Confira a revista eletrônica - Vitória Apart Hospital
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BEM ME QUER<br />
Aspectos psicológicos dos familiares<br />
dos pacientes internados em UTI infantil<br />
Ao entrarmos em uma UTI Infantil encontramos<br />
imagens inquietantes e ao mesmo<br />
tempo importantes. Em um primeiro olhar,<br />
o que mais nos chama a atenção são os<br />
bebês e crianças com seus muitos aparelhos,<br />
seu sofrimento e sua enorme capacidade<br />
em lutar pela vida.<br />
Ao nos distanciarmos desse maior<br />
impacto, deparamo-nos com outras<br />
questões significativas – a equipe<br />
médica, rápida, assertiva, determinada;<br />
a equipe de enfermagem, atenta e<br />
capacitada a executar o que lhes foi<br />
solicitado com urgência e precisão; a<br />
equipe de psicologia, próxima, com<br />
um cuidado outro que não apenas o<br />
do corpo; uma ampla gama de outros<br />
profissionais, como fisioterapeutas,<br />
fonoaudiólogos e especialistas; e ao<br />
lado de tudo isso, a família das crianças<br />
internadas.<br />
Contamos com uma extensa literatura<br />
para nos auxiliar na compreensão das<br />
diversas tramas que percorrem essas relações,<br />
seja no que diz respeito aos contatos<br />
e à comunicação entre todas essas<br />
pessoas, seja a trama psíquica que envolve<br />
os cuidados da equipe e o cuidado da<br />
família; as projeções que fazem parte da<br />
situação de cuidar de uma criança doente<br />
como profissional e cuidar de uma criança<br />
doente como família.<br />
Entretanto, muito dessa literatura baseia-<br />
-se em autores que escreveram há quatro,<br />
cinco ou mais décadas, a partir de<br />
extensas observações de histórias de<br />
bebês e crianças com curtos períodos<br />
de internação, que não necessitaram<br />
utilizar respiradores, medicações para o<br />
amadurecimento do pulmão, ou permanecer<br />
por muitos meses em hospitais devido<br />
a um acidente automobilístico.<br />
Mural elaborado pela equipe de Psicologia da Perinatal <strong>Vitória</strong>, com e-mails e desenhos enviados por uma família<br />
Essas crianças permaneciam afastadas<br />
de seus pais e familiares, por motivos<br />
variados, fossem esses baseados em teorias<br />
higienistas, por medo de infecções<br />
e até por descrença na possibilidade de<br />
que a família, principalmente a mãe, tivesse<br />
condições de participar dos cuidados<br />
com o seu filho num hospital. Com o tempo,<br />
o olhar focado na criança exige que<br />
seu entorno seja cuidado e seus cuidadores<br />
acolhidos. Pierre Budin, pediatra, já<br />
afirmara, após sua vasta experiência, que<br />
“de nada adiantava salvar um bebê se a<br />
mãe fosse perdida”. Já apontava que esta<br />
era uma figura fundamental nessa situação.<br />
Por um tempo isso ficou esquecido.<br />
Os estudos enfatizam que a ausência<br />
da família e, em especial da mãe, pode<br />
provocar uma série de dificuldades emocionais,<br />
pois o maior malefício inerente a<br />
esse processo se refere à separação da<br />
criança doente de sua mãe, justamente<br />
em um momento de crise, determinado<br />
pela doença, em que a criança necessita<br />
de apoio e carinho materno. Assim, o objetivo<br />
do atendimento da equipe de saúde<br />
deve seguir o princípio de minimizar o sofrimento<br />
da criança, promovendo-lhe saúde<br />
e fazendo dela um elemento ativo no<br />
processo. Uma das formas de minimizar<br />
esse sofrimento é a valorização das relações<br />
familiares, permitindo a presença<br />
dos pais durante a internação e incluindo<br />
a família ampliada neste contexto.<br />
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