TRATAMENTO HUMANIZADO REFORÇA O SUCESSO NO ...
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BEM ME QUER<br />
Obesidade Infantil<br />
século XX trouxe a chamada transi-<br />
O ção nutricional, isto é, o surgimento<br />
de um novo perfil nutricional das popula-<br />
ções, em que a desnutrição deixa de ser<br />
a grande ameaça social e cresce a obesidade<br />
como um relevante problema de<br />
saúde pública.<br />
A obesidade entre adultos tem sido<br />
foco de intensa discussão médica e social.<br />
No entanto, é na obesidade infantil a visão<br />
mais nova e preocupante desta realidade.<br />
Segundo dados da Organização<br />
Mundial de Saúde (OMS), a prevalência<br />
da obesidade infantil cresceu de 10% a<br />
40% nos últimos dez anos na maioria dos<br />
países europeus. Nos Estados Unidos,<br />
aproximadamente 25% das crianças entre<br />
6 e 17 anos já são obesas ou apresentam<br />
sobrepeso. No Brasil, dados semelhantes<br />
foram encontrados em estudos realizados<br />
em algumas cidades, mostrando que o sobrepeso<br />
e a obesidade já atingem mais de<br />
30% de nossas crianças e adolescentes.<br />
A obesidade infantil tem sua origem<br />
relacionada a fatores genéticos, socioculturais,<br />
econômicos, psicológicos, hormonais<br />
e até mesmo com lesões do sistema<br />
nervoso central. As síndromes genéticas e<br />
as alterações endócrinas, referidas como<br />
causas endógenas, são responsáveis por<br />
10<br />
apenas 1% a 5% dos casos. Os outros<br />
95% a 99% são considerados de causas<br />
exógenas, também conhecidas como externas.<br />
A influência genética e ambiental<br />
pode ser vista nas relações da obesidade<br />
da criança com a obesidade dos pais – se<br />
um dos pais for obeso, a criança terá 50%<br />
de chance de ser obesa; se os dois forem<br />
obesos, a chance é de 80%.<br />
Sem dúvida, o aumento da obesidade<br />
infantil está fortemente associado a<br />
mudanças socioculturais da modernidade,<br />
com hábitos alimentares de consumo<br />
de produtos industrializados, de alta<br />
densidade energética, das refeições rápidas<br />
realizadas fora de casa, bem como<br />
das comodidades tecnológicas que promovem<br />
a inatividade física. Somam-se,<br />
ainda, a este cenário, contribuindo em<br />
especial para o sedentarismo entre as<br />
crianças, as novas formas de diversão<br />
eletrônica, reduzindo o interesse por antigas<br />
brincadeiras que exigiam movimento<br />
do corpo, e a urbanização e a crise de<br />
segurança, confinando as crianças em<br />
pequenos espaços verticalizados.<br />
Porém, os aspectos mais importantes<br />
para o entendimento da gênese da<br />
obesidade em crianças são as relações<br />
no núcleo familiar. O comportamento<br />
As atividades físicas recreativas devem ser estimuladas,<br />
permitindo um crescimento com saúde.<br />
alimentar é determinado, num primeiro<br />
momento, pela família, sendo esta a responsável<br />
pela influência na escolha do<br />
alimento a ser oferecido à criança, exercendo<br />
um papel fundamental na formação<br />
de seu hábito alimentar.<br />
Assim, a substituição do aleitamento<br />
materno com acréscimo de açúcar e “engrossantes”<br />
ao leite, desenvolvendo precocemente<br />
a predileção pelo sabor adocicado,<br />
as idas frequentes ao fast food, a<br />
alimentação sem regularidade de horário,<br />
a falta de consumo de frutas e verduras,<br />
entre outras práticas nutricionais inadequadas,<br />
abrem as portas para a obesidade.<br />
Fala-se muito em educação alimentar,<br />
mas não se pode esquecer que está no<br />
exemplo dos adultos a principal forma de<br />
ajudar os futuros passos da criança.<br />
Algumas atitudes dos pais em relação<br />
à alimentação dos filhos devem ser percebidas<br />
num olhar da psicologia. Por exemplo,<br />
é comum que a insegurança materna<br />
leve a excessos na alimentação do bebê e<br />
da criança, reflexo da crença no mito social<br />
que diz: “bebê gordo é bebê saudável”. Outro<br />
ato, por vezes não percebido pelos pais,<br />
é quando extrapolam a ação de alimentar<br />
para atendimento das necessidades da<br />
criança e passam a oferecer o alimento no<br />
intuito de cessar o incômodo do choro. Esses<br />
pais, que desenvolvem esta estratégia<br />
para evitar desconforto pessoal, costumam<br />
manter durante todo o desenvolvimento da<br />
criança a comida como moeda para evitar<br />
conflitos com os filhos: ”faça o que quero<br />
que te dou um doce”.<br />
O ritual da alimentação como expressão<br />
de amor e cuidado é outra armadilha<br />
psicoemocional. “Em cada bolo um recheio<br />
de carinho” fortalece a manutenção<br />
da fase oral como fonte de prazer e<br />
da busca da comida como compensação<br />
diante dos sentimentos de angústia e ansiedade.<br />
Na verdade, essa é uma área que<br />
extrapola o núcleo familiar e se desenvol-<br />
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