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A COLUNA PET DICAS É UMA GENTILEZA DE ADESTRACÃO<br />
Da matilha para família<br />
Após o início da domesticação dos caní<strong>de</strong>os, que ocorreu<br />
aproximadamente há mais <strong>de</strong> 10 mil anos, o Homem foi<br />
sempre o mentor e o selecionador das mais variadas raças<br />
<strong>de</strong> cães que conhecemos em nossos dias. Excetuando-se<br />
pouquíssimas raças programadas para <strong>de</strong>terminados fins,<br />
todos os cães dos dias <strong>de</strong> hoje com raça <strong>de</strong>finida partiram<br />
<strong>de</strong> animais mestiços que, por meio <strong>de</strong> cruzamentos<br />
sucessivos, tiveram reforçadas as características que eram<br />
<strong>de</strong>sejáveis.<br />
Neste contexto, a seleção foi direcionada e valorizada<br />
através dos tempos para aten<strong>de</strong>r funções, necessida<strong>de</strong>s ou<br />
objetivos humanos. Assim, surgiram os cães <strong>de</strong> guarda, <strong>de</strong><br />
faro, <strong>de</strong> caça, <strong>de</strong> pastoreio, <strong>de</strong> companhia e até cães <strong>de</strong><br />
luta e guerra. Cães mestiços também po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar<br />
essas mesmas funções com idêntico êxito, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong><br />
seu temperamento.<br />
Somente nos últimos 200 anos é que foram estabelecidas<br />
regras que <strong>de</strong>finiram claramente o padrão <strong>de</strong> cada raça<br />
canina. Um cão <strong>de</strong> uma<br />
raça <strong>de</strong>finida, com<br />
pedigree, além <strong>de</strong><br />
conhecermos os pais, avós<br />
e bisavós, po<strong>de</strong>mos ainda<br />
ter uma noção do seu<br />
perfil comportamental.<br />
No entanto, apesar da<br />
domesticação, da<br />
padronização e até <strong>de</strong><br />
uma certa humanização<br />
que fazemos, a ponto <strong>de</strong><br />
incluí-lo como membro da<br />
nossa família e chamá-lo<br />
com toda a naturalida<strong>de</strong><br />
Exercícios <strong>de</strong> comando auxiliam<br />
<strong>de</strong> “meu filho”, o cão continua o cão a compreen<strong>de</strong>r seu lugar<br />
seguindo as regras e o seu instinto<br />
na hierarquia familiar<br />
canino. O temperamento<br />
canino in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> raça, todos<br />
po<strong>de</strong>m apresentar características<br />
<strong>de</strong>sejáveis ou in<strong>de</strong>sejáveis como, por<br />
exemplo, medo ou coragem,<br />
agressivida<strong>de</strong> ou docilida<strong>de</strong>, insegura<br />
ou segurança, hiperativida<strong>de</strong> ou<br />
calma, dominância ou submissão, etc.<br />
O cão não é um animal solitário ou<br />
errante, o seu antepassado, o lobo,<br />
vive ainda em alcatéias, numa<br />
estrutura social bastante complexa,<br />
mas imprescindível para o sucesso e<br />
sobrevivência <strong>de</strong> predadores.<br />
Dessa forma, a matilha canina tem<br />
uma importância fundamental, a<br />
estrutura hierárquica composta por<br />
dominantes e submissos é uma<br />
necessida<strong>de</strong> e a li<strong>de</strong>rança, um fator<br />
<strong>de</strong> sobrevivência.<br />
Transportando este conceito para o<br />
nosso lar, sob a ótica canina, ele e a<br />
nossa família formaremos uma matilha.<br />
Às vezes, nós humanos não damos a<br />
menor importância para esta situação,<br />
mas ele procura saber claramente<br />
qual é a posição que ocupa nesta<br />
hierarquia e quem é o seu lí<strong>de</strong>r. Se<br />
constatar a ausência <strong>de</strong> uma<br />
li<strong>de</strong>rança, passa a assumir a posição <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r e a agir como<br />
tal. E, no conceito canino, lí<strong>de</strong>r não obe<strong>de</strong>ce: manda,<br />
mantém a or<strong>de</strong>m, impõe as regras, <strong>de</strong>marca o território e<br />
protege a matilha. Um cão que assumiu a li<strong>de</strong>rança<br />
doméstica não obe<strong>de</strong>ce ninguém e faz o que bem<br />
enten<strong>de</strong>.<br />
Na convivência familiar o cão <strong>de</strong>verá sempre ocupar o<br />
último lugar na hierarquia, ou seja, ser submisso a todos.<br />
Alguns cães por apresentarem características <strong>de</strong> uma maior<br />
submissão po<strong>de</strong>rão até nos obe<strong>de</strong>cer na maioria das vezes,<br />
outros com um grau menor <strong>de</strong> submissão nos obe<strong>de</strong>cerão<br />
quando houver interesse, mas aqueles com características<br />
<strong>de</strong> dominância disputarão com todo o grupo familiar e esta<br />
situação po<strong>de</strong>rá ser no futuro fator <strong>de</strong> conflito e<br />
agressivida<strong>de</strong>.<br />
É interessante que o responsável procure manter <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
início a li<strong>de</strong>rança sobre o seu cão, <strong>de</strong>finindo claramente os<br />
limites. Dificulda<strong>de</strong>s iniciais po<strong>de</strong>m surgir, porque os cães,<br />
assim como os homens, também tem as suas<br />
CianMagentaAmareloPreto<br />
particularida<strong>de</strong>s, características e temperamentos que<br />
<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados e respeitados.<br />
Nestes casos, é importante contar imediatamente com<br />
assistência e orientação segura <strong>de</strong> um profissional. O<br />
a<strong>de</strong>stramento básico, neste momento, ajudará a<br />
estabelecer esta relação correta e equilibrada.<br />
Nesta convivência homem/cão, cabe a nós, como seres<br />
racionais e inteligentes, a iniciativa <strong>de</strong> proporcionar ao nosso<br />
amigo cão, o sentimento permanente <strong>de</strong> uma matilha<br />
estruturada, através da nossa li<strong>de</strong>rança. O convívio saudável<br />
proporcionará para ambos uma companhia agradável e<br />
segura. A amiza<strong>de</strong>, a companhia e a proteção que o cão<br />
nos proporciona <strong>de</strong>vem ser retribuídas através <strong>de</strong> uma<br />
manifestação <strong>de</strong> carinho e afeto permanente e pelo<br />
atendimento <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> alimentação,<br />
higiene, saú<strong>de</strong> e bem-estar.<br />
Luiz Remy Schmidt<br />
A<strong>de</strong>stracão - Centro <strong>de</strong> A<strong>de</strong>stramento e Lazer para Cães<br />
www.bicho<strong>de</strong>rua.org.br<br />
Jornal <strong>Bicho</strong> <strong>de</strong> <strong>Rua</strong><br />
Sugestões<br />
<strong>de</strong> livros<br />
Terapia e Animais -<br />
A terapia assistida<br />
por animais é<br />
tema do livro<br />
Terapia e<br />
Animais, <strong>de</strong><br />
Jerson Dotti. Guia<br />
prático para<br />
organizações,<br />
profissionais,<br />
estudantes,<br />
voluntários e<br />
interessados em<br />
ingressar nessa<br />
área e conhecer<br />
o que está sendo<br />
<strong>de</strong>senvolvido junto à<br />
comunida<strong>de</strong> médica e<br />
científica. O livro inclui<br />
relatos <strong>de</strong> experiências no<br />
Brasil e no exterior, e aponta<br />
necessida<strong>de</strong>s, benefícios e<br />
caminhos para o trabalho<br />
<strong>de</strong>sta terapia, discutindo a<br />
relação <strong>de</strong> mútua<br />
afetivida<strong>de</strong> e saudável<br />
<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>corrente<br />
da integração entre<br />
homens e animais.<br />
Com linguagem técnica e<br />
ao mesmo tempo sensível,<br />
Terapia e Animais<br />
recomenda procedimentos<br />
para a terapêutica por<br />
meio <strong>de</strong> animais, <strong>de</strong><br />
acordo com a empatia<br />
entre proprietários, animais<br />
e tipo <strong>de</strong> pessoas a serem<br />
assistidas por eles.<br />
Rico em experiências, é um<br />
livro para ser lido com a<br />
mente e o coração por<br />
aqueles que acreditam que<br />
os animais são muito mais<br />
do que meras companhias.<br />
Dotti, Jerson. Terapia e Animais -<br />
Ativida<strong>de</strong> e Terapia Assistida por<br />
Animais. Editora: Noética, 2005<br />
Psico-Gato? - É<br />
interessante notar que os<br />
animais também sofrem<br />
distúrbios emocionais e,<br />
tanto quanto os humanos,<br />
têm seus altos e baixos e<br />
momentos <strong>de</strong> histeria,<br />
resultado <strong>de</strong> coisas que<br />
po<strong>de</strong>m parecer<br />
insignificantes aos seus<br />
donos, como uma<br />
mudança <strong>de</strong> casa, trocar a<br />
caixa <strong>de</strong> areia do lugar<br />
costumeiro, um animal<br />
novo na família... Com<br />
Psico-Gato?, você vai<br />
enten<strong>de</strong>r melhor o lado<br />
psicológico dos gatos e vai<br />
saber do que eles gostam,<br />
como pensam, o que<br />
sentem e, ainda, irá<br />
<strong>de</strong>scobrir um dos segredos<br />
da autora: como olhar o<br />
mundo por meio dos olhos<br />
do seu animalzinho <strong>de</strong><br />
estimação. Assim, qualquer<br />
tipo <strong>de</strong> problema<br />
comportamental será<br />
facilmente resolvido, e a<br />
convivência entre você e o<br />
seu bichano vai ser cada<br />
vez mais<br />
agradável.<br />
Johnson-Bennett,<br />
Pam. Psico-Gato?:<br />
enten<strong>de</strong>ndo o<br />
comportamento<br />
“louco” do seu gato.<br />
Editora: Madras,<br />
2004<br />
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