Rodovia Luigi Cantone (03 de

mesmo de próprio punho, na presença do indígena Ataíde Francisco,
Xehitâ-ha Ofaié, garantindo a permanência dos indígenas no local até o
alagamento daquela região pelas águas da Hidrelétrica Engenheiro Sérgio
Motta (ex-Porto Primavera) que viria inundar toda aquela região dez anos
depois.
Ao destinar inúmeras frações de terra da Fazenda Olympia também
à diversos agricultores que o procuravam para praticar o plantio de roças
de subsistências ou para criação de pequenas quantias de gado, e ainda
pelo fato de tolerar o convívio com dezenas de posseiros que se instalaram
ao longo do tempo dentro de sua propriedade, fizeram desse homem um
cidadão pouco compreendido pela comunidade onde vivia. Desiludido
dos negócios e doente retornou para o lado da esposa Anna Maria
Malinverni e a filha Cecília, na Itália, aonde no dia 6 de novembro de 1997
veio a falecer na cidade de Novara.
Homenageado em 2003, pela organização não-governamental
Instituto Cisalpina de Pesquisa e Educação Sócio Ambiental, como patrono
da entidade, seu nome agora é indicado para integrar-se definitivamente
à denominação dessa importante rodovia de acesso ao Estado, onde um
trecho dela ainda se encontra sem pavimentação-, concretizando a justa
homenagem que o Estado de Mato Grosso do Sul presta a esse pioneiro
empresário do município de Brasilândia e precursor do ambientalismo
responsável na região do Bolsão sul-mato-grossense.
Uma vez apresentado, aprovado e sancionada a Lei cujo Projeto
ora é proposto, em nada impedirá da União de, ao elevar o curso da
rodovia, hoje MS-040, para jurisdição federal, conservar e preservar a
denominação RODOVIA LUIGI CANTONE designada pela ilustre
Assembléia Legislativa do Estão de Mato Grosso do Sul. Contando com a
aprovação dos nobres pares, a atenção especial ao Chefe do Executivo
Municipal, e empenho dos ínclitos legisladores estaduais, desde já
agradeço.
Plenário Raimundo Assis de Alencar , Brasilândia-MS, aos 3 (três)
dias do mês de Agosto de 2007. Atenciosamente. Dr. Carlos Alberto dos
Santos Dutra. Vereador Carlito.
Copyright @ Caderno de Educação Popular nº 133 , Vereador Carlito, Brasilândia-MS, 13 de Agosto de 2007.
Rodovia Luigi Cantone
Indicação nº 017/07
Autor: Vereador Carlos Alberto dos Santos Dutra
O Vereador Carlos Alberto dos Santos Dutra, no uso de suas
atribuições legais, INDICA à Mesa Diretora dessa Casa de Leis, depois
de ouvido o Colendo Plenário de Deliberações, para que seja
encaminhado expediente ao Exmº Sr. Deputado Estadual Akira Otsubo
(PMDB), com cópia ao Deputado Federal Vander Luis dos Santos Lubet
(PT), no sentido de: Que seja apresentado PROJETO DE LEI pela
Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul,denominando
de RODOVIA LUIGI CANTONE, o trecho da rodovia MS-040 que tem
início na cabeceira da ponte, ora em construção, sobre o rio Paraná,
até o início do perímetro urbano do município de Brasilândia, onde essa
rodovia se encontra com a Avenida José Estevão da Silva Filho (antiga
Av. Panorama).
JUSTIFICATIVA:
A presente Indicação se justifica, inicialmente, em razão da
Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul, ser o foro
competente para legislar e apreciar matéria que tem por objeto o
patrimônio do Estado (Art. 62 da Constituição do Estado de Mato Grosso
do Sul), como é o caso da Rodovia MS-040 que liga o município de
Brasilândia até Campo Grande, tendo no seu curso os municípios de
Santa Rita do Pardo e Ribas do Rio Pardo, nesse Estado. Em que pese
essa Rodovia encontrar-se em processo adiantado de federalização,
em razão do Projeto de Lei 6.099, de 20 de outubro de 2005,
apresentado pelo ínclito Deputado Federal Vander Loubet, e que já
obteve parecer favorável da Comissão de Viação e Transportes da
Câmara dos Deputados (Cf. Diário da Câmara dos Deputados de 19
de maio de 2006), a presente indicação, cumpre consignar, tem
indiscutível mérito.

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Isto porque a norma, uma vez aprovada, irá preencher uma
lacuna em relação a denominação desse trecho que representa um
espaço, de cerca de 18 km que separam a margem direita do rio Paraná
até o perímetro urbano da cidade, dotado de singular paisagem e apelo
cênico que transpassa o interior de uma importante Unidade de
Conservação da região e que merece uma denominação própria.
O nome proposto é uma homenagem póstuma que o
município de Brasilândia presta ao proprietário da antiga fazenda
Olympia, que hoje integra a Reserva Particular de Proteção Natural-
RPPN, em fase de licenciamento junto ao IBAMA, de propriedade da
Companhia Energética de São Paulo-CESP, e que foi adquirida, ainda
na década de 1950, pelo Grupo Cisalpina Agrícola S/A, cujo diretor e
proprietário era um italiano naturalizado brasileiro chamado Luigi
Cantone, ora homenageado.
BIOGRAFIA DE LUIGI CANTONE:
Consta que Luigi Cantone, logo que chegou ao Brasil, em uma
de suas propriedades denominada Fazenda Morro Vermelho e Pântano,
no município de Selvíria-MS, dedicou-se inicialmente à criação de bicho
da seda (Bombyx mori), depois à plantação de hortelã (Mentha viridis),
não obtendo êxito econômico nessas
atividades. Foi, entretanto, na Fazenda Olympia, em Brasilândia, que
ele obteve seu maior êxito e notoriedade com a prática da orizicultura.
Nascido em Robbio, província de Pávia, na Itália, em 21 de julho
de 1917, no período compreendido entre as duas grandes Guerras,
quando jovem, tornou-se conhecido internacionalmente no mundo dos
esportes ao ganhar diversos prêmios, entre eles, a medalha de ouro na
modalidade de espada individual nas Olimpíadas de 1948, realizada
em Londres, na Inglaterra.
Além da esgrima, orgulhava-se em pertencer ao partido da Social
Democracia no país de origem e de ser amigo pessoal de Giovanni
Battista Montini, à época, Papa Paulo VI. De família abastada, estudioso
e com formação em ciências agronômicas e humanidades, tinha por
sonho residir no Brasil e promover as riquezas naturais deste país. O
que de fato aconteceu, indo mais longe, naturalizando-se brasileiro na
década de 1980.
Dada a influência de amigos na Itália, em sua ousadia e na
busca de novidades, implantou tecnologias e projetou a economia da
região importando para o Brasil e instalando em sua propriedade na
Fazenda Olympia, em Brasilândia, maquinários de última geração,
únicos no país, destinado a colheita e armazenamento do arroz, tendo
construído um verdadeiro santuário arquitetônico, com galpões de porte
admirável em estatura, a considerar a época e o diminuto lugar onde
se encontrava o empreendimento.
Homem culto e idealista, entretanto, não teve sorte nos seus
negócios. Para combater as famosas enchentes do rio Paraná, comentase
que mandou construir mais de 30 km de canais pluviais e de irrigação
dentro da Fazenda Olympia para conter as águas, que a cada ano
arrasavam suas plantações.
Uma célebre cheia ocorrida na década de 1980, contam os
mais antigos, acabou por destruir completamente suas plantações
fazendo-o descorçoar de vez, tamanho foram os prejuízos, tendo de
abandonar a idéia de tornar aquela área produtiva para o cultivo do
cereal.
Homem preocupado com a ecologia, em 1980 recebeu do
antigo órgão do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal- IBDF,
o resultado de uma solicitação sugerida por seu administrador, Sr.
Raimundo Gomes da Silva, que concretizou um de seus sonhos. Já
que a área não havia lhe garantido transformá-la em propriedade
produtiva na acepção capitalista do termo, preferiu ve-la transformada
numa reserva ambiental. Através da Portaria nº 068/80-P, de 28 de
janeiro daquele ano, o presidente do órgão, Carlos Neves Galluf,
declarava a área da Fazenda Olympia, e seus 10.631 hectares, como
Refúgio Particular de Animais Nativos. Homem persistente e à frente do
seu tempo, até os últimos dias de sua vida, mostrou-se sensível às
causas sociais.
Em 1987 autorizou que os indígenas Ofaié pudessem ocupar
uma área de mata dentro da Fazenda Olympia, nas margens do rio
Verde, no município de Brasilândia-MS, tendo feito questão, na ocasião,
de deixar consignado no contrato de comodato gratuito, lavrado por ele