Janeiro / Fevereiro 2008 - SINDIFERPA
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siderúrgicas testam<br />
nOVas tecnOlOgias<br />
os PriMeiros resultAdos do seMiNário<br />
“Processos de produção de carvão<br />
vegetal com aplicação na indústria do<br />
aço”, promovido pelo Sindicato das Indústrias<br />
de Ferro-Gusa do Estado do Pará<br />
(Sindiferpa) no final de 2007, começam<br />
a aparecer. As diversas alternativas em<br />
novas tecnologias apresentadas por<br />
pesquisadores do Brasil e da França despertaram<br />
o interesse das 17 siderúrgicas<br />
do pólo de Carajás, preocupadas em minimizar<br />
impactos ambientais da cadeia<br />
produtiva do ferro-gusa.<br />
O objetivo foi possibilitar o conhecimento<br />
das mais avançadas tecnologias<br />
produtivas de carvão vegetal, bem como<br />
viabilizar parcerias e cooperação técnica<br />
para o setor alcançar a sustentabilidade.<br />
Uma das tecnologias que mais chamou<br />
a atenção foi a Dry Pirolise Collan,<br />
a DPC, que foi desenvolvida pelo engenheiro<br />
Sidney Pessoa Vieira, que também<br />
atua nas siderúrgicas Terra Norte e<br />
Sidenorte, em Marabá.<br />
O DPC é um processamento térmico<br />
com um conjunto de soluções que permite<br />
obter de qualquer material orgânico,<br />
sem poluição ambiental, a energia<br />
fornecida pela biomassa utilizada.<br />
Essa tecnologia realiza simultaneamente<br />
e de forma independente as três<br />
fases da carbonização: a secagem, a pirólise<br />
da madeira e o resfriamento do carvão<br />
vegetal. A diferença é que os fornos<br />
utilizados atualmente são de alvenaria e<br />
queimam parte da madeira para gerar<br />
energia para o processo de produção do<br />
ferro-gusa. O DPC aproveita os gases da<br />
queima para gerar essa energia com um<br />
aproveitamento maior da madeira.<br />
Em Marabá, a Sidenorte e a Terra<br />
Norte já iniciaram estudos para verificar<br />
a viabilidade do sistema DPC. A Maragusa,<br />
apesar de ter poucos meses de<br />
funcionamento, também demonstrou<br />
interesse em fazer uma parceria na utilização<br />
do DPC.<br />
A siderúrgica Ibérica é a primeira a<br />
utilizar essa tecnologia depois de conhecer<br />
outros sistemas utilizados em usinas<br />
siderúrgicas em todo o Brasil, para conhecer<br />
os processos com melhores resultados<br />
para fazer uma avaliação técnica.<br />
“Buscamos uma tecnologia com maior<br />
ganho na redução do consumo de madeira,<br />
na produção de metros cúbicos<br />
de carvão e um investimento mais viável<br />
para financiar, por ser acompanhado de<br />
ganhos ambientais”, explica Jon Lopez<br />
Inchaurbe, diretor geral da Ibérica.<br />
A iniciativa faz parte da estratégia da<br />
empresa para alcançar a sustentabilidade<br />
energética até 2011. “Nosso foco é<br />
"Buscamos um investimento<br />
mais viável para financiar,<br />
por ser acompanhado de<br />
ganhos ambientais".<br />
JoN loPez iNchAurBe<br />
diretor geral da ibérica<br />
• JAN/FEV <strong>2008</strong><br />
para o plantio de florestas de eucalipto que nos garantam<br />
100% do que necessitamos de biomassa nos<br />
próximos quatro anos; e para a produção de energia<br />
limpa, através da co-geração de energia com os gases<br />
dos altos-fornos e com tecnologias para reduzir o consumo<br />
de carvão vegetal nesse processo. Nesse ponto<br />
está a maior quantidade de investimentos da empresa”,<br />
ressalta Jon Lopez.<br />
O primeiro forno DPC foi instalado para um período<br />
experimental de seis meses. Todas as etapas do<br />
processo estão sendo testadas e os resultados, até<br />
agora, são satisfatórios. “A qualidade do carvão em<br />
volumetria e porcentagem de aproveitamento são<br />
bem melhores. Pudemos verificar que a queima no<br />
processo de pirólise melhora muito o resultado da carbonização”,<br />
avalia Jon.<br />
Segundo ele, a tecnologia também tem vantagens<br />
ambientais e trabalhistas. “Não há emissão de gases<br />
no meio ambiente nem condições degradantes ou<br />
perigosas para os trabalhadores”, garante.<br />
Após a experiência, a Ibérica já negocia para ter<br />
três instalações completas do DPC, com 60 reatores,<br />
num sistema integrado para produção de carvão<br />
vegetal. “A Ibérica acredita que só através da autosustentabilidade<br />
é possível continuar trabalhando. O<br />
caminho é claro: reflorestamento e investimento em<br />
tecnologias”, diz Jon Lopez. Mas ele também destaca<br />
que esse tipo de investimento só tem resultado se<br />
for acompanhado de qualificação dos colaboradores.<br />
“Assim, há o ganho individual para o colaborador e o<br />
ganho coletivo para a empresa”, finaliza.