Confira a revista eletrônica - Vitória Apart Hospital
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GESTÃO EM SAÚDE<br />
Conformidade legal e arquitetura hospitalar<br />
Neste momento de retomada de investimentos<br />
em geral, o setor de saúde tem<br />
se beneficiado com projetos e obras de<br />
edificações hospitalares. Este cenário<br />
de muitas oportunidades é, também, de<br />
grandes desafios para os profissionais<br />
de projeto que atuam nesse setor.<br />
O maior desafio é, sem dúvida, o atendimento<br />
da conformidade legal. Já<br />
vai longe o tempo em que era possível<br />
elaborar um projeto de edifício de saúde<br />
e só na fase da aprovação ter contato<br />
com a legislação sanitária.<br />
Os arquitetos hospitalares, coordenadores<br />
de projeto, devem conhecer a<br />
legislação sanitária, o funcionamento<br />
dos hospitais, os fluxos que serão gerados<br />
e condicionados pela arquitetura,<br />
as regras da Acreditação <strong>Hospital</strong>ar, as<br />
tendências de crescimento destes edifícios<br />
e a inter-relação entre os diversos<br />
subsistemas que vão formar o mesmo.<br />
Na atualidade, um bom edifício de<br />
saúde será resultado de uma tomada<br />
de decisão que considere as condicionantes<br />
legais a serem atendidas para o<br />
funcionamento do negócio proposto e<br />
da presença de um arquiteto coordenador<br />
ou gerente de projeto.<br />
O alto custo das obras, cronogramas<br />
apertados e a necessidade de cumprir<br />
o planejamento preestabelecido<br />
exigem o conhecimento do conjunto de<br />
projetos (estrutural, elétrico, hidráulico,<br />
de condicionante ambiental e outros)<br />
e o domínio do processo de trabalho,<br />
condição sine qua non do bom andamento<br />
das obras, e consequentemente,<br />
fator de prevenção de futuro retrabalho.<br />
É preciso tratar a obra hospitalar<br />
como são tratadas as grandes<br />
obras de engenharia, praticando a<br />
interdependência entre os projetistas e<br />
a cobrança (justa e pertinente) de cada<br />
uma das responsabilidades técnicas.<br />
Diferentemente do que ocorria no<br />
passado, torna-se cada dia mais difícil<br />
deixar questões de coordenação de<br />
projetos, detalhamento, acabamento,<br />
especificação de materiais e outras<br />
para serem resolvidas na obra. Ou seja,<br />
não é possível alcançar a conformidade<br />
legal sem buscar a responsabilidade<br />
profissional e legal de cada um dos<br />
envolvidos na tarefa.<br />
Há poucos dias, ocorreu um fato que<br />
pode ajudar a ilustrar essa questão: um<br />
hospital novo, de média complexidade,<br />
construído dentro dos melhores padrões<br />
sanitários e arquitetônicos, foi autuado<br />
pela vigilância sanitária por estar<br />
realizando atividades típicas de farmacotécnica<br />
nas dependências de uma<br />
farmácia convencional projetada para<br />
fazer apenas dispensação de medicamentos.<br />
Ou seja, havia um desencontro entre<br />
o objetivo inicial da farmácia e a sua<br />
utilização. Do ponto de vista legal,<br />
o projetista errou ou o farmacêutico<br />
responsável desconhecia os limites<br />
que o espaço físico impunha à sua<br />
atividade?<br />
Responsáveis legais, em todos os<br />
níveis, devem estar cientes das<br />
suas responsabilidades e dos seus<br />
limites, atuando de acordo com as<br />
melhores práticas de suas profissões.<br />
O farmacêutico daquele hospital<br />
desconheceu suas limitações, não<br />
as comunicou à chefia superior e<br />
assumiu responsabilidades além das<br />
possibilidades efetivas de trabalho.<br />
Esse exemplo ilustra a realidade atual:<br />
o setor de saúde no Brasil, de forma<br />
extensiva, está saindo do amadorismo<br />
e se profissionalizando por meio do trabalho<br />
especializado, coordenado, objetivo,<br />
respeitando os limites legais e pro-<br />
Mariluz Gomes Esteves é arquiteta<br />
fissionais. Interessante é que o setor de<br />
saúde já funciona dessa forma quando<br />
o assunto é atender aos pacientes, não<br />
havendo dúvida sobre a responsabilidade<br />
técnica de cada profissional de<br />
saúde frente aos pacientes atendidos.<br />
O desafio de gerir os recursos físicos e<br />
tecnológicos necessários à prestação da<br />
assistência à saúde passa cada vez mais<br />
pela necessidade de profissionalização<br />
no trato dos problemas físicos dos<br />
hospitais, frequentemente delegado<br />
a pessoas sem formação ou com<br />
formação duvidosa, e só será alcançado<br />
através da gestão eficaz do trabalho<br />
profissional e multidisciplinar.<br />
O problema é que, na mesma dimensão<br />
que o trabalho multidisciplinar é<br />
necessário, os profissionais de uma<br />
maneira geral teimam em defender seus<br />
territórios e ignorar o dos outros, esperando<br />
que alguém coordene o caos<br />
resultante de tantas cabeças pensando<br />
sobre um mesmo objeto.<br />
Minha experiência profissional tem<br />
demonstrado que, para garantir qualidade,<br />
vigor e conformidade legal aos<br />
projetos, é preciso estar disposto a trabalhar<br />
em equipes multidisciplinares,<br />
melhorar soluções, antecipar conflitos<br />
resultantes da sobreposição dos sub-<br />
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