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Anicler Santana Balbino. A escola aprendendo com as ... - OEI

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CATEGORIA 3<br />

TEXTO NARRATIVO DA ALUNA ANICLER SANTANA BALBINO DO COLÉGIO<br />

ESTADUAL ELEODORO ÉBANO PEREIRA, CASCAVEL-PR<br />

A ESCOLA APRENDENDO COM AS DIFERENÇAS<br />

Neste texto, pretendo narrar minha participação em um dos projetos<br />

desenvolvidos no Colégio Eleodoro, o qual se denomina, Eleodoro Dance. Antes,<br />

porém, quero dizer que sou uma aluna <strong>com</strong> deficiência visual e que desde a infância<br />

estudei em <strong>escola</strong>s <strong>com</strong>uns da rede pública de ensino.<br />

Hoje estou cursando o 2º ano do ensino médio, estudo neste colégio desde<br />

a 5ª série e minha convivência <strong>com</strong> os coleg<strong>as</strong> sempre foi muito boa. No Eleodoro<br />

existe um Centro de Atendimento Educacional Especializado na Área da Deficiência<br />

Visual (CAEDV), que tem <strong>com</strong>o um dos objetivos contribuir para a inclusão<br />

educacional, pois aqui, tenho acesso ao apoio especializado em contraturno, além<br />

do acesso a outros serviços, <strong>com</strong>o a orientação e mobilidade, a informática<br />

adaptada, etc.<br />

Sou participativa e gosto de estudar, tendo uma boa relação <strong>com</strong> meus<br />

professores. Sobre o Eleodoro Dance, sabia de sua existência, pois já havia<br />

prestigiado a apresentação de outros alunos, achando tudo muito bonito e<br />

envolvente, pois adoro músic<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> <strong>com</strong>o sou um pouco tímida para me expressar<br />

em público, somente <strong>com</strong>parecia às apresentações no auditório do colégio.<br />

Certo dia, quando estava na oitava série, minha professora de história<br />

chamada Sônia me convidou para participar do Eleodoro Dance junto <strong>com</strong> mais<br />

du<strong>as</strong> amig<strong>as</strong>. Eu me senti meio intimidada, pois, achava que não poderia dançar e<br />

me apresentar em um palco devido à cegueira, m<strong>as</strong> <strong>com</strong> muito incentivo dos meus<br />

pais, amigos e professores, aceitei o desafio.


Minha professora explicou-me os objetivos do projeto e falou sobre os<br />

benefícios para mim enquanto pessoa, a exemplo do aprendizado e<br />

desenvolvimento, tais <strong>com</strong>o da memória e da interpretação, a melhoria da<br />

autoestima, a convivência mais próxima dos integrantes do grupo, o desabrochar de<br />

nov<strong>as</strong> emoções, sensações, dentre outros.<br />

Após conversarmos, minh<strong>as</strong> amig<strong>as</strong> e minha professora escolheram a<br />

música Sonata ao Luar de Beethoven, uma música <strong>com</strong> ritmos redondos e <strong>com</strong> som<br />

de brisa leve ao fundo. Criaram uma coreografia que a<strong>com</strong>panhava o ritmo do som e<br />

<strong>com</strong> p<strong>as</strong>sos de balé.<br />

Os ensaios eram sempre tranquilos, minh<strong>as</strong> amig<strong>as</strong> me ajudavam <strong>com</strong> os<br />

p<strong>as</strong>sos. Apesar de não ter tido experiência <strong>com</strong> dança antes, não tive dificuldade,<br />

pois os p<strong>as</strong>sos e a música eram calmos e eu conseguia a<strong>com</strong>panhá-los.<br />

Apresentei-me <strong>com</strong> um vestido branco e prata, sapatilh<strong>as</strong> e mei<strong>as</strong> ros<strong>as</strong>, o<br />

cabelo feito um coque e brilho no rosto e no cabelo. Estava um pouco nervosa no<br />

dia da apresentação, imaginando os jurados e o público me observando a dançar.<br />

Quando entrei no palco e a música <strong>com</strong>eçou fiquei mais nervosa ainda, m<strong>as</strong>, <strong>com</strong> o<br />

tempo fui me acalmando. Fiquei muito contente <strong>com</strong> os aplausos, minha prima disse<br />

que chorou, e minha tia e minha mãe acharam muito bonita a nossa apresentação.<br />

Apesar de não termos ganhado o festival, gostei muito de participar, por que<br />

acredito que um troféu não é o mais importante, e sim o que você sente ao estar em<br />

um palco dançando e <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> te aplaudindo. Uma emoção que não tem <strong>com</strong>o<br />

explicar <strong>com</strong> palavr<strong>as</strong>.<br />

Acredito que todos podem realizar uma atividade <strong>com</strong>o a dança, pois, só<br />

depende da força de vontade.<br />

Participar do Eleodoro Dance contribuiu para minha formação cultural, pois<br />

estudei o significado da música e sobre o <strong>com</strong>positor da mesma. Aprendi a me<br />

expressar corporalmente e a conhecer capacidades que até então desconhecia.<br />

Ensinei aos estudantes do Eleodoro, professores, funcionários e demais<br />

participantes, a exemplo dos familiares que estiveram no evento, que a deficiência


visual não é motivo para que uma pessoa se isole e deixe de vivenciar diferentes<br />

experiênci<strong>as</strong> sociais.<br />

Minha <strong>escola</strong> aprendeu <strong>com</strong> a diferença. Aprendeu que limites estão na<br />

cabeça d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> e que é necessário quebrar preconceitos, m<strong>as</strong> os preconceitos<br />

só serão superados a partir do momento em que a própria pessoa <strong>com</strong> deficiência<br />

vencer seus medos e inseguranç<strong>as</strong>, explicitando su<strong>as</strong> potencialidades e ensinando a<br />

sociedade.<br />

Gostei muito de ter a oportunidade de participar do Eleodoro Dance e espero<br />

que esse trabalho realizado anualmente em meu colégio possa ser conhecido por<br />

outr<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> e professores. Se meu texto for selecionado, estarei contribuindo<br />

para essa divulgação!!<br />

Após a participação nesse projeto, tenho me envolvido em outr<strong>as</strong> atividades<br />

realizad<strong>as</strong> no Colégio Eleodoro, e em cada uma del<strong>as</strong>, tenho tirado muito proveito, e<br />

é claro, ensino <strong>com</strong> a diferença, diferença de ser uma pessoa cega, m<strong>as</strong> igual a todo<br />

ser humano, <strong>com</strong> sonhos, sentimentos, inteligência, capacidades e também<br />

dificuldades, <strong>com</strong>o tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> demais pesso<strong>as</strong>.

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