Nossa Senhora do Capítulo (1224) Portugal - Maria Mãe da Igreja
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<strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>do</strong> <strong>Capítulo</strong><br />
(Vila de Alenquer - <strong>Portugal</strong>)<br />
(<strong>1224</strong>)<br />
Entraram os frades menores em <strong>Portugal</strong> pelo ano de 1216, deman<strong>da</strong>n<strong>do</strong> logo a<br />
corte <strong>do</strong> rei Dom Afonso II, que residia em Coimbra. Foi, então, grande a afeição que<br />
lhes tomou a rainha Dona Urraca, sua mulher, que os a<strong>do</strong>tou por filhos, e os man<strong>do</strong>u<br />
agasalhar com exímia cari<strong>da</strong>de. Daí passaram para a vila de Alenquer.<br />
Pela fama já divulga<strong>da</strong> de suas virtudes e <strong>do</strong> seu zelo pelo bem espiritual <strong>da</strong>s<br />
almas, recebeu-os em Alenquer a infante Dona Sancha, com muita pie<strong>da</strong>de e<br />
devoção, e, desejan<strong>do</strong> muito que ali ficassem, deu-lhes seus paços para a fun<strong>da</strong>ção<br />
de um convento.<br />
No capítulo (sala onde se reúnem os religiosos para deliberar sobre negócios de<br />
sua jurisdição; essas reuniões chamam-se “capítulos”, <strong>da</strong>í o nome <strong>da</strong> sala) deste<br />
convento se venera, desde a sua fun<strong>da</strong>ção, uma milagrosa imagem de <strong>Nossa</strong><br />
<strong>Senhora</strong>, à qual se refere a seguinte maravilha: houve nesse convento um noviço de<br />
vi<strong>da</strong> muito inocente, ao qual o guardião ordenou certo dia, em penitência de leve<br />
culpa, que não se apartasse <strong>do</strong> altar de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> enquanto ela mesma não lhe<br />
revelasse que oração lhe era mais aceita dentre to<strong>da</strong>s as que lhe eram dirigi<strong>da</strong>s.<br />
O santo noviço perseverou de joelhos to<strong>do</strong> o dia, e, sen<strong>do</strong> já alta noite, <strong>do</strong><br />
profun<strong>do</strong> <strong>da</strong> alma, com grande afeto, devoção e lágrimas, prorrompeu nestas<br />
palavras: “Ó Virgem Santíssima, <strong>Mãe</strong> de Pie<strong>da</strong>de, humildemente vos rogo, manifesteis<br />
a esse vosso servo o que o guardião me man<strong>do</strong>u perguntar-vos. Por obediência, <strong>Mãe</strong><br />
Santa, <strong>da</strong>qui não hei de me afastar sem lhe levar a resposta.”<br />
Eis que, inclina<strong>da</strong> a Rainha <strong>do</strong>s Anjos, a seus humildes rogos, <strong>do</strong> altar onde<br />
estava lhe responde: “Vai, amantíssimo filho, e afirma que o hino ‘O gloriosa Domina’,<br />
que a <strong>Igreja</strong> me canta, é de to<strong>da</strong>s as orações a que me é mais aceita, e, para provar<br />
o que te digo, este meu Infante Jesus, que até agora tive no braço direito, eu o passo<br />
para o esquer<strong>do</strong>, por isso, vai confiante, que, ven<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> tão extraordinária<br />
maravilha, to<strong>do</strong> ele te <strong>da</strong>rá crédito; e convi<strong>da</strong> o guardião e os mais religiosos para<br />
virem me visitar”.<br />
O santo noviço, consola<strong>do</strong> com tão grande favor, depois de agradecer a <strong>Nossa</strong><br />
<strong>Senhora</strong>, foi obediente referi-lo ao guardião, que, alvoroça<strong>do</strong>, assim como os outros<br />
religiosos, foram to<strong>do</strong>s, e, ven<strong>do</strong> o tão manifesto milagre que <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> havia<br />
opera<strong>do</strong> em sua santa imagem, creram no que o noviço afirmava <strong>da</strong> oração “O<br />
gloriosa Domina”, crescen<strong>do</strong> nos fiéis, <strong>da</strong>quele dia em diante, a devoção a <strong>Nossa</strong><br />
<strong>Senhora</strong>, que ain<strong>da</strong> hoje persevera.<br />
Conservou-se sempre o Menino mu<strong>da</strong><strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> evidentíssimos testemunhos <strong>da</strong><br />
ver<strong>da</strong>de deste sucesso os sinais que ficaram no lugar em que tinha esta<strong>do</strong> o Menino.<br />
Sucedeu este prodígio no ano de <strong>1224</strong>, e, para comemorá-lo, to<strong>do</strong>s os sába<strong>do</strong>s,<br />
depois <strong>da</strong>s Completas, toca<strong>do</strong> o sino grande, vai a comuni<strong>da</strong>de em procissão ao<br />
capítulo, com círios acesos, acompanha<strong>da</strong> de multidão, e, com soleni<strong>da</strong>de e<br />
devoção, de joelhos cantam o hino “O gloriosa Domina”.<br />
Parece que foi deste fato que nasceu, em nosso Santo Antonio de Lisboa, a<br />
grande devoção que tinha a esse hino, valen<strong>do</strong>-se dele em suas maiores
necessi<strong>da</strong>des, como fez certa noite em que o demônio quis afogá-lo, invejoso <strong>do</strong><br />
grande fruto que produzia na Itália a sua pregação, afugentan<strong>do</strong>-o com a repetição<br />
deste hino. Este milagre é referi<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os autores franciscanos.<br />
Como a imagem milagrosa estava na sala <strong>do</strong> capítulo, deram a <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong><br />
o novo título: <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>do</strong> <strong>Capítulo</strong>.