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Sobre o Complexo Lagunar de Maricá Condensado ... - Marica.com.br

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<strong>So<strong>br</strong>e</strong> o <strong>Complexo</strong> <strong>Lagunar</strong> <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong><<strong>br</strong> />

Gostaria <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r repassar a todos <strong>com</strong>o sempre fiz, mas tem acontecido <strong>de</strong> certas<<strong>br</strong> />

informações chegarem em lugares em que a intenção não é o bem estar do município<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o estes projetos <strong>de</strong>senvolvidos na Universida<strong>de</strong>s para trazer milhares <strong>de</strong> moradores<<strong>br</strong> />

para <strong>Maricá</strong>, on<strong>de</strong> não po<strong>de</strong>ria haver nem os 110 mil que somos hoje. Quanto mais esta<<strong>br</strong> />

especulação so<strong>br</strong>e um aterro sanitário num município, escutei na UFF, bastante<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>gradado pelas retificações criminosas e já <strong>de</strong>vidamente con<strong>de</strong>nadas.<<strong>br</strong> />

Aqui faço um apanhado do trabalho do Dr. Lejeune <strong>de</strong> Oliveira em 1955 e so<strong>br</strong>e a Ação<<strong>br</strong> />

Popular movida pela SAPLAM Socieda<strong>de</strong> dos Amigos das Praias das Lagoas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Maricá</strong> em 1976 e também acrescento informações <strong>de</strong> um trabalho pago pela SEA<<strong>br</strong> />

Projeto Planagua <strong>de</strong> 2001. E contendo mais algumas observações retiradas <strong>de</strong> livros e,<<strong>br</strong> />

portanto po<strong>de</strong>ndo ser provadas, em poucas situações ficaram perguntas, mas que em<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>eve terei as respostas por que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtê-las. O problema <strong>de</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

quem não se sabe ameaçado é a falta <strong>de</strong> informação a coletivida<strong>de</strong>, porque quem as<<strong>br</strong> />

obtém não repassa. E também tem a turma que só vê o lado em que acha que vai per<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

o seu imóvel ou mesmo ter <strong>de</strong> pagar laudêmio. Mas, tudo isto será resolvido a contento<<strong>br</strong> />

da coletivida<strong>de</strong>, existe lei neste país e já a obtive varias vezes, por isso insisto na<<strong>br</strong> />

verda<strong>de</strong>. Mas, já que estou empenhada também <strong>de</strong>vo refazer a minha afirmação: <strong>Marica</strong><<strong>br</strong> />

é <strong>com</strong>o uma cuia <strong>de</strong> pedra <strong>com</strong> um pouco <strong>de</strong> areia por cima e é aí que edificamos nossas<<strong>br</strong> />

casas, <strong>com</strong> o estreitamento do Cor<strong>de</strong>irinho para retrair ainda mais as águas lagunares,<<strong>br</strong> />

também não <strong>de</strong>ixará passar as águas pluviais e será nesta hora que se dará o evento <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

gran<strong>de</strong>s proporções trágicas. Venho repetindo isto e sendo motivo <strong>de</strong> pilherias, mas isto<<strong>br</strong> />

não me in<strong>com</strong>oda. Quem não fez as pesquisas que fiz realmente não po<strong>de</strong> ficar<<strong>br</strong> />

preocupado, mas <strong>com</strong>o as fiz em livros, mapas, campo e relatos tenho a<<strong>br</strong> />

responsabilida<strong>de</strong> e o<strong>br</strong>igação <strong>de</strong> insistir em avisar.<<strong>br</strong> />

Aqui faço uma analise em cima <strong>de</strong> um con<strong>de</strong>nsado do trabalho do Instituto Oswaldo<<strong>br</strong> />

Cruz editado em 1955: informações recolhidas sob o jugo da ditadura Vargas e que<<strong>br</strong> />

veremos fatos sendo omitidos, talvez por falta <strong>de</strong> informação? Por certo que não!<<strong>br</strong> />

Veremos a afirmação <strong>de</strong> que as águas do <strong>com</strong>plexo lagunar <strong>de</strong> <strong>Marica</strong> a<strong>br</strong>iam a barra<<strong>br</strong> />

aleatoriamente e isto não procedia, pois em livro da Imprensa Nacional em 1896 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Alfredo Moreira Pinto existe a referencia dos pescadores a<strong>br</strong>indo a barra <strong>com</strong> gran<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

festejos e isto se dava para manter a salinida<strong>de</strong> e o saneamento do sistema. Em quanto<<strong>br</strong> />

tempo os pescadores <strong>de</strong>senvolveram este método: <strong>de</strong>z anos, 50 anos, 100 anos? Antes<<strong>br</strong> />

da Lei das Terras nº. 601 <strong>com</strong> a medida em 1831 e assim sendo isto os faria donos da<<strong>br</strong> />

terra pela posse mansa e pacifica e não posseiros. Quem po<strong>de</strong>rá afirmar o contrario<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sta possível evi<strong>de</strong>ncia.<<strong>br</strong> />

Veremos a evi<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> crime quando “os proprietários dos terrenos” gritam que não<<strong>br</strong> />

haverá mais peixes ali. Como terrenos <strong>de</strong> marinha teriam proprietários e <strong>com</strong> direito a<<strong>br</strong> />

lotear leitos lagunares? Verificar Código Civil anterior no seu Art. 539 suprimido no<<strong>br</strong> />

atualizado em 2001. Diante <strong>de</strong>ste Art. 539 e também sabedores da S.E.A.I. S/A uma<<strong>br</strong> />

fazenda <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do Sr. Lucio Thomé Feteira que ao que parece só teve a<<strong>br</strong> />

intenção <strong>de</strong> dar a ele aforamento, mas que não conseguiu, pois isto só se dava em terras<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> fronteira e não em terrenos <strong>de</strong> marinha. Cabe dizer que ao lado ainda hoje po<strong>de</strong>mos<<strong>br</strong> />

ver as ruínas <strong>de</strong> um prédio <strong>com</strong> o nome Vidro<strong>br</strong>ás, mas sem a presença e nem vestígios<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> altos fornos. Pelas linhas po<strong>de</strong>mos dizer que foi edificado entre os anos 50 e 60.<<strong>br</strong> />

Neste empreendimento o LTF teve o apoio <strong>de</strong> Sebastião Pais <strong>de</strong> Almeida e ambos


eceberam a Or<strong>de</strong>m do Cruzeiro do Sul: um em 57 e o outro em 56 das mãos <strong>de</strong> JK.<<strong>br</strong> />

Que tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> teria sido feita ali? O que assusta é que em 1975 quando o<<strong>br</strong> />

Comendador Lucio Thomé Feteira colocou as maquinas a trabalhar ali próximo para<<strong>br</strong> />

fazer o loteamento Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Bento da Lagoa provocou a mortanda<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200<<strong>br</strong> />

toneladas <strong>de</strong> pescado. E somente por isso houve tempo da população reagir ai violento<<strong>br</strong> />

ataque ambiental. Como nada foi esclarecido até hoje, será que po<strong>de</strong>mos afirmar que<<strong>br</strong> />

não há perigo, pois informações dão conta que <strong>de</strong>pois disto nunca mais mexeram no<<strong>br</strong> />

Canal <strong>de</strong> São Jose <strong>de</strong> Imbassai. Sabendo que entre as décadas <strong>de</strong> 50 e 60 foi a época<<strong>br</strong> />

áurea do beneficiamento da monazita em território Nacional e que fazia a Marinha <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Guerra correr <strong>de</strong> um lado pro outro para coibir esta ativida<strong>de</strong> e também sabendo que as<<strong>br</strong> />

Usinas <strong>de</strong> Angra foram cotadas para serem construídas em Ponta Negra e que a<<strong>br</strong> />

Westinghouse seria sócia em 45 % do empreendimento do LTF na restinga, fica difícil<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> acreditar que do nada o português e a empresa norte americana que trabalhava <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

energia nuclear ficaram sócios. Teriam negócios em <strong>com</strong>um e por isso a socieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

seria possível? E que tipo <strong>de</strong> negócios po<strong>de</strong>riam ser?<<strong>br</strong> />

Mesmo acreditando que o Canal <strong>de</strong> Ponta Negra foi criminoso cuja intenção era apenas<<strong>br</strong> />

dirigida a acabar <strong>com</strong> as pesca artesanal, pois éramos os fornecedores <strong>de</strong> 30 % do<<strong>br</strong> />

pescado no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. A maior parte do município era <strong>de</strong> <strong>com</strong>plexo<<strong>br</strong> />

lagunar e é mentira afirmar que suas águas invadiam a cida<strong>de</strong>, a partir do canal<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçaram a invadir as áreas <strong>de</strong> influência do <strong>com</strong>plexo lagunar <strong>com</strong> loteamentos.<<strong>br</strong> />

Também po<strong>de</strong>mos ver o prolongamento do crime quando ficamos sabendo que havia<<strong>br</strong> />

um marco, uma medida a ser seguida e <strong>de</strong>cidiram passar por cima disto. Que medida era<<strong>br</strong> />

esta e on<strong>de</strong> foi fixada e em que administração foi retirada<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

O projeto apenas suprimiria as áreas <strong>de</strong> influência do <strong>com</strong>plexo, ou seja, os lugares que<<strong>br</strong> />

ficavam alagados pelo sistema aumentado pelas águas pluviais e fluviais. O <strong>com</strong>plexo<<strong>br</strong> />

passaria a ter uma medida própria, mas foram colocando o sistema em <strong>com</strong>a induzido<<strong>br</strong> />

para provocar a sua extinção por motivo torpe. Essas áreas ressecadas foram sendo<<strong>br</strong> />

ocupadas e aumentadas assim hoje temos loteamentos em áreas lagunares. E esta é uma<<strong>br</strong> />

situação que não terá fim. Mas, que nos coloca em área <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> uma inundação<<strong>br</strong> />

lagunar e também nos <strong>de</strong>ixará sem água, pois todas as afirmações <strong>de</strong> que virá água do<<strong>br</strong> />

Imunana e do São João são irresponsáveis, pois existem vários estudos que negam esta<<strong>br</strong> />

possibilida<strong>de</strong>. E quando se rebaixa o nível do sistema também mexemos <strong>com</strong> o lençol<<strong>br</strong> />

freático e as autorida<strong>de</strong>s sabem disto.<<strong>br</strong> />

No mesmo livro <strong>de</strong> AMP <strong>de</strong> 1896 veremos a anotação da Lagoa <strong>de</strong> Itaipuaçu. Como<<strong>br</strong> />

também bem a veremos em Enciclopédia <strong>de</strong> 1935 e que já disponibilizei varias vezes<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> palavras e CDS e muitas vezes por e-mails.<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong>mos ver outra evi<strong>de</strong>ncia gritante quando da <strong>de</strong>scrição das águas do Cor<strong>de</strong>irinho e<<strong>br</strong> />

que assim que <strong>de</strong>scida o cientista diz que teriam mais 2 km ² <strong>de</strong> terrenos a lotear. Lotear<<strong>br</strong> />

áreas que antes estavam sob as águas lagunares. Art. 539 Os donos <strong>de</strong> terrenos que<<strong>br</strong> />

confinem <strong>com</strong> águas dormentes, <strong>com</strong>o as <strong>de</strong> lagos e tanques, não adquirem o solo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scoberto pela retração <strong>de</strong>las, nem per<strong>de</strong>m o que elas invadirem. OBS: mesmo que a<<strong>br</strong> />

partir <strong>de</strong> 2001 este artigo tenha sido suprimido o que vale é o que era vigente a época<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>lito.


Também vemos as medidas do Canal do Cor<strong>de</strong>irinho que foi projetado para ter 80 m <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

largura uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2 m e 2,3 km <strong>de</strong> <strong>com</strong>primento. Qual é a medida <strong>de</strong> hoje?<<strong>br</strong> />

Criminosa e cuja intenção sempre foi <strong>de</strong> ressecar áreas lagunares. É muito fácil<<strong>br</strong> />

extinguir lagunas costeiras e eu mesma ensinarei: tomemos <strong>com</strong>o exemplo um <strong>br</strong>aço,<<strong>br</strong> />

você faz um torniquete em cada <strong>de</strong>do da mão e eles gangrenaram e serão eliminados;<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pois você faz outro no pulso e assim você vai septando até chegar ao om<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />

Mas se a pressa for gran<strong>de</strong> <strong>com</strong>o aqui em <strong>Marica</strong>, aconselho a retificar as partes mais<<strong>br</strong> />

estreitas <strong>com</strong>o fizeram na Lagoa Seca que era quase reta ao lado do litoral e <strong>com</strong> varias<<strong>br</strong> />

ondulações pelo do continente ao ficarmos numa <strong>de</strong>stas pontes pedradoras po<strong>de</strong>mos<<strong>br</strong> />

notar <strong>de</strong> foram retificadas ficando <strong>com</strong> uma medida <strong>de</strong> 40 m e para acelerar mais<<strong>br</strong> />

colocaram pontes <strong>com</strong> vão bem menor e assim ainda foi necessário fazer em alguns<<strong>br</strong> />

lugares mais estreitamentos e isto foi assoreando mais rapidamente a Lagoa Seca<<strong>br</strong> />

pejorativamente rebaixada a canal <strong>de</strong> drenagem e rebatizada <strong>de</strong> Canal da Costa, aqui<<strong>br</strong> />

cabe um a<strong>de</strong>ndo: este canal/paleolagoa/Lagoa Seca drena apenas as águas acima do<<strong>br</strong> />

terceiro cordão <strong>de</strong> Itaipuaçu e que correspon<strong>de</strong> às águas encontradas aos pés da Serra da<<strong>br</strong> />

Tiririca e on<strong>de</strong> hoje po<strong>de</strong>mos encontrar os Bairros da Moradas das Águias, Rincão<<strong>br</strong> />

Mimoso e Mato Dentro. Obs.: chamada <strong>de</strong> praia <strong>de</strong> cima por (Flexor 1985). Por certo<<strong>br</strong> />

numa época <strong>de</strong> estiagem fizeram uma vala a que <strong>de</strong>ram o nome <strong>de</strong> Rio Itaocaia, que em<<strong>br</strong> />

mapas Imperiais aparece passando em frente à Fazenda <strong>de</strong> Itaocaia e indo <strong>de</strong>saguar nas<<strong>br</strong> />

águas citadas anteriormente e que estas sim estouravam o cordão costeiro,<<strong>br</strong> />

provavelmente antes do Morro da Peça e quando perdiam volume ficavam fazendo o<<strong>br</strong> />

que hoje faz o tal Rio Itaocaia. Acredito que em tempo <strong>de</strong> “água gran<strong>de</strong>” essas águas se<<strong>br</strong> />

encontravam (Lagoa Seca e as águas da praia alta) e o que hoje é conhecido <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

Recanto era um arroio durante certas épocas. Um dos Viajantes do Século XIX viu isto<<strong>br</strong> />

e fez a <strong>de</strong>scrição e foi o inglês John Luccock em 1813. A ponte que faz a ligação <strong>de</strong> São<<strong>br</strong> />

Bento da Lagoa e a Morada das Águias em Itaipuaçu quando é época <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> índice<<strong>br</strong> />

pluviométrico fica <strong>com</strong> 60 cm <strong>de</strong> água acima <strong>de</strong>la e causa problemas nas residências,<<strong>br</strong> />

mas dizem à coletivida<strong>de</strong> que é um evento natural sendo que agora já sabemos que é<<strong>br</strong> />

uma intervenção antrópica criminosa.<<strong>br</strong> />

As águas que entram pelo Canal <strong>de</strong> Ponta Negra não conseguem nem ao menos manter<<strong>br</strong> />

a Lagoa <strong>de</strong> Guarapina em boas condições apenas a faz crescer e quando baixam<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>positam no fundo os resíduos que se concentram e assim vão assoreando mais<<strong>br</strong> />

rapidamente, po<strong>de</strong>mos ver que todo o <strong>com</strong>portamento é letal ao <strong>com</strong>plexo lagunar.<<strong>br</strong> />

As pontes feitas sempre são bem menores que as áreas on<strong>de</strong> são colocadas. Falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

recurso? E o dinheiro pedido pelo então <strong>de</strong>putado estadual Carlos Minc ao FECAM<<strong>br</strong> />

para sanear as lagoas e cercar a APA <strong>de</strong> <strong>Marica</strong> em maio <strong>de</strong> 2006?<<strong>br</strong> />

A ação pública feita pela SAPLAM Socieda<strong>de</strong> dos Amigos das Praias das Lagoas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Marica</strong> em 1976 para proteção do <strong>com</strong>plexo lagunar e que foi relatada no livro “GENTE<<strong>br</strong> />

DAS AREIAS” dos prof. Mello e Vogel obteve um parecer em 1978, o juiz da 5ª Vara<<strong>br</strong> />

Fe<strong>de</strong>ral, Américo da Luz, responsabilizando pelo "cataclisma ecológico" os governos<<strong>br</strong> />

fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal (Fundrem, Feema, Ceca, IBDF, Su<strong>de</strong>pe, DNOS e<<strong>br</strong> />

Em<strong>br</strong>atur, além da Prefeitura) e três empresas particulares, <strong>com</strong> <strong>de</strong>staque para a<<strong>br</strong> />

Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Explorações Agrícolas e Industriais S/A (S.E.A.I. S/A) <strong>de</strong> Lucio Thomé<<strong>br</strong> />

Feteira, além <strong>de</strong> Augusto Baptista Ferreira do Valle, corretor e J. Pimenta S/A. Foi<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>terminada a imediata paralisação das o<strong>br</strong>as da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Bento e anulação <strong>de</strong>


todos os atos administrativos emanados dos órgãos e entida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais, estaduais e<<strong>br</strong> />

municipais nos últimos cinco anos, ou seja, anteriores a 1978.<<strong>br</strong> />

Em 1995 a sentença dada pela então Juíza Fe<strong>de</strong>ral Drª. Maria Helena Cisne Cid alem <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ratificar o parecer ainda acrescentou a Secretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente do Estado do Rio<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Janeiro que respondia por seis órgãos e entre outros pontos da sentença no “ nº. 3.3.4<<strong>br</strong> />

Declaro nulos todos os registros e atos notarias relativos a ocupações , construções ,<<strong>br</strong> />

vendas e alienações a qualquer titulo , inclusive os referentes aos loteamentos ,<<strong>br</strong> />

posteriores a 24/8/1978 data da concessão da liminar na FMP”.<<strong>br</strong> />

Todos recorreram e hoje passados 13 anos a sentença não é extinta e nem cumprida,<<strong>br</strong> />

mas todos os atos con<strong>de</strong>nados e anulados continuam sendo praticados. Mas, li nos autos<<strong>br</strong> />

do processo que em 2003 o relator, Desembargador Dr.André Fontes, num Oficio<<strong>br</strong> />

or<strong>de</strong>nou que a SERLA parasse as dragagens que estava fazendo e retornasse tudo da<<strong>br</strong> />

forma que era antes, não sei em que local se dava a tal dragagem, assim não sei se<<strong>br</strong> />

or<strong>de</strong>m judicial foi cumprida. MBL<<strong>br</strong> />

Observações biogeográficas e hidrobiológicas sô<strong>br</strong>e a lagôa <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> *<<strong>br</strong> />

por<<strong>br</strong> />

Lejeune <strong>de</strong> Oliveira<<strong>br</strong> />

Chefe, <strong>de</strong> Estação <strong>de</strong> Hidrobiologica, prof. <strong>de</strong> Hidrobiologia<<strong>br</strong> />

Rubens Nascimento<<strong>br</strong> />

Prof. <strong>de</strong> Hidroquímica<<strong>br</strong> />

Arnaldo Miranda<<strong>br</strong> />

Assistente <strong>de</strong> Hidroquimica<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

Luiza Krau<<strong>br</strong> />

Assistente <strong>de</strong> Hidrobiologia<<strong>br</strong> />

Ao sair <strong>de</strong> Niteroi, tomando a direção leste, encontram-se no litoral as lagõas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Piratininga e Itaipú. Há 7 anos, em 1948, Oliveira publicou estudos hidrobiológicos<<strong>br</strong> />

esboçados nestas duas lagunas (Mem. Inst. Osw. Cruz, vol. 46, p. 67-718). Agora<<strong>br</strong> />

fazemos algumas observações em outra lagôa, que se encontra a seguir, mais para leste,<<strong>br</strong> />

logo após a <strong>de</strong> Itaipu. Trata-se da Lagôa <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong>.<<strong>br</strong> />

Para iniciar qualquer exposição e mostrar suficientemente a região em que fixemos<<strong>br</strong> />

observações, elaboramos o mapa apresentado na figura 1. Este mostra a lagôa ao nivel<<strong>br</strong> />

do mar e um espaço hachurado em linhas verticais mostra a zona marginal que era<<strong>br</strong> />

outrora inundada quando a lagôa se enchia. Com vários dados con<strong>de</strong>nsados <strong>de</strong> várias<<strong>br</strong> />

fontes, <strong>com</strong>o sejam: o nível mais baixo tirado da Carta Municipal, Decreto Lei n.° 311,<<strong>br</strong> />

outros aspectos, da Carta Hidrográfica Rio <strong>de</strong> Janeiro até S. Tomé, outros da Carta<<strong>br</strong> />

Aerofotográfica <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong>, n.° 2297 do Departamento Nac. <strong>de</strong> O<strong>br</strong>as e Saneamento,<<strong>br</strong> />

alem <strong>de</strong> informações e uma mapa aerofotográfico da Diretoria <strong>de</strong> Hidrografia e<<strong>br</strong> />

Navegação, é que foram organizados os mapas que apresentamos, para ilustração <strong>de</strong>stas<<strong>br</strong> />

observações biológicas.


Laguna <strong>de</strong> Bocopari ficava enfrente a entrada da Zacarias e era ali que os<<strong>br</strong> />

pescadores pegavam camarão em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>. Há tempos atrás tentaram<<strong>br</strong> />

loteá-la. MBL


Em 1955: as lagoas seriam 40 km² pelo Dr. Saturnino Braga do DSBF ?<<strong>br</strong> />

Mas não ha medidas feitas no tempo antigo, po<strong>de</strong>-se apenas dar uma idéia pelos<<strong>br</strong> />

vestígios horizontais marcados pela água nas pedras da lagoa: a antiga linha do <strong>de</strong>ixa<<strong>br</strong> />

mais alta foi a 1.2 m acima do atual nível da lagoa; a lagoa no tempo antigo quando<<strong>br</strong> />

aberta a barra oscilava <strong>com</strong> as marés, e por isto então, tinha o seu nível médio também<<strong>br</strong> />

igual ao nível médio do mar, isto é, 1.2 m acima do Zero Hidrográfico.<<strong>br</strong> />

Por estas indicações nós supomos que <strong>de</strong>va ter sido:<<strong>br</strong> />

• Nível máximo antigo na lagoa cheia 2.40 acima do Zero Hidrográfico.<<strong>br</strong> />

• Nível médio da lagoa antiga 1.20 m (mesmo que o nível médio do mar)<<strong>br</strong> />

• Nível mínimo da lagoa antiga o nível mínimo da maré, quando a barra estava<<strong>br</strong> />

aberta.<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong>mos ver que aqui em <strong>Marica</strong> não havia muita população e assim nem eles tinham<<strong>br</strong> />

idéia das medidas. Mas, ao prestarmos atenção varias situações irão indicando. Sem<<strong>br</strong> />

esquecer que hoje temos o aparelho GPR que dá todas as medidas <strong>com</strong> exatidão.MBL<<strong>br</strong> />

Assim sendo a superfície da lagoa na cota atual <strong>de</strong> 1,5 m e o nível antigo na cota <strong>de</strong> 1,2<<strong>br</strong> />

m, dá uma diferença <strong>de</strong> superfície para menos, isto é, talvez 35.8 Km² a antiga lagoa<<strong>br</strong> />

vazia (o que parece resultar em 11 quilômetros quadrados a superfície do espraiado que<<strong>br</strong> />

antigamente ficava ora a seco, ora inundado).<<strong>br</strong> />

A superfície da lagoa será em <strong>br</strong>eve reduzida, <strong>de</strong>vido ao canal do Cor<strong>de</strong>irinho, que é<<strong>br</strong> />

projetado <strong>com</strong> 2 quilômetros <strong>de</strong> extensão e 80 metros <strong>de</strong> largo, isto é, 184 000 m² quer<<strong>br</strong> />

dizer que toda a região do Cor<strong>de</strong>irinho, que teve perto <strong>de</strong> 3 km ² <strong>de</strong> superfície <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

águas, passará a ter apenas o canal <strong>com</strong> 0. 18 Km², dando cerca <strong>de</strong> 2 km ² <strong>de</strong> terras a<<strong>br</strong> />

serem loteadas.<<strong>br</strong> />

Prestar atenção às medidas do Canal do Cor<strong>de</strong>irinho e <strong>com</strong>para-las <strong>com</strong> as <strong>de</strong> hoje.<<strong>br</strong> />

Se já está configurada os terrenos <strong>de</strong> marinha pela própria <strong>de</strong>scrição do cientista em<<strong>br</strong> />

1955 e já confessando o modo <strong>de</strong> <strong>com</strong> o fizeram que as terras se tornassem próprias ,<<strong>br</strong> />

diz também que não seria a intenção <strong>de</strong> sanear que estava em curso aqui , quando<<strong>br</strong> />

ele fala nas terras que seriam loteadas. Como? Há também <strong>de</strong> se fazer o pedido <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

averiguação no Hospital e também em registro do Cemitério ou <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se fizer<<strong>br</strong> />

necessário os registros das causas mortis em <strong>Marica</strong> aquele tempo. MBL<<strong>br</strong> />

Desenhos das sondagens em outras lagunas não pu<strong>de</strong>ram ser expostos aqui, mas estão<<strong>br</strong> />

nas <strong>de</strong>scrições a seguir, as indicações so<strong>br</strong>e profundida<strong>de</strong>; todas são rasas, havendo<<strong>br</strong> />

somente próximo a Guararapina, o mo<strong>de</strong>rno canal do Cor<strong>de</strong>irinho <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2 metros. Na tradução inglesa <strong>de</strong>ste trabalho ha dados também<<strong>br</strong> />

em milhas quadradas, profundida<strong>de</strong>s em pés, chuvas em polegadas, temperaturas em<<strong>br</strong> />

Fahrenheit, e outras medidas mais fáceis para quem venha ler a publicação nesta língua.<<strong>br</strong> />

No trabalho em português suprimimos estes sistemas <strong>de</strong> medidas.<<strong>br</strong> />

Prestar atenção nas medidas do Canal do Cor<strong>de</strong>irinho e sua profundida<strong>de</strong> em<<strong>br</strong> />

1955.MBL


BACIAS HIDROGRÁFICAS E HIDRÁULICAS.<<strong>br</strong> />

Ha urna série <strong>de</strong> pequenos cursos <strong>de</strong> agua: riachos, corregos, que <strong>de</strong>rramam na lagôa.<<strong>br</strong> />

Todos eles contem lama, são pardacentos por humus dissolvido, têm tanta matéria em<<strong>br</strong> />

suspensão que não se po<strong>de</strong> distinguir nunca o fundo quando se olha.<<strong>br</strong> />

Antes do Canal <strong>de</strong> Ponta Negra ser aberto o DSBF já havia retificado os riachos,<<strong>br</strong> />

corregos e o que fica evi<strong>de</strong>nciado é sempre a<strong>br</strong>eviar a vida do <strong>com</strong>plexo lagunar que<<strong>br</strong> />

se interligava ao <strong>de</strong> Saquarema em dias <strong>de</strong> “agua gran<strong>de</strong>”.Quando baixaram as<<strong>br</strong> />

aguas da Lagoa <strong>de</strong> Jacone que não pertencia a <strong>Marica</strong>, foi que fizeram as terras<<strong>br</strong> />

proprias que <strong>de</strong>pois passaram a ser o campo <strong>de</strong> golfe do sr. Roberto Marinho e que<<strong>br</strong> />

hoje está nas mãos da BRASCAN, mesmo sendo o único local on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> fazer uma<<strong>br</strong> />

base <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong>vido a Pedra da Ponta Negra que faz a proteção do sudoeste e pela<<strong>br</strong> />

profundida<strong>de</strong> Carta Náutica 1506 do DHN. MBL<<strong>br</strong> />

Até as medidas das chuvas parecem manipuladas. Sempre foi uma área <strong>de</strong> muita<<strong>br</strong> />

chuva e a historia registra. MBL


As áreas <strong>de</strong>stas bacias foram avaliadas empregando-se a formula <strong>de</strong> Simpson, usando a<<strong>br</strong> />

divisão da área total em numero par <strong>de</strong> trapézios mistilineos, todos eles da mesma<<strong>br</strong> />

altura. Mas ha dificulda<strong>de</strong>s que ocorrem por conta das aproximações dos vários mapas<<strong>br</strong> />

consultados. Assim a Carta Decreto 311 tem o rio Cajú e um bloco da Serra do Cajú á<<strong>br</strong> />

leste da Laguna da Barra, outros mapas tem o mesmo bloco do lado oeste. São 1,3<<strong>br</strong> />

quilometros quadrados que ora estão para lá, ora para cá da lagôa, é ora um aumento,<<strong>br</strong> />

ora uma diminuição da área da bacia <strong>de</strong> 1.3 Km²; e assim <strong>com</strong>o esta gran<strong>de</strong> duvida,<<strong>br</strong> />

outras pequenas surgem. As salinida<strong>de</strong>s diminuem <strong>com</strong>o se tudo fosse ocorrido pelo<<strong>br</strong> />

processo das diluições sucessivas. Tomemos, para exemplo teórico: Por hipotese,<<strong>br</strong> />

fazendo a Laguna da Barra em regime aberto, em que entrasse agua do mar padrão, a 34<<strong>br</strong> />

por mil <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

No parágrafo e na tabela anterior temos dados importantes , elucidativos so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

total falta <strong>de</strong> dados e <strong>de</strong> <strong>com</strong> o é fácil extinguir <strong>com</strong>plexos lagunares e tambem <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o fazer terras. Falam em bacia hidrográfica 230 km ² e uma bacia hidráulica <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

40 km², mas ainda tínhamos o Lago <strong>de</strong> Bacopari, o canal do Cor<strong>de</strong>irinho <strong>com</strong> 80 m<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> largura e profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2 m os riachos e regatos <strong>com</strong> agua. Hoje não mais! Em<<strong>br</strong> />

Bambui aterrasse parte do <strong>com</strong>plexo sistematicamente e basta ir lá e ver. MBL<<strong>br</strong> />

Em 1999 o governo estadual pagou o projeto <strong>de</strong>scrito abaixo e que ficou pronto em<<strong>br</strong> />

2001.MBL<<strong>br</strong> />

O Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ, <strong>de</strong> Cooperação Técnica.<<strong>br</strong> />

Brasil – Alemanha vem apoiando o Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<<strong>br</strong> />

no Gerenciamento dos Recursos Hídricos <strong>com</strong> enfoque na<<strong>br</strong> />

proteção dos ecossistemas aquáticos.<<strong>br</strong> />

A bacia hidrográfica do Sistema <strong>Lagunar</strong> <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> a<strong>br</strong>ange cerca <strong>de</strong> 330 km² e<<strong>br</strong> />

encontra se quase que integralmente situada no município <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong>, <strong>Maricá</strong>, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

exceção <strong>de</strong> uma pequena área <strong>de</strong> 2,0 km² localizada em Niterói (Bairro Várzeas das<<strong>br</strong> />

Moças), on<strong>de</strong> se situa a nascente do Rio Inoã, afluente do Rio do Vigário, que<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>semboca na Lagoa Brava. A bacia é <strong>de</strong>limitada pelas Serras da Tiririca, Caçorotiba,<<strong>br</strong> />

Macaco, Sapucaia, Barro <strong>de</strong> Ouro, Mato Grosso e Jaconé.<<strong>br</strong> />

O sistema lagunar é constituído por quatro lagoas interligadas por diversos canais,<<strong>br</strong> />

sendo <strong>de</strong> leste para oeste, as seguintes: Lagoa <strong>de</strong> Guarapina, Lagoa do Padre, Lagoa<<strong>br</strong> />

da Barra (também conhecida <strong>com</strong>o Lagoa <strong>de</strong> Guaratiba) e a Lagoa <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong><<strong>br</strong> />

propriamente dita. Existe ainda a Lagoa Brava, <strong>com</strong> área <strong>de</strong> 1,2 km², que drena para a<<strong>br</strong> />

Lagoa <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> através do Canal <strong>de</strong> São Bento. A área total do sistema lagunar é <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

37,7 km².<<strong>br</strong> />

As águas do sistema escoavam para o mar <strong>de</strong> duas maneiras. Uma natural, na<<strong>br</strong> />

restinga, no trecho limítrofe <strong>com</strong> a Lagoa da Barra, on<strong>de</strong> há um local <strong>de</strong> menor<<strong>br</strong> />

resistência, <strong>de</strong> natureza exclusivamente arenosa e <strong>com</strong> pequena largura, on<strong>de</strong> o lido<<strong>br</strong> />

se a<strong>br</strong>ia naturalmente ou <strong>com</strong> ajuda dos pescadores. O outro escoadouro, este<<strong>br</strong> />

artificial, constitui-se no Canal da Ponte Preta, construído em 1951 e que liga a Lagoa<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Guarapina ao mar. A abertura <strong>de</strong>ste canal rebaixou o nível <strong>de</strong> água do sistema


lagunar <strong>com</strong>o um todo. Há também o Canal da Costa, <strong>com</strong> cerca <strong>de</strong> 5 km <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

extensão, ligando a Lagoa <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> a praia <strong>de</strong> Itaipuaçu, que funciona mais <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

uma vala <strong>de</strong> drenagem dos campos outrora alagadiços.<<strong>br</strong> />

Cabe dizer que se a bacia hidráulica diminuiu a hidrográfica não po<strong>de</strong> aumentar<<strong>br</strong> />

e numa medida absurda <strong>de</strong> 100 km ². E ainda tendo os rios <strong>com</strong>o filetes <strong>de</strong> agua.<<strong>br</strong> />

Tambem o nome do rio que <strong>de</strong>ságua na Brava não é Vigário e em mapas <strong>de</strong> 1938<<strong>br</strong> />

temos o Rio Bambu. Aqui tambem falam um fato que é verda<strong>de</strong>iro: eram os<<strong>br</strong> />

pescadores que a<strong>br</strong>iam a barra em festejos , mas no trabalho da Fio Cruz eles<<strong>br</strong> />

fizeram questão <strong>de</strong> afirmar que eram as aguas lagunares. Sim, no inicio foi, mas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> séculos os pescadores <strong>de</strong>senvolveram um sistema próprio <strong>de</strong> sanear<<strong>br</strong> />

o <strong>com</strong>plexo lagunar e isto foi <strong>de</strong>scrito pelos Viajantes do Século XIX, pelo<<strong>br</strong> />

Alfredo Moreira Pinto e por Alberto Ribeiro Lamego.Cabe dizer que estes<<strong>br</strong> />

campos alagadiços <strong>de</strong> que fala o trabalho, na realida<strong>de</strong> são parte da recarga <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

agua doce do <strong>com</strong>plexo lagunar <strong>de</strong> <strong>Marica</strong> e que ficam aos pés da Tiririca e foi<<strong>br</strong> />

chamado pelo prof Dieter Muehe <strong>de</strong> Praia <strong>de</strong> cima em trabalho <strong>de</strong> 1984. Num<<strong>br</strong> />

tempo <strong>de</strong> estiagem cavaram uma vala naquela área e chamaram <strong>de</strong> Rio Itaocaia<<strong>br</strong> />

que nunca fio ali, e o trouxeram em direção ao mar on<strong>de</strong> fizeram seu encontro<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> as aguas da Lagoa Seca já transmutada em Canal da Costa. MBL<<strong>br</strong> />

BACIA HIDROGRÁFICA DA LAGOA DE JACONÉ<<strong>br</strong> />

A bacia hidrográfica da Lagoa <strong>de</strong> Jaconé a<strong>br</strong>ange cerca <strong>de</strong> 29 km², abarcando<<strong>br</strong> />

parcelas dos municípios <strong>de</strong> Saquarema e <strong>Maricá</strong>. O Rio Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jaconé é o<<strong>br</strong> />

principal curso d’água da bacia, nascendo Serra <strong>de</strong> Jaconé. A Lagoa <strong>de</strong> Jaconé<<strong>br</strong> />

conecta-se a Lagoa <strong>de</strong> Mombaça mediante o Canal do Salgado, atualmente muito<<strong>br</strong> />

assoreado. A barra da Lagoa <strong>de</strong> Jaconé encontra-se em vias <strong>de</strong> urbanização.<<strong>br</strong> />

Esta parte tambem foi retirada do Planagua e sei que a lagoa <strong>de</strong> Jacone foi<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scida a<strong>br</strong>indo-se uma vala em direção ao oceano e tenho os mapas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>monstrando esta situação e apenas <strong>de</strong>sceram a lagoa e a diminuíram , do<<strong>br</strong> />

outra lado <strong>de</strong>la temos condomínios construídos em terrenos <strong>de</strong> marinha e terras<<strong>br</strong> />

da União (RRFESA) , e não há <strong>com</strong>o negar <strong>de</strong>vido a situação que fica em época<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> chuva , tambem pelas taboas que nascem nas ruas e por nem ao menos<<strong>br</strong> />

terem retirado as marcas das linhas férreas e os espaços das pontes. MBL<<strong>br</strong> />

Aqui novamente retorno ao trabalho da Fio Cruz do Dr. Lejeune <strong>de</strong> Oliveira .<<strong>br</strong> />

Pela cartografia que consultamos as chuvas caidas na serra da Tiririca <strong>com</strong> seus picos<<strong>br</strong> />

Redondo e Itaipuassú (ou Falso Pão <strong>de</strong> Assucar) são as que vão á Lagoa Brava, que está<<strong>br</strong> />

ligada á Laguna <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> por um canal: o Canal <strong>de</strong> S. Bento, escavado e construído<<strong>br</strong> />

por o<strong>br</strong>as <strong>de</strong> engenharia do Serviço <strong>de</strong> Saneamento da Baixada Fluminense,<<strong>br</strong> />

aproximadamente, tem 10 metros <strong>de</strong> largura na época da seca, e cerca <strong>de</strong> 20 m. pela<<strong>br</strong> />

época da chuva. Neste canal <strong>de</strong> S. Bento vêm ter os rios Preguiça, Madruga, S. José. As<<strong>br</strong> />

chuvas caidas na Montanha do Inoan <strong>de</strong>scarregam na lagôa pelo Rio Madruga ao SE, e<<strong>br</strong> />

pelo Corrego - Preguiça ao NW. A serra dos Macacos tem na parte ao sul - do Pico da<<strong>br</strong> />

Cachoeira o rio S. José, e esta serra, <strong>com</strong> a Cassarotiba, e Calaboca fecham o vale do<<strong>br</strong> />

Taquara , <strong>de</strong> área cerca <strong>de</strong> 34,3 Km² do Morro Gran<strong>de</strong> vêm os rios Mombuca, que tem<<strong>br</strong> />

na seca 8 m <strong>de</strong> largo e na cheia <strong>de</strong> 10 a 20 m <strong>de</strong> largura. O Cajú <strong>com</strong> 6 m <strong>de</strong> largo<<strong>br</strong> />

próximo á foz, o Rio Gambôa <strong>com</strong> 3 m Junto á foz. O rio Doce é o maior, é perpétuo,


tem 20 m <strong>de</strong> largura junto á foz. Neste esquema muito fraco, apenas informativo,<<strong>br</strong> />

anotamos 21 nomes dos rios e córregos -que influem no regime da lagôa: São eles:<<strong>br</strong> />

Bambú, Madruga, S. José, Imbassai, Cunha, Itapeba, Burriche, Salto, Novo Mombuca,<<strong>br</strong> />

Velho Mombuca, Ubatiba, Itapeteiú, Roncador, Cajú, Jacaré, Pedro Gue<strong>de</strong>s,<<strong>br</strong> />

Carangueijo, Doce, Bananal, Engenho, Paracatií. Porque uns se chamam rios e outros<<strong>br</strong> />

córregos não sabemos, mas é conforme o - mais usado pelo povo em dizer rio Madruga<<strong>br</strong> />

e não Córrego Madruga, e assim por <strong>de</strong>ante.<<strong>br</strong> />

Nenhum rio permanece assim. O Rio Ubatiba que a Cedae usa para levar agua ao<<strong>br</strong> />

centro <strong>de</strong> <strong>Marica</strong> em 2005 já tinha 20 % só da vasão. O Rio Doce era o único<<strong>br</strong> />

permanente, pois sofria pouca influência em época <strong>de</strong> pouca chuva e era navegável<<strong>br</strong> />

durante certa época do ano, o que configura tambem terrenos <strong>de</strong> marinha .MBL<<strong>br</strong> />

GEOLOGIA<<strong>br</strong> />

Segundo os estudos do gran<strong>de</strong> geólogo, e eminente escritor, engenheiro Dr. - Alberto<<strong>br</strong> />

Ribeiro Lamego, (Div. Geologia, BoI. 118) em Ciclo Evolutivo das Lagunas<<strong>br</strong> />

Fluminenses, sob o ponto <strong>de</strong> vista geológico, passaram-se os seguintes fenômenos. A<<strong>br</strong> />

formação <strong>de</strong> restingas <strong>de</strong> areias em <strong>Maricá</strong>, ocorreu após a era cenozoica, periodo<<strong>br</strong> />

terciário. As ondas do Oceano Atlântico nesta época arrebentavam, aproximadamente,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> são hoje as praias <strong>de</strong> Araçatiba, Boqueirão, Cajú, etc, O que foram antigas baias,<<strong>br</strong> />

enseadas, sacos oceânicos, que eram abertos ao mar, hoje são sacos <strong>de</strong> lagôa,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletamente separados do oceano por uma faixa <strong>de</strong> areia. Imaginando-se não haver a<<strong>br</strong> />

restinga <strong>de</strong> areia que vem <strong>de</strong> Itaipuassú até Ponta Negra, ter-se-á aproximadamente uma<<strong>br</strong> />

idéia do que <strong>de</strong>veria ser a Baia <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> (terciária ), a Ilha <strong>de</strong> Zacarias (terciária) e<<strong>br</strong> />

assim por <strong>de</strong>ante. O esporão <strong>de</strong> areia da restinga foi iniciado em Itaipuaçu foi crescendo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> oeste para leste, foi fechando até ao Zacarias (que foi ilha, e transformou-se em<<strong>br</strong> />

peninsula), <strong>de</strong>pois foi até Emergência , e finalmente até Ponta Negra. Então a “Baia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Maricá</strong>” da época post-terciária foi tranformada na atual “Lagôa <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong>”. As<<strong>br</strong> />

montanhas são do período azóico, as barreiras <strong>de</strong> Boqueirão Morrias, Imbassai, Zacarias<<strong>br</strong> />

são terciárias; as bocas dos rios são <strong>de</strong> aliuvium, e as restingas são <strong>de</strong> areia, formação<<strong>br</strong> />

quaternária.<<strong>br</strong> />

LAGÔA ANTIGA<<strong>br</strong> />

Do tempo da carta do litoral <strong>br</strong>asileiro levantada por Mouches, em 1863, até hoje, já<<strong>br</strong> />

houve alterações na restinga <strong>de</strong> areia. As areias cresceram, as praias alargaram um<<strong>br</strong> />

pouco. Pelo crescimento da restinga, em 73 anos, já foi necessário colocar um aviso aos<<strong>br</strong> />

navegantes na carta <strong>de</strong> 1935. Esta carta <strong>de</strong> navegação, relatando o que este aviso quer<<strong>br</strong> />

dizer, ele tem, o seguinte sentido: Precaução: A costa entre Ponta Negra e o Falso Pão<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Açucar está hoje mais ao sul do que está representado nesta carta, que quasi conserva<<strong>br</strong> />

a mesma linha <strong>de</strong> litoral do primitivo levantamento, que foi feito em 1863, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

correções em 1918. Po<strong>de</strong>mos avaliar que, a língua <strong>de</strong> areia que separava a Laguna da<<strong>br</strong> />

Barra do oceano era mais estreita do que hoje.


LAGÔA ANTIGA, ÉPOCA DAS ENCHENTES<<strong>br</strong> />

As aguas da lagôa chegaram ao seu nivel máximo ao cairem fortes chúvas <strong>de</strong>s<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1948 até Fevereiro <strong>de</strong> 1949. As estradas foram inundadas, para se ir até<<strong>br</strong> />

ao Boqueirão vários trechos estavam escorados <strong>com</strong> pedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras e bambús,<<strong>br</strong> />

penosamente transitaveis. As margens da lagôa eram inuteis, alagadas, <strong>com</strong> numerosos<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ejos, milhares <strong>de</strong> pequenas poças on<strong>de</strong> cresciam exuberantemente os mosquitos. A<<strong>br</strong> />

salinida<strong>de</strong> baixou muitissimo, o conjunto florístico e faunístico dominante indicava<<strong>br</strong> />

agua doce: Algas Spirogyra, Vaucheriaceae, numerosissimos insetos aquáticos:<<strong>br</strong> />

Ephemerida, Odonata entre as Nymphaeaeeae; larvas <strong>de</strong> outros Odonata e Trichoptera<<strong>br</strong> />

entre as Potemogenaceae; Hemipf era entre as Typha; numerosos Lepidoptera,<<strong>br</strong> />

Coteoptera aquáticas; larvas <strong>de</strong> Díptera, Nematocera, Culicidae e Anophetini;<<strong>br</strong> />

exuberantemente crescia o Ano pheles farsimaculatus.<<strong>br</strong> />

Como é regra geral em muitas lagunas litoráneas, na época das alagações, a área da<<strong>br</strong> />

laguna ia se dilatando, até que as aguas in<strong>com</strong>odavam os pescadores, até quase entrando<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas próprias casas. Neste momento reuniam-se para sangrar a lagôa. Em<<strong>br</strong> />

Fevereiro <strong>de</strong> 1949 os pescadores e outras pessoas cavaram uma vala estreita na Barra da<<strong>br</strong> />

Emergencia, on<strong>de</strong> disseram ser <strong>de</strong> areia mais fofa, e “foi o local on<strong>de</strong> antigamente a<<strong>br</strong> />

lagôa se auto-esvaziava naturalmente, sem a intervenção do homem”. Depois <strong>de</strong> horas a<<strong>br</strong> />

vala foi se alargando, a distancia entre lagôa e mar se encurtou, a rampa aumentou o<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>clive, a <strong>de</strong>scarga cada vez maior.<<strong>br</strong> />

No parágrafo anterior a <strong>de</strong>monstração da má fé e um importante indicio <strong>de</strong> que as<<strong>br</strong> />

aguas lagunares não in<strong>com</strong>odavam aos pescadores e não existe relato <strong>de</strong> aguas<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>ntrando as suas casas . Relatos antigos já davam conta <strong>de</strong> que eles os pescadores<<strong>br</strong> />

se reuniam para fazer a abertura da barra, pois quando ao sistema perdia a sua<<strong>br</strong> />

salinida<strong>de</strong> pelo aumento do volume das aguas pluviais e fluviais e ao longo dos<<strong>br</strong> />

seculos eles <strong>de</strong>senvolveram o método <strong>de</strong> a<strong>br</strong>i-la naquele ponto, por ser o local on<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />

barra po<strong>de</strong>ria ficar aberta por mais tempo e proce<strong>de</strong>r o saneamento do <strong>com</strong>plexo e a<<strong>br</strong> />

sanilida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al, assim por 30 a 45 dias as aguas marinhas entravam e saiam e a<<strong>br</strong> />

natureza cumpria o seu ritual: <strong>de</strong>ixando muita vida ali, pois muitas espécimes<<strong>br</strong> />

marinhas entravam para <strong>de</strong>sovar e após três meses os pescadores voltavam a pescar.<<strong>br</strong> />

No livro dos profs. Mello e Vogel “GENTE DAS AREIAS” este procedimento foi<<strong>br</strong> />

chamado <strong>de</strong> Conúbio das Aguas em atenção a <strong>de</strong>scrição feita por seo Henrique<<strong>br</strong> />

“Poeira”. Muito importante também é falar que se no trabalho da Fio Cruz o<<strong>br</strong> />

eminente cientista faltou <strong>com</strong> a verda<strong>de</strong> ao afirmar que as aguas in<strong>com</strong>odavam aos<<strong>br</strong> />

pescadores e que eram elas que a<strong>br</strong>iam a barra, mesmo tendo registro <strong>de</strong> alunos e<<strong>br</strong> />

colaboradores <strong>de</strong> que já os índios proce<strong>de</strong>riam a abertura para entrada <strong>de</strong> peixes. Os<<strong>br</strong> />

Viajantes disseram que a barra tinha <strong>de</strong> ser aberta e não que ela a<strong>br</strong>ia sozinha. E<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> certeza <strong>de</strong>veriam ser varias até o dia em que se chegou a escolha <strong>de</strong> um local<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quado. MBL


Pela fotografia aérea, (<strong>com</strong> permissão da Diretoria <strong>de</strong> Hidrografia e Navegação, do<<strong>br</strong> />

Ministério da Marinha), do mapa aerofotogramétrico da Lagôa <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong>, que<<strong>br</strong> />

consultamos, po<strong>de</strong>mos mostrar uns <strong>de</strong>talhes (Aero-foto n.° 1): a laguna da Barra em 1, o<<strong>br</strong> />

Oceano Atlantico em 2, o canal sangrador entre 5 e 6, sendo 5 a Praia da Emergencia, 4<<strong>br</strong> />

o povoado <strong>de</strong> Zacarias. 6 a praia sul da lagôa da Barra ou povoado <strong>de</strong> Guaratiba. Vemos<<strong>br</strong> />

o sangrador que ficou <strong>com</strong> cerca <strong>de</strong> 80 metros na montante e <strong>com</strong> 120 metros a boca <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

jusante; o <strong>com</strong>primento do canal cerca <strong>de</strong> 100 metros, <strong>com</strong>o se po<strong>de</strong> medir pela<<strong>br</strong> />

fotografia aérea, cuja escala é cerca <strong>de</strong> 1/20 000. A violencia <strong>com</strong> que saia a agua fazia<<strong>br</strong> />

marolas on<strong>de</strong>adas no oceano, no raio <strong>de</strong> pouco mais 1 kilometro, e a arrebentação<<strong>br</strong> />

formava um semi-arco <strong>de</strong> raio dos seus 250 metros.<<strong>br</strong> />

ULTIMA ABERTURA DA LAGÕA DA BARRA.<<strong>br</strong> />

No dia em que soltaram as aguas da Lagóa <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> no Oceano, através da Laguna da<<strong>br</strong> />

Barra, haviam 800 homens reunidos na Barra da Emergência; <strong>de</strong> noite, às 23 horas, já se<<strong>br</strong> />

achavam 500 <strong>com</strong> ferramentas, isto é, pás, enxadas, picaretas, e ali apareceram muitos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>erciantes que se interessavam pelo camarão, e forneceram mais <strong>de</strong> 1500 garrafas do<<strong>br</strong> />

melhor dos paratis e outras cachaças <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> para dar a energia em calorias e a<<strong>br</strong> />

alegria ao trabalho que ia ser executado durante toda a noite, Era 7 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1951, a<<strong>br</strong> />

lagõa estava no seu nivel máximo. O chefe da Colonia <strong>de</strong> Pesca, Sr. Francisco Sabino<<strong>br</strong> />

da Costa (que tinha sido chamado ao Rio <strong>de</strong> Janeiro) chegou á Barra da Emergencia as<<strong>br</strong> />

21 horas, e falou procurando conter os pescadores, para que não a<strong>br</strong>issem tal barra, pois<<strong>br</strong> />

os engenheiros do Departamento <strong>de</strong> O<strong>br</strong>as e Saneamento iam na manhã seguinte a<strong>br</strong>ir a<<strong>br</strong> />

Ponta Negra, e se esvasiassem <strong>Maricá</strong> atrapalhariam a tomada <strong>de</strong> dados


importantissimos <strong>de</strong> hidrologia que estavam preparados a serem medidos em Ponta<<strong>br</strong> />

Negra: medida <strong>de</strong> vazão, velocida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>snivel, etc. . . . A agitação era enorme entre os<<strong>br</strong> />

pescadores, e o chefe da colonia não pou<strong>de</strong> conter no seu impeto os pescadores <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Maricá</strong>, que nunca tolerariam a Laguna <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> ser escoada através da Laguna <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Guarapina. Afinal, á meia noite, <strong>com</strong>eçaram a remover a areia, e <strong>de</strong> madrugada quando<<strong>br</strong> />

entrava o sol, já a <strong>Maricá</strong> esvasiava para o mar, e este trabalho foi <strong>de</strong> fato, feito antes do<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Ponta Negra. A Barra da Emergencia esteve então aberta durante 28 dias, isto é,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Maio até 4 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1951. Foi a ultima vez que entrou agua do mar em<<strong>br</strong> />

<strong>Maricá</strong> por esta barra.<<strong>br</strong> />

Com a entrada <strong>de</strong> agua do mar, entrou tambem formidavelmente o camarão Penaeus<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asiliensis, a tainha Mugil lisa sendo que esta ficou uns 5 meses na lagóa: até<<strong>br</strong> />

Novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1951, do mesmo modo entraram em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s os paratis Mugil<<strong>br</strong> />

curema e as tainhas Mugil platanus, que são as <strong>de</strong> corso, e o corso passava em Maio por<<strong>br</strong> />

<strong>Maricá</strong>. Ora estes camarões e peixes só existem na lagôa porque vêm do mar, e entram<<strong>br</strong> />

quando ha profundida<strong>de</strong> suficiente na barra para entrarem, Durante o mês <strong>de</strong> Maio em<<strong>br</strong> />

que havia sempre <strong>com</strong>unicação da lagôa <strong>com</strong> o mar, <strong>com</strong> o sangradouro aberto, pescouse<<strong>br</strong> />

muito o faquéco Carangops amblyorhynclsus, tendo ele acabado assim que o mar<<strong>br</strong> />

fechou o sangradouro <strong>com</strong> areia, em Junho <strong>de</strong> 1951. Outros peixes que entraram foram:<<strong>br</strong> />

os pampos, e pampos galhudos: TraeMnoufus ,falcatus, e as guaibiras Oligoplifes<<strong>br</strong> />

saurus, em quantida<strong>de</strong> média, pouco menor que a <strong>de</strong> tainha. Os peixes do genero<<strong>br</strong> />

Ozyla<strong>br</strong>ax existiam em quantida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> sendo eles os Oxyla<strong>br</strong>ax un<strong>de</strong>cimalis<<strong>br</strong> />

(o robalo), os Oxyla<strong>br</strong>ax paralielus (a cangurupeba), e o Oxijla<strong>br</strong>ax ensiferus (as pébas).<<strong>br</strong> />

Tambem quando a lagõa mantinha-se aberta havia peixes da familia Eucinosfomidae,<<strong>br</strong> />

entre eles os carapicús verda<strong>de</strong>iros — Eucinosfomus harengulus, e, são da época <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

sangradouro aberto as pescas <strong>de</strong> caratingas — Diapterus <strong>br</strong>asilianus, <strong>de</strong> canhanhas —<<strong>br</strong> />

Árchosaurus unimaculatus, as <strong>de</strong> salemas — Anisotremus vir ginicus, mas em<<strong>br</strong> />

quantida<strong>de</strong>s bem menores que a dos outros peixes, assim tambem, <strong>com</strong>o em quantida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ainda menor as corvinas marisqueiras Micropogon opercularis, e as corvinas <strong>de</strong> linha<<strong>br</strong> />

Micropogon undulatus. Cortando a <strong>com</strong>unicação do mar e a lagõa, naturalmente não<<strong>br</strong> />

mais entrarão tais peixes; os robalos que entram pequeninos crescem bem na lagõa e<<strong>br</strong> />

chegam a pesar 8 a 10 kilos cada um, Os camarões que ,entraram <strong>de</strong>sta vez, em Maio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

1951, levaram somente dois meses a ‘crescerem, isto é, já em Julho estavam bons, e<<strong>br</strong> />

foram pescados até Outu<strong>br</strong>o e Novem<strong>br</strong>o; estes eram <strong>de</strong> finissima qualida<strong>de</strong>, talvez os<<strong>br</strong> />

melhores que haviam no Entreposto <strong>de</strong> Pesca do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Em muito gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

quantida<strong>de</strong> havia a Brevoortia tyrannus (a savelha), mas esta entra em águas muito<<strong>br</strong> />

rasas, entrando ainda até mesmo hoje, quando a barra:esta muito assoreada, mas ela é<<strong>br</strong> />

uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sardinha sem saida no mercado (em outros paises tem uso <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

matéria prima para o fa<strong>br</strong>ico <strong>de</strong> adubo ou <strong>de</strong> ração para animais.) Estes foram os peixes<<strong>br</strong> />

que entravam na “lagôa antiga”, e que pela ultima vez entraram em gran<strong>de</strong> massa em<<strong>br</strong> />

<strong>Maricá</strong>, em 1951.<<strong>br</strong> />

PRODUTIVIDADE.<<strong>br</strong> />

MUITA ATENÇÃO AQUI NESTE PROXIMO PARAGRAFO .MBL<<strong>br</strong> />

A produtivida<strong>de</strong> no regime antigo, <strong>de</strong> enchentes, era impressionante, um verda<strong>de</strong>iro<<strong>br</strong> />

récord em lagunas: 3 mil e 416 toneladas anuais entre peixes e camarões, o que<<strong>br</strong> />

correspon<strong>de</strong> a uma pesca <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10 toneladas diárias; se tomar a produção em se<<strong>br</strong> />

dividindo pela área, dará cerca <strong>de</strong> 740 kilos por hectare por ano, o que é fabulosamente


alta; (Compare 740 kilos por hectare, <strong>com</strong> as produtivida<strong>de</strong>s européas para lagos: —<<strong>br</strong> />

lago fraco: menos que 15 kilos; <strong>de</strong> produção média: 15 a 30 kilos; <strong>de</strong> bóa produção 30<<strong>br</strong> />

— 45 kilos , enorme produção: pouco mais que 45 kilos por hectare por ano! —<<strong>br</strong> />

Naumann, vol, IX, p. 576).<<strong>br</strong> />

A LAGÔA SANEADA<<strong>br</strong> />

No vasto programa <strong>de</strong> saneamento da Baixada Fluminense entrou tambem a região <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Maricá</strong> on<strong>de</strong> numerosos drenos foram feitos muitos canais retificados e <strong>de</strong>sentupidos,<<strong>br</strong> />

vários pântanos secos, e numerosissimos <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> aguas estagnadas excavados. Pela<<strong>br</strong> />

enorme prática adquirida pelo Departamento Nacional <strong>de</strong> O<strong>br</strong>as e Saneamento ficou<<strong>br</strong> />

provado que a lagóa somente se manteria em <strong>com</strong>unicação permanente <strong>com</strong> o mar (sem<<strong>br</strong> />

obstruções intermitentes da barra por areias) se um canal fosse aberto em litoral<<strong>br</strong> />

rochoso.<<strong>br</strong> />

A Barra da Emergencia não mais utilizada, pois era aberta pela força viva da agua, e não<<strong>br</strong> />

havendo mais enchentes, não po<strong>de</strong>ria haver mais os 92 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> agua<<strong>br</strong> />

cujo escoamento era o que rasgava a barra <strong>de</strong> areia e a a<strong>br</strong>ia em sangradouro. O canal<<strong>br</strong> />

foi aberto <strong>com</strong>unicando Guararapina <strong>com</strong> o mar, em rochas próximas da Serra Negra,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> está a Ponta Negra. A 8 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1951 foi inaugurado. A lagóa <strong>de</strong>veria passar<<strong>br</strong> />

do antigo regime ’<strong>de</strong> enchentes para o regime <strong>de</strong> marés. As áreas marginais que eram<<strong>br</strong> />

inundáveis passaram a ser permanentemente secas, numerosos pantanos, charcos, poças<<strong>br</strong> />

secaram, e a área total que foi enxuta tinha cerca <strong>de</strong> 6 quilometros quadrados, tendo a<<strong>br</strong> />

lagôa tambem diminuido o seu perimetro.<<strong>br</strong> />

Pelas o<strong>br</strong>as <strong>de</strong> engenharia sanitária, e também pela ação química dos inseticidas do<<strong>br</strong> />

grupo do DDT que foram empregadas simultaneamente, a malária foi eliminada <strong>de</strong> toda<<strong>br</strong> />

a região <strong>com</strong> sucesso jamais obtido anteriormente. As novas áreas que eram submersas<<strong>br</strong> />

e hoje estão a seco ou a quasi seco, estão sendo povoadas por <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s florísticas e<<strong>br</strong> />

faunísticas pioneiras que po<strong>de</strong>m fornecer interessantes estudos ás investigações<<strong>br</strong> />

ecológicas.


As Ruppia somente aparecem em sondagens abaixo <strong>de</strong> 1.2 m; fizemos várias dragagens,<<strong>br</strong> />

encontramos uma vasa ora mais escura, ora mais clara, ás vezes negra. Mas o aspecto do<<strong>br</strong> />

fundo não era <strong>de</strong>solador e <strong>de</strong>spovoado <strong>com</strong>o o da Lagôa Rodrigo <strong>de</strong> Freitas (on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

borbulhava o gaz sulfídrico quando sacudiamos a sonda; é esta lagôa entre o Ipanema<<strong>br</strong> />

e Leblon um paraiso para os anaeróbios produtores <strong>de</strong> gás sulfídrico, e outros gases, e<<strong>br</strong> />

péssima para os animais bentônicos macroscópicos); <strong>Maricá</strong> teve e tem ainda até hoje,<<strong>br</strong> />

DBZ. 1954, o seu fundo <strong>com</strong> diatomáceas, vermes nemató<strong>de</strong>os, rotíferos, vivissimos, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

aspecto muito otimista em relação á Rodrigo <strong>de</strong> Freitas.<<strong>br</strong> />

IMBASSAI<<strong>br</strong> />

Vê-se no Imbassai um barranco vermelho, <strong>com</strong> umas faixas amarelas, e muitas listras<<strong>br</strong> />

oblíquas em <strong>de</strong>clive <strong>de</strong> 45°, <strong>br</strong>ancas, negras, entre elas uma massa meio violácea. Na<<strong>br</strong> />

zona da lagôa próxima a este barranco, vêm-se no fundo, olhando-se do bote, as<<strong>br</strong> />

mesmas listras coloridas, as aguás são claríssimas e transparentes (porque este fundo é<<strong>br</strong> />

firme, e o saco <strong>de</strong> S. José em frente é arenoso; as aguas não tem lama nestes locais). As<<strong>br</strong> />

aves imbiuá passam sempre por cima do local a procura dos peixinhos e camarões,<<strong>br</strong> />

muito visíveis no Imbassai. Não há Ruppia enraizada, ha bo<strong>de</strong>has <strong>de</strong> Ruppia<<strong>br</strong> />

acumuladas pelo vento, numa área <strong>de</strong> uns 4 hectares, carreadas em gran<strong>de</strong> massa, ora<<strong>br</strong> />

para lá, ora para cá. Pouco acima da fóz do rio Imbassaí termina tudo isto, acaba a zona<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> argila colorida, entra-se em um gramado e pasto <strong>com</strong>um, rio acima.<<strong>br</strong> />

Nestes locais vêm-se fios <strong>com</strong>pridos <strong>de</strong> embira oxipéctala, tendo uns 5 a 10 milímetros<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> diâmetro, <strong>com</strong> uma folha muito triangular, chegando às vezes até à cota <strong>de</strong> 80<<strong>br</strong> />

centimetros acima do nivel da lagôa (em 19 ABRIL 1953, lagôa aproximadamente a 30<<strong>br</strong> />

a 35 cm acima do nível médio do mar.) Daí segue um <strong>de</strong>clive que vai dar em um <strong>br</strong>ejo.<<strong>br</strong> />

BREJOS: DO CAPIM, E DO ITAIPUASSU.<<strong>br</strong> />

Quem for a restinga e procurar em irá ver manilhas abaixo da estrada próxima da<<strong>br</strong> />

Lagoa <strong>de</strong> <strong>Marica</strong>. Será que era mais uma tentativa <strong>de</strong> baixar a lagoa não pu<strong>de</strong> ver se<<strong>br</strong> />

este manilhamento iria até o mar, mas é antigo e difícil <strong>de</strong> se achar , na época ainda<<strong>br</strong> />

não sabia <strong>de</strong> nada e nem marquei o local, mas creio sim que fica próximo ao que<<strong>br</strong> />

chamam Coroa ou Capim. MBL<<strong>br</strong> />

Largando a fóz do Canal <strong>de</strong> S. Bento, emproando no rumo su<strong>de</strong>ste, bussola nos 1400<<strong>br</strong> />

verda<strong>de</strong>iros, navegando-se 2700 metros, vamos atracar na “praia do Capim”, numa<<strong>br</strong> />

estação topográfica em que se vê a ponta do Imbassaí <strong>de</strong> 340° a 350° norte, a ponta do<<strong>br</strong> />

Inglês a 17° norte, foi a estação 80, fig. 5 (perfil e mapa). Saltando na praia, o aspecto é<<strong>br</strong> />

o mesmo cujo nivelamento mostra habitarem uns monticulos na quota <strong>de</strong> O do nivel da<<strong>br</strong> />

agua da lagôa, até 10 centimetros mais alto.


Na cota <strong>de</strong> 20 a 30 centímetros acima das aguas é que <strong>com</strong>eça o gramado <strong>com</strong>um, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

alguma graminae e entre elas a Sectaria sp. A vegetação encontrada foi: entre as<<strong>br</strong> />

leguminosas, um fe<strong>de</strong>goso, arbusto <strong>de</strong> flôres <strong>de</strong> pétalas amarelas, Cassia occi<strong>de</strong>ntalis, e<<strong>br</strong> />

mimosas, muito parecidas <strong>com</strong> o maricá, Mimosa sp.; uns arbustos da familia<<strong>br</strong> />

ápocynaceae <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong> 1 polegada <strong>de</strong> longo, e a. embira <strong>com</strong> condutos laticiferos que<<strong>br</strong> />

falamos, que é um Orypetalum sp. (familia Ascle piadaceae), a convolvulácea Ipomea<<strong>br</strong> />

asarifolia, as labiadas Hyptis sp.e as <strong>com</strong>postas Erigeron montivi<strong>de</strong>nsis (fig. 5). Seguese<<strong>br</strong> />

o outro lado o <strong>br</strong>ejo tendo nas margens um gramado, uma zona <strong>de</strong> Portulaca sendo<<strong>br</strong> />

uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> florezinhas azuis, e beirando o <strong>br</strong>ejo uma zona negra <strong>de</strong> plantas em<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong><strong>com</strong>posição; umas tabuas Typha dominguensis; e flutuantes, as Salvinia num tapete<<strong>br</strong> />

formando uma faixa <strong>de</strong> seus 20 metros <strong>de</strong> largura. As aguas são negras e quasi doces,<<strong>br</strong> />

neutras ou ligeiramente ácidas. Este <strong>br</strong>ejo, nos tempos antigos tinha influencia no<<strong>br</strong> />

regime da lagôa.<<strong>br</strong> />

Este próximo parágrafo não está suficientemente claro na colocação <strong>de</strong> que o tal<<strong>br</strong> />

canal <strong>br</strong>ejo <strong>de</strong> Itaipuassú (que o cientista <strong>de</strong>i o nome só para efeito do trabalho)<<strong>br</strong> />

traria água do mar a lagoa <strong>de</strong> <strong>Marica</strong>. Não se nota isto em mapa <strong>de</strong> 1797 e nem no<<strong>br</strong> />

mapa <strong>de</strong> 1947. não consegui relato dos pescadores e nem em relato dos Viajantes do<<strong>br</strong> />

Século XIX em que Charles Darwin dói pela restinga até Ponta Negra. Em mapa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

1797 vemos é a anotação <strong>de</strong> um curral. Parece mais uma tentativa <strong>de</strong> secar a lagoa<<strong>br</strong> />

ou diminuí-la rapidamente <strong>com</strong>o foi feito em Jacone e na Brava, sendo que a ultima<<strong>br</strong> />

virou um taboal, mas quando chove mostra a sua influencia quase chegando a RJ<<strong>br</strong> />

106.MBL<<strong>br</strong> />

Para os efeitos <strong>de</strong>sta publicação chamamos <strong>de</strong> “Brejo-Canal” <strong>de</strong> Itaipuassú, tinha<<strong>br</strong> />

antigamente <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> o mar, levava água salgada para ‘<strong>de</strong>ntro da lagôa. Este<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ejo tem a forma geográfica muito caracteristica — na face <strong>de</strong>fronte a lagôa é todo<<strong>br</strong> />

formado <strong>de</strong> semicirculos, nas margens do lado sul, que é o lado do mar, é reto <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>-se ver no mapa fig. 5. Depois da estrada segue a primeira elevação <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />

arbustos e vegetação caracteristica das restingas arenosas, tendo gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

cactãceas e <strong>br</strong>omeliáceas, alguns balsamos; o primeiro morro <strong>de</strong> areia é <strong>de</strong> areia<<strong>br</strong> />

amarela, até ao Brejo do Itaipuassú, que hoje é um gramado muito plano, seco, <strong>com</strong> uns<<strong>br</strong> />

100 metros <strong>de</strong> largura e uns 3 quilometros <strong>de</strong> <strong>com</strong>primento.<<strong>br</strong> />

De vez em quando um outro cacto e uma ou outra <strong>br</strong>omelia já tentam invadir este<<strong>br</strong> />

terreno, que ha 2 anos foi posto a seco. Passado este vale, entramos em outra duna <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

areia muito <strong>br</strong>anca, <strong>com</strong> as aráceas, as pitangueiras, e umas palmeirinhas <strong>de</strong> restinga.<<strong>br</strong> />

Bem junto ao mar, a areia torna-se côr <strong>de</strong> camelo, havendo muita lpomea da praia; junto<<strong>br</strong> />

ao mar os crustáceos: os tatuís Ementa e os carangueijos “Maria da Toca” ou “Maria<<strong>br</strong> />

Farinha” Ocypo<strong>de</strong> albicans.<<strong>br</strong> />

O tal Brejo Canal <strong>de</strong> Itaipuaçú era a Lagoa Seca pintada por um beneditino em 1797<<strong>br</strong> />

e que mostra que a Praia <strong>de</strong> Zacarias era na restinga da lado da lagoa. MBL


Saindo do Boqueirão, indo para o Saco das Flores, ao norte, tem-se a Ilha <strong>de</strong> João<<strong>br</strong> />

Antunes á leste; entre Boqueirão e João Antunes o máximo <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> foi 2<<strong>br</strong> />

metros; <strong>de</strong> 50 em 50 metros atravessando E-W encontramos as sondagens: 1.2 m; 1.7<<strong>br</strong> />

m; 1.8 m; 1.8 m; 1.9 m; 2.0 m; 2.0 m; 1.8 m; 1.5 m; 1,2 m; 0,5 m. Em 1949, no antigo<<strong>br</strong> />

regime, quando visitamos João Antunes havia: na margem junto á lagôa — um<<strong>br</strong> />

gramado, um barranco <strong>com</strong> a vegetação <strong>com</strong>um da baixada fluminense. Na agua da<<strong>br</strong> />

beira <strong>de</strong> praia os flocos <strong>de</strong> “lixo algodão ver<strong>de</strong>” <strong>com</strong>o uma cabeleira mais grossa, não<<strong>br</strong> />

igual á Ulothricacea da Laguna <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong>, embora da mesma familia, contudo era mais<<strong>br</strong> />

grossa, e junto <strong>de</strong>la a Enteromorplza “o lixo do camarão” — alga ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> tubinho, feito<<strong>br</strong> />

um macarrão fino, conforme conhecem os pescadores, que era on<strong>de</strong> o camarão miudo,<<strong>br</strong> />

jovem, se criava, alguma Ruppia <strong>de</strong> vez em quando, e o amphipoda nestas lagunas junto<<strong>br</strong> />

aos “lixos”. Muitas centenas <strong>de</strong> “caramujinho arroz” — Lymnaea sp. e varios Bolsa, a<<strong>br</strong> />

“Unha <strong>de</strong> Velho” estavam vivas <strong>de</strong> 1949 até 1950. Nas pedras as caracas dai anus<<strong>br</strong> />

amphitrite vivas. Lá no fundo do Saco das Flores os fetos Acrosthicum, <strong>de</strong> vez em<<strong>br</strong> />

quando umas pedras cagarras por aves, e nas pedras ossadas <strong>de</strong> peixes e restos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

carangueijos <strong>com</strong>idos pelas aves. Em locais rasos, <strong>de</strong> vez em quando, uma Cltaracea:<<strong>br</strong> />

Chara sp. Estas <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s ficavam exuberantes 1 a 4 meses <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> aberta a lagôa<<strong>br</strong> />

na Barra da Emergencia, <strong>com</strong> aguas polihalinas. Era o aspecto da Bacuparí e da lagôa<<strong>br</strong> />

da Barra quando recem-salgadas: <strong>com</strong> Enteramospha, Baianus, Penaeus, <strong>com</strong> sirís<<strong>br</strong> />

Cailinectes sapidus, etc.<<strong>br</strong> />

LAGUNA DO PADRE<<strong>br</strong> />

A Laguna do Padre, no tempo antigo subia mais cerca <strong>de</strong> 1,2 m do que está hoje. Os<<strong>br</strong> />

espraiados agora são maiores. Parece mesmo que seu regime quasi nada mudou, pois<<strong>br</strong> />

nem antigamente e nem hoje não sofreu muito a influencia do mar, as barras na<<strong>br</strong> />

Emergencia e na Ponta Negra são <strong>de</strong> pouca influencia para esta laguna. A Ruppia tosta<<strong>br</strong> />

conta <strong>de</strong> tal forma das aguas que não se podia antigamente, e nem se po<strong>de</strong> hoje, passar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> um bote a motor — estas najadaceas enroscam-se na hélice. Gran<strong>de</strong> parte tem a<<strong>br</strong> />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30 a 40 centimetros: o gas sulfídrico difun<strong>de</strong> em larga escala quando o<<strong>br</strong> />

remo toca o fundo. Os jacarés vão até aos <strong>de</strong> 10 kilos, se escon<strong>de</strong>m <strong>de</strong> dia no taboal e<<strong>br</strong> />

nos fetos, só saem á noitinha. A turvação das aguas é enorme, não se vê o fundo <strong>de</strong> 30<<strong>br</strong> />

centimetros. O teor <strong>de</strong> silica é 10 vezes maior que o do oceano: (tabela 6, resultado n.°<<strong>br</strong> />

1). Hoje esta lagôa tem muitos acarás, bagres, robalos e outros peixes <strong>de</strong> agua quase<<strong>br</strong> />

doce.<<strong>br</strong> />

Entre os vegetais marginais encontram-se monocotiledoneos — Pandanales —<<strong>br</strong> />

Typhaceae: Typha dominguensis; Glumiflorae — Cyperaceae: umas tiriricas <strong>de</strong> lagôa<<strong>br</strong> />

do genero Cyperus e um jaçapé do genero Kyliingia; Gramineae: Saccharum of 7<<strong>br</strong> />

icinarum a cana <strong>de</strong> açúcar em plantações nas margens do interior; Spathiflorae,<<strong>br</strong> />

Araceae: varias espécies, e alguns imbés; Farinosae — Bromeliaceae, várias Tyflandria<<strong>br</strong> />

sp. epifitas, e Bromelia sp.; Commelinaceae: Chorisancira sp.; Scitaminae:<<strong>br</strong> />

Musaceae — Musa paradisiaca, muitas bananeiras plantadas do lado interior.<<strong>br</strong> />

Dicotyledonae — Centrospermae: Portulacaceae — Portuiaca grandifolia, as “12<<strong>br</strong> />

horas”; Myrtiflorae — umas ervas campestres da lamilia Oenothearaceae;<<strong>br</strong> />

Umbelliflorae, a umbelif era Hydrocotyie leu-cocephala uma “erva capitão”;<<strong>br</strong> />

Gentianaceae: o Limnanthemum hum boidtianum a soldanela; Tubiflorae: várias<<strong>br</strong> />

Borraginaceae, e a solanácea Br4tnfelsiamaritima; Arrab<strong>de</strong>a conjugata e Lundia<<strong>br</strong> />

cordata; várias Rubiales, entre elas uma poaia rasteira: Borreria verticilata (Rubiaceae);


Campanulatae — uma erva <strong>de</strong> rosetar Acicarpha spatulata, e entre as Compositae —<<strong>br</strong> />

muitos carrapichos, ervas pequenas da beira da lagôa, a Huchaea quitex.<<strong>br</strong> />

O CANAL DE GURURAPINA EM PONTA NEGRA<<strong>br</strong> />

O canal escavado pelo Departamento Nacional <strong>de</strong> O<strong>br</strong>as e Saneamento preencheu 100%<<strong>br</strong> />

as finalida<strong>de</strong>s para as quais foi construido, isto é, não <strong>de</strong>ixar a lagôa se inundar <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />

chuvas, e acabar <strong>com</strong> os focos <strong>de</strong> mosquitos, principalmente os da malária, enfim,<<strong>br</strong> />

sanear a região.<<strong>br</strong> />

O que está saneado neste país?MBL<<strong>br</strong> />

O Engenheiro Dr. Saturnino Braga fez o projeto <strong>de</strong>ste canal da Lagôa, e tomou <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

exemplo a Barra do Vidigal, junto á Avenida Niemeyr, construida por Saturnino <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Brito, que nunca mais fechou-se <strong>com</strong> areias, enquanto que o canal da Lagôa Rodrigo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Freitas, sempre se fechava e ainda fecha, por ser barra aberta em litoral arenoso. Fez<<strong>br</strong> />

lambem estudos e cálculos <strong>com</strong>parando <strong>Maricá</strong> <strong>com</strong> Santo Antonio <strong>de</strong>i Chile, estudado<<strong>br</strong> />

por Jeorge Lyra e concluiu que não ha receios <strong>de</strong> assoreamentos no interior, porque<<strong>br</strong> />

<strong>Maricá</strong> tem muita analogia <strong>com</strong> Santo Antonio. Fixou o canal em Ponta Negra, o que<<strong>br</strong> />

era racional e econômico. O canal foi executado em — 1.0/ uma zona <strong>de</strong> areias; 2.0/ um<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ejal; 3,0/ corte na pedra; 4.0/ evitando atravessar as dunas, cujo coroamento achava-se<<strong>br</strong> />

a 9 metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Seguiu as técnicas preconisadas pelo Congresso <strong>de</strong> Navegação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Bruxellas, fixou por isto o talu<strong>de</strong> em 1:3, e <strong>com</strong>o aconselhavam os americanos e<<strong>br</strong> />

holan<strong>de</strong>ses fez — a/ cortina <strong>de</strong> pranchas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo o talu<strong>de</strong>; b/ revestimento <strong>de</strong> pedra;<<strong>br</strong> />

c/ plantio <strong>de</strong> grama na cota <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 2.5 metros; Os caracteres do canal são (Tabela 8)<<strong>br</strong> />

Em frente ao canal foi projetado um molhe <strong>de</strong> pedras, que entrava pelo oceano a fora, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

modo, que seguindo <strong>com</strong>o fizeram os holandêses nunca o canal em Ponta Negra po<strong>de</strong>ria<<strong>br</strong> />

vir a ser fechado por areias. A escavação do Canal foi feita até ao Zero Hidrográfico.<<strong>br</strong> />

Notemos que o molhe <strong>de</strong> pedras não foi construido, mas o projeto acha-se nas<<strong>br</strong> />

Memorias n.° 62. 1947, Arquiv. Techn. D. N. O. 5. (Ministerio da Viação)<<strong>br</strong> />

O canal <strong>de</strong> Gururapiraa — Ponta Negra, foi executado, tem forma <strong>de</strong> S, <strong>com</strong> 1500<<strong>br</strong> />

metros <strong>de</strong> <strong>com</strong>primento; uma porção reta <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 500 metros <strong>de</strong> <strong>com</strong>primento e 30<<strong>br</strong> />

m <strong>de</strong> largura foi dragada <strong>de</strong>ntro da propria laguna. Depois segue uma porção curva <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

convexida<strong>de</strong> para o mar, <strong>de</strong>pois segue paralelamente á praia maritima até dar em um<<strong>br</strong> />

estreitamento <strong>com</strong> cerca <strong>de</strong> 30 metros <strong>de</strong> <strong>com</strong>primento, <strong>com</strong> 4 metros <strong>de</strong> largura on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

está a ponte da estrada Ponta Negra-Nilo Peçanha. Daí segue uma curva <strong>de</strong> concavida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

para o mar, todo este trecho em terra mole, trabalhavel <strong>com</strong> drag-lines, tem cerca <strong>de</strong> 1


quilômetro. Segue o trecho em rocha granitica, <strong>com</strong> cerca <strong>de</strong> 200 a 250 metros até ao<<strong>br</strong> />

mar, que foi dinamitado até ao Zero Hidrográfico.<<strong>br</strong> />

NOVO REGIME DA LAGÕA DE MARICÁ<<strong>br</strong> />

Segundo o Eng.° Dr. Saturnino Braga, o calculo dos volumes <strong>de</strong>scarregados pelo novo<<strong>br</strong> />

canal aberto em Ponta Negra, em 24 horas são os seguintes, sendo que a maré estava na<<strong>br</strong> />

cota <strong>de</strong> 2.0 m nas 9 horas e 42 minutos, e a 0.8 m as 3 horas e 48 minutos.<<strong>br</strong> />

O índice pluviométrico que provocou problemas em <strong>Marica</strong> no dia 11/12/2005 foi <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

70 mm. Tenho material que <strong>com</strong>prova. MBL<<strong>br</strong> />

Isto quer dizer, sob o ponto <strong>de</strong> vista do hidrobiologista, que se a lagôa estiver no nivel<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> 1.2 acima do Zero Hidrográfico vazará 259 700 m³ em 24 horas pelo canal <strong>de</strong> Ponta<<strong>br</strong> />

Negra, e se a chuva for violenta e ela subir mais 1 metro e 20 acima do seu nivel<<strong>br</strong> />

normal, isto é, se estiver na cota <strong>de</strong> 2.4 m acima do Zero Hidrográfico, ela vazará 3 505<<strong>br</strong> />

000 rn³ <strong>de</strong> agua pelo canal, e a passagem <strong>de</strong>sta agua será na proporção <strong>de</strong> 45 m³ por<<strong>br</strong> />

segundo. Ora, se acaso esta agua não vazasse pelo canal (<strong>com</strong>o era no regime antigo)<<strong>br</strong> />

eram os 3 505 000 m³ que iam diluir as aguas baixando a salinida<strong>de</strong>. No novo regime,<<strong>br</strong> />

segundo Saturnino Braga, as aguas que entram na maré enchente e as que saem por<<strong>br</strong> />

Ponta Negra são as seguintes sendo que o “Nivel médio da Lagôa” acha-se a 1.5 m<<strong>br</strong> />

acima do Zero Hidrográfico (Tabela 10).


Saturnino Braga pô<strong>de</strong> verificar que na chuva fortíssima <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> fevereiro, <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

precipitação <strong>de</strong> 67,2 mm, o nível da Lagôa chegou apenas até 1 .73 m, e que, nas peores<<strong>br</strong> />

condições imaginaveis a lagôa apenas chegaria a 1.90 m, tendo <strong>com</strong>o mais chuvoso o<<strong>br</strong> />

mês <strong>de</strong> Janeiro. O quadro do regime da lagôa, foi feito pelos maregramas que pu<strong>de</strong>ram<<strong>br</strong> />

ser obtidos no local mais próximo, isto é, em S. João da Barra, on<strong>de</strong> havia marégrafo<<strong>br</strong> />

instalado. Neste quadro, do Dr. Saturnino <strong>de</strong> Braga, apresentamos, <strong>com</strong> simplificações,<<strong>br</strong> />

na nossa figura n.° 6-A, dando apenas o que é <strong>de</strong> interesse para o hidrobiologista.<<strong>br</strong> />

Então,, uma chuva <strong>de</strong> 3 mm na área da lagôa traz aproximadamente 10 milhões <strong>de</strong> litros<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> agua, esta sobe <strong>de</strong> nivel 0.3 m. e, para esvaziar a lagôa, se ela estiver na cota <strong>de</strong> 1.5<<strong>br</strong> />

m, esta passará para 1.8 m, as aguas saem pelo canal <strong>de</strong> Ponta Negra, segundo as curvas<<strong>br</strong> />

do gráfico <strong>de</strong> Saturnino <strong>de</strong> Braga.<<strong>br</strong> />

Sendo S a superfície da bacia hidráulica. 230 km ² h = intensida<strong>de</strong> maxima <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

precipitação das chuvas por hora, (por exemplo h 3 mm) r = run-off (aqui em <strong>Maricá</strong>,<<strong>br</strong> />

0.6) assim por exemplo, as chuvas <strong>de</strong> mm dão


RENOVAMENTO DE AGUA DO MAR.<<strong>br</strong> />

Tem muita importância para o hidrobiologista o renovamento <strong>de</strong> agua do mar, este<<strong>br</strong> />

então se dá na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 630 000 m³ <strong>de</strong> aguas da lagôa que saem, e <strong>de</strong> 630 000 m³<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> aguas novas do mar, que entram. Vejamos <strong>com</strong>o ficará a lagôa sob o ponto <strong>de</strong> vista<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> regime <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Então vemos, que se o canal funcionar <strong>com</strong> a vazão <strong>com</strong> que foi projetado, no fim <strong>de</strong> 1<<strong>br</strong> />

mez e 20 dias <strong>de</strong>verá dar a lagôa a salinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 37 por mil. Mas isto não acontece<<strong>br</strong> />

assim cem por cento; porque ha <strong>de</strong>scargas dos rios que não <strong>de</strong>ixam a salinida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

aumentar nesta proporção. Se levarmos em conta a agua doce das chuvas e dos rios,<<strong>br</strong> />

veremos que uma certa parte da salgadura que vem <strong>de</strong> Ponta Negra é <strong>de</strong>sfeita por<<strong>br</strong> />

diluição, mas mesmo assim este não po<strong>de</strong>rá que<strong>br</strong>ar o regime hidrobiológico, pois entre<<strong>br</strong> />

34 e 37 por mil <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong> ainda se está no “regime euchalino”, segundo os conceitos<<strong>br</strong> />

mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Hedgpeth 1953, o que manterá equili<strong>br</strong>io biológico, sem mortanda<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />

A QUESTÃO DO CAMARÃO<<strong>br</strong> />

Logo que foi aberto o canal em Ponta Negra, em 1951, e até hoje (1955), o camarão não<<strong>br</strong> />

mais entrou, e nem entra na lagõa, <strong>de</strong> modo algum. Ha a seguinte tradição oral entre os


pescadores: “ — o camarão não entra em barra <strong>de</strong> pedras, somente entra em barras <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

areia, cuja direção é a da obliquida<strong>de</strong> das ondas, na qual a areia vem se <strong>de</strong>positando.”<<strong>br</strong> />

No caso <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> é sudoeste para nor<strong>de</strong>ste, a direção on<strong>de</strong> estão as pedras na entrada<<strong>br</strong> />

do canal <strong>de</strong> Ponta Negra. O difícil é fazer <strong>com</strong> que entre exatamente a parte da veia<<strong>br</strong> />

liquida on<strong>de</strong> estão as larvas planctônicas do camarão.<<strong>br</strong> />

Os engenheiros do Departamento Nacional <strong>de</strong> O<strong>br</strong>as disseram que aten<strong>de</strong>rão a esta<<strong>br</strong> />

tradição popular, mandarão dinamitar as parte rochosas nesta direção. Se esta tradição<<strong>br</strong> />

futuramente fôr confirmada pela entrada do camarão, passará a ser um fenomeno real e<<strong>br</strong> />

verda<strong>de</strong>iro na biologia do nosso camarão Pqnaeus <strong>br</strong>asiliensis, se <strong>de</strong>pois da<<strong>br</strong> />

dinamitisação não subir o camarão barra acima, então ha necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sacreditar tal lenda, ou falso mito-: A experimentação <strong>de</strong>ste fenomeno não trará<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>spezas porque o preço da dinamitisação será <strong>com</strong>pensado pela pedra retirada, que é<<strong>br</strong> />

máteria prima <strong>de</strong> valôr e terá sua imediata utilização, segundo disseram-nos os técnicos<<strong>br</strong> />

do D . N .0.S.<<strong>br</strong> />

Pois na lagôa antiga, durante a época <strong>de</strong> camarão, saiam 4 a 5 caminhões diariamente<<strong>br</strong> />

(até cerca <strong>de</strong> 30 toneladas), sendo que a maioria ia ser vendida no Entreposto <strong>de</strong> Pesca<<strong>br</strong> />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro, e algum para Niterói, pequenas quantida<strong>de</strong>s para Itaborai, Rio<<strong>br</strong> />

Bonito, S. Gonçalo, além das pequenas quantida<strong>de</strong>s que iam para uso local. Hoje, em<<strong>br</strong> />

Dezem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1954, vimos no armazem da praça <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> viajantes <strong>com</strong>prando<<strong>br</strong> />

camarão enlatado para o almoço! Lá que era a terra do camarão!<<strong>br</strong> />

CRISE ATUAL.<<strong>br</strong> />

A falta <strong>de</strong> peixe em <strong>Maricá</strong> <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> 1951 para cá. Enquanto os pescadores do local<<strong>br</strong> />

esperam as melhorias que virão mais tar<strong>de</strong>, sofrem terriveis dificulda<strong>de</strong>s <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pleta falta <strong>de</strong> recursos para viverem. Alguns pescadores que ainda ousam pescar,<<strong>br</strong> />

passam a noite inteira na Lagôa, e só conseguem trazer na canôa alguns acarâs e bagres,<<strong>br</strong> />

pequenos, que são arrematados <strong>de</strong> manhã em frente ao frigorífico, por qualquer Cr$<<strong>br</strong> />

40,00, ficando Cr$ 20,00 para cada um dos parceiros. Os que se animam a fazer tal<<strong>br</strong> />

pescaria são os velhos que não se adaptam mais a outras profissões, e assim mesmo,<<strong>br</strong> />

para viverem ainda recebem sustento dos filhos que lhes mandam dinheiro, e que<<strong>br</strong> />

mudaram a profissão: foram para a lavoura, ou mecânica, ou carpintaria, etc... A pesca<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ste acarás torna-se cada vez mais limitada, pois nem estes chegam a crescer direito:<<strong>br</strong> />

são produto somente da lagôa em regime oligohalino a 8 por mil <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Desaparecida a gran<strong>de</strong> pesca, <strong>de</strong>sapareceu tambem a vida <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> e o lucro da<<strong>br</strong> />

Prefeitura local. O Frigorífico lá está, e quando foi inaugurado em 1953, já não havia<<strong>br</strong> />

mais pescadores que tivessem uma rê<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> para dar um lanço <strong>de</strong> “Profissional, . . “,<<strong>br</strong> />

já haviam vendido suas re<strong>de</strong>s. Se não po<strong>de</strong>m mais viver da pesca, o que vão continuar<<strong>br</strong> />

fazendo ali? Segundo as estimativas dos pescadores do local, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 2 ou 3 anos (em<<strong>br</strong> />

1957 ou 1958) estará totalmente reduzida a ZERO qualquer pesca nestas lagunas, se a<<strong>br</strong> />

situação hidrológica continuar a mesma. Hoje em Dezem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1954, não ha mais nem<<strong>br</strong> />

no canal <strong>de</strong> Ponta Negra: ha um enorme assoreamento que só <strong>de</strong>ixa a agua da lagôa sair,<<strong>br</strong> />

e muitissimo raro, em marés altissimas <strong>de</strong> equinóxio e sizígia, entra um pouco <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

savelha ou <strong>de</strong> tainha.


O canal do Cor<strong>de</strong>irinho, que liga a lagôa do Padre á Gururapina, que <strong>com</strong>eçou a ser<<strong>br</strong> />

dragado, está paralisado, e vê-se hoje, junto <strong>de</strong>le a drag-line que fez meta<strong>de</strong> do serviço,<<strong>br</strong> />

parada na parte oeste, quasi chegando à Laguna do Padre.<<strong>br</strong> />

Além <strong>de</strong>ste fato, outro que agravou a situação do pescador, foi o <strong>de</strong>spejo feito em<<strong>br</strong> />

massa, dos terrenos on<strong>de</strong> moravam. Ha hoje, em 1954, na restinga <strong>de</strong> areia ainda vários<<strong>br</strong> />

povoados: Zacarias, Guaratiba, Ponta Negra, Emergencia, on<strong>de</strong> ha 500 familias <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

pescadores matriculados, e 300 familias <strong>de</strong> não matriculados. Agora, em Dezem<strong>br</strong>o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

1954; estão sendo <strong>de</strong>spejadas 80 familias, para que possam lotear o trecho <strong>de</strong> Zacarias, e<<strong>br</strong> />

possam fazer um bairro <strong>de</strong> veraneio (está sendo loteado a Cr$ 80.000,00 o lote, cerca <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Cr$ 300,00 o metro quadrado). O fato é que em <strong>br</strong>eve as 800 familias <strong>de</strong> pescadores não<<strong>br</strong> />

estarão mais nem em <strong>Maricá</strong>, e nem na pesca. Ha lutas: advogados <strong>com</strong>o os Drs. O.<<strong>br</strong> />

Rodrigues, C. S. Junior, G. Pestanda, e o chefe da colonia <strong>de</strong> Pesca (hoje vereador)<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m os pescadores e esperam ainda, abertos os canais, e construido o molhe<<strong>br</strong> />

projetado em 1947, que a lagôa tendo <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> mar, terá peixe e camarão: não<<strong>br</strong> />

em 3 600 toneladas anuais, porque a lagõa per<strong>de</strong>u superficie, mas ao menos <strong>com</strong>o 2700<<strong>br</strong> />

toneladas anuais. Os proprietários do terreno dizem que nunca mais haverá peixe, e<<strong>br</strong> />

requerem o <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> pescadores. Hoje já foram loteadas todas as restingas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Bacopari, Barra, e Padre. As restingas junto ao canal <strong>de</strong> S. Bento, á S. José, já foram<<strong>br</strong> />

todas arrazadas, <strong>de</strong>stocadas arruadas, loteadas, e já se fez o plantio <strong>de</strong> coqueiros, e<<strong>br</strong> />

palmeiras, para arborizar as avenidas e alamedas dos futuros bairros balneários. O Iate<<strong>br</strong> />

Club em início <strong>de</strong> funcionamento, talvez venha concorrer para as aguas ficarem muito<<strong>br</strong> />

improprias ao peixe, que não dão formidavel criação on<strong>de</strong> haja películas <strong>de</strong> petróleo<<strong>br</strong> />

(motores <strong>de</strong> barcos, lanchas, <strong>de</strong> popa.)<<strong>br</strong> />

Atenção: os proprietários aqui referidos sãos os mesmos responsabilizados em<<strong>br</strong> />

parecer <strong>de</strong> 1978 e con<strong>de</strong>nados em 1995 na Ação popular <strong>de</strong> numero 1630580 e que<<strong>br</strong> />

mesmo hoje após nome anos não foi cumprida , mas que tem tidos os atos<<strong>br</strong> />

con<strong>de</strong>nados sendo praticados .MBL<<strong>br</strong> />

Ha uma estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgotos em execução, no norte <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong>, em<<strong>br</strong> />

Araçatiba; esta lançará o produto tratado no norte da lagôa; se os esgotos forem bem<<strong>br</strong> />

tratados, não haverá nada <strong>de</strong> mal, mas no fim <strong>de</strong> algum tempo, <strong>com</strong>o acontece sempre, é<<strong>br</strong> />

haver um certo relaxamento e lançarem mesmo as poluições in-natura nas aguas, aí<<strong>br</strong> />

teremos mais outro estrago, além do petróleo: a poluição. O que vislum<strong>br</strong>a surgir no<<strong>br</strong> />

futuro, se as coisas tomarem este rumo, é no fim <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>cênios haver outra<<strong>br</strong> />

“Rodrigo <strong>de</strong> Freitas” mas em escala maior — <strong>com</strong> os <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>ios, as poluições, as<<strong>br</strong> />

mortanda<strong>de</strong>s, e <strong>com</strong> ótimo urbanismo.<<strong>br</strong> />

PROTEÇÃO A NATUREZA AQUÁTICA<<strong>br</strong> />

Agora vamos falar sob um outro aspecto, o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io das águas<<strong>br</strong> />

biologicamente os regimes hidrobiológicos das lagunas. Estes aspectos, nem no Brasil,<<strong>br</strong> />

e nem em qualquer parte do mundo, ainda não são tomados em consi<strong>de</strong>ração <strong>com</strong> muito<<strong>br</strong> />

rigor, porque ainda é raro o técnico em hidrobiologia e on<strong>de</strong> eles existem, <strong>com</strong>o na<<strong>br</strong> />

Europa, não são ouvidos quando os técnicos em hidráulica fazem as gran<strong>de</strong>s mudanças<<strong>br</strong> />

nos regimes dos lagos e dos rios. Vejamos o que diz Thienemann, o chefe da Socieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Internacional <strong>de</strong> Limnologia falando da Alemanha: “— que tenha junto aos engenheiros


das aguas um hidrobiologista, para que não transformem todos os produtivos rios da<<strong>br</strong> />

Alemanha em fossas, no seu trabalho pedindo a proteção da natureza: — ‘Rios, ou<<strong>br</strong> />

(digamos melhor: cloacas ) da Alemanha”. Até na Africa: ficamos espantados quando<<strong>br</strong> />

lemos o trabalho <strong>de</strong> Day pedindo a proteção para as aguas da Zululandia que eram ha<<strong>br</strong> />

pouco o paraíso dos camarões, peixes e hipopotamos (The St. Lucia System, 1953).<<strong>br</strong> />

Para manter a lagoa em regime polihalino, basta a renovação <strong>de</strong> 630 000 m³ <strong>de</strong> agua do<<strong>br</strong> />

mar diariamente, conforme foi projetado o canal <strong>de</strong> Ponta Negra. Atualmente não ha<<strong>br</strong> />

entrada <strong>de</strong> agua do mar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1953 até Dez. 1954. As aguas junto á ponte so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

Canal <strong>de</strong> Ponta Negra estão paradas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1953. Lem<strong>br</strong>emos outra vez que, para a<<strong>br</strong> />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saneamento para a qual foi feito o canal, este aspecto é ótimo, pois as<<strong>br</strong> />

aguas das chuvas escorrem para o oceano, mantendo a lagôa em nivel constante e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

margens secas. Mas sob o ponto <strong>de</strong> vista da natureza aquática, da lagôa ser mais<<strong>br</strong> />

produtiva, e voltar a ser o gigantesco viveiro <strong>de</strong> camarões e peixes, ainda necessitaria<<strong>br</strong> />

fazer <strong>com</strong> que as o<strong>br</strong>as <strong>de</strong> engenharia projetadas funcionassem para este fim<<strong>br</strong> />

hidrobiológico: entrar camarões, peixe e plancton.<<strong>br</strong> />

Ha uma regra quasi infalivel em limnologia: — “quando foi que<strong>br</strong>ado um regime<<strong>br</strong> />

hidrobiológico secular, <strong>de</strong> um lago ou lagôa, absolutamente, absolutamente nunca, a<<strong>br</strong> />

massa d’agua voltará a ser o que era anteriormente Ou levará <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> anos<<strong>br</strong> />

refazendo-se, ou para melhor ou para pior, mas nunca totalmente igual ao que foi no<<strong>br</strong> />

ciclo anterior.” Sabemos que as <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s ecológicas, as séras, <strong>com</strong> suas<<strong>br</strong> />

associações, suas zonações, não se formam <strong>de</strong> um dia para o outro. Se a lagôa per<strong>de</strong>r as<<strong>br</strong> />

associações, que ainda tem, dos seus “lixos-<strong>de</strong>-camarão» <strong>com</strong> Potamogenaceas<<strong>br</strong> />

Ulothricaceas algas Enteromorpka que tem no seu emaranhado o conjunto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

copépodos, ostrádodos, anfipodos, insetos, e uma série <strong>de</strong> animaizinhos que o camarão<<strong>br</strong> />

e os peixes <strong>com</strong>iam antigamente, não as formará nunca mais facilmente.<<strong>br</strong> />

No caso presente o regime hidrobiológico totalmente ainda não foi que<strong>br</strong>ado (uma parte<<strong>br</strong> />

do ciclo apenas foi <strong>de</strong>sfeito: a lagôa está em estagnação oligolsalina, <strong>de</strong>verá seguir um<<strong>br</strong> />

rápido <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io <strong>de</strong> <strong>com</strong> centração e <strong>de</strong>pois entrar em estagnação meso ou<<strong>br</strong> />

polihalina, assim <strong>com</strong>o Oliveira <strong>de</strong>screveu em Piratininga e Itaipú) - Estes 3 anos, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

1951 até 1954 ainda não <strong>de</strong>ram para estragar a formação marginal, ainda se mantem as<<strong>br</strong> />

mesmas Ruppia, Citara, Enteromor pita, Myriophy llum, Ulotlrrix que haviam em 1950.<<strong>br</strong> />

Estão elas lá perfeitamente viçosas, o plancton ainda é rico <strong>de</strong> Baciflaria, Navicula,<<strong>br</strong> />

Pleurosigma, Ritopalodia, Anabaena, etc. Se o peixe e o camarão entrar ainda acharão o<<strong>br</strong> />

a mesma biocenose que costumavam achar antes <strong>de</strong> 1951, e o planton que virá do mar<<strong>br</strong> />

enriquecerá a fonte <strong>de</strong> alimentação para os peixes. Não <strong>de</strong>ixemos que se percam por<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pleto estas <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s que ainda po<strong>de</strong>rão dar sustento a duas ou tres milhares <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

toneladas <strong>de</strong> pescado por ano! Aumentemos sempre as fontes produtoras <strong>de</strong> alimentos<<strong>br</strong> />

para um povo sub-nutrido! O nivel máximo da lagôa não vem ter importancia para o<<strong>br</strong> />

presente caso, porque no tempo antigo a lagôa só tinha peixe quando era esvasiada, isto<<strong>br</strong> />

é, estando no mesmo nivel que está hoje, em Dez. 1954, cota 1,5 m. Não houve<<strong>br</strong> />

alteração no balanço calorífico, pois os caracteres <strong>de</strong> lagôa vazia, são os que tem hoje, e<<strong>br</strong> />

são aqueles quando <strong>Maricá</strong> esteve em plena produção.<<strong>br</strong> />

A única coisa que falta hoje é entrar agua do mar, trazendo os camarões, peixes: tainhas,<<strong>br</strong> />

paratis, corvinas, robalos, etc... Quanto ás condições da lagôa elas estão<<strong>br</strong> />

hidrobiologicamente tão perfeitas <strong>com</strong>o eram antes <strong>de</strong> 1951.


Enfim, ha necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />

Aqui mais uma vez o <strong>de</strong>scontrole, a omissão e negligencia <strong>de</strong> sucessivos governos .<<strong>br</strong> />

Foram colocando o sistema lagunar em <strong>com</strong>a induzido a fim <strong>de</strong> provocar a sua<<strong>br</strong> />

extinção Os proprietários <strong>de</strong> terrenos <strong>de</strong> marinha anunciaram que já haviam loteado<<strong>br</strong> />

as restingas e margens <strong>de</strong> lagunas, mesmo <strong>com</strong> o parecer cientifico. O Canal do<<strong>br</strong> />

Cor<strong>de</strong>irinho projetado para ter 80 m <strong>de</strong> largura e 2 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> <strong>com</strong>o está?<<strong>br</strong> />

Como foram dadas as licenças para se proce<strong>de</strong>r a atual situação? Po<strong>de</strong>mos ver o<<strong>br</strong> />

projeto e a orientação para que se a<strong>br</strong>a a barra <strong>de</strong> emergência <strong>com</strong>o os pescadores<<strong>br</strong> />

sempre fizeram. Hoje dizem que isto provocaria enchentes na cida<strong>de</strong>, mas a verda<strong>de</strong> é


que foram <strong>de</strong>scendo as águas e construindo em cima do <strong>com</strong>plexo e não o contrario.<<strong>br</strong> />

Foi falado também que a pesca artesanal era a maior fonte <strong>de</strong> renda do município.<<strong>br</strong> />

Para acabar <strong>com</strong> um sistema lagunar basta septa-lo e foi o que fizeram aqui em<<strong>br</strong> />

<strong>Marica</strong>. No passado o presi<strong>de</strong>nte Hermes da Fonseca mandou fazer investimento na<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong> pesqueira e hoje o país precisa da produção <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> por força <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tratado internacional. Ainda temos tempo!O problema não é localizado em <strong>Marica</strong> /<<strong>br</strong> />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, mas em todo território Nacional pela conduta omissa. Pois não existe<<strong>br</strong> />

mais <strong>com</strong>o acreditar que não seja <strong>de</strong> domínio administrativo tal informação. O<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sconhecimento da lei não implica em impunida<strong>de</strong>, este país tem lei e tem que as<<strong>br</strong> />

aplique. O caso da CNUDM é a gota d``agua, mas temos outros crimes aqui neste<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexo lagunar. MBL<<strong>br</strong> />

Fazemos votos para que esta lagôa entre novamente na sua pujante produtivida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />

assim o sistema “Lagôa <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong>” tenha encantos urbanísticos tantos quantos os tem a<<strong>br</strong> />

Lagôa Rodrigo <strong>de</strong> Freitas, e tambem tenha a volumosa pesca da meta<strong>de</strong> anterior <strong>de</strong>ste<<strong>br</strong> />

século.<<strong>br</strong> />

AGRADECIMENTOS<<strong>br</strong> />

Os autores agra<strong>de</strong>cem a S. Excia. Vice Almirante Antonio Alves Camara, diretôr <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Hidrografia, Oceanografia e Navegação os dados, cartas e plantas referentes á região <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Maricá</strong>, que foram fornecidos á Estação <strong>de</strong> Hidrobiologia, mediante oficio do Diretôr do<<strong>br</strong> />

Instituto Oswaldo Cruz.<<strong>br</strong> />

Os autores agra<strong>de</strong>cem a <strong>de</strong>terminação dos vegetais superiores ao Prof. Dr. J. Geraldo<<strong>br</strong> />

Kuhlmann, diretór do Jardim Botânico do Rio <strong>de</strong> Janeiro (o que tornou possivel a<<strong>br</strong> />

exposição da flora ao redor da lagôa).<<strong>br</strong> />

Ao Engenheiro Dr, Jorge <strong>de</strong> Figueiredo, Diretôr da Divisão <strong>de</strong> Projetos, Ministerio da<<strong>br</strong> />

Viação, as informações <strong>com</strong> referencia ás o<strong>br</strong>as <strong>de</strong> engenharia sanitária.<<strong>br</strong> />

Ao Dr. Domingos Abbes, da Secretaria da Agricultura do Estado do Rio a gentileza <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

colocar a nossa disposição uma sala do Frigorífico <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong>, que nos serviu <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

laboratório, assim <strong>com</strong>o auxilio na guarda e manutenção da lancha <strong>com</strong> a qual<<strong>br</strong> />

trabalhamos, que ficou no cais do Frigorífico.<<strong>br</strong> />

A Dra. Bertha Lutz, do Museu Nacional, agra<strong>de</strong>cemos os Apontamentos <strong>de</strong> Herbário, da<<strong>br</strong> />

Flora Fluminense.<<strong>br</strong> />

Ao Dr. H. Azamor, do Serviço <strong>de</strong> Geografia e Estatística em <strong>Maricá</strong>,<<strong>br</strong> />

e ao vereador Sr. Francisco Sabino Costa dados a respeito do Município e da Pesca do<<strong>br</strong> />

local.<<strong>br</strong> />

OBS: Dono do 1º Oficio e também presi<strong>de</strong>nte da Colônia <strong>de</strong> Pescadores em 1951 e<<strong>br</strong> />

em, 1975 seu filho O<strong>de</strong>nir era o prefeito <strong>de</strong> <strong>Maricá</strong> por ocasião da mortanda<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200<<strong>br</strong> />

toneladas <strong>de</strong> pescado.


Ao Engenheiro Agronomo Dr. Alceo Magnanini informações so<strong>br</strong>e as zonações <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Sernambetiba.<<strong>br</strong> />

Embora fustigados a todo momento pelos escândalos o povo não <strong>de</strong>siste e luta, esta<<strong>br</strong> />

é a inegável verda<strong>de</strong>. Sei que é triste quando a Justiça tarda, mas ela realmente<<strong>br</strong> />

não vai a todos os lugares e nem protege a quem dorme. A sua representação <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

uma moça bonita <strong>de</strong> olhos vendados e <strong>de</strong> pés <strong>de</strong>scalços me leva a esta colocação,<<strong>br</strong> />

mas ela existe e temos jurisprudência e muitos bons juristas. Tudo está claro e já<<strong>br</strong> />

feito por pessoas no passado que se preocuparam <strong>com</strong> o futuro, mas a nós é o<<strong>br</strong> />

presente que está ameaçado. O tempo urge e re<strong>com</strong>endo mais uma vez <strong>de</strong>ixemos a<<strong>br</strong> />

vaida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lado e unidos <strong>com</strong>o foram os que iniciaram esta reivindicação e<<strong>br</strong> />

lograram êxito <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong>vemos seguir a lição que a Dra. May Terrell<<strong>br</strong> />

Eirin e seus <strong>com</strong>panheiros nos <strong>de</strong>ixaram. MBL

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