A mente renovada por Deus - Webnode
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Anos atrás, assistindo a uma encenação musical de Os<br />
Miseráveis, o solo impressionante de Eponine conquistou-me a<br />
simpatia. Claro, não posso dizer que minha realidade se compare à<br />
dela. Além de viver em época e lugar diferentes, não experi<strong>mente</strong>i<br />
nem a miséria, nem a injúria, nem a desesperança predominantes<br />
em seu mundo. As palavras que ela proferia, no entanto,<br />
incomodaram-me e despertaram em mim um sentimento de<br />
afinidade. Pois ela fugia da realidade vivendo em um mundo que só<br />
existia dentro de sua cabeça<br />
Meu mundo imaginário desenvolveu-se muito cedo na infância.<br />
Uma das primeiras lembranças que registrei na memória foi<br />
aos quatro anos de idade, e referia-se à separação de meus pais,<br />
que culminou em divórcio. Seguiu-se o problema da custódia, cuja<br />
solução me impôs um longo afastamento de minha mãe. Cerca de<br />
oito anos mais tarde, consegui vê-la <strong>por</strong> algumas horas e a cena só<br />
se repetiu quando eu tinha vinte e oito anos de idade.<br />
Se alguém me perguntasse, eu diria que, graças ao amor de<br />
meu pai e avós, essa separação não teve grande efeito sobre mim.<br />
Sei que não tinha raiva deles <strong>por</strong> causa do divórcio. Mas muitas<br />
perguntas ficaram sem respostas, e minha <strong>mente</strong> infantil tentava<br />
elaborá-las na privacidade da imaginação.<br />
Lembro-me de inventar histórias e canções sobre famílias e<br />
relacionamentos, mas todas tinham uma estranha característica.<br />
Ao contrário de Eponine, que criou para si mesma um mundo de<br />
felicidade e amor em meio ao desespero, eu transformava minha<br />
sensação de perda em fábulas tristes e desanimadoras.<br />
Não é meu objetivo buscar a piedade dos leitores, nem encher<br />
essas páginas com detalhes de uma infância triste. Pelo contrário,<br />
quero compartilhar de que modo <strong>Deus</strong>, em sua graciosa<br />
providência, atraiu-me a atenção e mudou radical<strong>mente</strong> o rumo da<br />
minha vida.<br />
Na adolescência e também no início de minha vida adulta,<br />
um padrão habitual de pensamento veio à tona. As histórias<br />
imaginárias da minha infância, cheias de tristeza e sentimentos dé<br />
perda, serviram de base para os períodos de desânimo e até<br />
depressão que me acompanhariam dali <strong>por</strong> diante.<br />
Algumas pessoas teriam diagnosticado meu problema como<br />
crise da meia-idade, mas eu ainda não chegara a essa fase quando