Produção de Bio-óleo, Biochar e Gás de Síntese a partir de Biomassa
Produção de Bio-óleo, Biochar e Gás de Síntese a partir de Biomassa
Produção de Bio-óleo, Biochar e Gás de Síntese a partir de Biomassa
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Produção</strong> <strong>de</strong> <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong>, <strong>Bio</strong>char e <strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Síntese</strong> a<br />
<strong>partir</strong> <strong>de</strong> <strong>Bio</strong>massa<br />
Emerson L. Schultz<br />
Embrapa Agroenergia
Ca<strong>de</strong>ia da <strong>Bio</strong>energia / <strong>Bio</strong>combustíveis
Processos Termoquímicos aplicados em <strong>Bio</strong>massa<br />
Fonte: adaptado <strong>de</strong> Bridgwater (2003).
Pirólise<br />
• Decomposição térmica <strong>de</strong> material orgânico na ausência <strong>de</strong> oxigênio.<br />
• Primeira etapa nos processos <strong>de</strong> gaseificação e combustão, on<strong>de</strong> é seguida<br />
pela combustão parcial ou total dos produtos primários.<br />
• Produtos obtidos:<br />
• Carvão vegetal (biochar)<br />
• Líquidos pirolenhosos (bio-<strong>óleo</strong>)<br />
• Gases não-con<strong>de</strong>nsáveis
Diferentes modos <strong>de</strong> pirólise<br />
• Condições operacionais e rendimento dos produtos obtidos (Bridgwater,<br />
2010).<br />
Modo Condições Líquido<br />
(%)<br />
Rápida ~500°C; TR do vapor quente muito curto<br />
(< 2 s); TR dos sólidos curto.<br />
Carvão<br />
(%)<br />
<strong>Gás</strong><br />
(%)<br />
75 12 13<br />
Intermediária 500°C; TR vapor quente curto (10 - 30 s);<br />
TR dos sólidos mo<strong>de</strong>rado.<br />
50 25 25<br />
Lenta<br />
(carbonização)<br />
~400°C; TR do vapor quente longo; TR<br />
sólidos muito longo<br />
Gaseificação ~800°C-900°C; TR do vapor curto; TR<br />
sólidos curto.<br />
35 35 30<br />
1-5
• <strong>Bio</strong>massa lignocelulósica<br />
é composta <strong>de</strong> celulose,<br />
hemicelulose e lignina,<br />
além <strong>de</strong> extrativos<br />
(terpenos, taninos,<br />
ácidos graxos, resinas,<br />
etc.), água e matéria<br />
mineral (cinzas).<br />
Pirólise <strong>de</strong> <strong>Bio</strong>massa
• Celulose<br />
Pirólise <strong>de</strong> <strong>Bio</strong>massa<br />
• Fibras <strong>de</strong> celulose fornecem força para ma<strong>de</strong>ira e compreen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 40-<br />
50% em massa da ma<strong>de</strong>ira seca.<br />
• É formada por unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> glicose unidas por ligações β (1→4).<br />
• Existe a formação <strong>de</strong> pontes <strong>de</strong> hidrogênio na molécula, tornando a<br />
molécula bastante rígida e plana.<br />
• Não altera sua estrutura com o tipo <strong>de</strong> biomassa, exceto pelo grau <strong>de</strong><br />
polimerização.
• Hemiceluloses<br />
Pirólise <strong>de</strong> <strong>Bio</strong>massa<br />
• Polisacarí<strong>de</strong>os complexos, <strong>de</strong> estruturas amorfas e ramificadas.<br />
• Ocorrem em associação com a celulose na pare<strong>de</strong> celular.<br />
• Contêm vários açúcares: glicose, xilose, manose, galactose, arabinose e ácido<br />
glicurônico.<br />
• Possuem massas moleculares mais baixas que a celulose.<br />
• Po<strong>de</strong>m ser hidrolisadas em condições relativamente brandas.
• Lignina<br />
Pirólise <strong>de</strong> <strong>Bio</strong>massa<br />
• Material hidrofóbico com estrutura altamente ramificada.<br />
• Classificada como um polifenol, sendo constituída por um arranjo irregular<br />
<strong>de</strong> várias unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fenilpropano, que po<strong>de</strong> conter grupos hidroxila e<br />
metoxila como substituintes no grupo fenil.<br />
• Monômeros: (a) álcool p-cumárico, (b) álcool coniferílico e (c) álcool sinápico.
Pirólise <strong>de</strong> <strong>Bio</strong>massa<br />
• Diferentes componentes da biomassa florestal apresentam<br />
diferentes taxas e mecanismos <strong>de</strong> pirólise.<br />
• Em geral:<br />
• Lignina é <strong>de</strong>composta em uma faixa ampla <strong>de</strong> temperatura.<br />
• Celulose e hemiceluloses são <strong>de</strong>compostas rapidamente sobre uma<br />
faixa mais estreita <strong>de</strong> temperatura.<br />
• Hemiceluloses são mais instáveis e iniciam a <strong>de</strong>composição em<br />
temperaturas mais baixas.<br />
• Lignina produz mais carvão.
Pirólise <strong>de</strong> <strong>Bio</strong>massa<br />
• Mecanismos das reações <strong>de</strong> pirólise:<br />
• Pirólise <strong>de</strong> biomassa é complexa, pois seus constituintes apresentam<br />
diferentes reativida<strong>de</strong>s.<br />
• Interações entre os constituintes e pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> material<br />
mineral presente na biomassa, que catalisam diversas reações, introduzem<br />
fatores <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> adicionais.<br />
• Mecanismo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido em cinco estágios para ma<strong>de</strong>ira:<br />
• Perda <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> alguns voláteis;<br />
• Quebra das hemiceluloses, emissão <strong>de</strong> CO e CO2.<br />
• Reações exotérmicas que elevam a temperatura <strong>de</strong> 250°C para 350°C, emissão <strong>de</strong><br />
metano e etano.<br />
• Após, energia externa é necessária para continuar o processo.<br />
• Decomposição completa ocorre.
Pirólise <strong>de</strong> <strong>Bio</strong>massa<br />
• Influência das cinzas na pirólise (Butler et al., 2011)<br />
• Conteúdo <strong>de</strong> cinzas é um parâmetro com gran<strong>de</strong> influência no processo <strong>de</strong><br />
pirólise.<br />
• Resíduos agrícolas (casca <strong>de</strong> arroz = 16% em massa) e capins (Miscanthus = 10%<br />
em massa) geralmente possuem teores <strong>de</strong> cinza maiores que a ma<strong>de</strong>ira<br />
(eucalipto = 0,4% em massa).<br />
• Alto teor <strong>de</strong> cinzas aumenta a formação <strong>de</strong> água e gás.<br />
• Potássio possui forte efeito catalítico.<br />
• Fósforo também possui impacto in<strong>de</strong>sejado no rendimento e na qualida<strong>de</strong> do<br />
produto.
Pirólise Rápida<br />
• Características do processo <strong>de</strong> pirólise rápida para produção <strong>de</strong><br />
líquidos:<br />
• Altas taxas <strong>de</strong> aquecimento e <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor;<br />
• Temperatura <strong>de</strong> reação <strong>de</strong> pirólise controlada em torno <strong>de</strong> 500°C;<br />
• Tempo <strong>de</strong> residência dos vapores curto (
Pirólise Rápida<br />
• Etapas do processamento da biomassa para utilização no processo<br />
<strong>de</strong> pirólise e a separação dos produtos:<br />
Fonte: Robbins et al., 2012.
Pirólise Rápida<br />
• Processo <strong>de</strong> pirólise rápida e aplicações dos produtos (Bridgwater,<br />
2004):
Pirólise Rápida<br />
• Ponto central do processo é o reator, que tem envolvido muita<br />
pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
• Controle e melhoramento da qualida<strong>de</strong> do líquido produzido, bem<br />
como o melhoramento dos sistemas <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> líquido tem<br />
recebido atenção crescente.<br />
• Reatores em leito fluidizado e leito fluidizado circulante: aplicados<br />
em escala comercial.<br />
• Não há reator que tenha emergido como amplamente superior<br />
aos outros.
• Tecnologia bem<br />
conhecida.<br />
• Reatores simples <strong>de</strong><br />
construir e operar,<br />
fornecem bom controle<br />
<strong>de</strong> temperatura e<br />
transferência <strong>de</strong> calor<br />
muito eficiente para as<br />
partículas <strong>de</strong> biomassa.<br />
Reator em Leito Fluidizado
Reator em Leito Fluidizado Circulante<br />
• Possui muitas características<br />
do leito fluidizado.<br />
• Carvão sofre maior atrito<br />
<strong>de</strong>vido as maiores<br />
velocida<strong>de</strong>s do gás <strong>de</strong> arraste<br />
– maior conteúdo <strong>de</strong> carvão<br />
no bio-<strong>óleo</strong>.<br />
• Fornecimento <strong>de</strong> calor –<br />
recirculação <strong>de</strong> areia<br />
aquecida.
• Ma<strong>de</strong>ira é pressionada<br />
sobre uma superfície<br />
aquecida rotatória.<br />
• Não necessita <strong>de</strong> gás <strong>de</strong><br />
arraste.<br />
• Processo é limitado pela<br />
taxa <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong><br />
calor para o reator.<br />
• Processo controlado<br />
pela área superficial.<br />
Reator <strong>de</strong> Pirólise Ablativa
• Parafuso sem-fim move<br />
a biomassa por um tubo<br />
cilíndrico aquecido.<br />
• Reator compacto.<br />
• Não necessita <strong>de</strong> gás <strong>de</strong><br />
arraste.<br />
• Opera em temperaturas<br />
mais baixas (400°C).<br />
Reator <strong>de</strong> parafuso sem-fim
Reator <strong>de</strong> Pirólise a Vácuo<br />
• Taxas <strong>de</strong> transferência da calor mais baixas que nos outros reatores.<br />
• Produtos <strong>de</strong> pirólise são removidos tão rapidamente como nos<br />
outros métodos – simula pirólise rápida.<br />
• Po<strong>de</strong> empregar partículas maiores que nos outros processos.<br />
• <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong> possui menos carvão.<br />
• Não emprega gás <strong>de</strong> arraste.<br />
• Vácuo conduz a equipamentos e custos maiores.<br />
• Canadá: Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Laval e Pyrovac.
<strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong><br />
• Óleo <strong>de</strong> pirólise, bio-<strong>óleo</strong> ou bio-petr<strong>óleo</strong>.<br />
• Líquido <strong>de</strong> coloração escura.<br />
• É uma mistura <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> diferentes<br />
tamanhos <strong>de</strong>rivados da <strong>de</strong>spolimerização e<br />
fragmentação <strong>de</strong> celulose, hemicelulose e<br />
lignina.<br />
• Essa mistura complexa possui muitos compostos<br />
orgânicos oxigenados com uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
água apreciável.<br />
• Composição química ten<strong>de</strong> a mudar durante a<br />
estocagem.<br />
• Composição elementar: semelhante a da<br />
biomassa. Fonte: Empyro - energy &<br />
materials from pyrolysis
Proprieda<strong>de</strong>s do <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong><br />
• Proprieda<strong>de</strong>s típicas do bio-<strong>óleo</strong> da pirólise da ma<strong>de</strong>ira e <strong>óleo</strong> combustível<br />
pesado (Adaptado <strong>de</strong> Czernick & Bridgwater e Oasmaa & Czernik, 1999).<br />
Proprieda<strong>de</strong> física <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong> Óleo combustível<br />
pesado<br />
Teor <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> (% em massa) 15-30 0,1<br />
pH 2,5 -<br />
Massa específica (kg/dm3 )<br />
Composição elementar (% em<br />
massa)<br />
1,2 0,94<br />
C 54-58 85<br />
H 5,5-7,0 11<br />
O 35-40 1,0<br />
N 0-0,2 0,1<br />
Cinzas 0-0,2 0,1<br />
PCI (MJ/kg) 14-18 40<br />
Viscosida<strong>de</strong>, a 50°C (cP) 40-100 180<br />
Sólidos (% em massa) 0,2-1 1
• Homogeneida<strong>de</strong><br />
Proprieda<strong>de</strong>s do <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong><br />
• <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong>s normalmente são homogêneos em aparência.<br />
• Matérias-primas ricas em extrativos: bio-<strong>óleo</strong>s com duas fases – fase <strong>de</strong> topo<br />
rica em extrativos.<br />
• Microemulsão<br />
• Compostos presentes são <strong>de</strong> diferentes tamanhos e naturezas.<br />
• Compostos altamente polares: água, ácidos e álcoois.<br />
• Compostos menos polares: ésteres, éteres e fenóis.<br />
• Compostos não-polares: hexano e outros hidrocarbonetos.<br />
• Fase contínua composta <strong>de</strong> água e compostos solúveis em água<br />
• Materiais insolúveis em água estão dispersos como micelas nos bio-<strong>óleo</strong>s.<br />
• Alguns compostos multipolares agem como emulsificantes.
• Água<br />
Proprieda<strong>de</strong>s do <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong><br />
• Componente mais abundante, resultante da umida<strong>de</strong> original da matériaprima<br />
e das reações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação durante o processo <strong>de</strong> pirólise.<br />
• Conteúdo <strong>de</strong> água: 15-30% em massa, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da umida<strong>de</strong> inicial da<br />
biomassa e das condições <strong>de</strong> pirólise.<br />
• Aumento no conteúdo <strong>de</strong> água: <strong>de</strong>struição da microemulsão e o bio-<strong>óleo</strong> é<br />
separado em duas fases.<br />
• Para manter a homogeneida<strong>de</strong>, umida<strong>de</strong> da matéria-prima
• Po<strong>de</strong>r calorífico:<br />
Proprieda<strong>de</strong>s do <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong><br />
• PCI: 14-18 MJ/kg – similar ao da biomassa, somente 40-45% dos<br />
combustíveis provenientes do petr<strong>óleo</strong>.<br />
• Valor baixo <strong>de</strong>vido ao alto teor <strong>de</strong> água e alto conteúdo <strong>de</strong> oxigênio.<br />
• Em base volumétrica, po<strong>de</strong>r calorífico é cerca <strong>de</strong> 60% do diesel.<br />
• Corrosivida<strong>de</strong><br />
• Ácidos orgânicos presentes resultam em pH <strong>de</strong> 2-3.<br />
• <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong>s são corrosivos aos materiais comuns usados em tanques e<br />
equipamentos e po<strong>de</strong>m afetar alguns materiais <strong>de</strong> vedação.<br />
• Corrosivida<strong>de</strong> é severa a elevadas temperaturas e com aumento no<br />
conteúdo <strong>de</strong> água.<br />
• <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong>s não são corrosivos aos aços inoxidáveis.
• Composição<br />
Proprieda<strong>de</strong>s do <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong><br />
• Vários compostos, como ácidos, álcoois, al<strong>de</strong>ídos, ésteres, cetonas, açúcares e<br />
fenóis.<br />
• Análise da composição do <strong>óleo</strong> – técnica <strong>de</strong> fracionamento por solvente foi<br />
<strong>de</strong>senvolvida.<br />
• Caracterização química po<strong>de</strong> ser realizada por CG-MS (compostos voláteis), HPLC<br />
e HPLC/eletrospray MS (compostos não-voláteis), espectroscopia <strong>de</strong><br />
infravermelho por transformada <strong>de</strong> Fourier – FTIR (grupos funcionais),<br />
cromatografia <strong>de</strong> permeação em gel – GPC (distribuição <strong>de</strong> massas moleculares) e<br />
espectroscopia <strong>de</strong> ressonância magnética nuclear - NMR (tipos <strong>de</strong> hidrogênios e<br />
carbonos em grupos estruturais específicos), entre outras técnicas.<br />
• Entre os ácidos, encontram-se ácido acético, ácido fórmico, ácido propiônico, etc.<br />
• Em relação aos al<strong>de</strong>ídos e cetonas, tem-se acetona, formal<strong>de</strong>ído, etc.<br />
• Açúcares: principalmente levoglucosan (C 6H 10O 5).
Usos do bio-<strong>óleo</strong><br />
• Uso direto como combustível em cal<strong>de</strong>iras, motores diesel e turbinas<br />
• Algumas proprieda<strong>de</strong>s do bio-<strong>óleo</strong> resultam em problemas severos nesses<br />
equipamentos.<br />
• Baixa volatilida<strong>de</strong> e alta corrosivida<strong>de</strong> – problemas mais <strong>de</strong>safiadores.<br />
• Cal<strong>de</strong>iras – modificações no queimador e em algumas seções da cal<strong>de</strong>ira para<br />
melhorar a combustão, além disso, combustível suporte é necessário durante o<br />
início da combustão.<br />
• Uso para produção <strong>de</strong> combustíveis<br />
• Upgrading do bio-<strong>óleo</strong> para produzir diesel, gasolina e/ou querosene, necessita<br />
<strong>de</strong> completa <strong>de</strong>soxigenação e refino convencional.<br />
• Upgrading parcial para produção <strong>de</strong> correntes das refinarias <strong>de</strong> petr<strong>óleo</strong>.<br />
• Processos: hidrotratamento, craqueamento catalítico e gaseificação.
<strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong>: uso para produção <strong>de</strong> combustíveis<br />
• Upgrading do bio-<strong>óleo</strong> para produção <strong>de</strong> combustíveis (Bridgwater, 2012).
Hidrotratamento e Craqueamento Catalítico<br />
• Hidrotamento:<br />
• <strong>Bio</strong>-<strong>óleo</strong> reage com hidrogênio na presença <strong>de</strong> um catalisador heterogêneo (por<br />
ex.: CoMo/Al2O3) para obtenção <strong>de</strong> hidrocarbonetos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa.<br />
• Opera a altas pressões (100-300 bar) e temperaturas mo<strong>de</strong>radas (175-400°C).<br />
• Também conhecido como hidro<strong>de</strong>oxigenação (HDO).<br />
• Craqueamento catalítico<br />
• Nesse processo, bio-<strong>óleo</strong> é craqueado na presenca <strong>de</strong> catalisador.<br />
• Catalisadores: zeólitas (por ex.: HZSM-5), sílica-alumina e outros.<br />
• Temperaturas: 300-600°C, po<strong>de</strong> ser operado a pressões atmosféricas.<br />
• Esses processos<br />
• Po<strong>de</strong>m usar a infraestrutura existente em uma refinaria <strong>de</strong> petr<strong>óleo</strong>.<br />
• Combustíveis produzidos possuem compatibilida<strong>de</strong> com motores e padrões <strong>de</strong><br />
combustíveis atuais.
Gaseificação<br />
• É a conversão <strong>de</strong> um combustível sólido/líquido em gás combustível, que<br />
possui diversas aplicações.<br />
• O gás combustível po<strong>de</strong> ser obtido por oxidação parcial ou por gaseificação<br />
com vapor :<br />
• Processo é realizado em altas temperaturas (acima <strong>de</strong> 600°C).<br />
• Pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carvão e cinzas também são produzidas.
Principais reações do processo <strong>de</strong> gaseificação<br />
• Reações <strong>de</strong> oxidação<br />
C + 1/2O 2 → CO<br />
CO + 1/2O 2 → CO 2<br />
C + O 2 → CO 2<br />
H 2 + O 2 → H H2O 2O<br />
• Reações com vapor <strong>de</strong> água<br />
C + H 2O → CO + H 2<br />
CO + H 2O → CO 2 + H 2<br />
CH 4 + H 2O → CO + 3H 2<br />
C nH m + nH 2O → 2nCO + (n+m/2)H 2<br />
• Reações envolvendo hidrogênio<br />
C + 2H 2 → CH 4<br />
CO + 3H 2 → CH 4 + H 2O<br />
• Reações envolvendo dióxido <strong>de</strong><br />
carbono<br />
C + CO 2 → 2CO<br />
C nH m + nCO 2 → 2nCO + m/2H 2<br />
• Reações <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição<br />
pC xH y → qC nH m + rH 2<br />
C nH m → nC + m/2 H 2
Tipos <strong>de</strong> gaseificadores<br />
• Um número <strong>de</strong> configurações <strong>de</strong> reatores tem sido <strong>de</strong>senvolvidos e<br />
testados.<br />
• Principais mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gaseificadores: leito fixo, leito fluidizado e fluxo<br />
arrastado (entrained flow).<br />
• Figura abaixo mostra os principais tipos <strong>de</strong> gaseificadores:
Gaseificadores <strong>de</strong> leito fixo<br />
• Esses gaseificadores são simples na construção e geralmente operam com<br />
alta conversão <strong>de</strong> carbono, alto tempo <strong>de</strong> residência do sólido e baixa<br />
velocida<strong>de</strong> do gás.<br />
• Vários tipos <strong>de</strong> gaseificadores <strong>de</strong> leito fixo estão em operação e po<strong>de</strong>m ser<br />
classificados <strong>de</strong> acordo com o modo que o ar para gaseificar a biomassa<br />
entra no gaseificador:<br />
• Updraft: ar é introduzido no fundo do reator, enquanto a biomassa é alimentada<br />
no topo.<br />
• Downdraft: ar é introduzido em uma “garganta” que suporta a biomassa, o gás e<br />
a biomassa movem em fluxo <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte em modo cocorrente e o gás<br />
produzido é retirado no fundo.<br />
• Crossdraft: ar entra em alta velocida<strong>de</strong>, induz circulação substancial e flui<br />
através do leito <strong>de</strong> biomassa.
Gaseificadores <strong>de</strong> leito fixo
• Leito fluidizado<br />
Gaseificadores <strong>de</strong> leito fluidizado<br />
• Bom controle <strong>de</strong> temperatura e altas taxas <strong>de</strong> reação.<br />
• Maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> particulados no gás<br />
• Bom potencial <strong>de</strong> scale-up para 10-15 t/h (massa seca)<br />
• Leito fluidizado circulante<br />
• Alto custo a baixa capacida<strong>de</strong><br />
• E todas as características do leito fluidizado
Gaseificadores <strong>de</strong> leito fluidizado<br />
(a) Leito fluidizado e (b) leito fluidizado circulante.
Gaseificadores <strong>de</strong> fluxo arrastado<br />
• Opera em temperaturas mais altas (> 1.200°C) e com partículas<br />
menores (< 1 mm).<br />
• Alcança, na maioria dos casos, alta conversão <strong>de</strong> carbono.<br />
• Produz um gás <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>, com baixo conteúdo <strong>de</strong> metano e<br />
alcatrão.<br />
• Bastante aplicado, em escala comercial, na gaseificação <strong>de</strong> carvão<br />
mineral.<br />
• Investimentos e custos <strong>de</strong> operação muito altos, o que impõe plantas <strong>de</strong><br />
gaseificação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala.<br />
• Reatores operados em altas pressões, acima <strong>de</strong> 25 bar.<br />
• Existem dois sistemas <strong>de</strong> alimentação: seco e úmido.
Tipos <strong>de</strong> gaseificadores <strong>de</strong> leito arrastado (Kunze & Spliethoff, 2011)
<strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Síntese</strong><br />
• Mistura <strong>de</strong> H2 e CO, que po<strong>de</strong> ser obtida pelo processo <strong>de</strong><br />
gaseificação <strong>de</strong> biomassa ou do bio-<strong>óleo</strong> (pirólise).<br />
• <strong>Gás</strong> <strong>de</strong> síntese possui diversas aplicações:<br />
• <strong>Produção</strong> <strong>de</strong> energia elétrica e/ou térmica.<br />
• <strong>Produção</strong> <strong>de</strong> hidrocarbonetos pela <strong>Síntese</strong> <strong>de</strong> Fischer-Tropsch.<br />
• <strong>Produção</strong> <strong>de</strong> metanol.<br />
• <strong>Produção</strong> <strong>de</strong> hidrogênio.<br />
• <strong>Produção</strong> <strong>de</strong> gás natural sintético (SNG).<br />
• Po<strong>de</strong> ser usado como gás redutor.
<strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Síntese</strong><br />
• Mercado mundial <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> síntese (van <strong>de</strong>r Drift, 2004):
• Principais etapas do processo:<br />
• Reação <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento água-gás:<br />
CO + H 2O → CO 2 + H 2<br />
<strong>Produção</strong> <strong>de</strong> hidrogênio
<strong>Síntese</strong> <strong>de</strong> Fischer-Tropsch<br />
• <strong>Gás</strong> <strong>de</strong> síntese po<strong>de</strong> ser usado na <strong>Síntese</strong> <strong>de</strong> Fischer-Tropsch (F-T).<br />
• Processo inventado por Franz Fischer e Hans Tropsch, na Alemanha, em<br />
1923, para produção <strong>de</strong> combustíveis líquidos a <strong>partir</strong> do carvão mineral.<br />
• A primeira tecnologia F-T aplicada em escala comercial foi <strong>de</strong>senvolvida na<br />
década <strong>de</strong> 30, pela empresa alemã Ruhrchemie e parceiros (como a Lurgi),<br />
sendo usado para produzir combustíveis durante a Segunda Guerra<br />
Mundial.<br />
• Atualmente empregado por:<br />
Sasol (África do Sul) - gás <strong>de</strong> síntese obtido da gaseificação do carvão<br />
mineral.<br />
PetroSA (planta Mossgas, África do Sul) – gás <strong>de</strong> síntese obtido da<br />
reforma do gás natural.<br />
Shell (Malásia) – gás <strong>de</strong> síntese obtido da oxidação parcial do metano<br />
(gás natural).
• A reação produz hidrocarbonetos:<br />
<strong>Síntese</strong> <strong>de</strong> Fischer-Tropsch<br />
nCO + 2nH 2 → (-CH 2-) n + nH 2O<br />
• Razão H 2/CO ≈ 1,7 – 2,0<br />
• Impurezas do gás <strong>de</strong> síntese (alcatrão, NH 3, HCN, H 2S, HCl, etc.) <strong>de</strong>vem ser<br />
removidas antes da reação <strong>de</strong> F-T.<br />
• Geralmente, a Razão H2/CO do gás <strong>de</strong> síntese é baixa, por isso é realizada a<br />
reação <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento água-gás (water gas shift reaction – WGSR).<br />
• Dois modos <strong>de</strong> operação:<br />
Alta temperatura: T = 300-350°C, P = 20-25 bar, catalisador <strong>de</strong> ferro,<br />
usado para produção <strong>de</strong> gasolina e olefinas lineares <strong>de</strong> baixa massa<br />
molecular.<br />
Baixa temperatura: T = 200-240°C, P = 25-30 bar, catalisador <strong>de</strong> ferro<br />
ou cobalto, usado para produção <strong>de</strong> compostos lineares <strong>de</strong> alta massa<br />
molecular.
<strong>Síntese</strong> <strong>de</strong> Fischer-Tropsch<br />
• Etapas básicas na produção <strong>de</strong> líquidos F-T (Hamelinck et al., 2004):
Obrigado!<br />
Emerson L. Schultz<br />
Embrapa Agroenergia<br />
(61) 3448-2309<br />
emerson.schultz@embrapa.br