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Origens da Familia Cadaval no Brasil

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ORIGENS DA FAMÍLIA CADAVAL NO BRASIL<br />

Não é de hoje que circula entre alguns parentes a versão de que o <strong>no</strong>sso<br />

sobre<strong>no</strong>me Ca<strong>da</strong>val estaria ligado à linhagem dos Duques de Ca<strong>da</strong>val, de<br />

Portugal. Eu mesmo já pensei assim na época em que meu pai recebeu a carta<br />

de um desses <strong>no</strong>bres portugueses pedindo informações sobre <strong>no</strong>ssas origens. A<br />

ver<strong>da</strong>de é que ninguém sabia a respeito delas e continuamos sem direito a um<br />

título <strong>no</strong>biliárquico e a uma quinta <strong>no</strong> interior de Portugal.<br />

Mitos como esse surgem quando a <strong>no</strong>ssa curiosi<strong>da</strong>de natural em relação às<br />

origens não encontra resposta <strong>no</strong> conhecimento objetivo dos fatos. O mito, mais<br />

do que uma mentira coletiva, é um esforço para entender o passado, incitando as<br />

pessoas a ultrapassar seus próprios limites e elevar-se para os modelos sociais,<br />

religiosos etc. O que eu me pergunto sempre é porque alguns parentes elegeram<br />

como “modelo” essa estrutura arcaica <strong>da</strong> <strong>no</strong>breza...<br />

Para ser sincero, eu sempre duvidei dessa origem <strong>no</strong>bre. Ca<strong>da</strong>val, em Portugal, é<br />

a designação de um título <strong>no</strong>biliárquico antigo (como temos, por exemplo, <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong>, o Duque de Caxias) e não um sobre<strong>no</strong>me de família. O <strong>no</strong>me do primeiro<br />

Duque de Ca<strong>da</strong>val, que viveu <strong>no</strong> século XVII, era D. Nu<strong>no</strong> Caeta<strong>no</strong> Alvarez<br />

Pereira de Melo. Atualmente, quem tem o título é uma mulher, a 11 a . Duquesa de<br />

Ca<strong>da</strong>val, que tem cerca de 30 a<strong>no</strong>s e se chama Diana Mariana Vitória Álvares<br />

Pereira de Melo.<br />

Em 2007, incomo<strong>da</strong>do com a ig<strong>no</strong>rância sobre o passado de <strong>no</strong>ssa família, mas<br />

sabendo que o meu avô nasceu na ci<strong>da</strong>de do Rio Grande, contratei um<br />

especialista de Porto Alegre 1 para fazer uma pesquisa <strong>no</strong>s inventários <strong>da</strong> Família<br />

Ca<strong>da</strong>val existentes <strong>no</strong> Rio Grande do Sul. O que vem a seguir é, em grande<br />

parte, o resultado desses levantamentos.<br />

o0o<br />

Anastácio Francisco<br />

desembarcou <strong>no</strong> Porto de<br />

Recife, <strong>no</strong> final do século<br />

XVIII, com a intenção de<br />

começar vi<strong>da</strong> <strong>no</strong>va na<br />

colônia. Vinha <strong>da</strong> Vila de<br />

Ca<strong>da</strong>val, em Portugal e, ao<br />

que parece, deixou lá os<br />

seus filhos do primeiro<br />

casamento (Antônio José<br />

<strong>da</strong>s Mercês, Gertrude<br />

Maria, Bernardina Maria <strong>da</strong>s<br />

Mercês e Lourenço<br />

Francisco). O sobre<strong>no</strong>me Ca<strong>da</strong>val veio, provavelmente, <strong>da</strong> vila onde nasceu e, de<br />

inicio, devia ser chamado de Anastácio Francisco de (ou seja, proveniente de)<br />

1 Renato Franzen, do Instituto Genealógico do Rio Grande do Sul.<br />

1


Ca<strong>da</strong>val. Na<strong>da</strong> se sabe sobre sua profissão e condição social, mas na época<br />

eram quase sempre as pessoas pobres que emigravam, à procura de melhores<br />

condições de vi<strong>da</strong> <strong>no</strong> Novo Mundo.<br />

Em Pernambuco conheceu Anna Joaquina dos Anjos, com quem se casou pela<br />

segun<strong>da</strong> vez. Com ela teve quatro filhos: João Anastácio Ca<strong>da</strong>val, José Anastácio<br />

Ca<strong>da</strong>val, Senhorinha Joaquina e Caetana Maria de São José. Por algum motivo,<br />

a família mudou-se para a Ci<strong>da</strong>de de Rio Grande, na então Província do Rio<br />

Grande do Sul. Foi ai que morreram Anastácio Francisco, em 1823, e Anna<br />

Joaquina dos Anjos, seis a<strong>no</strong>s mais tarde.<br />

A linha de descendência que veio <strong>da</strong>r <strong>no</strong> meu pai (Luiz Palha<strong>no</strong> Ca<strong>da</strong>val) partiu<br />

de Caetana Maria de São José. Não se sabe se em Pernambuco ou já <strong>no</strong> Rio<br />

Grande, ela casou-se com Ma<strong>no</strong>el Antônio de Carvalho. É certo que teve um filho,<br />

chamado Luiz Anastácio Ca<strong>da</strong>val. O curioso é que, <strong>no</strong>s inventários, Luiz<br />

Anastácio Ca<strong>da</strong>val aparece como filho natural de Caetana e pai incógnito. Ai vale<br />

qualquer especulação.<br />

Foi na Ci<strong>da</strong>de do Rio Grande<br />

que Luiz Anastácio cresceu,<br />

prosperou e constituiu a sua<br />

extensa família. Em meados do<br />

século XIX, Rio Grande era uma<br />

importante ci<strong>da</strong>de portuária, por<br />

onde passava grande parte do<br />

movimento comercial com as<br />

outras províncias do <strong>Brasil</strong>. O<br />

comércio era principalmente de<br />

charque, o principal produto <strong>da</strong><br />

região, essencial na alimentação dos escravos em todo o <strong>Brasil</strong>. Meu bisavô viveu<br />

em Rio Grande na época <strong>da</strong> Revolução Farroupilha e é provável que, como a<br />

maioria dos comerciantes locais, fosse partidário dos monarquistas (legalistas) e<br />

contra a emancipação política <strong>da</strong> província. Aliás, os habitantes de Rio Grande,<br />

assim como os de Porto Alegre e Pelotas, na época as principais ci<strong>da</strong>des do Rio<br />

Grande do Sul, nunca aderiram, em sua totali<strong>da</strong>de, ao movimento republica<strong>no</strong>.<br />

Luiz Anastácio era um homem abastado, considerando a época e o lugar onde<br />

morava. Quando morreu, em 1888, era proprietário de cerca de 30 casas e credor<br />

de inúmeras pessoas. Naquela época, não havia um sistema bancário<br />

desenvolvido e os empréstimos eram feitos pelas pessoas de maiores posses,<br />

sobretudo os comerciantes. Seu inventário, em 1889, registrou um saldo<br />

acumulado de quase Rs100:000$000 (cem contos de reis), dos quais<br />

Rs64:585$000 eram as então chama<strong>da</strong>s dívi<strong>da</strong>s ativas, ou sejam valores que lhe<br />

eram devidos por várias pessoas.<br />

Ele se casou duas vezes: a primeira com Maria Silvana Ca<strong>da</strong>val, em 1841, e a<br />

segun<strong>da</strong> com Josefa Rodrigues, em 1847, natural de Pelotas. Teve 10 filhos:<br />

Arthur Luiz, José Ribas, João Bento, Luiz, Regina, Urba<strong>no</strong>, Alípio, Pedro, Enéas<br />

Gustavo e Octavio <strong>Brasil</strong>eiro.<br />

2


Luiz, cujo <strong>no</strong>me completo era Luiz de Azevedo Ca<strong>da</strong>val (não se sabe de onde<br />

veio o Azevedo, se é que era sobre<strong>no</strong>me), meu avô, juntamente com José Ribas<br />

e Enéas Gustavo eram oficiais <strong>da</strong> Marinha e moravam <strong>no</strong> Rio de Janeiro. É<br />

provável que, por influência deles, to<strong>da</strong> a família tenha se mu<strong>da</strong>do de Rio Grande<br />

para a Capital do País, onde Luiz Anastácio e Josefa faleceram <strong>no</strong> final do século<br />

XIX.<br />

Em Porto Alegre permaneceu apenas Arthur Luiz, o filho mais velho, nascido em<br />

1852, que se formou em Direito, foi Promotor Público e Deputado na Província do<br />

Rio Grande do Sul entre 1883 e 1886.<br />

A história do meu avô, Luiz de Azevedo Ca<strong>da</strong>val, é longa e merece um capítulo à<br />

parte.<br />

Como se vê, a origem <strong>da</strong> Família Ca<strong>da</strong>val é muito semelhante à de outras<br />

famílias brasileiras, lançando suas raízes em gente humilde de uma pequena vila<br />

de Portugal. Nenhum sinal de <strong>no</strong>breza. Aliás, a residência principal dos duques de<br />

Ca<strong>da</strong>val não está na Vila que deu <strong>no</strong>me à linhagem, mas num castelo em Évora,<br />

que vale a pena ser visitado (ver foto abaixo).<br />

É interessante ver fotos <strong>da</strong> Vila de Ca<strong>da</strong>val e suas imediações, em Portugal. Para<br />

isso basta acessar http://www.flickr.com/photos/vitor107/sets/1608934/. Quem<br />

quiser informações sobre Rio Grande, o outro berço <strong>da</strong> família, pode ir ao site<br />

http://www.riograndevirtual.com.br. A internet fornece também boas informações<br />

sobre os duques de Ca<strong>da</strong>val: http://casaca<strong>da</strong>val.com.<br />

Mauricio Ca<strong>da</strong>val<br />

Março de 2008.<br />

3

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