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o discurso oral na poesia de manuel bandeira - CiFEFiL

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Círculo Fluminense <strong>de</strong> Estudos Filológicos e Lingüísticos<br />

FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA NA LÍNGUA FALADA<br />

Os estudos lingüísticos atuais, quando tratam das relações entre<br />

língua falada e língua escrita, postulam que essas duas modalida<strong>de</strong>s<br />

não <strong>de</strong>vem ser observadas por meio <strong>de</strong> uma visão dicotômica. De<br />

uma forma geral, percebe-se, hoje, um interesse crescente por análises<br />

que permitam observar a escrita e a fala mais em suas relações <strong>de</strong><br />

semelhança do que <strong>de</strong> diferença, em uma amálgama <strong>de</strong> gêneros e estilos,<br />

evitando as dicotomias estritamente <strong>de</strong>limitadas. (Cf. Marcuschi,<br />

2001, p. 28)<br />

A visão dicotômica, baseada no mo<strong>de</strong>lo teórico da “autonomia<br />

da escrita”, caracterizava negativamente o texto falado a partir<br />

dos pressupostos teóricos da escrita:<br />

Assim, noções como ruptura, <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>saceleração, interrupção,<br />

com seus traços semânticos <strong>de</strong> negativida<strong>de</strong>, têm sido relacio<strong>na</strong>das,<br />

<strong>de</strong> forma genérica, direta ou indiretamente, à disfluência do<br />

texto falado, sem que esta já tenha sido <strong>de</strong>finida <strong>de</strong> forma precisa. Muitas<br />

vezes, ela é, ainda, consi<strong>de</strong>rada a partir do parâmetro da língua escrita<br />

que, como sabemos, se organiza <strong>de</strong> forma diferente, tendo em vista que<br />

ape<strong>na</strong>s o seu produto fi<strong>na</strong>l é apresentado ao leitor, diversamente do que<br />

ocorre com a língua falada, em que o processamento e a produção coocorrem.<br />

(Crescitelli, 1997, p. 28).<br />

Dentro da visão sociointeracionista da não-dicotomia, Crescitelli,<br />

ao contrário da posição anteriormente exposta, apresenta-nos<br />

sua hipótese geral, segundo a qual as disfluências, consi<strong>de</strong>radas a<br />

partir da análise da linguagem em uso e sob o enfoque da abordagem<br />

pragmática, são “aspectos normais, sistemáticos e até úteis do <strong>discurso</strong>,<br />

em certas circunstâncias”. (Cf. Ibi<strong>de</strong>m)<br />

Assim, a disfluência tor<strong>na</strong>-se essencial, em muitos casos, <strong>na</strong><br />

constituição da formulação do texto falado espontâneo, haja vista os<br />

inúmeros propósitos da interação e as ativida<strong>de</strong>s envolvidas <strong>na</strong> construção<br />

textual.<br />

Butler-Wall, por seu turno, em pesquisa sobre a freqüência<br />

das disfluências no <strong>discurso</strong> conversacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> falantes <strong>na</strong>tivos e<br />

não-<strong>na</strong>tivos, oferece-nos importantes constatações a respeito do tema<br />

da fluência <strong>oral</strong>. Segundo a pesquisadora, po<strong>de</strong>-se dividir o tema por<br />

dois lados: um em nível do enunciado e outro em nível do <strong>discurso</strong>.<br />

A autora sugere, assim, a existência <strong>de</strong> uma relação entre sua proposta<br />

e a distinção entre tópico sentencial e tópico discursivo:<br />

Revista Philologus, Ano 14, N° 41. Rio <strong>de</strong> Janeiro: <strong>CiFEFiL</strong>, maio/ago.2008 63

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