a busca da água no sertão a busca da água no sertão - IRPAA
a busca da água no sertão a busca da água no sertão - IRPAA
a busca da água no sertão a busca da água no sertão - IRPAA
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
cmyk<br />
A TRISTE PARTIDA<br />
Texto de Patativa de Assaré e música de Luiz Gonzaga<br />
1. Setembro passou 5. Apela para março 9. Em um caminhão 13. E a lin<strong>da</strong> pequena 17. Se arguma <strong>no</strong>tícia<br />
Cum oitubro e <strong>no</strong>vembro Que é mês preferido Ele joga a famía Tremendo de medo Das ban<strong>da</strong>s do Norte<br />
Já tamo em dezembro Do santo querido Chegô o triste dia Mamãe meu brinquedo Tem ele por sorte<br />
Meu Deus, qui é de nós Sinhô São José Já vai viajá Meu pé de fulô O gosto de ouvi<br />
Assim fala o pobre Mais na<strong>da</strong> de chuva A seca é terrive Meu pé de roseira Lhe bate <strong>no</strong> peito<br />
Do seco Nordeste Ta tudo sem jeito Qui tudo devora Coitado, ele seca Sau<strong>da</strong>de de móio<br />
Cum medo <strong>da</strong> peste Lhe foge do peito Lhe bota pra fora E a minha boneca E a <strong>água</strong> <strong>no</strong>s óio<br />
Da fome feroz. O resto <strong>da</strong> fé. Da terra natá. Também lá ficô. Começa a caí.<br />
2. A treze do mês 6. Agora pensando 10. O carro já corre 14. E assim vão deixando 18. Do mundo afastado<br />
Ele fez experiença Ele segue outra tria No topo <strong>da</strong> serra Com choro e gemido Ali vive preso<br />
Perdeu sua crença Chamando a famia Oiando pra terra Do berço querido Sofrendo o desprezo<br />
Nas pedras de sá Cumeça a dizê Seu berço, seu lá O céu lindo e azu Devendo ao patrão<br />
Mas <strong>no</strong>utra esperança Eu vendo meu burro Aquele <strong>no</strong>rtista O pai pesaroso O tempo rolando<br />
Com gosto se agarra Meu jegue e o cavalo Partido de pena Nos fio pensando Vai dia e vem dia<br />
Pensando na barra Nóis vamo a São Palo De longe in<strong>da</strong> acena E o carro rolando E aquela famía<br />
Do alegre Natá. Vivê ou morrê. Adeus, meu lugá. Na estra<strong>da</strong> do Su. Num vorta mais não.<br />
3. Rompeu-se o Natá 7. Nóis vamo a São Palo 11. No dia seguinte 15. Chegou em São Palo 19. Distante <strong>da</strong> terra<br />
Porém a barra num vêio Qui a coisa tá feia Já tudo infa<strong>da</strong>do Sem cobre, quebrado Tão seca mais boa<br />
O sol bem vermêio Por terras alêia O carro imbalado E o pobre acanhado Exposto à garoa<br />
Nasceu muito além Nóis vamo vagá Veloz a corrê Procura um patrão À lama e ao paú<br />
Na copa <strong>da</strong> mata Se o <strong>no</strong>sso desti<strong>no</strong> Tão triste, coitado Só vê cara estranha Faz pena o <strong>no</strong>rtista<br />
Buzina a cigarra Num fô tão mesquinho Falando saudoso De estranha gente Tão forte e tão bravo<br />
Ninguém vê a barra Pro mesmo cantinho Um seu fio choroso Tudo é diferente Vivê cumo escravo<br />
Pois barra num tem. Nóis torna a vortá. Cumeça a dizê. Do caro torrão. No Norte e <strong>no</strong> Su.<br />
4. Sem chuva na terra 8. E vende seu burro 12. De pena e sar<strong>da</strong>de 16. Trabaia dois a<strong>no</strong><br />
Descamba janeiro O jumento e o cavalo Papai sei que morro Trêis a<strong>no</strong> mais a<strong>no</strong><br />
Depois fevereiro Inté mesmo o galo Meu pobre cachorro E sempre <strong>no</strong>s pra<strong>no</strong><br />
E o mesmo verão Venderam também Quem dá de comê De um dia vortá<br />
Entonce o <strong>no</strong>rtista Pois logo aparece Já outro pergunta Mais nunca ele pode<br />
Pensando consigo Feliz fazendêro Mãizinha e meu gato Só vive devendo<br />
Diz isso é castigo Por pôco dinheiro Cum fome sem trato E assim vai sofrendo<br />
Num chove mais não. Lhe compra o que tem. Mimi vai morrê É sofrê sem pará.<br />
29