O contato com o desenho e as ilustrações - Fundação Catarinense ...
O contato com o desenho e as ilustrações - Fundação Catarinense ...
O contato com o desenho e as ilustrações - Fundação Catarinense ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ilustração tátil<br />
6<br />
ô catarina! | número 74 | 2011<br />
ceGa de n<strong>as</strong>cença, criança Pesquisada nãO recOnHece<br />
árvOre na ilustraçãO eM relevO<br />
forma estranha<br />
ao corpo da palavra<br />
O menino não reconhece macaco,<br />
sol e nuvens nem por adivinhação. na<br />
bate-papo, que provavelmente para ele<br />
ainda não possuía um significado concre-<br />
página do livro, a copa de uma árvore to”, observa Márcia.<br />
n<strong>as</strong>ce dos pontos em relevo semeados Para elizete lisboa, é <strong>com</strong>um o cego<br />
aleatoriamente em seu contorno — uma precisar de ajuda para entender uma<br />
copa de pontos. O menino toca a figura, ilustração em relevo. M<strong>as</strong> há de se con-<br />
m<strong>as</strong> recorre ao texto em braille. ele se siderar que não b<strong>as</strong>ta criar relevo nos<br />
arrisca a dizer: “ah, é um bate-papo, contornos da figura. “As perspectiv<strong>as</strong><br />
isso daqui é um bate-papo!”, depois de são a grande barreira, às vezes intrans-<br />
ter lido o texto: “e todos foram juntos poníveis, sobretudo para quem nunca<br />
bater papo no recanto, lá onde o rio enxergou.” O fato é que a ajuda para<br />
<strong>com</strong>eça.” ele é uma d<strong>as</strong> treze crianç<strong>as</strong> identificar um <strong>desenho</strong> não tira o prazer<br />
ceg<strong>as</strong> de n<strong>as</strong>cença, entre oito e dezes- de vê-lo <strong>com</strong> <strong>as</strong> mãos. “eu nunca pude<br />
seis anos, que participaram da pesquisa esquecer o rato e o papagaio que esta-<br />
de campo da ilustradora Márcia cardeal. vam desenhados no primeiro livro que li,<br />
a palavra “bate-papo”, até então vazia<br />
de sentido para o menino, recebeu<br />
um significado — tem a forma do relevo<br />
da copa de árvore. “Pressupomos<br />
que talvez ele tenha encontrado<br />
em braille”, lembra elizete.<br />
uma solução para conceituar, ao<br />
mesmo tempo, du<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>: a<br />
primeira, aquela forma ainda<br />
estranha para ele, que não<br />
decifração<br />
do círculo<br />
conseguiu relacionar a nada<br />
o sonho redondo de manu — manu<br />
que conhecesse; a outra foi estava muito cansada. tinha jogado bola<br />
dar corporeidade à palavra de dia, de noite, de madrugada. então<br />
foi dormir e sonhou um sonho redondo<br />
<strong>com</strong>o sua bola...<br />
esculpir o branco,<br />
eis a questão<br />
charles barbier e valentin Haüy adaptaram, no século xix, os métodos<br />
táteis usados em treinamentos militares noturnos, para ensinar alunos do instituto<br />
de cegos de Paris a ler e a escrever. um deles, o francês louis braille,<br />
cego desde os três anos, sistematizou a técnica de esculpir o branco, a hoje<br />
conhecida escrita em relevo. são seis pontos, <strong>com</strong> os quais é possível fazer 63<br />
<strong>com</strong>binações — podem representar letr<strong>as</strong> simples ou acentuad<strong>as</strong>, pontuações,<br />
números, sinais algébricos e not<strong>as</strong> musicais. braille enfrentou cerca de vinte<br />
anos de resistência para que sua forma de escrita fosse aceita e oficializada.<br />
O instituto francês recebeu alunos cegos do mundo todo. entre eles, o poeta<br />
br<strong>as</strong>ileiro álvares de azevedo, que trouxe a técnica para o br<strong>as</strong>il. <strong>com</strong> o apoio<br />
de d. Pedro ii, foi criada no país, em 1858, a primeira escola para cegos, o<br />
instituto benjamin constant.