham rapidamente ao envolver o Rei<br />
adversário em uma rede de mate.<br />
9 ... f6 10 Bc7+ Rd7 11 e3! Ca1<br />
Se 11 ... Be3 12 ab3 Bb3+ 13 Re2.<br />
12 Bd3! Be3 13 Re2 Bg5 14 Cb6+ Rc6 15 a4! f5 16 a5! Cb3 17 Be5 Ca5 18 ba5 Cf6 19 Tb1<br />
(0-1)<br />
Por que as Negras abandonaram?<br />
*****<br />
As Negras abandonaram por causa das ameaças Cd4+ e Ca7+.<br />
Diagrama 17.2<br />
a2, b2, f3, g2, h2, Re1, Dd5, Ta1, Th1, Bf1, Ce4, Cg1 x a7, b7, f7, g7, h7, Rg8, De7, Ta8,<br />
Tf8, Bc8, Cc6<br />
Stahlberg x Donner<br />
Göteborg, 1955<br />
1 ... ?<br />
Esta posição é muito importante <strong>para</strong> a teoria do Gambito da Dama. Chega-se a ela através<br />
dos seguintes lances:<br />
1 d4 d5 2 c4 e6 3 Cc3 Cf6 4 Bg5 c5!? 5 cd5 cd4 6 Dd4 Be7 7 e4 Cc6 8 Dd2! Ce4 9 Ce4 ed5<br />
10 Be7 De7 11 Dd5 0-0!? 12 f3<br />
As Brancas tem uma peça de vantagem, mas as Negras pre<strong>para</strong>m um tema tático<br />
interessante. Descubra qual e como.<br />
PLANO<br />
141
*****<br />
O tema é o duplo de Cavalo em c2<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Cg4<br />
Se 2 Dd2? Td8 3 Df2 f5.<br />
Se 2 Db3? Be6, etc.<br />
A partida continuou assim:<br />
2 Dc5<br />
Analise 2 Dd6.<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Cavalo negro está em posição de duplo em c2, o Cavalo branco em e4 está cravado, a<br />
Dama branca está numa coluna aberta acessível à Torre inimiga.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
Se 2 Dd6, as Negras podem responder: 2 ... Cc2+ 3 Rd2 Td8 4 Dd8+ Dd8 5 Rc2 Bf5 com<br />
perspectivas de ataque que compensam o material sacrificado.<br />
2 ... Dc5 3 Cc5 Cc2+ 4 Rd2 Ca1 5 Bd3<br />
Aparentemente o Cavalo está perdido, mas as Negras se salvam graças a um interessante<br />
contra-ataque.<br />
5 ... Td8!<br />
Qual a ameaça negra?<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Bispo branco encontra-se cravado na coluna d e está protegido pelo Cavalo e Rei. O Cavalo<br />
sendo expulso, restará apenas a frágil proteção do Rei.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
Ameaça negra: ... b6 seguido de ... Ba6.<br />
6 Ce4 Be6! 7 Ch3<br />
Com 7 Ce2 a continuação seria análoga.<br />
7 ... Td3+ 8 Rd3 Td8+ 9 Rc3 Tc8+ 10 Rd2 Td8+ (=)<br />
Analise 11 Rc1<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Rei branco está se deslocando em direção ao Cavalo, que está imóvel porque suas casas<br />
de fuga c2 e b3 estão dominadas, logo é necessário evitar que o Rei atinja a casa b1.<br />
142
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
11 ... Ba2 12 b3 Cb3 13 Rb2 Cd2! 14 Ra2 Ce4 15 fe4 Td2+ e a vantagem é negra. Uma<br />
emocionante luta <strong>para</strong> a liberação do Cavalo.<br />
Mais tarde encontrou-se uma linha em que as Brancas podem reforçar a posição através de<br />
uma interessante manobra:<br />
1 ... Cb4 2 Dc4! Be6 3 Dc5! Dc5 4 Cc5 Cc2+ 5 Rd2 Ca1 6 Ce6 fe6 7 Bd3 Tfd8 8 Ce2 Td3+ 9<br />
Rd3 Td8+ 10 Rc3 Tc8+ 11 Rd2 Td8+ 12 Rc1<br />
E o Cavalo não pode escapar. Um instrutivo exemplo de “perda de tempo”!<br />
Apostila 18<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
XVII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Euwe x Alekhine, 1937<br />
Euwe voltou a cometer o mesmo erro que antes cometeram Capablanca e Alekhine.<br />
Pensava que poderia voltar a vencer sem dificuldades seu adversário, e mal aconselhado,<br />
precipitou-se em conceder-lhe o encontro da revanche, que poderia demorar, já que o contrato<br />
não especificava data.<br />
O Alekhine de 1937 já não era o de 1935. Aqueles dois anos de ex-campeão foram<br />
muito duros e tristes <strong>para</strong> um homem acostumado a vencer, a ser o número um e a não privarse<br />
do álcool que minava seu organismo. Alekhine compreendeu que somente vencendo a si<br />
mesmo poderia derrotar Euwe, e com uma vontade de ferro, afastou-se de tudo que poderia<br />
prejudicar sua saúde.<br />
Quando chegou o 05Out1937, dia seu segundo encontro com Euwe, ninguém<br />
acreditava nele, e muito menos quando perdeu a primeira partida. Mas Alekhine, com a saúde<br />
recuperada e a moral muito alta, ganha a segunda, empata as duas seguintes, e depois de<br />
perder a quinta, se impõe nas três seguintes. Euwe seria capaz de repetir a façanha anterior?<br />
De maneira nenhuma, pois seu rival já não era o mesmo, senão um homem cheio de fé que<br />
vence uma partida atrás da outra e chega aos 15,5 pontos que significavam a recuperação do<br />
Título em 25 partidas, com o avassalador resultado de +10 –4 =11.<br />
Após ter perdido o Título, Euwe continua jogando numerosos torneios com pouco<br />
êxito até que começa a II Guerra Mundial e ainda perde um match contra Keres (Amsterdam,<br />
1939, +5 –6 =3), ganha, entre outros, de Bogoljubow (Carlsbad, 1941, +5 –2 =3).<br />
Finalizada a Guerra, parece que volta ao que era antes, vencendo o Torneio de<br />
Londres, 1946, e ficou a um ponto de ganhar o Torneio de Groninga, 1946, onde ficou em 2º<br />
lugar, atrás de Botwinnik.<br />
Em 1948, como o Título Mundial havia ficado vago com a morte de Alekhine,<br />
organizou-se um torneio de 5 turnos <strong>para</strong> designar o novo Campeão e constituiu num amargo<br />
fracasso <strong>para</strong> Euwe, pois ficou em último lugar, vencendo apenas uma partida (contra<br />
Smyslov). Desde então, ainda que tenha jogado com freqüência e vencido numerosos<br />
143
pequenos torneios, seu nome começou a declinar, não obtendo nenhum primeiro prêmio de<br />
verdadeira importância. No xadrez, o tempo não perdoa.<br />
Alekhine continuou conseguindo êxitos até a II Guerra Mundial, ainda que também<br />
alguns fracassos, como em A.V.R.O., 1938. No início da Guerra, estava em Buenos Aires,<br />
participando da Olimpíada, onde defende, pela França, o primeiro tabuleiro. Volta <strong>para</strong> a<br />
Europa e se incorpora ao exército francês como intérprete. Quando seu país de adoção se<br />
rende aos exércitos de Hitler, começa a jogar numerosos torneios na Alemanha nazista e<br />
países ocupados, ganhando importantes prêmios. No final de 1943, chega à Espanha, joga<br />
diversos torneios, nem sempre com êxito, e ao fim da Guerra, muda-se <strong>para</strong> Portugal, com a<br />
ilusão de que lhe convidem a participar do Torneio de Londres, 1946. Acusado de prónazismo,<br />
vê seu sonho de defender seu Título diante de Botwinnik se desmanchar.<br />
Um dia, em um modesto hotel de Estoril, o maior lutador de todos os tempos<br />
aparece morto. Tinha um agasalho <strong>para</strong> proteger-se do frio e um tabuleiro diante de si. Nos<br />
bolsos, umas míseras moedas e naquele coração, já sem vida, desilusão e amargura.<br />
Somente a morte pode tirar-lhe o Título!<br />
Tanto Alekhine quanto Euwe escreveram importantes livros. Do primeiro<br />
mencionamos “Minhas Melhores Partidas”, os torneios de New York, 1924 e 1927, assim como<br />
“Gran Ajedrez” e “Legado”, estes dois últimos editados em espanhol. Euwe é autor de<br />
numerosos estudos sobre aberturas, “Estratégia e Tática” e muitos outros.<br />
Euwe começou o match de Brancas.<br />
144<br />
Alekhine x Euwe<br />
Amsterdan e diversas cidades da Holanda<br />
05Out-07Dez1937<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Alekhine 0 1 = = 0 1 1 1 = 1<br />
Euwe 1 0 = = 1 0 0 0 = 0<br />
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20<br />
Alekhine = = 0 1 = = 0 = = =<br />
Euwe = = 1 0 = = 1 = = =<br />
21 22 23 24 25 Tot<br />
Alekhine 1 1 = 1 1 15,5<br />
Euwe 0 0 = 0 0 9,5<br />
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %<br />
Catalã 14, 16 2 8<br />
Defesa Nimzoíndia 8, 10, 12, 19, 20, 25 6 24<br />
Eslava 1, 2, 3, 4, 6, 7, 9, 11, 13, 15, 17 11 44
Gambito da Dama Aceito 5 1 4<br />
Índia da Dama 21, 23 2 8<br />
Tarrasch 18, 24 2 8<br />
Zukertort 22 1 4<br />
A SEGUIR:<br />
XVIII Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Torneio em 5 turnos, 1948 (Botwinnik, Smyslov, Keres, Reshevsky e Euwe)<br />
FINAIS I<br />
4. FINAIS DE TORRES E PEÕES (cont.)<br />
4. 1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />
Posição Ideal da Torre defensiva<br />
(Princípio das 3 colunas livres entre a Torre defensiva e o Peão inimigo)<br />
Na Posição de Philidor a Torre defensiva atinge a eficiência máxima, dando xeques<br />
ao Rei branco, que se mantém junto ao Peão, quando situada na 8ª horizontal e distanciada 4<br />
casas do Peão. O Rei branco não pode se afastar do Peão, em direção à Torre negra, pois<br />
perderia o Peão. Esses xeques de Torre são eficientes mesmo quando realizados pelos<br />
flancos, ao longo das horizontais, mas a Torre deve estar afastada do Peão inimigo pelo<br />
menos 3 casas.<br />
Chéron, que foi um grande estudioso dos finais de Torres, sintetizou o princípio<br />
relativo a esses finais da seguinte maneira:<br />
“A Torre da defesa tem máxima resistência, se sua posição é tal que deixa 3 colunas livres<br />
entre ela e o Peão inimigo. A posse desse espaço intermediário constitui a posição correta da<br />
Torre defensiva”.<br />
Observe os diagramas:<br />
Diagrama: Rd7, Td8, e6 x Rb7, Td1<br />
(=)<br />
Diagrama: Rd7, Td8, e6 x Rf7, Td1<br />
(1-0)<br />
Ambos os diagramas diferem apenas na colocação do Rei negro, que no primeiro caso está na<br />
ala da Dama e no segundo, na ala do Rei. Esta diferença define o resultado. No primeiro<br />
diagrama, a Torre negra, dando xeques na coluna h, distanciada 3 casas do Peão branco<br />
garante o empate. No segundo, os xeques se realizando na coluna “a”, a uma distância de<br />
apenas duas casas do Peão branco, a vitória é branca.<br />
Vamos analisar o primeiro diagrama:<br />
1 ... Th1!<br />
Procurando os xeques pelo flanco, <strong>para</strong> afastar o Rei branco da defesa do Peão.<br />
2 Te8 Th7+<br />
145
A Torre defensiva está em sua melhor posição, afastada 3 casas do Peão inimigo.<br />
3 Te7<br />
Analise 3 Rd8<br />
PLANO<br />
*****<br />
Tomar o Peão<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
Se 3 Rd8 Rc6! e ganha o Peão.<br />
3 ... Th8!<br />
Facilitando o empate, ao evitar a ameaça Rd8+ desc.<br />
4 Tf7 Rb6<br />
Com a Torre branca na 7ª horizontal, as Negras devem manobrar seu Rei pelas casas b7-b6.<br />
5 Re7 Rc6 6 Tg7<br />
Se 6 d7 Rc7 7 Tg7 Td8! 8 Re6 Th8! (=). Empate por repetição de lances.<br />
6 ... Rb7 7 Re6+ desc. Rc8 (=)<br />
Não há como as Brancas vencerem.<br />
Analisemos agora o segundo diagrama:<br />
1 ... Ta1 2 Tc8 Ta7+ 3 Tc7 Ta8<br />
As Negras utilizam o mesmo plano, mas não será suficiente pela falta da quantidade mínima<br />
de colunas.<br />
4 Tb7 Rf6 5 Tb1 Ta7+ 6 Rc8 Re6 7 Td1 Ta8+ 8 Rb7!<br />
Este importante ganho de tempo, ao atacar a Torre negra, decorre da má posição da Torre<br />
defensiva, que não se encontra em sua melhor posição (distanciada 3 colunas livres do Peão<br />
adversário).<br />
8 ... Td8 9 Rc7 Td7+ 10 Rc6 Ta7 11 Te1+ Rc7 12 d7 Ta8 13 Rb7!<br />
Observe que a Torre negra não se acha em sua melhor posição.<br />
13 Td8 14 Rc7 (1-0)<br />
146<br />
A SEGUIR:<br />
4.1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />
Exceções<br />
TÁTICA I<br />
7.7. Ataques devidos ao avanço h6
Sobre o Peão avançado h6 converge com freqüência, a ação das peças inimigas<br />
que abrem brechas no escudo do roque.<br />
Diagrama: b2, f2, g2, h2, Dd1, Bd4, Td6, Rg1 x a5, f7, g7, h6, Db7, Cb8, Tf8, Rg8<br />
1 ?<br />
1 Th6! gh6?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Ao tomar a Torre, a coluna g ficou aberta, assim como a grande diagonal negra sobre o roque.<br />
Se a Dama branca consegue se infiltrar em g7 sem dar tempo das Negras refutarem, temos<br />
uma posição de mate, pois o Bispo defende esta casa.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Dg4+ Rh7 3 Dg7++<br />
Diagrama: a2, b2, c2, f2, g5, h2, Rc1, Td1, Bd3, Be5, Tg1, Dh4 x a7, c4, e6, f7, g7, h6, Ta8,<br />
Bc6, Td8, Cd7, De7, Rg8<br />
Brancas: Spielman<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão h6 está avançado, a Torre branca está posicionada na coluna g e o par de Bispos está<br />
direcionado ao roque.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dh6!! gh6 2 gh6+desc. Rf8 3 Tg8+! Rg8 4 h7+ Rf8 5 h8=D++<br />
Observe que a promoção à Torre também seria mate.<br />
E se jogassem as Negras no diagrama inicial e fizessem o lance ... Rf8?<br />
Diagrama: a2, b2, c3, f2, g2, g3, Ta1, Bb3, Dd6, Cg5, Th1, Rh2 x a6, b5, f7, g7, h6, Ba8,<br />
Cb6, Db8, Te8, Tf8, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão h6 está avançado e o Peão f7 está cravado. Estas duas debilidades, aliadas à Torre<br />
branca posicionada na coluna h possibilitam a exploração da casa fraca g6.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dg6<br />
Ameaçam mate com Dg7.<br />
1 ... hg5 2 Rg1 (1-0)<br />
147
Não há como evitar 3 Dh7++.<br />
Diagrama: c2, f2, g2, h2, Tb5, Dd1, Bd2, Bd3, Ce5, Rg1, Tg3 x a7, b7, e6, f7, g7, h6, Ta8,<br />
Bc8, Dd6, Be7, Cf6, Tf8, Rh8<br />
Brancas: Richter<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
As Negras avançaram o Peão <strong>para</strong> h6 e têm as peças entorpecidas. A Torre branca está<br />
posicionada sobre a coluna g e o par de Bispos está direcionado ao roque.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tg7!! Rg7 2 Bh6+! Rg8<br />
Analise 2 ... Rh6 e 2 ... Rh8.<br />
PLANO (2 ... Rh6)<br />
*****<br />
Explorar as colunas g e h abertas sobre o Rei com a Dama e o Cavalo que tem fácil acesso.<br />
Além disso, a Torre poderá também tirar proveito das colunas citadas.<br />
PROCEDIMENTO (2 ... Rh6)<br />
Se 2 ... Rh6 3 Dd2+ (Rh5? 4 Be2+ e o mate é inevitável) Rg7 4 Dg5+ Rh8 5 Dh6+ Rg8 6 Cg6!<br />
fg6 7 Dg6+ Rh8 8 Th5+ Ch5 9 Dh7++.<br />
PLANO (2 ... Rh8)<br />
*****<br />
Ganhar a Torre e ameaçar o duplo de Cavalo em f7.<br />
PROCEDIMENTO (2 ... Rh8)<br />
Se 2 ... Rh8 3 Bf8 ameaçando Cf7+.<br />
Voltemos à linha principal:<br />
3 Df3 Ce8 4 DDg4+ Rh8 5 Bg7+! Cg7 6 Dh3+ Bh4 7 Dh4+ Ch5 8 Dh5+ Rg7 9 Dg5+ Rh8 10<br />
Dh6+ Rg8 11 Dh7++ (1-0)<br />
Baden-Baden, 1870<br />
Abertura dos 3 Cavalos<br />
L. Paulsen x W. Steinitz<br />
148<br />
A SEGUIR:<br />
8. Ataques contra o Rei Centralizado<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
3.5. Partida nº 5
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Cc3<br />
O lance branco não é a continuação ao ataque feito ao Peão negro de e5 (2 Cf3), portanto, as<br />
Negras tem uma maior liberdade de ação que na Abertura Ruy López (3 Bb5). A melhor<br />
continuação <strong>para</strong> as Negras é 3 ... Cf6, chegando-se à Abertura dos 4 Cavalos. Se as Negras<br />
optam por outro lance, a Abertura é chamada de “Abertura dos 3 Cavalos”.<br />
3 ... g6<br />
O fianchetto do Bispo do Rei, é uma particularidade encontrada nas partidas de Steinitz.<br />
Morphy preferia o jogo aberto, não jogava fianchetto. Steinitz preferia posições fechadas.<br />
4 Bc4<br />
O mais usado é 4 d4, pois abre a posição. Paulsen evitou esta continuação sem dúvida porque<br />
com isto abriria a Grande Diagonal Negra <strong>para</strong> o Bispo do Rei de Steinitz. Por outro lado, as<br />
Brancas também poderiam desta maneira chegar a aproveitar a debilidade do ponto f6, com 4<br />
d4 ed4 5 Cd5! Bg7 6 Bg5 e as Brancas com vantagem sempre, recuperam o Peão, por<br />
exemplo, depois de 6 ... f6 7 Bf4 ou 6 ... Cge7 7 Bf6.<br />
4 ... Bg7 5 d3 d6 6 Bg5 Dd7 7 a3<br />
Evitando a troca do Cavalo da Dama pelo Bispo do Rei branco.<br />
7 ... h6 8 Bh4 g5!<br />
Este avanço de Peão no flanco do Rei parece um debilitamento da posição negra. Mas Steinitz<br />
na verdade encontrou um plano de ganho.<br />
9 Bg3 Cge7<br />
O objetivo é jogar ... f5 seguido de ... f4, obrigando as Brancas a trocarem o Peão Central pelo<br />
do Flanco. As conseqüências <strong>para</strong> as Negras são a preponderância de Peões no centro e a<br />
possibilidade de forma-lo. Esta é a idéia do plano de Steinitz. Paulsen tenta evitar, mas não<br />
consegue.<br />
10 h4 g4 11 Cd2 h5<br />
Steinitz impede que Paulsen desafogue seu Bispo mediante o avanço do Peão h.<br />
12 Cd5 Cd5 13 Bd5 Ce7 14 Bb3 f5<br />
As Negras conseguem executar seu plano. É evidente que as Brancas terão de fazer trocas,<br />
pois não podem deixar eternamente restringido o Bispo da Dama.<br />
15 ef5 Cf5 16 Cf1<br />
As Brancas fazem este lance com o objetivo de evitar dobrar seus Peões no Flanco do Rei,<br />
pois ficariam com um Peão a menos no centro, depois de 16 ... Cg3 17 fg3.<br />
16 ... c6<br />
Steinitz pre<strong>para</strong> ... d5, mas esperará a conclusão de seu desenvolvimento, pois o centro de<br />
Peões seria débil pela insuficiente possibilidade de poder agir com outras peças.<br />
17 c3 Dc7<br />
A Dama negra se dirige à b3, onde agirá todas as direções.<br />
18 De2 Db6 19 Ba2 Bd7 20 0-0-0 0-0-0 21 f3 Cg3 22 Cg3 d5<br />
O centro está formado!<br />
As Negras, com a posse do centro pre<strong>para</strong>m o ataque pelo flanco. Não escolhem <strong>para</strong> isto o<br />
Flanco da Dama, ainda que o Rei se encontre ali, mas o Flanco do Rei, pois é onde as<br />
Brancas têm maior debilidade. As Brancas não tem outro remédio a não ser atacar o centro<br />
149
negro. Observe a dificuldade branca de levar o Bispo de a2 ao Flanco da Dama ou o Cavalo<br />
de g3 ao Flanco do Rei!<br />
23 Rb1<br />
As Brancas colocam, antes de tudo, o Rei em segurança, pois pretendem atacar o centro<br />
negro com c4.<br />
23 ... Bf8<br />
O Bispo é conduzido ao ataque contra o Flanco do Rei (que é sempre o lado direito das<br />
Brancas), ainda que tenham as Brancas roçado <strong>para</strong> o outro lado.<br />
24 Ra1 Bd6 25 Cf1 Tdf8 26 Cd2 Th6 27 c4 Be6 28 Cb3<br />
Ameaçam as Brancas destruir o centro negro com 29 c5 Bc5 30 Cc5 Dc5 31 De5.<br />
28 ... gf3 29 gf3 Bc7 30 Cd2 T6f6 31 Tc1<br />
Ameaça 32 cd5 e as Negras não podem contestar com 32 ... cd5 por causa de 33 De5.<br />
31 ... Rb8 32 cd5 cd5 33 Thg1 Bd6 34 Tg5 Bf7 35 Cb1<br />
Última tentativa branca de atacar o centro negro com Cc3.<br />
35 ... Dd4 36 Cc3 a6<br />
Seria um erro 36 ... Dh4, pois 37 Te5 Be5 38 De5+ Ra8 39 Bd5 daria um contra ataque<br />
completo, por exemplo: 39 ... te8 40 Cb5.<br />
37 Tg7<br />
As Brancas querem sacrificar a qualidade em f7. O lance Bd5 antes sustentaria mais a<br />
situação.<br />
37 ... Be6<br />
Nesta posição as Brancas perderam por tempo. De qualquer maneira, a partida não se<br />
sustentaria. Em primeiro lugar, Steinitz ameaçava ... Tf3. Se as Brancas se antecipam com<br />
Tg3, as Negras respondem com e4. Se 38 Tf1, então as Negras se encontram com mais<br />
possibilidades na posição e podem ganhar um Peão com ... Ba3.<br />
Diagrama 18.1<br />
A SEGUIR:<br />
3.6. Partida nº 6<br />
Viena, 1873<br />
Partida dos 3 Cavalos<br />
Rosental x Steinitz<br />
EXERCÍCIOS<br />
a2, b2, c3, e5, f2, g2, h2, Ta1, Bc1, Bd3, De2, Tf1, Cf5, Rg1 x a7, b6, c7, d5, f7, g7, h7, Ta8,<br />
Bb7, Cc5, Dd7, Be7, Tf8, Rg8<br />
Bogoljubow - Hussong<br />
Karlsruhe, 1939<br />
1 ... ?<br />
Por que as Negras não devem tentar trocar o Cavalo com 1 ... Cd3?<br />
150
PLANO<br />
*****<br />
O tema é o ataque ao roque. O Cavalo branco ataca a casa g7. Se a Dama também tivesse<br />
acesso a esta casa, teríamos uma ameaça de mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
Se 1 ... Cd3?? 2 Dg5 (1-0)<br />
Ameaça mate em g7 e Ch6+ ganhando a Dama.<br />
Diagrama 18.2<br />
a2, b3, c4, e4, f2, g2, h2, Cc3, Td1, Dd2, Te1, Be3, Rg1 x a7, b7, d6, e7, f7, g6, h7, Da5,<br />
Td8, Be6, Tf8, Bg7, Rg8<br />
1 ?<br />
Como as Brancas podem ganhar um Peão nesta posição?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Ataque descoberto com o Cavalo (a Dama negra está desprotegida) com xeque intermediário.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Cd6! Dd2 2 Ce7+ Rh8 3 Td2<br />
Suponhamos uma posição parecida: as Torres negras em a8 e c8 e o Bispo branco em b2 ao<br />
invés de e3. As Brancas também ganhariam um Peão. Como?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Ataque descoberto com o Cavalo (a Dama negra está desprotegida) com xeque intermediário.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Cd5 Dd2 2 Ce7+ rf8 3 Bg7+ (segundo cheque intermediário) Rg7 (ou 3 ... Re7) 4 Td2<br />
Apostila 19<br />
OS CAMPEONATOS DO MUNDO<br />
XVIII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ<br />
Torneio <strong>para</strong> o Campeonato Mundial<br />
Botwinnik, Smyslov, Keres, Reshevsky e Euwe<br />
O momento da morte tem a faculdade de fazer ressaltar em somente um lance a<br />
glória ou a futilidade de uma vida.<br />
151
A morte de Alekhine contém um <strong>para</strong>doxo. Se havia buscado a felicidade, encontrou<br />
algo diferente; se queria a fama, seu nome viverá enquanto se jogue xadrez. Quando este<br />
homem solitário foi encontrado morto em seu hotel de Estoril, próximo de Lisboa, a cabeça<br />
caída <strong>para</strong> o lado, um tabuleiro diante de si, alguém tirou uma foto da cena e assim nos deixou<br />
um símbolo da viagem pela vida de uma personalidade insólita. Em sua vida, havia vendido<br />
sua alma à deusa do xadrez e somente assim foi capaz de escalar as alturas. Os que puderam<br />
maravilhar-se com ele enquanto viveu, amaram sua força criativa depois de sua morte.<br />
Quando jovem, ficava irritado em ter de possuir uma pátria, pois queria ser independente,<br />
capaz de ir onde desejasse, respondendo às chamadas de um torneio. Não tinha amigos<br />
porque era centrado demasiadamente em si mesmo. Não tinha necessidade de mulheres<br />
porque estava apaixonado pelo xadrez. Se casou com mulheres mais velhas que ele. Ele, que<br />
passou toda a vida em hotéis, necessitava de uma esposa que não necessitasse de sua<br />
presença, mas que o protegesse, solitário que era. Seu antecessor, Capablanca, , que devia<br />
tudo a seu gênio e nada à sua preguiça, parecia, em seu match contra Alekhine, 1927, um<br />
desarmado epicurista <strong>para</strong> quem o prazer era mais precioso que a ambição, confrontado com<br />
um guerreiro de vontade férrea e armado até os dentes.<br />
Como o cérebro e os nervos humanos não podem suportar 24 horas de meditação<br />
em esferas abstratas totalmente alheias à vida. Nas horas vagas, Alekhine enchia-se de álcool.<br />
Mas o álcool nunca foi mais necessário que o xadrez. Quando estava ardendo em desejo de<br />
recuperar seu título perdido, bebia somente leite. Era supersticioso e durante seu match com<br />
Euwe, levava um Jersey com um gato negro bordado.<br />
Morphy, talvez, teve uma carreira mais brilhante e meteórica; Lasker, mais longa;<br />
Capablanca, mais convincente, mas um fanático como Alekhine não se viu no mundo até<br />
então.<br />
É 1948, surge Mikhail Botwinnik, similar a Alekhine em sua tremenda energia e<br />
vontade de ganhar, portanto, o homem que deveria sucede-lo. Em qualquer outro aspecto,<br />
Botwinnik desenvolveu-se em situações diferentes. Pela primeira vez, o governo proporcionava<br />
ajuda material ao desenvolvimento do xadrez e considerava que este contribuía ao prestígio do<br />
regime socialista. No Escolar de Leningrado, com calças remendadas, recebeu muitos<br />
incentivos <strong>para</strong> dedicar-se ao seu jogo predileto. Até então, os melhores jogadores do mundo<br />
haviam sido cosmopolitas em sua forma de viver e haviam cuidado de seus próprios<br />
interesses. Botwinnik, ao contrário, viajou pouco e introduziu uma novidade: sua enorme<br />
pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> as competições. Seus êxitos estavam assegurados de antemão, pelo trabalho<br />
em casa. Empregava muito mais tempo em análises e na comprovação de linhas eficientes de<br />
jogo do que na partida real, onde colocava em prática suas novas idéias. Tais métodos eram<br />
também característicos de Alekhine, mas nunca em escala tão grandiosa. Além disso, a vida<br />
pessoal de Alekhine não foi, e nem podia ter sido, regular. Para Botwinnik, ao contrário, tudo<br />
estava planejado e calculado <strong>para</strong> obter o máximo êxito.<br />
Planejou conquistar o título supremo durante anos. Conservou-se em forma durante<br />
a Guerra. Botwinnik tomou parte de vários torneios nacionais, concentrado em suas<br />
aspirações, incluindo quando a ameaça de Hitler batia às portas de Moscou.<br />
Depois da Guerra, a morte do deprimido Alekhine significou o cancelamento do<br />
match <strong>para</strong> o qual ele estava se pre<strong>para</strong>ndo. Os outros, Smyslov, Reshevsky, Keres, Euwe e o<br />
ausente do Torneio <strong>para</strong> o Campeonato Mundial, Fine, não representavam perigo <strong>para</strong><br />
Botwinnik. Aquele era o seu momento. Mais do que todos, ele estava disposto a dar o grande<br />
salto da carreira.<br />
Quando conseguiu atingir o sonho de sua vida, Botwinnik isolou-se durante vários<br />
anos como Campeão Mundial, sussurrando pensamentos sobre sua superioridade. Se bem<br />
que sua ambição era igual à de Alekhine, sua devoção ao xadrez não o era. Botwinnik era um<br />
homem sombrio que, <strong>para</strong>lelamente à sua carreira enxadrística, escolheu a profissão, menos<br />
152
conhecida, mas mais segura, de engenheiro eletrotécnico. Enquanto isso,Bronstein e Smyslov<br />
iam se fortalecendo cada vez mais em torneios, Botwinnik não jogou nenhuma partida. Seu<br />
novo objetivo era conseguir o grau de Doutor em Ciências Técnicas. Na então União Soviética<br />
isto significava muito. Não somente a reputação, mas o soldo e os honorários fixos pela lei<br />
serem muito maiores. Alekhine teve também o diploma de Doutor em Direito, em Paris, mas<br />
aquilo foi mais por prestígio social enquanto viajava pelo mundo jogando xadrez, o que<br />
Botwinnik fazia com finalidades práticas. Para Alekhine, seu diploma era necessário por causa<br />
do xadrez; Botwinnik, ao contrário, o queria <strong>para</strong> o caso de algum dia abandonar o xadrez. Mas<br />
tanto <strong>para</strong> um como <strong>para</strong> o outro, o xadrez era a obra da vida.<br />
Torneio <strong>para</strong> o Campeonato Mundial<br />
Primeiras 10 rodadas, Haya, 02-25Mar1948<br />
As restantes 15 rodadas, em Moscou, 11Abr-17Mai1948<br />
Nº Enxadrista 1 2 3 4 5 Tot<br />
1 Botwinnik x = = 1 = = 1 1 1 1 0 1 = 0 1 1 1 = 1 = = 14,0<br />
2 Smyslov = = 0 = = x 0 0 = 1 = = = 1 = = 1 1 1 0 0 11,0<br />
3 Keres 0 0 0 0 1 1 1 = 0 = x 1 = 1 0 = 1 = 1 1 1 10,5<br />
4 Reshevsky 0 = 1 0 0 = = 0 = = 0 = 0 1 = x 1 = = 1 1 10,5<br />
5 Euwe 0 = 0 = = 0 0 0 1 1 0 = 0 0 0 0 = = 0 0 x 4,0<br />
A SEGUIR:<br />
XIX Campeonato Mundial de <strong>Xadrez</strong><br />
Botwinnik x Bronstein, 1951<br />
FINAIS I<br />
4. FINAIS DE TORRES E PEÕES (cont.)<br />
4. 1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />
Exceções<br />
Há 3 casos em que as Negras perdem o final, muito embora seu Rei tenha atingido<br />
a casa de promoção do Peão inimigo:<br />
1) Quando a Torre negra fica imobilizada;<br />
2) Quando o Rei negro permite sua expulsão da casa de promoção do Peão;<br />
3) Quando o rei negro se dirige <strong>para</strong> o lado incorreto.<br />
Vejamos então cada um dos casos:<br />
Diagrama: Ta2, e6, Rf6 x Tb8, Rf8<br />
(1-0)<br />
153<br />
Torre Defensiva Imobilizada
Obs.: ganham também com o PD e o PB, mas empatam com o PC e o PT.<br />
A idéia da Posição de Philidor era não permitir que o Rei branco alcançasse a 6ª<br />
casa sem ser molestado, razão por que a Torre negra dispunha de mobilidade, atacando o Rei<br />
por trás, na 8ª horizontal.<br />
Observamos neste diagrama que a Torre negra está presa na 8ª horizontal, evitando<br />
o mate com Ta8, ou seja não pode dar os xeques por trás. Por este motivo, as Brancas<br />
ganham.<br />
1 ... Tc8<br />
Analise 1 ... Rg8.<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Rei e a Torre ficam na mesma horizontal, daí surge a idéia de aproveitar esta posição com<br />
xeque pela ala do Rei <strong>para</strong> ganhar a Torre.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
Se 1 … Rg8, segue 2 Tg2+ Rf8 3 e7+ Re8 4 Tg8+ Rd7 5 Tb7 (1-0)<br />
2 Th2 Rg8 3 Tg2+ Rh8<br />
Se 3 ... Rf8 4 e7+ (1-0).<br />
4 Rf7 Tc7+ 5 e7 (1-0)<br />
Quando o Peão é o PD ou o PB, a análise é a mesma. Mas se tratando do PC ou<br />
PT, há empate, mesmo com a Torre defensiva na 1ª horizontal, pois deixa de existir a ameaça<br />
de mate com a Torre branca.<br />
Diagrama: Rh6, Ta2, g6 x Rg8, Tb8<br />
1 ? (=)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O plano de empate é manter a Torre negra na 8ª horizontal até o avanço do Peão, quando<br />
então, dará xeques laterais consecutivos.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Ta7 Tc8 2 Tg7+ Rh8 3 Th7+ Rg8 4 Ta7 Tb8 5 g7 Tb6+ (=)<br />
Diagrama: Rd6, d5, Th7 x Tc1, Rd8<br />
1 ... (1-0)<br />
Rei negro permite a expulsão da casa de promoção<br />
As Negras empatam com sua Torre em qualquer casa da 8ª horizontal, com<br />
exceção de e8.<br />
PLANO<br />
*****<br />
154
xxxx<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 ... Rc8<br />
1 ... Re8 2 Th8+ Rf7 3 Rd7 Ta1 4 d6 Ta7+ 5 Rc6 Ta6+ 6 Rc7 Ta7+ 7 Rb6! Td7 8 Rc6 (1-0)<br />
2 Th8+ Rb7 3 Rd7 Tg1 4 d6 Tg7+ 5 Re6 Tg6+ 6 Re7 Tg7+<br />
Se 6 … Rc6 7 Tc8+ Rb7 8 d7 (1-0)<br />
7 Rf6! Td7 8 Re6 Tg7 9 d7 (1-0)<br />
(continua com o rei negro dirige-se <strong>para</strong> o lado incorreto)<br />
A SEGUIR:<br />
4.1. Torre e Peão x Torre (cont.)<br />
Exceções<br />
TÁTICA I<br />
7.6. Ataques devidos ao avanço h6<br />
Sobre o Peão avançado h6 converge com freqüência, a ação das peças inimigas<br />
que abrem brechas no escudo do roque.<br />
Diagrama: b2, f2, g2, h2, Dd1, Bd4, Td6, Rg1 x a5, f7, g7, h6, Db7, Cb8, Tf8, Rg8<br />
1 ?<br />
1 Th6! gh6?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Ao tomar a Torre, a coluna g ficou aberta, assim como a grande diagonal negra sobre o roque.<br />
Se a Dama branca consegue se infiltrar em g7 sem dar tempo das Negras refutarem, temos<br />
uma posição de mate, pois o Bispo defende esta casa.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
2 Dg4+ Rh7 3 Dg7++<br />
Diagrama: a2, b2, c2, f2, g5, h2, Rc1, Td1, Bd3, Be5, Tg1, Dh4 x a7, c4, e6, f7, g7, h6, Ta8,<br />
Bc6, Td8, Cd7, De7, Rg8<br />
Brancas: Spielman<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão h6 está avançado, a Torre branca está posicionada na coluna g e o par de Bispos está<br />
direcionado ao roque.<br />
155
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dh6!! gh6 2 gh6+desc. Rf8 3 Tg8+! Rg8 4 h7+ Rf8 5 h8=D++<br />
Observe que a promoção à Torre também seria mate.<br />
E se jogassem as Negras no diagrama inicial e fizessem o lance ... Rf8?<br />
Diagrama: a2, b2, c3, f2, g2, g3, Ta1, Bb3, Dd6, Cg5, Th1, Rh2 x a6, b5, f7, g7, h6, Ba8,<br />
Cb6, Db8, Te8, Tf8, Rg8<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
O Peão h6 está avançado e o Peão f7 está cravado. Estas duas debilidades, aliadas à Torre<br />
branca posicionada na coluna h possibilitam a exploração da casa fraca g6.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Dg6<br />
Ameaçam mate com Dg7.<br />
1 ... hg5 2 Rg1 (1-0)<br />
Não há como evitar 3 Dh7++.<br />
Diagrama: c2, f2, g2, h2, Tb5, Dd1, Bd2, Bd3, Ce5, Rg1, Tg3 x a7, b7, e6, f7, g7, h6, Ta8,<br />
Bc8, Dd6, Be7, Cf6, Tf8, Rh8<br />
Brancas: Richter<br />
1 ? (1-0)<br />
PLANO<br />
*****<br />
As Negras avançaram o Peão <strong>para</strong> h6 e têm as peças entorpecidas. A Torre branca está<br />
posicionada sobre a coluna g e o par de Bispos está direcionado ao roque.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Tg7!! Rg7 2 Bh6+! Rg8<br />
Analise 2 ... Rh6 e 2 ... Rh8.<br />
PLANO (2 ... Rh6)<br />
*****<br />
Explorar as colunas g e h abertas sobre o Rei com a Dama e o Cavalo que tem fácil acesso.<br />
Além disso, a Torre poderá também tirar proveito das colunas citadas.<br />
PROCEDIMENTO (2 ... Rh6)<br />
Se 2 ... Rh6 3 Dd2+ (Rh5? 4 Be2+ e o mate é inevitável) Rg7 4 Dg5+ Rh8 5 Dh6+ Rg8 6 Cg6!<br />
fg6 7 Dg6+ Rh8 8 Th5+ Ch5 9 Dh7++.<br />
156
PLANO (2 ... Rh8)<br />
*****<br />
Ganhar a Torre e ameaçar o duplo de Cavalo em f7.<br />
PROCEDIMENTO (2 ... Rh8)<br />
Se 2 ... Rh8 3 Bf8 ameaçando Cf7+.<br />
Voltemos à linha principal:<br />
3 Df3 Ce8 4 DDg4+ Rh8 5 Bg7+! Cg7 6 Dh3+ Bh4 7 Dh4+ Ch5 8 Dh5+ Rg7 9 Dg5+ Rh8 10<br />
Dh6+ Rg8 11 Dh7++ (1-0)<br />
Baden-Baden, 1870<br />
Abertura dos 3 Cavalos<br />
L. Paulsen x W. Steinitz<br />
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Cc3<br />
A SEGUIR:<br />
8. Ataques contra o Rei Centralizado<br />
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO<br />
3.5. Partida nº 5<br />
O lance branco não é a continuação ao ataque feito ao Peão negro de e5 (2 Cf3), portanto, as<br />
Negras tem uma maior liberdade de ação que na Abertura Ruy López (3 Bb5). A melhor<br />
continuação <strong>para</strong> as Negras é 3 ... Cf6, chegando-se à Abertura dos 4 Cavalos. Se as Negras<br />
optam por outro lance, a Abertura é chamada de “Abertura dos 3 Cavalos”.<br />
3 ... g6<br />
O fianchetto do Bispo do Rei, é uma particularidade encontrada nas partidas de Steinitz.<br />
Morphy preferia o jogo aberto, não jogava fianchetto. Steinitz preferia posições fechadas.<br />
4 Bc4<br />
O mais usado é 4 d4, pois abre a posição. Paulsen evitou esta continuação sem dúvida porque<br />
com isto abriria a Grande Diagonal Negra <strong>para</strong> o Bispo do Rei de Steinitz. Por outro lado, as<br />
Brancas também poderiam desta maneira chegar a aproveitar a debilidade do ponto f6, com 4<br />
d4 ed4 5 Cd5! Bg7 6 Bg5 e as Brancas com vantagem sempre, recuperam o Peão, por<br />
exemplo, depois de 6 ... f6 7 Bf4 ou 6 ... Cge7 7 Bf6.<br />
4 ... Bg7 5 d3 d6 6 Bg5 Dd7 7 a3<br />
Evitando a troca do Cavalo da Dama pelo Bispo do Rei branco.<br />
7 ... h6 8 Bh4 g5!<br />
Este avanço de Peão no flanco do Rei parece um debilitamento da posição negra. Mas Steinitz<br />
na verdade encontrou um plano de ganho.<br />
9 Bg3 Cge7<br />
O objetivo é jogar ... f5 seguido de ... f4, obrigando as Brancas a trocarem o Peão Central pelo<br />
do Flanco. As conseqüências <strong>para</strong> as Negras são a preponderância de Peões no centro e a<br />
157
possibilidade de forma-lo. Esta é a idéia do plano de Steinitz. Paulsen tenta evitar, mas não<br />
consegue.<br />
10 h4 g4 11 Cd2 h5<br />
Steinitz impede que Paulsen desafogue seu Bispo mediante o avanço do Peão h.<br />
12 Cd5 Cd5 13 Bd5 Ce7 14 Bb3 f5<br />
As Negras conseguem executar seu plano. É evidente que as Brancas terão de fazer trocas,<br />
pois não podem deixar eternamente restringido o Bispo da Dama.<br />
15 ef5 Cf5 16 Cf1<br />
As Brancas fazem este lance com o objetivo de evitar dobrar seus Peões no Flanco do Rei,<br />
pois ficariam com um Peão a menos no centro, depois de 16 ... Cg3 17 fg3.<br />
16 ... c6<br />
Steinitz pre<strong>para</strong> ... d5, mas esperará a conclusão de seu desenvolvimento, pois o centro de<br />
Peões seria débil pela insuficiente possibilidade de poder agir com outras peças.<br />
17 c3 Dc7<br />
A Dama negra se dirige à b3, onde agirá todas as direções.<br />
18 De2 Db6 19 Ba2 Bd7 20 0-0-0 0-0-0 21 f3 Cg3 22 Cg3 d5<br />
O centro está formado!<br />
As Negras, com a posse do centro pre<strong>para</strong>m o ataque pelo flanco. Não escolhem <strong>para</strong> isto o<br />
Flanco da Dama, ainda que o Rei se encontre ali, mas o Flanco do Rei, pois é onde as<br />
Brancas têm maior debilidade. As Brancas não tem outro remédio a não ser atacar o centro<br />
negro. Observe a dificuldade branca de levar o Bispo de a2 ao Flanco da Dama ou o Cavalo<br />
de g3 ao Flanco do Rei!<br />
23 Rb1<br />
As Brancas colocam, antes de tudo, o Rei em segurança, pois pretendem atacar o centro<br />
negro com c4.<br />
23 ... Bf8<br />
O Bispo é conduzido ao ataque contra o Flanco do Rei (que é sempre o lado direito das<br />
Brancas), ainda que tenham as Brancas roçado <strong>para</strong> o outro lado.<br />
24 Ra1 Bd6 25 Cf1 Tdf8 26 Cd2 Th6 27 c4 Be6 28 Cb3<br />
Ameaçam as Brancas destruir o centro negro com 29 c5 Bc5 30 Cc5 Dc5 31 De5.<br />
28 ... gf3 29 gf3 Bc7 30 Cd2 T6f6 31 Tc1<br />
Ameaça 32 cd5 e as Negras não podem contestar com 32 ... cd5 por causa de 33 De5.<br />
31 ... Rb8 32 cd5 cd5 33 Thg1 Bd6 34 Tg5 Bf7 35 Cb1<br />
Última tentativa branca de atacar o centro negro com Cc3.<br />
35 ... Dd4 36 Cc3 a6<br />
Seria um erro 36 ... Dh4, pois 37 Te5 Be5 38 De5+ Ra8 39 Bd5 daria um contra ataque<br />
completo, por exemplo: 39 ... te8 40 Cb5.<br />
37 Tg7<br />
As Brancas querem sacrificar a qualidade em f7. O lance Bd5 antes sustentaria mais a<br />
situação.<br />
158
37 ... Be6<br />
Nesta posição as Brancas perderam por tempo. De qualquer maneira, a partida não se<br />
sustentaria. Em primeiro lugar, Steinitz ameaçava ... Tf3. Se as Brancas se antecipam com<br />
Tg3, as Negras respondem com e4. Se 38 Tf1, então as Negras se encontram com mais<br />
possibilidades na posição e podem ganhar um Peão com ... Ba3.<br />
Diagrama 18.1<br />
A SEGUIR:<br />
3.6. Partida nº 6<br />
Viena, 1873<br />
Partida dos 3 Cavalos<br />
Rosental x Steinitz<br />
EXERCÍCIOS<br />
a2, b2, c3, e5, f2, g2, h2, Ta1, Bc1, Bd3, De2, Tf1, Cf5, Rg1 x a7, b6, c7, d5, f7, g7, h7, Ta8,<br />
Bb7, Cc5, Dd7, Be7, Tf8, Rg8<br />
Bogoljubow - Hussong<br />
Karlsruhe, 1939<br />
1 ... ?<br />
Por que as Negras não devem tentar trocar o Cavalo com 1 ... Cd3?<br />
PLANO<br />
*****<br />
O tema é o ataque ao roque. O Cavalo branco ataca a casa g7. Se a Dama também tivesse<br />
acesso a esta casa, teríamos uma ameaça de mate.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
Se 1 ... Cd3?? 2 Dg5 (1-0)<br />
Ameaça mate em g7 e Ch6+ ganhando a Dama.<br />
Diagrama 18.2<br />
a2, b3, c4, e4, f2, g2, h2, Cc3, Td1, Dd2, Te1, Be3, Rg1 x a7, b7, d6, e7, f7, g6, h7, Da5,<br />
Td8, Be6, Tf8, Bg7, Rg8<br />
1 ?<br />
Como as Brancas podem ganhar um Peão nesta posição?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Ataque descoberto com o Cavalo (a Dama negra está desprotegida) com xeque intermediário.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Cd6! Dd2 2 Ce7+ Rh8 3 Td2<br />
159
Suponhamos uma posição parecida: as Torres negras em a8 e c8 e o Bispo branco em b2 ao<br />
invés de e3. As Brancas também ganhariam um Peão. Como?<br />
PLANO<br />
*****<br />
Ataque descoberto com o Cavalo (a Dama negra está desprotegida) com xeque intermediário.<br />
PROCEDIMENTO<br />
*****<br />
1 Cd5 Dd2 2 Ce7+ rf8 3 Bg7+ (segundo cheque intermediário) Rg7 (ou 3 ... Re7) 4 Td2<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE<br />
Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha<br />
Págs. 48-49 e 209-220<br />
• XADREZ BÁSICO<br />
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil<br />
Págs. 145-148 e 225-227<br />
• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO<br />
Ricardo Reti, Club de Ajedrez<br />
Págs. 41-43<br />
• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I<br />
Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,<br />
Barcelona - Espanha<br />
160