O pavão e o grou. Talvez vocês não saibam, mas os antigos ... - IENH
O pavão e o grou. Talvez vocês não saibam, mas os antigos ... - IENH
O pavão e o grou. Talvez vocês não saibam, mas os antigos ... - IENH
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O <strong>pavão</strong> e o <strong>grou</strong>.<br />
<strong>Talvez</strong> <strong>vocês</strong> <strong>não</strong> <strong>saibam</strong>, <strong>mas</strong> <strong>os</strong> antig<strong>os</strong> (e principalmente <strong>os</strong> Greg<strong>os</strong>)<br />
comiam <strong>os</strong> pavões como nós hoje comem<strong>os</strong> <strong>os</strong> frang<strong>os</strong>. Consideravam-n<strong>os</strong> um<br />
excelente alimento e criavam-n<strong>os</strong> juntamente com <strong>os</strong> outr<strong>os</strong> animais de<br />
galinheiro.<br />
Um destes pavões (o <strong>pavão</strong> mais vaid<strong>os</strong>o desta terra), <strong>não</strong> contente com abrir<br />
a cauda em leque de cinco em cinco minut<strong>os</strong>, aborrecia <strong>os</strong> seus companheir<strong>os</strong><br />
de capoeira com grandes discurs<strong>os</strong> sobre a sua beleza.<br />
- Olhem para mim, observem-me bem, - dizia. - Já alguma vez viram uma ave<br />
mais bonita do que eu?<br />
- Vejam que desenho, que tonalidades brilhantes, que...<br />
Ora, o acaso quis que um <strong>grou</strong>, em viagem para regiões quentes, aterrasse<br />
sobre o teto da capoeira para aí descansar um pouco. O esvoaçar das suas<br />
asas interrompeu o <strong>pavão</strong>, que lhe dirigiu um olhar ameaçador e pr<strong>os</strong>seguiu:<br />
- Que delicadeza de tons! Às vezes só consigo sentir pena. No entanto,<br />
pensando bem, há ainda quem seja mais feio que <strong>vocês</strong>. Querem sentir-se<br />
melhor? Olhem para aquele passareco lá em cima, com aquele bico<br />
desproporcionado e... aquele pescoço inacreditável!<br />
- Isso é para mim, amigo? - perguntou calmamente o <strong>grou</strong>.<br />
- E para quem mais poderia ser? - respondeu o <strong>pavão</strong><br />
- Bem, se f<strong>os</strong>se a ti <strong>não</strong> me inquietaria tanto. Tenho o pescoço comprido, é<br />
verdade, é mesmo assim. Quanto a ti, vais ficar com ele mais comprido quando<br />
o teu dono to cortar para te meter na panela. Vais ficar tão belo como as<br />
galinhas. E enquanto estás para aí a esgravatar e dizer tod<strong>os</strong> esses disparates,<br />
eu parto em direção ao céu, lá para cima, para o meio das nuvens...
O <strong>grou</strong> abriu as suas grandes asas, bateu-as três ou quatro vezes e levantou<br />
vôo, majest<strong>os</strong>o, a caminho do seu destino, do lado de lá do mar. (Fábula de<br />
Esopo).<br />
Para pensar...<br />
Uma boa semana. P. Júlio Cézar Adam<br />
Com a medida com que tiverdes medido<br />
v<strong>os</strong> medirão também.<br />
Marc<strong>os</strong> 4.24