RELATÓRIO FINAL 2004 - Projeto Brinca Mané - UFSC
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INSTITUTO AYRTON SENNA/AUDI AG<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA<br />
CENTRO DE DESPORTOS<br />
PROJETO SOCIAL DE EDUCAÇÃO PELO ESPORTE<br />
“BRINCA MANÉ”<br />
<strong>RELATÓRIO</strong> <strong>FINAL</strong><br />
<strong>2004</strong><br />
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1. INTRODUÇÃO<br />
A organização do cotidiano pedagógico do <strong>Projeto</strong> Social de Educação pelo Esporte “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>” e suas<br />
peculiaridades passou por um processo contínuo, coletivo de planejamento, execução e avaliação. Neste processo de<br />
construção coletiva, as oficinas pedagógicas foram precedidas e continuamente acompanhadas de análises considerando o<br />
espaço de atuação e a articulação com os objetivos a serem alcançados, fundamentados nos quatro pilares da educação do<br />
paradigma de desenvolvimento humano.<br />
No processo coletivo de construção pedagógica, foi fundamental a participação e o empenho de cada um dos<br />
integrantes do projeto, reforçando a importância do grupo enquanto cerne da ação educativa social. As atividades foram<br />
dispostas em quatro oficinas: Jogos/Esportes, Saúde, Natação e Arte-Educação. Paralelamente, as oficinas específicas,<br />
desenvolvemos também os <strong>Projeto</strong>s Interdisciplinares Coletivos.<br />
Todo o trabalho pedagógico deste primeiro semestre convergiu na busca de oportunizar o desenvolvimento das<br />
competências: cognitiva, social, pessoal e produtiva, fundamentais na construção do ser, fazer, conhecer e conviver de<br />
duzentas (200) crianças e jovens participantes, oriundas de duas Escolas Municipais do entorno da <strong>UFSC</strong>, e mais duas<br />
Escolas Estaduais que gradativamente estão sendo incorporadas ao <strong>Projeto</strong>.<br />
Na oficina de Jogos/Esportes, a ação pedagógica de desenvolvimento dos quatro pilares se deu através das<br />
<strong>Brinca</strong>deiras Infantis, Jogos Tradicionais Populares e Esportes, respeitando as fases de aprendizagem e desenvolvimento<br />
motor de cada faixa etária. Na oficina da Saúde, buscou-se, através de atividades interdisciplinares, desenvolver<br />
competências associadas à natureza e ao funcionamento do corpo humano. Na oficina de Natação, buscou-se oportunizar a<br />
criança a adaptação e autonomia no meio líquido, além da aprendizagem do ato de nadar, considerando acima de tudo o<br />
contexto marítimo em que vivem. Nesta direção, foram formados três grupos considerando o nível de habilidade dos<br />
educandos. Na oficina da Arte-Educação, foram desenvolvidas atividades exploratórias de Leitura, Escrita e Reforço<br />
Escolar. Além do trabalho específico com estas atividades, fundamentais no desenvolvimento das crianças, as mesmas<br />
permearam as demais oficinas e conduziram os projetos interdisciplinares. Dentre os projetos pedagógicos realizados no<br />
primeiro semestre de <strong>2004</strong>, citamos o <strong>Projeto</strong> 1 do Ano Ayrton Senna do Brasil - “Conhecendo Senna: A vida com o<br />
Esporte” e <strong>Projeto</strong> de Primeiros Socorros na Água e na Natureza.<br />
A grande dificuldade sentida a partir de maio, foi à ausência de monitores de outras áreas do conhecimento, o que<br />
dificultou uma proposta interdisciplinar com mais profundidade do projeto, principalmente porquê o que caracteriza uma<br />
proposta interdisciplinar é a busca de relações entre as disciplinas no momento de confrontar temas de estudo. Mesmo com<br />
esta limitação momentânea, buscamos com nossas intervenções oportunizar um sentido de conhecimento que oportunizasse<br />
compreender e o desvendar o mundo a partir de uma dimensão de complexidade. Nesta direção, tendo o esporte como<br />
elemento norteador da proposta pedagógica, buscamos estratégias de ação pedagógica tentando ir além da<br />
compartimentação de nossa disciplina, através de pesquisa em outras áreas de formação humana, como referência mínima<br />
no desenvolvimento dos conteúdos das oficinas de Arte-Educação, Saúde e dos <strong>Projeto</strong>s Interdisciplinares Coletivos.<br />
O conhecimento deve apresentar suas dimensões de complexidade, de inseparabilidade de seus elementos<br />
diferentes, a constituição de um todo, de união entre a unidade e a multiplicidade. Assim, estamos construindo uma proposta<br />
pedagógica que oportunize a formação das várias dimensões da criança, levando em consideração neste processo, o<br />
desenvolvimento de uma inteligência apta a referir-se ao complexo e ao contexto, de modo multidimensional, numa<br />
concepção global.<br />
Segue abaixo, descrição sucinta das atividades pedagógicas realizadas em cada oficina e nos projetos coletivos do<br />
“<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>”.<br />
2. ATIVIDADES PEDAGÓGICAS<br />
OFICINA DE JOGOS/ESPORTES<br />
Durante o ano de <strong>2004</strong>, oportunizamos nesta oficina um espaço aberto e criativo onde as <strong>Brinca</strong>deiras Infantis, o<br />
Jogo Tradicional/Popular e o Esporte, se conjugassem numa proposta pedagógica que contemplasse através de ações<br />
educativas especificas para cada grupo etário de participantes, o desenvolvimento dos quatros pilares da educação, na busca<br />
sobretudo, de oportunizar as várias dimensões destas atividades da cultura humana. Assim, nesta oficina, buscou-se<br />
conceber o <strong>Brinca</strong>r, o Jogo e o Esporte em suas concepções educativas, sendo desenvolvidos a partir de seus princípios<br />
dialéticos, enquanto possibilidades concretas de desenvolvimento humano.<br />
O <strong>Brinca</strong>r e o Jogo Tradicional/Popular foram fundamentais em nosso projeto, e ousamos sugeri-los em nossa<br />
proposta pedagógica, na busca, sobretudo, de conciliar Cultura Popular e Cultura Formal, pólos essenciais à emancipação da<br />
criança, pois precisamos entendê-la como um ser histórico que busca, a partir de suas raízes, transformar o mundo e, ao<br />
mesmo tempo, preservar sua identidade. Resgatamos estas atividades da Cultura Lúdica Infantil, pois acreditamos que no<br />
jogar, a criança: nos ensina que o seu processo de aquisição do mundo tem inscrição no corpo, acontece sempre no contexto<br />
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do organismo como um todo; desenvolve competências cognitivas, produtiva, pessoal e social, além de outras habilidades<br />
associadas a dimensões políticas e éticas; interage e conecta-se com o mundo, irradiando sua complexidade; vive suas<br />
histórias e sua cultura, experimentando suas possibilidades mais humanas; transforma sua ação lúdica numa celebração<br />
espaço-temporal de cidadania; mostra que o seu corpo produtivo, idealizado pela sociedade, é essencialmente brincante.<br />
Portanto, oportunizou-se com estas atividades além do desenvolvimento dos quatro pilares da educação, o resgate e a<br />
preservação da cultura lúdica dos participantes do projeto;<br />
Na dimensão mais complexa desta oficina, desenvolvemos o Esporte numa concepção educacional, considerando-o<br />
como atividade de produção humana, como patrimônio cultural, devendo ser apropriado por meio do ato educativo opondose<br />
a concepção mercantilista do Esporte Moderno, tão disseminado pela mídia, que se consolidou numa redução, num corte,<br />
numa fragmentação do fenômeno Esporte, principalmente ao minimizar suas possibilidades de formação e desenvolvimento<br />
social.<br />
Assim, no decorrer do semestre, foram desenvolvidas atividades do <strong>Brinca</strong>r, do Jogar e do praticar Esportes de<br />
acordo com os objetivos do <strong>Projeto</strong>, respeitando o interesse e as possibilidades de desenvolvimento de cada faixa etária das<br />
turmas integrantes do <strong>Projeto</strong>, divididas da seguinte forma:<br />
- Turmas A/E (07 e 08 anos) - <strong>Brinca</strong>deiras e Jogos Infantis;<br />
- Turmas B/C (09 a 11 anos) - Jogos Tradicionais/Populares;<br />
- Turmas C/G (12 a 13 anos) - Jogos Pré-Desportivos;<br />
- Turmas D/H (14 a 15 anos) - Esportes<br />
Tivemos como proposta central, garantir a criança participante do <strong>Projeto</strong> “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>” o usufruo de vivências<br />
lúdico-cinéticas no brincar, jogar e praticar esportes visando o desenvolvimento de suas dimensões cognitiva, motora e<br />
sócio-afetiva, que oportunizaram o aprender a ser, conviver, conhecer e fazer, pilares da educação que sustentam o<br />
Paradigma de Desenvolvimento Humano.<br />
Anamnése motora – Buscou-se inicialmente, conhecer o universo lúdico infantil e conhecimento das crianças<br />
sobre este fenômeno. Em seguida realizou-se a anamnése motora com a turma, com o objetivo de compreender o seu<br />
desenvolvimento motor e na possibilidade de tornar-se instrumento de identificação de possíveis dificuldades em atividades<br />
lúdico-cinéticas. Surgiram atividades diversas com bambolês; movimentos corporais com a bola utilizando mãos e pés<br />
(agarrar, arremessar, lançar, chutar, rolar, entre outros); deslocamentos diversos (para frente, para trás, para os lados, em<br />
diagonal, saltando, rolando) atividades de trepar em obstáculos e árvores; atividades de expressão corporal com a imitação<br />
de animais; atividades de saltos diversos a partir do coelhinho sai da toca.<br />
As atividades foram sugeridas e construídas pelas crianças. Observou-se alegria e prazer ao realizá-las. Ao final da<br />
anamnése detectou-se um satisfatório nível de desenvolvimento motor entre as crianças, pois realizavam os movimentos<br />
propostos sem maiores problemas. Observou-se o desenvolvimentos de alguns valores, importantes na consolidação dos<br />
pilares, tais como: autoconhecimento e a exploração de novos momentos e movimentos.<br />
O que você faria?<br />
A aula teve como objetivo oportunizar as crianças, através da formulação de questões, provocar nelas a sugestão e a<br />
prática de atividades lúdicas adequadas ao espaço oferecido. Neste processo de criação e de exploração coletiva surgiram<br />
várias propostas de jogos e brincadeiras, adaptação de materiais, ações e reações distintas, sempre permeadas pelo prazer,<br />
curiosidade e felicidade. Assim, pode-se observar a presença constante dos pilares da educação a medida em que elas<br />
conheciam, faziam, conviviam e tornavam-se os sujeitos da ação.<br />
A partir da dinâmica de aplicação de uma questão central: O que você faria se você... Surgiram vária brincadeira e<br />
jogos infantis, entre as quais, citamos abaixo:<br />
- pudesse correr? Sugestão - pega-congela;<br />
- pudesse dançar? Sugestão - Rock Pok;<br />
- visse obstáculos? Sugestão - Corrida transpondo vários tipos de obstáculos;<br />
- visse uma bola? Sugestão - Alerta;<br />
- pudesse pular? Sugestão - Pular Corda.<br />
Ao final os relatos proferidos na roda pedagógica foram muito positivos, ficando evidente a demonstração das<br />
crianças pela satisfação de realizar as atividades, solicitando a suas continuidade(s) em momentos posteriores.<br />
<strong>Brinca</strong>deiras com cordas<br />
Entre os brinquedos utilizados pela criança na ação do brincar, a corda lhe propiciou uma grande variação de jogos<br />
e brincadeiras. No passar correndo, no saltar de frente, no elaborar várias expressões corporais sob e sobre a corda,<br />
solucionando desafios cinéticos, essa mesma corda tornou-se um elemento lúdico mágico para a criança. Esse fazer corporal<br />
permeado pelo poder de decisão infantil, permitiu-lhe o desenvolvimento de sua percepção espaço-temporal e de sua<br />
coordenação dinâmica geral. Entre as formas de brincar com a corda, desenvolvemos várias variações, como: corridinho;<br />
foguinho-fogão; pula-pula; relóginho; pula comunitário.<br />
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<strong>Brinca</strong>deiras de Pegar<br />
<strong>Brinca</strong>deira muita utilizada, principalmente pelas suas possibilidades de variação. Brincou-se de pega-pega;<br />
esconde-esconde; bandeira salva; um, dois, três, fulano de tal; pega gentil; pegador ferido; nunca três. A organização e a<br />
ordem deste jogo surgem de negociações entre os próprios participantes. Verificamos um fato que ilustra bem essa situação.<br />
Um menino terminou a contagem e saiu à procura dos companheiros escondidos, porém um deles ainda não tinha<br />
conseguido se ocultar. Criou-se, então, uma discussão para a qual todos abandonaram os seus lugares e, participando da<br />
polêmica, decidiram, em comum acordo, aumentar a contagem a fim de possibilitar mais tempo para todos se esconderem.<br />
Nestas atividades lúdicas as crianças, demonstram, ao se ocultarem, o seu nível de consciência corporal. Além da<br />
auto-imagem, entra em jogo, também, nessa relação lúdica, a imagem dos corpos dos demais participantes. Outras<br />
habilidades são evidentes, tais como a agilidade, a organização espaço-temporal e a velocidade de deslocamento.<br />
<strong>Projeto</strong> Brinquedos Cantados<br />
Os brinquedos cantados são um elo de integração entre os aspectos cognitivos, afetivos e sociais e sua preservação<br />
é fundamental como recurso para desenvolver e aperfeiçoar os valores que fazem parte da nossa cidadania. Os brinquedos<br />
cantados oportunizam várias dimensões de desenvolvimento infantil, principalmente pelo privilégio de reunirem em uma só<br />
brincadeira, o jogo, a dança e a música, que quando eficientemente aplicado à criança, possuem uma ação educadora como<br />
poucas, proporcionando à criança o exercício da livre expressão e criatividade.<br />
Chama-se de “Cancioneiro Folclórico Infantil”, ao conjunto das cantigas próprias da criança e por ela entoadas em<br />
seus brinquedos ou ouvidas dos adultos, quando pretendem adormecê-la, entretê-la ou instruí-la; são cantigas que vêm de<br />
geração a geração e que se perpetuam e se transmitem pela tradição oral. Este abrange: Acalantos ou cantigas de ninar,<br />
cantigas avulsas (que as crianças entoam em qualquer de suas atividades, sem que com elas tenham uma correlação direta),<br />
estribilhos musicais (que integram as histórias contadas e cantadas), toadas (ou melodias para ensino da soletração e da<br />
tabuada já em desuso, mas ainda de valor, sob alguns aspectos) e brinquedos cantados (de vários tipos, conforme<br />
classificação e divisão a seguir: de roda (ciranda, cirandinha); de grupos opostos (o pobre e o rico); de fileira (passarás, não<br />
passarás); de marcha (marcha, soldado); de palma: (pirulito que bate, bate); de pegar (vamos passear no bosque); de<br />
esconder (senhora D. Sancha).<br />
De todos, entretanto, a roda é o tipo que oferece mais atração para a recreação infantil; assim sendo, ela é foi muito<br />
utilizada em nosso <strong>Projeto</strong>, principalmente por ser o princípio do grupo, dando a sensação de união, de um todo ao qual se<br />
pertence. Daí a satisfação que a criança sente em estar de mãos dadas com seus coleguinhas, de cantar e movimentar-se ao<br />
som de uma melodia, de participar de um grupo em que todos fazem os mesmos gestos.<br />
Seu desenvolvimento no projeto nos comprovou que é, sem dúvida, uma atividade de grande valor educativo. É<br />
modalidade de jogo muito simples e se constitui num poderoso agente de inclusão social. Em face das atuais condições de<br />
vida nas quais se torna cada vez mais difícil o brinquedo das crianças em grupo, devemos sempre oportunizar seu resgate na<br />
proposta pedagógica do projeto, como forma de manter e divulgar à todos aspectos da cultura e do folclore de nossa terra,<br />
que aos poucos está se extinguindo.<br />
Através dos brinquedos cantados as crianças demonstraram mudanças comportamentais positivas, principalmente<br />
na diminuição da agressividade, no aprender relacionar-se e no aceite do outro, na construção de sua imagem, no<br />
desenvolvimento da auto-estima, no respeito á natureza, na cooperação e nas relações afetivas estabelecidas.<br />
Todo o trabalho desenvolvido durante este primeiro semestre, foi muito bem aceito pelas crianças. No primeiro<br />
momento, além de uma contextualização histórica, ocorreu uma apresentação de brinquedos cantados pelos monitores com<br />
o objetivo de despertar o interesse das crianças por este tipo de atividade praticamente esquecida. A partir desta estimulação<br />
deu-se ínicio a um processo de resgate dos brinquedos cantados realizados pelas crianças em seus bairros. Foram<br />
desenvolvidos: A árvore da montanha; Caranguejo; Eu sou pobre, pobre, pobre; Chep, chep; Vamos passear no bosque; O<br />
cravo brigou com a rosa; Samba-lelê; Engenho novo; Araruna; Capelinha de melão; entre outros.<br />
Capoeira<br />
Durante o semestre tivemos algumas sessões de capoeira. No decorrer destas, foram experimentados variados<br />
movimentos no tatame do Dojô, dentre os quais destacamos: rolamentos, parada de mão, estrela, saltos seguido rolamento,<br />
entre outros. Tais movimentos ajudaram no aprimoramento das capacidades e no aumento da memória motora da criança, já<br />
que na capoeira existem movimentos complexos. Através da capoeira as relações sociais são da mesma forma ampliadas, o<br />
que nos mostra a presença constante dos pilares da educação e a sua importância no desenvolvimento das crianças.<br />
Tênis<br />
Devido à evidência constante do tênis e do tenista catarinense Gustavo Küerten, “o Guga”, as crianças demonstram<br />
certo interesse em experimentar este esporte. Com isso, vimos à possibilidade de desenvolver um trabalho de vivência e<br />
contato com o jogo. Inicialmente buscou-se suprir suas curiosidades acerca do contexto que envolve o tênis e sobre Gustavo<br />
Kuerten. Algumas estratégias foram utilizadas, entre as quais destacamos:<br />
- Conhecendo o Tênis e do ídolo Gustavo Kuerten;<br />
- Jogos Motores de deslocamentos e posicionamento;<br />
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- Jogos lúdicos de controle de bola, quicando a bola com movimentos para cima e para o chão;<br />
- Jogos em Duplas de troca de passes sem deixar a bola cair no chão (utilizando a raquete), troca de passes<br />
com um quique e troca de passes com sustentação bola;<br />
- Contextualizando o jogo e suas regras.<br />
O formato dos jogos foram adaptados com brincadeiras e materiais (raquetes) tais como: jogos em duplas e jogos<br />
valendo mais de um pique de bola, entre outros. Estas adaptações tiveram o intuito de aproveitar o conhecimento prévio das<br />
crianças e também instigar a coletividade entre elas, deixando explícito algumas competências ligadas aos pilares.<br />
Apesar das aulas de vôlei serem as preferidas pela garotada, uma outra modalidade foi, aos poucos, ganhando mais<br />
adeptos. Em uma das tardes, percebemos que um dos meninos trouxe para o <strong>Projeto</strong> sua raquete de tênis e algumas bolinhas.<br />
Já na roda pedagógica inicial, perguntamos ao grupo se gostariam de experimentar uma aula diferente que até então não<br />
tinha sido realizada e se tinham sugestões. Como era esperado, esperava, o garoto citado anteriormente logo sugeriu o tênis.<br />
Alguns não aceitaram a proposta do colega, julgando o jogo em questão muito individual, que só participam dois jogadores<br />
e ainda disseram que só ele sabia jogar e que ganharia todas as partidas. O garoto, meio constrangido, não soube<br />
argumentar. Foi proposto ao grupo que iríamos preparar uma aula para toda a turma na semana seguinte e que após isso,<br />
iríamos voltar a discutir o assunto.<br />
Com a participação do garoto nos encontramos na “Toca do <strong>Mané</strong>” dois dias seguidos após as atividades do dia.<br />
Conseguimos compor uma aula com três atividades diferentes, que foram discutidas e avaliadas, pensadas em função do<br />
principal problema levantado pelo grupo, o individualismo.<br />
O dia chegou e o garoto não conseguia esconder sua aflição. Chegamos mais cedo para buscar os materiais e<br />
preparar o espaço. Aos poucos percebemos que ele estava ficando mais tranqüilo e confiante. A roda inicial foi apenas para<br />
apresentarmos a proposta, sem criar muitas expectativas. A primeira parte da aula foi destinada a alongamentos e<br />
aquecimento, reforçando a idéia de saúde. A primeira atividade foi apresenta por mim. Todos receberam uma raquete e uma<br />
bolinha. Para conhecer e adaptarem-se com estes materiais, realizaram uma seqüência de rebater a bola contra a raquete,<br />
para cima e variando as alturas. Depois deixando quicar no chão, rebatendo na parede, formando duplas para passar a bola e<br />
depois, grupos pequenos. Na segunda atividade foi apresentada pelo menino. Formavam duplas para passar a bola por cima<br />
da rede, inicialmente próximos e depois aumentando a distância. No terceiro momento, ele também passou as regras da<br />
brincadeira. Formava-se dois grupos, um em cada lado da quadra, eu ficava no meio, próximo ao poste de sustentação da<br />
rede para lançar as bolas. Para iniciar a brincadeira, ficavam dentro de cada quadra dois educandos, dispostos<br />
aleatoriamente. A bola era lançada para qualquer um deles, que deveriam estar atentos para rebater e dar seqüência ao jogo<br />
que só terminava quando a bola passava dos limites da quadra, quando erravam a rebatida ou ocorria mais de dois quiques<br />
no chão. Do lado que ocorria o erro, os dois deveriam se retirar para que os que estavam esperando tomassem o lugar.<br />
Assim, o jogo continuava e o ritmo aumentava. A aula continuou assim até o final. Foi mito divertido, até eu entrei na<br />
disputa. Só havia sorrisos.<br />
Na roda pedagógica, foi só elogios e agradecimentos, principalmente para o garoto por propor um novo jogo. Na<br />
discussão, refletimos o problema levantado anteriormente que foi superado, exposto nas falas da garotada: “não preciso ser<br />
o Guga para jogar tênis”; “eu nunca tinha tocado uma raquete, e achava que não saberia rebater”; “nunca tinha jogado tênis,<br />
achava chato, parado e nada divertido”; “foi a melhor aula ate agora, desde que eu comecei no <strong>Projeto</strong>, todo mundo se<br />
divertiu e ninguém ficou de fora, eu que não queria participar, para não sujar meu tênis, tirei para jogar pois percebi que<br />
todos estavam se divertindo, valeu a pena”. A principal conquista realizada nesta aula foi a superação do limites, tanto<br />
minha que não pratico este esporte e pouco conhecia, como também da garotada, que resistia às mudanças e que acabaram<br />
descobrindo novas possibilidades, percebendo sua função de co-responsáveis pelo andamento, qualidade e satisfação nas<br />
aulas.<br />
Basquetebol<br />
Toda a essência do trabalho se deu com características lúdicas. O processo de aprendizagem e formação não<br />
limitou-se apenas na técnica e regras da modalidade, mas no desenvolvimento de outras competências como a convivência,<br />
a experimentação, a autoconfiança e a personalidade. Algumas atividades são destacadas para ilustrar o desenvolvimento<br />
desta modalidade esportiva no <strong>Projeto</strong>, principalmente porquê foram focadas apenas no desenvolvimento das habilidades<br />
utilizadas no basquetebol tais como o drible, o passe e o arremesso e não no jogo formal:<br />
- Conhecendo o Basquetebol – Pesquisando sobre a modalidade;<br />
- Jogos Motores - Estafetas com condução de bolas e posteriormente com drible; Lança e Pega;<br />
- Jogo Pré-Desportivo - 10 passes orientados;<br />
- “Streetball” - Variação do basquetebol tradicional que tem como principal diferença o número de<br />
jogadores por equipe e o tamanho da quadra.<br />
- Roda das Regras - Ao final de cada atividade ou jogos, se discutia e avaliava as regras do desportos e as<br />
regras das brincadeiras e a importância de sua criação.<br />
Voleibol<br />
Em alguns momentos, principalmente nas rodas pedagógicas da Oficina de Jogos/Esportes, foi percebido nos<br />
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jovens de 13 a 15 anos o grande interesse pelo Voleibol. A partir disso, as aulas foram planejadas para atender as<br />
necessidades de cada um e também do grande grupo. Os fundamentos do voleibol vêm sendo aplicados de diferentes formas<br />
para que o aprendizado seja gradativo e prazeroso. Apesar de não gostarem de alguns exercícios específicos, passavam a<br />
entendê-los quando se discutia sobre os valores na sua formação e na melhora do aprender a fazer. Esta modalidade<br />
permitiu estabelecer relações de cooperação entre os elementos da mesma equipe e através da organização, coordenação e<br />
racionalização de ações individuais e coletivas entre os elementos que constituem a equipe, esta assumiu uma<br />
funcionalidade geral (equipe) e outra particular (o sujeito). Através da sua prática são desenvolvidas capacidades e<br />
habilidades motoras, ao mesmo tempo em que a necessidade de jogar em equipe fomenta as relações grupais, base da<br />
construção do saber estar em sociedade.<br />
Nesta direção, o jogo deve estar presente em todas as etapas de aprendizagem do voleibol. Ele constitui um meio<br />
pedagógico fundamental ao possibilitar a obtenção de prazer e de êxito, condições indispensáveis para a obtenção de<br />
sucesso em qualquer atividade. Assim, escolhemos estratégias que promovessem o aumento do número de contatos e o grau<br />
de êxito nas tarefas, utilizando-se para tal, situações facilitadoras que caracterizam os jogos reduzidos ou pré-desportivos.<br />
Citamos abaixo algumas atividades desenvolvidas:<br />
- Conhecendo o Voleibol - Trabalho de pesquisa sobre a modalidade;<br />
- Jogos Motores dos Fundamentos Básicos;<br />
- Mini-voleibol - Devido as suas características tornou-se um excelente recurso no ensino do Voleibol e que<br />
se adapta às necessidades das crianças. É uma forma alegre e divertida de se exercitar, sendo um veículo<br />
motivador e desencadeador de ações lúdico-esportivas;<br />
- Voleibol gigante, com a participação de todos e ilimitado números de passes;<br />
- Joga Sentado - Surgiu de uma situação de um jogo em que um time estava vários pontos à frente, feitos<br />
por um mesmo sacador e então se resolveu que todos deveriam jogar sentados. Não teve quem não tivesse<br />
achado graça e que não tenha se divertido nesta aula. No início alguns achavam que não seriam capazes de<br />
acertar uma manchete ou um saque, porém não desistiram e muito menos perderam a motivação. A partir<br />
deste jogo, a vontade de vencer, de ir além tem sido uma constante nos comportamentos destes jovens. As<br />
dificuldades vem sendo superadas junto com o desejo de aprender de cada um.<br />
O momento mais marcante desta modalidade foi constatar a evolução de cada criança, superando suas dificuldades<br />
iniciais. A execução dos fundamentos desta modalidade por uma das alunas, portadora de sérias dificuldades motoras,<br />
provocou uma forte emoção à todos os participantes, uma vez que o sorriso não mais saiu de seu rosto. Tornou-se referência<br />
durante todo o processo pedagógico. Durante as rodas pedagógicas, os depoimentos foram positivos, enfatizando a<br />
possibilidade de superação de cada um e o compromisso de cooperação entre todos, além de ter sido uma atividade<br />
prazerosa para todos os participantes.<br />
Vôlei de Praia<br />
Para aproveitar o clima de verão, algumas aula foram programadas para serem realizadas nas quadras de areia.<br />
Todos eram instruídos a utilizar protetor solar, e bonés para protegerem-se do sol, além de bastante hidratação. Na mudança<br />
de ambiente, alguns não se sentiam a vontade com a sujeira da areia, outros já tiravam os tênis, ficavam se camisa.<br />
O aquecimento contemplava alongamentos, corridas e brincadeiras. Os fundamentos - toque, manchete, cortada -<br />
eram realizados com troca de passes em grupos pequenos e também com rodízios de funções. Já o jogo, era adaptado<br />
conforme interesses das equipes e necessidades da turma. Normalmente, três equipes eram formadas, enquanto duas<br />
jogavam, a outra tinha funções de arbitragem e também podiam beber água. Nestas aulas, outras possibilidades também<br />
ocorreram, como o fut-volei e o futebol de areia.<br />
Teve também o vôlei e as guerras de balões d’água. Era muito divertido. Todos queriam se refrescar, assim como<br />
combinar de jogar todos os balões de uma vez em mim. Todos participavam e se divertiam. Nas rodas, os comentários eram<br />
a respeito do interesse pela variedade das atividades realizadas e da conquista do grupo, que passou a ter mais espírito de<br />
união, cooperação e colaboração no andamento das atividades. Os dois grupos (D e H) passaram a respeitar as diferenças<br />
entre eles, o que prejudicava no andamento das atividades realizadas nas sextas feiras em que os grupos participavam juntos<br />
mais não se misturavam, salvo algumas exceções. A garotada também deixou registrado o interesse pelo <strong>Projeto</strong> e<br />
reconhecem que é a boa relação com os monitores que faz com que eles estejam presentes todos os dias.<br />
Futebol<br />
O encantamento das crianças pela bola mostrou-se uma realidade evidente em nosso projeto. Ela é o mais<br />
importante dos brinquedos utilizados nas atividades lúdicas infantis, definitivamente incluída na sua cultura. Nas ações<br />
lúdicas com a bola, podemos observar que esse brinquedo universal tornou-se um excelente coadjuvante no processo de<br />
desenvolvimento dos quatro pilares, além de estimular a criatividade e de aprimorar a percepção espacial, coordenação,<br />
controle do corpo e agilidade da criança.<br />
O futebol continua sendo hoje em dia, um dos esportes mais praticados entre crianças e jovens, independente do<br />
gênero. O Brasil é culturalmente conhecido como o país do futebol. O futebol de salão ou futsal, também vem ganhando<br />
destaque e consagrando atletas, no Brasil e no exterior. Em uma das tardes do nosso projeto, tivemos a oportunidade de<br />
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eceber a visita de dois jovens atletas. “Balo” que joga no Elpozo, time profissional de Murcia na Espanha e “Gugu”, atleta<br />
do Clube Colegial de Florianópolis. Ambos falaram sobre suas experiências e as oportunidades de vencerem na vida através<br />
do Esporte. Destacamos, em especial, o relato do "Balo", por sua importância para as crianças do <strong>Projeto</strong>. Ao relatar a<br />
trajetória de sua carreira, contou seu sonho de criança em jogar futebol e sobre seus principais desafios e vitórias, em quadra<br />
e na vida. Em seu relato, ficou claro o quanto foi difícil sua trajetória, de ter reconhecido o seu talento . Desde pequeno teve<br />
que superar a perda da mãe. E o momento mais difícil foi quando perdeu seu pai, que era o seu grande incentivador e quem<br />
possibilitou seguir em frente. Suas palavras foram contagiantes, principalmente ao relatar que: “só consegui chegar até aqui<br />
porque tive muita determinação e o amor de toda a minha família e dos amigos que conquistei (...), não pensem que estar<br />
longe de tudo e de todos que amo é fácil, mesmo com dinheiro. Isso só vale a pena porque sei que todos acreditam em mim<br />
e que vou poder retribuir de alguma maneira (...), seja você o que for, em qualquer profissão que escolher, faça com<br />
dedicação”.<br />
Depois da apresentação, o que nos surpreendeu, foi o fato das crianças elaborarem uma grande quantidade de<br />
perguntas, demonstrando interesse e curiosidade sobre estes atletas que até então não conheciam. Em seguida, foi cedido um<br />
tempo para que as crianças pudessem pegar autógrafos.<br />
Para finalizar as atividades, formamos a roda pedagógica para refletirmos sobre os acontecimentos desta tarde.<br />
Neste momento as crianças reafirmaram o seu interesse por esse esporte e alguns revelaram o seu sonho em um dia ser um<br />
jogador de futebol. Desta forma, a mensagem que os convidados deixaram serviu de exemplo e força para as crianças<br />
acreditarem em seus sonhos.<br />
A partir desta experiência desenvolvemos diversas variações deste esporte na busca de consolidar nas crianças,<br />
possibilidades concretas de desenvolvimento de alguns pilares fundamentais na formação delas. Entendemos que, por seus<br />
valores e pela simplicidade de organização e execução, o futebol, jogo coletivo, de transmissão cultural, de autoorganização,<br />
autonomia e equilíbrio da criança, deva ter seu espaço no <strong>Projeto</strong>. Foram desenvolvidos vários jogos adaptados<br />
desta modalidade: futebol de dupla; futebol com o gol contrário; futebol com os pés atados; meio; pelada, entre outras<br />
formas. Todas na busca de conhecer as possibilidades e limitações das ações individuais e coletivas e a importância da<br />
cooperação na construção do ato do jogar e de estabelecer novas estratégias e novas formas de utilização do futebol.<br />
Avaliação da Oficina de Jogos e Esportes<br />
Detectamos ao longo do semestre interesses e necessidades das crianças. Oportunizamos as mesmas, a participação<br />
com seus anseios e idéias no nosso planejamento, visando atendê-los com atividades lúdicas enfocando o desenvolvimento<br />
de sua corporeidade. Aliando recursos pedagógicos e criatividade, conseguimos obter uma maior aceitação por parte dos<br />
educandos. Portanto, de acordo com o planejado e pelos objetivos traçados, podemos afirmar que os nossos propósitos com<br />
relação à oficina de esportes foram alcançados, abordando e enfatizando constantemente todos os pilares da educação,<br />
trabalhados ora individual, ora coletivo, pois os mesmos não se desvinculam no processo educativo.<br />
OFICINA DA NATAÇÃO<br />
A natação é a atividade física que reúne o maior número de benefícios para a saúde, tanto físico quanto a mental.<br />
Um dos aspectos fundamentais de uma vida de qualidade é a liberdade que se conquista pelo “fazer”. É por isso que saber<br />
nadar não significa apenas a possibilidade de praticar um esporte, com todos os benefícios envolvidos, mas, antes, a<br />
liberdade de estar em um ambiente diferente com prazer e segurança.<br />
A aula de natação ajudou a criança a construir um bom relacionamento com o meio líquido e a desenvolver atitudes<br />
para a sua própria segurança, isto se enfatiza porque nossa piscina tem dois metros de profundidade em toda a sua extensão.<br />
No mesmo sentido, desenvolveu-se a socialização, auxiliando o educando a investir em suas relações interpessoais,<br />
aprendendo também a zelar pela segurança do outro.<br />
No planejamento para a oficina de natação, as turmas foram divididas em três categorias que tiveram como critério<br />
de seleção o grau de habilidade das crianças na água. A divisão foi a seguinte:<br />
- Natação Nível I “quem não sabe nada” – Adaptação ao meio líquido<br />
- Natação Nível II “quem sabe pouco” – Autonomia no meio líquido<br />
- Natação Nível III “quem sabe nadar” – Iniciação aos estilos<br />
Observação: A piscina da <strong>UFSC</strong> não é apropriada para atividades de iniciação, apesar da utilização de uma área<br />
limitada onde se situa um fundo falso (platô). Este fato apresentou-se como uma dificuldade a mais no processo de ensino<br />
aprendizagem da natação para crianças que não se iniciaram nesta prática.<br />
Esta oficina teve como meta promover vivências lúdicas para um melhor entendimento pedagógico na adaptação<br />
da faixa etária, estimulando o aprendizado através da criatividade, utilizando para esse fim, materiais adequados como<br />
também alternativos para a piscina. O aprendizado de atitudes para uma vivência coletiva e mais segura nas piscinas e<br />
vestiários é também um objetivo permanente. Nas primeiras aulas, e ao longo de todo o semestre, os monitores informam e<br />
discutem com os alunos as normas e regras relativas a segurança, organização do material e higiene. Aconteceram em dois<br />
dias distintos: Terças-feiras para as turmas E, F, G e H com duração aproximada de uma hora e vinte minutos e Quintasfeiras<br />
para as turmas A, B, C e D com a mesma carga horária.<br />
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<strong>Projeto</strong> conhecendo a piscina<br />
Para que as atividades de natação fossem iniciadas, antes, foi necessário problematizar questões que envolvessem o<br />
contexto da piscina, com o intuito de ambientar as crianças neste espaço físico, sendo que seriam informados sobre as<br />
normas e os procedimentos que viriam a aprender. Para isso, foi programada uma visita de reconhecimento do local. Desde<br />
então, os alunos são preparados para as rotinas necessárias na utilização da piscina e vestiários, na organização do material<br />
pessoal, e em procedimentos de higiene antes e após as atividades aquáticas. Tal processo configurou-se de suma<br />
importância, pois ao atentar para os regulamentos do espaço, o desenvolvimento das atividades ocorreram com bastante<br />
segurança, tranqüilidade e eficiência.<br />
<strong>Projeto</strong>: Primeiros Socorros na Água<br />
Apresentamos um vídeo sobre primeiros socorros na água. O vídeo retratava os cuidados básico que devem ser<br />
observados no meio aquático, como agir em casa de afogamento e de salvamento na água.<br />
Após o término da apresentação dos vídeos, houve demonstração de bombeiros voluntário e de monitores<br />
dramatizando situações mostradas no vídeo, principalmente no atendimento de afogados.<br />
No segundo momento deste projeto, separamos as crianças em turmas para organizarem uma dramatização,<br />
relatando o que assistiram e aprenderam com o vídeo. Encerramos esse projeto com as apresentações de cada grupo e com<br />
análise crítica dos mesmos sobre os cuidados as possibilidades de atendimento de vítimas no meio líquido. Observamos no<br />
projeto coletivo, o processo de apropriação do conhecimento e da criação de estratégias de primeiros socorros, de interagir<br />
em grupo, tomar decisões, assumir responsabilidades e aprender a valorizar a vida.<br />
<strong>Projeto</strong> Monitores Mirins<br />
Um fato muito importante que não pode deixar de ser comentado, foi o engajamento de monitores mirins nesta<br />
oficina. Nos períodos destinados a natação, alguns educandos do grupo dos que sabiam nadar (quatro da turma D e três da<br />
H), se dispuseram a estar nos auxiliando nos trabalhos com as crianças, que ainda tinham dificuldades em nadar. No começo<br />
as crianças menores não confiavam muito nos monitores, talvez por serem colegas deles e não os professores, mas com o<br />
tempo, em conversas e explicações freqüentes, houve a aceitação como nossos ajudantes, aumentando a confiança dos<br />
monitores mirins durante as aulas e das crianças para com eles.<br />
Os monitores, em conjunto com os monitores mirins, planejavam as atividades em pequenas reuniões que<br />
aconteciam, antes de iniciar a atividade. O plano de aula era apresentado pelo monitor responsável no período e<br />
complementado pelos monitores mirins.<br />
Ao inserir os monitores mirins nesta oficina, elencamos alguns fatos importantes: o auxilio dos mesmos para<br />
controlar o grande número de crianças dentro da piscina para poucos monitores; a possibilidade de assegurar a segurança<br />
dos praticantes, devido a profundidade da piscina.<br />
O engajamento destes educandos nestas atividades de natação, assim como o compromisso assumido por eles, a<br />
medida em que os incumbimos de tarefas e responsabilidades, oportunizaram aos mesmos o desenvolvimento de suas<br />
capacidades, valores e conceitos em relação ao outro nas suas relações e funções.<br />
Natação nível I – Adaptação ao meio líquido<br />
A adaptação ao meio líquido propicia a criança um primeiro contato com o espaço físico, contemplando atividades<br />
em que os educandos vivenciam as sensações de contato dos olhos, nariz, boca, ouvido e pele com a água assim como<br />
deslocamentos na piscina. Atividades recreativas possibilitam o desenvolvimento das habilidades básicas para a Natação, e<br />
para isso, utilizamos recursos materiais conhecidos como: “macarrão”, tapetes, bóias, objetos variados – os chamados<br />
“brinquedos de fundo” –, casinha e escorregador.<br />
As principais atividades desenvolvidas como Adaptação ao Meio Líquido:<br />
* Anamnése - com o objetivo de conhecer as possibilidades individuais de cada criança através de um contato<br />
inicial e de experiências na água;<br />
* Adaptação - Atividades com os pés, mãos e corpo no meio líquido: sentados na borda da piscina e com os pés<br />
imersos, realizaram várias movimentos de exploração, evoluindo depois para brincadeiras utilizando as mãos;<br />
* Exercícios Respiratórios - Respiração dentro da piscina, soprando a água. Fazendo “bolhinha” com a boca dentro<br />
da água e depois com a cabeça dentro da água;<br />
* Respiração e deslocamento - segurando na borda, realizaram movimentos de batidas de pernas soprando a água<br />
com a cabeça fora da água, depois com a boca dentro da água, finalizando com a cabeça imersa na água; bateram<br />
pernas e soltando “bolhinhas” com cabeça dentro da água; utilizando o “espaguete” no meio das pernas, as crianças<br />
podiam se deslocar no espaço como se estivessem brincando de bicicleta;<br />
* Interagindo com a água - <strong>Brinca</strong>ndo na água com ajuda de coletes e flutuadores;<br />
* Saltar na piscina - Auxiliados pelos monitores, cada criança teve seu momento de pular, enquanto os demais<br />
ficavam observando e encorajando os que estavam mais inseguros. Aos que adquiriram mais confiança, foi<br />
incentivado a retirada do colete flutuador visando à superação de limites até então não ultrapassados.<br />
Para realizar as atividades para o Nível I da natação, torna-se necessário a colocação de tablados para que as<br />
crianças se sintam mais confiantes para entrar na piscina. Neste ponto, destaca-se a colaboração de diversos educandos que<br />
ajudaram os educadores a tornar a piscina propícia para tal fim.<br />
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- Reconhecimento do meio líquido: no primeiro dia da oficina, foram realizadas atividades que proporcionassem o<br />
reconhecimento do novo meio, identificando a temperatura da água, o barulho e os movimentos da mesma. Essas atividades<br />
consistiam em sentar na borda da piscina batendo perna, encostar a mão na água, jogar água em si mesmo e no colega ao<br />
lado.<br />
- Caça às bolinhas flutuantes: essa atividade consistia em fazer com que as crianças, divididas em duas equipes, se<br />
deslocassem à procura das bolinhas flutuantes de modo a trazê-las de volta para o cesto na borda da piscina.<br />
- Pega-pega salvador com bola: consiste em um pega-pega dentro da piscina, em que o pegador tem o objetivo de pegar um<br />
dos fugitivos tornando-o o novo pegador. Porém, os fugitivos têm o auxílio de duas bolinhas, em que a posse de uma delas<br />
por uma criança a salva de ser pega.<br />
- Jogo dos 10 passes: consiste em um jogo dos 10 passes, em que todas as crianças, divididas em duas equipes, devem trocar<br />
10 passes, finalizando com o arremesso na cesta disposto na borda da piscina. Foi realizado também a mesma atividade dos<br />
10 passes com a variação de finalizar com arremesso no gol.<br />
- Bolinhas pelo nariz: Nesta atividade, todas as crianças ficavam dispostas de mãos dadas em um círculo e, ao sinal do<br />
educador, soltavam o ar em baixo d´água, soltando bolinhas pelo nariz. Foi realizada também uma variação que consistia<br />
em fazer com que os educandos pegassem a bolinha que se encontra logo abaixo da superfície d´água.<br />
- Deslocamento e flutuação com pranchinha: Esta atividade consistia em bater perna segurando na borda, bater perna<br />
apoiado na pranchinha e apoiado no tapetão.<br />
- Deslocamento e flutuação com o espaguete: esta atividade consistia em diversas formas de deslocamento com o auxílio do<br />
espaguete. Foi proposto que as crianças se deslocassem em cadeirinha (espaguete por baixo dos braços), de bicicleta<br />
(espaguete por entre as pernas), em um balanço (sentado em cima do espaguete) e, por último, um colega puxando o outro<br />
pelo espaguete.<br />
- Iniciação aos nados utilitários: Buscando uma maior autonomia ao meio líquido foi proposto aos educandos um nado<br />
utilitário, no nosso caso o cachorrinho. Tal atividade de ensino do nado foi proposta aos educandos através de estafetas,<br />
onde duas equipes tinham a tarefa de deslocasse com ou sem auxilio de flutuadores (Coletes) , até o professor que<br />
permanecia a uma distância de aproximadamente dez metros utilizando o nado cachorrinho (pernadas e braçadas<br />
simultâneas).<br />
- Visão subaquática : uma das fases mais importantes na adaptação ao meio liquido é a visão dentro do ambiente ao qual a<br />
mesma se encontra , oferecendo uma maior auto-confiança uma melhor localização e também uma redução da ingestão de<br />
água em apnéia pelas crianças. Tal atividade consistia em todos os alunos formando um circulo de mãos dadas sobre o<br />
tablado, ao comando do professor submergiam observavam e descobriam os sinais feitos pelo professor sob a água. Tais<br />
sinais poderiam ser em forma de números mostrados pelos dedos do professor ou frases ou expressões ditas pelo mesmo.<br />
- Cabo de guerra com pranchinhas: tal atividade consistia em iniciar o aluno de forma inconsciente a bater pernas. Dois a<br />
dois os alunos dispostos um de frente para o outro, permanecendo na posição mais horizontal possível, proporcionando um<br />
melhor desempenho hidrodinâmico, os alunos seguravam a pranchinha em pequena pegada procurando deslocar o<br />
companheiro para trás. Tal atividade na maioria das vezes era realizada com auxilio de flutuadores.<br />
- Posição hidrodinâmica: para fortalecer a autoconfiança e trabalhar a cooperação, foi proposto aos alunos que ficassem em<br />
duplas, permanecendo um aluno de pé sobre o tablado auxiliando seu companheiro de modo que o mesmo não afundasse,<br />
pois o outro estaria na posição decúbito dorsal (de barriga para cima), flutuando com braços e pernas estendidas sobre a<br />
água aumentando assim a confiança de ambos os alunos.<br />
- Tatu: visando um melhor domínio sobre o meio liquido, foi proposto aos alunos que flutuassem na posição decúbito<br />
ventral ( barriga para baixo) , de maneira que os mesmos grupassem os membros superiores e inferiores, permanecendo<br />
nessa posição que assemelha-se muito a um tatu , aumentando com isso a noção de flutuação no meio liquido, além da visão<br />
submersa que não deixa de ser parte integrante de tal atividade. Tal atividade pode ter outras denominações como tartaruga,<br />
bomba,etc...<br />
- Esqui aquático: iniciando os alunos no deslocamento horizontal, o professor propôs aos alunos que um a um todos<br />
segurassem na corda afim que o mesmo deslocasse os alunos pela água.<br />
Natação Nível II – Autonomia no meio líquido<br />
Neste momento, os educandos estão caminhando em direção à autonomia em suas atividades com objetivos de<br />
saúde e lazer, para atender às suas necessidades e desejos nos movimentos do cotidiano. A natação permite ao educando<br />
praticar uma variedade de atividades motoras complexas a medida em que envolve a busca de autonomia em um outro<br />
meio. Estas envolvem o tentar, praticar e tomar decisões, propiciando a aquisição de conhecimentos objetivos, possíveis de<br />
serem aplicados – e necessários – às situações da vida social.<br />
* <strong>Brinca</strong>ndo com a água - na busca de adquirir confiança no meio líquido foram realizadas estafetas com<br />
revezamento de deslocamento no meio líquido com o auxilio da prancha e de coletes;<br />
* Pedalar ou nadar - desenvolver capacidades motoras dentro d’água com o jogo de saltar e trazer os objetos<br />
espalhados na piscina;<br />
* Ritmos na água - estimular a percepção em ritmos variados de pernas e braços na água;<br />
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Descrevemos abaixo, algumas atividades:<br />
- Catar “lixo” na água: esta atividade foi desenvolvida em virtude de uma aula de saúde realizada anteriormente. Nesta<br />
tivemos o intuito de ilustrar e reforçar o conteúdo trabalhado que era sobre jogar lixo no chão, mares, rios, lagoas e demais<br />
espaços. As monitoras então jogaram vários objetos na piscina tais como: bolas, letras emborrachadas, pranchinhas, halteres<br />
e outros. As crianças divididas em dois grupos deveriam resgatar estes objetos, levando-os até a borda da piscina sem<br />
apoiar-se nas raias, deslocando-se livremente.<br />
- Revezamento de materiais: como forma de incentivar o deslocamento das crianças na piscina, elaboramos um<br />
revezamento, no qual as crianças deveriam levar um objeto até o outro lado da piscina, deixando-o lá. Após, elas deveriam<br />
buscar um novo objeto e também levá-lo ao outro lado da piscina. Em seguida, elas buscariam estes objetos, um de cada<br />
vez, trazendo-os até as monitoras.<br />
- Mergulhos: em um dos mergulhos colocamos um tapete emborrachado, na borda da piscina e através deste as crianças,<br />
saltavam de diversas maneiras, de acordo com o que as monitoras falavam. Temos como exemplo: mergulho em pé,<br />
sentado, rodando, mergulho livre e de “bico”. Outro mergulho teve como implemento o bambolê que servia como alvo para<br />
que as crianças o ultrapassassem, tendo como resultado diversos tipos de saltos. Outra atividade desenvolvida com um<br />
maior grau de dificuldades para as crianças foi o mergulho com lançamento de objetos. Nesta cada criança jogava o seu<br />
macarrão na água e em seguida mergulhava para busca-lo.<br />
- Visita ao fundo da piscina: como a piscina em que trabalhamos tem 2 metros de profundidade, se torna um fator limitante<br />
para os trabalhos a serem desenvolvidos. Devido à curiosidade das crianças sobre o fundo da piscina (pois não dá pé para<br />
elas) proporcionamos uma visita a este local. Primeiramente caminhamos pela piscina (como astronautas, pois normalmente<br />
não dá), em seguida cada criança pode encostar primeiro os pés no fundo da piscina e depois sentaram no fundo da piscina,<br />
assim puderam conhecer um novo ambiente.<br />
- Corrida de macarrão em grupo: esta atividade também estimula o deslocamento na piscina. Em fileiras de 4 alunos, as<br />
crianças teriam que segurar seu macarrão no meio das pernas e, ainda, o começo do seu e o final do macarrão do colega para<br />
que, assim, formassem um trenzinho. Para movimentar-se as crianças deveriam pedalar até o outro lado da piscina e em<br />
seguida retornar, trocando sempre de posição no trenzinho.<br />
- Atravessando a piscina: foram escolhidas duas maneiras de atravessar a piscina, para facilitar o aprendizado e perda do<br />
medo em relação ao nado. Uma delas foi atravessar a piscina com o macarrão entre as pernas, para movimentar os braços e<br />
com o macarrão embaixo dos braços, para movimentar as pernas. Na outra maneira, três crianças ficavam em cima de um<br />
tapete emborrachado, que serve de flutuador, batendo os pés e quem estava nas laterais deveriam também remar com os<br />
braços, dando uma direção.<br />
- Cabo de guerra diferente: para dar um sentido lúdico do porque bater as pernas realizamos uma atividade que evidenciou o<br />
trabalho em grupo. Em cima do tapete emborrachado, ficavam três crianças de cada lado batendo os pés. A intenção era de<br />
levar o tapete para mais longe do inicio da brincadeira e quem batesse os pés mais forte, dariam à direção do tapete.<br />
- Ultrapassando obstáculos: ao colocamos um tablado distante da borda da piscina, para as crianças nadar aquela distância,<br />
essas puderam notar sua evolução. As crianças que tinham dificuldades poderiam utilizar o espaguete e as que tinham<br />
confiança, davam impulsão na borda e nadavam até o tablado, onde o monitor ficava para ajudar se não conseguisse.<br />
- Relaxando com os macarrões: o relaxamento é uma parte integrante das atividades muito importante. Em virtude da<br />
agitação das crianças durante as atividades, o relaxamento é utilizado como um fator de volta a calma, fazendo com que elas<br />
deitadas sentissem o seu corpo leve e que realmente conseguissem se desligar dos momentos vivenciados anteriormente.<br />
Natação Nível III – Iniciação aos estilos<br />
No aprendizado do ato de nadar, o objetivo foi oportunizar aos educandos o domínio consciente de deslocamento<br />
na água, utilizando as possibilidades corporais, funcionais e fisiológica na busca da construção natural do ato. Os benefícios<br />
da natação no trabalho com crianças e adolescentes vão desde a melhora no sistema cardio-respiratório, fortalecimento dos<br />
músculos dos membros superiores e inferiores, melhora da postura da coluna cervical e lombar, assim como, desenvolve a<br />
autoconfiança, a auto-estima (tão sensibilizada nesta faixa etária) e propicia a interação com outros indivíduos da mesma<br />
faixa etária através de trocas de experiências.<br />
* Educativos - para desenvolver a aprendizagem do estilo mais natural de locomoção na água, o Nado Crawl;<br />
* Educativos para aprendizagem do Nado de Costas;<br />
- Corrida de corrente: Nessa atividade, cada dupla de educandos deveria deslocar-se de mãos dadas até a outra borda da<br />
piscina, sem soltar a mão do colega durante o percurso. Foi interessante perceber a ajuda mútua que havia entre a dupla para<br />
conseguir completar a atividade.<br />
- Caça tesouro no fundo da piscina: O educador largava diversos objetos não flutuantes na piscina e os educandos deveriam,<br />
ao mergulhar, tentar pegá-los. Aqueles que tinham um pouco mais de dificuldade em manter-se debaixo d’água ajudavam os<br />
demais, dando dicas sobre onde se encontravam os objetos que restavam.<br />
- Concurso de saltos esquisitos: Os educandos deveriam pular na piscina utilizando-se das mais variadas formas possíveis.<br />
Com isso, estimulou-se o desenvolver da criatividade, visto que cada aluno utilizava-se dela para criar saltos que, de certa<br />
forma, expressavam características e sentimentos próprios.<br />
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- Jogo da matemática dentro da água: Os educandos ficavam dispostos em duas fileiras, uma de frente para outra, sendo que<br />
uma representava os números pares e, a outra, os ímpares. A educadora perguntava sobre uma questão matemática e os<br />
educandos, conforme a resposta, deveriam fugir ou pegar nadando.<br />
- Nado de duplas: Cada dupla de educandos deveria deslocar-se até a outra borda da piscina, sendo que o da frente realizava<br />
a braçada e o de trás, segurando nas pernas do colega, realizava o movimento das pernas. Assim era necessário o trabalho<br />
em conjunto, visto que dois indivíduos acabavam tornando-se apenas um para conseguir realizar a atividade.<br />
- Hidroginástica: Após uma conversa sobre o significado de hidroginástica durante a roda pedagógica inicial, realizaram-se<br />
atividades que envolviam a ginástica aquática, tendo como objetivo proporcionar aos educandos uma vivência com uma<br />
atividade aquática a qual muitos não conheciam. Algumas das atividades realizadas foram: sentar-se no macarrão e<br />
deslocar-se “pedalando” (inicialmente individual e depois deslocar-se em duplas); segurar dois halteres, um em cada braço,<br />
e realizar movimentos com os braços (abaixar os halteres e retornar à superfície; trazer os halteres junto ao corpo e retornálos<br />
a frente do corpo; trazer os braços estendidos a frente do corpo e depois retornar).<br />
- Reboque do tapete: Em trios, os educandos deveriam deitar-se sobre o tapete e deslocá-lo até a outra borda da piscina. Para<br />
realizar a atividade de uma forma mais eficiente e que não cansasse tanto, era necessário que cada trio encontrasse um<br />
equilíbrio entre as forças para que conseguissem se deslocar em linha reta, poupando esforços.<br />
- Deslize sobre o tapete: Foi colocado um tapete perto da borda da piscina e cada educando deveria deslizar em decúbito<br />
ventral sobre o tapete e, ao entrar na água, deslocar-se nadando crawl (estilo que já haviam tido a oportunidade de conhecer<br />
em algumas aulas anteriores). Os outros educandos, enquanto esperavam o colega finalizar a atividade, ajudavam a segurar<br />
o tapete e a mantê-lo sempre molhado para facilitar o deslize.<br />
Avaliação - Devido a alguns problemas técnicos ocorridos com a piscina no decorrer do segundo semestre de<br />
<strong>2004</strong>, a oficina de natação sofreu algumas interrupções, que prejudicaram o andamento das atividades. Estas tiveram o seu<br />
início algumas semanas depois do previsto pelo planejamento, sendo substituídas por alguns passeios e outras atividades.<br />
No decorrer das atividades não só de natação, mas também nas outras oficinas algumas situações adversas<br />
surgiram, entre elas a indisciplina das crianças. Após a constatação dos monitores foi sugerida como proposta de<br />
advertência para estas crianças a sua retirada da piscina, já que a piscina é um dos grandes fatores motivantes do <strong>Projeto</strong>.<br />
No início esta retirada foi encarada como uma forma de punição, mas no decorrer do semestre a retirada do<br />
educando consistia não simplesmente em apenas sair da piscina e sim proporcionar momentos de conversa e reflexão sobre<br />
as suas atitudes dentro e fora da água sendo atividades ministradas pela equipe da psicologia.<br />
Um aspecto positivo percebido durante as atividades, foi uma melhor desenvoltura das crianças na água, tanto do<br />
nível III, como uma maior segurança e confiança do nível I e uma maior vontade de escutar e aprender do nível II. Além<br />
deste aspecto, o aprender a conviver e a ser ficaram evidenciados durante as atividades, pois o espírito de grupo dos<br />
educandos, a sua consciência ao respeitar os colegas e também os limites e regras e a sua auto-estima na piscina foram<br />
elevados de tal forma que, isso refletiu nas outras oficinas.<br />
Para reforçar estas competências, uma atuação muito importante e talvez fundamental foi a dos monitores mirins.<br />
A participação deles contribuiu para o andamento das atividades, ajudando os monitores a organizar o espaço e as crianças o<br />
que propiciava uma maior segurança nas aulas.<br />
Durante o processo, a oficina de natação nos proporcionou vários momentos que garantiram inter-relações entre<br />
educadores e educandos, dos quais destacou-se o trabalho dos monitores mirins. O interesse e a necessidade das crianças<br />
pela natação, nos mostrou quão grande é a importância desta oficina na realidade social de cada um, principalmente pela<br />
relação com o contexto em que vivem, uma ilha com 42 praias e 2 lagoas.<br />
Todavia, a edificação de valores e as possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento humano, foram<br />
construídas e fomentadas visando estimular suas competências, a fim de que eles tornem-se seres humanos autônomos e<br />
passíveis de transformações.<br />
OFICINA DA SAÚDE<br />
A Oficina de Saúde teve como propósito central oportunizar saberes introdutórios sobre corpo humano, ecologia e<br />
cuidados necessários com os mesmos às crianças participantes do <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>. Partindo da constatação que as<br />
crianças do projeto apresentam hábitos distintos em relação à higiene, cuidados com o corpo e o meio ambiente, fez-se<br />
necessário uma maior orientação e vivências destes comportamentos, fundamentais para a saúde de todos. Desta forma, foi<br />
elaborado, pela equipe pedagógica, um planejamento visando atender necessidades diárias das crianças referentes as noções<br />
básicas e fundamentais de prevenção e manutenção de hábitos sadios, fundamentais para à saúde.<br />
Relataremos atividades da oficina de saúde desenvolvidas durante o primeiro semestre deste ano, contemplando<br />
todas as turmas. Além das atividades planejadas nas oficinas, desenvolveu-se um projeto coletivo interdisciplinar<br />
relacionado às noções básicas de Primeiros Socorros na Natureza e outro no Meio Líquido, relacionado a oficina de<br />
Natação.<br />
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Pulsar da Vida<br />
Primeiramente, conversamos com os educandos sobre o significado do coração, sobre seu funcionamento, sua<br />
forma e sua função. Perceberam-se comentários das crianças sobre os sentimentos que relacionamos com o coração. Foram<br />
citados como exemplos “bons” o amor, o carinho, a amizade, e também os “ruins”, como o ciúme, o ódio e a raiva. Ao<br />
realizarmos essa conversa, pudemos perceber que as crianças valorizam muito mais os sentimentos “bons” dos seres<br />
humanos.<br />
Dando seqüência a atividade, comentamos sobre as alterações dos batimentos cardíacos desde o repouso até a<br />
situação do exercício. Foi pedido para que as crianças citassem situações em que “o coração acelera”, e surgiram como<br />
exemplos os exercícios físicos, o susto e a paixão. Após essa conversa, passamos para a parte prática da aula.<br />
Os alunos sentiram com as mãos o seu próprio batimento e também os dos seus colegas. Em seguida, elas tiveram<br />
o primeiro contato com estetoscópio, o aparelho que serve na verificação dos batimentos cardíacos.<br />
Para a utilização do estetoscópio, as crianças foram divididas em dois círculos concêntricos. O círculo interno fazia<br />
a mensuração dos batimentos de todos os colegas do círculo externo com a ajuda do referido aparelho. Os círculos foram<br />
trocados de maneira que todos pudessem ter a experiência de ouvir o coração de seu amigo.<br />
Posteriormente, seguimos para a pista atlética onde as crianças caminharam e correram ao redor da mesma. Isso<br />
ocasionou diversas intensidades, resultando a alteração dos batimentos cardíacos. O enfoque da aula era fazer com que as<br />
crianças pudessem sentir a freqüência cardíaca antes e após a atividade física, ou seja, o coração “batendo mais fraco e mais<br />
forte”.<br />
Foi gratificante ver o interesse e a curiosidade em utilizar o estetoscópio, um instrumento desconhecido pela<br />
maioria das crianças até então. Da mesma forma, fazer com que elas pudessem sentir as variações que ocorrem no seu<br />
corpo.<br />
Ao término dessa atividade, pudemos constatar que os quatro pilares da educação estiveram presentes nesse dia,<br />
devido ao fato de as crianças terem conhecido um novo instrumento, terem trabalhado em equipe e desenvolvido estratégias<br />
para manusear este aparelho, além do contato físico que originou, que em muitas situações são por eles rejeitado. Com isso,<br />
tiveram a oportunidade de se autoconhecer, descobrindo o pulsar da vida.<br />
Controle Corporal<br />
No <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>, algumas de nossas crianças apresentaram lesões devido a atividades que estas realizavam<br />
em outros locais. Por isso, resolvemos investigar quais eram as causas dessa realidade.<br />
Detectamos que a falta de alongamento e de aquecimento antes do início das atividades era a principal causa das<br />
devidas pequenas lesões. Assim, aproveitamos para explicar o quanto é necessário fazer alongamento e aquecimento antes<br />
de treinamentos, como as crianças fazem nas escolinhas de futebol, handebol, capoeira e nas demais que participam não<br />
vinculadas ao projeto.<br />
Depois da explicação, relacionamos o aquecimento no esporte com o aquecimento do corpo, pois estávamos no<br />
inverno e as crianças não traziam casacos para aquecê-los ao final da aula de natação. Associando com o aquecimento<br />
humano, sentimento, conversamos com elas a importância do carinho, do amor, do quanto é bom falar “eu te amo” ou “eu<br />
gosto de você".<br />
Utilizamos atividades com aparelhos da ginástica olímpica, interligando o esporte com a saúde. Realizamos um<br />
circuito com rolamentos nos colchonetes, mortais na cama elástica, equilíbrio na trave, saltos sobre o cavalo e estrelas no<br />
chão. Explicamos que é necessário aquecer, alongar e tomar cuidado para não nos machucarmos. Foi muito importante<br />
ouvir histórias de crianças de diversas turmas sobre como eles faziam para aquecer também em dias frios.<br />
Estas aulas proporcionaram o autoconhecimento, no momento em que as crianças lidaram com a temperatura<br />
corporal, um elemento integrante do funcionamento do organismo. Houve um interesse na apropriação de novos<br />
conhecimentos relacionados aos cuidados corporais. Após essa aula, as crianças passaram a ter uma maior preocupação<br />
com a realização de alongamentos e aquecimentos antes das atividades, pois perceberam o devido valor delas para a saúde.<br />
Coleta de Lixo Reciclável<br />
Nesta atividade, os alunos foram separados em dois grupos, que tinham por objetivo coletar o máximo de lixo<br />
reciclável em um determinado tempo. Num segundo momento, a tarefa das crianças foi a de construir algo com este lixo.<br />
Coisas surpreendentes apareceram, desde um avião, até uma cama de casal. Um educando de nove anos construiu uma<br />
“Mulher de Saia” com gravetos, uma folha seca e uma raiz de grama. Outra criança, com a sua criatividade transformou um<br />
graveto em um coração. Dentro dos pilares, as crianças aprenderam a conhecer sobre o lixo reciclável; aprenderam a ser<br />
quando argumentado sobre o lixo reciclado em relação à melhora na qualidade de vida; aprenderam a conviver<br />
desenvolvendo a atividade em grupo; e aprenderam a fazer construindo algo através de sua imaginação.<br />
Conhecendo o Meio Ambiente<br />
Levamos as crianças ao bosque próximo ao planetário com o intuito de ambientá-las com a natureza. Explicamos<br />
como era a vida humana antes das grandes metrópoles, dos tênis, dos celulares, dentre outras modernidades. A aula tornouse<br />
difícil pela quantidade de mosquitos, porém o objetivo da aula foi alcançado com êxito. Os educandos dividiram-se em<br />
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grupos e cada um incorporou um elemento da natureza, descrevendo as suas características. Os pilares aprender a conhecer<br />
e aprender a ser foram muito enfatizados nesta atividade, uma vez que todos representaram elementos da natureza, se<br />
comportando como animais, sentindo o ar e ouvindo o barulho do ambiente.<br />
<strong>Projeto</strong>: Primeiros Socorros<br />
Fomos para o auditório do Centro de Convivência (<strong>UFSC</strong>) e assistimos um vídeo sobre primeiros socorros. O<br />
vídeo retratava como agir em acidentes de atletas e torcedores em uma partida de futebol, e também em casos de desmaios e<br />
convulsões.<br />
Após o término da apresentação dos vídeos, houve relatos de familiares dos educandos que tiveram desmaios,<br />
convulsões e luxações. Antes de sairmos do auditório, informamos que o retorno deveria ser organizado, com uma turma de<br />
cada vez, sem correrias. Porém, uma das crianças precipitou-se, tropeçando e caindo no chão. Com isso, ela sofreu uma<br />
luxação no dedo, o que serviu como exemplo para os demais educandos.<br />
No segundo momento deste projeto, separamos as crianças em turmas mistas (em relação à idade e sexo) para<br />
organizarem uma dramatização, relatando o que assistiram e aprenderam com o vídeo. Em um novo diálogo realizado, cada<br />
turma apresentou um contexto diferente, como um atropelamento numa faixa de pedestre, um acidente em uma roda de<br />
capoeira e outro em uma floresta.<br />
Encerramos esse projeto com as apresentações de cada grupo e com críticas positivas dos educandos a respeito do<br />
assunto abordado. Na dramatização, um grupo de crianças ajudava o colega acidentado. Nesse processo, apropriou-se do<br />
conhecimento obtido para criar estratégias de como socorrer o amigo, interagir em grupo, tomar decisões, assumir<br />
responsabilidades e aprender a valorizar a vida.<br />
Avaliação da Oficina de Saúde<br />
Ao revermos os objetivos propostos para a realização da Oficina de Saúde, constatamos que eles foram alcançados<br />
com êxito, devido ao empenho dos educadores e à conscientização sobre as questões abordadas por parte dos educandos.<br />
As crianças passaram a ampliar a consciência corporal, pois assimilaram a importância do aquecimento e do<br />
alongamento no cuidado com o corpo, ao realizá-los antes e depois das atividades propostas, e a se apropriarem de<br />
conhecimentos sobre as funções do organismo, proporcionando o autoconhecimento. Da mesma forma, adquiriram<br />
consciência ecológica, jogando o lixo das refeições no lugar apropriado e preservando a natureza em que vivem.<br />
Com essas constatações, fica explícito que os pilares foram o eixo da ação pedagógica, ao desenvolver diversas<br />
competências essenciais a vida das crianças, sendo este o objetivo central do <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong> e do Instituto Ayrton<br />
Senna.<br />
OFICINA PSICOPEDAGÓGICA<br />
I - O Inicio das Atividades - A participação do grupo de estagiários do curso de Psicologia da Unisul dentro do<br />
<strong>Projeto</strong> Social de Educação pelo Esporte “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>”, teve seu início no mês de agosto de <strong>2004</strong>, a partir de uma reunião<br />
entre os coordenadores e as representantes da referida universidade, professora Ilma Borges e acadêmica Gabriela Borges.<br />
Na ocasião discutiu-se o histórico, a filosofia e os objetivos da proposta sócio-educativa do projeto em questão. Definiu-se<br />
que a participação do grupo de alunos de psicologia seria integral acompanhando todas as oficinas assim como teria espaço<br />
nas reuniões de planejamento. Num primeiro momento a intervenção seria restrita ao processo de observação, e em seguida<br />
o grupo passaria a auxiliar no desenvolvimento das atividades tendo como objetivo formar vínculos com os monitores de<br />
educação física, crianças e adolescentes; para num estágio posterior, ganhar maior autonomia e propor seu planejamento<br />
seguindo uma linha de trabalho interdisciplinar. Além de participar das atividades e planejamento coletivo, os alunos de<br />
psicologia, a fim de preservar as questões éticas quanto ao processo de intervenção, passaram a receber semanalmente<br />
supervisão específica na área de psicologia social e educacional.<br />
O período de observação realizou-se durante o mês de agosto, o período de participação no desenvolvimento das<br />
atividades ocorreu em setembro e nos meses de outubro, novembro e dezembro iniciou-se de fato o trabalho caracterizando<br />
então sua atuação no projeto.<br />
II - O Entendimento do Significado Psicológico da <strong>Brinca</strong>deira: Fundamentos Teóricos da Intervenção - O<br />
brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser humano. <strong>Brinca</strong>r é coisa séria porque na brincadeira a<br />
criança (re)significa seu mundo, se reequilibra, recicla suas emoções e sacia sua necessidade de conhecer e reinventar a<br />
realidade. Tudo isso desenvolve atenção, concentração e muitas outras habilidades, além de prazer em viver e, para isso, a<br />
criança não precisa estar “brincando direito”.<br />
<strong>Brinca</strong>ndo a criança (re)significa seu mundo – universo já simbólico, posto que o início da capacidade de significar<br />
está nas palavras, mas antes, na brincadeira. Enquanto brinca a criança, o jovem ou o adulto experimenta a possibilidade de<br />
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eorganizar-se internamente, de forma constante, pulsante, atuante e perene. É brincando que a criança vai interiorizando o<br />
mundo que a cerca, na troca com o outro, vai se constituindo SUJEITO.<br />
A criança brincante vai constituindo-se SUJEITO humano, posto que simboliza o humus socialmente acumulado,<br />
pela capacidade de estar em momento de ócio, livre que é do negócio ou do negociável, tudo aquilo que nega o ócio. Pode<br />
não ganhar nada com aquilo, não pagar nada também, mas, recebe muito... faz a “mágica que só o homem sabe fazer”:<br />
simbolizar, significar e ser significado.<br />
A brincadeira é um elemento significativo na constituição do sujeito, no momento em que ela atua sobre o plano<br />
emocional. A brincadeira promove a interação, agregando os princípios da percepção sensorial, sentimento e imaginação.<br />
O ato de brincar pode ser uma mediadora qualificada para se atingir num sujeito a sua vivência subjetiva. A<br />
brincadeira possibilita a abertura para a expressão de sentimentos e compreensões do mundo que revelam aspectos da<br />
produção de sentidos de um sujeito que estão entrelaçados com sua objetividade. Aquilo que o sujeito produz como<br />
expressão artística estará de certo modo resgatando a compreensão que o mesmo tem de sua existência no plano da<br />
materialidade. O brincar retrata a relação entre subjetividade e objetividade, uma vez que, cria um campo de possibilidades<br />
em que a realidade pode ser transformada pela percepção singular revelando conseqüentemente o impacto daquela sobre a<br />
formação da consciência de si e do outro.<br />
A brincadeira no âmbito da educação configura-se como um instrumento que oportuniza a criança o<br />
desenvolvimento de seu potencial criador e reflete sua convivência cultural, à medida que ao se relacionar com a arte, com a<br />
cultura, com seus parceiros, a criança internaliza e externaliza conhecimentos sobre o seu mundo. Na brincadeira a criança<br />
representa o seu mundo. Pela brincadeira, a criança pode elaborar conceitos e expressar sua compreensão dos papéis sociais.<br />
Com a brincadeira pode instrumentalizar o processo de aprendizagem para que este esteja condizente com a capacidade<br />
cognitiva da criança. Capacidade cognitiva para elaborar conceitos, compreender sua posição no mundo, e se identificar<br />
com papéis sociais que desempenhará ao longo de sua vida.<br />
A brincadeira é então um recurso pedagógico que no âmbito da psicologia passa a ser um dispositivo que pode<br />
fortalecer a relação entre a apropriação do conhecimento, o desenvolvimento das funções psicológicas superiores<br />
(percepção, atenção, linguagem e pensamento, por exemplo) e o processo de socialização infantil.<br />
III – Os objetivos definidos para intervenção da psicologia - Receber crianças e adolescentes oriundos de<br />
escolas públicas com a finalidade de integrá-los a filosofia do projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>.<br />
1. Apresentação para as crianças e adolescentes iniciantes os objetivos do projeto, os parceiros, a forma de<br />
funcionamento, as pessoas envolvidas e as rotinas.<br />
2. Registrar as expectativas de crianças e adolescentes quanto a participação no projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>.<br />
3. Orientar adolescentes que estejam em período de desligamento do projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>, no que diz respeito ao<br />
processo de profissionalização.<br />
4. Apresentar características e elementos que constituem a escolha profissional, auxiliando aos adolescentes na busca<br />
de uma decisão compatível com suas necessidades e metas para a vida.<br />
5. Inserir os familiares dos participantes na filosofia do projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>.<br />
6. Favorecer a relação familiar compreendendo a dinâmica interativa de pais e filhos.<br />
7. Discutir saúde e educação a partir da participação da família.<br />
8. Ouvir a expectativas e acolher as demandas psicológicas de familiares quanto ao desenvolvimento biopsicosocial<br />
de seus filhos.<br />
9. Acompanhamento sistemático do desenvolvimento afetivo, emocional e intelectual de crianças e adolescentes<br />
participantes do projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>.<br />
10. Favorecer a escuta em termos de necessidades que configurem aspectos de ordem psicológica e proceder aos<br />
encaminhamentos quando houver indicação.<br />
11. Comemorar datas com significado nacional.<br />
12. Capacitar teórica e metodologicamente acadêmicos de psicologia e das demais áreas sobre aspectos do<br />
desenvolvimento psicológico infanto-juvenil.<br />
VI – Atividades desenvolvidas, suas finalidades e procedimentos técnicos - O planejamento teve como<br />
embasamento o período de observação realizado pelos alunos de psicologia e nas reuniões com os coordenadores do<br />
projeto. O planejamento da psicologia buscou a interdisciplinaridade como processo de intervenção. Neste sentido, as<br />
atividades planejadas fundamentaram-se nos objetivos das oficinas que já estavam sendo realizadas pelos monitores de<br />
educação física. O relato que se segue mostra então as atividades sugeridas pela psicologia que foram concebidas para<br />
facilitar a atuação conjunta das duas áreas.<br />
Atividade 1. O Nosso <strong>Mané</strong><br />
Finalidade: Trabalhar a proposta educativa do projeto buscando a identificação das crianças e adolescentes com o<br />
significado e representação da figura do <strong>Mané</strong> - personagem folclórico da cultura de Florianópolis.<br />
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Procedimento: Desenho do <strong>Mané</strong> em papel pardo pelas crianças e adolescentes. O desenho do <strong>Mané</strong> tem uma criança/um<br />
adolescente como modelo. Portanto, os desenhos apresentam tamanhos proporcionais aos modelos. No desenho do <strong>Mané</strong><br />
foram representadas as características culturais e aspectos da representação subjetiva e emocional da relação das crianças<br />
com o projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>.<br />
Atividade 2. O <strong>Mané</strong> e a saúde<br />
Finalidade: Utilizar o desenho do <strong>Mané</strong> para conscientizar crianças e adolescentes sobre higiene e os cuidados com a saúde.<br />
Procedimento: No desenho do <strong>Mané</strong> representar aspectos importantes sobre higiene e saúde. O <strong>Mané</strong> escovando os dentes<br />
como por exemplo.<br />
Atividade 3. O <strong>Mané</strong> e o esporte<br />
Finalidade: Utilizar o desenho do <strong>Mané</strong> para incentivar a prática do esporte.<br />
Procedimento: No desenho representar o <strong>Mané</strong> praticando alguma atividade esportiva.<br />
Atividade 4. O <strong>Mané</strong> e a Manezinha<br />
Finalidade: Trabalhar a relação entre sexualidade e gênero.<br />
Procedimento: No desenho representar as diferenças sexuais e discutir os papéis sociais de homens e mulheres.<br />
Atividade 5. O <strong>Mané</strong> tem uma família<br />
Finalidade: Utilizar o desenho do <strong>Mané</strong> para oportunizar ao grupo de crianças e adolescentes a oportunidade de discutir<br />
sobre suas relações familiares.<br />
Procedimento: No desenho do <strong>Mané</strong> explorar as relações do mesmo com sua hipotética família (casado/solteiro, com filhos,<br />
local em que mora, o que faz, etc.).<br />
Atividade 6. O <strong>Mané</strong> e a sua profissão<br />
Finalidade: Promover orientação profissional.<br />
Procedimento: Por intermédio do desenho do <strong>Mané</strong> refletir com crianças e principalmente os adolescentes suas perspectivas<br />
quanto ao futuro profissional.<br />
Atividade 7. O espelho<br />
Finalidade: Trabalhar a auto-estima e percepção de si visando a promoção da valorização de cada um a partir de suas<br />
próprias características físicas e subjetivas.<br />
Procedimento: Crianças e adolescentes são colocados em frente a uma caixa fechada contendo em seu interior um espelho.<br />
Cada criança, cada adolescente observa o interior da caixa e vê a si mesmo. Ao final todos discutem o que esperavam ver e<br />
a sensação que sentiram ao ver suas imagens refletidas.<br />
Atividade 8. Dados dos sentimentos<br />
Finalidade: Trabalhar as condições emocionais das crianças e adolescentes valorizando a expressão livre dos sentimentos e<br />
incentivando as trocas afetivas.<br />
Procedimento: Um dado gigante contendo palavras que representam sentimentos ( tristeza – alegria – raiva – medo – feliz ,<br />
etc.). As crianças e adolescentes jogam o dado e dialogam sobre como foi o dia em casa, na escola e como se sentem no<br />
momento em que estão no projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>.<br />
Atividade 9. Questionário : O que gosto e o que não gosto<br />
Finalidade: Identificar interesses, gostos e habilidades das crianças e adolescentes em diferentes á áreas.<br />
Procedimento: Aplicação de um questionário contendo perguntas sobre os interesses, gostos e habilidades das crianças<br />
visando oportunizar as mesmas as expressões de suas competências. Esta atividade, integrou o projeto interdisciplinar sobre<br />
a comemoração dos 10 anos do Instituto Ayrton Senna no sentido de se organizar o grupo de crianças e adolescentes para a<br />
realização de outras atividades que exigiam o interesse e o gosto pela escrita, pelo canto, pelo desenho, por trabalhos<br />
manuais.<br />
Atividade 10. Eu e o meu grupo<br />
Finalidade: Proporcionar ao grupo de crianças e adolescentes discussões orientadas sobre a importância de se trabalhar em<br />
grupo.<br />
Procedimento: Diferentes grupos de crianças e adolescentes foram estimulados a realizarem um desenho da figura humana.<br />
A proposta foi para que a produção fosse coletiva. Crianças e adolescentes foram orientados a organizarem e realizarem as<br />
etapas de produção do desenho coletivamente. Ao final discutem como lidaram com as dificuldades (a realização ou não<br />
pelo grupo da atividade até o seu final), bem como, são estimulados a expressarem como vivenciaram a experiência da<br />
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colaboração, da cooperação, da convivência e das diferenças. Ao término realiza-se um debate sobre os resultados<br />
alcançados.<br />
Atividade 11. Caixa das reflexões<br />
Finalidade: Oportunizar aos adolescentes a manifestação de suas dúvidas, dificuldades e anseios frente a vivência da<br />
adolescência.<br />
Procedimento: Após redigirem individualmente questões, preocupações e comentários sobre o que significa ser adolescente<br />
cada um depositou em uma caixinha suas reflexões, e foram convidados a compartilhar com o grupo (se assim o<br />
desejassem) como se sentiram ao redigir suas questões sobre adolescência. Em seguida promoveu-se uma discussão aberta<br />
sobre o tema.<br />
Atividade 12. Estação de recreação - Fórmula 01 do <strong>Mané</strong><br />
Finalidade: Possibilitar ao grupo de crianças e adolescentes atividades recreativas com caráter lúdico agregando a vivencia<br />
dos pilares da educação<br />
Procedimento: Crianças e adolescentes divididos em equipes participam de uma corrida com obstáculos e realização de<br />
tarefas. A equipe é incentivada a cooperar com cada um que realiza a corrida individualmente. Ao final todos recebem<br />
medalhas (um pirulito com o logo do projeto fixado) e são fotografados. Valoriza-se ao final a convivência, a afetividade, a<br />
união e colaboração de cada equipe.<br />
Atividade 13. Exposição do <strong>Mané</strong><br />
Finalidade: Valorizar as produções das crianças e adolescentes promovendo uma exposição dos desenhos dos Manes no dia<br />
de encerramento das atividades do projeto com a presença dos familiares.<br />
Procedimento: Crianças e adolescentes com a ajuda dos monitores de psicologia transformam os desenhos dos <strong>Mané</strong>s em<br />
grandes banners com molduras. Os banners são apresentados para todas as turmas que participaram da atividade, bem como<br />
para seus familiares. Crianças e adolescentes foram convidados a explicarem como produziram os banners e qual a<br />
finalidade dos mesmos para seus familiares.<br />
Atividade 14. Painel fotográfico<br />
Finalidade: Incentivar nas crianças e adolescentes a valorização da imagem de si, suas características e personalidades.<br />
Procedimento: Fotografias das crianças e adolescentes foram tiradas em situações cotidianas do projeto. Buscou-se na<br />
realização das fotos a valorização da imagem, promovendo aspectos da identidade de cada um.<br />
Atividade 15. Estação de recreação -Fórmula 01 do <strong>Mané</strong><br />
Finalidade: Possibilitar ao grupo de crianças e adolescentes atividades recreativas com caráter lúdico agregando a vivencia<br />
dos pilares da educação.<br />
Procedimento: Crianças e adolescentes divididos em equipes participam de uma corrida com obstáculos e realização de<br />
tarefas. A equipe é incentivada a cooperar com cada um que realiza a corrida individualmente. Ao final todos recebem<br />
medalhas (um pirulito com o logo do projeto fixado) e são fotografados. Valoriza-se ao final a convivência, a afetividade, a<br />
união e colaboração de cada equipe.<br />
V – Desenvolvimento das Atividades<br />
O desenvolvimento das atividades contou com a participação de 10 alunos de psicologia distribuídos em duplas e<br />
acompanhados por mais dois monitores de educação física. Tal arranjo deve efeito positivo, pois, facilitou o entrosamento<br />
entre os alunos de psicologia e de educação física. O entrosamento por sua vez favoreceu a abordagem do grupo de crianças<br />
de adolescentes de forma mais tranqüila, sem causar rupturas no processo que já era vivenciado pelos mesmos. Crianças e<br />
adolescentes foram devidamente esclarecidos quanto a proposta de trabalho interdisciplinar a partir de uma linguagem<br />
acessível ao entendimento de todos.<br />
A realização do planejamento foi acontecendo gradualmente à medida que, alunos de psicologia e monitores de<br />
educação física ajustavam suas práticas para que a vivência interdisciplinar de fato se concretizasse. Fato que não foi muito<br />
fácil de execução, pois, a ação interdisciplinar exigiu mudanças significativas na forma de se olhar e lidar com o<br />
conhecimento quando posto em prática pelo grupo que até então não havia tido tal experiência. O que favoreceu a troca<br />
interdisciplinar sem dúvida alguma foi a disponibilidade de todos, alunos de psicologia e monitores de educação física para<br />
manter uma convivência afetiva, respeitosa e, sobretudo, a cooperação mútua visando o bem-estar das crianças e<br />
adolescentes.<br />
A construção da atividade que tinha por objetivo a aproximação das crianças e adolescentes da proposta do projeto<br />
chamada O Nosso <strong>Mané</strong>, resultou num dos momentos mais importante para os alunos de psicologia que puderam entrar em<br />
contato com a realidade perceptiva das crianças e adolescentes quanto a constituição de si mesmos no mundo a partir das<br />
mediações familiares, culturais, sociais, políticas e econômicas uma vez que, os desenhos trouxeram para a roda de<br />
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discussão as características do <strong>Mané</strong>. Características essas que mostravam diferentes identidades marcadas por aspectos<br />
como sexualidade (preferências sexuais) , gênero (modelos de homem e de mulher projetados), moda (tatuagem, roupas,<br />
objetos de consumos), estilo de vida (pescador, sufista), contextos familiares (alcoolismo), entre outros fatores observados.<br />
Deixando nítido para os articuladores da atividade (alunos de psicologia e monitores de educação física) o modo de ser,<br />
fazer, conhecer e conviver de crianças e adolescentes assistidas pelo projeto.<br />
A atividade O Espelho proporcionou o aprofundamento das questões trazidas pela atividade anterior (o nosso<br />
mané) já que ao brincar com suas imagens no espelho crianças e adolescentes discutiram sobre as diferenças e semelhanças<br />
entre eles e puderam lidar com questões relacionadas ao preconceito e a auto-estima à medida que revelavam suas<br />
interpretações sobre o que é ser bonito, ser feio, ser magro, ser gordo, ser branco, ser negro.<br />
Dando seqüência ao planejamento realizou-se a atividade Dados dos Sentimentos possibilitou a expressão de<br />
diferentes sentimentos por parte de crianças e adolescentes. Manifestar e falar sobre raiva, medo, ódio, amor, tristeza,<br />
alegria, felicidade trouxe para discussão a riqueza das histórias de vida das crianças e adolescentes em que a vivência desses<br />
sentimentos revelou momentos difíceis na família como separações dos pais, violência doméstica, situações de humilhação<br />
escolar, assim como boas lembranças vividas, principalmente em relação a liberdade de poder simplesmente brincar, sendo<br />
identificada como o momento mais feliz do dia para todos.<br />
A continuação da programação se deu com a aplicação da atividade O Questionário, inicialmente as crianças<br />
tiveram um pouco de resistência para desenvolver o solicitado que era assinalar em uma folha coisas que gostava e coisas<br />
que não gostava. A atividade certamente caracterizou-se como um exercício escolar fazendo com que a maioria não<br />
investisse na sua produção. A atividade tinha como objetivo dividir as crianças por grupos de trabalho em que seus<br />
interesses fossem respeitados e melhor potencializados. Assim, buscou identificar com a atividade as preferências (música,<br />
escrever histórias, dançar, cantar, etc.). Após muito diálogo entre crianças, adolescentes, monitores de educação física e<br />
alunos de psicologia a atividade atingiu seu objetivo.<br />
A fim de construir com as crianças e adolescentes um sentimento de pertencimento grupal, a atividade Eu e o<br />
Grupo consistiu em reunir todos em favor da elaboração de um desenho da figura humana de forma coletiva. A atividade<br />
foi bem recebida pelas crianças que se uniram para poder planejar e desenhar a figura humana de forma que cada um<br />
pudesse participar dando sua contribuição. Após o término da atividade todos deram suas opiniões sobre as dificuldades e<br />
facilidades que tiveram na realização conjunta do desenho. Os alunos de psicologia e os monitores de educação física<br />
mediaram a atividade estimulando crianças e adolescentes no sentido de refletirem sobre a vivência em grupo.<br />
Particularmente em relação aos adolescentes a atividade Caixa das Reflexões teve como perspectiva a reflexão<br />
sobre seus futuros. Colocando em uma caixa perguntas, dúvidas, questionamentos, os adolescentes puderam debater<br />
assuntos referentes a escolha profissional. A atividade foi bem aceita pelos adolescentes que solicitaram a continuidade com<br />
outros temas de interesse do grupo.<br />
Para o fechamento do semestre três atividades foram selecionadas, Exposição do <strong>Mané</strong>, Painel Fotográfico e<br />
Estação Recreativa – Formula 01 do <strong>Mané</strong>. As citadas atividades formaram a síntese do projeto da psicologia em função do<br />
objetivo final que visava aproximar os familiares do projeto, assim como estavam alinhadas com o processo de atuação<br />
interdisciplinar. Estas atividades eram parte de um projeto maior que trabalhou com estações de recreação e visavam<br />
lembrar o aniversário dos dez anos sem Ayrton Senna. <strong>Projeto</strong> com níveis excelentes de aceitação e adesão por parte das<br />
crianças, adolescentes e familiares que acompanharam todo o seu desenvolvimento.<br />
A exposição do <strong>Mané</strong> oportunizou ao grupo de crianças e adolescentes mostrarem para seus familiares suas produções<br />
sobre a cultura de nossa terra e informações em relação ao aprendizado obtido durante a realização das diferentes situações<br />
envolvendo o personagem <strong>Mané</strong> (o mané e a saúde, o mané e o esporte, o mané e sua família, etc.). Essa atividade foi muito<br />
apreciada pelos pais e demais familiares suscitando perguntas e comentários que resultaram em reflexões sobre as<br />
mensagens expostas pelas crianças e adolescentes. Mensagens relacionadas conforme, já relatado anteriormente, ao<br />
preconceito, a sexualidade, a identidade, as alegrias, as tristezas, etc.; sendo o mané neste sentido, porta-voz de muitas<br />
circunstâncias existenciais.<br />
O Painel Fotográfico foi uma surpresa do grupo de alunos de psicologia para as crianças e adolescentes. Durante o<br />
semestre, em diferentes momentos, as crianças e adolescentes foram fotografados. As fotos foram coladas em papel-cartão,<br />
junto com mensagens sobre a função do brincar para o desenvolvimento infanto-juvenil. A atividade objetivou reforçar<br />
aspectos da identidade das crianças e adolescentes, bem como, passar para os familiares conhecimentos sobre como trabalha<br />
o projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>.<br />
Para fechar a tarde recreativa, crianças e adolescentes formaram equipes com no máximo seis integrantes para<br />
participarem da Formula 01 do <strong>Mané</strong>. Uma corrida com atividades para serem realizadas durante o transcorrer de um<br />
percurso pré-determinado. Nela buscou-se o trabalho em equipe, pois cada etapa da corrida deveria ser realizada por uma<br />
dupla e auxiliada pelo restante dos componentes. A corrida iniciava com colocar uma peruca colorida na cabeça<br />
rapidamente e “vestir” um carrinho feito de caixa de papelão, seguia com o tradicional saco, depois sair do saco e abrir um<br />
cofre de papelão com uma determinada chave presa a um molhe de muitas chaves, pegar uma bola dentro do cofre, jogar a<br />
bola em um cesto e por fim, correr de volta até o lugar de partida carregando seis caixas de sapato empilhadas sem deixar as<br />
mesmas caírem. O trabalho durante a corrida deveria ser realizado em equipe para que todos tivessem a oportunidade de<br />
exercitar a cooperação para se atingir um fim. Buscou-se igualmente estimular a convivência em uma situação que<br />
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necessitava da solidariedade e respeito para que cada etapa da corrida fosse superada. Ao final independente do resultado<br />
todos receberam uma medalha pela participação na corrida, com direito a ouvir a música que sempre acompanhou Ayrton<br />
Senna em suas vitórias. A medalha tinha uma surpresa, um pirulito. A atividade foi repetida diversas vezes até que todas as<br />
faixas-etárias vivenciassem a experiência.<br />
VII - Avaliação - Para os alunos de psicologia e para os monitores de educação física o segundo semestre de<br />
<strong>2004</strong> chegava ao fim. O semestre representou para todos uma nova etapa do <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>. A vivência<br />
interdisciplinar sem dúvida alguma foi o momento de maior ganho na construção profissional de cada um. Saber intervir e<br />
ler os resultados dessa intervenção através de uma linguagem interdisciplinar foi um exercício que exigiu perseverança e<br />
constantes reflexões sobre como todos estavam contribuindo para que de fato a ação se efetivasse. Saber ser, saber fazer,<br />
saber conviver também atravessou cada integrante ao longo de todo o semestre. Isto com certeza se refletiu na forma de<br />
mediar os pilares da educação em relação ao trabalho com as crianças e adolescentes.<br />
Os coordenadores do projeto também terminaram o semestre reforçados e renovados em relação as suas<br />
atribuições, pois, sentiram a importância de investir na formação de futuros profissionais qualificados, comprometidos com<br />
a cidadania, a ética e a justiça social tão fundamentais à realidade de nosso país.<br />
PROJETOS INTERDISCIPLINARES<br />
PROJETO AYRTON SENNA DO BRASIL<br />
O ano de <strong>2004</strong> foi marcado pela celebração da vida de um brasileiro vitorioso: Ayrton Senna, o piloto, que perdeu a<br />
vida em 1994, além dos 10 anos de Fundação do Instituto Ayrton Senna. Nesta direção o <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>, buscou<br />
desenvolver dois sub-projetos com interdisciplinares sobre a vida de Ayrton Senna na perspectiva de reafirmar os valores,<br />
que pautavam a sua vida e que subsidiam a proposta filosófica do Instituto Ayrton Senna. Os objetivos dos mesmos<br />
centraram-se no resgate de valores como a determinação, a motivação, a perseverança, o patriotismo, a excelência, o<br />
otimismo e a busca incansável pela perfeição de Senna, destacando-se neste processo de homenagem, um trabalho de<br />
inserção social pelo esporte como forma de oportunizar potencialidades aos menos favorecidos, as crianças e jovens<br />
participantes do <strong>Projeto</strong> Social de <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>.<br />
Através do Planejamento Coletivo, definimos como espaço vital para desenvolvimento deste projeto com 200<br />
crianças e com duração de 10 meses, a Oficina de Arte-Educação, principalmente por ser um espaço de construção de<br />
textos, leituras, interpretação, re-significação e resolução de problemas, favorecendo assim uma sólida construção de<br />
homenagem a Ayrton Senna do Brasil e ao IAS. Ficaram definidos em duas etapas: <strong>Projeto</strong> 1: Conhecendo Ayrton Senna:<br />
A vida com o Esporte, com os objetivos de promover os valores construído pelo Ayrton Senna e suas aproximações com os<br />
quatro pilares da Educação, através de ações pedagógicas interdisciplinares e de conhecer sua história de vida com o<br />
Esporte do Automobilismo; <strong>Projeto</strong> 2: <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong> com Ayrton Senna das Crianças do Brasil, com o objetivo promover<br />
um Grande Evento, de homenagem ao nosso grande ídolo e os 10 anos do Instituto Ayrton Senna.<br />
PROJETO 1 - CONHECENDO AYRTON SENNA: A VIDA COM O ESPORTE<br />
Ao promover os valores construído pelo Ayrton Senna e suas aproximações com os quatro pilares da Educação,<br />
buscamos, através de ações pedagógicas com características interdisciplinares, oportunizar à criança conhecer a história de<br />
vida de Ayrton Senna e sua relação com o Automobilismo. Neste processo, buscamos estimular nas crianças a iniciação à<br />
pesquisa, a criatividade, a organização, a construção e a avaliação do trabalho. Oportunizar aos educandos aprender a se<br />
conhecer e a fazer escolhas, a superar seus limites e a aludir com seus sentimentos, reconhecer o outro, conviver com a<br />
diferença e desenvolver o compromisso coletivo e com o ambiente. Também, a cooperação e o ser solidário nos momentos<br />
difíceis, superando seu individualismo e expressar-se oralmente com clareza interpretando dados, fatos e situações. O<br />
<strong>Projeto</strong> se deu através dos seguintes momentos:<br />
Momento 1 - Apresentação do Vídeo<br />
Para ambientar os educandos ao propósito da atividade, foram apresentados dois vídeos sobre a vida de Ayrton<br />
Senna, uma vez que a maioria das crianças não tiveram o privilégio de conhecer Senna nas pistas, o que obviamente<br />
facilitaria o trabalho. Ao perguntar a qualquer criança se ela conhece ou já ouviu falar em Fórmula-1, a primeira coisa que<br />
vem em sua cabeça é “Schumacher”, “Ferrari” ou “Rubinho”. Mas o ídolo de todos os brasileiros, nas manhãs de domingo,<br />
não tem presença na memória de nossas crianças, principalmente por não terem presenciado o momento histórico de<br />
consagração do fabuloso e saudoso piloto da Fórmula 1. O primeiro vídeo retratou aspectos de sua história; sua luta, força e<br />
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determinação para realizar os seus sonhos; a morte prematura; a admiração de um povo para com seu ídolo; além de relatar<br />
o seu sonho de criação do Instituto Ayrton Senna e a sua solidariedade para com o seu país. No segundo vídeo foi prestada<br />
uma homenagem com a narração de Galvão Bueno, revelando mais sobre a pessoa Senna e mostrando a todos que: “Ao<br />
final de tudo vencer é possível”.<br />
Momento 2 - Construção de Brinquedos<br />
1) “A corrida dos Sentimentos”. Esta atividade teve como objetivo trabalhar valores de Ayrton associados aos<br />
valores da família e seus respectivos sentimentos. Além de compreender esses sentimentos, fortaleceu-se o conceito de<br />
família e das relações afetivas entre todos os integrantes, através da troca de abraços solicitados nas estações. Foi um<br />
circuito composto por três estações. Na primeira estação, o basquete sentimental, foi sugerido a criança que fizesse uma<br />
cesta e, após acertar, falasse um sentimento. Em seguida ela abraçaria o amigo que estaria nessa estação e ganharia um<br />
balão. Na segunda estação, o túnel da amizade, a criança passaria por ele e no final abraçaria outro amigo e receberia outro<br />
balão. Na terceira estação, o boliche do amor, o aluno jogaria a bola e falaria, dependendo do número de pinos que<br />
derrubasse, nomes de pessoas que ama. Abraçaria o amigo que ali estivesse e pegaria outro balão, partindo para a linha de<br />
chegada. (Obs.: os abraços e balões recebidos durante o percurso simbolizam o “combustível” necessário para vencer).<br />
2) “Conhecendo Ayrton Senna na Pista”. Nesta brincadeira foi construído um circuito, no qual cada grupo,<br />
composto por cinco crianças, representava uma das equipes que Ayrton Senna correu durante sua carreira na Fórmula-1. A<br />
corda em volta das crianças caracterizava o carro e um arco amarrado na frente, o volante. Todos do grupo formavam o<br />
carro, sendo que um deles era o motorista e os demais os quatro pneus. A cada pit-stop os alunos revezavam as suas<br />
posições dentro do carro, fazendo com que todos fossem motorista. Para o carro andar todos tinham que se respeitar, ajudar<br />
e cooperar. Primeiramente foi realizado um reconhecimento do percurso (volta de apresentação) que serviu para marcar os<br />
tempos das equipes, classificando cada uma delas, para a largada. A prova foi realizada na pista de atletismo e o percurso<br />
adaptado de diferentes maneiras formando assim o “Gp de Mônaco”. Entre as alterações no circuito, foram criados<br />
obstáculos utilizando-se o fosso que representava o túnel, o meio-fio a zebra, as barreiras formavam as curvas e a área do<br />
lançamento de dardo foi à reta final. As arquibancadas simbolizaram o pit-stop e, posteriormente, o podium. Ao final da<br />
corrida um representante de cada grupo subiu ao podium e todas as crianças em volta, cantaram primeiro a vinheta da<br />
vitória de Senna e em seguida, fechando com chave de ouro, o Hino Nacional.<br />
3) "Corrida para a Vida". Esta consistia em um circuito de revezamento formado por duas equipes. O percurso<br />
continha oito estações entre seu inicio e fim. Em cada estação ficavam dois representantes de cada equipe. Deu-se a largada<br />
e uma criança de cada equipe saiu com o seu triciclo em direção a próxima estação e nesta ocorreu a troca de condutores. E<br />
assim sucessivamente até completar a prova que era composta por duas voltas.<br />
Momento 3 - Confecção de Cartaz<br />
Para a construção do cartaz ilustrativo o tema escolhido “Seja um Campeão você também”, foi realizado<br />
inicialmente, uma discussão sobre a trajetória da vida de Ayrton Senna. e complementados com a pintura de alguns<br />
desenhos extraídos do site do Seninha. Em outra aula, as crianças escreveram, em algumas palavras, o que elas estavam<br />
vendo nas figuras que pintaram. Em seguida, os educandos recortaram e colaram seus desenhos em um papel pardo, que foi<br />
todo decorado com fotos de Ayrton Senna. Houve uma participação e colaboração de todos, na coleta de material utilizado,<br />
na pesquisa e na construção do mesmo. Posterior a esta foi elaborado um painel, sobre o tema “Violência e Acidentes em<br />
Alta Velocidade”. A proposta surgiu em função do interesse dos educandos em conscientizar e refletir sobre as possíveis<br />
causas e conseqüências da violência e acidentes em alta velocidade tanto no esporte automobilismo quanto na vida real.<br />
“Dessa violência nem mesmo um grande piloto como Ayrton Senna escapou da morte” (Maria Caroline, 15 anos). Cinco<br />
cartazes foram confeccionados a partir de colagens, reportagens, frases e desenhos escolhidos e elaborados pelos próprios<br />
educandos. Além disso, foram escritos quatro poemas que foram lidos e registrados em um dos cartazes. Estas atividades<br />
foram apresentadas no encerramento do <strong>Projeto</strong> e devidamente documentadas.<br />
Momento 4 - Elaboração de Teatro<br />
Proposto através dos pilares da educação aprender a conhecer, aprender a conviver, aprender a ser e aprender a<br />
fazer, foi elaborado um teatro, no qual buscou-se transferir para as crianças quem foi Ayrton Senna do Brasil e qual era seu<br />
maior sonho. A partir do título da encenação “Um Atleta, Um Homem, Um Sonho” foi criado um roteiro no qual inseriu-se<br />
todas as crianças em diferentes papéis, dando a todos a oportunidade não só de contracenar, mas também se divertir com a<br />
produção. Para a realização desta atividade começou-se separando as crianças e definindo qual seria o papel de cada uma.<br />
Realizou-se uma corrida de Fórmula 1 com a participação de três pilotos: Senna, Barrichelo e Schumacher. No percurso da<br />
corrida foi criado um pit-stop, no qual as crianças trocaram os pneus, simbolicamente, de cada carro e também os<br />
reabasteceram. Uma das crianças foi o semáforo de largada, outra filmou todos os detalhes, com uma câmera de papelão,<br />
construída por um dos educandos do <strong>Projeto</strong>, e outra criança hasteou a bandeira na chegada. Além destas crianças, outras se<br />
caracterizaram como o fã clube de Senna na arquibancada, fazendo torcida ruidosa com a sua vitória. Após a corrida,<br />
vencida por Senna, houve o momento do podium. Neste, Senna foi entrevistado. Ao falar de todas as suas vitórias, surgiam<br />
as crianças com cartaz de cada grande prêmio. Senna, dedica sua vitória a todo povo brasileiro. Em seguida, todas as<br />
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crianças colocam-se de frente para o público e, em fila, exclamam quantas vezes Senna foi vitorioso em cada país por onde<br />
correu. Uma a uma vão citando qual é o seu país, quantas vezes Ayrton venceu no mesmo e em que ano isto aconteceu. Ao<br />
fim destas apresentações, um educando que contracenou como repórter vai até o centro do palco e exclama: - 2.982 voltas<br />
na liderança, 610 pontos, 161 grandes prêmios, 65 Pole-Positions, 41 Vitórias, Três Campeonatos Mundiais e Um Sonho. -<br />
após esta declaração como fechamento do teatro todos, de uma só vez e clamam: “Ayrton Senna e <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>!”<br />
<strong>Projeto</strong> 2: “BRINCA MANÉ” COM AYRTON SENNA DO BRASIL<br />
Com o intuito de colocar em pratica os valores de Ayrton Senna e da mesma forma reforçar seus ideais para vencer<br />
na vida, tomando como exemplo para crianças e adolescentes, o <strong>Projeto</strong> “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>”, nos meses de setembro, outubro e<br />
novembro, prestou uma série de homenagens a este grande ídolo através de atividades que ficaram marcadas no dia a dia e<br />
contempladas nas ações educativas. Tivemos como meta principal, dar continuidade às atividades previstas para este ano,<br />
finalizando com o projeto pedagógico interdisciplinar “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong> com Ayrton Senna do Brasil”, no qual teve como<br />
proposta elaborar um evento para lembrar dos dez anos de falecimento do Ayrton Senna e ainda comemorar os dez anos de<br />
fundação do Instituto Ayrton Senna. No primeiro dia de atividades, apresentamos a proposta para os educandos através da<br />
leitura em pequenos grupos dos gibis do personagem Senninha, para que então pudéssemos formar os grupos definitivos de<br />
acordo com as suas afinidades com as tarefas a serem realizadas. Esses grupos fizeram a leitura de várias histórias de<br />
diferentes gibis, das quais eles tiveram as idéias para a confecção do gibi, da história e da música. Algumas dificuldades<br />
foram encontradas pelo fato do grupo não estar muito motivado para a realização deste projeto, muitos por ainda<br />
desconhecer a trajetória de Ayrton Senna. Como forma de motivação buscamos como alternativa a reapresentação de alguns<br />
vídeos sobre Ayrton Senna. A partir deste momento e também com alguns esclarecimentos, ficou nítido o despertar de um<br />
interesse até então não demonstrado por eles. A visualização da vida de Senna estimulou a criatividade e a imaginação do<br />
grupo. Para dar seqüência as atividades, em dias distintos, os respectivos grupos iam aprimorando as suas obras, através de<br />
mais leituras, de discussões nos grupos para que novas idéias surgissem e através do trabalho coletivo, no qual vários<br />
educandos participavam ativamente das atividades. Para isso a equipe pedagógica organizou este projeto em dois grandes<br />
momentos: Construção de Atividades e Apresentação para os pais.<br />
Musicas sobre Senna - Para a construção da música, inicialmente os monitores conversaram com os educandos,<br />
fazendo com que os mesmos citassem palavras e formulassem frases sobre Ayrton Senna para, posteriormente, aplicá-las<br />
em um ritmo de uma música escolhida por elas. Porém, esse método foi ineficiente, devido ao fato das crianças terem<br />
dificuldades em associar as frases ao ritmo da música escolhida por esta ter um ritmo acelerado, prejudicando assim a<br />
composição da melodia. Assim, juntamente com as crianças, optamos por mudar a estratégia, escolhendo primeiramente a<br />
música para após substituirmos os versos pelas frases, um de cada vez. Isso facilitou o processo, pois as crianças foram<br />
formulando as frases já de acordo com o ritmo na qual o verso seria inserido. Transcrevemos abaixo algumas músicas<br />
compostas:<br />
“Senna, um atleta especial, ultrapassava seus rivais/<br />
Ao ganhar, tocavam sua música e chorava de emoção/ Uma prova de amor para suas crianças/ Com muito amor, e toda<br />
esperança/ É, o Senna é campeão/ O nosso amigão/ Ganhava as corridas com dedicação!/ Senna é campeão!<br />
Senna é campeão!”<br />
"Foi numa segunda de abril/ Que eu vim pela primeira vez/ Foi só um dia que eu vim bastante/ Pra me convencer/ A partir<br />
daquele dia então/ Eu sempre estava aqui/ Na mesma hora e no mesmo lugar/ Só pra se divertir e brincar/ Só pra se<br />
divertir e brincar/ O menino vem pra cá se divertir e brincar/ Vem pro brinca mane que você vai gostar..."<br />
"Estou trocando as ruas/ Estou trocando as drogas/ Eu as deixo para trás pelo brinca mané/ Estou trocando a tristeza/ /<br />
Estou trocando a vergonha/ Eu as deixo pra trás pelo brinca mané/ Eu digo: Sim, Sim, Sim, Sim, Sim <strong>Brinca</strong> Mane/ Sim,<br />
sim, sim, sim, sim, <strong>Mané</strong>/ Sim, sim, sim, sim, sim, <strong>Brinca</strong> Mane/ O <strong>Projeto</strong> é divertido porem/ Nunca cansativo/ Com ele eu<br />
posso me animar./ Respeitando os meus amigos/ e brincando pra valer/ Nada vai nos derrotar/ O projeto não pode acabar/<br />
E com Senna sempre vamos ganhar..."<br />
"Vai garotada descruzando os bracinhos/ Pega o trenzinho/ E vem brinca no manezinho,/ Dá uma nadadinha e pula<br />
devagar/ Se te ensino com jeitinho rapidinho se vai pegar!/ Por quê??? / Bom no mané é bom, com o Ayrton Senna é bom!/<br />
No mané é bom! "Ayrton Senna". / No futebol eu chutar, no volei eu sacar!/ No basquete eu vou fazer, uma cesta pra você!/<br />
Por quê??? / Bom no mané é bom, com o Ayrton Senna é bom!/ No mané é bom! "Ayrton Senna".<br />
Devido a um maior grau de exigência para a elaboração da música, a construção teve um acompanhamento mais<br />
presente dos monitores. A sugestão dada foi que a melodia utilizada fosse retirada de uma música já existente, o que<br />
facilitou para as crianças, pois as mesmas escolheram músicas populares, de fácil entendimento para a adequação à letra<br />
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criada. Os educadores estimularam os educandos a mencionarem palavras relacionadas ao Ayrton Senna e ao cotidiano do<br />
<strong>Projeto</strong> para que fossem mencionadas no decorrer da letra da canção. A auto-estima e o orgulho de ter criado todas estas<br />
tarefas ficaram evidenciadas na motivação que as crianças adquiriram e na ansiedade em que se encontravam para o dia da<br />
apresentação, o que deu a elas vontade para executar as demais tarefas que estavam incorporadas no planejamento, o<br />
carrinho e a pipa.<br />
Estórias em Quadrinhos - Para a elaboração das estórias em quadrinhos, o grupo responsável foi dividido em dois<br />
pequenos grupos, criando-se assim duas estórias. Essas foram escritas em forma de jogral, em que cada educando criava a<br />
sua parte dando continuidade a dos colegas. Desta forma, enquanto que algumas crianças elaboravam a sua parte, as demais<br />
já começavam a desenhá-la, de modo a todas estarem sempre envolvidas no processo de criação, evitando que houvesse<br />
dispersão. Em seguida, os quadrinhos foram anexados a um cartaz confeccionado e decorado pelo grupo. A construção dos<br />
contos e das histórias em quadrinhos foi desenvolvida livremente de acordo com a imaginação e criatividade dos educandos,<br />
porém foi estipulado pelos monitores o tema, que deveria ser relacionado ao “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>” e ao Ayrton Senna. Houve uma<br />
dificuldade de compreensão por parte dos educandos para que a história em quadrinhos e o conto tivessem realmente uma<br />
ligação ao tema, ou até mesmo uma coerência no desenrolar destes. Além disto, a dificuldade de leitura e escrita das<br />
crianças ficou evidenciado, o que foi um dos grandes obstáculos para o desenvolver da atividade. Resolvemos com isso, no<br />
intuito de auxiliá-los, fazer uma leitura coletiva, escrevemos palavras complexas no quadro e estimular a troca de<br />
conhecimentos entre eles.<br />
Carrinhos de Sucata - Foram construídos carrinhos de fórmula 1 com sucatas trazidas pelas próprias crianças. As<br />
turmas foram divididas em três grupos, sendo confeccionados, assim, um carrinho por cada grupo. A idéia inicial era de<br />
construí um carro por turma, porém, devido ao grupo ser composto por diversas crianças, optamos, juntamente com os<br />
educandos, de construir três carros menores, para que todos estivessem envolvidos na criação. A partir da disposição dos<br />
materiais no centro da roda pedagógica e de uma conversa sobre as características, a utilidade e os demais aspectos deste<br />
carrinho, cada educando foi se apropriando das sucatas para a criação dos mesmos. Em relação à utilização da sucata,<br />
percebemos uma grande aceitação por parte das crianças, as quais manusearam estes materiais sem receio e com grande<br />
entusiasmo. Todos participaram do processo, contribuindo com idéias e auxiliando na construção dos carrinhos. A partir<br />
disto, foi observado grande interesse por parte dos educandos na construção do seu carrinho o que fez com que os motivasse<br />
para que contribuíssem com idéias para um novo carro a ser confeccionado posteriormente. As sucatas foram distribuídas<br />
no centro da roda pedagógica para que todos tivessem acesso ao material e pudessem contribuir com idéias. Os educandos<br />
projetaram o carrinho com desenhos no quadro, fizeram alterações conforme a opinião de todos e partiram para a execução<br />
da tarefa. Ao término desta atividade, na roda pedagógica final, as crianças tiveram oportunidade de ver e comentar sua<br />
criação. Dentre vários comentários, destacou-se o educando que, ao invés de citar os materiais utilizados que foi o que mais<br />
mencionaram, comentou sobre os valores que ficaram engajados durante o processo de criação, tais como união, respeito,<br />
criatividade e solidariedade. Durante a sua construção e também na apresentação as crianças tiveram oportunidade de<br />
andarem no maior carrinho construído de madeira.<br />
Construção de Pipas - Coube aos maiores a confecção das armações, por envolver materiais pontiagudos que<br />
podiam trazer riscos às crianças menores se mal utilizados pelas mesmas. Assim, os menores participaram no processo de<br />
construção da pipa confeccionando as estampadas mesmas e a colagem na armação. Para tanto, cada turma foi dividida em<br />
dois grupos devido ao grande número de crianças, sendo construídas assim quatro pipas. As estampas foram desenhadas em<br />
um papel de seda, com materiais como giz de cera, lápis de cor, canetinhas e papéis coloridos, e deveriam ter desenhos<br />
relacionados ao <strong>Projeto</strong> “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>”. Para isso, anteriormente aos desenhos, foi realizada uma conversa na roda<br />
pedagógica inicial, com o intuito de resgatarmos os aspectos relacionados ao projeto, como as atividades realizadas, o<br />
motivo pelo qual as crianças freqüentam o “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>” e as relações de convívio com os colegas e educadores. A<br />
confecção das pipas envolveu uma prévia conversa sobre a forma de construção, desde os materiais necessários até a sua<br />
montagem. Para que este etapa fosse iniciada as turmas B e F foram divididas em 2 grupos. Sedas coloridas, cola, giz de<br />
cera, sacola plástica e linhas foram distribuídas para incentivá-los nesta nova tarefa. Percebemos então uma grande<br />
desenvoltura por parte de muitos, pois a pipa é um dos objetos ou brinquedos que realmente faz parte do cotidiano deles,<br />
além de ser o símbolo do <strong>Projeto</strong>. Primeiramente foi feita a decoração na ceda, com recortes, desenhos e pinturas, para que<br />
assim, pudessem partir para a colagem na armação, a qual já estava pronta devido a ajuda das turmas D/H e a colocação da<br />
rabiola que teve, também, ajuda das turmas C/G. Envolvemos nesta criação o interesse e a troca de vivências que cada uma<br />
das crianças possui, fazendo com que conhecessem melhor seus colegas através de assuntos que dominam com extrema<br />
facilidade por fazer parte de seu cotidiano. Durante a roda pedagógica final, achamos necessário dialogar com os educandos<br />
para conscientizá-los sobre formas seguras de brincar com a pipa, expondo o perigo de fios elétricos, do cerol, de correr em<br />
busca da mesma pelas ruas sem tomar cuidado com os automóveis que estão a sua volta como também motos e bicicletas.<br />
Notou-se o grande interesse de levar para casa o resultado do trabalho feito com os colegas no <strong>Projeto</strong>, o que ficou<br />
evidenciado para os monitores o grande orgulho que as crianças sentiam por ter participado desta obra que acabou por<br />
finalizar o <strong>Projeto</strong> no segundo semestre de <strong>2004</strong>.<br />
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Avaliação - Inicialmente com o vídeo, a cada imagem, a cada resultado de Senna, notamos o despertar do interesse<br />
das crianças. Ao fim do segundo vídeo, seus relatos denotaram uma vontade maior de conhecer mais sobre Ayrton Senna e<br />
de serem também, como ele, um vencedor na vida. Nas brincadeiras todos assimilaram bem suas funções e no dia da<br />
apresentação a colaboração entre eles foi tamanha que nos surpreendemos com a vontade e seriedade dedicada na<br />
organização e apresentação. No início, surgiram alguns conflitos, no campo das idéias e de participação, porém,<br />
gradativamente foi sendo construído a partir do interesse das crianças e conforme aumentava a vontade de todos<br />
participarem, surgiam também novas sugestões para melhor construção da atividade. Os alunos não só ensaiaram a<br />
apresentação durante essas vivências, como também construíram a maioria dos elementos, câmeras para a filmagem, os<br />
carros em que correram, capacetes para os corredores, microfone para o repórter e as bandeiras de cada país, utilizando-se<br />
de materiais recicláveis. Na apresentação de todas as atividades construídas, vários pais se fizeram presentes, o que<br />
enriqueceu o evento, principalmente por terem sido fãs do piloto. Ao assistirem as apresentações criadas por seu filhos,<br />
orgulharam-se e elogiaram muito o projeto por este tipo de resgate e pela formação oportunizada aos mesmos. Todas as<br />
crianças e adolescentes estavam muito ansiosos para apresentação o que dificultou nosso trabalho. A primeira apresentação<br />
ocorreu com as poesias, em seguida explicaram o conteúdo de cada cartaz, depois seguiram as brincadeiras e o teatro. A<br />
peça aconteceu maravilhosamente bem, e o que emocionou mais os pais, foi o momento em que Senna dedica a vitória para<br />
seu povo. Vários pais “corujas” tiraram fotos dos filhos e temos certeza que não só, nós monitores gostamos da<br />
apresentação como também todos os pais que assistiram.Este dia foi um dos mais marcantes do projeto, pois pudemos<br />
observar o que nossas crianças e adolescentes construíram ao longo do semestre. Um fato importante foi que, elas<br />
desfrutaram das suas produções, fechando nosso elo de aprendizagem dentro dos quatro pilares da educação. É importante<br />
ressaltar o grau de envolvimento e interesse que os educandos tiveram pelo projeto Ayrton Senna. Durante o processo,<br />
diversas crianças revelaram-se grandes líderes para o grupo e todas cooperaram de forma muito significativa para a<br />
realização das atividades. Na criação da música, a mudança de estratégia serviu como grande aprendizagem para o grupo,<br />
pois, ao enfrentar as dificuldades, a turma criou novas formas de trabalhar para chegar ao objetivo final. Isso revela como o<br />
erro e as dificuldades são importantes no processo de crescimento individual e coletivo quando se consegue aprender com<br />
eles. Alguns alunos em especial demonstraram uma significativa melhora de comportamento durante as atividades do<br />
<strong>Projeto</strong>. Elas que anteriormente não cooperavam muito com as aulas, passaram a tomar a iniciativa nas construções,<br />
envolvendo e liderando as demais crianças, contribuindo significativamente para o processo de criação.<br />
<strong>Projeto</strong> 3: OS PILARES NA DANÇA DO PAU DE FITAS<br />
Além do “Pau-de-Fitas”, foram propostas outras danças, como o “HIP HOP” e o “Boi-de-Mamão”. Contudo, a<br />
escolha feita pelos educandos foi a “Dança do Pau-de-Fitas”, com o intuito de resgatar a sua cultura, podendo,<br />
posteriormente, serem trabalhadas tais danças não abordadas até então.Os principais objetivos almejados pelo projeto “Os<br />
pilares na Dança do Pau de Fita” foram: desenvolver os quatro pilares da Educação (aprender a conhecer, aprender a<br />
fazer, aprender a conviver e aprender a ser) e torná-los evidentes durante a construção do mesmo através da dança do pau<br />
de fita; através da dança, buscar ações interdisciplinares de várias áreas do desenvolvimento humano; oportunizar o<br />
desenvolvimento da linguagem oral e escrita; e, principalmente, resgatar e preservar a cultura açoriana do interior da Ilha de<br />
Santa Catarina. Dentro de cada oficina buscou-se desenvolver aspectos relacionados com a dança do pau de fita e em<br />
conjunto com os objetivos do projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>. Na oficina de Arte-Educação foram abordados os seguintes aspectos:<br />
pesquisa sobre a cultura açoriana e suas influências, origem da dança do pau de fita e reflexão dos seus valores educativos,<br />
produção de estórias, dramatização, poesias, desenhos, a partir da dança, e construção do pau de fita. Na oficina de Jogos e<br />
Esportes, buscou-se a reflexão sobre a importância da dança e seus valores no desenvolvimento de várias dimensões<br />
humanas, a vivência de formas variadas de movimentos e a aprendizagem da dança do pau de fita. Na oficina de orientação<br />
para a Saúde, a importância da dança na aquisição e manutenção da saúde, a discussão sobre o controle dos limites físicos<br />
do corpo (sinais) no processo de construção da dança e a percepção das alterações cardio-respiratórias na realização da<br />
dança.<br />
O projeto de resgate da cultura açoriana, intitulado como Os pilares na Dança do Pau de Fita, teve várias etapas de<br />
desenvolvimento e construção. Nestas etapas procurou-se desenvolver diferentes aspectos, a partir de ações<br />
interdisciplinares. As diferentes turmas e suas faixas etárias tiveram trabalhos desenvolvidos específicos e também outros<br />
comuns às demais turmas.<br />
Com isso, as etapas de desenvolvimento do projeto foram:<br />
Pesquisa sobre colonização açoriana e dança do pau de fita: as crianças propuseram-se a realizar diferentes<br />
formas de pesquisa, tais como bibliográficas, internet, entrevista com os pais e familiares, entre outros. Assim cada criança<br />
trouxe algum material a respeito da colonização açoriana ou especificamente da dança. A partir dessa pesquisa e também de<br />
materiais já disponíveis no <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>, iniciaram-se os trabalhos de resgate da cultura açoriana.<br />
Palestra com o historiador “Peninha”: para contextualizar a cultura açoriana, foi apresentada às crianças uma<br />
palestra muito irreverente e agradável pelo historiador e diretor do museu da Universidade Federal de Santa Catarina<br />
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Peninha. Foram apresentadas certas lendas da cultura da Ilha de Santa Catarina, versos musicais, histórias, e principalmente<br />
a história e trajetória do Pau de Fita na Ilha.<br />
Teatrinho – O mané e o Pau de Fita: alguns membros da coordenação e alguns monitores apresentaram uma<br />
peça teatral, representando o cotidiano de uma comunidade nativa da Ilha, preocupada em organizar uma festa tradicional da<br />
região. Nesta apresentação, as crianças puderam visualizar um pouco mais o dia-a-dia do Ilhéu, seus afazeres, festividades,<br />
vocabulário, etc. Esta apresentação serviu posteriormente como referência para a construção do teatro pelos adolescentes<br />
participantes do projeto.<br />
Vídeo - Conhecendo a Dança: as crianças tiveram oportunidade também, de assistir um vídeo de uma<br />
apresentação da dança do pau de fita. Neste vídeo as crianças puderam observar a forma de dançar, os trajes típicos, a<br />
formação do grupo, ouvir a música, entre outras coisas.<br />
Construção do trabalho específico: a cada grupo de faixa etária correspondente, foi atribuída a confecção de um<br />
trabalho relacionado ao pau de fita. As turmas A e E (grupos de 7 a 8 anos) construíram maquetes; as turmas B e F (grupos<br />
de 9 a 10 anos) criaram uma história; as turmas C e G (grupos de 11 a 12 anos) elaboraram poesias e as turmas D e H<br />
(grupos de 13 a 15 anos) construíram um teatro.<br />
Construção do Pau de Fita: nesta etapa do projeto interdisciplinar, as crianças separadas em suas respectivas<br />
turmas, construíram um pau-de-fita, com materiais alternativos, sendo os sujeitos construtores do mesmo. Elas cortaram as<br />
fitas e os barbantes, amarraram os mesmos numa tampa e fixaram-na em um bambu, simbolizando o mastro e suas fitas.<br />
Este processo foi acompanhado de perto por todos os monitores do projeto “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>”, auxiliando e dando forma ao<br />
pau-de-fita.<br />
Processo de Apropriação: Aprendendo a Cantar e Dançar: alguns dias foram destinados para o processo de<br />
apropriação da letra e dos movimentos coreográficos do pau-de-fita. Para isso, foram utilizados materiais impressos (letra<br />
da música), CD´s, instrumentos musicais tocados pelos monitores para o acompanhamento da melodia e também<br />
demonstrações dos monitores em relação a dança. Além disso, para reforçar a música, durante os momentos de roda, lanche<br />
e do trajeto para este, eram realizadas paródias ou inventados novos versos.<br />
Apresentação da Dança: no dia 08 de outubro do corrente ano, foi realizada a apresentação final do projeto<br />
interdisciplinar “Os Pilares na Dança do Pau-de-Fita”. Neste dia ocorreram diversas apresentações, tais como: maquetes,<br />
história, poesias e peça teatral, por grupos específicos, além da dança do pau-de-fita por todos os grupos. Contamos com a<br />
presença de um grupo musical e também de um grupo de dança folclórica do Núcleo de Estudos da Terceira Idade – NETI<br />
da <strong>UFSC</strong>.<br />
Maquetes - Os grupos A/F ficaram incumbidor de confeccionar maquetes a respeito do pau-de-fita associado ao<br />
resgate da cultura açoriana. Como proposta optamos por trabalhar com materiais diversificados e pouco utilizados por elas<br />
no <strong>Projeto</strong>, para isso mudamos a proposta inicial que era apenas construir desenhos. Para um melhor entendimento das<br />
crianças em relação à cultura na qual estão inseridas, realizamos pesquisas através de livros e fotos que posteriormente<br />
foram apresentados a elas. Os materiais estavam disponíveis para que as crianças tivessem a oportunidade de escolher o que<br />
seria utilizado por elas na construção da maquete. Os principais materiais utilizados para confecção foram: cola quente, cola<br />
branca, retalhos de pano, tinta guache, palitos de madeira, novelos de lã, isopor, cartolina, celofane, algodão, tesoura, papel<br />
cartão, papel crepon, caneta hidrocor. Nossa intenção para este grupo foi propiciar um ambiente diversificado para que as<br />
idéias e a criatividade pudessem fluir livremente entre as crianças a partir do que foi visto. Outra estratégia utilizada no<br />
desenvolvimento das atividades com os grupos foi o nosso envolvimento. Em um deles tínhamos uma participação mais<br />
efetiva, colaborando com as idéias e na própria construção. Já no outro, sem a nossa opinião com relação as idéias, nossa<br />
intenção foi deixar as crianças livres auxiliando apenas no manuseio dos materiais que poderiam oferecer riscos. Isto porque<br />
queríamos perceber o grau de autonomia e o tipo de identificação que cada um apresentava em relação aos dois grupos. No<br />
decorrer do processo de construção surgiram dificuldades, entre elas: colocar em prática o que as crianças haviam pensado<br />
porque não sabiam como concretizar suas idéias; as comparações feitas pelos grupos entre as maquetes. Com a finalização<br />
desta atividade, as crianças sugeriram confeccionar convites para os pais divulgando e convidando-os para o grande evento<br />
que seria realizado, a apresentação do projeto interdisciplinar “Os pilares na dança do pau-de-fitas”.<br />
Estórias - Inicialmente, foi pedido para que as crianças dissessem palavras relacionadas com a cultura de<br />
Florianópolis, relembrando a palestra dada pelo “Peninha” que tinham assistido, para que as utilizássemos na construção da<br />
estória. Em seguida, passou-se para a elaboração, e para isso, utilizou-se o jogral, onde cada educando contribuía com uma<br />
parte da estória. Inicialmente, mantivemos a ordem de como as crianças estavam sentadas, mas as que estavam a trás<br />
começaram a dispersar. Então os educadores passaram a escolher, aleatoriamente, quem continuaria a estória, fazendo com<br />
que os educandos se mantivessem mais atentos à mesma. Finalizada a construção, foi distribuído um pedaço de papel pardo<br />
para cada um na qual deveriam escrever e decorar uma parte da estória para ser apresentada no dia do encerramento do<br />
projeto. Paralelamente a isso, também era ensaiada a música para que, nos dias dos ensaios da dança, os educandos já<br />
soubessem cantá-la, visto que a letra continha e indicava os passos da dança. Após essa etapa, passou-se para a construção<br />
do pau-de-fita. Inicialmente, os educandos assistiram a um vídeo que ilustrava a dança. Em seguida, dividiu-se as turmas B<br />
e F em dois grupos, sendo que cada um ficou responsável por confeccionar as fitas de uma certa cor. Com elas prontas,<br />
foram feitas trocas entre as demais turmas do <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>, pois cada uma havia confeccionado fitas de cores diferentes.<br />
Com quatro fitas de cada cor, passou-se a amarrá-las no arranjo improvisado que seria colocado no topo do mastro.<br />
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Finalizada a construção, foram realizados ensaios. Inicialmente, foram formadas as duplas e suas respectivas posições e<br />
direções que deveriam seguir. Os passos da dança foram ensinados por etapas. Ao sinal do educador, cada educando<br />
realizava um passo de cada vez até finalizar a dança. Depois dessa etapa, quando todos já haviam entendido como eram os<br />
movimentos, foi realizado o ensaio geral, sem paralisações, e ao ritmo da música.<br />
Poesias - As turmas C e G ficaram incumbidas de elaborar poesias relacionadas a dança do Pau de Fitas, da<br />
apropriação da letra da música e desta dança, da construção do pau de fitas e também da sua encenação. Após a<br />
apresentação do tema das atividades a serem desenvolvidas pelas crianças, iniciou uma discussão sobre como seriam<br />
construídas as poesias. Definiu-se então, que quem quisesse contribuir com algum verso, frase ou mesmo palavra falaria e a<br />
partir desta sugestão se formariam as poesias. Percebemos uma certa dificuldade das turmas em começar a poesia. Os<br />
monitores engajaram-se em motivar as crianças para que elas se sentissem animadas para aquela construção. Neste<br />
momento houve alguns educandos que se destacaram. Uma das crianças ao montar uma estrofe da poesia, motivou de tal<br />
forma os seus colegas, que em poucos minutos a poesia tornou-se fato, estava pronta. Neste dia, percebemos como um<br />
simples gesto, pode despertar e aflorar pensamentos e atitudes de um grupo inteiro, principalmente quando parte da própria<br />
criança. O segundo momento da construção das poesias foi o seu ensaio. Foi decidido por unanimidade nas turmas que cada<br />
estrofe seria apresentada por duplas formadas em sala e a última estrofe seria lida por todos os integrantes da turma. Deu-se<br />
então a formação das duplas e o ensaio da poesia, com cada dupla escolhendo a estrofe de sua simpatia. Em alguns<br />
momentos, as turmas dispersavam um pouco e em uma delas havia um educando que de forma alguma participava das<br />
aulas, então como estratégia para integrá-lo no processo de construção das poesias, ele se tornou nosso ajudante no controle<br />
da dispersão da turma. A partir desse momento, este educando tornou-se um dos mais ativos, participando dos demais<br />
passos do projeto. Transcrevemos, abaixo, duas poesias escritas pelas crianças:<br />
Poesia turma G<br />
Eu apresentei o pau de fitas e sujou<br />
Porque estava no barro,<br />
O barro estava molhado<br />
E a pessoa escorregou.<br />
Porque a pessoa escorregou?<br />
Porque estava escorregadio.<br />
Quando o outro molhou,<br />
A pessoa caiu.<br />
E todos levantaram<br />
Pra dançar o pau de fitas,<br />
No qual só havia<br />
Mulheres bonitas.<br />
O pau de fitas<br />
É uma dança tradicional,<br />
Que nem o pau de fitas<br />
Não tem igual.<br />
Porque é fácil de dançar<br />
E faz a gente se animar,<br />
O pau de fitas tem pessoas<br />
Para muita gente se alegrar.<br />
Eu sou um manezinho da ilha<br />
E gosto de dançar,<br />
E agora eu quero ver<br />
O pau de fitas começar.<br />
O senhor mestre da dança<br />
O senhor mestre da dança<br />
Faz favor de entregar<br />
Faz favor de entregar<br />
As fitas para dançar<br />
As fitas para dançar<br />
Ole le ola la<br />
Ole le ole ole ola.<br />
Poesia turma C<br />
O pau de fitas é uma dança<br />
Que vai se entrelaçando<br />
Até formar uma trança.<br />
Vai ser bem bonita<br />
Porque tem muitas cores,<br />
A seus pares senhoritas<br />
Oferecemos flores.<br />
Precisa de pessoas<br />
Que façam tranças boas,<br />
Vamos dançar<br />
Até o sol raiar.<br />
A música do pau de fitas<br />
É muito divertida,<br />
Vamos trançar bem alegres<br />
Todos na mesma batida.<br />
O pau de fitas é uma dança<br />
Que quando se dança,<br />
O corpo balança.<br />
Típico dos manes<br />
Essa dança é de Floripa,<br />
E não adianta quererem<br />
Reinventar o tal do pau de fitas.<br />
Quando a dança começa<br />
Todo mundo fica feliz,<br />
Pois ela é de Florianópolis.<br />
Quando a dança termina<br />
Todos ficam tristes porque acabou,<br />
Mas cada um fica feliz porque dançou.<br />
O processo de confecção do pau-de-fita envolveu a construção das fitas e ensaio da música e da dança folclórica.<br />
Durante todo o processo, percebemos total envolvimento das crianças, assim como uma grande satisfação ao participar<br />
dessas atividades. Quando almejamos um engajamento por parte das crianças num processo de construção e reflexão, e<br />
alcançamos os objetivos propostos, no sentido de transformar e possibilitar a descoberta de suas potencialidades estamos<br />
cientes de que contribuímos para a formação de crianças autônomas e críticas.<br />
Desta forma, acreditamos ter alcançado as metas propostas pelo <strong>Projeto</strong> “<strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong>”, através do resgate da<br />
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cultura e do folclore da Ilha de Santa Catarina despertando para um outro contexto, que pode ser recriado de acordo com as<br />
possibilidades que dispomos. Também proporcionamos vivências corporais e aspectos da oralidade, que fomentou um<br />
maior interesse pelas atividades realizadas e por outra que possam surgir futuramente.<br />
Devido ao fato de as turmas B e F conterem o maior número de crianças, houve algumas dificuldades em prender a<br />
atenção de todas. Isso ficou evidenciado na construção do pau-de-fita, pois determinadas tarefas envolviam diretamente um<br />
número menor de crianças, apesar das estratégias utilizadas pelos educadores. Um aspecto bastante positivo durante a<br />
construção da estória foi o grau de envolvimento que os educandos tiveram, pois vários deles, inclusive alguns que<br />
inicialmente se encontravam um pouco desinteressados, passaram a se interessar cada vez mais e realizaram desenhos<br />
criativos para ilustrar a parte da estória que ficaram responsáveis. Foi muito gratificante ver o resultado do trabalho durante<br />
a apresentação final do <strong>Projeto</strong>. Ficaram evidenciados o prazer e a alegria com que as crianças dançaram no momento da<br />
apresentação e também o interesse em conseguir apresentar a estória criada por eles para os convidados.<br />
O passo seguinte do projeto foi o ensaio da música cantada no pau de fitas. Foram distribuídas para as turmas<br />
folhas, com a letra da música, e no caso desta turma, o professor tocava pandeiro para que eles tivessem um<br />
acompanhamento instrumental. A música também era relembrada nos intervalos das aulas e inclusive nas rodas de capoeira.<br />
Em seguida, aconteceu a construção do pau de fitas, desde o corte das fitas até a sua fixação no mastro. Cada<br />
criança ficou responsável por uma função desta construção, desde os que cortavam as fitas, os que cortavam os barbantes,<br />
os que amarravam as fitas aos barbantes e até que cada um fixasse uma fita no mastro. Além disso, o trabalho em equipe<br />
apresentado pelas crianças evidenciou a competência relacional existente nelas e o que queremos ressaltar é que isto<br />
aconteceu naturalmente, sem a interferência direta de nós educadores.<br />
É importante ressaltar a oportunidade que os monitores do <strong>Projeto</strong>, acadêmicos de Educação Física tiveram em<br />
poder conhecer mais a fundo outras áreas de conhecimento, relacionando com a área esportiva e aumentando, assim, a gama<br />
de vivências corporais e cognitivas das nossas crianças. Temos consciência de que outras áreas devem ter oportunidade de<br />
estar presentes no contexto da educação social. Contudo, queremos afirmar que os objetivos propostos pelo <strong>Projeto</strong> neste<br />
primeiro semestre, apesar de conter apenas acadêmicos da Educação Física, foram contemplados de forma satisfatória.<br />
AVALIAÇÃO <strong>FINAL</strong><br />
Algumas dificuldades apareceram, porém isso não foi um fator desestimulante para que as metas fossem<br />
alcançadas. Na falta de espaço físico na universidade devido à greve dos servidores federais, buscamos outras alternativas<br />
para que as atividades não fossem interrompidas. Entre outros, utilizamos ambientes externos a <strong>UFSC</strong>, como o parque<br />
florestal localizado nas proximidades da faculdade, proporcionando vivências com características interdisciplinares<br />
envolvendo diversas áreas do conhecimento humano.<br />
Através da tecnologia social da educação pelo esporte nas atividades realizadas, ficou evidenciado o<br />
desenvolvimento dos quatro pilares da educação e suas respectivas competências, que justificam a proposta pedagógica do<br />
projeto <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong> e o seu alinhamento com os objetivos do Instituto Ayrton Senna.<br />
Toda ação de desenvolvimento dos pilares da educação no <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> Mane se comprovam ao averiguarmos o<br />
desempenho e o rendimentos das crianças de duas escolas municipais que participaram do projeto em sua segunda edição:<br />
PERCENTUAL DE RENDIMENTO ESCOLAR<br />
E.B.M. Beatriz de Souza Brito – Bairro Pantanal – Florianópolis – Santa Catarina<br />
Pantanal - Bairro colonizado por Açorianos e Madeirenses, vindos de outros núcleos da Ilha. Sua rápida expansão se deve,<br />
em função de sua proximidade com a ELETROSUL e a <strong>UFSC</strong>. Fundada em 1958 como Escola Isolada, passou a Grupo<br />
Escolar em 1963 e a Escola Básica em 1986. Conta atualmente com 527 alunos do Ensino Fundamental. 90% dos alunos<br />
são nativos do próprio bairro. Cerca de 18% trabalham em pequenos serviços. Deslocam-se a pé ou de bicicleta até a Escola<br />
e <strong>Projeto</strong>, variando de 5 a 15 minutos. Moram com seus familiares. A renda média familiar é de dois salários mínimos<br />
Percentual de Rendimento na Escola –Ensino Fundamental (1ª a 8ª Séries):<br />
Total de Alunos:<strong>2004</strong> 527 Alunos<br />
Aprovação: 86,90%<br />
Reprovação: 9,80%<br />
Evasão: 3,30 %<br />
Alunos da Escola Participantes do <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong> x Rendimento na Escola:<br />
Total de Crianças: <strong>2004</strong> 95 Educandos<br />
Aprovados na Escola 99,0 %<br />
Reprovação 1,0 %<br />
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E.B.M. João Alfredo Rohr – Bairro Córrego Grande – Florianópolis – Santa Catarina<br />
Córrego grande - Bairro colonizado em 1700 por Açorianos que realizaram nestas terras o cultivo da cana de açúcar,<br />
mandioca e café. Nas últimas décadas sua expansão aconteceu, principalmente em função da <strong>UFSC</strong>. Fundada em 1956,<br />
homenageia o Vigário e Arqueólogo João Alfredo Rohr. Conta atualmente com 307 alunos do Ensino Fundamental, sendo<br />
que 85% são nativos do bairro e deslocam-se para a Escola e <strong>Projeto</strong> a pé ou de bicicleta, levando no percurso uma média<br />
de 5 a 20 minutos. Moram com seus familiares. A renda média familiar aproxima-se a três salários mínimos.<br />
Percentual de Rendimento na Escola –Ensino Fundamental (1ª a 8ª Séries):<br />
Total de Alunos: <strong>2004</strong> 307 Alunos<br />
Aprovação: 95,45%<br />
Reprovação: 4,22%<br />
Evasão: 0,32 %<br />
Alunos da Escola Participantes do <strong>Projeto</strong> <strong>Brinca</strong> <strong>Mané</strong> x Rendimento na Escola:<br />
Total de Crianças: <strong>2004</strong> 85 Educandos<br />
Aprovados na Escola 100,00%<br />
Reprovação 0,00%<br />
Evasão 0,00%<br />
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