Maria Dalva Sarinho.pdf - Programa de Pós-Graduação em ...
Maria Dalva Sarinho.pdf - Programa de Pós-Graduação em ...
Maria Dalva Sarinho.pdf - Programa de Pós-Graduação em ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong><br />
Unida<strong>de</strong> Acadêmica <strong>de</strong> Letras<br />
<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> <strong>em</strong> Linguag<strong>em</strong> e Ensino<br />
A CANÇÃO DE EXPRESSÃO FRANCESA COMO<br />
GÊNERO DIDATIZADO PROPICIADOR DAS TROCAS<br />
INTERCULTURAIS EM AULA DE FLE<br />
Campina Gran<strong>de</strong><br />
abril <strong>de</strong> 2011<br />
<strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong>
<strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
A CANÇÃO DE EXPRESSÃO FRANCESA COMO GÊNERO<br />
DIDATIZADO PROPICIADOR DAS TROCAS INTERCULTURAIS<br />
NA AULA DE FLE<br />
Dissertação apresentada ao<br />
<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> <strong>em</strong><br />
Linguag<strong>em</strong> e Ensino (Mestrado),<br />
da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
Campina Gran<strong>de</strong>, como requisito<br />
para obtenção do Grau <strong>de</strong><br />
Mestre, na área <strong>de</strong> concentração<br />
“Ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>em</strong> Língua<br />
Estrangeira”.<br />
Orientadora: Profª. Drª. Josilene<br />
Pinheiro-Mariz
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG<br />
S245c <strong>Sarinho</strong>, <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong>.<br />
A canção <strong>de</strong> expressão francesa como gênero didatizado propiciador das trocas<br />
interculturais na aula <strong>de</strong> FLE / <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong>. ─ Campina Gran<strong>de</strong>, 2011.<br />
164 f. : il. col.<br />
Dissertação (Mestrado <strong>em</strong> Linguag<strong>em</strong> e Ensino) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
Campina Gran<strong>de</strong>, Centro <strong>de</strong> Humanida<strong>de</strong>s.<br />
Referências.<br />
Orientadora: Profª. Drª. Josilene Pinheiro-Mariz.<br />
1. Língua Estrangeira – Ensino - Aprendizag<strong>em</strong>. 2. Formação <strong>de</strong> Professores. 3.<br />
Gênero Textual. 4. Língua Francesa. 5. Canção – Abordag<strong>em</strong> Intercultural. I.<br />
Título.<br />
CDU – 81’243:37.02(043)
FOLHA DE APROVAÇÃO<br />
________________________________<br />
Prof a . Dr a . Josilene Pinheiro-Mariz - UFCG<br />
Orientadora<br />
______________________________<br />
Prof a . Dr a . <strong>Maria</strong> Angélica Oliveira - UFCG<br />
Examinadora<br />
______________________________<br />
Prof a . Dr a . Rosalina <strong>Maria</strong> Sales Chianca- UFPB<br />
Examinadora
A minha mãe, Edith, ao meu<br />
irmão David, ao meu amado<br />
filho, Neftali e, aos meus<br />
sobrinhos, Jessica, Davyane,<br />
Jessiane e David Júnior,<br />
pessoas fundamentais na<br />
minha vida.
AGRADECIMENTOS<br />
À Prof a Auxiliadora, minha gran<strong>de</strong> Mestra, pelo incentivo a cursar o mestrado.<br />
À Prof a Josilene Pinheiro-Mariz, pelas grandiosas orientações que me conduziram às<br />
reflexões sobre as intrigantes questões que encontrei respostas.<br />
À Prof a <strong>Maria</strong> Angélica, pelas gran<strong>de</strong>s contribuições dadas a esta pesquisa na<br />
qualificação e por participar da banca <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.<br />
À Prof a Rosalina Chianca, do CCHLA da UFPB, pelas valiosas contribuições dadas a<br />
este trabalho na qualificação e pela disponibilida<strong>de</strong> por participar da banca <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.<br />
À Socorro Martins, pelos momentos <strong>de</strong> repouso mental.<br />
Ao Saulo, serei s<strong>em</strong>pre grata por sua gentileza e paciência.<br />
Aos m<strong>em</strong>bros da Família Freitas, pelos momentos <strong>de</strong>scontraídos que me acalmaram<br />
com suas festanças.<br />
A meu pai, Severiano (in m<strong>em</strong>oriam) e minha mãe, Edith, pelos bons ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong><br />
força e corag<strong>em</strong> para enfrentar obstáculos e meus gran<strong>de</strong>s mestres na escola da vida.<br />
À minha tia Isaura (in m<strong>em</strong>oriam) que tanto me incentivou a fazer o mestrado.<br />
Aos colegas, Alixandra, Alyere, Andréa Vasconcelos, Carla Jeanne, Cícero,<br />
Fabyana, Joelma, Luciana Nery, Karine, Magna, Patrícia Rosas, Patrício, Thaís e<br />
Valcêmia pelos momentos que estiv<strong>em</strong>os juntos com os estudos e pelas<br />
cumplicida<strong>de</strong>s.<br />
Ao José Roberto, gran<strong>de</strong> amigo, pelos momentos que discutimos assuntos<br />
relacionados a esta pesquisa.<br />
Aos alunos, Aline, Aluska, Angélica, Brinsan, Elizama, Erica, Francisco, Francy,<br />
Guilherme, Juliane, Luisa, Nyeberth, Renaly, Rodrigo, Vanessa e Viviane.<br />
A todos os Professores e Funcionários do <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> <strong>em</strong><br />
Linguag<strong>em</strong> e Ensino da UFCG.<br />
Aos Professores, <strong>Maria</strong> do Carmo, Carmen Verônica, Kennedy e Janaína.<br />
À Prof a Denise Lino, pelos estímulos recebidos para este estudo.<br />
Ao Prof. Edmilson Rafael, pelos conhecimentos que me foram repassados sobre os<br />
gran<strong>de</strong>s teóricos da Linguística.<br />
Aos ilustres funcionários da Biblioteca Municipal <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong> pelo apoio e<br />
paciência: Ana, Ana Lígia, Lamarque, Luci, Lúcia <strong>Maria</strong>, Madalena Socorro,<br />
Marivaldo, Natália, Socorro Gurjão e Vânia.<br />
À Prof a Kátia Passos, Coor<strong>de</strong>nadora da Secretaria <strong>de</strong> Educação, Esportes e Cultura<br />
da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>, pela paciência e compreensão para eu<br />
po<strong>de</strong>r finalizar este trabalho.<br />
À Sâmia Marinho, pela disponibilida<strong>de</strong> e eficiência nas ativida<strong>de</strong>s burocráticas junto à<br />
Secretaria <strong>de</strong> Educação.
Ao Marc Piraux, pelas discussões sobre nossas pesquisas e que se relacionaram a<br />
meu estudo.<br />
À Eliana Quirino, pelos momentos que estudamos algumas teorias relacionadas a<br />
esta dissertação.<br />
Ao amigo Manassés, a qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>dico este trabalho, por todo esmero, cumplicida<strong>de</strong>,<br />
presteza e pela energia positiva ao discutirmos sobre os teóricos do intercultural.<br />
Amiza<strong>de</strong>,<br />
Com tua amiza<strong>de</strong> consigo calar<br />
a te escutar.<br />
Sinto conforto com um simples olhar.<br />
L<strong>em</strong>bro das brigas, s<strong>em</strong> me intrigar.<br />
Sei que tu sabes s<strong>em</strong> eu falar.<br />
Aprendi a rir quando só sabia chorar.<br />
E por isso quero apenas cultivar<br />
Tua amiza<strong>de</strong> que me ensinou<br />
mais do gostar...<br />
me <strong>de</strong>u um novo olhar<br />
sobre as pessoas que <strong>de</strong>vo amar.<br />
(NEFTALI, 14 anos)
RESUMO<br />
O presente trabalho propõe a canção <strong>de</strong> expressão francesa enquanto gênero<br />
didatizado como um el<strong>em</strong>ento propiciador das trocas interculturais <strong>em</strong> aula <strong>de</strong> Francês<br />
Língua Estrangeira (FLE), no âmbito da formação inicial do professor <strong>de</strong>ssa língua. Na<br />
busca por um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> que cont<strong>em</strong>ple o professor <strong>em</strong> formação,<br />
investigamos um grupo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>ntes com esse perfil e i<strong>de</strong>ntificamos as dificulda<strong>de</strong>s<br />
encontradas para tomada da consciência intercultural (CI) <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula. Neste<br />
sentido, a pesquisa t<strong>em</strong> como um dos principais objetivos contribuir para uma reflexão<br />
que conduza à tomada da CI, por meio da canção <strong>de</strong> expressão francesa durante a<br />
formação inicial do professor <strong>de</strong> FLE <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>. Também buscamos<br />
observar como o t<strong>em</strong>a do intercultural, enquanto transversal, é trabalhado <strong>em</strong> sala <strong>de</strong><br />
aula <strong>de</strong> língua francesa. A partir do observado, trabalhos com uma proposta didáticopedagógica<br />
que cont<strong>em</strong>pla uma abordag<strong>em</strong> por competências, tendo na canção <strong>de</strong><br />
expressão francesa um espaço para discussões e reflexões dos sujeitos envolvidos.<br />
Para tanto, o trabalho está centrado nos estudos <strong>de</strong> Zarate (1995; 1986) que propõ<strong>em</strong><br />
o ensino da cultura estrangeira <strong>em</strong> aula <strong>de</strong> FLE, levando-se <strong>em</strong> conta a bagag<strong>em</strong> da<br />
cultura local. Também nos apoiamos <strong>em</strong> Abdallah-Pretceille e Porcher (2001),<br />
consi<strong>de</strong>rando-se a necessida<strong>de</strong> do intercultural na formação educacional do ser<br />
humano e, <strong>em</strong> especial, no âmbito do ensino <strong>de</strong> línguas vivas. No que concerne à<br />
canção, encontramos <strong>em</strong> Costa (2007; 2001) pon<strong>de</strong>rações necessárias para<br />
propormos este gênero lítero-musical para a aula <strong>de</strong> língua estrangeira. A pesquisa<br />
vincula-se à natureza qualitativo-analítica e <strong>de</strong> base interpretativista, centrada na<br />
pesquisa-ação. Teve como instrumentos para a geração <strong>de</strong> dados: protocolo <strong>de</strong><br />
observação, questionários e gravação eletrônica (THIOLLENT, 2008) e, ainda,<br />
ativida<strong>de</strong>s com sequências didáticas (SD) para avaliar a proposta ora construída. Os<br />
participantes foram <strong>de</strong>zesseis alunos matriculados <strong>em</strong> quatro turmas da graduação <strong>em</strong><br />
Língua Francesa da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong> (UFCG). A geração<br />
dos dados foi realizada <strong>em</strong> três s<strong>em</strong>estres: 2009.2, 2010.1 e 2010.2. Os resultados<br />
aqui apresentados e discutidos estão centrados nas reflexões feitas <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula e<br />
nas respostas contidas nos questionários aplicados após as intervenções. Assim,<br />
verificamos que as ativida<strong>de</strong>s propostas <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> SD <strong>de</strong>monstraram ser eficazes<br />
para a tomada da CI naquele ambiente <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> FLE, percepção confirmada nos<br />
<strong>de</strong>poimentos relatados pelos participantes após a aplicação do questionário pós<br />
intervenções.<br />
Palavras-chave: Francês Língua Estrangeira (FLE); Abordag<strong>em</strong> Intercultural; Canção<br />
<strong>de</strong> expressão francesa; Professor <strong>em</strong> formação inicial.
RÉSUMÉ<br />
Ce travail propose la chanson d‟expression française en tant qu‟outil didactique <strong>de</strong>stiné<br />
à faciliter les échanges interculturels en classe <strong>de</strong> Français Langue Etrangère (FLE),<br />
dans la formation initiale <strong>de</strong>s enseignants en langue française. Dans la recherche d‟un<br />
modèle d‟approche pour l‟enseignant en formation, nous avons enquêté un groupe<br />
d‟apprenants avec ce profil et nous avons i<strong>de</strong>ntifié, en salle <strong>de</strong> cours, les difficultés<br />
rencontrées lors <strong>de</strong> la prise <strong>de</strong> conscience interculturelle (CI). Ainsi, la recherche ayant<br />
pour objectif principal <strong>de</strong> contribuer à une réflexion qui nous a conduit à la prise <strong>de</strong> CI à<br />
travers la chanson d‟expression française durant la formation initiale du professeur <strong>de</strong><br />
FLE <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>. Nous avons cherché aussi à observer comment le thème <strong>de</strong><br />
l‟interculturel, en tant que thème transversal, pouvait être étudié au cours <strong>de</strong> langue<br />
française. A partir d‟une analyse observatrice, nous présentons une approche<br />
didactico-pédagogique qui abor<strong>de</strong> une approche par les compétences, considérant la<br />
chanson française comme un espace <strong>de</strong> discussions et <strong>de</strong> réflexions <strong>de</strong> sujets. À cette<br />
fin, notre travail se base sur les réflexions <strong>de</strong> Zarate (1986; 1995) qui proposent<br />
l‟enseign<strong>em</strong>ent <strong>de</strong> la culture étrangère en classe <strong>de</strong> FLE, tenant compte la nécessité<br />
du bagage culturel local <strong>de</strong> la formation interculturelle. Nous nous appuyons aussi sur<br />
Abdallah-Pretceille et Porcher (2001), considérant la nécessité <strong>de</strong> l‟ interculturel dans<br />
la formation éducationnelle <strong>de</strong> l‟être humain et en particulier dans le cadre <strong>de</strong><br />
l‟enseign<strong>em</strong>ent <strong>de</strong>s langues mo<strong>de</strong>rnes. En ce qui concerne la chanson, nous avons<br />
trouvé chez Costa (2001; 2007), les supports nécessaires pour proposer ce genre <strong>de</strong><br />
littérature musicale pour la classe <strong>de</strong> langue étrangère. La recherche est liée à la<br />
nature qualitativo-analytique et <strong>de</strong> base interprétative centrée sur la recherche-action.<br />
En ayant comme outils d‟acquisition <strong>de</strong> données le protocole d‟observation, les<br />
questionnaires et l‟enregistr<strong>em</strong>ent électronique (THIOLLENT, 2008), ainsi que les<br />
activités en séquences didactiques (SD) pour évaluer la proposition ainsi construite.<br />
Les participants ont été seize étudiants répartis en quatre classes <strong>de</strong> la Licence en Ès<br />
Lettres en Langue Française à l‟Université Fédérale <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong> (UFCG). La<br />
construction <strong>de</strong> données a été réalisée au cours <strong>de</strong> trois s<strong>em</strong>estres (2ème s<strong>em</strong>estre<br />
2009, 1er s<strong>em</strong>estre 2010 e 2ème s<strong>em</strong>estre 2010). Les résultats ici présentés et<br />
discutés sont issus <strong>de</strong>s réflexions conduites en classe et <strong>de</strong>s réponses aux<br />
questionnaires appliqués après les interventions. Ainsi, nous avons validé le fait que<br />
les activités proposées sous la forme <strong>de</strong> SD ont été efficaces pour la prise <strong>de</strong> CI dans<br />
ce type d‟enseign<strong>em</strong>ent <strong>de</strong> FLE, élément confirmé par l‟analyse <strong>de</strong>s questionnaires<br />
<strong>de</strong>s participants.<br />
MOTS-CLÉ : Français Langue Étrangère (FLE); Approche Interculturelle; Chanson<br />
d‟expression française; L‟enseignant en formation initiale.
SUMMARY<br />
The present work proposes the use of French songs as a teaching genre capable of<br />
providing cultural interchanges in early FFL teaching education. Searching for an<br />
approach which can assist a training teacher, this study analyzed a group of learners<br />
with this goal and <strong>de</strong>tected some difficulties in their taking intercultural conscience (IC)<br />
in classroom. So, the primary objectives of this research are to reflect on the viability to<br />
use French songs in initial training programs of French teachers in or<strong>de</strong>r to enhance<br />
intercultural conscience (IC) taking, and to investigate the discussions of the<br />
intercultural th<strong>em</strong>e in French language classrooms. In this regard, this study presents a<br />
didactic-pedagogical proposition comprising a competence approach that relies on<br />
French songs as a source for discussions and reflections. Besi<strong>de</strong>s, it focuses on the<br />
reflections of Zarate (1995; 1986) who suggests that foreign culture be taught in FFL<br />
classrooms, consi<strong>de</strong>ring the education principles contained in the cultural aspect of<br />
mother language, and on those of Abdallah-Pretceille (2001), highlighting the<br />
importance of intercultural factor in both human beings´ education and the teaching of<br />
mo<strong>de</strong>rn languages. Concerning the adoption of songs, Costa´s i<strong>de</strong>as (2007; 2001)<br />
served to support the use of songs in FFL classrooms as a literary-musical genre<br />
capable of turning foreign language classes into a dynamic and creative environment<br />
for learning. It is an action/research-centered study with qualitative-analytical nature<br />
and interpretive foundation whose instrument to obtain data was an observation<br />
protocol, questionnaires, and electronic recording (THIOLLENT, 2008), besi<strong>de</strong>s<br />
activities in didactic sequences (DS) to estimate the proposal in or<strong>de</strong>r to achieve the<br />
objectives. The work involved 16 un<strong>de</strong>rgraduate stu<strong>de</strong>nts from four French language<br />
groups in Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campina (UFCG). The data were collected in three<br />
s<strong>em</strong>esters: 2009/2, 2010/1, and 2010/2. The results obtained and discussed focus on<br />
both discussions in classrooms and responses in the questionnaires applied after the<br />
interventions. Thus, it was observed that the DS activities suggested were effective for<br />
IC taking in FFL teaching, confirmed in the teachers´ stat<strong>em</strong>ents after the reapplication<br />
of the post-intervention questionnaire.<br />
Key words: French as foreign language (FFL); Intercultural approach; French songs;<br />
teachers in early education.
LISTA DE FIGURAS<br />
FIGURA 1: Imagens dos artistas (cantores).................................................................102
LISTA DE QUADROS<br />
QUADRO 1 – imagens contidas dos Manuais <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> FLE .............................. 51<br />
QUADRO 2 – Canções <strong>de</strong> expressão francesa, suas origens e seus subgêneros .. 63<br />
QUADRO 3 – Personalida<strong>de</strong>s citadas na canção “Touche pas à mon pote”, <strong>de</strong> Gilberto<br />
Gil ............................................................................................................................. 89<br />
QUADRO 4 – Imagens do vi<strong>de</strong>oclipe “Touche pas à mon pote”................................ 90<br />
QUADRO 5 – T<strong>em</strong>áticas implícitas nas canções ...................................................... 100
LISTA DE GRÁFICOS<br />
GRÁFICO 1 – Perfil dos participantes: número <strong>de</strong> inscritos por turma .................. 65<br />
GRÁFICO 2 – Faixa etária e nacionalida<strong>de</strong> ............................................................ 66
AI- Abordag<strong>em</strong> Intercultural<br />
CI- Consciência Intercultural<br />
DL- Documento recolhido no Local<br />
FLE- Francês Língua Estrangeira<br />
FP- Professor Formador<br />
G1- Língua Francesa I e II<br />
G2- Língua Francês III e IV<br />
G3- Língua Francês V e VI<br />
G4- Literatura Francesa II e III<br />
GE- Gravação Eletrônica<br />
GP- Grupo Piloto<br />
LE- Língua Estrangeira<br />
PFI- Professor <strong>em</strong> Formação Inicial<br />
PO- Protocolo <strong>de</strong> Observação<br />
SD- Sequência Didática<br />
SIGLAS
SINAIS UTILIZADOS NAS TRANSCRIÇÕES DAS AULAS E NOS<br />
DEPOIMENTOS DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA (MARCUSCHI, 2003,<br />
p. 11-12)<br />
Truncamento brusco: /<br />
Indicação <strong>de</strong> transcrição parcial ou <strong>de</strong> eliminação: /.../
SUMÁRIO<br />
INTRODUÇÃO .…………………………………………………………………….......16<br />
CAPÍTULO I<br />
CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE LE E A<br />
CONSCIÊNCIA INTERCULTURAL …..…………………………………………..... 23<br />
1.1. Uma visão da formação do professor <strong>de</strong> Línguas Estrangeiras ………… 23<br />
1.2. A abordag<strong>em</strong> intercultural do professor <strong>em</strong> formação inicial ……......…… 26<br />
1.3. Percepções sobre a CI <strong>em</strong> FLE: um caso ……........................................... 38<br />
CAPÍTULO II<br />
SOBRE A TOMADA DE CONSCIÊNCIA INTERCULTURAL ….......................... 46<br />
2.1. Estereótipos e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s: dois conceitos a ser<strong>em</strong> pensados conjuntamente<br />
.................................................................................................................................. 46<br />
2.2. Alterida<strong>de</strong>: outra concepção ........................................................................... 56<br />
CAPITULO III<br />
ASPECTOS METODOLÓGICOS: DO PLANEJAMENTO À EXECUÇÃO DA<br />
PESQUISA................................................................................................................. 62<br />
3.1. Natureza e contexto da pesquisa .................................................................... 64<br />
3.2. Perfil dos participantes ...................................................................................... 65<br />
3.3. Instrumentos utilizados ..................................................................................... 67<br />
3.4. Procedimentos da pesquisa ............................................................................... 69<br />
3.4.1. Experiência Piloto ............................................................................. 69<br />
3.4.2. Execução da pesquisa .............................................................................. 73<br />
3.5. Constituição do corpus e procedimentos <strong>de</strong> análise .......................................... 82<br />
CAPÍTULO IV<br />
CANÇÃO FRANCÓFONA: UMA PROPOSTA DE AI PARA AULAS DE FLE .......... 85<br />
4.1. O acolhimento das culturas na visão dos professores <strong>em</strong> formação <strong>em</strong> FLE do<br />
Curso <strong>de</strong> Letras da UFCG ..............................................................................… 85
4.2. As origens e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural no âmbito do FLE: outros aspectos do<br />
Intercultural ..................................................................................................... 93<br />
4.3. Imagens estereotipadas da cultura materna e da cultura do outro .......... 100<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 108<br />
REFERÊNCIAS ....... ............................................................................................... 111<br />
APÊNDICE A – Questionário para professores <strong>de</strong> francês língua estrangeira (FLE)<br />
APÊNDICE B – Questionário para os professores <strong>em</strong> formação <strong>de</strong> FLE<br />
APÊNDICE C – Sequência Didática – Grupo Piloto (GP)<br />
APÊNDICE D – Sequência Didática – 1 a intervenção (G1 E G2)<br />
APÊNDICE E – Sequência Didática – 1 a intervenção (G4)<br />
APÊNDICE F – Sequência Didática – 2 a intervenção (G1 E G2)<br />
APÊNDICE G – Sequência Didática – 2 a intervenção (G3)<br />
APÊNDICE H – Sequência Didática – 2 a intervenção (G4)<br />
APÊNDICE I – Questionário pós-abordag<strong>em</strong><br />
APÊNDICE J – Sequência Didática – 3 a intervenção (G1 E G2)<br />
APÊNDICE K – Sequência Didática – 3 a intervenção (G3)<br />
APÊNDICE L – Sequência Didática – 3 a intervenção (G4)<br />
APÊNDICE M – Questionário pós 3 a intervenção<br />
ANEXO A – Canções<br />
ANEXO B – Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido<br />
ANEXO C – CD: material audiovisual das canções e questionários respondidos
INTRODUÇÃO<br />
Trabalhar os aspectos da cultura estrangeira <strong>de</strong>manda atenção por parte do<br />
professor que ensina a língua estrangeira (LE). Daí, a formação inicial do professor <strong>de</strong><br />
LE encontrar-se no bojo dos <strong>de</strong>bates e preocupações. Um dos fatores capitais que<br />
motivam este <strong>de</strong>bate é a questão: como ensinar a língua-cultura estrangeira s<strong>em</strong><br />
apresentá-la como supervalorizada ou <strong>de</strong>smerecida <strong>em</strong> paralelo com aquela do<br />
apren<strong>de</strong>nte? Como auxiliar o apren<strong>de</strong>nte da LE a perceber aspectos na sua própria<br />
cultura que favorec<strong>em</strong> a compreensão da cultura do Outro? De que maneira o<br />
professor po<strong>de</strong> trabalhar os aspectos do intercultural <strong>de</strong> modo a estabelecer um<br />
ambiente <strong>de</strong> respeito e quebra <strong>de</strong> barreiras na sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> LE?<br />
Particularizando o francês língua estrangeira (FLE), é possível realizar uma<br />
abordag<strong>em</strong> vinculada ao ensino baseada no intercultural, visto que os estudos<br />
interculturais buscam promover a interação, o respeito ao Outro, as trocas entre<br />
culturas e a quebra <strong>de</strong> barreiras. Tudo isso po<strong>de</strong> ser realizado <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, pois<br />
ela parece ser um ambiente propício para este tipo <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong>, consi<strong>de</strong>rando-se<br />
que inúmeras culturas estarão <strong>em</strong> constante diálogo (ABDALLAH-PRETCEILLE e<br />
PORCHER, 2001).<br />
Hoje, o perfil da formação do professor <strong>de</strong> FLE parece dar lugar ao ensino que<br />
valoriza a cultura dos outros povos <strong>de</strong> língua francesa. Essa formação <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser<br />
pautada nas questões <strong>de</strong> língua <strong>de</strong>svinculada da cultura e o professor passa a ser um<br />
sujeito que percebe que as relações entre a língua e a cultura se dão a partir <strong>de</strong> um<br />
ensino que consi<strong>de</strong>re as trocas entre as culturas dos apren<strong>de</strong>ntes, a sua cultura – do<br />
professor sujeito portador <strong>de</strong> culturas – e aquelas da língua estrangeira veiculada por<br />
estudos com gêneros textuais. Assim, é possível que esse professor possa tornar-se
um sujeito consciente da importância do intercultural e isso, parece conduzir os<br />
apren<strong>de</strong>ntes a perceber<strong>em</strong> que a língua-cultura materna t<strong>em</strong> a mesma relevância da<br />
língua-cultura do Outro, enten<strong>de</strong>ndo que o ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma língua não se<br />
vincula apenas a uma cultura, mas às trocas entre outras culturas. Esse professor,<br />
consciente da noção <strong>de</strong> que a língua e a cultura caminham <strong>em</strong> paralelo, po<strong>de</strong><br />
perceber também que a língua francesa não está vinculada unicamente à língua-<br />
cultura do país França, mas à língua <strong>de</strong> comunicação que une pessoas <strong>de</strong> outras<br />
línguas-culturas (LE BRIS e ROUAD, 2007).<br />
Consi<strong>de</strong>rando esse professor um sujeito reflexivo sobre o que é ensinar e<br />
apren<strong>de</strong>r uma língua estrangeira, ele parece compreen<strong>de</strong>r como se dão as relações<br />
entre o mundo da língua-cultura materna e o mundo da língua-cultura estrangeira,<br />
percebendo, ainda, que cada uma das culturas apresenta diferenças inerentes ao seu<br />
contexto sócio-histórico-cultural. Esta percepção faz-se necessária para o estudo <strong>de</strong><br />
línguas, uma vez que o professor <strong>de</strong>ve propiciar o exercício da alterida<strong>de</strong> quando<br />
perceber que o mundo da cultura estrangeira t<strong>em</strong> uma cultura tão valiosa quanto a sua<br />
(CUQ, Org., 2003).<br />
Nessa conjuntura, tendo como base as orientações dos documentos oficiais<br />
(OCN, 2006; CECRL, 2001; PCN, 2000) buscamos propor ativida<strong>de</strong>s que promov<strong>em</strong> o<br />
ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma LE, especificamente, do FLE <strong>em</strong> contexto comunicativo,<br />
atentando especialmente para a formação inicial do professor <strong>de</strong> FLE, sensibilizado<br />
com a necessida<strong>de</strong> da tomada da consciência intercultural <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula. Desta<br />
forma, enten<strong>de</strong>mos a canção como um gênero textual que po<strong>de</strong> ser didatizado <strong>em</strong><br />
sala <strong>de</strong> aula mediante uma metodologia que leva <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o trabalho com as<br />
linguagens verbal, musical e lítero-musical, típicas <strong>de</strong>ste gênero. Por esta razão,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos que a canção no contexto escolar po<strong>de</strong> ser um recurso que instiga a<br />
aprendizag<strong>em</strong> da língua-cultura estrangeira.
No que concerne à escolha da canção <strong>de</strong> língua <strong>de</strong> expressão francesa,<br />
enquanto suporte didático para abordag<strong>em</strong> do intercultural, centramos na seguinte<br />
questão-probl<strong>em</strong>a: os futuros professores que estão <strong>em</strong> formação inicial <strong>em</strong> FLE<br />
encontram dificulda<strong>de</strong>s no seu processo <strong>de</strong> formação sobre a tomada da consciência<br />
intercultural (CI) que lhe é repassado <strong>de</strong> forma dissociada daquela proposta pelo<br />
ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> FLE atual? Com essa pon<strong>de</strong>ração, a nossa proposta<br />
preten<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar as principais dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> FLE <strong>em</strong> formação<br />
inicial, graduandos, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong> no que diz respeito à<br />
Abordag<strong>em</strong> Intercultural (AI).<br />
Para isso, primeiramente, fiz<strong>em</strong>os uma consulta junto a um grupo <strong>de</strong> 16<br />
estudantes, por meio <strong>de</strong> questionário com perguntas s<strong>em</strong>iestruturadas para<br />
confirmarmos nossa hipótese/ questão <strong>de</strong> pesquisa. Diante dos seus resultados,<br />
buscamos elaborar uma proposta com sequências didáticas, utilizando o instrumento<br />
(respostas do questionário) e também a canção <strong>de</strong> expressão francesa como um<br />
gênero que po<strong>de</strong> ser didatizado, para i<strong>de</strong>ntificarmos possíveis procedimentos para um<br />
trabalho <strong>em</strong> aula <strong>de</strong> FLE que promova o intercultural. Enten<strong>de</strong>mos por gênero<br />
didatizado o que transcen<strong>de</strong> a sua função original <strong>de</strong> gênero canção, para o <strong>de</strong>leite do<br />
ouvinte, passando a ser um gênero textual-discursivo que po<strong>de</strong> ser estudado,<br />
consi<strong>de</strong>rando três pólos: a metodologia do professor, o que será ensinado e o saber a<br />
ser transmitido na sala <strong>de</strong> aula a respeito da canção <strong>em</strong> foco (BRONCKART E GIGER,<br />
1998).<br />
Quanto à nossa escolha pelas canções Mon pays, On a changé, Un homme<br />
sans racines e Touche pas à mon pote, procuramos, também, conduzir o grupo <strong>de</strong><br />
participantes a uma visão mais diversificada da canção cantada <strong>em</strong> língua francesa,<br />
saindo da “tradicional” música francesa.<br />
Dessa forma o objetivo geral da pesquisa é contribuir para a tomada da<br />
consciência intercultural do professor <strong>de</strong> FLE <strong>em</strong> formação inicial, utilizando-se, para
isto, a canção <strong>de</strong> expressão francesa. No que se refere aos objetivos específicos,<br />
<strong>de</strong>stacamos: i<strong>de</strong>ntificar como é abordado o intercultural, <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, na formação<br />
inicial <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> FLE da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>; levar os professores <strong>em</strong><br />
formação inicial a uma reflexão sobre a canção <strong>de</strong> expressão francesa enquanto canal<br />
<strong>de</strong> cultura para a tomada da consciência intercultural e verificar se as ativida<strong>de</strong>s<br />
propostas, <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> sequências didáticas, são eficazes para a tomada da<br />
consciência intercultural no âmbito do ensino <strong>de</strong> FLE.<br />
Diante do objeto <strong>de</strong> estudo e dos objetivos a alcançar, as suposições do<br />
referido estudo e a geração dos dados levam-nos a enten<strong>de</strong>r que, <strong>em</strong> se tratando da<br />
consciência intercultural, a canção <strong>de</strong> expressão francesa po<strong>de</strong> contribui para que se<br />
verifiqu<strong>em</strong> as noções sobre o intercultural na formação inicial do professor <strong>de</strong> FLE.<br />
O presente trabalho t<strong>em</strong> como base os estudos feitos sobre formação <strong>de</strong><br />
professor da área <strong>de</strong> Língua Estrangeira (LE) à luz das teorias da Linguística Aplicada<br />
(LA) e áreas afins e a partir dos estudiosos como: Coracini (2003), Moita Lopes e<br />
Kleiman (2001). Para os estudos com a abordag<strong>em</strong> intercultural (AI), t<strong>em</strong>os <strong>em</strong><br />
Abdallah-Pretceille e Porcher (2001), De Carlo (1998) e Zarate (1995) os principais<br />
aportes teóricos. No que concerne ao ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> línguas estrangeiras,<br />
encontramos nos OCN (2006), CECRL – Cadre Européen Commun <strong>de</strong> Référence pour<br />
les Langues (2001) e PCN (2000) os principais direcionamentos para as nossas<br />
discussões e, sobre o gênero canção t<strong>em</strong>os as contribuições <strong>de</strong> Costa (2007; 2001).<br />
Diante do exposto e tentando respon<strong>de</strong>r à nossa questão <strong>de</strong> pesquisa, parece<br />
que a canção <strong>de</strong> expressão francesa po<strong>de</strong> colaborar para a investigação e para a<br />
tomada da consciência intercultural <strong>em</strong> aulas <strong>de</strong> francês no contexto <strong>de</strong> professores<br />
<strong>em</strong> formação inicial, enquanto apren<strong>de</strong>ntes <strong>em</strong> FLE.<br />
O presente estudo está organizado nos seguintes tópicos: esta introdução,<br />
quatro capítulos e consi<strong>de</strong>rações finais. No primeiro, discutir<strong>em</strong>os inicialmente alguns<br />
aspectos relevantes à formação inicial do professor <strong>de</strong> LE e, <strong>de</strong> modo particular, à
formação do professor <strong>de</strong> FLE. Em seguida, apresentar<strong>em</strong>os uma análise acerca da<br />
concepção dos professores <strong>em</strong> formação inicial, participantes da pesquisa, sobre a<br />
abordag<strong>em</strong> intercultural 1 e a Consciência Intercultural. Esta última, <strong>de</strong>finimos como<br />
sendo os atores sociais no processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong> da língua-cultura<br />
estrangeira que po<strong>de</strong>m se dar conta <strong>de</strong> que a língua-cultura local (materna) t<strong>em</strong> a<br />
mesma relevância da língua-cultura do Outro (estrangeira) (tópico 1.2: “A perspectiva<br />
intercultural do professor <strong>em</strong> formação inicial”).<br />
No segundo capítulo, apresentar<strong>em</strong>os conceitos relacionados à Consciência<br />
Intercultural. Nesse momento, discutir<strong>em</strong>os aspectos tais como: estereótipos,<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e alterida<strong>de</strong> – levando-se s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> conta o ambiente <strong>em</strong> contexto<br />
comunicativo no qual se situa a presente pesquisa. Apresentar<strong>em</strong>os, ainda, a tomada<br />
da Consciência Intercultural, consi<strong>de</strong>rando que ela ocorre por meio das trocas<br />
interculturais – quando os atores sociais se dão conta <strong>de</strong> que há o encontro das<br />
culturas dos apren<strong>de</strong>ntes, do professor enquanto formador e da língua-cultura, no<br />
evento da sala <strong>de</strong> aula –, o que po<strong>de</strong> ser um el<strong>em</strong>ento conveniente para a abordag<strong>em</strong><br />
dos estudos interculturais.<br />
No terceiro capítulo, <strong>de</strong>screver<strong>em</strong>os as etapas metodológicas percorridas <strong>em</strong><br />
nossa pesquisa: a natureza da pesquisa, o critério <strong>de</strong> seleção das canções, o perfil<br />
dos participantes, os instrumentos utilizados, os procedimentos da experiência piloto e<br />
da pesquisa-ação, a constituição do corpus e os procedimentos <strong>de</strong> categorização e<br />
análise <strong>de</strong> dados.<br />
No quarto capítulo, discutir<strong>em</strong>os os resultados obtidos após ativida<strong>de</strong>s<br />
propostas para a abordag<strong>em</strong> do intercultural <strong>em</strong> aulas <strong>de</strong> FLE. Os resultados ora<br />
apresentados são fruto <strong>de</strong> três intervenções feitas <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula e <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong><br />
1 A abordag<strong>em</strong> intercultural é compreendida como sendo uma abordag<strong>em</strong> via culturas (tópico<br />
1.1: “Uma visão da formação do professor <strong>de</strong> Línguas Estrangeiras”).
dois questionários, nos quais buscamos confirmar os dados gerados quando das<br />
intervenções a partir das Sequências Didáticas.<br />
Para finalizar a dissertação traz<strong>em</strong>os as consi<strong>de</strong>rações que evi<strong>de</strong>nciam o<br />
r<strong>em</strong>ate do trabalho realizado, levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração os objetivos, a questão <strong>de</strong><br />
pesquisa e o objeto <strong>de</strong> estudo assumidos neste trabalho.
CAPÍTULO I
1. CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE LE<br />
E A CONSCIÊNCIA INTERCULTURAL<br />
Intentamos, neste capítulo, i<strong>de</strong>ntificar como é abordado o intercultural <strong>em</strong> sala<br />
<strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>.<br />
1.1. Uma visão da formação do professor <strong>de</strong> Línguas Estrangeiras<br />
A formação do professor t<strong>em</strong> suscitado discussões tanto na área da Educação<br />
quanto da Linguística Aplicada. Os estudos indicam abordagens feitas sobre<br />
profissionalização, saberes docentes, práticas discursivas acadêmicas, interação<br />
professor-aluno, formação inicial e continuada e abordagens acerca da prática<br />
pedagógica, das crenças e das inquietações <strong>em</strong> contexto <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> (TARDIF e<br />
LESSARD, 2005; CASTRO e CARVALHO, 2002; KLEIMAN, 2001a; 2001b; 1998).<br />
Quando se trata da formação do professor <strong>de</strong> línguas, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir<br />
parece ainda mais intensa, <strong>em</strong> especial, no caso das línguas estrangeiras (LE), uma<br />
vez que os estudos a respeito da formação têm se voltado para os probl<strong>em</strong>as no<br />
entorno da sala <strong>de</strong> aula envolvendo professor e apren<strong>de</strong>ntes (CORACINI, 2003).<br />
Certamente, não nos cabe fazer um estudo aprofundado a respeito <strong>de</strong> cada<br />
uma <strong>de</strong>ssas abordagens. No entanto, nos compete trazer para a discussão a formação<br />
inicial do professor <strong>de</strong> LE sob duas perspectivas: uma visão dogmática e a outra<br />
reflexiva. Enten<strong>de</strong>mos que estas duas nos dão apoio ao tratarmos da formação do<br />
professor <strong>de</strong> FLE, na abordag<strong>em</strong> intercultural. Elas marcam duas épocas da história<br />
da formação do professor; e mais, cada uma traz contribuições para o momento<br />
quando precisamos tomar um posicionamento a respeito do que cada visão trouxe, no<br />
sentido <strong>de</strong> levar o professor a tornar-se um profissional com uma visão mais aberta a<br />
respeito <strong>de</strong> sua formação.
A primeira perspectiva, a dogmática, nos leva a compreensão <strong>de</strong> que a<br />
formação se pautava na “utilização <strong>de</strong> técnicas, típicas <strong>de</strong> métodos específicos <strong>de</strong><br />
ensino, s<strong>em</strong> que lhe seja dado conhecimento <strong>de</strong> natureza teórica sobre a linguag<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> uso na sala <strong>de</strong> aula e fora <strong>de</strong>la” (MOITA LOPES, 2003, p. 180). Nesta concepção,<br />
os professores <strong>em</strong> formação inicial eram instruídos a ensinar uma língua <strong>de</strong> acordo<br />
com a visão dos manuais <strong>de</strong> ensino e com a visão do professor formador, pois o<br />
conhecimento que era repassado por este último parecia ser incorporado pelo<br />
professor <strong>em</strong> formação como algo acabado. Como também o professor passava a ser<br />
o executor das propostas dos métodos <strong>de</strong>senvolvidos para ensinar a língua, por<br />
pesquisadores que, por vezes, <strong>de</strong>sconheciam a realida<strong>de</strong> da sala <strong>de</strong> aula, levando o<br />
jov<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>nte a tornar-se, possivelmente, um profissional que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre faria<br />
reflexões críticas sobre o seu próprio trabalho na sala <strong>de</strong> aula.<br />
Nessa visão dogmática, o acabado significava não refletir sobre a língua <strong>em</strong><br />
seus contextos específicos <strong>de</strong> uso, ou seja, a língua era ensinada sob forma <strong>de</strong><br />
repetição. Deste modo, a formação do professor passava a se pautar <strong>em</strong> dogmas,<br />
melhor dizendo, <strong>em</strong> certos modismos sobre o ensinar línguas (MOITA LOPES, op.cit.).<br />
Ora, nas décadas <strong>de</strong> 1970 e 1980 os estudos se mostravam ainda insipientes<br />
sobre a formação do professor, uma vez que a atenção estava centralizada na<br />
capacitação técnica e na profissionalização <strong>em</strong> serviço (KLEIMAN, 1998). Nitidamente<br />
vê-se que a relação que havia com a Linguística, se configurava <strong>em</strong> uma espécie <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pendência da ciência-mãe que levava <strong>em</strong> conta certo tipo <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, uma<br />
influência que parecia negativa para o futuro da atuação na formação <strong>de</strong> professores<br />
(RAJAGOPALAN, 2008).<br />
Com o objetivo <strong>de</strong> quebrar esse paradigma, surge a segunda visão, por volta<br />
<strong>de</strong> 1990, que são os estudos da visão reflexiva, cuja ênfase estava centrada na i<strong>de</strong>ia<br />
da participação do professor na elaboração do conhecimento, pois ao professor não
era dada mais a função <strong>de</strong> executor <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias concebidas por outros, mas, <strong>de</strong><br />
participante do processo, <strong>em</strong> que a formação se centrava na construção do<br />
conhecimento (KLEIMAN, 2001b).<br />
Assim, as discussões sobre a formação, nessa visão da reflexão, focalizam a<br />
concepção <strong>de</strong> sujeito e <strong>de</strong> conhecimento. Segundo esta perspectiva, é possível<br />
acionar os conhecimentos recebidos, pois “é no seu local <strong>de</strong> trabalho que o professor<br />
terá a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vivenciar a relação teoria-prática, transformando os saberes<br />
trabalhados no curso <strong>de</strong> formação” (KLEIMAN, op.cit. p, 257). No nosso ponto <strong>de</strong><br />
vista, isto significa que o professor vai observar as necessida<strong>de</strong>s que os apren<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong>monstram durante o ensino-aprendizag<strong>em</strong> da língua.<br />
Consi<strong>de</strong>rando tal pensamento, Coracini (2003) pon<strong>de</strong>ra que:<br />
Alguém que assume uma atitu<strong>de</strong> reflexiva pressupõe a crença num sujeito<br />
logocêntrico (centrado na razão) e, portanto, consciente, capaz, ao menos<br />
i<strong>de</strong>almente, <strong>de</strong> controlar seu próprio processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>. [....] Em<br />
torno <strong>de</strong>ssa concepção giram termos como autonomia, <strong>em</strong>ancipação,<br />
pensamento (ou pensar), criticida<strong>de</strong>, conscientização (CORACINI, 2003,<br />
p.307).<br />
Ao que nos parece, a formação se centra na necessida<strong>de</strong> do apren<strong>de</strong>nte, ou<br />
seja, visa conscientizar o professor <strong>de</strong> que ele é um formador <strong>de</strong> cidadãos e estes<br />
precisam ser mais críticos e mais questionadores. Dessa maneira, e tomando essa<br />
consciência, o professor po<strong>de</strong> refletir sobre as necessida<strong>de</strong>s dos apren<strong>de</strong>ntes, como<br />
também fazer um julgamento crítico a fim <strong>de</strong> contornar uma situação-probl<strong>em</strong>a que se<br />
apresenta na sala <strong>de</strong> aula (CORACINI, op.cit.).<br />
Consi<strong>de</strong>rando as perspectivas dogmática e reflexiva, aqui expostas,<br />
perceb<strong>em</strong>os que a primeira se distancia um pouco do sentido da formação <strong>de</strong><br />
professor <strong>de</strong> LE, uma vez que ensinar a língua fora <strong>de</strong> seu contexto sócio-histórico-<br />
cultural, parece dificultar o apren<strong>de</strong>r e o ensinar a língua, visto que os sujeitos<br />
envolvidos apresentam suas culturas. Mesmo assim, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar que<br />
a primeira visão, dogmática, trouxe contribuições para outras perspectivas que
possivelmente permitiram orientar professores e outros profissionais. A segunda, a<br />
reflexiva parece leva o professor a perceber que o ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma<br />
língua <strong>de</strong>manda aspectos sociais, culturais, históricos, entre outros.<br />
Consi<strong>de</strong>rando o já mencionado sobre as duas visões, passar<strong>em</strong>os à proposta<br />
da formação na abordag<strong>em</strong> intercultural 2 . Esta proposta permite conduzir os<br />
professores <strong>em</strong> formação inicial a enten<strong>de</strong>r<strong>em</strong> que permanecer com uma visão<br />
fechada sobre o ensino-aprendizag<strong>em</strong> não é satisfatória para compreen<strong>de</strong>r sua<br />
formação, porém não significa que carece <strong>de</strong>smerecê-la por completo.<br />
Na abordag<strong>em</strong> intercultural, é necessário consi<strong>de</strong>rar os estudos anteriormente<br />
feitos, pelo fato <strong>de</strong> ser uma proposta que suscita verda<strong>de</strong>ira solidarieda<strong>de</strong>, segundo as<br />
visões <strong>de</strong> alguns teóricos. As abordagens atuais se apoiam, nos conhecimentos<br />
anteriormente recebidos, pois eles po<strong>de</strong>m nos conduzir a refletir sobre que tipo <strong>de</strong><br />
abordag<strong>em</strong> é relevante para o ensino. No entanto, é preciso repensar o ensinar a<br />
língua <strong>em</strong> co-relação com a cultura, uma vez que esta última é um dos principais<br />
propósitos da abordag<strong>em</strong> intercultural (MANAA, 2009).<br />
Na nossa concepção o exposto traz contribuições significativas para as nossas<br />
próximas reflexões “A abordag<strong>em</strong> intercultural do professor <strong>em</strong> formação inicial” que<br />
parece discutir dois conceitos-chave acerca <strong>de</strong> como se dão as trocas interculturais e<br />
que contribuições foram dadas para tal formação.<br />
1.2. A abordag<strong>em</strong> intercultural do professor <strong>em</strong> formação inicial<br />
Ao tomarmos por referência os primeiros estudos da Linguística Aplicada e da<br />
Linguística, verificamos que a formação do professor <strong>de</strong> línguas era baseada nos<br />
2 interculturel implique nécessair<strong>em</strong>ent, [...] interaction, échange, élimination <strong>de</strong>s barrières,<br />
réciprocité et véritable solidarité (DE CARLO, 1998, p.41). Tradução: Intercultural implica,<br />
necessariamente, interação, troca, eliminação <strong>de</strong> barreiras, reciprocida<strong>de</strong> e verda<strong>de</strong>ira<br />
solidarieda<strong>de</strong> (DE CARLO, 1998, p.41) [as traduções contidas nesta dissertação são <strong>de</strong> nossa<br />
responsabilida<strong>de</strong>].
conhecimentos teorizados no ensino, especificamente <strong>de</strong> língua francesa, na forma<br />
<strong>de</strong>svinculada do seu contexto sócio-histórico-cultural, momento no qual se abordava a<br />
cultura prevalecendo apenas os ícones culturais da França, fato que nos incita a<br />
enten<strong>de</strong>r que os conhecimentos repassados <strong>de</strong>stacavam, unicamente, aspectos da<br />
cultura, da história, da língua, todos voltados para a realida<strong>de</strong> da França (MEYER,<br />
2010).<br />
Enten<strong>de</strong>mos, assim, que o professor <strong>em</strong> formação necessita buscar outras<br />
concepções da realida<strong>de</strong> estrangeira <strong>em</strong> língua francesa, como também precisa refletir<br />
sobre a sua formação consi<strong>de</strong>rando o contexto no qual está inserido, uma vez que ele<br />
ocupa uma posição estratégica entre o s<strong>em</strong>elhante e o diferente, o interior e o exterior,<br />
o distante e o próximo (ZARATE, 1995). Em outras palavras, o professor <strong>de</strong>ve<br />
promover o ensino da língua-cultura consi<strong>de</strong>rando o seu contexto sócio-histórico-<br />
cultural.<br />
Convém ressaltar que a formação inicial do professor <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser aquela<br />
voltada para as questões <strong>de</strong> língua <strong>de</strong>svinculadas da cultura. Aqui, compreen<strong>de</strong>mos<br />
por cultura, baseada no conceito <strong>de</strong> Geertz, (1989, p. 4) como sendo – “o hom<strong>em</strong> um<br />
animal amarrado a teias <strong>de</strong> significados que ele mesmo teceu” - passando a ser<br />
aquela <strong>em</strong> que o professor é um sujeito que faz reflexões sobre o ensino. Isso implica<br />
na tomada <strong>de</strong> consciência, por parte do professor, <strong>de</strong> que a aprendizag<strong>em</strong> da língua-<br />
cultura está perpetuada às concepções dos apren<strong>de</strong>ntes com suas culturas e dos<br />
falantes com as culturas da língua alvo (LE BRIS E ROUAUD, 2007).<br />
Além disso, o professor precisa fundamentar-se <strong>em</strong> uma abordag<strong>em</strong> que lhe dá<br />
suporte para perceber as diversas culturas da língua e as culturas <strong>de</strong> seus falantes e<br />
po<strong>de</strong> realizar ativida<strong>de</strong>s didático-pedagógicas que auxiliam na aprendizag<strong>em</strong> da língua<br />
estrangeira <strong>de</strong> seus apren<strong>de</strong>ntes, no sentido <strong>de</strong> conduzi-los a tomada da consciência<br />
intercultural. (OCN, 2006; CECRL, 2001; PCN, 2000).
Levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a discussão sobre a formação do professor, os<br />
estudos voltados para o intercultural nos passam uma i<strong>de</strong>ia que não se trata <strong>de</strong> uma<br />
abordag<strong>em</strong> recente. A abordag<strong>em</strong> intercultural é consi<strong>de</strong>rada um <strong>de</strong>safio para o<br />
ensino das línguas estrangeiras, vista por outros estudiosos como um mito e um<br />
perigo para a redução da cultura escolar (CUQ, 2003).<br />
O fato é que não se levava <strong>em</strong> conta o intercultural como uma perspectiva<br />
centrada <strong>em</strong> via <strong>de</strong> mão dupla, ou seja, não eram consi<strong>de</strong>radas as relações entre<br />
culturas. Ao que nos parece, os estudiosos <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>raram o sentido do prefixo -<br />
inter, que t<strong>em</strong> por significado, interação, trocas, quebra <strong>de</strong> barreiras, mudança <strong>de</strong><br />
concepção, reciprocida<strong>de</strong> e, possivelmente, solidarieda<strong>de</strong> objetiva (CHIANCA, 2007).<br />
O entrave se dava, a nosso ver, porque os estudiosos se prendiam a uma<br />
concepção rígida, <strong>em</strong> uma época na qual a escola parecia conce<strong>de</strong>r aos apren<strong>de</strong>ntes<br />
uma cultura, com base no etnocentrismo, na justaposição <strong>de</strong> culturas, uma vez que<br />
não havia uma comunicação entre as culturas trazidas pelos sujeitos que vinham à<br />
escola (DE CARLO, 1998). De certa forma, existia um apagamento aparente das<br />
culturas com relação às diferenças individuais. De fato, enten<strong>de</strong>mos o significado do<br />
apagamento, pois se tratava <strong>de</strong> não reconhecer as culturas que os apren<strong>de</strong>ntes<br />
levavam para a sala <strong>de</strong> aula <strong>em</strong> consonância com as culturas da língua estrangeira.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista dos estudiosos do intercultural, o sist<strong>em</strong>a escolar oficial,<br />
diante da massificação, tornava-se um espaço <strong>de</strong> vivência mais sensível aos<br />
probl<strong>em</strong>as educativos dos apren<strong>de</strong>ntes vindos <strong>de</strong> outras nacionalida<strong>de</strong>s. Em virtu<strong>de</strong><br />
disso, não tinha mais como fazer economia <strong>de</strong> culturas diversificadas presentes no<br />
seio da escola (CUQ,Org., op.cit.). Assim sendo, compreen<strong>de</strong>mos que os estudos,<br />
com a visão da justaposição e rigi<strong>de</strong>z, também não <strong>de</strong>ram conta, visto que esta visão<br />
não se constituía <strong>em</strong> uma solução para o funcionamento social. Devido a isso, a<br />
abordag<strong>em</strong> do intercultural (doravante AI) atraiu seguidores e, estes por sua vez se
apoiam no conceito dado ao “intercultural, [que] <strong>de</strong> fato, supõe a troca entre as<br />
diferentes culturas, a articulação, as conexões, os enriquecimentos mútuos” (CUQ,<br />
Org.,op.cit., p. 136) 3 .<br />
A concepção <strong>de</strong> AI por nós <strong>de</strong>fendida é a <strong>de</strong> que o contato efetivo com as<br />
culturas diversificadas constitui uma referência para cada sujeito, pois cada um<br />
encontra um supl<strong>em</strong>ento para sua própria cultura, ou seja, é possível o sujeito<br />
perceber que a sua cultura t<strong>em</strong> a mesma relevância da cultura do Outro. Isso só será<br />
percebido <strong>em</strong> contato com os outros sujeitos <strong>de</strong> outras culturas.<br />
A partir <strong>de</strong>sse posicionamento, enten<strong>de</strong>mos que os estudos sobre o<br />
intercultural ultrapassam as fronteiras, surgindo o interesse <strong>de</strong> outras ciências pela AI,<br />
como é o caso da didática das línguas e das culturas estrangeiras. Há, <strong>de</strong> fato, uma<br />
apropriação sobre o princípio fundamental <strong>de</strong> que as culturas são iguais <strong>em</strong> dignida<strong>de</strong><br />
e, sob o plano ético, elas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser tratadas com respeito mútuo (CUQ, Org.,op.cit.).<br />
Consoante Abdallah-Pretceille e Porcher (2001, p. 8), o intercultural <strong>de</strong>fine-se<br />
pelo “princípio forte e simples, já dito: o Outro é ao mesmo t<strong>em</strong>po idêntico a mim e<br />
diferente <strong>de</strong> mim”. Faltando um <strong>de</strong>stes termos, encontramos inevitavelmente o<br />
cogitado para um ensino <strong>de</strong> exclusão ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>smerecimento. Neste sentido, o<br />
intercultural, ainda, se pauta no sujeito como um indivíduo que traz uma cultura, não<br />
importando como ela seja <strong>de</strong>finida, pois é o “sujeito qu<strong>em</strong> a vive, a incorpora, a traz<br />
consigo e a torna viva” (ABDALLAH-PRETCEILLE e PORCHER, op. cit. p. 57).<br />
Dessa forma, é possível compreen<strong>de</strong>r porque a AI inspirou pesquisas pelo<br />
mundo, como na França, nos Estados Unidos e também na Grã-Bretanha.<br />
Pesquisadores <strong>de</strong>stes países se apoiaram nos estudos interculturais para a integração<br />
<strong>de</strong> populações <strong>de</strong> toda a Europa e <strong>de</strong> outros países do mundo, fundamentados nas<br />
pluriculturas (BEACCO, 2000). Além disso, <strong>em</strong> um segundo momento, as áreas da<br />
3 “l‟interculturel en effet, suppose l‟échange entre les différentes cultures, l‟articulation, les<br />
connexions, les enrichiss<strong>em</strong>ents mutuels” (CUQ, Org., 2003, p. 136).
antropologia, sociologia, psicologia social, história e s<strong>em</strong>iologia fizeram estudos<br />
baseados <strong>em</strong> tal abordag<strong>em</strong> (DE CARLO, 1998).<br />
No caso da LE, os estudos da AI confirmam como sendo uma alternativa<br />
favorável para o ensino. Nesses termos, precisamos consi<strong>de</strong>rar que a abordag<strong>em</strong><br />
intercultural t<strong>em</strong> sido uma alternativa metodológica que possivelmente ajuda o<br />
professor a perceber que os sujeitos envolvidos no ensino são parte relevante do<br />
processo, como discute Chianca (op. cit.).<br />
A perspectiva intercultural representa para nós uma alternativa<br />
metodológica interessante e rica <strong>em</strong> potencialida<strong>de</strong>s educativas, visto que<br />
coloca o „sujeito‟ no centro <strong>de</strong> suas preocupações e <strong>de</strong> sua pesquisa, e que<br />
ela o consi<strong>de</strong>ra como parte do „todo‟ no qual ele está inserido, isto é, a<br />
família, a escola e os outros subgrupos (subsist<strong>em</strong>as) nos quais ele evolui<br />
(CHIANCA, 2007, p. 39) 4 .<br />
Compreen<strong>de</strong>mos por essa citação, que a perspectiva intercultural (<strong>de</strong>finida<br />
neste trabalho por AI) parece conduzir o professor a perceber que no seio da sala <strong>de</strong><br />
aula os apren<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados como sujeitos multidimensionais que<br />
através das práticas linguageiras <strong>de</strong>nunciam dimensões <strong>de</strong> experiências, histórica,<br />
religiosa, cultural, social, escolar, enfim sujeitos, então, que têm muitas contribuições a<br />
dar para o ensino.<br />
Isso nos leva a enten<strong>de</strong>r que esse pensamento sugere fortalecer a reflexão e<br />
compl<strong>em</strong>entar o mencionado por Abdallah-Pretceille (1992 apud DE CARLO 1998, p.<br />
40), o intercultural é “a construção suscetível <strong>de</strong> favorecer a compreensão dos<br />
probl<strong>em</strong>as sociais e educativos, <strong>em</strong> ligação com a diversida<strong>de</strong> cultural”.<br />
Necessariamente, isso implica interação, troca, eliminação <strong>de</strong> barreiras<br />
culturais, reciprocida<strong>de</strong> e possível solidarieda<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rando a relação entre culturas.<br />
Deste modo, o intercultural é o reconhecimento da cultura, dos modos <strong>de</strong> vida e das<br />
4 La perspective interculturelle représente pour nous une alternative méthodologique<br />
intéressante et riche en potencialités éducatives, puisqu‟elle place le „sujet‟ au centre <strong>de</strong> ses<br />
préoccupations et <strong>de</strong> sa recherche, et qu‟elle le considère comme partie du „tout‟ dans lequel il<br />
est inséré, c‟est-à-dire la famille, l‟école et les autres sous groupes (sous-systèmes) dans<br />
lesquels il évolue (CHIANCA, 2007, p. 39).
epresentações <strong>em</strong> que os seres humanos constro<strong>em</strong> conhecimentos, individual e/ou<br />
socialmente.<br />
A AI indica que a presença do diálogo entre as culturas <strong>de</strong>va pautar as práticas<br />
<strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> LE, cuja metodologia <strong>de</strong>ve ser caracterizada pela pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> culturas<br />
trazidas por cada sujeito, o que difere da concepção do espaço da interrelação entre<br />
“duas” culturas, como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Manaa (2009, p. 212): “o intercultural se refere ao<br />
espaço <strong>de</strong> interação entre a cultura do apren<strong>de</strong>nte e aquela veiculada pela língua<br />
estrangeira que <strong>em</strong>erge o conceito <strong>de</strong> intercultural”. Embora este autor explicite e<br />
<strong>de</strong>fenda a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ensino voltado para a cultura materna e estrangeira <strong>de</strong> modo<br />
restrito, estamos <strong>de</strong> acordo com o pensamento <strong>de</strong> que o professor po<strong>de</strong> tratar a AI<br />
levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração, principalmente, que propiciando as trocas interculturais os<br />
apren<strong>de</strong>ntes têm as claras suas pertenças, suas referências e suas heranças<br />
específicas, visto que estão <strong>em</strong> contato com as outras culturas dos outros<br />
apren<strong>de</strong>ntes.<br />
Focar apenas <strong>em</strong> duas culturas, a nosso ver, não leva <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração as<br />
culturas plurais trazidas pelos sujeitos apren<strong>de</strong>ntes. Estas últimas se encontram<br />
precisamente na “articulação dialética entre a cultura local e a cultura do Outro”<br />
(ABDALLAH-PRETCEILLE e PORCHER, 2001, p.4). Assim, não há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
uma conviver s<strong>em</strong> a outra. Como a escola é consi<strong>de</strong>rada uma instituição social,<br />
espaço para diálogo, a mobilida<strong>de</strong> e a ancorag<strong>em</strong>, ela po<strong>de</strong> ser entendida como o<br />
espaço social oportuno para a convivência e o diálogo entre as culturas.<br />
Enten<strong>de</strong>mos pelo dizer <strong>de</strong> Abdallah-Pretceille e Porcher (op. cit.) que é através<br />
da escola, por meio da sala <strong>de</strong> aula, que é possível <strong>de</strong>tectar por meio <strong>de</strong> estudos com<br />
os gênero textuais as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstradas pelos apren<strong>de</strong>ntes sobre os aspectos<br />
culturais durante ao ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> línguas o que suscita possíveis<br />
alternativas para tornar<strong>em</strong> mínimos os probl<strong>em</strong>as então <strong>de</strong>tectados. Deste modo,
compreen<strong>de</strong>mos as trocas interculturais como sendo o encontro entre as culturas<br />
diversas trazidas pelos atores sociais, professores e apren<strong>de</strong>ntes, no contexto da sala<br />
<strong>de</strong> aula, especificamente, na co-relação língua-cultura local e do Outro. Desta forma,<br />
que é possível levar os sujeitos, professores <strong>em</strong> formação inicial, a perceber<strong>em</strong> que<br />
ensinar uma língua-cultura estrangeira é também enten<strong>de</strong>r que a construção da<br />
formação inicial <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do “contato com outras culturas, modos <strong>de</strong> se relacionar e<br />
envolver a sua cultura e a cultura do outro” (FLEURI, 2003, p. 74).<br />
Consi<strong>de</strong>rando essas concepções, convém esclarecer a esse professor que a AI<br />
é igualmente se fazer um professor mediador intercultural, ou seja, <strong>de</strong> levar o seu<br />
apren<strong>de</strong>nte a compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> maneira explícita, os fundamentos <strong>de</strong> suas<br />
representações e o modo, no qual suas culturas po<strong>de</strong>m ser vistas pelos outros,<br />
levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que todos dois (professor e apren<strong>de</strong>ntes) divi<strong>de</strong>m o mesmo<br />
foco cultural. Através dos entrecruzamentos com as culturas dos apren<strong>de</strong>ntes e aquela<br />
cultura da língua que está sendo ensinada, é possível o professor perceber a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mediar o conhecimento, <strong>de</strong> modo favorável, dos apren<strong>de</strong>ntes que<br />
traz<strong>em</strong> suas diferenças significativas umas das outras <strong>de</strong>ntro do “plano cognitivo,<br />
afetivo e cultural, frequent<strong>em</strong>ente, muito diferentes <strong>de</strong> si mesmo” (MANAA, op. cit., p.<br />
214).<br />
Diante do exposto, é possível que o professor na mediação possa tomar<br />
consciência intercultural. Visto que a prática da mediação não se <strong>de</strong>fine, apenas, por<br />
se apresentar como uma visão positiva ou negativa da língua-cultura do outro, mas,<br />
por promover a curiosida<strong>de</strong> nos apren<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> perceber<strong>em</strong> as culturas dos sujeitos<br />
s<strong>em</strong> supervalorização ou <strong>de</strong>smerecimento <strong>de</strong> sua própria cultura. Consoante a Manaa<br />
(op.cit.), o mediador intercultural parece compreen<strong>de</strong>r que não é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
informações sobre a cultura da língua alvo, todavia a maneira adotada pelo professor<br />
para propiciar a seus apren<strong>de</strong>ntes manter<strong>em</strong> relações comunicativas com as outras<br />
pessoas, levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração às diferenças culturais. É o que justifica, a
preocupação não apenas com o conhecimento linguageiro da língua alvo , mas,<br />
principalmente, com o tipo <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> que se traz para a sala <strong>de</strong> aula.<br />
V<strong>em</strong>os que a AI, além <strong>de</strong> conduzir o professor a promover as trocas<br />
interculturais, o possibilita a mediar ativida<strong>de</strong>s didático-metodológicas propiciadoras da<br />
CI nos seus apren<strong>de</strong>ntes. Isto ressalta o dizer <strong>de</strong> Manaa (op. cit.) ainda sobre AI.<br />
A abordag<strong>em</strong> intercultural, no âmbito escolar, é um processo que t<strong>em</strong> por<br />
objetivo sensibilizar os apren<strong>de</strong>ntes a novas percepções do mundo para<br />
que eles chegu<strong>em</strong> a uma consciência mais profunda <strong>de</strong> sua própria cultura,<br />
através <strong>de</strong> uma imersão qualitativa <strong>em</strong> uma cultura estrangeira por meio <strong>de</strong><br />
instrumentos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adores <strong>de</strong> comparação intercultural 5 . (MANAA,<br />
2009, p. 212).<br />
Isso concorre para a tomada da CI <strong>de</strong> que os atores sociais no processo <strong>de</strong><br />
ensino-aprendizag<strong>em</strong> da língua-cultura estrangeira se dê<strong>em</strong> conta <strong>de</strong> que a língua-<br />
cultura local (materna) t<strong>em</strong> a mesma relevância da língua-cultura do outro. Por isso,<br />
nos <strong>em</strong>basamos no CECRL (2001).<br />
O conhecimento, a consciência e a compreensão das relações,<br />
(s<strong>em</strong>elhanças e diferenças distintas) entre „o mundo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se v<strong>em</strong>‟ e „o<br />
mundo da comunida<strong>de</strong> alvo‟ estão na orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma tomada <strong>de</strong><br />
consciência intercultural. É preciso <strong>de</strong>stacar que a tomada <strong>de</strong> consciência<br />
intercultural inclui a consciência da diversida<strong>de</strong> regional e social dos dois<br />
mundos. Ela se enriquece verda<strong>de</strong>iramente da consciência que existe, um<br />
leque <strong>de</strong> culturas maior que aquelas veiculadas pelas L1 e L2 do<br />
apren<strong>de</strong>nte. Isso ajuda a situá-las todas duas no contexto. Além do<br />
conhecimento objetivo, a consciência intercultural engloba a consciência da<br />
maneira como qual cada comunida<strong>de</strong> aparece na ótica do outro<br />
frequent<strong>em</strong>ente sob a forma <strong>de</strong> estereótipos nacionais (CECRL, op. cit., p<br />
83) 6 .<br />
5 La démarche interculturelle dans un cadre scolaire est un processus ayant pour objectif <strong>de</strong><br />
sensibiliser les apprenants à <strong>de</strong> nouvelles perceptions du mon<strong>de</strong> pour qu‟ils arrivent à une<br />
conscience plus profon<strong>de</strong> <strong>de</strong> leur propre culture à travers une immersion qualitative dans une<br />
culture étrangère au moyen <strong>de</strong> supports déclencheurs <strong>de</strong> comparaison interculturelle (MANAA,<br />
2009, p. 212).<br />
6 La connaissance, la conscience et la compréhension <strong>de</strong>s relations, (ress<strong>em</strong>blances et<br />
différences distinctives) entre « le mon<strong>de</strong> d‟où l‟on vient » et « le mon<strong>de</strong> <strong>de</strong> la communauté<br />
cible » sont à l‟origine d‟une prise <strong>de</strong> conscience interculturelle. Il faut souligner que la prise <strong>de</strong><br />
conscience interculturelle inclut la conscience <strong>de</strong> la diversité régionale et sociale <strong>de</strong>s <strong>de</strong>ux<br />
mon<strong>de</strong>s. Elle s‟enrichit égal<strong>em</strong>ent <strong>de</strong> la conscience qu‟il existe un plus grand éventail <strong>de</strong><br />
cultures que celles véhiculées par les L1 et L2 <strong>de</strong> l‟apprenant. Cela ai<strong>de</strong> à les situer toutes <strong>de</strong>ux<br />
en contexte. Outre la connaissance objective, la conscience interculturelle englobe la<br />
conscience <strong>de</strong> la manière dont chaque communauté apparaît dans l‟optique <strong>de</strong> l‟autre, souvent<br />
sous la forme <strong>de</strong> stéréotypes nationaux (CECRL, op. cit. p. 83).
Compreen<strong>de</strong>mos através <strong>de</strong>ssa citação que a tomada da CI consi<strong>de</strong>ra o<br />
encontro entre as culturas, adicionando as diversida<strong>de</strong>s regional e social dos sujeitos<br />
envolvidos, assim como, o modo como estes são vistos no imaginário do Outro. Isso<br />
parece sugerir que o professor no papel <strong>de</strong> mediador recorre ao conhecimento, à<br />
consciência e à compreensão das relações, consi<strong>de</strong>rando-os essenciais para a<br />
construção da CI <strong>de</strong> seus apren<strong>de</strong>ntes.<br />
Isso nos r<strong>em</strong>ete ainda ao que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Fleuri (2003) sobre AI:<br />
A formação e a requalificação dos educadores e das educadoras são talvez<br />
o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong>cisivo do qual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> o sucesso ou o fracasso da proposta<br />
intercultural. O que está <strong>em</strong> jogo na formação é a superação da perspectiva<br />
monocultural e etnocêntrica que configura os modos tradicionais e<br />
consolidados <strong>de</strong> educar, a mentalida<strong>de</strong> pessoal, os modos <strong>de</strong> se relacionar<br />
com os outros e <strong>de</strong> atuar nas situações concretas (FLEURI, 2003, p.74).<br />
Enten<strong>de</strong>mos esse pensamento como uma ratificação do que já foi dito no início<br />
<strong>de</strong>ste capítulo, pois adotar esta abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá, ao que nos parece, <strong>de</strong> como<br />
esse professor está construindo sua formação, ou seja, que leituras ele faz <strong>de</strong> suas<br />
práticas docentes tendo como referência não somente as perspectivas dogmática e/ou<br />
reflexiva.<br />
A nosso ver, o eixo central é mostrar ao professor que ele não está sendo<br />
penalizado <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> adotar uma ou outra perspectiva. De fato, o que o professor<br />
precisa é relativizar paradigmas, indo além <strong>de</strong> perspectivas já canonizadas<br />
consi<strong>de</strong>radas supr<strong>em</strong>as para a formação, buscando outras perspectivas ou modos <strong>de</strong><br />
se relacionar interculturalmente nas situações concretas <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Nesse sentido, a tomada da CI leva o professor a refletir sobre alguns<br />
paradigmas <strong>de</strong> sua formação inicial, sobretudo se ele percebe como sendo formado na<br />
visão monocultural e etnocêntrica <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> interferências externas. Assim, para a<br />
AI, o professor é mais um daqueles sujeitos que viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> interação com portadores<br />
<strong>de</strong> outras culturas. Isto po<strong>de</strong> nos conduzir a refletir sobre o papel do professor <strong>em</strong><br />
formação inicial como um sujeito mediador e multiplicador <strong>de</strong> conhecimentos. Aquele<br />
que, no jogo enunciativo <strong>de</strong> construção do conhecimento, se coloca no lugar do outro,
compartilhando experiências trazidas pelos apren<strong>de</strong>ntes, principalmente, através das<br />
dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas no percurso do ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> LE.<br />
No que concerne à realização das ativida<strong>de</strong>s e consi<strong>de</strong>rando as diversida<strong>de</strong>s<br />
culturais da língua e das culturas dos apren<strong>de</strong>ntes, o professor <strong>em</strong> formação <strong>de</strong>ve<br />
recorrer aos recursos didático-pedagógicos que ele consi<strong>de</strong>ra propícios para o objetivo<br />
que ele quer atingir. Isso significa trazer para o contexto da sala <strong>de</strong> aula gêneros<br />
textuais diversificados. Com esta finalida<strong>de</strong>, pensamos na canção, pois trata-se <strong>de</strong> um<br />
gênero que possui uma tripla linguag<strong>em</strong> - verbal, musical e lítero-musical (COSTA,<br />
2007; 2001). Assim, a canção po<strong>de</strong> ser trabalhada <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula s<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r o seu<br />
sentido original, ou seja, po<strong>de</strong> ser didatizada, trabalhada <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula com fins<br />
pedagógicos, pois o professor, ao utilizá-la aproveitará recursos metodológicos que<br />
estimularão discussões sobre as trocas interculturais.<br />
A abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>sse gênero <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula parece levar os professores <strong>em</strong><br />
formação inicial a uma discussão tanto <strong>em</strong> aspectos das culturas local quanto das<br />
culturas do Outro, o que se configura <strong>em</strong> um momento promissor <strong>de</strong> construção do<br />
conhecimento permeado pelas culturas, pois tal abordag<strong>em</strong> engendra o trato com as<br />
trocas interculturais tomando como base a canção na sua diversida<strong>de</strong> verbal e<br />
melódica.<br />
Apoiados no dizer <strong>de</strong> Costa (op. cit.) sobre as duas linguagens verbo-<br />
melódicas, compreen<strong>de</strong>mos que através da linguag<strong>em</strong> verbal é possível os sujeitos<br />
envolvidos no ensino-aprendizag<strong>em</strong> percebam que a canção po<strong>de</strong> apresentar no seu<br />
conteúdo indícios <strong>de</strong> críticas, <strong>de</strong> sátiras, <strong>de</strong> valores culturais, religiosos, morais, entre<br />
outros.<br />
Consi<strong>de</strong>rando a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ritmos existentes, a linguag<strong>em</strong> melódica po<strong>de</strong><br />
servir <strong>de</strong> suporte para que o professor traga para a sala <strong>de</strong> aula um subgênero musical
que leve os apren<strong>de</strong>ntes a discutir<strong>em</strong> ritmos e preferências musicais. A hibridização<br />
<strong>de</strong>ssas duas linguagens, suscita as trocas interculturais.<br />
A esse respeito, os estudos que abarcam o gênero canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula<br />
traz<strong>em</strong> concepções divergentes e, como o próprio gênero mostra uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
linguagens, os estudiosos parec<strong>em</strong> nos conduzir a enten<strong>de</strong>r a canção como viável<br />
para o ensino do FLE. No dizer <strong>de</strong> Amorim e Magalhães, a música traz pontos<br />
positivos.<br />
Com seu po<strong>de</strong>r mágico <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar l<strong>em</strong>branças e sentimentos nas<br />
pessoas, a música po<strong>de</strong> acalmar, divertir, transportar, ensinar, distrair e unir<br />
as pessoas. [...] No caso das aulas <strong>de</strong> LE, a música t<strong>em</strong> ainda a vantag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> ser um importante el<strong>em</strong>ento cultural e, consequent<strong>em</strong>ente, é um<br />
instrumento que po<strong>de</strong> levar o professor a estabelecer um paralelo entre<br />
cultura e o ensino <strong>de</strong> idiomas (AMORIM e MAGALHÃES, 1998, p. 97).<br />
Esse pensamento nos faz intuir que trazer a música para a sala <strong>de</strong> aula<br />
transporta os professores a tomar<strong>em</strong> consciência <strong>de</strong> que estudar a língua estrangeira<br />
através da canção não convém apenas para o <strong>de</strong>leite do ouvinte, po<strong>de</strong> ser estudada<br />
como qualquer outro gênero textual-discursivo. Embora reconheçamos a natureza com<br />
aparência lúdica do gênero canção <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar l<strong>em</strong>branças e sentimentos nas<br />
pessoas, a sua abordag<strong>em</strong> po<strong>de</strong> extrapolar os limites do que é subjetivo,<br />
cont<strong>em</strong>plando outros aspectos estudo do gênero textual-discursivo.<br />
O lúdico po<strong>de</strong> parecer um ponto positivo para aqueles que apreciam o ensino<br />
através <strong>de</strong> músicas, mas por outro lado não suscita uma imposição, visto que o gosto<br />
musical das pessoas varia e, como estamos diante <strong>de</strong> um estudo abordando a<br />
diversida<strong>de</strong> cultural, seria contraditório querermos que todos apreci<strong>em</strong> uma mesma<br />
música ou um mesmo subgênero musical.<br />
uma<br />
Dessa forma, seria inviável tratarmos <strong>de</strong> um trabalho no qual o intercultural é<br />
proposta para o respeito às diferenças, <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, se não consi<strong>de</strong>rarmos as<br />
prefer6encias, dos apren<strong>de</strong>ntes, quanto ao gosto musical.
A partir <strong>de</strong> nossa experiência docente (SARINHO, 2007) compreen<strong>de</strong>mos que<br />
o gênero canção funciona como um documento pedagógico que po<strong>de</strong> ser didatizado.<br />
Com ele o professor parece ter escolhido um dos recursos didático-metodológico,<br />
possível <strong>de</strong> fazer uma abordag<strong>em</strong> que atenda às necessida<strong>de</strong>s dos apren<strong>de</strong>ntes.<br />
No caso do ensino do FLE, é relevante consi<strong>de</strong>rar a diversida<strong>de</strong> musical<br />
existente na canção <strong>de</strong> expressão francesa, como também fazer com que os<br />
professores compreendam que cada gênero merece ser abordado na sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong><br />
modo diversificado, como apontam Fontoura e Silva (2010).<br />
A música t<strong>em</strong> sido analisada e estudada <strong>de</strong> diferentes formas, pois sendo<br />
culturalmente construída, permeia todas as socieda<strong>de</strong>s humanas. Percebese<br />
que no <strong>de</strong>correr da história da humanida<strong>de</strong> ela t<strong>em</strong> se estabelecido como<br />
parte intrínseca do cotidiano humano, seja através <strong>de</strong> sua inserção nos ritos<br />
religiosos, nas manifestações tribais, militares, para o <strong>de</strong>leite das cortes,<br />
etc, (FONTOURA e SILVA, (2010, p.1).<br />
Enten<strong>de</strong>mos que o trabalho com a canção permite conduzir os „professores <strong>em</strong><br />
formação inicial‟ a perceber<strong>em</strong> as diferentes formas <strong>de</strong> se estudar uma música <strong>em</strong><br />
contexto <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula. Trata-se <strong>de</strong> uma proposta que po<strong>de</strong> veicular diferentes<br />
perspectivas para o ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> FLE, uma vez que evoca “culturas<br />
urbanas, rurais, tradicionais e cont<strong>em</strong>porâneas” (JACONO, 2009; REGO, 2003).<br />
Acreditamos que o estudo com o gênero canção, além <strong>de</strong> dar oportunida<strong>de</strong> aos<br />
„professores <strong>em</strong> formação inicial‟ <strong>de</strong> formalizar<strong>em</strong> opinião e refletir<strong>em</strong> sobre os<br />
conflitos sociais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada época, funciona didaticamente no sentido <strong>de</strong><br />
verificar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> como uma música faz parte do acervo cultural e artístico <strong>de</strong><br />
uma socieda<strong>de</strong>.<br />
Os conceitos sobre a AI e a CI nos orientam na análise a respeito das<br />
“Percepções sobre CI <strong>em</strong> FLE: um caso”. Consi<strong>de</strong>ramos, portanto, que o „professor<br />
<strong>em</strong> formação inicial‟ <strong>em</strong> FLE pensa sobre a abordag<strong>em</strong> intercultural. Para isso,<br />
<strong>de</strong>stacamos alguns excertos retirados das respostas dadas pelos professores <strong>em</strong><br />
formação inicial sobre o significado da AI e da CI no ensino <strong>de</strong> FLE.
1.3. Percepções sobre a CI <strong>em</strong> FLE: um caso<br />
A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> apresentar e discutir, neste momento, as respostas obtidas no<br />
questionário pré-intervenção ou <strong>de</strong> sondag<strong>em</strong> (APÊNDICE B: “Questionário para os<br />
professores <strong>em</strong> formação <strong>de</strong> FLE”) consiste <strong>em</strong> <strong>de</strong>screver a concepção sobre AI e CI<br />
que os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ <strong>de</strong>monstraram ter e que serão melhor<br />
discutidas no quarto capítulo “A canção <strong>de</strong> expressão francesa 7 : uma proposta <strong>de</strong> AI<br />
para aulas <strong>de</strong> FLE”. Denominamos, então, “um caso”, o fato <strong>de</strong> percebermos as<br />
concepções trazidas pelos „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ sobre AI e CI. As<br />
respostas foram retiradas do primeiro questionário aplicado com quatro turmas <strong>de</strong><br />
alunos <strong>de</strong> graduação do curso <strong>de</strong> Letras - Francês da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
Campina Gran<strong>de</strong>, totalizando 16 informantes. Os procedimentos metodológicos<br />
encontram-se no capítulo III, p. 61. Destacamos, ainda, que todas as respostas foram<br />
transcritas do mesmo modo como escritas pelos participantes.<br />
Os excertos a seguir apresentam as noções que os „professores <strong>em</strong> formação<br />
inicial‟(PFI) têm sobre o intercultural, ao respon<strong>de</strong>r<strong>em</strong> a pergunta contida no<br />
questionário <strong>de</strong> sondag<strong>em</strong> “O que é o intercultural no ensino <strong>de</strong> línguas? Explique-<br />
nos”. As respostas <strong>de</strong>claradas nos mostram concepções diferenciadas:<br />
PFI 04: Um ponto <strong>de</strong> encontro entre a cultura vinculada à língua <strong>em</strong><br />
aprendizag<strong>em</strong> e a da língua materna (contexto <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>).<br />
PFI 06: Uma forma dialética <strong>de</strong> vê as línguas (materna e francesa) a favor<br />
da aprendizag<strong>em</strong> (principalmente o <strong>de</strong>ter-se a pensar <strong>em</strong> francês).<br />
PFI 07: Acho que é a inter-relação não só da língua (e da cultura) que<br />
estudamos e sim das <strong>de</strong>mais também.<br />
PFI 08: Acredito que seja, a língua ensinada <strong>em</strong> sintonia com a cultura.<br />
PFI 10: Algo que está <strong>de</strong>ntro das línguas.<br />
7 A língua francófona correspon<strong>de</strong> às comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fala oriundas dos países <strong>de</strong> língua<br />
francesa como língua oficial, segunda e/ou veicular. Enquanto a língua <strong>de</strong> expressão francesa<br />
abarca comunida<strong>de</strong>s culturais não necessariamente a dos países <strong>de</strong> língua francesa<br />
(WOLTON, 2009).
O intercultural se apresenta, nesse caso, como uma perspectiva que trata das<br />
relações entre as culturas materna e estrangeira, visto que os apren<strong>de</strong>ntes traz<strong>em</strong><br />
expressões que sinalizam a interrelação, como “encontro entre”, “dialética”, “inter-<br />
relação”, “sintonia” e “<strong>de</strong>ntro”.<br />
Os relatos <strong>de</strong> PFI 04 e PFI 06 nos mostram que eles se pautam sobre o<br />
intercultural voltado para o encontro <strong>de</strong> duas culturas, o que confirma o<br />
posicionamento <strong>de</strong> Manaa (2009, p. 212): “o intercultural se refere ao espaço <strong>de</strong><br />
interação entre as culturas dos apren<strong>de</strong>ntes e aquelas veiculadas pela língua<br />
estrangeira que <strong>em</strong>erge o conceito <strong>de</strong> intercultural”, na discussão sobre o ensino das<br />
línguas e culturas, <strong>em</strong> uma visão <strong>de</strong> duas culturas, a da língua do apren<strong>de</strong>nte e da<br />
língua alvo.<br />
Na visão <strong>de</strong> PFI 04, perceb<strong>em</strong>os que o intercultural é entendido como sendo<br />
uma abordag<strong>em</strong> que configura o encontro entre as culturas da língua materna e as<br />
culturas da língua <strong>em</strong> aprendizag<strong>em</strong>, no caso a francesa, uma vez que para esse<br />
„professor <strong>em</strong> formação inicial‟, no contexto <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>, o ensino da língua<br />
necessita do “ponto <strong>de</strong> encontro entre a língua alvo vinculada à cultura materna”.<br />
Já para PFI 06, o intercultural é uma forma <strong>de</strong> ver as duas línguas, traz<strong>em</strong> as<br />
culturas interligadas, pois é a forma que ele encontra para fortalecer a sua formação,<br />
<strong>de</strong>vido a sua necessida<strong>de</strong> “principalmente o <strong>de</strong>ter-se <strong>em</strong> pensar <strong>em</strong> francês”. Esse<br />
pensamento v<strong>em</strong> confirmar o dizer <strong>de</strong> Cuq (2003, p. 136) que o intercultural supõe na<br />
sala <strong>de</strong> aula, “trocas entre culturas, conexões e enriquecimentos mútuos”. Quando<br />
este „professor <strong>em</strong> formação inicial‟ fala <strong>em</strong> “<strong>de</strong>ter-se <strong>em</strong> pensar <strong>em</strong> francês” ele tenta<br />
aprofundar-se nas informações necessárias da língua-cultura <strong>de</strong> formação, buscando<br />
outras conexões, <strong>de</strong> imersão na cultura do outro.
Para os PFI 07, PFI 08 e PFI 10, a concepção <strong>de</strong> intercultural vai além do relato<br />
dos primeiros „professores <strong>em</strong> formação inicial‟, pois eles enten<strong>de</strong>m como uma<br />
abordag<strong>em</strong> que trata das culturas na sua diversida<strong>de</strong>. O ensino-aprendizag<strong>em</strong> da<br />
língua estrangeira engloba não só a língua-cultura que estão estudando, como<br />
também po<strong>de</strong> haver a “inter-relação” das outras culturas, principalmente, pois a língua<br />
estar <strong>em</strong> “sintonia” com a cultura, visto que todas as línguas representam culturas.<br />
As concepções aqui mostradas r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> ao dizer <strong>de</strong> Abdallah-Pretceille e<br />
Porcher (2001) quando teorizam sobre o que é intercultural na sala <strong>de</strong> aula, como<br />
sendo uma das modalida<strong>de</strong>s possíveis <strong>de</strong> tratamento da diversida<strong>de</strong> cultural. Esses<br />
„professores <strong>em</strong> formação inicial‟ traz<strong>em</strong> <strong>em</strong> mente que o ensino da língua estrangeira<br />
necessita da interrelação das culturas da língua alvo com as das suas culturas local.<br />
Ao <strong>de</strong>clarar ”acho que é a inter-relação não só da língua (e da cultura) que<br />
estudamos e sim das <strong>de</strong>mais também”. PFI 07 não só se refere à língua francesa, mas<br />
ten<strong>de</strong> a incluir outras culturas também as suas culturas, não exclusivamente a <strong>de</strong><br />
expressão francesa. Este pensamento corrobora com o que discutimos a partir De<br />
Carlo (1998) que o intercultural trata <strong>de</strong> interação, troca e eliminação <strong>de</strong> barreiras<br />
culturais. Ao consi<strong>de</strong>rar as “<strong>de</strong>mais” línguas e culturas, o PFI 07 expressa que elas<br />
são necessárias para o seu aprendizado enquanto apren<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> FLE, pois o estudo<br />
da língua alvo conduzirá à percepção <strong>de</strong> que outras culturas exist<strong>em</strong> e merec<strong>em</strong> ser<br />
valorizadas.<br />
Ao mencionar que “acredito que seja a língua ensinada <strong>em</strong> sintonia com a<br />
cultura”, PFI 08 conceitua intercultural com sendo uma abordag<strong>em</strong> que dialoga a<br />
língua e as culturas, ou seja, não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>svinculadas uma da outra. O termo<br />
“sintonia” <strong>de</strong>stacado pelo PFI 08 conecta-se ao pensamento <strong>de</strong> Abdallah-Pretceille e<br />
Porcher (op.cit., p. 57): o intercultural repousa sobre o outro, ou melhor, o outro é tão
importante quanto eu, pois se faltar um dos termos – língua e cultura - é possível que<br />
haja exclusão e <strong>de</strong>smerecimento.<br />
Da mesma forma é o pensamento <strong>de</strong> PFI 10 ao <strong>de</strong>finir o que é intercultural:<br />
“algo que está <strong>de</strong>ntro das línguas”. Esta colocação se aproxima da <strong>de</strong>fendida por PFI<br />
08. Ainda para PFI 10, o intercultural se <strong>de</strong>fine com sendo uma abordag<strong>em</strong> que se<br />
inclui <strong>em</strong> contextos diversificados, <strong>de</strong> modo a perceber o intercultural <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />
perspectiva <strong>de</strong> língua não distante da cultura, ou seja, as culturas estão imbricadas<br />
nas línguas. Isso se confirma com Wolton (2009, p.19): “<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a diversida<strong>de</strong><br />
cultural é, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, reconhecer a diversida<strong>de</strong> linguística, pois não existe cultura<br />
s<strong>em</strong> idioma”.<br />
Os excertos a seguir mostram, pois que visão os „professores <strong>em</strong> formação<br />
inicial‟ <strong>em</strong> FLE (da UFCG) traz<strong>em</strong> da AI, consi<strong>de</strong>rando a tomada da CI. Isso nos<br />
possibilita fazer discussão na sala <strong>de</strong> aula tendo <strong>em</strong> vista o ensino-aprendizag<strong>em</strong> da<br />
língua-cultura estrangeira <strong>em</strong> interrelação com a língua-cultura local.<br />
PFI 01: É oferecer ao aluno oportunida<strong>de</strong>s e conhecimento <strong>de</strong> valores culturais<br />
sobre a língua que está sendo estudada, não estudar apenas aspectos<br />
estruturais.<br />
PFI 02: É trazer ou mostrar características da cultura da França e fazer a<br />
ligação com a nossa cultura, a brasileira, nor<strong>de</strong>stina, paraibana.<br />
PFI 09: É a interação entre o aprendizado da língua <strong>em</strong> questão, e todos os<br />
aspectos culturais que envolv<strong>em</strong> seus falantes naturais.<br />
PFI 13: Seria a mistura <strong>de</strong> conhecimentos entre a nossa cultura e a do(s)<br />
outro(s) nesse caso franceses, africanos, cana<strong>de</strong>nses, etc.,<br />
Nesses relatos, i<strong>de</strong>ntificamos que tais „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ se<br />
<strong>em</strong>basam na AI para <strong>de</strong>monstrar<strong>em</strong> tomada <strong>de</strong> CI, percebendo que o professor <strong>de</strong>ve<br />
levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a língua vinculada às culturas para po<strong>de</strong>r ajudar os<br />
apren<strong>de</strong>ntes. Por esta razão citam: “oferecer ao aluno oportunida<strong>de</strong>s e conhecimento<br />
<strong>de</strong> valores culturais sobre a língua que está sendo estudada” (PFI 01), “mostrar<br />
características da cultura da França e fazer a ligação com a nossa cultura, a brasileira,
nor<strong>de</strong>stina, paraibana” (PFI 02), “a interação entre o aprendizado da língua <strong>em</strong><br />
questão, e todos os aspectos culturais que envolv<strong>em</strong> seus falantes naturais” (PFI 09),<br />
“mistura <strong>de</strong> conhecimentos entre a nossa cultura e a do(s) outro(s) nesse caso<br />
franceses, africanos, cana<strong>de</strong>nses, etc.,” (PFI 13).<br />
Perceb<strong>em</strong>os, então, que esses „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ não faz<strong>em</strong><br />
separação <strong>de</strong> culturas, eles enten<strong>de</strong>m que o ensino da língua <strong>de</strong>ve favorecer ao<br />
apren<strong>de</strong>nte contato com outras culturas. Para eles a sua língua-cultura local se coloca<br />
<strong>em</strong> paralelo com a cultura do outro, pois é um ponto favorável para evitar<br />
<strong>de</strong>smerecimento <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las. Sendo assim, o ensino da língua, necessariamente,<br />
inclui todos os aspectos culturais das <strong>de</strong>mais culturas “brasileira, nor<strong>de</strong>stina,<br />
paraibana, franceses, africanos, cana<strong>de</strong>nses”. Trata-se, pois <strong>de</strong> uma concepção que<br />
dialoga com o proposto pelo CECRL (2001, p. 83) sobre a CI, uma vez que o professor<br />
<strong>de</strong>ve ter <strong>em</strong> mente “o conhecimento, a consciência e a compreensão das relações,<br />
(s<strong>em</strong>elhanças e diferenças distintas) entre o mundo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se v<strong>em</strong> e o mundo da<br />
comunida<strong>de</strong> alvo”.<br />
Isso v<strong>em</strong> contribuir para que os apren<strong>de</strong>ntes analis<strong>em</strong>, <strong>de</strong> modo subjetivo,<br />
imagens estereotipadas, como nos mostra o PFI 09 “É a interação entre o aprendizado<br />
da língua <strong>em</strong> questão, e todos os aspectos culturais que envolv<strong>em</strong> seus falantes<br />
naturais”. Para ele, o intercultural é ter a consciência <strong>de</strong> que o ensino da LE é incluir,<br />
também, as diversida<strong>de</strong>s regional e social dos dois mundos. Desta forma, o ensino da<br />
língua <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar a diversida<strong>de</strong> cultural dos “falantes naturais”, como<br />
mencionado pelo CECRL (op.cit.) ao se reportar à CI.<br />
O PFI 13 percebe que é necessário buscar da cultura estrangeira falantes <strong>de</strong><br />
expressão francesa <strong>de</strong> outros continentes como: Europa (franceses), África (africanos)<br />
e América do Norte (cana<strong>de</strong>nses). Para enten<strong>de</strong>r esta cultura, necessita-se <strong>de</strong><br />
conhecimentos sobre as outras culturas envolvidas através da “mistura com a cultura
materna”. Isso implica dizer que a cultura dos outros fortalece os laços entre a cultura<br />
francesa que está ligada aos países <strong>de</strong> continentes distantes, como mostra o<br />
manifesto da Literatura-Mundo (LE BRIS e ROUAUD, 2007).<br />
Assim, voltamos ao que Abdallah-Pretceille e Porcher (op. cit.) mencionam<br />
sobre o ensino <strong>em</strong>basado nas trocas interculturais, o que nos faz crer que o professor<br />
<strong>de</strong> FLE parece contribuir com o seu apren<strong>de</strong>nte na tomada da CI. Essa concepção é<br />
também reforçada pelo CECRL (op. cit. p.83): A CI “engloba a consciência da maneira<br />
na qual cada comunida<strong>de</strong> aparece na ótica do outro frequent<strong>em</strong>ente sob a forma <strong>de</strong><br />
estereótipos nacionais”. É preciso ressaltar que não apenas como imagens<br />
estereotipadas, pois há imagens que são veiculadas s<strong>em</strong> se tornar<strong>em</strong> estereótipos.<br />
PFI 01 expõe que a formação do professor não po<strong>de</strong> se limitar apenas aos<br />
conhecimentos da forma da língua: “oferecer ao aluno oportunida<strong>de</strong>s e conhecimento<br />
<strong>de</strong> valores culturais, não estudar apenas aspectos estruturais”. A sua preocupação<br />
resi<strong>de</strong> no ensino da língua não pautado exclusivamente <strong>em</strong> questões estruturais, mas<br />
vinculado ao contexto sócio-histórico-cultural dos sujeitos envolvidos.<br />
Diante do exposto, perceb<strong>em</strong>os que para os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟,<br />
a concepção <strong>de</strong> AI está centrada no intercultural como o encontro <strong>de</strong>: duas culturas –<br />
da cultura <strong>de</strong> língua materna com a cultura da língua estrangeira –, duas línguas<br />
interligadas e como uma abordag<strong>em</strong> que trata das culturas na sua diversida<strong>de</strong>.<br />
Quanto à concepção <strong>de</strong> CI, os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ <strong>de</strong>monstram<br />
certa preocupação com o ensino <strong>de</strong> FLE, visto que as noções dadas são <strong>de</strong> que o<br />
ensino <strong>de</strong>ve englobar o conhecimento das outras línguas e culturas <strong>de</strong> expressão<br />
francesa como também a inclusão da cultura local.<br />
Essas noções nos instigam – no próximo capítulo “Sobre a tomada da<br />
consciência intercultural” – a fazer uma discussão <strong>em</strong> torno dos conceitos<br />
relacionados ao intercultural para a tomada da CI.
CAPÍTULO II
2. SOBRE A TOMADA DA CONSCIÊNCIA INTERCULTURAL<br />
“/.../ o tipo, eu sou diferente <strong>de</strong> você, mas n<strong>em</strong> por isso eu sou melhor,<br />
e você é melhor que eu/ todos somos importantes/.../.”<br />
(G1 B)<br />
Na tentativa <strong>de</strong> levarmos os professores <strong>em</strong> formação inicial a refletir<strong>em</strong> sobre<br />
a canção <strong>de</strong> expressão francesa enquanto canal <strong>de</strong> cultura para a tomada da CI –<br />
apresentar<strong>em</strong>os neste capítulo algumas concepções acerca dos conceitos inerentes<br />
ao intercultural, tais como: estereótipo, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e alterida<strong>de</strong>. Com essa finalida<strong>de</strong>,<br />
tomar<strong>em</strong>os alguns conceitos-chave que julgamos relevantes para o nosso estudo.<br />
Partimos das concepções que os professores <strong>em</strong> formação inicial traz<strong>em</strong> sobre<br />
a CI, o que nos impulsiona a discutir sobre estes três conceitos no sentido <strong>de</strong><br />
relacioná-los à AI.<br />
2.1. Estereótipos e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s: dois conceitos a ser<strong>em</strong> pensados<br />
conjuntamente<br />
O conceito <strong>de</strong> estereótipo po<strong>de</strong> ser caracterizado como uma imag<strong>em</strong> resumida<br />
do que somos verda<strong>de</strong>iramente, se constituindo <strong>em</strong> um contraponto das imagens com<br />
as quais nos i<strong>de</strong>ntificamos. Isso antecipa o significado <strong>de</strong> estereótipo dado pelo<br />
dicionário <strong>de</strong> didáticas das línguas estrangeiras (CUQ, Org, 2003) quando afirma:<br />
Um estereótipo consiste <strong>em</strong> uma representação “clichê” <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong><br />
(indivíduo, paisag<strong>em</strong>, profissão, objeto, etc.) que a reduz a um traço, a “uma<br />
i<strong>de</strong>ia pronta”. Ele é, então, uma vista parcial <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>. [...] O estereótipo<br />
não <strong>de</strong>ve ser confundido com o que ele representa, mas é importante notar que<br />
ele faz parte <strong>de</strong>la (CUQ, op. cit., p. 224) 8 .<br />
O estereótipo representa, então, a imag<strong>em</strong> que faz<strong>em</strong>os <strong>de</strong> pessoas, objetos,<br />
lugares, profissões, paisagens <strong>de</strong> modo restrito e pré-concebido. É uma imag<strong>em</strong> que<br />
8 Un stéréotype consiste en une réprésentation « cliché » d‟une réalité (individu, paysage,<br />
métier, etc) qui réduit celle-ci à un trait, à « une idée toute faite ». Il est donc une vue partielle<br />
<strong>de</strong> cette réalité. [....] Le stéréotype ne doit pas être confondu avec ce qu‟il représente, mais il<br />
est important <strong>de</strong> noter qu‟il en fait partie (CUQ, 2003, p. 224).
epassamos aos outros <strong>de</strong> forma totalizada, generalizada do que perceb<strong>em</strong>os por uma<br />
via simplificada e que acreditamos ser uma imag<strong>em</strong> pronta, é um estereótipo.<br />
O pensamento <strong>de</strong> Cuq (Org., op. cit.), ao que nos parece, não menciona o<br />
estereótipo significando algo <strong>de</strong> imaginário, irreal, <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> hipotética, e sim,<br />
está partindo do real. O estereótipo existe, uma vez que ele faz parte da realida<strong>de</strong>,<br />
todavia, o <strong>de</strong>staque está no fato <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>rmos confundi-lo com o que ele<br />
representa. Neste sentido, parece que a afirmação <strong>de</strong> Cuq (Org., op. cit.) nos conduz a<br />
perceber o estereótipo por outro olhar. É que a construção do estereótipo t<strong>em</strong> relação<br />
com duas imagens estereotipadas: uma, <strong>de</strong> modo geral, que se refere à natureza dos<br />
processos mentais e seu funcionamento e outra, <strong>de</strong> modo específico, que, quando<br />
interpretada, ten<strong>de</strong> a ser vista como imagens positivas e/ou negativas atribuídas a<br />
alguns grupos sociais “<strong>de</strong>sfavorecidos” (DE CARLO,1998).<br />
Logo, perceb<strong>em</strong>os que o estereótipo dialoga com duas concepções, a <strong>de</strong> Cuq<br />
(op.cit.) e <strong>de</strong> Espindola (2008). Nesta última, o estereótipo é:<br />
[...] a simplificação das características que um povo cultiva sobre outro,<br />
resultando com frequência na cristalização <strong>de</strong> preconceitos. É uma<br />
projeção que faz<strong>em</strong>os sobre o outro. Em boa medida é um juízo <strong>de</strong> valor. A<br />
estereotipia está carregada <strong>de</strong> sentidos, <strong>de</strong> tradição. É um rótulo que<br />
condiciona o olhar antes mesmo que possamos ver algo (ESPINDOLA,<br />
2008, p.2).<br />
Enten<strong>de</strong>mos que nessa perspectiva o estereótipo está firmado <strong>em</strong> uma<br />
imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> preconceitos. Nesse sentido, não se consi<strong>de</strong>ra a representação que t<strong>em</strong>os<br />
da realida<strong>de</strong> do outro, mesmo sendo <strong>em</strong> uma visão parcial, superficial; mas, como<br />
uma imag<strong>em</strong> que já aparece concebida, como se fosse uma imag<strong>em</strong> cristalizada.<br />
Oportunizar situações <strong>de</strong> ensino e aprendizag<strong>em</strong> que promovam a dialética<br />
entre jogos imagéticos, parece que permite ao „professor <strong>em</strong> formação inicial‟ observar<br />
que seus apren<strong>de</strong>ntes merec<strong>em</strong> uma atenção especial com relação ao aprendizado,<br />
sobretudo se eles <strong>de</strong>monstram incerteza causada tanto pelo diferente – <strong>de</strong>sconhecido<br />
–, quanto pelo comum – conhecido –, pela rejeição e/ou atração da língua-cultura do<br />
outro e por vezes a neutralida<strong>de</strong>. A insegurança po<strong>de</strong> conduzir os apren<strong>de</strong>ntes à
elativização das experiências com as culturas do outro, o que os auxiliaria a não cair<br />
no artifício das imagens estereotipadas (DE CARLO, op.cit.).<br />
Esse pensamento nos faz enten<strong>de</strong>r que o <strong>de</strong>sconhecido po<strong>de</strong> também ser<br />
percebido através <strong>de</strong> nossas visões <strong>de</strong> mundo, uma vez que elas estão <strong>em</strong> processo<br />
<strong>de</strong> reconstrução permanente. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> uma tomada <strong>de</strong> consciência das<br />
representações e <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> suas próprias especificida<strong>de</strong>s culturais pelo<br />
contato com outra língua e outra cultura (MANAA, 2009). É oportuno ressaltar que, <strong>em</strong><br />
se tratando <strong>de</strong> estereótipos, não há como escapar, pois eles faz<strong>em</strong> parte das culturas,<br />
e nós, como atores sociais, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>sconstruir uns e construir outros. É necessário<br />
frisarmos que a construção dos estereótipos se <strong>de</strong>senvolve pelo contato com o<br />
“<strong>de</strong>sconhecido”, conforme Morin (2007), trata-se da surpresa e do estranhamento que<br />
nos conduz a “evoluir” e transcen<strong>de</strong>r.<br />
Quando <strong>de</strong>sconstruímos um estereótipo é que estamos relativizando aquela<br />
imag<strong>em</strong> que nos parecia <strong>de</strong> forma generalizada e agora conhec<strong>em</strong>os, com base <strong>em</strong><br />
fatos reais, pois nos aparec<strong>em</strong> como verda<strong>de</strong>iros, segundo nossas visões <strong>de</strong> mundo,<br />
nosso prisma <strong>de</strong>formante. É o que se espera das práticas do professor <strong>de</strong> FLE no<br />
contexto da sala <strong>de</strong> aula. Em outras palavras, o professor <strong>em</strong> formação “imergirá” no<br />
<strong>de</strong>sconhecido, proporcionando às suas aulas a relativização daquela imag<strong>em</strong> tida<br />
como estereotipada (BEACCO, 2000).<br />
Levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que o professor <strong>em</strong> formação é um sujeito subjetivo,<br />
<strong>de</strong>vido a sua natureza sociocognitiva, <strong>em</strong> suas práticas <strong>de</strong> ensino, as imagens<br />
estereotipadas percebidas por ele serão acionadas e/ou não no momento da interação<br />
no evento da sala <strong>de</strong> aula. A maneira como ele conduzirá a discussão po<strong>de</strong> favorecer<br />
a construção ou a relativização das imagens junto aos seus apren<strong>de</strong>ntes.<br />
Os estudos na visão antropológica mostram que a disposição dos estereótipos<br />
se instaura no etnocentrismo no seio das socieda<strong>de</strong>s humanas, mesmo nas mais
isoladas, a tendência parece colocar seu próprio grupo como medida absoluta <strong>em</strong><br />
relação às outras, para julgar as diversida<strong>de</strong>s conhecidas como inferiores ao nível <strong>de</strong><br />
ser<strong>em</strong> reconhecidas como universais (DE CARLO, 1998). Ainda partilhando com De<br />
Carlo (op. cit., p. 87), as imagens estereotipadas parec<strong>em</strong> ser úteis para averiguar que<br />
auto imagens po<strong>de</strong>m ser vistas pelo outro, “o professor como todo indivíduo é também<br />
portador <strong>de</strong> uma visão <strong>de</strong> mundo subjetivo para colocar <strong>em</strong> questão sua neutralida<strong>de</strong>”:<br />
o verda<strong>de</strong>iro jogo do intercultural, é então, construir representações intersubjetivas, no<br />
interior da relação com o outro e nas quais ele possa também se reconhecer.<br />
Enten<strong>de</strong>mos por neutralida<strong>de</strong> – pelo viés da categorização social – como sendo o<br />
resultado <strong>de</strong> um processo cognitivo neutro, s<strong>em</strong> atribuição <strong>de</strong> valor ou julgamento (DE<br />
CARLO, op. cit., p. 85).<br />
Consi<strong>de</strong>rando o estereótipo como uma imag<strong>em</strong> „clichê‟, acreditamos que é<br />
necessário conduzir o professor <strong>em</strong> formação a perceber que ele traz imagens <strong>de</strong> sua<br />
cultura materna <strong>em</strong> paralelo com a cultura do outro. Isso ocorre quando se i<strong>de</strong>ntifica<br />
como um sujeito que t<strong>em</strong> nacionalida<strong>de</strong>, família, faz parte <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> e, que<br />
se encontra <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> formação inicial, enfim, como ele se imagina. Então,<br />
cabe-nos refletir sobre essa condição multidimensional e relativizar as imagens que<br />
nos aparec<strong>em</strong> das culturas materna e estrangeira, mas não nos cabe (BEACCO, op.<br />
cit.).<br />
Perceb<strong>em</strong>os que essa multidimensionalida<strong>de</strong> nos leva a consi<strong>de</strong>rar as<br />
pon<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Zarate (1995, p.79) ao afirmar que “as imagens estereotipadas foram<br />
s<strong>em</strong>pre construídas através <strong>de</strong> algumas experiências que foram por nós<br />
interiorizadas”. Os estereótipos se caracterizam como uma etapa, logo implicam, o<br />
momento <strong>de</strong> um retorno individual das experiências pessoais e uma reflexão coletiva<br />
sobre os mecanismos <strong>de</strong> imposição que parec<strong>em</strong> ser representações dominantes.
Outro ponto <strong>de</strong> vista sobre o que estamos mostrando, se firma na visão que<br />
t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> um grupo diferente <strong>de</strong> nós, <strong>de</strong> modo que, v<strong>em</strong>os os outros como<br />
imaginamos. Segundo o Conselho <strong>de</strong> Europa (1995) a visão enfoca o conceito <strong>de</strong> que:<br />
os estereótipos consist<strong>em</strong> essencialmente <strong>em</strong> crenças ou i<strong>de</strong>ias partilhadas<br />
por um grupo a respeito <strong>de</strong> outro grupo. Um estereótipo é um conjunto <strong>de</strong><br />
características que resume um grupo, habitualmente <strong>em</strong> termos <strong>de</strong><br />
comportamento, atitu<strong>de</strong>s, etc., (CONSEIL DE L‟EUROPE, 1995, p. 31) 9 .<br />
Acreditamos também que as imagens estereotipadas por esse pensamento<br />
suscitam ainda generalizar outras culturas a respeito das opiniões, línguas,<br />
preferências e tantos outros, visto que o seu objetivo principal é simplificar, “isso é<br />
assim” ou “eles são assim”. T<strong>em</strong>os a ex<strong>em</strong>plo disso, imagens europeias, que as<br />
pessoas que moram nos bairros periféricos das cida<strong>de</strong>s são tidas como perigosas ou<br />
que os patrões são perversos, que as pessoas são pontuais ou que são preguiçosas<br />
(CONSEIL DE L‟EUROPE, op.cit., p. 31). Estas são atitu<strong>de</strong>s possíveis <strong>de</strong> acontecer<br />
tanto entre um ou outro povo, e ainda que n<strong>em</strong> todos os sujeitos têm tal<br />
comportamento ou tal atitu<strong>de</strong>.<br />
Para o Conselho <strong>de</strong> Europa (op. cit.), ao que nos parece, as imagens<br />
estereotipadas que traz<strong>em</strong>os são vinculadas aos propósitos do grupo ao qual t<strong>em</strong>os o<br />
sentimento <strong>de</strong> pertença. Tais imagens são adquiridas na escola, por meio das mídias<br />
ou mesmo no seio das nossas diferentes microcomunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pertença,<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando imagens cristalizadas que ten<strong>de</strong>m a fortalecer o sentimento <strong>de</strong><br />
superiorida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação aos outros.<br />
Revendo o exposto por Meyer (2010) sobre os ícones culturais como imagens<br />
<strong>em</strong>bl<strong>em</strong>áticas, enten<strong>de</strong>mos que o professor com a CI po<strong>de</strong> promover, na sala <strong>de</strong> aula,<br />
9 Les stéréotypes consistent essentiell<strong>em</strong>ent en <strong>de</strong>s croyances ou <strong>de</strong>s idées partagées par un<br />
groupe à propos d‟un autre groupe. Un stéréotype est un ens<strong>em</strong>ble <strong>de</strong> caractéristiques qui<br />
résume un groupe, habituell<strong>em</strong>ent en termes <strong>de</strong> comport<strong>em</strong>ent, d‟habitu<strong>de</strong>s, etc.(CONSEIL DE<br />
L‟EUROPE, 1995, p. 31).
uma discussão que leve a se repensar as diferentes maneiras com as quais<br />
perceb<strong>em</strong>os nos outros algumas imagens <strong>de</strong> seu arcabouço sociocognitivo da cultura<br />
francesa.<br />
Dessa forma, compreen<strong>de</strong>mos que os ícones mostrados pelo autor (quadro 1)<br />
como imagens <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>áticas suscitam <strong>de</strong>smerecimento das outras culturas, pois na<br />
cultura francesa veicula a diversida<strong>de</strong> cultural <strong>de</strong> diferentes portadores que também<br />
precisa ser consi<strong>de</strong>rada.<br />
Assim, enten<strong>de</strong>mos que os ícones que estão nos manuais <strong>de</strong> ensino 10 <strong>de</strong><br />
FLE, como nos mostra o quadro a seguir, apresentam fatos históricos, personagens<br />
célebres, objetos do passado, comportamentos, paisagens, ícones, <strong>de</strong>ntre outros.<br />
10 Os manuais <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> francês foram citados pelos professores <strong>em</strong> formação, pois são<br />
adotados no curso <strong>de</strong> FLE da UFCG (MERIEUX e LOISEAU, 2008 e DI GIURA e BEACCO,<br />
2009).
TEMÁTICAS IMAGENS DOS MANUAIS DE ENSINO DE FLE MANUAL AUTOR/<br />
ANO<br />
Fatos históricos 14 <strong>de</strong> Julho, A França Immigrée, República Francesa Alors? (DI GIURA;<br />
BEACCO, 2009)<br />
Personagens<br />
célebres<br />
Objetos do<br />
passado<br />
Comportamentos<br />
Yves Saint Laurent, Coco Chanel, Pierre Cardin Latitu<strong>de</strong>s (MERIEUX;<br />
LOISEAU, 2008)<br />
Jornal Le Nouvel Observateur, Le Figaro<br />
O pão “francês”<br />
- Dil<strong>em</strong>a dos parisienses <strong>em</strong> viajar ou permanecer<br />
<strong>em</strong> casa;<br />
- Laicida<strong>de</strong>;<br />
- Saú<strong>de</strong><br />
- Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compras;<br />
- Oferta <strong>de</strong> presentes (criança, alguém conhecido,<br />
convite <strong>de</strong> um jantar e <strong>de</strong> um casamento)<br />
- Os animais;<br />
- A companhia;<br />
- O matrimônio na França<br />
Latitu<strong>de</strong>s (MERIEUX;<br />
LOISEAU, 2008)<br />
Alors? (DI GIURA;<br />
BEACCO, 2009)<br />
Alors ? (DI GIURA e<br />
BEACCO, 2009)<br />
Latitu<strong>de</strong>s (MERIEUX;<br />
LOISEAU, 2008)<br />
Paisagens Paris, Monte Saint-Michel Latitu<strong>de</strong>s (MERIEUX;<br />
LOISEAU, 2008)<br />
Ícones Torre Eiffel, Museu do Louvre Latitu<strong>de</strong>s (MERIEUX;<br />
LOISEAU, 2008)<br />
QUADRO 1: Imagens contidas nos Manuais <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> FLE<br />
Compreen<strong>de</strong>mos que o professor <strong>de</strong> FLE, tomado pela CI, po<strong>de</strong> perceber que<br />
as imagens contidas no manual traz<strong>em</strong> um enfoque <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> generalizada<br />
por qu<strong>em</strong> os elabora, e por qu<strong>em</strong> os recebe. As imagens contidas no quadro nos<br />
suger<strong>em</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que as imagens estereotipadas se pautam <strong>em</strong> imagens<br />
concebidas pela tradição. Dos ícones mencionados, a Torre Eiffel é consi<strong>de</strong>rada, para<br />
muitos a representação <strong>de</strong> Paris e mesmo da França. Este objeto não é suficiente<br />
para caracterizar Paris e a França, mesmo que a Torre contribua para <strong>de</strong>finir a cida<strong>de</strong><br />
e o país, por fazer parte do histórico da cida<strong>de</strong> e, por assim dizer, da França e <strong>de</strong> seus
cidadãos. Tanto a cida<strong>de</strong> quanto o país merec<strong>em</strong> ser mostrados e compl<strong>em</strong>entados<br />
por outros monumentos, pois a Torre Eiffel representa uma imag<strong>em</strong> simplificada da<br />
realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris e principalmente da França (CUQ., ORG, 2003).<br />
Isso não significa que o monumento <strong>de</strong>va ser <strong>de</strong>smerecido, uma vez que faz<br />
parte <strong>de</strong> um contexto sócio-histórico <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>. O que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os pon<strong>de</strong>rar é<br />
que o professor com CI não precisa <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar as imagens concebidas pelo<br />
manual, mas levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que outras representações merec<strong>em</strong> ser<br />
relativizadas aos seus apren<strong>de</strong>ntes.<br />
Dessa forma, um meio que parece i<strong>de</strong>al para <strong>de</strong>sconstruir um estereótipo é<br />
tentar relativizar uma imag<strong>em</strong> pré-concebida. Conforme Steele (1996):<br />
Um meio eficaz <strong>de</strong> atacar os estereótipos é <strong>de</strong>scer do nível da generalização<br />
para o nível das particularida<strong>de</strong>s reveladoras <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> complexa que<br />
não po<strong>de</strong> se resumir <strong>em</strong> um julgamento partidário. Através da apresentação <strong>de</strong><br />
uma França mostrada por regiões tendo cada uma suas especialida<strong>de</strong>s, <strong>em</strong><br />
meios sociais divergentes e <strong>em</strong> indivíduos <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s que possu<strong>em</strong><br />
seu t<strong>em</strong>peramento próprio, os estudantes se dão conta que existe na França<br />
uma diversida<strong>de</strong> similar àquela que eles conhec<strong>em</strong> <strong>de</strong> sua socieda<strong>de</strong>.<br />
Entretanto, essa tomada <strong>de</strong> consciência intelectual não conduz ao<br />
enfraquecimento dos estereótipos no estudante (STEELE, 1996, p. 55) 11 .<br />
Enten<strong>de</strong>mos que a relativização <strong>de</strong> um estereótipo se dá quando<br />
encontramos a realida<strong>de</strong> do que está sendo generalizado. Relativizar um estereótipo<br />
é, então, conduzir os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ à percepção <strong>de</strong> sua existência,<br />
<strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. É levá-lo a tomar consciência <strong>de</strong> que para ir ao nível da<br />
“particularida<strong>de</strong>” é preciso relativizar as imagens que aparec<strong>em</strong> e não colaboram para<br />
11 Un moyen efficace <strong>de</strong> s‟attaquer aux stéréotypes est <strong>de</strong> <strong>de</strong>scendre du niveau <strong>de</strong> la<br />
génération au niveau <strong>de</strong>s particulirités révélatrices d‟une réalité complexe qui ne peut pas se<br />
résumer en un jug<strong>em</strong>ent partisan. À travers la présentation d‟une France éclatée en régions<br />
ayant chacune leurs spécialités, en milieux sociaux divergents et en individus <strong>de</strong> tous les âges<br />
possédant leur t<strong>em</strong>pérament propre, les étudiants se ren<strong>de</strong>nt compte qu‟il existe en France une<br />
diversité similaire à celle qu‟ils connaissent dans leur société maternelle. Cependant, cette prise<br />
<strong>de</strong> conscience intellectuelle n‟entraine pas forcément l‟affaibless<strong>em</strong>ent <strong>de</strong>s stéréotypes chez<br />
l‟étudiant (STEELE, 1996, p. 55).
o aprendizado da língua estrangeira. Assim, possivelmente, os apren<strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong>rão<br />
compreen<strong>de</strong>r a cultura do outro na sua pluralida<strong>de</strong>.<br />
Ainda com esse pensamento, as imagens estereotipadas do „professor <strong>em</strong><br />
formação inicial‟ trazidas para o contexto da sala <strong>de</strong> aula, da cultura do outro, <strong>de</strong><br />
modo generalizado, po<strong>de</strong>m causar certos malentendidos visto que não está sendo<br />
consi<strong>de</strong>rada a diversida<strong>de</strong> existente das culturas do outro. Nesta ótica, os sujeitos –<br />
„professor <strong>em</strong> formação inicial‟ e apren<strong>de</strong>ntes - perceb<strong>em</strong> que da mesma forma que<br />
eles traz<strong>em</strong> suas culturas incomparáveis, precisam tomar consciência sobre algumas<br />
imagens estereotipadas que aparec<strong>em</strong> sobre as culturas do outro e da materna, <strong>de</strong><br />
forma cristalizada, consi<strong>de</strong>rando o exposto no manual <strong>de</strong> ensino, pois é possível que o<br />
surgimento <strong>de</strong>ssas imagens possa interferir no ensino-aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Vale salientar que com a tomada da consciência a “valorização da cultura do<br />
outro po<strong>de</strong> contribuir para a valorização da cultura materna” (ZARATE, 1995, p.23) 12 .<br />
Isto acontece quando os sujeitos se questionam sobre suas pertenças, suas<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, como também po<strong>de</strong>ndo se interessar <strong>em</strong> valorizar as culturas do Outro,<br />
uma vez que eles se ancoram no passado direta ou indiretamente relacionado às<br />
culturas envolvidas.<br />
Conforme De Carlo (1998), as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s são imagens que faz<strong>em</strong>os <strong>de</strong> nós<br />
mesmos e possivelmente aquelas que os outros vê<strong>em</strong> a nosso respeito, são as<br />
nossas relações com eles e do que eles representam para nossos olhos. Elas po<strong>de</strong>m<br />
ser vistas como individual ou coletiva, pois segundo esse pensamento, é um marco<br />
que não po<strong>de</strong>ria existir fora da dialética com os outros sujeitos. Respaldando-nos<br />
ainda sobre o mencionado, é possível i<strong>de</strong>ntificar a existência <strong>de</strong> um paradoxo nessa<br />
dialética, <strong>em</strong> que cada um <strong>de</strong> nós, para afirmar seu próprio eu, é obrigado a<br />
12 La <strong>de</strong>scription valorisante <strong>de</strong> la culture étrangère peut égal<strong>em</strong>ent contribuer à la valorisation<br />
<strong>de</strong> la culture nationale locale (ZARATE, 1995, p.23).
econhecer a presença <strong>de</strong> um “não eu” que configura a condição necessária <strong>de</strong> nossa<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e a iminência <strong>de</strong> nossa existência.<br />
Partindo dos estudos psicológicos, De Carlo (op.cit.) menciona que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
nascimento, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada indivíduo pertence a um grupo, a uma comunida<strong>de</strong>,<br />
a uma família com os quais ele divi<strong>de</strong> um nome, uma língua e um código <strong>de</strong><br />
comportamento. Deste modo, estes el<strong>em</strong>entos parec<strong>em</strong> <strong>de</strong>finir sua pertença e<br />
também, <strong>em</strong> certa medida, suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />
Esse pensamento é sinalizado por Hall (2006) ao afirmar que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
cultural aparece sob três concepções: uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que traz<strong>em</strong>os como pessoas<br />
humanas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento, outra que adquirimos ao conviver <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong><br />
interagindo – o espaço preenche o interior e o exterior – com as outras pessoas e, a<br />
última, como um sujeito pós-mo<strong>de</strong>rno que não t<strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> “fixa, essencial e<br />
permanente”, ou seja, um sujeito que t<strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntificações (HALL, 2006, p. 12).<br />
Compreen<strong>de</strong>mos que o sujeito pós-mo<strong>de</strong>rno traz i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos<br />
diferentes momentos, uma vez que elas não são integradas (fixas) <strong>em</strong> torno do “eu”<br />
que acreditamos coerente. Isto quer dizer que no nosso íntimo há i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
incitando-nos a diferentes direções, pois nossas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s estão sendo s<strong>em</strong>pre<br />
<strong>de</strong>slocadas. Hall (2006, p. 48) nos conduz ao pensamento <strong>de</strong> que as “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
nacionais não são coisas com as quais nós nasc<strong>em</strong>os, mas são formadas e<br />
transformadas no interior da representação” (HALL, 2006, p. 49). Sob a nossa ótica, a<br />
representação <strong>de</strong>stacada por Hall citando Schwarz (1986, p. 106), refere-se à nação<br />
como sendo uma comunida<strong>de</strong> simbólica – Brasil, Nor<strong>de</strong>ste, Paraíba, Campina Gran<strong>de</strong><br />
– que parece ter o “po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> gerar um sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e lealda<strong>de</strong>”.<br />
Ao r<strong>em</strong>eter-se à concepção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Bosch (2007) nos conduz a fazer<br />
uma relação com a imag<strong>em</strong> estereotipada, pois o estereótipo exerce sobre um grupo<br />
social um po<strong>de</strong>r i<strong>de</strong>ológico <strong>em</strong> relação aos <strong>de</strong>mais grupos. As imagens estereotipadas
veiculam uma impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rompimentos dos limites tradicionalmente<br />
estabelecidos, visto que as relações sociais colocam o “Outro” <strong>em</strong> posição <strong>de</strong><br />
submissão ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência. Segundo Bosch (op. cit), os estereótipos po<strong>de</strong>m ser<br />
caracterizados por auto e heteroestereótipos. O primeiro se volta para a cultura local e<br />
se revela mais constante, ten<strong>de</strong>ndo a aumentar a avaliação <strong>de</strong> forma positiva. Já o<br />
heteroestereótipo se volta para a cultura do outro e, <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> conflito a avalia<br />
negativamente. Observamos que tanto o auto quanto o heteroestereótipo são modos<br />
<strong>de</strong> generalização e <strong>de</strong> especificação, portanto, isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da imag<strong>em</strong> que cada<br />
um terá <strong>de</strong> sua cultura e da cultura do outro.<br />
Bosch (op. cit, p. I.506) ainda subdivi<strong>de</strong> cada um dos dois (auto e hetero) <strong>em</strong><br />
quatro níveis: 1) o sujeito po<strong>de</strong> ou não aplicar o estereótipo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do que ele<br />
acredita saber; 2) ele projeta, <strong>em</strong>ocionalmente, suas próprias intenções favorecendo a<br />
aceitação ou a rejeição <strong>de</strong> si e/ou do outro; 3) po<strong>de</strong> tornar-se cúmplice, colocando-se<br />
no lugar do outro através do exercício da alterida<strong>de</strong> e 4) po<strong>de</strong> ultrapassar o nível da<br />
barreira dos estereótipos, criticando ou recusando o julgamento negativo ou positivo,<br />
preferindo ocupar o lugar <strong>de</strong> abstenção e silêncio.<br />
Essa classificação parece nos conduzir a ver o professor <strong>em</strong> formação<br />
inicial como um sujeito que relativiza um estereótipo, visto que a imag<strong>em</strong><br />
que possivelmente faz do outro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas concepções, enquanto<br />
sujeito com i<strong>de</strong>ntificações.<br />
Desse modo, o estereótipo po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado como um tipo <strong>de</strong> imag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> alterida<strong>de</strong>, visto que se constitui como oposição à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada sujeito.<br />
Nesse sentido, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é a imag<strong>em</strong> que cada um faz <strong>de</strong> si mesmo, consi<strong>de</strong>rando<br />
sua história pessoal, suas opiniões, suas habilida<strong>de</strong>s e possibilida<strong>de</strong>s, seus anseios e<br />
<strong>de</strong> como se percebe no seu lugar no mundo. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é o resultado <strong>de</strong> uma<br />
concepção n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre contínua que o indivíduo apren<strong>de</strong> a se conhecer e a construir
sua imag<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> seu grupo, <strong>de</strong> outros grupos e das relações entre<br />
diferentes grupos.<br />
Dessa forma, a alterida<strong>de</strong>, nosso próximo tópico, parece levar os professores a<br />
tomar<strong>em</strong> consciência <strong>de</strong> que os estereótipos exist<strong>em</strong> e po<strong>de</strong>m se contrapor à<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, já que na prática do exercício <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong> eles po<strong>de</strong>m compreen<strong>de</strong>r<br />
questões que venham a ser conflituosas sobre a sua cultura e a cultura do outro.<br />
2.2. Alterida<strong>de</strong>: outra concepção<br />
Partindo da concepção <strong>de</strong> que o sujeito t<strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, situando-o diante das<br />
i<strong>de</strong>ntificações possíveis, este parece que será conduzido a compreen<strong>de</strong>r os<br />
mecanismos <strong>de</strong> sua pertença cultural, através das imagens que ele t<strong>em</strong> <strong>de</strong> si e do<br />
outro. Se ele t<strong>em</strong> consciência dos critérios implícitos <strong>de</strong> classificação das culturas dos<br />
sujeitos envolvidos, mais ele tenta objetivar os princípios tácitos <strong>de</strong> divisão do mundo<br />
da sua cultura e da cultura do Outro. Dessa forma, é possível po<strong>de</strong>r expressar um<br />
sentimento sobre suas próprias afirmações (DE CARLO, op. cit.).<br />
Consoante a Otenio (2007), para a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é necessário o<br />
reconhecimento da alterida<strong>de</strong>, ou seja, o Outro não é visto como inimigo ou obstáculo,<br />
mas como um sujeito que contribui para o fortalecimento <strong>de</strong> nossa construção<br />
i<strong>de</strong>ntitária. Assim, compreen<strong>de</strong>mos que i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e alterida<strong>de</strong> parec<strong>em</strong> exercer<br />
papéis essenciais na abordag<strong>em</strong> entre culturas. Ao que nos parece este pensamento<br />
se encontra com o que o dicionário <strong>de</strong> didática das línguas (CUQ, ORG., 2003, p. 17)<br />
mostra sobre “a alterida<strong>de</strong> 13 :<br />
13 L‟alterité, c‟est l‟autre en tant qu‟autre, c‟est-à-dire, comme moi, un sujet (responsable et<br />
absolument singulier, incomparable); il est à la fois différent <strong>de</strong> moi et i<strong>de</strong>ntique à moi en<br />
dignité. L‟alterité est le concepte qui recouvre l‟ens<strong>em</strong>ble <strong>de</strong>s autres, considérés eux aussi<br />
comme <strong>de</strong>s ego (alter ego) et dont je suis moi aussi l‟alter ego, avec droits et <strong>de</strong>voirs. Pour être<br />
moi j‟ai besoin que les autres (l‟alterité) existent (CUQ, ORG., 2003, p. 17).
Alterida<strong>de</strong> é o outro enquanto outro, isto é, como eu, um sujeito (responsável e<br />
absolutamente singular, incomparável); ele é ao mesmo t<strong>em</strong>po diferente <strong>de</strong><br />
mim e idêntico a mim <strong>em</strong> dignida<strong>de</strong>. A alterida<strong>de</strong> é o conceito que recobre o<br />
conjunto dos outros, consi<strong>de</strong>rados também como ego (alter ego) e do qual eu<br />
sou também o alter ego, com direitos e <strong>de</strong>veres. Para ser eu, eu preciso que os<br />
outros existam (alterida<strong>de</strong>) (CUQ, Org., 2003, p. 17).<br />
Essa citação nos leva a enten<strong>de</strong>r que o exercício da alterida<strong>de</strong> é acionado no<br />
momento que eu percebo o Outro diferente <strong>de</strong> mim e idêntico a mim, visto que eu só<br />
existo – como ser singular e incomparável – <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> o Outro existir, eu me vejo<br />
como um sujeito com o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> respeitar o Outro com sua diferença e com o direito<br />
<strong>de</strong> ser respeitado com minha diferença.<br />
Dessa forma, compreen<strong>de</strong>mos que a alterida<strong>de</strong> dialoga com a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e, no<br />
contexto <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>, são <strong>de</strong>terminantes para <strong>de</strong>stacarmos que a prática<br />
da alterida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>scoberta /tomada <strong>de</strong> consciência conduz<strong>em</strong> os envolvidos no<br />
processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong> a perceber<strong>em</strong> que são diferentes, que cada um t<strong>em</strong><br />
uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, como nos mostra Grollet (2005).<br />
“Tolerância” ou “alterida<strong>de</strong>”? Pessoalmente eu prefiro “alterida<strong>de</strong>”. Não<br />
é que a tolerância não seja um valor laico fundamental, mas porque a<br />
palavra é frequent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>slocada <strong>de</strong> seu sentido até servir <strong>de</strong><br />
paraventos ao pensamento único. Para muitos, a tolerância seria a<br />
aceitação <strong>de</strong> todas as i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong> seu contrário. Para esses “tolerantes”,<br />
o intolerante é aquele que exclui, critica e evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, pol<strong>em</strong>iza ou<br />
zomba. Por uma curiosa inversão <strong>de</strong> conceito, um mundo tolerante<br />
seria, então, um mundo on<strong>de</strong> todos pensariam parecidos ou um mundo<br />
on<strong>de</strong>, cada vez menos, os que têm um pensamento crítico, divergente<br />
ou dissi<strong>de</strong>nte, teriam bom gosto <strong>de</strong> calar-se, porque criticar o<br />
pensamento do outro seria faltar com a tolerância (GROLLET, 2005, p.<br />
54-55) 14 .<br />
14 « Tolérance » ou « alterité » ? personnell<strong>em</strong>ent je préfère « alterité ». Non pas que la<br />
tolérance ne soit pas une valeur laïque fondamentale, mais parce que le mot est bien<br />
souvent <strong>de</strong>tourné <strong>de</strong> son sens jusqu‟à servir <strong>de</strong> paravent à la pensée unique. Pour<br />
beaucoup, la tolérance serait l‟acceptation <strong>de</strong> toutes les idées et <strong>de</strong> leur contraire. Pour<br />
ces «tolérants»-là, l‟«intolérant» est celui qui détonne, qui critique et evi<strong>de</strong>mment qui<br />
polémique ou qui brocar<strong>de</strong>. Par un curieux renvers<strong>em</strong>ent <strong>de</strong> concept, un mon<strong>de</strong> tolérant<br />
serait donc un mon<strong>de</strong> où tout le mon<strong>de</strong> penserait pareil ou un mon<strong>de</strong> où, à tout le moins,<br />
ceux qui ont une pensée critique, divergente ou dissi<strong>de</strong>nte auraient le bon goût <strong>de</strong> se<br />
taire, parce que critiquer la pensée d‟autrui serait manquer <strong>de</strong> tolérance (GROLLET 2005,<br />
p. 54-55).
O exercício da alterida<strong>de</strong> é o reconhecimento do Outro na sua diferença, é o<br />
valor essencial da relativização que privilegia a diferença das culturas como fonte <strong>de</strong><br />
uma prática não intolerante. Desta forma, é possível perceber que o sentido da<br />
alterida<strong>de</strong> não é ser tolerante, e sim enten<strong>de</strong>r o Outro na sua diferença <strong>de</strong> opinião, é<br />
<strong>de</strong>ixá-lo expressar seu pensamento, mesmo não concordando com o Outro, pois a<br />
alterida<strong>de</strong> é o reconhecimento <strong>de</strong> que o Outro pensa diferente <strong>de</strong> mim, mas n<strong>em</strong> por<br />
isso <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os <strong>de</strong>smerecer, pois se trata <strong>de</strong> um sujeito que traz uma cultura diferente<br />
da minha, uma vez que t<strong>em</strong> opiniões e i<strong>de</strong>ias diferenciadas daquelas que acredito que<br />
sejam coerentes.<br />
Assim, a alterida<strong>de</strong> na visão <strong>de</strong> Aballah-Pretceille e Porcher (2001), fomenta o<br />
sentimento <strong>de</strong> pertença e <strong>de</strong> referência que parec<strong>em</strong> formar o pilar do público escolar<br />
levado a conviver no mesmo local, a ser<strong>em</strong> conduzidos por projetos incomparáveis,<br />
s<strong>em</strong> para tanto renunciar, cada um, a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal.<br />
Tentar compreen<strong>de</strong>r a si mesmo é uma condição absolutamente necessária<br />
para ir ao encontro do outro. Este encontro po<strong>de</strong> mudar a concepção <strong>de</strong> cada sujeito,<br />
mas não significa dizer que transformará radicalmente a realida<strong>de</strong> sócio-histórico-<br />
cultural que lhe circunda, uma vez que a realida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser vista como um referencial.<br />
Este pensamento antecipa o que Schachinger e Taylor (2007) diz<strong>em</strong> sobre o que a AI<br />
po<strong>de</strong> oferecer:<br />
A aprendizag<strong>em</strong> intercultural oferece a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar com<br />
as perspectivas do outro; é a experiência respeitosa que consiste <strong>em</strong> tentar<br />
"colocarmo-nos no lugar do outro", s<strong>em</strong>, no entanto, preten<strong>de</strong>r viver o que<br />
ele vive. Permite-nos experimentar e partilhar a verda<strong>de</strong>ira solidarieda<strong>de</strong>,<br />
tendo fé na força da cooperação. Neste contexto, a aprendizag<strong>em</strong><br />
intercultural é também uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrirmos a nossa própria<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação (SCHACHINGER e TAYLOR, 2007, p. 3) 15 .<br />
15 L‟apprentissage interculturel offre la chance <strong>de</strong> s‟i<strong>de</strong>ntifier aux perspectives <strong>de</strong> l‟autre; c‟est<br />
l‟expérience respectueuse qui consiste à tenter <strong>de</strong> «se mettre à la place <strong>de</strong> l‟autre», sans pour<br />
autant prétendre vivre ce que vit l‟autre. Il nous permet d‟expérimenter et d‟apprendre la vraie<br />
solidarité, en ayant foi en la force <strong>de</strong> la coopération. L‟apprentissage interculturel dans ce<br />
contexte, est aussi une façon <strong>de</strong> découvrir notre propre capacité d‟action (SCHACHINGER e<br />
TAYLOR, 2007, p. 3) 15 .
A nosso ver, essa citação nos instiga a refletir não somente sobre os aspectos<br />
concernentes ao intercultural, mas, também sobre o professor <strong>em</strong> formação que<br />
consciente <strong>de</strong> seu papel como um mediador intercultural parece perceber que outras<br />
perspectivas, inerentes à formação, não <strong>de</strong>vam ser <strong>de</strong>smerecidas. Isso po<strong>de</strong> levar os<br />
envolvidos à prática da alterida<strong>de</strong> como um dos aspectos relevantes para as trocas<br />
interculturais, visto que estas concepções, tendo sido experimentadas e partilhadas ao<br />
longo <strong>de</strong> sua formação, po<strong>de</strong>m conduzi-lo a <strong>de</strong>scobrir a própria capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação.<br />
Isso implica dizer que essa <strong>de</strong>scoberta é a experiência respeitosa que consiste<br />
<strong>em</strong> fazê-lo se colocar no „lugar do Outro‟ e, <strong>de</strong>sta forma, tentar refletir que é<br />
necessário buscar outras concepções que ajudam os seus apren<strong>de</strong>ntes a relativizar<strong>em</strong><br />
as imagens estereotipadas.<br />
Nesse sentido, no nosso próximo capítulo – “Aspectos metodológicos: do<br />
planejamento à execução da pesquisa” – procuramos realizar uma abordag<strong>em</strong> que<br />
conduzisse o professor <strong>em</strong> formação inicial a compreen<strong>de</strong>r os aspectos do intercultural<br />
para chegar à tomada da CI.
CAPÍTULO III
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS: DO PLANEJAMENTO À EXECUÇÃO DA<br />
PESQUISA<br />
“/.../ o professor <strong>de</strong>ve, pois, não só levar os alunos a compreen<strong>de</strong>r<strong>em</strong> que<br />
a educação é importante, mas tentar fazer com que eles sejam respeitados no cotidiano dos<br />
alunos, inclusive por meio <strong>de</strong> suas próprias atitu<strong>de</strong>s profissionais/.../”.<br />
(G4 A)<br />
Neste capítulo, apresentamos as etapas percorridas por essa pesquisa, b<strong>em</strong><br />
como a sua natureza, o critério <strong>de</strong> seleção das canções, o perfil dos informantes, os<br />
instrumentos utilizados, os procedimentos, a constituição do corpus e os<br />
procedimentos <strong>de</strong> categorização e análise.<br />
3.1. Natureza e contexto da pesquisa<br />
Essa pesquisa caracteriza-se como sendo <strong>de</strong> natureza qualitativo-analítica e<br />
<strong>de</strong> base interpretativista, pois houve o processo <strong>de</strong> converter fontes <strong>em</strong> dados<br />
documentais, a partir <strong>de</strong>: protocolo <strong>de</strong> observação (PO), documentos recolhidos no<br />
local (DL) – um questionário pré-intervenção e dois questionários pós-intervenções<br />
aplicados. Houve ainda a gravação eletrônica (GE) das nossas intervenções e dos<br />
<strong>de</strong>poimentos dos professores <strong>em</strong> formação. Por meio <strong>de</strong> um método <strong>de</strong> indução<br />
analítica, fiz<strong>em</strong>os o registro e a análise, associando cada asserção apresentada na<br />
tentativa <strong>de</strong> mostrar <strong>em</strong>basamento <strong>em</strong>pírico para a confirmação daquela asserção<br />
(BORTONI-RICARDO, 2008).<br />
A referida pesquisa vincula-se à pesquisa-ação, um tipo <strong>de</strong> pesquisa social<br />
com base <strong>em</strong>pírica que é concebida e realizada <strong>em</strong> estreita associação com uma ação<br />
ou com a resolução <strong>de</strong> um probl<strong>em</strong>a coletivo, no qual os pesquisadores e participantes<br />
representativos da situação ou do probl<strong>em</strong>a estão envolvidos <strong>de</strong> modo cooperativo ou<br />
participativo (THIOLLENT, 2008; MOREIRA e CALEFFE, 2006; MOITA LOPES, 2001).
Isto quer dizer que se trata <strong>de</strong> uma abordag<strong>em</strong> que possibilita interpretar os dados,<br />
consi<strong>de</strong>rando os fatos que ocorr<strong>em</strong> e os sujeitos envolvidos nestes fatos.<br />
Consoante Moreira e Caleffe ( op. cit., p. 92), a pesquisa-ação <strong>em</strong> contexto<br />
escolar caracteriza-se <strong>em</strong> cinco procedimentos, como sendo um meio <strong>de</strong>: (1)<br />
contornar probl<strong>em</strong>as diagnosticados <strong>em</strong> situações específicas; (2) treinar <strong>em</strong> serviço,<br />
proporciona ao professor novas habilida<strong>de</strong>s e métodos; (3) introduzir abordagens<br />
adicionais e inovadoras no processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>; (4) melhorar a<br />
comunicação entre o professor praticante e o pesquisador acadêmico e (5)<br />
proporcionar uma alternativa <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as na sala <strong>de</strong> aula.<br />
Isso nos ajuda a fazer uma análise do corpus, tomando por base as<br />
intervenções da CI e suas implicações com o ensino, b<strong>em</strong> como sobre questões<br />
educacionais <strong>de</strong> natureza diversa, centrada na interação – pesquisador<br />
interventor/‟professores <strong>em</strong> formação inicial‟ – e ao uso que faz<strong>em</strong> da língua-culturas.<br />
Decidimos, então, estudar quatro canções e para isto fiz<strong>em</strong>os uma seleção.<br />
Neste sentido, concluímos que as canções Mon pays, On a changé, Un homme sans<br />
racines e Touche pas à mon pote 16 (QUADRO 2: “Canções <strong>de</strong> expressão francesa,<br />
suas origens e seus subgêneros”) seriam viáveis para respon<strong>de</strong>r a nossa questão <strong>de</strong><br />
pesquisa explicitada na página 18 <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Partimos do pressuposto <strong>de</strong> que o nosso objeto <strong>de</strong> pesquisa, a canção <strong>de</strong><br />
expressão francesa, como um gênero didatizado, po<strong>de</strong> levar o „professor <strong>em</strong> formação<br />
inicial‟ a investigar e conduzir os apren<strong>de</strong>ntes à tomada da CI <strong>em</strong> aulas <strong>de</strong> francês <strong>em</strong><br />
contexto exolingue.<br />
16A primeira canção, Mon pays, <strong>de</strong> subgênero musical raï, é uma mistura <strong>de</strong> cultura oranese e<br />
cultura oci<strong>de</strong>ntal, ela t<strong>em</strong> ritmo dançante; a segunda, On a changé, t<strong>em</strong> subgênero musical<br />
zouk, o ritmo nos l<strong>em</strong>bra a lambada brasileira, a terceira canção Un homme sans racines é um<br />
subgênero pop rock e a quarta Touche pas à mon pote, ritmo afrobaiano, marca a cultura<br />
afrobrasileira, e foi composta <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> ao centenário da abolição da escravatura.
No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta pesquisa, atentamos para os conteúdos das canções <strong>de</strong><br />
expressão francesa e i<strong>de</strong>ntificamos que nas suas letras havia o reconhecimento das<br />
raízes, o conflito entre o distanciamento e a busca das origens, o contexto diaspórico,<br />
a adaptação à cultura estrangeira, a valorização dos povos e suas culturas e a<br />
valorização do outro. Desta forma, houve possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazermos uma abordag<strong>em</strong>,<br />
na sala <strong>de</strong> aula, que promovesse as discussões consi<strong>de</strong>rando a CI, uma vez que as<br />
canções relatam contextos sociais b<strong>em</strong> distintos, como seus títulos já nos indicam. A<br />
abordag<strong>em</strong> feita com as quatro canções contribuiu, também, para levar os<br />
„professores <strong>em</strong> formação inicial‟ a percepção <strong>de</strong> algumas dificulda<strong>de</strong>s que eles<br />
parec<strong>em</strong> ter no que concerne ao uso da língua para a comunicação.<br />
GÊNERO<br />
1.<br />
2. 1-Raï<br />
3.<br />
4. 2-Zouk<br />
5. 3- Pop<br />
6. rock<br />
7. 4-Afro<br />
brasileiro<br />
CANÇÃO<br />
Mon pays<br />
On a Changé<br />
Un homme sans racines<br />
Touche pas à mon pote<br />
PAÍS /CONTINENTE<br />
Argélia/África do Norte<br />
(Magreb)<br />
Afro-Caribe/América Central<br />
Ilha da Reunião/África<br />
Brasil/América do Sul<br />
Fau<strong>de</strong>l<br />
CANTOR/<br />
INTÉRPRETE<br />
Les Déesses<br />
De Palmas<br />
Gilberto Gil<br />
QUADRO 2: Canções <strong>de</strong> expressão francesa, suas origens e seus subgêneros.<br />
ANO<br />
2006<br />
2007<br />
2004<br />
1988<br />
As canções apresentadas com suas origens e seus subgêneros distintos nos<br />
conduziram a fazer um trabalho pautado nas trocas interculturais, visto que os<br />
participantes <strong>de</strong>monstraram um discreto conhecimento sobre essas canções. O<br />
gênero raï, por ex<strong>em</strong>plo, v<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma cultura dos povos da Argélia, o zouk, cujo<br />
significado é festa, t<strong>em</strong> sua orig<strong>em</strong> dos povos das Antilhas. O pop rock é um ritmo com<br />
variação do ritmo pop, o último, o afro-brasileiro, é um ritmo que traz sua cultura<br />
marcada nas origens do povo brasileiro.
No que concerne aos participantes, período da pesquisa, seu local <strong>de</strong><br />
realização, e seu contexto sócio-histórico-cultural, discutir<strong>em</strong>os ao apresentarmos o<br />
perfil dos participantes.<br />
3.2. Perfil dos participantes<br />
A pesquisa-ação, isto é, a intervenção na sala <strong>de</strong> aula foi realizada <strong>em</strong> dois<br />
períodos. O primeiro período compreen<strong>de</strong>u os meses <strong>de</strong> março a maio; e, o segundo<br />
período, durante o mês <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010, <strong>em</strong> quatro turmas <strong>de</strong> Língua Francesa<br />
da Unida<strong>de</strong> Acadêmica <strong>de</strong> Letras da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong><br />
(UAL/UFCG). Ressalte-se que no segundo s<strong>em</strong>estre do ano anterior (2009.2) foi feita,<br />
<strong>em</strong> uma turma <strong>de</strong> língua francesa IV, uma pesquisa piloto (GP).<br />
As turmas escolhidas para a proposta foram: Francês I, doravante (G1),<br />
Francês III (G2), Francês IV (G3) e Literatura Francesa II (G4), pois eram as turmas<br />
oferecidas naquele s<strong>em</strong>estre e também aten<strong>de</strong>riam a proposta da pesquisa, visto que<br />
se tratava <strong>de</strong> grupos distintos, com suas culturas, que certamente nos dariam uma<br />
i<strong>de</strong>ia sobre o que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> CI na sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE. No s<strong>em</strong>estre posterior,<br />
havíamos trabalhado com os mesmos grupos, sendo Francês II (G1), Francês IV (G2),<br />
Francês VI (G3) e Literatura Francesa III (G4). Nos dois s<strong>em</strong>estres as aulas ocorriam<br />
duas vezes por s<strong>em</strong>ana, <strong>em</strong> turno diurno e tinham 2 (duas) horas <strong>de</strong> duração. Dentro<br />
<strong>de</strong>ste contexto, participaram nos dois s<strong>em</strong>estres letivos 16 (<strong>de</strong>zesseis) professores <strong>em</strong><br />
formação inicial (GRÁFICO 1: Perfil dos participantes: número <strong>de</strong> inscritos por turma).
O gráfico apresenta o perfil dos grupos, pois contamos com mais participantes<br />
no G1, sendo sete „professores <strong>em</strong> formação inicial‟. Os <strong>de</strong>mais grupos, G2 e G4<br />
tinham quatro „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ cada um e no G3, apenas um. É<br />
necessário <strong>de</strong>stacar que o fato <strong>de</strong> a nossa pesquisa ser <strong>de</strong> natureza qualitativa, o<br />
número <strong>de</strong> inscritos nas disciplinas e, portanto, participantes da pesquisa <strong>de</strong>monstra a<br />
inestimável relevância <strong>de</strong>les para a pesquisa, o que é observado no gráfico um. As<br />
turmas apresentam suas culturas incomparáveis, o que intensificou as discussões na<br />
sala <strong>de</strong> aula visto que as concepções <strong>de</strong> cada participante se configuram como<br />
diversificadas.<br />
GRÁFICO 1: Perfil dos participantes: número <strong>de</strong> inscritos por turma<br />
Quanto à faixa etária, o maior número <strong>de</strong> informantes se inclui na faixa acima<br />
<strong>de</strong> 18 (<strong>de</strong>zoito) anos e abaixo <strong>de</strong> 40 (quarenta) anos (GRÁFICO 2: faixa etária e<br />
nacionalida<strong>de</strong>). Isto <strong>de</strong>monstra que cada participante trouxe suas experiências <strong>de</strong> vida<br />
e certamente suas culturas para o contexto da sala <strong>de</strong> aula. O gráfico ainda apresenta<br />
o perfil dos participantes no que diz respeito à nacionalida<strong>de</strong>.
GRÁFICO 2: Faixa etária e nacionalida<strong>de</strong><br />
Consi<strong>de</strong>rando o exposto sobre sexo, faixa etária e nacionalida<strong>de</strong>, observamos<br />
que os grupos apresentam seus perfis, dado que instiga o trabalhar o intercultural <strong>em</strong><br />
contextos <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>, especificamente na sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE.<br />
A seguir, apresentar<strong>em</strong>os os instrumentos utilizados para a construção dos<br />
dados que nos ajudaram a estabelecer nosso corpus <strong>de</strong> análise.<br />
3.3. Instrumentos utilizados<br />
O protocolo <strong>de</strong> observação (PO) foi utilizado durante as observações das aulas<br />
ministradas pelos professores formadores – <strong>de</strong> cada grupo – e também durante as<br />
nossas intervenções presenciais na pesquisa-ação. O PO é um instrumento que dá<br />
suporte ao pesquisador (MOREIRA e CALEFFE, 2006) para registrar as informações<br />
mais relevantes, como a <strong>de</strong>scrição das ativida<strong>de</strong>s realizadas <strong>em</strong> cada sala pelo<br />
professor formador e „professores <strong>em</strong> formação inicial‟; os recursos didático-<br />
metodológicos utilizados <strong>em</strong> cada grupo, uma vez que estes últimos apresentavam<br />
níveis distintos <strong>de</strong> sua formação <strong>em</strong> FLE; e, finalmente, todos os procedimentos<br />
realizados pelos professores formadores durante os eventos das aulas, tais como: a<br />
discussão feita <strong>em</strong> cada grupo, explanação do professor, os recursos utilizados
(computador, datashow, texto impresso, quadro branco, pincel para quadro branco,<br />
apagador, entre outros). Também registrar as anotações das datas <strong>de</strong> cada<br />
observação/intervenção (13/04 a 27/05 <strong>de</strong> 2010 e nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010), sua duração, o<br />
local <strong>de</strong> realização (UFCG), os encontros – que totalizaram <strong>de</strong>zoito –, os <strong>de</strong>senhos da<br />
planta física, como o nome das disciplinas: G1 – FI/FII, G2 – FIII/FIV, G3 – FV/FVI e<br />
G4 – Literatura Francesa II e III. Registramos ainda as t<strong>em</strong>áticas trabalhadas nas<br />
músicas Mon pays, On a Changé, Un homme sans racines e Touche pas à mon pote e<br />
o número <strong>de</strong> sujeitos envolvidos <strong>em</strong> cada encontro (segundo o mencionado no gráfico<br />
2). Também fiz<strong>em</strong>os anotações reflexivas – anotações sobre o processo, reflexões<br />
sobre as ativida<strong>de</strong>s e conclusões resumidas – para ser<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvidas<br />
posteriormente.<br />
O segundo instrumento, o questionário (APÊNDICES A, B, I e M:<br />
“Questionários para professor <strong>de</strong> FLE e professores <strong>em</strong> formação”), apresenta-se<br />
como um instrumento relevante para esta pesquisa, <strong>de</strong>vido a sua natureza<br />
documental, pois permitiu aos „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ se posicionar<strong>em</strong> com<br />
mais “liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever e expressar o que pensam”, visto que as informações<br />
neles contidas pu<strong>de</strong>ram nos fornecer os dados necessários. Ainda, o questionário<br />
assume quatro vantagens para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas científicas, a saber:<br />
(a) o uso suficiente do t<strong>em</strong>po, (b) o anonimato para o respon<strong>de</strong>nte, (c) a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> alta taxa <strong>de</strong> retorno e (d) as perguntas padronizadas (MOREIRA E CALEFFE,<br />
op.cit., p.96).<br />
Os questionários foram elaborados para a obtenção <strong>de</strong> informações a respeito<br />
do perfil dos „professores <strong>em</strong> formação inicial‟, enquanto sujeitos-apren<strong>de</strong>ntes da<br />
língua-cultura <strong>de</strong> expressão francesa, b<strong>em</strong> como seu perfil <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>,<br />
abordag<strong>em</strong> da cultura e da canção no ensino, o manual adotado no curso, as<br />
habilida<strong>de</strong>s mais difíceis para <strong>de</strong>senvolver e mais relevantes para compreen<strong>de</strong>r a
canção, as percepções sobre a canção <strong>de</strong> expressão francesa e o significado do<br />
intercultural no ensino <strong>de</strong> línguas.<br />
O último instrumento, a gravação eletrônica (GE) <strong>em</strong> áudio, assumiu gran<strong>de</strong><br />
relevância para construção <strong>de</strong> dados, pois tanto na pesquisa piloto, quanto nas<br />
intervenções ele foi necessário, permitindo revisitar os dados para excluir dúvidas e<br />
refinar os resultados do ponto <strong>de</strong> vista analítico.<br />
3.4. Procedimentos da pesquisa<br />
3.4.1. Experiência Piloto<br />
Com o GP, o nosso intuito foi o <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar quais os procedimentos<br />
a<strong>de</strong>quados a ser<strong>em</strong> tomados quando no momento da proposta da AI com a canção <strong>de</strong><br />
expressão francesa como gênero didatizado <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula. A turma do GP era<br />
formada por dois apren<strong>de</strong>ntes regularmente inscritos na graduação <strong>em</strong> francês e<br />
<strong>em</strong>bora o estudo com a canção, neste grupo, tenha sido realizado <strong>em</strong> um único<br />
encontro, o consi<strong>de</strong>ramos relevante, pois os participantes não eram apenas<br />
colaboradores da pesquisa, mas apren<strong>de</strong>ntes/ „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ <strong>de</strong><br />
modo que verificamos alguns aspectos relacionados à AI.<br />
Antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvermos a pesquisa, realizamos uma experiência piloto com os<br />
seguintes objetivos: (a) avaliar a aceitabilida<strong>de</strong> dos professores <strong>em</strong> formação sobre a<br />
diversida<strong>de</strong> cultural que a canção <strong>de</strong> expressão francesa proporciona, (b) observar se<br />
as ativida<strong>de</strong>s propostas aos alunos respondiam às nossas questões <strong>de</strong> pesquisa e (c)<br />
testar o instrumento <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> dados.<br />
Diante <strong>de</strong>sses objetivos, fiz<strong>em</strong>os uma intervenção <strong>em</strong> uma turma da disciplina<br />
Francês IV, doravante grupo piloto (GP), do curso <strong>de</strong> Letras da mesma universida<strong>de</strong>,<br />
no mês <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009.
A partir <strong>de</strong>ssa experiência, pois pu<strong>de</strong>mos fazer alguns ajustes na sequência<br />
didática (APÊNDICE C: “Sequência didática do GP” e “Ativida<strong>de</strong>s”) e nas ativida<strong>de</strong>s –<br />
discussão sobre as diferenças culturais que os professores trouxeram para o evento<br />
<strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula sobre a cultura materna e a cultura estrangeira – que seriam propostas<br />
aos alunos no s<strong>em</strong>estre posterior. Perceb<strong>em</strong>os que os procedimentos adotados, aqui,<br />
durante a geração <strong>de</strong> dados, foram também viáveis para o momento das análises dos<br />
dados.<br />
A aula teve ativida<strong>de</strong>s relacionadas à: expressão oral (levantamento <strong>de</strong><br />
hipótese), relações interculturais (imagens dos sli<strong>de</strong>s/clipe), compreensão oral (escuta<br />
da canção), compreensão escrita (questões relacionadas ao conteúdo da letra <strong>de</strong> Mon<br />
pays) e expressão escrita (produção <strong>de</strong> uma carta seguindo a progressão <strong>de</strong><br />
conteúdos da disciplina).<br />
No GP, a canção trabalhada Mon pays, (ANEXO A: “Canções”), foi o suporte<br />
que propiciou discussões sobre as culturas trazidas pelos participantes, uma vez que<br />
esses „professores‟ tinham muitas experiências <strong>de</strong> vida a nos relatar a respeito <strong>de</strong><br />
suas viagens feitas pelo Brasil e pelo Exterior e suas concepções <strong>de</strong> mundo. Esta<br />
canção, por sua vez, suscitava o acolhimento das culturas, <strong>de</strong> modo que pu<strong>de</strong>mos<br />
observar as concepções <strong>de</strong>sses participantes quanto à cultura do outro. Isto suscitaria<br />
trazer outras canções para ser<strong>em</strong> discutidas na sala <strong>de</strong> aula e fazer com que os<br />
„professores <strong>em</strong> formação inicial‟ percebess<strong>em</strong> outras concepções a respeito da<br />
canção <strong>em</strong> língua-cultura francesa (STEELE,1996).<br />
Observamos que no primeiro momento – levantamento <strong>de</strong> hipóteses – esses<br />
„professores <strong>em</strong> formação inicial‟, trouxeram representações sobre sua pertença<br />
cultural: Brasil, praias, carnaval, sol, Rio <strong>de</strong> Janeiro, as dificulda<strong>de</strong>s, muitas pessoas<br />
que falam português... Vejamos:<br />
GP A: “eu penso imediatamente no Brasil/.../ é a primeira palavra/ praia/.../<br />
sol/ carnaval/ Rio porque é a minha cida<strong>de</strong>/.../como um gran<strong>de</strong> país eu<br />
penso as dificulda<strong>de</strong>s/ muitas pessoas que falam o português/.../.
GP B: Eu já viajei muito/ eu morei na Inglaterra um ano e meio/ eu fui à<br />
França duas vezes/ <strong>em</strong> Paris e na Bretanha/.../.<br />
O fato <strong>de</strong> GP B mencionar que conhece outras culturas não significa que ele<br />
<strong>de</strong>smerece a sua cultura local, pois <strong>em</strong> meio à discussão ele reforça que a sua cultura<br />
local apresenta-se como a cultura da pertença: o meu país/ quando viajo/ eu sinto/ tu<br />
estás no teu país/. Isto é discutido por De Carlo (1998) quando afirma que cada<br />
sujeito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento, traz a sua pertença cultural.<br />
Ao assistir<strong>em</strong> ao clipe da música, <strong>em</strong> um segundo momento da aula, a<br />
discussão foi sobre o que haviam assistido no vi<strong>de</strong>oclipe: os personagens<br />
apresentados e a diversida<strong>de</strong> das culturas. O GP apresentou algumas imagens<br />
estereotipadas a respeito das culturas. Vejamos suas imagens:<br />
GP A: /.../os muçulmanos/ isso é hip hop não?/.../ah/ é o rai / um ritmo árabe<br />
da Argélia/ muito comum nessa cultura?/<br />
GP B: eu penso que não é o Brasil/ mas me l<strong>em</strong>bra alguma coisa/ o futebol/<br />
a simplicida<strong>de</strong> das pessoas/ talvez a vegetação/ o ver<strong>de</strong>/ é possível/.../<br />
Nesses excertos, perceb<strong>em</strong>os que os participantes traz<strong>em</strong> imagens<br />
estereotipadas sobre a sua cultura e a cultura do outro, visto que eles apreen<strong>de</strong>m algo<br />
que lhe chama a atenção. Quando GP A expressa que o ritmo musical lhe faz l<strong>em</strong>brar<br />
o hip hop diferent<strong>em</strong>ente do raï, é possível que este participante não tenha ainda<br />
percebido que outros ritmos musicais <strong>de</strong>veriam ser consi<strong>de</strong>rados, uma vez que para<br />
ele o raï se mostrou como um gênero <strong>de</strong>sconhecido.<br />
Diferent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> GP B, ele percebe que as figuras lhe conduz<strong>em</strong> a perceber<br />
que não se trata do seu país, mas ele compreen<strong>de</strong> que o futebol, as pessoas e a<br />
vegetação parec<strong>em</strong> fazer parte <strong>de</strong> seu país também. Para este participante, o esporte<br />
mostrado no vi<strong>de</strong>oclipe (ANEXO C: “CD: material audiovisual das canções e<br />
questionários respondidos”) r<strong>em</strong>ete a sua cultura, assim como as pessoas portadoras<br />
<strong>de</strong> culturas, visto que no vi<strong>de</strong>oclipe apareceram pessoas e suas culturas, assim como
as paisagens, que lhe conduz<strong>em</strong> a enten<strong>de</strong>r que o ver<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser uma forma <strong>de</strong><br />
mostrar que no seu país a vegetação po<strong>de</strong> ser caracterizada pelo ver<strong>de</strong>.<br />
Dessa forma, perceb<strong>em</strong>os que os dois professores traz<strong>em</strong> imagens<br />
estereotipadas tanto da sua cultura quanto da cultura do outro. Isto nos conduziu a<br />
discutir, também, sobre a t<strong>em</strong>ática abordada na letra da canção, uma vez que o<br />
compositor traz suas origens e discute seus sentimentos com relação aos aspectos<br />
culturais: “le désert/ le soleil/ la pluie, la chaleur, le vent et le froid” (o que será<br />
mostrado com mais <strong>de</strong>talhes no capítulo IV a respeito do acolhimento das culturas e<br />
reconhecimento das origens). Esses aspectos estão na cultura acordada, com as<br />
leituras/ recepções que são oriundas <strong>de</strong> suas experiências <strong>de</strong> mundo e <strong>de</strong> suas<br />
representações.<br />
Assim, a aula foi baseada na AI, pois os participantes <strong>de</strong>monstraram enten<strong>de</strong>r a<br />
cultura do outro a partir da cultura local, das pertenças culturais, como também do<br />
respeito à cultura do outro, conforme discut<strong>em</strong> Abdallah-Pretceille e Porcher (2001) ao<br />
afirmar que a construção <strong>de</strong> nossas pertenças, <strong>de</strong> nossas referências, <strong>de</strong> nossos<br />
valores e <strong>de</strong> nossos bens patrimoniais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das nossas trocas interculturais.<br />
Finalizada essa experiência, passamos à discussão da pesquisa-ação<br />
(intervenções), <strong>de</strong>screvendo as suas fases. Tal pesquisa está organizada <strong>em</strong> sete<br />
etapas, a saber: (a) observação das aulas, (b) aplicação do primeiro questionário, (c)<br />
primeira intervenção, (d) elaboração das sequências didáticas, (e) segunda<br />
intervenção, (f) aplicação do questionário pós-abordag<strong>em</strong>, (g) reelaboração das<br />
sequências didáticas para terceira intervenção, (h) terceira intervenção e (i)<br />
reaplicação do questionário pós-abordag<strong>em</strong>. A seguir, ver<strong>em</strong>os <strong>de</strong>talhadamente cada<br />
fase.
3.4.2. Execução da pesquisa<br />
Inicialmente, observamos as aulas <strong>em</strong> cada turma (<strong>de</strong> duas a três aulas). Esta<br />
foi uma estratégia para conhecermos os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ e, ao<br />
mesmo t<strong>em</strong>po, mantermos os primeiros contatos com eles, visto que precisávamos<br />
interagir com os sujeitos da pesquisa, pois conforme Thiollent (2008, p. 119): “os<br />
pesquisadores precisam lidar com as diferenças culturais existentes entre eles e os<br />
m<strong>em</strong>bros da situação observada e, eventualmente, entre vários subgrupos <strong>de</strong>sses<br />
m<strong>em</strong>bros”.<br />
No contexto da observação, fiz<strong>em</strong>os também anotações <strong>de</strong> protocolo <strong>de</strong><br />
observação (PO) das aulas dos professores formadores para po<strong>de</strong>rmos refletir,<br />
posteriormente, sobre a progressão conteúdista da disciplina, que ora estava sendo<br />
ministrada. Neste ínterim, fomos apresentados aos „professores <strong>em</strong> formação inicial‟, e<br />
também abordamos, nesse âmbito, a necessida<strong>de</strong> da presença do pesquisador <strong>em</strong><br />
sala <strong>de</strong> aula como um sujeito que colabora para o ensino-aprendizag<strong>em</strong>. Em seguida,<br />
os professores formadores e os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ receberam o termo<br />
<strong>de</strong> consentimento (ANEXO B: “Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido”) e após a<br />
leitura do documento, o termo foi assinado <strong>em</strong> duas vias. Posteriormente, entregamos<br />
um questionário <strong>de</strong>stinado aos „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ e outro aos<br />
professores dos respectivos grupos (APÊNDICES A e B: “Questionários para<br />
professores <strong>de</strong> FLE e “Questionários para professores <strong>em</strong> formação <strong>de</strong> FLE”).<br />
Passada essa fase, iniciamos a primeira intervenção (APÊNDICES D e E:<br />
“Sequências Didáticas – 1 a intervenção”). Os procedimentos foram quase os mesmos<br />
da pesquisa piloto, entretanto, fiz<strong>em</strong>os o acréscimo <strong>de</strong> figuras/sli<strong>de</strong>s sobre as duas<br />
cida<strong>de</strong>s caracterizadas na canção Mon pays, a saber: Tl<strong>em</strong>cen (Argélia) e Mantes-la-<br />
Jolie (Paris), b<strong>em</strong> como o vi<strong>de</strong>oclipe da canção. As aulas tiveram início na turma G1 e,<br />
<strong>em</strong> seguida, na G2 e finalizamos na G4. Com esses grupos discutimos a t<strong>em</strong>ática do
econhecimento das raízes (QUADRO 5: “T<strong>em</strong>áticas implícitas nas canções”), mas <strong>em</strong><br />
cada grupo um aspecto do intercultural foi percebido. No G1, foram as imagens<br />
estereotipadas sobre a França – Torre Eiffel, Arco do Triunfo e a língua francesa – e<br />
sobre as cida<strong>de</strong>s brasileiras – Fortaleza, Recife, Aracaju –, também o respeito pela<br />
cultura da Argélia e o reconhecimento do Brasil – beleza natural, ban<strong>de</strong>ira, futebol,<br />
diversida<strong>de</strong> cultural do brasileiro – e, finalmente, o reconhecimento dos povos falantes<br />
da língua francesa.<br />
No que se refere ao G2, as imagens estereotipadas sobre as variantes<br />
linguísticas da língua francesa – Canadá, cida<strong>de</strong>s da França (Marseille, Paris) e as<br />
cida<strong>de</strong>s do Brasil – foram o ponto central. E, finalmente, no G4 houve uma discussão<br />
mais centrada no reconhecimento da cultura materna e do Outro, nas origens do<br />
cantor e dos povos da cultura argelina (modos <strong>de</strong> vestir, paisagens, variantes<br />
linguísticas, Camus), nas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s que cada „professor <strong>em</strong> formação inicial‟<br />
percebeu <strong>de</strong> sua cultura e nas concepções sobre a tolerância com os outros<br />
portadores <strong>de</strong> culturas.<br />
No final <strong>de</strong>ssa intervenção, com o G4, por se tratar do grupo mais experiente<br />
daquele s<strong>em</strong>estre <strong>em</strong> curso, <strong>de</strong>cidimos conjuntamente – pesquisadora interventora,<br />
professor <strong>de</strong> francês, formador do grupo e „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ – que o<br />
referido grupo nos acompanharia durante a segunda intervenção, pois foi um modo <strong>de</strong><br />
colaborar com os outros „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ dos referidos grupos,<br />
consi<strong>de</strong>rando-se o fato <strong>de</strong> ser uma pesquisa na qual precisaria haver as trocas<br />
interculturais e, também, por ser um grupo que <strong>em</strong> breve estaria concluindo o curso <strong>de</strong><br />
Letras. Para o acompanhamento, a turma G4 foi organizada da seguinte forma: o<br />
primeiro <strong>de</strong>les era o monitor do G1; a segunda ficou com a turma G2; o terceiro ficou<br />
com a turma G3, também por conveniência e a quarta, por sugestão dos professores,<br />
<strong>de</strong>veria acompanhar os três grupos.
Uma s<strong>em</strong>ana <strong>de</strong>pois, retornamos aos grupos para a segunda intervenção, com<br />
as sequências didáticas e as ativida<strong>de</strong>s (APÊNDICES F,G,H: “Sequência didática – 2 a<br />
intervenção” e “Ativida<strong>de</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes à sequência didática – 2 a intervenção”) a<br />
ser<strong>em</strong> aplicadas aos grupos. Desta vez, abordamos a canção On a changé.<br />
Para a elaboração das sequências didáticas, doravante (SD), nos baseamos<br />
no que discute Schneuwly e Dolz (2004, p.97): é “um conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s escolares<br />
organizadas, <strong>de</strong> maneira sist<strong>em</strong>ática, <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> um gênero textual oral ou escrito”.<br />
As SD abordaram a mesma canção, diferenciando apenas as ativida<strong>de</strong>s, a<strong>de</strong>quando-<br />
as ao nível <strong>de</strong> cada grupo. Elas continham ativida<strong>de</strong>s didático-pedagógicas que tinham<br />
como finalida<strong>de</strong> fortalecer a aprendizag<strong>em</strong> da LE (OCN, 2006; CECRL, 2001; PCN,<br />
2000). Então, elaboramos ativida<strong>de</strong>s relacionadas à: expressão oral, compreensão<br />
oral, compreensão escrita, relações interculturais e expressão escrita. Em cada<br />
ativida<strong>de</strong> disponibilizamos um t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>, aproximadamente, 30 minutos, para<br />
discussões e correções das ativida<strong>de</strong>s.<br />
Na fase da segunda intervenção, fiz<strong>em</strong>os o trabalho inverso e iniciamos com a<br />
turma G4. Conforme o combinado na primeira intervenção, cada professor <strong>em</strong><br />
formação nos auxiliaria <strong>em</strong> cada grupo durante o estudo da canção On a changé.<br />
Aqui, o objetivo foi fazê-los perceber que as t<strong>em</strong>áticas implícitas na canção – contexto<br />
diaspórico, adaptação da cultura estrangeira, outras i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s – conduzindo-os à<br />
discussão sobre as mudanças, as adaptações, as relações entre os povos <strong>de</strong> outras<br />
culturas, os modos <strong>de</strong> vida, as escolhas, as pertenças culturais, as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, as<br />
mudanças na formação, as imagens estereotipadas sobre a cultura local e a cultura do<br />
outro, as preferências musicais, o gosto dos outros e as pessoas portadoras <strong>de</strong> suas<br />
culturas.<br />
Dessa forma, as aulas seguiram a seguinte sequência: inicialmente, para<br />
motivar a discussão troux<strong>em</strong>os as palavras-chave <strong>em</strong> um papel e dobradas: matin,
loin, amis, enfants, maman, avion, souvenirs, manquer, grandir, changer e partir.<br />
Essas palavras foram selecionadas <strong>de</strong> acordo com o nível – G1, G2, G3 e G4 – e o<br />
número dos participantes <strong>em</strong> cada grupo.<br />
Em seguida, apresentamos o vi<strong>de</strong>oclipe (ANEXO C: “CD: material audiovisual<br />
das canções e questionários respondidos”) para posterior discussão sobre as figuras<br />
dos personagens e seus modos <strong>de</strong> vida, b<strong>em</strong> como as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais dos<br />
„professores <strong>em</strong> formação inicial‟, enquanto cidadãos do mundo, os conhecimentos<br />
sobre o subgênero musical zouk e suas origens. Nessa discussão, os participantes<br />
dos grupos G1, G2 e G4 discutiram a respeito da cultura dos personagens (gestos<br />
culturais, produção do vi<strong>de</strong>oclipe, vestuário dos personagens). E, logo <strong>em</strong> seguida,<br />
passamos à escuta da canção.<br />
Com relação à compreensão oral da canção, a primeira escuta teve o intento<br />
<strong>de</strong> levá-los a ouvir o subgênero zouk e sua melodia s<strong>em</strong> ter <strong>em</strong> mãos a letra, para<br />
observar se eles a apreciavam, ou não, e também se faziam alguma r<strong>em</strong>issão aos<br />
minutos iniciais da aula, ou seja, se percebiam alguma(s) palavra(s) inclusas na(s)<br />
discussão. Para a reescuta da música, foi entregue uma ficha da ativida<strong>de</strong> da SD<br />
(APÊNDICE F, G e H: “Sequência didática – 2 a intervenção” e “Ativida<strong>de</strong>s<br />
correspon<strong>de</strong>ntes à sequência didática”) correspon<strong>de</strong>nte ao oral: ritmo da canção,<br />
refrão, vozes do(a) cantor(a), or<strong>de</strong>nação do refrão e compreensão do nome do país<br />
mencionado pelas cantoras. A terceira e última escuta funcionou metodologicamente<br />
no sentido <strong>de</strong> fortalecer a compreensão <strong>de</strong> algo que suscitou dúvidas, palavras não<br />
compreendidas. Após essa discussão foi entregue a letra da canção.<br />
Nesse momento, pedimos aos „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ que fizess<strong>em</strong><br />
uma leitura silenciosa para, então, discutirmos o que haviam compreendido sobre o<br />
conteúdo da canção. Nessa ocasião, o „professor <strong>em</strong> formação inicial‟ do G4 <strong>de</strong>u sua<br />
colaboração, auxiliando-os quanto às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstradas sobre a<br />
compreensão <strong>de</strong> vocabulário (ANEXO A: “Canções”).
Para a aula seguinte, entregamos as ativida<strong>de</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes à<br />
compreensão e expressão escritas (APÊNDICE F, G e H). Na primeira ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
compreensão escrita, discutimos as respostas dadas às questões pontuais do texto<br />
sobre o eu-lírico, as imagens percebidas a respeito do rapaz e a respeito da mãe da<br />
moça – na cultura do eu-lírico e na cultura local dos participantes – e os aspectos<br />
funcionais da língua-cultura no seu uso comunicativo.<br />
Em relação à ativida<strong>de</strong> sobre as trocas interculturais, a discussão foi <strong>em</strong> torno<br />
da preferência musical – subgênero zouk –, das crenças sobre o gostar <strong>de</strong> música do<br />
povo brasileiro, da ausência do nome do país do eu-lírico e da sua situação enquanto<br />
um sujeito <strong>em</strong> contexto diaspórico. Nessa parte, as contribuições dos participantes<br />
foram <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia, pois uma participante <strong>de</strong> outra nacionalida<strong>de</strong> nos relatou sua<br />
experiência na sua cultura, do mesmo modo que os outros participantes expuseram<br />
suas histórias ao passar pela situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar os amigos, os amores, a família e a<br />
cida<strong>de</strong> natal.<br />
Na outra ativida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong> expressão escrita, foi disponibilizado um t<strong>em</strong>po para<br />
os participantes realizar<strong>em</strong> suas produções textuais na língua estrangeira. Tais<br />
produções basearam-se no que havia sido discutido <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula e também<br />
aproveitando a discussão sobre o gênero canção com suas linguagens verbal e lítero-<br />
musical. Eles escolheram um gênero literário para sua produção, <strong>de</strong> acordo com o<br />
nível <strong>de</strong> cada grupo. Neste contexto, todos os participantes produziram e<br />
apresentaram suas produções para o grupo. Esta ativida<strong>de</strong> configurou-se como<br />
necessária tanto para os participantes quanto para nós enquanto pesquisadora<br />
interventora <strong>de</strong> FLE, visto que trabalhar com a AI parece conduzir o professor a tentar<br />
aplicar ativida<strong>de</strong>s didático-metodológicas propiciadoras das trocas interculturais, como<br />
menciona Manaa (2009).<br />
Ao final da aula, foi entregue o questionário para ser respondido. Com este<br />
instrumento, encerramos essa fase da pesquisa com a aplicação do segundo
questionário <strong>de</strong>stinado aos professores <strong>em</strong> formação inicial (APÊNDICE I). O<br />
instrumento continha perguntas relacionadas à abordag<strong>em</strong> feita com as canções <strong>em</strong><br />
sala <strong>de</strong> aula, as ativida<strong>de</strong>s elaboradas para a canção, qual das habilida<strong>de</strong>s os<br />
participantes encontraram mais dificulda<strong>de</strong>s para realizar e quais ativida<strong>de</strong>s foram<br />
relevantes para compreen<strong>de</strong>r a canção e, finalizando, com o que o intercultural<br />
significava para cada um <strong>de</strong>les.<br />
A próxima fase consistiu na elaboração das ativida<strong>de</strong>s para a terceira<br />
intervenção. Nesta fase foram trabalhadas duas canções: Un homme sans racines e<br />
Touche pas à mon pote. Escolh<strong>em</strong>os a primeira canção para as turmas do G1 e G2 e<br />
a segunda para as turmas do G3 e G4.<br />
Na sequência da primeira canção, solicitamos aos participantes que esboçaram<br />
uma árvore e <strong>em</strong> seguida, <strong>de</strong>screvê-la. Assim, discutimos sobre cada uma <strong>de</strong>las e ao<br />
mesmo t<strong>em</strong>po pu<strong>de</strong>mos fazer o levantamento das hipóteses. Neste momento, as<br />
discussões giraram <strong>em</strong> torno dos <strong>de</strong>senhos das árvores, suas raízes culturais, assim<br />
como as raízes mencionadas no título da canção. As árvores foram b<strong>em</strong> diversificadas<br />
(castanheiro, macieira, com raízes, com frutos, s<strong>em</strong> frutos, com flores, pequenas,<br />
gran<strong>de</strong>s, grossas, finas), o que contribuiu para a gran<strong>de</strong> discussão sobre suas<br />
pertenças culturais, origens e sua formação enquanto „professor <strong>em</strong> formação inicial‟.<br />
Em seguida, ouviu-se a canção seguindo o mesmo procedimento das<br />
sequências anteriores, da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão oral – escutar por três vezes –,<br />
para preenchimento das lacunas da estrofe <strong>de</strong> Un homme sans racines, com as<br />
palavras-chave (mal assuré, je suis né, j‟oublie, mon passe, après, avant, le présent,<br />
<strong>de</strong>main, moindre, sans racines). Nesse momento, os participantes perceberam o<br />
subgênero musical pop rock e fizeram analogias com os já estudados, raï e zouk.<br />
Posteriormente, apresentamos o clipe das fotos do cantor/intérprete Gérald De<br />
Palmas, para discussão <strong>em</strong> torno do que foi apresentado, relativizando-as ao título da<br />
canção e às árvores esboçadas. Os participantes mencionaram os lugares que
apareceram nas fotos, o cantor que parece ser uma pessoa solitária, <strong>em</strong>bora ele se<br />
apresentava <strong>em</strong> diferentes perspectivas, como um super star (ANEXO C).<br />
Passamos, assim, ao estudo da canção (ANEXO A: “Canções”). Para isso, foi<br />
entregue a letra <strong>de</strong> Um homme sans racines para as discussões sobre o seu<br />
conteúdo, sobre questões pontuais a respeito do cantor que se sente um hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong><br />
raízes – sendo visto como uma pequena árvore –, as necessida<strong>de</strong>s do Eu-lírico, as<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> encontrar alguém que não t<strong>em</strong> raízes e as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> viver o<br />
presente s<strong>em</strong> passado e s<strong>em</strong> perspectiva <strong>de</strong> futuro.<br />
Em seguida, entregamos as ativida<strong>de</strong>s relacionadas às trocas interculturais, à<br />
compreensão escrita e à expressão escrita. A primeira ativida<strong>de</strong> estava relacionada às<br />
imagens vistas no clipe e a sua cultura local. A segunda ativida<strong>de</strong> estava relacionada<br />
às questões sobre o Eu-lírico e sua relação com as imagens vistas na canção. A<br />
terceira e última ativida<strong>de</strong> foi uma produção oral. Disponibilizamos um t<strong>em</strong>po para as<br />
produções e apresentações aos colegas. Desta vez, a produção foi centrada nas<br />
discussões <strong>em</strong> sala e nas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> encontrar alguém s<strong>em</strong> raízes (ANEXO A).<br />
A segunda canção, Touche pas à mon pote, foi estudada nos grupos G3 e G4.<br />
Iniciamos a sequência com apresentação das figuras/sli<strong>de</strong>s dos cidadãos – Jean-Paul<br />
Sartre, Yanik Noah, Jean-Luc Godard, Charles Aznavour, Brigitte Bardot –, estavam<br />
relacionadas a outros cidadãos do mundo e a outras figuras retiradas dos vi<strong>de</strong>oclipes<br />
Touche pas à mon pote e <strong>de</strong> Mon pays. Assim, pô<strong>de</strong>-se discutir as possíveis trocas<br />
interculturais da França e do Brasil, as imagens dos „professores <strong>em</strong> formação inicial‟<br />
sobre sua cultura e a cultura do outro, as manifestações públicas a respeito do<br />
carnaval, do baile funk, das guerras, da miséria, da revolta <strong>de</strong> manifestantes, das<br />
pessoas idosas, das crianças, dos jovens, dos povos <strong>de</strong> culturas asiáticas, africanas,<br />
francesas, indígenas <strong>de</strong>ntre outros, os cantores Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano<br />
Veloso e Roberto Carlos. Esse estudo funcionou como artifício que conduziu os
„professores <strong>em</strong> formação inicial‟ ao levantamento <strong>de</strong> hipóteses e também para lhes<br />
apresentar as figuras dos cidadãos acima listados (QUADRO 3).<br />
Na ativida<strong>de</strong> seguinte, a <strong>de</strong> compreensão oral, no G3, foi entregue uma ficha<br />
com a estrofe do refrão da canção a ser preenchida pelos participantes a partir das<br />
coor<strong>de</strong>nadas (APÊNDICE K). Para o G4, entregamos as estrofes <strong>em</strong>baralhadas da<br />
canção para ser<strong>em</strong> or<strong>de</strong>nadas (APÊNDICE L). Os dois grupos dispuseram <strong>de</strong> um<br />
t<strong>em</strong>po para refletir antes do preenchimento da estrofe e antes da or<strong>de</strong>nação da<br />
canção. O vi<strong>de</strong>oclipe fez a função <strong>de</strong> áudio e <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o (ANEXO C) e os participantes<br />
i<strong>de</strong>ntificaram a voz do cantor Gilberto Gil, no entanto, confessaram <strong>de</strong>sconhecer que<br />
Gil cantava <strong>em</strong> língua francesa.<br />
Utilizando o recurso do vi<strong>de</strong>oclipe, voltamos a atenção para as imagens que<br />
incitaram a discussão a respeito das manifestações dos povos, das imagens que<br />
retratam a realida<strong>de</strong> do contexto diaspórico, do acolhimento das culturas, da<br />
diversida<strong>de</strong> cultural, dos modos <strong>de</strong> vida dos cidadãos. Também discutiu-se sobre o<br />
carnaval no Rio <strong>de</strong> Janeiro, do ritual <strong>de</strong> uma dança na Bahia, do contexto histórico da<br />
tropicália no Brasil, dos conflitos sociais, do racismo, da violência, <strong>de</strong>ntre outros. Para<br />
os participantes <strong>de</strong>sta pesquisa, as imagens representam o realismo, pois mostram<br />
pessoas do mundo real.<br />
Em seguida, foi entregue a letra da canção (ANEXO A). Este momento serviu<br />
para os participantes fazer<strong>em</strong> a leitura silenciosa e então se discutir a t<strong>em</strong>ática da<br />
canção: acolhimento das culturas. Com relação às ativida<strong>de</strong>s sobre trocas<br />
interculturais, as discussões foram <strong>em</strong> torno das imagens que os participantes<br />
<strong>de</strong>monstraram ter sobre os personagens da cultura do Outro e dos personagens na<br />
cultura materna, as canções que abordam a mesma t<strong>em</strong>ática, o subgênero musical, as<br />
razões <strong>de</strong> o compositor retratar o t<strong>em</strong>a, as relações: vi<strong>de</strong>oclipe/letra da canção. Neste<br />
instante, eles <strong>de</strong>stacaram Sartre – o filósofo –, Jean-Luc – o cineasta da nouvelle
vague – Yannik Noah – o esporte e a cultura (música) – Guga – o tenista brasileiro – e<br />
outros <strong>de</strong>sportistas: Pelé, Ronaldo, Romário, Airton Sena, Caio Márcio. Os cantores<br />
que discut<strong>em</strong> conflitos sociais: Zé Ramalho e Chico César.<br />
As ativida<strong>de</strong>s relacionadas à compreensão escrita foram questões pontuais a<br />
respeito da letra da canção, a razão <strong>de</strong> a palavra “Être” está escrita <strong>em</strong> letra<br />
maiúscula, questões relacionadas à importância dos seres humanos, explicação sobre<br />
o título da canção e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> citar os personagens ícones, <strong>de</strong> fazer uma<br />
analogia entre a França a uma mãe e explicitar a revolta contra a França.<br />
Finalmente, <strong>de</strong>stacamos as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expressão escrita que levaram os<br />
participantes a expressar<strong>em</strong> suas concepções a respeito do que foi discutido. Após<br />
essa fase, entregamos o questionário pós-abordag<strong>em</strong> aos participantes para ser<strong>em</strong><br />
respondidos (APENDICE M). Em seguida, entregamos o outro questionário que eles<br />
haviam respondido na fase pós-abordag<strong>em</strong> segunda intervenção. Neste momento,<br />
eles precisavam expressar suas concepções a respeito dos dois questionários<br />
respondidos. Para tanto, gravamos <strong>em</strong> áudio seus <strong>de</strong>poimentos, visto que suas<br />
contribuições foram importantes para verificarmos se os participantes haviam<br />
<strong>de</strong>monstrado algo sobre a tomada da CI.<br />
3.5. Constituição do corpus e procedimentos <strong>de</strong> análise<br />
O Corpus, composto por quatro conjuntos <strong>de</strong> dados, on<strong>de</strong> três conjuntos são <strong>de</strong><br />
natureza documental (DL) – por se tratar <strong>de</strong> registros com característica primária (1)<br />
uma amostrag<strong>em</strong> das notas <strong>de</strong> diário <strong>de</strong> bordo e das anotações reflexivas dos<br />
protocolos <strong>de</strong> observação (PO); (2) questionários respondidos, com questões<br />
s<strong>em</strong>iabertas; (3) as transcrições das SD sobre as canções estudadas e por um
conjunto <strong>de</strong> natureza opinativa: (4) uma amostrag<strong>em</strong> das transcrições 17 das falas dos<br />
participantes (GE), relacionadas à tomada da CI e às respostas contidas nos<br />
questionários.<br />
O procedimento para análise dos dados é o da triangulação, “um recurso <strong>de</strong><br />
análise que permite comparar dados <strong>de</strong> diferentes tipos com o objetivo <strong>de</strong> confirmar ou<br />
<strong>de</strong>sconfirmar uma asserção” (BORTONI-RICARDO, 2008, p.61). Para isto, contamos<br />
com o conjunto <strong>de</strong> dados acima e com as teorias <strong>de</strong> base da nossa pesquisa,<br />
relacionando-os para explicar os fenômenos inerentes à tomada da CI na formação<br />
inicial do professor <strong>de</strong> FLE.<br />
O estudo com os subgêneros musicais e, <strong>em</strong> especial, com as letras das<br />
canções nos levou a uma análise interpretativa, consi<strong>de</strong>rando as concepções que os<br />
participantes têm sobre a CI. Isso nos conduz a perceber que a canção <strong>de</strong> expressão<br />
francesa po<strong>de</strong>rá dar suporte às nossas reflexões, por apresentar-se como um gênero<br />
didatizado propiciador para as trocas interculturais na aula <strong>de</strong> FLE.<br />
Nesse sentido, as nossas análises tiveram por base três pontos: 1) as<br />
respostas dos participantes a respeito da <strong>de</strong>finição sobre o intercultural <strong>em</strong> sala <strong>de</strong><br />
FLE, 2) as representações língua-cultura apresentadas nas quatro canções e 3) as<br />
ativida<strong>de</strong>s propostas com as canções <strong>de</strong> expressão francesa aos <strong>de</strong>mais grupos.<br />
17 As transcrições dos <strong>de</strong>poimentos orais dos participantes seguiram convenções da Análise da<br />
Conversação baseadas nos estudos <strong>de</strong> Marcuschi (2003). Os outros <strong>de</strong>poimentos escritos <strong>em</strong><br />
resposta aos questionários seguiram as convenções normais da modalida<strong>de</strong> escrita.
CAPÍTULO IV
4. A CANÇÃO DE EXPRESSÃO FRANCESA: UMA PROPOSTA DE AI PARA<br />
AULAS DE FLE<br />
Todas as ativida<strong>de</strong>s que apresentar<strong>em</strong>os neste capítulo aten<strong>de</strong>ram às<br />
<strong>de</strong>scrições apresentadas no capítulo anterior. As etapas seguiram às Sequências<br />
Didáticas (SD) elaboradas para este fim e tiveram como ponto <strong>de</strong> partida as canções<br />
Mon pays e On a Changé e posteriormente Un homme sans racines e Touche pas à<br />
mon pote. A partir <strong>de</strong>ssas canções, buscamos encontrar um caminho possível que<br />
levasse os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ a i<strong>de</strong>ntificar<strong>em</strong> a importância do<br />
intercultural <strong>em</strong> aula <strong>de</strong> FLE.<br />
4.1. O acolhimento das culturas na visão dos professores <strong>em</strong> formação <strong>em</strong> FLE<br />
É sabido que as diferenças <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser respeitadas, uma vez que cada cultura<br />
t<strong>em</strong> sua importância e consequent<strong>em</strong>ente contribui para as trocas da construção <strong>de</strong><br />
conhecimento. Esta i<strong>de</strong>ia r<strong>em</strong>ete ao que mencionam De Carlo (1998, p.40) e Chianca<br />
(2007) o intercultural é a “interação, troca, eliminação <strong>de</strong> barreiras, reciprocida<strong>de</strong> e<br />
solidarieda<strong>de</strong>”. Neste sentido, o intercultural é enfatizado sob o aspecto da inclusão<br />
das culturas na sua diversida<strong>de</strong> com os outros que são, naturalmente, diferentes.<br />
Essas perspectivas, são seguidas e exploradas no estudo das canções Mon<br />
pays e Touche pas à mon pote. As duas incitam questões interculturais relacionadas à<br />
diversida<strong>de</strong> cultural e ao respeito pelo outro, pois os compositores Fau<strong>de</strong>l (orig<strong>em</strong><br />
argelina) e Gilberto Gil (brasileiro) evocam as diferenças culturais que exist<strong>em</strong> e que<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser respeitadas.<br />
Na primeira canção, o intercultural reaparece sob o aspecto da inclusão, visto<br />
que o compositor traz características da cultura do país <strong>de</strong> seus pais, modos <strong>de</strong> vida<br />
diferentes daqueles que ele conhece <strong>em</strong> sua cultura local. Vejamos o excerto a seguir:
Je ne connais pas ce soleil<br />
Qui brûle les dunes sans fins<br />
Je ne connais pas d‟autres terres<br />
Que celle qui m‟a tendu la main<br />
Et si un jour je pars d‟ici<br />
Que je traverse le désert<br />
Pour aller voir d‟ou vient ma vie<br />
Dans quelle rue jouait mon père<br />
Moi qui suis né près <strong>de</strong> Paris<br />
Sous tout ce vent, toute cette pluie<br />
Je n‟oublierai<br />
Jamais mon pays<br />
Jamais mon pays<br />
/.../<br />
Je ne connais pas ce parfum<br />
De menthe et <strong>de</strong> sable brûlant<br />
Mais seul<strong>em</strong>ent les <strong>em</strong>bruns<br />
Où les rouleaux <strong>de</strong> l‟océan<br />
Et toi qui me trouve un peu mate<br />
Pour ses rues bordées <strong>de</strong> prairies<br />
Un peu trop blanc couleur d „Euphrate<br />
/.../<br />
Observamos que para o Eu-lírico, o país <strong>de</strong> seus pais, ou o <strong>de</strong> sua orig<strong>em</strong>,<br />
parece ser apenas respingos das ondas do mar – “Mais seul<strong>em</strong>ent les <strong>em</strong>bruns/ Où<br />
les rouleaux <strong>de</strong> l‟océan” –, uma vez que ele não o conhece tão b<strong>em</strong> quanto o seu país<br />
<strong>de</strong> nascimento. Assim, ele tenta evocar, também, o que parece <strong>de</strong>sconhecer da outra<br />
cultura – o sol, outras terras e este perfume – “Je ne connais pas ce soleil/ Je ne<br />
connais pas d‟autres terres/ Je ne connais pas ce parfum/”.<br />
Como v<strong>em</strong>os, há uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recordar aspectos que caracteriz<strong>em</strong> a<br />
paisag<strong>em</strong> <strong>de</strong>sta cultura: sol, relevo (dunas), ruas, brinca<strong>de</strong>iras, l<strong>em</strong>branças dos<br />
t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> escola e das férias, perfume das plantas e da areia queimada, <strong>de</strong>serto, rio<br />
Eufrates e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, há reconhecimento da cultura local, pois é a terra que<br />
lhe <strong>de</strong>u a mão, é sua orig<strong>em</strong>, é a cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> nasceu, é seu país: “d‟autres terres que<br />
celle qui m‟a tendu la main; c‟est ici que je suis né, mon pays”. Nessas culturas<br />
aparec<strong>em</strong> com um aproximado grau <strong>de</strong> relevância, ratificando De Carlo (1998), para<br />
qu<strong>em</strong> as trocas interculturais estão <strong>em</strong>basadas na interação e na eliminação <strong>de</strong><br />
barreiras psicológicas.
No excerto a seguir, o mesmo Eu-lírico mostra que t<strong>em</strong> sua história, seus<br />
amigos, seus amores, sua família e mesmo conhecendo outros mundos, percebe o<br />
valor da sua cultura <strong>de</strong> nascimento, que se diferencia daquelas que po<strong>de</strong>rá encontrar<br />
<strong>em</strong> suas viagens.<br />
/.../<br />
Et si <strong>de</strong>main comme aujourd‟hui<br />
Je dois faire le tour <strong>de</strong> la terre<br />
Pour chanter aux mon<strong>de</strong>s mes envies<br />
Voyager <strong>de</strong>s années entières<br />
Moi qui suis né tout près d‟ici<br />
Même si je quitte mes amis<br />
/.../<br />
Trop d‟ amours pour oublier<br />
Que c‟est ici que je suis né<br />
Troooop<br />
De t<strong>em</strong>ps abandonné<br />
/.../<br />
Essa concepção po<strong>de</strong> ser confirmada pelo <strong>de</strong>poimento do G4 B, <strong>em</strong> resposta<br />
encontrada no questionário pós-intervenção (APENDICE I): “Creio que o intercultural<br />
seria a mistura das culturas diferentes, /.../ no caso do Raï, v<strong>em</strong>os <strong>de</strong>talhadamente<br />
posturas e culturas dos dois países. Caberia ao professor <strong>de</strong> FLE intermediar as<br />
culturas e não colocá-las <strong>em</strong> choque”. Esse „professor <strong>em</strong> formação inicial‟ percebe ao<br />
final da abordag<strong>em</strong> do t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> aula que, verda<strong>de</strong>iramente, as culturas estão para nos<br />
ajudar nas quebras <strong>de</strong> barreiras e não para suscitar o etnocentrismo cultural.<br />
Já na letra da canção “Touche pas à mon pote” (nossa tradução para “Não<br />
toque no meu prezado”), perceb<strong>em</strong>os, <strong>de</strong> certo modo, a mesma t<strong>em</strong>ática.<br />
Touche pas à mon pote<br />
Ça veut a dire quoi?<br />
Ça veut dire peut-être<br />
Que l‟Être qui habite chez lui<br />
C‟est le même qui habite chez toi<br />
/.../<br />
Qui a fait Jean-Paul Sartre penser<br />
Fait jouer Yannik Noah<br />
Il fait chanter Charles Aznavour<br />
Il fait filmer Jean-Luc Goddard<br />
Il fait jolie Brigitte Bardot<br />
Il fait petit le plus grand Français<br />
Et fait plus grand le petit Chinois<br />
/.../
Constatamos que na canção, “Touche pas à mon pote”, o compositor traz<br />
personagens célebres da cultura francesa na sua pluralida<strong>de</strong> cultural. Ao que nos<br />
parece, a finalida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> conduzir o leitor-ouvinte a dar mais atenção às culturas <strong>em</strong><br />
suas diversida<strong>de</strong>s.<br />
Verificamos que essa canção nos passa a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> acolhimento cultural, pois<br />
na primeira estrofe, mostra uma tentativa <strong>de</strong> conscientizar as pessoas <strong>de</strong> que todos os<br />
seres são iguais e “Touche pas à mon pote/Ça veut dire quoi?/ Ça veut dire peut être/<br />
Que l‟Être qui habite chez lui/ C‟est le même qui habite chez toi“. Assim, esse „Ser‟<br />
(Être) traria s<strong>em</strong>pre consigo modos <strong>de</strong> pensar, <strong>de</strong> se expressar diferentes uns dos<br />
outros.<br />
O Eu-lírico apresenta, assim, personagens da cultura francesa e <strong>de</strong> outras<br />
culturas. Ele mostra ainda que cada „Ser‟ <strong>de</strong>ve ser visto como igual a mim e diferente<br />
<strong>de</strong> mim e, <strong>em</strong>bora explicite os nomes dos personagens e suas profissões, i<strong>de</strong>ntificá-<br />
los não <strong>de</strong>smerece os outros povos, tanto o gran<strong>de</strong> “plus grand Français” quanto o<br />
pequeno “petit Chinois”.<br />
Na canção, o filósofo Jean-Paul Sartre, o tenista Yannick Noah, o cantor<br />
Charles Aznavour, o cineasta Jean-Luc Godard e a atriz Brigitte Bardot são<br />
personagens que têm a mesma importância, assim como, os outros cidadãos do<br />
mundo: dos franceses aos chineses. Não importando on<strong>de</strong> e como eles se<br />
apresentam no imaginário do outro. Portanto, para o Eu-lírico, o que <strong>de</strong>ve ser relevado<br />
é que todos os “Seres” humanos traz<strong>em</strong> histórias e culturas peculiares. Além disso,<br />
nas duas últimas linhas da segunda estrofe, o verso que diz que o mesmo „Ser‟ que<br />
faz pequeno o maior francês (Il fait petit le plus grand Français/ Et fait plus grand le<br />
petit Chinois), po<strong>de</strong> tornar gran<strong>de</strong> o menor chinês. Este pensamento nos faz retomar o<br />
mencionado pelo dicionário <strong>de</strong> didática das línguas (CUQ, 2003, p.138): “não é preciso<br />
só <strong>de</strong>sejar que as relações entre os homens os torn<strong>em</strong> s<strong>em</strong>elhantes, mas
principalmente quando as „gran<strong>de</strong>s línguas‟ respeitar<strong>em</strong> as „pequenas‟ [...], então,<br />
ter<strong>em</strong>os dado um passo consi<strong>de</strong>rável” para o intercultural.<br />
Convém ressaltar que os personagens do quadro <strong>de</strong> figuras a seguir,<br />
compartilhados com os professores <strong>em</strong> formação através <strong>de</strong> sli<strong>de</strong>s, faz<strong>em</strong> parte <strong>de</strong><br />
épocas distintas. O compositor <strong>de</strong>monstra estar mesmo a favor do acolhimento das<br />
culturas, por chamar atenção <strong>de</strong> que os “Seres” humanos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser estimados pelas<br />
culturas que traz<strong>em</strong> consigo. O fato <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> apresentados personagens célebres não<br />
significa haver <strong>de</strong>smerecimento das culturas dos outros, uma vez que ele chama a<br />
atenção para os seguintes versos: “Il fait petit le grand Français/ Et fait plus grand le<br />
petit Chinois”.<br />
Essa concepção nos r<strong>em</strong>ete ao participante G2 C que, ao respon<strong>de</strong>r o<br />
questionário pós-intervenção, afirma:<br />
Intercultural traduz-se pelo diálogo cultural entre as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
povos distintos. Muito comum principalmente, no atual contexto<br />
histórico <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os. On<strong>de</strong> a cultura <strong>de</strong> um povo t<strong>em</strong> transcendido<br />
suas barreiras geográficas e ainda t<strong>em</strong> se fundido a outras culturas e<br />
enfim, já nos incluindo, caminhamos a uma consciência e cultura<br />
globalizada e altera (G2 C).<br />
Esse „professor <strong>em</strong> formação inicial‟ percebe que o intercultural parece ser uma<br />
dialética entre os diferentes portadores <strong>de</strong> culturas, que traz<strong>em</strong> consigo suas<br />
“i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s”. Para ele, o intercultural suscita, no „contexto atual‟, transcen<strong>de</strong>r os<br />
limites geográficos e acolher a diversida<strong>de</strong> cultural. Dessa forma, G2 C enten<strong>de</strong> que o<br />
acolhimento se dá pela tomada <strong>de</strong> consciência; pois, no mundo da cultura globalizada,<br />
o respeito <strong>de</strong>ve existir, visto que estamos „caminhando para uma cultura – do respeito<br />
ao outro – altera‟.
SARTRE<br />
1905 – 1980<br />
AZNAVOUR<br />
As figuras <strong>de</strong>sse quadro foram apresentadas na prática <strong>de</strong> classe como uma<br />
forma <strong>de</strong> sensibilização, consi<strong>de</strong>rando-se que muitos dos participantes conheciam<br />
essas personalida<strong>de</strong>s apenas pelo nome, como menciona G3 B:<br />
1983 2004<br />
1978 2008 1961 2009<br />
BARDOT<br />
1968 2008<br />
NOAH<br />
GODARD<br />
QUADRO 3: Personalida<strong>de</strong>s citadas na canção “Touche pas à mon pote”, <strong>de</strong><br />
Gilberto Gil<br />
/.../a outra imag<strong>em</strong> nós t<strong>em</strong>os pessoas <strong>de</strong>sconhecidas porque eu só<br />
conheço a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Sartre/acredito que são pessoas b<strong>em</strong> conhecidas/ há<br />
um cantor que eu conheço/ uma atriz/ eu penso que eu já vi/ mas eu não sei<br />
se é Brigitte Bardot/.../ e o outro eu não sei qu<strong>em</strong> é /.../ (G3 B).<br />
Essa estratégia pareceu-nos um procedimento relevante para aproximar os<br />
apren<strong>de</strong>ntes uns dos outros e do t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> questão, situando-os a respeito <strong>de</strong> cada<br />
história <strong>de</strong>stacada na canção. Apresentou-se também como uma forma <strong>de</strong> estimular a<br />
quebra <strong>de</strong> barreiras psicológicas, uma vez que se apresentáss<strong>em</strong>os apenas a figura
atual <strong>de</strong> Brigitte Bardot, por ex<strong>em</strong>plo, os jovens professores, das classes G3 e G4, não<br />
teriam uma real noção mais ampla da importância <strong>de</strong>ssa atriz nos idos <strong>de</strong> 1970. Isso<br />
pô<strong>de</strong> ainda ser visto como uma forma <strong>de</strong> acolhimento das culturas; logo, as trocas<br />
interculturais, conforme já sinalizado por Chianca (2007, p. 43) são “as interações<br />
estabelecidas entre os diversos „parceiros‟ <strong>em</strong>baralhados no processo <strong>de</strong> ensino-<br />
aprendizag<strong>em</strong> da língua estrangeira que engajam diferentes micro-culturas, unificadas<br />
<strong>em</strong> torno <strong>de</strong> um consenso <strong>de</strong> valores”.<br />
Ainda verificamos que não exclusivamente a letra <strong>de</strong> “Não toque no meu<br />
prezado”, mas, <strong>de</strong> modo bastante intenso, os recursos da linguag<strong>em</strong> multimodal<br />
exibidos no vi<strong>de</strong>oclipe enfatizaram as peculiarida<strong>de</strong>s culturais, levando o grupo a<br />
perceber o quanto é importante haver um respeito mútuo, suscitado por esta proposta<br />
<strong>de</strong> trabalho. Isto é observado nas imagens, a seguir, retiradas do referido vi<strong>de</strong>oclipe.<br />
QUADRO 4 – Imagens do vi<strong>de</strong>oclipe “Touche pas à mon pote”
Essa produção musical <strong>de</strong> Gilberto Gil, nos faz l<strong>em</strong>brar que ela traz uma<br />
t<strong>em</strong>ática concernente ao intercultural. Assim, esse conjunto <strong>de</strong> imagens nos conduz a<br />
perceber <strong>de</strong> modo mais evi<strong>de</strong>nte o quanto cada ser humano, mesmo tendo origens<br />
distintas, apresenta características genéticas similares. Ainda que sócio-culturalmente,<br />
cada um tenha laços <strong>de</strong> famílias, religiões, costumes e línguas próprios, faz-se<br />
necessário s<strong>em</strong>pre retornar a canção e l<strong>em</strong>brar que a atualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua proposta está<br />
centrada no respeito às individualida<strong>de</strong>s. Ressalte-se que o respeito, por ex<strong>em</strong>plo,<br />
po<strong>de</strong> nos colocar <strong>em</strong> pé <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> enquanto seres humanos: “Il fait jolie Brigitte<br />
Bardot/ Il fait petit le plus grand Français/ Et fait plus grand le petit Chinois”.<br />
Essa percepção nos r<strong>em</strong>ete a Abdallah-Pretceille e Porcher (2001), por dois<br />
aspectos: o primeiro é que <strong>em</strong> um dos princípios do intercultural o “Outro é idêntico a<br />
mim e diferente <strong>de</strong> mim” (p. 08) e, o segundo se pauta no sujeito como um indivíduo<br />
que traz sua cultura, não importando como ela é <strong>de</strong>finida, pois é o “sujeito qu<strong>em</strong> a<br />
vive, a incorpora, a traz consigo e a torna viva” (p. 57).<br />
Por essa razão, nessa abordag<strong>em</strong>, percebermos que as discussões na sala <strong>de</strong><br />
aula instigaram G1 B, G1 E e G4 A a mencionar<strong>em</strong> seus pensamentos sobre o<br />
aspecto da acolhida. Esses „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ fizeram as seguintes<br />
consi<strong>de</strong>rações:<br />
G1 B: /.../A relação intercultural se dá a partir do momento que acolho os<br />
valores culturais diferentes dos meus/ a partir do respeito/ tratando-os com<br />
a mesma valia que os meus/.../.<br />
G1 E: /..../ é o momento (a abordag<strong>em</strong> do intercultural) <strong>de</strong> discutir diversos<br />
modos <strong>de</strong> pensar/ comportamentos inerentes ao ser humano <strong>de</strong> diversos<br />
lugares/ [Grifo nosso].<br />
G4 A: Acho que seria essa necessida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> cont<strong>em</strong>porânea, <strong>de</strong> estar<br />
s<strong>em</strong>pre atento para a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossas relações sócio-culturais.<br />
Afinal, viv<strong>em</strong>os <strong>em</strong> um mundo evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente globalizado, mas cujas<br />
individualida<strong>de</strong>s (raciais, religiosas, culturais, éticas etc.) também <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />
respeitadas.
Nesses excertos, verificamos que os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟<br />
perceb<strong>em</strong> outro aspecto do intercultural como sendo acolher o outro que não é igual a<br />
mim e que merece ser respeitado. No relato <strong>de</strong> G4 A, observamos um el<strong>em</strong>ento<br />
especial quando ele se refere às individualida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>stacando que tanto os valores<br />
culturais e/ou sociais como os raciais, os religiosos e os éticos precisam ser melhor<br />
discutidos na atualida<strong>de</strong>. Esse <strong>de</strong>poimento indica certa maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse participante<br />
no que concerne ao t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> questão, uma vez que seu olhar vai um pouco mais além<br />
da visão dos seus colegas.<br />
4.2. As origens e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural no âmbito do FLE: outros aspectos do<br />
Intercultural<br />
Outra t<strong>em</strong>ática abordada foi estimulada na aplicação prática da pesquisa com a<br />
canção Un homme sans racines; e, uma das primeiras ativida<strong>de</strong>s propostas foi sugerir<br />
aos participantes que esboçass<strong>em</strong> seus sentimentos e/ou suas opiniões sobre suas<br />
próprias origens, consi<strong>de</strong>rando o título “Un homme sans racines” para, <strong>em</strong> seguida,<br />
discutir<strong>em</strong> as representações (árvores) suscitadas pela proposta da ativida<strong>de</strong>. Ao<br />
observar que todos haviam ilustrado o referido título com a representação icônica <strong>de</strong><br />
árvores, perceb<strong>em</strong>os que os professores <strong>em</strong> formação levaram <strong>em</strong> conta o termo<br />
“raiz”, presente no título. Então, iniciamos a discussão inquirindo-os a respeito da<br />
relação entre aquela imag<strong>em</strong>, suas origens e as motivações para cursar uma<br />
formação <strong>em</strong> FLE e a referida canção no seu conjunto.<br />
maneira:<br />
Assim, verificamos algumas <strong>de</strong> suas respostas (<strong>de</strong>poimentos orais) da seguinte<br />
G1 B: Minha árvore é como eu/ ela não cresceu/ ela é como eu/ela t<strong>em</strong> três<br />
raízes/ as raízes significam a base <strong>de</strong> minha vida que são Meu Deus/ minha<br />
família e meus amigos/ ela não t<strong>em</strong> frutos/ porque eu como pessoa não sei<br />
quais são meus objetivos ainda./<br />
G2 A: Eu <strong>de</strong>senhei uma árvore e quatro frutos /sorte/ família feliz/ ter filhos e<br />
viajar /..../ eu não me sinto s<strong>em</strong> raízes porque muitas coisas me ligam/<br />
minha família/ meu marido/ eu não sou uma pessoa solitária/
G2 C: A minha árvore t<strong>em</strong> frutos/família/ paz/ saú<strong>de</strong>/ dinheiro/trabalho/.../ eu<br />
gosto <strong>de</strong> morar aqui/ eu gosto <strong>de</strong> minha família/ meus amigos/.../<br />
G2 D: Eu me sinto uma pessoa com raízes porque eu tenho uma família e<br />
uma cultura e uma nacionalida<strong>de</strong>/ objetivos diferentes/ muitas coisas/.../<br />
Nesses excertos, perceb<strong>em</strong>os que G1 B, G2 A, G2 C e G2 D enten<strong>de</strong>m suas<br />
origens ancoradas <strong>em</strong> culturas plurais, tais como: nacionalida<strong>de</strong> e local <strong>de</strong><br />
nascimento, família e amigos, religião e crenças, concepção do mundo e preferências<br />
e, finalmente, profissão e objetivos. Dessa forma, é possível enten<strong>de</strong>rmos que suas<br />
concepções a respeito <strong>de</strong> suas origens ratificam o pensamento <strong>de</strong> Manaa (2009), b<strong>em</strong><br />
como o <strong>de</strong> outros especialistas ao afirmar<strong>em</strong> que os sujeitos têm suas pertenças, suas<br />
referências e suas heranças específicas.<br />
Quanto à profissão e aos objetivos, observamos que os participantes<br />
enten<strong>de</strong>ram que o processo formativo <strong>em</strong> FLE suscita “raízes”. Eles mencionaram que<br />
essa formação é um processo relevante, pois lhes faz r<strong>em</strong>eter às leituras ligadas às<br />
experiências pessoais e pensar na realida<strong>de</strong>, seu futuro profissional. Os excertos, a<br />
seguir nos confirmam tal pensamento.<br />
G1 B: /.../ quanto à minha formação, eu não sei se eu serei professor <strong>de</strong><br />
francês ou <strong>de</strong> português porque eu não gosto da gramática <strong>de</strong> português/ o<br />
francês eu gosto muito da língua/ mas para ensinar é um pouco difícil/ mas<br />
pouco a pouco eu vou pensar sobre minha vida e <strong>de</strong>cidir quais são meus<br />
objetivos/<br />
G1 C: /.../ eu não tenho ainda objetivos sobre o meu trabalho./ eu penso que<br />
eu não tenho a mesma coisa que minha árvore/s<strong>em</strong> flores/<br />
G1 E: /.../ hoje eu não sou como minha árvore/ não como professor <strong>de</strong><br />
francês/ mas como professor <strong>de</strong> português sim/<br />
G1 F: /.../ quanto à minha formação eu sou uma árvore pequena com raízes<br />
b<strong>em</strong> finas/<br />
Perceb<strong>em</strong>os que segundo esses relatos a formação inicial <strong>em</strong> FLE é vista por<br />
várias concepções. Para alguns, os conhecimentos linguageiros são, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente,<br />
mais necessários e para outros, a formação po<strong>de</strong> dar autonomia para uma melhor<br />
absorção dos conhecimentos adquiridos ao longo da formação inicial, visto que
formar-se professor <strong>de</strong> uma língua não é o mesmo que, apenas, apren<strong>de</strong>r essa língua<br />
para uso.<br />
A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> G1 B é <strong>de</strong>finida como aquela que abarca conhecimentos<br />
linguageiros: “o francês eu gosto muito da língua”. Para ele, ensinar gramática não<br />
correspon<strong>de</strong> a ensinar língua. Esse posicionamento, talvez, <strong>de</strong>rive <strong>de</strong> uma experiência<br />
vivenciada enquanto aluno <strong>de</strong> língua portuguesa. Ora, será que o estudo gramatical<br />
não significa estudar língua? Digamos que esse professor <strong>em</strong> formação precisa<br />
superar tal posicionamento, uma vez que nos parece que ao ensinar a língua francesa<br />
esse sujeito não a aborda a partir do ponto <strong>de</strong> vista gramatical, algo que funciona<br />
como percurso natural para o estudo da língua. O caminho a seguir está no<br />
reconhecimento das modalida<strong>de</strong>s linguageiras e, nesse contexto, entram os eixos não<br />
estanques da leitura, da escrita, da gramática, dos el<strong>em</strong>entos não verbais, das<br />
multimodalida<strong>de</strong>s etc. Isto é confirmado pelo pensamento apresentado nos PCN<br />
(2000, p. 26), no que diz respeito aos conhecimentos <strong>de</strong> Língua Estrangeira Mo<strong>de</strong>rna,<br />
a saber:<br />
As Línguas Estrangeiras na escola regular passaram a pautar-se, quase<br />
s<strong>em</strong>pre, apenas no estudo <strong>de</strong> formas gramaticais, na m<strong>em</strong>orização <strong>de</strong> regras e<br />
na priorida<strong>de</strong> da língua escrita e, <strong>em</strong> geral, tudo isso <strong>de</strong> forma<br />
<strong>de</strong>scontextualizada e <strong>de</strong>svinculada da realida<strong>de</strong>.<br />
Para que haja AI, esse „professor <strong>em</strong> formação inicial‟ precisa ter consciência<br />
<strong>de</strong> que o ensino da língua estrangeira não po<strong>de</strong> se distanciar da cultura gramatical.<br />
Nesse sentido, perceb<strong>em</strong>os na fala do G1 B outro motivo: a um suposto<br />
<strong>de</strong>smerecimento dos conhecimentos da língua mãe.<br />
Com relação ao G1 F, verificamos que ele ratifica estar informado sobre a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma formação reflexiva, <strong>em</strong>bora reconheça que ainda se encontra <strong>em</strong><br />
um estágio inicial: “Quanto à minha formação eu sou uma árvore pequena com raízes<br />
b<strong>em</strong> finas”. Para ele, a „formação inicial‟ se ass<strong>em</strong>elha ao crescimento natural <strong>de</strong> uma<br />
árvore, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> processo, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.
Verificamos também que a concepção <strong>de</strong>monstrada por esses sujeitos sobre<br />
as suas raízes difere daquela mencionada por Gérald De Palmas, <strong>em</strong> Un homme sans<br />
racines. O estudo com esta canção conduziu os participantes a discutir<strong>em</strong> as<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s do Eu-lírico que se imagina um hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong> orig<strong>em</strong>, talvez um pouco<br />
perdido e <strong>em</strong> conflito entre seu passado e seu presente. Vejamos o trecho da canção.<br />
/.../<br />
Je suis un homme sans racines<br />
Au moindre vent je m'incline<br />
Juste un homme sans racines<br />
Je pense à <strong>de</strong>main et j'imagine<br />
J'aimerai trouver un endroit pour me reccueillir<br />
Un endroit où puiser ma force<br />
/..../<br />
Perceb<strong>em</strong>os nessas estrofes que ser um hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong> raízes é talvez imaginar-<br />
se como uma pessoa que ainda não se encontrou, que po<strong>de</strong> estar perdida e que<br />
procura um lugar para se ancorar, para ser acolhido, ou seja, ele parece viver o<br />
conflito <strong>de</strong> não ter uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> inclinar-se ora para o passado, ora vivendo o<br />
momento presente, com uma clara expectativa <strong>de</strong> futuro. Isto parece contradizer,<br />
exatamente, a perspectiva <strong>de</strong>fendida por Zarate (1995) e, posteriormente, ratificada<br />
por De Carlo (1998) ao discutir<strong>em</strong> a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, pois, para as autoras, cada indivíduo,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento, pertence a um grupo, a uma comunida<strong>de</strong>, a uma família com os<br />
quais divi<strong>de</strong> um sobrenome, uma língua e um código <strong>de</strong> um comportamento.<br />
Essa observação é comprovada quando os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟<br />
das classes G1 e G2 afirmam que as origens (raízes) têm relação com o local <strong>de</strong><br />
nascimento, o momento atual, a profissão, pois, para eles, as raízes traz<strong>em</strong> estes<br />
aspectos que estão na história <strong>de</strong> cada um, nas representações que traz<strong>em</strong> do outro e<br />
<strong>de</strong> si, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos modos <strong>de</strong> vida e da sua cultura. Vejamos os excertos a seguir.<br />
G1 B: Eu penso que para o cantor as raízes são lugares que lhe faz<strong>em</strong><br />
l<strong>em</strong>brar on<strong>de</strong> ele está/.../.<br />
G1 C: A relação com o título e o clipe e as imagens é que ele é um viajante/<br />
porque que as imagens mostram vários lugares/.../.<br />
G2 A: Um hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong> raízes/ solitário s<strong>em</strong> se ligar às coisas/ ele não vive o<br />
presente/.../.
G2 C: Ele é um músico profissional/ ele não mora <strong>em</strong> seu país/ ele viaja/<br />
mas ele po<strong>de</strong> pouco a pouco fazer suas raízes/.../.<br />
G2 D: Ele não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong> raízes/ porque ele<br />
está <strong>em</strong> um lugar e t<strong>em</strong> uma família/ v<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> com sua<br />
cultura/.../.<br />
Para esses „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ a profissão do Eu-lírico t<strong>em</strong><br />
relação com os modos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> um cantor e um músico, uma vez que viajar faz<br />
parte <strong>de</strong>sse ofício e o fato <strong>de</strong> estar <strong>em</strong> vários lugares e <strong>de</strong> sentir-se, às vezes, solitário<br />
não significa ser um sujeito s<strong>em</strong> raízes. O Eu-lírico ass<strong>em</strong>elha-se a ser um sujeito<br />
“nôma<strong>de</strong>” e que necessita <strong>de</strong> um local para se ancorar, o que confirma o já<br />
mencionado por Abdallah-Pretceille e Porcher (2001, p. 4) sobre a escola como uma<br />
instituição social que precisa dialogar o “nôma<strong>de</strong> e o se<strong>de</strong>ntário, o viajante e o<br />
resi<strong>de</strong>nte, a mobilida<strong>de</strong> e ancorag<strong>em</strong>”.<br />
Encontramos, também, na canção “On a changé”, algo relacionado às origens e<br />
à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural. O Eu-lírico parece nos passar a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> que os sujeitos<br />
vindos dos movimentos diaspóricos não omit<strong>em</strong> suas raízes e suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s,<br />
<strong>em</strong>bora o título da canção signifique mudança e apareça na sua letra, explicitamente,<br />
o nome da cida<strong>de</strong> e do país da cultura do outro.<br />
Com o intuito <strong>de</strong> discutirmos sobre a questão das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s suscitadas na<br />
canção On a changé, durante a pesquisa-ação (intervenção) conduzimos os<br />
„professores <strong>em</strong> formação inicial‟ a perceber<strong>em</strong> que o fato <strong>de</strong> não aparecer o nome do<br />
país <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, não significa que o Eu-lírico apresenta-se como um sujeito s<strong>em</strong><br />
orig<strong>em</strong>. Isso é percebido nas estrofes:<br />
Toutes ces années tu m'as manqué<br />
On a changé<br />
On a grandi<br />
Trop loin tous les <strong>de</strong>ux<br />
On était <strong>de</strong>s voisins, au pays<br />
On se tenait la main tous petits<br />
Puis soudain un matin, maman m'a dit<br />
Non n'aie pas trop <strong>de</strong> chagrin<br />
On part à Paris, on part<br />
On part loin d'ici, on part<br />
/.../
.../<br />
L'avion en France atterrit<br />
Je sens déjà le froid le ciel est gris<br />
J'me suis fait d'nouveaux amis<br />
Je pars un peu <strong>de</strong> là bas p'tit-a -p'tit<br />
Je grandis, on oublie, on hérite<br />
/.../<br />
Déjà dix ans<br />
Y a si longt<strong>em</strong>ps<br />
En y pensant<br />
On était <strong>de</strong>s enfants<br />
Aujourd'hui, j'ai grandi<br />
Aujourd'hui, t'as grandi<br />
Il est t<strong>em</strong>ps <strong>de</strong> revenir au pays<br />
Voir l'homme <strong>de</strong> mes souvenirs au pays<br />
Il m'était <strong>de</strong>stiné,<br />
Je vais le retrouver,<br />
Il se souviendra peut-être, pas <strong>de</strong> moi<br />
Je l'ai toujours aimé<br />
/.../<br />
Constatamos que os versos – “On était <strong>de</strong>s voisins, au pays”/ Il est t<strong>em</strong>ps <strong>de</strong><br />
revenir au pays/ Voir l'homme <strong>de</strong> mes souvenirs au pays” (éramos vizinhos no país/ é<br />
t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> voltar ao país/ ver o hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> minhas recordações no país) – não indicam<br />
o nome do país do Eu-lírico, indicando que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional não é a única, como<br />
discute Hall (2006, p. 48): “as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s nacionais não são coisas com as quais nós<br />
nasc<strong>em</strong>os, mas são formadas e transformadas no interior da representação”. O país<br />
aqui representado não apenas indica uma entida<strong>de</strong> política e sim, algo que produz<br />
sentidos – os vizinhos, o retorno e o hom<strong>em</strong> das l<strong>em</strong>branças –, ou um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />
representação cultural (HALL, 2006, p. 49).<br />
Verificamos, <strong>de</strong>ssa maneira, que o Eu-lírico é um sujeito que t<strong>em</strong> suas<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s: “On a changé/On a grandi/ on hérite/ On était <strong>de</strong>s enfants”/../ e, notamos,<br />
que se trata <strong>de</strong> uma pessoa que <strong>de</strong>monstra mudanças na sua vida e que t<strong>em</strong> uma<br />
família, portanto, é possível extrairmos da canção fragmentos que evi<strong>de</strong>nciam tais<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s: “Déjà dix ans/ Y a si longt<strong>em</strong>ps”/ “Puis soudain un matin, maman m'a dit”,<br />
ainda faz novos amigos – “J‟me suis fait <strong>de</strong>s nouveaux amis” – e que pouco a pouco<br />
esquece algo do passado: “Je pars un peu <strong>de</strong> là bas p'tit-a -p'tit”. Essas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
estão relacionadas àquela que o sujeito traz do nascimento, às adquiridas <strong>em</strong>
interação com os outros e às do sujeito pós-mo<strong>de</strong>rno que não t<strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> “fixa,<br />
essencial e permanente” (HALL, op. cit., p.12).<br />
Perceb<strong>em</strong>os, assim, que o Eu-lírico sente o <strong>de</strong>sejo do retorno à terra <strong>de</strong><br />
nascimento para rever as pessoas do seu passado: “Il est t<strong>em</strong>ps <strong>de</strong> revenir au pays”.<br />
E as recordações se relacionam às pessoas que faz<strong>em</strong> parte da sua história, alguém<br />
que lhe faz r<strong>em</strong>eter à sua cultura, representado na canção, possivelmente, pelo<br />
“hom<strong>em</strong> que s<strong>em</strong>pre amou” (Je l'ai toujours aimé). Esse pensamento v<strong>em</strong> comungar<br />
com o que discute Cancian (2003, p. 2) sobre os movimentos diaspóricos, pois “os<br />
povos que passam pela diáspora mantêm consigo o <strong>de</strong>sejo do retorno, da volta ao<br />
local <strong>de</strong> nascimento, [...] outros constro<strong>em</strong> a vida mantendo essa esperança”.<br />
Conforme a autora, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r que o significado <strong>de</strong> retornar às<br />
origens parece permitir resgatar as experiências vividas por cada sujeito <strong>de</strong> um<br />
contexto <strong>de</strong> sua vida, o que estimula a (re) configuração <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Isto nos<br />
r<strong>em</strong>ete ao que diz Hall (op. cit., p. 49) sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, que as “pessoas<br />
não são apenas cidadãos(ãs) legais <strong>de</strong> uma nação; elas participam da i<strong>de</strong>ia da nação<br />
tal como representada <strong>em</strong> sua cultura nacional”.<br />
Em outra ativida<strong>de</strong> realizada na sala <strong>de</strong> aula que respon<strong>de</strong> a pergunta: “Alguns<br />
imigrantes na França, para escapar<strong>em</strong> da discriminação, ou porque pensam melhor<br />
integrar-se, mudam <strong>de</strong> nome ou não falam <strong>de</strong> suas origens. Você aprova esta i<strong>de</strong>ia?”<br />
(APENDICE F ), perceb<strong>em</strong>os que todos os participantes do G1 aprovam o<br />
pensamento do Eu-lírico <strong>de</strong> On a Changé, uma vez que ele <strong>de</strong>clara a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />
G1 A e G1 G: Não/ porque eles per<strong>de</strong>m sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>/<br />
G1 B: Não/ porque é uma atitu<strong>de</strong> muito grave e po<strong>de</strong>m fazer com que os<br />
imigrantes percam e esquec<strong>em</strong> as culturas/<br />
G1 C: Não/ porque todas as línguas-culturas são importantes/<br />
G1 E: Não/ porque não é bom omitir a língua-cultura <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>/
Esses <strong>de</strong>poimentos nos mostram que os referidos „professores <strong>em</strong> formação<br />
inicial‟ não pensam da mesma forma como alguns filhos da diáspora que tentam omitir<br />
o nome do país <strong>de</strong> nascimento e possivelmente suas origens ou i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Eles<br />
perceb<strong>em</strong> que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural t<strong>em</strong> relação com o discutido por Cancian (op. cit.,<br />
p. 2), que “os povos que abandonam suas casas jamais se <strong>de</strong>sapegam das origens e<br />
a mantêm através da tradição a cultura na qual nasceram. Isto se dá pela manutenção<br />
da língua, da religião, do modo <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> agir”. Verificamos que os informantes<br />
perceberam este aspecto, também na canção, Mon pays. Vejamos suas opiniões.<br />
G1 A: /.../ ele não per<strong>de</strong> jamais sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>/<br />
G3 A: Porque eu penso que não se <strong>de</strong>ve per<strong>de</strong>r nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>/<br />
G4 A: Não/ ele fala <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um país/ Ele fala <strong>de</strong> um<br />
sentimento que ele construiu quando ele nasceu/<br />
A concepção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> está ligada à socialização, consi<strong>de</strong>rando-se que<br />
cada indivíduo a traz <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu nascimento; entretanto, no contexto diaspórico,<br />
parece que essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> se apresenta <strong>em</strong> constante transformação, uma vez que<br />
novos costumes po<strong>de</strong>m ser assimilados e, portanto, interfer<strong>em</strong> tanto na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
pessoal, como na coletiva. Diferent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>sta concepção, esses relatos<br />
<strong>de</strong>monstram que é possível perceber a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> relacionada à da pertença cultural,<br />
como sendo a imag<strong>em</strong> que cada um t<strong>em</strong> <strong>de</strong> si mesmo e que compreen<strong>de</strong> sua história<br />
pessoal. Essa reflexão sinaliza para o que abordar<strong>em</strong>os no próximo tópico quando<br />
discutir<strong>em</strong>os as imagens estereotipadas que esses „professores <strong>em</strong> formação inicial‟<br />
<strong>de</strong>monstraram ter.<br />
4.3. Imagens estereotipadas da cultura materna e da cultura do outro<br />
Os estereótipos representam as imagens que faz<strong>em</strong>os <strong>de</strong> pessoas, objetos,<br />
lugares, profissões, <strong>de</strong>ntre outros, <strong>de</strong> forma resumida e pré-concebida. Conforme De<br />
Carlo (1998), essas imagens po<strong>de</strong>m ser vistas <strong>de</strong> modo geral ou específico: no geral,
se refere à natureza dos processos mentais e ao seu funcionamento; no específico,<br />
diz respeito às imagens negativas atribuídas a alguns grupos sociais “<strong>de</strong>sfavorecidos”.<br />
Na prática <strong>de</strong> classe, ao discutirmos sobre as culturas contidas nos vi<strong>de</strong>oclipes<br />
das canções, verificamos que os participantes expressaram posicionamentos que<br />
confirmam a presença <strong>de</strong> imagens estereotipadas sobre a cultura local e sobre a<br />
cultura do Outro. Isso ocorreu quando apareceram, nesse recurso audiovisual, os<br />
cantores, as personagens e as cida<strong>de</strong>s que se apresentaram <strong>em</strong> diferentes contextos,<br />
possibilitando aos participantes expressar<strong>em</strong> seus posicionamentos sobre outras<br />
culturas.<br />
Das t<strong>em</strong>áticas que aparec<strong>em</strong> no quadro a seguir, observamos que<br />
reconhecimento das raízes, contexto diaspórico e valorização dos povos (discutir<strong>em</strong>os<br />
mais tar<strong>de</strong>) são as imagens, por vezes, estereotipadas recorrentes nas canções.<br />
TÍTULO<br />
AUTOR/ COMPOSITOR/<br />
INTÉRPRETE<br />
MON PAYS FAUDEL<br />
ON A CHANGÉ<br />
UM HOMME SANS<br />
RACINES<br />
TOUCHE PAS À MON<br />
POTE<br />
LES DEESSES<br />
QUADRO 5: T<strong>em</strong>áticas implícitas nas canções<br />
TEMÁTICA(S)<br />
Reconhecimento das<br />
raízes<br />
Contexto diaspórico,<br />
adaptação da cultura<br />
estrangeira, outras<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
GERALD DE PALMAS Conflito entre o<br />
distanciamento e a<br />
busca das origens<br />
GILBERTO GIL Valorização dos povos<br />
e suas culturas;<br />
valorização do outro<br />
ANO<br />
2006<br />
2007<br />
2004<br />
1988<br />
As imagens estereotipadas percebidas pelos „professores <strong>em</strong> formação inicial‟<br />
se caracterizam <strong>em</strong> diferentes concepções; por isso, foi possível encontrar imagens <strong>de</strong><br />
pessoas e <strong>de</strong> comportamentos. Em se tratando da cultura materna, constatamos que
os participantes da pesquisa apresentaram também algumas imagens estereotipadas<br />
sobre o comportamento do povo brasileiro. Esse aspecto foi percebido <strong>em</strong> uma<br />
ativida<strong>de</strong> realizada na sala <strong>de</strong> aula, <strong>em</strong> resposta à questão: “Você gosta <strong>de</strong> cantar?<br />
Você acredita que o brasileiro gosta <strong>de</strong> cantar? Explique-nos” (APÊNDICE F).<br />
Vejamos as reações.<br />
G1 A: Porque eles [os brasileiros] são muito contentes/<br />
G1 B: Porque nós somos um povo muito animado/<br />
G1 F: Eu penso que o povo brasileiro gosta <strong>de</strong> cantar <strong>de</strong>vido a sua orig<strong>em</strong><br />
africana e também à gran<strong>de</strong> dimensão territorial/<br />
G3 A: Eu acho quando a gente canta/ a gente sente uma coisa boa/ a gente<br />
não pensa nos probl<strong>em</strong>as/<br />
Perceb<strong>em</strong>os nesses excertos que os participantes traz<strong>em</strong> imagens<br />
estereotipadas sobre sua cultura <strong>de</strong> modo positivo. Ao que nos parece, eles quer<strong>em</strong><br />
mostrar que “todos” os brasileiros são assim: “contentes e animados” e isso parece<br />
concordar com o pensamento <strong>de</strong> que os estereótipos po<strong>de</strong>m ainda generalizar<br />
comunida<strong>de</strong>s culturais a respeito das opiniões, línguas, preferências e tantos outros,<br />
visto que o seu objetivo principal é simplificar a realida<strong>de</strong> (CONSEIL DE L‟EUROPE,<br />
1995). Estas são atitu<strong>de</strong>s possíveis <strong>de</strong> acontecer entre um ou outro, mas que n<strong>em</strong><br />
todos os sujeitos têm tal comportamento.<br />
O fato <strong>de</strong> G1 B mencionar – “porque nós somos um povo muito animado” –<br />
retoma à i<strong>de</strong>ia discutida por Amorim e Magalhães (1998, p. 97) sobre o estudo com a<br />
canção na sala <strong>de</strong> aula que se caracteriza “com seu po<strong>de</strong>r mágico <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar<br />
l<strong>em</strong>branças e sentimentos nas pessoas, a música po<strong>de</strong> acalmar, divertir, transportar,<br />
ensinar, distrair e unir pessoas”. Isto é ratificado quando o G3 A menciona que ao<br />
cantar esquece as preocupações. Esse participante nos confirma a concepção <strong>de</strong> que<br />
trazer a música para a sala <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong> ajudar os apren<strong>de</strong>ntes a diminuír<strong>em</strong> as<br />
dificulda<strong>de</strong>s encontradas no ensino-aprendizag<strong>em</strong> do FLE, como também r<strong>em</strong>eter ao<br />
dito popular “qu<strong>em</strong> canta seus males espanta”. Essa prática parece <strong>de</strong>spertar no
professor que ensinar, com a canção, conduziu os sujeitos envolvidos a reconhecer<strong>em</strong><br />
também suas raízes; o que se vê na fala <strong>de</strong> G1 F: “o povo brasileiro gosta <strong>de</strong> cantar<br />
<strong>de</strong>vido a sua orig<strong>em</strong> africana”. Enten<strong>de</strong>mos que as pessoas cantam para expressar<strong>em</strong><br />
seus contentamentos e seus <strong>de</strong>scontentamentos. De certa forma, a canção po<strong>de</strong><br />
aparecer como um instrumento didatizado que conduz o professor a busca <strong>de</strong> outros<br />
caminhos metodológicos que incit<strong>em</strong> a estudar uma canção percebendo, no seu<br />
conteúdo, indícios <strong>de</strong> críticas, <strong>de</strong> sátiras, <strong>de</strong> valores culturais, <strong>de</strong>ntre outros.<br />
Encontramos outras imagens trazidas pelos participantes, <strong>de</strong>sta vez, sobre a<br />
cultura do outro ao discutirmos as canções Mon pays e On a changé <strong>em</strong> meio à<br />
discussão sobre os povos no contexto diaspórico. Vejamos, a seguir:<br />
G1 E: /.../ eu acho que elas são africanas.<br />
G1 F: A cor da pele<br />
G4 A: Fau<strong>de</strong>l não t<strong>em</strong> perfil <strong>de</strong> francês.<br />
G4 C: Eu não tenho certeza que elas são francesas.<br />
G4 D: Há um estereótipo <strong>de</strong> mulher africana.<br />
Observamos que esses excertos traz<strong>em</strong> imagens estereotipadas a respeito da<br />
cultura do outro. Os <strong>de</strong>clarantes generalizam as cantoras <strong>de</strong> Les Déesses e Fau<strong>de</strong>l às<br />
características físicas e à comunida<strong>de</strong> cultural. Isso <strong>de</strong>ve ser s<strong>em</strong>pre discutido, uma<br />
vez que não se resume a um ponto <strong>de</strong> vista, consi<strong>de</strong>rando-se que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural<br />
vai além da etnia.<br />
Esses participantes <strong>de</strong>monstram não l<strong>em</strong>brar que, culturalmente, os atores<br />
sociais receb<strong>em</strong> influências <strong>de</strong> outros grupos quando se relacionam e que n<strong>em</strong><br />
s<strong>em</strong>pre expõ<strong>em</strong> o que são na realida<strong>de</strong>. Isto recai sobre o discutido por Beacco<br />
(2000), quando afirma que, <strong>de</strong>vido às imagens que os professores levam para a sala<br />
<strong>de</strong> aula, o estereótipo se instaura fazendo ecoar um pensamento sobre algo que ele
mesmo <strong>de</strong>sconhece; é, possivelmente, o <strong>de</strong>sconhecido que leva o professor a<br />
repassar essas imagens estereotipadas.<br />
Vejamos que a figura 1, na qual t<strong>em</strong>-se a imag<strong>em</strong> dos artistas Fau<strong>de</strong>l e Les<br />
Déesses, parece reforçar o imaginário sobre qu<strong>em</strong> é Francês ou não. Quando G4 A<br />
afirma que o cantor Fau<strong>de</strong>l “não t<strong>em</strong> perfil <strong>de</strong> francês” ratifica não apenas o<br />
estereótipo <strong>de</strong> que todo francês é louro dos olhos azuis, quanto <strong>de</strong>monstra também<br />
pouco conhecimento a respeito do povo francês da atualida<strong>de</strong>, que <strong>em</strong> boa parte, é<br />
oriundo das ex-colônias francesas da África e da Ásia.<br />
LES DÉESSES FAUDEL<br />
FIGURA Observ<strong>em</strong>os 1: Imagens que dos a artistas figura (cantores) 1, na qual t<strong>em</strong>-se a imag<strong>em</strong> dos artistas Fau<strong>de</strong>l e<br />
No caso <strong>de</strong>sses cantores, as moças são originárias da África e do Caribe e o<br />
rapaz da Argélia. Isto nos r<strong>em</strong>ete ao que discute Zarate (1995) sobre o fato <strong>de</strong> que:<br />
“as imagens estereotipadas foram s<strong>em</strong>pre construídas através <strong>de</strong> algumas<br />
experiências que foram por nós interiorizadas”. O fato <strong>de</strong> os cantores ser<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
origens africanas (caribenha e magrebina/argelina), s<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista suas<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, não significa dizer que não falam o francês, pois o colocado no nosso<br />
imaginário é que somente os povos originários da França são os falantes <strong>de</strong>sta língua,<br />
pois se trata <strong>de</strong> uma língua elitizada e não da língua <strong>de</strong> outros povos, principalmente<br />
os africanos. Isto po<strong>de</strong> ser constatado a partir da fala <strong>de</strong> G4 A: “Oh /as negras/ eu sei
que elas falam francês”. Perceb<strong>em</strong>os nesta exclamação que o “falar francês”, “a<br />
língua chique” não parece ser um prestígio, visto que é <strong>de</strong> negro, logo, não é “chique”.<br />
Ao afirmar isso, G4 A não levou <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que essas moças, <strong>em</strong><br />
contato com as outras culturas, receberam influências religiosas, sócio-históricas e<br />
principalmente linguísticas, razão pelas quais falam a língua francesa. Entretanto as<br />
cantoras não apren<strong>de</strong>ram o idioma francês n<strong>em</strong> como os estrangeiros <strong>em</strong> situação<br />
exolingue, n<strong>em</strong> com os franceses da França, mas o trouxeram <strong>de</strong> suas origens, já que<br />
o francês é língua oficial do seu país. O participante <strong>em</strong> questão não consi<strong>de</strong>ra o<br />
exposto (QUADRO 5: “T<strong>em</strong>áticas implícitas nas canções”) sobre a t<strong>em</strong>ática do<br />
contexto diaspórico, uma vez que nestes contextos há o entrecruzamento étnico.<br />
No caso do cantor Fau<strong>de</strong>l, o que foi colocado no nosso imaginário é que o<br />
africano é s<strong>em</strong>pre um indivíduo <strong>de</strong> etnia negra ao contrário do europeu. A imag<strong>em</strong> do<br />
cantor nos mostra que ele t<strong>em</strong> pele clara, o que levou o participante a não consi<strong>de</strong>rá-lo<br />
como francês. Esse dado nos faz afirmar que esse „professor <strong>em</strong> formação inicial‟ não<br />
pon<strong>de</strong>rou sobre o reconhecimento das culturas conforme o revelado (QUADRO 5).<br />
Neste sentido, os estereótipos aparec<strong>em</strong> como imagens cristalizadas sobre o que<br />
somos na realida<strong>de</strong>, conforme <strong>de</strong>staca o dicionário <strong>de</strong> didática das línguas (CUQ,<br />
2003, p. 224): “um estereótipo consiste <strong>em</strong> uma representação „clichê‟ <strong>de</strong> uma<br />
realida<strong>de</strong> (indivíduo, paisag<strong>em</strong>, profissão, objeto, etc.) que a reduz a um traço, a uma<br />
„i<strong>de</strong>ia pronta‟”.<br />
Observamos ainda que esses „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ traz<strong>em</strong> outras<br />
imagens estereotipadas, quando discutimos as figuras apresentadas nos sli<strong>de</strong>s e o<br />
vi<strong>de</strong>oclipe sobre os cidadãos do mundo da canção “Touche pas à mon pote”. Assim,<br />
encontramos outro aspecto relacionado à t<strong>em</strong>ática valorização dos povos e suas<br />
culturas (QUADRO 5). Trata-se <strong>de</strong> mostrar que as culturas necessitam ser<br />
valorizadas. Vejamos, a seguir, a estrofe.<br />
/.../
Il faut pas oublier que la France<br />
A déjà eu la chance<br />
De s‟imposer sur la terre<br />
Par la guerre<br />
Les t<strong>em</strong>ps passés ont passé<br />
Maintenant nous venons ici<br />
Chercher les bras d‟une mère<br />
Bonne mère<br />
/.../<br />
Dessa forma, os participantes se apoiam no trecho da canção que traz uma<br />
i<strong>de</strong>ia metafórica do país França, como uma mãe que acolhe seus filhos: “Maintenant<br />
nous venons ici/ Chercher les bras d‟une mère/ Bonne mère”/.../. Tais fragmentos<br />
incitaram os „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ a <strong>de</strong>clarar<strong>em</strong> que as manifestações<br />
mostradas no vi<strong>de</strong>oclipe, assim como, os movimentos antirracismo necessitam <strong>de</strong> uma<br />
discussão mais aprofundada. Para tanto, eles citaram a clássica tría<strong>de</strong>: liberda<strong>de</strong>,<br />
igualda<strong>de</strong> e fraternida<strong>de</strong> como el<strong>em</strong>ento necessário para favorecer os estrangeiros<br />
que se encontram na França. Destaque-se uma vez que o vi<strong>de</strong>oclipe continha<br />
imagens da França e do Rio <strong>de</strong> Janeiro, b<strong>em</strong> como dos símbolos da revolução<br />
francesa. (ANEXO C: “CD: material audiovisual das canções e questionários<br />
respondidos”).<br />
Vejamos as imagens (imaginadas) <strong>de</strong>claradas pelos participantes.<br />
G3 A: Eu penso que a liberda<strong>de</strong>/ igualda<strong>de</strong> e a fraternida<strong>de</strong> são para os<br />
franceses/não para os estrangeiros/.../ é diferente daqui, porque aqui nós<br />
gostamos dos estrangeiros/.../.<br />
G3 B: A gente não dá a liberda<strong>de</strong>/ a igualda<strong>de</strong> e a fraternida<strong>de</strong> para os<br />
cidadãos/ no Brasil /<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar esta maneira <strong>de</strong> dizer/ mas <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os /<br />
sobretudo/ acolher os diferentes/ não os estrangeiros/ é diferente/ eu penso<br />
que /porque no Brasil é diferente /quando se diz estrangeiro/ mas procuramos<br />
pessoas que são parecidas conosco mesmo no Brasil que t<strong>em</strong> uma<br />
diversida<strong>de</strong>/ quando encontramos pessoas que são diferentes/ completamente<br />
diferentes <strong>de</strong> nós/ tratamos essa pessoa com preconceito/.../.<br />
Esses excertos nos mostram que os participantes traz<strong>em</strong> concepções<br />
diferenciadas a respeito da valorização dos cidadãos. Para G3 A, os brasileiros<br />
gostam dos estrangeiros. Todavia esse pensamento se contrapõe ao que diz G3 B,<br />
sobre o “estrangeiro”, pois é a favor da valorização dos cidadãos com suas diferenças<br />
e não apenas da valorização dos estrangeiros e o <strong>de</strong>smerecimento dos concidadãos.
Quando G3 A <strong>de</strong>clara que “é diferente daqui, porque nós gostamos dos estrangeiros”,<br />
ele parece discordar da atitu<strong>de</strong> dos franceses, mas traz um pensamento generalizado<br />
a respeito da sua cultura materna.<br />
Para G3 B, o consi<strong>de</strong>rado não é o fato <strong>de</strong> não se gostar do estrangeiro e sim,<br />
<strong>de</strong> valorizar os povos diferentes, <strong>em</strong>bora mencione que quando encontramos alguém<br />
com um pensamento muito diferente do nosso tratamos esse sujeito com certo<br />
“preconceito”, o que parece contrapor ao discutido por Zarate (1995, p. 23) sobre os<br />
efeitos da valorização e da <strong>de</strong>svalorização: “a <strong>de</strong>scrição da valorização da cultura<br />
estrangeira po<strong>de</strong> certamente contribuir para a valorização da cultura local”. Esse<br />
professor percebe que o fato <strong>de</strong> não haver a valorização do próprio cidadão brasileiro,<br />
não significa dizer que o diferente não é o estrangeiro. Isto se refere ao que Steele<br />
(1996, p. 55) discute sobre a <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong> estereotipada; sobretudo,<br />
evitando-se a generalização: “um meio eficaz <strong>de</strong> atacar os estereótipos é sair do nível<br />
da generalização para ir ao nível das particularida<strong>de</strong>s reveladoras <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong><br />
complexa que não po<strong>de</strong> se resumir <strong>em</strong> um julgamento partidário”.<br />
Ao concluir as nossas pon<strong>de</strong>rações sobre a abordag<strong>em</strong> do intercultural,<br />
observamos que as discussões feitas sobre as t<strong>em</strong>áticas do acolhimento das culturas;<br />
das origens e das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e, das imagens estereotipadas nos conduz<strong>em</strong> a<br />
perceber que o estudo da canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>plar o respeito e a<br />
inclusão das culturas. Isso reforça também o fato <strong>de</strong> se ter nesse gênero didatizado<br />
um texto com qualida<strong>de</strong>s que lhe são peculiares como a linguag<strong>em</strong> verbo melódica<br />
e/ou lítero-musical, estimulando o apren<strong>de</strong>nte da língua, <strong>em</strong> formação pedagógica, às<br />
trocas interculturais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a nossa questão <strong>de</strong> pesquisa, b<strong>em</strong> como os dois<br />
primeiros objetivos: i<strong>de</strong>ntificar como é abordado o intercultural, <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, na<br />
formação inicial <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> FLE da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong> e levar os<br />
professores <strong>em</strong> formação inicial a refletir sobre a canção <strong>de</strong> expressão francesa<br />
enquanto canal <strong>de</strong> cultura para a tomada da consciência intercultural, constatamos<br />
que a canção <strong>de</strong> expressão francesa po<strong>de</strong> ser um recurso didático-metodológico<br />
indispensável <strong>em</strong> aula <strong>de</strong> FLE. Enquanto gênero didatizado, ela nos conduziu a<br />
verificar que os professores perceb<strong>em</strong> que a AI é uma abordag<strong>em</strong> metodológica,<br />
necessária no âmbito da sala <strong>de</strong> aula.<br />
Isso nos ajudou a i<strong>de</strong>ntificar que com essas canções po<strong>de</strong>-se discutir o respeito<br />
às diferenças, uma vez que elas instigam o <strong>de</strong>bate, também, sobre as diferenças<br />
culturais, o acolhimento das culturas, a noção <strong>de</strong> que o outro é diferente, as origens e<br />
a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural. Outro el<strong>em</strong>ento importante, nesse âmbito, é o professor <strong>em</strong><br />
formação enquanto cidadão portador <strong>de</strong> culturas com suas pertenças, note-se ainda<br />
que para o jov<strong>em</strong> „professor <strong>em</strong> formação inicial‟ falar <strong>de</strong> si como sujeito apren<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> uma língua estrangeira e como futuro professor <strong>de</strong> FLE, trata-se <strong>de</strong> um modo <strong>de</strong><br />
expressar suas concepções a respeito <strong>de</strong> sua formação inicial.<br />
A presente pesquisa verificou quão é relevante a abordag<strong>em</strong> do intercultural na<br />
aula <strong>de</strong> FLE, uma vez que estes estudos po<strong>de</strong>m promover as trocas interculturais e o<br />
respeito ao outro, aspectos essenciais do Intercultural no contexto <strong>de</strong> eventos<br />
interativos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> conhecimento nas aulas <strong>de</strong> FLE. I<strong>de</strong>ntificamos que a<br />
canção <strong>de</strong> expressão francesa, por apresentar diversos subgêneros com diferentes<br />
t<strong>em</strong>áticas (reconhecimento das raízes, contexto diaspórico, adaptação da cultura<br />
estrangeira, outras i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, valorização dos povos e <strong>de</strong> suas culturas, valorização
do outro) confirma-se como um instrumento necessário e propiciador para a tomada<br />
da consciência intercultural <strong>em</strong> aula <strong>de</strong> FLE.<br />
No que se refere às SD <strong>de</strong>senvolvidas, constatamos que foi possível aten<strong>de</strong>r<br />
ao terceiro objetivo <strong>de</strong> nossa pesquisa, a saber: verificar se as ativida<strong>de</strong>s propostas,<br />
<strong>em</strong> forma <strong>de</strong> sequências didáticas, são eficazes para a tomada da consciência<br />
intercultural no âmbito do ensino <strong>de</strong> FLE. Por se tratar <strong>de</strong> um instrumento didático-<br />
pedagógico, a canção pô<strong>de</strong> permitir que os envolvidos no ensino saíss<strong>em</strong> um pouco<br />
do cotidiano, por vezes, repetitivo da sala <strong>de</strong> aula, utilizando-se esse procedimento<br />
que possibilita ao professor <strong>em</strong> formação inicial a aquisição <strong>de</strong> conhecimentos<br />
distintos como os <strong>de</strong> aspectos históricos, geográficos, sociais e culturais peculiares a<br />
vários países <strong>de</strong> expressão francesa.<br />
Tomado pela CI, esse „professor <strong>em</strong> formação inicial‟ percebe que o ensino da<br />
língua estrangeira não <strong>de</strong>ve ser trabalhado separadamente da cultura, com essa<br />
consciência, esse professor po<strong>de</strong> levar para a sala <strong>de</strong> aula uma abordag<strong>em</strong> que<br />
promove a quebra <strong>de</strong> barreiras e o respeito ao outro, el<strong>em</strong>entos necessários para<br />
estudar a língua-cultura estrangeira e a materna.<br />
Consi<strong>de</strong>rando essas reflexões, a pesquisa buscou, primeiramente, i<strong>de</strong>ntificar o<br />
perfil <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> „professores <strong>em</strong> formação inicial‟ <strong>de</strong> FLE sobre a CI e, <strong>em</strong><br />
seguida, propor ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula com as canções <strong>de</strong> expressão francesa<br />
Mon Pays, On a changé, Un homme sans racines e Touche pas à mon pote.<br />
Os resultados da pesquisa nos levaram a constatar a importância <strong>de</strong><br />
metodologias didático-discursivas que se inser<strong>em</strong> <strong>em</strong> uma abordag<strong>em</strong> do intercultural,<br />
visando a tomada daquilo que no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> nossa pesquisa <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong><br />
Consciência Intercultural (CI), confirmando as falas dos participantes: G1 B: “/.../ o<br />
tipo, eu sou diferente <strong>de</strong> você, mas n<strong>em</strong> por isso eu sou melhor, e você é melhor que<br />
eu/ todos somos importantes/.../”, G4 A: “/.../ o professor <strong>de</strong>ve, pois, não só levar os
alunos a compreen<strong>de</strong>r<strong>em</strong> que a educação é importante, mas tentar fazer com que eles<br />
sejam respeitados no cotidiano dos alunos, inclusive por meio <strong>de</strong> suas próprias<br />
atitu<strong>de</strong>s profissionais/.../” e G1 C: “/.../ Cada um forma o todo e o todo é formado por<br />
cada um /.../ t<strong>em</strong> um momento no clipe que mostra várias pessoas diferentes/ com<br />
lugares diferentes/ é como se fosse um respeito às diferenças/.../”.<br />
Em suma, com essa abordag<strong>em</strong>, o estudo feito com as quatro canções <strong>de</strong><br />
expressão francesa permitiu que os participantes expressass<strong>em</strong> suas concepções a<br />
respeito do ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> FLE, refletindo sobre a canção como gênero<br />
didatizado propiciador das trocas interculturais na aula <strong>de</strong> FLE.
REFERÊNCIAS<br />
ABDALLAH-PRETCEILLE, M. ; PORCHER, L. Éducation et communication Interculturelle.<br />
Paris : PUF, 2001.<br />
AMORIM, V. ; MAGALHÃES, V. C<strong>em</strong> aulas s<strong>em</strong> tédio: sugestões práticas, dinâmicas e<br />
divertidas para o professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Porto Alegre-RS: Instituto Padre Reus, 5 a<br />
ed. 2001, p. 97-109.<br />
BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
BEACO, J-C. Les dimensions culturelles <strong>de</strong>s enseign<strong>em</strong>ents <strong>de</strong> langue. Paris-França :<br />
Hachette, 2000, p. 30-120.<br />
BORTONI-RICARDO, S.M. O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa.São<br />
Paulo-SP: Parábola, 2008, p.57-64.<br />
BOSCH, M. Didacticiel d'étu<strong>de</strong>s interculturelles. France : Copyright, 2007, p. I.506.<br />
BRONCKART, J-P. ; PLAZAOLA GIGER, I. La transposition didactique. Histoire et perspectives<br />
d‟une problématique fondatrice. Revue Pratiques n o 97-98, juin 1998, p. 37.<br />
CADRE EUROPÉEN COMMUN DE RÉFÉRENCE : Apprendre, enseigner, évaluer. Conseil <strong>de</strong><br />
la Coopération culturelle comité <strong>de</strong> l‟éducation. Division <strong>de</strong> langues vivantes. Strasbourg-<br />
France: Didier, 2001.<br />
CANCIAN, J. R. O contexto da diáspora na construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural: a experiência do<br />
personag<strong>em</strong> José Viana, do romance “S<strong>em</strong> Nome”, <strong>de</strong> Hel<strong>de</strong>r Macedo, 2007, p.2-3.<br />
Disponível <strong>em</strong>: http://www.bocc.uff.br/_listas/t<strong>em</strong>atica.php?codt<strong>em</strong>a=67). Acesso <strong>em</strong> 10/11/10<br />
CASTRO, A D. DE; CARVALHO, A. M A P DE (Orgs) Ensinar a ensinar: didática para a escola<br />
fundamental e média. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2002 p. 107-140.<br />
CHIANCA, R. M. S. L‟interculturel : Découverte <strong>de</strong> soi-même et <strong>de</strong> l‟autre. João Pessoa-PB :<br />
I<strong>de</strong>ia, 2007.<br />
CONSEIL DE L‟EUROPE. Les stéréotypes. Tous différents, tous égaux.Centre Européen <strong>de</strong> la<br />
jeunesse, Strasbourg, 1995, 2 a edição.p. 31. <strong>pdf</strong>.<br />
Disponível <strong>em</strong> : http://archive.ecml.at/mtp2/Gulliver/results/fr/competence-interculturelle.htm.<br />
Acesso <strong>em</strong> 25/02/10.<br />
CORACINI, M.J. A abordag<strong>em</strong> reflexiva na formação do professor <strong>de</strong> língua. In: ________.;<br />
BERTOLDO, E.S. (Orgs). O <strong>de</strong>sejo da teoria e a contingência da prática: discursos sobre e na<br />
sala <strong>de</strong> aula (língua materna e língua estrangeira). Campinas-SP: Mercado <strong>de</strong> Letras, 2003,<br />
p.305-310.<br />
COSTA, N. B. da. As letras e a letra: o gênero canção na mídia literária. In: DIONISIO, A.P.,<br />
MACHADO, A. R. BEZERRA, M.A (Orgs) Gêneros textuais & Ensino. Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ:<br />
Lucerna, 2007, p. 107-121.<br />
_________ . A Produção do Discurso Lítero-musical Brasileiro. 2001. 486f. Tese (Doutorado<br />
<strong>em</strong> Linguística Aplicada) – Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> São Paulo. São Paulo.<br />
CUQ, J-P. (Org.) Dictionnaire <strong>de</strong> didactique du français : langue étrangère et secon<strong>de</strong>. Paris -<br />
France : Clé International, S.E.J.E.R, 2003.<br />
DE CARLO, M. L‟interculturel: didactiques <strong>de</strong>s langues étrangères. Paris-França: Clé<br />
International, 1998, p.25-50.<br />
DI GIURA, M. ; BEACCO, J.C. Alors?: Métho<strong>de</strong> <strong>de</strong> Français fondée sur l‟approche par<br />
compétences. Italie: Les Editions Didier, 2009.
ESPINDOLA P. M. Estereótipos na Comunicação Intercultural: O Caso do Intercâmbio Cultural<br />
Universitário na PUCRS. III Mostra <strong>de</strong> Pesquisa da <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> – PUCRS, 2008.<br />
FLEURI, R.M.; SOUZA. M.I.P. Entre limites e limiares <strong>de</strong> culturas: educação na perspectiva<br />
intercultural. In: FLEURI, R.M. (org.) Educação intercultural: mediações necessárias. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro-RJ: DP & A editora, 2003, p.53-78.<br />
FONTOURA, M.A.; SILVA, C. A da. O ensino da música na banda shalon. IX Encontro<br />
Regional da ABEM Nor<strong>de</strong>ste e II Fórum Norte-Rio-Gran<strong>de</strong>nse <strong>de</strong> Educação Musical, Natal, 17<br />
a 19 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2010.<br />
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio <strong>de</strong> Janeiro –RJ: Editora LTD: 1989 p. 4<br />
GROLLET, P. Liberté, J'écris ton nom. Laïcité: utopie et necessité. Bruxelles-Belgique:<br />
Éditions Labor / Espace <strong>de</strong> Libertés, 2005, p. 54-55.<br />
Disponível <strong>em</strong>: http://www.ulb.ac.be/cal/laiciteAZ/alterite.html. Acesso <strong>em</strong> 17/06/10<br />
HALL, S. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural na pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Trad.: SILVA, T.T. da e LOPES LOURO,<br />
G. Rio <strong>de</strong> Janeiro: DP & A Editora, 11 a Ed. 2006, p. 64.<br />
JACONO, J-M. Musiques: un bon bruit pour les cités. Le français dans le mon<strong>de</strong> n o 362,<br />
mars/avril 2009, p. 40-41.<br />
KLEIMAN, A. O estatuto disciplinar da Linguística Aplicada: o traçado <strong>de</strong> um percurso, um<br />
rumo para o <strong>de</strong>bate. In: SIGNORINI, I. e CAVALCANTI, M.C. (Orgs). Linguística Aplicada e<br />
transdisciplinarida<strong>de</strong>. Mercado <strong>de</strong> Letras: Campinas-SP, 1998, p.51-77.<br />
KLEIMAN, A. A formação do professor: perspectivas da linguística aplicada. Mercado <strong>de</strong> letras:<br />
Campinas-SP, 2001a, p. 7-23.<br />
_________. A formação do professor. Campinas – SP: Mercado Aberto, 2001b, p. 239-259.<br />
LE BRIS, M.; ROUAUD, J. Pour une littérature-mon<strong>de</strong>. France: Éditions Gallimard, 2007, p.9-<br />
53.<br />
MANAA, G. L‟enseign<strong>em</strong>ent/apprentissage et la quête d‟une nouvelle approche avec les autres<br />
cultures. Synergies. Algérie. n. 4, 2009, p. 209-215.<br />
MARCUSCHI, L. A. Análise da conversação. São Paulo-SP: Editora Ática, 2003, p. 11-12.<br />
MERIEUX, R.; LOISEAU, Y. Latitu<strong>de</strong>s: métho<strong>de</strong>s <strong>de</strong> français. Paris-France: Didier, 2008.<br />
MEYER, D.C.Clé pour La France: <strong>em</strong> 80 icônes culturelles. Paris-France: Hachette Livre, 2010.<br />
______. Des gestes et <strong>de</strong>s mots pour le dire. France: Clé International, 2004.<br />
MOITA LOPES, L.P. Oficina <strong>de</strong> linguística aplicada: a natureza social e educacional dos<br />
processos <strong>de</strong> ensino/aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> línguas. Mercado <strong>de</strong> Letras: Campinas- SP, 3 a<br />
reimpressão, 2001.<br />
MOREIRA, H.; CALEFFE, L.G. Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador.<br />
Lamparina: Rio <strong>de</strong> Janeiro-R.J, 2 a ed. 2008, p.21-38.<br />
MORIN, E. Les Sept savoirs nécessaires à l'éducation du futur, Le Seuil. Em português: Os<br />
sete saberes necessários à educação do futuro. Cortez, 2000.<br />
MURRIE, Z. F. (Org.) Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino médio: Linguagens,<br />
Códigos e suas Tecnologias. Brasília-DF, 2000, p. 26.<br />
ORIENTAÇÕES CURRICULARES NACIONAIS: Linguagens, códigos e suas tecnologias/<br />
Secretaria <strong>de</strong> Educação Básica. Brasília-DF: Ministério da Educação, Secretaria <strong>de</strong> Educação<br />
Básica, v. 1, 2006, p. 109.<br />
Disponível <strong>em</strong>: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/<strong>pdf</strong>/book_volume_01_internet.<strong>pdf</strong>. Acesso<br />
<strong>em</strong> 11/10/10.<br />
OTENIO, M. M.Y. I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e alterida<strong>de</strong> no espaço mítico do grand nord quebequense.<br />
Dissertação <strong>de</strong> mestrado. Porto Alegre-RG, 2007, 160fls.
Disponível <strong>em</strong>: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/<strong>pdf</strong>/pcn_estrangeira.<strong>pdf</strong>. Acesso <strong>em</strong><br />
10/11/10<br />
RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguag<strong>em</strong>, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e a questão ética. São<br />
Paulo-SP: Parábola Editorial, 3 a ed. 2008, p. 65-70.<br />
REGO, W. dos S. T. La musique comme procès d‟interaction social dans l‟apprentissage <strong>de</strong> la<br />
langue etrangère. Mondialisation et humanisme : les enjeux du français :les actes SEDIFRALE<br />
XII. Vol.2. Rio <strong>de</strong> Janeiro: J.Sholna, 2003, p. 355.<br />
ROUSSET, A. Adoptez une démarche interculturelle : I<strong>de</strong>ntité, i<strong>de</strong>ntités. 2006. Disponível:<br />
http://espagne.aquitaine.fr/spip.php?article1538&lang=es. Acesso <strong>em</strong>: 16/07/10.<br />
SARINHO, M.D. A chanson francophone <strong>em</strong> aula <strong>de</strong> francês (FLE): uma abordag<strong>em</strong><br />
intercultural dos gêneros musicais. Anais VIII S<strong>em</strong>ana <strong>de</strong> Ensino, Pesquisa e Extensão -<br />
UFCG, Campina Gran<strong>de</strong>-PB, 2007, p.11.<br />
SCHACHINGER, C.; TAYLOR, M. 2007. Uma pedagogia da aprendizag<strong>em</strong> intercultural.<br />
Disponível <strong>em</strong>:<br />
http://youthpartnershipeu.coe.int/youthpartnership/documents/Publications/T_kits/4/Portuguese/<br />
TKit4_po.<strong>pdf</strong> p.35. Acesso <strong>em</strong>: 20/08/10.<br />
SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. (Orgs.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP:<br />
Mercado <strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.<br />
STEELE, R. Réflexion/Interculturel. Le français dans le mon<strong>de</strong>, n o 243, aout/sept. 1996.<br />
TARDIF, M; LESSARD, C. O trabalho docente: el<strong>em</strong>entos para uma teoria da docência como<br />
profissão <strong>de</strong> interações humanas. Petrópolis-RJ, 2005, p. 31-35.<br />
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo-SP: Cortez, 16 a ed., 2008.<br />
WOLTON, D. O futuro da francofonia. Porto Alegre-RS: Sulina, 2009.<br />
ZARATE, G. Enseigner une culture étrangère. Paris-France: Hachette, 1986.<br />
_______. Représentations <strong>de</strong> l‟étranger et didactique <strong>de</strong>s langues. Saint-Denis-Paris: Ed.<br />
Didier, 1995.<br />
SITES CANÇÕES:<br />
Disponíveis <strong>em</strong>:<br />
http://fau<strong>de</strong>l.musicas.mus.br/letras/819284/. Acesso <strong>em</strong>: 17/09/09.<br />
http://www.fdlm.org/fle/article/318/metho<strong>de</strong>.php3 . Acesso <strong>em</strong>: 13/1009.<br />
http://www.francparler.org/articles/chanson2004.htm. Acesso <strong>em</strong>: 13/10/09.<br />
http://www.francparler.org/articles/rassart2008.htm. Acesso <strong>em</strong>: 13/10/09.<br />
http://www.francparler.org/parcours/chanson.htm. Acesso <strong>em</strong>: 13/10/09.<br />
http://letras.terra.com.br/les-<strong>de</strong>esses/1069970/-. Acesso <strong>em</strong>: 23/11/09.<br />
http://www.youtube.com/watch?v=idDs67nuhYM&feature=related. Acesso <strong>em</strong>: 29/03/10<br />
http://www.francparler.org/fiches/lettr<strong>em</strong>otivation.htm. Acesso <strong>em</strong>: 23/11/09<br />
http://fau<strong>de</strong>l.musicas.mus.br/letras/819284/. Acesso <strong>em</strong>: 17/09/09<br />
http://www.youtube.com/watch?v=cxQg4Ii-U0s. Acesso <strong>em</strong>: 17/09/09<br />
http://www.edubourse.com/gui<strong>de</strong>/gui<strong>de</strong>.php?fiche=lettre-<strong>de</strong>-motivation. Acesso <strong>em</strong>: 23/11/09<br />
http://en.wikipedia.org/wiki/Fau<strong>de</strong>l. Acesso <strong>em</strong>: 03/05/10.<br />
http://www.monsieur-biographie.com/celebrite/biographie/fau<strong>de</strong>l-2137.php-. Acesso <strong>em</strong>:<br />
02/05/10.<br />
http://voyageforum.com/voyage/photos_tl<strong>em</strong>cen_en_algerie_D2410687/. Acesso <strong>em</strong>: 02/05/10<br />
http://fr.wikipedia.org/wiki/Mantes-la-Jolie. Acesso <strong>em</strong>: 02/05/10.<br />
http://en.wikipedia.org/wiki/Les_D%C3%A9esses-. Acesso <strong>em</strong>: 16/05/10
http://letras.terra.com.br/les-<strong>de</strong>esses/1069970/-. Acesso <strong>em</strong>: 23/11/09<br />
http://www.youtube.com/watch?v=aXRQfBRrQnw. Acesso <strong>em</strong>: 22/04/10<br />
http://www.lehall.com/galerie/chansonsactuelles/in<strong>de</strong>x_flash.html. Acesso <strong>em</strong>: 01/08/10.<br />
SITES DAS DISSERTAÇÕES PESQUISADAS:<br />
Disponíveis <strong>em</strong>:<br />
http://www.futura-sciences.com/fr/<strong>de</strong>finition/t/vie/d/alterite_4367/. Acesso <strong>em</strong>: 11/04/10.<br />
http://curriculoecultura.blogspot.com/2005/12/educao-interculturalepo_113407648505432277.html<br />
Acesso <strong>em</strong>: 16/06/10.<br />
http://ooutrochines.no.sapo.pt/in<strong>de</strong>x.htm. Acesso <strong>em</strong>: 14/09/09.
APÊNDICES
APÊNDICE A<br />
QUESTIONÁRIO PARA PROFESSOR DE FRANCÊS LINGUA ESTRANGEIRA (FLE)<br />
Sab<strong>em</strong>os que você, experiente na área <strong>de</strong> FLE, conhece muito b<strong>em</strong> sua sala <strong>de</strong> aula,<br />
acreditamos que po<strong>de</strong> nos ajudar.<br />
1. PERFIL DO PROFESSOR DE FLE<br />
1.1. Sexo: ( ) masculino ( )f<strong>em</strong>inino 1.2. Faixa etária: ( )+ <strong>de</strong> 20 ( ) +<strong>de</strong> 30 ( )+ <strong>de</strong> 40<br />
1.3. Nacionalida<strong>de</strong>_____________________<br />
1.4. Escola que leciona_______________________________________________________<br />
1. 5. É professor há quanto t<strong>em</strong>po? _______________<br />
1.6. Você fez formação inicial <strong>em</strong>:<br />
( ) língua materna ( ) língua estrangeira ( ) língua materna e estrangeira<br />
1.7. Possui formação compl<strong>em</strong>entar? Qual?_______________________________________<br />
1.8. Você é professor <strong>de</strong>: ( ) língua francesa ( ) formador <strong>de</strong> professor ( ) outro<br />
(precisar) ___________________________________________________________________<br />
1.9. Com qual público você trabalha: ( ) criança ( ) adolescente ( ) adulto<br />
1.10. Na sua formação inicial, o ensino estava voltado para a aprendizag<strong>em</strong> da língua<br />
vinculada à cultura? ( ) sim ( ) não . Justifique: ___________________________________<br />
1.11. Você t<strong>em</strong> alguma curiosida<strong>de</strong> particular a respeito da língua que ensina? ( ) sim ( )<br />
não Mencione-a(s) e justifique-a(s):______________________________________________<br />
2. PERFIL DA APRENDIZAGEM<br />
2.1. Em sua opinião, os alunos encontram dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> apren<strong>de</strong>r a língua estrangeira?<br />
( ) muita ( )pouca ( ) nenhuma. Por que? ____________________________________<br />
2.2. Se os alunos encontram dificulda<strong>de</strong>s, quais as mais frequentes?<br />
( ) compreensão oral e escrita ( ) produção oral e escrita ( ) conhecimentos culturais<br />
De acordo com a dificulda<strong>de</strong> marcada, justifique: _____________________________________<br />
2.3. Eles <strong>de</strong>monstram interesse pelo aprendizado do FLE? ( ) sim ( ) não<br />
Por que? ___________________________________________________________________<br />
2.4- E qual a principal motivação para o estudo da língua francesa?______________________<br />
3. SOBRE A ABORDAGEM DA CULTURA NO ENSINO<br />
3.1. Que conhecimentos você t<strong>em</strong> sobre a cultura - “civilização”?<br />
( ) <strong>de</strong> inclusão ( ) <strong>de</strong> estereótipo ( ) <strong>de</strong> etnocentrismo cultural<br />
( ) enaltecimento da língua alvo ( ) exclusão <strong>de</strong> sua cultura materna. Outros? Cite-os_____<br />
3.2. Na sua prática pedagógica é comum abordar aspectos culturais da língua alvo?
( ) sim ( ) não. Por que? ___________________________________________________<br />
3.3. Quando você ensina a cultura francesa faz comparações com sua cultura materna?<br />
( ) sim ( ) não Justifique: __________________________________________________<br />
3.4. O que é o intercultural no ensino <strong>de</strong> línguas? Explique-nos _________________________<br />
4. SOBRE O MÉTODO / MANUAL<br />
4.1. Você utiliza manual didático?<br />
( ) sim ( )não<br />
Para a resposta positiva, mencione nome do manual/ano:_____________________________<br />
4.2. Você acredita que o manual utilizado <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula aten<strong>de</strong> b<strong>em</strong> a uma proposta <strong>de</strong><br />
abordag<strong>em</strong> da competência Intercultural? __________________________________________<br />
4.3. Cite os aspectos que o manual aborda sobre a cultura. ____________________________
APÊNDICE B<br />
QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES EM FORMAÇÃO DE FLE.<br />
Sua colaboração é relevante para nossa pesquisa. Assim gostaríamos que você respon<strong>de</strong>sse<br />
esse questionário. Suas respostas irão contribuir para a nossa pesquisa e, sobretudo, para a<br />
formação <strong>de</strong> futuros professores <strong>de</strong> francês na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>.<br />
1. PERFIL DO ALUNO (PROFESSOR EM FORMAÇÃO INICIAL)<br />
1.1. Sexo: ( ) masculino ( ) f<strong>em</strong>inino<br />
1.2. Nacionalida<strong>de</strong>_____________________ 1.3. Ida<strong>de</strong> ou faixa etária: ( ) + <strong>de</strong> 18 ( ) + <strong>de</strong> 30<br />
2. . PERFIL DA APRENDIZAGEM<br />
2.1. Você gosta da língua estrangeira que estuda? ( ) sim ( ) não<br />
Por que?_______________________________________________________________<br />
2.2. Por que você acha que estudar francês é importante? _____________________________<br />
2.3. Você encontra dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> apren<strong>de</strong>r francês? ( ) muita ( ) pouca ( ) nenhuma<br />
Por que? ____________________________________________________________________<br />
2.4. Das dificulda<strong>de</strong>s, quais mais frequentes?<br />
( ) compreensão oral e escrita ( ) produção oral e escrita ( ) conhecimentos culturais<br />
De acordo com a dificulda<strong>de</strong> marcada, justifique _____________________________________<br />
2.5. Você t<strong>em</strong> alguma curiosida<strong>de</strong> particular a respeito da língua que estuda?______________<br />
3. SOBRE A ABORDAGEM DA CULTURA NO ENSINO<br />
3.1. Que conhecimentos você t<strong>em</strong> sobre a cultura - “civilização”?<br />
( ) <strong>de</strong> inclusão ( ) <strong>de</strong> estereótipo ( ) <strong>de</strong> etnocentrismo cultural<br />
( ) enaltecimento da língua alvo ( ) exclusão <strong>de</strong> sua cultura materna<br />
Outros? Cite-os______________________________________________________________<br />
3.2. No curso que você faz é comum abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> aspectos culturais da língua alvo?<br />
( ) sim ( ) não. De que maneira?______________________________________________<br />
3.3. Na sua formação, o ensino está voltado para a aprendizag<strong>em</strong> da língua vinculada à<br />
cultura? ( ) sim ( ) não<br />
Justifique: ___________________________________________________________________<br />
3.4. O que é o intercultural no ensino <strong>de</strong> línguas? Explique-nos_________________________<br />
4. SOBRE O MÉTODO / MANUAL<br />
4.1. Você utiliza manual didático? ( ) sim ( ) não<br />
Para a resposta positiva, mencione nome do manual/ano:_____________________________
4.2. Você acredita que o manual utilizado <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula aten<strong>de</strong> b<strong>em</strong> a uma proposta <strong>de</strong><br />
abordag<strong>em</strong> da competência Intercultural? _________________________________________<br />
4.3. Cite os aspectos que o manual aborda sobre a cultura. ____________________________
APÊNDICE C<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA - GRUPO PILOTO (GP)<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DATA: 20/11/09<br />
DISCIPLINA: Língua Francesa IV<br />
PESQUISADORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
Sequência didática: o gênero canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE.<br />
Público alvo: alunos <strong>de</strong> francês - nível A2 (200 horas)<br />
-Duração da sequência: 120 minutos<br />
OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre relações interculturais:<br />
França e Brasil, por meio <strong>de</strong> uma canção <strong>de</strong> expressão francesa.<br />
1 o MÓDULO: Estimular os alunos a falar<strong>em</strong> da expressão Mon Pays a partir do<br />
levantamento <strong>de</strong> hipóteses.<br />
1 o Momento: conversar como os alunos sobre a sua cultura local, a brasileira e a<br />
estrangeira.<br />
2 o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração na sala com a<br />
exibição <strong>de</strong> um clipe.<br />
1 o Momento: Assistir ao clipe Mon Pays com os alunos.<br />
→Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe<br />
→ Observar as reações <strong>de</strong>monstradas pelos alunos com relação às imagens<br />
vistas.<br />
3 o MÓDULO: Contribuir para a construção da compreensão oral dos alunos com<br />
relação à música escutada.<br />
1 o momento: Escutar a música com os alunos<br />
→ anotar no quadro as palavras compreendidas pelos alunos<br />
→ verificar como os alunos perceb<strong>em</strong> o subgênero musical raï<br />
4 o MÓDULO: Discutir com os alunos sobre as relações interculturais existentes na<br />
letra da canção Mon Pays e a cultura brasileira.<br />
1 o Momento: Levar o aluno a fazer a leitura para discussão posterior.<br />
Letra da canção Mon Pays
→ Apresentar a canção aos alunos<br />
→ Instigar os alunos a procurar<strong>em</strong> no texto pistas que os conduzam ao país<br />
retratado pelo cantor, origens, amigos, cultura, amores, sonhos, viagens,<br />
recordações, etc.<br />
→ Trabalhar a música <strong>de</strong>stacando os aspectos sobre representação, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />
estereótipos e exercício <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong>, comparando-os com as imagens do clipe.<br />
→ Discutir as questões culturais entre a França e o Brasil.<br />
5 o MÓDULO: Propor aos alunos a produção escrita <strong>de</strong> uma carta <strong>de</strong> motivação<br />
Candidatura a professor estagiário <strong>de</strong> FLE <strong>em</strong> uma escola <strong>de</strong> língua.<br />
BIBLIOGRAFIA:<br />
http://www.francparler.org/fiches/lettr<strong>em</strong>otivation.htm- acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://fau<strong>de</strong>l.musicas.mus.br/letras/819284/ acesso <strong>em</strong> 17/09/09<br />
http://www.youtube.com/watch?v=cxQg4Ii-U0s – ví<strong>de</strong>o da música<br />
http://www.edubourse.com/gui<strong>de</strong>/gui<strong>de</strong>.php?fiche=lettre-<strong>de</strong>-motivation - acesso <strong>em</strong><br />
23/11/09<br />
http://en.wikipedia.org/wiki/Fau<strong>de</strong>l- acesso <strong>em</strong> 03/05/10.<br />
http://www.monsieur-biographie.com/celebrite/biographie/fau<strong>de</strong>l-2137.php- acesso <strong>em</strong><br />
02/05/10.<br />
http://voyageforum.com/voyage/photos_tl<strong>em</strong>cen_en_algerie_D2410687/ - acesso <strong>em</strong><br />
02/05/10<br />
http://fr.wikipedia.org/wiki/Mantes-la-Jolie - acesso <strong>em</strong> 02/05/10.<br />
AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. S<strong>em</strong> aulas c<strong>em</strong> tédio; sugestões práticas e divertidas para o<br />
professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Porto Alegre- RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109.<br />
BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP:<br />
Mercado <strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.
ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA: Língua Francesa IV ( Grupo Piloto - GP)<br />
NOM:_____________________________________________date: __/_____/____<br />
1. Expression orale<br />
Questions à répondre oral<strong>em</strong>ent<br />
a) Qu‟est-ce que veut dire le nom Mon pays ?<br />
b) Qu‟est-ce que vous pensez <strong>de</strong> votre pays par rapport, les paysages, les<br />
evénéments, les villes, les gens?<br />
c) Vous venez d‟où ?<br />
d)Vous connaissez d‟autres villes? D‟autres pays ?<br />
e) Quelles sont vos impressions sur ces villes/ pays ?<br />
f) Par rapport votre ville et celles que vous avez visitées quels sentiments se sont<br />
passés dans votre tête ? pourquoi ?<br />
2. Compréhension culturelle<br />
a) Par rapport les images vues, est-ce qu‟il y a <strong>de</strong>s détails qui vous rappellent votre<br />
pays où votre ville ?<br />
b) Et les gens présentés, sont-elles habillées comme dans votre culture ? pourquoi ?<br />
c) Qu‟est-ce que vous pensez du sport pratiqué dans les images vues? Vous<br />
pratiquez <strong>de</strong>s sports ? Justifiez<br />
3. Compréhension orale<br />
a) Quels mots vous avez entendu ? notez-les.<br />
b) Vous connaissez ce genre musical ? ( )oui ( )non<br />
c) Et ses origines ?<br />
d) Vous l‟aimez ? ( ) oui ( ) non<br />
4.Compréhension écrite<br />
Après la lecture silencieuse répon<strong>de</strong>z aux questions.<br />
a) Par rapport les images présentées, est-ce qu‟elles sont montrées dans la parole <strong>de</strong><br />
la chanson? Justifiez votre réponse
) Quelles sont les éléments qui représent les pays ? Citez-les<br />
c) Les pays cités ont-ils les noms ? Justifiez votre réponse.<br />
d) Le chanteur montre ses sentiments para rapport les <strong>de</strong>ux pays, montrez-les avec<br />
les extraits du texte.<br />
e) Les paysages <strong>de</strong>s pays sont différents, mais pourquoi le chanteur veut les<br />
montrer ?<br />
5.Expression écrite<br />
a)Ecrivez une lettre <strong>de</strong> motivation, candidature au poste <strong>de</strong> professeur <strong>de</strong> FLE dans<br />
une école <strong>de</strong> langue.
Apêndice D<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 1ª intervenção – (G1 e G2)<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINAS: Língua Francesa I e III<br />
PESQUISADORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
DATAS: 04/05/10 e 06/05/10<br />
Sequência didática: O gênero canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE.<br />
Público alvo: alunos <strong>de</strong> francês - nível A1 (50 horas – nível el<strong>em</strong>entar)<br />
Duração da sequência: 120 minutos<br />
Nota: A mesma SD foi elaborada para os grupos <strong>de</strong> FI e FIII. Isso se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong><br />
que durante as observações, i<strong>de</strong>ntificamos que os dois grupos apresentavam o<br />
mesmo nível <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> língua francesa.<br />
OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre relações interculturais:<br />
França e Brasil, por meio <strong>de</strong> uma canção <strong>de</strong> expressão francesa.<br />
1 0 MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração na sala com a<br />
exibição <strong>de</strong> um clipe.<br />
1 o Momento: Assistir ao clipe Mon Pays com os alunos.<br />
→Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe<br />
→ Observar as reações <strong>de</strong>monstradas pelos alunos com relação às imagens vistas<br />
2 o momento: Apresentar aos alunos as cida<strong>de</strong>s mencionadas na canção<br />
Sli<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Tl<strong>em</strong>cen(Argélia) e Mantes-La-Jolie(França).<br />
→ Mostrar que as cida<strong>de</strong>s apresentadas são <strong>de</strong> culturas diferentes.<br />
2 o MÓDULO: Contribuir com os alunos para a compreensão oral com relação à<br />
música escutada.<br />
→ anotar no quadro as palavras entendidas pelos alunos e retirar as dúvidas<br />
com relação às pronúncias duvidosas.<br />
3 o MÓDULO: Discutir com os alunos sobre as relações interculturais existentes na<br />
letra da canção Mon Pays e a cultura brasileira.<br />
1 o Momento: Levar o aluno a fazer a leitura para discussão posterior.
Letra da canção Mon Pays<br />
→ Apresentar a canção aos alunos<br />
→ Instigar os alunos a procurar<strong>em</strong> no texto pistas que os conduzam ao país<br />
retratado pelo cantor, origens, cultura, sonhos, amores, viagens, recordações, etc.<br />
→ Trabalhar a música <strong>de</strong>stacando os aspectos sobre representação, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />
estereótipos e exercício <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong>, comparando-os com as imagens do clipe.<br />
→ Discutir as questões culturais entre a França e o Brasil.<br />
4 o MÓDULO: Propor aos alunos a escritura <strong>de</strong> um pequeno texto a um amigo sobre<br />
suas recordações <strong>de</strong> uma estação do ano.<br />
BIBLIOGRAFIA:<br />
http://www.francparler.org/fiches/lettr<strong>em</strong>otivation.htm- acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://fau<strong>de</strong>l.musicas.mus.br/letras/819284/ acesso <strong>em</strong> 17/09/09<br />
http://www.youtube.com/watch?v=cxQg4Ii-U0s – ví<strong>de</strong>o da música<br />
http://www.edubourse.com/gui<strong>de</strong>/gui<strong>de</strong>.php?fiche=lettre-<strong>de</strong>-motivation - acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://en.wikipedia.org/wiki/Fau<strong>de</strong>l- acesso <strong>em</strong> 03/05/10.<br />
http://www.monsieur-biographie.com/celebrite/biographie/fau<strong>de</strong>l-2137.php- acesso <strong>em</strong><br />
02/05/10.<br />
http://voyageforum.com/voyage/photos_tl<strong>em</strong>cen_en_algerie_D2410687/ - acesso <strong>em</strong> 02/05/10<br />
http://fr.wikipedia.org/wiki/Mantes-la-Jolie - acesso <strong>em</strong> 02/05/10.<br />
AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. S<strong>em</strong> aulas c<strong>em</strong> tédio; sugestões práticas e divertidas para o<br />
professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Porto Alegre- RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109.<br />
BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP:<br />
Mercado <strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.
ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA – 1 a intervenção<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINAS: Língua Francesa I e III (G1 e G2)<br />
NOM:_____________________________________________ date: __/_____/____<br />
I-Expression culturelle<br />
a) Après les images du clip qu‟est-ce qu‟il vous a attiré l‟attention ?<br />
Pourquoi ?<br />
b) Avec les images <strong>de</strong>s villes Tl<strong>em</strong>cen et Mantes-la-jolie, vous vous<br />
rappelez quelques chose ?<br />
c) Vous connaissez ces villes? Vous savez où elles sont situées ?<br />
d) Vous connaissez ce chanteur ? Pourquoi il est à côté du prési<strong>de</strong>nt<br />
Nicolas Sarkozi ?<br />
e) Par rapport le titre <strong>de</strong> la chanson Mon pays, qu‟est qu‟il vient dans<br />
votre tête ?<br />
f) Il y a d‟autres pays qui parlent français, vous le connaissez ?<br />
g) Le chanteur parle <strong>de</strong> la culture <strong>de</strong> ses parents. Pourquoi ?<br />
h) Vous connaissez d‟autres villes au Brésil ?Lesquelles ? vous les<br />
aimez ?<br />
II-Compréhension oral<br />
a) Vous connaissez le genre musical ?<br />
b) Vous l‟aimez ? Pourquoi ?<br />
c) Qu‟est-ce qu‟il représente pour vous ?<br />
d) Est-ce que vous avez compris quelques mots ? Lesquels ?<br />
III-Compréhension écrite<br />
e) Lisez la chanson Mon Pays. Elle nous raconte une histoire au moment actuelle<br />
ou au passé ? Relevez une expression qui justifie votre choix<br />
f) Les saisons <strong>de</strong> l‟année sont bien présentées dans la chanson. Citez-les.<br />
g) Relevez du texte toutes les expressions qui indiquent le langage<br />
parlé.
IV-Expression écrite<br />
a) La chanson parle <strong>de</strong> l‟été et <strong>de</strong> l‟hiver. Profitez le moment et écrivez un<br />
message à un(e) ami(e), en parlant <strong>de</strong> vos souvenir(s) <strong>de</strong> l‟été ou <strong>de</strong> l‟hiver en<br />
40 mots.
APÊNDICE E<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 1ª intervenção – (G4)<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DATA: 04/05/10<br />
DISCIPLINA: Literatura Francesa II<br />
PESQUISADORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
Sequência diática: O gênero canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE.<br />
Público alvo: alunos <strong>de</strong> francês - nível B1( ± 400 horas – nível in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte)<br />
-Duração da sequência: 120 minutos<br />
OBJETIVO GERAL: Promover/estimular uma discussão sobre as relações<br />
interculturais entre a França e Brasil por meio <strong>de</strong> uma canção <strong>de</strong> expressão francesa.<br />
1 o MÓDULO: Oferecer aos alunos um instante <strong>de</strong> lazer na sala com a exibição <strong>de</strong> um<br />
clipe.<br />
1 o Momento: Assistir ao clipe Mon Pays com os alunos.<br />
→Relacionar letra áudio/música e letra para discutir o contexto relacionando-o aos<br />
conhecimentos oferecidos nos momentos 1 e 2.<br />
2 o momento: Apresentar aos alunos as cida<strong>de</strong>s mencionadas na canção<br />
Sli<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Tl<strong>em</strong>cen(Argélia) e Mantes-La-Jolie(França).<br />
→ Mostrar que as cida<strong>de</strong>s apresentadas têm características arquitetônicas<br />
paisagísticas diferentes.<br />
outra.<br />
→ Discutir com os alunos quais aspectos que caracterizam uma cida<strong>de</strong> e<br />
2 o MÓDULO: Discutir com os alunos sobre as relações interculturais existentes na<br />
letra da canção Mon Pays e a cultura brasileira.<br />
1 o Momento: Abordar competências linguísticas da leitura-compreensão da letra da<br />
canção Mon Pays.<br />
→ Trabalhar a música <strong>de</strong>stacando os aspectos sobre representação, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />
estereótipos e exercício <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong>, comparando-os com as imagens do clipe.<br />
→ Discutir as questões culturais entre a França e o Brasil.
3 o MÓDULO: Propor aos alunos a escritura <strong>de</strong> um texto falando sobre os benefícios<br />
da diversida<strong>de</strong> cultural entre a cultura materna e a estrangeira.<br />
BIBLIOGRAFIA:<br />
http://www.francparler.org/fiches/lettr<strong>em</strong>otivation.htm- acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://fau<strong>de</strong>l.musicas.mus.br/letras/819284/ acesso <strong>em</strong> 17/09/09<br />
http://www.youtube.com/watch?v=cxQg4Ii-U0s – ví<strong>de</strong>o da música - acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://www.edubourse.com/gui<strong>de</strong>/gui<strong>de</strong>.php?fiche=lettre-<strong>de</strong>-motivation - acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://en.wikipedia.org/wiki/Fau<strong>de</strong>l- acesso <strong>em</strong> 03/05/10<br />
http://www.monsieur-biographie.com/celebrite/biographie/fau<strong>de</strong>l-2137.php- acesso <strong>em</strong> 02/05/10<br />
http://voyageforum.com/voyage/photos_tl<strong>em</strong>cen_en_algerie_D2410687/ - acesso <strong>em</strong> 02/05/10<br />
http://fr.wikipedia.org/wiki/Mantes-la-Jolie - acesso <strong>em</strong> 02/05/10<br />
AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. S<strong>em</strong> aulas c<strong>em</strong> tédio; sugestões práticas e divertidas para o<br />
professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Porto Alegre- RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109.<br />
BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP:<br />
Mercado <strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.
ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 1 a intervenção<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA: Literatura Francesa II (G4)<br />
NOM:_____________________________________________date: __/_____/____<br />
Expression culturelle<br />
a)D‟après ce que vous avez vu sur les villes Tl<strong>em</strong>cen et Mantes-la-jolie et le clip,<br />
quelles sont les différences culturelles ?<br />
b) Le chanteur, vous le connaissez ?<br />
c) Qu‟est-ce que vous savez <strong>de</strong> l‟Algérie ?<br />
d) Pourquoi la chanson nous montre la diversité <strong>de</strong>s gens ?<br />
e) Vous connaissez d‟autres villes qui parlent français ?<br />
Compréhension oral<br />
a) Quelques expressions ou phrases chantées avez-vous compris? Notez-les.<br />
b) Vous connaissez le genre musical présenté dans le clip ? Savez-vous son<br />
origine ?<br />
c) Vous l‟aimez ? Pourquoi ?<br />
Compréhension écrite<br />
a) Quels sont les expressions qu‟on peut comparer avec les images du clip.<br />
b) Pourquoi le chanteur parle <strong>de</strong> <strong>de</strong>ux rivières ?<br />
c) Le chanteur. Pourquoi parle-t-il <strong>de</strong> sa culture?<br />
d) Est-ce qu‟il y a une i<strong>de</strong>ntité ou une tolérance ?<br />
e) Que pensez-vous <strong>de</strong> la parole <strong>de</strong> cette chanson ?<br />
Expresssion écrite<br />
a)D‟après ce que nous avons discuter dans la salle, écrivez un message à un<br />
collègue <strong>de</strong> la salle en parlant sur les benéfices <strong>de</strong> la diversité culturelle entre le Brésil<br />
et la France, en 70 mots.
APÊNDICE F<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2 a intervenção – (G1 e G2)<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
PESQUISADORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
DISCIPLINA: Língua Francesa I e III<br />
DATAS: 18/05/10 e 25/05/10<br />
Público-alvo: alunos <strong>de</strong> francês - nível A1 (50 horas – nível el<strong>em</strong>entar)<br />
Duração da sequência: 120 minutos para cada encontro<br />
Nota: A mesma SD foi elaborada para os grupos <strong>de</strong> FI e FIII. Isso se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong><br />
que durante as observações, i<strong>de</strong>ntificamos que os dois grupos apresentavam o<br />
mesmo nível <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> língua francesa.<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O gênero canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE<br />
OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre relações interculturais:<br />
França x Brasil, por meio <strong>de</strong> uma canção <strong>de</strong> expressão francesa.<br />
1 o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento <strong>de</strong> discussão sobre as palavraschave<br />
contidas na canção On a changé, a partir <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> hipóteses.<br />
1 o Momento: Trabalhar com os alunos as palavras-chave sorteadas por cada um na<br />
sala.<br />
Palavras-chave: matin, loin, amis, enfants, maman, avion,<br />
souvenirs.<br />
→ anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos.<br />
→ observar se os alunos consegu<strong>em</strong> estabelecer uma relação das palavraschave<br />
com a cultura materna e a estrangeira.<br />
2 0 MÓDULO: Contribuir para favorecer/estimular a compreensão oral dos alunos a<br />
partir da música ouvida.<br />
1 0 Momento: Escutar a música com os alunos<br />
→ verificar como os alunos consegu<strong>em</strong> fazer a apreensão dos sentidos na letra<br />
da canção e o subgênero musical.<br />
→ anotar no quadro as palavras percebidas pelos alunos.<br />
3 0 MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração na sala com a<br />
exibição <strong>de</strong> um clipe.(cultura)
1 0 Momento: assistir ao clipe com os alunos<br />
Clipe On a changé.<br />
→Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe<br />
→ Observar as reações <strong>de</strong>monstradas pelos alunos com relação às imagens<br />
vistas.<br />
4 0 MÓDULO: Discutir com os alunos o t<strong>em</strong>a abordado na canção.<br />
1 0 Momento: Levar os alunos a percepção do t<strong>em</strong>a abordado na canção.<br />
Letra da canção On a changé<br />
→ Apresentar a canção aos alunos<br />
→ Instigar os alunos a buscar<strong>em</strong> no texto pistas que os conduzam à<br />
confirmação <strong>de</strong> suas hipóteses.<br />
5 0 MÓDULO: Dedicar um momento para a apresentação, discussão e produção dos<br />
textos <strong>de</strong>senvolvidos pelos alunos <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula.<br />
BIBLIOGRAFIA:<br />
http://en.wikipedia.org/wiki/Les_D%C3%A9esses- acesso <strong>em</strong> 16/05/10<br />
http://musikafrancesa.blogspot.com/2009/01/les-<strong>de</strong>sses-saveurs-exotiques-2007.html-<br />
23/11/09<br />
http://letras.terra.com.br/les-<strong>de</strong>esses/1069970/- acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://www.youtube.com/watch?v=aXRQfBRrQnw – acesso <strong>em</strong> 22/04/10<br />
AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. S<strong>em</strong> aulas c<strong>em</strong> tédio; sugestões práticas e divertidas para o<br />
professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Porto Alegre- RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109.<br />
BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP:<br />
Mercado <strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.
ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2 a intervenção<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA: Língua Francesa I e III - (G1 e G2)<br />
NOM:_____________________________________ date: ___/_____/____<br />
I- Compréhension Oral<br />
a) Repérages<br />
1. La musique que l‟on entend est :<br />
( ) du raï<br />
( ) du pop rock<br />
( ) du zouk<br />
2. On entend les voix <strong>de</strong> :<br />
( ) <strong>de</strong>s enfants<br />
( ) <strong>de</strong>s jeunes filles<br />
( ) <strong>de</strong>s jeunes hommes<br />
b) Compréhension global<br />
1. Combien <strong>de</strong> fois entend-on « changer »<br />
( ) 4<br />
( ) 10<br />
( ) 8<br />
2. Dans quel ordre apparaissent les mots pour la pr<strong>em</strong>ière fois ?<br />
a) toutes ces années - b) on a changé – c) tu m‟as manqué – d) trop loin - e) on a<br />
grandi<br />
1............. – 2...........- 3..............- 4...............- 5...........<br />
3. Barrez les noms que vous enten<strong>de</strong>z.<br />
Brésil- Paris - Canadá- France- Belgique<br />
II- Compréhension Écrite<br />
1. Lisez la chanson On a changé. D‟après vous, y a-t-il un amour ? Qui est-ce ?<br />
Relevez une phrase qui justifie votre choix.<br />
2. Elle est certaine <strong>de</strong> rencontrer l‟homme <strong>de</strong> ses souvenirs. Comment ? Montreznous.<br />
3. Relevez, dans le texte, toutes les expressions qui indiquent le langage parlé.<br />
4. Marquez dans le texte les expressions qui indiquent le t<strong>em</strong>ps passé.<br />
III- Culture<br />
1. Maintenant elle est à une autre ville. Où est-elle ?<br />
2. Certains immigrés en France, pour échapper à la discrimination ou parce qu‟ils<br />
pensent ainsi mieux s‟intégrer, changent <strong>de</strong> nom ou ne parlent par <strong>de</strong> leurs<br />
origines. Approuvez-vous cette idée ?<br />
3. Vous aimez chanter ? Vous croyez que le brésilien aime chanter ? Expliquez-nous<br />
pourquoi.<br />
4. Vous connaissez le genre musical présenté dans cette chanson ? Vous l‟aimez ?<br />
Pourquoi ?<br />
IV- Expression écrite<br />
La chanson parle <strong>de</strong> souvenirs <strong>de</strong> la fille. Vous écrivez les souvenirs du garçon en<br />
60 mots. Choisissez le genre littéraire pour cette activité.
APÊNDICE G<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2 a intervenção – (G3)<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA: Língua Francesa V<br />
PESQUISADORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
DATA: 18/05/10<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O gênero canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE<br />
Público alvo: aluno <strong>de</strong> francês - nível A2 (± 250 horas – nível el<strong>em</strong>entar)<br />
Duração da sequência: 120 minutos<br />
OBJETIVO GERAL: Conduzir o aluno a uma discussão sobre relações interculturais<br />
entre França e Brasil, por meio da canção <strong>de</strong> expressão francesa.<br />
1 o MÓDULO: Proporcionar ao aluno um momento <strong>de</strong> discussão sobre as palavraschave<br />
contidas na canção On a changé, a partir <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> hipóteses.<br />
1 o Momento: Trabalhar com o aluno as palavras-chave sorteadas por cada um na sala.<br />
Palavras-chave: manquer, grandir, amis, maman.<br />
→ anotar no quadro as hipóteses levantadas pelo aluno.<br />
→ observar se o aluno consegue estabelecer uma relação das palavras-chave<br />
com a cultura materna e a estrangeira.<br />
2 0 MÓDULO: Contribuir para a construção da compreensão oral do aluno com relação<br />
à música escutada.<br />
1 0 Momento: Escutar a música com o aluno<br />
→ verificar como o aluno consegue compreen<strong>de</strong>r as palavras contidas na letra<br />
da canção e o subgênero musical.<br />
→ anotar no quadro as palavras percebidas pelo aluno.<br />
3 0 MÓDULO: Proporcionar ao aluno um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração na sala com a<br />
exibição <strong>de</strong> um clipe.<br />
1 o Momento: assistir ao clipe On a changé com o aluno.<br />
→Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe.<br />
→ Observar as reações <strong>de</strong>monstradas pelo aluno com relação às imagens vistas.<br />
4 o MÓDULO: Discutir com o aluno o t<strong>em</strong>a abordado na canção.
1 o Momento: Levar o aluno a percepção do t<strong>em</strong>a abordado na canção.<br />
Letra da canção On a changé<br />
→ Apresentar a canção aos alunos<br />
→ Instigar o aluno a buscar no texto pistas que o conduzam à confirmação <strong>de</strong><br />
suas hipóteses.<br />
5 o MÓDULO: Dedicar um momento para a apresentação, discussão e produção dos<br />
textos <strong>de</strong>senvolvidos pelo aluno <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula.<br />
1 o momento: apresentação das ativida<strong>de</strong>s elaboradas para verificar a compreensão do<br />
aluno.<br />
Compreensão escrita e cultura<br />
→ rever com o aluno as possíveis dificulda<strong>de</strong>s por ele apresentada.<br />
2 o momento: apresentação do texto produzido pelo aluno e pesquisadora.<br />
→ Fazer o aluno ler seu texto.<br />
BIBLIOGRAFIA:<br />
http://en.wikipedia.org/wiki/Les_D%C3%A9esses- acesso <strong>em</strong> 16/05/10<br />
http://musikafrancesa.blogspot.com/2009/01/les-<strong>de</strong>sses-saveurs-exotiques-2007.html- 23/11/09<br />
http://letras.terra.com.br/les-<strong>de</strong>esses/1069970/- acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://www.youtube.com/watch?v=aXRQfBRrQnw – acesso <strong>em</strong> 22/04/10<br />
AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. S<strong>em</strong> aulas c<strong>em</strong> tédio; sugestões práticas e divertidas para o<br />
professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Porto Alegre-RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109.<br />
BARAONA, G. Littérature en dialogues. France: Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP:<br />
Mercado <strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.
ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA: Língua Francesa V (G3)<br />
NOM:________________________________________ date:___/_____/___<br />
V- Compréhension Oral<br />
c) Repérages<br />
3. La musique que l‟on entend est :<br />
( ) du raï<br />
( ) du pop rock<br />
( ) du zouk<br />
4. On entend les voix <strong>de</strong> :<br />
( ) <strong>de</strong>s enfants<br />
( ) <strong>de</strong>s jeunes filles<br />
( ) <strong>de</strong>s jeunes hommes<br />
d) Compréhension global<br />
3. Combien <strong>de</strong> fois entend-on « changer »<br />
( ) 04<br />
( ) 10<br />
( ) 08<br />
4. Dans quel ordre apparaissent les mots pour la pr<strong>em</strong>ière fois.<br />
b) toutes ces années - b) on a changé – c) tu m‟as manqué – d) trop loin<br />
tous les <strong>de</strong>ux - e) on a grandi<br />
1............. – 2...........- 3..............- 4...............- 5...........<br />
3. Barrez le nom du pays que vous enten<strong>de</strong>z.<br />
Brésil- Paris- Antilles- France- Belgique<br />
4.Complétez cette partie <strong>de</strong> la 3 e strophe <strong>de</strong> la chanson avec les mots ci-<br />
<strong>de</strong>ssous.<br />
/... /<br />
Déjà .................................................<br />
Y a si ...............................................<br />
En y .................................................<br />
On etait <strong>de</strong>s ......................................<br />
Aujourd'hui, .......................................<br />
( enfants -dix ans- longt<strong>em</strong>ps- pensant- j'ai grandi)
VI- Compréhension Écrite<br />
5. Lisez la chanson On a changé. D‟après vous, y a-t-il un amour ? Qui estce<br />
? Relevez une phrase qui justifie votre choix.<br />
6. Elle est certaine <strong>de</strong> rencontrer une personne <strong>de</strong> ses souvenirs. Comment ?<br />
Montrez-nous.<br />
7. La mère que représente-t-elle dans la chanson ? Et dans votre culture ?<br />
8. Relevez, dans le texte, toutes les expressions qui indiquent le langage<br />
parlé.<br />
9. Marquez dans le texte les expressions qui indiquent le t<strong>em</strong>ps passé. Et<br />
quels sont ces t<strong>em</strong>ps ?<br />
VII- Culture<br />
5. Maintenant elle est à une autre ville. Où est-elle ? Expliquez-nous.<br />
6. Certains immigrés en France, pour échapper à la discrimination ou parce<br />
qu‟ils pensent ainsi mieux s‟intégrer, changent <strong>de</strong> nom ou ne parlent par <strong>de</strong><br />
leurs origines. Approuvez-vous cette idée ?<br />
7. Avez-vous vécu <strong>de</strong>s évén<strong>em</strong>ents où il vous a fallu changer d‟i<strong>de</strong>ntité ?<br />
8. Vous aimez chanter ? Vous croyez que le brésilien aime chanter ?<br />
Expliquez-nous pourquoi.<br />
9. Vous connaissez le genre musical présenté dans cette chanson ? Vous<br />
l‟aimez ? Pourquoi ?<br />
VIII- Expression écrite<br />
La chanson parle <strong>de</strong> souvenirs <strong>de</strong> la fille. Vous écrivez vos souvenirs en<br />
100 mots. Choisissez le genre littéraire pour cette activité.
Apêndice H<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2 a intervenção - (G4)<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DATAS: 05/05/10 e 17/05/10<br />
DISCIPLINA: LITERATURA FRANCESA II<br />
PESQUISADORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O gênero canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE<br />
Público alvo: alunos <strong>de</strong> francês - nível B1- (± 450 horas – nível in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte)<br />
Duração da sequência: 120 minutos para cada encontro<br />
OBJETIVO GERAL: Levar o aluno a uma discussão sobre relações interculturais:<br />
França e Brasil, consi<strong>de</strong>rando a letra/poesia <strong>de</strong> uma canção <strong>de</strong> expressão francesa.<br />
1 o MÓDULO: Oferecer aos alunos um momento <strong>de</strong> discussão sobre as palavraschave<br />
contidas na canção On a changé, a partir <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> hipóteses.<br />
1 o Momento: Trabalhar com os alunos as palavras-chave quatro palavras sorteadas na<br />
sala.<br />
Palavras-chave: changer, manquer, partir, grandir.<br />
→ anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos.<br />
→ observar como os consegu<strong>em</strong> estabelecer uma relação das palavras-chave<br />
com a cultura materna e a estrangeira.<br />
2 0 MÓDULO: Contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento da compreensão oral e da percepção<br />
<strong>de</strong> outros gêneros musicais.<br />
1 0 Momento: Escutar a música com os alunos.<br />
→ averiguar se os alunos consegu<strong>em</strong> compreen<strong>de</strong>r as palavras contidas na<br />
letra da canção e o subgênero zouk.<br />
→ anotar no quadro as palavras percebidas pelos alunos.<br />
3 0 MÓDULO: Oferecer aos alunos um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração com a exibição <strong>de</strong><br />
um clipe na sala <strong>de</strong> aula.<br />
1 0 Momento: assistir ao clipe On a changé com os alunos<br />
→Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe.
→ Observar as reações <strong>de</strong>monstradas pelos alunos com relação às imagens<br />
vistas.<br />
4 0 MÓDULO: Discutir com os alunos o t<strong>em</strong>a abordado na canção.<br />
1 0 Momento: Levar os alunos a percepção do t<strong>em</strong>a abordado na canção.<br />
Letra da canção On a changé<br />
→ Apresentar a canção aos alunos<br />
→ Instigar os alunos a buscar<strong>em</strong> no texto pistas que os conduzam à confirmação<br />
<strong>de</strong> suas hipóteses.<br />
5 0 MÓDULO: Dedicar um momento para a apresentação, discussão e produção dos<br />
textos <strong>de</strong>senvolvidos pelos alunos <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula.<br />
BIBLIOGRAFIA:<br />
http://en.wikipedia.org/wiki/Les_D%C3%A9esses- acesso <strong>em</strong> 16/05/10<br />
http://musikafrancesa.blogspot.com/2009/01/les-<strong>de</strong>sses-saveurs-exotiques-2007.html- 23/11/09<br />
http://letras.terra.com.br/les-<strong>de</strong>esses/1069970/- acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://www.youtube.com/watch?v=aXRQfBRrQnw – acesso <strong>em</strong> 22/04/10<br />
AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. S<strong>em</strong> aulas c<strong>em</strong> tédio; sugestões práticas e divertidas para o<br />
professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Porto Alegre-RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109.<br />
BARAONA, G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP:<br />
Mercado <strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.
ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2 a intervenção<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA: Literatura Francesa II<br />
NOM:_____________________________________________date: __/_____/____<br />
1- Après la lecture du texte répon<strong>de</strong>z aux questions suivantes.<br />
I- Compréhension écrite<br />
a) - Des questions concernantes à la chanson.<br />
1. Comment la fille a réagi lorsqu‟elle a su la nouvelle <strong>de</strong> partir à un autre pays ?<br />
2. Qu‟est-ce qu‟elle trouve <strong>de</strong> la nouvelle ville ? Montrez-nous<br />
3. Elle a un grand désir. Dites-le.<br />
4. Quels sont les sentiments <strong>de</strong> la fille par rapport à la nouvelle vie ?<br />
5. La mère que représente-t-elle dans la chanson ? Et dans votre culture ?<br />
6. Pourquoi pour la fille utilise la chanson pour parler <strong>de</strong>s amours, <strong>de</strong>s souvenirs,<br />
<strong>de</strong>s pays, <strong>de</strong>s chagrins, etc. ?<br />
7. Pour vous, cette chanson montre quelques états poétiques ? justifiez votre<br />
réponse.<br />
8. Elle est certaine <strong>de</strong> rencontrer l‟homme <strong>de</strong> ses souvenirs. Comment ? Montreznous.<br />
9. La ville <strong>de</strong> la fille n‟est pas décrite dans la chanson. Décrivez-la.<br />
II- Culture<br />
b) - Des questions concernantes à la culture.<br />
10. Il n‟y a pas le nom du pays <strong>de</strong> la fille. Est-ce qu‟il est important le savoir ?<br />
Pourquoi ?<br />
11. Maintenant elle est à une autre ville. Où est-elle ? Expliquez-nous.<br />
12. Certains immigrés en France, pour échapper à la discrimination ou parce qu‟ils<br />
pensent ainsi mieux s‟intégrer, changent <strong>de</strong> nom ou ne parlent par <strong>de</strong> leurs<br />
origines. Approuvez-vous cette idée ?<br />
13. Avez-vous vécu <strong>de</strong>s évén<strong>em</strong>ents où il vous a fallu changer d‟i<strong>de</strong>ntité ?<br />
14. Est-ce que vous avez déjà essayé <strong>de</strong> changer <strong>de</strong> ville ou <strong>de</strong> pays ? Pour<br />
quelles raisons ?<br />
15. Si vous étiez à l‟étranger, aimeriez-vous retrouver tous les jours <strong>de</strong> gens <strong>de</strong><br />
votre pays et <strong>de</strong> votre culture, parlant votre langue ? Oui ( ) Non ( )<br />
Justifiez votre choix.<br />
16. Vous aimez chanter ? Expliquez-nous.
17. Vous connaissez le genre musical présenté dans cette chanson ? Vous<br />
l‟aimez ? Pourquoi ?<br />
18. Quels sentiments avez-vous en écoutant cette chanson ? Dites-nous les<br />
raisons.<br />
III- Expression écrite<br />
c) - Production textuelle<br />
19. Vous êtes le poète, profitez vos connaissances littéraires pour écrire un texte<br />
qui parle sur vos amours, vos préférences, vos chagrins, votre culture ou sinon<br />
sur d‟autres sentiments comme ceux-ci <strong>de</strong> la chanson. Vous êtes libre pour<br />
utilisez les expressions <strong>de</strong> la chanson.
APÊNDICE I<br />
QUESTIONÁRIO PÓS-ABORDAGEM<br />
Sua colaboração é relevante para nossa pesquisa. Assim gostaríamos que você respon<strong>de</strong>sse<br />
esse 2 o questionário. Suas respostas irão contribuir para a nossa pesquisa e, sobretudo, para a<br />
formação <strong>de</strong> futuros professores <strong>de</strong> francês na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>.<br />
1-PERFIL DA APRENDIZAGEM<br />
1.1. Você gostou da abordag<strong>em</strong> feita com a canção na sala <strong>de</strong> aula? ( ) sim ( ) não<br />
Justifique____________________________________________________________________<br />
1.2. Você acha que as ativida<strong>de</strong>s feitas com a canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula ajudam na sua<br />
aprendizag<strong>em</strong> <strong>em</strong> FLE? ( ) sim ( ) não<br />
1.3. Qual das habilida<strong>de</strong>s você encontrou mais dificulda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>senvolver?<br />
( )expressão oral ( ) compreensão oral ( ) compreensão cultural<br />
( ) compreensão escrita ( ) expressão escrita<br />
Explique_____________________________________________________________________<br />
1.4. E qual das ativida<strong>de</strong>s você achou relevante para compreen<strong>de</strong>r a canção?<br />
( ) levantamento <strong>de</strong> hipóteses ( ) escuta da canção ( ) apresentação do<br />
vi<strong>de</strong>oclipe ( ) perguntas relacionadas à canção e cultura ( ) produção textual<br />
1.5. O que você melhor percebeu após trabalhar essa canção <strong>de</strong> expressão na sala <strong>de</strong> aula?<br />
( ) <strong>de</strong> estereótipos ( ) representações ( ) enaltecimento da cultura materna ( )exercício<br />
<strong>de</strong> alterida<strong>de</strong><br />
1.6. Após o enfoque da canção, você po<strong>de</strong> explicar <strong>em</strong> algumas palavras o que significa<br />
intercultural. ______________________________________________________________
APÊNDICE J<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 3ª intervenção – (G1 e G2)<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DATA: 16/11/10<br />
DISCIPLINA: LÍNGUA FRANCESA II E LÍNGUA FRANCESA IV<br />
PESQUISADORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
Público alvo: Alunos <strong>de</strong> francês – nível A2 (± 150 horas – nível el<strong>em</strong>entar)<br />
Duração da sequência: 120 minutos<br />
OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre as relações<br />
interculturais: cultura estrangeira e a cultura local, por meio <strong>de</strong> uma canção <strong>de</strong><br />
expressão francesa.<br />
1 o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento <strong>de</strong> discussão com imagens-chave<br />
sobre a música Un homme sans racines a partir <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> hipóteses.<br />
1 o Momento: trabalhar com os alunos a imag<strong>em</strong> iconográfica do <strong>de</strong>senho feito por<br />
cada um comparando-o ao título da música.<br />
Desenho <strong>de</strong> uma árvore<br />
Título: Un homme sans racines<br />
Anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos<br />
Observar se os alunos consegu<strong>em</strong> estabelecer uma relação do seu <strong>de</strong>senho<br />
e ao título da música<br />
2 o MÓDULO: Contribuir para estimular a compreensão oral dos alunos a partir da<br />
música escutada.<br />
1 o Momento: Conduzir os alunos à organização da música a partir <strong>de</strong> palavras-chave<br />
contidas na letra<br />
2 o Momento: escutar a música com os alunos<br />
Verificar como os alunos consegu<strong>em</strong> fazer a apreensão do que<br />
organizaram com os sentidos na letra da música.<br />
3 o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração na sala <strong>de</strong> aula<br />
com a exibição <strong>de</strong> um clipe<br />
1 o Momento: Debater com os alunos as trocas interculturais existentes no clipe<br />
Clipe Un homme sans racines
Verificar como a cultura mostrada no clipe t<strong>em</strong> relação com o título da<br />
música.<br />
Observar as reações <strong>de</strong>monstradas pelos alunos com relação às<br />
imagens vistas.<br />
4 o MÓDULO: Discutir com os alunos a t<strong>em</strong>ática da música<br />
1 o Momento: Conduzir os alunos a percepção da t<strong>em</strong>ática da música.<br />
Letra da música Un homme sans racines<br />
Apresentar a letra da música aos alunos<br />
Estimular os alunos a procurar no texto pistas que os conduzam à<br />
confirmação <strong>de</strong> suas hipóteses.<br />
5 o MÓDULO: Destinar um t<strong>em</strong>po para produção, apresentação e discussão dos textos<br />
<strong>de</strong>senvolvidos pelos alunos <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula.<br />
BIBLIOGRAFIA:<br />
http://fr.wikipedia.org/wiki/G%C3%A9rald_<strong>de</strong>_Palmas – acesso 11/10/10<br />
http://www.youtube.com/watch?v=zDTXwUmxAHY&feature=fvw- acesso 20/11/09<br />
http://www.answers.com/topic/un-homme-sans-racines-1#Release_history – acesso<br />
20/11/09<br />
http://www.parolesmania.com/paroles_gerald_<strong>de</strong>_palmas_4411/paroles_un_homme_sans<br />
_racines_163263.html - acesso 20/11/09<br />
AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. S<strong>em</strong> aulas c<strong>em</strong> tédio; sugestões práticas e divertidas para o<br />
professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Porto Alegre-RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109.<br />
BARAONA,G. Littérature en dialogues. France: Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J.(org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado<br />
<strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.
ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA – 3 a intervenção<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA : Língua Francesa II e Língua Francesa IV (G1 e G2)<br />
NOM:_______________________________________date:___/___/___<br />
II-Compréhension orale<br />
ACTIVITÉS<br />
1- Ecoutez la chanson et r<strong>em</strong>plissez les espaces vi<strong>de</strong>s avec les mots-clés ci<strong>de</strong>ssous.<br />
Plus je prends ________________plus ___________________________<br />
Là où ____________________________<br />
Peu à peu mon coeur a enfui ce qui fait _______________________<br />
Difficile <strong>de</strong> vivre ________________sans _______________sans _____________<br />
Alors j'avance d'un pas ___________________<br />
Je suis un homme __________________________<br />
Au _______________ vent je m'incline<br />
Juste un homme sans racines<br />
Je pense à __________________ et j'imagine<br />
Mots-clé : mal assuré (1); je suis né(2); <strong>de</strong> l'âge (3); j'oublie(4); mon passé(5);<br />
après(6); avant(7); le présent(8); <strong>de</strong>main(9); moindre(10); sans racines (11).<br />
III-Rapports interculturels<br />
1- D‟après ce que vous avez vu sur le clip il y a une relation avec le titre <strong>de</strong> la<br />
chanson et les images montrées ? Pourquoi ?<br />
2- Est-ce que le genre musical écouté est connu ? Et la voix du chanteur ?<br />
3- Vous vous sentez une personne sans racines ? Pourquoi ? Expliquez-nos<br />
IV-Compréhension écrite<br />
1-Répon<strong>de</strong>z aux questions suivantes.<br />
1. Pourquoi cet homme a besoin <strong>de</strong> vivre son passé ? Justifiez votre réponse.<br />
2. Ce personnage <strong>de</strong> la chanson se compare à une petite plante au « moindre<br />
vent il s‟incline ». Pourquoi cette métaphore?
3. L‟homme <strong>de</strong> la chanson a un besoin. Montrez-le.<br />
4. Il est possible <strong>de</strong> trouver quelqu‟un sans racines ? Qu‟est-ce qu‟il veut dire<br />
avec cette idée: « homme sans racines » ?<br />
5. «Il est difficile <strong>de</strong> vivre le présent sans avant et sans après». Quelle est<br />
l‟importance <strong>de</strong> ce sentiment pour l‟homme <strong>de</strong> la chanson ?<br />
6. Quelles sont les images que vous avez <strong>de</strong> cette chanson ?<br />
V-Expression écrite<br />
1- D‟après ce que nous avons discuté dans la classe écrivez un texte sur vos<br />
impressions par rapport à une personne qui se trouve sans racines ( 200 mots<br />
environ).
APÊNDICE K<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 3ª intervenção – G3<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA: Língua Francesa VI<br />
PESQUISADORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
DATA: 12/11/10<br />
Sequência didática: O gênero canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE<br />
Público alvo: Alunos <strong>de</strong> francês – nível A2+ (± 300 horas – nível el<strong>em</strong>entar)<br />
Duração da sequência: 120 minutos<br />
OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre as relações<br />
interculturais: cultura estrangeira e a cultura local, por meio <strong>de</strong> uma canção <strong>de</strong><br />
expressão francesa.<br />
1 o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento <strong>de</strong> discussão das figuras-chave<br />
da canção Touche pas à mon pote a partir <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> hipóteses.<br />
1 o Momento: trabalhar com os alunos as figuras-chave sorteadas por cada um da<br />
sala.<br />
Figuras-chave: Jean-Paul Sartre, Yannik Noah, Jean-Luc Goddard, Charles<br />
Aznavour, Brigitte Bardot e imagens <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> culturas diversas.<br />
Anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos.<br />
Observar se os alunos consegu<strong>em</strong> estabelecer uma relação entre as<br />
figuras-chave, a cultura local e a estrangeira.<br />
2 o MÓDULO: Contribuir para estimular a competência da compreensão oral dos<br />
alunos a partir da música escutada.<br />
1 o Momento: Conduzir os alunos à organização das estrofes da canção, a partir <strong>de</strong><br />
palavras-chave contidas na letra.<br />
2 o Momento: Escutar a música com os alunos.<br />
Verificar como os alunos consegu<strong>em</strong> fazer a apreensão das palavraschave<br />
contidas na letra da música e observar se eles i<strong>de</strong>ntificam o subgênero<br />
musical.
3 o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento mais lúdico na sala <strong>de</strong> aula com a<br />
exibição <strong>de</strong> um clipe.<br />
1 o Momento<br />
Clipe Touche pas à mon pote<br />
Verificar como se dão as trocas interculturais mostradas no clipe.<br />
Observar as reações <strong>de</strong>monstradas pelos alunos com relação às<br />
imagens vistas.<br />
4 o MÓDULO: Discutir com os alunos a t<strong>em</strong>ática da canção.<br />
1 o Momento: Conduzir os alunos à percepção da t<strong>em</strong>ática da canção.<br />
Letra da canção Touche pas à mon pote<br />
Apresentar a letra da música aos alunos<br />
Estimular os alunos a procurar<strong>em</strong> pistas, no texto, que os conduzam à<br />
confirmação <strong>de</strong> suas hipóteses.<br />
5 o MÓDULO: Destinar um t<strong>em</strong>po para produção, apresentação e discussão dos textos<br />
<strong>de</strong>senvolvidos pelos alunos <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula.<br />
BIBLIOGRAFIA:<br />
http://gilberto-gil.lyrics.com.br/letras/551555/. Acesso <strong>em</strong> 29/10/10<br />
http://www.youtube.com/watch?v=EindrEcVVaE. Acesso <strong>em</strong> 29/10/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Yannick_Noah. Acesso <strong>em</strong> 29/10/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Paul_Sartre. Acesso <strong>em</strong> 29/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Luc_Godard. Acesso <strong>em</strong> 29/10/10<br />
AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. S<strong>em</strong> aulas c<strong>em</strong> tédio; sugestões práticas e divertidas para o<br />
professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Ed. Instituto Padre Reus. Porto Alegre-Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />
2001, p. 97-109.<br />
BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J.(org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado<br />
<strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.
ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA – 3 a intervenção<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA: Língua Francesa VI (G3)<br />
NOM:_______________________________________date:___/___/___<br />
ACTIVITÉS<br />
I- Compréhension orale et expression écrite<br />
1.Complétez les espaces avec les consignes et après écoutez la chanson.<br />
(1)______________ pas à mon (2)__________<br />
Ça veut dire (3)_____________ ?<br />
Ça veut dire (4) ______________<br />
Que le/la(5) ____________ qui habite chez (6)____________<br />
C‟est le (7)____________ qui habite chez (8)___________<br />
(1)- Porter la main sur, pour prendre, utiliser. (2)- Fam. Ami , copain fidèle.<br />
(3)- Pronom relatif et interrogatif désignant une chose. (4)- Adverbe indiquant<br />
une simple possibilité; contraire <strong>de</strong> sûr<strong>em</strong>ent. (5)- Ce qui est vivant et animé.<br />
(6)- Pronom personnel <strong>de</strong> la 3 ème personne du singulier (M/F). Complément<br />
d‟un adjectif attribut. (7)- Adjectif indéfini. (<strong>de</strong>vant le nom) I<strong>de</strong>ntique ou<br />
s<strong>em</strong>blable. (8)- Pronom personnel (forme tonique) <strong>de</strong> la 2 ème personne du<br />
singulier et <strong>de</strong> <strong>de</strong>ux genres. .<br />
II-Rapports interculturels<br />
1. Les personnages icônes cités dans la chanson répresentent-ils quelque<br />
chose pour vous ? Dites-nous.<br />
2. Il y a <strong>de</strong>s personnages connus dans votre culture qui peuvent être<br />
comparés à ceux <strong>de</strong> la chanson? Citez-les.<br />
3. Vous connaissez, dans votre culture le locale, <strong>de</strong>s chansons qui parlent <strong>de</strong><br />
ce même sujet ? Citez-les .<br />
4. Vous aimez le genre musical? Pourquoi ?<br />
5. Vous savez les raisons du compositeur parler <strong>de</strong> ce sujet ? De quel moment<br />
historique parle-t-il ?<br />
6. Vous connaissez le chanteur ? Vous l‟aimez ? ( )oui ( ) non<br />
Expliquez votre choix.<br />
7. Et le genre musical vous évoque un (autre) rythme brésilien? Pourquoi ?
8. Les images montrées dans le clip ont <strong>de</strong>s relations avec le texte « Touche<br />
pas à mon pote ». Donnez votre avis.<br />
III-compréhension écrite<br />
1. Pourquoi la chanson attire l‟attention sur le même « Être » en lettre<br />
majuscule ?<br />
2. Le texte dit que nous sommes tous importants, n‟importe où nous vivons.<br />
Montrez cette importance avec <strong>de</strong>s passages du texte.<br />
3. Qu‟est-ce qu‟il veut dire « Touche pas à mon pote »? Expliquez-nous.<br />
4. Il apparait les personnages Jean-Paul Sartre, Yannik Noah, Charles<br />
Aznavour, Jean-Luc Goddard et Brigitte Bardot. Quelle est la necessité <strong>de</strong><br />
les citer ?<br />
5. Il y a une révolte contre la France. Est-ce que la révolte est juste ?<br />
Explique-nous votre réponse.<br />
6. Pourquoi l‟importance <strong>de</strong> chercher les bras d‟une mère, une bonne mère<br />
dans un pays étranger ?<br />
IV- Expression écrite<br />
1- Vous avez un copain qui est touché par une situation <strong>de</strong> racisme à l‟université<br />
où vous étudiez. Vous êtes au courant du problème. Écrivez un texte en<br />
<strong>de</strong>montrant le besoin du respect à l‟Autrui en 800 mots environ.
APÊNDICE L<br />
SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 3ª intervenção – GRUPO G4<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
DISCIPLINA: Literatura Francesa III<br />
PESQUISADORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
DATA: 17/11/10<br />
Sequência didática: O gênero canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> FLE<br />
Público alvo: Alunos <strong>de</strong> francês – nível B1+ ( ± 450 horas – nível in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte)<br />
Duração da sequência: 120 minutos<br />
OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre as relações<br />
interculturais: cultura estrangeira e a cultura local (materna), por meio <strong>de</strong> uma canção<br />
<strong>de</strong> expressão francesa.<br />
1 o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento <strong>de</strong> discussão das figuras-chave<br />
sobre a música Touche pas à mon pote a partir <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> hipóteses.<br />
1 o Momento: trabalhar com os alunos as figuras-chave sorteadas por cada um da<br />
sala<br />
Figuras-chave: Jean-Paul Sartre, Yannik Noah, Jean-Luc Goddard, Charles<br />
Aznavour, Brigitte Bardot e figuras com pessoas <strong>de</strong> culturas e<br />
nacionalida<strong>de</strong>s diversificadas<br />
Anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos<br />
Observar se os alunos consegu<strong>em</strong> estabelecer uma relação das figuraschave<br />
entre a cultura local e a estrangeira.<br />
2 o MÓDULO: Contribuir para estimular a compreensão oral dos alunos a partir da<br />
música escutada<br />
1 o Momento: Conduzir os alunos à organização da música a partir <strong>de</strong> palavras-chave<br />
contidas na letra antes da escuta da música<br />
2 o Momento: escutar a música com os alunos<br />
Verificar como os alunos consegu<strong>em</strong> fazer a apreensão das palavraschave<br />
contidas na letra da música e o subgênero musical.<br />
3 o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração na sala <strong>de</strong> aula<br />
com a exibição <strong>de</strong> um clipe
Clipe Touche pas à mon pote<br />
Verificar como se dão as trocas interculturais mostradas no clipe.<br />
Observar as reações <strong>de</strong>monstradas pelos alunos com relação às<br />
imagens vistas.<br />
4 o MÓDULO: Discutir com os alunos a música<br />
1 o Momento: Conduzir os alunos a percepção da t<strong>em</strong>ática da música.<br />
Letra da música Touche pas à mon pote<br />
Apresentar a letra da música junto aos alunos<br />
Estimular os alunos a procurar no texto pistas que os conduzam à<br />
confirmação <strong>de</strong> suas hipóteses.<br />
5 o MÓDULO: Destinar um t<strong>em</strong>po para produção, apresentação e discussão dos textos<br />
<strong>de</strong>senvolvidos pelos alunos <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula.<br />
BIBLIOGRAFIA:<br />
http://gilberto-gil.lyrics.com.br/letras/551555/ - A cesso <strong>em</strong> 29/10/10<br />
http://www.youtube.com/watch?v=EindrEcVVaE Acesso <strong>em</strong> 29/10/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Yannick_Noah Acesso <strong>em</strong> 29/10/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Paul_Sartre Acesso <strong>em</strong> 29/10/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Luc_Godard Acesso <strong>em</strong> 29/10/10<br />
AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. S<strong>em</strong> aulas c<strong>em</strong> tédio; sugestões práticas e divertidas para o<br />
professor <strong>de</strong> Língua Estrangeira. Ed. Instituto Padre Reus. Porto Alegre-Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />
2001, p. 97-109.<br />
BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006.<br />
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J.(org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado<br />
<strong>de</strong> Letras, 2004, p. 95-128.
ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUENCIA DIDÁTICA – 3 a intervenção<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE HUMANIDADES<br />
UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO<br />
PROFESSORA: <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong> <strong>Sarinho</strong><br />
DISCIPLINA: Literatura Francesa III (G4)<br />
NOM: _______________________________________________DATE:___/____/____<br />
II-Compréhension orale.<br />
ACTIVITÉS<br />
1- La chanson est melangée. Après l‟écoute, mettez-la en ordre.<br />
Il fait chanter Charles Aznavour<br />
Il fait filmer Jean-Luc Goddard<br />
Il fait jolie Brigitte Bardot<br />
Il fait petit le plus grand Français<br />
Et fait plus grand le petit Chinois<br />
Touche pas à mon pote<br />
Ça veut dire quoi?<br />
Ça veut dire que l‟Être<br />
Qui a fait Jean-Paul Sartre penser<br />
Fait jouer Yannik Noah<br />
Il faut pas oublier que la France<br />
A déjà eu la chance<br />
De s‟imposer sur la terre<br />
Par la guerre<br />
Touche pas à mon pote<br />
Ça veut dire quoi?<br />
Ça veut dire peut-être<br />
Que l‟Être qui habite chez lui<br />
C‟est le même qui habite chez toi<br />
Les t<strong>em</strong>ps passés ont passé<br />
Maintenant nous venons ici<br />
Chercher les bras d‟une mère<br />
Bonne mère
III- Rapports Interculturels<br />
1- Qu‟est que les personnages icônes montrés dans la chanson répresentent pour<br />
vous ?<br />
2- Dans votre culture il y a <strong>de</strong>s personnages connus que vous pouvez comparer<br />
avec ceux <strong>de</strong> la chanson? Citez-les.<br />
3- Dans votre realité culturelle il y a d‟autres chansons qui parlent <strong>de</strong> ce même<br />
sujet ? Lesquelles ?<br />
4- Est-ce que vous aimez le genre musical ? Pourquoi ?<br />
5- Vous connaissaz le chanteur ? Vous l‟aimez ? ( ) oui ( ) non. Expliquez<br />
votre choix<br />
6- Que évoque pour vous le genre musical. Il y a d‟autres rythmes comme celuilà<br />
?<br />
7- Les images montrées dans le clip ont <strong>de</strong>s relations avec le texte « Touche pas<br />
à mon pote ». Donnez votre point <strong>de</strong> vue.<br />
IV- Compréhension écrite<br />
1- Pourquoi la chanson attire l‟attention sur la phrase : le même Être qui habite<br />
chez lui c‟est le même qui habite chez toi ?<br />
2- Qu‟est-ce qu‟il veut veut dire touche pas à mon pote ? Il y a quelques liens avec<br />
le réalisme littéraire que vous étudiez maintenant ?<br />
3- Pourquoi il apparait les personnages Jean-Paul Sartre, Yannik Noah, Charles<br />
Aznavour, Jean-Luc Goddard, Brigitte Bardot ? Vous le connaissez ?<br />
4- Vous savez les raisons du compositeur parler <strong>de</strong> ce sujet ? De quel moment<br />
historique parle-t-il ?<br />
5- Il y a une revolte contre la France, montrez-la dans le texte et justifiez votre<br />
réponse<br />
6- Pourquoi il cherche les bras d‟une mère, une bonne mère ?<br />
V-Expression écrite<br />
1. Vous avez un copain qui est est touché par une situation <strong>de</strong> racisme à<br />
l‟université où vous étidiez. Vous êtes au courant du problème Écrivez un texte<br />
en <strong>de</strong>montrant la necessité du respect à l‟Autrui en 600 mots environ.
APÊNDICE M<br />
QUESTIONÁRIO PÓS 3 a INTERVENÇÃO.<br />
Sua colaboração é relevante para nossa pesquisa. Assim gostaríamos que você respon<strong>de</strong>sse<br />
ainda este 3 o questionário. Suas respostas irão contribuir para a nossa pesquisa e, sobretudo,<br />
para a formação <strong>de</strong> futuros professores <strong>de</strong> francês na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>.<br />
1- PERFIL DA APRENDIZAGEM<br />
1. Você gostou da abordag<strong>em</strong> feita com esta canção? ( ) sim ( ) não<br />
Justifique sua resposta comparando com a última abordag<strong>em</strong> feita com a canção On a changé.<br />
____________________________________________________________________________<br />
2. Você acha que as ativida<strong>de</strong>s feitas com a canção <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula ajudaram na sua<br />
aprendizag<strong>em</strong> <strong>em</strong> FLE? ( ) sim ( ) não<br />
3. Qual das habilida<strong>de</strong>s você encontrou mais dificulda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>senvolver?<br />
( ) expressão oral ( ) compreensão oral ( ) compreensão cultural<br />
( ) compreensão escrita ( ) expressão escrita<br />
Explique: ___________________________________________________________________<br />
4. Qual das ativida<strong>de</strong>s você achou mais relevantes para compreen<strong>de</strong>r a canção?<br />
( ) levantamento <strong>de</strong> hipóteses ( ) escuta da canção ( ) apresentação do vi<strong>de</strong>oclipe<br />
( ) perguntas relacionadas à canção e cultura ( ) produção textual<br />
5. O que você melhor percebeu após trabalhar essa canção na sala <strong>de</strong> aula?<br />
( ) estereótipos ( ) representações ( ) enaltecimento da cultura materna<br />
( ) exercício <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong> ( ) outra observação<br />
6. Após o enfoque da canção, você po<strong>de</strong>ria explicar <strong>em</strong> algumas palavras o que significa<br />
intercultural._________________________________________________________________<br />
1.7. Você acredita que abordag<strong>em</strong> intercultural no ensino <strong>de</strong> FLE ajuda na formação inicial do<br />
professor? ( ) sim ( ) não<br />
Explique: ___________________________________________________________________
ANEXOS
ANEXO A : CANÇÕES<br />
CHANSON MON PAYS<br />
Mon Pays Interprete: FAUDEL<br />
Langue : Francais<br />
Genre : raï<br />
Année : 2006<br />
Je ne connais pas ce soleil<br />
Qui brûle les dunes sans fins<br />
Je ne connais pas d’autres terres<br />
Que celle qui m’a tendu la main<br />
Et si un jour je pars d’ici<br />
Que je traverse le désert<br />
Pour aller voir d’ou vient ma vie<br />
Dans quelle rue jouait mon père<br />
Moi qui suis né près <strong>de</strong> Paris<br />
Sous tout ce vent, toute cette pluie<br />
Je n’oublierai<br />
Jamais mon pays<br />
Jamais mon pays<br />
Et si <strong>de</strong>main comme aujourd’hui<br />
Je dois faire le tour <strong>de</strong> la terre<br />
Pour chanter aux mon<strong>de</strong>s mes envies<br />
Voyager <strong>de</strong>s années entières<br />
Moi qui suis né tout près d’ici<br />
Même si je quitte mes amis<br />
Je n’oublierais<br />
Jamais mon pays<br />
Troooop<br />
De souvenirs gravés qui courent<br />
D’ écoles et d’ été<br />
Trop d’ amours pour oublier<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Troooop<br />
De t<strong>em</strong>ps abandonné<br />
Sur les bancs <strong>de</strong> ma cité<br />
Trop d’ amis pour oublier<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Je ne connais pas ce parfum<br />
De menthe et <strong>de</strong> sable brûlant<br />
Mais seul<strong>em</strong>ent les <strong>em</strong>bruns<br />
Où les rouleaux <strong>de</strong> l’océan<br />
Et toi qui me trouve un peu mate<br />
Pour ses rues bordées <strong>de</strong> prairies<br />
Un peu trop blanc couleur d ‘Euphrate<br />
Pour ses poèmes que j’ai appris<br />
Tu es bien le seul que j’oublie<br />
Telle l’ étoile fidèle à la nuit<br />
Je n’oublierais<br />
Jamais mon pays<br />
Jamais mon pays<br />
Troooop<br />
De souvenirs gravés qui courent<br />
D’ écoles et d’ été<br />
Trop d’ amours pour oublier<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Troooop<br />
De t<strong>em</strong>ps abandonné<br />
Sur les bancs <strong>de</strong> ma cité<br />
Trop d’ amis pour oublier<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Et comme toi j’attends la pluie<br />
Pour lui dire toutes mes peines<br />
Tout comme toi, je lui souris<br />
Quand elle tombe sur la plaie<br />
Quand elle tombe sur la plaie<br />
Troooop<br />
De souvenirs gravés qui courent<br />
D’ écoles et d’ été<br />
Trop d’ amours pour oublier<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Troooop<br />
De t<strong>em</strong>ps abandonné<br />
Sur les bancs <strong>de</strong> ma cité<br />
Trop d’ amis pour oublier<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Troooop<br />
De souvenirs gravés qui courent<br />
D’ écoles et d’ été<br />
Trop d’ amours pour oublier<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Troooop<br />
De t<strong>em</strong>ps abandonné<br />
Sur les bancs <strong>de</strong> ma cité<br />
Trop d’ amis pour oublier<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
Que c’est ici que je suis né<br />
http://fau<strong>de</strong>l.musicas.mus.br/letras/819284/ acesso <strong>em</strong> 17/09/09<br />
http://www.youtube.com/watch?v=cxQg4Ii-U0s – vi<strong>de</strong>oclipe da música<br />
http://voyageforum.com/voyage/photos_tl<strong>em</strong>cen_en_algerie_D2410687/<br />
- acesso <strong>em</strong> 02/05/10<br />
http://fr.wikipedia.org/wiki/Mantes-la-Jolie- acesso <strong>em</strong> 02/05/10
CHANSON ON A CHANGÉ<br />
On a changé Interpretes: LES DÉESSES<br />
Langue : Francais<br />
Genre : zouk<br />
Année : 2007<br />
Toutes ces années tu m'as manqué<br />
On a changé<br />
On a grandi<br />
Trop loin tous les <strong>de</strong>ux<br />
Refrain: x2<br />
On était <strong>de</strong>s voisins, au pays<br />
On se tenait la main tous petits<br />
Puis soudain un matin, maman m'a dit<br />
Non n'aie pas trop <strong>de</strong> chagrin<br />
On part à Paris, on part<br />
On part loin d'ici, on part<br />
Refrain x2<br />
L'avion en France atterrit<br />
Je sens déjà le froid le ciel est gris<br />
J'me suis fait d'nouveaux amis<br />
Je pars un peu <strong>de</strong> là bas p'tit-a -p'tit<br />
Je grandis, on oublie, on hérite<br />
C'est une nouvelle vie<br />
Qui me sourit<br />
Refrain x2<br />
http://musikafrancesa.blogspot.com/20<br />
09/01/les-<strong>de</strong>sses-saveurs-exotiques-<br />
2007.html- acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
http://letras.terra.com.br/les<strong>de</strong>esses/1069970/-<br />
acesso <strong>em</strong> 23/11/09<br />
Déjà dix ans<br />
Y a si longt<strong>em</strong>ps<br />
En y pensant<br />
On était <strong>de</strong>s enfants<br />
Aujourd'hui, j'ai grandi<br />
Aujourd'hui, t'as grandi<br />
Il est t<strong>em</strong>ps <strong>de</strong> revenir au pays<br />
Voir l'homme <strong>de</strong> mes souvenirs au pays<br />
Il m'était <strong>de</strong>stiné,<br />
Je vais le retrouver,<br />
Il se souviendra peut-être, pas <strong>de</strong> moi<br />
Je l'ai toujours aimé<br />
Refrain x4
CHANSON UN HOMME SANS RACINES<br />
Un homme sans racines Interprete: GÉRALD DE PALMAS<br />
Langue : Francais<br />
Genre : pop rock<br />
Année : 2004<br />
Plus je prends <strong>de</strong> l'âge plus j'oublie<br />
Là où je suis né<br />
Peu à peu mon coeur a enfui<br />
ce qui fait mon passé<br />
Difficile <strong>de</strong> vivre le présent sans avant sans après<br />
Alors j'avance au hasard d'un pas mal assuré<br />
Je suis un homme sans racines<br />
Au moindre vent je m'incline<br />
Juste un homme sans racines<br />
Je pense à <strong>de</strong>main et j'imagine<br />
Parfois <strong>de</strong>s visages me reviennent<br />
mais je préfère tirer un trait<br />
Sur ce mélange <strong>de</strong> bons souvenirs<br />
mais aussi <strong>de</strong> mauvais<br />
J'aimerai trouver un endroit pour me reccueillir<br />
Un endroit où puiser ma force, la force <strong>de</strong> m'affranchir<br />
Je suis un homme sans racines<br />
Au moindre vent je m'incline<br />
Juste un homme sans racines<br />
Je pense à <strong>de</strong>main et j'imagine<br />
Au moment opportun<br />
Je tuerai mes démons un par un<br />
Fort et serein je ne serai plus...<br />
Je suis un homme sans racines<br />
Au moindre vent je m'incline<br />
Juste un homme sans racines<br />
Je pense à <strong>de</strong>main et j'imagine<br />
http://www.youtube.com/watch?v=zDTXwUmxAHY&feature=fvw- acesso 20/11/09<br />
http://www.answers.com/topic/un-homme-sans-racines-1#Release_history – acesso 20/11/09<br />
http://www.parolesmania.com/paroles_gerald_<strong>de</strong>_palmas_4411/paroles_un_homme_sans_racines_163263.html - acesso<br />
20/11/09
CHANSON TOUCHE PAS A MON POTE<br />
Touche pas a mon pote Interprete: GILBERTO GIL<br />
Langue : Francais<br />
Genre : Afro<br />
Année : 1988<br />
Touche pas à mon pote<br />
Ça veut dire quoi?<br />
Ça veut dire peut être<br />
Que l’Être qui habite chez lui<br />
C’est le même qui habite chez toi<br />
Touche pas à mon pote<br />
Ça veut dire quoi?<br />
Ça veut dire que l’Être<br />
Qui a fait Jean-Paul Sartre penser<br />
Fait jouer Yannik Noah<br />
Touche pas à mon pote<br />
Il faut pas oublier que la France<br />
A déjà eu la chance<br />
De s’imposer sur la terre<br />
Par la guerre<br />
Les t<strong>em</strong>ps passés ont passé<br />
Maintenant nous venons ici<br />
Chercher les bras d’une mère<br />
Bonne mère<br />
Touche pas à mon pote<br />
Touche pas à mon pote<br />
Ça veut dire quoi?<br />
Ça veut dire peut être<br />
Que l’Être qui habite chez lui<br />
C’est le même qui habite chez toi<br />
Touche pas à mon pote<br />
Ça veut dire quoi?<br />
Ça veut dire que l’être<br />
Qui a fait Jean-Paul Sartre penser<br />
Fait jouer Yannik Noah<br />
Il fait chanter Charles Aznavour<br />
Il fait filmer Jean-Luc Goddard<br />
Il fait jolie Brigitte Bardot<br />
Il fait petit le plus grand Français<br />
Et fait plus grand le petit Chinois<br />
Touche pas à mon pote<br />
http://gilberto-gil.lyrics.com.br/letras/551555/<br />
- acesso <strong>em</strong> 12/10/10<br />
http://www.youtube.com/watch?v=EindrEcVVa<br />
E – acesso <strong>em</strong> 12/10/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Yannick_Noah -<br />
acesso <strong>em</strong> 12/10/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Paul_Sartre -<br />
acesso <strong>em</strong> 12/10/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Aznavour -<br />
acesso <strong>em</strong> 12/10/10<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Luc_Godard -<br />
acesso <strong>em</strong> 12/10/10
ANEXO B<br />
–<br />
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE<br />
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL<br />
CURSO DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E<br />
ENSINO-UFCG/PB<br />
Esta pesquisa é sobre A canção francófona como um el<strong>em</strong>ento propiciador para as trocas<br />
interculturais na formação inicial do professor e está sendo <strong>de</strong>senvolvida por <strong>Maria</strong> <strong>Dalva</strong><br />
<strong>Sarinho</strong>, mestranda do Curso <strong>de</strong> pós-graduação <strong>em</strong> Linguag<strong>em</strong> e Ensino da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>, sob a orientação da Prof a Dr a Josilene Pinheiro-Mariz.<br />
Os objetivos do estudo são: fazer uma investigação qualitativa sobre a canção francófona<br />
<strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula com professores <strong>de</strong> Francês Língua Estrangeira (FLE) da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Campina Gran<strong>de</strong>. Intentamos observar como são estabelecidas as relações interculturais<br />
<strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula e preten<strong>de</strong>mos também i<strong>de</strong>ntificar como os professores <strong>em</strong> formação<br />
perceb<strong>em</strong> essa abordag<strong>em</strong> <strong>em</strong> FLE. Esta pesquisa t<strong>em</strong> características <strong>de</strong> pesquisa-ação<br />
(pesquisadores e participantes estão envolvidos <strong>de</strong> modo cooperativo ou participativo, a<br />
fim <strong>de</strong> buscar resolver um probl<strong>em</strong>a coletivamente).<br />
A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste trabalho é contribuir para trazer informações importantes sobre a atualida<strong>de</strong> no<br />
ensino <strong>de</strong> FLE na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>. Desse modo, acreditamos que o conhecimento que<br />
será construído a partir <strong>de</strong>sta pesquisa redundará <strong>em</strong> benefícios evi<strong>de</strong>ntes para todos aqueles<br />
interessados pela língua francesa (francófonos e francófilos) na nossa conjuntura.<br />
A sua participação na pesquisa é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a) não é obrigado(a) a fornecer<br />
as informações e/ou colaborar com as ativida<strong>de</strong>s solicitadas pelo Pesquisador(a). Caso <strong>de</strong>cida não<br />
participar do estudo, ou resolver a qualquer momento <strong>de</strong>sistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano,<br />
n<strong>em</strong> haverá modificação na assistência que v<strong>em</strong> recebendo na Instituição.<br />
A sua participação nesta pesquisa não traz complicações legais n<strong>em</strong> <strong>de</strong>sconforto, tampouco riscos à<br />
dignida<strong>de</strong> humana. A pesquisadora apenas estará <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, com um gravador <strong>de</strong> áudio para<br />
registro das aulas e fazendo anotações e/ou participando das aulas (caso necessite) durante s<strong>em</strong>estre<br />
2009.2 e/ou 2010.1. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obe<strong>de</strong>c<strong>em</strong> aos Critérios da Ética <strong>em</strong>
Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução n o . 196/96 do Conselho Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignida<strong>de</strong>.<br />
Solicito sua permissão para que a aula seja gravada, quando necessário, como também sua<br />
autorização para apresentar os resultados <strong>de</strong>ste estudo <strong>em</strong> eventos da área <strong>de</strong> Linguística e/ou<br />
Letras e publicar <strong>em</strong> revista científica. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será<br />
mantido <strong>em</strong> sigilo.<br />
O(s) pesquisador(es) estará(ão) a sua disposição para qualquer esclarecimento que consi<strong>de</strong>re<br />
necessário <strong>em</strong> qualquer etapa da pesquisa.<br />
Diante do exposto, <strong>de</strong>claro que fui <strong>de</strong>vidamente esclarecido(a) e dou o meu consentimento para<br />
participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que receberei uma cópia <strong>de</strong>sse<br />
documento.<br />
_____________________________________________<br />
Assinatura do Participante da Pesquisa<br />
ou Responsável Legal<br />
________________________________________<br />
Assinatura da Pesquisadora Responsável<br />
_________________________________________<br />
Assinatura da Pesquisadora<br />
En<strong>de</strong>reço (Setor <strong>de</strong> Trabalho) do Pesquisador Responsável:<br />
NOME E O TELEFONE PARA CONTATO<br />
Orientador: Prof a . Dr a . JOSILENE PINHEIRO-MARIZ
RG: 488080913-68<br />
Tel.: (83) 33 21-59 21 / (83) 93 05-87 94<br />
Tel.: Setor <strong>de</strong> trabalho (83) 3310-1398<br />
CEP: 58101-280 – Campina Gran<strong>de</strong><br />
En<strong>de</strong>reço do setor <strong>de</strong> trabalho: Av. Aprígio Veloso, 882<br />
Bairro Universitário – Bodocongó<br />
CEP: 58429-900 – Campina Gran<strong>de</strong>-PB<br />
e-mail: jsmariz22@hotmail.com<br />
NOME E O TELEFONE PARA CONTATO<br />
Pesquisador: MARIA DALVA SARINHO<br />
RG: 728.631-SSP/PB<br />
Tel: (83) 33 22-7455 / (83) 91 56-93 37<br />
Tel. Setor <strong>de</strong> trabalho (83)3322-1701<br />
Setor <strong>de</strong> trabalho: Av. Manoel Tavares, 160 – Alto Branco<br />
CEP: 58402-068 - Campina Gran<strong>de</strong>/PB<br />
En<strong>de</strong>reço resi<strong>de</strong>ncial: Rua Manoel Pereira <strong>de</strong> Araújo, 185 – Centro<br />
CEP: 58400-202 - Campina Gran<strong>de</strong>/PB<br />
e-mails: dalva_sarinho@yahoo.com.br / dalva.sarinho@gmail.com