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macunaima, o heroi brasileiro de todos os tempos.pdf

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“O Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> pegou o espírito da<br />

brasilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma certa época e<br />

No entanto, somente após entregar<br />

um d<strong>os</strong>siê da imprensa internacional,<br />

o cineasta conseguiu<br />

que a produção chegasse às salas<br />

com apenas três cenas vetadas.<br />

Joaquim Pedro lutou por mais 15<br />

an<strong>os</strong>, e só em 1985, com a abertura<br />

política, o longa ficou totalmente<br />

livre para exibição na televisão<br />

e n<strong>os</strong> cinemas.<br />

Além das seqüências <strong>de</strong> nu<strong>de</strong>z,<br />

o filme apresenta críticas sociais<br />

retiradas da obra <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> mensagens<br />

políticas adaptadas pelo diretor.<br />

A personagem Ci, uma guerreira<br />

amazona no romance original,<br />

foi transformada numa guerri-<br />

talvez para sempre ”<br />

Sérgio Rezen<strong>de</strong><br />

lheira urbana vivida por Dina<br />

Sfat. Adaptações que refletem o<br />

momento em que o Brasil e outr<strong>os</strong><br />

países viviam, no final da<br />

década <strong>de</strong> 1960, marcado pel<strong>os</strong><br />

protest<strong>os</strong> estudantis nas ruas <strong>de</strong><br />

Paris e pela marcha d<strong>os</strong> 100 mil<br />

no Brasil.<br />

“Macunaíma foi filmado em<br />

1968, o ano das manifestações, o<br />

ano que não acabou. Todo mundo<br />

achava que ia conseguir mudar<br />

tudo. O filme é uma junção <strong>de</strong><br />

política e cultura, num momento<br />

em que isso foi mais forte”, afirmou<br />

Heloísa Buarque <strong>de</strong> Hollanda,<br />

professora e produtora editorial,<br />

em um <strong>de</strong>poimento à filha do<br />

Um movimento em busca <strong>de</strong><br />

uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria<br />

cineasta, Maria Andra<strong>de</strong>, registrado<br />

no DVD do filme lançado em<br />

2006.<br />

Para Miguel Pereira, professor do<br />

Departamento <strong>de</strong> Comunicação<br />

Social da PUC-Rio, assim como a<br />

obra mo<strong>de</strong>rnista, o longa-metragem<br />

<strong>de</strong> Joaquim Pedro faz uma<br />

boa leitura crítica <strong>de</strong> um protótipo<br />

do <strong>brasileiro</strong>. “Um malandro sem<br />

ética e que não se importa com<br />

as conseqüências <strong>de</strong> seus própri<strong>os</strong><br />

at<strong>os</strong>”. Miguel Pereira acredita ainda<br />

que o diretor adaptou o livro<br />

sob a ótica <strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>,<br />

outro ícone da Semana <strong>de</strong> Arte<br />

Mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> 1922.<br />

Já o cineasta Sérgio Rezen<strong>de</strong> crê<br />

que cada momento da história<br />

tem seu anti-herói em diferentes<br />

esferas: “No Flamengo há o Obina,<br />

que é o Macunaíma da vez”,<br />

compara. Para o diretor, a produção<br />

estrelada por Paulo J<strong>os</strong>é não é<br />

um filme hermético como <strong>os</strong> outr<strong>os</strong><br />

do Cinema Novo, e a publicação<br />

<strong>de</strong> 1928 é uma boa tradução<br />

do Brasil até hoje: “O Mário<br />

<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> pegou o espírito da<br />

brasilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma certa época e<br />

talvez para sempre.”<br />

A também chamada Semana <strong>de</strong> 22 aconteceu em fevereiro, no Teatro Municipal<br />

<strong>de</strong> São Paulo, e foi aberta com a conferência <strong>de</strong> Graça Aranha intitulada<br />

“A emoção estética da arte mo<strong>de</strong>rna”.<br />

O evento marcou a emergência do mo<strong>de</strong>rnismo no país e foi o ápice da insatisfação<br />

da socieda<strong>de</strong> brasileira com <strong>os</strong> padrões culturais vigentes, submetid<strong>os</strong> a<br />

mo<strong>de</strong>l<strong>os</strong> importad<strong>os</strong>.<br />

A busca <strong>de</strong> uma arte verda<strong>de</strong>iramente brasileira foi resultado <strong>de</strong> uma inquietação<br />

que surgiu a partir do século XX por parte <strong>de</strong> artistas e intelectuais da<br />

época. Neste período repleto <strong>de</strong> agitações, <strong>os</strong> intelectuais <strong>brasileiro</strong>s resolveram<br />

abandonar <strong>os</strong> valores estétic<strong>os</strong> antig<strong>os</strong> e introduzir um estilo diferente, mo<strong>de</strong>rno,<br />

que valorizasse a cultura nacional.<br />

A Semana <strong>de</strong> 22 foi a expl<strong>os</strong>ão <strong>de</strong> idéias inovadoras que aboliam a perfeição<br />

estética do século XIX. Entre <strong>os</strong> importantes nomes que participaram da Semana<br />

<strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna estavam <strong>os</strong> escritores Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e Manuel Ban<strong>de</strong>ira, <strong>os</strong> artistas<br />

plástic<strong>os</strong> Anita Malfati e Di Cavalcanti e o músico Villa-Lob<strong>os</strong>.<br />

Julho / Dezembro 2007

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