Documentação - Minha Terra
Documentação - Minha Terra
Documentação - Minha Terra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
em Destaque<br />
entrevista a edmundo martinho<br />
“Temos a obrigação de acautelar a<br />
qualidade nos serviços prestados”<br />
Edmundo Martinho é presidente do Instituto da Segurança Social (ISS) desde Maio de<br />
2005. O maior organismo da Administração Pública, criado em 2001, que desenvolve<br />
a sua actividade em todo o território nacional através dos 18 Centros Distritais, Centro<br />
Nacional de Pensões e Centro de Protecção Contra os Riscos Profissionais. Licenciado em<br />
Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, Edmundo Martinho é<br />
também presidente do Conselho Nacional de Segurança Social e da Comissão Nacional do<br />
Rendimento Social de Inserção. Em entrevista ao “Pessoas e Lugares” Edmundo Martinho<br />
sublinha os resultados já alcançados no âmbito do programa PARES e defende que, em<br />
termos de respostas sociais, os grandes centros urbanos estão hoje mais desprotegidos do<br />
que as zonas rurais, onde os mecanismos de solidariedade estão mais presentes.<br />
Em Portugal, o Estado nunca se assumiu como o<br />
prestador directo de cuidados na área social. Porquê?<br />
Porque sempre se entendeu, e bem, do meu ponto de vista, que a prestação<br />
de cuidados aos cidadãos e às famílias ganha se for exercida num<br />
ambiente de grande proximidade com os territórios. E, obviamente,<br />
essa proximidade consegue-se mais por via das entidades locais do que<br />
propriamente por serviços públicos. Tem havido aqui uma responsabilidade<br />
conjugada, entre o Estado, que não paga a totalidade dos custos<br />
destas instituições, as comunidades e as próprias populações. E é esta<br />
responsabilidade conjugada que permite dizer que a solução mais adequada<br />
a este tipo de respostas em termos globais seja assegurada por<br />
instituições sem fins lucrativos que nascem, vivem e desenvolvem com<br />
esse objectivo.<br />
Instituições que o Estado apoia na prossecução dos<br />
objectivos da Segurança Social?<br />
Exactamente. O nosso principal papel é apoiar as instituições que têm<br />
respostas sociais através de acordos de cooperação que permitem<br />
financiar o seu funcionamento. Cabe às instituições a gestão dos equi-<br />
Paula Matos dos Santos<br />
pamentos sociais e assegurar o acesso das pessoas aos mesmos. Há uma<br />
relação permanente entre a Segurança Social e as instituições no sentido<br />
de dizer quais são as frequências reais, se são ou não inferiores àquelas<br />
que estão acordadas, e os pagamentos são feitos em função dessas frequências.<br />
Entende-se que a Segurança Social deve ser o suporte destas<br />
instituições, não apenas do ponto de vista legal e normativo mas também<br />
de funcionamento. Lateralmente, temos vindo também ao longo dos<br />
anos a apoiar a construção de novos equipamentos sociais. Aliás, está<br />
em curso um programa chamado PARES [Programa de Alargamento da<br />
Rede de Equipamentos Sociais] destinado a estas instituições e que visa<br />
financiar a construção de novas respostas sociais. A partir do momento<br />
em que esses novos equipamentos estejam prontos, nós asseguramos<br />
o financiamento do funcionamento.<br />
A tendência é para que se mantenha este modelo ou<br />
poderá ser alterado?<br />
Tem de ser alterado. Aliás, já está no programa do Governo a alteração<br />
a este modelo que está em vigor. O que estamos a pensar fazer é alterar<br />
o modo como o Estado se relaciona com as instituições sem pôr<br />
em causa este princípio que há aqui de responsabilidade financiadora<br />
deste tipo de resposta, valorizando os aspectos que permitam que não<br />
haja dificuldades no acesso aos equipamentos pelas famílias por razões<br />
de natureza financeira. Isso é que é preciso valorizar. E isso valoriza-se<br />
mais, do nosso ponto de vista, com um modelo que parta das condições<br />
concretas daquela pessoa ou família. Nós hoje contratualizamos vagas<br />
nos equipamentos e o que queremos passar a fazer é contratualizar a<br />
prestação do serviço em função da condição concreta do beneficiário<br />
ou da família. Ou seja, em termos práticos, em vez de pagar o mesmo<br />
por todas as vagas que tenho contratualizadas pagaremos conforme<br />
os rendimentos da pessoa ou família. Este é o caminho a seguir para<br />
evitar aquilo que se chama de selecção negativa ou selecção adversa da<br />
utilização deste tipo equipamento.<br />
A prestação de cuidados aos cidadãos<br />
ganha se for exercida num ambiente de<br />
grande proximidade com os territórios.<br />
4 pessoas e lugares | Nº 48 - 008