18.04.2013 Views

estética & filosofia da arte - Carlos João Correia

estética & filosofia da arte - Carlos João Correia

estética & filosofia da arte - Carlos João Correia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Esta pintura ilustra bem a teoria de Bell uma vez que Cézanne manipulou as<br />

relações entre as p<strong>arte</strong>s <strong>da</strong> composição a favor <strong>da</strong> forma, e teve pouca<br />

preocupação com a correcção literal. Por exemplo, <strong>da</strong> perspectiva de Cézanne, a<br />

casa de campo encontra-se na reali<strong>da</strong>de a um quilómetro e meio de distância na<br />

outra margem do lago, e teria parecido minúscula numa fotografia <strong>da</strong> paisagem. Mas<br />

na pintura impera. Do mesmo modo, as encostas <strong>da</strong> montanha que surgem no<br />

plano de fundo foram estiliza<strong>da</strong>s para criar uma relação mais simétrica <strong>da</strong>s formas<br />

do que seria visível na paisagem. Neste caso, Cézanne está conscientemente a criar<br />

«uma harmonia paralela à natureza». Não está a tentar espelhar a natureza. Está<br />

antes a criar um padrão que iguala a experiência visual do cenário e que expressa<br />

também a reacção emocional que provoca no artista. A ver<strong>da</strong>deira paisagem apenas<br />

fornece o «problema estético» para o qual a pintura é a solução. A ver<strong>da</strong>deira<br />

preocupação, contudo, é com a forma. E também esta deveria ser a preocupação<br />

do observador. Ver esta pintura pode <strong>da</strong>r origem a uma profun<strong>da</strong> emoção <strong>estética</strong><br />

e talvez mesmo transportar-nos para lá do mundo do dia-a-dia <strong>da</strong>s meras<br />

aparências em que normalmente vivemos. Bell produziu a sua teoria trabalhando a<br />

partir <strong>da</strong> sua experiência de pinturas como Lac d'Annecy. Percebeu que neste tipo<br />

de pintura era a forma, a cor e o design que o comoviam, e não o tema, e depois<br />

generalizou, a partir deste caso, para to<strong>da</strong> a <strong>arte</strong>.”<br />

Warburton 2007: 29-31; 2003: 16-18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!