18.04.2013 Views

Uma justa homenagem a Joaquim Nabuco - Brasil Imperial

Uma justa homenagem a Joaquim Nabuco - Brasil Imperial

Uma justa homenagem a Joaquim Nabuco - Brasil Imperial

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Artigo<br />

A Coerência de <strong>Joaquim</strong> <strong>Nabuco</strong><br />

Primeira reunião do Instituto<br />

<strong>Brasil</strong><br />

Artigo do economista<br />

<strong>Imperial</strong><br />

Luís Severiano Soares<br />

é<br />

Rodrigues<br />

um<br />

sobre<br />

sucesso<br />

esta grande figura da história do <strong>Brasil</strong><br />

Luís Severiano Soares Rodrigues<br />

Economista, pós-graduado<br />

em história, sócio<br />

correspondente do Instituto<br />

Histórico e Geográfico de<br />

Niterói e Artista Plástico<br />

Com 2010 se findou o Ano Nacional<br />

<strong>Joaquim</strong> <strong>Nabuco</strong>, em memória do<br />

transcurso dos cem anos do seu<br />

falecimento. Cabe-nos prestar mais<br />

uma <strong>homenagem</strong> a este<br />

personagem que por sua trajetória<br />

política e intelectual, desperta os<br />

maiores preitos de admiração.<br />

Muito foi lembrado o grande tribuno<br />

da abolição, que com sua ação e<br />

oratória escreveu páginas<br />

memoráveis do parlamento<br />

brasileiro, bem como liderando um<br />

grupo de não poucos grandes<br />

abolicionistas, na campanha que<br />

gerou as condições necessárias<br />

para que a Nação sob o comando da<br />

Princesa <strong>Imperial</strong> Regente Dona<br />

Isabel, pudesse por um fim à<br />

escravidão no <strong>Brasil</strong>. Fiel a D. Pedro<br />

II, <strong>Nabuco</strong> manteve-se fiel à Dona<br />

Isabel, posto que coerente, jamais<br />

trairia aquela que não mediu<br />

esforços na esfera do Trono para<br />

fechar essa chaga na terra<br />

brasileira. Ela que tão amada pelo<br />

povo, os oportunistas que num<br />

momento fúlgido golpearam<br />

covardemente a Pátria e retribuíram<br />

o seu gesto com a decretação do seu<br />

desterro e a sua morte no exílio.<br />

<strong>Nabuco</strong>, coerentemente quis<br />

distância do regime quê, em nome<br />

da liberdade, impõe a sua<br />

supressão. Nos diz, ele “(...)suprimir<br />

a liberdade provisoriamente para<br />

torná-la definitiva é como a medicina<br />

que matasse o doente para<br />

ressuscitá-lo são. A liberdade uma<br />

vez confiscada não pode ser<br />

restituída íntegra, ainda mesmo que<br />

a aumentem; ficará sempre o medo<br />

de que ela seja suprimida outra vez e<br />

com maior facilidade (...)”(Resposta<br />

as Mensagens 1890). Estas<br />

palavras de <strong>Nabuco</strong> foram<br />

premunitórias, basta vermos os<br />

vários golpes de Estado ao longo<br />

da república até 1964, sendo que<br />

este duraria uma geração, e hoje<br />

temos a democracia formal, da<br />

qual se locupleta uma classe<br />

política em sua maioria corrupta e<br />

patrimonialista, as custas da<br />

miséria e da ignorância do povo<br />

brasileiro. Assim <strong>Nabuco</strong> não podia<br />

acreditar na república e era<br />

enfático “para acreditar nela, eu só<br />

peço, como os árabes para<br />

acreditar em Maomé, que ela faça<br />

um milagre; o de governar com a<br />

mesma liberdade que a<br />

monarquia” (idem op. cit.). João<br />

Ribeiro em suas Cartas Devolvidas<br />

(pag. 190), classifica <strong>Nabuco</strong> junto<br />

com Taunay, como monarquista<br />

protestário, e assim o foi, mas<br />

nesses eventos decorrentes do<br />

centenário de sua morte, pudemos<br />

ouvir algumas colocações<br />

questionando, como um espírito<br />

liberal como <strong>Nabuco</strong> pode se<br />

manter fiel a monarquia.<br />

Certamente tal colocação, como<br />

não poderia deixar de ser, se<br />

baseia no preconceito sobre a<br />

monarquia e na falácia de que a<br />

república é uma evolução. <strong>Nabuco</strong><br />

que viveu na monarquia, e tinha<br />

contato direto com o chefe do<br />

Estado, tem o arcabouço para<br />

fundamentar a sua opção, e<br />

cremos que a realidade<br />

republicana, que nós passageiros<br />

do futuro vivemos, é o suficiente<br />

para comprovar que <strong>Nabuco</strong><br />

estava certo.<br />

Já no período dos ânimos<br />

serenados, a república carecendo<br />

de quadros capazes, chama<br />

<strong>Nabuco</strong> para atuar no campo<br />

diplomático, o qual <strong>Nabuco</strong> não<br />

recusa, pois fiel ao Imperador,<br />

seguia-lhe o conselho, o <strong>Brasil</strong> em<br />

primeiro lugar. Assim manteve sua<br />

profissão de fé monarquista ao<br />

servir sempre a Pátria. Seu<br />

monarquismo não ficou diminuído<br />

por servir a república, e como<br />

exemplo, temos numa conferência<br />

na Universidade de Yale, em 15 de<br />

maio de 1908 (O Espírito de<br />

Nacionalidade na História do <strong>Brasil</strong>),<br />

onde <strong>Nabuco</strong> do pedestal de sua<br />

erudição após fazer um belo resumo<br />

da evolução histórica brasileira, com<br />

destaque para as liberdades de<br />

imprensa e política sob o cetro de D.<br />

Pedro II, não esquece <strong>Nabuco</strong> do<br />

tributo à Dona Isabel, vinte anos<br />

depois, do 13 de maio, diz ele para<br />

sua platéia americana, “ e por falar<br />

em idealismo no trono, não<br />

apresenta a história muitos e<br />

xemplos, mais brilhantes e<br />

impressivos, que o da Princesa<br />

<strong>Imperial</strong> Dona Isabel, que enquanto<br />

Regente do Império, em 1888,<br />

provocou, de seu motu próprio, a<br />

queda de um gabinete, a fim de<br />

chamar um estadista resolvido a<br />

propor ao Parlamento a abolição<br />

imediata da escravidão. E ela o fez<br />

sabendo que os antigos<br />

conservadores desamparariam o<br />

trono diante do progresso da<br />

agitação republicana no país”.<br />

Palavras que são o testemunho<br />

insuspeito de um homem cuja honra<br />

é inquestionável, da ação daquela<br />

mulher que para sempre será a<br />

redentora dos escravos.<br />

Diferentemente de outro grande<br />

abolicionista, que foi José do<br />

Patrocínio, e que traiu Dona Isabel<br />

no 15 de novembro, ao proclamar<br />

sua república na Câmara dos<br />

Vereadores do Rio de Janeiro, e<br />

morreu, em 1905, na miséria e<br />

esquecido pela república, e que só<br />

teve um funeral com grandes<br />

honras, porque um grande<br />

monarquista, que foi o barão do Rio<br />

Branco, exigiu que a república o<br />

fizesse. <strong>Nabuco</strong> ao morrer em<br />

Washington, em 1910,teve as<br />

maiores homenagens que um<br />

homem pode aspirar como<br />

testemunho da sua importância e<br />

valor, desde a capital americana, à<br />

capital do <strong>Brasil</strong> e a capital da sua<br />

província natal, Recife. A república<br />

não poupou honras àquele que<br />

coerentemente foi fiel ao Império até<br />

o fim.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!