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A pré-escola na visão de crianças de 1ª série Regina Mary César Reis

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das <strong>crianças</strong>; 15% <strong>de</strong>las revelaram gostar mais <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> matemática,<br />

como a escrita <strong>de</strong> numerais e as operações (continhas); 10% disseram gostar <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senhar; e as <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>ram respostas variadas, como recortar, fazer o <strong>de</strong>ver,<br />

estudar, contor<strong>na</strong>r e comer.<br />

Esses dados permitem uma reflexão sobre o fato <strong>de</strong> que a criança parece<br />

apren<strong>de</strong>r a gostar daquilo que ela realiza com mais freqüência e que, provavelmente,<br />

lhe traz maior satisfação em termos <strong>de</strong> ser bem-sucedida. As propostas<br />

pedagógicas das <strong>pré</strong>-<strong>escola</strong>s que essas <strong>crianças</strong> freqüentaram revelam uma<br />

formalização excessiva em termos do ensino da língua escrita, em <strong>de</strong>trimento<br />

<strong>de</strong> um processo educativo que privilegie o direito da criança a um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

integrado em todas as suas dimensões.<br />

O ensino <strong>pré</strong>-<strong>escola</strong>r freqüentado pelas <strong>crianças</strong> <strong>de</strong> nosso estudo parece<br />

visar o cumprimento do objetivo <strong>de</strong> preparar para o ensino fundamental, e o<br />

processo pedagógico revela-se centrado mais no conteúdo do que no aluno. As<br />

ativida<strong>de</strong>s lúdicas, a exploração e a construção não aparecem <strong>na</strong>s falas das <strong>crianças</strong><br />

quando se referem à escrita, cujo conhecimento parece ser concebido como<br />

reprodução. Mesmo vivenciando uma situação <strong>de</strong> aprendizado da língua que<br />

parece <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a função social da escrita, a criança provavelmente enten<strong>de</strong><br />

a sua importância, relacio<strong>na</strong>ndo-a à valorização da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrita pela<br />

<strong>escola</strong>, pela professora e por sua própria família. A fala da criança revela que ela<br />

possui uma certa clareza em relação ao que <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r <strong>na</strong> <strong>escola</strong>. Como as<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escrita são mais valorizadas pela professora, a criança parece percebêlas<br />

como sendo o objetivo da <strong>pré</strong>-<strong>escola</strong>, passando também a valorizar esse<br />

conhecimento.<br />

Ao serem interrogadas sobre o que apren<strong>de</strong>ram a fazer no <strong>pré</strong>, as <strong>crianças</strong><br />

<strong>de</strong>ram respostas bem diversas, como as que se seguem:<br />

Aprendi a <strong>de</strong>senhar, pintar e... números. (W.)<br />

Primeiro eu aprendi o a, e, i, o, u e <strong>de</strong>pois aprendi o da, o ca, o <strong>na</strong> e o ma. (P.)<br />

Aprendi um monte <strong>de</strong> coisas, fazer letras, palavras, números... (F.)<br />

Eu aprendi a escrever tudo o que a tia punha <strong>na</strong> lousa. (C.)<br />

Aprendi no <strong>pré</strong> a fazer letrinhas e número até 9. (A.)<br />

A fazer um monte <strong>de</strong> folhas da apostila. Letras e palavras. (D.)<br />

Ler e escrever, eu aprendi no <strong>pré</strong>. (R.)<br />

64 Psic. da Ed., São Paulo, 20, 1º sem. <strong>de</strong> 2005, pp. 55-76

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