Mensagem de S. S. Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de ... - Ecclesia

para chegar a ser espaço para o Deus que transcende o espaço, foi
inaugurada a senda da Providência encarnada de Deus e proclamada a
nossa salvação.
«Hoje é o fundamento de nossa fé e a revelação do arcano Mistério,
preparado desde a eternidade: pois o Filho de Deus se faz Filho da Virgem!»
Cantava ainda a Igreja na festividade da Anunciação. Por obra do Espírito
Santo, o Inconcebível se faz semente no ventre sagrado da Virgem, e a
concepção foi realizada. Assim, a natureza divina iniciou sua coexistência
com a natureza humana, pois «Deus se faz homem para que todos nós nos
deifiquemos», conforme expressa Santo Atanásio, o Grande.
A Complacência de Deus, pois, já celebrada na Festa da Apresentação
de Maria no templo, e o anúncio de nossa Salvação revelado na Anunciação,
hoje, no grande e santo dia da Natividade, se faz uma realidade palpável!
Hoje o «Verbo se fez carne e habitou entre nós», e os anjos festejam este
evento cantando: «Glória a Deus nas Alturas, paz na terra, e benevolência
entre os homens!»
Com a Encarnação, a humanização do Verbo, a Salvação do gênero
humano já se realizou em potência. Pois, aqueles que, crendo em Jesus
Cristo, vivem uma vida de acordo com esta fé, seguindo os seus
ensinamentos, se elevam com esta vida querida por Deus e se tornam
amigos e participantes de Deus! Tornam-se «participantes da divina
natureza» deificando-se, pela Graça! Isto se realiza plenamente dentro da
Igreja, onde o homem se regenera em Cristo, adotado pelo Pai através do
Batismo. Depois, através dos outros Sacramentos e pelo exercício das
virtudes, o homem é plenificado pela divina graça e o Espírito Santo,
crescendo assim até alcançar o status de «homem perfeito», medida da
estatura da plenitude de Cristo, até chegar a dizer com o apóstolo São
Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Cristo quem vive em mim!» Aqueles que
alcançam o nível desta perfeição, Cristo os tem não são só como amigos ou
irmãos, mas os reconhece como membros de seu Corpo. É por isso que, do
alto da Cruz, disse Jesus a Sua Santíssima Mãe, referindo-se ao Evangelista
São João: «Mulher, eis aqui teu filho!» E a João, apontando Maria: «Eis aqui a
tua Mãe!» A Natividade, pois, abre amplamente a porta da cristificação e da
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