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Baixe a Revista Encontro de Vaqueiros em PDF

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notícias <strong>de</strong> um Brasil escondido <strong>de</strong>le mesmo, a merecer<br />

revelações e apreços. Uma ponta <strong>de</strong> orgulho refulge. Se<br />

me resta t<strong>em</strong>po, o relato se esten<strong>de</strong> a outros interessantes<br />

e <strong>de</strong>stacados personagens da historiogra a brasileira que<br />

viveram <strong>em</strong> Aroazes. Apresento-lhes Luís Carlos Pereira <strong>de</strong><br />

Abreu Bacelar, vulgo Luís Carlos da Serra Negra. Por aqui<br />

as <strong>em</strong>oções ganham ainda mais intensida<strong>de</strong>s e cores, com<br />

as diatribes do Coronel <strong>de</strong> Milícias, Cavaleiro da Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

Cristo, proprietário <strong>de</strong> inúmeras fazendas no Piauhy e <strong>em</strong><br />

outras capitanias. Digo-lhes das façanhas do Coronel e <strong>de</strong><br />

sua riqueza, do casamento por procuração e celebração<br />

pelo Governador do Bispado do Maranhão <strong>em</strong> 1802, com<br />

Luzia Perpétua Carneiro Souto Maior. Do <strong>de</strong>scontentamento<br />

da re nada esposa Luzia, com a ru<strong>de</strong>za do marido Luís. Do<br />

negro Nazário, perseguido pelo Coronel, encontrado e dado<br />

por morto por seus guardas, e renascido <strong>de</strong>pois, com vida<br />

longa no boqueirão da Serra <strong>de</strong> São Benedito. Discurso sobre<br />

a fuga da esposa, a simulação <strong>de</strong> doenças para furtar-se das<br />

<strong>de</strong>scon anças do Coronel Luís Carlos e escapar para São Luiz<br />

do Maranhão. T<strong>em</strong>pero com o namoro <strong>de</strong> Luzia - esposa<br />

fugitiva do Coronel Luís Carlos - com o então Governador<br />

e Capitão Geral do Maranhão, José Thomaz <strong>de</strong> Menezes.<br />

Segredo-lhes sobre especulações <strong>de</strong> assassínio do Luís Carlos,<br />

<strong>em</strong> outubro <strong>de</strong> 1811, meses <strong>de</strong>pois da proclamação da<br />

autonomia administrativa do Piauhy <strong>em</strong> face do Maranhão,<br />

ocorrida <strong>em</strong> julho <strong>de</strong> 1811. Ele que se <strong>em</strong>penhara tanto<br />

nesse tento, movido talvez por ciúme ou mágoa da esposa,<br />

que lhe apresentara divórcio eclesiástico <strong>em</strong> 1810, talvez já<br />

enamorada do então Governador do Maranhão, com qu<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>pois, já viúva <strong>de</strong> Luís Carlos, convolou núpcias, gerando<br />

lhos, entre os quais D. Rodrigo José <strong>de</strong> Menezes <strong>de</strong> Eça,<br />

3º con<strong>de</strong> Cavaleiros, que fora governador civil <strong>de</strong> Braga e,<br />

<strong>de</strong>pois, <strong>de</strong> Lisboa.<br />

Todos cam admirados das ricas histórias, con antes <strong>em</strong><br />

um Piauhy por se revelar. De imediato, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conhecer<br />

Aroazes, sondar esses enigmáticos tesouros da epopéia<br />

humana, guardados no processo <strong>de</strong> colonização do Piauhy.<br />

Cultivar essa tradição guerreira, iconizada no heroísmo do<br />

Vaqueiro, constitui um ofício ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong> manifestação<br />

cívica e republicana. A iniciativa da Família Pereira da Silva<br />

e das <strong>de</strong>mais ilustres famílias da região <strong>de</strong> Aroazes - ricas ou<br />

pobres <strong>de</strong> terras - <strong>em</strong> manter à lume esses encantos exige <strong>de</strong><br />

nossa parte e dos <strong>de</strong>mais brasileiros não somente a a<strong>de</strong>são<br />

espiritual à glória <strong>de</strong> nossos antepassados, mas, sobretudo,<br />

o compromisso patriótico <strong>de</strong> também acen<strong>de</strong>r juntos luzes<br />

que afugent<strong>em</strong> as sombras i<strong>de</strong>ologizadas pelo mandonismo<br />

político, pois só assim guardar<strong>em</strong>os reluzentes a chama<br />

que clareou <strong>de</strong> esperanças e <strong>de</strong> sonhos a paisag<strong>em</strong> livre do<br />

Sertão, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> todas as violências simbólicas inerentes<br />

ao processo histórico <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> nossa brasilida<strong>de</strong>.<br />

Carlos Augusto Pires Brandão<br />

Juiz e professor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Piauí

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