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Relação entre Gastos Públicos e Crescimento Econômico ... - Sei

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ARTIGOS<br />

consumo nem o investimento, porque não modifica a<br />

riqueza dos consumidores. Então, o crescimento da dívida<br />

pública pode gerar um efeito negativo sobre o investimento<br />

(eviction effect), ao elevar o juro real, pois a demanda<br />

por empréstimos aumenta sem que haja incremento na<br />

poupança. Uma redução permanente do imposto pode,<br />

ao contrário, ter efeito favorável via incremento do consumo.<br />

Para Barro (1990), não há eviction effect, porque as<br />

variações transitórias no imposto são correspondidas por<br />

variações equivalentes na poupança. E não pode haver<br />

variações permanentes dos impostos.<br />

Na prática, o teorema da equivalência ricardiana é falho,<br />

pois os indivíduos não possuem perfeita informação no<br />

mercado, e nem tampouco interpretam a realidade com<br />

base em modelos teóricos. Ademais, não existe equivalência<br />

ricardiana por vários outros motivos:<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

54<br />

acorda muita racionalidade aos consumidores;<br />

a redução dos impostos pode estimular os indivíduos<br />

a trabalharem mais e aumentarem a renda,<br />

modificando a trajetória do consumo;<br />

a taxa de imposto não é igual para todos (os indivíduos<br />

apresentam diferentes propensões a consumir);<br />

baseia-se na hipótese de perfeições do mercado.<br />

Quando existe restrição de liquidez, os agentes não<br />

podem emprestar o tanto que desejam; quando o<br />

imposto aumenta, eles veem-se obrigados a reduzir<br />

seu consumo;<br />

o governo, ao reduzir o imposto hoje, produz uma<br />

renda certa aos consumidores, enquanto diminui<br />

“Uma redução permanente do<br />

imposto pode, ao contrário, ter<br />

efeito favorável via incremento<br />

do consumo”<br />

<strong>Relação</strong> Entre <strong>Gastos</strong> <strong>Públicos</strong> e <strong>Crescimento</strong> <strong>Econômico</strong>: uma análise com dados em<br />

painel para o Nordeste<br />

Conj. & Planej., Salvador, n.162, p.50-57, jan./mar. 2009<br />

a renda incerta ao aumentar o imposto amanhã. O<br />

efeito total será, portanto, elevação de “equivalente<br />

certo” da riqueza. No total, embora os consumidores<br />

possam ser ricardianos (levando em conta as taxas<br />

tributárias futuras), suas propensões a consumir<br />

são keynesianas.<br />

RELAÇÃO ENTRE DÉFICIT PÚBLICO<br />

E CRESCIMENTO ECONÔMICO<br />

Nesta seção demonstra-se a existência de relação direta<br />

<strong>entre</strong> o déficit público e o crescimento econômico. Para<br />

tanto, recorre-se a uma breve análise da experiência<br />

brasileira e de algumas economias no mundo.<br />

Redução do déficit orçamentário é recessiva?<br />

A partir do início da década de 1980, a maioria das economias<br />

experimentou um inchaço nas dívidas públicas.<br />

Isso se deveu à forte redução da inflação, a qual diminuiu<br />

o financiamento monetário dos déficits e aumentou as<br />

taxas de juro real. Para sair dessa engrenagem – déficit<br />

elevado, taxa de juro alta –, a queda da dívida se apresentou<br />

como necessária. Mesmo nos países desenvolvidos,<br />

que são solváveis nos mercados financeiros, os<br />

encargos da dívida representam uma porção importante<br />

em seus orçamentos.<br />

Duas teorias se opõem acerca do efeito do ajuste fiscal.<br />

Na teoria keynesiana, uma redução nas despesas públicas<br />

provoca uma queda ampliada da atividade econômica,<br />

pelo efeito multiplicador, em razão da queda associada no<br />

consumo. Num mundo ricardiano, em oposição, a redução<br />

das despesas públicas é exatamente compensada por um<br />

acréscimo proporcional do consumo, porque o valor atualizado<br />

da tributação antecipada diminui. O efeito é, portanto,<br />

teoricamente nulo sobre o grau de atividade, mas pode se<br />

tornar favorável se o ajustamento orçamentário for suficientemente<br />

forte e duradouro para reduzir as taxas de juros e<br />

provocar uma elevação do investimento. Em consequência,<br />

é necessário reduzir os déficits na situação de excesso de<br />

demanda (conjuntura clássica), e deixá-los aumentar, no<br />

caso de excesso de oferta (conjuntura keynesiana).

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