18.04.2013 Views

estudo empírico sobre lealdade a restaurantes - Coppead - UFRJ

estudo empírico sobre lealdade a restaurantes - Coppead - UFRJ

estudo empírico sobre lealdade a restaurantes - Coppead - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO<br />

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO<br />

ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A<br />

RESTAURANTES:<br />

UMA ABORDAGEM VIA EQUAÇÕES ESTRUTURAIS<br />

LEONARDO BARBOSA SOARES<br />

ORIENTADOR: Prof. Frederico A. A. de Carvalho, Ph. D.<br />

RIO DE JANEIRO<br />

2004


ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES:<br />

UMA ABORDAGEM VIA EQUAÇÕES ESTRUTURAIS<br />

LEONARDO BARBOSA SOARES<br />

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de Administração da<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à<br />

obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).<br />

Aprovada por:<br />

___________________________________________________<br />

Prof. Dr. Frederico A.A. de Carvalho<br />

COPPEAD/<strong>UFRJ</strong> – Presidente da Banca<br />

___________________________________________________<br />

Profª. Dra. Letícia Moreira Casotti<br />

COPPEAD/<strong>UFRJ</strong><br />

___________________________________________________<br />

Prof. Dr. Antonio Roberto Ramos Nogueira<br />

COPPEAD /<strong>UFRJ</strong><br />

___________________________________________________<br />

Prof. Dr. Valdecy Faria Leite<br />

FEA/<strong>UFRJ</strong><br />

RIO DE JANEIRO<br />

2004<br />

ii


Soares, Leonardo Barbosa.<br />

Estudo Empírico <strong>sobre</strong> Lealdade a Restaurantes: uma<br />

Abordagem via Equações Estruturais / Leonardo Barbosa Soares.<br />

Rio de Janeiro, COPPEAD, 2004.<br />

ix; 132 f.; il.<br />

Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pós-Graduação em<br />

Administração – COPPEAD, 2004.<br />

Orientador: Frederico A. de Carvalho.<br />

1. Lealdade. 2. Restaurantes. 3. Equações Estruturais. 4.<br />

Administração –Teses. I. Carvalho, Frederico A. de (Orient.) II.<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Pós-Graduação<br />

em Administração. III Título.<br />

iii


AGRADECIMENTOS<br />

Um dos aspectos mais importantes numa relação de <strong>lealdade</strong> é a gratidão<br />

expressa por tudo o que se recebeu no passado no relacionamento com os demais.<br />

Sendo assim, depois de ter me debruçado <strong>sobre</strong> a <strong>lealdade</strong> quero pôr em prática uma das<br />

lições que aprendi durantes estes meses e fazer os meus agradecimentos.<br />

Sou eternamente grato a Deus, aos meus pais e às minhas irmãs.<br />

Tenho muito a agradecer pela valiosíssima orientação do Prof. Frederico<br />

Carvalho. Seu comprometimento com a qualidade da pesquisa foi sem dúvida o ponto<br />

alto da orientação. Durante este ano, fiz-me amigo dos seus amigos, especialmente o<br />

Cel. Montezuma e o Major Aniceto. Suas palavras sensatas, exigentes e carinhosas, são<br />

inesquecíveis.<br />

A Profª Letícia Casotti honra-me com sua presença na Banca examinadora. Sua<br />

sensibilidade e suas palavras de carinho e estímulo foram fundamentais, desde o<br />

primeiro momento em que fui selecionado para cursar o mestrado no <strong>Coppead</strong>.<br />

A presença do Prof. Roberto Nogueira nesta banca se relaciona, <strong>sobre</strong>tudo, com<br />

a sua contagiante paixão pela pesquisa empírica. Devo a ele a primeira exposição que<br />

tive à estatística multivariada no contexto da Disciplina de Gerência Estratégica de<br />

Tecnologia da Informação.<br />

Agradeço a pronta disponibilidade e cortesia do Prof. Valdecy Leite ao aceitar o<br />

convite para participar da Banca de defesa.<br />

O corpo docente do Instituto COPPEAD de Administração é conhecido pela<br />

excelência. Sou imensamente agradecido a todos os professores. Todavia, não poderia<br />

deixar de mencionar que fui agraciado com a oportunidade de ter sido aluno da Profª<br />

Ângela da Rocha, do Prof. Celso Leme e da Profª Úrsula Wetzel.<br />

Agradeço a professora Rosalind McMullan que permitiu que eu replicasse a sua<br />

escala de <strong>lealdade</strong> num contexto brasileiro. Quero demonstrar a minha gratidão ao<br />

professor Dwayne Gremler, pelo seu empenho e presteza no envio de um dos artigos<br />

utilizados, praticamente impossível de ser encontrado no Brasil.<br />

iv


O convívio com os talentosos colegas do mestrado foi tão gratificante que<br />

passou a constituir parte de meu patrimônio afetivo. Quero agradecer especialmente<br />

toda a ajuda que recebi de Gustavo Sued, Leonardo Jullianelli, Maribel Suarez e<br />

Ronaldo Deccax.<br />

Sou grato a Edson Dalton e a Vitor Almeida cujo apoio em diferentes momentos<br />

da pesquisa foram inestimáveis.<br />

Sou imensamente grato à Cida e à Simone. Sempre fui recebido com enorme<br />

carinho. Aliás, carinho e atenção é a marca registrada do atendimento no COPPEAD.<br />

Quero agradecer também a Marinete, Márcia, e Ana Rita pela ajuda na busca de artigos<br />

e livros.<br />

Sem informação, não há pesquisa. Agradeço imensamente aos professores<br />

Frederico Bonaldo, Helena, Otávio Figueiredo, Ricardo Miyashita, Éber Schimitz pelo<br />

apoio irrestrito na coleta de dados.<br />

Agradeço aos amigos Ricardo Miyashita e Marcílio Bromerchenkel que me<br />

estimularam a ingressar no <strong>Coppead</strong>. Agradeço ainda ao amigo Augusto Silberstein e a<br />

Janet Ortega pela ajuda na tradução dos questionários aplicados nesta pesquisa<br />

Tenho muito a agradecer ao trabalho cuidadoso e paciente na revisão do texto de<br />

Luis Fernando e José Antonio. Quaisquer erros presentes neste trabalho, no entanto, são<br />

de minha inteira responsabilidade.<br />

Agradeço, por fim, ao CAPES pelo apoio concedido.<br />

v


RESUMO<br />

SOARES, Leonardo Barbosa. Estudo Empírico <strong>sobre</strong> Lealdade a Restaurantes: uma<br />

Abordagem via Equações Estruturais. Orientador: Frederico A. de Carvalho. Rio de<br />

Janeiro: COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, 2004. Dissertação (Mestrado em Administração)<br />

A pesquisa <strong>sobre</strong> antecedentes e conseqüências da <strong>lealdade</strong> de consumidores tem<br />

motivado pesquisadores de Marketing há quase 50 anos. De fato, a busca pela <strong>lealdade</strong><br />

dos consumidores representa um dos principais objetivos estratégicos de diversas<br />

organizações.<br />

Com o emprego da Modelagem de Equações Estruturais, esta dissertação pretende<br />

avaliar alguns modelos de <strong>lealdade</strong> que consideram aspectos atitudinais e<br />

comportamentais no contexto de <strong>restaurantes</strong>. Especificamente, esta dissertação<br />

examina a hipótese de que variáveis latentes relacionadas a aspectos cognitivos, afetivos<br />

e conativos influenciam o comportamento de <strong>lealdade</strong>.<br />

Tendo por base os modelos de <strong>lealdade</strong> de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997),<br />

este trabalho realiza um <strong>estudo</strong> <strong>empírico</strong> <strong>sobre</strong> a <strong>lealdade</strong> dos consumidores a<br />

<strong>restaurantes</strong> de ocasiões especiais. A partir de uma escala de <strong>lealdade</strong> que combina ítens<br />

das escalas propostas por ZEITHAML et al. (1996) e MCMULLAN e GILMORE<br />

(2003), foi realizado um survey com 210 estudantes de duas universidades do Rio de<br />

Janeiro.<br />

A análise dos diferentes modelos de <strong>lealdade</strong> revelou que os aspectos tangíveis, o nível<br />

de comprometimento e o grau de satisfação dos consumidores influenciam<br />

positivamente na formação da sua <strong>lealdade</strong> a <strong>restaurantes</strong> de ocasiões especiais.<br />

vi


ABSTRACT<br />

SOARES, Leonardo Barbosa. Estudo Empírico <strong>sobre</strong> Lealdade a Restaurantes: uma<br />

Abordagem via Equações Estruturais. Orientador: Frederico A. de Carvalho. Rio de<br />

Janeiro: COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, 2004. Dissertação (Mestrado em Administração)<br />

For 50 years, Marketing academics and practitioners have been looking to the<br />

antecedents and consequences of customer loyalty. Indeed, the quest for customer<br />

loyalty accounts for one of the main strategic goals in almost every organization.<br />

Based upon the Structural Equation Modeling, this dissertation aims to analyze some<br />

attitudinal and behavioral loyalty models within the food service context. Specifically<br />

this research examines the hypotheses that cognitive, affective and conative variables<br />

have positive influence on loyalty behavior.<br />

Based on a customer loyalty model developed by DICK and BASU (1994) and<br />

OLIVER (1997), this empiric research investigates customer loyalty regarding special<br />

occasion restaurants. A loyalty scale was developed combining items proposed by<br />

ZEITHAML et al. (1996) and MCMULLAN and GILMORE (2003), and a survey<br />

questionnaire was completed by 210 students from two universities in Rio de Janeiro.<br />

Results indicate positive influence of tangible features, consumer’s commitment and<br />

satisfaction level on the development of the customer loyalty regarding special occasion<br />

restaurants.<br />

vii


1. O PROBLEMA............................................................................................................... 1<br />

1.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 1<br />

1.2 OBJETIVOS........................................................................................................................ 2<br />

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................... 2<br />

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ................................................................................................. 3<br />

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO .............................................................................................. 3<br />

2. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 5<br />

2.1 A IMPORTÂNCIA DA LEALDADE DO PONTO DE VISTA ESTRATÉGICO................................ 5<br />

2.2 A LEALDADE COMPORTAMENTAL .................................................................................... 7<br />

2.3 A LEALDADE ATITUDINAL................................................................................................ 8<br />

2.3.1. Fundamentos Psicométricos ..................................................................................................10<br />

2.3.2. O modelo de DICK e BASU (1994)........................................................................................14<br />

2.3.3. O modelo de OLIVER (1997).................................................................................................19<br />

2.4 POLÊMICAS NAS MEDIDAS DE LEALDADE ..................................................................... 24<br />

2.5 ESTUDOS EXPLORATÓRIOS DA LEALDADE EM SERVIÇOS .............................................. 25<br />

2.5.1. Lealdade em Serviços por CZEPIEL e GILMORE (1987)...................................................25<br />

2.5.2. Abordagem de GREMLER e BROWN ..................................................................................27<br />

2.6 ABORDAGENS EMPÍRICAS SOBRE LEALDADE EM SERVIÇOS.......................................... 28<br />

2.6.1. O Estudo de ZEITHAML, BERRY e PARASURAMAN (1996)...........................................28<br />

2.6.2. O Estudo de PRITCHARD e HOWARD (1997)....................................................................29<br />

2.6.3. Os Estudos de BLOEMER, RUYTER e WETZELS .............................................................30<br />

2.6.4. O Estudo de CARUANA (2002).............................................................................................32<br />

2.6.5. O Estudo de GILMORE e MCMULLAN (2003)...................................................................32<br />

2.7 A ESCOLHA DO CONSTRUTO DE LEALDADE.................................................................... 34<br />

3. METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................. 36<br />

3.1 UNIVERSO E AMOSTRA................................................................................................... 36<br />

3.2 COLETA DE DADOS ......................................................................................................... 38<br />

3.2.1. Modo de Aplicação.................................................................................................................40<br />

3.2.2. Instrumento de coleta de dados..............................................................................................41<br />

3.2.3. Efeitos de Ordem ....................................................................................................................41<br />

3.2.4. Tradução e Adaptação dos Ítens do Questionário.................................................................42<br />

3.2.5. Revisão dos Construtos Presentes no Questionário ..............................................................43<br />

3.3 ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................................... 49<br />

3.3.1. Análise Fatorial e Análise de Confiabilidade........................................................................49<br />

3.3.2. Modelagem de Equações Estruturais ....................................................................................57<br />

3.4 HIPÓTESES DE PESQUISA ................................................................................................ 65<br />

viii


3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................................. 72<br />

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................... 75<br />

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DA AMOSTRA.............................................................................. 75<br />

4.2 ANÁLISE POR TABULAÇÃO CRUZADA............................................................................. 78<br />

4.3 ANÁLISE UNIVARIADA ................................................................................................... 81<br />

4.4 AVALIAÇÃO DOS MODELOS DE LEALDADE ................................................................... 83<br />

4.4.1. Avaliação do Modelo Original Inspirado em DICK e BASU (1994)....................................84<br />

4.4.2. Avaliação do Modelo Revisado Inspirado em DICK e BASU (1994) ...................................88<br />

4.4.3. Avaliação do Modelo Original Inspirado em Oliver (1997)..................................................93<br />

4.4.4. Avaliação do Modelo Revisado Inspirado em Oliver (1997).................................................97<br />

4.4.5. Modelo Proposto Híbrido.....................................................................................................101<br />

4.5 BALANÇO FINAL ENTRE OS MODELOS RIVAIS ............................................................ 105<br />

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 110<br />

5.1 CONCLUSÕES................................................................................................................ 110<br />

5.2 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .......................................................................... 112<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 114<br />

ANEXO 1 - RESTAURANTES CITADOS PELOS RESPONDENTES ........................... 124<br />

ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA ........................................... 127<br />

ix


1. O PROBLEMA<br />

1.1 Introdução<br />

“Customer Loyalty is to service marketers what love is to pubescent children. Even though they<br />

don’t know what it is or how to get it, they want it because they think it will feel good.”<br />

(CZEPIEL e GILMORE, 1987, p. 91)<br />

O <strong>estudo</strong> da <strong>lealdade</strong>, em suas diversas formas, tem motivado pesquisadores e profissionais de<br />

Marketing há quase 50 anos (CUNNINGHAM, 1956; TUCKER, 1964; UNCLES,<br />

DOWLING e HAMMOND, 2003). O interesse pela definição e operacionalização do<br />

construto parece se renovar, ao mesmo tempo que diversos antecedentes são propostos como<br />

um meio de desenvolvimento da <strong>lealdade</strong> dos consumidores. (UNCLES, DOWLING e<br />

HAMMOND, 2003)<br />

A literatura de marketing mostra que <strong>lealdade</strong> pode ser encarada como um termo equívoco.<br />

Assim, surgem outros termos que se prestam a explicar uma mesma realidade a partir de<br />

diferentes perspectivas (JACOBY e CHESTNUT, 1978 apud OLIVER, 1997). Fala-se de<br />

fidelidade, retenção, envolvimento, comprometimento, intenção de recompra, comportamento<br />

de recompra, etc. Alguns consideram a <strong>lealdade</strong> como um atributo constituinte da marca<br />

(DEKIMPE et al., 1997), outros defendem que seja uma característica pessoal (RAJU, 1980),<br />

ou ainda como conseqüências de construtos como qualidade percebida de serviço ou<br />

satisfação. (DICK e BASU, 1994; OLIVER, 1997)<br />

Esta abundância de termos, muitos deles relacionados entre si, pode até gerar inconsistências<br />

nas pesquisas <strong>sobre</strong> o tema. Por exemplo: Como avaliar os diversos <strong>estudo</strong>s <strong>sobre</strong> o impacto e<br />

rentabilidade da <strong>lealdade</strong> e a sua relação com outros construtos como satisfação ou qualidade<br />

percebida, sem saber ao certo se ao menos se discute <strong>sobre</strong> o mesmo construto?<br />

1


Na visão de JACOBY e KYNER (1973, p. 1):<br />

“Antes de medir um fenômeno, deve-se definir claramente o que ele é e o que ele não é. De<br />

acordo com a lógica da ciência moderna, tais definições conceituais devem preceder e<br />

determinar a sua operacionalização e não o contrário.”<br />

1.2 Objetivos<br />

O objetivo central desta dissertação é realizar uma pesquisa exploratória do construto de<br />

<strong>lealdade</strong>, tendo por base as escalas propostas por MCMULLAN e GILMORE (2003) e<br />

ZEITHAML et al. (1996). Com o emprego da modelagem de equações estruturais, pretende-<br />

se testar alguns modelos da <strong>lealdade</strong> que consideram aspectos atitudinais e comportamentais<br />

no contexto de <strong>restaurantes</strong>.<br />

Especificamente, esta pesquisa testa a hipótese principal de que as variáveis latentes<br />

relacionadas aos componentes cognitivos, afetivos e conativos influenciam o comportamento<br />

de <strong>lealdade</strong>, conforme sugerem os modelos de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).<br />

1.3 Delimitação do <strong>estudo</strong><br />

O <strong>estudo</strong> da <strong>lealdade</strong> nesta pesquisa situa-se no contexto de serviços. Segundo CZEPIEL e<br />

GILMORE (1987) e GREMLER e BROWN (1996), a <strong>lealdade</strong> em serviços tem um grande<br />

potencial de desenvolvimento, em comparação com produtos, devido a características como<br />

heterogeneidade, percepção de risco e interação pessoal envolvida no consumo de serviços.<br />

Esta pesquisa se restringiu à escolha de <strong>restaurantes</strong> para ocasiões especiais com estudantes<br />

residentes na cidade do Rio de Janeiro. A escolha de ocasiões especiais foi intencional e teve<br />

por objetivo investigar fatores atitudinais presentes nesta escolha, por hipóteses mais<br />

presentes em situações cujo consumo é menos freqüente (UNCLES, DOWLING e<br />

2


HAMMOND, 2003). Entende-se por ocasiões especiais, aquelas situações em que busca algo<br />

diferente do dia-a-dia, seja para quebrar a rotina, seja para comemorar datas significativas,<br />

como Dia das Mães, Dia dos Pais, aniversários etc. (WARDE e MARTENS, 2000)<br />

Outro motivo para escolha de situações especiais foi servir de estímulo à memória do<br />

respondente. Como sugerem COOPER e SCHINDLER (2002), o uso de situações especiais se<br />

aproxima, de certo modo, às pesquisas que utilizam a técnica do incidente crítico, que<br />

investigam experiências de consumo extremamente positivas ou negativas. Assim, ambas<br />

podem ser úteis no estímulo à memória das experiências de consumo dos respondentes,<br />

melhorando as respostas dos mesmos em pesquisas de marketing.<br />

1.4 Relevância do <strong>estudo</strong><br />

Segundo GIL (1989), uma pesquisa deve informar a sua relevância em termos científicos e<br />

práticos.<br />

Em termos científicos, a relevância desta pesquisa pode ser auferida pela replicação de uma<br />

escala de <strong>lealdade</strong> proposta por MCMULLAN e GILMORE (2003). Trata-se de uma escala<br />

piloto, cuja replicação neste trabalho poderia contribuir para o desenvolvimento da teoria de<br />

Marketing, como sugerem HUBBARD e ARMSTRONG (1994).<br />

Do ponto de prático, esta pesquisa pretende avaliar uma escala de <strong>lealdade</strong> que poderá ser<br />

usada por donos de <strong>restaurantes</strong> e empresários para fins de segmentação de sua base de<br />

clientes, bem como para identificação de pontos de melhoria na sua oferta de serviço.<br />

1.5 Organização do <strong>estudo</strong><br />

Essa dissertação se divide em cinco capítulos, incluindo este capítulo de introdução. A partir<br />

de uma revisão de literatura são apresentadas no segundo capítulo as duas principais visões<br />

3


<strong>sobre</strong> <strong>lealdade</strong>, bem como os modelos que serviram de base para o <strong>estudo</strong> <strong>empírico</strong>. No<br />

terceiro capítulo, descreve-se a metodologia empregada nesta pesquisa, bem como as<br />

hipóteses da pesquisa. No quarto capítulo, são apresentados os resultados da pesquisa<br />

empírica a partir da análise descritiva da amostra, da análise por tabulação cruzada e da<br />

análise univariada. São também analisados os modelos de <strong>lealdade</strong> com o emprego da<br />

metodologia de equações estruturais, e em seguida, propõe-se um modelo que busca<br />

harmonizar as diferenças encontradas entre os modelos anteriores. Finalmente, são feitas<br />

algumas breves considerações <strong>sobre</strong> esse <strong>estudo</strong> e são realizadas sugestões para pesquisas<br />

futuras a respeito do tema. Ao final podem ser encontrados as referências bibliográficas e os<br />

anexos, que trazem um exemplar dos questionários utilizados e uma lista dos <strong>restaurantes</strong><br />

citados pelos respondentes.<br />

4


2. REFERENCIAL TEÓRICO<br />

Neste capítulo faz-se uma revisão da literatura <strong>sobre</strong> <strong>lealdade</strong>. Esta revisão parte da descrição<br />

dos benefícios da <strong>lealdade</strong> como objetivo estratégico das organizações. Em seguida, são<br />

apresentadas as duas principais visões <strong>sobre</strong> a <strong>lealdade</strong>: a <strong>lealdade</strong> comportamental e <strong>lealdade</strong><br />

atitudinal. Apresentam-se seus pontos de divergência e algumas polêmicas entre alguns<br />

autores <strong>sobre</strong> o construto de <strong>lealdade</strong> ideal. Por fim, apresentam-se dois modelos de <strong>lealdade</strong><br />

de consumidores, bem como <strong>estudo</strong>s exploratórios e <strong>empírico</strong>s <strong>sobre</strong> a <strong>lealdade</strong> em serviços.<br />

2.1 A importância da <strong>lealdade</strong> do ponto de vista estratégico.<br />

A defesa dos benefícios da <strong>lealdade</strong> é abundante na literatura de marketing. Diversos autores<br />

como DICK e BASU (1994), ZINS (2001), LOWENSTEIN (1995), OLIVER (1997, 1999)<br />

entre muitos outros ressaltam como principais conseqüências da <strong>lealdade</strong>: a propaganda boca<br />

a boca e a resistência a iniciativas de contra-persuasão de concorrentes, além a recompra e os<br />

lucros crescentes gerados pelos clientes leais ao longo do tempo (lifetime value). Estudos<br />

<strong>empírico</strong>s como o de REICHHELD e SASSER (1990) e o de GREMLER e BROWN (1999)<br />

mostram que quanto mais tempo uma empresa mantém um cliente, maior o lucro gerado<br />

individualmente pelo mesmo.<br />

A importância da <strong>lealdade</strong> pode ser ainda maior em mercados maduros e competitivos, onde o<br />

pouco crescimento do setor pode gerar movimentos intensos em busca da retenção da própria<br />

base de clientes, bem como uma disputa intensa pelos clientes dos concorrentes. (SHARP e<br />

SHARP, 1997 e DUBÉ e MAUTE, 1998)<br />

Conforme afirmam DICK e BASU (1994), embora a literatura <strong>sobre</strong> <strong>lealdade</strong> tenha dado<br />

maior ênfase à <strong>lealdade</strong> à marca de bens de consumo, o conceito de <strong>lealdade</strong> é fundamental<br />

também para os setores de serviços, bem como para o mercado corporativo.<br />

5


Por exemplo, REICHHELD e SASSER (1990) afirmaram, com base num <strong>estudo</strong> <strong>empírico</strong>,<br />

que a retenção de 5% dos clientes desertores possibilitaria a duplicação dos lucros totais de<br />

uma empresa. Por outro lado, a conquista de novos clientes pode envolver o investimento em<br />

programas de incentivo à força de vendas, publicidade e custos de prospecção, aumentando os<br />

custos de vendas. São muitas as empresas que investem na busca de novos clientes, porém<br />

não fazem o mesmo para manter e cativar os atuais.<br />

Apesar da sua importância, a busca da <strong>lealdade</strong>, bem como o seu gerenciamento, têm sido um<br />

dos grandes desafios aos executivos de marketing. Uma dificuldade prática é medir o impacto<br />

de programas de <strong>lealdade</strong> ou de programas de recuperação de falhas no relacionamento com<br />

clientes (DUBÉ e MAUTE, 1998; REINARTZ e KUMAR, 2000; UNCLES, DOWNLING e<br />

HAMMOND, 2003). Outro obstáculo é a determinação do custo da perda de um cliente,<br />

muitas vezes não conhecida nem contabilizada no negócio. (UNCLES, DOWNLING e<br />

HAMMOND, 2003)<br />

Talvez as dificuldades dos gestores sejam compreensíveis, uma vez que a própria academia<br />

continua debatendo o construto ideal da <strong>lealdade</strong>. A maioria dos autores defende a existência<br />

de diversas famílias de modelos de <strong>lealdade</strong>. (JACOBY e KYNER ,1973; DAY, 1969; DICK<br />

e BASU, 1994; GREMLER e BROWN, 1996; OLIVER, 1997, 1999; HART et al., 1998;<br />

RUYTER, WETZELS e BLOEMER, 1998; BOWEN e SHOEMAKER, 1998; CARUANA,<br />

2002)<br />

Estes modelos apontam diferentes dimensões, sendo muitas delas, rivais entre si. As<br />

controvérsias entre os diversos autores, tanto na academia quanto na prática, ocorrem em<br />

diversos níveis: no interior do construto, na importância de variáveis intervenientes e mesmo<br />

em modelos de comportamento do consumidor. Para tentar compreendê-las, serão<br />

6


apresentados os dois principais tipos de <strong>lealdade</strong>: a <strong>lealdade</strong> comportamental e a <strong>lealdade</strong><br />

atitudinal.<br />

2.2 A <strong>lealdade</strong> comportamental<br />

Historicamente os primeiros modelos de <strong>lealdade</strong> se basearam em bens duráveis. Nesta<br />

perspectiva, a <strong>lealdade</strong> é vista principalmente como um comportamento observável de<br />

recompra (UNCLES, DOWLING e HAMMOND, 2003). Assim, para medir a <strong>lealdade</strong> de um<br />

cliente, dever-se-ia analisar o seu histórico de compras. (CUNNINGHAM, 1956; TUCKER;<br />

1964; KAHN, KALWANI e MORRISON, 1986)<br />

A operacionalização do construto neste caso inclui a medição de fatores de mercado como<br />

proporção de compras (CUNNINGHAM, 1956), seqüência de compras (KAHN, KALWANI<br />

e MORRISON, 1986), tíquete médio, taxa de penetração, longevidade, volume e quantidade<br />

de clientes-chave, freqüência média de compras e técnicas estocásticas descritivas de compras<br />

passadas. (JACOBY e KYNER, 1973; UNCLES, DOWLING e HAMMOND, 2003)<br />

Os defensores da <strong>lealdade</strong> comportamental apontam a existência da abundância de dados<br />

<strong>empírico</strong>s que suportam esta perspectiva. Pode-se considerar que há uma escola inglesa que<br />

defende esta abordagem, considerando-as como a melhor forma de medir a <strong>lealdade</strong>. Autores<br />

como Andrew Ehrenberg, Mark Uncles, Grahame Downling, entre outros, defendem o uso<br />

exclusivo de medidas comportamentais em relação à <strong>lealdade</strong>.<br />

Dentre as vantagens do uso de medidas comportamentais, pode-se citar a maior confiabilidade<br />

dos dados em produtos ou serviços que apresentam alta freqüência de compras. Alguns<br />

exemplos são produtos de higiene e limpeza, <strong>restaurantes</strong> de fast food, usuários freqüentes de<br />

companhias aéreas. Nestes casos, haveria um baixo envolvimento dos consumidores com<br />

produtos de compra, cuja escolha normalmente é fruto da rotina. Muitos consumidores não<br />

7


sentiriam a necessidade de se relacionar com uma marca ou mesmo nem reconheceriam as<br />

mesmas como presentes no seu conjunto de valores simbólicos e individuais. (UNCLES,<br />

DOWLING e HAMMOND, 2003)<br />

Outra razão para o uso de critérios comportamentais estaria no fato de que os consumidores<br />

apresentam <strong>lealdade</strong> a múltiplas marcas (SHETH e PARK, 1974; UNCLES, DOWLING e<br />

HAMMOND, 2003). Mais recentemente, a acirrada competição entre empresas promoveu<br />

uma multiplicidade de ofertas com nível compatível de qualidade. Ao longo da década de 80,<br />

falou-se então da erosão da <strong>lealdade</strong> à marca, principalmente entendida como a compra<br />

repetida e exclusiva de uma mesma oferta. (YIM e KANNAN, 1999)<br />

Para alguns autores a <strong>lealdade</strong> a múltiplas marcas seria o resultado do grande número de<br />

produtos dentro de uma mesma categoria e da baixa diferenciação entre eles. Em seu <strong>estudo</strong>,<br />

ZINS (2001) empregou o modelo de DICK e BASU (1994) para avaliar passageiros de<br />

companhias aéreas. Seus resultados sugerem que houve um baixo grau de diferenciação na<br />

atitude dos consumidores em relação às empresas estudadas. Assim, não seria adequado o uso<br />

de medidas atitudinais em setores cuja base de clientes apresente um grau de atitude muito<br />

semelhante em relação às diferentes marcas.<br />

2.3 A <strong>lealdade</strong> atitudinal<br />

As medidas comportamentais, tais como compra repetida e porcentagem total das compras,<br />

têm sido criticadas por “refletirem uma visão muito estreita do relacionamento entre<br />

consumidores e empresas” (JACOBY e CHESTNUT, 1978 apud OLIVER, 1997; BLOEMER<br />

e RUYTER, 1999). Por exemplo, um baixo grau de compra repetida de um produto ou serviço<br />

poderia ser resultado de fatores situacionais, tais como disponibilidade ou falta de recursos.<br />

8


Por outro lado, as compras repetidas de uma marca não representam preferência, mas sim<br />

indiferença em relação às ofertas, inércia ou alto custo de troca para os consumidores.<br />

A maior fraqueza do uso de definições operacionais é o foco nos resultados do processo de<br />

escolha. Na verdade, a ênfase deveria estar nos fatores que afetam este processo. (JACOBY e<br />

KYNER, 1973; TANKERSELEY, 1977).<br />

Apesar de estarem baseadas em indicadores confiáveis e detalhados de compra, a menos que<br />

sejam complementadas por outras variáveis psicológicas, as medidas comportamentais<br />

oferecem um baixo poder de análise. Ao se restringir apenas ao histórico de compras, não se<br />

poderiam distinguir os consumidores realmente envolvidos e comprometidos no processo de<br />

compra. (DAY, 1969; JACOBY e CHESTNUT, 1978 apud OLIVER, 1997)<br />

JACOBY e CHESTNUT (1978) apud OLIVER (1997) atentaram para o fato de que não se<br />

deve inferir a <strong>lealdade</strong> do consumidor, baseando-se apenas na freqüência de repetição de<br />

compra. Sem levar em conta a <strong>lealdade</strong> espúria e a <strong>lealdade</strong> latente, clientes fiéis a mais de<br />

uma marca (multibrand loyalty ou split loyalty) pareceriam ser exclusivamente fiéis, pois<br />

comprariam freqüentemente uma determinada marca.<br />

A inclusão da dimensão “atitude” no construto da <strong>lealdade</strong> foi proposta pela primeira vez na<br />

literatura por DAY (1969). O autor defendeu o uso de itens atitudinais na avaliação da<br />

<strong>lealdade</strong> para superar os problemas da segmentação dos consumidores que apresentavam altas<br />

taxas de recompra.<br />

Esta abordagem foi estudada também por JACOBY (1971) ao identificar a <strong>lealdade</strong> a<br />

múltiplas marcas. Sua abordagem considerava que dentro de um grupo limitado de marcas,<br />

estas podiam ser substituídas entre si, desde que possuíssem alguns requisitos básicos de<br />

qualidade equivalentes. A <strong>lealdade</strong> a uma única marca somente era possível caso não<br />

9


houvesse – na concepção do consumidor – a menor possibilidade de se adquirir nenhuma<br />

outra marca concorrente.<br />

Esta perspectiva “aditiva” <strong>sobre</strong> o construto da <strong>lealdade</strong> leva em conta aspectos<br />

comportamentais e atitudinais. Ela representa o pensamento de DAY (1969), JACOBY e<br />

KYNER (1973), DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997, 1999).<br />

JACOBY e KYNER (1973) oferecem uma definição de <strong>lealdade</strong> que integra componentes<br />

comportamentais e atitudinais. A sua definição é expressa em termos de seis condições<br />

necessárias e coletivamente suficientes:<br />

“Lealdade à marca é a ação comportamental (1) intencional (2) (não-aleatória), expressa no<br />

tempo (3) por uma unidade de compra (4), em relação a um conjunto de marcas alternativas<br />

(5) e é uma função de processos psicológicos (6).” (JACOBY e KYNER, 1973, p. 2)<br />

Assim, os modelos atitudinais descrevem os clientes leais como ligados afetivamente à<br />

empresa. Já clientes com <strong>lealdade</strong> espúria seriam aqueles clientes que compram há anos por<br />

simples conveniência e falta de opções (HART et al 1998), não desenvolvem nenhum<br />

relacionamento com a mesma (BUTCHER et al., 2001) e, eventualmente, nem mesmo são<br />

rentáveis. (REINARTZ e KUMAR, 2000)<br />

Antes de apresentar os modelos conceituais e <strong>empírico</strong>s dos modelos atitudinais da <strong>lealdade</strong><br />

propostos na literatura é preciso descrever alguns fundamentos psicométricos indispensáveis<br />

para o <strong>estudo</strong> da <strong>lealdade</strong> sob a perspectiva do comportamento do consumidor.<br />

2.3.1. Fundamentos Psicométricos<br />

Uma dificuldade operacional no <strong>estudo</strong> de DAY (1969) se encontrava na medição da atitude<br />

em relação à marca com apenas um indicador. O próprio autor reconheceu este problema<br />

10


devido à baixa confiabilidade de um único item, principalmente se medido num <strong>estudo</strong> não-<br />

longitudinal. (BOHRNSTEDT, 1993)<br />

Por sua vez, a pesquisa do conceito de atitude na Psicologia se encontra em pleno<br />

desenvolvimento. Alguns autores consideram a existência de disputas <strong>sobre</strong> a natureza da<br />

atitude. Por exemplo SEEMAN (1993) defende que apesar dos evidentes avanços das técnicas<br />

sofisticadas de análise, a pesquisa <strong>sobre</strong> a atitude se encontra com temas recorrentes, entre os<br />

quais a ligação entre atitude e comportamento, seja talvez o mais relevante para o Marketing.<br />

Descreve-se a definição recolhida em AJZEN (1993) em que a atitude é:<br />

A disposição de um indivíduo em reagir de modo favorável ou desfavorável<br />

em relação a um objeto, comportamento, pessoa, instituição, evento ou<br />

qualquer outro aspecto relevante para o conjunto de valores do indivíduo.<br />

(AJZEN,1993, p. 41)<br />

Segundo SEEMAN (1993) esta é a definição clássica de atitude, ao falar de orientações<br />

parcialmente estáveis em relação a objetos sociais. Em situações de consumo, alguns<br />

exemplos de objetos da atitude são produtos, marcas, serviços, pessoas, propaganda, preço,<br />

entre outros.<br />

ROSENBERG e HOVLAND (apud BAGOZZI et al., 1979) defendem um modelo de atitude<br />

com três componentes – o chamado modelo hierárquico de atitude. Trata-se de agrupar todas<br />

as avaliações em três conjuntos que, em última análise, remontam até Platão: os componentes<br />

cognitivos, afetivos e conativos. (AJZEN, 1993)<br />

SCHIFFMAN e KANUK (2000) recolhem as descrições de um modo mais didático:<br />

Componente cognitivo – abrange o conhecimento e as percepções que são adquiridas por<br />

uma combinação de informações de várias fontes e da experiência direta do indivíduo com o<br />

objeto da atitude. Este conhecimento e as percepções resultantes se transformam em crenças<br />

11


<strong>sobre</strong> o objeto. Desta forma, o consumidor acredita que o objeto em questão possui vários<br />

atributos e que um comportamento específico de sua parte levará a resultados específicos por<br />

parte do objeto.<br />

Componente afetivo – composto pelas emoções e/ou sentimentos do consumidor quanto ao<br />

objeto da atitude. Estas emoções e sentimentos são freqüentemente tratados na literatura como<br />

avaliáveis por natureza, isto é, é possível captar a avaliação direta ou global da atitude que um<br />

indivíduo possui em relação a um objeto. Estas experiências carregadas de afeição também se<br />

manifestam como estados emocionais temporários (como, por exemplo, alegria, tristeza,<br />

vergonha, desgosto, raiva, angústia, culpa ou surpresa). Estes estados emocionais podem<br />

melhorar ou ampliar experiências de compra positivas ou negativas, impactando a memória<br />

do consumidor e, conseqüentemente, as suas ações futuras.<br />

Componente conativo – baseia-se nas intenções do consumidor, isto é, a probabilidade ou<br />

tendência de que um indivíduo irá realizar uma ação específica ou se comportar de uma<br />

determinada maneira com relação ao objeto da atitude. De acordo com algumas<br />

interpretações, o componente conativo pode incluir também o comportamento em si.<br />

AJZEN (1993) propõe duas conseqüências empíricas do modelo hierárquico de atitude.<br />

Primeiramente, deve haver algum grau de correlação entre os três componentes. Em segundo<br />

lugar, deve-se pensar se há um modelo único de atitude ou os três componentes são realmente<br />

diferentes entre si. Apesar das controvérsias, a maior parte das pesquisas empíricas da<br />

literatura apontam para um único fator com explicação razoável da variância, bem como uma<br />

boa correlação entre as medidas dos três componentes. (BAGOZZI et al. 1979; BAGOZZI e<br />

BURNKRANT, 1980)<br />

12


Com relação à importância ou à ordem entre os componentes da atitude, há diferentes<br />

perspectivas, como por exemplo, a seqüência cognitiva-afetiva-conativa, ou a afetiva-<br />

cognitiva-conativa, dentre outras. Cada seqüência pode ser mais representativa dependendo<br />

das diversas situações de compras, o grau de envolvimento dos consumidores e a diferença<br />

percebida entre as diversas ofertas de produtos e serviços.<br />

A abordagem mais tradicional na formação da atitude é a teoria da aprendizagem cognitiva<br />

(AJZEN, 1993). Esta abordagem sugere que a aprendizagem do consumidor envolve um<br />

complexo processamento mental da informação (SCHIFFMAN e KANUK, 2000). Sendo<br />

assim, o desenvolvimento de atitudes começaria na formação seqüencial de crenças, gostos e<br />

intenções. Para AJZEN (1993), a formação da atitude é baseada na estrutura cognitiva do<br />

indivíduo a partir das crenças mais salientes e do uso de um modelo de valor-expectativa.<br />

Outros autores como HOLBROOK e BATRA (1987) encontraram num <strong>estudo</strong> <strong>empírico</strong> um<br />

impacto mais significativo do componente afetivo na determinação da atitude. BODUR,<br />

BRINBERG e COUPEY (2000) descobriram resultados que indicam que a afeição influi na<br />

formação da atitude de um modo direto e independente do componente cognitivo. Um<br />

exemplo pode ser representado em situações de compras por impulso.<br />

DICK e BASU (1994, p. 104) indicam que as emoções podem superar os antecedentes<br />

cognitivos em duas situações: (1) quando o comportamento passado é considerado adequado,<br />

o desenvolvimento de uma avaliação cognitiva é inibido e as emoções passadas são<br />

resgatadas, podendo determinar o comportamento, e (2) uma vez tornado habitual por meio de<br />

repetidas experiências passadas, o comportamento se torna menos sensível às avaliações<br />

cognitivas e mais guiado pelas emoções passadas. Este pensamento é corroborado por<br />

ALLEN, MACHLEIT e KLEINE (1992).<br />

13


O modelo hierárquico da atitude baseado na teoria do aprendizado cognitivo apresenta sua<br />

maior força quando há alto envolvimento por parte do consumidor. Quando este envolvimento<br />

é baixo a seqüência seguiria uma ordem cognitiva-conativa-afetiva.<br />

Considera-se que as atitudes têm quatro características: direção, intensidade, saliência e<br />

diferenciação. A direção se refere à inclinação positiva, negativa ou neutra em relação a um<br />

objeto. A intensidade de uma atitude identifica-se com a força do componente afetivo. A<br />

saliência refere-se ao grau de importância percebida de uma atitude no sistema de valores do<br />

individuo. Por fim, a diferenciação da atitude é diretamente proporcional às diferentes<br />

crenças, valores e outras atitudes que servem de apoio a uma determinada atitude.<br />

(BODWITCH e BUONO, 2001)<br />

Há ainda modelos de atitude mais sofisticados como a Teoria da Ação Racionalizada (Reason<br />

Action Theory) de FISHBEIN e AJZEN (1980), Modelo do Comportamento Planejado<br />

(Theory of Planned Behavior) de AJZEN (1985) e mais recentemente o Modelo de<br />

Experimentação (BAGOZZI 1990). Apesar destes modelos não terem sido utilizados nesta<br />

pesquisa, o exame dos modelos de <strong>lealdade</strong> nos tópicos a seguir mostrará que muitas de suas<br />

idéias inspiraram os modelos de <strong>lealdade</strong> na perspectiva do Marketing.<br />

2.3.2. O modelo de DICK e BASU (1994)<br />

O artigo de DICK e BASU (1994) é uma das referências recentes mais citadas ao analisar a<br />

<strong>lealdade</strong> sob a perspectiva atitudinal. Para estes autores, apesar da pesquisa <strong>sobre</strong> <strong>lealdade</strong> em<br />

Marketing ter tido seu foco principal em relação a marcas, o conceito de <strong>lealdade</strong> é<br />

fundamental para empresas de serviços e varejistas.<br />

DICK e BASU (1994) adotaram o modelo de <strong>lealdade</strong> de DAY (1969) e JACOBY e KYNER<br />

(1973), desenvolvendo um modelo integrado, no qual a <strong>lealdade</strong> é fruto da combinação entre<br />

14


o comportamento de repetição de compra do consumidor e a sua atitude relativa com relação<br />

ao objeto de consumo. A introdução do conceito de atitude relativa foi a principal<br />

contribuição destes autores no desenvolvimento do construto de <strong>lealdade</strong>:<br />

“Considerando a validade da previsão de comportamentos, pode ser mais<br />

vantajoso comparar marcas consideradas relevantes pelos consumidores<br />

numa determinada situação de consumo. O conceito de atitude relativa pode<br />

fornecer uma previsão mais robusta do comportamento de recompra do que<br />

uma atitude com respeito a uma determinada marca tomada isoladamente.<br />

Duas dimensões, a intensidade atitudinal e o grau de diferenciação da atitude<br />

fundamentam a atitude relativa de um consumidor com relação a um objeto.”<br />

(DICK e BASU, 1994; p. 101)<br />

Ao correlacionar atitude relativa e repetição de compra, DICK e BASU (1994) identificam<br />

quatro tipos de <strong>lealdade</strong>: verdadeira, latente, espúria e ausência de <strong>lealdade</strong>.<br />

A <strong>lealdade</strong> verdadeira é aquela em que o consumidor apresenta uma alta atitude relativa em<br />

relação à determinada marca e um alto comportamento de recompra.<br />

A <strong>lealdade</strong> latente é a forte preferência ou atitude em relação à marca, porém com um baixo<br />

comportamento de recompra devido a circunstâncias ambientais ou situacionais.<br />

A <strong>lealdade</strong> espúria ocorre quando o consumidor freqüentemente adquire uma mesma marca,<br />

porém não considera a marca com atributos significativamente diferentes das demais. A<br />

recompra periódica pode ocorrer em situações onde não há alternativas de escolha ou a<br />

escolha é realizada com base em hábitos passados.<br />

A ausência de <strong>lealdade</strong> ocorre quando os consumidores não diferenciam as marcas e<br />

apresentam baixo comportamento de recompra. A Figura 2.1 ilustra a relação existente entre<br />

a atitude relativa e a repetição de compra:<br />

15


ATITUDE RELATIVA<br />

ALTA<br />

BAIXA<br />

REPETIÇÃO DE COMPRA<br />

ALTA BAIXA<br />

Lealdade<br />

Lealdade<br />

Espúria<br />

Lealdade<br />

Latente<br />

Ausência de<br />

Lealdade<br />

Figura 2.1 Framework de DICK e BASU (1994)<br />

Seguindo a fundamentação dos pesquisadores de atitude, DICK e BASU (1994) propõem que<br />

a atitude relativa é influenciada por antecedentes cognitivos, afetivos e conativos,<br />

descrevendo os fatores que compõem cada antecendente.<br />

Antecedentes cognitivos<br />

• Acessibilidade – é o grau de facilidade com que uma atitude pode ser recuperada pela<br />

memória;<br />

• Confiança – é o nível de certeza associado a uma atitude;<br />

• Centralidade – é o grau com que uma atitude em relação a uma marca é associada ao<br />

conjunto de valores de um consumidor;<br />

• Clareza – uma atitude é clara quando o indivíduo a considera como sendo a única<br />

aceitável entre as alternativas que possui.<br />

16


Antecedentes afetivos<br />

• Emoções – levam o indivíduo a reter sua atenção em alvos específicos e são capazes de<br />

modificar o seu comportamento;<br />

• Humor / estado emocional – pode influenciar a <strong>lealdade</strong> por meio do seu impacto <strong>sobre</strong><br />

a acessibilidade, tornando o conhecimento relacionado ao estado emocional atual mais<br />

presente na memória do indivíduo;<br />

• Afeto primário – é uma resposta imediata, independente de aspectos cognitivos,<br />

estimulada pela presença de uma determinada atitude ou objeto que influencia o grau<br />

de associação entre a atitude e o comportamento do indivíduo;<br />

• Satisfação – é a avaliação feita pelo consumidor <strong>sobre</strong> o grau com que um produto ou<br />

serviço sacia suas necessidades em relação às suas expectativas. (OLIVER, 1997)<br />

Antecedentes conativos<br />

• Custos de mudança – são custos que devem ser incorridos quando se deseja mudar de<br />

fornecedor;<br />

• Custos afundados – são custos que já foram incorridos, que não podem ser recuperados<br />

e que não devem ser considerados na análise de novos investimentos;<br />

• Expectativas – refletem o ajuste entre as ofertas presentes e futuras do mercado e as<br />

necessidades e desejos dos consumidores.<br />

Se os antecedentes cognitivos, afetivos e conativos forem consistentemente favoráveis a uma<br />

marca, sua diferenciação em relação às demais deve aumentar visto que o consumidor tende a<br />

apresentar uma atitude relativa mais positiva. (DICK e BASU, 1994). A Figura 2.2 ilustra o<br />

modelo de <strong>lealdade</strong> destes autores.<br />

17


COGNIÇÃO<br />

1. Acessibilidade<br />

2. Confiança<br />

3. Centralidade<br />

4. Clareza<br />

AFEIÇÃO<br />

1. Emoção<br />

2. Humor<br />

3. Afeto primário<br />

4. Satisfação<br />

CONAÇÃO<br />

1. Custos de<br />

Mudança<br />

2. Custos afundados<br />

3. Expectativas<br />

Figura 2.2 Modelo Integrado de Lealdade de DICK e BASU (1994)<br />

Fatores Sociais / Situacionais<br />

Os fatores sociais (normas sociais) e situacionais também influenciam o comportamento de<br />

repetição de compra. Tais fatores podem endossar ou se contrapor a uma dada atitude relativa.<br />

As normas sociais quando contrárias a uma atitude relativa, podem fazer com que esta seja<br />

destoante do comportamento do indivíduo<br />

RELACIONAMENTO DE LEALDADE<br />

ATITUDE<br />

RELATIVA<br />

NORMAS<br />

SOCIAIS<br />

FATORES<br />

SITUACIONAIS<br />

RECOMPRA<br />

Já os fatores situacionais são elementos exógenos àqueles determinantes da atitude relativa e<br />

podem gerar inconsistências no relacionamento entre atitude e comportamento.<br />

CONSEQÜÊNCIAS<br />

1. Motivação de<br />

busca<br />

2. Resistência à<br />

contra-persuasão<br />

3. Boca a boca<br />

18


Conseqüências da Lealdade<br />

As implicações da <strong>lealdade</strong> do consumidor, segundo DICK e BASU (1994), podem ser<br />

divididas em três grupos: motivação para procura, resistência à contra persuasão e divulgação<br />

boca a boca.<br />

Motivação de busca<br />

A motivação de busca é resultante da comparação entre os benefícios auferidos e os custos de<br />

procura. Os benefícios mais significativos são preços inferiores, satisfação decorrente da<br />

certeza de ter feito um “bom negócio” e o ganho de informação. Já os custos mais expressivos<br />

da procura são a perda de tempo, dinheiro e desgaste físico e mental.<br />

Resistência à contra persuasão<br />

DICK e BASU (1994) ressaltam que pesquisadores de diferentes linhas de pesquisa<br />

constataram que indivíduos altamente comprometidos com objetos, eventos ou assuntos<br />

demonstram uma maior resistência às tentativas de persuasão. Ou seja, clientes fiéis a uma<br />

marca tendem a ser muito menos sensíveis aos esforços de comunicação empreendidos pelos<br />

concorrentes.<br />

Divulgação boca a boca<br />

A divulgação boca a boca da satisfação ou insatisfação parece estar ligada a situações onde o<br />

cliente vivência experiências emocionais mais intensas.<br />

2.3.3. O modelo de OLIVER (1997)<br />

OLIVER propõe uma definição de <strong>lealdade</strong> ancorada na noção de comprometimento. Em suas<br />

palavras <strong>lealdade</strong> é:<br />

“Um comprometimento profundo em comprar ou utilizar novamente um<br />

produto ou serviço consistentemente, no futuro, e, assim, causar compras<br />

repetidas da mesma marca ou mesmo de um conjunto de marcas, apesar de<br />

19


influências situacionais e esforços de marketing que possam causar<br />

comportamento de mudança.” (OLIVER, 1997; p. 392)<br />

A definição considera o comportamento de repetição de compra, a influência dos aspectos<br />

psicológicos (representados pelo comprometimento), fatores situacionais e do poder de<br />

persuasão da concorrência no processo de formação <strong>lealdade</strong> do consumidor.<br />

OLIVER (1997) em seu modelo também utilizou o trabalho de JACOBY e CHESTNUT<br />

(1978) como base, isto é, optou pelo uso da cognição, afeição e conação no <strong>estudo</strong> da<br />

<strong>lealdade</strong>. Seu trabalho difere do DICK e BASU (1994) em dois aspectos fundamentais:<br />

• Na visão de DICK e BASU (1994), cognição, afeição e conação são os antecedentes<br />

dos quais resulta a atitude relativa que, influenciada pela norma social e pelos fatores<br />

situacionais, pode gerar o comportamento de repetição de compra e posteriormente a<br />

<strong>lealdade</strong>. Na concepção de OLIVER (1997), existem diferentes estágios de <strong>lealdade</strong> –<br />

<strong>lealdade</strong> cognitiva, <strong>lealdade</strong> afetiva e <strong>lealdade</strong> conativa. Esses estágios são em geral<br />

seqüenciais (apesar de existirem exceções), no sentido de que a <strong>lealdade</strong> conativa<br />

pressupõe a existência da <strong>lealdade</strong> afetiva que pressupõe a existência da <strong>lealdade</strong><br />

cognitiva.<br />

• OLIVER (1997) propõe a existência de um quarto estágio: a <strong>lealdade</strong> ativa, na qual o<br />

consumidor transforma em ação (comportamento) a intenção de recomprar uma<br />

marca.<br />

Primeira etapa – Lealdade cognitiva<br />

A <strong>lealdade</strong> cognitiva pode ser alcançada quando o consumidor julga que uma determinada<br />

marca é superior às demais. Tal julgamento é feito tomando como base os atributos, o custo,<br />

os benefícios, a qualidade e a performance do bem ou produto associado àquela marca.<br />

20


Esse estágio de <strong>lealdade</strong> possui vínculos frágeis com o cliente, pois é sustentado apenas por<br />

“informação”. O desenvolvimento para a etapa posterior, a <strong>lealdade</strong> afetiva, poderá ocorrer<br />

dependendo de fatores como satisfação e envolvimento.<br />

Segunda etapa – Lealdade afetiva<br />

Para atingir essa segunda etapa, o consumidor já deve ter desenvolvido uma atitude em<br />

relação à marca, fruto do consumo do bem ou serviço por várias vezes, gerando assim um<br />

acúmulo de satisfação.<br />

A <strong>lealdade</strong> afetiva é mais profunda do que a cognitiva na medida em que já floresce um<br />

comprometimento, codificado na mente do consumidor em termos de afetividade e cognição.<br />

Contudo, a <strong>lealdade</strong> exibida nesse estágio ainda não pode ser considerada definitiva, posto<br />

que, conforme ressaltaram diversos autores, consumidores satisfeitos não são necessariamente<br />

clientes fiéis. (JONES e SASSER JR, 1995; REICHHELD, 1996)<br />

Terceira etapa – Lealdade conativa<br />

A <strong>lealdade</strong> conativa é um estágio mais avançado do que a afetiva, uma vez que o consumidor<br />

já possui um profundo desejo em recomprar uma marca específica. Na verdade, trata-se de<br />

uma etapa onde ele demonstra ter desenvolvido uma intenção de recompra expressa em<br />

termos comportamentais. Essa forte motivação para recomprar tende a se transformar numa<br />

ação, contudo está sujeita a não realização, já que se trata de uma intenção.<br />

Quarta etapa – Lealdade ativa<br />

É a etapa em que a intenção demonstrada na <strong>lealdade</strong> conativa é transformada em prontidão<br />

para ação, onde o consumidor assume um compromisso em recomprar a marca<br />

consistentemente no futuro, resultando na compra repetitiva de uma marca.<br />

21


Repetindo-se a prontidão para a ação em conjunto com a “vontade extra” de passar <strong>sobre</strong> os<br />

obstáculos que se apresentam no caminho da <strong>lealdade</strong>, o consumidor está apto a desenvolver o<br />

que o autor chama de “ação inercial”. Essa ação inercial caracteriza-se pelo hábito de<br />

recomprar a marca preferida, o que implica na constatação de que o comportamento torna-se<br />

seu próprio guia.<br />

Para OLIVER (1997) há alguns obstáculos no desenvolvimento da <strong>lealdade</strong>:<br />

Idiossincrasias individuais –alguns aspectos relacionados à natureza do consumo, são<br />

contrários à <strong>lealdade</strong>. Dentre eles destacam-se: a busca por variedade e experimentação, a<br />

mudança das necessidades do consumidor, a desistência da categoria de produto ou serviço<br />

representada pela marca preferida e a <strong>lealdade</strong> a mais de uma marca.<br />

Incentivos para a troca – decorrem basicamente do forte poder de persuasão que a<br />

concorrência exerce <strong>sobre</strong> o consumidor.<br />

Para o autor, todas as etapas da <strong>lealdade</strong> possuem vulnerabilidades e forças de sustentação que<br />

podem impedir o seu progresso para a etapa posterior ou até mesmo conduzir o consumidor à<br />

des<strong>lealdade</strong>. As forças de sustentação e as vulnerabilidades podem ser vistas como<br />

antecedentes para cada estágio da <strong>lealdade</strong>. A Figura 2.3 apresenta o modelo de <strong>lealdade</strong> de<br />

OLIVER (1997), as forças de sustentação e vulnerabilidades.<br />

A <strong>lealdade</strong> cognitiva é a mais vulnerável, pois é baseada em performance apenas e<br />

direcionada à análise de custos e benefícios. Apesar de chamar esta fase de <strong>lealdade</strong> cognitiva,<br />

OLIVER (1997), neste estágio o consumidor não é leal à marca, pois ainda não desenvolveu<br />

uma atitude em relação a ela.<br />

22


Estágio Sustentação Vulnerabilidade<br />

Cognitiva<br />

Afetiva<br />

Conativa<br />

Ativa<br />

Custo<br />

Benefícios<br />

Qualidade<br />

Satisfação<br />

Envolvimento<br />

Preferência<br />

Comprometimento<br />

Consistência Cognitiva<br />

Inércia<br />

Custos Afundados<br />

Figura 2.3 O Modelo de Lealdade de Quatro Estágios de OLIVER (1997)<br />

Por sua vez, na <strong>lealdade</strong> afetiva o consumidor já possui uma atitude positiva em relação à<br />

marca, o que contribui para o estreitamento dos vínculos da <strong>lealdade</strong>. Contudo, episódios de<br />

insatisfação podem resultar na erosão da base cognitiva, atingindo também a <strong>lealdade</strong> afetiva.<br />

Na etapa seguinte, a <strong>lealdade</strong> conativa manifesta-se no consumidor pela sua intenção de<br />

manter um compromisso de <strong>lealdade</strong>. OLIVER (1997) ressalta que a essa altura a empresa já<br />

deve ter desenvolvido a <strong>lealdade</strong> cognitiva e afetiva, posto que o consumidor demonstra uma<br />

preferência pela marca, fruto da qualidade do produto e da informação que é transmitida ao<br />

consumidor e da contínua habilidade em satisfazê-lo.<br />

Custo<br />

Benefícios<br />

Qualidade<br />

Insatisfação<br />

Persuasão<br />

Experimentação Induzida<br />

Persuasão<br />

Experimentação Induzida<br />

Persuasão<br />

Experimentação Induzida<br />

A maior ameaça à <strong>lealdade</strong> conativa reside na forte persuasão da concorrência que procura<br />

estimular a insatisfação do cliente com a marca à qual ele se propõe a ser fiel. A possibilidade<br />

de provar gratuitamente os bens ou serviços da concorrência também coloca em xeque a<br />

<strong>lealdade</strong> conativa, posto que o consumidor ainda é suscetível a novas experiências.<br />

23


De acordo com OLIVER (1997), somente no estágio da <strong>lealdade</strong> ativa, o consumidor terá<br />

desenvolvido as habilidades necessárias para superar a quase totalidade das ameaças e<br />

obstáculos que se opõem à <strong>lealdade</strong>, mas mesmo assim não estará imune aos ataques da<br />

concorrência e daquelas ameaças e obstáculos não previstos e, portanto, mais difíceis de<br />

serem transpostos.<br />

2.4 Polêmicas nas Medidas de Lealdade<br />

Embora boa parte do pensamento atual propõe que a <strong>lealdade</strong> inclui outras dimensões além da<br />

comportamental, alguns pesquisadores continuam medindo a <strong>lealdade</strong> exclusivamente a partir<br />

de medidas comportamentais. (GREMLER e BROWN, 1996)<br />

Na verdade, poderia se falar inclusive de uma Escola Inglesa <strong>sobre</strong> a <strong>lealdade</strong>. “Liderada”<br />

pelo respeitável professor Andrew Ehrenberg, esta escola defende o uso exclusivo de modelos<br />

estocásticos da <strong>lealdade</strong>, como o modelo Dirichlet, Cadeias de Markov e Equações de<br />

Bernoulli. (DEKIMPE et al., 1997; KAHN, KALWANI e MORRISON, 1986; DALL'OLMO<br />

RILEY et al., 1997; SHETH e PARK, 1974; UNCLES, DOWLING e HAMMOND, 2003)<br />

Alguns dos defensores de tais medidas como DALL'OLMO RILEY et al. (1997) contestam o<br />

uso de ítens atitudinais para investigar <strong>lealdade</strong>. Num <strong>estudo</strong> <strong>empírico</strong> com respondentes<br />

norte-americanos e britânicos, eles encontraram uma grande variabilidade nas respostas dos<br />

entrevistados. Os mesmos questionários (ligeiramente adaptados para cada produto ou<br />

serviço) foram aplicados duas vezes para os mesmos respondentes com um intervalo de tempo<br />

que variou de 1 a 18 meses. Metade dos entrevistados mudou suas respostas em relação à<br />

primeira aplicação do questionário. Estes resultados contrariam o pressuposto da estabilidade<br />

das respostas <strong>sobre</strong> atitudes em relação a diversas categorias de produtos ao longo do tempo.<br />

24


Outro exemplo é a disputa <strong>sobre</strong> a ligação entre atitude e comportamento (cujas bases<br />

epistemológicas encontram-se na Psicologia). Em diversos artigos e réplicas BALDINGER e<br />

RUBINSON (1996,1997) e EHRENBERG (1997a, 1997b) evidenciam as diferenças de<br />

pensamento entre aqueles que defendem o uso de medidas atitudinais e comportamentais, dos<br />

que propõem a primazia de medidas comportamentais.<br />

Outra linha de ação se encontra no questionamento <strong>sobre</strong> a capacidade de produtos de uso<br />

freqüente desenvolverem algum tipo de atitude (UNCLES, DOWLING e HAMMOND,<br />

2003). Para estes autores, o uso de medidas atitudinais só faria sentido em categorias de<br />

produtos e serviços em que há envolvimento suficiente por parte do consumidor. Outra<br />

característica é o grande nivelamento de marcas consideradas aceitáveis pelos consumidores.<br />

Assim, segundo eles, não faria sentido ser leal exclusivamente a uma marca, pois haveria na<br />

verdade um conjunto de opções aceitáveis para o consumidor.<br />

Outros são mais contundentes e afirmam que falar de <strong>lealdade</strong> verdadeira e <strong>lealdade</strong> espúria é<br />

“um argumento sem sentido que carece de base científica”. (SHARP, SHARP e WRIGHT,<br />

1997, p. 2)<br />

No outro extremo existem ainda autores como BUTCHER et al. (2001) que criticam o uso<br />

simultâneo de medidas atitudinais e comportamentais. Em seu artigo, eles defendem o uso de<br />

medidas exclusivamente atitudinais para medir a <strong>lealdade</strong>.<br />

2.5 Estudos exploratórios da Lealdade em Serviços<br />

2.5.1. Lealdade em Serviços por CZEPIEL e GILMORE (1987)<br />

Num artigo seminal <strong>sobre</strong> <strong>lealdade</strong> em serviços, CZEPIEL e GILMORE (1987) propuseram<br />

uma definição de <strong>lealdade</strong> fundamentada na “disposição de continuar num relacionamento de<br />

troca, baseando-se apenas nas experiências passadas deste relacionamento” (p. 91). As<br />

25


conseqüências comportamentais desta atitude não seriam apenas a recompra, mas também a<br />

manifestação de insatisfação em vez do abandono puro e simples do relacionamento.<br />

Os autores falam do desenvolvimento da <strong>lealdade</strong> através de quatro fatores: sentido de<br />

identidade e posse, confiança, comprometimento e atitudes positivas. Ao descrever a <strong>lealdade</strong><br />

em serviços, os autores desenvolvem um modelo do potencial de desenvolvimento de <strong>lealdade</strong><br />

de acordo com o tipo de serviço.<br />

Habilidade e Desejo de<br />

Personalização<br />

ALTA<br />

BAIXA<br />

Lealdade ao<br />

Serviço<br />

Baixo Potencial<br />

Lealdade<br />

Lealdade com<br />

Laços Duplos<br />

Lealdade ao<br />

Provedor<br />

BAIXA ALTA<br />

Intensidade da Interação<br />

Figura 2.4 Potencial de Lealdade de Acordo com o<br />

Tipo de Serviço: CZEPIEL e GILMORE (1987)<br />

Uma outra contribuição importante no <strong>estudo</strong> da <strong>lealdade</strong> é o conceito não-instrumental de<br />

<strong>lealdade</strong>. Segundo estes autores, a <strong>lealdade</strong> se aproximaria da origem etimológica da palavra 1<br />

em situações em que o cliente tolera inclusive alguns níveis de performance inferior em troca<br />

dos benefícios que um relacionamento de longo prazo poderia trazer.<br />

1 Respeito aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade HOUAISS (2001), p. 1734<br />

26


2.5.2. Abordagem de GREMLER e BROWN<br />

GREMLER e BROWN (1996) ao estudar a <strong>lealdade</strong> em serviços realizam uma ampla revisão<br />

para apresentar as diferenças deste tipo de <strong>lealdade</strong> em relação à tradicional pesquisa <strong>sobre</strong><br />

marcas. Os traços distintivos seriam:<br />

(1) Empresas de serviço têm mais potencial de criar laços de <strong>lealdade</strong> com seus clientes que<br />

as empresas de bens mais tangíveis;<br />

(2) A <strong>lealdade</strong> é maior ou mais dominante entre consumidores de serviços do que entre<br />

consumidores de produtos;<br />

(3) Serviços oferecem maiores possibilidades de interações pessoais que geralmente oferecem<br />

mais oportunidades para o desenvolvimento da <strong>lealdade</strong>;<br />

(4) O risco percebido envolvido na compra de serviços é geralmente maior do que na compra<br />

de produtos, o que propicia uma atmosfera em que a <strong>lealdade</strong> é usada como um redutor do<br />

risco percebido;<br />

(5) Em alguns serviços, as barreiras de saída e os custos de mudança podem ser maiores do<br />

que em produtos.<br />

GREMLER e BROWN (1996) consideram três tipos de antecedentes da <strong>lealdade</strong>: a <strong>lealdade</strong><br />

comportamental, atitudinal e cognitiva. As primeiras são as duas já vistas anteriormente neste<br />

capítulo. A <strong>lealdade</strong> cognitiva seria representada pela freqüência com que uma empresa ou<br />

marca viria à mente do consumidor em primeiro lugar, quando surge uma necessidade de<br />

consumo. Outra operacionalização proposta é a capacidade da marca ou empresa em ser a<br />

escolha “número 1” para o consumidor entre diversas alternativas. Nestes casos a motivação<br />

de busca de alternativas seria menor para clientes muito leais.<br />

27


A definição dos autores para <strong>lealdade</strong> no contexto de serviços é:<br />

“Lealdade em serviços é o grau com que um cliente: exibe um<br />

comportamento de recompra em relação a uma empresa; possui<br />

disposição atitudinal favorável em relação ao mesmo; considera<br />

utilizar os serviços apenas desta empresa quando surge uma<br />

necessidade deste serviço.” GREMLER e BROWN, 1996, p. 172<br />

Esta definição sugere que a <strong>lealdade</strong> em serviços admite graus, variando desde o cliente<br />

completamente leal para aquele que nem pensa em utilizar aquele provedor de serviço. De<br />

acordo com a definição, um cliente extremamente leal é aquele que (a) regularmente usa os<br />

serviços de uma empresa; (b) gosta da empresa e a tem em grande estima e (c) nem considera<br />

a possibilidade de usar os serviços de uma empresa concorrente.<br />

A dimensão cognitiva proposta pelos autores e expressa no item (c) acima, se aproxima da<br />

dimensão de clareza no modelo de DICK e BASU (1994) e da Lealdade Ativa de OLIVER<br />

(1997), em que o consumidor freqüentemente recompra a marca, não considerando quaisquer<br />

alternativas.<br />

2.6 Abordagens empíricas <strong>sobre</strong> Lealdade em Serviços<br />

Serão apresentados alguns <strong>estudo</strong>s <strong>empírico</strong>s <strong>sobre</strong> a <strong>lealdade</strong> em serviços. Estas abordagens<br />

usaram diversos indicadores de <strong>lealdade</strong>, conforme o caso. A sua análise pode ser valiosa na<br />

consideração <strong>sobre</strong> a escolha da escala de <strong>lealdade</strong> mais adequada.<br />

2.6.1. O Estudo de ZEITHAML, BERRY e PARASURAMAN (1996)<br />

Em seu artigo <strong>sobre</strong> as conseqüências comportamentais da qualidade percebida. ZEITHAML<br />

et al. investigaram as conseqüências intencionais das cinco dimensões da qualidade percebida<br />

em serviço dos mesmos autores (PARASURAMAN, ZEITHAML e BERRY 1994), a saber:<br />

Confiabilidade, Presteza, Empatia, Garantia e Tangíveis.<br />

28


As intenções comportamentais foram compiladas pelos autores numa lista com 13 ítens,<br />

classificados a priori em quatro categorias, tais como: <strong>lealdade</strong>, disposição de troca,<br />

insensibilidade a preço e comportamento de reclamação. Na análise fatorial das intenções<br />

comportamentais, os quatro fatores foram encontrados, sendo que o de <strong>lealdade</strong> continha<br />

cinco ítens propostos:<br />

• “Disposição para falar positivamente <strong>sobre</strong> a empresa”;<br />

• “Recomendar a empresa a pessoas que lhe pedem indicações”;<br />

• “Encorajar parentes e amigos a fazerem negócios com a empresa”;<br />

• “Considerar a empresa como primeira escolha para serviços”;<br />

• “Continuar utilizando os serviços da empresa nos próximos anos”.<br />

Por meio de equações de regressão linear, os autores identificaram impacto positivo da<br />

qualidade percebida global (medida com um único item) e a qualidade percebida ponderada<br />

(medida com os 22 ítens da escala SERVQUAL) nas quatro intenções comportamentais.<br />

Foram coletadas respostas de clientes finais de seguros de automóvel, seguros de vida, varejo<br />

e clientes corporativos de um fabricante de computadores.<br />

2.6.2. O Estudo de PRITCHARD e HOWARD (1997)<br />

No seu <strong>estudo</strong> <strong>sobre</strong> clientes de companhias aéreas, hotéis e campos de golfe, os autores<br />

estudaram o impacto da qualidade percebida, da satisfação e do envolvimento na <strong>lealdade</strong> do<br />

consumidor às empresas destes setores.<br />

Para medir a qualidade percebida, os autores utilizaram a versão da escala SERVQUAL de<br />

1988 (PARASURAMAN et al., 1988). O envolvimento foi medido com a escala de<br />

LAURENT e KAPFERER (1985) e a satisfação foi medida com a escala de OLIVER (1980).<br />

29


Como medidas de <strong>lealdade</strong>, PRITCHARD e HOWARD (1997) usaram três ítens<br />

comportamentais, como proporção de uso, volume e freqüência de uso e um único item<br />

atitudinal de grau de <strong>lealdade</strong>, declarado pelos respondentes em relação ao prestador de<br />

serviço.<br />

Seus resultados a partir de uma análise de clusters apresentaram consistência com o modelo<br />

de segmentação proposto por DICK e BASU (1994), classificando os consumidores em<br />

relação à sua <strong>lealdade</strong>, como: verdadeira, latente, espúria e baixa.<br />

Em relação aos antecedentes, os autores destacam o impacto maior das variáveis de Empatia<br />

no construto de qualidade percebida. Em relação ao envolvimento, os clientes classificados<br />

como verdadeiramente leais apresentaram um alto grau de envolvimento simbólico,<br />

atribuindo a escolha do serviço como expressão da própria identidade ou auto-imagem. Por<br />

fim, foi encontrada uma influência positiva da satisfação dentro do grupo com <strong>lealdade</strong><br />

verdadeira.<br />

2.6.3. Os Estudos de BLOEMER, RUYTER e WETZELS<br />

Os autores possuem dois <strong>estudo</strong>s semelhantes publicados no European Journal of Marketing<br />

e no International Journal of Service Industry Management. Em ambos o foco está no<br />

relacionamento entre a qualidade percebida e a <strong>lealdade</strong> em serviços.<br />

No primeiro deles, RUYTER, WETZELS e BLOEMER (1998) investigaram o<br />

relacionamento entre qualidade percebida, <strong>lealdade</strong> e custo de mudança em cinco tipos de<br />

serviços: parques de diversão, <strong>restaurantes</strong> fast food, supermercados, clínicas de saúde e<br />

teatros.<br />

A qualidade percebida foi medida com um único item de avaliação global do serviço. As<br />

dimensões da <strong>lealdade</strong> foram medidas com os 13 ítens da escala de ZEITHAML, BERRY e<br />

30


PARASURAMAN (1996). Percebe-se aqui que RUYTER, WETZELS e BLOEMER<br />

consideram como <strong>lealdade</strong> todos os 13 ítens da escala, diferentemente de ZEITHAML,<br />

BERRY e PARASURAMAN (1996) que chamam de <strong>lealdade</strong> apenas um dos quatro fatores,<br />

como foi visto anteriormente.<br />

A análise fatorial empregada nos 13 ítens produziu três fatores, nomeados por eles como:<br />

preferência, indiferença a preço e resposta de insatisfação. As diferenças para a análise<br />

fatorial de ZEITHAML et al. (1996) foram duas:<br />

– O item “Do less business with in the next few years” migrou do fator troca em<br />

ZEITHAML et al. (1996) para preferência em RUYTER et al. (1998);<br />

– O item “Take some of your business to a competitor that offers more attractive<br />

prices” migrou do fator de troca em ZEITHAML et al. (1996) para sensibilidade a preço em<br />

RUYTER et al. (1998).<br />

O outro <strong>estudo</strong> (BLOEMER, RUYTER e WETZELS, 1999) procurou identificar as<br />

dimensões existentes na <strong>lealdade</strong> a serviços, bem como o seu relacionamento com as cinco<br />

dimensões da qualidade percebida em serviços.<br />

Foram investigados clientes de quatro tipos de serviços: <strong>restaurantes</strong> fast food,<br />

supermercados, clínicas de saúde e parques de diversão com o emprego da metodologia de<br />

equações estruturais. Os resultados da análise fatorial confirmatória identificaram quatro<br />

fatores relativos aos 13 ítens da escala de ZEITHAML et al. (1996) e sugeridos por estes<br />

autores: <strong>lealdade</strong>, disposição de troca, insensibilidade a preço e comportamento de<br />

reclamação, já mencionados anteriormente.<br />

Os resultados da relação entre as cinco dimensões de qualidade percebida e as quatro<br />

31


dimensões de intenções comportamentais apresentaram diferenças significativas de nos<br />

diferentes serviços analisados. Um resultado importante foi que em nenhum dos quatro<br />

serviços estudados, foi identificada uma relação significativa entre as cinco dimensões de<br />

qualidade percebida e a dimensão de reclamação. Os autores sugerem esta dimensão é afetada<br />

por outras variáveis antecedentes como a atitude do indivíduo em relação ao ato de reclamar,<br />

o custo percebido de reclamar e a probabilidade subjetiva da reclamação ser bem-sucedida.<br />

2.6.4. O Estudo de CARUANA (2002)<br />

O <strong>estudo</strong> <strong>empírico</strong> de CARUANA (2002) procurou relacionar satisfação, qualidade percebida<br />

e <strong>lealdade</strong> no contexto de serviços bancários. Para medir satisfação o autor usou uma a escala<br />

de quatro ítens de avaliação pós-compra com avaliações afetivas e globais. A qualidade<br />

percebida foi medida com uma escala SERVQUAL DE 22 ítens. O autor mediu <strong>lealdade</strong> com<br />

13 ítens da escala de componentes atitudinais e comportamentais, inspirando-se em<br />

GREMLER e BROWN (1996).<br />

Utilizando um modelo de equações estruturais, CARUANA (2002) sugere que a satisfação é<br />

uma variável interveniente na relação entre qualidade percebida e <strong>lealdade</strong>.<br />

2.6.5. O Estudo de GILMORE e MCMULLAN (2003)<br />

Ao estudar a <strong>lealdade</strong> a <strong>restaurantes</strong>, as autoras deste <strong>estudo</strong> propõem uma escala para<br />

investigar o modelo de <strong>lealdade</strong> de OLIVER (1997). Seguindo a orientação do autor citado,<br />

foram compilados de ítens de diversas escalas, como envolvimento, satisfação, qualidade<br />

percebida, comprometimento e busca por variedade.<br />

Inspirando-se em DICK e BASU (1994), as autoras acrescentam uma coluna de antecedentes<br />

em cada estágio da <strong>lealdade</strong> do Modelo de OLIVER (1997), baseando-se no quadro de forças<br />

de sustentação e vulnerabilidades de Oliver. Esta proposta é apresentada na Figura 2.5<br />

32


Estágio Antecedente Sustentação<br />

Cognitiva<br />

Afetiva<br />

Conativa<br />

Ativa<br />

Figura 2.5 Fases do Desenvolvimento da Lealdade: MCMULLAN e GILMORE (2003)<br />

Ao revisar os antecedentes da <strong>lealdade</strong> propostos por DICK e BASU (1994), as autoras<br />

identificam cada grupo de fatores antecedentes destes autores com os construtos propostos<br />

por Oliver (1997), mencionados acima. Assim, na hipótese de MCMULLAN e GILMORE<br />

(2003), o estágio cognitivo seria o construto de Envolvimento e Qualidade. Satisfação seria o<br />

construto antecedente do estágio afetivo. O estágio conativo teria como antecedente principal<br />

o construto de Comprometimento, enquanto que o estágio de <strong>lealdade</strong> ativa seria o construto<br />

Busca por Variedade.<br />

Acessibilidade<br />

Confiança<br />

Centralidade<br />

Clareza<br />

Emoções<br />

Humor<br />

Afeto primário<br />

Satisfação<br />

Custos de Mudança<br />

Custos Afundados<br />

Inércia<br />

Custos Afundados<br />

Custo<br />

Benefícios<br />

Qualidade<br />

Satisfação<br />

Envolvimento<br />

Preferência<br />

Comprometimento<br />

Consistência Cognitiva<br />

Persuasão<br />

Experimentação Induzida<br />

Vulnerabilidade<br />

Custo<br />

Benefícios<br />

Qualidade<br />

Insatisfação<br />

Persuasão<br />

Experimentação Induzida<br />

Persuasão<br />

Experimentação Induzida<br />

Persuasão<br />

Experimentação Induzida<br />

A reunião de todas estas escalas os ítens produziu um questionário de 122 ítens que foi<br />

analisado por um painel de cinco juízes, sendo reduzido para 28 ítens. A escala produzida foi<br />

aplicada no contexto de <strong>lealdade</strong> a <strong>restaurantes</strong> com uma amostra aleatória de 438 estudantes,<br />

membros de um programa de relacionamento de um restaurante universitário britânico.<br />

A partir de 210 respostas usáveis as autoras realizaram uma análise do componente principal<br />

para tentar identificar os quatro estágios do modelo de OLIVER (1997). Foram encontrados<br />

nove fatores com autovalores maiores que 1, sendo que o grau de intercorrelação entre os<br />

33


itens do questionário, calculado com o Teste de Kaiser-Meyer-Olkin, foi de 0,75. A<br />

confiabilidade da escala foi reforçada pelo alpha de Cronbach, com valores de 0,697 e 0,811<br />

para os dois primeiros fatores (os únicos valores fornecidos pelas autoras em seu artigo).<br />

Talvez a principal limitação deste <strong>estudo</strong> seja a justificativa para reduzir os nove fatores<br />

encontrados na análise fatorial relatada no artigo aos quatro estágios do modelo de Oliver<br />

(1997). A escolha dos fatores parece ter sido arbitrária com base na afirmação de que “os<br />

quatro primeiros fatores abarcam a maior parte da variância” (MCMULLAN e GILMORE,<br />

2003, p. 238). Na verdade, a variância explicada com os quatro fatores escolhidos situa-se em<br />

0,475. Além disso não se discute o significado dos fatores encontrados, como por exemplo, a<br />

correspondência dos ítens do questionário e os estágios do modelo de Oliver (1997).<br />

2.7 A escolha do construto de <strong>lealdade</strong><br />

UNCLES, DOWNLING e HAMMOND (2003) considerados da “corrente comportamental”<br />

da <strong>lealdade</strong> defendem um uso complementar das medidas, de acordo a estrutura do mercado.<br />

Segundo eles, quando há mais envolvimento por parte do consumidor, torna-se mais<br />

adequado usar escalas com itens atitudinais.<br />

Pode-se acrescentar que em casos onde há baixo envolvimento na compra, o uso de medidas<br />

comportamentais pode indicar resultados mais consistentes. Isso pode ser ainda mais<br />

verdadeiro, quando a atitude do usuário em relação às diversas marcas apresenta pouco poder<br />

discriminante. Os resultados de ZINS (2001) na avaliação da atitude de passageiros em<br />

relação a companhias aéreas corroboram esta idéia.<br />

Além disso, JACOBY e KYNER (1973) afirmam que a previsão do comportamento do<br />

consumidor leal deve se apoiar mais no seu histórico de compras, do que na sua declaração de<br />

intenções futuras.<br />

34


Por outro lado, OLIVER (1997) indica o uso de medidas comportamentais apenas para<br />

situações em que dispõem de dados abundantes de <strong>estudo</strong>s em painel de consumidores. Se<br />

estes dados não estiverem disponíveis, a alternativa é recorrer à memória do consumidor<br />

perguntando-lhe <strong>sobre</strong> a sua freqüência de compras e a proporção de compras de uma marca<br />

em relação ao total de compras. Esta abordagem, além de não fornecer necessariamente dados<br />

exatos <strong>sobre</strong> o comportamento de compra, pode conter um viés embutido pelo desejo do<br />

respondente de querer parecer consistente em suas respostas ao responder o questionário.<br />

Como foi visto anteriormente nos <strong>estudo</strong>s de BLOEMER, RUYTER e WETZELS (1998,<br />

1999), a relação entre os antecedentes pode sofrer grande influência do setor a ser estudado na<br />

pesquisa. Assim, a replicação da pesquisa no mesmo setor, mas com outras amostras pode<br />

favorecer o desenvolvimento da teoria como sugerem HUBBARD e ARMSTRONG (1994).<br />

35


3. METODOLOGIA DA PESQUISA<br />

Neste capítulo serão discutidos os principais aspectos de metodologia. Isto inclui questões<br />

relativas ao desenho de pesquisa, procedimento de amostragem, coleta de dados, variáveis e<br />

procedimentos estatísticos de análise dos dados.<br />

3.1 Universo e Amostra<br />

A população do <strong>estudo</strong> é composta de estudantes universitários da cidade do Rio de Janeiro<br />

que tivessem cursado pelo menos a metade do curso. O uso de estudantes como respondentes<br />

de pesquisas representa um fator de conveniência e é muito empregado em pesquisas de<br />

ciências sociais. No entanto, o seu uso deve ser precedido de ao menos uma rápida<br />

consideração <strong>sobre</strong> a adequação da utilização de estudantes em pesquisas para fazer<br />

inferências <strong>sobre</strong> a população em geral.<br />

Num <strong>estudo</strong> <strong>empírico</strong>, PETERSON (2001) encontrou suporte para sua proposição de que as<br />

respostas de estudantes, em pesquisas empíricas, são levemente mais homogêneas que as<br />

respostas de amostras de adultos não-estudantes. Assim, haveria problemas de generalização<br />

dos resultados encontrados. Para o autor, no entanto, esta discussão é controversa, sendo que<br />

há autores que disputam <strong>sobre</strong> a confiabilidade e a validade do uso de estudantes como<br />

respondentes de pesquisas em ciências sociais.<br />

Para assegurar a representação não tendenciosa da população, o caminho mais seguro é a<br />

amostragem probabilística simples. Neste procedimento, há uma escolha aleatória dos<br />

elementos da população, em que todos possuem uma chance conhecida de serem<br />

selecionados. Para a definição de uma amostra aleatória, compila-se inicialmente uma lista de<br />

todos os elementos da população. Utiliza-se, em seguida, um procedimento aleatório para<br />

selecionar os elementos da amostra.<br />

36


Apesar da amostragem aleatória simples ser fundamental na seleção de uma amostra<br />

representativa da população, há outros procedimentos de amostragem probabilística, como a<br />

amostragem estratificada, sistemática, por conglomerado e dupla (COOPER e SCHINDLER,<br />

2001).<br />

Embora desejável, nem sempre é possível obter uma amostra probabilística. Isso implica em<br />

que não se sabe a probabilidade de quão bem ela representa a população. Embora<br />

pesquisadores prefiram métodos de amostragem aleatória, existem circunstâncias em que<br />

conduzir uma amostragem randômica não é viável nem prático, em termos de tempo e de<br />

custos envolvidos (COOPER e SCHINDLER, 2001).<br />

Esta pesquisa se baseou numa amostragem de conveniência. A amostra não-probabilística por<br />

conveniência é amplamente empregada em ciências sociais. A principal explicação para o<br />

emprego da amostra constituída de estudantes universitários é a facilidade de obter<br />

entrevistas. Nesse caso, não há evidência de que a referida amostra seja representativa da<br />

população que se deseja generalizar.<br />

Segundo MOTTA (2000), na amostra por conveniência os elementos são selecionados em<br />

decorrência da facilidade de extração ou do benefício para o pesquisador. O autor observa que<br />

a existência de determinada acidentalidade na extração pode produzir resultados positivos,<br />

desde que essa acidentalidade corresponda à aleatoriedade estatística.<br />

A escolha de uma amostra de conveniência se deu fundamentalmente pelo número mínimo de<br />

respostas necessárias para o emprego da modelagem de equações estruturais. De fato, para<br />

que haja convergência de solução e grau de ajustamento adequado do modelo de equações<br />

estruturais, é necessário, embora não suficiente, que a amostra seja constituída por um número<br />

adequado de observações. O procedimento mais utilizado na modelagem de equações<br />

37


estruturais para estimação dos parâmetros é o Maximum Likehood (ML). Para assegurar o<br />

emprego apropriado do ML, HAIR et al (1998) recomendam um tamanho mínimo de amostra<br />

entre 100 e 150. Quando o tamanho da amostra ultrapassa essa magnitude, o método ML<br />

aumenta a sua sensibilidade de detecção de diferenças entre os dados. Segundo KLINE (1998)<br />

apud VIEIRA (2003), amostras menores que 100 observações são consideradas pequenas, ao<br />

passo que entre 100 e 200 são julgadas médias. Na categoria de amostra grande, estariam as<br />

que possuem 200 ou mais observações.<br />

A amostra do presente <strong>estudo</strong> é constituída de 210 estudantes de diversos cursos de graduação<br />

de duas universidades da cidade do Rio de Janeiro. Os estudantes convidados a responderem o<br />

questionário, na época da aplicação do mesmo, tinham concluído pelo menos a metade dos<br />

seus respectivos cursos universitários. A exclusão de estudantes dos primeiros anos de cada<br />

curso foi intencional. O objetivo foi obter estudantes mais velhos, supondo-se que assim a<br />

amostra seria composta por pessoas com certa experiência de consumo em <strong>restaurantes</strong>, que<br />

tivessem participado ativamente na escolha dos mesmos.<br />

Foram convidados estudantes de diversos cursos como Administração, Direito, Engenharia,<br />

Estatística, Medicina, Odontologia e Psicologia. A descrição detalhada da amostra será<br />

apresentada no capítulo 4.<br />

3.2 Coleta de dados<br />

O <strong>estudo</strong> <strong>empírico</strong> proposto nesta pesquisa exigiu o emprego de dados primários. Sendo<br />

assim, foi escolhido o método survey. O survey é a opção mais adequada quando se objetiva<br />

coletar dados primários com fins de investigação causal e generalização de resultados<br />

(COOPER e SCHINDLER, 2001). O uso deste método possibilita a obtenção de um grande<br />

número de informações por respondente de uma única vez. Opiniões, percepções, avaliações e<br />

38


atitudes são usualmente investigadas por survey. A pesquisa de survey permite ainda testar<br />

hipóteses complexas, envolvendo diversas variáveis em interação simultânea.<br />

Segundo BABBIE (2001), a pesquisa de survey concorre para o enriquecimento da ciência,<br />

uma vez que os dados coletados constituem fonte permanente de informações. Um conjunto<br />

de dados de survey pode ser analisado, logo após a coleta, confirmando determinada teoria.<br />

Caso a teoria sofra modificações no futuro, pode-se utilizar o mesmo conjunto de dados,<br />

realizando nova análise sob modelo teórico alternativo.<br />

No intuito de aperfeiçoar o questionário, realizou-se um pré-teste com 35 universitários, com<br />

perfil semelhante à amostra deste <strong>estudo</strong>. A aplicação se deu em sala de aula para reproduzir a<br />

situação de coleta, feita posteriormente. Os participantes responderam o questionário,<br />

relatando dúvidas ou problemas com o conteúdo e/ou estrutura.<br />

Nas instruções foi decidido alertar os respondentes para que desconsiderassem <strong>restaurantes</strong><br />

fast food, estabelecimentos associados a situações do dia-a-dia e não a ocasiões especiais,<br />

conforme sugerem WARDE e MARTTENS (2000). Além disso, originalmente as instruções<br />

solicitavam aos respondentes qual restaurante os mesmos “escolheriam” de acordo com as<br />

ocasiões especiais sugeridas. Decidiu-se enfatizar que os respondentes deveriam pensar nos<br />

<strong>restaurantes</strong> que eles realmente haviam escolhido em situações semelhantes ocorridas no<br />

passado.<br />

Algumas mudanças adicionais foram feitas nas instruções e na formulação de três ítens da<br />

escala, no sentido de ajudar a compreensão dos mesmos. Os itens do questionário original de<br />

MCMULLAN e GILMORE (2003) que sofreram alterações foram:<br />

“Nessa região tenho uma preferência pelo Restaurante X.”<br />

“Eu tentaria outro restaurante se ele fosse 5% mais barato que o Restaurante X.”<br />

“A escolha do Restaurante X não funcionou tão bem como pensei.”<br />

39


Ao analisar as respostas do pré-teste, para ajudar no esclarecimento de dúvidas surgidas na<br />

aplicação do instrumento de coleta, decidiu-se incluir as alterações em negrito:<br />

“Na região em que está localizado, tenho uma preferência pelo Restaurante X.”<br />

“Eu tentaria outro restaurante se ele fosse mais barato que o Restaurante X.”<br />

“A escolha do Restaurante X nem sempre funcionou tão bem como pensei.”<br />

3.2.1. Modo de Aplicação<br />

O presente <strong>estudo</strong> realizou uma pesquisa de survey, utilizando questionários auto-<br />

administrados entregues por interceptação em salas de aula, com a assistência do<br />

entrevistador.<br />

Seguindo as recomendações de CAVUSGIL e ELVEY-KIRK (1998), foi assegurado o<br />

anonimato dos respondentes para fortalecer o fator motivador associado à boa vontade do<br />

respondente. A presença de cada professor nas salas de aula e suas palavras de incentivo à<br />

participação da pesquisa foram outros fatores motivadores para um preenchimento cuidadoso<br />

das respostas, por parte dos respondentes.<br />

A escolha da aplicação do questionário pelo método de interceptação se deu com o objetivo<br />

de garantir um grande número de respostas. A presença do autor desta pesquisa durante o<br />

preenchimento favoreceu o esclarecimento de questões duvidosas.<br />

Os questionários foram distribuídos pelo autor aos estudantes que concordassem em participar<br />

da pesquisa. Foram contactados 321 estudantes em salas de aula, sendo que 284 questionários<br />

foram entregues, destes restaram 274 questionários preenchidos. A taxa de resposta foi de<br />

88,47%, enquanto a de aproveitamento foi de 85,35%. A coleta de dados foi realizada entre os<br />

meses de dezembro de 2003 e janeiro de 2004.<br />

40


3.2.2. Instrumento de coleta de dados<br />

O instrumento do survey é o questionário estruturado, constituído por uma série de perguntas.<br />

JANES (1999) apud VIEIRA (2003) adverte que os indivíduos respondem à questão que lhes<br />

é apresentada, o que não coincide necessariamente com o que se deseja saber. Por essa razão,<br />

as questões devem ser cuidadosamente elaboradas.<br />

A escala empregada nesta pesquisa contém afirmativas das escalas de MCMULLAN e<br />

GILMORE (2003) e ZEITHAML, BERRY e PARASURAMAN (1996), que utilizaram<br />

escalas Likert de 7 pontos, como será visto mais adiante. Ao usar a escala Likert, solicita-se<br />

ao respondente que indique seu grau de concordância ou discordância em relação a uma série<br />

de afirmativas. Uma escala Likert consiste de duas partes, uma para a afirmativa e a outra<br />

para a avaliação, que inclui um conjunto de opções que varia de “discordo totalmente” a<br />

“concordo totalmente”.<br />

O objetivo do uso de questões favoráveis e desfavoráveis, balanceadas ao longo do<br />

questionário, é o de minimizar o erro sistemático. MOTTA (2000, p. 67) recomenda que se<br />

deve “...formular assertivas (não mais do que 20%) em forma negativa, de modo que a<br />

negação signifique resultado positivo. Esse procedimento visa manter os respondentes atentos<br />

em função da quebra de padrão dos enunciados”. Os itens negativos foram invertidos antes<br />

das análises a serem empreendidas neste <strong>estudo</strong>.<br />

3.2.3. Efeitos de Ordem<br />

As dificuldades de se obter informações inteiramente confiáveis numa pesquisa de survey<br />

podem ser explicada não apenas pela instabilidade real das atitudes, mas também pela forma<br />

como as perguntas são formuladas. Por exemplo, uma mera troca de palavras pode produzir<br />

variações significativas nas respostas.<br />

41


Outro problema importante é que os ítens localizados perto uns dos outros podem apresentar<br />

correlações maiores do que o esperado. Isto ocorre devido ao fato de que os respondentes<br />

poderiam utilizar as respostas anteriores para gerar as respostas para questões que estão logo<br />

em seguida. Para alguns autores, os primeiros itens de uma pesquisa podem servir de base<br />

para a memória do respondente e assim, influir em todas as respostas restantes.<br />

(TOURANGEAU e RASINSKI, 1988; FELDMAN & LYNCH, 1988)<br />

Em um esforço para minimizar os efeitos da ordem, foram tomadas duas medidas:<br />

– Em primeiro lugar alguns dos itens incluídos no questionário foram alternados em<br />

afirmações positivas e negativas. Assim, os respondentes deveriam ajustar seu referencial de<br />

uma questão positiva para uma negativa, tornando mais difícil o uso da resposta anterior para<br />

a geração de resposta para a questão seguinte. Como mencionado anteriormente, este<br />

procedimento é sugerido por MOTTA (2000) para reduzir a tendência à repetição de<br />

respostas;<br />

– Outra medida foi a confecção de quatro modelos de questionários diferentes entre si<br />

quanto a ordem dos ítens, com uma distribuição aleatória das perguntas para contornar a<br />

influência de uma determinada questão <strong>sobre</strong> as respostas das questões seguintes.<br />

3.2.4. Tradução e Adaptação dos Ítens do Questionário<br />

Uma vez que os ítens utilizados das escalas de foram formulados originalmente em inglês,<br />

alguns cuidados foram tomados para garantir a manutenção do significado e do conteúdo dos<br />

mesmos.<br />

Os ítens foram traduzidos para a língua portuguesa através da técnica de tradução reversa<br />

(DILLON, 1994). Em primeiro lugar, as frases originais foram traduzidas para o português<br />

pelo autor, que possui proficiência na língua inglesa. A versão em português foi submetida a<br />

42


um brasileiro, professor de inglês, para que corrigisse algum possível erro. Em seguida, esta<br />

versão foi submetida a uma americana, professora de inglês e de português, para que a<br />

traduzisse novamente para o inglês. Por fim, um especialista em marketing com profundos<br />

conhecimentos de inglês comparou as versões originais do inglês e da americana, bem como a<br />

versão em português, buscando garantir a precisão na tradução dos termos e significados.<br />

O questionário completo está no Anexo 2. Cabe salientar que perguntas <strong>sobre</strong> idade, gênero,<br />

grau de instrução e renda familiar mensal dos respondentes foram incluídas, oferecendo<br />

informações demográficas básicas <strong>sobre</strong> a amostra.<br />

3.2.5. Revisão dos Construtos Presentes no Questionário<br />

Cada frase presente na escala de <strong>lealdade</strong> utilizada no artigo de MCMULLAN e GILMORE<br />

(2003) apresenta uma classificação de uma das quatro fases do modelo de OLIVER (1997), a<br />

saber: <strong>lealdade</strong> cognitiva, afetiva, conativa e ativa. No entanto, as autoras não apresentaram a<br />

origem exata de cada item do questionário.<br />

Sendo assim, foi realizada uma revisão de cada item para identificar as possíveis dimensões<br />

presentes. A partir das referências citadas pelas autoras e em manuais de escalas de Marketing<br />

como o de BEARDEN, NETEMEYER e MOBLEY (1993) e de BRUNER e HENSEL (1994)<br />

foi gerado o Quadro 3.1.<br />

O exame dos 28 ítens da escala de MCMULLAN e GILMORE (2003) possibilitou a<br />

identificação de seis construtos, referenciados neste <strong>estudo</strong> como: Comprometimento,<br />

Envolvimento, Satisfação, Qualidade Percebida e Busca por Variedade. Alguns destes<br />

construtos como Comprometimento, Envolvimento e Satisfação estão representados com um<br />

número razoável de ítens. Por sua vez, os construtos Qualidade Percebida (PARASURAMAN<br />

et al., 1988) e Busca por Variedade (RAJU, 1980), originalmente medidos com 22 e 39 itens,<br />

43


espectivamente, apresentam apenas cinco e seis ítens, respectivamente, um número<br />

insuficiente para caracterizar os construtos identificados na escala proposta pelas autoras.<br />

Diversos <strong>estudo</strong>s <strong>empírico</strong>s já comentados na seção 2.6 (BLOEMER, WETZELS e RUYTER,<br />

1999; CARUANA 2002, PRITCHARD, HAVITZ e HOWARD, 1999) medem o construto de<br />

<strong>lealdade</strong> com variações dos cinco ítens da escala de <strong>lealdade</strong> de ZEITHAML, BERRY e<br />

PARASURAMAN (1996). A ausência destes ítens na escala proposta por MCMULLAN e<br />

GILMORE (2003) pode ser justificada pelo objetivo do <strong>estudo</strong> das autoras em investigar o<br />

modelo de <strong>lealdade</strong> de OLIVER (1997). Por sua vez, este autor não menciona estes ítens ao<br />

falar dos construtos a serem medidos numa escala de <strong>lealdade</strong>. A única exceção é do item que<br />

se refere à intenção de recompra por parte do cliente. Portanto, foi decidida a inclusão destes<br />

cinco ítens com o objetivo de se ter indicadores de <strong>lealdade</strong> no modelo estrutural.<br />

Foram incluídos ainda no questionário um item para medir a satisfação global com o<br />

restaurante (n. 35), a partir de MOTTA (2000) e um item para representar dimensão cognitiva<br />

de <strong>lealdade</strong> (n.3) , proposto por GREMLER e BROWN (1996) e presente também no <strong>estudo</strong><br />

<strong>empírico</strong> de CARUANA (2002).<br />

44


Eu me considero muito leal ao<br />

Restaurante X.<br />

Quadro 3.1 Referências Teóricas da Escala Utilizada nesta Pesquisa<br />

FRASE DIMENSÃO FONTES CONSTRUTO<br />

Comer no Restaurante X diz muito<br />

<strong>sobre</strong> quem eu sou.<br />

Eu me importo muito com o<br />

Restaurante X.<br />

Eu mudaria de restaurante se o novo me<br />

oferecesse mais status. *<br />

Conheço as características do<br />

Restaurante X o suficiente para poder<br />

compará-lo com outros <strong>restaurantes</strong>.<br />

O Restaurante X é um restaurante <strong>sobre</strong><br />

o qual eu poderia falar por muito tempo.<br />

Comprometimento com<br />

a marca<br />

Comprometimento de<br />

ego<br />

Comprometimento<br />

afetivo<br />

Comprometimento de<br />

ego<br />

Familiaridade<br />

Familiaridade<br />

O Restaurante X me desperta interesse. Familiaridade<br />

* ítens invertidos<br />

BEATTY et al., 1988<br />

PRITCHARD e HOWARD, 1997<br />

COMPROMETIMENTO<br />

PRITCHARD, 1999 COMPROMETIMENTO<br />

BEATTY et al., 1988 COMPROMETIMENTO<br />

MCMULLAN e GILMORE, 2003 COMPROMETIMENTO<br />

LASTOVICKA e GARDNER, 1979<br />

apud BEARDEN et al., 1993<br />

JENSON et al., 1988 apud<br />

BEARDEN et al., 1993<br />

LASTOVICKA e GARDNER, 1979<br />

apud BEARDEN et al., 1993<br />

JENSON et al., 1988 apud<br />

BEARDEN et al., 1993<br />

LASTOVICKA e GARDNER, 1979<br />

apud BEARDEN et al., 1993<br />

JENSON et al., 1988 apud<br />

BEARDEN et al., 1993<br />

ENVOLVIMENTO<br />

ENVOLVIMENTO<br />

ENVOLVIMENTO<br />

45


Quadro 3.1 Referências Teóricas da Escala Utilizada nesta Pesquisa (cont.)<br />

FRASE DIMENSÃO FONTES CONSTRUTO<br />

Na região onde está localizado, tenho uma<br />

preferência pelo Restaurante X.<br />

Ao decidir comer fora, é importante que eu<br />

faça a escolha certa.<br />

Quando vou escolher um restaurante não<br />

me preocupo com promoções ou ofertas.<br />

Quando vou escolher um restaurante,<br />

comparo preços de vários para ter certeza<br />

que escolhi o que oferece a melhor relação<br />

de custo/benefício.*<br />

O Restaurante X é mais do que um simples<br />

restaurante.<br />

O Restaurante X é exatamente o que<br />

preciso em termos de restaurante.<br />

Familiaridade<br />

Envolvimento com a<br />

compra<br />

Envolvimento com a<br />

compra<br />

Envolvimento com a<br />

compra<br />

LASTOVICKA e GARDNER, 1979<br />

apud BEARDEN et al., 1993<br />

JENSON et al., 1988 apud<br />

BEARDEN et al., 1993<br />

LASTOVICKA e GARDNER,1979<br />

JENSON et al., 1988 apud<br />

BEARDEN et al., 1993<br />

ENVOLVIMENTO<br />

ENVOLVIMENTO<br />

MCMULLAN e GILMORE, 2003 ENVOLVIMENTO<br />

MCMULLAN e GILMORE, 2003 ENVOLVIMENTO<br />

need fulfillment OLIVER, 1980 SATISFAÇÃO<br />

need fulfillment OLIVER, 1980 SATISFAÇÃO<br />

Gosto de comer no Restaurante X. Afeto favorável OLIVER, 1997 SATISFAÇÃO<br />

Eu realmente gostei de comer no<br />

Restaurante X.<br />

A escolha do Restaurante X nem sempre<br />

funcionou tão bem como pensei. *<br />

* ítens invertidos<br />

Afeto favorável OLIVER, 1997 SATISFAÇÃO<br />

Falha nas<br />

expectativas<br />

OLIVER, 1997 SATISFAÇÃO<br />

46


Quadro 3.1 Referências Teóricas da Escala Utilizada nesta Pesquisa (cont.)<br />

FRASE DIMENSÃO FONTES CONSTRUTO<br />

Se pudesse escolher de novo, escolheria<br />

outro restaurante em vez do Restaurante X. * Lamentação OLIVER, 1997 SATISFAÇÃO<br />

Em termos gerais que nota de 0 a 10 Você<br />

daria ao seu Restaurante X?<br />

Eu mudaria de restaurante se os garçons do<br />

outro fossem mais amigáveis. *<br />

Não se espera que <strong>restaurantes</strong> ofereçam aos<br />

clientes atenção individualizada. *<br />

Avaliação geral de<br />

satisfação<br />

Empatia<br />

Empatia<br />

MOTTA, 2000 SATISFAÇÃO<br />

PARASURAMAN et al., 1988 apud<br />

MCMULLAN e GILMORE, 2003<br />

PARASURAMAN et al., 1988 apud<br />

MCMULLAN e GILMORE, 2003<br />

O Restaurante X tem prédios e instalações<br />

visualmente atraentes. Tangíveis PARASURAMAN et al., 1988<br />

Eu tentaria um outro restaurante que<br />

oferecesse instalações melhores que o<br />

Restaurante X. *<br />

Tangíveis<br />

PARASURAMAN et al., 1988 apud<br />

MCMULLAN e GILMORE, 2003<br />

O Restaurante X tem instalações e<br />

equipamentos modernos. Tangíveis PARASURAMAN et al., 1988<br />

Quando vejo um novo restaurante, diferente<br />

dos usuais, eu procuro saber <strong>sobre</strong> ele. * Busca por novidade RAJU, 1980<br />

Eu cansaria de comer sempre no Restaurante<br />

X toda vez que fosse comer fora. *<br />

Se gosto do restaurante, raramente o troco só<br />

para tentar algo diferente.<br />

* ítens invertidos<br />

Comportamento de<br />

troca<br />

Comportamento de<br />

troca<br />

RAJU, 1980<br />

RAJU, 1980<br />

QUALIDADE<br />

PERCEBIDA<br />

QUALIDADE<br />

PERCEBIDA<br />

QUALIDADE<br />

PERCEBIDA<br />

QUALIDADE<br />

PERCEBIDA<br />

QUALIDADE<br />

PERCEBIDA<br />

BUSCA POR<br />

VARIEDADE<br />

BUSCA POR<br />

VARIEDADE<br />

BUSCA POR<br />

VARIEDADE<br />

47


Quadro 3.1 Referências Teóricas da Escala Utilizada nesta Pesquisa (cont.)<br />

FRASE DIMENSÃO FONTES CONSTRUTO<br />

Fico entediado de comprar as mesmas<br />

marcas mesmo que elas sejam boas. *<br />

Quando vou a um restaurante, acho mais<br />

seguro pedir pratos que conheço.<br />

Estando em determinada região,<br />

geralmente como no mesmo restaurante.<br />

Dificilmente penso em comer em outro<br />

lugar que não seja o Restaurante X.<br />

O Restaurante X é a minha primeira<br />

escolha quando decido comer fora.<br />

Pretendo voltar ao Restaurante X outras<br />

vezes.<br />

Falo bem do Restaurante X para outras<br />

pessoas.<br />

Eu incentivo amigos e parentes a comer no<br />

Restaurante X.<br />

Eu tentaria outro restaurante se ele fosse<br />

mais barato que o Restaurante X.*<br />

* ítens invertidos<br />

Comportamento de troca RAJU, 1980<br />

Aversão a risco RAJU, 1980<br />

Comportamento de troca RAJU, 1980<br />

Primeira escolha<br />

Primeira escolha<br />

GREMLER, 1996<br />

CARUANA, 2002<br />

GREMLER, 1996<br />

ZEITHAML et al., 1996<br />

Intenção de recompra ZEITHAML et al., 1996<br />

Referência boca-a-boca ZEITHAML et al., 1996<br />

Referência boca-a-boca ZEITHAML et al., 1996<br />

Pagar mais, como<br />

conseqüência<br />

comportamental<br />

ZEITHAML et al., 1996<br />

BUSCA POR<br />

VARIEDADE<br />

BUSCA POR<br />

VARIEDADE<br />

BUSCA POR<br />

VARIEDADE<br />

COMPORTAMENTO<br />

DE LEALDADE<br />

COMPORTAMENTO<br />

DE LEALDADE<br />

COMPORTAMENTO<br />

DE LEALDADE<br />

COMPORTAMENTO<br />

DE LEALDADE<br />

COMPORTAMENTO<br />

DE LEALDADE<br />

COMPORTAMENTO<br />

DE LEALDADE<br />

48


3.3 Análise de Dados<br />

Esta seção faz uma descrição dos procedimentos realizados, tanto para a purificação da<br />

escala utilizada nesta pesquisa, quanto para análise dos dados coletados.<br />

Para a purificação da escala, serão descritas a análise fatorial exploratória e a análise de<br />

confiabilidade. Estas análises serão realizadas separadamente para o grupo de variáveis<br />

antecedentes e para o grupo de variáveis classificadas como conseqüências da <strong>lealdade</strong>,<br />

de acordo com os modelos de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).<br />

Os dados foram analisados à luz dos preceitos da Estatística Descritiva, sendo utilizadas<br />

as medidas de freqüência, dispersão e cruzamentos entre algumas variáveis. Foi<br />

realizada ainda a análise univariada dos itens, depois de realizada a purificação da<br />

escala.<br />

A modelagem de equações estruturais foi empregada para investigar as relações entre os<br />

construtos identificados na revisão de literatura e propostos na escala empregada neste<br />

<strong>estudo</strong>. O uso desta técnica a partir de uma análise fatorial prévia se justifica dada à<br />

natureza exploratória deste <strong>estudo</strong>.<br />

3.3.1. Análise Fatorial e Análise de Confiabilidade<br />

Por constituir-se um <strong>estudo</strong> exploratório, julgou-se apropriado o emprego da análise<br />

fatorial exploratória e da análise de confiabilidade para obter uma purificação da escala<br />

proposta, selecionando os possíveis construtos e variáveis que serão testados a partir da<br />

modelagem de equações estruturais.<br />

49


A análise fatorial é adequada quando ainda estamos na fase exploratória da pesquisa, em<br />

que se procura entender o número de fatores envolvidos, a natureza da relação entre eles<br />

(ortogonal ou oblíqua) e a estrutura fatorial (a matriz de carga fatorial) do construto<br />

(DOWLING, 1988 apud VIEIRA, 2003).<br />

A análise de confiabilidade reflete o grau em que os itens que mensuram determinado<br />

construto geram resultados similares. O seu uso possibilita avaliar a qualidade<br />

psicométrica do instrumento de coleta de dados. Dentre as estimativas utilizadas para<br />

medir a confiabilidade interna, o alfa de Cronbach é talvez o mais empregado.<br />

Considera-se que o valor crítico inferior para o alfa de Cronbach é 0,70 (HAIR et al.,<br />

1998).<br />

Ambas análises serão realizadas separadamente para o grupo de variáveis antecedentes<br />

e para o grupo de variáveis classificadas como conseqüências da <strong>lealdade</strong>, de acordo<br />

com os modelos de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).<br />

Avaliação das variáveis antecedentes<br />

As variáveis antecedentes foram representadas pelos construtos de SATISFAÇÃO,<br />

ENVOLVIMENTO, QUALIDADE PERCEBIDA e COMPROMETIMENTO. A<br />

análise fatorial exploratória dos 23 itens relativos a estes construtos produziu uma<br />

matriz de sete componentes com autovalores (eigenvalues) maiores que 1.<br />

O teste de Kaiser-Meyer-Olkin foi utilizado para medir o grau de intercorrelação entre<br />

os ítens, isto é, em que medida um item pode ser previsto sem erro pelo conjunto dos<br />

demais. O valor de 0,742 situa a medida KMO como razoável, segundo HAIR et al.<br />

(1998). Também foi realizado o teste de esfericidade de Barlett para avaliar com que<br />

50


probabilidade existem correlações significativas entre os ítens na matriz fatorial. Este<br />

teste indicou a existência de correlações significantes a p


Tabela 3.1 Matriz de Componentes – Análise Fatorial das Variáveis Antecedentes<br />

Item do Questionário Variável 1 2 3 4 5 6 7 Comunalidade<br />

Eu me importo muito com o Restaurante X. me_importo ,815 ,737<br />

Eu me considero muito leal ao restaurante X leal ,795 ,725<br />

Comer no Restaurante X diz muito <strong>sobre</strong> quem eu sou. diz_muito ,748 ,582<br />

O Restaurante X é mais do que um simples restaurante. mais_que_simples ,567 ,453<br />

O Restaurante X é um restaurante <strong>sobre</strong> o qual eu poderia falar por muito<br />

tempo.<br />

poderia_falar ,413 ,368<br />

Eu realmente gostei de comer no Restaurante X. gostei ,738 ,607<br />

Gosto de comer no Restaurante X. gosto ,738 ,653<br />

O Restaurante X é exatamente o que preciso em termos de restaurante. o_que_preciso ,530 ,570<br />

Se pudesse escolher de novo, escolheria outro restaurante em vez do<br />

Restaurante X.<br />

escolheria_outro ,519 ,298<br />

Eu mudaria de restaurante se os garçons do outro fossem mais amigáveis. mudaria_garcons ,764 ,652<br />

Eu tentaria um outro restaurante que oferecesse instalações melhores que<br />

o Restaurante X.<br />

tentaria_inst ,744 ,640<br />

A escolha do Restaurante X nem sempre funcionou tão bem como pensei. escolha_errada ,620 ,514<br />

Eu mudaria de restaurante se o novo me oferecesse mais status. mudaria_status ,414 -,387 ,425<br />

O Restaurante X tem prédios e instalações visualmente atraentes. predio_ins_atraem ,767 ,664<br />

O Restaurante X tem instalações e equipamentos modernos. inst_equip_mod ,689 ,388 ,667<br />

O Restaurante X me desperta interesse. desperta_interesse ,427 ,610 ,639<br />

Quando vou escolher um restaurante não me preocupo com promoções<br />

ou ofertas.<br />

Quando vou escolher um restaurante, comparo preços de vários para ter<br />

certeza que escolhi o que oferece a melhor relação de custo/benefício.<br />

Eu tentaria outro restaurante se ele fosse mais barato que o Restaurante<br />

X.<br />

Conheço as características do Restaurante X o suficiente para poder<br />

compará-lo com outros <strong>restaurantes</strong>.<br />

preco_promo ,829 ,751<br />

comparo_preços ,662 ,633<br />

tentaria_barato ,390 ,641 ,649<br />

conheço ,363 ,390<br />

Ao decidir comer fora, é importante que eu faça a escolha certa. importa_escolha ,769 ,669<br />

Na região onde está localizado, tenho uma preferência pelo Restaurante<br />

X.<br />

Não se espera que <strong>restaurantes</strong> ofereçam aos clientes atenção<br />

individualizada.<br />

prefiro_regiao ,486 ,586 ,615<br />

atencao_indiv ,895 ,839<br />

Autovalores 2,691 2,557 2,073 1,980 1,848 1,384 1,217 -<br />

Variância total explicada (%) Total= 59,783 11,699 11,119 9,012 8,610 8,034 6,018 5,292 -<br />

52


Depois de realizada a análise fatorial, foi feita a análise de confiabilidade de cada um<br />

dos sete fatores encontrados. Este procedimento foi importante para purificar a escala,<br />

garantindo a qualidade psicométrica do instrumento de coleta de dados. Descreve-se a<br />

seguir o valor do alfa de Cronbach calculado para cada fator encontrado na análise<br />

fatorial. Foi adotado como critério de eliminação de uma variável o valor do coeficiente<br />

Alpha obtido após a sua eliminação, através o procedimento “Alpha if item Deleted” do<br />

software SPSS 11.0 for Windows.<br />

O primeiro fator revelou as variáveis me_importo, leal, diz_muito, mais_que_simples e<br />

poderia_falar. A aplicação do procedimento Alpha if item deleted do SPSS indicou que<br />

a exclusão dos item poderia_falar elevaria o coeficiente alpha de 0,75 para 0,76. A<br />

análise destes ítens à luz das escalas revisadas e apresentadas no Quadro 3.1 revela que<br />

os ítens leal, me_importo e diz_muito representam dimensões do construto de<br />

Comprometimento. Já a variável mais_que_simples a dimensão de familiaridade, dentro<br />

do construto de Envolvimento. Foi definido que este fator seria chamado de<br />

Comprometimento.<br />

A medida do alfa de Cronbach para os ítens do segundo fator foi de 0,65, valor abaixo<br />

do mínimo recomendado de 0,70. No entanto, ao aplicar o procedimento Alpha if item<br />

deleted do SPSS, foi percebida a elevação do coeficiente alpha para 0,69 com a<br />

exclusão do item escolheria_outro. Assim, restaram os ítens gostei, gosto e<br />

o_que_preciso. A escolha do nome par a este fator recaiu em Satisfação, uma vez que<br />

ao consultar o Quadro 3.1, nota-se que os três ítens estão presentes no construto de<br />

Satisfação.<br />

53


O terceiro fator foi representado pelas variáveis mudaria_garçons, tentaria_inst,<br />

mesmas_marcas e mudaria_status. A análise de confiabilidade para este fator produziu<br />

o valor do coeficiente alfa de 0,62. Com a exclusão do item mudaria_status, o<br />

coeficiente alfa, com o escore de 0,63 e sem nenhuma outra chance de melhora com a<br />

eliminação dos itens restantes. Este fator permaneceu menor que valor mínimo de 0,70.<br />

Ao calcular o coeficiente alfa do quarto fator, houve uma boa indicação de melhora do<br />

coeficiente ao excluir o item inst_equip_mod. Assim, o coeficiente alfa passou de 0,66<br />

para 0,74. À primeira vista, as variáveis predio_ins_atraem e desperta_interesse não se<br />

referem ao mesmo construto, de acordo com o Quadro 3.1. O primeiro item se refere à<br />

dimensão de tangíveis da escala SERVQUAL de PARASURAMAN, BERRY e<br />

ZEITHAML (1988). Já o segundo item se refere à dimensão de familiaridade, no<br />

construto de envolvimento (LASTOVICKA e GARDNER,1979 apud BEARDEN et al.,<br />

1993; JENSON et al., 1988 apud BEARDEN et al., 1993). As frases a que estas<br />

variáveis se referem são:<br />

• “O Restaurante X me desperta interesse”, variável desperta_interesse<br />

• “O Restaurante X tem prédios e instalações visualmente atraentes”, variável<br />

predio_ins_atraem<br />

Foi escolhido o termo Tangíveis para representar este fator, com intenção de captar a<br />

influência do meio físico no comportamento do consumidor.<br />

O quinto e o sexto fator apresentaram valores de 0,62 e 0,48, respectivamente, para o<br />

coeficiente alfa de Cronbach, inferiores ao mínimo de 0,70. Por apresentarem valores<br />

54


abaixo do mínimo recomendado, estes fatores e suas respectivas variáveis, juntamente<br />

com o terceiro fator não foram selecionados para a escala.<br />

O sétimo fator também foi excluído da escala devido à impossibilidade de incluir<br />

variáveis latentes com apenas uma variável observada em modelagem de equações<br />

estruturais, como se verá mais adiante.<br />

Em resumo, seguindo as recomendações de Hair et al, 1998, foram conservadas como<br />

variáveis antecedentes apenas os fatores que apresentaram coeficientes alfa acima do<br />

mínimo de 0,70, isto é os fatores Comprometimento, Satisfação e Tangíveis.<br />

Avaliação das Variáveis Conseqüentes<br />

As variáveis conseqüentes são todas aquelas representadas pelo construto BUSCA POR<br />

VARIEDADE de RAJU (1980) e COMPORTAMENTO DE LEALDADE de<br />

ZEITHAML, BERRY e PARASURAMAN (1996). (cfr. Quadro 3.1, p. 45). Como foi<br />

visto na revisão de literatura, DICK e BASU (1994) propõem as variáveis presentes em<br />

ambos construtos como conseqüência da <strong>lealdade</strong>. Por sua vez, OLIVER (1997)<br />

reconhece apenas as variáveis relacionadas ao construto BUSCA POR VARIEDADE<br />

como conseqüência da fase de <strong>lealdade</strong> ativa.<br />

A análise fatorial exploratória das variáveis conseqüentes produziu a matriz de 4<br />

componentes com autovalores (eigenvalues) maiores que 1.<br />

O teste de KMO obteve o valor de 0,680, classificado como medida razoável, segundo<br />

HAIR et al., 1998. O teste de esfericidade de Barlett indicou a existência de correlações<br />

significantes a p


Para cada item foi calculada a sua maior carga na matriz, sendo que valores abaixo de<br />

0,35 foram desconsiderados. O método extração empregado foi a Análise dos<br />

Componentes Principais (Principal Component Analysis). A matriz apresentada na<br />

Tabela 3.2 foi rotacionada segundo o método VARIMAX com Normalização Kaiser<br />

Tabela 3.2 Matriz de Componentes – Análise Fatorial das Variáveis Conseqüentes<br />

Item do questionário Variável<br />

Pretendo voltar ao Restaurante<br />

X outras vezes.<br />

Falo bem do Restaurante X<br />

para outras pessoas.<br />

Eu incentivo amigos e parentes<br />

a comer no Restaurante X.<br />

Quando vejo um novo<br />

restaurante, diferente dos<br />

usuais, eu procuro saber <strong>sobre</strong><br />

ele.<br />

Dificilmente penso em comer<br />

em outro lugar que não seja o<br />

Restaurante X.<br />

Se gosto do restaurante,<br />

raramente o troco só para<br />

tentar algo diferente.<br />

O Restaurante X é a minha<br />

primeira escolha quando<br />

decido comer fora.<br />

Fico entediado de comprar as<br />

mesmas marcas mesmo que<br />

elas sejam boas.<br />

Eu cansaria de comer sempre<br />

no Restaurante X toda vez que<br />

fosse comer fora.<br />

Quando vou a um restaurante,<br />

acho mais seguro pedir pratos<br />

que conheço.<br />

Estando em determinada<br />

região, geralmente como no<br />

mesmo restaurante.<br />

pretendo_<br />

voltar<br />

Componentes<br />

1 2 3 4<br />

Comunalidade<br />

,818 ,727<br />

falo_bem ,800 ,668<br />

incent_<br />

amigpar<br />

procuro_<br />

saber<br />

novo<br />

dif_penso_<br />

outro<br />

raram_<br />

troco<br />

primeira_<br />

escolha<br />

mesmas_<br />

marcas<br />

,766 ,681<br />

-,499 ,428 ,447<br />

,760 ,635<br />

,727 ,550<br />

,371 ,531 ,517<br />

,862 ,785<br />

cansaria ,609 -,525 ,733<br />

pratos_<br />

conhecidos<br />

como_<br />

regiao<br />

,797 ,677<br />

,418 ,442 ,374<br />

Autovalores 2,349 1,952 1,267 1,227 -<br />

Variância total explicada<br />

(%)<br />

Total=<br />

61,777<br />

21,354 17,745 11,520 11,158 -<br />

Depois da análise fatorial, foi calculado o coeficiente alfa de Cronbach para cada fator.<br />

O emprego do procedimento Alpha if item deleted sugeriu a exclusão da variável<br />

procuro_saber_novo. Assim, o coeficiente alfa passou de 0,40 para 0,768.<br />

56


Os fatores 2, 3 e 4 apresentaram coeficientes Alpha nos valores de 0,612, 0,392 e 0,267,<br />

respectivamente. Mesmo utilizando o procedimento “Alpha if item Deleted” do<br />

software SPSS for Windows, não houve nenhuma oportunidade de melhoria. Seguindo<br />

as recomendações de Hair et al, 1998, foi conservado apenas o fator 1 que teve valor<br />

acima do mínimo de 0,70. Ele agrupa as variáveis pretendo_voltar, falo_bem e<br />

incent_amigpar. Ao confrontar com o Quadro 3.1, fator recebeu o nome de<br />

Comportamento de Lealdade.<br />

3.3.2. Modelagem de Equações Estruturais<br />

O emprego da técnica de Modelagem de Equações Estruturais (Structured Equation<br />

Modeling - SEM) teve por objetivo avaliar os modelos de DICK e BASU (1994) e<br />

OLIVER (1997). Não se pretende dar aqui uma visão exaustiva deste método. Há<br />

excelentes livros de análise multivariada contendo capítulos <strong>sobre</strong> esta técnica e mesmo<br />

livros dedicados a tratar exclusivamente de modelagem de equações estruturais. Em<br />

português, o leitor pode encontrar um resumo valioso <strong>sobre</strong> o método na tese de<br />

VIEIRA (2003).<br />

A modelagem de equações estruturais estima, simultaneamente, uma série de equações<br />

de regressão múltipla, as quais, embora separadas, são interdependentes. Para<br />

estimação, emprega-se um modelo estrutural, o qual relaciona os construtos<br />

fundamentais, e um modelo de mensuração especificado. O modelo de mensuração<br />

descreve as relações entre as variáveis latentes e as suas variáveis observadas<br />

(indicadores), ao passo que o modelo estrutural descreve a estrutura da relação entre as<br />

variáveis latentes.<br />

57


São denominados variáveis latentes ou fatores os construtos teóricos que não podem ser<br />

observados diretamente. Como as variáveis latentes não são observadas diretamente,<br />

estas não podem ser diretamente medidas. Nesse sentido, associam-se variáveis<br />

observadas a cada variável não-observada (ou latente), tornando a sua mensuração<br />

possível.<br />

É importante, ao se trabalhar com a modelagem de equações estruturais, distinguir entre<br />

variáveis latentes exógenas e endógenas. Variável latente exógena é sinônimo de<br />

variável independente; ela causa flutuação no valor de outras variáveis latentes do<br />

modelo. Variável latente endógena significa variável dependente e influenciada pelas<br />

variáveis exógenas.<br />

É recomendável, segundo SCHUMAKER e LOMAX (1996, p. 79) apud VIEIRA<br />

(2003), “que cada variável latente seja mensurada por mais de uma variável observada,<br />

pois, caso utilizemos uma única variável observada, estaremos supondo que não existe<br />

erro de mensuração associado à determinação da variável latente”.<br />

RAYKOV e MARCOULIDES (2000) apud VIEIRA (2003) recomendam que sejam<br />

utilizadas mais de duas variáveis observadas para cada variável latente. Segundo HAIR<br />

et al (1998, p. 598), “um construto pode ser representado por dois indicadores, mas três<br />

é o número mínimo preferido de indicadores [...]. Em termos práticos, cinco ou sete<br />

indicadores deveriam representar a maior parte dos construtos”.<br />

A modelagem de equações estruturais é geralmente empregada em modelos de path<br />

analysis, modelos de análise fatorial confirmatória e modelos de regressão estrutural.<br />

(HAIR et al., 1998).<br />

58


O modelo de regressão estrutural postula, além de possíveis correlações, relações de<br />

determinação entre as variáveis latentes. Ou seja, especifica a estrutura de regressão<br />

entre as variáveis latentes. Nesse caso, pode estabelecer hipóteses <strong>sobre</strong> o impacto de<br />

um construto latente <strong>sobre</strong> outro. Além de considerar efeitos causais diretos, o modelo<br />

de regressão estrutural também possibilita a existência de efeitos causais indiretos, o<br />

que explica o seu amplo emprego nas mais diferenciadas áreas de investigação.<br />

Quando o modelo de regressão estrutural não produz os valores esperados, pode-se<br />

alterá-lo, respeitando os postulados teóricos, com vistas a obter um modelo que melhor<br />

se ajuste aos dados existentes. Os modelos estruturais também podem ser empregados<br />

para explorar relações potenciais entre variáveis latentes de interesse.<br />

O modelo de regressão estrutural especifica as relações entre as variáveis latentes,<br />

podendo ser representado por uma série de equações de regressão estruturais. No<br />

entanto, segundo VIEIRA (2003), o modelo de equações estruturais geralmente é<br />

comunicado por meio de desenho, denominado diagrama de caminho (path diagram).<br />

Há algumas convenções gráficas adotadas na construção do diagrama de caminho:<br />

a) Variáveis observadas são inseridas em retângulos ou em quadrados, enquanto as<br />

latentes são inseridas em elipses ou círculos.<br />

b) Os erros de medida (erros de mensuração das variáveis observadas exógenas), ao<br />

passo que os erros residuais representam erros de predição de variáveis latentes<br />

endógenas ou de variáveis observadas endógenas.<br />

c) Os erros de medida e os residuais representam, na realidade, variáveis latentes,<br />

razão pela qual são incluídas em círculos menores.<br />

59


d) As flechas unidirecionais são reservadas aos coeficientes estruturais, que<br />

relacionam as variáveis latentes entre si; às cargas fatoriais, que relacionam as<br />

variáveis latentes às observadas; e às relações entre os termos de erro e suas<br />

respectivas variáveis dependentes.<br />

e) As flechas curvas com setas em ambos os lados representam covariâncias ou<br />

correlações.<br />

f) As variáveis dependentes recebem pelo menos um caminho (flecha de sentido<br />

único) de outra variável no modelo<br />

g) As variáveis independentes originam caminhos, podendo ser correlacionadas<br />

entre si, o que implica, no diagrama de caminho, flechas de duplo sentido as<br />

conectando.<br />

Os parâmetros do modelo são os pesos (ou coeficientes) estruturais, as variâncias dos<br />

erros de medida, as variâncias dos erros residuais e as covariâncias. A diferença entre as<br />

informações existentes e os parâmetros define os graus de liberdade do modelo.<br />

O processo de ajustamento de um modelo de equações estruturais é análogo à resolução<br />

de um sistema de equações. Segundo HAIR et al (1998, p. 584), “o SEM estima,<br />

simultaneamente, uma série de múltiplas equações de regressão separadas, mas<br />

interdependentes, por meio da especificação do modelo estrutural empregado pelo<br />

programa estatístico”.<br />

O método Maximum Likehood (ML) é amplamente empregado quando os dados<br />

observados são normalmente distribuídos. De fato, a hipótese de normalidade é muito<br />

comum na análise multivariada. Segundo RAYKOV e MARCOULIDES (2000) apud<br />

VIEIRA (2003), pesquisas recentes recomendam o emprego do ML quando os desvios<br />

60


da normalidade não são significativos. Em termos simplificados, o ML determina<br />

estimativas para os parâmetros do modelo que maximizam a probabilidade de se obter<br />

os dados disponíveis, caso sejam coletados novos dados da mesma população.<br />

Avaliar o grau em que um modelo hipotético se ajusta ou, em outras palavras, descreve<br />

adequadamente os dados da amostra, constitui objetivo fundamental na modelagem de<br />

equações estruturais. Em termos mais específicos, a avaliação deveria destacar a<br />

adequação: a) das estimativas dos parâmetros; e b) do modelo como um todo.<br />

A avaliação dos parâmetros individuais compreende a verificação da magnitude e o<br />

sinal dos parâmetros e sua consistência com os pressupostos teóricos. Avalia-se também<br />

a significância estatística da estimativa do parâmetro. No AMOS 4.0, esta é determinada<br />

pela razão crítica (C.R). O teste estatístico C.R representa a estimativa do parâmetro<br />

dividido por seu erro padrão. O teste opera como uma estatística z, na medida em que<br />

testa se a estimativa é estatisticamente diferente de zero. O AMOS 4.0 considera um<br />

nível de significância de 0,05, o que implica dizer que estimativas com razões críticas<br />

superiores ao valor absoluto de ± 1,96 são significativamente diferentes de zero no nível<br />

de 5%. Convém notar que parâmetros não significativos podem indicar um tamanho de<br />

amostra que seja demasiadamente pequeno.<br />

Quanto à avaliação do modelo como um todo, a modelagem de equações estruturais<br />

oferece diferentes índices que refletem o grau de ajuste do modelo aos dados. Serão<br />

apresentados os índices calculados pelo AMOS 4.0 utilizados na pesquisa. KLINE<br />

(1998) apud VIEIRA (2003) recomenda sejam utilizados pelo menos quatro testes, tais<br />

como qui-quadrado, CFI, TLI e RMSEA.<br />

61


os pesquisadores dividem o valor χ2 pelos graus de liberdade (df), para reduzir o seu<br />

valor, bem como a sensibilidade da estatística χ2 ao tamanho da amostra. No AMOS<br />

4.0, a razão χ2 /graus de liberdade aparece como CMIN/DF, a qual mostra a diferença<br />

entre as matrizes de covariância observada e estimada. Um valor elevado indica que as<br />

matrizes de covariância observada e estimada diferem significativamente. Sugere-se que<br />

o valor de χ2/df, uma sugestão freqüente seja menor do que 3 (KLINE, 1998 apud<br />

VIEIRA, 2003).<br />

Segundo HU e BLENTER (1995) apud VIEIRA (2003), os índices de ajustamento<br />

poderiam ser classificados em incremental e absoluto. Há diversos índices de<br />

ajustamento incremental, cabendo mencionar os seguintes:<br />

1) IFI (Incremental Fit Index)<br />

O índice de ajustamento incremental (IFI) reflete a proporção em que o modelo do<br />

pesquisador melhora o ajustamento comparativamente ao modelo independente (ou<br />

nulo) ao tamanho da amostra, uma vez que o NFI tende a subestimar o ajustamento em<br />

amostras pequenas. Valores acima de 0,90 indicam bons ajustamentos.<br />

2) TLI (Tucker-Lewis Index)<br />

O Tucker-Lewis Index (TLI), Non-Normed Fit Index (NNFI) ou Bentler-Bonett Non-<br />

Normed Fit Index é similar ao IFI, embora penalize a complexidade do modelo. Por<br />

convenção, um valor de TLI abaixo de 0,90 sinaliza a necessidade do modelo ser<br />

especificado novamente. O TLI é um dos índices de ajustamento menos afetado pelo<br />

tamanho da amostra (BYRNE, 2001 apud VIEIRA, 2003).<br />

62


3) CFI (Comparative Fit Index)<br />

O Comparative Fit Index (CFI), conhecido também como Bentler Comparative Fit<br />

Index, compara o ajuste do modelo existente com um modelo nulo, no qual se supõe a<br />

inexistência de correlação entre as variáveis latentes do modelo. O CFI é um índice de<br />

ajustamento incremental, menos afetado pelo tamanho da amostra. Por convenção, o<br />

CFI deve ser igual ou superior a 0,90 para que o modelo seja aceito, pois indica que<br />

90% da covariância nos dados podem ser reproduzidas pelo modelo formulado.<br />

Dentre os índices de ajustamento absoluto, destacam-se:<br />

1) RMSR (Root Mean Square Residual)<br />

O índice RMSR indica a média dos resíduos ajustados entre as matrizes estimadas e<br />

observadas, sob a hipótese de corretude do modelo.Valores baixos indicam um bom<br />

ajustamento (Hair et al., 1998) e um valor zero no índice RMSR indica um ajustamento<br />

perfeito. No software AMOS 4.0 esta estimativa é abreviada para RMR.<br />

2) RMSEA (Root Mean Square Error of Approximation)<br />

O RMSEA avalia quão bem o modelo se ajustaria à matriz de covariância da população,<br />

caso fosse disponível. Esse índice é sensível ao número de parâmetros estimados. Os<br />

índices cujos valores sejam inferiores a 0,05 indicam um bom ajustamento. Valores<br />

maiores de 0,05 e inferiores a 0,08 representam ajustamento razoável. Valores variando<br />

de 0,08 a 0,10 indicam ajustamentos pobres (ARBUCKLE e WOTHKE, 1999 apud<br />

VIEIRA, 2003).<br />

63


2) ECVI (Expected Cross Validation Index)<br />

O ECVI é uma estatística de ajustamento fundamental. O ECVI foi proposto para<br />

avaliar, com base numa única amostra, a probabilidade que o modelo hipotético fosse<br />

válido em amostras de tamanho similar, supondo-se a mesma população. Computa-se<br />

um índice ECVI para cada modelo (hipotético, saturado e nulo), os quais são, então,<br />

classificados. O modelo de menor ECVI apresenta maior potencial de ser válido em<br />

outra amostra de mesmo tamanho, extraída da mesma população (BYRNE, 2001 apud<br />

VIEIRA, 2003).<br />

3) GFI (Goodness of Fit Index)<br />

O índice de bondade do ajustamento GFI (Goodness-of-Fit Index) é outra medida do<br />

grau de adequação do modelo. É uma medida não estatística que varia de 0 (ajustamento<br />

pobre) até 1,0 (ajustamento perfeito), embora possa assumir, teoricamente, valores<br />

negativos. O GFI é análogo ao R 2 tendo em vista que indica a proporção das<br />

covariâncias observadas explicada pelas covariâncias originadas pelo modelo.O GFI é<br />

sensível ao tamanho da amostra.. Os valores mais elevados indicam melhores<br />

ajustamentos, mas nenhum nível absoluto mínimo de aceitação foi estabelecido, embora<br />

seja sugerido um valor a 0,90 para que o modelo seja aceito (BYRNE, 2001 apud<br />

VIEIRA, 2003).<br />

4) AGFI (Adjusted Goodness of Fit Index)<br />

O índice de bondade do ajustamento ajustado (Adjusted Goodness of Fit Index-AGFI) é<br />

uma variante do GFI, ajustando-o aos graus de liberdade do modelo em relação ao<br />

número de variáveis. Ele também varia de 0 a 1, mas também pode, teoricamente, gerar<br />

64


valores negativos. O AGFI é análogo ao R 2 ajustado. Especificamente, modelos mais<br />

complexos, ou seja, aqueles com mais parâmetros, tendem a se ajustar melhor aos<br />

mesmos dados do que os mais simples. O AGFI leva isso em consideração, corrigindo<br />

para baixo o valor do GFI quando o número de parâmetros aumenta. Da mesma forma<br />

que o GFI, o AGFI também é aceitável quando apresenta magnitude superior ou igual a<br />

0,90 (Byrne, 2001 apud VIEIRA, 2003).<br />

Embora tenhamos comentado as variáveis e apresentado as hipóteses que fundamentam<br />

o modelo de equações estruturais, convém, antes de sua apresentação, que as variáveis<br />

latentes (independentes e dependente) e as observadas sejam uma vez mais listadas,<br />

constando, desta feita, sua abreviação entre parênteses para uma leitura mais direta do<br />

modelo.<br />

3.4 Hipóteses de pesquisa<br />

O <strong>estudo</strong> tem como objetivo estudar empiricamente a <strong>lealdade</strong>, a partir dos modelos de<br />

DICK e BASU (1994) e de OLIVER (1997), a partir de uma escala proposta por<br />

MCMULLAN e GILMORE (2003), a qual foi modificada para incluir alguns ítens<br />

relativos às conseqüências da <strong>lealdade</strong>, conforme foi apontado anteriormente.<br />

A revisão da escala inicial de ítens, apoiada pela análise fatorial exploratória, permite<br />

estabelecer as seguintes hipóteses:<br />

HIPÓTESE 1<br />

A variável latente Tangíveis influi positivamente a percepção dos consumidores quanto<br />

à variável observada Capacidade do Restaurante em despertar o interesse do cliente.<br />

65


HIPÓTESE 2<br />

A variável latente Tangíveis influencia positivamente a percepção dos consumidores<br />

quanto à variável observada Atração visual exercida pelo prédio e instalações do<br />

Restaurante.<br />

HIPÓTESE 3<br />

A variável latente Satisfação influencia positivamente a percepção dos consumidores<br />

quanto à variável observada Prazer em comer no Restaurante no momento presente.<br />

HIPÓTESE 4<br />

A variável latente Satisfação influencia positivamente a percepção dos consumidores<br />

quanto à variável observada Prazer em comer no Restaurante em ocasiões passadas.<br />

HIPÓTESE 5<br />

A variável latente Satisfação influi positivamente na percepção dos consumidores em<br />

relação à variável observada Capacidade do Restaurante em atender às demandas do<br />

cliente.<br />

HIPÓTESE 6<br />

A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos<br />

consumidores quanto à variável observada Grau de identificação entre o Restaurante e a<br />

Personalidade do cliente.<br />

66


HIPÓTESE 7<br />

A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos<br />

consumidores quanto à variável observada Grau de diferenciação afetiva que o cliente<br />

atribui ao restaurante.<br />

HIPÓTESE 8<br />

A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos<br />

consumidores quanto à variável observada Grau de importância que o cliente atribui ao<br />

Restaurante.<br />

HIPÓTESE 9<br />

A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos<br />

consumidores quanto à variável observada Grau de importância que o cliente atribui ao<br />

Restaurante.<br />

HIPÓTESE 10<br />

A variável latente Comportamento de Lealdade influencia positivamente a percepção<br />

dos consumidores quanto à variável observada. Referências positivas comunicadas aos<br />

demais <strong>sobre</strong> o restaurante.<br />

HIPÓTESE 11<br />

A variável latente Comportamento de Lealdade influencia positivamente a percepção<br />

dos consumidores quanto à variável observada Intenção de retorno ao restaurante.<br />

67


HIPÓTESE 12<br />

A variável latente Comportamento de Lealdade influencia positivamente a percepção<br />

dos consumidores quanto à variável observada Incentivo a amigos e parentes a comerem<br />

no restaurante.<br />

As doze hipóteses anteriores se referem ao modelo de mensuração. Elas pertencem a<br />

ambos modelos que serviram de inspiração esta pesquisa, com exceção das hipóteses<br />

10, 11 e 12 que não estão presentes no modelo baseado em OLIVER (1997).<br />

Apresentam-se agora os dois modelos inspirados em DICK e BASU (1994) e em<br />

OLIVER (1997). Dizem-se modelos inspirados nos autores, uma vez que se reconhece<br />

que nem todos os construtos propostos por eles foram identificados na análise fatorial<br />

exploratória da escala utilizada nesta pesquisa. A Figura apresenta o modelo de<br />

<strong>lealdade</strong> inspirado em DICK e BASU (1994)<br />

Tangíveis<br />

Satisfação<br />

H13<br />

+<br />

Comprometimento<br />

H14 H15<br />

+<br />

Figura 3.1 Modelo de Lealdade Inspirado em DICK e BASU (1994)<br />

+<br />

Comportamento<br />

de Lealdade<br />

68


HIPÓTESE 13<br />

A dimensão referente a Tangíveis influencia positivamente o construto de<br />

Comprometimento.<br />

HIPÓTESE 14<br />

A dimensão referente a Satisfação influencia positivamente o construto de<br />

Comprometimento.<br />

HIPÓTESE 15<br />

A dimensão referente a Comprometimento influencia positivamente o construto de<br />

Comportamento de Lealdade.<br />

Apresenta-se a seguir o modelo de <strong>lealdade</strong> inspirado em OLIVER (1997) na Figura<br />

3.2, a partir dos construtos propostos na escala deste <strong>estudo</strong>.<br />

+<br />

Tangíveis Satisfação<br />

Lealdade<br />

cognitiva<br />

H16<br />

Lealdade<br />

afetiva<br />

H14<br />

Figura 3.2 Modelo de Lealdade Inspirado em OLIVER (1994)<br />

+<br />

Comprometimento<br />

Lealdade<br />

conativa<br />

69


O modelo inspirado em OLIVER (1997) supõe a hipótese 14 e propõe a hipótese 16, a<br />

seguir:<br />

HIPÓTESE 16<br />

A dimensão referente a Tangíveis influencia positivamente o construto de Satisfação.<br />

Na medida em que se empregou a modelagem de equações estruturais para testar as<br />

hipóteses desenvolvidas a partir dos modelos descritos acima, foram definidas variáveis<br />

observadas e latentes.<br />

Variáveis Observadas<br />

1. Capacidade do Restaurante em despertar o interesse do cliente. (desperta_interesse)<br />

2. Atração visual exercida pelo prédio e instalações do Restaurante.<br />

(predios_ins_atraem)<br />

3. Prazer em comer no Restaurante no momento presente. (gosto)<br />

4. Prazer em comer no Restaurante em ocasiões passadas. (gostei)<br />

5. Capacidade geral do Restaurante em atender às demandas do cliente.<br />

(o_que_preciso)<br />

6. Grau de identificação que o cliente percebe entre si mesmo e o Restaurante.<br />

(diz_muito)<br />

7. Grau de diferenciação e significado simbólico que o cliente atribui ao Restaurante.<br />

(mais_que_simples)<br />

8. Grau de importância que o cliente atribui ao Restaurante. (me_importo)<br />

9. Grau de <strong>lealdade</strong> que o cliente atribui a si mesmo em relação ao Restaurante. (leal)<br />

10. Referências positivas comunicadas aos demais <strong>sobre</strong> o Restaurante. (falo_bem)<br />

70


11. Grau de Intenção de retorno ao Restaurante. (pretendo_voltar)<br />

12. Disposição de incentivar amigos e parentes a comerem no restaurante.<br />

(incentivo_amigpar)<br />

Variáveis Latentes<br />

1) TANGÍVEIS (TANG)<br />

Essa variável latente refere-se à influência do meio físico em chamar a atenção do<br />

consumidor. Sua estimação ocorreu a partir de duas variáveis observadas: Capacidade<br />

do Restaurante em despertar o interesse do cliente e Atração visual exercida pelo prédio<br />

e instalações do Restaurante.<br />

2) SATISFAÇÃO (SATIS)<br />

Essa variável latente refere-se à satisfação do consumidor em relação ao restaurante.<br />

Sua estimação ocorreu a partir de quatro variáveis observadas, a saber: Prazer em comer<br />

no Restaurante no momento presente; Prazer em comer no Restaurante em ocasiões<br />

passada; Capacidade geral do Restaurante em atender às demandas do cliente.<br />

3) COMPROMETIMENTO (COMPROMET)<br />

Essa variável latente refere-se à percepção de comprometimento que o cliente atribui ao<br />

seu relacionamento com o restaurante. A estimação deste construto ocorreu a partir de<br />

quatro variáveis observadas, tais como: Grau de identificação que o cliente percebe<br />

entre si mesmo e o Restaurante; Grau de diferenciação e significado simbólico que o<br />

cliente atribui ao Restaurante; Grau de importância que o cliente atribui ao Restaurante;<br />

Grau de <strong>lealdade</strong> o cliente atribui a si mesmo em relação ao Restaurante.<br />

71


4) COMPORTAMENTO DE LEALDADE (LEALDADE)<br />

Essa variável latente está vinculada às ações de <strong>lealdade</strong> declaradas pelo respondente. A<br />

sua estimação ocorreu a partir de três variáveis observadas, quais: Referências positivas<br />

comunicadas aos demais <strong>sobre</strong> o Restaurante; Grau de Intenção de retorno ao<br />

Restaurante; Disposição de incentivar amigos e parentes a comerem no restaurante.<br />

3.5 Limitações da Pesquisa<br />

O uso de um grupo de estudantes como respondentes constitui a primeira limitação<br />

desta pesquisa. PETERSON (2001) encontrou suporte <strong>empírico</strong> para a proposição de<br />

que as respostas de estudantes em pesquisas de escalas são levemente mais homogêneas<br />

que as respostas de amostras de não-estudantes. Assim, haveria problemas de<br />

generalização dos resultados encontrados. Esta pesquisa tentou minorar estes problemas<br />

admitindo principalmente estudantes mais velhos, que tivessem concluído ao menos a<br />

metade do curso. Assim, se conseguiu uma amostra principalmente de jovens, no<br />

entanto com idades superior a 22 anos em média, como será visto na seção 4.1 do<br />

próximo capítulo.<br />

A segunda limitação se deve ao uso de uma amostra de conveniência. Novamente surge<br />

o problema da generalização dos resultados encontrados, uma vez que a amostra<br />

utilizada poderia nem mesmo ser representativa da população de estudantes<br />

universitários. No entanto, a escolha de estudantes de duas universidades e sete cursos<br />

universitários diferentes, contemplando áreas de ciências sociais, ciências exatas e de<br />

saúde ajudar a minimizar estes efeitos.<br />

72


A terceira se refere ao momento de aplicação do instrumento de coleta de dados. De<br />

fato, para obter respostas mais ricas quanto à memória dos respondentes, o momento<br />

ideal de aplicação seria realizar entrevistas após o encontro de serviço. Decidiu-se, no<br />

entanto, que em <strong>restaurantes</strong> para ocasiões especiais há um alto grau de envolvimento<br />

do consumidor, propiciando experiências de consumo mais acessíveis aos respondentes.<br />

Assim, a aplicação em sala de aula, precedida por algumas palavras de incentivo dos<br />

professores, e a provável satisfação em participar de um <strong>estudo</strong>, cujo tema lhes era<br />

familiar ajudaram os respondentes a fornecerem respostas mais precisas.<br />

Outra limitação foi a não identificação de uma dimensão conativa, presente tanto no<br />

modelo de DICK e BASU (1994), como no modelo de OLIVER (1997). De fato, no<br />

Quadro 3.1, alguns ítens poderiam ser classificados como conativos, principalmente<br />

aqueles formulados com os tempos verbais no futuro e no futuro do pretérito, como é o<br />

caso de “Eu mudaria de restaurante se o novo me oferecesse mais status” ou de<br />

“Pretendo voltar ao Restaurante X outras vezes”. Alguns autores como BLOEMER et<br />

al. (1999) alegam que os indicadores de <strong>lealdade</strong> empregados teriam natureza conativa.<br />

De qualquer modo, a não-identificação desta dimensão foi principalmente decorrente da<br />

natureza exploratória desta pesquisa.<br />

A quinta está relacionada ao fato de que os modelos surgidos a partir da análise fatorial<br />

exploratória podem não representar exatamente o pensamento de OLIVER (1997) e<br />

DICK e BASU (1994), na medida em que não incluem todos os fatores. No entanto,<br />

houve duas razões para esta escolha:<br />

1) Primeiramente, não é do conhecimento do autor a existência de uma escala validada<br />

que incluísse todos os fatores propostos por DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).<br />

73


Propor uma nova escala estaria além do escopo desta dissertação. A escala de<br />

MCMULLAN e GILMORE (2003) pareceu um bom ponto de partida para realizar uma<br />

replicação no contexto de um <strong>estudo</strong> exploratório.<br />

2) Como afirmam DICK e BASU (1994), “o modelo integrado de <strong>lealdade</strong> proposto<br />

aqui deve ser um ponto de partida e pode ser adaptado conforme cada caso” pg. 111.<br />

OLIVER (1997) usa palavras semelhantes ao mencionar que o número de ítens de um<br />

questionário de <strong>lealdade</strong> só estaria limitado pela imaginação e disponibilidade do<br />

pesquisador.<br />

Por fim, a última limitação do <strong>estudo</strong> diz respeito às características da modelagem de<br />

equações estruturais, uma vez que o emprego de equações lineares simplifica<br />

demasiadamente a realidade. Na concepção de MACCALLUM (apud VIEIRA, 2003),<br />

“na melhor das hipóteses pode-se esperar, em lugar de ajustamento perfeito, que os<br />

modelos forneçam uma grande aproximação aos dados observados. No caso do SEM, os<br />

fenômenos do mundo real [...] são muito mais complexos para que possamos<br />

representá-los com o emprego de um modelo de equações estruturais lineares e as<br />

hipóteses a ele associado”.<br />

74


4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS<br />

Os resultados da pesquisa foram analisados tendo em vista três objetivos. O primeiro foi<br />

descrever as características demográficas dos respondentes, fazendo alguns cruzamentos<br />

entre algumas variáveis mais importantes. O segundo objetivo foi apresentar uma<br />

análise univariada dos ítens que compõem as variáveis observadas. Por fim,<br />

apresentam-se – a partir da técnica de modelagem de equações estruturais – os<br />

resultados relativos ao exame dos modelos inspirados em DICK e BASU (1994) e<br />

OLIVER (1997), para então, verificar e discutir as hipóteses estabelecidas. Apresenta-se<br />

em seguida um modelo híbrido, resultado das avaliações dos modelos mencionados<br />

anteriormente.<br />

4.1 Análise Descritiva da Amostra<br />

A partir dos contatos em sala de aula foram abordados 321 estudantes universitários de<br />

graduação de duas universidades públicas, que tivessem completado pelo menos a<br />

metade do curso. Deste total, foram recolhidos 284 questionários, sendo que 13 foram<br />

devolvidos em branco, 21 questionários foram excluídos em função de não terem sido<br />

preenchidos integralmente, 39 eram de respondentes não residentes na cidade do Rio de<br />

Janeiro. Assim, 210 questionários foram considerados válidos.<br />

Os estudantes universitários que participaram da pesquisa são oriundos de sete cursos<br />

diferentes. Buscou-se um equilíbrio entre o número de estudantes das áreas de ciências<br />

humanas, ciências exatas e ciências de saúde.<br />

Levando-se em conta apenas os questionários considerados validados, apresenta-se a<br />

Tabela 4.1 com a distribuição obtida de respondentes por curso.<br />

75


Psicologia<br />

Engenharia<br />

Medicina<br />

Direito<br />

Administração<br />

Estatística<br />

Odontologia<br />

Total<br />

Tabela 4.1 Distribuição dos Respondentes por Curso<br />

CURSO<br />

Freqüência<br />

15<br />

Percentual<br />

7,1<br />

Percentual<br />

Válidos<br />

7,1<br />

Percentual<br />

Acumulados<br />

7,1<br />

45 21,4 21,4 28,6<br />

74 35,2 35,2 63,8<br />

54 25,7 25,7 89,5<br />

5 2,4 2,4 91,9<br />

7 3,3 3,3 95,2<br />

10 4,8 4,8 100,0<br />

210 100,0 100,0<br />

Ao classificar cada curso universitário como das tradicionais áreas do saber, (ciências<br />

exatas, ciências sociais e ciências de saúde), obteve-se a Tabela 4.2 abaixo:<br />

Tabela 4.2 Distribuição dos Respondentes por Ramo do Saber<br />

Freqüência Percentual<br />

Ciências Exatas 52 24,7%<br />

Ciências Sociais 74 35,3%<br />

Ciências de Saúde 84 40,0%<br />

No que toca às duas universidades onde os questionários foram aplicados, obteve-se 90<br />

respostas de estudantes da <strong>UFRJ</strong> e 120 respostas de estudantes da UERJ. A maioria<br />

(63,6%) dos respondentes trabalha ou faz estágio, sendo que 36,4% declararam que não<br />

trabalhavam nem faziam estágio. (Tabela 4.3 e 4.4)<br />

Tabela 4.3 Distribuição dos Respondentes por Universidade<br />

<strong>UFRJ</strong><br />

UERJ<br />

Total<br />

Freqüência Percentual<br />

Percentual<br />

Válidos<br />

Percentual<br />

Acumulados<br />

90 42,9 42,9 42,9<br />

120 57,1 57,1 100,0<br />

210 100,0 100,0<br />

76


Missing<br />

Total<br />

Tabela 4.4 Distribuição dos Respondentes por Ocupação<br />

só estuda<br />

estuda e<br />

trabalha<br />

estuda e faz<br />

estágio<br />

Total<br />

Freqüência Percentual<br />

76 36,2 36,4 36,4<br />

24 11,4 11,5 47,8<br />

109 51,9 52,2 100,0<br />

209 99,5 100,0<br />

1 ,5<br />

210 100,0<br />

Percentual<br />

Válidos<br />

Quanto à idade dos respondentes, a média é 22,5 anos (d.p. = 2,75), a moda e a mediana<br />

são iguais a 22 anos. A amostra apresentou 51,2% de mulheres. Em relação à renda<br />

familiar mensal, 3,6% declaram ter renda mensal de até mil reais, 21,5% de 1 a 3 mil<br />

reais, 27,7% de 3 a 5 mil reais, 21,5% de 5 a 8 mil reais e 25,6% têm renda familiar<br />

maior que 8 mil reais. Quase a totalidade (96,2%) dos respondentes é formada por<br />

solteiros, sendo que 3,3% são casados e 0,5% são separados. (Tabela 4.5 e Figura 4.1)<br />

Tabela 4.5 Distribuição Idade dos Respondentes por Renda<br />

Estatísticas<br />

IDADE<br />

N<br />

Validos<br />

Missing<br />

Média<br />

Desvio-Padrão da Média<br />

Mediana<br />

Moda<br />

Desvio-Padrão<br />

Variância<br />

209<br />

1<br />

22,50<br />

,190<br />

22,00<br />

22<br />

2,748<br />

7,549<br />

Percentual<br />

Acumulados<br />

77


Figura 4.1 DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES POR RENDA<br />

Foi solicitado aos respondentes que informassem o restaurante escolhido como de<br />

ocasiões especiais, isto é, considerando as seguintes situações: o restaurante para levar a<br />

família; o restaurante para levar a(o) namorada(o); o restaurante para celebrar festas ou<br />

comemorações.As respostas cobrem uma ampla gama de tipos de <strong>restaurantes</strong>, sendo<br />

que a lista completa dos <strong>restaurantes</strong> citados é apresentada no Anexo 1.<br />

4.2 Análise por tabulação cruzada<br />

Procurou-se apresentar alguns cruzamentos entre as variáveis RENDA, OCUPAÇÃO e<br />

CURSO.<br />

RENDA<br />

mais de R$8.000<br />

de R$5.001 a R$8.000<br />

A Tabela 4.6 apresenta o cruzamento do curso com a faixa de renda do entrevistado.<br />

Pode-se verificar que os estudantes de Direito e Medicina são os que apresentam um<br />

maior percentual de renda familiar mensal maior que oito mil reais, com percentuais de<br />

37,3% e 38,5%, respectivamente.<br />

25,6%<br />

21,5%<br />

menos de R$1.000<br />

3,6%<br />

21,5%<br />

27,7%<br />

de R$1.001 a R$3.000<br />

de R$3.001 a R$5.000<br />

78


CURSO<br />

Total<br />

Tabela 4.6 Cruzamento do Curso com Faixa de Renda do Entrevistado<br />

Psicologia<br />

Engenharia<br />

Medicina<br />

Direito<br />

Administração<br />

Estatística<br />

Odontologia<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

O cruzamento da renda com a ocupação do entrevistado (cfr. Tabela 4.7) sugere que os<br />

estudantes que apresentam renda mais alta tendem a se dedicar de modo exclusivo aos<br />

<strong>estudo</strong>s, numa parcela sensivelmente maior, se comparados com os estudantes que<br />

apresentam renda familiar inferior.<br />

RENDA<br />

Total<br />

Até<br />

R$1.000<br />

Entre R$ 1.000<br />

e R$ 3.000<br />

Entre R$ 3.000<br />

e R$ 5.000<br />

Entre R$ 5.000<br />

e R$ 8.000<br />

Maior que<br />

R$ 8.000<br />

Até<br />

R$1.000<br />

Entre<br />

R$ 1.000 e<br />

R$ 3.000<br />

RENDA<br />

Entre<br />

R$ 3.000 e<br />

R$ 5.000<br />

Entre<br />

R$ 5.000 e<br />

R$ 8.000<br />

Tabela 4.7 Composição da Renda por Ocupação do Entrevistado<br />

Count<br />

% within RENDA<br />

Count<br />

% within RENDA<br />

Count<br />

% within RENDA<br />

Count<br />

% within RENDA<br />

Count<br />

% within RENDA<br />

Count<br />

% within RENDA<br />

Maior que<br />

R$ 8.000<br />

Total<br />

79<br />

1 9 2 2 14<br />

7,1% 64,3% 14,3% 14,3% 100,0%<br />

16 13 10 4 43<br />

37,2% 30,2% 23,3% 9,3% 100,0%<br />

2 9 15 14 25 65<br />

3,1% 13,8% 23,1% 21,5% 38,5% 100,0%<br />

3 4 15 10 19 51<br />

5,9% 7,8% 29,4% 19,6% 37,3% 100,0%<br />

1 2 1 1 5<br />

20,0% 40,0% 20,0% 20,0% 100,0%<br />

2 2 2 1 7<br />

28,6% 28,6% 28,6% 14,3% 100,0%<br />

1 1 5 3 10<br />

10,0% 10,0% 50,0% 30,0% 100,0%<br />

7 42 54 42 50 195<br />

3,6% 21,5% 27,7% 21,5% 25,6% 100,0%<br />

Ocupação<br />

só estuda<br />

estuda e<br />

trabalha<br />

estuda e<br />

faz estágio Total<br />

2 5 7<br />

28,6% 71,4% 100,0%<br />

14 5 23 42<br />

33,3% 11,9% 54,8% 100,0%<br />

16 11 26 53<br />

30,2% 20,8% 49,1% 100,0%<br />

14 4 24 42<br />

33,3% 9,5% 57,1% 100,0%<br />

22 3 25 50<br />

44,0% 6,0% 50,0% 100,0%<br />

68 23 103 194<br />

35,1% 11,9% 53,1% 100,0%


A Tabela 4.8 apresenta o cruzamento do curso com a ocupação do entrevistado. Pode-se<br />

verificar que a maior parte dos estudantes de todos os cursos (exceto Medicina)<br />

desenvolve algum tipo de atividade, seja estágio ou trabalho. No curso de Medicina,<br />

reconhecidamente um curso de dedicação integral, a maioria dos estudantes (59,5%)<br />

não desenvolve nenhuma atividade profissional paralela aos <strong>estudo</strong>s. Outro fator que<br />

ajuda a explicar este fato é que os alunos de Medicina começam a fazer estágios a partir<br />

do 8º período.<br />

CURSO<br />

Total<br />

Tabela 4.8 Cruzamento do Curso com a Ocupação do Entrevistado<br />

Psicologia<br />

Engenharia<br />

Medicina<br />

Direito<br />

Administração<br />

Estatística<br />

Odontologia<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

só estuda<br />

Ocupação<br />

estuda e<br />

trabalha<br />

estuda e faz<br />

estágio Total<br />

5 1 9 15<br />

É importante ressaltar que os cursos de Direito, Engenharia, Medicina e Odontologia<br />

são cursos de dez semestres, enquanto que os cursos de Administração, Estatística e<br />

Psicologia possuem duração de oito semestres. De qualquer modo esta distribuição<br />

indica que a imensa maioria dos respondentes é formada por alunos que cursaram ao<br />

menos a metade do cursos, conforme o desenho da pesquisa. A Tabela 4.9 ilustra a<br />

80<br />

33,3% 6,7% 60,0% 100,0%<br />

9 10 25 44<br />

20,5% 22,7% 56,8% 100,0%<br />

44 4 26 74<br />

59,5% 5,4% 35,1% 100,0%<br />

12 5 37 54<br />

22,2% 9,3% 68,5% 100,0%<br />

1 1 3 5<br />

20,0% 20,0% 60,0% 100,0%<br />

1 6 7<br />

14,3% 85,7% 100,0%<br />

5 2 3 10<br />

50,0% 20,0% 30,0% 100,0%<br />

76 24 109 209<br />

36,4% 11,5% 52,2% 100,0%


distribuição dos respondentes por curso e semestre cursado.<br />

CURSO<br />

Total<br />

Psicologia<br />

Engenharia<br />

Medicina<br />

Direito<br />

Administração<br />

Estatística<br />

Odontologia<br />

Tabela 4.9 Cruzamento do Curso com o Período dos Respondentes<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

Count<br />

% within CURSO<br />

4.3 Análise Univariada<br />

81<br />

PERIODO<br />

5 6 7 8 9 10 Total<br />

9 4 2 15<br />

60,0% 26,7% 13,3% 100,0%<br />

8 13 10 11 3 45<br />

17,8% 28,9% 22,2% 24,4% 6,7% 100,0%<br />

34 40 74<br />

45,9% 54,1% 100,0%<br />

25 23 6 54<br />

46,3% 42,6% 11,1% 100,0%<br />

3 2 5<br />

60,0% 40,0% 100,0%<br />

7 7<br />

100,0% 100,0%<br />

7 3 10<br />

70,0% 30,0% 100,0%<br />

17 82 61 38 9 3 210<br />

8,1% 39,0% 29,0% 18,1% 4,3% 1,4% 100,0%<br />

A partir da análise fatorial e da análise de confiabilidade já mencionadas anteriormente,<br />

chegou-se ao conjunto de variáveis do modelo. Os dados descritivos dessas variáveis<br />

serão explorados a seguir. A importância desses dados se reflete em quais itens há<br />

espaço para o desenvolvimento da <strong>lealdade</strong> dos consumidores, no contexto de<br />

estudantes universitários. Desta forma, a partir deles, pode-se ter uma visão mais ampla<br />

de como os consumidores avaliam a experiência de consumo em <strong>restaurantes</strong> de<br />

situações especiais, em termos de <strong>lealdade</strong>, tangíveis, satisfação e comprometimento. A<br />

Tabela 4.10 apresenta a média, mediana e desvio-padrão de cada uma destas variáveis.


Tabela 4.10 Análise Univariada dos Ítens do Questionário<br />

Média Mediana Desvio-<br />

Padrão<br />

incent_amigpar<br />

5,25 5,00 1,126<br />

pretendo_voltar<br />

6,01 6,00 ,925<br />

falo_bem<br />

5,64 5,00 ,949<br />

desperta_interesse<br />

5,08 5,00 ,953<br />

predio_ins_atraem<br />

4,96 5,00 1,142<br />

gosto<br />

5,99 6,00 ,923<br />

o_que_preciso<br />

4,71 5,00 1,014<br />

gostei<br />

6,00 6,00 ,910<br />

diz_muito<br />

3,52 3,00 1,538<br />

me_importo<br />

3,42 3,00 1,336<br />

leal<br />

3,31 3,00 1,336<br />

mais_que_simples 4,36 4,00 1,245<br />

Dentre os ítens analisados na escala tipo Likert de 7 pontos, a intenção de recompra,<br />

representada pela variável “pretendo_voltar” alcançou a maior média (6,01). As<br />

variáveis de satisfação em termos de gosto também revelaram escores altos nas<br />

variáveis “gostei” (6,00) e “gosto” (5,99).<br />

Por outro lado, as variáveis de comprometimento apresentaram os menores escores e ao<br />

mesmo tempo com os maiores desvios-padrão. Esse resultado pode ser um indicador de<br />

que há espaço para um crescimento na dimensão de comprometimento dos<br />

consumidores. As discrepâncias entre as respostas podem revelar também que há um<br />

grupo de consumidores que apresenta um certo grau de comprometimento.<br />

Aparentemente uma surpresa foi o resultado da variável “leal”, que representa o item do<br />

questionário “Eu me considero muito leal ao Restaurante X”. Este item apresentou um<br />

grau de discordância elevado, sendo o que apresenta a média mais baixa entre as<br />

variáveis (3,31). De fato, ao examinar a Tabela 4.11, apenas 19,5% apresentaram um<br />

grau de concordância em relação a essa afirmativa.<br />

82


Valid<br />

Tabela 4.11 Freqüências de respostas da variável LEAL<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

Total<br />

Freqüência Percentual<br />

Este resultado é interessante porque pode dar uma idéia do segmento da amostra que<br />

realmente se considera leal. Se pensarmos no “clássico” quadrante de DICK e BASU<br />

(1994) (cfr. Figura 2.1, pg. 16), seria razoável pensar que dentre um conjunto de<br />

consumidores apenas um segmento apresenta “<strong>lealdade</strong> verdadeira”. De fato,<br />

PRITCHARD e HOWARD (1997) encontraram 33,6% de respondentes neste cluster. Já<br />

ZINS (2001) obteve 17,6% dos passageiros considerados como de “<strong>lealdade</strong><br />

verdadeira” à companhia aérea que forneceu a população utilizada no seu <strong>estudo</strong>.<br />

4.4 Avaliação dos Modelos de Lealdade<br />

Percentual<br />

Válidos<br />

Percentual<br />

Acumulados<br />

28 13,3 13,3 13,3<br />

18 8,6 8,6 21,9<br />

74 35,2 35,2 57,1<br />

49 23,3 23,3 80,5<br />

35 16,7 16,7 97,1<br />

3 1,4 1,4 98,6<br />

3 1,4 1,4 100,0<br />

210 100,0 100,0<br />

Dentre as estratégias de avaliação de modelos teóricos, HAIR et al. (1998) sugerem: a<br />

análise confirmatória de modelos definidos a priori; a avaliação de modelos rivais ou<br />

equivalentes e o desenvolvimento de modelos. Segundo comenta SANTOS (2001), “a<br />

estratégia envolvendo modelos equivalentes pode ser considerada a superior, pois não<br />

envolve reespecificações de modelos, que, muitas vezes, são guiadas pelos dados e não<br />

pela teoria que os fundamenta”. A comparação entre modelos rivais fornece<br />

informações <strong>sobre</strong> interpretações alternativas para os dados, gerando uma proteção<br />

contra o viés da confirmação (MACCALLUM e AUSTIN, 2000 apud SANTOS (2001).<br />

83


Ao avaliar o modelo de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997) será utilizada a<br />

estratégia de modelos equivalentes indicada por HAIR et al. (1998). Essa estratégia será<br />

baseada na adição de novas relações causais entre os construtos estudados, as quais não<br />

foram contempladas no modelo original. Cabe salientar que esta adição de parâmetros<br />

será guiada, essencialmente, pela fundamentação teórica que permeia este <strong>estudo</strong>.<br />

4.4.1. Avaliação do Modelo Original Inspirado em DICK e BASU (1994)<br />

Com base nas quatro variáveis latentes analisadas, apresenta-se o modelo de <strong>lealdade</strong><br />

com inspirado no modelo de DICK e BASU (1994) na Figura 4.2. Diz-se modelo<br />

inspirado nesses autores, uma vez que nem todas os construtos incluídos na escala<br />

proposta por MCMULLAN e GILMORE (2003) apresentaram coeficientes de<br />

confiabilidade satisfatórios, depois da análise fatorial exploratória. As variáveis latentes<br />

que foram excluídas por este motivo foram Busca por variedade, Sensibilidade a preço<br />

e Disposição de troca.<br />

84


e7<br />

,54<br />

e6<br />

e5<br />

,54<br />

o_que<br />

preciso<br />

,28<br />

gostei<br />

gosto<br />

e16<br />

predio_ins<br />

atraem<br />

,34<br />

e15<br />

1,00<br />

desperta<br />

interesse<br />

,53<br />

,74<br />

,74<br />

,52<br />

,59<br />

SATIS<br />

TANG<br />

1,00<br />

,23<br />

,58<br />

diz_muito<br />

e1<br />

,32<br />

,33<br />

COMPROMET<br />

,23<br />

,84<br />

,69<br />

me<br />

importo<br />

e2<br />

,71<br />

e24<br />

leal<br />

e3<br />

,48<br />

,46<br />

mais_que<br />

simples<br />

,30<br />

,21<br />

LEALDADE<br />

e26<br />

Figura 4.2 Modelo Inspirado em DICK e BASU (1994)<br />

,55<br />

e4<br />

,74<br />

,69<br />

,55<br />

falo_bem e23<br />

pretendo<br />

voltar<br />

,73 ,48<br />

incent<br />

amigpar<br />

A avaliação deste modelo originalmente proposto, através do programa AMOS 4.0,<br />

produziu convergência de solução. O modelo é recursivo, mais do que identificado, com<br />

31 parâmetros, 60 graus de liberdade e uma amostra de 210 observações (Quadro 4.1).<br />

Quadro<br />

4.1<br />

Modelo original de DICK e BASU (1994):<br />

resumo do relatório do AMOS 4.0<br />

Número de variáveis exógenas: 16<br />

Número de variáveis endógenas: 14<br />

Tamanho da amostra: 210<br />

Computação dos graus de liberdade<br />

Número distinto de momentos da amostra: 78<br />

Número de parâmetros distintos a serem estimados: 27<br />

Graus de liberdade: 51<br />

Chi-square = 214,612<br />

Probability level = 0,000<br />

,54<br />

e22<br />

e21<br />

85


Nota-se que o modelo original em DICK e BASU (1994) exibiu escores na maioria dos<br />

diversos índices de ajustamento abaixo do mínimo exigido para caracterizar um bom<br />

ajustamento (Tabela 4.12).<br />

Tabela 4.12 Ajustamento do Modelo Original de DICK e BASU (1994): resultados do AMOS 4.0<br />

Medida Ajustamento<br />

Qui-Quadrado 214,612<br />

Graus de Liberdade 51<br />

CMIN/DF 4,208<br />

RMR 0,137<br />

GFI 0,866<br />

AGFI 0,795<br />

IFI 0,810<br />

TLI 0,750<br />

CFI 0,807<br />

RMSEA 0,123<br />

ECVI<br />

Modelo Hipotético 1,267<br />

Modelo Saturado 0,736<br />

Modelo Independente 4,422<br />

A razão χ2 /graus de liberdade (CMIN/DF) apresentou valor superior (4,208) ao limite<br />

máximo aceitável de 3.<br />

O Goodness of Fit Index (GFI) e o Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) ficaram<br />

aquém do limite inferior de 0,90. O mesmo ocorreu com o Incremental Fit Index (IFI), o<br />

Tucker-Lewis Index (TLI) e o Comparative Fit Index (CFI).<br />

O Expected Cross Validation Index (ECVI) revela que o modelo hipotético é inferior ao<br />

saturado, já que o valor do primeiro é superior ao do segundo. Ao analisar o índice Root<br />

Mean Square Error of Approximation (RMSEA), nota-se que o valor de 0,123 supera o<br />

limite máximo de ajustamento pobre (0,10), distanciando-se, assim, significativamente<br />

do limite máximo de um ajustamento razoável (0,08).<br />

86


Os índices revelam que é preciso promover algum tipo de reespecificação no modelo.<br />

Na concepção de HAIR et al (1998), a estratégia de desenvolvimento do modelo inicia<br />

com a construção de um modelo original que tenha fortes fundamentos teóricos.<br />

Emprega-se, então, a modelagem de equações estruturais não somente para testá-lo<br />

empiricamente, mas visando extrair insights para seu aperfeiçoamento.<br />

A satisfação, por sua vez, é considerada um dos principais antecedentes da <strong>lealdade</strong><br />

(BITNER, 1995). Mais ainda, diversos <strong>estudo</strong>s <strong>empírico</strong>s sugerem que o construto de<br />

satisfação influi diretamente na <strong>lealdade</strong> dos consumidores. Como exemplo, vamos<br />

enunciar alguns que se basearam no modelo de DICK e BASU (1994) e outros que<br />

analisaram a relação entre os dois construtos em questão.<br />

Ao submeter o modelo de DICK e BASU (1994) a um teste <strong>empírico</strong>, PRITCHARD e<br />

HOWARD (1997) confirmaram que a satisfação tem influência direta e positiva na<br />

<strong>lealdade</strong>. No seu <strong>estudo</strong> <strong>sobre</strong> clientes de companhias aéreas, hotéis e campos de golfe,<br />

os autores usaram como medidas de <strong>lealdade</strong> três ítens comportamentais (proporção de<br />

uso, volume e freqüência de uso) e um único item atitudinal de grau de <strong>lealdade</strong><br />

declarado pelos respondentes em relação ao prestador de serviço.<br />

Ao investigar a <strong>lealdade</strong> de passageiros a companhias aéreas, ZINS (2001) foi outro<br />

autor que descobriu uma relação direta entre satisfação e <strong>lealdade</strong>. Como indicadores de<br />

<strong>lealdade</strong>, ZINS (2001) escolheu um item para expressar preferência e outro que<br />

representasse a recomendação do serviço a terceiros.<br />

Por sua vez, BLOEMER e KASPER (1995) encontraram um efeito positivo entre<br />

satisfação e <strong>lealdade</strong> à marca, ao estudar bens não-duráveis. Entretanto, esses autores<br />

87


mediram <strong>lealdade</strong> como comprometimento e intenção de recompra, não incluindo<br />

variáveis de recomendação a terceiros.<br />

CARUANA (2002) sugere que a satisfação é uma variável interveniente na relação<br />

entre qualidade percebida e <strong>lealdade</strong>. O autor mediu <strong>lealdade</strong> com uma escala que<br />

incluía componentes atitudinais e comportamentais.<br />

Por fim, o <strong>estudo</strong> de BEARDEN e TELL (1983) propõe que a recomendação é um dos<br />

efeitos diretos da satisfação. Amparado pela teoria, pode-se propor uma alteração no<br />

modelo inspirado em DICK e BASU (1994) como se verá na próxima seção.<br />

4.4.2. Avaliação do Modelo Revisado Inspirado em DICK e BASU (1994)<br />

A alteração proposta é a inclusão de uma relação direta entre a variável SATIS e a<br />

variável LEALDADE, conforme a Figura 4.3.<br />

,47 gostei<br />

e7<br />

e6<br />

e5<br />

,23<br />

gosto<br />

,65<br />

o_que<br />

preciso<br />

e16<br />

predio_ins<br />

atraem<br />

,34<br />

e15<br />

1,00<br />

desperta<br />

interesse<br />

,48<br />

,69<br />

,81<br />

,53<br />

,59<br />

SATIS<br />

TANG<br />

1,00<br />

,23<br />

,58<br />

diz_muito<br />

e1<br />

,24<br />

,34<br />

me<br />

importo<br />

e2<br />

COMPROMET<br />

,87<br />

,17<br />

,75<br />

Figura 4.3 Modelo Revisado Inspirado em DICK e BASU (1994)<br />

O modelo modificado é recursivo, com 28 parâmetros estimados e 50 graus de<br />

e24<br />

,71<br />

,85<br />

leal<br />

e3<br />

,50<br />

,53<br />

,07<br />

mais_que<br />

simples<br />

e4<br />

,28<br />

,76<br />

LEALDADE<br />

e26<br />

,79<br />

,72<br />

,62<br />

falo_bem e23<br />

pretendo<br />

voltar<br />

,64 ,52<br />

incent<br />

amigpar<br />

,41<br />

e22<br />

e21<br />

88


liberdade. Os índices de ajustamento do modelo ficaram razoavelmente acima dos<br />

valores mínimos críticos de validação (Tabela 4.13).<br />

Tabela 4.13 Modelo Revisado de DICK e BASU (1994): resultados do AMOS 4.0<br />

Medida Ajustamento<br />

Qui-Quadrado 116,915<br />

Graus de Liberdade 50<br />

CMIN/DF 2,338<br />

RMR 0,091<br />

GFI 0,922<br />

AGFI 0,878<br />

IFI 0,923<br />

TLI 0,896<br />

CFI 0,921<br />

RMSEA<br />

ECVI<br />

0,079<br />

Modelo Hipotético 0,816<br />

Modelo Saturado 0,736<br />

Modelo Independente 4,422<br />

Todos os índices de ajustamento do modelo modificado são muito mais robustos do que<br />

o do modelo original. A razão CMIN/DF é bem inferior a 3 (2,338). O modelo<br />

modificado melhora o ajustamento do Goodness of Fit Index (GFI) para 0,922.<br />

O RMR, que indica uma média de resíduos ajustados, é de 0,091, valor acima do índice<br />

de ajustamento razoável.<br />

O Incremental Fit Index (IFI) superou o valor mínimo crítico com o valor de 0,923. O<br />

Tucker-Lewis Index (TLI) que penaliza a complexidade do modelo, acumulando a<br />

vantagem adicional de ser um dos menos afetado pelo tamanho da amostra, também<br />

apresentou valor muito próximo (0,896) ao mínimo crítico de 0,90. Analogamente, o<br />

Comparative Fit Index (CFI) apresentou magnitude de 0,921. Assim, 92,1% da<br />

covariância nos dados podem ser reproduzidas pelo modelo hipotético modificado.<br />

89


O índice expresso pela RMSEA indica ajustamento razoável, visto que se situa em<br />

patamar inferior a 0,08 (0,079).<br />

Apesar das melhoras, o índice Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) no valor de 0,878<br />

ficou aquém do limite inferior de 0,90 recomendado por HAIR et al (1998). O índice<br />

Expected Cross Validation Index (ECVI) revela que o modelo hipotético é inferior ao<br />

saturado, já que o valor do primeiro permaneceu superior ao do segundo.<br />

No entanto, uma vez que os demais índices estão situados dentro dos limites aceitáveis,<br />

pode-se adotar – dado o caráter exploratório desta pesquisa – critérios menos<br />

parcimoniosos de autores como DURANDE-MOREAU e USUNIER (1999) e VAN<br />

BIERGELEN, RUYTER e WETZELS (2001) que aceitam índices superiores a 0,80 e<br />

0,85, respectivamente.<br />

Considerada a validade do modelo hipotético, convém analisarmos as estimativas dos<br />

parâmetros, objetivando identificar os caminhos estatisticamente significativos.<br />

Segundo atesta VIEIRA (2003), no software AMOS 4.0, o teste para significância<br />

estatística da estimativa do parâmetro é determinado pela razão crítica que testa se a<br />

estimativa do peso de regressão é estatisticamente diferente de zero, ao nível de<br />

significância de 0,05. Sendo assim, caso a estimativa em valor absoluto supere 1,96,<br />

podemos rejeitar a hipótese de que a estimativa seja igual a zero com nível de<br />

significância de 5%.<br />

À exceção da estimativa do peso de regressão referente à influência direta da variável<br />

latente de comprometimento (COMPROMET) <strong>sobre</strong> a variável de Lealdade, as demais<br />

estimativas são estatisticamente significativas ao nível de 5%. (Tabela 4.14)<br />

90


Tabela 4.14 Modelo Revisado de DICK e BASU (1994): pesos de regressão<br />

Caminho Estimativa<br />

Padronizada<br />

Estimativa<br />

Erro<br />

Padrão<br />

Razão<br />

Crítica<br />

COMPROMET


estaurante de ocasiões especiais. Como já foi observado, o restaurante escolhido para<br />

um jantar romântico pode ser bem diferente daquele que seria “adequado” para um<br />

almoço de confraternização com toda a família ou mesmo aquele escolhido para<br />

comemorar uma festa com amigos.<br />

É necessário mencionar ainda que a covariância entre a variável satisfação e a variável<br />

Tangíveis garante um efeito indireto desta última variável no construto de<br />

Comportamento de Lealdade. No entanto, ao analisar os efeitos diretos das variáveis<br />

TANG e SATIS <strong>sobre</strong> COMPROMET, percebe-se que os pesos de regressão são 0,24 e<br />

0,23, respectivamente. Além disso, a variância explicada de COMPROMET por estes<br />

caminhos é de apenas 14% (Tabela 4.15). Estes resultados podem sugerir alterações<br />

mais profundas neste modelo.<br />

Tabela 4.15 Correlações Quadradas Múltiplas (R 2 )<br />

Variável Estimativa<br />

COMPROMET 0,167<br />

LEALDADE 0,763<br />

desperta_interesse 1,000<br />

me_importo 0,751<br />

gosto 0,649<br />

falo_bem 0,619<br />

pretendo_voltar 0,524<br />

leal 0,501<br />

gostei 0,470<br />

incentivo_amigpar 0,410<br />

predio_ins_atraem 0,342<br />

diz_muito 0,337<br />

mais_que_simples 0,279<br />

o_que_preciso 0,228<br />

É notório que Comprometimento apresenta um “baixo desempenho” como variável<br />

interveniente. Na próxima seção, a análise do modelo inspirado em OLIVER (1997)<br />

poderá fornecer algumas possíveis sugestões para compreender melhor a relação entre<br />

92


estes construtos.<br />

Os resultados do modelo revisado de DICK e BASU (1994) indicam a rejeição da<br />

hipótese 15 e a aceitação de uma nova hipótese 15a, descrita a seguir:<br />

HIPÓTESE 15a: A dimensão referente à Satisfação influencia positivamente o<br />

construto de Comportamento de Lealdade.<br />

4.4.3. Avaliação do Modelo Original Inspirado em Oliver (1997)<br />

Novamente com base nas quatro variáveis latentes analisadas, apresenta-se agora o<br />

modelo de <strong>lealdade</strong> com inspirado em OLIVER (1997,1999) na Figura 4.4. Como foi<br />

feito anteriormente, diz-se modelo inspirado nesse autor, uma vez que nem todas as<br />

variáveis latentes incluídas na escala proposta por MCMULLAN e GILMORE (2003)<br />

obtiveram os índices mínimos sugeridos na análise de confiabilidade. As variáveis<br />

latentes excluídas por este motivo foram: Busca por Variedade, Sensibilidade a Preço e<br />

Disposição de Troca.<br />

93


e8<br />

,36<br />

e7<br />

,96<br />

predio_ins<br />

atraem<br />

desperta<br />

interesse<br />

Figura 4.4 Modelo Original Inspirado em OLIVER (1997, 1999)<br />

Através do programa AMOS 4.0, a avaliação modelo proposto baseado em OLIVER<br />

(1997) apresentou convergência de solução. O modelo é recursivo, mais do que<br />

identificado, com 20 parâmetros, 25 graus de liberdade e uma amostra de 210<br />

observações (Quadro 4.2).<br />

,60<br />

,98<br />

,30<br />

TANG<br />

o_que<br />

preciso<br />

,56<br />

SATIS<br />

,42<br />

,32<br />

Quadro 4.2 Modelo original de OLIVER (1997):<br />

resumo do relatório do AMOS 4.0<br />

Número de variáveis exógenas: 12<br />

Número de variáveis endógenas: 11<br />

Tamanho da amostra: 210<br />

Computação dos graus de liberdade<br />

Número distinto de momentos da amostra: 45<br />

Número de parâmetros distintos a serem estimados: 20<br />

Graus de liberdade: 25<br />

Chi-square = 73,803<br />

Probability level = 0,000<br />

e4<br />

,54<br />

,52<br />

e5<br />

gosto<br />

e14<br />

,72<br />

e1<br />

,51<br />

e6<br />

gostei<br />

,72<br />

,57<br />

COMPROMET<br />

,17<br />

,88<br />

diz_muito<br />

me<br />

importo<br />

leal<br />

,33 ,77 ,50<br />

e2<br />

e12<br />

,71<br />

e3<br />

,52<br />

mais_que<br />

simples<br />

,27<br />

e15<br />

94


Em diversos índices de ajustamento, o modelo original inspirado em OLIVER (1997)<br />

exibiu escores superiores ao mínimo exigido para caracterizar um bom ajustamento<br />

(Tabela 4.16).<br />

Tabela 4.16 Modelo Original baseado em OLIVER (1997): resultados do AMOS 4.0<br />

Medida Ajustamento<br />

Qui-Quadrado 73,803<br />

Graus de Liberdade 25<br />

CMIN/DF 2,952<br />

RMR 0,104<br />

GFI 0,931<br />

AGFI 0,875<br />

IFI 0,911<br />

TLI 0,870<br />

CFI 0,910<br />

RMSEA<br />

ECVI<br />

0,096<br />

Modelo Hipotético 0,537<br />

Modelo Saturado 0,425<br />

Modelo Independente 2,802<br />

A razão χ2 /graus de liberdade (CMIN/DF) apresentou valor inferior (2,952) ao limite<br />

máximo aceitável de 3.<br />

O Goodness of Fit Index (GFI) superou o mínimo recomendado. O mesmo ocorreu com<br />

o Incremental Fit Index (IFI) e o Comparative Fit Index (CFI).<br />

No entanto, os resultado de alguns índices sugerem que há oportunidade para melhorar<br />

este modelo. O Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) e o Tucker-Lewis Index (TLI)<br />

ficaram aquém do limite inferior de 0,90. Além disso, o Expected Cross Validation<br />

Index (ECVI) revela que o modelo hipotético é inferior ao saturado, já que o valor do<br />

primeiro é superior ao do segundo.<br />

Ao analisar o índice Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA), nota-se que<br />

95


o valor de 0,096 situa o modelo no ajustamento pobre (0,10). O índice RMR de 0,104<br />

representa a um índice de ajustamento pobre, acima do limite superior de 0,10 para<br />

ajustamento pobre.<br />

Como foi visto anteriormente, a variável latente Tangíveis descreve, segundo este<br />

<strong>estudo</strong>, a influência dos aspectos tangíveis do restaurante na <strong>lealdade</strong> do cliente ao<br />

mesmo. Além de impactar positiva e diretamente na variável Satisfação, conforme o<br />

modelo inspirado em Oliver (1997), pode-se propor o seu impacto direto na variável<br />

Comprometimento, pelas razões dadas a seguir.<br />

CARUANA (2002) sugere que há uma relação direta entre qualidade percebida e<br />

<strong>lealdade</strong>. O autor mediu qualidade percebida com uma escala SERVQUAL e a <strong>lealdade</strong><br />

com uma escala que incluía componentes atitudinais e comportamentais.<br />

Alguns autores consideram que o construto de comprometimento está ligado ou mesmo<br />

se confunde com o construto de Lealdade Atitudinal (PRADO e SANTOS, 2003).<br />

Sendo assim, pode-se considerar Tangíveis um componente cognitivo que impacta<br />

diretamente a variável Lealdade Atitudinal, como propõe o modelo de DICK e BASU<br />

(1994).<br />

PRITCHARD e HOWARD (1997) reportaram resultados <strong>empírico</strong>s que sustentam o<br />

efeito direto de qualidade percebida (também medidos por eles através de uma escala<br />

SERVQUAL) no construto de Lealdade Atitudinal.<br />

Amparando-se nestes argumentos, pode-se propor uma alteração no modelo inspirado<br />

em OLIVER (1997) como se verá na próxima seção.<br />

96


4.4.4. Avaliação do Modelo Revisado Inspirado em Oliver (1997)<br />

A alteração proposta é a inclusão de uma relação direta entre a variável TANG e a<br />

variável COMPROMET, conforme a Figura 4.5.<br />

e8<br />

,35<br />

e7<br />

,99<br />

predio_ins<br />

atraem<br />

desperta<br />

interesse<br />

,59<br />

1,00<br />

TANG<br />

e14<br />

,55<br />

gostei<br />

e6<br />

COMPROMET<br />

Figura 4.5 Modelo Revisado Baseado em OLIVER (1997)<br />

me<br />

importo<br />

O modelo modificado é recursivo, com 21 parâmetros estimados e 24 graus de<br />

liberdade. Com a alteração proposta, os índices de ajustamento do modelo ficaram<br />

SATIS<br />

razoavelmente acima dos valores mínimos críticos de validação (Tabela 4.17).<br />

,74<br />

,54<br />

Tabela 4.17 Modelo Revisado Baseado em OLIVER (1997): resultados do AMOS 4.0<br />

Medida Ajustamento<br />

Qui-Quadrado 68,076<br />

Graus de Liberdade 24<br />

CMIN/DF 2,837<br />

RMR 0,100<br />

GFI 0,937<br />

AGFI 0,883<br />

IFI 0,920<br />

,22<br />

gosto<br />

e5<br />

,74<br />

,27<br />

,27<br />

,28<br />

,52 ,25<br />

,52<br />

e15<br />

mais_que<br />

simples<br />

o_que<br />

preciso<br />

e4<br />

,50<br />

,53<br />

e3<br />

leal<br />

,71<br />

e12<br />

,76<br />

,87<br />

e2<br />

,17<br />

,33<br />

,58<br />

e1<br />

diz_muito<br />

97


Medida Ajustamento<br />

TLI 0,878<br />

CFI 0,918<br />

RMSEA 0,093<br />

ECVI<br />

Modelo Hipotético 0,519<br />

Modelo Saturado 0,425<br />

Modelo Independente 2,802<br />

Todos os índices de ajustamento do modelo modificado são um pouco melhores que o<br />

do modelo original. A razão CMIN/DF é inferior a 3 (2,251). O modelo hipotético<br />

modificado melhora o ajustamento do Goodness of Fit Index (GFI).<br />

O RMR, que indica uma média de resíduos ajustados, é de 0,10, situa o modelo como de<br />

ajustamento pobre (HAIR et al., 1998).<br />

O Incremental Fit Index (IFI) superou o valor mínimo crítico com o valor de 0,920. bem<br />

como o Comparative Fit Index (CFI), que apresentou magnitude superior a 0,90.<br />

Assim, 91,8% da covariância nos dados podem ser reproduzidas pelo modelo hipotético<br />

modificado.<br />

O índice expresso pela RMSEA indica ajustamento pobre, visto que se situa em patamar<br />

inferior a 0,10 (0,093).<br />

A melhoria pela inclusão da relação direta entre as variáveis TANG e COMPROMET<br />

não foi suficiente para melhorar os índices AGFI, que como o valor de 0,883 ficou<br />

aquém do limite inferior de 0,90 recomendado por HAIR et al (1998). O mesmo ocorreu<br />

com o índice TFI. E por fim, o índice Expected Cross Validation Index (ECVI) revela<br />

que o modelo hipotético é inferior ao saturado, já que o valor do primeiro permaneceu<br />

superior ao do segundo.<br />

98


Como foi comentado na discussão <strong>sobre</strong> o modelo revisado baseado em Dick e Basu<br />

(1994), uma vez que os demais índices estão dentro dos limites aceitáveis, pode-se<br />

adotar – dado o caráter exploratório desta pesquisa – critérios menos parcimoniosos de<br />

autores como DURANDE-MOREAU e USUNIER (1999) e VAN BIERGELEN,<br />

RUYTER e WETZELS (2001) que aceitam índices superiores a 0,80 e 0,85,<br />

respectivamente.<br />

Considerada a validade do modelo revisado, inspirado em OLIVER (1997), serão<br />

computadas as estimativas dos parâmetros. Os resultados da Tabela 4.18 mostram que<br />

todo os caminhos são estatisticamente significativos ao nível de 5%.<br />

Os efeitos diretos das variáveis TANG e SATIS <strong>sobre</strong> COMPROMET são 0,22 e 0,25<br />

respectivamente.<br />

Tabela 4.18 Modelo Revisado Baseado em OLIVER (1997): pesos de regressão<br />

Caminho Estimativa<br />

Padronizada<br />

Estimativa Erro<br />

Padrão<br />

Razão<br />

Crítica<br />

SATIS


ecomendado 0,50 (HAIR et al., 1998). Apesar dos caminhos a partir da variável<br />

exógena TANG serem significativos, há razões para se supor que outra estrutura pode<br />

ser desenvolvida para acomodar as variáveis latentes em questão. (Tabela 4.19)<br />

Tabela 4.19 Correlações Quadradas Múltiplas (R 2 )<br />

Variável Estimativa<br />

SATIS 0,270<br />

COMPROMET 0,172<br />

mais_que_simples 0,276<br />

leal 0,499<br />

me_importo 0,757<br />

diz_muito 0,335<br />

gostei 0,550<br />

gosto 0,543<br />

o_que_preciso 0,275<br />

desperta_interesse 0,991<br />

predio_ins_atraem 0,335<br />

Os resultados do modelo revisado, inspirado em OLIVER (1997) indicam a aceitação de<br />

uma nova hipótese 17a, descrita a seguir:<br />

HIPÓTESE 17a: A dimensão referente à Tangíveis influencia positivamente o construto<br />

de Comprometimento.<br />

Ao se comparar os modelos revisados inspirados em DICK e BASU (1994) e OLIVER<br />

(1997), foi possível verificar que, embora ambos apresentem bons índices de<br />

ajustamento, ainda restam alguns problemas. Dentre eles, há uma baixa variância<br />

explicada em algumas variáveis endógenas em ambos os modelos e o desempenho<br />

insatisfatório de comprometimento como variável inteveniente.<br />

O modelo inspirado em OLIVER apresenta um poder de explicação menor do fenômeno<br />

da <strong>lealdade</strong>, uma vez que o construto de Comportamento de Lealdade não foi proposto<br />

100<br />

pelo autor. A exclusão desta variável pode ter tido um impacto significativo no


ajustamento do modelo inspirado em Oliver (1997). Sendo assim, o bom ajustamento<br />

pode ter sido conseqüência de uma amostra com poucos dados e não de um desenho que<br />

realmente descreva o fenômeno estudado (BRANNICK, 2001).<br />

A próxima seção apresenta um modelo híbrido que tenta conciliar estas questões, e que<br />

satisfaça as avaliações relacionadas à sua estrutura e mensuração.<br />

4.4.5. Modelo Proposto Híbrido<br />

Apresenta-se, por fim, um modelo híbrido que tenta conciliar as contribuições dos<br />

modelos anteriores de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997). No modelo híbrido a<br />

seguir, a variável COMPROMET passa a ter correlações com as variáveis TANG e<br />

SATIS. (Figura 4.6)<br />

e1<br />

predio_ins<br />

atraem<br />

,34<br />

,59 1,00<br />

TANG<br />

e2<br />

desperta<br />

interesse<br />

1,00<br />

e6<br />

,36<br />

diz_muito me_importo<br />

,42<br />

,52<br />

,65<br />

gosto<br />

e3<br />

e7<br />

,60<br />

,81<br />

,60<br />

,77<br />

COMPROMET<br />

,41<br />

SATIS<br />

gostei<br />

e4<br />

e8<br />

leal<br />

,60<br />

,69<br />

e9<br />

,36 ,35<br />

mais_que<br />

simples<br />

,47<br />

,48<br />

o_que<br />

preciso<br />

e5<br />

,59<br />

,83<br />

,09<br />

,23<br />

Figura 4.6 Modelo Híbrido<br />

,76<br />

LEALDADE<br />

e13<br />

,79<br />

,72<br />

,64<br />

,62<br />

101<br />

falo_bem e10<br />

,52<br />

pretendo_voltar e11<br />

incent_amigpar e12<br />

,41


O modelo híbrido apresentou convergência de solução. O modelo é recursivo, mais do<br />

que identificado, com 21 parâmetros, 49 graus de liberdade e uma amostra de 210<br />

observações (Quadro 4.3).<br />

Quadro 4.3 Modelo híbrido: resumo do relatório do AMOS 4.0<br />

Número de variáveis exógenas: 16<br />

Número de variáveis endógenas: 13<br />

Tamanho da amostra: 210<br />

Computação dos graus de liberdade<br />

Número distinto de momentos da amostra: 78<br />

Número de parâmetros distintos a serem estimados: 29<br />

Graus de liberdade: 29<br />

Chi-square = 112,529<br />

Probability level = 0,000<br />

Em diversos índices de ajustamento, o modelo híbrido exibiu escores superiores ao<br />

mínimo exigido para caracterizar um bom ajustamento (Tabela 4.20).<br />

Tabela 4.20 Modelo Híbrido: resultados do AMOS 4.0<br />

Medida Ajustamento<br />

Qui-Quadrado 112,529<br />

Graus de Liberdade 49<br />

CMIN/DF 2,297<br />

RMR 0,087<br />

GFI 0,924<br />

AGFI 0,879<br />

IFI 0,927<br />

TLI 0,901<br />

CFI 0,925<br />

RMSEA 0,078<br />

ECVI<br />

Modelo Hipotético 0,804<br />

Modelo Saturado 0,736<br />

Modelo Independente 4,422<br />

A razão χ2 /graus de liberdade (CMIN/DF) apresentou valor (2,297) inferior ao limite<br />

máximo aceitável de 3.<br />

102


O Goodness of Fit Index (GFI) superou o mínimo recomendado com o valor de 0,924.<br />

O RMR de 0,087 representa um valor considerado ligeiramente acima do índice de<br />

ajustamento razoável, mas que não chega a comprometer o ajuste geral do modelo, na<br />

medida em que existem fortes correlações entre os construtos (HAIR et al., 1998).<br />

O Incremental Fit Index (IFI),o Tucker-Lewis Index (TLI) e o Comparative Fit Index<br />

(CFI) apresentaram resultados superiores a 0,90. O Adjusted Goodness of Fit Index<br />

(AGFI) apresentou o valor de 0,879, ligeiramente inferior ao mínimo recomendado.<br />

O índice expresso pela RMSEA indica ajustamento razoável, visto que se situa em<br />

patamar inferior a 0,08 (0,078).<br />

Na comparação do índice ECVI em relação aos modelos saturado e independente, não<br />

houve melhoria em relação aos modelos revisados apresentados anteriormente. O<br />

modelo híbrido ainda apresenta menor potencial de ser válido em outra amostra de<br />

mesmo tamanho, extraída da mesma população.<br />

Considerada a validade do modelo híbrido, serão computadas as estimativas dos<br />

parâmetros. Os resultados da Tabela 4.21 mostram que todos os caminhos são<br />

estatisticamente significativos ao nível de 1%, com exceção da relação entre a variável<br />

COMPROMET e LEALDADE, como será examinado a seguir.<br />

103


Tabela 4.21 Modelo Híbrido: pesos de regressão<br />

Caminho Estimativa<br />

Padronizada<br />

Estimativa Erro<br />

Padrão<br />

Razão<br />

Crítica<br />

LEALDADE


Tabela 4.22 Correlações Quadradas Múltiplas (R2)<br />

Variável Estimativa<br />

LEALDADE 0,762<br />

gosto 0,651<br />

gostei 0,472<br />

o_que_preciso 0,228<br />

desperta_interesse 1,000<br />

predio_ins_atraem 0,342<br />

leal 0,358<br />

me_importo 0,597<br />

mais_que_simples 0,352<br />

diz_muito 0,362<br />

falo_bem 0,619<br />

pretendo_voltar 0,525<br />

incent_amigpar 0,410<br />

De fato a fraqueza deste modelo é o baixo valor do peso de regressão entre<br />

COMPROMET e LEALDADE. Apesar de ter apresentado uma ligeira melhora, o valor<br />

da estimativa padronizada foi 0,073 (p=0,277).<br />

O modelo híbrido suporta apenas a aceitação da Hipótese 15a, rejeitando a Hipótese 15<br />

ao nível de significância de 0,05.<br />

Valem aqui as considerações feitas <strong>sobre</strong> esta hipótese na seção 4.4.2 <strong>sobre</strong> a avaliação<br />

do modelo revisado inspirado em DICK e BASU (1994). Em favor do modelo híbrido,<br />

pode-se mencionar ainda que a influência do construto de Comprometimento <strong>sobre</strong><br />

Comportamento de Lealdade pode ocorrer também através do construto de Satisfação,<br />

uma vez que ambos os construtos apresentam correlação significativa de 0,41.<br />

4.5 Balanço Final Entre os Modelos Rivais<br />

Apresenta-se agora um resumo da comparação entre os três modelos rivais.<br />

105


Tabela 4.23 Análise dos três Modelos Estruturais Rivais<br />

106<br />

D & B Revisado Oliver Revisado Modelo Hibrido<br />

Caminho<br />

Efeitos Diretos (βs) p


A variável latente Comportamento de Lealdade (LEALDADE) também sofre o impacto<br />

indireto dos construtos Tangíveis (TANG) e Comprometimento (COMPROMET) via<br />

correlação positiva dessa última variável Satisfação (SATIS).<br />

Após as avaliações, ao se examinar as hipóteses de pesquisa, observa-se que:<br />

Todas as hipóteses de 1 a 12, relativas ao modelo de mensuração – o que relaciona cada<br />

variável latente e suas respectivas variáveis observadas – apresentam relações diretas<br />

significativas ao nível de significância de 0,05. Retomando as hipóteses em questão:<br />

Em relação ao modelo revisado inspirado em DICK e BASU (1994) foram examinadas<br />

as hipóteses 13, 14, 15 e 15a. Este modelo aceita todas estas hipóteses com exceção da<br />

Hipótese 15, não-significativa a 0,05.<br />

O modelo revisado, inspirado em OLIVER (1997) apresenta as hipóteses 17, 17a, 18,<br />

sendo que todas são aceitas, no entanto, como foi mencionado este modelo não incluiu a<br />

variável latente Comportamento de Lealdade, uma vez que OLIVER (1997) não<br />

identificou as variáveis observáveis deste construto.<br />

Os resultados da pesquisa destacam a Satisfação (SATIS) como o principal construto do<br />

modelo. Além de exercer influência direta <strong>sobre</strong> o construto de Comportamento de<br />

Lealdade, desempenha a variável Satisfação permite as influências indiretas das<br />

variáveis suas principais variáveis observadas.<br />

Em relação à escala original proposta por MCMULLAN e GILMORE (2003), pode-se<br />

comentar que a inclusão dos indicadores de <strong>lealdade</strong> (presentes no construto<br />

107<br />

Comportamento de Lealdade), a partir da escala de CARUANA (2002) enriquece a


escala proposta pelas autoras para medir o construto de Lealdade. A Tabela 4.24<br />

apresenta um resumo dos resultados em relação a cada hipótese:<br />

Tabela 4.24 Resumo dos Resultados das Hipóteses<br />

Hipótese Descrição Resultado<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

A variável latente Tangíveis influencia positivamente a<br />

percepção dos consumidores quanto à variável observada<br />

Capacidade do Restaurante em despertar o interesse do cliente.<br />

A variável latente Tangíveis influencia positivamente a<br />

percepção dos consumidores quanto à variável observada<br />

Atração visual exercida pelo prédio e instalações do<br />

Restaurante.<br />

A variável latente Satisfação influencia positivamente a<br />

percepção dos consumidores quanto à variável observada<br />

Prazer em comer no Restaurante no momento presente.<br />

A variável latente Satisfação influencia positivamente a<br />

percepção dos consumidores quanto à variável observada<br />

Prazer em comer no Restaurante em ocasiões passadas.<br />

A variável latente Satisfação influencia positivamente a<br />

percepção dos consumidores quanto à variável observada<br />

Capacidade do Restaurante em atender às demandas do cliente.<br />

A variável latente Comprometimento influencia positivamente<br />

a percepção dos consumidores quanto à variável observada<br />

Grau de identificação entre o Restaurante e a Personalidade do<br />

cliente.<br />

A variável latente Comprometimento influencia positivamente<br />

a percepção dos consumidores quanto à variável observada<br />

Grau de diferenciação afetiva que o cliente atribui ao<br />

restaurante.<br />

A variável latente Comprometimento influencia positivamente<br />

a percepção dos consumidores quanto à variável observada<br />

Grau de importância que o cliente atribui ao Restaurante.<br />

A variável latente Comprometimento influencia positivamente<br />

a percepção dos consumidores quanto à variável observada<br />

Grau de importância que o cliente atribui ao Restaurante.<br />

A variável latente Comportamento de Lealdade influencia<br />

positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável<br />

observada. Referências positivas comunicadas aos demais<br />

<strong>sobre</strong> o restaurante.<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

108<br />

Aceita


Tabela 4.24 Resumo dos Resultados das Hipóteses (cont.)<br />

Hipótese Descrição Resultado<br />

11<br />

12<br />

13<br />

14<br />

15<br />

15a<br />

16<br />

A variável latente Comportamento de Lealdade influencia<br />

positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável<br />

observada Intenção de retorno ao restaurante.<br />

A variável latente Comportamento de Lealdade influencia<br />

positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável<br />

observada Incentivo a amigos e parentes a comerem no<br />

restaurante.<br />

A dimensão referente a Tangíveis influencia positivamente o<br />

construto de Comprometimento.<br />

A dimensão referente a Satisfação influencia positivamente o<br />

construto de Comprometimento.<br />

A dimensão referente a Comprometimento influencia<br />

positivamente o construto de Comportamento de Lealdade.<br />

A dimensão referente à Satisfação influencia positivamente o<br />

construto de Comportamento de Lealdade.<br />

A dimensão referente a Tangíveis influencia positivamente o<br />

construto de Satisfação.<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

Aceita<br />

109<br />

Rejeitada<br />

Aceita<br />

Aceita


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Ao final desta pesquisa podem-se tecer algumas considerações <strong>sobre</strong> o que foi estudado,<br />

bem como os resultados das análises do modelo. Em seguida serão feitas algumas<br />

sugestões para <strong>estudo</strong>s futuros.<br />

5.1 Conclusões<br />

Este trabalho teve por objetivo realizar uma pesquisa exploratória do construto de<br />

<strong>lealdade</strong>. Ao partir das escalas propostas por MCMULLAN e GILMORE (2003) e<br />

ZEITHAML et al. (1996), buscou-se realizar uma replicação do <strong>estudo</strong> de<br />

MCMULLAN e GILMORE (2003), submetendo questionários a uma amostra de<br />

conveniência com estudantes universitários no contexto de <strong>restaurantes</strong> de situações<br />

especiais.<br />

A escolha de situações especiais foi feita no sentido de avivar a memória dos<br />

respondentes, ao mesmo tempo que segue as recomendações de UNCLES, DOWLING<br />

e HAMMOND (2003) de utilizar escalas atitudinais de <strong>lealdade</strong> em situações que<br />

supõem um maior envolvimento por parte do consumidor. Foi pedido aos respondentes<br />

que pensassem no restaurante que eles haviam escolhido, ultimamente, na maioria das<br />

vezes para três situações: (a) um restaurante para levar sua (seu) namorada (o) ou<br />

cônjuge; (b) um restaurante para celebrar comemorações com os amigos; (c) um<br />

restaurante para comemorar festas com a família.<br />

Com o emprego da modelagem de equações estruturais, foram avaliados alguns<br />

modelos de <strong>lealdade</strong> inspirados em DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997), que<br />

consideram aspectos atitudinais e comportamentais.<br />

110


Como objetivo secundário procurou-se avaliar os modelos de <strong>lealdade</strong> de DICK e<br />

BASU (1994) e OLIVER (1997), bem como avaliar o questionário de <strong>lealdade</strong> adaptado<br />

pelo autor desta dissertação a partir das escalas supracitadas.<br />

Esta pesquisa buscou avaliar a influência das variáveis latentes relacionadas aos<br />

componentes cognitivos, afetivos e conativos no comportamento de <strong>lealdade</strong>, conforme<br />

sugerem os modelos de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).<br />

A estrutura da escala inicial, proposta por MCMULLAN e GILMODE (2003) não foi<br />

encontrada nas coletas de dados executadas. Houve a mescla de algumas dimensões<br />

iniciais, que resultaram em três fatores, como foi se mostrou anteriormente. Desta<br />

forma, os indicadores utilizados foram aqueles apresentados na tabela com os resultados<br />

na análise fatorial. (Tabela 3.1na p.52 e Tabela 3.2 na p.56).<br />

O principal resultado da pesquisa foi a obtenção de uma escala de 12 ítens para medir a<br />

<strong>lealdade</strong> com coeficiente de Cronbach superior a 0,70.<br />

Comprovou-se ainda a influência do construto de Satisfação <strong>sobre</strong> o construto de<br />

Lealdade, conforme sugere ampla literatura <strong>sobre</strong> o assunto (BITNER, 1995;<br />

PRITCHARD e HOWARD,1997; ZINS, 2001, BLOEMER e KASPER, 1995,<br />

CARUANA, 2002).<br />

Foi possível identificar uma dimensão de comprometimento, muito ligada à identidade<br />

simbólica entre o restaurante e o consumidor. Nesse sentido, pode-se interpretar que a<br />

dimensão de comprometimento se aproxima muito da <strong>lealdade</strong> atitudinal no modelo de<br />

DICK e BASU (1994), conforme os resultados de PRADO e SANTOS (2003).<br />

111


5.2 Sugestões para <strong>estudo</strong>s futuros<br />

Podem ser feitas algumas sugestões futuras com base nas limitações desta pesquisa. A<br />

primeira delas seria a submissão do questionário a uma amostra aleatória de adultos,<br />

não-estudantes e em outras cidades, a fim de comparar os resultados e efetuar<br />

generalizações das hipóteses que venham a ser confirmadas.<br />

Ao perguntar qual o restaurante o respondente tem escolhido na maioria das situações<br />

especiais, tentou-se captar um indicativo de comportamento passado de recompra. No<br />

entanto, para BLOEMER et al. (1998), estes indicadores possuem natureza conativa.<br />

Assim, para investigar o modelo original de DICK e BASU, devem-se incluir algumas<br />

perguntas <strong>sobre</strong> o comportamento de recompra em termos de volume e freqüência de<br />

consumo em <strong>restaurantes</strong> de situações especiais, bem como em relação ao restaurante<br />

escolhido pelo respondente.<br />

O resultado <strong>sobre</strong> a influência dos aspectos tangíveis sugere uma investigação mais<br />

profunda <strong>sobre</strong> a influência da atmosfera em encontros de serviço. Uma nova<br />

investigação poderia considerar fatores como iluminação, som ambiente etc, na<br />

qualidade percebida e conseqüentemente na <strong>lealdade</strong> dos consumidores.<br />

Outra possibilidade seria investigar melhor a influência do staff, (garçons, maitre) na<br />

<strong>lealdade</strong> interpessoal, examinando, segundo as indicações de REYNOLDS e BEATTY,<br />

(2000) a influência da <strong>lealdade</strong> ao prestador de serviço na <strong>lealdade</strong> à empresa.<br />

Ao situar o <strong>estudo</strong> em ocasiões especiais, perdeu-se a oportunidade de avaliar a<br />

importância que o respondente dá às influências dos demais (família, amigos,<br />

112<br />

namorada) <strong>sobre</strong> o comportamento de compra e a disposição de agir em conformidade


com estas influências. Assim, em termos de modelos de <strong>lealdade</strong>, uma investigação que<br />

incorpore os modelos da Teoria de Comportamento Planejado de AJZEN (1993)<br />

poderia investigar estas influências, chamadas de “normas sociais” no modelo de<br />

<strong>lealdade</strong> de DICK e BASU (1994)<br />

113


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

114<br />

AJZEN, I. Attitude Theory and the Attitude-Behavior Relation, p. 41-57 in KREBS, D.,<br />

SCHIMIDT, F.; “New Directions in Attitude Measurement”, p. 3-20. Walter de Gruter,<br />

Berlin, New York, 1993.<br />

_________. From intentions to actions: A theory of planned behavior, p. 11-39 in<br />

KUHL, J.; BECKMAN, J. (eds.), Action—control: From cognition to behavior.<br />

Heidelberg: Springer, 1985<br />

ALLEN C.T.; MACHLEIT, K.A.; KLEINE, S.S. A comparison of attitudes and<br />

emotions as predictors of behavior at diverse levels of behavioral. Journal of Consumer<br />

Research, v. 18, n 4, p. 493-504, 1992.<br />

ARBUCKLE, J.L.; WOTHKE, W. Amos 4.0 User’s Guide. Chicago: SmallWaters,<br />

1999 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre<br />

percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em<br />

Administração) – COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, Rio de Janeiro, 2003.<br />

BABBIE, E. Métodos de Pesquisa de Survey. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.<br />

BAGOZZI, R. P.; WARSHAW, P. R. Trying to Consume. Journal of Consumer<br />

Research, v. 17, n.2, p. 127-140, 1990<br />

BAGOZZI, R. P.; BURNKRANT, R.E. Single Component Versus Multicomponent<br />

Models Of Attitude: Some Cautions And Contingencies For Their Use. Advances in<br />

Consumer Research, v. 7, n.1, p. 339-345, 1980.<br />

BAGOZZI, R. P.; TYBOUT, A. M.; CRAIG, C. S.; STERNTHAL, B.; The Construct<br />

Validity of the Tripartite Classification of Attitudes. Journal of Marketing Research, v.<br />

16, n.1, p 88-95, 1979.<br />

BALDINGER, A. L.; RUBINSON, J.; In Search of the Holy Grail: A Rejoinder;<br />

Journal of Advertising Research, v. 37, n.1, p. 18-20, 1997.<br />

___________. Brand Loyalty: The Link between Attitude and Behavior. Journal of<br />

Advertising Research, v.36, n.6, p 22-34, 1996.<br />

BEARDEN, W. O., NETEMEYER, R. G., MOBLEY, M. F. Handbook of Marketing<br />

Scales, Newbury Park, CA. Sage Publications, 1993.


BEARDEN, W.O.; TEEL, J.E. Selected determinants of consumer satisfaction and<br />

complaint behavior. Journal of Marketing Research, v. 20, fev, p. 21-8, 1983.<br />

BITNER, Mary Jo. It’s all about promises. Journal of the Academy of Marketing<br />

Science, v. 23, n. 4, 1995, p. 246-251.<br />

115<br />

BLOEMER, J., de RUYTER, K., WETZELS, M. Linking perceived service quality and<br />

service loyalty: multi-dimensional perspective. European Journal of Marketing, v. 33, n.<br />

11/12, p. 1082-1106, 1999.<br />

BLOEMER, J.M.M.; KASPER, H. D. P. The complex relationship between consumer<br />

satisfaction and brand loyalty. Journal of Economic Psychology, v.16, p. 311-329, 1995.<br />

BODUR, H. O.; BRINBERG, D.; COUPEY, E. Belief, Affect, and Attitude: Alternative<br />

Models of the Determinants of Attitude. Journal of Consumer Psychology, v.9, n.1, p.<br />

17-28, 2000.<br />

BODWITCH, James.L.; BUONO, Anthony “A Primer on Organization Behavior”, 5 th<br />

edition New York, Wisley and Sons, 2001.<br />

BOHRNSTEDT, G. Classical Measurement Theory: Its Utility and Limitations for<br />

Attitude Research, p. 169-186, in KREBS, D., SCHIMIDT; “New Directions in Attitude<br />

Measurement”, p. 3-20. Walter de Gruter, Berlin, New York, 1993.<br />

BOWEN, J. T.; SHOEMAKER, S. Loyalty: a strategic commitment?, Cornell Hotel and<br />

Restaurant Administration Quarterly,v. 39, n.1, p. 12-25, 1998.<br />

BRANNICK, M. T. Critical comments on applying covariance structure modeling.<br />

Journal of Organizational Behavior, v. 16, n.3, p201-214, 1995.<br />

BRUNER, G. C.; HENSEL, P.J. Marketing scales handbook: a compilation of multiitem<br />

measures.Chicago. American Marketing Association, 1315 p, 1994.<br />

BUTCHER, K.; SPARKS, B.; O’CALLAGHAN, F. Evaluative and relational<br />

influences on service loyalty. International Journal of Service Industry Management. v.<br />

12, n. 4, p. 310-327, 2001.<br />

BYRNE, B.M. Structural equation modeling with AMOS: basic concepts, applications,<br />

and programming. New Jersey: Lawrence Erlbaum, 2001 apud VIEIRA, P. R. C.<br />

Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e


compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) –<br />

COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, Rio de Janeiro, 2003.<br />

CARUANA, A. Service loyalty: The effects of service quality and the mediating role of<br />

customer satisfaction. European Journal of Marketing, v. 36, n. 7/8, 2002, p. 811-828.<br />

116<br />

CAVUSGIL, S.T.; ELVEY-KIRK, L.A. Mail survey response behavior: A<br />

conceptualization of motivating factors and an empirical study. European Journal of<br />

Marketing, v.32, n. 11/12, p. 1165-1192, 1998.<br />

COOPER, D. R.; SCHINDLER, P.S.; Métodos de pesquisa em administração.7 ed.<br />

Porto Alegre: Bookman, 640 p., 2003.<br />

CUNNINGHAM, R.M. Brand loyalty – what, where, how much. Harvard Business<br />

Review, v. 39, November-December, p. 116-38, 1956.<br />

CZEPIEL J. A.; GILMORE, R.. Exploring the concept of loyalty in services, in:<br />

CZEPIEL; J. A.; CONGRAM, C. A.; SHANAHAN, J. (Eds.). The services challenge:<br />

Integrating for competitive advantage, American Marketing Association, Chicago, 91-<br />

94, 1987.<br />

DALL'OLMO RILEY, F.; EHRENBERG, A. S. C.; CASTLEBERRY, S. B.;<br />

BARWISE, T. P.; BARNARD, N. R. The variability of attitudinal repeat-rates.<br />

International Journal of Research in Marketing, v. 14, n.5, p. 437-450, 1997.<br />

DAY, G.S. “A two-dimensional concept of brand loyalty”. Journal of Advertising<br />

Research, v. 9, p. 29-35, 1969.<br />

DEKIMPE, M. G.; STEENKAMP, J.-B. E. M.; MELLENS, M.; ABEELE, P.V.<br />

Decline and variability in brand loyalty. International Journal of Research in Marketing,<br />

v. 14, n.5, p 405-420, 1997.<br />

DICK, A. S., BASU, K. Customer loyalty: toward an integrated conceptual framework.<br />

Journal of the Academy of Marketing Science. v. 22, spring, p. 99-113, 1994.<br />

DILLON, W. R. Marketing research in a marketing environment. Burr Ridge : Irwin,<br />

1994. 760 p.<br />

DOWLING, G.R. Measuring Corporate Images: A Review of Alternatives Approaches.<br />

Journal of Business Research, v. 17, p. 27-34, 1988 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e


117<br />

reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso<br />

institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, Rio de<br />

Janeiro, 2003.<br />

DUBÉ, L.; MAUTE, M. F. Defensive strategies for managing satisfaction and loyalty in<br />

the service industry. Psychology & Marketing, v. 15, n. 8, p. 775-791, 1998.<br />

DURANDE-MOREAU, A.; USUNIER, J. C. Time Styles and the Waiting Experience:<br />

an Exploratory Study. Journal of Service Research. V.2, n.2, p. 173-186, 1999.<br />

EDVARDSSON, B. et al.. The effects of satisfaction and loyalty on profits and growth:<br />

products versus services. Total Quality Management, v. 11, n. 7, S917-S927, 2000.<br />

EHRENBERG, A.S.C. Description and Prescription. Journal of Advertising Research,<br />

v. 37, n.6, p. 17-22, 1997a.<br />

__________, A.S.C In Search of Holy Grails: Two Comments. Journal of Advertising<br />

Research.v.37, n.1 p. 9-12, 1997b.<br />

FELDMAN, J.M. & LYNCH, J.G., Jr. Self-generated validity and other effects of<br />

measurement on belief, attitude, intention, and behavior. Journal of Applied<br />

Psychology, v.73, p. 421-435, 1988.<br />

FISHBEIN, M.; AJZEN, I. Belief, attitude, intention, and behavior: An introduction to<br />

theory and research. Reading, MA: Addison-Wesley, 1975.<br />

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social 2. ed. São Paulo : Atlas, 206 p., 1989.<br />

GREMLER, D. D. BROWN, S. W. The loyalty ripple effect: appreciating the full value<br />

of customers. International Journal of Service Industry Management. v. 10, n. 3, p. 271-<br />

291, 1999.<br />

GREMLER, D. D., BROWN, S. W., "Service Loyalty: Its Nature, Importance, and<br />

Implications," in EDVARDSSON, B., BROWN, S.W., JOHNSTON, R. and<br />

SCHEUING, E.E. (Eds), Proceedings American Marketing Association, p. 171-80,<br />

1996.<br />

HAIR, J.F., ANDERSON, R.E., TATHAM, R.L.; BLACK, W.C., Multivariate Data<br />

Analysis, 4th ed., New York: Prentice-Hall, 1998.


118<br />

HART, S., SMITH, A., SPARKS, L., TZOKAS, N. Are Loyalty Schemes a<br />

Manifestation of Relationship Marketing? Journal of Marketing Management, v. 15,<br />

n.6, p. 541-562, 1999.<br />

HOLBROOK, M. B.; BATRA, R. Assessing the role of emotions as mediators of<br />

consumer responses to advertising. Journal of Consumer Research, v.14, p. 404–420,<br />

1987.<br />

HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. M. Dicionário Houaiss da Língua<br />

Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.<br />

HU, L.; BLENTER, P.M. Evaluating Model Fit. In: HOYLE, R. (Org.). Structural<br />

Equation Modeling: Concepts, Issues and Applications. London: Sage, 1995, cap.5, p.<br />

76-99.<br />

HUBBARD, R.; ARMSTRONG, J.S. Replications and extensions in marketing: rarely<br />

published but quite contrary. International Journal of Research in Marketing, v. 11, p.<br />

233-48, 1994.<br />

JACOBY, J. A model of multi-brand loyalty. Journal of Advertising Research. v. 11, p.<br />

25-31, 1971.<br />

JACOBY, J.; CHESTNUT, R.W. Brand Loyalty: Measurement and Management, John<br />

Wiley, New York, 1978 apud OLIVER, R. L. Satisfaction: A Behavioral Perspective on<br />

the Consumer. New York: Irwin/McGraw-Hill, 1997.<br />

JACOBY, J., KYNER, D. B. Brand loyalty vs. repeat purchasing behavior. Journal of<br />

Marketing Research, v.10, fev., p. 1-9, 1973.<br />

JANES, J. On research : Survey construction. Library Hi Tech, v. 17, n. 3, p. 321-325,<br />

1999 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre<br />

percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em<br />

Administração) – COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, Rio de Janeiro, 2003.<br />

JENSON, T.D.; CARLSON, L.; TRIPP, C. The Dimensionality of Involvement: An<br />

Empirical Test. Advances in Consumer Research, v.16, p. 680-689 in: WALLENDORF,<br />

M.; ANDERSON, P. (eds.), The Association for Consumer Research: Provo, UT, apud<br />

BEARDEN, W. O., NETEMEYER, R. G., MOBLEY, M. F. Handbook of Marketing<br />

Scales, Newbury Park, CA. Sage Publications, 1993.


JONES, T. O., SASSER Jr, W. E. Why Satisfied Customers Defect. Harvard Business<br />

Review, v. 73, n. 6, p. 88–99, 1995.<br />

119<br />

KAHN, B.E.; KALWANI, M.U.; MORRISON, D.G. Measuring Variety Seeking and<br />

Reinforcement Behaviors Using Panel Data. Journal of Marketing Research, v. 23,<br />

maio, p. 89-100, 1986.<br />

KLINE, R.B. Principles and practice of structural equation modeling. New York:<br />

Guilford, 1998 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação<br />

entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado<br />

em Administração) – COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, Rio de Janeiro, 2003.<br />

LASTOVICKA, J.L.; GARDNER, D.M. Components of involvement. p. 53-73 In:<br />

MALONEY, J.C.; SILVERMAN, B. (Eds.) Attitude Research Plays for High Stakes.<br />

Chicago: American Marketing Association, 1979 apud BEARDEN, W. O.,<br />

NETEMEYER, R. G., MOBLEY, M. F. Handbook of Marketing Scales, Newbury Park,<br />

CA. Sage Publications, 1993.<br />

LOWENSTEIN, M. W. Customer Retention: An Integrated Process for Keeping Your<br />

Best Customers. Milwaukee: ASP Quality Press, 1995.<br />

MACCALLUM, R.C. Model Specification: Procedures, Strategies, and Related Issues.<br />

In: Structural Equation Modeling: concepts, issues, and applications, Boyle, R.H. (ed.).<br />

London: Sage, 1995 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central:<br />

relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese<br />

(Doutorado em Administração) – COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, Rio de Janeiro, 2003.<br />

MACCALLUM, R. C.; AUSTIN, J. T. Applications of structural equation modeling in<br />

psychological research. Annu. Rev. Psychology, v. 51, p. 201-226, 2000 apud<br />

SANTOS, C. P. dos. Impacto do Gerenciamento de Reclamações na Confiança e<br />

Lealdade do Consumidor, no Contexto de Trocas Rrelacionais de Serviços: Construção<br />

e Teste de um Modelo Teórico. 252 p. Tese (Doutorado em Administração) –<br />

PPGA/UFRGS, Porto Alegre, 2001.<br />

MCMULLAN, R.; GILMORE A.; The conceptual development of customer loyalty<br />

measurement: A proposed scale; Journal of Targeting, Measurement and Analysis for<br />

Marketing, v. 11, n. 3, p. 230-243, 2003<br />

MOTTA, P.C. Serviços: Pesquisando a Satisfação do Consumidor. Rio de Janeiro:<br />

Papel Virtual, 2ª ed., 2000.


OLIVER, R. L. “Whence Consumer Loyalty?” Journal of Marketing. vol. 63 (special<br />

issue), p. 33-44, v.63, dez, 1999.<br />

__________. A Cognitive Model of the Antecedents and Consequences of Satisfaction<br />

Decisions. Journal of Marketing Research, v. 17, n.4, p460-469, 1980.<br />

_________. Satisfaction: “A Behavioral Perspective on the Consumer”. New York:<br />

Irwin/McGraw-Hill, 1997.<br />

120<br />

PARASURAMAN, A,; ZEITHAML, A.; BERRY, L. L. Alternative scales for<br />

measuring service quality: a comparative assessment based on psychometric and<br />

diagnostic criteria. Journal of Retailing, v. 70, n. 3, p. 201-30, 1994.<br />

____________. SERVQUAL: a multiple-item scale for measuring customer perceptions<br />

of service quality. Journal of Retailing, v. 64, n. 1, p. 12-40, 1988.<br />

PETERSON, R. A. On the Use of College Students in Social Science Research: Insights<br />

from a Second-Order Meta-analysis. Journal of Consumer Research, v. 28, dez, p. 450-<br />

461, 2001.<br />

PRADO, P.H.M.; SANTOS, R.C.S. Comprometimento e Lealdade: Dois Conceitos ou<br />

Duas Dimensões de um Único Conceito? Anais do XXVII Encontro da ANPAD.<br />

Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, Atibaia, SP,<br />

2003.<br />

PRITCHARD, M.P, HOWARD, D.R. The loyal traveler: examining a typology of<br />

service patronage. Journal of Travel Research, v. 35, n. 4, p. 2-11, 1997.<br />

PRITCHARD, M. P.; HAVITZ, M. E.; HOWARD, D. R. Analyzing the commitment -<br />

loyalty link in service contexts Journal of the Academy of Marketing Science. v. 27, n.<br />

3, p. 333-348, 1999.<br />

RAJU, P. S.; Optimum Stimulation Level: Its Relationship to Personality,<br />

Demographics, and Exploratory Behavior. Journal of Consumer Research, v. 7, n.3,<br />

p.282-290, 1980.<br />

RAYKOV, T.; MARCOULIDES, G.A. A First Course in Structural Equation Modeling.<br />

New Jersey: Lawrence Erlbaum, 2000. apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do<br />

Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional.<br />

264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, Rio de Janeiro, 2003.


REICHHELD, F. F. The Loyalty Effect: The Hidden Force Behind Growth, Profits and<br />

Lasting Value. Boston: Harvard Business School Press, 1996.<br />

REICHHELD, F. F., SASSER, W. E., Zero defections: quality comes to services<br />

Harvard Business Review, v. 68, n. 5, p. 105-111, 1990.<br />

121<br />

REINARTZ, W.J.; KUMAR, V. On the profitability of long-life customers in a<br />

noncontractual setting: an empirical investigation and implications for marketing.<br />

Journal of Marketing, v. 64, n. 4, p. 17-35, 2000.<br />

REYNOLDS, K.E.; BEATTY, S.E. Customer benefits and Company Consequences of<br />

Customer-Salesperson Relationships in Retailing. Journal of Retailing. v.75, n.1, p. 11-<br />

32, 1999.<br />

ROSENBERG, M.J.; HOVLAND, C.I. Cognitive, affective and behavioral components<br />

of attitudes. In HOVLAND, C. I.; ROSENBERG, M.J.(Eds.) Attitude organization and<br />

change. p. 1-14. New Haven, CT: Yale University Press, 1960 apud BAGOZZI, R. P.;<br />

TYBOUT, A. M.; CRAIG, C. S.; STERNTHAL, B.; The Construct Validity of the<br />

Tripartite Classification of Attitudes. Journal of Marketing Research, v. 16, n.1, p 88-<br />

95, 1979.<br />

RUST, R.T., ZAHORIK, A.J., KEININGHAM, T.L. Return on quality (ROQ): making<br />

service quality financially accountable. Journal of Marketing, v. 59, April, p. 58-70,<br />

1995.<br />

RUYTER, K. de, WETZELS, M.; BLOEMER J.; On the relationship between<br />

perceived service quality, service loyalty and switching costs. International Journal of<br />

Service Industry Management; v. 9, n. 5, 1998.<br />

SANTOS, C. P. dos. Impacto do Gerenciamento de Reclamações na Confiança e<br />

Lealdade do Consumidor, no Contexto de Trocas Rrelacionais de Serviços: Construção<br />

e Teste de um Modelo Teórico. 252 p. Tese (Doutorado em Administração) –<br />

PPGA/UFRGS, Porto Alegre, 2001.<br />

SCHIFFMAN, L G.; KANUK, L.L. Comportamento do Consumidor. 6ª ed. Rio de<br />

Janeiro, RJ: LTC, 2000.<br />

SEEMAN, M. A Historical Perspective on Attitude Research in KREBS, D.,<br />

SCHIMIDT; New Directions in Attitude Measurement, p. 3-20. Walter de Gruter,<br />

Berlin, New York, 1993.


SHARP, B., SHARP, A., Loyalty programs and their impact on repeat-purchase loyalty<br />

patterns, International Journal of Research in Marketing, v. 14, n. 5, p. 473-86, 1997.<br />

122<br />

SHARP, B. SHARP, A.; WRIGHT, M. Questioning the Value of the True Brand<br />

Loyalty Distinction Australian & New Zealand Marketing Academy 1999 proceedings.<br />

Sydney: School of Marketing, University of New South Wales, 1999. Acessado em 20-<br />

07-2004 http://www.byronsharp.com/papers/6427 true loyalty.pdf<br />

SHETH, J.; PARK, W. A Theory of Multidimensional Brand Loyalty. Advances in<br />

Consumer Research, v.1, p. 449-459, 1974.<br />

SHUMACKER. R.E.; LOMAX, R.G. A Beginner’s Guide to Structural Equation<br />

Modeling. New Jersey: Lawrence Erlbaun, 1996 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e<br />

reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso<br />

institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, Rio de<br />

Janeiro, 2003.<br />

SHOEMAKER, S., LEWIS, R., “Customer Loyalty In Hotels,” International Journal of<br />

Hospitality Management. v. 18, n. 4 p. 345-370, 1999.<br />

TANKERSELEY, Clint B. Attitude and brand loyalty: A longitudinal study of<br />

multiattribute attitude models and intervening variables. Journal of the Academy of<br />

Marketing Science. vol. 5, n.3, summer, p. 249-262, 1977.<br />

TOURANGEAU, R. & RASINSKI, K.A. (1988). Cognitive processes underlying<br />

context effects in attitude measurement. Psychological Bulletin, v. 103, n.3, p. 299-314.<br />

TUCKER, W. T. The Development of Brand Loyalty. Journal of Marketing Research,<br />

1, August, 32-5, 1964.<br />

UNCLES, M.D., DOWLING, G.R. HAMMOND, K. Customer loyalty and customer<br />

loyalty programs. Journal of Consumer Marketing, v. 20, n.4, p. 294-316, 2003.<br />

VAN BIERGELEN, M. RUYTER, K. de WETZELS, M. What makes Service Research<br />

Centers Effective? Journal of Service Research. v.3, n.3, p. 265-273, 2001.<br />

VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de<br />

desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) –<br />

COPPEAD/<strong>UFRJ</strong>, Rio de Janeiro, 2003.


YIM, C.K.; KANNAN, P.K. Consumer Behavioral Loyalty: A Segmentation Model and<br />

Analysis. Journal of Business Research, v. 44, n. 2, pp. 75-92, 1999.<br />

WARDE, A.; MARTENS, L. Eating out: Social differentiaton, Consumption and<br />

Pleasure”. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.<br />

ZEITHAML, V. A.; BERRY, L. L.; PARASURAMAN, A. The behavioral<br />

consequences of service quality. Journal of Marketing, v. 60, n. 2, p. 31-46, 1996.<br />

123<br />

ZINS, A. H Relative attitudes and commitment in customer loyalty models: Some<br />

experiences in the commercial airline industry. International Journal of Service Industry<br />

Management, v. 12, n. 3; 2001.


ANEXO 1 - RESTAURANTES CITADOS PELOS RESPONDENTES<br />

Restaurante Freqüência Percentual<br />

Outback 25,00 13,30<br />

La Mole 20,00 10,64<br />

Porcão 12,00 6,38<br />

Parmê 7,00 3,72<br />

Galeria Gourmet 6,00 3,19<br />

Doce Delícia 5,00 2,66<br />

Carretão 3,00 1,60<br />

Churrascaria Estrela do Sul 3,00 1,60<br />

Fiorino 3,00 1,60<br />

Rialto 3,00 1,60<br />

Spoletto 3,00 1,60<br />

Tourão 3,00 1,60<br />

Barra Brasa 2,00 1,06<br />

Couve Flor 2,00 1,06<br />

Gula Gula 2,00 1,06<br />

Joe e Leo´s 2,00 1,06<br />

Kilograma 2,00 1,06<br />

Kyoto 2,00 1,06<br />

Manoel e Joaquim 2,00 1,06<br />

Rei do Bacalhau 2,00 1,06<br />

3 Marias churrascaria 1,00 0,53<br />

7 Grill 1,00 0,53<br />

A Mineira 1,00 0,53<br />

Adega da Maria 1,00 0,53<br />

Adegão Português 1,00 0,53<br />

Aipo e Aipim 1,00 0,53<br />

Al Legro 1,00 0,53<br />

Alho e Óleo 1,00 0,53<br />

Artigiano 1,00 0,53<br />

Ativa 1,00 0,53<br />

Bar da Heineken 1,00 0,53<br />

Bar da Tia 1,00 0,53<br />

Bar do Mineiro - Santa Teresa 1,00 0,53<br />

Barra Grill 1,00 0,53<br />

Beco do Alemão 1,00 0,53<br />

Camarão e Cia 1,00 0,53<br />

Cantina di Bianca 1,00 0,53<br />

124


Restaurante Freqüência Percentual<br />

Cantina do Amici 1,00 0,53<br />

Capricciosa - Pizzaria 1,00 0,53<br />

Carpaccio & Cia 1,00 0,53<br />

Casa do Fritz 1,00 0,53<br />

Cavallino 1,00 0,53<br />

China in Box 1,00 0,53<br />

Churrascaria Macanudo 1,00 0,53<br />

Churrascaria Palace 1,00 0,53<br />

Churrascaria Palau 1,00 0,53<br />

Churrascaria Pampa 1,00 0,53<br />

Coliseu das Massas 1,00 0,53<br />

Confeitaria Colombo 1,00 0,53<br />

Degrau 1,00 0,53<br />

Estação Mesa Luna 1,00 0,53<br />

Ettore Leblon 1,00 0,53<br />

Evandro´s 1,00 0,53<br />

Fiammeta - Rio Design Center 1,00 0,53<br />

Guimas 1,00 0,53<br />

Ipiathy 1,00 0,53<br />

Ital Bar 1,00 0,53<br />

Jardinetto 1,00 0,53<br />

Kotobuki 1,00 0,53<br />

Lamas 1,00 0,53<br />

Le Saint Honoré 1,00 0,53<br />

Madame Butterfly 1,00 0,53<br />

Mercado do Peixe 1,00 0,53<br />

Miss Tanaka Horto 1,00 0,53<br />

Montana Churrascaria 1,00 0,53<br />

Nick Sushi Ipanema 1,00 0,53<br />

Pan 1,00 0,53<br />

Pax Delícia - Ipanema 1,00 0,53<br />

Picanha da Praia 1,00 0,53<br />

Pizza Chopp Park 1,00 0,53<br />

Pizza e Grill 1,00 0,53<br />

Pizzaria Business 1,00 0,53<br />

Pizzaria York 1,00 0,53<br />

Planeta Sushi 1,00 0,53<br />

Pronto - Leblon 1,00 0,53<br />

Puebla café mexicano 1,00 0,53<br />

Quiosque de Japonês 1,00 0,53<br />

125


Restaurante Freqüência Percentual<br />

Red House 1,00 0,53<br />

Rio Sol e Mar 1,00 0,53<br />

Salada e Etc 1,00 0,53<br />

Simplesmente 1,00 0,53<br />

Sindicato do Chopp 1,00 0,53<br />

Siri 1,00 0,53<br />

Siri do galeão 1,00 0,53<br />

Taberna Alpina 1,00 0,53<br />

Tanaka 1,00 0,53<br />

Tia Penha - Pedra de Guaratiba 1,00 0,53<br />

Tosaka 1,00 0,53<br />

Tratoria del Capitano 1,00 0,53<br />

Uma churrascaria 1,00 0,53<br />

Varandão Gaúcho 1,00 0,53<br />

Via Farani 1,00 0,53<br />

Viena 1,00 0,53<br />

Total 182,00* 100,00<br />

* 28 respondentes não indicaram o nome restaurante utilizado para ocasiões especiais.<br />

126


ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA<br />

127


128<br />

Caro(a) Entrevistado(a)<br />

Este questionário servirá de apoio à elaboração de uma dissertação de mestrado. Seu caráter é puramente acadêmico, sem fins comerciais. Esta pesquisa não conta com<br />

patrocínio de nenhum restaurante, nem de qualquer outra empresa.<br />

Algumas breves indicações que podem ajudar o preenchimento.<br />

1. Por favor, leia com atenção as frases e responda a todas elas segundo a sua opinião<br />

2. Nas questões a seguir Você deve considerar como “Restaurante X” aquele restaurante “especial”, que não seja fast food , que Você tem escolhido na maioria das<br />

seguintes situações:<br />

– aquele restaurante para levar a família;<br />

– aquele restaurante para levar a(o) namorada(o);<br />

– aquele restaurante para celebrar festas ou comemorações.<br />

3. Ao responder, marque aquele número que melhor indica seu grau de discordância ou concordância com as afirmativas apresentadas.<br />

4. NÃO existe resposta certa ou errada. O que vale é sua opinião!<br />

Desde já muito obrigado pela paciência!<br />

1. Conheço as características do Restaurante X o suficiente para poder compará-lo com outros <strong>restaurantes</strong>.<br />

Discordo Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo<br />

Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

2. Ao decidir comer fora, é importante que eu faça a escolha certa.<br />

Discordo Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo<br />

Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

3. Dificilmente penso em comer em outro lugar que não seja o Restaurante X.<br />

Discordo Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo<br />

Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

4. Quando vou escolher um restaurante, não me preocupo com promoções ou ofertas.<br />

Discordo Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo<br />

Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

5. Quando vou escolher um restaurante, comparo preços de vários para ter certeza que escolhi o que oferece a melhor relação de custo/benefício.<br />

Discordo Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo<br />

Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7


6. O Restaurante X tem instalações e equipamentos modernos.<br />

Discordo Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo<br />

Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

7. Eu incentivo amigos e parentes a comer no Restaurante X.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

8. Pretendo voltar ao Restaurante X outras vezes.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

9. Estando em determinada região, geralmente como no mesmo restaurante.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

10. Se pudesse escolher de novo, escolheria outro restaurante em vez do Restaurante X.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

11. Eu realmente gostei de comer no Restaurante X.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

12. Não se espera que <strong>restaurantes</strong> ofereçam aos clientes atenção individualizada.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

13. O Restaurante X é um restaurante <strong>sobre</strong> o qual eu poderia falar por muito tempo.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

129


14. Na região onde está localizado, tenho uma preferência pelo Restaurante X.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

15. Se gosto do restaurante, raramente o troco só para tentar algo diferente.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

16. Eu tentaria outro restaurante se ele fosse mais barato que o Restaurante X.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

17. Eu tentaria um outro restaurante que oferecesse instalações melhores que o Restaurante X.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

18. Eu mudaria de restaurante se o novo me oferecesse mais status.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

19. Fico entediado de comprar as mesmas marcas mesmo que elas sejam boas.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

20. Gosto de comer no Restaurante X.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

21. Falo bem do Restaurante X para outras pessoas.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

130


22. O Restaurante X é exatamente o que preciso em termos de restaurante.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

23. O Restaurante X tem prédios e instalações visualmente atraentes.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

24. O Restaurante X me desperta interesse.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

25. O Restaurante X é a minha primeira escolha quando decido comer fora.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

26. Eu mudaria de restaurante se os garçons do outro fossem mais amigáveis.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

27. Quando vejo um novo restaurante, diferente dos usuais, eu procuro saber <strong>sobre</strong> ele.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

28. A escolha do Restaurante X nem sempre funcionou tão bem como pensei.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

29. Comer no Restaurante X diz muito <strong>sobre</strong> quem eu sou.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

131


30. Eu me importo muito com o Restaurante X.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

31. Eu me considero muito leal ao Restaurante X.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

32. Eu cansaria de comer sempre no Restaurante X toda vez que fosse comer fora.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

33. Quando vou a um restaurante, acho mais seguro pedir pratos que conheço.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

34. O Restaurante X é mais do que um simples restaurante.<br />

Discordo<br />

Discordo<br />

Discordo Não concordo, Concordo Concordo Concordo<br />

Totalmente<br />

Muito<br />

nem discordo<br />

Muito<br />

Totalmente<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

35. Em termos gerais, que nota de 0 a 10 Você daria ao seu Restaurante X?__________<br />

Agora mate minha curiosidade. Se puder, responda qual restaurante Você considerou como Restaurante X?____________________________________<br />

Por favor, responda um pouco <strong>sobre</strong> Você:<br />

Em que bairro Você mora? ______________________ Idade ____ anos Sexo: Feminino Masculino<br />

Estado civil:<br />

( ) Solteiro (a) ( ) Separado(a) ou Divorciado(a) ( ) Casado (a) ( ) Viúvo (a)<br />

Renda familiar mensal:<br />

( ) Menos de R$ 1.000,00 ( ) De R$ 1.001,00 a R$ 3.000,00 ( ) De R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00 ( ) De R$ 5.001,00 a R$ 8.000,00 ( ) Mais de R$ 8.000,00<br />

Além de estudar Você trabalha ou faz estágio?<br />

( ) Só <strong>estudo</strong> ( ) Estudo e trabalho ( ) Estudo e faço estágio<br />

Com que freqüência Você come fora?__________________________________________________<br />

Acabou! Muito obrigado!<br />

132

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!