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Confira a revista eletrônica - Vitória Apart Hospital

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ciência_comportamento_tecnologia_saúde<br />

Por que todos nós<br />

vamos ter catarata?<br />

EM FOCO<br />

AVC: atendimento especializado<br />

e rápido reduz e evita sequelas<br />

PROGRESSOS<br />

DA MEDICINA<br />

Cirurgia cardíaca por vídeo<br />

ANO II_04_AGOSTO_2010<br />

ARTIGO MÉDICO<br />

Avanços no tratamento<br />

do câncer de pâncreas<br />

Impresso<br />

Especial<br />

Contrato:<br />

9912233734/2009-DR/ES<br />

<strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> S/A<br />

CORREIOS


EDITORIAl<br />

Marcus Vinicius Azevedo Tanure<br />

Presidente do Conselho de<br />

Administração do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

CORPO EDITORIAL<br />

Camila Lima<br />

Cristiana Gomes<br />

Flávio Kataoka<br />

Glenda Viana<br />

Guilherme Crespo<br />

José Aldir de Almeida<br />

João Luiz Sandri<br />

Priscila Reverete Matilha<br />

Vania da Cunha Mastela<br />

Vinícius Gomes da Silveira<br />

Walter J. Fagundes<br />

JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />

Rita Diascanio – Contatus Comunicação<br />

ritadiascanio@contatus.com.br<br />

Tel.: (27) 3089-4100<br />

O <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> está vivendo um período de grandes<br />

transformações. Ao mesmo tempo em que o Brasil ganha mais<br />

usuários da saúde suplementar com a nova classe média surgida<br />

após a estabilidade econômica, aliado ao especial momento do<br />

nosso Estado se destacando no mercado nacional com a chegada<br />

de grandes empresas e projetos de investimentos, promovemos<br />

algumas mudanças internas que são importantes sob o ponto de<br />

vista econômico-societário, ético e social.<br />

Adequando-se a esses momentos de crescimento e desenvolvimento<br />

econômico do Estado e do País, o Conselho de Administração tem a<br />

satisfação de coordenar as transformações e o plano de expansão<br />

do hospital. A retomada do alicerce original do projeto – baseado<br />

na coletividade, no corpo clínico de excelência, nos colaboradores<br />

comprometidos e na estrutura física e geográfica, além das boas<br />

práticas de governança corporativa – torna-nos mais competitivos<br />

e estruturados para o ciclo de expansão que está por vir.<br />

A gestão profissionalizada, acompanhada de uma consultoria<br />

competente, em conjunto com os Conselhos do hospital e de forma<br />

colegiada, definirá as diretrizes e as metas para o desenvolvimento<br />

dos trabalhos, buscando fazer do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> uma referência na<br />

qualidade de prestação de serviços, promovendo a saúde dos<br />

nossos clientes e o crescente amadurecimento do nosso ambiente<br />

de negócios.<br />

Boa leitura!<br />

ASSESSORIA DE IMPRENSA<br />

Roberta Peixoto<br />

robertapeixoto@contatus.com.br<br />

Tel.: (27) 3089-4100<br />

COORDENAÇÃO<br />

Centro de Estudos do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Dr. Flávio Kataoka / Dr. Vinicius Gomes<br />

cepvah@vah.com.br<br />

Tel.: (27) 3201-5526<br />

Marketing do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Vania da Cunha Mastela<br />

marketing@vah.com.br<br />

Tel.: (27) 3201-5529<br />

CONTATO COMERCIAL<br />

Marketing do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

marketing@vah.com.br<br />

Tel.: (27) 3201-5529<br />

Mudar para crescer<br />

Expediente<br />

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA<br />

Tab Comunicação<br />

REVISÃO<br />

Rita Diascanio e Laiz Fidalgo<br />

TIRAGEM<br />

5.000 – Distribuição gratuita – Dirigida<br />

Versão disponível no site<br />

do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong>:<br />

www.vitoriaaparthospital.com.br<br />

<strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

BR 101 Norte, Km 2, Serra/ES<br />

Tels.: (27) 3201-5555 / (27) 3348-5444


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30<br />

ENTREVISTA<br />

Artroscopia: uma revolução na Ortopedia<br />

Dr. Marcelo Augusto Soneghet Pimentel<br />

CUIDE-SE<br />

Por que todos nós vamos ter catarata?<br />

Dr. César Ronaldo Filho<br />

EM FOCO<br />

AVC: atendimento especializado e rápido reduz e evita sequelas<br />

Dr. leandro de Assis Barbosa<br />

BEM ME QUER<br />

Aspectos psicológicos dos familiares dos pacientes internados em UTI Infantil<br />

Psicóloga Mariane de Freitas Cordeiro<br />

GESTÃO EM SAÚDE<br />

Conformidade legal e arquitetura hospitalar<br />

Arquiteta Mariluz Gomez Esteves<br />

PROGRESSOS DA MEDICINA<br />

Cirurgia cardíaca por vídeo<br />

Dr. Assad Miguel Sassine<br />

ARTIGO MÉDICO<br />

Avanços no tratamento do câncer de pâncreas<br />

Dr. Vinicius Gomes da Silveira e<br />

Dr. Cristiano Drumond Magalhães<br />

ESTUDO CIENTÍFICO<br />

Segurança e qualidade hospitalar – controle da disseminação de VRE em UTI<br />

Drª Cristiana Costa Gomes<br />

RELATO DE CASO<br />

Gangrena de Fournier<br />

Fernando Henrique R. A. dos Santos, Diogo l. Sandoval, Diego F. Franco, Guilherme l.<br />

Badke (estudantes da Emescam) - Álvaro A. C. de Morais, Alvino J. Guerra e Maria das<br />

Graças S. Mattede (professores da Emescam)<br />

INSTITUCIONAL<br />

Acolhimento com Classificação de Risco<br />

Enfermeira Rochele Viana Gomes<br />

ESPAÇO ACADÊMICO<br />

Análise dos resultados de histopatologia das vesículas biliares de pacientes<br />

submetidos a colecistectomias em um hospital filantrópico de <strong>Vitória</strong><br />

Déborah M. de Vasconcelos (Estudante de Medicina da Emescam)<br />

DESAFIO DIAGNÓSTICO<br />

Massa Suprarrenal<br />

Dr. Guilherme Crespo<br />

NEWS<br />

SUMÁRIO


ENTREVISTA<br />

Dr. Marcelo Augusto Pimentel e colegas de equipe<br />

VAH – Como se define a artroscopia?<br />

Marcelo Augusto Pimentel – Originária<br />

do grego, a palavra artroscopia significa<br />

olhar dentro da articulação. Na área médica,<br />

a artroscopia é uma técnica que nos<br />

permite corrigir lesões nas articulações,<br />

introduzindo uma microcâmera em pequenas<br />

incisões na pele. Ela transmite as<br />

imagens para uma tela de vídeo, mostrando<br />

toda a cavidade articular e suas estruturas.<br />

Com essa visão, podemos introduzir<br />

outros instrumentos, também pelos<br />

pequenos cortes na pele, e tratar as lesões<br />

encontradas com mínima agressão.<br />

Cada vez mais, a tecnologia<br />

revoluciona as atividades médicas. A<br />

artroscopia é um exemplo, permitindo<br />

cirurgias minimamente invasivas em<br />

joelhos e ombros. Quais as vantagens<br />

desse procedimento? As vantagens<br />

são inúmeras. A artroscopia possibilita<br />

fazer tudo o que se fazia com a cirurgia<br />

aberta convencional, como desbastar<br />

o osso, reconstruir ligamentos, suturar<br />

tendões, retirar corpos estranhos e<br />

pedaços de ossos sem o inconveniente<br />

de grandes cortes. Por ser minimamente<br />

invasiva, a artroscopia resulta em uma<br />

menor agressão cirúrgica ao paciente e<br />

Artroscopia: uma<br />

revolução na Ortopedia<br />

Dr. Marcelo Augusto Soneghet Pimentel<br />

Médico formado pela Ufes em 1995 e pós-graduado em Ortopedia pela UFMG entre<br />

1996 e 1999, Marcelo Augusto Soneghet Pimentel especializou-se em cirurgias de ombro,<br />

joelho e cotovelo na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. Atualmente,<br />

trabalha no <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong>, onde comanda uma equipe que vem adotando procedimentos<br />

cirúrgicos pioneiros no Espírito Santo na área de Ortopedia.<br />

Membro do Comitê de Ética, Honorários Médicos e Defesa Profissional da Sociedade<br />

Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional Espírito Santo (SBOT-ES), ele fala<br />

nesta ent<strong>revista</strong> sobre as vantagens e os avanços na artroscopia, cirurgia feita nas<br />

articulações por meio de vídeo, dispensando os tradicionais cortes e permitindo uma<br />

rápida recuperação dos pacientes.<br />

permite uma visão “limpa” da articulação<br />

operada, com muito mais riqueza de<br />

detalhes do que na cirurgia aberta. Em<br />

consequência, os índices de infecção<br />

e a dor pós-operatória são menores. A<br />

recuperação e a reabilitação do paciente<br />

também são mais rápidas. Ele pode voltar<br />

às suas atividades mais cedo. Com uma<br />

cirurgia por meio da artroscopia, o prazo<br />

de recuperação diminui em dois a três<br />

meses. Alguns procedimentos podem ser<br />

feitos até mesmo em regime ambulatorial.<br />

A artroscopia é usada só em cirurgias<br />

ou tem outras finalidades? Ela também<br />

pode ser usada como técnica de diagnóstico,<br />

pois visualiza a articulação com<br />

microcâmeras e permite a retirada de tecidos<br />

para biópsia, sendo útil para doenças<br />

reumatológicas e também em casos de<br />

suspeita de infecção.<br />

Essa tecnologia tem avançado? De<br />

que forma? Os maiores avanços estão<br />

na qualidade dos instrumentais e dos implantes<br />

– como pinças, âncoras e parafusos<br />

para ligamentos – que são desenvolvidos<br />

cada vez mais para assim obtermos<br />

melhores resultados e menor agressão/<br />

tempo cirúrgico. As cirurgias estão cada<br />

vez mais rápidas. Progressivamente, foram<br />

desenvolvidas técnicas e instrumentais<br />

(como também implantes) para se<br />

tratar todas as grandes e médias articulações<br />

do corpo humano. Antes, a artroscopia<br />

era aplicada somente no ombro e<br />

no joelho. Hoje, ela é também muito usada<br />

em punho, quadril, cotovelo, coluna e<br />

tornozelo. Uma das novidades é a realização<br />

desse procedimento cirúrgico para os<br />

dedos e articulação temporo-mandibular<br />

(pequenas articulações). Essa técnica já<br />

vem sendo praticada em outros países.<br />

Em quais situações a artroscopia é indicada?<br />

Ela é indicada para o tratamento<br />

de lesões articulares, desde que haja a<br />

possibilidade de o problema ser resolvido<br />

de maneira minimamente invasiva. O<br />

profissional, estando treinado e preparado,<br />

realiza a artroscopia com sucesso,<br />

resolvendo em parte ou por completo o<br />

problema do paciente. No geral, pode-se<br />

ainda fazer artroscopia para a retirada de<br />

corpos estranhos e de corpos livres (objetos<br />

estranhos ao corpo, como um bala de<br />

revólver) em todas as articulações, como<br />

também no auxílio do tratamento de fraturas<br />

intra-articulares. A retirada desses corpos<br />

livres ou estranhos pela artroscopia<br />

4 VITÓRIA APART PROGRESS


contribui para atenuar ou retardar o surgimento<br />

da artrose nesses casos, já que as<br />

lesões cartilaginosas que podem se desenvolver<br />

com tais fragmentos dentro das<br />

articulações favorecem o aparecimento<br />

da doença com o decorrer do tempo.<br />

Quais são os casos mais comuns de<br />

uso da artroscopia? Os casos mais comuns<br />

são nas lesões de menisco (joelho),<br />

lesões da cartilagem e na reconstrução<br />

dos ligamentos cruzados. Creio que 60%<br />

dos casos de cirurgias artroscópicas são<br />

de meniscos, envolvendo desde atletas até<br />

cidadãos comuns. Depois dos joelhos, a<br />

demanda maior é por artroscopia nos ombros,<br />

em casos de luxação, lesões labrais,<br />

lesões dos tendões do manguito rotador<br />

(conhecido popularmente como bursite),<br />

capsulite adesiva e tendinite calcárea. Em<br />

seguida, vêm as lesões ligamentares e da<br />

cartilagem do tornozelo. No cotovelo, a<br />

técnica é bastante usada em lesões ligamentares<br />

e da cartilagem, além da epicondilite<br />

lateral ou medial crônica. No quadril,<br />

os maiores registros são nas lesões labrais<br />

e de cartilagem, além do tratamento do impacto<br />

femoroacetabular.<br />

Os equipamentos usados na artroscopia<br />

são os mesmos para qualquer articulação?<br />

Em geral, são os mesmos, mudando<br />

apenas os tamanhos das pinças e<br />

das óticas de acordo com a articulação a<br />

ser operada. Também existem implantes<br />

específicos para cada articulação.<br />

Geralmente, esse tipo de cirurgia<br />

exige muita experiência e estudos.<br />

Existem dificuldades de se encontrar<br />

profissionais habilitados para isso? A<br />

artroscopia é uma técnica difícil e exige<br />

muito treinamento. Não é fácil movimentar<br />

a mão no espaço de uma articulação enquanto<br />

se olha para a imagem numa tela.<br />

É preciso ter, no mínimo, cinco anos de<br />

curva de aprendizado em cirurgia artroscópica<br />

para poder realizá-la com segurança.<br />

Os estudos têm que ser constantes,<br />

devendo o profissional participar de<br />

congressos, jornadas e cursos. É preciso<br />

buscar informação sobre as tecnologias<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

“<br />

A artroscopia é uma<br />

técnica difícil e exige<br />

muito treinamento.<br />

Não é fácil movimentar<br />

a mão no espaço<br />

de uma articulação<br />

enquanto se olha para<br />

a imagem numa tela<br />

“<br />

desenvolvidas e os implantes que surgem<br />

e se inovam a cada dia. Não existe dificuldade<br />

em se encontrar profissionais treinados<br />

em técnicas artroscópicas no Brasil,<br />

principalmente nos grandes centros.<br />

Como o Espírito Santo se situa nos<br />

avanços da artroscopia em relação a<br />

outros centros brasileiros? <strong>Vitória</strong> tem<br />

uma equipe de ortopedistas que não deve<br />

nada a nenhum outro Estado brasileiro ou<br />

até mesmo no exterior. Cidades como Cachoeiro<br />

de Itapemirim, linhares e Colatina<br />

também têm profissionais habilitados.<br />

Assim como os médicos, a maioria dos<br />

grandes hospitais no Espírito Santo está<br />

devidamente equipada e preparada para<br />

realizar qualquer tipo de cirurgia artroscópica.<br />

Quais seriam os próximos avanços da<br />

ciência nessa área? O que poderá surgir,<br />

na Ortopedia de uma maneira geral, é<br />

a cura das lesões da cartilagem articular,<br />

porque os tratamentos de hoje ainda são<br />

considerados paliativos. É o caso da artrose.<br />

A demanda é muito grande nessa<br />

área em todo o mundo. Existem pesquisas<br />

já em desenvolvimento que apontam<br />

para uma grande possibilidade de<br />

se curar lesões da cartilagem em graus<br />

iniciais, impedindo que ela evolua para a<br />

artrose, o que é comum acontecer. A artrose<br />

representa um dos maiores custos<br />

com Medicina em todos os países.<br />

Pioneirismo<br />

em cirúrgias<br />

ortopédicas no<br />

Estado<br />

Médico do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong>,<br />

o ortopedista Marcelo Augusto Pimentel<br />

é especializado em artroscopia<br />

e uma referência em técnicas<br />

inovadoras na área das próteses.<br />

Ele é responsável por cirurgias ortopédicas<br />

inéditas no Espírito Santo,<br />

como a implantação de modalidades<br />

de próteses até então nunca<br />

realizadas no solo capixaba. Um<br />

desses pioneirismos aconteceu<br />

em janeiro de 2007, no <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong><br />

<strong>Hospital</strong>, quando comandou uma<br />

operação de prótese total de cotovelo.<br />

Mais recentemente, em janeiro de<br />

2010, Marcelo Augusto Pimentel<br />

comandou outra cirurgia inédita: a<br />

chamada “prótese reversa de ombro”,<br />

procedimento empregado em<br />

tratamento de lesões irreparáveis<br />

nos tendões do ombro (manguito<br />

rotador). O procedimento é uma<br />

nova esperança para aqueles pacientes<br />

que sentem dores incapacitantes<br />

na região do ombro e que<br />

já tiveram esgotadas todas as possibilidades<br />

de tratamento, incluindo<br />

a artroscopia.<br />

A técnica é nova no Brasil, empregando<br />

um princípio biomecânico<br />

diferente. Enquanto nas outras próteses<br />

é necessária a força de vários<br />

músculos, a prótese reversa do ombro<br />

depende apenas do músculo<br />

deltóide. Além de se livrar das dores<br />

crônicas, o paciente consegue recuperar<br />

de 50% a 70% dos movimentos<br />

dos ombros, podendo mover<br />

o braço para levantar um copo<br />

de água ou escovar os dentes.<br />

5


CUIDE-SE<br />

Por que todos nós vamos ter catarata?<br />

Com certeza o título deste artigo é<br />

exagerado quando diz que todos nós<br />

vamos ter catarata. Porém, se foi por<br />

causa dele que você resolveu continuar<br />

lendo, ele já cumpriu um primeiro objetivo.<br />

Apesar de ser um pouco exagerado,<br />

o título não está muito longe da<br />

realidade. A catarata acomete grande<br />

parte da população, é muito mais frequente<br />

em pacientes acima de 65 anos<br />

e pode acometer 85,6% da população<br />

acima de 80 anos, segundo alguns estudos.<br />

Mais raramente pode afetar pessoas<br />

jovens e até crianças.<br />

Mas o que é a catarata? Para explicar<br />

de uma forma didática, vamos comparar<br />

o olho com uma máquina fotográfica,<br />

que possui as lentes e o filme. O<br />

olho tem um filme fotográfico, que é<br />

“<br />

Com o tempo,<br />

o cristalino perde a<br />

transparência e inicia<br />

um processo de<br />

opacificação,<br />

que pode variar<br />

de alguns dias até<br />

vários anos<br />

“<br />

a retina, localizada no fundo do olho,<br />

responsável pela captura das imagens<br />

enviadas ao cérebro. Duas lentes principais,<br />

a córnea e o cristalino, são responsáveis<br />

pelo foco das imagens sobre<br />

a retina.<br />

É justamente no cristalino, uma lente<br />

espessa e transparente que está localizada<br />

no interior do olho e logo atrás<br />

da pupila, que teremos a catarata. O<br />

processo de envelhecimento dessa<br />

lente que vai levar à catarata. O cristalino,<br />

além de responsável pelo foco das<br />

imagens, também serve como barreira<br />

de proteção para alguns tipos de radiação<br />

luminosa, entre eles os raios UV<br />

(Ultravioleta), principalmente os raios<br />

infravermelhos. Essa característica do<br />

cristalino é importante para evitar que a<br />

retina fique exposta aos raios danosos.<br />

Com o tempo, o cristalino perde a transparência<br />

e inicia um processo de opacificação,<br />

que pode variar de alguns<br />

dias (no caso das cataratas traumáticas)<br />

até vários anos, como é o caso da<br />

catarata senil, tipo mais comum e normalmente<br />

presente nos pacientes acima<br />

de 65 anos. Essa opacificação leva<br />

a uma perda gradual e irreversível da<br />

visão, caso não seja realizada cirurgia<br />

para a retirada do cristalino doente e<br />

substituição por uma lente intraocular.<br />

A cirurgia de catarata é hoje a mais<br />

realizada no mundo. É mais frequen-<br />

te que qualquer outro procedimento<br />

cirúrgico, haja vista a incidência e a<br />

prevalência da doença na população.<br />

A intervenção, atualmente, pode variar<br />

dependendo da técnica utilizada,<br />

Técnica de facoemulsificação<br />

O tamanho da incisão<br />

Pode variar de 6,0mm até 1,2mm,<br />

dependendo do tipo de equipamento<br />

utilizado na cirurgia e do modelo<br />

de lente a ser implantada.<br />

O modelo de lente<br />

a ser implantado<br />

Pode ser desde lentes padrões até<br />

lentes multifocais personalizadas que<br />

se adaptam à necessidade visual de<br />

cada paciente.<br />

A sutura<br />

Dependendo do tamanho da incisão,<br />

não há a necessidade de sutura, pois<br />

a arquitetura da incisão é chamada<br />

de autoselante.<br />

O tipo de anestesia<br />

Pode ser feita por meio de bloqueio<br />

(injeção de anestésico ao peribulbar)<br />

ou tópica (com uso de colírio apenas).<br />

6 VITÓRIA APART PROGRESS


apesar de a de facoemulsificação ser<br />

a mais adotada. Mesmo a faco, como é<br />

mais conhecida entre os cirurgiões de<br />

catarata, pode ter algumas variações.<br />

Essas características da cirurgia vão<br />

determinar, principalmente, o tempo de<br />

recuperação do paciente, que pode variar<br />

de alguns dias até dois meses, em<br />

média, dependendo da técnica utilizada<br />

e da recuperação individual de cada paciente.<br />

A catarata é, hoje, um problema bastante<br />

comum em certas camadas da<br />

população e conta com um tratamento<br />

eficaz. A cirurgia, apesar de ter se modernizado<br />

bastante nas últimas décadas,<br />

com a melhora das técnicas, dos<br />

equipamentos e das lentes a serem implantadas,<br />

continua bastante complexa<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

e é considerada segura desde que feita<br />

no momento certo. As medidas para<br />

se tentar evitar a formação precoce da<br />

catarata já são muito conhecidas pela<br />

população em geral. Consistem basicamente<br />

no uso de proteção ocular<br />

contra os agentes causadores como<br />

radiações Infravermelhas e Ultravioleta<br />

(UV).<br />

Essa proteção pode ser facilmente conseguida<br />

com o uso de lentes escurecidas<br />

com os filtros adequados. Portanto,<br />

não deixe de usar óculos escuros<br />

e consulte seu oftalmologista regularmente.<br />

Dr. Cesar Ronaldo Filho<br />

Oftalmologista do Instituto<br />

de Olhos do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

“ A opacificação leva<br />

a uma perda gradual<br />

e irreversível da<br />

visão, caso não seja<br />

realizada cirurgia<br />

para a retirada do<br />

cristalino doente e<br />

substituição por uma<br />

lente intraocular.<br />

“<br />

7


EM FOCO<br />

AVC: atendimento especializado<br />

e rápido reduz e evita sequelas<br />

O Acidente Vascular Cerebral (AVC),<br />

popularmente chamado de derrame ou<br />

trombose cerebral, é a maior causa de<br />

morte no Brasil e a principal causa de lesão<br />

permanente (sequela, incapacidade)<br />

em adultos, ocorrendo em um em cada<br />

1000 habitantes por ano. O AVC pode ser<br />

hemorrágico, quando um vaso se rompe<br />

e o sangue extravasa, ou isquêmico<br />

(80% dos casos), em que uma obstrução<br />

de uma artéria bloqueia o fluxo de sangue<br />

que deveria irrigar uma determinada<br />

região, com “perda” de seu funcionamento.<br />

Atualmente, o AVC é considerado uma urgência<br />

médica, devendo ser dada ênfase<br />

ao seu conceito e entendimento, para um<br />

maior reconhecimento pela população e<br />

manejo mais apropriado. O primeiro passo<br />

para permitir o tratamento do AVC é<br />

o reconhecimento dos sinais e sintomas<br />

mais comuns, que variam conforme a<br />

parte do sistema nervoso atingida. Geralmente,<br />

surge de forma repentina, e a<br />

perda de tempo para a abordagem dos<br />

pacientes significa pior evolução e prognóstico.<br />

Um episódio curto de sintomas é chamado<br />

de Ataque Isquêmico Transitório (AIT).<br />

Dura menos de 24 horas, normalmente<br />

entre 5 e 20 minutos. Um ou mais desses<br />

ataques precedem quase 60% de todos<br />

os AVCs e 10% dos pacientes apresentam<br />

um AVC definitivo em uma semana,<br />

devendo ser reconhecido, pois podemos<br />

preveni-lo, sendo este um “aviso”. Os<br />

principais sintomas de AVC são: fraqueza<br />

ou dormência numa parte do corpo,<br />

dificuldade em falar, compreender, ler ou<br />

escrever, piora súbita na visão, dor de<br />

cabeça fora do comum, vômitos, visão<br />

dupla, desequilíbrio, vertigem e tontura,<br />

convulsão, desmaio ou sonolência, e rigidez<br />

na nuca.<br />

A parte central (escura) representa área de isquemia definitiva. A área rosa (seta) indica penumbra isquêmica (área<br />

em sofrimento), capaz de recuperação com terapia trombolítica<br />

Para diagnosticar um derrame, o neurologista<br />

utiliza exames de imagem do cérebro:<br />

Tomografia Computadorizada (TC)<br />

e/ou a Imagem de Ressonância Magnética<br />

(IRM). Além desses, outros exames<br />

podem ser usados para procurar uma<br />

fonte de coágulos sanguíneos. Entre<br />

eles, eletrocardiograma (ECG), radiografia<br />

do tórax, ultrassonografia Doppler<br />

(também chamado Doppler de carótida)<br />

e ecocardiograma.<br />

O tratamento de suporte, baseado no de<br />

complicações pulmonares e cardiovasculares,<br />

era, até recentemente, o único<br />

disponível para muitos pacientes. Devido<br />

à falta de opções de tratamento para alterar<br />

o curso da doença, pouca ênfase<br />

era dada à necessidade de intervenção.<br />

Atualmente, o aparecimento de algumas<br />

medicações e o desenvolvimento de técnicas<br />

cirúrgicas mais avançadas e criteriosas<br />

possibilitam diminuir a lesão neurológica<br />

e reduzir ou até evitar sequelas.<br />

O sucesso do tratamento<br />

depende de:<br />

1. Educação dos pacientes de risco<br />

(hipertensão arterial, diabetes, cardiopatia,<br />

etc).<br />

2. Reconhecimento precoce dos<br />

sinais e sintomas de AVC.<br />

3. Transporte rápido ao hospital.<br />

4. Existência de setores especializados<br />

no tratamento dessa doença nos<br />

hospitais de referência (Unidade de<br />

AVC).<br />

5. Acesso a exames especializados<br />

(tomografia, ecodoppler e angiografia),<br />

a medicações especiais e à<br />

equipe de especialistas (neurologista<br />

e neurocirurgião).<br />

8 VITÓRIA APART PROGRESS


No manejo do AVC isquêmico, o tratamento<br />

com medicações trombolíticas<br />

(que dissolvem coágulos) ou dispositivos<br />

de retirada de trombos (coágulos) ainda<br />

não são utilizados rotineiramente no nosso<br />

meio devido à falta de educação específica<br />

na população e mesmo conhecimento<br />

no meio médico.<br />

Sendo esse o tratamento mais efetivo<br />

para o AVC isquêmico, deve ser dado<br />

imediatamente – dentro de três horas depois<br />

que os sintomas começarem, por via<br />

intravenosa (IV), ou até 6 horas, por via<br />

arterial (IA). Pacientes que recebem este<br />

medicamento têm menos sequelas a longo<br />

prazo.<br />

Por isso, é importante que qualquer paciente<br />

com sintomas de AVC procure ou<br />

seja levado a um pronto-socorro, para<br />

avaliação imediata (urgente) por um neurologista.<br />

Apesar de revolucionária, essa<br />

terapia trombolítica exige a seleção cui-<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

Atualmente, o aparecimento de<br />

algumas medicações e o desenvolvimento<br />

de técnicas cirúrgicas mais avançadas e criteriosas<br />

possibilitam diminuir a lesão neurológica<br />

e reduzir ou até evitar sequelas<br />

““<br />

dadosa dos pacientes por especialistas<br />

e infraestrutura adequada. Se aplicada de<br />

forma abrangente, pode resultar em redução<br />

das sequelas e mesmo dos gastos<br />

com o sistema de saúde.<br />

Após o atendimento inicial do AVC isquêmico,<br />

o paciente deve ter acompanhamento<br />

e tratamento adequado de reabilitação,<br />

em unidades apropriadas para<br />

o tratamento (Unidades de AVC), com<br />

equipes multidisciplinares (neurologista,<br />

fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo,<br />

nutricionista, etc).<br />

O AVC deve ser entendido e tratado como<br />

uma urgência médica, em unidades especializadas<br />

para combater a doença que até<br />

então deixava invariavelmente sequelas<br />

permanentes e diversas consequências<br />

para o doente e seus familiares.<br />

Dr. Leandro de Assis Barbosa<br />

PhD – Doutor em Ciências pela Universidade<br />

de São Paulo (USP) Neurocirurgião /<br />

Neurorradiologista Intervencionista do <strong>Vitória</strong><br />

<strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> – Instituto Neurológico do<br />

Espírito Santo – INEST<br />

9


BEM ME QUER<br />

Aspectos psicológicos dos familiares<br />

dos pacientes internados em UTI infantil<br />

Ao entrarmos em uma UTI Infantil encontramos<br />

imagens inquietantes e ao mesmo<br />

tempo importantes. Em um primeiro olhar,<br />

o que mais nos chama a atenção são os<br />

bebês e crianças com seus muitos aparelhos,<br />

seu sofrimento e sua enorme capacidade<br />

em lutar pela vida.<br />

Ao nos distanciarmos desse maior<br />

impacto, deparamo-nos com outras<br />

questões significativas – a equipe<br />

médica, rápida, assertiva, determinada;<br />

a equipe de enfermagem, atenta e<br />

capacitada a executar o que lhes foi<br />

solicitado com urgência e precisão; a<br />

equipe de psicologia, próxima, com<br />

um cuidado outro que não apenas o<br />

do corpo; uma ampla gama de outros<br />

profissionais, como fisioterapeutas,<br />

fonoaudiólogos e especialistas; e ao<br />

lado de tudo isso, a família das crianças<br />

internadas.<br />

Contamos com uma extensa literatura<br />

para nos auxiliar na compreensão das<br />

diversas tramas que percorrem essas relações,<br />

seja no que diz respeito aos contatos<br />

e à comunicação entre todas essas<br />

pessoas, seja a trama psíquica que envolve<br />

os cuidados da equipe e o cuidado da<br />

família; as projeções que fazem parte da<br />

situação de cuidar de uma criança doente<br />

como profissional e cuidar de uma criança<br />

doente como família.<br />

Entretanto, muito dessa literatura baseia-<br />

-se em autores que escreveram há quatro,<br />

cinco ou mais décadas, a partir de<br />

extensas observações de histórias de<br />

bebês e crianças com curtos períodos<br />

de internação, que não necessitaram<br />

utilizar respiradores, medicações para o<br />

amadurecimento do pulmão, ou permanecer<br />

por muitos meses em hospitais devido<br />

a um acidente automobilístico.<br />

Mural elaborado pela equipe de Psicologia da Perinatal <strong>Vitória</strong>, com e-mails e desenhos enviados por uma família<br />

Essas crianças permaneciam afastadas<br />

de seus pais e familiares, por motivos<br />

variados, fossem esses baseados em teorias<br />

higienistas, por medo de infecções<br />

e até por descrença na possibilidade de<br />

que a família, principalmente a mãe, tivesse<br />

condições de participar dos cuidados<br />

com o seu filho num hospital. Com o tempo,<br />

o olhar focado na criança exige que<br />

seu entorno seja cuidado e seus cuidadores<br />

acolhidos. Pierre Budin, pediatra, já<br />

afirmara, após sua vasta experiência, que<br />

“de nada adiantava salvar um bebê se a<br />

mãe fosse perdida”. Já apontava que esta<br />

era uma figura fundamental nessa situação.<br />

Por um tempo isso ficou esquecido.<br />

Os estudos enfatizam que a ausência<br />

da família e, em especial da mãe, pode<br />

provocar uma série de dificuldades emocionais,<br />

pois o maior malefício inerente a<br />

esse processo se refere à separação da<br />

criança doente de sua mãe, justamente<br />

em um momento de crise, determinado<br />

pela doença, em que a criança necessita<br />

de apoio e carinho materno. Assim, o objetivo<br />

do atendimento da equipe de saúde<br />

deve seguir o princípio de minimizar o sofrimento<br />

da criança, promovendo-lhe saúde<br />

e fazendo dela um elemento ativo no<br />

processo. Uma das formas de minimizar<br />

esse sofrimento é a valorização das relações<br />

familiares, permitindo a presença<br />

dos pais durante a internação e incluindo<br />

a família ampliada neste contexto.<br />

10 VITÓRIA APART PROGRESS


Acompanhantes<br />

e visita da família<br />

ampliada<br />

Na Clínica Perinatal <strong>Vitória</strong> – UTI Infantil e<br />

Maternidade –, o acompanhamento intensivo<br />

dos pais é extremamente importante<br />

e valorizado pela equipe de saúde. Eles<br />

são acompanhantes e não visitantes.<br />

Na ala pediátrica, eles são estimulados a<br />

permanecerem por 24 horas ao lado de<br />

seu filho, horário restringido apenas caso<br />

este necessite de suporte para respirar e<br />

sedação, como nos casos de cirurgia cardíaca,<br />

por exemplo.<br />

“<br />

Hoje, os estudos<br />

enfatizam que a<br />

ausência da família<br />

e, principalmente da<br />

mãe, durante a fase de<br />

hospitalização, pode<br />

provocar uma série de<br />

dificuldades emocionais<br />

“<br />

Na ala neonatal, onde estão internados os<br />

bebês recém-nascidos, o casal pode permanecer<br />

durante todo o dia, pois entendemos<br />

que ambos, mas principalmente<br />

a mãe, devem descansar durante a noite,<br />

para que o nível de estresse não interfira<br />

no processo de amamentação e vinculação<br />

com o bebê, pois estes são fundamentais<br />

na constituição deste novo ser.<br />

Já avós, tios e amigos íntimos da família<br />

são convidados a visitar a criança internada<br />

diariamente, de forma a compreenderem<br />

e darem suporte aos pais neste momento<br />

delicado. Além disso, essas visitas<br />

são bastante importantes e estimulantes,<br />

no caso de crianças mais velhas.<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

A mãe Josenite Matos<br />

cuidando de Guilherme,<br />

na UTI Neonatal<br />

A internação de uma criança afeta,<br />

desde seu início, todos os membros<br />

da família. Inclusive os irmãos,<br />

que muitas vezes passam dias sem<br />

compreender o que está acontecendo,<br />

independente da idade. Diante<br />

de sua ansiedade, somada a de<br />

sua família, estes podem apresentar<br />

distúrbios de sono, alimentação,<br />

dificuldades na escola e de relacionamento,<br />

principalmente se a internação<br />

se torna prolongada.<br />

O cuidado da saúde mental dos<br />

irmãos deve permitir que estes se<br />

sintam bem-vindos na UTI Infantil<br />

para que enfrentem a situação com<br />

segurança junto a seus pais.<br />

Na Perinatal <strong>Vitória</strong>, a visita é agendada<br />

pelo serviço de Psicologia,<br />

conforme a disponibilidade da família.<br />

É realizada a escuta individual<br />

do irmão, por meio de recursos,<br />

e a seguir a criança é convidada a<br />

A visita dos irmãos<br />

entrar na Unidade. Não há tempo<br />

de permanência definido. Ela é estimulada<br />

a tocar e conversar com o<br />

irmão, contar estórias e desenhar,<br />

conforme a idade. Novas visitas são<br />

realizadas de acordo com a sua demanda.<br />

As reações dos pais quanto à repercussão<br />

da visita são muito satisfatórias,<br />

estando relacionadas à<br />

diminuição ou à supressão dos sintomas<br />

na criança que está em casa<br />

e até ao alívio na angústia dos pais,<br />

que, devido à dificuldade da situação,<br />

não sabem como lidar com os<br />

outros filhos.<br />

O melhor resultado é observado nas<br />

próprias crianças internadas. Elas<br />

mostram-se mais seguras e confiantes,<br />

fatores que contribuem para<br />

uma recuperação mais rápida e efetiva,<br />

o que tanto a família quanto a<br />

equipe de saúde desejam.<br />

Mariane de Freitas Cordeiro | Psicóloga | Perinatal <strong>Vitória</strong> Uti Infantil e<br />

Maternidade no <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> | CRP 16/1490<br />

11


GESTÃO EM SAÚDE<br />

Conformidade legal e arquitetura hospitalar<br />

Neste momento de retomada de investimentos<br />

em geral, o setor de saúde tem<br />

se beneficiado com projetos e obras de<br />

edificações hospitalares. Este cenário<br />

de muitas oportunidades é, também, de<br />

grandes desafios para os profissionais<br />

de projeto que atuam nesse setor.<br />

O maior desafio é, sem dúvida, o atendimento<br />

da conformidade legal. Já<br />

vai longe o tempo em que era possível<br />

elaborar um projeto de edifício de saúde<br />

e só na fase da aprovação ter contato<br />

com a legislação sanitária.<br />

Os arquitetos hospitalares, coordenadores<br />

de projeto, devem conhecer a<br />

legislação sanitária, o funcionamento<br />

dos hospitais, os fluxos que serão gerados<br />

e condicionados pela arquitetura,<br />

as regras da Acreditação <strong>Hospital</strong>ar, as<br />

tendências de crescimento destes edifícios<br />

e a inter-relação entre os diversos<br />

subsistemas que vão formar o mesmo.<br />

Na atualidade, um bom edifício de<br />

saúde será resultado de uma tomada<br />

de decisão que considere as condicionantes<br />

legais a serem atendidas para o<br />

funcionamento do negócio proposto e<br />

da presença de um arquiteto coordenador<br />

ou gerente de projeto.<br />

O alto custo das obras, cronogramas<br />

apertados e a necessidade de cumprir<br />

o planejamento preestabelecido<br />

exigem o conhecimento do conjunto de<br />

projetos (estrutural, elétrico, hidráulico,<br />

de condicionante ambiental e outros)<br />

e o domínio do processo de trabalho,<br />

condição sine qua non do bom andamento<br />

das obras, e consequentemente,<br />

fator de prevenção de futuro retrabalho.<br />

É preciso tratar a obra hospitalar<br />

como são tratadas as grandes<br />

obras de engenharia, praticando a<br />

interdependência entre os projetistas e<br />

a cobrança (justa e pertinente) de cada<br />

uma das responsabilidades técnicas.<br />

Diferentemente do que ocorria no<br />

passado, torna-se cada dia mais difícil<br />

deixar questões de coordenação de<br />

projetos, detalhamento, acabamento,<br />

especificação de materiais e outras<br />

para serem resolvidas na obra. Ou seja,<br />

não é possível alcançar a conformidade<br />

legal sem buscar a responsabilidade<br />

profissional e legal de cada um dos<br />

envolvidos na tarefa.<br />

Há poucos dias, ocorreu um fato que<br />

pode ajudar a ilustrar essa questão: um<br />

hospital novo, de média complexidade,<br />

construído dentro dos melhores padrões<br />

sanitários e arquitetônicos, foi autuado<br />

pela vigilância sanitária por estar<br />

realizando atividades típicas de farmacotécnica<br />

nas dependências de uma<br />

farmácia convencional projetada para<br />

fazer apenas dispensação de medicamentos.<br />

Ou seja, havia um desencontro entre<br />

o objetivo inicial da farmácia e a sua<br />

utilização. Do ponto de vista legal,<br />

o projetista errou ou o farmacêutico<br />

responsável desconhecia os limites<br />

que o espaço físico impunha à sua<br />

atividade?<br />

Responsáveis legais, em todos os<br />

níveis, devem estar cientes das<br />

suas responsabilidades e dos seus<br />

limites, atuando de acordo com as<br />

melhores práticas de suas profissões.<br />

O farmacêutico daquele hospital<br />

desconheceu suas limitações, não<br />

as comunicou à chefia superior e<br />

assumiu responsabilidades além das<br />

possibilidades efetivas de trabalho.<br />

Esse exemplo ilustra a realidade atual:<br />

o setor de saúde no Brasil, de forma<br />

extensiva, está saindo do amadorismo<br />

e se profissionalizando por meio do trabalho<br />

especializado, coordenado, objetivo,<br />

respeitando os limites legais e pro-<br />

Mariluz Gomes Esteves é arquiteta<br />

fissionais. Interessante é que o setor de<br />

saúde já funciona dessa forma quando<br />

o assunto é atender aos pacientes, não<br />

havendo dúvida sobre a responsabilidade<br />

técnica de cada profissional de<br />

saúde frente aos pacientes atendidos.<br />

O desafio de gerir os recursos físicos e<br />

tecnológicos necessários à prestação da<br />

assistência à saúde passa cada vez mais<br />

pela necessidade de profissionalização<br />

no trato dos problemas físicos dos<br />

hospitais, frequentemente delegado<br />

a pessoas sem formação ou com<br />

formação duvidosa, e só será alcançado<br />

através da gestão eficaz do trabalho<br />

profissional e multidisciplinar.<br />

O problema é que, na mesma dimensão<br />

que o trabalho multidisciplinar é<br />

necessário, os profissionais de uma<br />

maneira geral teimam em defender seus<br />

territórios e ignorar o dos outros, esperando<br />

que alguém coordene o caos<br />

resultante de tantas cabeças pensando<br />

sobre um mesmo objeto.<br />

Minha experiência profissional tem<br />

demonstrado que, para garantir qualidade,<br />

vigor e conformidade legal aos<br />

projetos, é preciso estar disposto a trabalhar<br />

em equipes multidisciplinares,<br />

melhorar soluções, antecipar conflitos<br />

resultantes da sobreposição dos sub-<br />

12 VITÓRIA APART PROGRESS


sistemas de engenharia que definem a<br />

edificação e manter os colegas informados<br />

sobre as novas soluções em cada<br />

área de projeto.<br />

É fundamental melhorar, dessa forma, a<br />

qualidade dos novos projetos, e introduzir<br />

nas obras ainda em andamento<br />

inovações que vão reduzir a obsolescência<br />

(tecnológica ou legal) das<br />

edificações, o que muitas vezes ocorre<br />

antes da entrega da obra.<br />

Finalizando, estou convicta de que o futuro<br />

para o edifício hospitalar passa pelo<br />

trabalho multidisciplinar, como também<br />

acredito que não possa existir trabalho<br />

multidisciplinar sem colaboração e coordenação<br />

entre os diversos parceiros.<br />

Mariluz Gomez Esteves<br />

Arquiteta<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

SOBRE A AUTORA<br />

FORMAÇÃO | Arquiteta – Curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília –<br />

Universidade de Brasília. (1976/1982).<br />

Especialista em Arquitetura do Sistema de Saúde – Convênio Universidade de Brasília /<br />

Ministério da Saúde / Organização Mundial de Saúde. (1982).<br />

Mestre em Administração de Negócios pela Universidade Estadual de londrina. (2002/2005).<br />

ATIVIDADES PROFISSIONAIS EM EXERCÍCIO | Diretora Executiva da empresa “Pró-<br />

Saúde” – Profissionais Associados em Saúde, de sua propriedade, com sede em londrina<br />

(PR).<br />

Professora convidada do curso de especialização em Arquitetura do Sistema de Saúde da<br />

Universidade Federal da Bahia.<br />

Consultora da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, por meio da gerenciadora<br />

de projetos Concremat.<br />

Membro do Colégio Brasileiro de Administradores <strong>Hospital</strong>ares e na continuidade da<br />

Federação Brasileira de Administradores <strong>Hospital</strong>ares desde 30 de maio de 1994.<br />

ÁREA DE ATUAÇÃO | Gestão de recursos físicos, tecnológicos e financeiros das<br />

organizações de saúde, por meio de atividades de coordenação, planejamento, consultoria e<br />

elaboração de projetos nas áreas de Arquitetura e Administração.<br />

13


PROGRESSOS DA MEDICINA<br />

Desde seu início, em 1896, quando o Dr.<br />

ludwig Rehn suturou, com sucesso, um<br />

ferimento cardíaco, a cirurgia do coração<br />

evolui às custas de desafios e dos desbravadores.<br />

Cerca de cem anos após o<br />

primeiro êxito e vários obstáculos superados<br />

por brilhantes cirurgiões e amantes<br />

do labor, continuamos entusiasmados a<br />

desenvolver uma cirurgia cada vez menos<br />

cruenta, de rápida recuperação, de terapêutica<br />

otimizada e estética aprimorada.<br />

A cirurgia cardiovascular, há alguns anos,<br />

era conhecida por seu pós-operatório<br />

com altas taxas de complicações e óbitos.<br />

Hoje, após muito estudo e aperfeiçoamento<br />

por parte dos cirurgiões e cardiologistas,<br />

no intuito de melhorar esses<br />

números e a despeito da idade mais avançada<br />

e comorbidades mais presentes dos<br />

pacientes, podemos oferecer cirurgias<br />

mais rápidas, eficientes, com menos dor<br />

e de ótima recuperação em período de<br />

tempo reduzido.<br />

Muitos cirurgiões adotaram como rotina a<br />

realização de cirurgias ditas minimamente<br />

invasivas, que compreendem as cirurgias<br />

sem circulação extracorpórea, com minitoracotomias,<br />

ou as cirurgias auxiliadas<br />

por vídeo.<br />

Já com grande experiência nas duas primeiras,<br />

a equipe de cirurgia cardiovascular<br />

Dr. Schariff Moyses empreendeu grande<br />

dedicação em busca de conhecimento e<br />

aprimoramento em cirurgia videoassistida.<br />

Com o auxílio de cirurgiões pioneiros no<br />

País, como o Dr. Robson Poffo, conseguimos<br />

trazer à realidade no Espírito Santo<br />

o que há de mais avançado no mundo,<br />

colocando o nosso Estado em lugar de<br />

destaque no cenário brasileiro em cirurgia<br />

cardiovascular.<br />

Cirurgia cardíaca por vídeo<br />

As cirurgias estão mais rápidas, eficientes, com menos<br />

dor e exigem período menor de recuperação para o paciente<br />

A equipe de cirurgia cardiovascular Dr. Schariff Moyses e o paciente operado: comemoração dos resultados<br />

Nosso primeiro paciente era portador de<br />

comunicação interatrial, patologia congênita<br />

a qual consiste na ausência da membrana<br />

que separa os átrios esquerdo e<br />

direito. A cirurgia durou cerca de quatro<br />

horas, sem intercorrências. O paciente<br />

foi extubado em sala e teve alta da UCO<br />

(Unidade Coronariana) um dia depois da<br />

cirurgia.<br />

O procedimento contou com a colaboração<br />

de vários profissionais e apoio irrestrito<br />

do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong>, tendo sido<br />

uma cirurgia custeada pelo hospital e pela<br />

equipe cirúrgica.<br />

A segunda cirurgia foi realizada em um<br />

paciente portador de patologia mitral de<br />

origem reumática. Foi realizada uma plastia<br />

valvar, também com sucesso. Ambos<br />

os pacientes relataram pouca dor e foram<br />

mobilizados do leito no dia seguinte.<br />

Observamos que, além da qualidade na<br />

recuperação do paciente, o tempo de internação<br />

em UCO e mesmo hospitalar foi<br />

menor, o que também contribuiu para a<br />

diminuição de gastos.<br />

A cirurgia cardíaca videoassistida ainda<br />

está no início de sua caminhada, sendo<br />

oferecida apenas a pacientes portadores<br />

de patologias específicas e devendo ser<br />

realizada em hospitais que contam com<br />

estrutura adequada. Todos esses cuidados<br />

devem ser observados para que uma<br />

cirurgia minimamente invasiva não se torne<br />

maximamente lesiva.<br />

Atualmente, o projeto inclui três pacientes<br />

já aprovados para o procedimento<br />

por vídeo e cerca de dez outros em<br />

propedêutica para aprovação no<br />

protocolo. À semelhança do início da<br />

cirurgia cardiovascular, existem hoje<br />

muitos cirurgiões que, apesar das<br />

mazelas e dificuldades impostas pelo<br />

cotidiano, transformam seu ofício em<br />

amor principalmente às pessoas que<br />

necessitam da terapêutica cardiovascular.<br />

Dr. Assad Miguel Sassine<br />

Cirurgião Cardiovascular da Sociedade<br />

Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e no<br />

<strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

14 VITÓRIA APART PROGRESS


Incidência e Epidemologia | O câncer<br />

de pâncreas ocorre com maior frequência<br />

no sexo masculino do que no feminino e<br />

representa a quarta ou quinta causa de<br />

morte no Brasil por doença relacionada a<br />

câncer. É mais frequente na raça negra. A<br />

maior incidência ocorre entre os 60 a 80<br />

anos de idade. Menos de 2% dos casos<br />

ocorrem em pacientes com menos de 40<br />

anos.<br />

Apresenta-se com incidência diferente de<br />

acordo com a localização anatômica, sendo<br />

60% dos casos com envolvimento da<br />

cabeça do pâncreas, 15%-20% no corpo,<br />

5% na cauda e aproximadamente 40%<br />

multicêntrico.<br />

A taxa de mortalidade é bem próxima da<br />

incidência, demonstrando que as chances<br />

de cura são pequenas.<br />

Patologia | O adenocarcinoma ductal e<br />

suas variantes representam 80% a 90% de<br />

todos os tumores malignos do pâncreas.<br />

Aproximadamente 70% do câncer ductal<br />

cresce na cabeça do pâncreas ou no processo<br />

uncinado.<br />

Outras formas de câncer de pâncreas incluem<br />

o carcinoma de células acinar, que<br />

são mais frequentes na quinta e sétima<br />

décadas e ocorrem como grandes tumorações<br />

no corpo e cauda do pâncreas. O<br />

pancreatoblastoma é uma rara forma de<br />

câncer encontrada usualmente nas crianças.<br />

Tumores não epiteliais de todos os<br />

tipos, incluindo os leiomiossarcomas, li-<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

Avanços no tratamento<br />

do câncer de pâncreas<br />

Dr. Vinicius Gomes da Silveira – Mestre e Doutor em Cirurgia – UFRJ<br />

TCBC, TABTO, TSBCBM, TCBCD – Cirurgia Hepatobiliar e Pancreática –<br />

Coordenador do Programa de Transplante Hepático do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Dr. Cristiano Drumond Magalhães – Oncologista Clínico<br />

TSBOC/AMB – Oncologista do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> – Cirurgia Hepatobiliar e Pancreática<br />

Coordenador do Programa de Transplante Hepático do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

possarcomas, plasmocitomas e linfomas,<br />

que podem desenvolver dentro do pâncreas,<br />

são raros.<br />

Quadro Clínico| O câncer de pâncreas<br />

é um dos tumores mais difíceis de detectar<br />

e diagnosticar devido ao aparecimento<br />

tardio de seus sintomas e da sua localização<br />

anatômica.<br />

Na história clínica, os sintomas mais comum<br />

são a perda de peso, dor, icterícia,<br />

naúsea, vômito, mal-estar, fraqueza e diarreia.<br />

Diagnóstico | O diagnóstico diferen-<br />

ARTIGO MÉDICO<br />

cial do câncer ductal do pâncreas inclui<br />

condições que podem se manifestar<br />

como uma massa sólida no pâncreas,<br />

especialmente na pancreatite aguda e<br />

mais comumente na pancreatite crônica.<br />

Os tumores da ampola de Water e os<br />

colangiocarcinomas distais manifestamse<br />

também com obstrução biliar e icterícia.<br />

Pode ser difícil diferenciar uma lesão<br />

cística neoplásica de uma não neoplásica<br />

do pâncreas baseado em estudos de<br />

imagem não invasivos. O diagnóstico de<br />

lesão cística neoplásica deve ser sempre<br />

considerado em pacientes que possuem<br />

cisto isolado e que não apresentam fatores<br />

de risco para pancreatite, como al-<br />

15


ARTIGO MÉDICO<br />

coolismo, trauma abdominal ou história<br />

prévia de pancreatite aguda ou crônica ou<br />

de doença do trato biliar.<br />

O diagnóstico, no entanto, é baseado<br />

em exames de imagem e exame histopatológico.<br />

Exames de Imagens | Os mais diversos<br />

métodos de imagem são utilizados no diagnóstico<br />

do câncer de pâncreas com a<br />

acurácia diagnóstica de: ultrassonografia<br />

abdominal (sensibilidade 70% e especificidade<br />

85%) ou ultrassonografia endoscópica<br />

(sensibilidade 95% e especificidade<br />

53%), tomografia computadorizada<br />

(sensibilidade 85% e especificidade 90%),<br />

angiografia (sensibilidade 75% e especificidade<br />

80%) e ressonância magnética<br />

com colangiopancreatorressonância (84%<br />

sensibilidade e 97% especificidade).<br />

Cirúrgico | A laparoscopia, procedimento<br />

adotado como rotina em diversos serviços,<br />

pode ser utilizado no estadiamento<br />

das lesões tumorais do pâncreas para<br />

identificar metástases hepática ou implantes<br />

peritoneais. A grande indicação é no<br />

câncer de corpo e cauda em que não está<br />

indicado cirurgia paliativa.<br />

A biópsia é importante para definição<br />

da histogênese e pode ser realizada por<br />

meio da Colangiografia Endoscópica<br />

Retrógrada (CPER), por punção aspirativa<br />

por agulha guiada por ultrassonografia<br />

ou tomografia computadorizada (80% a<br />

90% podem ser realizadas por agulha de<br />

Chiba), por ultrassonografia endoscópica<br />

e por laparotomia (quando não dispomos<br />

dos métodos citados).<br />

Outros Exames | Pacientes com lesões<br />

da cabeça do pâncreas frequentemente<br />

têm níveis elevados de fosfatase alcalina<br />

e bilirrubinas, sugestivos de icterícia<br />

obstrutiva. Outros exames de rotina<br />

geralmente estão normais. Os dois<br />

marcadores tumorais mais utilizados são o<br />

antígeno carcinoembrionário (CEA) e o CA<br />

19.9. Os dois apresentam-se geralmente<br />

elevados na doença avançada, mas<br />

Peça cirúrgica – antro gástrico, duodeno com primeiro segmento jejunal, colédoco e vesícula biliar e gânglios<br />

infelizmente estão em níveis normais<br />

na doença inicial. Além disso, esses<br />

marcadores estão elevados em outras<br />

patologias malignas e mesmo benignas.<br />

Estudos têm demonstrado o valor<br />

preditivo de malignidade, quando uma<br />

massa pancreática é avaliada, para o<br />

CA 19.9, que tem sensibilidade de 81%,<br />

especificidade de 89%, valor preditivo<br />

positivo de 94% e valor preditivo<br />

negativo de 89%. Apresenta também<br />

valor prognóstico, tendo relação com a<br />

ressecabilidade do tumor. Quando os<br />

valores séricos ajustados estão acima<br />

de 150 predizem a irressecabilidade em<br />

88% dos casos. Os níveis elevados de<br />

CA 19.9 que não reduzem após alguns<br />

ciclos de quimioterapia significam pior<br />

prognóstico.<br />

Tratamento Cirúrgico | A cirurgia<br />

constitui, no momento, o melhor<br />

tratamento para o câncer de pâncreas.<br />

A ressecção cirúrgica do tumor e dos<br />

tecidos circunvizinhos é a única terapia<br />

curativa para o câncer de pâncreas.<br />

As opções cirúrgicas para o<br />

câncer de pâncreas incluem a clássica<br />

duodenopancreatectomia (cirurgia de<br />

Whipple), a duodenopancreatectomia<br />

com preservação do piloro, a duodenopancreatectomia<br />

radical ou extendida,<br />

a duodenopancreatectomia total ou a<br />

pancreatectomia distal. O procedimento<br />

cirúrgico a ser utilizado depende da localização<br />

do tumor.<br />

Os tumores localizados na cabeça, processo<br />

uncinado e colo, que representam<br />

aproximadamente 70% dos tumores<br />

pancreáticos, são comumente ressecados<br />

com uma duodenopancreatectomia<br />

com ou sem preservação do piloro e<br />

duodeno proximal. Esses dois procedimentos<br />

têm níveis de morbidade e mortalidade<br />

similares.<br />

A preservação do piloro é tecnicamente<br />

fácil e rápida, mas pode estar asssociada<br />

a um retardo do esvaziamento gástrico.<br />

A via de acesso pode ser feita por<br />

uma incisão mediana xifo transumbilical,<br />

por uma incisão subcostal bilateral ou<br />

por uma incisão subcostal direita. Após<br />

inventário da cavidade, se não identificadas<br />

metástases, inicia-se o procedimento<br />

cirúrgico programado, a duodenopancreatectomia.<br />

A colecistectomia é usualmente realizada<br />

devido ao risco de colecistite<br />

pós-anastomose biliodigestiva. A reconstrução<br />

do trânsito intestinal pós-duodenopancreatectomia<br />

pode ser feita de<br />

várias formas. A mais comum inicia-se<br />

com a anastomose do ducto pancreático<br />

com o jejuno (pancreatojejunostomia<br />

terminolateral), depois com a anastomose<br />

do hepático com o jejuno (hepati-<br />

16 VITÓRIA APART PROGRESS


cojejunostomia terminolateral) e, finalmente,<br />

a anastomose do estômago com<br />

o jejuno (gastrojejunostomia terminolateral)<br />

transmesocólica ou pré-cólica.<br />

A duodenopancreatectomia total deve<br />

ser realizada no carcinoma difuso em<br />

toda a glândula ou nos tumores multicêntricos.<br />

A pancreatectomia distal é realizada<br />

nos tumores de corpo ou cauda<br />

do pâncreas.<br />

Considera-se como tumor de pâncreas<br />

irressecável quando a presença de:<br />

metástase a distância, envolvimento tumoral<br />

da artéria mesentérica superior ou<br />

da veia mesentérica superior, oclusão<br />

da veia porta, invasão do tronco celíaco,<br />

aorta ou da veia cava.<br />

Na impossibilidade da ressecção<br />

curativa, os tumores que acometem a<br />

cabeça do pâncreas com obstrução<br />

biliar e do trânsito intestinal exigem,<br />

Peça cirúrgica aberta mostrando o tumor na cabeça do pâncreas<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

se possível, um procedimento cirúrgico<br />

paliativo que consiste nas derivações<br />

biliar e gástrica.<br />

Uma anastomose biliodigestiva<br />

resolve a obstrução biliar e uma<br />

gastroenteroanastomose resolve a<br />

obstrução duodenal. Nas situações<br />

em que os procedimentos cirúrgicos<br />

paliativos estão contra-indicados, a<br />

obstrução biliar pode ser resolvida por<br />

uma drenagem biliar percutânea ou<br />

através de uma CPER com a colocação<br />

de uma prótese na via biliar. A cirurgia<br />

paliativa não está indicada nos tumores<br />

irresecáveis do corpo ou cauda do<br />

pâncreas.<br />

Complicações da Duodenopancreatectomia<br />

| As complicações cirúrgicas<br />

estão relacionadas com a experiência dos<br />

cirurgiões em centros com grande volume<br />

desses procedimentos. Nesses, a mortalidade<br />

gira em torno de 2% a 4% dos casos.<br />

ARTIGO MÉDICO<br />

A fístula pancreática na anastomose pancreatojejunal,<br />

o abscesso intraperitonea e<br />

o retardo do esvaziamento gástrico são<br />

as complicações mais frequentes. O extravazamento<br />

na anastomose pancreática<br />

com a formação de fístula pancreática<br />

corre em 15% a 20% dos pacientes. A drenagem<br />

adequada permite o fechamento<br />

da fístula em um menor período de tempo.<br />

A fístula biliar é menos frequente que a<br />

fístula pancreática e, com uma drenagem<br />

adequada, cicatriza em pouco tempo. O<br />

retardo do esvaziamento gástrico ocorre<br />

em 15% a 40% dos pacientes e normalmente<br />

resolve com o passar do tempo.<br />

As complicações e a mortalidade tendem<br />

a diminuir na medida em que os<br />

cirurgiões aumentam a experiência com<br />

esse procedimento de alta complexidade.<br />

Clínico| Apesar de a cirurgia ser curativa<br />

em estágios inicias, esses pacientes<br />

17


ARTIGO MÉDICO<br />

continuam tendo prognóstico reservado e<br />

aí entra o tratamento clínico, que é o da<br />

utilização da quimioterapia isolada ou associada<br />

à radioterapia, após a realização<br />

da cirurgia, para diminuir o índice de recidiva<br />

(terapia adjuvante) ou até mesmo<br />

antes da cirurgia, para tornar o tumor<br />

ressecável (terapia neoadjuvante).<br />

Essas terapias são divididas de acordo<br />

com a condição da doença, sendo essa<br />

ressecável, localmente avançada e/ou<br />

metastática. Além dos quimioterápicos,<br />

dispomos hoje de terapia biológica que,<br />

quando associado, aumenta, mesmo que<br />

de pequena monta, o tempo de vida dos<br />

pacientes. (22.8 meses vs 20.2 meses de<br />

sobrevida). No cenário da doença metastática,<br />

no qual a sobrevida média dos<br />

pacientes é da ordem de seis meses, a<br />

utilização da terapia sistêmica tem melhorado<br />

mais a qualidade de vida (diminuição<br />

de sintomas) que propriamente aumentado<br />

o tempo de vida.<br />

Referências Bibliográficas | Regine<br />

W.F., Winter K.W., Abrams R., et al:<br />

RTOG 9704 a phase III study of adjuvant<br />

pre and post chemoradiation (CRT)<br />

5-FU vs. gemcitabine (G) for resected<br />

pancreatic adenocarcinoma. 2006<br />

ASCO Annual Meeting Proceedings<br />

(Post Meeting Edition)J Clin Oncol 24.<br />

(18S): 4007.2006;<br />

Neoptolemos J.P., Stocken D.D.,<br />

Friess H., et al: A randomized trial of<br />

chemoradiotherapy and chemotherapy<br />

after resection of pancreatic cancer. N<br />

Engl J Med 350; 12.<br />

Neuhaus P., Riess H., Post S., et al:<br />

Oettle Deutsche Krebsgesellschaft<br />

(CAO/AIO). CONKO-001: Final results of<br />

the randomized, prospective, multicenter<br />

phase III trial of adjuvant chemotherapy<br />

with gemcitabine versus observation in<br />

patients with resected pancreatic cancer<br />

(PC). J Clin Oncol 26. (15S (May 20<br />

Supplement)): lBA4504.2008;<br />

Neoptolemos J., Buchler M., Stocken<br />

D.D., et al: ESPAC-3(v2): a multicenter,<br />

international, open-label, randomized,<br />

controlled phase III trial of adjuvant<br />

5-fluorouracil/folinic acid (5-FU/FA)<br />

versus gemcitabine (GEM) in patients<br />

with resected pancreatic ductal<br />

adenocarcinoma. J Clin Oncol 27.<br />

(Suppl): 2009;<br />

Impact of chemoradiotherapy after<br />

disease control with chemotherapy<br />

in locally advanced pancreatic<br />

adenocarcinoma in GERCOR phase<br />

II and III studies.Huguet F; Andre T;<br />

Hammel P; Artru P; Balosso J; Selle F;<br />

Deniaud-Alexandre E; Ruszniewski P;<br />

Touboul E; labianca R; de Gramont<br />

A; louvet J Clin Oncol. 2007 Jan<br />

20;25(3):326-31.<br />

18 VITÓRIA APART PROGRESS


ESTUDO CIENTÍFICO<br />

Segurança e Qualidade <strong>Hospital</strong>ar:<br />

controle da disseminação de VRE em UTI de hospital terciário<br />

Resumo |<br />

Introdução | A vancomicina foi utilizada<br />

para tratar infecções sérias por microorganismos<br />

gram-positivos por 30 anos<br />

antes que resistência significativa a ela se<br />

desenvolvesse. Em 1986, a resistência à<br />

mesma foi descrita em dois isolados clínicos<br />

de Enterococcus faecium na França<br />

(1) . Uma década depois, o Enterococo<br />

Resistente à Vancomicina (VRE) se tornava<br />

um problema mundial. (2) .<br />

A prevalência nos Estados Unidos do VRE<br />

gira em torno de 33% dos isolados em<br />

culturas clínicas, maior que em países da<br />

Europa, onde varia entre 13% e 28%. (10) .<br />

No Brasil, Sader et al, publicaram, em<br />

2004, dados de prevalência de resistência<br />

à vancomicina em culturas clínicas<br />

de enterococos na ordem de 7%. (8) Taxas<br />

de incidência de resistência em isolados<br />

clínicos de VRE crescentes foram relatadas<br />

por Medeiros et al em 2005, mostrando<br />

um aumento de 9,5%, em 2000, para<br />

15,8%, em 2002, em hospital universitário<br />

em São Paulo (9) .<br />

A infecção por VRE é apenas o topo do<br />

iceberg; 10 a 20 vezes mais pacientes são<br />

colonizados que infectados. (3) . O crescente<br />

aumento na sua prevalência em hospitais<br />

é preocupante por várias razões:<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

1) A maioria dos isolados de VRE são<br />

concomitantemente resistentes aos antimicrobianos<br />

de escolha para seu tratamento,<br />

que são as penicilinas e os aminoglicosídeos;<br />

2) Pacientes que desenvolvem infecção<br />

por VRE são, na maioria das vezes, idosos,<br />

debilitados, que possuem múltiplas<br />

comorbidades ou são imunossuprimidos.<br />

Essa população é esperada crescer<br />

nas próximas décadas. (2,5)<br />

3) Enterococo pode servir como reservatório<br />

de genes de resistência à vancomicina<br />

que poderiam ser transmitidos<br />

a bactérias mais virulentas como<br />

o Staphylococcus aureus. (2) . Ainda, o<br />

Enterococo vem se tornando um agente<br />

extremamente frequente em infecções<br />

nosocomiais, ocupando o terceiro lugar<br />

em frequência em alguns países. (10) .<br />

Enterococos, incluindo o VRE, são<br />

relativamente resistentes ao calor e à<br />

lavagem das mãos com água e sabão<br />

sem antisséptico. (6) Em vários estudos<br />

epidemiológicos, o VRE foi isolado em<br />

superfícies de ambientes onde o paciente<br />

esteve, como grades das camas, mesas<br />

de cabeceira, maçanetas, roupa de<br />

cama, torneiras, assento de banheiro,<br />

ESTUDO CIENTÍFICO<br />

Gomes CC, Vicentini SG, Almeida PlS, Bernardino A, Moreira ACV, Barcelos H, Dalla Bernardina DFS<br />

Objetivo: Descrever uma série de medidas de controle aplicadas para interromper a transmissão de VRE em uma UTI.<br />

Desenho do estudo: Quasi-experimental.<br />

Local: <strong>Hospital</strong> de complexidade terciária de internação de agudos, UTI com 23 leitos. Intervenções: baseadas na vigilância ativa<br />

de colonizados, precaução de contato estendida, monitorização dos processos de higienização das mãos e adesão à precaução<br />

de contato, educação e feedback das taxas de colonização e infecção.<br />

Conclusão: Esta série de medidas aplicadas em conjunto foi eficiente em controlar o aparecimento de novos casos de colonização<br />

ou infecção por VRE, com a redução da incidência deste na UTI.<br />

bombas de infusão entre outros. (5,6) Essas<br />

observações podem sugerir um papel do<br />

ambiente como importante reservatório<br />

do VRE. (7)<br />

A taxa de mortalidade atribuída aos<br />

pacientes infectados com VRE tem sido<br />

reportada a 36,3% quando comparada<br />

a 16,4% para pacientes que apresentam<br />

infecção por enterococo sensível à<br />

vancomicina. A infecção de corrente<br />

sanguínea por VRE é fator de risco<br />

independente para morte. (OR 9,1). (3)<br />

Os guias de conduta referentes a controle<br />

de microorganismos multirresistentes<br />

recomendam que os hospitais<br />

desenvolvam e implementem um plano<br />

para prevenir a disseminação do VRE. (11)<br />

Entretanto, recomendações definitivas<br />

sobre os métodos de vigilância ainda<br />

não foram determinados. Este trabalho<br />

relata as medidas adotadas no decorrer<br />

de 20 meses para controle da disseminação<br />

do VRE em uma UTI.<br />

Desenho de Estudo | Este é um estudo<br />

quasi-experimental. As intervenções<br />

resultantes do trabalho de rotina de uma<br />

CCIH foram descritas, relacionando-as<br />

com a redução da incidência de VRE e<br />

com os custos dessas medidas.<br />

19


ESTUDO CIENTÍFICO<br />

Local | O Vitoria <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> é um hospital<br />

privado com 223 leitos, sendo 23 de<br />

UTI geral. Além desta UTI, possui outros<br />

46 leitos de UTI, divididos entre cardiológica,<br />

neurológica, queimados, pediátrica<br />

e neonatal. Possui ala de internação de<br />

pacientes oncológicos que somam 35<br />

leitos. O movimento desta UTI geral é clínico<br />

cirúrgico, com 653 saídas no ano de<br />

2009.<br />

Micrologia | As amostras de swabs retais<br />

da vigilância ativa instituídas na UTI<br />

foram semeadas em meios de cultura<br />

específicos, e a identificação do gênero<br />

Enterococcus se deu pela hidrólise bile-<br />

-esculina e tolerância a Nacl 6.5% e para<br />

espécie foram utilizadas provas adicionais<br />

com carboidratos e aminoácidos. O<br />

teste de suscetibilidade à vancomicina é<br />

feito por meio do MIC (Etest) e disco difusão<br />

em Agar Mueller-Hinton (MH), e a interpretação<br />

segue as normas ClSI, 2009.<br />

Principais medidas:<br />

• Maio de 2007 – Vigilância ativa para<br />

VRE com coleta de swab dos pacientes<br />

que preenchiam os seguintes critérios: internação<br />

maior que sete dias, uso prévio<br />

de vancomicina e presença de procedimento<br />

invasivo; ainda os pacientes com<br />

mais de dois meses de internação eram<br />

triados com swab retal mensalmente.<br />

• Abril de 2008 – Precaução de contato<br />

e coleta de swab de vigilância de todos os<br />

pacientes contactantes. Corte de pacientes<br />

colonizados e designação de funcionários<br />

específicos para atendê-los.<br />

• Julho de 2008 – Treinamentos.<br />

• Agosto de 2008 – Vigilância de processos<br />

de higienização das mãos e adesão<br />

à precaução de contato na UTI. Ampliação<br />

dos critérios de risco para coleta<br />

de cultura de vigilância: além dos citados<br />

anteriormente, foram incluídos na triagem<br />

pacientes com história de cirurgia toracoabdominal,<br />

pacientes onco-hematológicos,<br />

pacientes em diálise e pacientes provenientes<br />

de outro hospital.<br />

• Fevereiro de 2009 – Coleta de cultura<br />

de vigilância em todos os pacientes com<br />

internação superior a 24 horas e a cada<br />

sete dias de permanência. Precaução de<br />

contato para todos os pacientes da UTI.<br />

• Março de 2009 – Instituição de supervisão<br />

de limpeza terminal nos quartos de<br />

pacientes colonizados por VRE.<br />

• Junho de 2009 – Realização de tipagem<br />

molecular de dez das cepas isoladas<br />

no período: a tipagem foi realizada com<br />

dez das 41 cepas da época. Apesar do<br />

número não ter permitido a caracterização<br />

completa do surto, sugeria que: havia<br />

aparentemente duas cepas (ou três) em<br />

circulação no hospital. Isso é comum nas<br />

descrições de surtos em literatura. Aponta<br />

que, além da transmissão horizontal (contaminação<br />

de outros pacientes por meio<br />

de mãos dos profissionais ou materiais<br />

a partir de um caso), há a predisposição<br />

e risco inerente ao paciente com certas<br />

condições – fatores de risco já descritos<br />

acima – de desenvolver o VRE a partir de<br />

sua própria flora.<br />

A importância do ambiente da CPC na<br />

transmissão cruzada se mostrou claramente<br />

através da observação que a ilha<br />

4 aparecia repetidamente como o vínculo<br />

mais frequente entre os casos. Dentre as<br />

cepas tipadas, os pacientes em diálise<br />

apresentavam a mesma cepa, sugerindo<br />

a participação deste procedimento na<br />

corrente de transmissão ou apenas confirmando<br />

a epidemiologia dos fatores de<br />

risco.<br />

• Outubro de 2009 – Revisão de processos<br />

de higienização do quarto, estabelecendo<br />

parâmetros obrigatórios e tempo<br />

mínimo de limpeza.<br />

• Novembro de 2009 – Feedback (histórico<br />

– o que aprendemos com isso?) e<br />

treinamento de toda a equipe de técnicos<br />

de enfermagem.<br />

• Março de 2010 – Modificação dos critérios<br />

de coleta e instituição de precaução<br />

de contato no CPC Geral e Asas.<br />

Discussão | Habitualmente a<br />

colonização precede à infecção. Isso é<br />

verdadeiro para o VRE. (2) Dos pacientes<br />

colonizados por VRE, entre 4% a 30%<br />

podem evoluir com infecção por esse<br />

agente. (4) Em análises multivariadas, o<br />

fator de risco mais comum associado ao<br />

desenvolvimento de infecção por VRE é<br />

a gravidade da doença de base. (2) Dentre<br />

os casos classificados como infecção<br />

neste estudo, de quatro pacientes em<br />

49, todos apresentavam condições<br />

clínicas graves incluindo insuficiência<br />

renal, doença linfoproliferativa e diabetes<br />

descompensada, tinham tempo de<br />

internação prolongado (média de 42,4<br />

dias) e uso prévio de vários esquemas<br />

antimicrobianos.<br />

A transmissão cruzada parece ser o meio<br />

primário de disseminação do VRE dentro<br />

do ambiente da UTI, sendo responsável<br />

por até 85% da colonização adquirida.<br />

(3) A complexidade do controle do VRE<br />

se mostra nas ações combinadas necessárias<br />

para o seu controle e na necessidade<br />

de intervenção em hábitos de difícil<br />

mudança como a adesão à precaução de<br />

contato e higienização das mãos, o que a<br />

torna bastante difícil, como afirma também<br />

Weinstein. (2) A história de não se controlar<br />

VRE no ambiente hospitalar mostrou que a<br />

disseminação progride com a ausência ou<br />

raros casos de colonização e/ou infecção<br />

por VRE para surto monoclonal e, finalmente,<br />

para endemicidade policlonal. (2)<br />

Apesar de não termos tipado todas as<br />

cepas, a amostra avaliada sugere que estávamos<br />

fazendo a transição da fase de<br />

surto monoclonal para fase de endemia<br />

policlonal.<br />

Dentre as consequências percebidas<br />

frente a uma situação de surto ou<br />

endemia por VRE, percebemos elevado<br />

impacto da colonização e infecção por<br />

VRE tanto individualmente como para a<br />

instituição. Há dificuldade para paciente<br />

e familiares entenderem a diferença<br />

entre colonização e infecção, gerando<br />

aumento da percepção de risco para<br />

sua saúde, e, também, uma contribuição<br />

negativa para a imagem do hospital, com<br />

uma percepção de risco aumentado pela<br />

sociedade médica e clientes, como já<br />

referido por outros autores. (11) . A literatura<br />

aponta a vigilância passiva, ou seja, se<br />

pautar nos resultados de cultura clínica<br />

20 VITÓRIA APART PROGRESS


como pouco efetiva, e modelos predizem<br />

uma redução de 65% na incidência de<br />

VRE com a vigilância ativa em UTI e<br />

isolamento de todos os pacientes. (12)<br />

Conclusão: Infecções causadas por VRE<br />

são associadas à elevada morbidade e<br />

mortalidade, e oferecem um grave risco,<br />

particularmente a pacientes imunossuprimidos.<br />

Geram altos custos e desafios<br />

a programas de controle de infecção.<br />

Modelos de sucesso variam entre instituições<br />

com características diferentes,<br />

a depender, principalmente, da contribuição<br />

relativa à transmissão cruzada e<br />

do influxo de novos casos, e dos vários<br />

mecanismos de transmissão, em especial<br />

falhas na adesão à precaução de contato<br />

e higienização das mãos. A identificação<br />

de pacientes colonizados por VRE, a<br />

implementação de precaução de contato<br />

junto a medidas de educação, a gestão<br />

DADOS<br />

PESQUISADOS<br />

Nº de Swabs<br />

Coletados<br />

Custo Swabs<br />

Coletados em R$<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

PERÍODO<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUl AGO SET OUT NOV DEZ TOTAl<br />

49 34 80 110 153 130 136 130 139 136 146 149 1392<br />

2.572 1.785 4.200 5.775 8.032 6.825 7.140 6.825 7.297 7,140 7.665 7.822 65.940<br />

Diárias Perdidas 0 68 25 40 12 37 25 44 29 0 0 0 280<br />

Custo<br />

Diárias Perdidas<br />

Faturamento<br />

Total Perdido<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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to vancomycin and teicoplanin in Enterococcus<br />

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5. Boyce JM, Opal SM, Chow JW, ET Al. Outbreak<br />

of multidrug-resistant Enterococcus faecium<br />

with transferable VanB class vancomycin<br />

compartilhada do controle com os serviços<br />

envolvidos e o incentivo ao comprometimento<br />

das equipes para a criação de<br />

uma cultura de segurança se mostraram<br />

eficazes para reduzir a incidência de VRE<br />

Incidência no decorrer do período<br />

dos casos de colonização e infecção<br />

ESTUDO CIENTÍFICO<br />

em nossa UTI. Há necessidade de maior<br />

período de observação para confirmar<br />

essa tendência e as avaliações de custoeficácia<br />

para se avaliar a melhor estratégia<br />

para esse controle.<br />

0 56.618 20.815 33.305 9.991 30.807 20.815 36.635 24.146 0,00 0,00 0,00 233,136<br />

2.572 58.403 25.015 39.080 18.024 37.632 27.955 43.460 31.443 7.140 7.665 7.822 306.216<br />

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Clin Infect Dis 2004;38:1108-15.<br />

21


RElATO DE CASO<br />

Introdução | A Gangrena de Fournier é<br />

uma infecção da região perineal, que se<br />

desenvolve pela ação conjunta de bactérias<br />

aeróbicas e anaeróbicas em rápida<br />

progressão, por meio de uma porta de<br />

entrada urogenital, cutânea ou de trato<br />

digestório e anorretal, cursando com mutilações<br />

e altos índices de mortalidade. 1,2,3<br />

Tal enfermidade pode ser idiopática ou<br />

cursar associada a fatores predisponentes:<br />

diabetes mellitus, alcoolismo crônico,<br />

trauma local, SIDA, uso de corticosteróides,<br />

imunossupressores e outras situações<br />

de imunodeficiência. 1,4<br />

A fisiopatologia básica se dá através de<br />

uma endarterite obliterante, pela agressão<br />

bacteriana, acarretando trombose<br />

dos vasos cutâneos e subcutâneos. 1,4 A<br />

isquemia subsequente leva à necrose<br />

da região, servindo de meio adequado<br />

para crescimento de microbiota bacteriana<br />

diversa e de difícil controle. Sem tratamento,<br />

o processo pode estender-se<br />

rapidamente a regiões adjacentes, bem<br />

como levar à sepse e morte. 4 Os altos índices<br />

de mortalidade chegam a 30% em<br />

algumas séries, predominando na faixa<br />

etária de 40 a 57 anos, com ocorrência<br />

7,5 vezes maior em homens do que em<br />

mulheres. 1<br />

O quadro inicia com pródromos de febre e<br />

prostração por dois a sete dias, evoluindo<br />

com dor intensa e flogose local, podendo<br />

ter crepitações à palpação da região, áreas<br />

de necrose e drenagem de secreção<br />

purulenta. O diagnóstico é clínico, atentando<br />

para evolução dos sintomas, os fatores<br />

de risco implicados e a busca pela<br />

porta de entrada da infecção. 1,3<br />

Gangrena de Fournier<br />

Experiência clínica e laboratorial em caso de Gangrena de Fournier com possibilidade de ocorrência do<br />

fenômeno “Quorum Sensing” na aquisição de resistência bacteriana à antibioticoterapia<br />

Autores: Fernando Henrique Rabelo Abreu dos Santos 1 , Diogo lesqueves Sandoval 1 , Diego Ferreira Franco 1 ,<br />

Guilherme lellis Badke 1 , Alvino Jorge Guerra 2 , Álvaro Armando Carvalho de Morais 2 , Maria das Graças Silva Mattede 2<br />

1 – Interno do 10º período de Medicina da EMESCAM | 2 - Professor(a) do curso de Medicina da EMESCAM<br />

Quanto ao tratamento, além das medidas<br />

de suporte, são necessários prescrição<br />

de antibioticoterapia de largo espectro<br />

(esquema tríplice), desbridamento cirúrgico<br />

agressivo emergencial e, em alguns<br />

serviços, oxigenioterapia hiperbárica adjuvante.<br />

1,2,5,6<br />

Dado ao caráter polimicrobiano e à virulência<br />

do quadro, é importante a coleta de<br />

material para análise microbiológica, no<br />

intuito de otimizar o tratamento. Não obstante<br />

o controle microbiológico, trabalhos<br />

apontam para uma causa de resistência<br />

transmitida com grande rapidez entre populações<br />

bacterianas por via plasmidial<br />

e epissomal por meio de auto-indutores<br />

celulares, o chamado fenômeno “Quorum<br />

Sensing”, que potencializa e agiliza<br />

a aquisição de resistência bacteriana. 7,8,9<br />

O quadro é favorecido pela comunicação<br />

célula-célula na produção de biofilme<br />

bacteriano e é exacerbado pelo crescimento<br />

de micro-organismos com características<br />

peculiares de virulência em<br />

relação à invisibilidade, à produção de toxinas<br />

e ao desenvolvimento de resistência<br />

aos antibióticos. 7,8,9,10,11<br />

O objetivo do presente estudo é demonstrar<br />

a importância do diagnóstico precoce<br />

na Gangrena de Fournier e avaliar o perfil<br />

microbiológico dessa infecção agressiva<br />

quanto à resistência aos antimicrobianos<br />

e à possibilidade de fenômeno “Quorum<br />

Sensing”.<br />

Relato de Caso | A.F., 49 anos, masculino,<br />

branco, pedreiro. Foi atendido no<br />

pronto-socorro do <strong>Hospital</strong> Santa Casa<br />

de Misericórdia (<strong>Vitória</strong>-ES) referindo dor<br />

de forte intensidade em zona perineal, por<br />

dois dias, sem irradiação, associado a picos<br />

febris não aferidos, disúria, constipação<br />

(dor a evacuação), flogose da região<br />

perineal e saída de secreção esbranquiçada<br />

de pequeno volume pelo ânus. Negou<br />

trauma na região perineal. Negou ter<br />

diagnóstico de alguma doença crônica.<br />

Etilista social, negou tabagismo e uso de<br />

drogas.<br />

Ao exame físico, constatou-se edema de<br />

escroto com área enegrecida e toque retal<br />

sem sinais de sangramento. Exames<br />

laboratoriais na admissão: leucócitos:<br />

12.690/mm3 (Bastões 5%; Segmentados<br />

83%; linfócitos 9%; Eosinófilos 1%). PCR:<br />

59,7. Glicemia: 251 mg/dl. Uréia: 60 mg/<br />

dl. Creatinina: 0,8 mg/dl (Clearence por<br />

MDRD = 109 ml/min). Foi diagnosticado<br />

diabetes mellitus e feito seu controle, além<br />

de teste Anti-HIV 1/2, que foi não-reator.<br />

O paciente foi encaminhado à cirurgia<br />

de emergência, com desbridamento da<br />

região escrotal, enviado material para<br />

análise e iniciada a terapia de suporte e<br />

antibioticoterapia tríplice (Ciprofloxacina,<br />

Metronidazol e Ampicilina). Ao longo da<br />

internação, mais duas intervenções ampliaram<br />

o desbridamento para a região<br />

inguinal bilateralmente, e a antibioticoterapia<br />

foi modificada de acordo com antibiograma.<br />

O paciente teve alta sem maiores<br />

intercorrências, sendo encaminhado para<br />

o serviço de cirurgia plástica.<br />

A evolução da infecção quanto à análise<br />

de material colhido a partir dos desbridamentos<br />

se deu: em primeira coleta, encon-<br />

22 VITÓRIA APART PROGRESS


trada flora mista de cocos Gram-positivos<br />

em colar (sugestivos de Streptococcus<br />

sp), cocos isolados, bacilos Gram-positivos<br />

com endósporos (sugestivos de Clostridium<br />

sp) e bastonetes Gram-negativos.<br />

Em cultura em Ágar-sangue a 37ºC por<br />

quatro dias, isolou-se: Staphylococcus<br />

aureus, Streptococcus viridans e Escherichia<br />

coli em meio de Ágar-MacConkey.<br />

As culturas subsequentes não mostraram<br />

infecção por outros agentes. Em relação<br />

ao antibiograma, em primeira coleta, evidenciou-se:<br />

S. aureus resistente à penicilina,<br />

ampicilina, clindamicina e eritromicina<br />

e sensível à oxacilina e cefalotina; E. coli<br />

sensível às penicilinas e cefalosporinas.<br />

No segundo antibiograma, percebe-se a<br />

presença de E. coli com resistência adquirida<br />

à ampicilina, ciprofloxacina e sulfametoxazol-trimetoprim.<br />

No terceiro antibiograma, persistiu E.<br />

coli resistente aos mesmos antibióticos,<br />

acrescido de resistência às cefalosporinas<br />

de segunda e terceira geração e demais<br />

betalactâmicos.<br />

Discussão | O que mais se evidencia no<br />

caso e o principal objetivo do presente<br />

relato é a progressiva resistência a antibióticos<br />

em relação à E. coli, incluindo todos<br />

os betalactâmicos, o que sugere sua<br />

classificação como E. coli, betalactamase<br />

de espectro estendido (ESBl).12,13 Esse<br />

fato demonstra a seleção de mutantes de<br />

E. coli e, dadas as circunstâncias de rápida<br />

evolução da resistência e infecção de<br />

caráter polimicrobiano, sugere-se um provável<br />

fenômeno “Quorum Sensing” como<br />

mecanismo para transmissão de resistência<br />

entre os micro-organismos. 7,9,12,13<br />

O “Quorum Sensing” é um processo de<br />

interação célula-célula intraespécies e<br />

interespécies microbianas que existe<br />

quando há grande população bacteriana<br />

infectante e que permite rápida transmissão<br />

de informações genéticas por conjugação,<br />

transformação e feromônio, a fim<br />

de desencadear alterações fenotípicas<br />

específicas, que, muitas vezes, podem<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

ser benéficas para a sobrevivência dos<br />

micro-organismos envolvidos, como na<br />

indução rápida à resistência aos antibióticos<br />

e à produção de bacteriocinas.7,8,14<br />

Esse fenômeno foi descoberto durante<br />

experiências feitas com bactérias luminescentes<br />

marinhas e deu novo rumo ao<br />

entendimento da resistência aos antimicrobianos.<br />

7,8,9<br />

O que se busca atualmente é o entendimento<br />

detalhado dos mecanismos bacterianos<br />

desenvolvidos para aquisição<br />

de resistência e virulência, no intuito de<br />

conseguir um novo modelo de abordagem<br />

terapêutica nas infecções bacterianas,<br />

principalmente as polimicrobianas,<br />

que provavelmente possibilitam com mais<br />

intensidade a comunicação célula-célula<br />

no hospedeiro com ganho para microorganismos<br />

invasores. 10,11,15,16<br />

Dessa forma, drogas futuras que possam<br />

atuar na prevenção ou antagonizando esses<br />

efeitos de comunicação bacteriana<br />

poderão diminuir a elevada frequência de<br />

resistência antimicrobiana. 7,8,9,17 Essa medida<br />

promoveria melhora substancial das<br />

taxas de morbidade e mortalidade, além<br />

de uma possível redução dos custos hospitalares<br />

com medicações (por restringir<br />

a utilização de antibióticos de última geração)<br />

e com internação, tendo em vista<br />

que o tratamento de maneira eficaz, sem<br />

intercorrências, diminui o tempo de internação.<br />

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23


INSTITUCIONAl<br />

Acolhimento com Classificação de Risco<br />

Com a crescente demanda e procura pelos<br />

serviços de urgência e emergência<br />

observou-se um enorme fluxo de “procura<br />

desordenada” dos usuários nas portas dos<br />

prontos-socorros, tornando-se, assim, necessária<br />

a reorganização do processo de<br />

trabalho desta unidade de forma que a assistência<br />

prestada fosse de acordo com os<br />

diferentes graus de necessidades ou sofrimento<br />

e não mais impessoal e por ordem<br />

de chegada.<br />

Assim, diante da alta demanda nos atendimentos<br />

dos prontos-socorros e das estatísticas<br />

evidenciando que cerca de 40%<br />

dos atendimentos totais se tratam de consultas<br />

ambulatoriais, surgiu a necessidade<br />

de implantar o “Acolhimento com Classificação<br />

de Risco” hoje nos hospitais.<br />

O “Acolhimento com Classificação de<br />

Risco” é um processo dinâmico de identificação<br />

dos pacientes que necessitam<br />

de tratamento imediato, de acordo com o<br />

seu potencial de risco, agravos à saúde ou<br />

grau de sofrimento, não deixando de ser<br />

uma forma de triagem, onde os pacientes<br />

são avaliados pelo enfermeiro (curso superior)<br />

e são classificados pelo seu risco por<br />

meio das cores vermelho, amarelo, verde e<br />

azul. Sendo:<br />

VerMelhO • Prioridade zero –<br />

emergência. Casos muito graves,<br />

com risco eminente de morte, onde<br />

o atendimento médico deverá ser<br />

imediato.<br />

AMARELO • Prioridade 1 – urgência<br />

maior. Casos com uma urgência<br />

maior, porém, sem risco de morte<br />

eminente e que necessitam de um<br />

atendimento médico prioritário.<br />

Verde • Prioridade 2 – urgência<br />

menor. Casos de menor urgência<br />

e que podem aguardar o atendimento<br />

médico.<br />

Azul • Prioridade 3 – não urgência.<br />

Casos mais simples, queixas<br />

ambulatoriais, sem urgência e que<br />

poderiam ser resolvidas em consultório<br />

médico e NÃO em prontosocorro.<br />

O manejo do “Acolhimento com Classificação<br />

de Risco” num pronto-socorro<br />

requer equipes experientes, treinadas e<br />

capazes de identificar necessidades e<br />

prioridades do paciente, seguindo critérios<br />

estabelecidos por um protocolo de<br />

atendimento. Esse sistema já é utilizado<br />

em vários países e tem como principais<br />

objetivos e finalidades:<br />

• Identificar, logo em sua chegada,<br />

aqueles pacientes que precisam de um<br />

atendimento prioritário;<br />

• Diminuir o tempo de espera na recepção<br />

e os riscos de agravos à saúde, fazendo<br />

com que o paciente seja visto precocemente<br />

de acordo com a sua gravidade;<br />

• Priorizar os atendimentos de acordo<br />

com critérios clínicos (protocolos) e não<br />

mais por ordem de chegada ou de acordo<br />

com a sensibilidade de quem recebe;<br />

• Extinguir a “falsa triagem” que acaba<br />

sendo feita por recepcionistas, seguranças,<br />

dentre outros profissionais não capacitados<br />

para tal;<br />

• Diminuir as chamadas “desesperadas”<br />

pela recepção, alarmando toda a equipe<br />

desnecessariamente;<br />

• Diminuir os conflitos paciente x recepção<br />

x segurança;<br />

• Informar aos pacientes e familiares a<br />

expectativa de atendimento e o tempo de<br />

espera, diminuindo a ansiedade gerada<br />

pelo desconhecido;<br />

• Diminuir a superlotação nas recepções;<br />

• Organizar o atendimento médico, segundo<br />

os protocolos;<br />

• Oferecer um atendimento inicial de qualidade<br />

e eficiência;<br />

• Aumentar a satisfação do usuário, com<br />

um atendimento eficaz;<br />

• Conscientizar os clientes, a longo prazo,<br />

a respeito de quando e como utilizar os<br />

serviços de urgência e emergência.<br />

Assim sendo, nos serviços que já têm o<br />

“Acolhimento com Classificação de Risco”<br />

implantado, as senhas disponíveis nos<br />

prontos-socorros servem apenas para<br />

organizar a ordem de chegada dos pacientes,<br />

já que a ordem do atendimento<br />

médico ao paciente será sinalizada pelo<br />

Enfermeiro Classificador, de acordo com a<br />

gravidade de cada paciente e tendo como<br />

base os seguintes critérios:<br />

• Queixa principal, situação atual e duração<br />

da queixa;<br />

• Breve histórico relatado pelo paciente,<br />

familiar ou testemunhas;<br />

• Uso de medicações;<br />

• Verificação de sinais vitais (pressão arterial;<br />

temperatura; frequência cardíaca;<br />

frequência respiratória);<br />

• Exame físico breve, buscando sinais objetivos.<br />

Concluímos, então, que o “Acolhimento<br />

com Classificação de Risco” é um<br />

modo de operar os processos de<br />

trabalho em saúde de forma a atender<br />

a todos que procuram os serviços de<br />

urgência e emergência, ouvindo seus<br />

pedidos e assumindo no serviço uma<br />

postura capaz de acolher, escutar e dar<br />

respostas mais adequadas aos usuários.<br />

Implica em prestar um atendimento<br />

com resolutividade e responsabilização,<br />

orientando, quando for o caso, o paciente<br />

e a família em relação a outros serviços de<br />

saúde para continuidade da assistência<br />

estabelecendo articulações com estes<br />

serviços para garantir a eficácia desses<br />

encaminhamentos.<br />

Rochele Viana Gomes<br />

Coordenadora de Enfermagem do Pronto<br />

-socorro – <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

24 VITÓRIA APART PROGRESS


VITÓRIA APART PROGRESS<br />

ESPAÇO ACADÊMICO<br />

Análise dos resultados de histopatologia<br />

das vesículas biliares de pacientes<br />

submetidos a colecistectomias em um<br />

hospital filantrópico de <strong>Vitória</strong><br />

Autora: Déborah Miranda de Vasconcelos (Acadêmica de Medicina da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de<br />

<strong>Vitória</strong> – EMESCAM)<br />

Orientador: Prof. Flávio Takemi Kataoka (Professor do Departamento de Cirurgia da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de<br />

Misericórdia de <strong>Vitória</strong> – EMESCAM )<br />

Palavras-chave: Histopatologia. Colecistolitíase. Adenocarcinoma.<br />

Introdução | Os estudos histopatológicos<br />

da vesícula biliar após a colecistectomia<br />

são de grande importância para indicar<br />

a frequência de doenças neoplásicas<br />

e não neoplásicas das vias biliares, assim<br />

como determinar a relação dos fatores<br />

predisponentes para o surgimento de neoplasias.<br />

O adenocarcinoma de vesícula é, hoje, o<br />

câncer mais comum da via biliar, sendo<br />

considerado uma neoplasia agressiva<br />

com um prognóstico bastante reservado,<br />

com uma sobrevida média de um a três<br />

meses para os tumores irressecáveis e de<br />

cinco anos para aqueles ressecáveis em<br />

estágio não avançado. Segundo Torres<br />

et al. (2002), o tumor malígno de vesícula<br />

biliar pode ser encontrado em até 2% das<br />

peças de colecistectomias, sendo o seu<br />

achado incidental em aproximadamente<br />

um terço dos casos.<br />

Para Gourgiotis et al. (2008), o adenocarcinoma<br />

de vesícula, descrito pela primeira<br />

vez em 1777 por Stoll, além de ser o tumor<br />

mais prevalente da via biliar, é também<br />

a quinta neoplasia mais comum do<br />

trato gastrointestinal, com uma incidência<br />

variando de 0,8% a 1,2%. De acordo com<br />

esse mesmo autor, o prognóstico sombrio<br />

do câncer de vesícula biliar deve-se à<br />

grande proporção de tumores em estágio<br />

avançado no momento da descoberta. A<br />

displasia de vesícula biliar é considerada<br />

por Muñoz et al (2008) uma lesão precursora<br />

do adenocarcinoma de vesícula.<br />

Considerando a escassez de relatos na<br />

literatura capixaba sobre os diversos<br />

achados patológicos da vesícula biliar,<br />

verificamos a necessidade de estudos<br />

que busquem a análise dos laudos histopatológicos,<br />

visando correlacionar a incidência,<br />

em nosso meio, das patologias<br />

biliares não neoplásicas, pré-neoplásicas<br />

e neoplásicas com a idade e o sexo dos<br />

pacientes, assim como a frequência de<br />

adenocarcinoma de vesícula biliar naqueles<br />

portadores de colecistolitíase.<br />

Objeto | O presente estudo tem como<br />

objetivo realizar um levantamento dos resultados<br />

histopatológicos das vesículas<br />

biliares de pacientes submetidos a colecistectomias<br />

pelo Serviço de Cirurgia do<br />

<strong>Hospital</strong> Santa Casa de Misericórdia de<br />

<strong>Vitória</strong> (HSCMV), no período de agosto de<br />

2008 a agosto de 2009, e correlacionar os<br />

dados obtidos em nosso meio aos achados<br />

da literatura, dando ênfase ao adenocarcinoma<br />

de vesícula biliar em pacientes<br />

portadores, ou não, de colecistolitíase.<br />

Método | Trata-se de um estudo retrospectivo,<br />

transversal, descritivo. Os dados<br />

foram colhidos junto ao arquivo do laboratório<br />

de Patologia do <strong>Hospital</strong> Santa<br />

Casa de Misericórdia de <strong>Vitória</strong> (HSCMV)<br />

por meio da revisão dos laudos histopatológicos<br />

das peças cirúrgicas de pacientes<br />

submetidos à colecistectomia no período<br />

de agosto de 2008 a agosto de 2009.<br />

Foram utilizados os resultados histopatológicos<br />

fornecidos pelo Serviço de Anatomia<br />

Patológica do HSCMV dos pacientes<br />

submetidos à colecistectomia durante o<br />

período de realização do estudo, independente<br />

da idade, do sexo e do caráter<br />

de urgência do procedimento.<br />

No serviço de Anatomia Patológica, a vesícula<br />

biliar era seccionada em três cortes<br />

(sendo um do colo, um do corpo e um<br />

do fundo da vesícula) fixados em formol<br />

a 10%, corados com hematoxilina-eosina<br />

e examinados em microscópio óptico. Fizeram<br />

parte do estudo todos aqueles que<br />

preencheram os critérios de inclusão.<br />

Critérios de inclusão: Pacientes submetidos<br />

à colecistectomia durante o período<br />

de realização do estudo.<br />

Critérios de exclusão: Pacientes com<br />

laudo histopatológico que não contemplam<br />

o sexo, a idade e a microscopia dos<br />

pacientes.<br />

Resultados | Foram realizadas 642 colecistectomias<br />

no <strong>Hospital</strong> Santa Casa<br />

de Misericórdia de <strong>Vitória</strong> no período de<br />

25


ESPAÇO ACADÊMICO<br />

agosto de 2008 a agosto de 2009. Dos<br />

642 laudos histopatológicos, três não<br />

contemplavam o sexo, 56 não contemplavam<br />

a idade (sendo 46 do sexo feminino e<br />

10 do sexo masculino) e um não contemplava<br />

a microscopia, restando 582 laudos<br />

para serem analisados no presente estudo.<br />

Nenhum paciente com laudo incompleto<br />

e descartado era portador de adenocarcinoma<br />

de vesícula biliar. A tabela 1<br />

mostra a distribuição dos pacientes com<br />

laudos histopatológicos completos de<br />

acordo com o sexo.<br />

Sexo N %<br />

Masculino 490 84,19<br />

Feminino 92 15,81<br />

Total 582 100,00<br />

TAbELA 1 – Distribuição dos pacientes de acordo com o sexo<br />

Em relação à média de idade, as tabelas 2<br />

e 3 mostram a distribuição dos pacientes<br />

de acordo com o sexo e a faixa etária. A<br />

tabela 2 apresenta a distribuição segundo<br />

o intervalo de idade (em anos) dos pacientes<br />

do sexo feminino. A idade média<br />

calculada foi de 48 anos, sendo a faixa<br />

etária de 40 a 60 anos a mais acometida,<br />

representando cerca de 43% do total das<br />

mulheres.<br />

De acordo com a tabela 3, a média de<br />

Idade (em anos)<br />

| Sexo feminino<br />

Média 48<br />

Desvio Padrão 15,93664487<br />

N %<br />

-20 7 1,43%<br />

20-30 64 13,06%<br />

30-40 86 17,55%<br />

40-50 102 20,82%<br />

50-60 109 22,24%<br />

60-70 69 14,08%<br />

70 53 10,82%<br />

Total 490 100,00%<br />

TAbELA 2 – Distribuição segundo o intervalo de idade<br />

(em anos) das pacientes do sexo feminino<br />

idade para os homens foi de aproximadamente<br />

52 anos, levemente superior àquela<br />

encontrada para as mulheres. Em relação<br />

à faixa etária mais acometida, percebemos<br />

uma variação um tanto quanto homogênea<br />

entre três delas: 40 a 50 anos,<br />

50 a 60 anos e 60 a 70 anos, prevalecendo,<br />

ainda, a faixa correspondente de 50<br />

a 60 anos, semelhante ao sexo feminino.<br />

Os achados patológicos mais prevalentes<br />

foram classificados de acordo com o<br />

sexo, com a tabela 4 mostrando a distribuição<br />

das patologias no sexo feminino<br />

e a tabela 5, no sexo masculino. Encontram-se<br />

destacados os casos de adenocarcinoma<br />

de vesícula biliar.<br />

Idade (em anos)<br />

| Sexo masculino<br />

Média 51,92391304<br />

Desvio Padrão 16,34197299<br />

N %<br />

-20 2 2,17%<br />

20-30 10 10,87%<br />

30-40 10 10,87%<br />

40-50 18 19,57%<br />

50-60 22 23,91%<br />

60-70 17 18,48%<br />

70 13 14,13%<br />

Total 92 100,00%<br />

TAbELA 3 – Distribuição segundo o intervalo de idade<br />

(em anos) dos pacientes do sexo masculino<br />

Patologias | Sexo feminino N %<br />

Colecistite crônica (inespecífica ou atrófica) 250 51,02%<br />

Colecistite crônica litiásica 92 18,78%<br />

Colecistite crônica com colesterolose 56 11,43%<br />

Colecistite crônica agudizada 34 6,94%<br />

Colecistite crônica litiásica agudizada 11 2,24%<br />

Colecistite crônica litiásica com colesterolose 10 2,04%<br />

Colecistite crônica litiásica com foco de metaplasia pilórica 7 1,43%<br />

Colecistite crônica agudizada com sinais hemorrágicos 3 0,61%<br />

Colecistite crônica com metaplasia pilórica 3 0,61%<br />

Colecistite crônica xantogranulomatosa com sinais de agudização 3 0,61%<br />

Colescistite crônica com colesterolose 3 0,61%<br />

Adenocarcinoma moderadamente diferenciado 2 0,41%<br />

Colecistite crônica agudizada com colesterolose 2 0,41%<br />

Colecistite crônica com hiperplasia linfóide reacional 2 0,41%<br />

Colecistite crônica com foco de hiperplasia glandular 1 0,20%<br />

Colecistite crônica com foco de hiperplasia mioadenomatosa 1 0,20%<br />

Colecistite crônica com foco de hiperplasia mucosa e colesterolose 1 0,20%<br />

Colecistite crônica com focos de calcificação distrófica 1 0,20%<br />

Colecistite crônica com pequeno adenomioma 1 0,20%<br />

Outros 7 1,43%<br />

TOTAl 490 100,00%<br />

26 VITÓRIA APART PROGRESS


Ambas as tabelas mostram<br />

a prevalência da colecistite<br />

crônica inespecífica ou atrófica,<br />

seguida pela colecistite crônica<br />

calculosa, agudizada e com<br />

colesterolose, podendo haver<br />

sobreposição entre os tipos de<br />

colecistite mencionados. Em<br />

relação ao adenocarcinoma<br />

de vesícula biliar, destacamse<br />

dois casos confirmados<br />

de adenocarcinoma no sexo<br />

feminino e dois no sexo<br />

masculino, sendo, portanto,<br />

mais comum no sexo<br />

masculino (2,18%) do que no<br />

sexo feminino (0,41%).<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

ESPAÇO ACADÊMICO<br />

Patologias | Sexo masculino N %<br />

Colecistite crônica (inespecífica ou atrófica) 36 39,13%<br />

Colecistite crônica litiásica 18 19,57%<br />

Colecistite crônica agudizada 11 11,96%<br />

Colecistite crônica com colesterolose 9 9,78%<br />

Colecistite crônica litiásica agudizada 6 6,52%<br />

Colecistite crônica litiásica com colesterolose 1 1,09%<br />

Colecistite crônica com metaplasia pilórica 1 1,09%<br />

Adenoma túbulo-viloso 1 1,09%<br />

Adenocarcinoma pouco diferenciado 1 1,09%<br />

Adenocarcinoma moderadamente diferenciado 1 1,09%<br />

Outros 7 7,61%<br />

Total 92 100,00%<br />

TAbELA 5 – Distribuição dos achados patológicos mais frequentes de acordo com o sexo masculino<br />

A tabela 6 mostra os tipos histológicos encontrados em cada um dos quatro pacientes portadores de adenocarcinoma.<br />

TABElA 6<br />

Tipo Histológico Adenocarcinoma Sexo Idade<br />

Adenocarcinoma pouco diferenciado Masculino 49 anos<br />

Adenocarcinoma moderadamente diferenciado Feminino 50 anos<br />

Adenocarcinoma moderadamente diferenciado Feminino 62 anos<br />

Adenocarcinoma moderadamente diferenciado Masculino 69 anos<br />

TAbELA 6 – Tipos histológicos, sexo e idade dos pacientes com adenocarcinoma<br />

TABElA 7<br />

Achado N %<br />

Adenocarcinoma de<br />

vesícula biliar<br />

Idade Média<br />

(em anos)<br />

Desvio<br />

Padrão<br />

4 0,69% 57,5 9,678154094<br />

Outros achados 578 99,31% 48,39446367 16,08039067<br />

Total 582 100,00%<br />

TABELA 7 – Comparação entre idade e achado de adenocarcinoma versus outros achados<br />

A tabela 7 mostra a correlação numérica entre os pacientes portadores e não<br />

portadores de neoplasia maligna da vesícula biliar.<br />

Adenocarcinoma de Vesícula<br />

Litíase Biliar Sim Não<br />

Sim 3 145<br />

Não 1 433<br />

Risco Relativo 8,797297297<br />

A tabela 8 correlaciona o<br />

adenocarcinoma de vesícula e<br />

a presença de litíase biliar.<br />

27


DESAFIO DIAGNÓSTICO<br />

O diagnóstico das lesões de suprarrenal<br />

é sempre um grande desafio. Quando<br />

as lesões não são achados acidentais,<br />

relacionadas à realização de exames de<br />

imagem por outras causas, são, então,<br />

tumores que apresentam sintomatologia,<br />

ou por crescimento exagerado e<br />

comprometimento de estruturas<br />

adjacentes, ou por atividade endócrina<br />

que desenvolve sintomas sugestivos da<br />

origem de suprarrenal.<br />

Nas condições sintomáticas, o<br />

diagnóstico e a propedêutica também<br />

não são simples. Diferenciar as lesões<br />

das adrenais entre condições associadas<br />

à hiperaldosteronismo, síndrome de<br />

Cushing, tumores não funcionais e<br />

feocromocitoma é extremamente<br />

importante para evitar procedimentos<br />

desnecessários ou condutas expectantes<br />

inapropriadas, que podem permitir o<br />

crescimento e a progressão das lesões<br />

impedindo a capacidade curativa da<br />

terapêutica quando aplicada tardiamente.<br />

Devemos lembrar, também, que a adrenal<br />

é um sítio muito comum de metástases<br />

de lesões primárias de outros órgãos<br />

ou tecidos. Saber diferenciar esta<br />

condição é muito importante e requer um<br />

acompanhamento médico especializado.<br />

Massa Suprarrenal<br />

FIGuRA 1. Ressonância magnética de abdomên superior demonstrando lesão de topografia de suprarrenal esquerda.<br />

Amarelo - Massa suprarrenal e hilo renal esquerdo. Roxo - Baço. Azul - Rim esquerdo. Vermelho - Aorta. Verde - Pâncreas.<br />

A FIGURA 1 permite reconhecer a íntima relação da massa com os vasos do hilo renal e a<br />

proximidade com a aorta, assim como sua relação com os vasos esplênicos e com o pâncreas. O<br />

aspecto da lesão é inespecífico do ponto de vista de lesão de suprarrenal. Os exames laboratoriais<br />

complementares não apresentaram qualquer evidência de função endócrina alterada.<br />

A propedêutica é muito diversa. O<br />

diagnóstico pode ser orientado por<br />

exames laboratoriais. Os exames<br />

de imagem são muito importantes e<br />

precisam ser realizados e avaliados<br />

por equipes que tenham experiência<br />

com lesões de suprarrenal. O tempo<br />

da realização do exame, o preparo e<br />

os cuidados aplicados durante a sua<br />

realização permitem fornecer um grande<br />

número de informações que podem<br />

ajudar a distinguir uma lesão maligna de<br />

uma lesão benigna.<br />

O laudo adequado, com todas as<br />

informações pertinentes, é primordial. Por<br />

outro lado, a terapêutica não é aplicável<br />

de forma indiscriminada ou igual para<br />

todos os casos. Quando o acesso à<br />

cirurgia videolaparoscópica soa como um<br />

convite a procedimentos menos invasivos<br />

e menos traumáticos, pode-se achar que<br />

FIGuRA 2. Ressonância magnética de abdomên superior<br />

demonstrando lesão de topografia de suprarrenal esquerda.<br />

Amarelo - Massa suprarrenal e hilo renal esquerdo. Roxo - Baço.<br />

Azul - Rim esquerdo.<br />

A FIGURA 2 guarda o grande segredo do diagnóstico<br />

deste paciente. Apesar de não ser elucidativa, permitiu<br />

a decisão por tratamento cirúrgico com intenção<br />

diagnóstica e curativa. As imagens da cirurgia e da peça<br />

cirúrgica e o laudo histopatológico serão postados no<br />

site para esclarecimento desse caso.<br />

28 VITÓRIA APART PROGRESS


ela sempre será uma boa escolha para<br />

ressecções de suprarrenais, o que não é<br />

verdade.<br />

Em algumas situações, a laparoscopia<br />

não é a melhor opção para tratamento<br />

de lesões adrenais. Por vezes, a cirurgia<br />

pode ser necessária como opção<br />

diagnóstica. Outras vezes, uma biópsia<br />

guiada por tomografia ou ultrassonografia<br />

pode elucidar o diagnóstico e permitir<br />

a inicialização precoce do tratamento<br />

adequado, que pode ser, inclusive,<br />

cirúrgico.<br />

A única coisa que não pode ocorrer<br />

é o descaso e desatenção frente ao<br />

surgimento de sintomas ou lesões<br />

VITÓRIA APART PROGRESS<br />

associadas à suprarrenal. Nessas<br />

situações, a orientação multidisciplinar é<br />

a opção mais acertada e segura (médicos<br />

de mais de uma especialidade afim à<br />

patologia – endocrinologista, cirurgião<br />

especialista/oncológico, oncologista<br />

clínico, radiologista intervencionista).<br />

O caso que apresentamos é muito<br />

interessante uma vez que sugere uma<br />

lesão de suprarrenal e direciona toda<br />

a investigação nesse sentido, inclusive<br />

com grande preocupação por apresentar<br />

uma lesão de grandes dimensões e<br />

intimamente relacionada a estruturas<br />

vitais. O paciente em questão, l.M.S.,<br />

51 anos, realizou exames de rotina que<br />

evidenciaram a presença de uma lesão<br />

extensa em topografia de suprarrenal.<br />

Não apresentava qualquer sintomatologia,<br />

nem qualquer alteração de hábitos de<br />

vida ou funcionamento de algum órgão.<br />

A evidência da lesão ao ultrassom levou<br />

à realização de tomografia e, por fim,<br />

de ressonância magnética de abdômen<br />

superior para esclarecimento: da extensão<br />

da doença, da relação com estruturas<br />

adjacentes, da viabilidade de ressecção,<br />

da origem etiológica e do estadiamento.<br />

Discussão do caso:<br />

www.vitoriaaparthospital.com.br<br />

Dr. Guilherme Crespo<br />

Núcleo de Serviços Oncológicos do<br />

<strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

29


NEWS<br />

Vacinação contra<br />

a gripe A (H1N1)<br />

Os funcionários do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong><br />

<strong>Hospital</strong> foram imunizados contra<br />

a gripe A (H1N1) entre os dias<br />

8 e 19 de março. O trabalho<br />

foi realizado pelo setor de<br />

Enfermagem do Trabalho junto<br />

com a Secretaria Municipal de<br />

Saúde. As vacinas beneficiaram<br />

os profissionais da área da saúde<br />

e pessoal da área administrativa<br />

na faixa etária de 30 a 39 anos<br />

que têm contato com pacientes.<br />

Sucesso<br />

de transplante duplo<br />

O <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> comemora<br />

o aniversário do primeiro transplante<br />

duplo do Espírito Santo, realizado<br />

pela equipe médica do hospital<br />

em 27 de julho do ano passado.<br />

A paciente beneficiada foi Maria<br />

Aparecida Almeida Silva de Souza,<br />

de 52 anos, submetida ao transplante<br />

de rim e fígado. A paciente sofria de<br />

insuficiência renal e fazia sessões de<br />

hemodiálise há mais de 10 anos.<br />

O coordenador do programa de<br />

transplantes do hospital, Vinicius<br />

Gomes da Silveira, destaca o<br />

sucesso do procedimento. “Após um<br />

ano, ela faz uso de doses mínimas<br />

de drogas imunossupressoras (para<br />

evitar a rejeição). Hoje, leva um dia a<br />

dia dentro da normalidade, saudável<br />

e com vida social plena”, ressalta.<br />

Convênio para residência médica<br />

<strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

realiza cirurgia inédita<br />

A equipe do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

realizou, no dia 19 de janeiro,<br />

uma cirurgia ortopédica<br />

inédita no Estado. Feita apenas<br />

no Rio de Janeiro, alguns hospitais<br />

de São Paulo e fora do País,<br />

a chamada “prótese reversa de<br />

ombro” é uma técnica voltada<br />

para o tratamento de lesões irreparáveis<br />

nos tendões do ombro<br />

(manguito rotador) e apresenta<br />

resultados satisfatórios.<br />

No dia 25 de novembro, o <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> e a Santa Casa de Misericórdia de<br />

<strong>Vitória</strong> assinaram um convênio para a realização de residência médica em Cirurgia<br />

do Aparelho Digestivo. As vagas serão para 2011. Em 28/01/10, o Programa de<br />

Residência em Medicina Intensiva foi credenciado pelo MEC.<br />

Trabalhos de<br />

iniciação científica<br />

Os dez alunos do curso de Gastroenterologia<br />

Clínica e Cirúrgica<br />

do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> que foram<br />

premiados com bolsas de iniciação<br />

científica realizaram a apresentação<br />

dos trabalhos no dia 9<br />

de abril.<br />

Os participantes tiveram seus projetos<br />

aprovados pelo Comitê de<br />

Ética em Pesquisa do hospital,<br />

e o trabalho foi desenvolvido em<br />

dupla, com cada uma abordando<br />

temas diferenciados.<br />

O curso de Gastroenterologia ainda<br />

possibilitou que outros dez alunos<br />

participassem de atividades<br />

práticas no pronto-socorro e no<br />

centro cirúrgico do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong><br />

<strong>Hospital</strong>.<br />

Jornada de Transplante<br />

de Córneas<br />

O <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong> realizou em<br />

fevereiro, a I Jornada de Transplante<br />

de Córneas. O evento reuniu<br />

médicos, estudantes e outros<br />

profissionais da saúde, no auditório<br />

da instituição, com o objetivo de<br />

contribuir para o treinamento, a<br />

capacitação e a sensibilização das<br />

pessoas que atuam na área. O<br />

evento teve o apoio da Organização<br />

Não-Governamental (ONG) Pró-<br />

Vidas Transplantes e da Sociedade<br />

Brasileira de Oftalmologia –<br />

Regional ES.<br />

Novo equipamento<br />

substitui coração e<br />

pulmão por até 14 dias<br />

A equipe do <strong>Vitória</strong> <strong>Apart</strong> <strong>Hospital</strong><br />

recebeu capacitação para atuar<br />

com o Ecmo/EClS, sistema inovador<br />

formado por um conjunto de<br />

tubos, bomba propulsora e uma<br />

membrana que realiza trocas gasosas<br />

e que pode substituir o coração<br />

e o pulmão por até 14 dias.<br />

A máquina pode ser utilizada em<br />

pacientes com diferentes tipos de<br />

patologias. Uma delas é a gripe A<br />

(H1N1) grave, quando o pulmão não<br />

está com bom funcionamento e não<br />

responde ao tratamento habitual.<br />

Nesse caso, o Ecmo fica ligado ao<br />

paciente até a recuperação da infecção.<br />

Outra utilização é na espera<br />

de um doador para transplante,<br />

quando o órgão não consegue suprir<br />

mais as necessidades do corpo.<br />

O equipamento permanece ligado<br />

enquanto o paciente aguarda o<br />

órgão doado e os procedimentos<br />

para o transplante.<br />

30 VITÓRIA APART PROGRESS


VITÓRIA APART PROGRESS<br />

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