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TEATRO OFICINA<br />
ESTREIA EM<br />
SAMPÃ<br />
Uma produção da Associação Teat(r)o <strong>Oficina</strong> Uzyna Uzona,<br />
“ESTRELA BRAZYLEIRA A VAGAR – CACILDA!!”<br />
estreia na cidade no dia 3 de outubro de 2009 às 18 horas<br />
A Primavera de 2009 será diferente, pré anunciada pela energia de<br />
ressurreição que traz para a cena a eterna Cacilda Becker, em montagem da<br />
Companhia Teat(r)o <strong>Oficina</strong> Uzyna Uzona com patrocínio da PETROBRAS.<br />
ESTRELA BRAZYLEIRA A VAGAR – CACILDA!! (duas exclamações) estreia<br />
para uma curta temporada que conta com o patrocínio da Petrobras através<br />
da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal.<br />
Escrita e dirigida por José Celso Martinez Corrêa e Marcelo Drummond,<br />
CACILDA!! estréia em SamPã para despertar a Primavera em nosso corpo de<br />
multidão.<br />
Nosso desejo, para Estrela Brazyleira a Vagar, nesta primavera de 2009 é<br />
revivermo-nos, nós e o público, no corpo-alma, com a energia de ressurreição que<br />
ela traz.<br />
Às vezes as Primaveras chegam a nós humanos sem percebermos. Não acontecem<br />
em nosso corpo de multidão como aconteceu no Brasil com a Tropicália em 1967, no<br />
mundo inteiro em 1968, e nos anos 40 com a geração de Cacilda Becker.<br />
A Primavera social, do cosmos percebido no corpo humano, só acontece se<br />
estivermos atentos à ela, em cada ano.<br />
Mesmo durante a Segunda Guerra Mundial, e a Guerra Fria, tempo em que se<br />
passa a peça, no Rio de Janeiro, capital do Brasil, renascia a Primavera no corpo da<br />
geração que pariu a Cultura e o <strong>Teatro</strong> Brasileiro Moderno.<br />
Cacilda, aos 20 anos de idade, chegava à Cidade Maravilhosa, onde um Coro<br />
imenso de protagonistas renascia na Arte de Dionísios nos Trópicos do Hemisfério<br />
Sul: Villa Lobos, Oscar Niemeyer, Lina Bardi, Oswald e Mário de Andrade, a Cinédia, a<br />
Atlântida, as Escolas de Samba do Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga, os artistas da Rádio<br />
Nacional que inventaram a Era de Ouro, o Samba, o Baião, etecéteras…<br />
Como estamos passando não por uma era de mudanças mas por uma mudança<br />
de Era, queremos criar com a renovação da natureza as potencializações que este<br />
movimento social e cósmico nos propicia. Estamos nos excitando com tesão adolescente<br />
de 20 anos, os de todas as idades, dos vivos, e revividos aqui agora, potencializados<br />
pela revolução da Era Digital para travessia do portal da superação da Crise de todos<br />
os sistemas, ideologias, religiões.<br />
O QorpoSanto de Teat(r)o <strong>Oficina</strong> Uzyna Uzona, nos engravidando destas energias<br />
invencíveis e bárbaras da juvenilidade anuncia a Primavera no <strong>Teatro</strong> Tom Jobim, no<br />
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, entre 5 e 13 de setembro, e curta temporada em<br />
Sampã, de 3 de outubro a 15 de novembro.<br />
Como o Renascimento saltou da Idade Média retornando ao Paganismo pra<br />
reconquista do Poderio Humano nós retornamos à geração que criou uma Primavera<br />
em plena 2ª Guerra Mundial conquistando a Paz, re-existindo no início da Guerra Fria,<br />
encontrando seu pouso no <strong>Teatro</strong>-Arte inseparável da Arte-Vida.<br />
Estamos nós, um Coro de Protagonistas, de artistas coroados, na eletricidade<br />
dos ensaios recriando ao vivo as letras, as notas, os passos, as músicas, as danças, os<br />
ritos, as imagens, as luzes, a sonoplastia do <strong>Teatro</strong> Total desta brincadeira de teatro:<br />
Estrela Brazyleira a Vagar – Cacilda !!. Estamos oferecendo a nós mesmos a ao público<br />
as delícias da “vida do artista : não há melhor que exista”.<br />
José Celso Martinez Corrêa<br />
diretor artístico da Associação Teat(r)o <strong>Oficina</strong> Uzyna Uzona<br />
EXPEDIENTE<br />
A Criação deste espetáculo é orgyástica. Realizada ao vivo, a partir de um<br />
texto escrito por encenadores e tem como corifeus Marcelo Drummond, Camilla<br />
Mota, a poeta Catherine Hirsh, José Celso Martinez Corrêa e todo Tyazo, que é<br />
como se chama na língua de Dionisios uma Companhia de Amores de <strong>Teatro</strong>.<br />
Os textos deste programa foram escritos por José Celso Martinez Corrêa<br />
e editados por Tommy Della Pietra. As fotos são de Marcos Camargo, Maurício<br />
Shirakawa, Renato Mangolin, acervo do <strong>Teatro</strong> <strong>Oficina</strong> e acervo do IBAC, livremente<br />
manuseadas na poesia de Cacilda!!. Esta publicação tem como jornalista responsável<br />
Ana Rúbia de Melo (MTB 17776 - SP).<br />
RIO de janeiro<br />
OS 3 PRIMEIROS SINAis<br />
O público entra pelas cortinas vermelhas clássicas de um <strong>Teatro</strong> nos<br />
bastidores desta Arte. Nós e público brincamos então com o bebezinho ainda,<br />
teatro moderno brasileiro. Mais especificamente com o de Cacilda: “Todos os<br />
<strong>Teatro</strong>s são meus <strong>Teatro</strong>s”. O público topa de cara com os atores nos seus<br />
Camarins-Malas, dentro da pista, a banda em seus praticáveis no centro,<br />
afinando, os operadores de luz e som iluminados, imagens projetadas nas telas,<br />
na pista de rua, com as curvas da praia de Cocapabana e sons, trazendo a<br />
ambiência sonora e visual dos anos 40 no Brasil, misturando a 2ª Guerra Mundial<br />
e a Paz. Músicas da época e vozes como a de Celso Guimarães e Getúlio são<br />
ouvidas, tendo sempre um fundo musical.<br />
O local do jardim ocupado pelo público com uma arquibancada, levando em<br />
conta as árvores.<br />
No 1º Sinal os atores e público tem uma deixa de atenção. No 2º Sinal o<br />
elenco sai pela Cortina.<br />
Com o 3º Sinal entra o final do 1º ato do DVD de Cacilda!, a primeira<br />
exclamação, com a atriz desabraçando-se doloridamente de um Qorpo Único:<br />
suas irmãs Cleyde e Dirce e sua mãe Dona Alzira - despedindo-se de Santos. O<br />
Fotógrafo Boris Kaufman com uma câmera super-8 anuncia a última tomada.<br />
Filma em 8 mm e é filmado. Cacilda, planta separada da raiz, vai cortando os<br />
fios dos que plugam sua existência ali, o professor Lóssio, Venâncio, Flávio de<br />
Carvalho, e embarca com sua bagagem, descendo os subterrâneos do <strong>Oficina</strong>,<br />
na Barca do Inferno, para tomar um trem para o Rio e ingressar no <strong>Teatro</strong><br />
do Estudante do Brasil. A Capital da República do Brasil, no máximo de seu<br />
esplendor, uma ilha de Paz como Havana, Casablanca, no Mundo em Guerra mas<br />
ainda fora dela, assiste à chegada, vinda do aereoporto Santos Dumont, da<br />
Banda Americana de Eddy Duchin.
CONSTELAÇÃO DOS<br />
BASTIDORES DA UZYNA<br />
Os figurinistas Olintho Malaquias (1) e Sônia Ushiyama (2) trazem o charme<br />
dos anos 40 e misturam personagens míticos, humanos e semianimais. A costureira<br />
chefe é Leci de Andrade.<br />
O Espaço Cênico criado pelas Arquitetas Cris Cortílio (3), diretora de arte e<br />
Carila Matzenbacher (4), diretora assistente e produtora de arte, são os bastidores<br />
do <strong>Teatro</strong> Mundi pois nele entram desde os estúdios da Atlântida, a Roda dos Cassinos<br />
do Rio, o Pão de Açúcar, o Porto de Santos, as neves de Mayerling, os Morros do Rio,<br />
a Avenida Rio Branco, o Barco dos Comediantes, etc. A criação e execução dos objetos<br />
cênicos é de Ricardo Costa (5) e da assistente Adriana Michalski (6).<br />
O vídeo traz a crescente penetração da era digital no <strong>Teatro</strong> e nos seus<br />
bastidores atuais e históricos cenografando, ativando, trazendo a presença do público<br />
para atuar. O grupo é composto por Cassandra Mello (7), Jair Molina (8), Renato<br />
Banti (9), Joana Camargo (10) e Joaquim Castro (11).<br />
Na Direção de Cena emerge o talento de Rafael Ghirardelo (12) e na contraregragem<br />
Aguinaldo Rocha.<br />
Nos camarins Cida Melo (13), já de nossa Primeira Guarda. A iniciante “primo<br />
canto” Inara Gomide (14) é a camareira de Cacilda e Teresinha Oliveira (15) cuida dos<br />
figurinos.<br />
Marcelo Drummond cria a Luz com Ricardo Morañez (16), operada por Karine<br />
Spuri (17).<br />
O músico cyber Rodrigo Gava (18) cria e opera a sonoplastia complexa, invocando<br />
as vozes dos artista dos anos 40, criando ambiência da instalação <strong>Teatro</strong> Bastidor,<br />
dos anos 40 - 2009, e a trilha do desenrolar da peça com Ramon Monteiro (19) que<br />
também faz a operação de microfones.<br />
Na assessoria de comunicação, pesquisa e produção executiva de cena o Chefe de<br />
Gabinete Valério Peguini (20). Na produção internacional Felipe Matsuo (21).<br />
No projeto gráfico Mariano Mattos Martins. No site e edição do programa<br />
Tommy Pietra (22). A maquiagem e os cabelos com o divo Bruno Fattori e as fotos<br />
das estrelas feitas para essa edição são do vedor Marcos Camargo.<br />
Na direção de produção e assessoria de imprensa o talento de Ana Rúbia<br />
de Melo (23), uma das generais mais importantes da Expedição de Os Sertões a<br />
Canudos, comanda mais este desafio: “Os Cacildões”, com direção executiva de<br />
Camila Mota e Bia Fonseca (24) e assistência na produção de cena de Mariana<br />
Oliveira (25).<br />
Nossa vedete do teatro de revista Alice Queiroz (26). Na organização do<br />
acervo Thaís Sandri.<br />
Administração de Simone Rodrigues (27) e Aury Porto (28) e assistência<br />
administrativa de Vanessa Tomaz (29) e Anderson Puchetti (30).<br />
21<br />
26<br />
1<br />
5<br />
9<br />
17<br />
27<br />
22<br />
13<br />
10<br />
14<br />
28<br />
18<br />
23<br />
2<br />
6<br />
15<br />
11<br />
19<br />
3<br />
7<br />
24<br />
29<br />
20<br />
30<br />
8<br />
4<br />
12<br />
16<br />
25<br />
Cacilda Becker<br />
Anna Guilhermina, vinda muito jovem para as 27<br />
horas de Os Sertões desde 2002, atuou grávida. Sua bolsa abriu<br />
num ensaio aberto de O Homem I em que fazia uma vaca leiteira<br />
buchuda para o público. Logo voltou a atuar nos Sertões dando<br />
seu leite para o público na mesma cena em que pariu Lyrio,<br />
seu filho, batizado num ritual teatral no Teat(r)o <strong>Oficina</strong>. Fez<br />
Vento Forte para um Papagaio Subir, Cypriano & Chantalan, Os<br />
Bandidos, de Schiller e As Bacantes de Eurípedes em Araraquara,<br />
preparando-se para correr o mundo. É agora a protagonista de<br />
Estrela Brazyleira a Vagar - Cacilda!!.<br />
BATUQUE NO MORRO<br />
(Herivelto Martins/Humberto Porto/Ozon)<br />
Batuque no morro está formado<br />
Batuque no morro está formado<br />
Já amanheceu e o sol já nasceu<br />
Já amanheceu e o sol já nasceu<br />
E as lavadeiras do morro,<br />
as roupas na corda<br />
Começam a esticar<br />
E os malandros da orgia,<br />
começam a chegar<br />
Já amanheceu e o sol já nasceu<br />
Já amanheceu e o sol já nasceu<br />
E as sombras fugiram<br />
com medo da luz<br />
Nem mais uma queixa,<br />
nem mais uma saudade<br />
CHEGADA AO RIO<br />
Quando a tampa do Inferno de Cacilda! no vídeo se fecha, sob<br />
aplausos vem saindo Cacilda!! do subterrâneo, no centro do espaço onde<br />
há um Palco Giratório e um Subterrâneo = Camarim de Cacilda!!, dando<br />
pra caverna, o Inferno do <strong>Oficina</strong>. Um Aviãozinho da Panair, trazido pelo<br />
Anjo da Barca do Céu, sobrevoa hollywoodianamente nos ares, atrai a<br />
atenção da Estrela Cacilda para os céus. Vem chegando a Banda de Eddy<br />
Duchin. Cacilda a vê com sua malinha, na calçada, atônita! Do lado sul entra<br />
um comitê sambando, liderado por Zé Carioca para receber os recémchegados,<br />
desfilando na calçada de SSSSSS de Copacabana, um tapete<br />
voador. Desce a Banda de Eddy Duchin, com o cantor Johnny Donald e Tio<br />
Patinhas. Desembarcam e contracenam com o Samba que vem entrando<br />
em estilo Jorginho Guinle. As irmãs Batista, Miranda e Pagãs. Coros de<br />
carnaval vestidos de edifícios da orla marítima do Rio. Os americanos<br />
chegam pelo lado norte. Durante o vôo estão imóveis, como a paisagem<br />
do Rio. Quando os convidados descem na pista começam a sambar como<br />
se a cidade os saudasse rebolando e esporreasse serpentinas, confetes.<br />
O Coro que vem receber os Yankees canta Batuque no Morro, do Trio de<br />
Ouro, misturado com rajadas de piano de Eddy Duchin. O coro envolve o<br />
público nas letras.
TEATRO DO ESTUDANTE<br />
DO BRASIL<br />
ÓPERA CATÓLICA<br />
Desesperada do desligamento físico de Santos, Cacilda Becker escrevia<br />
mais de três cartas por dia para o Qorpo Santo, sua família, contando tudo.<br />
Desde suas primeiras marcações nos ensaios de sua primeira peça Altitude:<br />
3.200 Metros de Julien Luchaire, suas simpatias, namoros, contava de sua<br />
iniciadora Maria Jacinta e sua diretora, a famosa Dona Esther Leão, que nos<br />
anos 50 dava aulas de dicção para atores e políticos como Carlos Lacerda.<br />
NO PURGATÓRIO GOZOZO<br />
Cacilda vai ficando só, se encaminha pra correr atrás do cortejo. O Anjo<br />
do Céu ronda protegendo-a do Inferno. De repente é segurada pelo braço,<br />
sagradamente, por Maria Jacinta, impedindo-a de cair no Abismo do Cortejo da<br />
Barca do Inferno. O Anjo ronda as duas à distância.<br />
As cenas da iniciação são: Descida Para Copacabana; Coro Depois da Aula<br />
de Catecismo; Entrada n(d)o Mar – Batismo; Estrela; Camarinha De Copacabana;<br />
Entre Dois Boys - Cassino Copacabana – Palco Roleta; Ensaio – Fim De Testes; 3200<br />
Metros De Altitude; Pão De Açúcar De Aniversário; Bálsamos Para Meditação Do<br />
Horto; Entrada No Qorpo Sem Órgãos; Longa Jornada Noite Adentro; Na Barriga<br />
Do <strong>Teatro</strong>; Páscoa Da Estréia; Escorregando Para Os Dias Felizes De Verão No<br />
Tobogan Do Pão De Açúcar.<br />
Zé Carioca<br />
por Guilherme Calzavara<br />
Baterista, Trumpetista, Ator,<br />
no cordão desde 2004 em A Luta<br />
1, de Os Sertões. Em Cacilda!! é<br />
também Edgard Brasil, fotógrafo<br />
da Atlântida Cinematogáfica.<br />
ALTITUDE 3200 METROS<br />
Entre duas cadeias de montanhas<br />
o destino de nossas entranhas<br />
Belicismo ou Pacifismo<br />
Fascismo ou Comunismo<br />
Ditadura ou Democracia<br />
Realidade ou Fantasia<br />
Amor ou Solidão<br />
Temos somente<br />
seis meses de provisão!<br />
Mas temos Vinho!<br />
Vinhos! Vinhos! E Vinhos!<br />
ENTRADA NO MAR<br />
BATISMO<br />
Mar furioso! Ondas tão altas!<br />
Metem medo… Me apaixonei por você<br />
Mar de Copacabana.<br />
Faça dele<br />
Teu Santos Sagrado!<br />
Três vezes mergulhado<br />
tua estrela aqui nasce,<br />
é teu batizado<br />
THE WAY YOU LOOK TONIGHT<br />
Some day, when I’m awfully low<br />
when the world is cold<br />
I will feel a glow just thinking of you<br />
and the way you look tonight<br />
You’re so lovely<br />
with your smile so warm<br />
and your cheeks so soft<br />
There is nothing for me<br />
but to love you<br />
just the way you look tonight<br />
(Frank Sinatra)<br />
Não vamos morrer sozinhos!<br />
Não conseguem nos socorrer?<br />
Na liberdade vamos então viver<br />
misturando perigo paixão<br />
em Primeira Comunhão<br />
trágicômicos vamos aproveitar<br />
esta Orgya<br />
nós, pequena humanidade,<br />
clamamos Alegria! Alegria!<br />
Alegria!<br />
MOLIÉRE EM SAMBA<br />
Guarda-chuva minha batuta<br />
Chama no pé todo-mundo<br />
sem força bruta<br />
no tambor Terra atentos<br />
chamando os quatro elementos<br />
no meu ritmo de futebol carioca<br />
no ditirissambóca a sambar<br />
Sambocácácácácá<br />
Cá Cá Cá !<br />
With each word your tenderness grows<br />
tearing my fear apart<br />
and that laugh that wrinkles your nose,<br />
it touches my foolish heart<br />
Lovely... Never, ever change<br />
keep that breathless charm<br />
Won’t you please arrange it ?<br />
Cause I love you...<br />
Just the way you look tonight<br />
DEUSA DA SORTE<br />
Cacilda conquistava jovens ricos para ir aos Cassinos, como o<br />
exportador de café de Pirassununga Maurício Assunção. As cartas falam<br />
por exemplo de suas idas ao Cassino Copacabana, onde a famosa banda<br />
de Eddy Duchin apresentava-se. No cinema Tyrone Power interpretou a<br />
vida deste músico no filme Melodia Imortal. Na nossa versão Valsírio é o<br />
Anjo Caixa de Cacilda - ganhador sortudo no jogo, atribuindo sua sorte<br />
àquela menina esperta e linda, mas perdedor no seu amor por ela.<br />
Cassino Copacabana. Palco Roleta. Palco-Mesa de Jogo no Centro.<br />
O crupiê gira a roleta em forma de estrela no Centro da Pista: é o<br />
Cassino. Os músicos tocam Eddy Duchin. Os fregueses abancam-se em<br />
volta. Pares dançam na pista. Cacilda e Maurício entram dançando. Cacilda<br />
reconhece Valsirio e sobe na mesa para cumprimentá-lo – escândalo:<br />
subir em mesa de jogo??? Quem é? Valsírio beija-lhe a mão. A cena é<br />
tão inusitada que o Cassino para.<br />
Maria Jacinta<br />
por Naomy Schölling<br />
Cantriz soprano, entrou para o cordão<br />
de ouro em 2005, para o último episódio de Os<br />
Sertões - A Luta 2. Em Cacilda!! é também a<br />
professora de canto de Grande Otelo.<br />
Esther Leão<br />
por Letícia Coura<br />
Atriz Cantora, Letícia entrou para o cordão<br />
de ouro em Bacantes encenada na virada do<br />
milênio, de 1999 para 2000. Desde então atua nas<br />
montagens e é Coriféia da Voz do Tyaso Musical<br />
Brazyleiro do <strong>Oficina</strong>. Em Cacilda!! é também a<br />
Suicida de La Gioconda.<br />
Eddy Duchin<br />
por Rodrigo Jubelini<br />
Entrou no cordão de ouro dos namoros no<br />
<strong>Teatro</strong> para ser Orfeu no Banquete de Platão,<br />
Bori oferecido a Eros desde São João de 2009 em<br />
Sampã, Rio e Guarulhos.
CIA. RAUL ROULIEN<br />
DE COMÉDIAS ÍNTIMAS<br />
Nas cartas e na peça Cacilda conta de seus vestidos, sapatos, penteados,<br />
crises, seu salto brusco do teatro sério de Dulcina de Moraes para a Cia.<br />
de Raul Roulien por quem se apaixonou ao vê-lo aclamado pela multidão<br />
como um Papa regressando de Hollywood, galã consagrado, cantor, diretor,<br />
ator de teatro, criador da Cidade-Cinema.<br />
Pelas cartas e pela peça desenrola-se seu sucesso, contracenando com<br />
Raul Roulien, Laura Suarez, diva do teatro da época, também voltando<br />
de Holywood onde quase fizera o papel de Dona Sol em Sangue e Areia,<br />
interpretado por Rita Hayworth. Zé Carioca, Johnny Pato Donald e o Tio<br />
Patinhas são personagens híbridos de desenho animado, pássaros humanos<br />
trazendo as criações do gênio de Walt Disney.<br />
ATERRISAGEM DO<br />
PÁSSARO VOADOR<br />
Desce no palco o paraquedas do príncipe encantado Raul Roulien, Flying<br />
to Rio, aterrisando. Cacilda atira-se do palco de braços abertos e vão para<br />
um grande encontro amoroso.<br />
CACILDA: É o aviador? / O galã de baton? / Meu sonho! / Meu Pássaro<br />
de Fogo!<br />
ROULIEN: Voemos pro Desafogo! / Pra Av. Niemeyer, no meu<br />
hidroplano!<br />
Os dois saem planando.<br />
CACILDA: Matas, o mar, meu deus que plano!<br />
ROULIEN: Aterramos ali, nosso Afã! / Na porta desse Terreiro! /<br />
Saravá Iansã!<br />
Sons altos de avião aterrisando. Eles aterram. Tambores de candomblé<br />
quando se inaugura um terreiro e se ordena um sacerdote.<br />
ROULIEN: A deusa acaba de baixar !<br />
Rojões da saída da Iaô, que vem dançando num raio.<br />
CACILDA: Fogo!<br />
ROULIEN: É a ordenação da Amante de Santos! Exus Eros Orixás! ! !<br />
Eles se encontram numa posição romântica de grand finale, para um<br />
quase beijo clássico. Cacilda não entende, pois o beijo não se consuma.<br />
ROULIEN : Venho te oferecer não a aventura de uma noite, mas a poesia<br />
que chegou agora, num açoite!<br />
CACILDA: Um lenço!<br />
ROULIEN: Um Pacto. / Uma carreira solidamente pautada num Contrato.<br />
/ Cinema Disco Rádio <strong>Teatro</strong>s / Com as grandes Casas de Moda Permuta!<br />
/ Serás a atriz mais bem vestida do Brasil em qualquer ambiente social,<br />
escuta!<br />
As cenas da casa do comércio no Tarot de Cacilda são: Aterrisagem do<br />
Pássaro Voador; Cerimônia de Lançamento da Cidade Cinema - <strong>Teatro</strong> Cassino<br />
Copacabana; Prometo Ser Infiel – Palco De Ensaio; Patópolis; Ensaio de Beso<br />
Loco; Camarim Antes Da Estréia Comercial - Rosa De Ouro; Robe In Decente;<br />
Cenário da Nova Peça – O Patinho de Ouro; Noche Paraguaya; O Patinho Feio<br />
- Defloramento; No Palco com A Cortina Fechada; Floramento; Mayerling; O<br />
Trem; Estação da Luz; Palco do Boa Vista; São Paulo - Confeitaria no Jardim<br />
América.<br />
Laura Suarez<br />
por Sylvia Prado<br />
Atriz formada no INDAC e<br />
transtornada no <strong>Oficina</strong>. Faz retornar<br />
a belíssima diva Laura Suarez. Entrou<br />
para o cordão na primeira montagem<br />
de Taniko, em 1998. No mesmo ano fez<br />
parte do coro de Cacilda!, o coro do<br />
<strong>Teatro</strong> do Lago, antagonista do Teatrão<br />
de Cacilda Becker. Em Cacilda!! é também<br />
Alzira Becker e Cacilda Rainha em Ham-<br />
Let.<br />
Dulcina de Moraes<br />
por Fredy Alan<br />
O ator que entrou para o <strong>Oficina</strong><br />
em 2000, no início do processo de Os<br />
Sertões, de Euclides da Cunha, vive Dulcina<br />
de Moraes trazendo toda a vivência de<br />
seu trabalho de renascimento do <strong>Teatro</strong><br />
Dulcina no Rio de Janeiro. É também em<br />
Cacilda!! o boneco Bob Evans e Eben, nas<br />
Terras do Sem Fim.<br />
Raul Roulien<br />
por Marcelo Drummond<br />
O galã de Holywood é intepretado<br />
pelo ator, diretor e iluminador que<br />
entrou para o <strong>Oficina</strong> em 1986 e<br />
criou com o grupo a Uzyna Uzona e<br />
a Associação Teat(r)o <strong>Oficina</strong> Uzyna<br />
Uzona. Em Cacilda!! é também Procópio<br />
Ferreira.<br />
Pato Johnny<br />
por Anthero Montenegro<br />
No cordão dourado desde o jubileu<br />
de ouro dos 50 anos do <strong>Oficina</strong> em<br />
2008, fez Taniko, nô bossanova tranzênico<br />
encenado para o centenário<br />
da imigração japonesa no Brasil e<br />
Os Bandidos. Em Cacilda!! é também<br />
o cantor Jean Sablon e Robert,<br />
cinegrafista da Atlântida.<br />
Tio Patinhas<br />
por Acauã Sol<br />
Recém chegado ao cordão dourado<br />
o ator veio fazer Hefaísto no Banquete<br />
de Platão neste ano. Em Cacilda!! é<br />
também Valsírio, o Anjo-Caixa de<br />
Cacilda e Jorge Amado na Barca dos<br />
Comediantes.<br />
CORDÃO DOURADO<br />
Uma companhia<br />
é um cordão dourado<br />
de amores<br />
um tocando o outro<br />
pétalas perfumando ardores…<br />
Tem ímans<br />
nossos ciúmes ficam ridículos<br />
viram veículos<br />
pra re-namoros durados<br />
em fogo brando<br />
dourados
Cacilda Vermelha<br />
por Ana Abbot<br />
Atriz carioca, participou<br />
de rito conferência sobre<br />
Cacilda!! no Rio de Janeiro e<br />
veio para o <strong>Oficina</strong> esse ano<br />
fazer a peça e O Banquete.<br />
Vive também a atriz irmã de<br />
Cacilda, Cleyde Yáconis.<br />
Zé Pi<br />
na guitarra<br />
Entrou em 2008 para o<br />
coro lisérgico de Cypriano &<br />
Chantalan.<br />
Tito Fleury<br />
por Rodolfo Dias Paes<br />
Ator, músico, Dipa entrou<br />
para o cordão de ouro em Os<br />
Sertões, no ano de 2005 para<br />
fazer a triha sonora de A<br />
Luta 1. Na Estrela Brazyleira<br />
a Vagar além do marido<br />
de Cacilda, é também Dom<br />
Pedro.<br />
Pastor Polônio<br />
por Adriano Salhab<br />
Músico, ator. No cordão<br />
de ouro desde 2001 quando<br />
veio tocar a rabeca em O<br />
Homem 1, segunda parte de<br />
Os Sertões. Em Cacilda!! é<br />
também Dorival Caymmi.<br />
TEATRO MUSICAL<br />
BRAZYLEIRO<br />
A direção musical d’A Estrela Brazyleira a Vagar é coletiva. As<br />
composições, de autores dos anos 40 e autores atuadores da peça no<br />
<strong>Oficina</strong> em 2009 foram reinterpretadas e arranjadas pelo elenco e pelos<br />
músicos. A trilha é composta pelos muitos músicos, atores e atrizes<br />
nas letras de José Celso Martinez Corrêa que com Marcelo Drummond<br />
dirige este empreendimento gigantesco atravessando heróica, doida e<br />
prazeirosamente a era da ditadura dos Monólogos.<br />
A trilha ao vivo traz músicas de todas as épocas antropofagiadas,<br />
como Grande Othelo antropofagiando o Otelo de Verdi com os corais<br />
da orquestra Afro-Brasileira do <strong>Teatro</strong> Experimental do Negro mas<br />
ainda trazendo a época da política de boa vizinhança nos desenhos de<br />
Walt Disney. Criamos um Zé Carioca vivido pelo músico ator Guilherme<br />
Calzavara, o Pato Johnny vivido por Anthero Montenegro e Tio Patinhas,<br />
vivido por Acauã Sol. No contra-baixo Marcão Leite, na guitarra Zé Pi,<br />
na guitarra e piano Rodrigo Jubelini.<br />
Mas o mais forte da peça é a Forma Coral Musical com<br />
protagonizações emergindo dos coros, inclusive a de Cacilda Espinha<br />
Dorsal que ampliará sua cumplicidade com o Qorpo Santo de sua Família<br />
- Dona Alzira, Dirce e Cleyde, toda a Companhia, e todo o Público.<br />
INTERMEZZO<br />
Cacilda desilude-se com o teatro comercial, onde não pode realizar seu<br />
maior sonho da época: atuar como Baronesa trágica suicida em Mayerling -<br />
estava saturada de fazer cocotes. Faz um intermezzo deixando o teatro, notícia<br />
que anuncia para um jovem repórter, Tito Fleury, com quem namora e se casa em<br />
O Vestido de Noiva. Vai cantar a ária da secretária no Escritório Pastor Polônio<br />
e Cia Seguros em Geral e escreve uma de suas mais belas cartas, que por si vale<br />
tanto quanto sua obra de artista. Estas cartas escritas à mão ou datilografadas<br />
em papel de linho, ou seda, muito cheirosas, com uma letra lindíssima, deviam ser<br />
publicadas todas em fac-símile. Revelam o nascimento de uma jovem filósofa<br />
prática do teatro, uma Stanislavski atriz que compara-se aos sons de uma harpa,<br />
e pinta, em três cores, três personalidades: a azul celeste, a vermelho fogo<br />
infernal de seu signo ariano e a cinza pardo das quedas bruscas na realidade. E<br />
as três dançam continuadamente dentro dela, gerando a contraditória cacíldica<br />
Outra - a poeta de Cacilda Becker.<br />
RÁ-DIO!<br />
Jean Sablon assiste e inspira a cena da escritura da carta marco<br />
e da expulsão de Cacilda do cargo de secretária. Toma-a pelas mãos e<br />
leva-a para ser sua apresentadora no programa de rádio em São Paulo<br />
onde vinha lançar J’attendrais, que com Lili Marlene, eram as duas músicas<br />
mais tocadas no mundo inteiro dos países aliados contra o nazismo. É o<br />
tempo dos blackouts para segurança contra as ameaças de bombardeios<br />
dos aviões nazistas, já então afundadores de submarinos brasileiros em<br />
território marítimo nacional. Os submarinos eram Atlântidas afogadas<br />
no Mar da Guerra. O programa é interrompido e Cacilda comunica ao<br />
público do auditório, ao vivo, o que terá de comunicar quando cessar<br />
o blackout para todos os brasileiros: a entrada do Brasil na 2ª Guerra<br />
Mundial ao lado dos Aliados. Jean Sablon tenta acalmar o pânico do<br />
auditório fazendo todos cantarem em boca chiuzza J’attendrais.<br />
As cenas são: Escritório De Pastor Polônio E Cia - Seguros Em<br />
Geral; As Três Personalidades; O Brasil Entra na Guerra.<br />
BACHIANA BRASILEIRA #5<br />
(Heitor Villa-Lobos)<br />
Grita ao céu e a terra toda a Natureza !<br />
Cala a passarada aos seus tristes queixumes<br />
E reflete o mar toda a sua riqueza...<br />
Suave a luz da lua desperta agora<br />
A cruel saudade que ri e chora!<br />
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente<br />
Sobre o espaço, sonhadora e bela!<br />
Flores desbotam<br />
fogo no fim<br />
Sombras sufocam<br />
nosso Jardim<br />
Ponteiros tocam<br />
sons tão chapantes<br />
Será que ouvi<br />
um deus berrante?<br />
Vento transporta<br />
Evoés cantadas…<br />
Eu abro a porta<br />
Ah! Não era nada…<br />
Não é ninguém<br />
Godot não vem…<br />
Chega depressa<br />
que dia chato<br />
que me interessa…<br />
noite sem teatro!<br />
Se foi embora<br />
pra bem morrer<br />
chega agora<br />
Salva o Prazer!<br />
J’ATTENDRAIS<br />
(Jean Sablon)<br />
Traz Alegria<br />
de meio-dia,<br />
Poesia açoite,<br />
chega esta noite…<br />
no teu abraço<br />
Deusa renasço…<br />
Já esperei<br />
de noite ou de dia<br />
Já esperei<br />
teu cheguei.<br />
Já esperei<br />
Passarinho que voa<br />
vem pro ninho<br />
no vinho<br />
Tempo passa batendo<br />
alegremente<br />
é o etherno presente<br />
coração cai na cantada!<br />
Já esperei<br />
Estou no fim<br />
E enfim<br />
cheguei!
A PAZ SE ESTENDE<br />
SOBRE A TERRA<br />
Na rádio Cacilda cria um <strong>Programa</strong> de quiromancia e faz iluminar as<br />
mãos dos presentes no auditório e suas próprias mãos onde lê sua decisão de<br />
trabalhar com Bibi Ferreira como atriz coadjuvante. Na casa da companhia da<br />
maior atriz viva hoje do Brasil, Bibi Ferreira, Cacilda encontra-se com outra<br />
grande atriz, hoje em Parati, fora dos palcos: a belíssima Maria Della Costa,<br />
e com o Zeus do teatro brasileiro Procópio Ferreira. Entra na companhia<br />
cafetinada pelo seu eterno amor ódio - o seu descobridor profeta Miroel<br />
da Silveira, para substituir Bibi em É Proibido Suicidar-se na Primavera, de<br />
Alejandro Casona. Nesta peça as cantoras atrizes do <strong>Oficina</strong>UzynaUzona<br />
Juliane Elting, Naomy Schölling, Adriana Capparelli, Cellia Nascimento e Letícia<br />
Coura cantam uma recriação de um buquê das árias das suicidas das óperas<br />
Tosca, Madame Buterfly, Bhunilde e Margarida.<br />
A voz vinda da BBC transmite o Armistício, o fim da 2ª Guerra Mundial.<br />
Animação da Atlântida ressurreta emergindo das ondas como se saísse da<br />
Baía de Guanabara, onde antes afundaram navios. Papéis picados do teto do<br />
<strong>Teatro</strong> para a volta dos pracinhas no fim da Guerra. Imagens de Escola de<br />
Samba. Arco Íris desfilando. Soldados, Marinheiros, Fuzileiros Navais, Aviadores.<br />
Realces para as estrelas de todas as bandeiras, brilham com luz própria. A<br />
Iluminação constrói uma Alvorada à beira mar! Ao VIVO: Porta Bandeira<br />
Soviética Vermelha com Foice e o Martelo, dourados. Brasileira, onde a faixa<br />
levava escrito Ordem e Progresso atravessa em faixa ondulada a bola azul<br />
Central, transpassando o Losango, em Vermelho, escrito “Amor, Ordem e<br />
Progresso”. Projeção da Bandeira dos EUA, Estrela de David dos Judeus e Lua<br />
em Foice Muçulmana, Shiva dos Indús, Chinesa com a Estrela de Mao.<br />
Tanques virados carros alegóricos, enfeitados de Rosas Vermelhas como<br />
no 25 de Abril de de 1974 em Portugal. O Coro parte dos praticáveis do<br />
Norte alinhado em alas, inicialmente estático, como um carro alegórico.<br />
A Banda faz o recuo no lago. Carmem Costa puxa o Samba da Vitória,<br />
de Othelo, o Mouro de Veneza, quando chega na cidade pela primeira<br />
vez. Um samba de raiado com palmas, ruído forte, estridente de pratos<br />
de louça raspados com facas de metal. Grande Otelo no cortejo.<br />
Emergem os submarinos afundados na Guerra, no Mar da Paz,<br />
numa cidade produtora mitológica de Cinema Brasileiro: A Atlântida.<br />
Cacilda Desdêmona é convidada a ser a Primeira Atriz Dramática da<br />
Atlântida. Explode a Bomba de Hiroshima, Mário de Andrade tem seu<br />
último desejo macunaímico: Marchem com as Massas!<br />
Acaba a Paz, entra a Guerra Fria.<br />
Miroel da Silveira<br />
por Lucas Weglinski<br />
Atuador do cordão Uzyna desde<br />
2007, entrou para produzir os DVD’s de<br />
Os Sertões e caiu na pista. Em Cacilda!!<br />
vive também o produtor Fenelon da<br />
Atlântida e Turkov, diretor, ator, judeu<br />
alemão, célebre em todo mundo por<br />
sua Companhia Internacional em Ídiche.<br />
Diretor de Terras do Sem Fim de Jorge<br />
Amado.<br />
Ito Alves<br />
na percussão<br />
Entrou para o cordão de ouro no<br />
ano de 2004 quando o grupo preparava<br />
as três primeiras peças de Os Sertões<br />
para o Festival do Vale do Ruhr na<br />
Alemanha. Levando o ritmo no nome<br />
e no toque viajou com a temporada<br />
de <strong>Teatro</strong> Total das cinco partes de Os<br />
Sertões pelo Brasil.<br />
Bibi Ferreira<br />
por Camila Mota<br />
Atriz, no cordão de ouro<br />
desde 1997, fez a primeira parte da<br />
tetralogia, Cacilda!, em 1998, atuou<br />
e fez assistência de direção em Os<br />
Sertões, entre 2000 e 2007. Em<br />
Cacilda!! é também Sônia Oiticica no<br />
<strong>Teatro</strong> do Estudante do Brasil.<br />
Maria Della Costa<br />
por Luiza Lemmertz<br />
Chegada ao cordão de ouro para a<br />
celebração da Deusa Interpretação em<br />
Cacilda!!, é atriz carioca da 3ª geração<br />
da realeza: neta de Lílian e filha de<br />
Júlia. Interpreta também a irmã de<br />
Cacilda, Dirce Yáconis, e Cacilda Azul.<br />
cia. de comÉDIAS bibi ferreira<br />
Cacilda tenta aprender a disciplina das companhias hierarquizadas a<br />
partir da primeira dama, a diva Bibi Ferreira, como a que ela Cacilda seria<br />
nos anos 60 no <strong>Teatro</strong> Cacilda Becker mas a estrela não se deu bem no<br />
papel de atriz codjuvante, não era o que sua Outra, a Poeta, buscava. Com<br />
Bibi, Cacilda interpreta Chole em É Proibido Suicidar-se na Primavera,<br />
Myra em Que Fim de Semana!, de Noel Coward, Emília em “Pedacinho de<br />
Gente e Clementina em A Moreninha substituindo Maria Della Costa.<br />
As cenas dessa estação são: Labirinto - Tuas Mãos; A Gaivota;<br />
Godot; É Proibido Suicidar-se na Primavera.<br />
Bibi! Bibi! Bibi!<br />
A atriz incorpora<br />
transfigura<br />
vira fisicamente<br />
la figure<br />
Mais que personagem<br />
Xamã<br />
da reincarnagem<br />
BIBI SONG<br />
SAMBA DA VITÓRIA<br />
(de Othelo, o Mouro de Veneza)<br />
Raiou de Novo<br />
o sol da liberdade<br />
A paz se estende sobre o Povo<br />
o Mundo volta<br />
à tranquilidade.<br />
Foi vencida a guerra<br />
a paz se estende sobre a Terra<br />
foi detida a tirania<br />
pela democracia.<br />
Ouço ao longe um rufar,<br />
um doce despertar<br />
de uma nova revoada.<br />
Os clarins anunciam<br />
Um novo Dia<br />
Uma nova Alvorada!<br />
Raiou de Novo…<br />
É uma outra,<br />
muda voz,<br />
corpo,<br />
alma inteira<br />
É a alma<br />
da atriz<br />
brasileira!<br />
Bibi! Bibi! Bibi!<br />
MEDITAÇÃO SOBRE O TIETÊ<br />
Meditando no Tietê<br />
Mário me disse, eu sou você<br />
Você é eu!<br />
Ah! Antes de entrar no caixão<br />
disse assim seu adeus,<br />
oh deus<br />
Sambe Minha Paixão<br />
com a Multidão!<br />
Cachorros, Cadelas,<br />
tamborins e se der Panelas<br />
sambemos latindo,<br />
uivando chorando rindo,<br />
Macunaímas, vamos indo,<br />
latindo,<br />
deixando a caravana passar<br />
vencendo na ditirambada<br />
a derrotada vitória!
SACRIFÍCIO<br />
SAMBA CORAÇÃO<br />
Cacilda vai filmar Luz dos Meus Olhos com uma música anunciando a bossa<br />
nova, devorando Debussy e Ravel. A estrela assim como todos ouvintes brasileiros<br />
era apaixonada por uma Voz, a do galã das novelas da Rádio Nacional Celso<br />
Guimarães. Ela vai reencontrá-lo em carne e coração, cego, trazido diante dela<br />
por Grande Otelo, a luz dos olhos do cego. Por flechadas do Eros do guia de cego<br />
Grande Otelo a estrela torna-se ela sim, a Luz dos Olhos do Cego Celso Guimarães.<br />
Metáforas do cinema brazyleiro nascente, Luz dos Olhos do Brasil.<br />
Cacilda ao mesmo tempo abriu uma agência de propaganda e escrevia<br />
programas de rádio juntamente com seu noivo Tito Fleury, repórter, agora<br />
radialista da Rádio Tupy do Rio. Escrevia ainda para jornais como o Globo onde<br />
faz uma crônica da filmagem de Luz dos Meus Olhos, entrevistando toda a equipe<br />
e o fotógrafo Edgard Brasil, que havia feito Limite, o filme mito das origens do<br />
Kinema Brazyleiro. Descreve maníaca nesta reportagem as minúcias. No set há um<br />
fotógrafo francês, Robert, que quer vê-la de cara limpa como Ana Magnani, sem<br />
maquiagem, no neo-realismo de Rosselini com quem trabalhara.<br />
Grande Otelo, intepretado por Adão Filho, não comparece à filmagem de<br />
Luz dos Meus Olhos, vão atrás dele e as notícias dos jornais da tarde do Rio<br />
anunciam em letras garrafais a tragédia que pôs fim à sua família, mesmo assim<br />
ele retorna à ação e completa as filmagens.<br />
Grande Otelo<br />
por Adão Filho<br />
Ator. Veio para o cordão de<br />
ouro em 1993 para fazer Ham-<br />
Let, espetáculo que abriu o <strong>Oficina</strong><br />
de Lina Bardi. Em Cacilda!! vive<br />
também Sadi Cabral.<br />
Cacilda está fazendo a cena em que é sacrificada por Othelo Abdias,<br />
extremamente ligada à tragédia de Grande Otelo que está enchendo a cara<br />
na Cinelândia, no Amarelinho. O coro do <strong>Teatro</strong> Experimental do Negro, com<br />
o coro da geração dos estudantes formados com Cacilda fazem uma roda<br />
ritual ditirambado, macumbado em torno da cena de sacrifício, na epopéia<br />
da libertação do negro no Brasil, na Cultura, e no <strong>Teatro</strong> brasileiros. A<br />
ópera de Verdi é macumbada em brazyleiro nesta cena de inxorcismo<br />
do ritual africano no <strong>Teatro</strong> Brasileiro em que prepara-se o encontro<br />
definitivo com os Comediantes, que vem chegando. Otelo reencontra seus<br />
fantasmas, sua Medéia e suas crias suicidadas são invocadas.<br />
TRAGICOMÉDIORGYA<br />
O Tarot da Estrela entra na Casa da libertação da Escravidão pelo<br />
próprio Negro. O Poeta Abdias Nascimento cria o <strong>Teatro</strong> Experimental do<br />
Negro no Brasil e durante o início das filmagens de Luz dos Meus Olhos<br />
vem convidar Cacilda para ser Desdêmona, de Othelo, em encenação em<br />
que ele fará o papel título.<br />
A Atlântida roda Luz dos Meus Olhos, com Grande Otelo no<br />
elenco, durante as madrugadas para evitar o barulho das destruições<br />
de casarões desmoronados, templos abatidos e árvores mortas da<br />
destruição que se perpetrava em torno do Estúdio, situação similar à<br />
que atravessa o <strong>Oficina</strong> hoje envolto nas ruínas de um crime ambiental<br />
praticado há duas décadas no bairro do Bexiga.<br />
Nesse rito: Estúdio Cyber de Teat(r)o Brincando de Cinema; Canto<br />
de Um Bode; Casa do Cego; Casa de Susana; Candomblé do <strong>Teatro</strong><br />
Experimental do Negro.<br />
Celso Guimarães<br />
por Mariano Mattos Martins<br />
Ator e programador visual,<br />
desde 2003 mistura Apolo e<br />
Dionísio no cordão de ouro<br />
dos namoros do <strong>Teatro</strong>. Fez Os<br />
Sertões pelo Brasil e na Alemanha.<br />
Em Cacilda!! é também Maurício<br />
Assunção.<br />
há de existir<br />
CANTO DE UM BODE TU VAI MORRER<br />
Medéia negra suicida<br />
suas duas crianças matou<br />
com formicida<br />
e em seguida<br />
o veneno que sobrou<br />
Medéia grega tomou<br />
Numa poça de vômito<br />
amarelo<br />
aos filhos e à suicida<br />
abraçado<br />
foi encontrado semi-vivo<br />
semi-morto<br />
Grande Otelo<br />
LUZ DOS MEUS OLHOS<br />
(José Carlos Burle)<br />
Como em jardim sem flor abandonado<br />
Um velho casarão colonial que,<br />
desabitado e triste, se desmorona<br />
na dor de uma saudade<br />
de um tempo que já passou<br />
Assim vivo eu tão só<br />
sem ver ninguém, ninguém!<br />
Ruína de um amor<br />
que para sempre há de existir<br />
a iluminar meu sonho,<br />
Abdias Nascimento<br />
por Márcio Teles<br />
Ator, entrou para o <strong>Oficina</strong><br />
em 2008, nos Bandidos, em que<br />
vive o Gira. Em Cacilda!! é também<br />
Vitor Febrônio, de 3200 Metros de<br />
Altitude.<br />
a iluminar o meu caminho...<br />
Porque o meu primeiro amor<br />
será também o derradeiro!<br />
Talvez seja ilusão<br />
mas sinto que hei de amar<br />
eternamente!<br />
Se sei que o céu estrelas tem<br />
que importa a mim não vê-las…<br />
Por isso eu vivo tão feliz,<br />
sem ver a luz do sol<br />
a lua, o céu, o azul do mar…<br />
Porque sei que serás<br />
para sempre<br />
a luz dos olhos meus, meus, só meus!<br />
SALGUEIRO<br />
Ai Salgueiro!<br />
Salgueiro! Chorão!<br />
Samba coração<br />
Salgueiro da morte<br />
será tua coroação!<br />
Água escorre,<br />
das faces queridas,<br />
as mais pobres nascidas.<br />
Murmura , murmura<br />
tristeza<br />
estranheza mãe beleza…<br />
Pelo crime do teatro branco,<br />
assassino do teatro do negro<br />
colocado sempre no tacho,<br />
na peneira,<br />
na senzala!<br />
Na empregada!<br />
Na mãe de santo boçal<br />
Estilo Branco Mau<br />
Preto Bom<br />
Sofredor.<br />
Tomador Assalariado<br />
De Chico chico chicotada!<br />
Preto Véio Puxa saco<br />
Inter-merdi-ário<br />
do Senhor Globot<br />
Macaqueia preto boçal<br />
de teatro colonial<br />
Globot, Globot, Globot<br />
ACABOU!<br />
TRANSEUNTE ACELERADO<br />
Pra Favela<br />
Alto Cristo!<br />
Galinha de Cabidela!<br />
Maria Clara Machado<br />
por Juliane Elting<br />
Atriz alemã, conheceu o<br />
<strong>Oficina</strong> em 2004 na passagem de<br />
Os Sertões por Recklinghausen, na<br />
Alemanha. Em Cacilda!! é também<br />
Madame Morineau.
NASCIMENTO DO<br />
MODERNO TEATRO BRASILEIRO<br />
Cacilda preparando-se para casar em Aparecida do Norte com Tito Fleury<br />
é convidada para fazer Vestido de Noiva, com Maria della Costa. Vera Barreto<br />
Leite atua como Madame Clessi Cacilda Nossa Senhora Aparecida. Ao mesmo tempo<br />
em ritmo transeunte acelerado liga os dois ritos: casar no Religioso, no Civil e<br />
no <strong>Teatro</strong>, mais, “com o <strong>Teatro</strong>” e sai as ruas do Rio para suas últimas compras<br />
de solteira: Luís Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, Presidente do Partido<br />
Comunista, e seu Partido, são postos em Liberdade. Bandeirinhas vermelhas caem<br />
dos prédios da Avenida Rio Branco. A Internacional é cantada nas Ruas em ritmo<br />
de Samba, o trânsito para. Da praça Mauá saem Emilinha Borba e Marlene, e suas<br />
macacas rivais, cantando, disputando-se, e irmanando-se afinal no Eu já Vi Tudo.<br />
Cacilda é espremida por elas como numa máquina de moer e transmutar carne e a<br />
entregam para os braços do marido. Seguem para o Hotel onde a mãe de Cacilda<br />
e Cleyde chegaram para o casamento e a reestréia da peça. Nelson Rodrigues já<br />
está na Nave.<br />
É a Casa do Casamento em que Madame Clessi é o Fantasma de Cacilda hoje<br />
em seus 40 anos de imortalidade, como Estragon de Esperando Godot, Mary<br />
Tyrone de Longa Jornada Noite Adentro de O’Neil e Nossa Senhora da Aparecida<br />
do Norte. Depois na Noite de Núpcias, em seu Delírio, Cacilda sonha com Desejo de<br />
O’Neil. É Cacilda Abbie, casa-se com Cabot Zimbienski e se faz amar na noite de<br />
núpcias por Ebben, de quem é madrasta, sobre o túmulo da mãe do afilhado, que<br />
é a Cacilda Morta em 14 de junho de 1969. Zimba sopra numa bexiga o ventre de<br />
Cacilda Abie. Cresce uma Barrigona. Nasce o bebê. É um fruto de Cacau. O Pai tem<br />
ciúmes da nova geração que nasce com o filho, este vai roubar seu amor, mas como<br />
em Desejo, Abbie Cacilda decide matar o Bebê e ambos suicidam o recém nascido,<br />
que Cacilda depois replanta. A Polícia, que vem para prender os assassinos do Bebê<br />
chega e cai em êxtase, diante do cacaueiro que nasce, e vê nascendo uma geração<br />
de fortes do <strong>Teatro</strong> Brasileiro.<br />
Na última peça dos Comediantes, aparece seu ator, Edgard da Rocha Miranda,<br />
um dramaturgo brasileiro que escrevia suas peças em inglês, passadas na Inglaterra,<br />
e depois as traduzia para o Brasil. Muito rico, banca a montagem da peça de sua<br />
autoria de Não sou Eu. É um fracasso total de bilheteria e um grande êxito de<br />
crítica. A Nave está afundando, os atores dão que têm e o que não têm, relógios,<br />
joias, economias, baús, e Edgard, o dramaturgo anglo brasileiro traz para o elenco<br />
Champagne francesa, caviar, marron glacê, e música.<br />
Emilinha<br />
por Cellia Nascimento<br />
Cantora e atriz, no <strong>Oficina</strong><br />
desde 2006. Entrou para o cordão em<br />
A Luta 2, de Os Sertões. Em Cacilda!!<br />
canta a Bachiana nº 5 transposta<br />
para sua voz soul, aprofundando o<br />
sutil samba latente nas cordas de<br />
Villa Lobos, e trazendo a revelação<br />
da beleza dos versos da obra. Vive<br />
também Madame Bofete e Ruth de<br />
Souza.<br />
Marlene<br />
por Adriana Capparelli<br />
Cantora e Atriz, entrou para o<br />
cordão de ouro em Bacantes no ano<br />
de 1995. Em Cacilda!! vive também<br />
Madame Butterfly e Estragon, de<br />
Godot.<br />
EU JÁ VI TUDO<br />
(Amadeu Veloso / Peter Pan)<br />
Eu já vi tudo<br />
Tu queres me contrariar<br />
Este prazer eu não te dou<br />
Não dou, não dou<br />
Nem hei de dar<br />
Se não gostas de samba<br />
por favor,<br />
outro amor vai procurar<br />
CARIMBÓ<br />
Amazona que me pariu<br />
no meu Pará<br />
ele é filho teu também<br />
veio de lá<br />
Nasceu na Guerra do Cacau<br />
Caldoso<br />
OS COMEDIANTES<br />
Cacilda, Tito e Cleyde se dão as mãos e entram com os pés<br />
direitos no Barco. Cacilda e Tito vão para o Barco dos Comediantes:<br />
Duas Máscaras uma de Comédia e outra de Tragédia, fincadas no<br />
Mastro. Navio apita na Sonoplastia. Cleyde se coloca na platéia, pé<br />
ante pé. Preparação para a estréia. Era uma vez um Prisioneiro.<br />
Ensaio geral. Zimba está fora do barco, amarrado como Prometeu<br />
no Balcão Sul do <strong>Oficina</strong>.<br />
O barco dos Comediantes vai afundando, mas a tripulacão<br />
ainda dança. O Partido Comunista é posto por Dutra fora da<br />
lei depois de ter fechado todos os Cassinos. Tito, do Partido<br />
Comunista, tem de fugir, Cacilda decide dar um tempo e se<br />
despede de Ziembinski.<br />
As cenas da última estação da Estrela Brazyleira a Vagar<br />
são: Avenida Rio Branco; Barca dos Comediantes; Despedida de<br />
Solteiro Boite Night and Day; Vômito Iniciático; Delyrio, Vudú das<br />
Máscaras da Tragédia e da Comédia; O Plantio do Parto; Descanso<br />
da Guerreira.<br />
Nelson Rodrigues<br />
por Victor Steinberg<br />
Jovem ator iniciante, entra de<br />
corpo-alma no cordão de ouro para<br />
Cacilda!!, em que faz também Getúlio<br />
Vargas.<br />
Madame Clessi<br />
por Vera Barreto Leite<br />
Atriz da velha-guarda do<br />
<strong>Oficina</strong>, foi a principal modelo de Chanel<br />
nos anos 50. Nesta década do século<br />
XXI fez Os Sertões, Vento Forte para<br />
um Papagaio Subir e Os Bandidos. Em<br />
Cacilda!! encarna Cacilda Estragon, de<br />
Esperando Godot, Clara Zahanassian<br />
de A Velha Senhora; uma atriz da<br />
Companhia Raul Roulien, Rosita Berta,<br />
já caminhando para a demência, e sua<br />
tia, a crítica magnífica de <strong>Teatro</strong> e<br />
atriz de <strong>Teatro</strong> e do Cinema Nacional,<br />
Luisa Barreto Leite.
DESCANSO<br />
DA GUERREIRA<br />
Fazenda “Casa da Dina Marca” em Santa Rita do Passa Quatro.<br />
Hamlet não está louco de hospício. / É só fingimento, esperteza,<br />
arte no ofício / Será bom que ele saiba. / Se uma rainha talentosa,<br />
justa, sabia nos gozos / não é capaz de revelar segredos preciosos /<br />
a um sapo, a um morcego, a um rato / quem saberia então? / Uma<br />
canastrona que não sabe fazer teatro? / Não. Contra toda a prudência<br />
e o bom senso / abra a gaiola, só pra ver o que acontece, joga teu<br />
corpo com teu lenço / quebra o pescoço / saltando aqui de cima,<br />
crie novo osso!/ Limpa o caminho para a armadilha: / o teatro não<br />
será nunca uma coisa de Família, / é a magia quente montada / pra<br />
desarmada / do jogo feito, eu sei / da consciência pardo-realista / do<br />
Sonhado Marido, do Rei. / No <strong>Teatro</strong> De Estádio Municipal de SamPã! /<br />
sem rendas, sem rédeas, Titã / Estrela brazyleira a vagar encontre teu<br />
céu, teu inferno, teu chão / pra Orgya, Comédia Tragédia: Ação / Boa<br />
noite Cacilda duas / vem chegando terceira Exclamação!<br />
Catherine Hirsch<br />
Conselheira e Poeta. No cordão<br />
de ouro desde 1979 quando o <strong>Oficina</strong><br />
voltou do exílio e ela, vinda da França,<br />
se apaixonou pelo número 520 da Rua<br />
Jaceguai. Trabalhou na reengenharia<br />
do grupo durante a criação da Uzyna<br />
Uzona.<br />
Zé Celso<br />
Diretor artísitico e presidente<br />
da Associação Sem Fronteiras Teat(r)o<br />
<strong>Oficina</strong> Uzyna Uzona, fundou o <strong>Oficina</strong><br />
na Faculdade de Direito do Largo São<br />
Francisco, em 1958. Em Cacilda!! atua<br />
também como maestro.<br />
Ziembinski<br />
por Hector Othon<br />
No cordão desde 1984 quando<br />
ouviu pela primeira vez o berrante de<br />
Brômios cantando Mystérios Gozozos<br />
e Bacantes. Em Cacilda!! é também<br />
o Cristo Redentor e Luis Carlos<br />
Prestes.<br />
Agradecimentos a<br />
Hamlet Sérgio Cardoso<br />
por Ariclenes Barroso<br />
Ator oriundo do Movimento<br />
Bexigão entrou para o cordão de<br />
ouro aos 10 anos de idade há seis<br />
anos atrás. Morador da ocupação<br />
do prédio da Caixa Econômica pelos<br />
Sem Teto, teve sua família desalojada<br />
do edifício pelo Grupo Sílvio Santos<br />
e foi morar longe do teatro, mas<br />
seu talento excepcional atravessou<br />
todos obstáculos, atuando nas 27<br />
horas de Os Sertões, em Taniko, nô<br />
bossanova trans-zênico, Cypriano<br />
e Chantalan de Luís Antônio e Os<br />
Bandidos de Schiller. Em Cacilda!! faz<br />
Sérgio Cardoso Hamlet que vem tirar<br />
Cacilda do ostracismo, do isolamento<br />
numa fazenda em Santa Rita do Passa<br />
Quatro.<br />
Marcos Leite<br />
no baixo<br />
No cordão de ouro desde 2008<br />
quando trouxe a classe de suas linhas<br />
de baixo para a pauta de ações de<br />
Taniko, de Zenchiku.<br />
Maria Thereza Vargas, Cleyde Yáconis, Luis Carlos Fleury<br />
Filho (Cuca), Emanuel Nery (Telefônica), Ana Maria Martinez<br />
Corrêa, Sabrina Pascoal, Dimas Oliveira Júnior, Anny Vaz<br />
Guimarães, Arnaldo Mesquita, Camila (CPL Luz), Zeca Freitas.<br />
ESTRELA VAGABUNDA<br />
A Atriz é uma Estrela<br />
Vagabunda<br />
vagando sempre nos céus<br />
em que se afunda<br />
até encontrar<br />
o seu céu na terra, que aterrar<br />
no palco em que seu desejo aportar<br />
É cedo demais, a vida é Mistério<br />
Não cabe só num <strong>Teatro</strong> Sério<br />
vamos rir do que se faça,<br />
sem achar mesmo muita graça<br />
Com você amor<br />
começamos muito alto<br />
Mas continuamos no nosso mesmo país<br />
o Palco !<br />
Não digo nunca adeus<br />
mesmo errante sigo ao lado teu<br />
vagar…<br />
é assim amor, nosso fado<br />
e encontrar pouso breve<br />
por todo lado<br />
CACILDA<br />
Minha vida é maravilhosa<br />
Ninguém me governa!<br />
CORO<br />
Saio quando quero<br />
entro quando quero<br />
durmo com quem quero<br />
vida de artista<br />
não há melhor que exista!<br />
Nada se perderá,<br />
nem se perdeu<br />
Mas o mundo agora é meu.<br />
Primavera<br />
Nova Estação<br />
Nasce nossa<br />
Constelação !
A Voz do Povo criou um refrão, um bordão, em forma de pergunta, que batizou<br />
esta peça em cartaz há 28 anos em nossa capital:<br />
“Como vai a Pendenga entre o Sílvio Santos e o <strong>Oficina</strong>?”<br />
DESAPROPRIAÇÃO JÁ!<br />
Os Ventos das Grandes Mutações de 2008, o Cinquentenário das Bodas de Ouro<br />
do Grupo <strong>Oficina</strong>, o Banquete oferecido a Eros e o vagar das estrelas vagabundas<br />
que nascem na Primavera de Cacilda!!, tornam este momento oportuno para uma<br />
resposta criativa a esta pergunta que refere-se à um assunto e vai virando um<br />
fantasma, um clichê, a ser desconstruído por Amor à propria Vida.<br />
Foi esta “peça” que determinou os 25 anos de relação, as Bodas de Prata entre<br />
o <strong>Teatro</strong> <strong>Oficina</strong> e o Governo do Estado de São Paulo, também protagonista portanto<br />
há 1/4 de século desta peça infelizmente ainda em cartaz.<br />
Desde 1983 Grandes Estadistas, pessoas reconhecidamente sábias e cultas, vem<br />
exercendo seu Poder no Estado, ao lado dos Movimentos que lutam não somente para<br />
impedir a destruição do <strong>Teatro</strong> <strong>Oficina</strong> mas para que este CHACRA CULTURAL URBANO<br />
do Brasil cresça e apareça, como é natural, para poder dar mais ainda e a muitos,<br />
quando não a Todos, o que já pode, pôde e poderá dar.<br />
Sua memória, sua história, sendo feita, refeita e agora, sua atual explosão de<br />
criatividade produtiva, estética e social consequente de sua inesperadamente fértil<br />
longevidade, não cabe mais no restrito espaço de 9 metros de largura por 50 de<br />
profundidade, embecado, Sem Saída dos Fundos.<br />
O movimento original que lá cria vida cultural renovada<br />
há meio século faz parte e é apoiado pelos movimentos de<br />
transvalorização da vida, tão naturais quanto necessários,<br />
renascidos dos paradoxos da Globalização, simultâneos<br />
ao inesperado degelo do Império Americano e<br />
à revolução Cyber. Artistas de todas as<br />
áreas, ecologistas, urbanistas, público<br />
de teatro, amantes da vida e da arte de todas as classes sociais, no Brasil<br />
e no Exterior, lutam pelo TEAT(R)O OFICINA que é em si uma METÁFORA<br />
da necessidade de AMPLIAÇÃO DO ESPAÇO VITAL, VERDE, CULTURAL, LIVRE,<br />
DESTERRITORIALIZADO que a aridez da ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA em sua<br />
cegueira, insiste em destruir, empacotar e vender.<br />
Os 28 anos de luta não são de “resistência”, mas de “Re-existência”,<br />
por isso não caímos numa atitude reativa, defensiva, e soubemos produzir<br />
o ANHANGABAÚ DA FELIZ CIDADE, e este nosso Projeto tornou-se uma<br />
Alternativa Social ao SHOPPING SS BELA VISTA FESTIVAL CENTER<br />
Lutamos imediatamente pela não destruição da arquitetura de Lina Bardi<br />
com o fechamento do janelão e entumulamento do teatro e trabalhamos<br />
pela criação dos elementos que compõem o Anhangabaú da Feliz Cidade:<br />
a Universidade Popular Antropófaga, uma Ágora do Bexiga, a <strong>Oficina</strong> de<br />
Florestas e um <strong>Teatro</strong> de Estádio, com gestão pública.<br />
Requeremos a DESAPROPRIAÇÃO que possibilita a inteira realização do<br />
PROJETO ARQUITETÔNICO URBANÍSTICO INICIAL da ARQUITETA LINA BARDI desde<br />
1980, agora amadurecido pela experiência que somente o Tempo cria.<br />
Pedimos a reparação do crime ambiental cometido durante três décadas<br />
nessa área, que levou o lugar e os seres que o habitam à degradação física e,<br />
de acordo com a constituição brasileira, queremos que seja calculado o valor<br />
da função social desse patrimônio ambiental desperdiçado pela especulação<br />
para que sejam desapropriadas as áreas e destinadas aos espaços para a<br />
cultura.<br />
Por amor, ordem e progresso, nós que cultivamos há cinquenta anos<br />
essas terras dizemos não à extinção da espécie humana que se cultua nos<br />
teatros, nos cortiços e nas ruas.<br />
Evoéros!