Um Dia Difícil

Um Dia Difícil
próximo, cabras e vacas atropelavam-se, assustadas com o
barulho do helicóptero.
Atento ao chão, vi que ainda estávamos sobre a casa de
hóspedes. Como o helicóptero trepidava muito, achei que o
piloto estava com dificuldades para manter a posição. Desviámo-nos
para passar entre o telhado da casa de hóspedes
e o núcleo do complexo. Ao olhar de relance para o chefe da
tripulação, vi que ele tinha o microfone do rádio encostado
à boca, dando instruções ao piloto.
O helicóptero resistia na tentativa de encontrar ar suficiente
para pairar com estabilidade e manter a posição. A oscilação
não era violenta, mas consegui perceber que não estava
prevista. O piloto lutava com os comandos na tentativa de
corrigir a situação. Alguma coisa estava errada. Os pilotos
tinham participado em missões como aquela tantas vezes,
que, para eles, posicionar um helicóptero sobre um alvo era
como estacionar um carro.
Ao fitar o complexo, pensei em atirar a corda para escapar
daquele pássaro instável. Sabia dos riscos, mas era imperativo
alcançar o chão. Eu não podia fazer nada preso à porta do
helicóptero. Só precisava de uma aberta para largar a corda.
Mas a aberta nunca se proporcionou.
«Vamos dar a volta. Vamos dar a volta», ouvi pelo rádio.
Isso significava que o plano original de alcançar o complexo
descendo pelas cordas tinha sido abortado. Íamos dar a
volta pelo sul, pousar e proceder ao assalto pelo lado de fora
dos muros. Com isto perderíamos um tempo precioso e permitiríamos
que os ocupantes do complexo se armassem.
Senti um aperto no coração.
Até à ordem de dar a volta, tudo corria conforme o plano.
Tínhamos conseguido evitar os radares e os mísseis do
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