18.04.2013 Views

universidade do minho curso de engenharia civil fundações

universidade do minho curso de engenharia civil fundações

universidade do minho curso de engenharia civil fundações

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

UNIVERSIDADE DO MINHO<br />

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />

MEYERHOF<br />

B<br />

P<br />

FUNDAÇÕES<br />

por<br />

(TERZAGHI)<br />

J. BARREIROS MARTINS<br />

3ª Edição UM, Braga 2002<br />

3ª Edição UM, Guimarães 2002<br />

q<br />

h= Σhi


PREÂMBULO<br />

Esta é a 3ª edição <strong>do</strong>s textos <strong>de</strong> “Fundações”. A 1ª edição <strong>de</strong>, 1979, <strong>de</strong>stinou-se aos<br />

alunos <strong>de</strong> “Estruturas Especiais” <strong>do</strong> 5º ano da FEUP. A 2ª edição, <strong>de</strong> 1991, não teve<br />

gran<strong>de</strong>s alterações em relação à primeira e já se <strong>de</strong>stinou aos alunos <strong>de</strong> “Fundações” <strong>do</strong><br />

4º ano <strong>do</strong> <strong>curso</strong> <strong>de</strong> Engenharia Civil da U. M. (2º semestre).<br />

Esta nova edição já contem gran<strong>de</strong>s alterações em relação à <strong>de</strong> 1991 e, em princípio,<br />

<strong>de</strong>stinar-se-à a uma disciplina anual..<br />

Introduziram-se em geral alterações que contemplam os eurocódigos, em vias <strong>de</strong><br />

implementação, principalmente o EC 7 relativo ao projecto geotécnico. Praticamente<br />

to<strong>do</strong>s os eurocódigos se encontram ainda em fase <strong>de</strong> actualização e só as pré-normas<br />

respectivas estão a ser aplicadas. Nomeadamente o EC 2 (Betão Arma<strong>do</strong>) e o EC 7 não<br />

têm ainda versão <strong>de</strong>finitiva. Por outro la<strong>do</strong> o RSA (Regulamento <strong>de</strong> Segurança e<br />

Acções) e o REBAP (Regulamento <strong>de</strong> Estruturas <strong>de</strong> Betão Arma<strong>do</strong> e Pré-esforça<strong>do</strong>),<br />

ainda não foram revoga<strong>do</strong>s, o que torna a situação algo in<strong>de</strong>finida, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o<br />

dimensionamento <strong>do</strong>s orgãos <strong>de</strong> fundação em Betão Arma<strong>do</strong> fazer-se pelo RSA +<br />

REBAP ou pelo EC1 (Segurança e acções) + EC2. A situação <strong>de</strong> in<strong>de</strong>finição levou a<br />

que na disciplina <strong>de</strong> Betão Arma<strong>do</strong> e Pré-esforça<strong>do</strong> da U.M. se estejam a aplicar as<br />

normas espanholas respectivas (1991) (EH.91).<br />

Além <strong>de</strong> frequentes referências ao EC7, nos diferentes capítulos refere-se também o<br />

trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Joseph Bowles, 5ª edição (1996) “Foundations Analysis and Design”.<br />

Enquanto que no EC7 o dimensionamento é sempre feito por coeficientes parciais <strong>de</strong><br />

segurança, Bowles usa sistematicamente o dimensionamento por tensões <strong>de</strong> segurança e<br />

portanto a<strong>do</strong>pta um coeficiente global <strong>de</strong> segurança. Por isso resolvemos no texto, a par<br />

<strong>de</strong>sta forma clássica <strong>de</strong> tratar a segurança, usar paralelamente coeficientes parciais <strong>de</strong><br />

segurança.<br />

Guimarães, Julho <strong>de</strong> 2002<br />

Agra<strong>de</strong>cimento<br />

Dactilografaram os textos a Paula Nunes e a Cristina Ribeiro. O David Francisco<br />

elaborou os <strong>de</strong>senhos em Autucad e Scanning.


Capítulo 1<br />

ÍNDICE<br />

Características <strong>de</strong> resistência e <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>do</strong>s terrenos<br />

1.1 Parâmetros <strong>de</strong> projecto. Ensaios <strong>de</strong> campo; ensaios laboratoriais I-1<br />

1.2 Correlações I-2<br />

Capítulo 2<br />

Introdução ao Eurocódigo 7. Dimensionamento Geotécnico<br />

2.1 Objectivo II-1<br />

2.2 Categorias geotécnicas II-1<br />

2.3 Segurança. Fsg Global. Fs Parciais II-3<br />

Capítulo 3<br />

Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> <strong>fundações</strong>. Revisão <strong>do</strong> formulário.<br />

Fundações c/ base inclinada; em talu<strong>de</strong>; em solo estratifica<strong>do</strong><br />

3.1 Fórmula geral III-2<br />

3.2 Valores <strong>do</strong>s factores III-2<br />

3.3 Aplicações III-8<br />

3.4 Solos estratifica<strong>do</strong>s com duas camdas III-14<br />

Capítulo 4<br />

Assentamentos <strong>de</strong> Fundações<br />

4.1 Transmissão <strong>de</strong> tensões em profundida<strong>de</strong>. (Elasticida<strong>de</strong> linear,<br />

Boussinesq)<br />

IV-1<br />

4.2 Assentamento <strong>de</strong> sapatas à superfície (meio elástico) IV-5<br />

4.3 Assentamento <strong>de</strong> uma sapata à profundida<strong>de</strong> D em meio elástico IV-7<br />

4.4 Valores limites <strong>de</strong> assentamento IV-16<br />

Capítulo 5<br />

Fundações Superficiais (sapatas e blocos <strong>de</strong> fundação)<br />

5.1 Elementos <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> para dimensionamento <strong>de</strong> <strong>fundações</strong> V-1<br />

5.2 Consi<strong>de</strong>rações gerais sobre o tipo <strong>de</strong> fundação directa mais<br />

apropriada: blocos, sapatas isoladas, sapatas contínuas, sapatas<br />

com vigas <strong>de</strong> equilíbrio. Ensoleiramentos gerais<br />

5.3 Fundações directas e sapatas. Seu dimensionamento V-13<br />

5.4 Sapatas <strong>de</strong> fundação. Disposições construtivas relativas a ferros V-31<br />

V-8<br />

Pág.<br />

IN-1


5.5 Sapatas contínuas (“corridas”) V-32<br />

5.6 Sapatas com vigas <strong>de</strong> equilíbrio V-40<br />

5.7 Fundações por sapatas <strong>de</strong> forma irregular e receben<strong>do</strong> vários<br />

pilares<br />

V-42<br />

5.8 Ensoleiramento geral V-48<br />

5.9 Utilização <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s numéricos no cálculo <strong>de</strong> esforços em vigas<br />

sobre fundação elástica (hipótese <strong>de</strong> Winkler)<br />

Capítulo 6<br />

Muros <strong>de</strong> suporte<br />

V-52<br />

6.1 Soluções construtivas e dimensões VI-1<br />

6.2 Forças solicitantes VI-5<br />

6.3 Avaliação das forças solicitantes VI-6<br />

6.4 Pressão lateral <strong>de</strong>vida a cargas concentradas no terrapleno, obtida<br />

pela teoria da elasticida<strong>de</strong><br />

VI-6<br />

6.5 Projecto <strong>de</strong> muros <strong>de</strong> suporte VI-9<br />

Capítulo 7<br />

Estacas-Pranchas<br />

7.1 Tipos construtivos e consi<strong>de</strong>rações gerais VII-1<br />

7.2 Cortinas <strong>de</strong> estacas-pranchas. Seu dimensionamento VII-9<br />

7.3 Cortinas <strong>de</strong> estacas-pranchas ancoradas VII-18<br />

7.4 Exemplos VII-23<br />

7.5 Comentários sobre a distribuição <strong>de</strong> pressões das terras sobre a<br />

cortina<br />

VII-32<br />

7.6 Cortinas com mais <strong>de</strong> uma fila <strong>de</strong> ancoragens VII-33<br />

7.7 Ancoragens baseadas na resistência passiva <strong>do</strong>s solos VII-36<br />

7.8 Pormenores construtivos <strong>de</strong> ancoragens. Cálculo gráfico <strong>de</strong><br />

ancoragens<br />

VII-40<br />

7.9 Escavações entivadas por escoramento ou ancoragem VII-46<br />

Capítulo 8<br />

Estacas. Maciços <strong>de</strong> estacas<br />

8.1 Tipos <strong>de</strong> estacas. Uso <strong>de</strong> cada tipo VIII-1<br />

8.2 Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga ou capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong> estacas para<br />

cargas verticais<br />

VIII-9<br />

IN-2


8.3 Assentamento <strong>de</strong> estacas e <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas VIII-35<br />

8.4 Estacas submetidas a forças horiontais VIII-46<br />

8.5 Disposição das estacas num maciço. Concepção <strong>de</strong> maciços <strong>de</strong><br />

estacas<br />

8.6 Cálculo <strong>do</strong>s esforços nas estacas <strong>de</strong> um maciço. (simplificação<br />

quan<strong>do</strong> só há estacas verticais)<br />

8.7 Cálculo <strong>do</strong>s esforços em estacas com inclinação qualquer num<br />

maciço<br />

8.8 Armadura <strong>de</strong> estacas em betão arma<strong>do</strong>. Disposições construtivas.<br />

Momentos flectores<br />

8.9 Dimensionamento <strong>de</strong> maciços <strong>de</strong> encabeçamento <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong><br />

estacas <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong><br />

Capítulo 9<br />

Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s<br />

VIII-57<br />

VIII-60<br />

VIII-67<br />

VIII-77<br />

VIII-81<br />

9.1 Consi<strong>de</strong>rações gerais IX-1<br />

9.2 Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> avaliação da estabilida<strong>de</strong> IX-2<br />

9.3 Méto<strong>do</strong> das fatias. Méto<strong>do</strong> Sueco IX-3<br />

9.4 Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Bishop IX-6<br />

9.5 Crítica <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s das fatias com superfícies <strong>de</strong> directriz<br />

circular (Bishop e Sueco). Generalização para a existência <strong>de</strong><br />

forças externas<br />

IX-10<br />

9.6 Análise com superfícies <strong>de</strong> directriz não circular IX-14<br />

9.7 Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Morgenstern e Price IX-16<br />

9.8 Crítica <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s relativos às superfícies <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento não<br />

circulares<br />

IX-19<br />

9.9 Um novo méto<strong>do</strong> IX-20<br />

9.10 Exemplos IX-23<br />

IN-3


Capítulo 1<br />

CARACTERÍSTICAS DE RESISTÊNCIA E DA DEFORMAÇÃO DOS<br />

TERRENOS.<br />

1.1. Parâmetros <strong>de</strong> Projecto. Ensaios <strong>de</strong> campo; ensaios laboratoriais.<br />

De um mo<strong>do</strong> geral, o primeiro problema com o qual um projectista se <strong>de</strong>bate é o da<br />

escolha <strong>de</strong> parâmetros a a<strong>do</strong>ptar no projecto da fundação. Esses parâmetros <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s<br />

no Eurocódigo por “valores <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s” (<strong>de</strong>rived values) por serem obti<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong><br />

ensaios <strong>de</strong> campo e / ou laboratoriais.<br />

Os parâmetros <strong>de</strong> resistência e <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação não são <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s por parâmetros<br />

“característicos” porque isso implicaria um tratamento estatístico rigoroso (quartil <strong>de</strong><br />

5%) <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s ensaios, o que poucas vezes é possível.<br />

Os ensaios <strong>de</strong> campo mais usuais encontram-se <strong>de</strong>scritos no EC7 (pr ENV-1997-<br />

geotechnical <strong>de</strong>sign assisted by field tests) e são os seguintes:<br />

- SPT “Standard penetration test” ou ensaio <strong>de</strong> Terzaghi;<br />

- CPT (u) Cone penetrómetro estático ou cone holandês;<br />

- DP Cones penetrómetros dinámicos: leve DPL, médio, DPM, pesa<strong>do</strong> DPH, super<br />

pesa<strong>do</strong> DPSH;<br />

- Ensaios pressiométricos (tipo Menard e outros);<br />

- WST “Weight sounding test” ou ensaio com peso;<br />

- FVT “Field vane test” ou ensaios com molinete <strong>de</strong> campo;<br />

- DMT “Dilatómetro (Marchetti)” em solo<br />

- Ensaios com dilatómetro em rocha (ensaio com macacos planos)<br />

- PLT Ensaio <strong>de</strong> placa (“Plate load test”).


Os ensaios <strong>de</strong> laboratório mais usuais são:<br />

- Ganulometrias e limites <strong>de</strong> Atterberg;<br />

- Ensaios <strong>de</strong> compressão simples;<br />

- Ensaios <strong>de</strong> compressão triaxial;<br />

- Ensaios na caixa <strong>de</strong> corte;<br />

- Ensaios e<strong>do</strong>métricos;<br />

Estes ensaios também se encontram <strong>de</strong>scritos no EC7 (pr. ENV. 1997 geotechnical<br />

<strong>de</strong>sign assisted by laboratory tests).<br />

1.2 Correlações<br />

Os ensaios <strong>de</strong> laboratório são muito morosos e exigem a colheita prévia <strong>de</strong> amostras<br />

inalteradas em sondagens. Os ensaios <strong>de</strong> campo dão resulta<strong>do</strong>s imediatos quanto às<br />

características <strong>de</strong> resistência e <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s terrenos, mas os resulta<strong>do</strong>s têm <strong>de</strong><br />

ser correlaciona<strong>do</strong>s entre si e com os <strong>do</strong>s ensaios laboratoriais.<br />

Em gran<strong>de</strong>s obras, como barragens, gran<strong>de</strong>s pontes e túneis fazem-se geralmente vários<br />

tipos <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> campo, mas não to<strong>do</strong>s os acima referi<strong>do</strong>s. Nas obras <strong>de</strong> pequeno e<br />

médio porte faz-se em geral apenas um tipo <strong>de</strong> ensaio, por ventura o SPT ou o CPT ou<br />

ainda os ensaios <strong>de</strong> penetração dinâmica, DPL, DPH ou DPSH. Os ensaios <strong>de</strong><br />

penetração dinâmica ligeira, DPL, muitas vezes não atingem o “bed-rock” e por isso o<br />

seu emprego é limita<strong>do</strong>. Nos ensaios penetrométricos e no CPT não se colhe amostra.<br />

No SPT é colhida uma amostra que, embora alterada por ser o amostra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s<br />

espessas, permite examinar a estrutura <strong>do</strong> solo e fazer a sua classificação qualitativa.<br />

Como se disse, os parâmetros <strong>de</strong> projecto são obti<strong>do</strong>s a partir da correlação <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s ensaios <strong>de</strong> campo com os <strong>de</strong> laboratórios e <strong>do</strong>s ensaios <strong>de</strong> campo entre si.<br />

Para solos arenosos e ensaios SPT a correlação faz-se entre o número <strong>de</strong> pancadas<br />

e max−<br />

e<br />

normaliza<strong>do</strong> (N1)60 e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa Dr = , ou o “índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>”<br />

e max−<br />

emín


ID que dão o grau <strong>de</strong> compacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma areia, entre os esta<strong>do</strong>s mais solto e mais<br />

compacto obti<strong>do</strong>s em laboratório.<br />

EC7 (Parte 3, ensaios <strong>de</strong> campo pag. 114) citan<strong>do</strong> Skempton (1986) dá a correlação <strong>do</strong><br />

Quadro 1.2.1<br />

Quadro 1.2.1<br />

Muito solta Solta Compacida<strong>de</strong><br />

média<br />

Densa Muito <strong>de</strong>nsa<br />

ID 0 – 15% 15- 35 35 - 65 65 - 85 85 – 100%<br />

(N1)60 0 - 3 3 - 8 8 -25 25 - 42 42 - 58<br />

Este quadro correspon<strong>de</strong> a (N1)60 / ID 2 = 60. (N1)60 é o número <strong>de</strong> pancadas no ensaio<br />

SPT, quan<strong>do</strong> a energia <strong>de</strong> penetração é <strong>de</strong> 60% da energia total <strong>de</strong> queda <strong>do</strong> pilão,<br />

corrigi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s efeitos <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Para areias finas os valores <strong>de</strong> N <strong>de</strong>vem ser reduzi<strong>do</strong>s pelo factor 55/60 e para areias<br />

grossas aumenta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 65/60.<br />

Para areias finas Skempton consi<strong>de</strong>ra ainda um efeito <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que em aterros<br />

recentes (menos <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>) haverá a relação (N1)60 / ID 2 = 40.<br />

Por outro la<strong>do</strong> o mesmo EC7, citan<strong>do</strong> um trabalho <strong>de</strong> U.S. Army Corpes of Engineers<br />

publica<strong>do</strong> pela ASCE (1993) apresenta a correlação entre ID e o ângulo <strong>de</strong> atrito<br />

(Quadro 1.2.2)


Índice <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

ID<br />

40%<br />

60<br />

80<br />

100%<br />

Quadro 1.2.2<br />

Ângulos <strong>de</strong> atrito em função <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

Areia fina Areia média Areia grossa<br />

uniforme Bem<br />

34<br />

36<br />

39<br />

42<br />

graduada<br />

36<br />

38<br />

41<br />

43<br />

uniforme Bem<br />

Bowles (1970) dá ainda a correlação (Quadro 1.2.3):<br />

Areia bem graduada<br />

Areia <strong>de</strong> grão uniforme<br />

Areia sittosa<br />

Silte<br />

Seixo + areia<br />

36<br />

38<br />

41<br />

43<br />

Quadro 1.2.3<br />

graduada<br />

38<br />

41<br />

43<br />

44<br />

Classif. Unif. Solta<br />

SW<br />

SP<br />

SM<br />

M<br />

GS<br />

DR 15 - 35<br />

φ = 33º<br />

27º,5<br />

27 – 33<br />

27 – 30<br />

35<br />

uniforme Bem<br />

38<br />

41<br />

43<br />

44<br />

graduada<br />

41<br />

43<br />

44<br />

46<br />

Densa<br />

65 – 85%<br />

φ = 45º<br />

34º<br />

30 – 34<br />

30 – 35<br />

45


O ângulo <strong>de</strong> atrito e o módulo <strong>de</strong> “elasticida<strong>de</strong>” para areias também se po<strong>de</strong> obter a<br />

partir das resistências <strong>de</strong> ponta <strong>do</strong> cone penetrómetro estático, CPT. O mesmo EC7<br />

(parte 3, Field tests) pag. 105, citan<strong>do</strong> Bergdahl et al. (1993) apresenta o Quadro 1.2.4<br />

Densida<strong>de</strong> relativa qc MPa<br />

Areia muito solta<br />

Areia solta<br />

Areia <strong>de</strong> compacida<strong>de</strong> média<br />

Areia <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

Areia <strong>de</strong> muito alta sensida<strong>de</strong><br />

Quadro 1.2.4<br />

Ensaio CPT<br />

0.0 – 2.5<br />

2.5 – 5.0<br />

5.0 – 10.0<br />

10.0 – 20.0<br />

> 20.0<br />

1)<br />

Ângulo <strong>de</strong> atrito φ’<br />

29 – 32º<br />

32 – 35<br />

35 – 37<br />

37 – 40<br />

40 – 42<br />

2)<br />

Módulo <strong>de</strong><br />

elasticida<strong>de</strong><br />

drena<strong>do</strong>Em MPa<br />

< 10<br />

10 – 20<br />

20 – 30<br />

30 – 60<br />

60 - 90<br />

1) Para solos siltosos o ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong>ve ser reduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> 3º e para solos grossos<br />

o ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong>ve ser aumenta<strong>do</strong> <strong>do</strong> 2º.<br />

2) Os valores <strong>de</strong> Em <strong>de</strong>vem ser reduzi<strong>do</strong>s em 50% para solos siltosos e aumenta<strong>do</strong>s<br />

em 50% para solos grossos. Em solos consolida<strong>do</strong>s os valores po<strong>de</strong>rão ser mais<br />

eleva<strong>do</strong>s.<br />

O ângulo <strong>de</strong> atrito po<strong>de</strong> ainda ser obti<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> ensaios com o penetrómetro<br />

dinâmico pesa<strong>do</strong> (DPH). O EC7, (Field tests), pag. 119, citan<strong>do</strong> a norma DIN 4094<br />

(Dez. 1990) dá valores para o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ID em função <strong>do</strong> número <strong>de</strong> pancadas<br />

para 10 cm <strong>de</strong> penetração (N10), para 3 ≤ N10 ≤ 50:


a) areia <strong>de</strong> grão uniforme (U ≤ 3) acima <strong>do</strong> nível freático<br />

ID = 0.10 + 0.435 log N10 (DPH) (1.2.1)<br />

b) areia <strong>de</strong> grão uniforme (U ≤ 3) abaixo <strong>do</strong> nível freático<br />

ID = 0.23 + 0.380 log N10 (DPH) (1.2.2)<br />

c) areia média a grossa bem graduada (U ≥ 6)<br />

ID = - 0.14 + 0.550 log N10 (DPH) (1.2.3)<br />

O mesmo EC7, pag. 120, faz <strong>de</strong>pois a correlação entre o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ID e o<br />

ângulo <strong>de</strong> atrito.<br />

Areia fina<br />

Tipo <strong>de</strong> solo<br />

Areia média<br />

Areaia média a grossa<br />

Areia média<br />

Areia grossa e seixo<br />

Quadro 1.2.5<br />

Graduação ID % Ângulo <strong>de</strong><br />

Grão uniforme<br />

U65 (<strong>de</strong>nsa)<br />

15-35 (solta)<br />

35-65 (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média)<br />

>65 (<strong>de</strong>nsa)<br />

30º<br />

32,5º<br />

35º<br />

30º<br />

34º<br />

36º<br />

atrito φ<br />

Quanto ao módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> E das areias, ele po<strong>de</strong> obter-se a partir <strong>do</strong><br />

número <strong>de</strong> pancadas N <strong>do</strong> SPT, ou através da resistência <strong>de</strong> ponta Rp <strong>do</strong> ensaio CPT.<br />

Silvério Coelho (1996). “Tecnologia das Fundações”, pag. 20.10 indica as correlações:<br />

Japonesa<br />

E = 6.78 N (1.2.4)


E Sul Africana:<br />

E = 5.73 N (E em daN/cm 2 =kgf/cm 2 (1.2.5)<br />

O mesmo autor indica na pág. 20.4 a correlação:<br />

E = α Rp<br />

(1.2.6)<br />

Com 1,5 < α < 3.0, mais próximo <strong>de</strong> 3 <strong>do</strong> que <strong>de</strong> 1.5, on<strong>de</strong> Rp=q em daN/cm 2 = kgf/cm 2<br />

é a resistência da ponta <strong>do</strong> ensaio CPT. O EC7 citan<strong>do</strong> Schmertmann (1970) dá α = 2,5<br />

para sapatas quadradas ou circulares e α = 3,5 para sapatas compridas.<br />

Já antes tínhamos visto (Quadro 1.2.4) uma correlação entre E e qc para areias com<br />

várias compacida<strong>de</strong>s por on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> constatar que aí o valor <strong>de</strong> α seria<br />

aproximadamente igual a 4.<br />

Esse autor referin<strong>do</strong> um artigo <strong>de</strong> Folque na Geotecnia (1970) e outro <strong>de</strong> Ivan K. Nixon<br />

no ESOPT II (1982, European Symposium on Penetration Testing) apresenta uma<br />

correlação entre Rp (CPT) em daN/cm 2 ou kgf/cm 2 e N (SPT).<br />

Rp = β.N (1.2.7)<br />

β =<br />

Argila siltosa ou arenosa 2<br />

Silte arenoso 3<br />

Areia fina 4<br />

Areia fina a média 5<br />

Areia média a grossa 8<br />

Areia grossa 10<br />

Areia com seixo 8-18<br />

Seixo com areia 12-18


No local da Torre <strong>de</strong> Pisa encontrou-se para as areias argilosas e siltosas inferiores<br />

(sobre consolidadas) α = 2 (Jamiolkoski, M., Geotecnia, 85, Março 1999, pág. 14)<br />

De um mo<strong>do</strong> geral po<strong>de</strong> dizer-se (Bowles, 1970 pág. 51) que o módulo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> para areias varria entre 50 daN/cm 2 para areias muito soltas e 1 000<br />

daN/cm 2 = Kgf/cm 2 = 100 MPa para areias muito <strong>de</strong>nsas.<br />

Para usar os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s penetrómetros dinâmicos há que calcular para eles a<br />

resistência dinâmica <strong>de</strong> ponta Rpd:<br />

P<br />

R pd = x rd<br />

P + P'<br />

e<br />

r d<br />

P.<br />

h<br />

=<br />

A.<br />

e<br />

On<strong>de</strong><br />

P é o peso <strong>do</strong> pilão;<br />

P’ é o peso das varas e <strong>do</strong> batente;<br />

h é a altura <strong>de</strong> queda <strong>do</strong> pilão;<br />

A é a área da secção recta da base <strong>do</strong> cone <strong>de</strong> penetração;<br />

e é o valor médio da penetração por cada pancada.<br />

1.2.8<br />

1.2.9<br />

De forma aproximada po<strong>de</strong>r-se-á consi<strong>de</strong>rar Rpd = Rp <strong>do</strong> CPT e então <strong>de</strong>duzir <strong>do</strong>s<br />

valores <strong>de</strong> Rpd quer o ângulo <strong>de</strong> atrito ø ‘ quer o módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação E das areias,<br />

pelas relações atrás estabelecidas.<br />

Quanto ao coeficiente <strong>de</strong> Poisson para areias varia entre 0.15 e 0.40 po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser da<strong>do</strong><br />

pela fórmula <strong>de</strong> Vesic<br />

1−<br />

sen1.<br />

2φ<br />

υ =<br />

1+<br />

( 1−<br />

sen1.<br />

2φ<br />

)<br />

1.2.10


O coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>de</strong> terras em repouso para solos normalmente consolida<strong>do</strong>s<br />

será da<strong>do</strong> pelas fórmulas <strong>de</strong><br />

Jaky Ko = 1- sen ø 1.2.11<br />

e<br />

Vesic Ko = 1- sen 1.2 ø 1.2.12<br />

As características <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong>formação vêm em Bowls (1970) pág. 51.<br />

Es areias argilas<br />

5-100 Mpa 0.3 a 110 MPa<br />

Para solos argilosos a característica <strong>de</strong> resistência fundamental é a coesão não drenada<br />

cu ou tensão <strong>de</strong> rotura à compressão qu = 2 cu.<br />

Embora o EC7 não refira o ensaio SPT como base para obter as características <strong>de</strong><br />

resistência das argilas, Bowles (1996) pág. 165, apresenta com várias precauções a<br />

correlação.<br />

qu = kN 1.2.13<br />

Sen<strong>do</strong> k <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> local, mas usualmente com o valor 12 para qu em kN/m 2 = kPa.<br />

Nestas condições obter-se-ia o Quadro 1.2.6


Argilas muito moles<br />

Argilas moles<br />

Argilas pouco compactas<br />

Argilas compactas (sobreconsolidadas)<br />

Quadro 1.2.6<br />

Argilas muito compactas (sobreconsolidadas)<br />

Argilas duras (sobreconsolidadas)<br />

0-2<br />

3-5<br />

6-9<br />

10-16<br />

17-30<br />

> 30<br />

SPT<br />

N<br />

< 25<br />

25 a 50<br />

qu = 2 cu kN/M 2<br />

50 a 100<br />

100 a 200<br />

200 a 400<br />

> 400<br />

Naturalmente que o ensaio <strong>de</strong> campo mais recomenda<strong>do</strong> para obter a coesão em argilas<br />

é o ensaio <strong>de</strong> molinete FVT (Field Van Test). Dele se obtem directamente a coesão.<br />

c<br />

fv<br />

6M<br />

max<br />

= 3<br />

7πD<br />

1.2.14<br />

On<strong>de</strong> Mmax é o momento máximo aplica<strong>do</strong> ao molinete e D o diâmetro <strong>de</strong>ste quan<strong>do</strong><br />

D/h = ½ (h a altura <strong>do</strong> molinete).<br />

O EC7 (parte 3) pág. 1245 indica para cfv um factor <strong>de</strong> correcção função <strong>do</strong> limite<br />

liqui<strong>do</strong> para argilas normalmente consolidadas e outro para argilas sobreconsolidadas,<br />

função <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong>.<br />

A coesão cu po<strong>de</strong> também obter-se a partir <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> cone penetrómetro estático<br />

(CPT ou CPTu). O EC apresenta a fórmula:<br />

u<br />

( qc<br />

−σ<br />

vo ) N R<br />

c = /<br />

1.2.15<br />

On<strong>de</strong> qc é a resistência <strong>de</strong> ponta, σ vo a tensão vertical ao nível da ponteira <strong>de</strong>vida ao<br />

peso das camadas superiores e NR um factor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da experiência local.


Também o módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> das argilas Ee<strong>do</strong>m (e<strong>do</strong>métrico) se po<strong>de</strong> obter a<br />

partir da fórmula<br />

E = αq<br />

1.2.16<br />

e<strong>do</strong>m<br />

c<br />

O EC 7, citan<strong>do</strong> Sanglerat (1972), indica para α os seguintes valores:<br />

CL argila <strong>de</strong> baixa plasticida<strong>de</strong><br />

qc < 0.7 MPa 3 < α < 8<br />

0.7 < qc < 2 MPa 2 < α < 5<br />

qc > 2 MPa 1 < α < 2.5<br />

ML Silte <strong>de</strong> baixa plasticida<strong>de</strong><br />

qc < 2 MPa 3 < α < 6<br />

qc < 2 MPa 1 < α < 2<br />

CH argila <strong>de</strong> alta plasticida<strong>de</strong> ou<br />

MH silte <strong>de</strong> alta plasticida<strong>de</strong><br />

qc < 2 MPa 2 < α < 6<br />

qc > 2 MPa 1 < α < 2<br />

OL silte orgânico<br />

qc < 1.2 MPa 2 < α < 8<br />

T – OH turfa ou argila orgânica<br />

qc < 0.7 MPa<br />

50 < w < 100 1.5 < α < 4<br />

100 < w < 200 1 < α < 1.5<br />

w > 300 α < 0.4


Cré (“chalk”)<br />

2 < qc < 3 MPa 2 < α < 4<br />

qc > 3 MPa 1.5 < α < 3<br />

além <strong>de</strong>stas relações, Silvério Coelho (1996) pág. 20.16 apresenta a relação sul africana<br />

para areias argilosas:<br />

E c =<br />

2<br />

2<br />

= ( 5/<br />

3)(<br />

q + 16)<br />

daN / cm Kgf / cm<br />

1.2.17<br />

De um mo<strong>do</strong> geral as argilas apresentam módulos <strong>de</strong> <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong>, muito variáveis<br />

com a sua compacida<strong>de</strong> (Es = 3 a 1100 daN/cm 2 ), Bowles (1970) pág. 51 e coeficiente<br />

<strong>de</strong> Poisson γ = 0.1 a 0.5, sen<strong>do</strong> o último valor relativo a argilas saturadas e ensaios não<br />

drena<strong>do</strong>s.<br />

Para argilas normalmente consolidadas o coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>de</strong> terras será:<br />

Ko = 0.5 (Nooramy and Seed (1965)) ou Ko = 0.6 +- 0.1<br />

1.2.18<br />

Marcelo da C. Morão “Estruturas <strong>de</strong> Fundação, pág. 142, Mac Graw Hill (1975) indica:<br />

Ee<strong>do</strong>m = = αR<br />

m<br />

1<br />

v<br />

p<br />

1.2.19<br />

On<strong>de</strong> mv é o coeficiente <strong>de</strong> compressibilida<strong>de</strong> volumétrica da teoria da consolidação:<br />

m v<br />

− dV / V<br />

=<br />

dσ<br />

'<br />

1.2.20<br />

On<strong>de</strong> dv é a variação <strong>de</strong> volume provocada pelo aumento d σ ' <strong>de</strong> tensão efectiva<br />

vertical.<br />

No caso <strong>do</strong> ensaio e<strong>do</strong>métrico no qual a amostra não sofre <strong>de</strong>formações horizontais, se<br />

o solo for consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um sóli<strong>do</strong> poroso elástico, teremos


E<br />

<strong>do</strong>m<br />

=<br />

1<br />

m<br />

v<br />

=<br />

E(<br />

1−<br />

υ)<br />

( 1+<br />

υ)(<br />

1-<br />

2υ)<br />

On<strong>de</strong> E é o módulo <strong>de</strong> “elasticida<strong>de</strong>” e υ o coeficiente <strong>de</strong> Poisson.<br />

O autor apresenta para α os seguintes quadros <strong>de</strong> valores:<br />

1.2.21<br />

α = 1.5 para areias <strong>de</strong>nsas (Rp > 45 daN / cm 2 = 4,5 Mpa)<br />

1.5 < α < 2 para areias <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> média (30 < Rp < 45 daN / cm 2 )<br />

2 < α < 5 para areias argilosas ou argila dura (15 < Rp < 30 daN / cm 2 )<br />

5 < α < 10 para argila branda (Rp < 10 daN / cm 2 )<br />

1.5 < α < 2.6 para turfa ou argila muito mole (Rp < 5 daN / cm 2 )<br />

Coeficiente <strong>de</strong> reacção <strong>do</strong> solo (coeficiente <strong>de</strong> “mola”)<br />

É obti<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> ensaio da placa pela relação<br />

k s =<br />

On<strong>de</strong><br />

q<br />

δ<br />

Q<br />

q = pressão média sob a placa = (Q força vertical aplicada; S = área da placa)<br />

S<br />

δ = <strong>de</strong>slocamento vertical<br />

1.2.22<br />

ks <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da menor dimensão B <strong>do</strong> orgão <strong>de</strong> fundação e da profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio.<br />

Dada a variação <strong>de</strong> ks com B, Bowles (1996, p. 502) consi<strong>de</strong>ra antes<br />

'= k . B<br />

1.2.23<br />

k s s


Bowles, citan<strong>do</strong> Vesic’ (1961 a e 1961 b) indica “para to<strong>do</strong>s os fins práticos”:<br />

Es<br />

k s '=<br />

2<br />

1−<br />

υ<br />

1.2.24<br />

On<strong>de</strong> Es é o módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> (“elasticida<strong>de</strong>”) <strong>do</strong> solo e υ o coeficiente <strong>de</strong><br />

Poisson.<br />

O valor <strong>de</strong> ks varia com a profundida<strong>de</strong> Z. Para ter isso em conta Bowles (1996)<br />

relaciona-o com qult, supon<strong>do</strong> que qult correspon<strong>de</strong>ria a um assentamento ∆H = 0.0254<br />

m:<br />

ks = qult/∆H= 40 qult kN / m 3 1.2.25<br />

on<strong>de</strong> qult = cNc αc+ γ z Nq . αq + 0,5γ B Nγ .αγ<br />

on<strong>de</strong> os coeficientes αi traduzem os efeitos <strong>de</strong> forma e profundida<strong>de</strong>.


Capítulo 2<br />

INTRODUÇÃO AO EUROCÓDIGO 7. DIMENSIONAMENTO<br />

GEOTÉCNICO.<br />

2.1 Objectivo<br />

O Eurocódigo 7 (EC 7) tem três partes. Na parte 1 apresenta as regras gerais para o<br />

projecto (dimensionamento) geotécnico. Na parte 2 apresenta regras relativas a ensaios<br />

laboratoriais e na parte 3 as regras relativas aos ensaios <strong>de</strong> campo.<br />

Da parte 1 existe uma pré-norma em vigor (ENV 1997-1:1994) já com versão<br />

portuguesa publicada pelo IPQ (Instituto Português da Qualida<strong>de</strong>). A pré-norma está<br />

actualmente a ser revista. O último <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong>sta revisão tem o nº 339 e data <strong>de</strong><br />

2001.02.02.<br />

A pré-norma é completada pelo Eurocódigo 8 (parte 5) que tem as “disposições para<br />

projecto <strong>de</strong> estruturas sismo-resistentes”.<br />

A aplicação <strong>do</strong> EC7 tem ainda <strong>de</strong> relacionar-se com o EC1 (bases <strong>de</strong> projecto e acções<br />

em estruturas).<br />

O EC7 trata <strong>do</strong>s requisitos <strong>de</strong> resistência, estabilida<strong>de</strong>, condições <strong>de</strong> serviço e<br />

durabilida<strong>de</strong> das “estruturas” geotécnicas. Os requisitos <strong>de</strong> isolamento térmico e<br />

acústico não estão incluí<strong>do</strong>s.<br />

Naturalmente que as Fundações tratam não só <strong>do</strong> equilíbrio e <strong>de</strong>formação <strong>do</strong>s maciços<br />

terrosos e rochosos, mas também da estabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>slocamentos <strong>do</strong>s orgãos estruturais<br />

<strong>de</strong> fundação e por isso a interacção solo-estrutura tem <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada.<br />

2. 2 Categorias Geotécnicas<br />

Para efeitos <strong>de</strong> projecto as obras geotécnicas são divididas em três categorias:<br />

A categoria 1 engloba apenas estruturas pequenas e relativamente simples:<br />

- para as quais se po<strong>de</strong> assegurar que são satisfeitos os requisitos fundamentais apenas<br />

com base na experiência e em estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> caracterização geotécnica qualitativa;<br />

- com riscos <strong>de</strong>sprezíveis para bens e vidas.


Só são suficientes os procedimentos relativos à categoria 1 se existir experiência<br />

comparável que comprove que as condições <strong>do</strong> terreno são suficientemente simples para<br />

que seja possível usar méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> rotina no projecto e na construção da estrutura<br />

geotécnica.<br />

É o caso <strong>de</strong> não haver escavações abaixo <strong>do</strong> nível freático ou se a experiência locl<br />

mostrar que essa escavação é uma operação simples.<br />

São exemplos <strong>de</strong> estruturas que se enquadram na categoria geotécnica 1 os seguintes:<br />

- edificações simples <strong>de</strong> 1 ou 2 andares e edifícios agrícolas em uma carga máxima <strong>de</strong><br />

cálculo <strong>de</strong> 250 kN nos pilares e 100 kN/m nas pare<strong>de</strong>s e nos quais são usa<strong>do</strong>s os tipos<br />

habituais <strong>de</strong> sapatas ou estacas;<br />

- muros <strong>de</strong> suporte ou estruturas <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> escavações nos quais a diferença <strong>de</strong><br />

níveis <strong>do</strong> terreno não exceda 2 m;<br />

- pequenas escavações para trabalhos <strong>de</strong> drenagem, instalação <strong>de</strong> tubagens, etc..<br />

A categoria 2 abrange os tipos convencionais <strong>de</strong> estruturas e <strong>fundações</strong> que não<br />

envolvem riscos fora <strong>do</strong> comum ou condições <strong>do</strong> terreno e <strong>de</strong> carregamento invulgares<br />

ou particularmente difíceis. As estruturas da categoria 2 requerem a quantificação e<br />

análise <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s geotécnicos e uma análise quantitativa que assegurem que são<br />

satisfeitos os requisitos fundamentais, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, no entanto, ser usa<strong>do</strong>s procedimentos<br />

<strong>de</strong> rotina nos ensaios <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> laboratório bem como na elaboração <strong>do</strong> projecto e<br />

na execução.<br />

São exemplos <strong>de</strong> estruturas ou parte <strong>de</strong>las que se enquadram na categoria 2 os tipos<br />

convencionais <strong>de</strong>:<br />

- <strong>fundações</strong> superficiais;<br />

- ensoleiramentos gerais;<br />

- <strong>fundações</strong> em estacas;<br />

- muros e outras estruturas <strong>de</strong> contenção ou suporte <strong>de</strong> terreno ou água;<br />

- escavações;<br />

- pilares e encontros <strong>de</strong> pontes;<br />

- aterros e movimentos <strong>de</strong> terras;<br />

- ancoragem no terreno e outros sistemas <strong>de</strong> ancoragem;


- túneis em rocha resistente não fracturada e sem requisitos especiais <strong>de</strong><br />

impermeabilização ou outros.<br />

Na categoria 3 estão incluídas todas as estruturas ou partes <strong>de</strong> estrutura não abrangidas<br />

nas categorias 1 e 2.<br />

A categoria 3 diz respeito a obras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dimensão ou pouco comuns, a estruturas<br />

que envolvam riscos fora <strong>do</strong> comum ou condições <strong>do</strong> terreno e <strong>de</strong> carregamento<br />

invulgares em áreas <strong>de</strong> provável instabilida<strong>de</strong> local ou movimentos persistentes <strong>do</strong><br />

terreno que requeiram uma investigação separada ou medidas especiais.<br />

2.3 Segurança. Fsg Global. Fs Parciais.<br />

Tradicionalmente usa-se em geotecnia um coeficiente global <strong>de</strong> segurança fsg que reduz<br />

a capacida<strong>de</strong> resistente das <strong>fundações</strong> correspon<strong>de</strong>nte ao esta<strong>do</strong> último <strong>de</strong> equilíbrio<br />

calcula<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s valores “característicos” <strong>do</strong>s parâmetros <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong>s<br />

terrenos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que seja, por um la<strong>do</strong>, obtida uma margem <strong>de</strong> segurança em relação<br />

à rotura, e por outro, que não haja assentamento excessivo em relação ao funcionamento<br />

das superestruturas (esta<strong>do</strong>s limites <strong>de</strong> utilização) aplican<strong>do</strong> Fsg à tensão limite qult<br />

obteriamos a tensão admissível.<br />

O EC7 consi<strong>de</strong>ra agora em Geotecnia como em Estruturas, o princípio <strong>do</strong>s coeficientes<br />

parciais <strong>de</strong> segurança, afectan<strong>do</strong> os valores característicos das acções Fk <strong>de</strong> um<br />

coeficiente <strong>de</strong> majoração γ F e os valores característicos das proprieda<strong>de</strong>s resistentes <strong>do</strong>s<br />

materiais <strong>de</strong> um coeficiente <strong>de</strong> redução γ M .<br />

Na pré-norma ainda em vigor consi<strong>de</strong>ra-se em relação ao esta<strong>do</strong> limite último <strong>de</strong><br />

equilíbrio os três casos A,B,C que constam <strong>do</strong> Quadro 2.3.1:


Quadro 2.3.1<br />

Caso Acções Proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> terreno<br />

A<br />

B<br />

C<br />

Permanentes Variáveis<br />

Desfavoráveis Favoráveis Desfavoráveis tgø’ c’ cu qu<br />

1.00<br />

1.35<br />

1.00<br />

0.95<br />

1.00<br />

1.00<br />

1.50<br />

1.50<br />

1.30<br />

Na versão <strong>do</strong> EC7 (2000) que está em discussão, consi<strong>de</strong>ra-se não só o esta<strong>do</strong> limite<br />

último correspon<strong>de</strong>nte à perda <strong>de</strong> equilíbrio (EQU), mas ainda os esta<strong>do</strong>s limites<br />

últimos (STR) correspon<strong>de</strong>ntes a rotura interna ou <strong>de</strong>formação excessiva <strong>de</strong> elementos<br />

estruturais incluin<strong>do</strong> sapatas, estacas, muros etc., nos quais a resistência <strong>do</strong>s materiais<br />

estruturais contribui significativamente para a resistência <strong>do</strong> conjunto terreno-fundação<br />

e a rotura ou <strong>de</strong>formação excessiva <strong>do</strong> terreno, na qual a resistência <strong>do</strong> solo ou da rocha<br />

é <strong>do</strong>minante quanto á resistência <strong>do</strong> conjunto (GEO).<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se ainda como esta<strong>do</strong> último a perda <strong>de</strong> equilíbrio da estrutura ou <strong>do</strong> terreno<br />

<strong>de</strong>vida a levantamento por pressão da água – “up lift” (UPL) e a rotura hidráulica<br />

<strong>de</strong>vida a gradiente hidráulico excessivo na percolação (HYD).No caso <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> limite<br />

1.1<br />

1.0<br />

1.25<br />

último <strong>de</strong> equilíbrio (EQU), os coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança são os seguintes:<br />

Para acções ( γ F )<br />

Desfavorável<br />

Favorável<br />

Acção Símbolo Valor<br />

Permanente<br />

Variável (sobrecarga)<br />

Desfavorável<br />

Favorável<br />

γ G<br />

γ Q<br />

1.3<br />

1.0<br />

1.6<br />

1.10<br />

0.90<br />

1.50<br />

0.<br />

1.2<br />

1.0<br />

1.4<br />

1.2<br />

1.0<br />

1.4


Para materiais<br />

Proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> material Símbolo Valor<br />

Resistência ao corte (tan ø) γ 1.25<br />

φ<br />

Coesão efectiva γ 1.25<br />

c'<br />

Coesão não drenada γ 1.40<br />

cu<br />

Compressão simples γ 1.40<br />

qu<br />

Peso específico γ 1.00<br />

σ<br />

No caso <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s limites STR e GEO os coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança passam a<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r também <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> projecto e <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> fundação: sapatas, estacas (cravadas,<br />

moldadas, <strong>de</strong> tra<strong>do</strong>), ancoragens e estruturas <strong>de</strong> retenção. Sobre esta questão ainda não<br />

há acor<strong>do</strong> <strong>de</strong>finitivo.<br />

Os coeficientes <strong>de</strong> redução das proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s materiais γ M seriam iguais aos acima<br />

menciona<strong>do</strong>s haven<strong>do</strong> apenas que acrescentar:<br />

Resistência <strong>de</strong> estacas à tracção, γ M = 1.40<br />

Ancoragens γ M = 1.40<br />

Para o esta<strong>do</strong> limite UPL os coeficientes seriam:<br />

Acção Símbolo Valor<br />

Permanente<br />

Desestabiliza<strong>do</strong>ra<br />

Estabiliza<strong>do</strong>ra<br />

Variável<br />

Desestabiliza<strong>do</strong>ra<br />

γ G<br />

γ Q<br />

1.00<br />

0.90<br />

1.00


Para o caso da rotura por gradiente hidráulico (HYD), seria:<br />

γ dst = 1.35 no caso <strong>de</strong> acção <strong>de</strong>sestabiliza<strong>do</strong>ra<br />

e<br />

γ stb = 0.90 no caso <strong>de</strong> acção estabiliza<strong>do</strong>ra.<br />

Em relação às acções aci<strong>de</strong>ntais ou sismos os coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança são<br />

sempre 1.<br />

Além da segurança em relação a esta<strong>do</strong>s limites últimos para os quais é preciso usar os<br />

coeficientes <strong>de</strong> segurança acima referi<strong>do</strong>s, há que consi<strong>de</strong>rar o esta<strong>do</strong> limite <strong>de</strong><br />

utilização. Para isso há que consi<strong>de</strong>rar os valores <strong>de</strong> cálculo das acções contidas no<br />

EC1, calcular com eles os <strong>de</strong>slocamentos da fundação, nomeadamente os assentamentos<br />

diferenciais e a rotação relativa máxima e compará-los com os valores aceitáveis. Estes<br />

valores são fixa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma a que não haja avarias sensíveis nas construções como seja<br />

fendilhação visível ou encravamento <strong>de</strong> portas, etc. O valor limite <strong>do</strong>s <strong>de</strong>slocamentos<br />

das <strong>fundações</strong> po<strong>de</strong>m também ser acorda<strong>do</strong>s com o projectista das estruturas.<br />

Além <strong>de</strong> limitar os assentamentos diferenciais ou rotação relativa máxima, há que<br />

verificar que o assentamento ou <strong>de</strong>slocamento máximo não prejudica o funcionamento<br />

<strong>de</strong> serviços existentes na estrutura: eleva<strong>do</strong>res, canalizações, etc.<br />

Valores característicos das proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s solos ou rochas<br />

Os valores característicos a escolher para as proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s solos e das rochas obtêm-<br />

se a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> laboratório. Se o número <strong>de</strong><br />

resulta<strong>do</strong>s for suficientemente gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá aplicar-se um tratamento estatístico, caso<br />

em que o valor característico correspon<strong>de</strong>rá ao quartil <strong>de</strong> 5%, isto é, o valor da<br />

resistência que correspon<strong>de</strong> uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong> obter um valor inferior.<br />

Porém em geral, os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s ensaios não são em número suficiente para um<br />

tratamento estatístico. Além disso os ensaios são pontuais, não abrangen<strong>do</strong> toda a zona<br />

correspon<strong>de</strong>nte às <strong>fundações</strong>. Por isso se escolhem para valores característicos valores<br />

médios, afecta<strong>do</strong>s, por ventura, dum factor que os torna representativos das condições<br />

reais nos terrenos <strong>de</strong> fundação.


Além <strong>do</strong> dimensionamento através <strong>do</strong> cálculo o EC7 admite o dimensionamento através<br />

<strong>de</strong> medidas prescritivas, baseadas na experiência local, acompanhadas <strong>do</strong> controlo <strong>do</strong>s<br />

materiais e mão <strong>de</strong> obra. Essas medidas, em geral conservativas, po<strong>de</strong>m ser necessárias<br />

por razões <strong>de</strong> durabilida<strong>de</strong>, face à acção <strong>do</strong> gelo e ao ataque químico e biológico.<br />

O dimensionamento <strong>de</strong> <strong>fundações</strong> po<strong>de</strong> ainda ser basea<strong>do</strong> em ensaios <strong>de</strong> carga ou<br />

ensaios em mo<strong>de</strong>los experimentais. Nesse caso há que consi<strong>de</strong>rar os seguintes aspectos:<br />

- as diferenças entre as condições <strong>do</strong> terreno no ensaio e na obra;<br />

- os efeitos <strong>do</strong> tempo, especialmente se a duração <strong>do</strong> ensaio for muito inferior à duração<br />

<strong>do</strong> carregamento na obra;<br />

- os efeitos <strong>de</strong> escala e <strong>de</strong> dimensão das partículas se forem utiliza<strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

dimensões reduzidas.<br />

Na adaptação <strong>do</strong> projecto à obra po<strong>de</strong> ainda usar-se o chama<strong>do</strong> “méto<strong>do</strong> observacional”,<br />

que, face às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> previsão <strong>do</strong> comportamento geotécnico permite alterações<br />

significativas <strong>do</strong> projecto face às condições reais encontradas em obra.<br />

O uso <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> observacional implica a satisfação <strong>do</strong>s requisitos seguintes antes <strong>do</strong><br />

início da construção:<br />

- estabelecimento <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> comportamento aceitável;<br />

- <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> que existe probabilida<strong>de</strong> razoável <strong>de</strong> que o comportamento real se<br />

situa <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites da gama <strong>de</strong> comportamentos possíveis e aceitáveis;<br />

- elaboração <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> observações que permita verificar se o comportamento real<br />

se situa <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites admissíveis. A resposta <strong>do</strong>s equipamentos e a análise <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser suficientemente rápi<strong>do</strong>s em relação à evolução da obra, <strong>de</strong> forma a<br />

que se torne possível a a<strong>do</strong>pção atempada <strong>de</strong> medidas correctivas;<br />

- existir um plano <strong>de</strong> actuação para ser a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> no caso da observação revelar um<br />

comportamento fora <strong>do</strong>s limites aceitáveis.


Capítulo 3<br />

CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES. REVISÃO DO FORMULÁRIO.<br />

FUNDAÇÕES COM BASE INCLINADA, EM TALUDE, EM SOLO ESTRATIFICADO.<br />

MEYERHOF<br />

a)<br />

c)<br />

η<br />

B<br />

P<br />

Fig.3.1.1<br />

Fig.3.1.2.<br />

(TERZAGHI)<br />

ß<br />

b)<br />

q<br />

h= Σhi<br />

III-1


3.1 - Fórmula Geral (J.E. Bowles, 1977, p. 120)<br />

qult = cN c s c ic dc gc bc + qNq sq dq iq gq bq + (B/2)Nγsγdγiγgγbγ (3.1.1)<br />

on<strong>de</strong> c = coesão.<br />

Nc = factor <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito ø.<br />

Nq = factor <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito, ø<br />

relaciona<strong>do</strong> com a pressão vertical das terras ao nível da base da fundação.<br />

Nγ = factor <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito ø,<br />

relaciona<strong>do</strong> com o volume <strong>do</strong> solo <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>.<br />

γ = peso específico efectivo <strong>do</strong> solo abaixo da base da fundação.<br />

B = menor dimensão da base da fundação.<br />

s = factor <strong>de</strong> forma da base da fundação.<br />

i = factor <strong>de</strong> inclinação da carga.<br />

g = factor relaciona<strong>do</strong> com a inclinação<br />

β <strong>do</strong> terreno.<br />

b= factor relaciona<strong>do</strong> com a inclinação<br />

da base <strong>de</strong> apoio da fundação.<br />

A capacida<strong>de</strong> resistente será qult se os valores <strong>de</strong> cu, c’ e ø’ forem valores<br />

“característicos”. Para valores <strong>de</strong>ssas características <strong>de</strong> resistência minora<strong>do</strong>s <strong>do</strong> factor<br />

<strong>de</strong> segurança γM, em vez <strong>de</strong> qult viria qd (capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong> projecto-EC7). Na<br />

versão 2001 <strong>do</strong> EC7 γM=1,4 para cu e γM=1,25 para c’ e ø’.<br />

Haveria ainda que consi<strong>de</strong>rar a rugosida<strong>de</strong> da base da fundação, o efeito da compressibilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> solo (Vesic´)) e um factor <strong>de</strong> escala: as <strong>fundações</strong> com bases mais largas têm - verifica-se -<br />

proporcionalmente menor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga.<br />

3.2 - Valores <strong>do</strong>s Factores<br />

Nq = Kp exp(πtg φ’) <br />

φ’=0<br />

⇒Nq=Kp=1 3.2.1<br />

Kp=coeficiente <strong>de</strong> impulso passivo = tg 2 (45º+ φ’ /2) φ’=0⇒Kp=1<br />

3.2.2<br />

III-2


Nc = (Nq-1) cotg φ’ (regra <strong>de</strong> l'Hopital) φ’=0⇒Nc=2+π<br />

3.2.3<br />

Nγ = 1,50 (Nq-1) tg φ’ <br />

⇒ Hansen<br />

Nγ= 2,0 (Nq+1) tg φ’ <br />

⇒ Vesic’ (1975)<br />

Nγ= 2,0 (Nq-1) tg φ’ <br />

⇒ EC7 (Doc. 329 <strong>de</strong> 2001) quan<strong>do</strong> δ≥ φ’/2 (base rugosa)<br />

O EC7 consi<strong>de</strong>ra para:<br />

Condições não drenadas:<br />

R<br />

qult = = ( 2 + π ) cu<br />

scic<br />

+ q<br />

A'<br />

Sen<strong>do</strong> os valores <strong>do</strong>s coeficientes da<strong>do</strong>s por:<br />

Coeficiente <strong>de</strong> forma<br />

s c<br />

B'<br />

= 1+<br />

0,<br />

2 para a forma rectangular;<br />

L'<br />

sc = 1 + 0,2 para forma quadrada ou circular (c)<br />

Coeficiente <strong>de</strong> inclinação da carga<br />

i = 0.<br />

5 − 0.<br />

5 1−<br />

c<br />

H<br />

A'c<br />

Condições drenadas<br />

u<br />

Em to<strong>do</strong>s os casos sc = 1+ 0,2 B’/L’ (φ’= 0)<br />

sq =1+(B’/L’)sin φ’<br />

EC7 Hansen<br />

s<br />

c<br />

N<br />

= 1+<br />

N<br />

B'<br />

L'<br />

q<br />

c<br />

B'<br />

.<br />

L'<br />

sc =(sqNq-1)/(Nq-1) sq = 1+ . senφ<br />

’<br />

B<br />

s c = 1 + .<br />

L<br />

s q<br />

B<br />

= 1+ . tgφ<br />

’<br />

L<br />

Vesic’<br />

N<br />

N<br />

q<br />

c<br />

(a)<br />

(b)<br />

(d)<br />

(3.2.4)<br />

(3.2.5)<br />

III-3


sγ=1-0,3B’/L’<br />

B'<br />

B<br />

sγ = 1−<br />

0,<br />

4<br />

sγ = 1− 0,<br />

4 ≥ 0,<br />

6<br />

L'<br />

L<br />

L = comprimento da base da fundação; B = largura da base da fundação.<br />

L’=comprimento reduzi<strong>do</strong>; B’=largura reduzida (solo plastifica<strong>do</strong> sob a base).<br />

Hansen<br />

dc = 1 + 0.4 para φ’ = 0, D B<br />

d<br />

d<br />

q<br />

q<br />

dγ=1<br />

(radianos)<br />

Hansen<br />

2<br />

= 1+<br />

2tgφ'(<br />

1−<br />

senφ')<br />

D<br />

paraD ≤ B<br />

B<br />

2 D<br />

= 1+<br />

2tgφ'(<br />

1−<br />

senφ')<br />

arc tg paraD ≥ B<br />

B<br />

B<br />

H<br />

V<br />

eB CORTE<br />

Vesic<br />

dc = 1 + 0.4 para φ’ = 0, D B<br />

Vesic<br />

Fórmulas iguais às <strong>de</strong> Hansen<br />

Fig.3.2.1 Fig..3.2.2<br />

B<br />

L<br />

y<br />

H<br />

ß<br />

PLANTA<br />

(3.2.6)<br />

(3.2.7)<br />

(3.2.8)<br />

(3.2.9)<br />

(3.2.10)<br />

(3.2.11)<br />

III-4


i c<br />

B<br />

2.e L<br />

B´<br />

L<br />

e L V<br />

e B<br />

2.e B<br />

B´ x L´ = ÁREA EFECTIVA DE APOIO DA SAPATA PARA CARGA EXCÊNTRICA<br />

Hansen<br />

H<br />

= 0. 5 − 0.<br />

5 1−<br />

para φ’=0<br />

A'c<br />

1−<br />

iq<br />

i c = iq<br />

− para φ’>0<br />

N −1<br />

i<br />

i<br />

q<br />

γ<br />

q<br />

α1<br />

⎛ 0,<br />

5H<br />

⎞<br />

= ⎜1−<br />

⎟<br />

⎝ V + A'c'<br />

cot gφ'<br />

⎠<br />

⎛<br />

= ⎜1−<br />

⎝<br />

( 0,<br />

7 − nº<br />

/ 450º<br />

)<br />

H ⎞<br />

⎟<br />

V + A'c'<br />

cot gφ'<br />

⎠<br />

α1<br />

η= inclinação da base <strong>de</strong> apoio<br />

com a horizontal.<br />

2 « α1 « 5 (Bowles,1996)<br />

L´<br />

Fig.3.2.3<br />

i<br />

c<br />

EC7 = Vesic’<br />

mH<br />

= 1− para φ’=0<br />

B'<br />

L'cN<br />

B’=B-2 eB ; L’ = L-2 eL<br />

i<br />

c<br />

= i<br />

q<br />

c<br />

c<br />

1−<br />

iq<br />

− para φ’>0<br />

N tgφ<br />

⎛ H ⎞<br />

i q = ⎜1−<br />

⎟<br />

⎝ V + A'c'<br />

cot gφ'<br />

⎠<br />

i<br />

γ<br />

⎛ H ⎞<br />

= ⎜1−<br />

⎟<br />

⎝ V + A'c'<br />

cot gφ'<br />

⎠<br />

m<br />

m+<br />

1<br />

2 + B'<br />

/ L'<br />

m=mB= quan<strong>do</strong> H tem<br />

1+<br />

B'<br />

/ L'<br />

a direcção <strong>de</strong> B’<br />

2 + L'<br />

/ B'<br />

m=mL=<br />

1+<br />

L'/<br />

B'<br />

a direcção <strong>de</strong> L’<br />

quan<strong>do</strong> H tem<br />

(3.2.12)<br />

(3.2.13)<br />

(3.2.14)<br />

(3.2.15)<br />

(3.2.16)<br />

(3.2.17)<br />

III-5


m=mL cos 2 θ + mB sen 2 θ (3.2.18)<br />

on<strong>de</strong> θ é o ângulo que a linha <strong>de</strong> acção da carga faz com a direcção L.<br />

A’=B’ x L’ = area <strong>de</strong> apoio na fase <strong>de</strong> plastificação <strong>do</strong> solo (3.2.19)<br />

V = componente vertical da força que actua na fundação (base).<br />

H = componente horizontal da força que actua na fundação (base).<br />

Factor <strong>de</strong> Inclinação <strong>do</strong> Talu<strong>de</strong> (β)<br />

(O EC7 / 2001 diz que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> mas não apresenta fórmulas).<br />

g c<br />

βº<br />

= 1−<br />

147º<br />

Hansen<br />

βº<br />

g'c = 1−<br />

φ’ = 0<br />

147º<br />

g<br />

q<br />

5<br />

= ( 1−<br />

0.<br />

5tgβ)<br />

= g γ<br />

( β em<br />

EC7<br />

graus)<br />

β〈<br />

φ'<br />

b c = bq<br />

− ( 1−<br />

b q ) /( N ctgφ'<br />

)<br />

b q<br />

= b<br />

γ<br />

= ( 1−<br />

ηtgφ'<br />

)<br />

Vesic<br />

β<br />

g'c = 1−<br />

φ’=0<br />

5.<br />

14<br />

g<br />

g<br />

c<br />

q<br />

1−<br />

g q<br />

= g q − φ’>0<br />

5.<br />

14tgφ'<br />

2<br />

= g γ = ( 1−<br />

tgβ)<br />

β


Observações:<br />

1. Usan<strong>do</strong> em 3.1.1 e nas fórmulas seguintes coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança em relação a<br />

cu, c’ e ø’ (EC7) em vez <strong>de</strong> qult vem<br />

q<br />

d<br />

R d<br />

= (tensão <strong>de</strong> projecto). Os coeficientes parciais<br />

A'<br />

<strong>de</strong> segurança previstos no EC7 versão 2001, são γcu = 1,40 e γφ’=γc' = 1,25. Isto é, cud =<br />

cu/1,40, c’d = c’/1,25 e tgφ’d = tgφ’/1,25 <br />

cu é a coesão não drenada <strong>de</strong> uma argila. c´ é a coesão drenada. φ’ o ângulo <strong>de</strong> atrito drena<strong>do</strong><br />

ou efectivo <strong>de</strong> um solo arenoso ou areno-argiloso (valores “característicos” ou<br />

“representativos”, medi<strong>do</strong>s em laboratório ou <strong>de</strong>duzi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> campo.<br />

2. Os factores <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s à profundida<strong>de</strong> são toma<strong>do</strong>s em conta na teoria <strong>de</strong> Meyerhof e só são<br />

<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar quan<strong>do</strong> as camadas acima da base <strong>de</strong> fundação são resistentes. Assim, no caso<br />

da Fig. 3.2.4, não seria <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar o efeito da profundida<strong>de</strong> (dq = 1) e se se usar a teoria <strong>de</strong><br />

Meyerhof (gráficos ou ábacos <strong>do</strong> autor) <strong>de</strong>ve tomar-se nela a profundida<strong>de</strong> como nula,<br />

embora toman<strong>do</strong> o efeito da carga lateral <strong>de</strong>vida aos terrenos sobrejacentes: q = σv =γ’D<br />

⇒ =0,9 x D kN/m 2 , no caso da fig. 3.2.4.<br />

D<br />

Fig.3.2.4<br />

B<br />

solo<br />

argilo-siltoso<br />

mole<br />

3. Para <strong>fundações</strong> por estacas só as 1ªs. e 2ªs. parcelas em (3.1.1) contribuem<br />

significativamente para a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. A contribuição da 3ª parcela, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao peso<br />

próximo <strong>do</strong>s solos plastifica<strong>do</strong>s nas vizinhanças da base da fundação é pequena, porque a<br />

menor dimensão transversal é, por hipótese, pequena quan<strong>do</strong> comparada com a profundida<strong>de</strong><br />

D. Assim, também essa 3ª parcela é pequena quan<strong>do</strong> comparada com as outras. Isto é, nas<br />

III-7


<strong>fundações</strong> profundas por estacas, os solos nas vizinhanças da ponteira comportam-se como<br />

sem peso, porém, com atrito e sujeitos ao peso das terras sobrejacentes.<br />

3.3. Aplicações:<br />

Exemplo 1 - Fundação com nível freático acima <strong>do</strong> seu plano <strong>de</strong> base<br />

B<br />

640 kN/m<br />

Fig. 3.3.1<br />

0.60<br />

0.60<br />

c´ = 19.5 kN/m 2<br />

Ø = 20º<br />

Qual a largura B para se ter um coeficiente global <strong>de</strong> segurança em relação à rotura<br />

F<br />

seg<br />

q<br />

= 3 =<br />

q<br />

Resposta:<br />

ult<br />

admissível<br />

1<br />

qult = cN cd<br />

c + qN qd<br />

q + γBN<br />

2<br />

?<br />

γ<br />

Presumin<strong>do</strong>-se, em princípio, que D < B, <strong>de</strong> (3.2.10) tiramos<br />

3.3.1<br />

3.3.2<br />

III-8


d<br />

q<br />

= 1+<br />

2 tan 20º<br />

( 1<br />

dc = 1+ 0,4 D/B<br />

−<br />

Por outro la<strong>do</strong><br />

sen20º<br />

)<br />

2<br />

D<br />

B<br />

= 1+<br />

D<br />

0,<br />

31515 .<br />

B<br />

q = 0,60 x 17,63 + 0,60 x 7,63 = 15,2 kN/m 2<br />

ψ =45º + φ’/2 = 55º ⇒ tg 2<br />

ψ = 2,04<br />

N q = 2,04 exp( tg 20º) = 6,40; N c = (6,40 - 1) cot 20º = 14,80<br />

Nγ = 1,80 (6,40 - 1) tg 20º = 3,54<br />

q ult =19,5kN/m 2 x14,8 (1+0,4x1,20/B)+<br />

2 ⎛ 1,<br />

20 ⎞ 1<br />

+ 15,<br />

2kN<br />

/ m x6,<br />

4x⎜<br />

B + 0.<br />

31515x<br />

⎟ + 7,<br />

63xBx3,<br />

54<br />

⎝<br />

B ⎠ 2<br />

Como<br />

q ult<br />

3<br />

⇒<br />

vem<br />

q<br />

ult<br />

xB =<br />

xB<br />

q ult<br />

640kN<br />

/ m<br />

=<br />

3x640<br />

=<br />

1920kN<br />

/ m,<br />

1<br />

2<br />

xB = 19,<br />

5x14,<br />

8(<br />

B + 0,<br />

35x1,<br />

20)<br />

+ 15,<br />

2x6,<br />

4(<br />

B + 0,<br />

31515x1,<br />

20)<br />

+ x7,<br />

63x3,<br />

54xB<br />

= 1920<br />

2<br />

⇒ B ≅ 4,<br />

0m<br />

Exemplo 2 - Problema igual ao anterior mas com o nível freático 0,30 metros abaixo <strong>do</strong><br />

plano <strong>de</strong> base da fundação.<br />

III-9


xB<br />

q ult<br />

1.20<br />

0.30<br />

B<br />

640 kN/m<br />

Fig.3.3.2<br />

= 19,<br />

5x14,<br />

8(<br />

B + 0,<br />

35x1,<br />

20)<br />

+ 17,<br />

63x1,<br />

20x6,<br />

40x(<br />

B + 0,<br />

31515x1,<br />

20)<br />

+<br />

1 ⎛ 0,<br />

30 B − 0,<br />

30 ⎞ 2<br />

+ ⎜ γ + γ'<br />

⎟B<br />

x3,<br />

54 = 1920kN<br />

/ m (a)<br />

2 ⎝ B B ⎠<br />

3<br />

3<br />

γ = 17 , 63kN<br />

/ m , γ'<br />

= 7,<br />

63kN<br />

/ m (b)<br />

Resolven<strong>do</strong> a equação (a) com os valores da γ e γ ' <strong>de</strong> (b), vem<br />

B ≅ 3,4 m<br />

Exemplo 3 - Fundações sobre ou próximas <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s<br />

Consi<strong>de</strong>re-se o caso anterior mas com um bor<strong>do</strong> da sapata a 1,00 metros <strong>de</strong> um talu<strong>de</strong> com β<br />

= 15º. Admita-se B = 3,4 m.<br />

Qual será agora a capacida<strong>de</strong> da carga da sapata?<br />

Haverá que aplicar factores <strong>de</strong> correcção g c , g q e gγ. Porém, esses factores em rigor só<br />

seriam aplicáveis se a construção estivesse sobre o talu<strong>de</strong>. Todavia, parece razoável admitir o<br />

talu<strong>de</strong> AB como prolongan<strong>do</strong>-se além <strong>de</strong> B até B'', intercepção com o orgão da fundação.<br />

III-10


Com esta hipótese po<strong>de</strong>remos calcular segun<strong>do</strong> Hansen e segun<strong>do</strong> Vesic’ os factores g c , g q e<br />

gγ:<br />

A<br />

15º<br />

Hansen<br />

g q = (1-0,5 tg 15º) = 0,4871<br />

g c<br />

β<br />

= 1−<br />

=<br />

147º<br />

gγ = 0,4871<br />

0,<br />

8980<br />

B<br />

0.30<br />

B´´<br />

1.00<br />

D<br />

C<br />

Fig.3.3.3<br />

g<br />

g<br />

q<br />

c<br />

B´<br />

2<br />

= ( 1−<br />

tgβ)<br />

= g<br />

q<br />

gγ = 0,536<br />

=<br />

P<br />

B = 3.40<br />

0,<br />

536<br />

1−<br />

g q<br />

− =<br />

5,.<br />

14tgφ<br />

Vesic<br />

0,<br />

536<br />

−<br />

1−<br />

0,<br />

536<br />

5,<br />

14tg20º<br />

=<br />

1.20<br />

0,<br />

2880<br />

III-11


Os factores d q e d c seriam neste caso maiores que os anteriores porque a vertical <strong>do</strong> bor<strong>do</strong><br />

CD está recuada em relação à aresta B <strong>do</strong> talu<strong>de</strong>. Assim, tu<strong>do</strong> se passa como se a base da<br />

fundação estivesse à profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,20 + 1,00 tg β= 1,468 m.<br />

Então<br />

d q<br />

d c<br />

= 1+<br />

2tgφ<br />

( 1−<br />

senφ)<br />

2<br />

1,<br />

468m<br />

= 1,<br />

136<br />

3,<br />

4m<br />

1,<br />

468m<br />

1 + 0,<br />

35 = 1,<br />

15 d = 1<br />

3,<br />

4m<br />

= γ<br />

Substituin<strong>do</strong> temos:<br />

Hansen<br />

q ult = 19,5 x 14,8 x 1,151 x 0,898 + 17,63 x 6,40 x 1,136 x 0,4871 +<br />

1 ⎛ 0,<br />

30 3,<br />

40 − 0,<br />

30 ⎞<br />

+ ⎜17,<br />

63x<br />

+ 7,<br />

63 ⎟3,<br />

40 x<br />

2 ⎝ 3,<br />

40 3,<br />

40 ⎠<br />

3,<br />

54x0,<br />

4871<br />

=<br />

2<br />

380,<br />

2kN<br />

/ m<br />

Feitos os cálculos análogos segun<strong>do</strong> Vesic verificar-se-ia q ult = 200 kN/m 2 , da<strong>do</strong> que o<br />

factor g c seria apreciavelmente mais baixo que o <strong>de</strong> Hansen.<br />

Em qualquer <strong>do</strong>s casos a capacida<strong>de</strong> da carga viria bastante mais baixa <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à presença <strong>do</strong><br />

talu<strong>de</strong>:<br />

ou<br />

contra as 1920 kN/m anteriores.<br />

q ult x B = 380,2 x 3,40 = 1290 kN/m (Hansen)<br />

q ult x B = 200 x 3,40 = 680 kN/m (Vesic)<br />

Comentários: Estes factores <strong>de</strong> correcção ignoram a posição da base da fundação em relação<br />

à base <strong>do</strong> talu<strong>de</strong>. Assim, no caso da Fig. 3.3.4, se o talu<strong>de</strong> for suficiente-<br />

mente estável em si próprio, a sua presença não afecta a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga da fundação no<br />

plano A B, a não ser na medida em que a profundida<strong>de</strong> efectiva não é D mas sim algum valor<br />

entre D e D' .<br />

III-12


D´<br />

A<br />

Fig.3.3.4<br />

Por outro la<strong>do</strong> no caso <strong>de</strong> um talu<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento "infinito", suficientemente<br />

estável, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma fundação "profunda", como na Fig. 3.3.5, não seria<br />

substancialmente afectada pela presença <strong>do</strong> talu<strong>de</strong>.<br />

Fig.3.3.5<br />

Por último refira-se que em 1953, vários anos antes <strong>de</strong> Hansen e Vesic, Meyerhof<br />

apresentou ábacos para cálculo da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> sapatas inclinadas e em talu<strong>de</strong>.<br />

B<br />

D<br />

III-13


3.4. Solos estratifica<strong>do</strong>s. Solos com duas camadas<br />

3.4.1 - Solos argilosos em ambas as camadas (Bowles, 1996 p.252)<br />

Dois casos extremos:<br />

No primeiro a camada superior é mole e a inferior é dura. Nesse caso a rotura dá-se por<br />

"escoamento" da argila mole entre o topo da camada inferior (dura) e a base da fundação<br />

suposta rígida.<br />

No segun<strong>do</strong> caso supõe-se o contrário: a camada superior é dura e existe por baixo uma<br />

camada <strong>de</strong> argila mole. A rotura dá-se então por "punçoamento" da camada dura, se a mesma<br />

não tiver gran<strong>de</strong> espessura.<br />

Ø = O, c = c 1<br />

Ø = O, c = c 2<br />

B<br />

Fig.3.4.1.1<br />

Admite-se que a 1ª camada tem a coesão c1 e a 2ª camada a coesão c2. Se a razão CR= c2 / c1<br />

for >1 teremos uma camada <strong>de</strong> argila branda sobre uma camada <strong>de</strong> argila mais dura. Se Ca <<br />

1 acontecerá o contrário para CR < 1 Bowles dá os seguintes valores:<br />

D<br />

H<br />

III-14


1,<br />

5H<br />

N cs = + 5,<br />

14C<br />

R<br />

B<br />

3,<br />

0H<br />

N cr = + 6,<br />

05C<br />

R<br />

B<br />

para sapatas longas<br />

para sapatas circulares ou<br />

quadradas<br />

Quan<strong>do</strong> CR>0,7 estes valores <strong>de</strong>vem ser reduzi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 10%<br />

Para CR>1, calcular<br />

N1 , s<br />

e<br />

N 2 s<br />

=<br />

=<br />

4,<br />

14<br />

4,<br />

14<br />

0,<br />

5B<br />

+<br />

H<br />

1,<br />

1B<br />

+<br />

H<br />

(Sapatas longas)<br />

ou<br />

N1 , s<br />

e<br />

N 2 , s<br />

=<br />

=<br />

5,<br />

05<br />

5,<br />

05<br />

+<br />

+<br />

0,<br />

33B<br />

H<br />

0,<br />

66B<br />

H<br />

(Sapatas circulares ou quadradas)<br />

Em ambos os casos para obter o factor Nc há que fazer a média:<br />

N<br />

ci =<br />

N<br />

N<br />

( N N ) / 2<br />

1,<br />

i<br />

1,<br />

i<br />

2,<br />

i<br />

2,<br />

i<br />

Se a camada superior for <strong>de</strong> argila muito mole <strong>de</strong>verá tomar-se<br />

q ult u1<br />

(3.4.1.1)<br />

(3.4.1.2)<br />

(3.4.1.3)<br />

(3.4.1.4)<br />

(3.4.1.5)<br />

(3.4.1.6)<br />

(3.4.1.7)<br />

≤ 4c<br />

+ q<br />

(3.4.1.8)<br />

III-15


q a tensão vertical ao nível da base da fundação <strong>de</strong>vida às terras superiores.<br />

3.4.2. Solos areno-argilosos (c’, φ’ )<br />

Neste caso, haverá, antes <strong>de</strong> mais, que verificar se a rotura <strong>do</strong> solo abrange também a camada<br />

inferior (2) ou só a camada superior (1).<br />

Calculan<strong>do</strong> H’ = 0,5 tg(45º+ φ1’/2), verificamos se é H’ > H1, caso em que a rotura abrange<br />

também o solo inferior. Po<strong>de</strong>mos então a<strong>do</strong>ptar para ângulo global <strong>de</strong> atrito o valor médio.<br />

Hφ'1 + ( H '−H<br />

) φ'<br />

2<br />

φ'<br />

=<br />

H '<br />

e a<strong>do</strong>ptar um procedimento igual para obter um valor médio para c’:<br />

c’=(H.c’ + (H’-H) c’2)/H’<br />

Com c’ e φ’ calcula-se <strong>de</strong>pois o qult pelas formulas (3.1.1).<br />

(3.4.2.1)<br />

Os casos vulgares <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> areia estar sobre uma camada <strong>de</strong> argila ou vice-versa,<br />

uma camada <strong>de</strong> argila estar sobre uma camada <strong>de</strong> areia, po<strong>de</strong>m tratar-se da seguinte forma<br />

(Bowles, 1996):<br />

Será:<br />

1. Verificar se a rotura abange também a camada inferior (H’ > H).<br />

2. Calcular o valor <strong>de</strong> qult supon<strong>do</strong> um solo único com as características da camada<br />

superior.<br />

3. Calcular o valor <strong>de</strong> q’’ult supon<strong>do</strong> um solo único com as características da camada<br />

inferior.<br />

4. Calcular um valor q’ult = q’’ult + resistência ao corte por punçoamento da camada<br />

superior.<br />

sP K tgφ'<br />

v s<br />

q 'ult<br />

= q''<br />

ult + +<br />

A f<br />

On<strong>de</strong><br />

s.<br />

H.<br />

c<br />

A<br />

f<br />

(3.4.2.2)<br />

III-16


s = perímetro <strong>de</strong> corte (= 2 (L+B) para sapatas rectangulares).<br />

Pv = q .H+γH 2 /2 (3.4.2.3) = força vertical transmitida pela base da sapata ao solo inferior<br />

on<strong>de</strong> q = γ D é a pressão das terras superiores à base da sapata.<br />

Ks=coeficiente <strong>de</strong> pressão lateral <strong>de</strong> terras. Po<strong>de</strong> tomar-se Ks=K0=1-senφ’.<br />

tg φ’= atrito entre PvKs e a pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte periférica.<br />

s.H.c = força <strong>de</strong> coesão periférica (só existe se a camada superior tiver coesão).<br />

Af = área <strong>de</strong> apoio da sapata (para converter as forças <strong>de</strong> corte em tensões)<br />

Comparan<strong>do</strong> q’ult com qult toma-se a menor camada como capacida<strong>de</strong> resistente da sapata. Em<br />

geral, q’ult < qult.<br />

Bowles (1996, p.255) apresenta os <strong>do</strong>is exemplos seguintes:<br />

1. Uma sapata com B = 3m e L = 6m está fundada num <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> argila com duas camadas<br />

(Fig. 3.4.2.1).<br />

A B<br />

45º<br />

3.00<br />

1.50 = H<br />

P<br />

Fig. 3.4.2.1<br />

45º<br />

1.83<br />

1.22<br />

C = 77kPa<br />

1<br />

Ø = 0<br />

=17.26kN/m 3<br />

C = 115kPa<br />

2<br />

III-17


Obter a capacida<strong>de</strong> resistente da sapata.<br />

A profundida<strong>de</strong> da rotura <strong>do</strong> solo será:<br />

H’=0,5 B tg (45º + φ’/2) = 0,5 (3) tan 45º = 1,50 ou > 1.22 m<br />

Por tanto a 2ª camada é atingida.<br />

C R = c 2 / c1<br />

=<br />

115<br />

77<br />

=<br />

1,<br />

5<br />

><br />

1,<br />

0<br />

De 3.4.1.3 e 3.4.1.4 teremos:<br />

N1,s=5,.37 e N2,s=6.85 e por 3.4.1.7 Nc=6,02<br />

Nc é algo superior a 5,14 que se aplica quan<strong>do</strong> há uma só camada.<br />

Também teríamos:<br />

s .<br />

c<br />

d .<br />

c<br />

0,<br />

2B<br />

⎛ 3 ⎞<br />

= 1+<br />

= 1+<br />

0,<br />

2⎜<br />

⎟ = 1,<br />

10<br />

L ⎝ 6 ⎠<br />

= 1+<br />

0,<br />

4D<br />

B<br />

⎛1,<br />

83 ⎞<br />

= 1+<br />

0,<br />

4⎜<br />

⎟ =<br />

⎝ 3 ⎠<br />

Segun<strong>do</strong> Hansen viria:<br />

qult = cNc.s’c.d’c+qNqsqdq<br />

1,<br />

24<br />

=77(6,02) (1,10) (1,24) + 1,83(17,26) (1) (1) (1) = 655 kPa<br />

2º. Dada a sapata e os solos da Fig.3.4.2.2, calcular a capacida<strong>de</strong> resistente da sapata.<br />

III-18


P<br />

B x L = 2 X 2 m<br />

= 45º+Ø/2=62º<br />

argila C = 75kPa<br />

u<br />

Fig.3.4.2.2<br />

Usan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Hansen, obtem-se para a areia:<br />

Nq = 29,4 Nγ =28,7<br />

Sq = 1 + tg 34º = 1,64 sγ =0,6<br />

d q<br />

⎛ 1,<br />

5 ⎞<br />

= 1+<br />

0,<br />

262⎜<br />

⎟ = 1,<br />

2 dγ =1<br />

⎝ 2,<br />

0 ⎠<br />

D = 1.50<br />

H = 0.60<br />

Arre<strong>do</strong>ndan<strong>do</strong> os valores <strong>de</strong> N e substituin<strong>do</strong> na fórmula geral temos:<br />

C = 0<br />

Ø´ = 34º<br />

3<br />

= 17.25kN/m<br />

qult = 1,5(17,25) ((29) (1,67) (1,2) + 0,5 (17,25) (2) (29) (0,6) (1) = 1804 kPa<br />

para a argila<br />

Nc = 5,14<br />

⎛ B ⎞<br />

s’c = 1+ 0,2 ⎜ ⎟ = 1+<br />

0,<br />

2(<br />

2 / 2)<br />

= 1.<br />

2,<br />

⎝ L ⎠<br />

sq = dq = 1<br />

III-19


D ⎛ 2,<br />

1⎞<br />

d’c = 1+0.4arctg = 1+0.4 arctg ⎜ ⎟ = 1,<br />

32<br />

5<br />

⎝ 2 ⎠<br />

q’’ult = 5,14 (75) (1,2) (1,32) + 2,1 (17,25) (1) (1) = 622 kPa<br />

Há agora que somar a contribuição <strong>do</strong> punçoamento para obter:<br />

q'<br />

ult<br />

on<strong>de</strong><br />

=<br />

q''<br />

P<br />

v<br />

ult<br />

sPvK<br />

stg34º<br />

+<br />

+ 0.<br />

Af<br />

2<br />

H<br />

= q.<br />

H + γ é a força <strong>de</strong> punçoamento.<br />

2<br />

q = γD.<br />

Portanto:<br />

P<br />

v<br />

0,<br />

60<br />

= 17,<br />

25(<br />

1,<br />

50)(<br />

0,<br />

60)<br />

+ 17,<br />

25.<br />

2<br />

s é o perímetro = 2 (2+2) = 8 m<br />

2<br />

= 18,<br />

6KN<br />

/ m<br />

Ks = impulso lateral = Ko = 1-senφ’=1-sen34º=0,44<br />

Então<br />

8(<br />

18,<br />

6)(<br />

0,<br />

44)<br />

tg34º<br />

q 'ult<br />

= 622 +<br />

= 633kPa<br />

< q<br />

2×<br />

2<br />

ult<br />

a capacida<strong>de</strong> resistente da fundação é, pois, “controlada” pela capacida<strong>de</strong> resistente da argila<br />

adicionada da resistência ao punçoamento da camada arenosa.<br />

Com um coeficiente global <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> 3 a tensão “admissível” na base da sapata seria<br />

q a<br />

633<br />

= = 211kPa<br />

3<br />

Se quizémos obter a tensão <strong>de</strong> projecto (EC7-2001) σRd, teríamos <strong>de</strong> usar coeficientes<br />

parciais <strong>de</strong> segurança para ϕ’ : tgϕ’d = tgϕ’/1,25 = tg34º/1,25 = ϕ’d =28º,35 e<br />

cud=cu/1,40=75/1,4=53,57 kPa.<br />

Com estes valores repetíamos os cálculos acima indica<strong>do</strong>s e em vez <strong>de</strong> qult obtínhamos<br />

qd


A comparação entre q’d e qd seria feita <strong>de</strong> igual forma e certamente que a capacida<strong>de</strong><br />

resistente da fundação continuaria a ser “controlada” pela capacida<strong>de</strong> resistente da argila<br />

adicionada da resistência ao punçoamento da camada arenosa:<br />

q”d= 5,14 (53,57) (1,2) (1,32) + 2,1 (17,25) (1) (1) =473 kPa<br />

8(<br />

18,<br />

6)(<br />

1−<br />

sen28º<br />

, 25)<br />

tg34º<br />

q'd =<br />

473 +<br />

= 484kPa<br />

= σ<br />

2×<br />

2<br />

Rd<br />

III-21


ASSENTAMENTOS DE FUNDAÇÕES<br />

Capítulo 4<br />

4.1 Transmissão <strong>de</strong> tensões em profundida<strong>de</strong> (Elasticida<strong>de</strong> linear, Boussinesq)<br />

Soluções clássicas para o cálculo <strong>de</strong> tensões (σij = σxx, σyy, σzz, σzx, σxy, σyx) nos<br />

vários pontos <strong>do</strong> maciço<br />

Boussinesq (carga concentrada à superfície <strong>do</strong> maciço, hemiespaço elástico linear,<br />

homogéneo e isotrópico)<br />

Por integração da solução <strong>de</strong> Boussinesq obtêm-se os valores das tensões σij transmitidas aos<br />

vários pontos <strong>do</strong> maciço, provocadas por cargas uniformemente distribuídas à superfície por<br />

bases <strong>de</strong> apoio circulares flexíveis.<br />

(a)<br />

To<br />

carga uniformente<br />

distribuida<br />

σοzz=qo q o=<br />

σο zz<br />

o<br />

z<br />

P<br />

Fig. 4.1.1<br />

A tensão q = σ zz transmitida ao ponto P à profundida<strong>de</strong> z pela carga q o =σ ij (o) distribuída à<br />

superfície num círculo <strong>de</strong> raio r e centro na vertical <strong>de</strong> P, (Fig. 4.1.1 (a) e (b), é:<br />

(b)<br />

IV-1


⎧<br />

⎪<br />

⎪ 1<br />

⎨1.<br />

0 −<br />

2<br />

⎪ ⎡ ⎛ r ⎞ ⎤<br />

⎪ ⎢1<br />

+ ⎜ ⎟ ⎥<br />

⎪⎩<br />

⎢⎣<br />

⎝ z ⎠ ⎥⎦<br />

q = qo<br />

3 / 2<br />

⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎬<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎭<br />

(4.1.1)<br />

Po<strong>de</strong>mos a partir <strong>de</strong> (4.1.1) calcular o raio r <strong>do</strong> círculo que a certa profundida<strong>de</strong> z produz<br />

uma dada tensão q tal que q/q o tenha valores <strong>de</strong> 0,1; 0,2; 0,3; etc.; 0,9. Claro que só<br />

carregan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o plano horizontal teríamos q/q o = 1.<br />

Resolven<strong>do</strong> (4.1.1) em or<strong>de</strong>m a r/z e toman<strong>do</strong> a raíz positiva vem:<br />

r ⎡⎛<br />

q ⎞<br />

= ⎢<br />

⎜<br />

⎜1−<br />

⎟<br />

z ⎢⎣<br />

⎝ qo<br />

⎠<br />

−2<br />

/ 3<br />

⎤<br />

−1⎥<br />

⎥⎦<br />

!/ 2<br />

(4.1.2)<br />

r<br />

toman<strong>do</strong> (q/qo) = 0,1, 0,2, etc. obtêm-se os correspon<strong>de</strong>ntes valores <strong>de</strong> . Por exemplo:<br />

z<br />

(q/q o ) = 0,1 ⇒ (r/z) = 0,2698<br />

(q/q o ) = 0,2 ⇒ (r/z) = 0,4005<br />

. . . . . . . . . . . . ⇒ (r/z) = . . . . . . .<br />

(q/q o ) = 0,9 ⇒ (r/z) = 1,9082 ≅ 1,91<br />

com os 9+1 (→ resto <strong>do</strong> plano) = 10 círculos dividi<strong>do</strong>s em 20 sectores, temos uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

200 elementos curvos <strong>de</strong> área ∆A. Cada elemento ∆A carrega<strong>do</strong> com<br />

IV-2


Fig.4.1.2<br />

a carga uniforme q dá à profundida<strong>de</strong> z na vertical <strong>de</strong> 0 uma tensão vertical<br />

∆ σ<br />

zz<br />

= ∆q<br />

= q<br />

o<br />

∆A<br />

q o<br />

=<br />

200∆A<br />

200<br />

(área total)<br />

3cm B<br />

A<br />

(4.1.3)<br />

Desenhe-se a base <strong>de</strong> uma fundação a escala tal que z = AB (Fig.4.1.2). Colocan<strong>do</strong> no ponto<br />

0 o ponto <strong>de</strong>la, sob cuja vertical se quer calcular a tensão q, e contan<strong>do</strong> o número n <strong>de</strong><br />

elementos da área coberta pela planta da fundação temos:<br />

n<br />

q = q<br />

200<br />

o<br />

(4.1.4)<br />

(Ζ)<br />

IV-3


Z<br />

1<br />

2<br />

V<br />

Fig.4.1.3<br />

q=<br />

V<br />

(B+Z)(L+Z)<br />

Embora a fórmula (4.1.1) seja <strong>de</strong> manejo fácil para obter a distribuição <strong>de</strong> tensões a certa<br />

profundida<strong>de</strong> gerada pela carga q o suposta uniforme à superfície, ainda hoje se usa para a<br />

“difuão” da caraga em profundida<strong>de</strong> a regra <strong>de</strong> 1:2, admitin<strong>do</strong>-se uma distribuição <strong>de</strong> tensões<br />

também uniforme em profundida<strong>de</strong>, o que é uma aproximação grosseira. Com essas hipóteses<br />

grosseiras obtem-se a tensão vertical à profundida<strong>de</strong> z para uma sapata rectangular:<br />

V<br />

q =<br />

( B + z)(<br />

L + z)<br />

on<strong>de</strong> V é a força vertical na fundação, B a largura e L o comprimento da base <strong>de</strong> apoio.<br />

(4.1.5)<br />

Para muitos outros casos <strong>de</strong> interesse prático encontram-se tabelas nos 3 volumes da obra <strong>de</strong><br />

J.P. Giroud, "Tables pour le Calcul <strong>de</strong>s Fondations". Dunod, 1973. Essas tabelas, porém, não<br />

consi<strong>de</strong>ram nenhum caso <strong>de</strong> ser a carga aplicada a certa profundida<strong>de</strong> como acontece na<br />

realida<strong>de</strong>. Tabelas mais completas e fórmulas encontram-se em Poulos, H.G. and Davis, E.H.,<br />

"Elastic Solutions for Soil and Rock Mechanics", John Wiley & Sons, N.Y., 1974. Aí se<br />

encontra o caso <strong>de</strong> uma carga uniformemente distribuída ser aplicada a certa profundida<strong>de</strong>,<br />

IV-4


num maciço terroso linearmente elástico, homogéneo e isotrópico <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> infinita.<br />

Muitos são os casos em que o "firme" ou "bed-rock" se encontra não muito abaixo da base da<br />

fundação. Este último caso foi trata<strong>do</strong> por outros autores (Bowles, 1974), mas em relação a<br />

assentamentos.<br />

Para terminar recor<strong>de</strong>mos que, quan<strong>do</strong> vários órgãos da fundação estão próximos uns <strong>do</strong>s<br />

outros, no cálculo das tensão transmitidas a um ponto P(z) situa<strong>do</strong> em linhas verticais entre<br />

elas há que ter em conta as várias parcelas relativas a cada uma das <strong>fundações</strong> tributárias (Fig.<br />

4.1.4). Se fosse para o ponto Q(z) por exemplo já a influência da fundação (2) po<strong>de</strong>ria ser<br />

<strong>de</strong>sprezível.<br />

(1) P1 (2) P2 Q (z) P(z)<br />

Fig.4.1.4<br />

4.2 Assentamento <strong>de</strong> sapatas à superfície (meio elástico)<br />

Para sapatas flexíveis <strong>de</strong> forma rectangular à superfície num hemiespaço elástico e para um<br />

canto Terzaghi dá:<br />

IV-5


S<br />

s<br />

com<br />

2 ⎛1 − ϑ ⎞ s<br />

= qB<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎟I<br />

⎝ E s ⎠<br />

ω<br />

⎧<br />

⎫<br />

⎪ ⎛ 2 ⎞ ⎡<br />

2<br />

1 L<br />

⎤<br />

⎜1<br />

+ ( L / B)<br />

+ 1 ⎟ L<br />

⎪<br />

⎨<br />

⎢<br />

⎛ L ⎞<br />

= log n<br />

+ log + ⎜ ⎟ + 1⎥<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎬<br />

π ⎪⎩<br />

B L / B<br />

⎝<br />

⎠<br />

⎢ B<br />

⎥<br />

⎣<br />

⎝ B ⎠<br />

⎦⎪⎭<br />

Iω n<br />

(4.2.1)<br />

(4.2.2)<br />

Para o centro da sapata haveria que se somar os valores <strong>do</strong>s 4 cantos com b=B/2, para a<br />

largura B e l=L/2 para o comprimento L.<br />

Para o centro <strong>de</strong> um círculo teríamos:<br />

S = q<br />

⎛1 −<br />

A⎜<br />

⎜<br />

⎝<br />

Es<br />

2 ⎞<br />

⎟<br />

0.<br />

885<br />

⎠<br />

2<br />

d π<br />

A = π ≅ d ≅ B × 0,<br />

886<br />

4 4<br />

Portanto<br />

⎛1 − ν<br />

S = qB×<br />

0,<br />

785 ⎜<br />

⎝ E s<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

Para o caso da rotação <strong>de</strong> sapatas, consi<strong>de</strong>radas rígidas, teríamos<br />

2<br />

M ⎛1 − ν ⎞<br />

tgθ<br />

= ⎜<br />

⎟<br />

⎟I<br />

2<br />

BL ⎝ E s ⎠<br />

θ<br />

on<strong>de</strong> Iθ é um factor da<strong>do</strong> por Bowles (1996) pág.311. Para sapatas rígidas<br />

(4.2.3)<br />

(4.2.4)<br />

(4.2.5)<br />

(4.2.6)<br />

Iθ = 16/[π(1+0.22Β/L)] (4.2.7)<br />

Taylor (1967, pág. 227)<br />

B<br />

(a)<br />

SAPATA<br />

B<br />

L<br />

B=a<br />

(b) (c)<br />

Fig.4.2.1<br />

D=c<br />

IV-6


d<br />

P<br />

M<br />

o<br />

L<br />

Fig.4.2.2<br />

4.3. Assentamento <strong>de</strong> uma sapata à profundida<strong>de</strong> D = c em meio elástico<br />

Segun<strong>do</strong> Bowles(1977), p.159, o assentamento à profundida<strong>de</strong> D=c será:<br />

S = SsID<br />

(4.3.1)<br />

Sen<strong>do</strong> ID da<strong>do</strong> em gráficos tira<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Fox(1948) Proc. 2nd. Int. Conf. Soil Mech. F. Engn.<br />

Vol 1, pp. 129-132. Fox dá expressões analíticas para ID.<br />

Fox dá as expressões para ID<br />

IV-7


I<br />

D<br />

ϖ<br />

=<br />

ϖ<br />

o<br />

c<br />

1<br />

5<br />

∑ βsYs<br />

s=<br />

1<br />

=<br />

( β + β ) Y<br />

(profundida<strong>de</strong> D = c)<br />

2<br />

D = notação <strong>de</strong> Bowles; c= notação <strong>de</strong> Fox<br />

Fox dá as expressões <strong>de</strong> β1, β2....... β5:<br />

β<br />

⎫<br />

1 = 3 − 4υ<br />

⎪<br />

2<br />

β 2 = 1−<br />

12υ<br />

+ 8υ<br />

⎪<br />

⎪<br />

β 3 = −4υ<br />

( 1−<br />

2υ<br />

) ⎬<br />

2 ⎪<br />

β 4 = −1+<br />

4υ<br />

− 8υ<br />

⎪<br />

2<br />

β = − − ⎪<br />

5 4(<br />

1 2υ<br />

) ⎭<br />

e <strong>de</strong> Ys (s=1,2.....5)<br />

= a1<br />

1<br />

3 3 3<br />

r<br />

⎧ 4 + b r4<br />

+ a r4<br />

− a − b<br />

+ b1<br />

− ⎨<br />

a a ⎩ 3ab<br />

Y1 n<br />

n<br />

= a1<br />

r3<br />

+ b<br />

+ b1<br />

r<br />

Y2 n<br />

n<br />

1<br />

⎫<br />

⎬<br />

⎭<br />

3 3 3<br />

r ⎧ 4 + a r3<br />

− r2<br />

− r1<br />

+ r<br />

− ⎨<br />

b ⎩ 3ab<br />

2<br />

2<br />

r ⎧(<br />

b + r ⎫ ⎧ + ⎫<br />

2 ) r1<br />

r ( a r1<br />

) r2<br />

= 1n<br />

⎨ ⎬ + 1 ⎨ ⎬<br />

a ⎩ ( b + r3<br />

) r ⎭ b ⎩ ( a + r3<br />

) r ⎭<br />

Y3 n<br />

Y<br />

Y<br />

4<br />

5<br />

r<br />

=<br />

2<br />

( r + r − r − r)<br />

1<br />

= r tan<br />

−1<br />

2<br />

ab<br />

3<br />

⎛ ab ⎞<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎝ rr3<br />

⎠<br />

a = L e b = Β<br />

3<br />

⎫<br />

⎬<br />

⎭<br />

(4.3.2)<br />

(4.3.3)<br />

(4.3.4)<br />

(4.3.5)<br />

(4.3.6)<br />

(4.3.7)<br />

(4.3.8)<br />

IV-8


+<br />

2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2<br />

= 2c; r1<br />

= a + r ; r2<br />

= b + r ; r3<br />

= a + b + r ; r4<br />

= a b<br />

(4.3.9)<br />

ν = coeficiente <strong>de</strong> Poisson<br />

ID = graficamente está representa<strong>do</strong> na Fig. 4.3.1.<br />

Factor <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> I<br />

Referências básicas:<br />

Factor <strong>de</strong> influência para sapata à profundida<strong>de</strong> D.<br />

S 1=S2<br />

ID SS<br />

(à superficie)<br />

Fig.4.3.1<br />

Fox, E.N. "The mean elastic setlement of uniformly loa<strong>de</strong>d area at a <strong>de</strong>pth below the ground<br />

surface". Proc. 2nd. Int. Conf. S.M.F.E., vol 1, 1948, pp. 129 - 132. S. Timoshenko, "Theory<br />

of Elasticity", Mc Graw-Hill, N.Y., 1934, p. 338.<br />

Steinbrenner, W., (1934) "Tafeln|zur| Setzungsberechnung", Die Strasse, vol. 6, oct., pp. 121-<br />

124.<br />

Se além <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarmos as cargas aplicadas a certa profundida<strong>de</strong> D = c, acontecer que ˆ<br />

profundida<strong>de</strong> H apareça uma camada rígida, haverá que <strong>de</strong>duzir ao assentamento S' obti<strong>do</strong><br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> H =∞, o assentamento S'' como se a profundida<strong>de</strong> da sapata fosse H.<br />

IV-9


Steimbrenner, fez <strong>de</strong>ssa maneira o cálculo e apresentou expressões analíticas (Bowles, 1996,<br />

p. 302; Timoshenko e Goodier, 1951):<br />

1−<br />

2 ⎛<br />

1−<br />

2ν<br />

S = S'−S''<br />

= qB ⎜I<br />

1 + I 2 ⎟<br />

E s ⎝ 1−<br />

ν ⎠<br />

I<br />

I<br />

1<br />

2<br />

1 ⎡<br />

= ⎢Ml<br />

π ⎢⎣<br />

N<br />

= tan<br />

2π<br />

n<br />

−1<br />

L<br />

M = , N =<br />

B<br />

( 1<br />

+<br />

M(<br />

1<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝ N<br />

H<br />

B<br />

M<br />

+<br />

M<br />

2<br />

2<br />

+ 1<br />

M<br />

M<br />

2<br />

+ N<br />

M<br />

2<br />

+ N<br />

2<br />

+ N<br />

2<br />

+ 1<br />

⎞<br />

I<br />

2<br />

D<br />

+ l<br />

n<br />

( M<br />

+<br />

M +<br />

M<br />

⎞<br />

⎟<br />

+ 1⎠<br />

(tan -1 em radianos)<br />

2<br />

M<br />

+ 1)<br />

2<br />

+ N<br />

1+<br />

N<br />

2<br />

+ 1<br />

q = pressão <strong>de</strong> contacto correspon<strong>de</strong>nte ao esta<strong>do</strong> limite <strong>de</strong> utilização<br />

2<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

(4.3.10)<br />

(4.3.11)<br />

(4.3.12)<br />

Para o assentamento médio <strong>de</strong> uma sapata flexível à profundida<strong>de</strong> D, existem ainda outras<br />

formas <strong>de</strong> cálculo:<br />

Janbu, N., Bjerrum, L. and Kjaernsli, B., (1956), Norwegian Geotecnical Inst. Publ., nº 16,<br />

qB<br />

apresentaram curvas para µ 1 e µ 0 em SD = µ 0 µ 1 (4.3.13)<br />

E<br />

µ 0 = f (D/B, L/B, Ã), efeito da profundida<strong>de</strong>.<br />

µ 1 = f 1 (H/B, L/B, Ã), efeito da posição H <strong>do</strong> "bed rock"<br />

(R.F. Craig, (1987) "Soil Mechanics", p. 170, van Nostrand Reinhold)<br />

IV-10


µ 1<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

D<br />

q<br />

H B<br />

Q<br />

Fig.4.3.2<br />

0.0<br />

0.1 0.2 0.5 1 2 5 10 20 50 100 1000<br />

1.0<br />

0.9<br />

0.8<br />

µ<br />

2<br />

0.7<br />

0.6<br />

L = length<br />

D<br />

H<br />

B<br />

S<br />

i<br />

= µ µ<br />

0 1<br />

q B<br />

E<br />

q<br />

H/B<br />

0.5<br />

0.1 0.2 0.5 1 2 5 10 20 50 100<br />

1000<br />

D/B<br />

L = ω<br />

200<br />

L/B 1 2 5 10 20 50 100<br />

Fig.4.3.3<br />

L/B<br />

100<br />

50<br />

20<br />

10<br />

5<br />

2<br />

Square<br />

Circle<br />

IV-11


Fig. 4.3.3- Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento vertical (4.3.13)<br />

Além <strong>de</strong> (4.3.2) e seguintes, uma forma geral <strong>de</strong> calcular os assentamentos seria pelo integral<br />

S<br />

D vv ∫ ∞<br />

= ε<br />

dz<br />

(4.3.14)<br />

on<strong>de</strong> ε vv seria a componente vertical <strong>do</strong> tensor das extensões ou <strong>de</strong>formações unitárias e D a<br />

cota, ou melhor, profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> apoio da fundação.<br />

D<br />

Fig.4.3.4<br />

A dificulda<strong>de</strong> estará em avaliar os ε vv . Eles são da<strong>do</strong>s por:<br />

ε<br />

vv<br />

=<br />

∆σ<br />

E<br />

s<br />

vv<br />

ν<br />

− 2∆σ<br />

E<br />

s<br />

hh<br />

P<br />

Z<br />

(4.3.15)<br />

on<strong>de</strong> ∆ σ vv e ∆ σ hh são as componentes vertical e horizontal (respectivamente) <strong>do</strong> acréscimo<br />

no tensor das tensões induzi<strong>do</strong> pelas cargas P aplicadas à fundação à profundida<strong>de</strong> z. Já<br />

vimos que há fórmulas para calcular essas tensões transmitidas admitin<strong>do</strong> o solo como sóli<strong>do</strong><br />

linearmente elástico e eventualmente homogéneo e isotrópico. Por outro la<strong>do</strong>, a própria<br />

expressão (4.3.15) pressupõe válida a lei d'Hooke.<br />

Porém, dadas as incertezas na própria fixação ou avaliação <strong>do</strong> módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

E s (e coeficiente <strong>de</strong> Poisson ν), não se justificam gran<strong>de</strong>s refinamentos no cálculo. Assim,<br />

IV-12


po<strong>de</strong>remos por exemplo admitir ∆σ hh =K o ∆σ vv (4.3.16) on<strong>de</strong> Ko seria o coeficiente <strong>de</strong><br />

impulso das terras em repouso cuja expressão em função <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito é Ko = 1-senφ.<br />

Note-se todavia que essas expressões só são válidas para solos arenosos e normalmente<br />

consolida<strong>do</strong>s ou a<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>s. Se as formações terrosas tiverem si<strong>do</strong> pré-a<strong>de</strong>nsadas por<br />

movimentos geológicos, secagem, et., Ko é em geral muito superior acima indica<strong>do</strong>. Todavia,<br />

nesses casos é possível e têm melhor lugar as teorias antes citadas (Boussinesq, Westergaard<br />

e outros) para o cálculo da transmissão <strong>de</strong> tensões em profundida<strong>de</strong>.<br />

Na fórmula (4.3.14) não se torna necessário fazer o cálculo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> z variável até ao oo.<br />

D<br />

B<br />

P<br />

Z<br />

Fig.4.3.5<br />

VV = f (Z)<br />

IV-13


Qualquer das fórmulas das teorias acima referi<strong>do</strong> mostram que a partir <strong>de</strong> uma profundida<strong>de</strong><br />

z' = 4B (4.3.17)<br />

on<strong>de</strong> z' = z - D é a profundida<strong>de</strong> abaixo <strong>do</strong> plano da base da fundação, os incrementos no<br />

tensor das tensões induzidas pelas cargas aplicadas à fundação são praticamente <strong>de</strong>sprezíveis.<br />

Recor<strong>de</strong>-se que a expressão (4.3.15) é semelhante à que é usual no cálculo <strong>do</strong><br />

assentamento <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a consolidação <strong>do</strong> solo. Assim, na Teoria <strong>de</strong> Terzaghi este é da<strong>do</strong> por:<br />

z<br />

S = ∫ vv<br />

z<br />

2<br />

1<br />

mv∆σ<br />

dz<br />

(4.3.18)<br />

on<strong>de</strong> m v coeficiente <strong>de</strong> compressibilida<strong>de</strong> volumétrica obti<strong>do</strong> no ensaio e<strong>do</strong>métrico <strong>de</strong><br />

consolidação.<br />

Z1<br />

Z2<br />

Z1<br />

Z<br />

Fig.4.3.6<br />

V<br />

= f (Z)<br />

Se um sóli<strong>do</strong> linearmente elástico fosse submeti<strong>do</strong> ao edómetro, isto é, comprimi<strong>do</strong> sob<br />

tensão vertical (principal) σ 1 e sem <strong>de</strong>formações horizontais ε 2 = ε 3 = 0, m v seria da<strong>do</strong> por<br />

m<br />

v<br />

=<br />

( 1+<br />

ν)(<br />

1−<br />

2ν)<br />

E ( 1−<br />

ν)<br />

s<br />

(4.3.20)<br />

IV-14


O assentamento da<strong>do</strong> pela fórmula (4.3.18) correspon<strong>de</strong> à consolidação primária <strong>do</strong> solo.<br />

Para consi<strong>de</strong>rara o acréscimo <strong>de</strong> assentamento <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à consolidação secundária usar-se-ia a<br />

fórmula:<br />

∆S = (z1-z2) Cα log(t2/t1) (4.3.19)<br />

on<strong>de</strong><br />

z1-z2 é a espessura da camada em consolidação;<br />

Cα é um coeficiente que se obtem <strong>do</strong> ensaio e<strong>do</strong>métrico, da curva assentamento-log t, que tem<br />

um trecho final rectilíneo correspon<strong>de</strong>nte `consolidação secundária. Cα é o coeficiente<br />

angular da recta respectiva.<br />

Para o tempo t1 po<strong>de</strong>r-se-á tomar o t90 calcula<strong>do</strong> para 90% da consolidação primária.<br />

Para t2 = t1+∆t tomar-se-á o tempo que se entenda acima <strong>de</strong> t1.<br />

O EuroCo<strong>de</strong> 7 (EC7) pág. 145 da versão portuguesa (1994) para avaliação <strong>do</strong>s assentamentos<br />

consi<strong>de</strong>ra os casos da fórmula (4.3.14), a que chama méto<strong>do</strong> da tensão-<strong>de</strong>formação e da<br />

fórmula (4.3.10) que <strong>de</strong>signa por méto<strong>do</strong> da elasticida<strong>de</strong> ajustada. Também apresenta na pré-<br />

norma prENV 1997-3, 1996 (“geot. <strong>de</strong>sign assisted by field tests” pág. 117), uma formula<br />

empírica para calcular directamente o assentamento <strong>de</strong> uma sapata em areia a partir da sua<br />

largura B e <strong>do</strong> número N’ médio <strong>de</strong> pancadas no SPT, na zona <strong>de</strong> influência abaixo da base<br />

da sapata.<br />

Citan<strong>do</strong> Burland and Burbidge (1985) o EC7 dá o assentamento imediato Si (mm) <strong>de</strong> uma<br />

sapata quadrada com a largura B (m):<br />

S σ<br />

0.<br />

7<br />

0.<br />

7<br />

0.<br />

7<br />

i = σ'vo<br />

B ( I c / 3)<br />

+ ( q'−σ'<br />

vo ) B . I c − ( q'−2<br />

'vo<br />

/ 3)<br />

B . I<br />

(4.3.20)<br />

c<br />

on<strong>de</strong><br />

σ’vo = pressão máxima das terras sobrejacentes (kPa);<br />

q’ = pressão média na base da fundação (kPa);<br />

Ic = 1.71/(N’) 1.4<br />

on<strong>de</strong><br />

N’ = é o valor <strong>do</strong> número <strong>de</strong> pancadas <strong>do</strong> SPT na zona <strong>de</strong> influência da sapata <strong>de</strong>ntro da qual<br />

toma lugar 75% <strong>do</strong> assentamento. Esta zona é <strong>de</strong>finida por ZI = B 0.75 , (B em m) quan<strong>do</strong> o<br />

IV-15


número da pancada N é crescente ou constante. Se o número N for <strong>de</strong>crescente com a<br />

profundida<strong>de</strong> toma-se Z1 = 2 B ou a distância à base da camada branda, qual <strong>do</strong>s valores seja<br />

o menor.<br />

No caso <strong>de</strong> areias com seixo ou seixos com areia, o valor <strong>de</strong> N’ <strong>de</strong>ve ser afecta<strong>do</strong> <strong>do</strong> factor<br />

1,25. A fórmula (4.3.20) <strong>de</strong>verá ser afectada <strong>de</strong> um factor <strong>de</strong> forma fs para sapatas<br />

rectangulares.<br />

2<br />

⎛ 1,<br />

25L<br />

/ B ⎞<br />

f s = ⎜ ⎟<br />

⎝ L / B + 0,<br />

25 ⎠<br />

Para D/B < 3 não há lugar a factor <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (D).<br />

(4.3.21)<br />

Há, porém que aplicar também um factor <strong>de</strong> correcção ft para ter em conta o tempo, visto que<br />

os assentamentos da sapata em terrenos arenosos variam com o tempo:<br />

f t<br />

3 t 10<br />

= ( 1+<br />

R + R log t / 3<br />

(4.3.22)<br />

on<strong>de</strong> ft é um factor <strong>de</strong> correcção para t > 3 anos, R3 é uma parcela para ter em conta o<br />

assentamento até 3 anos e Rt tem em conta o assentamento em cada ciclo <strong>de</strong> tempo além <strong>de</strong> 3<br />

anos.<br />

Para cargas estáticas o autor sugere R3 = 0.3 e Rt = 0.2, o que dará para um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 30<br />

anos ft = 1.5<br />

Para cargas flutuantes, como é o caso das sobrecargas em pontes, silos, chaminés etc, indicam<br />

R3 = 0.7 e Rt = 0.8, o que para 30 anos daria ft= 2.5<br />

4.4. Valores limites <strong>de</strong> assentamento<br />

Coeficiente <strong>de</strong> Segurança<br />

A filosofia da segurança e da sua <strong>de</strong>terminação é hoje ponto muito discuti<strong>do</strong> e ainda estamos<br />

longe da unanimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista. Vamos no entanto, consi<strong>de</strong>rar pelo que diz respeito<br />

a <strong>fundações</strong>, os <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s mais em uso:<br />

a) Méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes globais <strong>de</strong> segurança.<br />

b) Méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança.<br />

IV-16


No caso <strong>do</strong>s coeficientes globais <strong>de</strong> segurança aplica-se, em geral, á tensão <strong>de</strong> rotura q ult<br />

calculada pela fórmula (3.1) um coeficiente <strong>de</strong> redução F s , dito <strong>de</strong> segurança, em geral com o<br />

valor 3.<br />

Obteríamos <strong>de</strong>ssa forma<br />

q<br />

q admissível =<br />

F<br />

ult<br />

s<br />

(4.4.1)<br />

qadmissível (= qa ) seria uma tensão a não ser excedida em ponto algum <strong>do</strong> terreno da fundação<br />

para a combinação mais <strong>de</strong>sfavorável <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> serviço, ou seja a combinação mais<br />

<strong>de</strong>sfavorável <strong>de</strong> acções <strong>de</strong>finidas no R.S.A. (D.L. nº 235/83 <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Maio) sem coeficientes<br />

<strong>de</strong> majoração.<br />

O critério implícito em (4.4.1) po<strong>de</strong> levar a excesso ou a insuficiência <strong>de</strong> segurança.<br />

Po<strong>de</strong> levar a excesso pois se aplicarmos por exemplo o coeficiente 3 a um solo arenoso on<strong>de</strong><br />

o ângulo <strong>de</strong> atrito a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> não nos oferece dúvidas e a estrutura po<strong>de</strong> aceitar gran<strong>de</strong>s<br />

assentamentos, como é o caso <strong>do</strong>s muros <strong>de</strong> suporte, o facto <strong>de</strong> ser excedida a tensão<br />

admissível q a , calculada com F s = 3, não tem consequências. Portanto, po<strong>de</strong>remos tomar para<br />

F s um valor menor, mas nunca inferior a 1,5. Se por outro la<strong>do</strong>, se trata <strong>de</strong> uma estrutura e<br />

condições em que os assentamentos diferenciais têm <strong>de</strong> ser bastante reduzi<strong>do</strong>s (adiante<br />

indicaremos recomendações a esse respeito), o valor <strong>de</strong> F s teria <strong>de</strong> ser bem maior (4 ou 5).<br />

Nesses casos haverá que calcular os assentamentos "imediatos" e a longo prazo (<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

consolidação das formações argilosas saturadas inferiores, quan<strong>do</strong> existam). Para esses casos<br />

é preciso dispor <strong>do</strong>s valores das características da <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> E s e ν s . Porém, mesmo<br />

quan<strong>do</strong> existem esses valores são muito dispersos, muito variáveis e os resulta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m não<br />

oferecer confiança pelo que diz respeito ao cálculo <strong>do</strong>s assentamentos. Daí a razão <strong>de</strong> que,<br />

para o caso <strong>de</strong> estruturas e condições "sensíveis" a assentamentos, se <strong>de</strong>va escolher os valores<br />

mais altos para F s, se se usa um coeficiente global <strong>de</strong> segurança .<br />

O méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança é uma tentativa levada a efeito por<br />

Brinch Hansen (1965)e <strong>de</strong>senvolvida agora no EUROCOD7 (EC7) para aplicar à estabilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> sistema fundação-solo os conceitos <strong>de</strong> segurança existentes para as estruturas. Assim, ele<br />

aplica um coeficiente <strong>de</strong> "minoração" às características <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong>s solos e um<br />

coeficiente <strong>de</strong> "majoração" às acções aplicadas à estrutura e que se traduzem por acções nos<br />

órgãos <strong>de</strong> fundação.<br />

IV-17


Os coeficientes acima referi<strong>do</strong>s dizem respeito aos esta<strong>do</strong>s últimos <strong>de</strong> equilíbrio. Porém há<br />

que consi<strong>de</strong>rar também os esta<strong>do</strong>s limites <strong>de</strong> utilização para os quais se usam nas acções<br />

coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança com valor 1. Os valores calcula<strong>do</strong>s para os assentamentos<br />

nestas condições <strong>de</strong>vem ser compara<strong>do</strong>s com valores aceitáveis. Estes são valores que<br />

preservam a funcionalida<strong>de</strong> das superestruturas (não causam fissuras excessivas,<br />

encravamento <strong>de</strong> portas, dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong>res etc.)<br />

É <strong>de</strong> referir que o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança é o único admiti<strong>do</strong> pelo EC7<br />

na versão agora em revisão (2001). Todavia nos E:U.A. ainda se usa o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

coeficientes <strong>de</strong> segurança o qual é sistematicamente aplica<strong>do</strong> nos exemplos referi<strong>do</strong>s por<br />

Bowles (1996).<br />

Assentamentos totais, assentamentos diferenciais e "distorções" angulares admissíveis<br />

Chama-se "distorção angular", δ/l ou rotação relativa, ao quociente entre o<br />

assentamento diferencial δ entre <strong>do</strong>is orgãos <strong>de</strong> apoio contíguos da estrutura e o vão l entre<br />

eles.<br />

As distorções ou os assentamentos diferenciais po<strong>de</strong>m ser limita<strong>do</strong>s por muitas razões<br />

ligadas com o funcionamento das estruturas ou <strong>do</strong>s equipamentos que elas vão suportar.<br />

Assim, muita maquinaria (veios <strong>de</strong> máquinas, etc.) se mostra sensível às distorções da<br />

estrutura on<strong>de</strong> apoia. Além disso, quan<strong>do</strong> os assentamentos diferenciais ultrapassam certos<br />

valores o fendilhamento <strong>de</strong> edifícios torna-se inaceitável, as pontes rolantes po<strong>de</strong>m começar a<br />

ter dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> rolamento. Há pois que limitar os assentamentos diferenciais ou as<br />

distorções para esses casos.<br />

Na Fig. 4.4.1 apresentam-se valores limites para δ/l segun<strong>do</strong> Bjerrum (1955). Valores<br />

semelhantes são também referi<strong>do</strong>s no EC7 (1994 e 2001).<br />

Quanto a assentamentos totais também têm <strong>de</strong> ser limita<strong>do</strong>s pelo menos por razões <strong>de</strong><br />

drenagem e outras. Com efeito, por exemplo, os assentamentos totais <strong>de</strong> um edifício sen<strong>do</strong><br />

exagera<strong>do</strong>s (isto é, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> duas ou três <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> cm), mesmo que sejam uniformes os<br />

esforços na estrutura, conduzirão a roturas nas canalizações nas zonas <strong>de</strong> ligação ao exterior.<br />

Por esse motivo quan<strong>do</strong> se prevêm assentamentos totais importantes, embora se anteveja que<br />

os assentamentos diferenciais serão pequenos, <strong>de</strong> forma a não afectarem a estrutura, é <strong>de</strong> boa<br />

prática fazer as ligações <strong>de</strong> água e esgotos <strong>de</strong>finitivas apenas após a conclusão <strong>do</strong>s "toscos".<br />

IV-18


O EUROCODE 7 (versão 2001, anexo H p.141) admite assentamentos totais <strong>de</strong> 50 mm em<br />

sapatas isoladas e valores eventualmente maiores se não causarem avarias em canalizações ou<br />

outros serviços (eleva<strong>do</strong>res, etc.).<br />

Quanto a rotações relativas, provenientes <strong>de</strong> assentamentos diferenciais entre orgãos <strong>de</strong><br />

fundação contíguos, admite valores entre 1/200 e 1/300, dizen<strong>do</strong> que um valor <strong>de</strong> 1/500 é<br />

aceitável para a maioria das estruturas e que 1/150 já causa provavelmente um esta<strong>do</strong> limite<br />

último <strong>de</strong> fendilhamento excessivo ou perda <strong>de</strong> equilíbrio.<br />

1<br />

100<br />

1<br />

200<br />

1<br />

300<br />

1<br />

400<br />

1<br />

500<br />

Limite a partir <strong>do</strong> qual é <strong>de</strong> esperar um<br />

primeiro fendilhamento nos painéis<br />

Limite a partir <strong>do</strong> qual é <strong>de</strong> esperar<br />

dificulda<strong>de</strong>s com pontes rolantes<br />

Limite a partir <strong>do</strong> qual se torna visível<br />

a inclinação <strong>de</strong> edifícios rígi<strong>do</strong>s altos<br />

Consi<strong>de</strong>rável fendilhamento em<br />

pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> painel e <strong>de</strong> tijolos<br />

Limite <strong>de</strong> segurança para pare<strong>de</strong>s<br />

flexíveis <strong>de</strong> tijolos<br />

(h/1 < 1/4)<br />

Limite a partir <strong>do</strong> qual é <strong>de</strong> recear danos<br />

estruturais <strong>de</strong> edifícios em geral<br />

1<br />

600<br />

1<br />

700<br />

1<br />

800<br />

Limite a partir <strong>do</strong> qual é <strong>de</strong> recear<br />

dificulda<strong>de</strong>s com maquinariasensível<br />

aos assentamentos<br />

Limite <strong>de</strong> perigo para pórticos<br />

com diagonais<br />

Limite <strong>de</strong> segurança para edifícios on<strong>de</strong><br />

o fendilhamento não é aceitável<br />

Fig.4.4.1<br />

1<br />

900<br />

1<br />

1000<br />

IV-19


FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS<br />

Capítulo 5<br />

(SAPATAS E BLOCOS DE FUNDAÇÃO. SAPATAS CONTÍNUAS E VIGAS DE<br />

EQUILÍBRIO. ENSOLEIRAMENTOS GERAIS)<br />

5.1 - Elementos <strong>de</strong> Betão Arma<strong>do</strong> para Dimensionamento <strong>de</strong> Fundações<br />

Indicámos em 2.3.2 formas <strong>de</strong> obter segurança em <strong>fundações</strong> e fizemos referência<br />

ao EC 7. Também o Regulamento <strong>de</strong> Segurança e Acções para Estruturas <strong>de</strong> Edifícios e<br />

Pontes (R.S.A.), posto em vigor pelo D.L. 235/83 <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Maio, trata <strong>do</strong> assunto e ainda está<br />

em vigor. No entanto hoje está a usar-se o Eurocódigo 1 (EC1) que no essencial não difere<br />

muito <strong>do</strong> RSA.<br />

Os valores característicos das acções <strong>de</strong>sfavoráveis <strong>de</strong>finem-se como aquelas que<br />

têm uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência inferior a 5% no intervalo <strong>de</strong> referência que é igual ao<br />

tempo <strong>de</strong> vida da estrutura para os esta<strong>do</strong>s limites últimos.<br />

Como já se viu a combinação <strong>de</strong> acções faz-se consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma acção <strong>de</strong> base,<br />

por exemplo a sobrecarga, pelo seu valor característico afecta<strong>do</strong> <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> segurança<br />

γ, e adicionan<strong>do</strong>-lhe os valores característicos das outras acções (vento, neve, etc.) afecta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s factores <strong>de</strong> redução ψ 0 , para ter em conta a pouca probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência simultânea<br />

<strong>do</strong>s valores característicos das várias acções, por exemplo, a pouca probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ocorrerem sobrecargas máximas e vento ciclónico. Assim, soman<strong>do</strong> a γ q S Q1k o valor γ q<br />

V-1


ψ 0 S wk estamos a consi<strong>de</strong>rar em vez <strong>do</strong> vento ciclónico S wk um vento "habitual" ψ 0 S wk<br />

<strong>de</strong> menor intensida<strong>de</strong> ("habitual" era a <strong>de</strong>signação no antigo regulamento). Assim, se vê como<br />

é constituí<strong>do</strong> o somatório<br />

n<br />

∑ ψ S<br />

j=<br />

2<br />

0<br />

Qjk<br />

Na prática, em termos <strong>de</strong> cálculo elástico, o que se faz é calcular separadamente os<br />

esforços <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s às várias acções (sobrecarga, vento, neve, variações <strong>de</strong> temperatura, sismos,<br />

etc.) e fazer <strong>de</strong>pois várias combinações, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> ou como acção <strong>de</strong> base a sobrecarga<br />

com valores que vêm no Regulamento (valores característicos) e as outras com valores<br />

reduzi<strong>do</strong>s, ou o vento ou o sismo como acções <strong>de</strong> base e a sobrecarga com valor reduzi<strong>do</strong>.<br />

Os esforços são calcula<strong>do</strong>s ao nível <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> fundação. Em geral, a<br />

combinação mais <strong>de</strong>sfavorável é aquela que tem como acção <strong>de</strong> base a sobrecarga e as outras<br />

acções com valores reduzi<strong>do</strong>s.<br />

Materiais<br />

Como já se disse, além <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar os factores γ <strong>de</strong> majoração <strong>do</strong>s esforços, há<br />

que consi<strong>de</strong>rar os factores γ M <strong>de</strong> redução das resistências características <strong>do</strong>s materiais. Os<br />

valores <strong>de</strong>stas são os que têm uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência superior a 95%. Para os betões<br />

e para os acções o REBAPE (D.L. 349 C/83 <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> Julho e D.L. 357/85 <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> Setembro)<br />

dá os valores já reduzi<strong>do</strong>s ou valores <strong>de</strong> cálculo. Hoje está a usar-se para o projecto e obras <strong>de</strong><br />

betão arma<strong>do</strong> e pre-esforça<strong>do</strong> o Eurocódigo 2 (EC2) que, todavia, só irá concluir a sua<br />

revisão em 2002. Os betões são aí <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s por C12/15 para o B15; C16/20 para o B20;<br />

C20/25 para o B25; C25/30 para o B30; etc..<br />

e à tracção são:<br />

Os valores <strong>de</strong> cálculo ou <strong>de</strong> dimensionamento das tensões <strong>do</strong>s betões à compressão<br />

Quadro Q1 MPa (Megapascais)<br />

V-2


Classe <strong>de</strong><br />

Betão<br />

B 15<br />

(12)<br />

B 20<br />

(16)<br />

B 25<br />

(20)<br />

B 30<br />

(25)<br />

B 35<br />

(30)<br />

B 40<br />

(35)<br />

B 45<br />

(40)<br />

B 50<br />

(45)<br />

B 55<br />

(50)<br />

f cd 8,0 10,7 13,3 16,7 20,0 23,3 26,7 30,0 33,3<br />

f ctd 0,80 0,93 1,07 1,20 1,33 1,47 1,60 1,73 1,87<br />

0,85 fcd 6,8 9,1 11,3 14,2 17,0 19,8 22,7 25,5 28,3<br />

Os valores <strong>do</strong> quadro foram obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s valores característicos <strong>do</strong>s ensaios em<br />

provetes cilíndricos afecta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> redução γ M = 1,5. No quadro indicam-se entre<br />

parêntesis os valores das tensões <strong>de</strong> rotura em provetes cilíndricos correspon<strong>de</strong>ntes aos<br />

obti<strong>do</strong>s em provetes cúbicos.<br />

Os valores a consi<strong>de</strong>rar nos cálculos para as tensões <strong>de</strong> dimensionamento à<br />

compressão são ainda reduzi<strong>do</strong>s pelo factor 0,85 (0,85 fcd) para ter em conta a diminuição da<br />

tensão <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à permanência <strong>de</strong> tensões elevadas durante muito tempo.<br />

Punçoamento<br />

Para o dimensionamento <strong>de</strong> sapatas e maciços <strong>de</strong> encabeçamento <strong>de</strong> estacas é<br />

fundamental o valor da tensão <strong>de</strong> corte por punçoamento <strong>do</strong> betão. O artigo 54.1 <strong>do</strong> REBAPE<br />

dá a seguinte fórmula para os esforços resistentes <strong>do</strong> punçoamento:<br />

V rd = υ rd u (5.1.1)<br />

on<strong>de</strong> υ rd = η τ 1 d (5.1.2)<br />

η = coeficiente da<strong>do</strong> por 1,6-d, com d expresso em metros e que não <strong>de</strong>ve ser<br />

toma<strong>do</strong> inferior à unida<strong>de</strong>. (Isto é, se a laje for <strong>de</strong>lgada (d< 0,60m ) η>= 1; se a laje for<br />

espessa (d>0.60) η=1.<br />

sen<strong>do</strong><br />

V-3


Quadro Q2<br />

υ rd - valor <strong>do</strong> cálculo <strong>do</strong> esforço resistente <strong>de</strong> punçoamento por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

comprimento <strong>do</strong> contorno crítico <strong>de</strong> punçoamento;<br />

u - perímetro <strong>do</strong> contorno crítico <strong>de</strong> punçoamento <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por uma linha fechada<br />

envolven<strong>do</strong> a área carregada a uma distância não inferior a d/2 e cujo<br />

perímetro é mínimo;<br />

τ1 - tensão cujo valor é indica<strong>do</strong> no quadro Q2.<br />

(d - é a espessura útil da laje)<br />

Esforço transverso. Valores da tensão τ1<br />

MPa (Megapascais)<br />

Classe <strong>de</strong><br />

Betão<br />

1<br />

B 15<br />

B 20<br />

B 25<br />

B 30<br />

B 35<br />

B 40<br />

B 45<br />

B 50<br />

B 55<br />

0,50 0,60 0,65 0,75 0,85 0,90 1,00 1,10 1,15<br />

Observa-se que o Regulamento consi<strong>de</strong>ra que, em rigor, as fórmulas (5.1.1) e<br />

(5.1.2) só são aplicáveis quan<strong>do</strong> a área carregada dista pelo menos 5d <strong>de</strong> um bor<strong>do</strong> livre o que<br />

<strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> fora os pilares <strong>de</strong> canto e <strong>de</strong> aresta carregan<strong>do</strong> uma laje <strong>de</strong> fundação em<br />

ensoleiramento geral e também a maior parte <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> maciços <strong>de</strong> encabeçamento <strong>de</strong><br />

estacas. Admite-se que para estes casos se tenha <strong>de</strong> consultar literatura especializada,<br />

nomeadamente o eurocódigo EC2 e o MC90). Porém, pensa-se que (5.1.1) e (5.1.2) po<strong>de</strong>m<br />

continuar a ser a<strong>do</strong>ptadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o perímetro crítico seja judiciosamente escolhi<strong>do</strong>.<br />

Adiante apresentar-se-ão exemplos.<br />

Também se consi<strong>de</strong>ra que para o caso <strong>de</strong> "punçoamento excêntrico", isto é, <strong>de</strong> a<br />

resultante actuar excentricamente em relação ao baricentro da área carregada, há que<br />

aumentar o esforço <strong>de</strong> punçoamento actuante por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento pela forma<br />

seguinte:<br />

V-4


υ sd<br />

=<br />

Vsd u<br />

⎛ 2<br />

⎜<br />

⎜1+<br />

⎝<br />

d 0<br />

e ⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

para área carregada circular (ou assimilável);<br />

υ<br />

sd<br />

=<br />

⎛ + e<br />

⎜ +<br />

⎜<br />

⎝<br />

bxb<br />

y<br />

e<br />

1 1,<br />

5<br />

Vsd x<br />

u<br />

y<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎟<br />

⎠<br />

para área carregada rectangular.<br />

Nestas expressões:<br />

(5.1.3)<br />

(5.1.4)<br />

e - excentricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> V sd (ex e ey s‹o as componentes segun<strong>do</strong> as<br />

direcções x e y);<br />

d o - diâmetro <strong>do</strong> contorno crítico (soma da altura útil com o diâmetro da área<br />

carregada);<br />

b x e b y - dimensões <strong>do</strong> contorno crítico medidas segun<strong>do</strong> as direcções x e y<br />

paralelas <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s da área carregada.<br />

Observa-se ainda que o Regulamento não consi<strong>de</strong>ra como caso especial<br />

o chama<strong>do</strong> "corte em viga larga", isto é, o corte ao longo da superfície C’B’ (Fig. 5.1.1).<br />

Supôr-se-á que neste caso se aplicam as consi<strong>de</strong>rações gerais relativas ao esforço transverso<br />

que constam <strong>do</strong> Artº. 53.1, no que diz respeito ao esforço transverso "absorvi<strong>do</strong>" pelo betão:<br />

V-5


C C´<br />

D<br />

b y<br />

d/2 d/2<br />

d/2<br />

G H<br />

d/2<br />

a<br />

E b F<br />

bx<br />

A B´<br />

Fig. 5.1.1<br />

= τ b d<br />

(5.1.5)<br />

Vsd 1 w<br />

on<strong>de</strong> τ 1 é a tensão <strong>de</strong> corte dada no quadro Q2.<br />

b w = C' B' é a largura <strong>de</strong> corte = "largura da alma da secção"<br />

d = à altura útil da secção (espessura útil da laje).<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a Fig. 5.1.1 e supon<strong>do</strong> o pilar submeti<strong>do</strong> ao esforço axial N=Nsd (já<br />

majora<strong>do</strong>) a tensão <strong>de</strong> punçoamento seria<br />

τ<br />

sd<br />

N sd<br />

= τ p =<br />

( a + d + b + d)<br />

d<br />

B<br />

(5.1.6)<br />

esta tensão teria que ser menor que τ 1 (supon<strong>do</strong> à partida η=1) correspon<strong>de</strong>nte à classe <strong>de</strong><br />

betão escolhida.<br />

τsd < τrd com τrd=η.τ1,<br />

η = (1,6-d)>1 (d em metros)<br />

τsd = acção <strong>de</strong> projecto; τrd = resistência <strong>de</strong> projecto<br />

V-6


De<br />

N sd<br />

< τ<br />

( a + d + b + d)<br />

d<br />

rd<br />

, obterse-ia a espessura útil d para a laje.<br />

Observa-se que em rigor o perímetro crítico é u = 2 (a+b) + 2.π. d (5.1.7)<br />

se consi<strong>de</strong>rarmos que as linhas críticas em torno <strong>do</strong>s vértices <strong>do</strong> pilar E,F,G,H, são arcos <strong>de</strong><br />

círculo <strong>de</strong> raio d igual à espessura da laje. Neste caso a área <strong>de</strong> punçoamento será<br />

A u<br />

⎛ 4 −π<br />

⎞<br />

= ( a + d)(<br />

b + d)<br />

− ⎜ ⎟d ⎝ 4 ⎠<br />

não (a+d+b+d) d em (5.6.1).<br />

As diferenças porém, não são significativas.<br />

2<br />

(5.1.8) e<br />

Por outro la<strong>do</strong> a força <strong>de</strong> corte por punçoamento em rigor não será Nsd, haven<strong>do</strong> que <strong>de</strong>scontar<br />

a resultante da pressão sob a sapata: ∆ Vsd = σs.<br />

dA<br />

u<br />

(5.1.9)<br />

V = N − ∆V<br />

sdred<br />

sd<br />

sd<br />

(ver Vila Pouca e Delfim (2000), “Concepção e dimensionamento <strong>de</strong> <strong>fundações</strong> –<br />

Dimensionamento estrutural <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> fundação”, FEUP, Porto).<br />

Na mesma obra se po<strong>de</strong>rá ver (p.1.1 a 1.28) o cálculo <strong>de</strong> B.A <strong>de</strong> sapatas e outros orgãos<br />

usan<strong>do</strong> não só o REBAP, mas também o Eurocódigo EC 2 (Betão) e as normas CEB – FIP<br />

Mo<strong>de</strong>l Co<strong>de</strong> 1990 (MC90).<br />

Aços<br />

O Regulamento <strong>de</strong> Betão Arma<strong>do</strong> e Pré-esforça<strong>do</strong> (REBAPE) consi<strong>de</strong>ra a<br />

qualida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> aço, A 235 NL, A 235 NR, A 400 ER, A 400 EL, A 500 NR, A 500 ER, A 500<br />

EL. A indicação N quer dizer da dureza natural lamina<strong>do</strong> a quente; a indicação E quer dizer<br />

V-7


endureci<strong>do</strong> a frio por torção; a indicação L quer dizer <strong>de</strong> superfície lisa e a indicação R quer<br />

dizer <strong>de</strong> superfície rugosa.<br />

seguintes:<br />

As tensões <strong>de</strong> cedência, f syk , as <strong>de</strong> rotura, f suk , e as <strong>de</strong> cálculo, f syd , s‹o as<br />

Aço f syk (cedência)<br />

A 235 NL<br />

A 235 NR<br />

A 400 NR<br />

A 400 ER<br />

A 400 EL<br />

A 500 NR<br />

A 500 ER<br />

A 500 EL<br />

(MPa)<br />

f suk (rotura)<br />

(MPa)<br />

f syd (cálculo)<br />

(MPa)<br />

235 360 204<br />

400<br />

500<br />

460<br />

550<br />

348<br />

Observações<br />

À compressão<br />

consi<strong>de</strong>ram-se<br />

valores<br />

f scyd = - f syd<br />

5.2 - Consi<strong>de</strong>rações gerais sobre o tipo <strong>de</strong> fundação directa mais apropriada: Blocos,<br />

Sapatas isoladas, Sapatas "contínuas", sapatas com Vigas <strong>de</strong> Equilíbrio e<br />

Ensoleiramento ou Sapatas gerais<br />

Os blocos <strong>de</strong> fundação são corpos prismáticos com altura maior que a menor<br />

dimensão da base (h > B). São em geral não arma<strong>do</strong>s, uma vez que a tensão máxima <strong>de</strong><br />

tracção não ultrapassa a correspon<strong>de</strong>nte tensão admissível para o betão. Sen<strong>do</strong> a área <strong>de</strong><br />

contacto com o terreno <strong>de</strong> fundação relativamente pequena, a capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong>sse<br />

terreno tem <strong>de</strong> ser gran<strong>de</strong>. Isto é, só se po<strong>de</strong>m usar blocos em bons terrenos <strong>de</strong> fundação, com<br />

tensões "admissíveis" da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1 a vários MPa (MN/m 2 ). Para tensões admissíveis mais<br />

435<br />

V-8


aixas já terão <strong>de</strong> ser usadas sapatas (Fig. 5.2.1 e 5.2.2). Estas dizem-se flexíveis se<br />

B − a<br />

2h e rígidas se < 2h.<br />

2<br />

Fig. 5.2.1 Fig. 5.2.2<br />

B-a<br />

2<br />

a<br />

B<br />

h<br />

B − a<br />

><br />

2<br />

Quan<strong>do</strong> o terreno for relativamente fraco, impon<strong>do</strong> por isso sapatas isoladas <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s dimensões, se os vãos entre pilares forem pequenos, muitas vezes acontece que as<br />

sapatas ficariam com os bor<strong>do</strong>s interiores muito próximos(Fig. 5.2.3). É então preferível fazer<br />

uma sapata comum a 2, 3 ou mais pilares, em geral, comum a to<strong>do</strong>s os pilares duma mesma<br />

fila. De mo<strong>do</strong> semelhante, se se tratar <strong>de</strong> fundar uma pare<strong>de</strong> ou um muro teremos <strong>de</strong> construir<br />

uma sapata "contínua", ou “corrida”<br />

V-9


B d B<br />

Fig. 5.2.3<br />

As sapatas contínuas têm por outro la<strong>do</strong> várias vantagens: absorvem facilmente os<br />

momentos flectores <strong>do</strong>s pilares; reduzem os assentamentos diferenciais e com isso po<strong>de</strong>m<br />

evitar danos à superestrutura. Se o pilar a fundar está junto à extrema da proprieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

se situa o edifício teríamos <strong>de</strong> usar<br />

uma sapata excêntrica. Se a carga é axial e a distribuição <strong>de</strong> tensões no terreno é linear, a<br />

dimensão transversal da sapata só po<strong>de</strong>ria ser 1,5 x a, sen<strong>do</strong> a a dimensão transversal <strong>do</strong> pilar.<br />

Po<strong>de</strong> então acontecer que para ter uma dimensão perpendicular ao plano da Fig. 5.2.4,<br />

proporcionada, venha uma tensão no terreno <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> alta.<br />

É então necessário ligar o pilar em causa com o pilar contíguo o que, em geral se faz<br />

por uma "viga <strong>de</strong> equilíbrio" ou por uma sapata gemelada trapezoidal.<br />

V-10


a/2 a/2<br />

a/2 2 a/2<br />

Fig. 5.2.4<br />

Quan<strong>do</strong> o terreno <strong>de</strong> fundação é fraco e há filas <strong>de</strong> pilares em duas direcções muito<br />

próximas <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que a área coberta por sapatas isoladas seria superior a uns 60% da área<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao perímetro envolvente <strong>do</strong>s pilares exteriores é em geral preferível fazer uma<br />

sapata geral. No caso <strong>de</strong> haver uma cave e o nível freático está a pequena profundida<strong>de</strong>,<br />

torna-se necessário fazer uma sapata geral com pare<strong>de</strong>s ou muros <strong>de</strong> suporte estanques. Note-<br />

se que em teoria seria possível fazer uma escavação <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que o peso <strong>de</strong> terras retira<strong>do</strong><br />

fosse igual ao peso <strong>do</strong> edifício e da fundação <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que resultasse nulo o acréscimo <strong>de</strong><br />

pressão no terreno <strong>de</strong> fundação. Este princípio <strong>de</strong> compensação <strong>de</strong> cargas foi muito usa<strong>do</strong><br />

antes das actuais facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fundação por estacaria. Os ensoleiramentos gerais têm em<br />

geral gran<strong>de</strong>s assentamentos totais, mas os assentamentos diferenciais s‹o pequenos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />

que a estrutura não sofre com esses assentamentos. Um prédio <strong>de</strong> 20 pisos com sapata geral<br />

<strong>de</strong> fundação po<strong>de</strong> assentar 20 cm ou mesmo algo mais sem dano para a estrutura. Haverá<br />

todavia que ter em atenção as ligações das canalizações <strong>de</strong> esgoto ao exterior.<br />

V-11


(a) (b)<br />

BLOCO<br />

(a´)<br />

SAPATA ISOLADA<br />

P1 P2 1 P 3 P<br />

P2 P1<br />

SAPATA GEMELADAS<br />

(e)<br />

(c´)<br />

(b´)<br />

SAPATA CONTINUA<br />

SAPATA C/ VIGA DE EQUILIBRIO SAPATA TRAPEZOIDAL<br />

(d´)<br />

(e´) (f´)<br />

(g)<br />

(c) (d)<br />

P2<br />

Fig. 5.2.5<br />

P 1<br />

P<br />

(f)<br />

(h) (k)<br />

SAPATA C/<br />

MOMENTO<br />

P 2<br />

P<br />

d>20cm<br />

SAPATA DE FORMA<br />

IRREGULAR<br />

(P) M<br />

(h´) (k´)<br />

V-12


5.3 - Fundações Directas e Sapatas. Seu Dimensionamento<br />

Ao preten<strong>de</strong>r dimensionar um bloco ou sapata, o primeiro acto é <strong>de</strong>terminar as<br />

dimensões em planta o que po<strong>de</strong> fazer-se pelos processos indica<strong>do</strong>s em 3.1 e 3.2. Acontece,<br />

porém, que em muitos casos no local da edificação já é conhecida a chamada tensão<br />

"admissível" no terreno e que é q ult dividida por um coeficiente global <strong>de</strong> segurança (3, em<br />

geral). Alternativamente e seguin<strong>do</strong> o EC 7 po<strong>de</strong>r-se-á calcular em vez <strong>de</strong> qult um qd (tensão<br />

<strong>de</strong> projecto) usan<strong>do</strong> em vez <strong>de</strong> tgφ’ e c’<br />

tgφ'<br />

t gφ'<br />

d =<br />

γ<br />

φ<br />

e<br />

c'<br />

d<br />

=<br />

c'<br />

γ<br />

c<br />

on<strong>de</strong> γφ’ e γc' são os<br />

coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança (γφ’ e γc' =1.25, no caso drena<strong>do</strong> (cálculo em termos <strong>de</strong><br />

tensões efectivas). No caso não drena<strong>do</strong> (solos argilosos e cálculo em termos <strong>de</strong> tensões<br />

totais) γcu=1.40).<br />

Dada que seja a carga no pilar P e a tensão no terreno q admissível , arbitran<strong>do</strong> numa primeira<br />

tentativa 0,1P para peso da sapata, <strong>de</strong>scontan<strong>do</strong> o peso <strong>do</strong> terreno que ela <strong>de</strong>sloca, teríamos<br />

para dimensão, supon<strong>do</strong>-a quadrada:<br />

⎛1.<br />

1P<br />

⎞<br />

B =<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎝ qadm<br />

⎠<br />

1/<br />

2<br />

(5.3.1)<br />

Para dimensionar a espessura da sapata começa-se por obter uma dimensão h a partir<br />

<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> punçoamento:<br />

4 x (a+d) x d x τ 1 > 1,5P (5.3.2)<br />

De (5.3.2) tira-se o valor mínimo <strong>de</strong> d.<br />

Há no entanto, que fazer uma segunda verificação que é, por vezes, mais <strong>de</strong>sfavorável,<br />

segun<strong>do</strong> as indicações <strong>de</strong> Bowles, 1974 (ACI). ƒ a verificação <strong>do</strong> corte em "viga larga", isto é,<br />

segun<strong>do</strong> G'E' (Fig.5.3.1b). Terá, pois <strong>de</strong> ser satisfeita a condição:<br />

V-13


B<br />

d/2<br />

PLANTA<br />

G´<br />

G<br />

E<br />

E´<br />

a<br />

⎛ B − a ⎞<br />

τ 1 > 1.<br />

5⎜<br />

q xBx ⎟<br />

⎝ 2 ⎠<br />

Bxdx adm<br />

d/2<br />

CORTE<br />

45º 45º<br />

B<br />

B<br />

a) b)<br />

Fig. 5.3.1<br />

a<br />

P<br />

d/2 d/2<br />

(5.3.2)<br />

Alternativamente, se usarmos coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança e, portanto, a carga P=Psd<br />

já majorada, teriamos em vez <strong>de</strong> (5.3.2)<br />

4 ( a + d)<br />

× d × τ > P<br />

e<br />

B × d × τ 1 > qsd<br />

1<br />

sd<br />

B − a<br />

× B ×<br />

2<br />

(5.3.2’)<br />

(5.3.3)<br />

Observa-se que também neste caso seria preferível em vez <strong>de</strong> τ1 usar τrd=η.τ1, com η=(1,6-<br />

d) >1 (d em metros) e usar um perímetro crítico u = 2 (a+a)+2πd (5.1.7) e uma área<br />

⎛ 4 −π ⎞ 2<br />

reduzida Au = (a+d) (a+d) - ⎜ ⎟d<br />

.<br />

⎝ 4 ⎠<br />

q<br />

d<br />

V-14


Obtida a altura útil d, que satisfaz as inequações ou no mínimo as equações (5.3.2) e<br />

(5.3.3) há que verificar se as tracções nas "fibras" mais traccionadas, que são as da base, são<br />

inferiores à tensão <strong>de</strong> tracção "admissível".<br />

A distribuição <strong>de</strong> tensões num plano vertical (<strong>de</strong>vida à flexão) quan<strong>do</strong> a sapata é<br />

"contínua" faz-se em geral pela Teoria da Elasticida<strong>de</strong> (Telémaco Van Langen<strong>do</strong>nck,<br />

"Concreto Arma<strong>do</strong>", Vol. II, pp. 331/338).<br />

β β 0<br />

X<br />

(a)<br />

As tensões principais são dadas por:<br />

σ<br />

σ<br />

1<br />

2<br />

=<br />

1 p ⎡<br />

⎢2β<br />

− tgβ<br />

− 2θ<br />

±<br />

2 tgβ<br />

⎣<br />

θ<br />

A2<br />

P<br />

( 2θ<br />

− β)<br />

⎤<br />

⎥⎦<br />

cos<br />

2 − 2×<br />

cosβ<br />

Fig. 5.3.2<br />

Fc<br />

B= β0 Ft<br />

(b) (c)<br />

(5.3.4)<br />

Os valores máximo <strong>de</strong> (tracção na base) e mínimo (compressão na fila superior) obtêm-se<br />

para θ = 0 e θ = β<br />

σ<br />

t max<br />

tgβ<br />

= p /( −1)<br />

β<br />

(5.3.5)<br />

V-15


σ<br />

c max<br />

β<br />

= p /( −1)<br />

tgβ<br />

(5.3.6)<br />

No caso <strong>de</strong> blocos ou sapatas com dimensões na base semelhantes nas duas direcções<br />

não há solução conhecida porque o problema é tridimensional. A a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> fórmulas<br />

anteriores parece, todavia, estar <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da segurança.<br />

Se o valor <strong>de</strong> σ * ; tmax = σ tmax x 1,5 da<strong>do</strong> por (5.3.2) for superior à tensão <strong>de</strong> tracção<br />

no betão f ctd dada no REBAP (Artº. 19º), quadro Q1 da<strong>do</strong> em 5.1.1, há que absorver o<br />

"excesso" por armaduras, colocadas na zona da base. Nesse caso tem <strong>de</strong> se calcular F t por<br />

integração da distribuição da Fig. 5.3.2 o que daria (T. Van Langen<strong>do</strong>nck, p. 335)<br />

p × 2<br />

Ft = sen β o<br />

tgβ<br />

− β<br />

com β o da<strong>do</strong> pela equação<br />

2<br />

2β<br />

o + sen β o = 2β<br />

(5.3.7)<br />

(5.3.8)<br />

Este autor mostra que os valores da<strong>do</strong>s por (5.3.7) pouco se afastam <strong>do</strong>s que s‹o da<strong>do</strong>s<br />

pela fórmula da flexão:<br />

F t<br />

=<br />

M<br />

z<br />

≈<br />

3 M<br />

2 d<br />

(5.3.9)<br />

V-16


com<br />

2<br />

×<br />

=<br />

2<br />

p<br />

M<br />

(5.3.10)<br />

Há, porém, outro méto<strong>do</strong> (das brielas ou <strong>de</strong> Labelle) que dá a força a ser "absorvida"<br />

pelas armaduras:<br />

F t<br />

=<br />

P(<br />

B −<br />

8d<br />

a)<br />

na direcção B, e<br />

F t<br />

=<br />

P(<br />

B −<br />

8d<br />

b)<br />

B<br />

b<br />

L<br />

Fig. 5.3.3<br />

a<br />

(5.3.11)<br />

(5.3.12)<br />

na direcção perpendicular se, porventura, a sapata for rectangular e "homotética", (Fig. 5.3.3).<br />

Observa-se que se se trata <strong>de</strong> um bloco, o qual satisfaz as condições<br />

h ≥ B e β' < 45º (5.3.13)<br />

V-17


ten<strong>do</strong> pare<strong>de</strong>s verticais como mostra a Fig 5.3.4, não <strong>de</strong>verá ser calcula<strong>do</strong> (dimensiona<strong>do</strong>)<br />

pelas fórmulas anteriores (5.3.5), (5.3.7), (5.3.10) ou (5.3.11), mas pela fórmula <strong>de</strong> Van<br />

Langen<strong>do</strong>nck para blocos <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s verticais:<br />

ß'<br />

a<br />

B<br />

P<br />

ARMADURAS<br />

Fig. 5.3.4<br />

q<br />

B − a<br />

σtmax ≈ σ0 = 0,40q (5.3.14)<br />

B<br />

ou pelos diagramas <strong>de</strong> Guyon (Béton Precontraint, Vol. I).<br />

Esses diagramas, todavia, não dão valores muito diferentes <strong>do</strong>s da expressão (5.3.14).<br />

Como exemplo consi<strong>de</strong>raremos o seguinte:<br />

Dimensionar a fundaçãoo directa <strong>de</strong> um pilar sujeito a uma carga axial <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong><br />

1500 kN, num terreno com uma tensão "admissível" <strong>de</strong> 1 MPa (10kgf/cm 2 ), supon<strong>do</strong> que se<br />

h'<br />

h>B<br />

usa B 25 e um A 235. O pilar tem secção quadrada <strong>de</strong> 0,50x0,50 m.<br />

1º - Consi<strong>de</strong>ramos um bloco ou sapata <strong>de</strong> forma quadrada em planta. o la<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

quadra<strong>do</strong> será B, tal que:<br />

V-18


1500×<br />

1.<br />

1<br />

=<br />

1000kN<br />

/ m<br />

2<br />

B 2<br />

⇒ B = 1,<br />

28 ⇒ B = 1,<br />

30m<br />

τ 1 = 0,65 MPa (= 6,5 kgf/cm 2 ) ⇒ a altura da sapata terá <strong>de</strong> satisfazer a<br />

4(0,50 + d) d x 650 kN/m 2 > 1500 kN x 1,5<br />

d2 1500×<br />

1.<br />

5<br />

+ 0,50 d - ≥ 0<br />

650 × 4<br />

⇒ d 2 - 0,50 d - 0,86573 = 0<br />

⇒ d =<br />

⇒ d = 0,71 m<br />

− 0 , 5 ± 0,<br />

25 + 4×<br />

0,<br />

8657<br />

2<br />

Temos ainda <strong>de</strong> verificar o corte em "viga larga" com<br />

1500 × kN<br />

p =<br />

1.<br />

30<br />

2<br />

= 887,<br />

6kN<br />

/ m *<br />

2<br />

*(Este valor não é rigoroso: <strong>de</strong>veríamos entrar com o peso próprio da sapata e <strong>de</strong>scontar o peso <strong>de</strong> solo<br />

removi<strong>do</strong>).<br />

e daí<br />

1,5 x p x 0,40 x 1,30 = 0,90 m<br />

Vamos, pois, a<strong>do</strong>ptar d=0,90m<br />

V-19


Vejamos agora as tensões nas "fibras" mais traccionadas dadas por (5.3.5)<br />

σ<br />

t max<br />

=<br />

887,<br />

6<br />

0.40<br />

0.50<br />

ß<br />

1.30<br />

[ ( 0,<br />

90 : 0,<br />

40)<br />

: arctg(<br />

0,<br />

90 : 0,<br />

40)<br />

−1]<br />

Fig. 5.3.5<br />

P<br />

d<br />

= 932kN<br />

/ m<br />

σ * t max = 932 x 1,5 = 1398 kN/m 2 ≈ 1,398 MPa<br />

f ctk = 1,07 MPa <strong>do</strong> Quadro Q1 (REBAP)<br />

A diferença entre a tensão resistente f ctk = 1,07 MPa e a tensão calculada σ * t max =<br />

1,398 MPa é relativamente pequena <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que se justificaria aumentar um pouco a altura<br />

útil d da secção <strong>de</strong> forma a evitar armadura. Bastaria calcular β tal que:<br />

2<br />

887,<br />

6kN<br />

/ m<br />

2 tgβ<br />

1,<br />

5×<br />

≤ 1070kN<br />

/ m ⇒ ≥ 1,<br />

2443 + 1 ⇒ β ≈ 1,<br />

225rad.<br />

tgβ<br />

β<br />

−1<br />

β<br />

d<br />

⇒ tgβ = 2,<br />

747 = . d ≈ 1,<br />

10m<br />

0,<br />

40<br />

Se quizéssemos manter a altura <strong>de</strong> 0,90 m teríamos <strong>de</strong> armar. O cálculo feito pela<br />

teoria da distribuição contínua <strong>de</strong> bielas (Labelle) daria:<br />

h<br />

2<br />

V-20


1500kN<br />

× ( 1,<br />

30 − 0,<br />

50)<br />

Ft =<br />

= 166,<br />

7kN<br />

⇒ Ftd<br />

= 1,<br />

5×<br />

166,<br />

7 =<br />

8×<br />

0,<br />

90<br />

Usan<strong>do</strong> A 235 teríamos:<br />

250kN<br />

250kN 2<br />

2<br />

A = . = 0,<br />

001225m<br />

= 0,<br />

001225m<br />

⇒ φ 16a18<br />

= 7φ16<br />

+ 7φ16<br />

2<br />

204×<br />

103kN<br />

/ m<br />

ou duas camadas <strong>de</strong> ferro: 2 camadas x 6 φ12 + 2 camadas x 6 φ12<br />

(em direcções ortogonais)<br />

Hoje será preferível resolver este exemplo usan<strong>do</strong> coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança. Nesse<br />

caso em vez da carga P <strong>de</strong> serviço teríamos uma carga Nsd <strong>de</strong> projecto, correspon<strong>de</strong>nte à<br />

combinação <strong>de</strong> acções mais <strong>de</strong>sfavorável. Teríamos, por ventura, Nsd = 2.250kN. Por outro<br />

la<strong>do</strong> em vez da tensão “admissível” na base da sapata teríamos uma tensão <strong>de</strong> projecto qsd,<br />

obtida a partir das fórmulas 3.1.1 e seguintes em função das características <strong>de</strong> resistência c’ e<br />

φ’, minoradas <strong>do</strong>s coeficientes <strong>de</strong> segurança previstos no EC7 (1.25 para c’ e tg φ’). Supon<strong>do</strong><br />

que estas características eram tais que qsd =1,5 MPa, obteríamos um dimensionamento<br />

exactamente igual ao anterior.<br />

Observa-se que para obter qsd pelas referidas fórmulas teríamos <strong>de</strong> conhecer as dimensões da<br />

sapata em planta e à partida não as conhecemos. Todavia, o problema po<strong>de</strong>rá resolver-se<br />

iteractivamente : arbitran<strong>do</strong> inicialmente as dimensões da sapata e calculan<strong>do</strong> um primeiro<br />

valor para qsd. Com esse valor e Nsd obtinha-se o valor <strong>de</strong> B para uma segunda interacção, e<br />

assim sucessivamente, até que a diferença em B para as duas últimas iteracções fosse<br />

<strong>de</strong>sprezível.<br />

Um exemplo <strong>de</strong> aplicação que além <strong>de</strong> carga axial envolve momento flector no pilar é<br />

apresenta<strong>do</strong> por Vila Pouca e C. Delfim, em “Concepção e dimensionamento <strong>de</strong> <strong>fundações</strong> –<br />

dimensionamento estrutural <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> fundação” (FEUP 2002), pág. 1.20.<br />

Esse exemplo é resolvi<strong>do</strong> com o uso <strong>do</strong> EC2 (Eurocódigo 2), mas po<strong>de</strong>ria ser também<br />

resolvi<strong>do</strong> usan<strong>do</strong> o REBAP.<br />

V-21


45º<br />

d/2<br />

B=2.45<br />

Nsd=1500kN<br />

d/2 a=d/2<br />

(a)<br />

y<br />

bx<br />

B=2.45<br />

(b)<br />

Msd=150kN<br />

45º<br />

by<br />

Fig. 5.3.6<br />

d<br />

L=2.45<br />

Trata-se <strong>de</strong> um pilar <strong>de</strong> bx= by= 0.40m sujeito a uma carga axial <strong>de</strong> cálculo Nsd = 1.500kN e a<br />

um momento Msd = 150kNm. Admite-se betão B25 e aço A500. Supõe-se a sapata rígida e o<br />

solo elástico linear. Por isso as tensões no terreno serão:<br />

σ<br />

sd1,<br />

2<br />

1500 6×<br />

150<br />

= ± 2<br />

3<br />

2.<br />

45 2.<br />

45<br />

σsd,1=311kPa e σsd,2=189kPa<br />

x<br />

V-22


Para fins <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> momentos etc. po<strong>de</strong>mos admitir uma tensão da “referência”, algo<br />

superior à média: σ3/4 =(3.σsd,1+σsd,2)/4 = 280kPa<br />

Admitin<strong>do</strong> a linha <strong>de</strong> rotura indicada na Fig. 5.3.6 b, o perímetro crítico será:<br />

u = 2(bx+by)+πd = 2(0.40+0.40)+πd (a)<br />

e a área <strong>de</strong> punçoamento seria<br />

=<br />

+<br />

+<br />

⎛ 4 −π<br />

⎞<br />

−<br />

⎝ 4 ⎠<br />

⎛ 4 −π<br />

⎞<br />

− ⎟<br />

⎝ 4 ⎠<br />

2<br />

2<br />

2<br />

Au ( bx<br />

d)(<br />

by<br />

d)<br />

⎜ ⎟d<br />

( 0.<br />

40 d)<br />

⎜ d<br />

A condição para obter a espessura da sapata é (na área <strong>de</strong> corte):<br />

V<br />

=<br />

s<strong>de</strong>f<br />

τ sd = ≤ τrd<br />

= τ1<br />

(c)<br />

sen<strong>do</strong><br />

V<br />

u.<br />

d<br />

= V<br />

⎛ e<br />

⎜<br />

x + e y<br />

1+<br />

1.<br />

5<br />

⎜<br />

⎝ b'<br />

x . b'<br />

y<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎟<br />

⎠<br />

+<br />

sd , ef sd.<br />

red<br />

(d)<br />

com<br />

Vsd,ef = força <strong>de</strong> corte efectiva<br />

e<br />

Vsd,red = força <strong>de</strong> corte reduzida = Nsd - ∆ Vsd (e)<br />

com<br />

∆ Vsd=σsd,0.Au (f)<br />

ex e ey são as excentricida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Nsd ; b’x=bx+d ; b’y=by+d, e σsd,o será uma tensão “média” <strong>de</strong><br />

contacto no interior <strong>do</strong> perímetro crítico a qual se costuma tomar igual a uma tensão “<strong>de</strong><br />

serviço” no solo:<br />

σsd,o=σsdmédio/1,5<br />

Pelas expressões anteriores vê-se que a espessura útil d da sapata só se po<strong>de</strong> obter<br />

iterativamente. Tomemos, pois como 1ª aproximação<br />

(b)<br />

V-23


Vsd.ef=Nsd=1500 kN<br />

Então, por ( c) vem<br />

1.<br />

500kN<br />

≤ 650kPa<br />

( 2x(<br />

0.<br />

40 + 0.<br />

40)<br />

+ πd)<br />

d<br />

1.<br />

60d<br />

ou seja<br />

d ≥<br />

+ πd<br />

0.<br />

80<br />

+<br />

2<br />

≥ 1500 / 650 ⇒ πd<br />

0.<br />

80<br />

π<br />

2<br />

+<br />

πx2.<br />

31<br />

2<br />

+ 1.<br />

60d<br />

−<br />

⇒ d ≥ 1.<br />

15m<br />

ou seja<br />

2.<br />

31 ≥ 0<br />

com estes valores po<strong>de</strong>remos fazer uma segunda interacção:<br />

σ<br />

sd , o<br />

=<br />

1500<br />

2<br />

2.<br />

45<br />

: 1.<br />

5<br />

= 166kPa<br />

∆ Vsd = 166xAu .Com<br />

A u<br />

Vsd,red = 1500-166x2.12=1148kN<br />

=<br />

⎛ 4 −π<br />

⎞<br />

⎜ ⎟<br />

⎝ 4 ⎠<br />

2<br />

2<br />

2<br />

( 0.<br />

40 + 1.<br />

15)<br />

− 1.<br />

15 = 2.<br />

12m<br />

ex=150/1500=0.10m . ey= 0 . b’x = b’y=0.40+1.15=1.55m<br />

Vsd . ef<br />

( 1.<br />

60<br />

⎛<br />

= 1.<br />

148⎜<br />

⎜<br />

1+<br />

1.<br />

5×<br />

⎝<br />

0.<br />

10<br />

1.<br />

55<br />

1259 2<br />

d ≥ 1.<br />

08<br />

≤ 650 ⇒ πd<br />

+ π d)<br />

d<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

= 1.<br />

259kN<br />

⎠<br />

+ 1.<br />

6.<br />

d −1259<br />

/ 650 ≥ 0<br />

Com d=1.08 po<strong>de</strong>ríamos fazer uma 3ª interacção, mas é evi<strong>de</strong>nte que a altura útil para a<br />

sapata nunca será muito inferior a, digamos, 1,05m, o que com o recobrimento <strong>de</strong> 0,05 m<br />

daria h=1.10m.<br />

Segun<strong>do</strong> os autores acima referi<strong>do</strong>s o EC2 admite um maior perímetro para a linha crítica <strong>de</strong><br />

rotura (a=d). Então o perímetro crítico seria<br />

V-24


u=2 (bx+by)+2πd, (g)<br />

sen<strong>do</strong> a area interior a esse perímetro:<br />

Au=(bx+2d)(by+2d)-(4-π)d 2 (h)<br />

Fazen<strong>do</strong> a aproximação Vsd,ef=1.249kN, viria, para este caso, por ( c)<br />

2π<br />

d<br />

2<br />

+ 1.<br />

60d<br />

−1249<br />

/ 650 ≥ 0 ⇒<br />

0.<br />

80<br />

+<br />

( 0,<br />

80<br />

2<br />

+ 2.<br />

πx1937)<br />

2π<br />

1/<br />

2<br />

=<br />

0,<br />

70m<br />

Os autores acima referi<strong>do</strong>s usan<strong>do</strong> o EC 2, com as várias correcções que lhe estão associadas<br />

encontram d = 0.60 m. Este valor <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> um perímetro crítico ainda maior: a = 1,5 x d. No<br />

caso <strong>do</strong> MC 90 toma-se um perímetro crítico <strong>de</strong> punçoamento com a variável até a = 2.d,<br />

escolhen<strong>do</strong> o valor que dá a diferença τrd-τsd mínima.<br />

O MC 90 introduz várias correcções para obter Vsd,ef e o cálculo é relativamente complexo.<br />

As espessuras da sapata são em geral menores que as calculadas pelo REBAP e EC2.<br />

Nenhum <strong>do</strong>s códigos prevê o “corte em viga larga” usa<strong>do</strong> por Bowles (1996) (U.S.) e que<br />

algumas vezes dá sapatas mais espessas que o punçoamento.<br />

Neste caso teríamos uma força <strong>de</strong> corte.<br />

⎛ 2.<br />

45 − 0.<br />

40 ⎞<br />

N'sd ≈ σ3<br />

/ 4.<br />

B×<br />

( B / 2 − b x / 2)<br />

= 280×<br />

2.<br />

45⎜<br />

⎟ =<br />

⎝ 2 ⎠<br />

τ<br />

τ<br />

'sd = N'sd<br />

rd<br />

= τ<br />

1<br />

=<br />

/( d<br />

×<br />

2.<br />

45)<br />

650kPa<br />

≥<br />

=<br />

703/(<br />

d<br />

703/(<br />

d<br />

×<br />

×<br />

2.<br />

45)<br />

2.<br />

45)<br />

703<br />

⇒ d ≥ ×<br />

650<br />

1<br />

2.<br />

45<br />

=<br />

703kN<br />

0,<br />

44m<br />

Vê-se, pois, que neste caso o punçoamento seria a situação mais <strong>de</strong>sfavorável.<br />

As armaduras po<strong>de</strong>rão obter-se calculan<strong>do</strong> o momento flector da laje em consola sen<strong>do</strong> o vão<br />

térico<br />

V-25


B − b<br />

l =<br />

2<br />

x<br />

+<br />

0.<br />

15×<br />

b<br />

2<br />

1.<br />

085<br />

M = 280×<br />

2.<br />

45×<br />

=<br />

2<br />

x<br />

2.<br />

45 − 0.<br />

40<br />

=<br />

+<br />

2<br />

404kN.<br />

m<br />

0.<br />

15<br />

×<br />

0.<br />

40<br />

=<br />

1.<br />

085m<br />

No caso da altura útil = 1.05 m e A500 (tabelas LNEC)<br />

M rd<br />

2<br />

bd<br />

404kN. m<br />

2<br />

= = 149,<br />

57kN<br />

/ m = 0.<br />

150MPa,<br />

B25<br />

⇒ ρ =<br />

2<br />

2.<br />

45×<br />

1.<br />

05<br />

0.<br />

035%<br />

Esta percentagem <strong>de</strong> armadura é muito baixa, inferior aos mínimos referi<strong>do</strong>s nalguns<br />

regulamentos para sapatas sujeitas a punçoamento.Para isso concorrem a gran<strong>de</strong> espessura da<br />

sapata e o aço ser <strong>de</strong> alta resistência, o que não será aconselhável em <strong>fundações</strong>. A norma<br />

espanhola <strong>de</strong> BA (1996) no Artº. 58.8.2 refere o valor <strong>de</strong> ρ=0,14%<br />

Os autores acima indica<strong>do</strong>s sugerem ρ=0.15 a 0.20%. Se usássemos ρ=0,14% teríamos<br />

105 2<br />

Asx = Asy = 0.14 x 245 x = 36cm<br />

≈ 18φ16<br />

, valor que ainda parece eleva<strong>do</strong>, o que é<br />

100<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à gran<strong>de</strong> espessura d obtida para a sapata. Para d=0,70m correspon<strong>de</strong>nte, como vimos,<br />

a um perímetro crítico maior, obteríamos uma armadura mínima menor, como acontce com os<br />

autores que obtiveram . 12Φ16.<br />

Nte-se que se fôsse usada a altura d= 1.05 m <strong>de</strong>ver-se-ia colocar uma armadura suplementar<br />

mínima a meia altura da espessura da sapata (REBAP). É mesmo recomendável que o<br />

espaçamento <strong>de</strong> ferros em altura da sapata não seja superior a 0,30m e que nenhum ferro<br />

tenha diâmetro inferior a 12mm (Norma espanhola <strong>de</strong> BA, EH-91 e disposições contrutivas<br />

<strong>do</strong> REPBAP).<br />

V-26


Resolução <strong>do</strong> problema da sapata <strong>do</strong> <strong>curso</strong> <strong>de</strong> B.A. (B.P.E) da UM, pelo REBAP (Fig.5.3.7)<br />

P1 = P2 = 0.40 x 0.40 m<br />

Para o pilar P1<br />

Nsd = 1500 kN<br />

Msd=75 kN.m<br />

E para o pilar P2<br />

Nsd =1.200<br />

Msd=100 kN.m<br />

σrd solo = 450 kPa, Materiais B25, A4<br />

d<br />

B<br />

2<br />

P1<br />

(a)<br />

bx<br />

2B<br />

(b)<br />

P2<br />

by<br />

Fig. 5.3.7<br />

Nsd = 1500+ 1200+0.1 (1500+1200)= 2.970 kN<br />

CORTE<br />

PLANTA<br />

3<br />

x<br />

V-27


Msd = 75+100 = 175 kN.m<br />

As dimensões em planta da sapata, arbitran<strong>do</strong> L = 2 B, obtêm-se da condição <strong>de</strong><br />

3σ 1 + σ 2<br />

σ ref = ≤ σ<br />

4<br />

área = L x B = 2 B . B = 2 B 2<br />

rd<br />

3 4<br />

B × ( 2B)<br />

8B<br />

I = = =<br />

12 12<br />

N<br />

M<br />

2<br />

3<br />

290<br />

2B<br />

B<br />

4<br />

175<br />

2B<br />

1485<br />

B<br />

262,<br />

5<br />

B<br />

sd sd<br />

σ 1 = + v = + × 3×<br />

B = +<br />

(b)<br />

2 4<br />

2 3<br />

A<br />

I<br />

1485 262,<br />

5<br />

2 2 3<br />

B B<br />

− = σ . (c)<br />

A condição (a) dá:<br />

⎛ 4455 787.<br />

5 1485 262,<br />

5 ⎞<br />

⎜ + + − / 4 ≤ 450<br />

2<br />

3 2 3 ⎟<br />

⎝ B B B B ⎠<br />

⇒ B ≥ 1 , 86 ⇒ B = 1,<br />

90m;<br />

L = 3,<br />

80m<br />

σ =<br />

σ<br />

σ<br />

1<br />

2<br />

ref<br />

=<br />

1485<br />

2<br />

1.<br />

9<br />

1485<br />

2<br />

1.<br />

9<br />

+<br />

+<br />

262.<br />

5<br />

3<br />

1.<br />

9<br />

262.<br />

5<br />

3<br />

1.<br />

9<br />

=<br />

=<br />

449,<br />

6kPa<br />

373.<br />

1kPa<br />

≈ ( 3×<br />

449,<br />

6 + 373.<br />

1)<br />

/ 4 = 430,<br />

5kPa<br />

Perímetro <strong>de</strong> punçoamento: u=2 (bx+by)+πd (d)<br />

área <strong>de</strong> punçoamento Au=(bx+d) (by+d).(1-π/4)d 2 (e)<br />

A condição para obter a espessura da sapata é<br />

( a)<br />

V-28


V<br />

s<strong>de</strong>f<br />

τ sd = ≤ τrd<br />

= τ1(<br />

1,<br />

6 − d)<br />

≥ τ1<br />

(f)<br />

sen<strong>do</strong><br />

ud<br />

⎛ e ⎞<br />

x + e y<br />

V = ⎜ +<br />

⎟<br />

sd , ef Vsd<br />

, red 1 1.<br />

5<br />

(g)<br />

⎜<br />

1/<br />

2 ⎟<br />

⎝ ( b'<br />

x b'<br />

y ) ⎠<br />

com<br />

Vsd,ef = força <strong>de</strong> corte efectiva<br />

Vsd,red= força <strong>de</strong> corte reduzida = Nsd- ∆ Vsd (h)<br />

∆ Vsd = σsd,o . Au=(σdmédio/1.5). Au (i)<br />

Vê-se que a espessura útil d da sapata só se po<strong>de</strong> obter iteractivamente.<br />

Como 1ª iteracção toma-se:<br />

Vsd,ef=Nsd=2970kN<br />

Então <strong>de</strong> ( f) tira-se<br />

( 2(<br />

0.<br />

40<br />

2970 2<br />

kN<br />

+ 0,<br />

80)<br />

+<br />

πd)<br />

d<br />

≤ 650 ⇒ 2,<br />

40d<br />

+ πd<br />

2<br />

1,<br />

20 + ( 1,<br />

20)<br />

+ π.<br />

4.<br />

57<br />

d ≥<br />

= 1,<br />

65m<br />

π<br />

Com este valor po<strong>de</strong>remos fazer a 2ª iteracção:<br />

σ<br />

sd,<br />

0<br />

=<br />

2970<br />

: 1,<br />

5<br />

1.<br />

90x3.<br />

80<br />

= 274kPa,<br />

º º º ∆V<br />

sd<br />

=<br />

−<br />

2970 / 650<br />

274.<br />

A<br />

com Au = (0,40+1,65) ( 0,80+1,65)-(1-π/4)1,65 2 =4,44m 2<br />

Vsd,red = 2970-274x4,44=1753kN<br />

ex=175/2970=0,059 ey=0, b’x=0,80+1,65=2,45; b’y=0,40+1,65=2,05<br />

Vsd , ef<br />

=<br />

⎛ 0,<br />

059<br />

⎜<br />

⎜1+<br />

1,<br />

5.<br />

⎝ ( 2,<br />

45×<br />

2,<br />

05)<br />

1753 1/<br />

2<br />

⎞<br />

⎟ ≈ 1826kN<br />

⎠<br />

u<br />

≥ 0<br />

V-29


( 2,<br />

40<br />

πd<br />

2<br />

1826<br />

+<br />

+<br />

d ≥ 1.<br />

40<br />

πd)<br />

d<br />

2,<br />

4d<br />

≤<br />

2<br />

650kN<br />

/ m<br />

1,<br />

20 +<br />

−1826<br />

/ 650 ≥ 0 ⇒ d ≥<br />

1,<br />

20<br />

π<br />

2<br />

+ π.<br />

2,<br />

81<br />

Po<strong>de</strong>ríamos fazer uma 3º interacção que daria, digamos, d= 1,25m.<br />

Este valor já estará próximo <strong>do</strong> valor “real”. No <strong>curso</strong> <strong>de</strong> BA da UM, obteve-se d=0,95m<br />

usan<strong>do</strong> a norma espanhola <strong>de</strong> BA. EH-91.<br />

A armadura na direcção x po<strong>de</strong>ria obter-se calculan<strong>do</strong> o momento flector no encastramento<br />

da laje no pilar, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao bloco <strong>de</strong> tensões inferior que <strong>de</strong> forma aproximada po<strong>de</strong>mos tomar<br />

como σref=430.5kPa.<br />

O vão seria l= (1,90-0,40)+0,15 x 0.80 = 1.62<br />

Msd = 430,5 x 1,90 x 1,62 2 /2 = 1073 kN.m,<br />

Fig. 5.3.8<br />

muito próximo <strong>do</strong> valor 1080kNm referi<strong>do</strong> no exº. da disciplina <strong>de</strong> B. A. Da U.M., que usa a<br />

norma espanhola.<br />

A armadura neste caso viria um pouco menor, porque em vez da altura útil da laje <strong>de</strong> 0,95 m<br />

temos 1,25 m.<br />

refa.<br />

V-30


5.4 - Sapatas <strong>de</strong> Fundação. Disposições contrutivas relativas a ferros.<br />

Em rigor, a fundação no exemplo anterior é uma sapata e não um bloco, uma vez que<br />

o dimensionamento ao corte n‹o impôs h>B. No entanto, esta condição é convencional e na<br />

prática blocos e sapatas <strong>de</strong> fundação não se distinguem a não ser em situações como o caso da<br />

Fig. 5.3.4 em que não faria muito senti<strong>do</strong> falar <strong>de</strong> "sapata".<br />

⎛ B − a ⎞<br />

Apenas haverá a dizer que as sapatas flexíveis ⎜h<br />

〈 ⎟ exigem armaduras <strong>de</strong><br />

⎝ 4 ⎠<br />

gran<strong>de</strong>s secções que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong> forma aproximada ser calculadas pelas fórmulas da flexão.<br />

Quer nos blocos quer nas sapatas há que ter em conta as disposições construtivas <strong>do</strong><br />

REBAP em particular o comprimento <strong>de</strong> amarração <strong>do</strong>s varões O REBAP não distingue a<br />

amarração <strong>do</strong>s varões à tracção da <strong>do</strong>s varões à compressão, fixan<strong>do</strong>-a em condições <strong>de</strong> boa<br />

a<strong>de</strong>rência entre 35φ e 25φ para o B 20, 30φ e 20φ para o B 25 e B 30 e entre 25φ e 15φ para o<br />

B 35.<br />

expressão:<br />

Os comprimentos <strong>de</strong> amarração, l bnet , são no REBAP (Artº. 81º) <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pela<br />

As<br />

. cal<br />

1bnet = 1b<br />

α1<br />

A . ef<br />

on<strong>de</strong><br />

1<br />

b<br />

φ<br />

=<br />

4<br />

f<br />

f<br />

syd<br />

bd<br />

s<br />

on<strong>de</strong> φ é o diâmetro <strong>do</strong> varão ou diâmetro equivalente <strong>do</strong> grupo<br />

f syd é a tensão <strong>de</strong> cedência <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> aço<br />

f bd é a tensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>do</strong> varão. Ela é dada por:<br />

fbd = 0,3 f cd (fcd em MPa) no caso <strong>de</strong> varões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência normal;<br />

(5.3.15)<br />

(5.3.16)<br />

V-31


f bd<br />

f cd<br />

= 2,25 x f ctd no caso <strong>de</strong> varões <strong>de</strong> alta a<strong>de</strong>rência;<br />

= tensão <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> betão à compressão;<br />

f ctd = tensão <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> betão à tracção;<br />

A s,cal = área <strong>de</strong> aço calculada;<br />

A s,ef = área <strong>de</strong> aço efectivamente usada;<br />

α 1<br />

= um coeficiente igual a 0,7 no caso <strong>de</strong> amarrações curvas em tracção e igual á<br />

unida<strong>de</strong> nos outros casos.<br />

5.5 - Sapatas contínuas (“corridas”)<br />

i) - Com <strong>do</strong>is pilares (Fig. 5.5.1)<br />

Quan<strong>do</strong> as cargas P 1 e P 2 são <strong>de</strong>siguais, é dada a distância c <strong>de</strong> uma das extremida<strong>de</strong>s<br />

ao eixo <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s pilares e se <strong>de</strong>seja carga uniforme p no terreno, haverá que calcular a<br />

distância X da outra extremida<strong>de</strong> ao eixo <strong>do</strong> outro pilar.<br />

Em primeiro lugar haverá que localizar a resultante R = P 1 + P 2 , por exemplo, em<br />

relação ao eixo <strong>do</strong> pilar P 1 , o que se faz pela distância x.<br />

Teremos:<br />

x<br />

a1<br />

a2<br />

x<br />

P1 P2<br />

/2 /2<br />

´<br />

Fig. 5.5.1<br />

C<br />

V-32


P × l'=<br />

2<br />

( P + P ) .<br />

1<br />

2<br />

P2l'<br />

x ⇒ x =<br />

P + P<br />

1<br />

2<br />

(5.5.1)<br />

Depois há que obter X pela condição <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> da carga e constância na<br />

largura da sapata.<br />

Assim:<br />

e daí e <strong>de</strong> (5.5.3)<br />

X + x = l/2; ou seja X = (l/2) - x (5.5.2)<br />

l = X + l' + c (5.5.3)<br />

X = l' + c - 2x (5.5.4)<br />

Naturalmente que para termos X ≥ 0, com c = 0 teremos <strong>de</strong> ter P1 ≥ P2.<br />

Obti<strong>do</strong> X e daí l, po<strong>de</strong>remos obter a largura B <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja dada a pressão admissível no<br />

terreno:<br />

B =<br />

, 1(<br />

P<br />

P<br />

adm<br />

P )<br />

xl<br />

1 1 + 2<br />

(5.5.5)<br />

Conheci<strong>do</strong> B po<strong>de</strong>remos com o diagrama <strong>de</strong> pressões obter imediatamente os<br />

diagramas <strong>de</strong> esforços transversos e momentos flectores (Fig. 5.5.2). A altura d da sapata<br />

obtem-se, como antes, a partir das condições <strong>de</strong> segurança ao punçoamento e segurança ao<br />

corte em "viga larga".<br />

Sen<strong>do</strong> em geral baixa a pressão no terreno a segurança ao punçoamento virá a ser a<br />

condicionante.<br />

V-33


+<br />

+<br />

P1 P2<br />

_<br />

T<br />

(a)<br />

M<br />

(b)<br />

_<br />

Fig.5.5.2<br />

Conheci<strong>do</strong> o diagrama <strong>do</strong>s momentos flectores po<strong>de</strong>remos obter imediatamente a<br />

armadura longitudinal pelas regras <strong>do</strong> B.A. que damos aqui por reproduzidas. A armadura<br />

transversal obter-se-á como se obteria para uma sapata isolada flexível.<br />

Como se disse anteriormente os esforços transversos são absorvi<strong>do</strong>s inteiramente pelo<br />

betão, sen<strong>do</strong> essa uma condicionante para obter a altura d (Fig. 5.5.3)<br />

+<br />

+<br />

_<br />

P<br />

V-34


Fig. 5.5.3<br />

Observe-se que se a distância ao bor<strong>do</strong> é pequena (x'


(Artº. 54º <strong>do</strong> REBAP)<br />

Exercício (Fig. 5.5.5):<br />

a2<br />

P 1<br />

X<br />

ALÇADO<br />

5.50m<br />

b G<br />

1<br />

a<br />

2<br />

a<br />

2 b2<br />

PLANTA<br />

Fig. 5.5.5<br />

Dimensionar uma sapata trapezoidal comum para os pilares P 1 e P 2 com as cargas P 1<br />

= 1050 kN e P 2 = 830 kN. A pressão no solo <strong>de</strong>ve ser uniforme e não exce<strong>de</strong>r q adm =400kPa<br />

(kN/m 2 ). Consi<strong>de</strong>rar um B 25 e um A 400T.<br />

b<br />

Área =<br />

e<br />

Os pilares têm ambos secção quadrada com a 1 = a 2 = 46 cm.<br />

Orientação: a geometria <strong>do</strong>s trapézios dá:<br />

b<br />

2<br />

1 +<br />

2<br />

l<br />

P 2<br />

a2<br />

(5.5.8)<br />

V-36


2b<br />

2 + b1<br />

X =<br />

3 b + b<br />

l<br />

2<br />

1<br />

(5.5.9)<br />

on<strong>de</strong> b 1 e b 2 são as dimensões das bases, l o comprimento e X = a distância <strong>do</strong> centro <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> à base maior.<br />

Como X se obtém da posição da resultante das cargas P 1 e P 2 e a área se calcula como<br />

quociente <strong>do</strong> valor da resultante, eventualmente multiplicada pelo factor 1,1, pelo valor <strong>de</strong><br />

q adm , temos em (5.5.8) e (5.5.9) duas equações e duas incógnitas, b 1 e b 2 .<br />

i) - Sapatas Contínuas com Três (ou mais) Pilares (Fig. 5.5.6)<br />

Para obter uma pressão "uniforme" no terreno há que <strong>de</strong>terminar a distância x <strong>de</strong> tal<br />

mo<strong>do</strong> que o centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> das cargas fique na vertical <strong>do</strong> centro geométrico da sapata.<br />

V-37


a)<br />

b)<br />

c)<br />

d)<br />

Q<br />

M<br />

x<br />

P1 P2 P3 1<br />

L<br />

a<br />

2 C<br />

+ + +<br />

_ _ _<br />

Qc<br />

+<br />

M<br />

_<br />

+<br />

Fig. 5.5.6<br />

Toman<strong>do</strong> momentos em relação a um ponto da linha <strong>de</strong> acção <strong>de</strong> P 1 temos:<br />

P2<br />

l1<br />

+ P3<br />

( l1<br />

+ l2<br />

)<br />

⇒ x =<br />

P + P + P<br />

e também<br />

1<br />

(P 1 + P 2 + P3) x = P 2 l 1 + P3 (l 1 + l 2 ) ⇒<br />

2<br />

3<br />

X + x = l/2 ⇒ X + x = l 1 + l 2 + c - x ⇒<br />

_<br />

+<br />

P<br />

X<br />

X<br />

G<br />

(5.5.10)<br />

V-38


⇒X = l 1 + l 2 + c - 2x (5.5.11)<br />

Conhecen<strong>do</strong> o q adm no solo, que tomamos para valor médio, po<strong>de</strong>mos calcular a<br />

largura B da sapata pela relação<br />

q adm x B x (l 1 + l 2 + c + X) = 1,1(P 1 + P 2 + P 3 ) (5.5.12)<br />

com o valor q adm x B = p, po<strong>de</strong>remos traçar os diagramas <strong>de</strong> esforços transversos Q,<br />

Fig.5.5.6 c), e <strong>do</strong>s momentos flectores M, Fig. 5.5.6 d).<br />

As inequações <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> ao punçoamento e <strong>de</strong> corte em "viga larga", <strong>do</strong>s tipos<br />

(5.3.2) e (5.3.3) respectivamente, <strong>de</strong>terminariam a altura útil d e com os momentos flectores<br />

máximos e mínimos obter-se-iam as armaduras.<br />

Note-se, todavia, que quan<strong>do</strong> há mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is pilares na mesma sapata os<br />

assentamentos diferenciais po<strong>de</strong>m induzir momentos flectores que po<strong>de</strong>m inverter o senti<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> diagramas da Fig. 5.5.6 d).<br />

Com efeito se, por exemplo, o pilar P 2 se "afundar" em relação aos vizinhos po<strong>de</strong>rão<br />

<strong>de</strong>saparecer <strong>do</strong> diagrama to<strong>do</strong>s os momentos negativos; on<strong>de</strong> havia momentos negativos<br />

aparecem momentos positivos porventura maiores em módulo.<br />

Por outro la<strong>do</strong> se, por exemplo, o pilar P3 se "afundar" em relação aos restantes, os<br />

momentos flectores negativos entre esse pilar e P2 irão agravar-se sensivelmente..<br />

Será portanto avisa<strong>do</strong> supor um assentamento diferencial <strong>do</strong>s apoios <strong>de</strong> 0,001l a<br />

0,002l (por exemplo) e verificar para todas as hipóteses os momentos resultantes que se<br />

sobreporiam aos representa<strong>do</strong>s na Fig. 5.5.6 d).<br />

Para cálculo <strong>do</strong> <strong>de</strong>créscimo <strong>do</strong> momento ∆M, Fig. 5.5.6 d), <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à dimensão finita<br />

<strong>do</strong>s pilares, po<strong>de</strong>ríamos por exemplo aceitar o valor da<strong>do</strong> pelo CEB (B 87):<br />

a<br />

∆ M = Qe<br />

− p<br />

2<br />

2<br />

a<br />

8<br />

Q e é o esforço transverso; a = dimensão transversal <strong>do</strong> pilar; p = reacção <strong>do</strong> solo<br />

(5.5.13)<br />

V-39


De qualquer forma, prevenin<strong>do</strong> assentamentos diferenciais, as armaduras longitudinais<br />

<strong>de</strong>vem ser simétricas (iguais nas duas faces da laje <strong>de</strong> fundação.<br />

5.6 - Sapatas com Vigas <strong>de</strong> Equilíbrio<br />

a)<br />

b)<br />

c)<br />

B 1<br />

T<br />

Q<br />

M<br />

+<br />

P1 2 P<br />

S<br />

2/2<br />

1<br />

e<br />

1<br />

R1<br />

2/2<br />

1<br />

-<br />

Fig. 5.6.1<br />

2/2<br />

2<br />

+<br />

B 2<br />

22/2<br />

Este tipo <strong>de</strong> sapatas usa-se, em geral, quan<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s pilares (P 1 , na Fig.5.5.6 a) fica<br />

encosta<strong>do</strong> à proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> vizinho e, quan<strong>do</strong> uma sapata trapezoidal ficaria com o la<strong>do</strong><br />

menor (P 2 ) muito pequeno. Por outro la<strong>do</strong>, por essa ou por outras razões, po<strong>de</strong>m os<br />

momentos flectores a transmitir serem importantes e se tornar necessário dar rigi<strong>de</strong>z ao<br />

conjunto.<br />

V-40


As sapatas extremas, <strong>de</strong> dimensões B 1 x l 1 e B 2 x l 2 são dimensionadas <strong>de</strong> forma a<br />

darem uma pressão uniforme no terreno <strong>de</strong> fundação.<br />

R<br />

1 = 1<br />

Toman<strong>do</strong> momentos em relação a qualquer ponto da linha <strong>de</strong> acção <strong>de</strong> P 2 , temos:<br />

s<br />

P<br />

s − e<br />

Também<br />

(5.6.1)<br />

∑ = ⇒ R = P + P − R ;<br />

(5.6.2)<br />

F i<br />

e ainda<br />

l<br />

e<br />

1<br />

0 2 1 2 1<br />

⎛ b1<br />

= 2⎜e<br />

+<br />

⎝ 2<br />

R 1<br />

=<br />

B l<br />

e<br />

1 1<br />

R 2<br />

=<br />

B l<br />

2<br />

2<br />

qadm<br />

qadm<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

(5.6.3)<br />

(5.6.4)<br />

(5.6.4’)<br />

Temos ao to<strong>do</strong> 5 equações in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e 7 incógnitas, e, l 1 , l 2 , R 1 , R 2 , B 1 e B 2 .<br />

Po<strong>de</strong>remos, porém, consi<strong>de</strong>rar as sapatas quadradas e então:<br />

B 1 = l 1 e B 2 = l 2 .<br />

Ficaríamos então com tantas equações quantas as incógnitas. A solução <strong>do</strong> sistema<br />

costuma obter-se por tentativas, porque as equações po<strong>de</strong>m-se resolver sucessivamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que se arbitre e: <strong>de</strong> (5.6.3) obtem-se R 1 ; <strong>de</strong> (5.6.2) obtem-se R 2 ; <strong>de</strong> (5.6.3) obtem-se l 1 ; com<br />

V-41


l1, R1 e qadm da equação (5.6.4) obteríamos B1. Com R2 e qadm, fazen<strong>do</strong> B2 = l2 (sapata<br />

quadrada) em (5.6.4’), obteríamos B2.<br />

Obtidas as características geométricas das sapatas e, sabida a pressão no terreno,<br />

calculam-se os esforços transversos Q e os momentos flectores M e com eles se traçam os<br />

respectivos diagramas.<br />

As armaduras calculam-se pelas regras usuais <strong>do</strong> B.A..<br />

Observa-se que o dimensionamento em termos <strong>de</strong> coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança para os<br />

casos <strong>de</strong> sapatas contínuas (“corridas”) ou trapezoidais ou com vigor <strong>de</strong> equilíbrio se faria <strong>de</strong><br />

forma análoga as sapatas isoladas. Nesse caso as cargas nos pilares seriam cargas Pid<br />

majoradas, para a combinação <strong>de</strong> acções mais <strong>de</strong>sfavorável, e a tensão no terreno qd teria si<strong>do</strong><br />

obtida pela fórmula (3.1.1) usan<strong>do</strong> φ’d e c’d <strong>de</strong> cálculo obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes valores <strong>de</strong><br />

tg φ’ e c’ dividi<strong>do</strong>s pelos correspon<strong>de</strong>ntes coeficientes <strong>de</strong> segurança γr = 1,25, no caso <strong>de</strong><br />

condições drenadas.<br />

Observa-se ainda que estes cálculos são relativos a esta<strong>do</strong>s últimos <strong>de</strong> equilíbrio para o esta<strong>do</strong><br />

último <strong>de</strong> utilização haveria que calcular os assentamentos da sapata e verificar que eles não<br />

seriam excessivos.<br />

5.7. Fundação por sapatas <strong>de</strong> forma irregular e reconhecen<strong>do</strong> vários pilares<br />

Os casos atrás referi<strong>do</strong>s relativos a sapatas “corridas” com 2 ou mais pilares e as sapatas com<br />

viga <strong>de</strong> equilíbrio sujeitas a cargas verticais são susceptíveis <strong>de</strong> ser generaliza<strong>do</strong>s,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma sapata rígida <strong>de</strong> forma “irregular” que receba vários pilares sujeitos a<br />

momentos flectores. Supõe-se que a sapata assente em solo elástico linear. É claro que neste<br />

caso a pressão no terreno só será uniforme se a resultante das cargas <strong>do</strong>s pilares, ten<strong>do</strong> em<br />

conta também os momentos, passar pelo centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da área <strong>de</strong> apoio.<br />

Se houver excentricida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa resultante as tensões na base da sapata não serão uniformes,<br />

mas será fácil calcular a tensão máxima σmáx e a partir <strong>de</strong>la verificar se não exce<strong>de</strong> a tensão<br />

<strong>de</strong> projecto permitida para o terreno sob a sapata.<br />

V-42


Para fixar i<strong>de</strong>ias consi<strong>de</strong>ramos o seguinte exemplo (Fig. 5.7.1)<br />

B1<br />

y<br />

0.70<br />

M4y<br />

M4x<br />

0.80<br />

F<br />

C´ 1<br />

M1y<br />

M´y´<br />

MyG E<br />

ey<br />

R<br />

MxG<br />

M2y ex<br />

G Mx´<br />

M3y<br />

α<br />

0.80<br />

P1 M1x<br />

0.80<br />

P2 M2x<br />

0.80<br />

P3 M3x<br />

A<br />

C1<br />

y<br />

G<br />

0.60 0.80 1.0<br />

5.00 6.00<br />

1<br />

y´<br />

D<br />

Fig.5.7.1<br />

B3<br />

P4<br />

C´ 3<br />

5.00 B2<br />

Cargas “majoradas” (combinação <strong>de</strong> cargas mais <strong>de</strong>sfavorável, segun<strong>do</strong> o EC1)<br />

⎪⎧<br />

N<br />

P1<br />

⎨<br />

⎪⎩<br />

M<br />

1d<br />

⎪⎧<br />

N 2<br />

P2<br />

⎨<br />

⎪⎩<br />

M 2<br />

⎧N<br />

2<br />

⎪<br />

P3<br />

⎨M<br />

2<br />

⎪<br />

⎩<br />

M 2<br />

⎪⎧<br />

N1<br />

P4<br />

⎨<br />

⎪⎩<br />

M1<br />

=<br />

1y<br />

d<br />

d<br />

yd<br />

d<br />

xd<br />

yd<br />

d<br />

xd<br />

= 1000kN<br />

= 1200kN<br />

=<br />

700kN<br />

=<br />

=<br />

=<br />

=<br />

800kN<br />

=<br />

200kNm<br />

300kNm<br />

400kNm<br />

250kNm<br />

250kNm<br />

B<br />

C<br />

C2<br />

x<br />

G<br />

x´<br />

x<br />

V-43


Para (qd) máx. = 300kN/m 2 =kPa <strong>do</strong> terreno, dimensionar as sapatas, incluín<strong>do</strong> dimensão em<br />

planta, espessura e ferros. B25, A 400.<br />

Teremos <strong>de</strong> começar por arbitrar as dimensões da sapata ten<strong>do</strong> em conta as posições <strong>do</strong>s<br />

pilares. Depois faremos o cálculo da tensão sob a aresta carregada. Calculan<strong>do</strong> a posição <strong>de</strong><br />

c.g. da área carregada e a posição da resultante, po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo rever as dimensões da<br />

sapata <strong>de</strong> forma a procurar reduzir a excentricida<strong>de</strong> das cargas ao mínimo.<br />

Marcha <strong>de</strong> cálculo da tensão máxima no terreno<br />

1º Determinar a posição <strong>do</strong> centro da gravida<strong>de</strong> G da área <strong>de</strong> apoio da sapata (xg, yg).<br />

2º Determinar os eixos principais centrais <strong>de</strong> inércia <strong>de</strong>ssa área <strong>de</strong> apoio, Xg e Yg. (Po<strong>de</strong>rá<br />

começar-se por obter os momentos da inércia Ix’x’ Iy’y’ e Ix’y’ em relação a um par <strong>de</strong> eixos x’,<br />

y’ paralelos aos eixos x,y da<strong>do</strong>s ou escolhi<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>pois rodar os eixos <strong>de</strong> forma a que se<br />

obtenham os eixos principais <strong>de</strong> inércia Ixg e Iyg para os quais Ixg.yg = 0 (ver “Resistência <strong>do</strong>s<br />

Materiais”) ou “Mecânica das Estruturas e <strong>do</strong>s Materiais”.<br />

3º Obter a posição da resultante R <strong>de</strong> todas as cargas verticais <strong>do</strong>s pilares da sapata e as<br />

respectivas excentricida<strong>de</strong>s ex e ey, em relação aos eixos x’, y’ que passam em G e são<br />

paralelos aos eixos da<strong>do</strong>s.<br />

4º Calcular os momentos resultantes totais em relação aos eixos auxiliares x’, y’. Esses<br />

momentos resultantes são apenas a soma <strong>do</strong>s momentos respectivos nos pilares, mais os<br />

momentos que resultam da excentricida<strong>de</strong> da resultante. Assim no caso da<strong>do</strong><br />

Mx’=M1x+M2x+M3x+M4x-R.ex ; My’=M1y+M2y+M3y+M4y-R.ey (5.7.1)<br />

Estes momentos terão <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>pois projecta<strong>do</strong>s nos eixos xg e yg inclina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma a obter<br />

os momentos Mxg e Myg finais, segun<strong>do</strong> os eixos principais da inércia.<br />

V-44


5º Só <strong>de</strong>pois se po<strong>de</strong> aplicar a fórmula da flexão composta para obter as tensões no terreno<br />

sob a sapata. No caso da Fig. 5.7.1 vê-se logo pela posição da resultante que a tensão máx. se<br />

obtêm sob a aresta c da sapata<br />

R M xg . y c M yg.<br />

x c<br />

σ máx ≡ σc<br />

= − +<br />

(5.7.2)<br />

A I I<br />

sen<strong>do</strong><br />

xgxg<br />

ygyg<br />

R = Σ Pi, A = área <strong>de</strong> apoio da sapata.<br />

Fixan<strong>do</strong> dimensões em planta para a sapata <strong>de</strong> forma a que a excentricida<strong>de</strong> seja mínima a<br />

tensão máxima no terreno não estará muito acima da tensão média, que é dada por<br />

méd = σ<br />

R<br />

A<br />

on<strong>de</strong> R = Σ Pi, é a resultante e A a área <strong>de</strong> apoio.<br />

Com σméd, e consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o corte em “viga larga” nas secções da sapata que pareçam mais<br />

<strong>de</strong>sfavoráveis, po<strong>de</strong>remos obter a espessura d. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> também o punçoamento para o<br />

pilar mais carrega<strong>do</strong>, calcular-se-á outra espessura d’. Como se fez antes, escolher-se-à a <strong>de</strong><br />

maior valor.<br />

Também com σméd po<strong>de</strong>remos calcular os momentos flectores e esforços transversos em<br />

várias secções, calculan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> as armaduras necessárias.<br />

5.7.1 - Sapatas Excêntricas. Sapatas isoladas <strong>de</strong> Forma Irregular (Fig. 5.7.1.1)<br />

a) b)<br />

P<br />

M<br />

Fig. 5.7.1.1<br />

B C<br />

A<br />

ex (P)<br />

ey<br />

Se admitirmos a sapata apoiada num terreno que reage, como se fosse um sistema<br />

y<br />

G<br />

c)<br />

D<br />

E<br />

x<br />

V-45


<strong>de</strong> molas elásticas (elasticida<strong>de</strong> linear), sen<strong>do</strong> a sapata rígida, as tensões <strong>de</strong> contacto<br />

calculam-se pela fórmula da flexão composta, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a força resultante na base da sapata<br />

caia <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> núcleo central, como no caso anterior <strong>de</strong> uma sapata irregular com vários<br />

pilares. Teremos, todavia, nesse caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a posição <strong>do</strong>s eixos principais centrais <strong>de</strong><br />

inércia da base da sapata e conhecer em relação a eles as excentricida<strong>de</strong>s e x e e y <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong><br />

aplicação da carga P. Uma vez obtidas as excentricida<strong>de</strong>s e x e e y a tensão <strong>de</strong> compressão<br />

máxima que no caso da Fig.5.7.1.1 c) se verifica no ponto c é dada por:<br />

σ<br />

máx<br />

=<br />

P Pex<br />

+<br />

S I : y<br />

xx<br />

c<br />

Pey<br />

+<br />

I : x<br />

yy<br />

c<br />

5.7.1.1<br />

Se a tensão calculada exce<strong>de</strong>r a tensão admissível no terreno, as dimensões da sapata<br />

terão <strong>de</strong> ser aumentadas.<br />

Se a resultante P das acções sobre a fundação ao nível <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> base cair fora <strong>do</strong><br />

núcleo central da sapata, parte da sapata não apoiará no terreno e portanto só a outra parte<br />

será activa.<br />

A posição da linha neutra nesse caso, se a sapata tiver forma irregular no plano <strong>de</strong><br />

apoio, só po<strong>de</strong>rá fazer-se por tentativas, conforme as regras da "Resistência <strong>de</strong> Materiais",<br />

(flexão composta <strong>de</strong> materiais não resistentes à tracção).<br />

Se a sapata tiver forma rectangular, por exemplo, já o cálculo se po<strong>de</strong>rá fazer<br />

sistematicamente, calculan<strong>do</strong> o volume da "cunha" <strong>de</strong> pressões que se geram no contacto da<br />

sapata com o terreno e a posição <strong>do</strong> seu centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>.<br />

Exemplo:<br />

Dada a sapata da Fig. 5.7.1.2 sujeita a uma força concêntrica P = 270 kN e a<br />

momentos flectores no pilar <strong>de</strong> valores M x = M y = 166 kN.m, <strong>de</strong>terminar a tensão σ max no<br />

terreno.<br />

V-46


Sugestão:<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma sapata com redução da secção. Localizar a priori o ponto <strong>de</strong> compressão<br />

máxima (1). Mudar para ele a localização da origem <strong>do</strong>s eixos coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>terminar por<br />

integração associada às equações <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> forças e momentos a tensão máxima max<br />

e bem assim as dimensões da "cunha" <strong>de</strong> pressões na sua base (1A B1).<br />

1.80m<br />

B<br />

4 3<br />

y<br />

P Mx<br />

My<br />

1 A 2<br />

1.80m<br />

Fig.5.7.1.2a<br />

M<br />

Fig.5.7.1.2b<br />

x<br />

V-47


5.8 - Ensoleiramento Geral (Fig. 5.8.1)<br />

b<br />

b<br />

2<br />

Pare<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong><br />

retenção<br />

y<br />

ey<br />

Fig.5.8.1<br />

ex<br />

Pilares<br />

Já se disse que se usa o ensoleiramento geral quan<strong>do</strong> o terreno tem baixa capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> carga <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que os bor<strong>do</strong>s das sapatas isoladas ficariam bastante próximos ou<br />

haveria mesmo sobreposição parcial das áreas <strong>de</strong> apoio. Há quem sugira que quan<strong>do</strong> a área <strong>de</strong><br />

apoio é maior que 60% da área total envolvente <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>s pilares se justifica um<br />

ensoleiramento geral. Outra razão que po<strong>de</strong> levar a uma tal solução será a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

obter uma cave e também a <strong>de</strong> evitar assentamentos diferenciais. Po<strong>de</strong>ria até conceber-se um<br />

ensoleiramento geral com o plano <strong>de</strong> apoio no terreno a uma cota tal que o volume <strong>de</strong> terras<br />

retira<strong>do</strong> tivesse um peso igual ao da construção e nesse caso, em teoria, não haveria lugar a<br />

quaisquer assentamentos. Note-se no entanto que eles sempre existem <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

heterogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s terrenos <strong>de</strong> fundação e <strong>de</strong>sequilíbrios <strong>de</strong> cargas, bem como ao<br />

"inchamento" <strong>do</strong> terreno quan<strong>do</strong> se retiram as terras.<br />

De qualquer mo<strong>do</strong>, a experiência mostra que com um ensoleiramento geral a estrutura<br />

x<br />

V-48


sofre menos assentamentos diferenciais <strong>do</strong> que com sapatas isoladas, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> contu<strong>do</strong> o<br />

assentamento total médio ser relativamente gran<strong>de</strong> (mais <strong>de</strong> 20 cm), caso em que as ligações<br />

<strong>de</strong>finitivas das canalizações só se <strong>de</strong>vem fazer <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> concluí<strong>do</strong>s os "toscos" da<br />

construção. Além disso, po<strong>de</strong>rá haver uma pequena inclinação global da construção <strong>de</strong><br />

significa<strong>do</strong> estrutural <strong>de</strong>sprezível, mas que em casos excepcionais po<strong>de</strong>rá traduzir-se na<br />

estética se o edifício for <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> altura.<br />

Para obter a tensão máxima no solo <strong>de</strong> fundação o ensoleiramento ou sapata geral<br />

consi<strong>de</strong>ra-se "rígi<strong>do</strong>" (no cálculo convencional) e o solo como um sistema <strong>de</strong> molas com<br />

elasticida<strong>de</strong> linear (Winkler). Uma vez obtidas as excentricida<strong>de</strong>s da resultante <strong>de</strong> todas as<br />

forças <strong>do</strong>s pilares e das pare<strong>de</strong>s, e o peso próprio da sapata geral, <strong>de</strong>sconta<strong>do</strong> o peso próprio<br />

<strong>do</strong> solo escava<strong>do</strong> (húmi<strong>do</strong> ou satura<strong>do</strong>), calcula-se a tensão máxima pela fórmula da flexão<br />

composta como no caso da sapata excêntrica. É o que se chama obtenção da tensão <strong>de</strong><br />

compressão máxima <strong>do</strong> terreno por "condições estáticas <strong>de</strong> equilíbrio exterior". Para<br />

<strong>de</strong>terminação da espessura da laje usar-se-à, como nos casos anteriores a condição <strong>de</strong><br />

estabilida<strong>de</strong> ao "punçoamento" sob o pilar mais carrega<strong>do</strong>, ou noutro (pilar <strong>de</strong> bor<strong>do</strong> ou <strong>de</strong><br />

canto) que reunir as condições mais <strong>de</strong>sfavoráveis pelo que toca a "punçoamento" (haverá<br />

também que fazer verificações <strong>de</strong> "corte em viga larga").<br />

Para o cálculo das armaduras po<strong>de</strong>rá dividir-se artificialmente a sapata geral em "vigas<br />

contínuas" longitudinais e outras transversais e calcular os respectivos esforços (esforços<br />

transversos e momentos flectores) separadamente. Na Fig. 5.8.1a) indicam-se 3 "vigas"<br />

longitudinais <strong>de</strong> larguras b e b/2; e 5 "vigas" transversais. Se, porém, há pare<strong>de</strong>s laterais <strong>de</strong><br />

betão arma<strong>do</strong> ligadas monoliticamente à sapata geral, esta <strong>de</strong>ve ser calculada como laje<br />

"cogumelo" invertida para a qual há formulário vário no ACI e noutros códigos (CEB, por<br />

exemplo).<br />

Em muitos casos justifica-se o uso <strong>de</strong> vigas <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z ligan<strong>do</strong> os pilares e forman<strong>do</strong><br />

no conjunto uma grelha, que como tal <strong>de</strong>ve ser calculada. Quan<strong>do</strong> há pare<strong>de</strong>s laterais <strong>de</strong><br />

retenção, apoiadas nos pilares <strong>do</strong>s extremos, o encastramento da laje ou das vigas <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z<br />

nessas pare<strong>de</strong>s não <strong>de</strong>ve ser toma<strong>do</strong> como perfeito, uma vez que elas são, em geral, <strong>de</strong><br />

V-49


pequena espessura.<br />

Bowles (1974), p. 213/15 sugere no cálculo da laje, dividida em faixas como se<br />

indicou, que se use a fórmula q l 2 /10 para os momentos nos vãos das faixas com 3 ou mais<br />

vãos e q l 2 /8 para as faixas com <strong>do</strong>is vãos. (q será uma pressão “média” no terreno) Essa<br />

simplificação é a que geralmente se faz no cálculo <strong>de</strong> "vigas contínuas" (com mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

apoios). Note-se, porém, que aqui e mais uma vez, há que ter em conta assentamentos<br />

diferenciais, ainda que relativamente pequenos e por isso há que prever armaduras nas duas<br />

faces da laje. Por outro la<strong>do</strong>, a continuida<strong>de</strong> "inter-faixas" é favorável à redução <strong>de</strong> momentos<br />

flectores. Observa-se que o cálculo <strong>de</strong> lajes em fundação elástica po<strong>de</strong> hoje fazer-se mais<br />

rigosamente por méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diferenças finitas ou elementos finitos. Porém na prática, esse<br />

maior rigor em relação aos méto<strong>do</strong>s simplifica<strong>do</strong>s que apresentamos, não se traduz em<br />

diferenças sensíveis nas dimensões e armaduras.<br />

A distribuição <strong>de</strong> tensões no terreno sob a sapata calculada pelas fórmulas da flexão composta<br />

5.7.1.1 ou 5.7.2, tem variação linear, mas, como as excentricida<strong>de</strong>s da resultante nunca são<br />

gran<strong>de</strong>s relativamente à dimensão transversal da sapata, as tensões máxima e mínima não<br />

diferem muito da tensão média. A laje po<strong>de</strong>, pois, calcular-se como sujeita a uma carga<br />

uniforme q=σmédio=R/S (R = resultante das cargas aplicadas e S a área da sapata)<br />

Bowles (1996), p.548 além <strong>de</strong>ste méto<strong>do</strong> aproxima<strong>do</strong> apresenta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

usar programas para computa<strong>do</strong>r relativos ao cálculo <strong>de</strong> lajes por diferenças finitas e<br />

elementos finitos. Além <strong>de</strong>sses apresenta um programa <strong>de</strong> simulação por grelhas.<br />

Exemplo: Fig. 5.8.2<br />

V-50


6.10m<br />

6.10m<br />

A<br />

B<br />

408KN<br />

554KN<br />

478KN<br />

CANTO<br />

0.30<br />

7.30m 7.30m 7.30m<br />

0.30<br />

0.38<br />

σ admiss’vel = 57.14 kN/m 2<br />

Resulta<strong>do</strong>s:<br />

177KN 177KN 408KN<br />

1506KN<br />

1196KN<br />

Fig.5.8.2.a<br />

0.38 BORDO<br />

Fig.5.8.2.b<br />

1506KN<br />

1196KN<br />

0.38<br />

0.38<br />

554KN<br />

478KN<br />

0.38<br />

0.30<br />

0.38<br />

e x = 0,25m , e y = 0,41m , R = 8638 kN<br />

σ max = 49,81kN/m 2 σ min = 31,43kN/m 2<br />

D<br />

C<br />

V-51


Bowles para cálculo das cargas nas faixas toma o valor médio da pressão no terreno<br />

σ= 32,33 kN/m 2 que se supõe uniforme.<br />

5.9 - Utilização <strong>de</strong> Méto<strong>do</strong>s Numéricos no cálculo <strong>de</strong> Esforços em vigas sobre fundação<br />

elástica (Hipótese <strong>de</strong> Winkler<br />

Até aqui consi<strong>de</strong>rámos sempre as sapatas "corridas" ou vigas <strong>de</strong> fundação com gran<strong>de</strong><br />

rigi<strong>de</strong>z e por isso a distribuição <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> contacto com o solo <strong>de</strong> fundação era linear. No<br />

caso da hipótese <strong>de</strong> Winkler assemelha-se o solo a um sistema <strong>de</strong> molas linearmente elásticas.<br />

A viga acompanha as <strong>de</strong>formações das molas. Neste parágrafo vamos manter essa hipótese<br />

mas vamos consi<strong>de</strong>rar a <strong>de</strong>formação da viga o que tornará a distribuição <strong>de</strong> tensões sob a viga<br />

não linear.<br />

δ<br />

w1 w2 w 3 w4 w5<br />

P P P<br />

1 2 3<br />

Fig.5.9.a<br />

∆ x<br />

Fig.5.9.b<br />

A<strong>do</strong>ptaremos um certo coeficiente <strong>de</strong> reacção ou “<strong>de</strong> mola" k s , para o solo que se<br />

<strong>de</strong>fine como a tensão normal no solo necessária para produzir um assentamento vertical<br />

unitário. Já vimos no capítulo 1 como se obtem esse coeficiente e no méto<strong>do</strong> numérico que<br />

vamos a<strong>do</strong>ptar po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rá-lo variável <strong>de</strong> ponto para ponto, se o <strong>de</strong>sejarmos.<br />

V-52


1<br />

R 1<br />

2<br />

P 1 P 2 P 3<br />

R 2<br />

3 4 5 6 7 8 9<br />

R 3<br />

Fig.5.9.c<br />

Os méto<strong>do</strong>s numéricos para ataque <strong>de</strong>ste problema são <strong>do</strong>is: as diferenças finitas e os<br />

elementos finitos. Vamos consi<strong>de</strong>rar o méto<strong>do</strong> das diferenças finitas que é o mais fácil <strong>de</strong><br />

aplicar.<br />

Não referimos méto<strong>do</strong>s "analíticos" porque só se aplicam em casos simples e são<br />

complica<strong>do</strong>s, enquanto que o méto<strong>do</strong> das diferenças finitas é simples e com ele se po<strong>de</strong>m<br />

tratar casos <strong>de</strong> carga quaisquer.<br />

Consi<strong>de</strong>remos então uma viga com fundação elástica <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z EI que supomos<br />

constante, à qual aplicamos cargas, por exemplo P1, P2, P3. Por comodida<strong>de</strong> admitiremos<br />

também que o coeficiente <strong>de</strong> "mola" ou <strong>de</strong> reacção <strong>do</strong> solo k s é constante e que a largura da<br />

viga também o é (B). Dividimos a viga num certo número <strong>de</strong> partes, por exemplo 8<br />

segmentos <strong>do</strong> mesmo comprimento ∆x = l/8 on<strong>de</strong> l é o comprimento da viga.<br />

2<br />

d w<br />

= − 2<br />

dx<br />

dá:<br />

A equação diferencial que rege a <strong>de</strong>formação da viga é<br />

M<br />

EI<br />

R 6<br />

on<strong>de</strong> M é o momento flector e w o <strong>de</strong>slocamento (5.9.1)<br />

vertical no ponto consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>.<br />

A equação (5.9.1) escrita em termos <strong>de</strong> diferenças finitas no ponto i <strong>do</strong> eixo da viga<br />

2 ⎛ d w ⎞ wi−1<br />

+ wi+<br />

1<br />

⎜ ⎟ ≈ 2<br />

2<br />

⎜<br />

⎝ dx<br />

⎟<br />

⎠<br />

∆x<br />

− 2w<br />

i<br />

= −M<br />

i<br />

: EI.<br />

| | | (5.9.2)<br />

i-1 i i+1<br />

Sen<strong>do</strong> ks o coeficiente <strong>de</strong> reacção <strong>do</strong> solo e B a largura da viga <strong>de</strong> apoio no solo, a<br />

reacção <strong>do</strong> solo no ponto i será:<br />

V-53


R i = k s .B .∆x w i (5.9.3)<br />

As equações (5.9.2) só se po<strong>de</strong>m escrever, como se vê, para os pontos interiores. No<br />

caso concreto da Fig. 5.9 temos:<br />

w1 + w 3 − 2w<br />

2 M 2 w1<br />

+ w 3 − 2w<br />

2 R 1.<br />

∆x<br />

= − ⇒<br />

= −<br />

2<br />

2<br />

∆x<br />

EI ∆x<br />

EI<br />

∆ x<br />

Para R1 teremos ks .B . .w1<br />

2<br />

w 2 + w 4 − 2w<br />

3 M 3 w 2 + w 4 − 2w<br />

3 − R 1(<br />

2∆x)<br />

− R 2∆x<br />

+ P1∆x<br />

= − ⇒<br />

= −<br />

2<br />

2<br />

∆x<br />

EI ∆x<br />

EI<br />

Para R 2 teremos k s .B .∆x .w 2 .<br />

w 3 + w 5 − 2w<br />

4 M 4 w 3 + w 5 − 2w<br />

4 − R 13∆x<br />

− R 2∆x<br />

− R 3∆x<br />

+ P1<br />

2∆x<br />

= − ⇒<br />

=<br />

2<br />

2<br />

∆x<br />

EI ∆x<br />

EI<br />

Para R 3 teremos k s .B .∆x w 3<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />

(5.9.4)<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (5.9.5)<br />

w 7 +<br />

w 9 − 2w<br />

8 M 8 w 7 + w 9 − 2w<br />

8 R 9.<br />

∆x<br />

= − ⇒<br />

= −<br />

∆x<br />

EI ∆x<br />

EI<br />

V-54


∆x Para R9 teremos ks .B . w9<br />

2<br />

Temos assim 7 equações a 9 incógnitas: w 1 , w 2 , . . . , w 9 .<br />

Uma vez que os momentos, no caso figura<strong>do</strong>, são nulos nas extremida<strong>de</strong>s 1 e 9, as<br />

condições que faltam exprimem-se pelas duas equações <strong>de</strong> equilíbrio global.<br />

9<br />

∑ Ri = P1 + P2 + P3 (5.9.6)<br />

i=<br />

1<br />

∑ M i = 0 (soma <strong>do</strong>s momentos das forças R i e P 1 , P 2 e P 3 (5.9.7)<br />

em relação a qualquer ponto <strong>do</strong> espaço.)<br />

Como P 1 , P 2 e P 3 são dadas e M i se exprimem em função <strong>do</strong>s R i e estas em função<br />

<strong>do</strong>s <strong>de</strong>slocamentos w i , as equações (5.9.6) e (5.9.7) associadas às anteriores (5.9.5) <strong>de</strong>finem<br />

um sistema <strong>de</strong> 9 equações a 9 incógnitas (os w i ) que, uma vez obti<strong>do</strong>s nos permitem a<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s momentos flectores M j em qualquer secção j e também os esforços que<br />

<strong>de</strong>rivam <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s R j .<br />

A existência <strong>de</strong> computa<strong>do</strong>res PC e <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> calcular avançadas (<strong>de</strong> bolso) que<br />

permitem o cálculo directo <strong>de</strong> 9 equações a 9 incógnitas torna possível a resolução <strong>de</strong>ste tipo<br />

<strong>de</strong> problemas em qualquer situação.<br />

5.10. Sapatas sujeitas a cargas inclinadas<br />

Até agora referimos apenas sapatas sujeitas a cargas verticais, por ventura excêntricas, se<br />

houver momentos nos pilares respectivos. Porém, se as cargas forem inclinadas haverá que<br />

“absorver” a respectiva componente horizontal Hd.<br />

Essa componente horizontal é “absorvida” por uma resistência ao <strong>de</strong>slizamento horizontal<br />

<strong>de</strong>vida, por um la<strong>do</strong> a atrito e/ou a<strong>de</strong>rência na base da sapata (Rd) e por outro à pressão lateral<br />

V-55


<strong>do</strong>s solos sobre o corpo da sapata (Rpd):<br />

Hd


Se a rocha é sã (dura) e muito pouco fracturada os pilares po<strong>de</strong>m encastrar directamente nela<br />

sem precisarem <strong>de</strong> sapatas. Se, porém, a rocha é fraca e/ou fracturada há que avaliar a sua<br />

carga admissível. O EC7 (2001) apresenta o seguinte quadro <strong>de</strong> valores:<br />

Sapatas fundadas em rocha<br />

Resistência <strong>de</strong> projecto ou <strong>de</strong> cálculo à compressão simples em rochas (EC/, 2001, p. 139) em<br />

MPa = MN/m 2 (admite-se que a estrutura po<strong>de</strong> suportar assentamentos <strong>de</strong> 0,5% da largura da<br />

sapata)<br />

Grupo Descrição Muito<br />

1 Calcáreos puros e<br />

<strong>do</strong>lomites grês calcáreo<br />

<strong>de</strong> baixa porosida<strong>de</strong><br />

2 Rochas ígneas<br />

Calcáreos oolíticos<br />

Grês bem cimenta<strong>do</strong>s<br />

Rochas metamórficas<br />

incluin<strong>do</strong> xistos e<br />

ardósias (foliação<br />

plana)<br />

3 Calcáreos muito<br />

margosos, grês mal<br />

cimenta<strong>do</strong>s, xistos e<br />

ardósias (clivagem<br />

irregular)<br />

4 Grês argilosos não<br />

cimenta<strong>do</strong>s e xistos<br />

muito fractura<strong>do</strong>s<br />

fraca<br />

0.5 a 1.0<br />

0.5 a 1.0<br />

0.25 a 0.5<br />

0.1 a 0.25<br />

Fraca Mo<strong>de</strong>rada-<br />

1.0 a 1.5<br />

1 a 2.5<br />

0.5 a 2.5<br />

0.25 a<br />

0.5<br />

ment fraca<br />

1.5 a 5<br />

2.5 a 5<br />

2.5 a 5<br />

0.5 a 2.5<br />

Mo<strong>de</strong>rada-<br />

ment dura<br />

5 a 10<br />

5 a 10<br />

5 a 10<br />

2.5 a 5<br />

(Para rochas fracas e muito fracturadas <strong>de</strong>vem usar-se valores mais reduzi<strong>do</strong>s).<br />

dura<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

V-57


MUROS DE SUPORTE<br />

Definição<br />

Capítulo 6<br />

Um muro <strong>de</strong> suporte é em geral uma obra <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> terras. Um encontro <strong>de</strong> uma<br />

ponte é também uma obra <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> terras. Uma barragem é uma obra <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong><br />

água.<br />

4.1 - Soluções Construtivas e Dimensões (Fig. 6.1)<br />

Um muro <strong>de</strong> suporte po<strong>de</strong> resistir ao impulso das terras pelo seu próprio peso<br />

(muro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>, (Fig.6.1.a)) ou "mobilizan<strong>do</strong>" um certo peso <strong>de</strong> terras que funcionará<br />

solidário com o seu próprio peso (muro <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> L, (Fig.6.1.b)). Para gran<strong>de</strong>s alturas<br />

a laje vertical ("alma") <strong>do</strong> muro L viria com gran<strong>de</strong> espessura e por isso se costuma optar por<br />

um muro com nervuras transversais ou contrafortes convenientemente espaça<strong>do</strong>s, (Fig.6.1.c).<br />

Neste caso a laje vertical <strong>de</strong> retenção, (a "alma") apoia, "continuamente" nos contrafortes.<br />

Para garantir a a<strong>de</strong>rência ao terreno, os muros L (e os contrafortes) têm algumas vezes um<br />

"tacão" (Fig. (Fig.6.1.b)) que garante a mobilização <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o atrito terras-terras na base <strong>do</strong><br />

muro.<br />

Uma solução construtiva <strong>de</strong> muito interesse é o muro celular, constituí<strong>do</strong> com peças<br />

soltas que po<strong>de</strong>m ser préfabricadas em série (Fig.6.1.d).<br />

Quan<strong>do</strong> o muro <strong>de</strong> suporte é um muro-cais ou está em área permanentemente<br />

submersa não são <strong>de</strong> admitir ou não são, pelo menos, recomendáveis obras <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong><br />

betão arma<strong>do</strong> dada a possibilida<strong>de</strong> da rápida oxidação das armaduras. Por isso se usam<br />

VI-1


sempre que possível muros <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> betão simples que são justapostos e formam um<br />

muro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>.<br />

Outro tipo <strong>de</strong> obra <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> terras são os encontros <strong>de</strong> ponte. Estes po<strong>de</strong>m ser<br />

simples muros <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> (ou <strong>de</strong> alvenaria) com uma mesa <strong>de</strong> apoio para receber as<br />

vigas que constituem a estrutura principal da ponte, ou encontros <strong>do</strong> tipo "cofre" que como o<br />

nome indica são "caixas" com quatro muros <strong>de</strong> retenção: o da frente ou muro <strong>de</strong> "testa" que<br />

recebe os apoios das vigas principais; o muro <strong>de</strong> "tardós" que recebe os impulsos das terras <strong>do</strong><br />

aterro; e os muros <strong>de</strong> "ala" que retêm os cones laterais <strong>de</strong> aterro.<br />

Há ainda que referir os muros <strong>de</strong> gabiões (Fig.6.1.i e i’) que são muros constituí<strong>do</strong>s por<br />

pedras ou brita grossa “ensacada” em “sacos” ou “caixas” rectangulares <strong>de</strong> arame zinca<strong>do</strong><br />

cheias com as pedras e colocadas umas sobre as outras. O arame forma uma re<strong>de</strong> com furos<br />

<strong>de</strong> diâmetro inferior ao das pedras menores. Em ambientes agressivos como margens <strong>de</strong> rios,<br />

etc. além da zincagem o arame tem um revestimento <strong>de</strong> plástico o que é fácil <strong>de</strong> fazer<br />

imergin<strong>do</strong> a re<strong>de</strong> em plástico fun<strong>de</strong>nte.<br />

VI-2


VI-3


Fig. 6.1<br />

Por último há que referir os “muros” <strong>de</strong> “terra-armada” (Fig.6.1.j e j’).<br />

A “armadura” po<strong>de</strong> ser constituída por barretas <strong>de</strong> aço zinca<strong>do</strong> espaçadas <strong>de</strong> 0,80 a 1,5 m na<br />

horizontal e 0,20 a 1.5 m na vertical. As barretas são fixadas à face (vertical) <strong>do</strong> muro<br />

constituída por lajetas <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> pré-fabricadas, e recortadas para encaixarem umas nas<br />

outras <strong>de</strong> forma a que não haja juntas contínuas quer vertical quer horizontalmente. As<br />

barretas têm <strong>de</strong> ter um comprimento suficiente para garantirem ancoragem na parte fixa <strong>do</strong><br />

aterro que será necessariamente <strong>de</strong> solo com bom ângulo <strong>de</strong> atrito.<br />

Para mobilizar esse atrito as barretas têm saliências transversais.<br />

Em vez <strong>de</strong> uma armadura em aço, po<strong>de</strong> usar-se grelhas <strong>de</strong> geotêxtil, mas nesse caso o aterro<br />

fica muito mais <strong>de</strong>formável. Com a armadura <strong>de</strong> aço o aterro fica praticamente rígi<strong>do</strong> na zona<br />

armada. As armaduras são calculadas <strong>de</strong> forma aproximada, avalian<strong>do</strong> os impulsos das terras,<br />

que as mesmas têm <strong>de</strong> “absorver” (Bowles, 1966 pág. 670)<br />

VI-4


As dimensões <strong>de</strong> um muro são obtidas <strong>de</strong> início a partir <strong>de</strong> obras já existentes<br />

estáveis. Seguidamente são feitos cálculos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> "exterior" ou "global" e "interior"<br />

ou "local" para confirmação e avaliação <strong>de</strong> armaduras no caso <strong>do</strong>s muros <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong>.<br />

6.2 - Forças Solicitantes (Fig. 6.2)<br />

As forças solicitantes são essencialmente constituídas pelos impulsos <strong>do</strong> aterro no<br />

tardós <strong>do</strong> muro.<br />

No caso <strong>de</strong> haver tráfego há que consi<strong>de</strong>rar cargas concentradas das rodas <strong>do</strong>s veículos<br />

no topo <strong>do</strong> terrapleno, as quais algumas vezes são substituídas por cargas distribuídas<br />

"estaticamente equivalentes".<br />

Haven<strong>do</strong> a hipótese <strong>de</strong> o terrapleno ser inunda<strong>do</strong> e não haven<strong>do</strong> saída imediata das<br />

águas através <strong>de</strong> "barbacãs" B (Fig.6.2), há que tomar em conta o impulso hidrostático <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

às águas retidas.<br />

Fig. 6.2<br />

Como esse impulso é fortemente <strong>de</strong>sfavorável à estabilida<strong>de</strong>, colocam-se muitas vezes<br />

drenos ( CD) <strong>de</strong> forma a garantir a drenagem. Porém, esses drenos terão <strong>de</strong> ter granulometria<br />

VI-5


apropriada, isto é, têm <strong>de</strong> satisfazer as "condições <strong>de</strong> filtro" (*ver um livro <strong>de</strong> Mecânica <strong>do</strong>s Solos),<br />

pois <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong> serão obstruí<strong>do</strong>s.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, nos muros-cais há que contar sempre com uma diferença <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong><br />

água <strong>de</strong>ntro e fora <strong>do</strong> aterro, <strong>de</strong>vida ao efeito da maré. Para eles há ainda que contar com os<br />

esforços <strong>de</strong> tracção das amarras <strong>do</strong>s navios nos cabeços <strong>de</strong> amarração que são da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

1000 a 2000 kN por cabeço ou <strong>de</strong> 400 kN/m corrente <strong>de</strong> muro-cais. Por outro la<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

haja circulação <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> aterro haverá forças <strong>de</strong> percolação que são forças <strong>de</strong> massa<br />

proporcionais ao gradiente hidráulico. Essas forças, são em geral apenas estimadas.<br />

No caso <strong>do</strong>s encontros <strong>de</strong> ponte há que contar com todas essas forças e ainda com as<br />

reacções <strong>do</strong>s aparelhos <strong>de</strong> apoio que além <strong>de</strong> forças normais (verticais) têm forças<br />

horizontais: frenagem, lacete e forças <strong>do</strong> vento no tabuleiro e no combóio.<br />

6.3 - Avaliação das Forças Solicitantes<br />

Para o caso <strong>do</strong>s impulsos <strong>de</strong> terras damos aqui por reproduzi<strong>do</strong>s os capítulos<br />

correspon<strong>de</strong>ntes da disciplina <strong>de</strong> “Geotecnia” ou “Mecânica <strong>do</strong>s Solos”. Quanto às forças<br />

transmitidas pelos apoios damos também aqui por reproduzidas todas as consi<strong>de</strong>rações feitas<br />

numa disciplina <strong>de</strong> Pontes e que constam <strong>do</strong> Regulamento <strong>de</strong> Segurança e Acções em<br />

Edifícios e Pontes (RSA). Os interessa<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rão ler esse regulamento e nos casos omissos<br />

(pontes-cais, etc.) consultarem regulamentos estrangeiros.<br />

Consultar também o EC7 (pré-norma, versão portuguesa, 1994 p. 107 e seguintes). As cargas<br />

a consi<strong>de</strong>rar são os impulsos <strong>do</strong> aterro com as sobrecargas, impulsos da água, forças <strong>de</strong> ondas<br />

e acções <strong>do</strong>s apoios (pontes etc.).<br />

6.4 - Pressão lateral <strong>de</strong>vida a cargas concentradas no terrapleno, obtida pela Teoria da<br />

Elasticida<strong>de</strong> (Bowles, 1968, pp. 355/359)<br />

(Vidé também Poulos (1974, p.16)<br />

Tensões no hemi-espaço elástico (da teoria da elasticida<strong>de</strong>):<br />

VI-6


σ<br />

xx<br />

2<br />

P ⎛ 2 3 ( 1−<br />

2υ<br />

) cos θ ⎞<br />

= ⎜<br />

⎜3sen<br />

θ cos θ −<br />

⎟<br />

2<br />

2πz<br />

⎝<br />

1+<br />

cosθ<br />

⎠<br />

σ<br />

θ<br />

Fig.6.4.1<br />

admitin<strong>do</strong> que o muro não provoca perturbações no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> tensão <strong>do</strong> maciço.<br />

temos<br />

σ<br />

xx<br />

=<br />

Para υ = 0,5 (coeficiente <strong>de</strong> Poisson) e x = mH; z = nH<br />

H<br />

2<br />

2 2<br />

3Pm<br />

n<br />

2<br />

2π<br />

( m + n<br />

2<br />

)<br />

5 / 2<br />

σ<br />

σ<br />

σ<br />

(6.4.1)<br />

(6.4.2)<br />

para pontos no plano POO'. fazen<strong>do</strong> ajustes a valores medi<strong>do</strong>s, Sprangler (1936) encontrou:<br />

ou seja<br />

Para m > 0,4<br />

σ xx = 1,77 P m2 x n 2<br />

H2 (m2 + n2)3<br />

Valores "práticos" ajusta<strong>do</strong>s a valores medi<strong>do</strong>s (Bowles, 1968, pp. dito).<br />

Para m < 0,4 toma-se σxx = (σxx)m=0,4<br />

σ xx =<br />

P x 0,28 n2<br />

H 2 (0,16 + n 2 ) 3<br />

(6.4.3)<br />

(6.4.4)<br />

VI-7


Para pontos fora <strong>do</strong> plano vertical POO', <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pelo ângulo α (e pela cota z) temos:<br />

σ' xx = σxx cos 2 α (6.4.5)<br />

Para o caso <strong>de</strong> uma carga linear (kN/m) teríamos teoricamente: (Poulos 1974, pp. 26):<br />

Fig. 6.4.2<br />

2 q m<br />

σxx =<br />

πH<br />

2 n<br />

(m2 + n2 ) 2 para pontos no plano qOO' (Fig. 6.4.2). (6.4.6)<br />

Esta fórmula ajustada para valores medi<strong>do</strong>s (Bowles, 1977) daria para m > 0,4,<br />

segun<strong>do</strong> Terzaghi:<br />

isto é<br />

2q m<br />

σxx =<br />

πH<br />

2 n<br />

(m2 + n2 ) 2 (6.4.7)<br />

Para m < 0,4, teríamos<br />

σ xx = q<br />

H<br />

0,203 n<br />

(0,16+ n2 ) 2 (6.4.8)<br />

σ xx = (σ xx ) m=0,4<br />

VI-8


à Fig. 6.4.3)<br />

σ<br />

xx<br />

Para cargas uniformemente distribuídas (<strong>de</strong> comprimento infinito, perpendicularmente<br />

σ<br />

β<br />

Fig. 6.4.3)<br />

Terzaghi apresenta (admitin<strong>do</strong> o paramento rígi<strong>do</strong>) o seguinte valor<br />

2<br />

2<br />

2<br />

( β + senβsen<br />

α − senβ<br />

cos α ) 2 p(<br />

β − β cos α )<br />

2 p<br />

sen<br />

= ≡<br />

(6.4.9)<br />

π<br />

π<br />

que é o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> que é apresenta<strong>do</strong> por Poulos, (pp. 36 "infinite strip" no hemiespaço<br />

elástico). Não se saben<strong>do</strong> qual <strong>do</strong>s valores é o mais rigoroso po<strong>de</strong>r-se-à tomar a média <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is.<br />

Para cargas em áreas <strong>de</strong> forma irregular usam-se gráficos semelhantes aos <strong>de</strong><br />

Newmark (Fig. 4.1.2), mas para tensões horizontais σ xx (Poulos, 1974).<br />

6.5 - Projecto <strong>de</strong> Muros <strong>de</strong> Suporte<br />

6.5.1 - Estabilida<strong>de</strong> Exterior (Fig. 6.5.1)<br />

VI-9


Ι<br />

Fig. 6.5.1<br />

Designa-se por estabilida<strong>de</strong> "exterior" a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> muro como um to<strong>do</strong>. No<br />

âmbito da estabilida<strong>de</strong> exterior uma das verificações a realizar refere-se à segurança contra o<br />

"<strong>de</strong>rrubamento" ou rotação em torno da aresta A (Fig. 6.5.1). Admitin<strong>do</strong> que as terras não<br />

resistem à tracção, o momento <strong>de</strong> peso próprio W <strong>do</strong> muro mais as terras a<strong>de</strong>rentes (prisma<br />

DCFE) terá <strong>de</strong> ser maior que o momento <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à força <strong>de</strong> impulso activo I a , momentos esses<br />

calcula<strong>do</strong>s em relação à aresta A.<br />

Há ainda um impulso I p oposto ao primeiro <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao facto <strong>de</strong> que o muro tem, em<br />

geral, a sua base enterrada a certa profundida<strong>de</strong> h'. Não é, porém, recomendável contar com<br />

esse impulso uma vez que por via <strong>de</strong> regra essas terras na frente <strong>do</strong> muro po<strong>de</strong>m ser<br />

removidas por exemplo para instalação <strong>de</strong> canalizações ou logo aquan<strong>do</strong> da construção <strong>do</strong><br />

muro ter si<strong>do</strong> feito o aterro no tardós <strong>do</strong> muro antes <strong>de</strong> se aterrar na frente como seria <strong>de</strong> boa<br />

regra construtiva.<br />

Os momentos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s ao peso próprio e terras a<strong>de</strong>rentes (Me) dizem-se<br />

"estabiliza<strong>do</strong>res" e os momentos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s ao impulso activo, ao impulso da água no tardós e<br />

gradientes hidráulicos, dizem-se "<strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>res".<br />

O coeficiente F sd <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>rrubamento <strong>de</strong>fine-se pelo coeficiente:<br />

ω<br />

Ι<br />

VI-10


on<strong>de</strong><br />

F sd =<br />

ΣM<br />

ΣM<br />

e<br />

d<br />

Σ M e é a soma <strong>do</strong>s momentos estabiliza<strong>do</strong>res e<br />

Σ M d a soma <strong>do</strong>s momentos <strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>res (em relação à aresta A).<br />

Em geral para haver estabilida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>rrubamento exige-se que<br />

F sd > 1,5<br />

(6.5.1)<br />

Note-se que nos valores <strong>do</strong>s M d tem particular importância não só a largura da base B,<br />

mas também o ângulo α <strong>de</strong> inclinação <strong>do</strong> impulso I a em relação à horizontal que não é,<br />

necessariamente, igual ao ângulo <strong>de</strong> talu<strong>de</strong> ω, como prevê a teoria <strong>de</strong> Rankine. Po<strong>de</strong> até<br />

acontecer que o muro, sobretu<strong>do</strong> se for <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> e o solo <strong>de</strong> fundação for<br />

compressível, <strong>de</strong>sça em relação ao aterro no seu tardós, caso em que α seria negativo e os M d<br />

seriam substancialmente agrava<strong>do</strong>s.<br />

6.5.2)<br />

Outra verificação a realizar é a <strong>de</strong> segurança ao "<strong>de</strong>slizamento" na base <strong>do</strong> muro (Fig.<br />

β<br />

Fig. 6.5.2<br />

Assim, o ângulo β, que a resultante <strong>do</strong> impulso e <strong>do</strong> peso próprio <strong>do</strong> muro (mais as<br />

terras retidas ou "a<strong>de</strong>rentes" se as houver) faz com a normal à base, não possa ser superior ao<br />

ângulo <strong>de</strong> atrito entre as terras e a base <strong>do</strong> muro, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> haver um coefiiciente <strong>de</strong> segurança<br />

F se , tal que<br />

F se x tg β < tg δ (6.5.2)<br />

on<strong>de</strong> δ < φ' (em geral toma-se δ = 2<br />

φ') é o<br />

3<br />

VI-11


ângulo <strong>de</strong> atrito entre a base <strong>do</strong> muro (betão, alvenaria, etc.) e os solos <strong>de</strong> contacto.<br />

F se = coeficiente <strong>de</strong> segurança ao "<strong>de</strong>slizamento" >1,5.<br />

No caso <strong>de</strong> existir "tacão" na base <strong>do</strong> muro a superfície <strong>de</strong> corte na base será entre<br />

terras-terras e portanto δ = φ' = ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>do</strong> solo.<br />

Se o solo da fundação tiver coesão e se for admissível contar com a<strong>de</strong>rência entre a<br />

base e o solo ou se existir tacão, o coeficiente <strong>de</strong> segurança<br />

B<br />

∫<br />

τ'<br />

ds<br />

0<br />

Fse = =<br />

R senβ<br />

s<br />

B<br />

(<br />

∫<br />

0<br />

c'+<br />

σ tgδ)<br />

ds<br />

R senβ<br />

(6.5.3)<br />

on<strong>de</strong> R sen β é a componente horizontal das forças <strong>de</strong> acção, ∫ ( c'+<br />

σ tgδ)<br />

ds é a força<br />

resistente horizontal, c' é a coesão ou a<strong>de</strong>rência, σ é a tensão normal no contacto solo-base <strong>do</strong><br />

muro, δ é o coeficiente <strong>de</strong> atrito base-solo e ds o elemento <strong>de</strong> segmento na base.<br />

Além <strong>de</strong>stas duas verificações <strong>de</strong> segurança é necessário verificar a segurança em<br />

relação a <strong>de</strong>slizamento geral ao longo <strong>do</strong> arco JKL (Fig. 6.5.1) ou <strong>de</strong> outro que dê menor<br />

coeficiente <strong>de</strong> segurança. Para esse cálculo usa-se o méto<strong>do</strong> das fatias (Fellenius, Bishop ou<br />

outro).<br />

Além <strong>de</strong>stas verificações, se o solo na base <strong>do</strong> muro for mau (ângulo <strong>de</strong> atrito menor<br />

que 27° e coesão menor ou igual a 0,01 Mpa), convirá também fazer uma verificação da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga pela fórmula:<br />

q ult = c N c k c + pN q k q + (B/2)γ N γ k γ (6.5.4)<br />

on<strong>de</strong>, como sabemos, p= γ h' e os k são produtos <strong>de</strong> factores para ter em conta a forma s, a<br />

inclinação da carga i, a profundida<strong>de</strong> da base, a inclinação <strong>do</strong> terreno e a inclinação da base <strong>de</strong><br />

apoio no solo da fundação. neste caso, s = 1 e os outros factores são também iguais a 1<br />

excepto o da inclinação e excentricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga e eventualmente o que é <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

profundida<strong>de</strong>, o qual, todavia, não será nunca muito maior que a unida<strong>de</strong>.<br />

B<br />

0<br />

VI-12


Para este caso qult <strong>de</strong>verá ser superior à tensão normal máxima σ, na aresta mais comprida,<br />

calculada a partir <strong>do</strong> peso próprio <strong>do</strong> muro e terras a<strong>de</strong>rentes e <strong>do</strong>s impulsos Ia e,<br />

eventualmente, Ip.<br />

Em relação com a estabilida<strong>de</strong> “exterior” <strong>do</strong>s muros <strong>de</strong> suporte o EC 7 (2001) consi<strong>de</strong>ra<br />

coeficiente parciais <strong>de</strong> segurança e, portanto, para o cálculo <strong>do</strong>s impulsos activo e passivo<br />

seriam usa<strong>do</strong>s ângulos <strong>de</strong> atrito e coesão <strong>de</strong> projecto tgφ’d = tg φ’/1,25 e c’d = c’/1,25. Nestas<br />

condições o impulso activo, viria automaticamente majora<strong>do</strong> e o passivo reduzi<strong>do</strong>. Também o<br />

peso próprio <strong>do</strong> muro e terras a<strong>de</strong>rentes que é favorável à estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser reduzi<strong>do</strong><br />

pelo factor 0,9 enquanto que alguma possível sobrecarga no terraplano <strong>de</strong>veria ser majorada<br />

<strong>do</strong> factor 1,50.<br />

É claro que nestas condições os coeficientes <strong>de</strong> segurança (6.5.1) e (6.5.2) já po<strong>de</strong>riam tomar<br />

o valor 1,0, como mínimo.<br />

Usan<strong>do</strong> esses mesmos ângulos <strong>de</strong> atrito e coesão <strong>de</strong> projecto φ’d e c’d em (6.5.3) obteríamos<br />

um valor qd em vez <strong>de</strong> qult, o qual seria compara<strong>do</strong> com a tensão média na base da fundação<br />

proveniente pelo próprio e terras a<strong>de</strong>rentes e <strong>do</strong>s impulsos Ia.<br />

O EC7 chama a atenção para o facto <strong>de</strong> em vez <strong>de</strong> um impulso activo po<strong>de</strong>rmos ter um<br />

impulso <strong>de</strong> terras em repouso que, é superior ao activo, se o muro não pu<strong>de</strong>r ter<br />

<strong>de</strong>slocamentos horizontais significativos para aliviar a pressão <strong>de</strong> terras no seu tardós. O<br />

coeciente <strong>de</strong> impul<strong>do</strong>, todavia, não ultrpassará K0, (impulso <strong>de</strong> terras em repouso).<br />

Quanto à estabilida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>slizamento geral o EC7 consi<strong>de</strong>ra além das superfícies circulares,<br />

outras não circulares <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento. Embora com algumas dificulda<strong>de</strong>s, há méto<strong>do</strong>s das<br />

fatias que se po<strong>de</strong>m aplicar a estas superfícies <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento como se verá no capítulo<br />

relativo à estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s (Morgensten and price, 1965 a 1967, Spencer, 1973, Janbu,<br />

1955, Martins, 1979).<br />

Acções Sísmicas<br />

A forma mais simples <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar as acções sísmicas são os chama<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s “pseu<strong>do</strong>-<br />

estáticos” que supõem aplicadas ao muro e terras a<strong>de</strong>rentes as forças <strong>de</strong> inércia. Essas forças<br />

são obtidas multiplican<strong>do</strong> o peso <strong>do</strong> muro e terras a<strong>de</strong>rentes W, por factores adimensionais<br />

<strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s por coeficientes sísmicos, os quais representam a razão da componente respectiva<br />

<strong>de</strong> aceleração sísmica pela aceleração da gravida<strong>de</strong>. Por ex., um coeficiente sísmico<br />

VI-13


horizontal kh = 0,2 significa que a acção <strong>do</strong> sismo dá origem a uma força <strong>de</strong> inércia horizontal<br />

<strong>de</strong> 0,2 W, aplicada no centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da massa em causa.<br />

De mo<strong>do</strong> análogo se consi<strong>de</strong>ra a componente vertical da acção sísmica à qual correspon<strong>de</strong> um<br />

coeficiente sísmico vertical kv.<br />

É claro que as acções sísmicas mudam <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> muitas vezes durante o sismo. A<br />

componente horizontal <strong>de</strong> aceleração sísmica só é <strong>de</strong>sfavorável à estabilida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> actua<br />

no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> tardós para a frente <strong>do</strong> muro. Quanto à componente vertical kv W, pelo que diz<br />

respeito a momentos <strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>res e à estabilida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>slizamento horizontal, ela é<br />

<strong>de</strong>sfavorável quan<strong>do</strong> actua para cima, alivian<strong>do</strong> o peso <strong>do</strong> muro.<br />

Um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> cálculo vulgar, que surge associa<strong>do</strong> à teoria <strong>de</strong> Coulomb para impulso <strong>de</strong><br />

terras, é o <strong>de</strong> Mononobe-Okabe. Esse méto<strong>do</strong> para ter em conta a acção sísmica roda o<br />

sistema muro-terras <strong>de</strong> um ângulo θ = arc tg kh /(1+-kv).<br />

Porém este artifício <strong>de</strong> cálculo não trás vantagens quan<strong>do</strong> se usa a teoria da Rankine <strong>de</strong><br />

impulso <strong>de</strong> terras e as forças kv W e kv W que actuam junto com o peso próprio po<strong>de</strong>m ser<br />

consi<strong>de</strong>radas directamente nos cálculos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> exterior e interior <strong>do</strong> muro.<br />

6.5.2 - Estabilida<strong>de</strong> Interior<br />

A estabilida<strong>de</strong> interior diz respeito às armaduras (e dimensões mínimas nas espessuras) se o<br />

muro é <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong>. Se o muro é <strong>de</strong> alvenaria diz respeito às tensões nas alvenarias que,<br />

em geral, terão <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> compressão, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> em condições excepcionais, admitir-se redução<br />

na secção <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a tensão na aresta mais comprida continue suficientemente baixa.<br />

Vejamos o caso <strong>do</strong> muro L <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> da Fig. 6.5.2.1. A laje vertical trabalha<br />

encastrada na base e sujeita ao impulso das terras que tem, como sabemos, distribuição<br />

triangular ou trapezoidal. Os momentos flectores são <strong>de</strong>terminantes quer das armaduras quer<br />

das espessuras. Em particular M max <strong>de</strong>terminará a espessura máxima d.<br />

VI-14


Fig. 6.5.2.1<br />

Como os momentos crescem rapidamente (com o cubo <strong>de</strong> z) em profundida<strong>de</strong>, por<br />

razões <strong>de</strong> economia convirá interromper ferros a 1/2 ou 1/3 e 2/3 da altura.<br />

O trecho CC' da base calcula-se encastra<strong>do</strong> em A'C' e sujeito ao diagrama <strong>de</strong> pressões<br />

no terreno (a b c d, Fig. 6.5.2.1). Esse diagrama resulta da componente normal N da resultante<br />

R, cujo ponto P <strong>de</strong> intercepção com a base se conhece, e pela hipótese <strong>de</strong> linearida<strong>de</strong> da<br />

distribuição <strong>de</strong> tensões que advém da elasticida<strong>de</strong> linear admitida para o solo e da rigi<strong>de</strong>z<br />

infinita admitida para a base <strong>do</strong> muro. Po<strong>de</strong>r-se-ia <strong>de</strong>duzir <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> pressões abcd o<br />

peso das terras por cima <strong>de</strong> AA'; como antes dissemos essas terras po<strong>de</strong>m vir a ser removidas<br />

e portanto é melhor não contar com elas.<br />

VI-15


O trecho B'B da laje na base <strong>do</strong> muro calcula-se encastra<strong>do</strong> em B'D' e com um<br />

diagrama <strong>de</strong> cargas que é a diferença entre o peso <strong>do</strong> prisma <strong>de</strong> terras sobrejacentes à laje<br />

BB' (prisma BB' MN) e o diagrama <strong>de</strong> pressões <strong>de</strong> contacto na face inferior, previamente<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelo valor, inclinação e ponto <strong>de</strong> aplicação P da resultante R (Fig. 6.5.2.2). Vê-se<br />

assim que enquanto na frente <strong>do</strong> muro as armaduras principais em AA' <strong>de</strong>vem andar por<br />

baixo (CC'), na parte <strong>de</strong> tardós da laje da base as armaduras principais <strong>de</strong>vem andar por cima<br />

(BB'). Porém, dadas as irregularida<strong>de</strong>s que sempre existem no terreno <strong>de</strong> fundação colocam-<br />

se sempre armaduras “corridas” nas faces inferior e superior e as armaduras <strong>de</strong> distribuição<br />

(longitudinais) <strong>de</strong>vem ter valores algo superiores aos mínimos regulamentares. É que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

também a heterogeneida<strong>de</strong>s inevitáveis, há sempre momentos flectores no plano vertical,<br />

funcionan<strong>do</strong> o muro como uma gran<strong>de</strong> viga T (invertida).<br />

Fig. 6.5.2.2<br />

No caso <strong>de</strong> um muro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> (<strong>de</strong> blocos, por exemplo) a verificação da<br />

estabilida<strong>de</strong> "interior" traduz-se pelo cálculo <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>slizamento (e<br />

<strong>de</strong>rrubamento) a vários níveis, uma vez que os blocos se apoiam simplesmente uns sobre os<br />

outros e, se o muro for <strong>de</strong> alvenaria esta, em geral, supõe-se não resistente à tracção.<br />

θ<br />

VI-16


Fig. 6.5.2.3<br />

6.5.3 Muros com gigantes ou contrafortes (Fig. 6.5.3.1)<br />

O cálculo da estabilida<strong>de</strong> "exterior" é igual ao <strong>do</strong>s muros trata<strong>do</strong>s anteriormente só que<br />

agora não será feito por metro "corrente" <strong>de</strong> muro mas sim para um comprimento <strong>de</strong> muro<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao espaçamento 1 entre contrafortes, incluin<strong>do</strong>-se o peso próprio <strong>do</strong><br />

respectivo contraforte.<br />

A laje vertical supõe-se, em geral, como continuamente apoiada nos contrafortes e,<br />

bem assim, a laje da base. Esta supõe-se encastrada também na laje vertical e vice-versa. Os<br />

contrafortes consi<strong>de</strong>ram-se como "vigas" em balanço com espaçamento l e vão H encastradas<br />

na base, sujeitas ao impulso <strong>de</strong> terras.<br />

Os diagramas <strong>de</strong> momentos flectores na laje vertical são complexos, porque essa laje<br />

está sujeita a uma carga distribuida triangular ou trapezoidal.<br />

Bowles (1968) pp. 324/326 tem tabelas para o cálculo <strong>de</strong> esforços (momentos<br />

flectores) em lajes encastradas em três la<strong>do</strong>s e livres no quarto la<strong>do</strong>, que seria o caso da laje<br />

da base e da laje vertical.<br />

Ι<br />

Ι<br />

VI-17


t<br />

t<br />

t<br />

t<br />

Fig. 6.5.3.1<br />

Exemplo: Verificar a estabilida<strong>de</strong> exterior <strong>do</strong> muro <strong>de</strong> contrafortes da Fig. (6.5.3.2) e<br />

dimensionar as armaduras. Peso específico <strong>do</strong> solo <strong>de</strong> aterro 19 kN/m 3 , ângulo <strong>de</strong> atrito φ =<br />

36°. (O solo é uma areia). Betão B 25, aço A 400ER. O solo da fundação <strong>do</strong> muro tem as<br />

características indicadas no perfil.<br />

t<br />

VI-18


Verificação da estabilida<strong>de</strong> exterior:<br />

t<br />

t<br />

a) Estabilida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>rrubamento<br />

Fig. 6.5.3.2<br />

KA = tg2 ⎜<br />

⎝ ⎛ ⎞<br />

45° - ⎟<br />

⎠<br />

36<br />

= 0,26 (Rankine)<br />

2<br />

P A = I = 1<br />

2 x 19 x 122 x 0,26 = 356 kN/m<br />

Momento <strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>r (em relação a A) Md = 355,7 x 12<br />

3<br />

t<br />

= 1423 kN/m<br />

Forças estabiliza<strong>do</strong>ras: terras retidas, pp. da laje vertical, pp. da laje da base.<br />

Cálculo <strong>do</strong>s momentos estabiliza<strong>do</strong>res:<br />

VI-19


laje vertical V 1<br />

solo reti<strong>do</strong> V 2<br />

laje da base V 3<br />

Força/m braço (m) momento (kN m/m)<br />

72,9<br />

909,9<br />

138,4<br />

1,60<br />

4,05<br />

6,15/2<br />

116,6<br />

3685,0<br />

425,5<br />

Σ V i = 1121 kN/m Σ M e = 4227 kN m/m<br />

4227<br />

Fsd = = 2,97<br />

1423<br />

O.K.<br />

(Despreza-se o impulso “passivo” na frente <strong>do</strong> muro por se admitir que durante a vida da<br />

estrutura as terras po<strong>de</strong>rão alguma vez ser retiradas).<br />

b) Estabilida<strong>de</strong> ao escorregamento na base<br />

Vamos admitir que a a<strong>de</strong>rência <strong>do</strong> betão ao solo é 0,5 da coesão:<br />

c' = 0,5 x c = 0,5 x q u<br />

2 = 0,05 kgf/cm 2 = 5 kN/m 2<br />

Para atrito entre o betão e o solo tomamos φ' = 2/3 φ = (2/3) 15° = 10°<br />

Então, se não houver "tacão" no muro, a resistência ao escorregamento será:<br />

F H = V tg φ' + c' B = 1121 tg 10° + 5 kN/m2 x 6,15 m = 228 kN/m<br />

Esta resistência é insuficiente uma vez que a componente horizontal da resultante,<br />

neste caso igual ao impulso <strong>do</strong> aterro, é igual a 353 kN/m.<br />

10 kN/m 2<br />

Torna-se pois, necessário construir o "tacão" e nesse caso φ' = φ = 15° e c' = c = q u<br />

2 =<br />

Então F H = 1121 x tg 15° + 10 x 6,15 = 362 kN/m<br />

Esta resistência não era ainda tranquiliza<strong>do</strong>ra e talvez houvesse que garantir por meios<br />

construtivos que as terras na frente <strong>do</strong> muro não seriam retiradas, nem o aterro no tardós<br />

executa<strong>do</strong> antes da cobertura da fundação na frente <strong>do</strong> muro. Também o solo sob a base <strong>do</strong><br />

muro <strong>de</strong>veria ser substitui<strong>do</strong> por solo com bom angulo <strong>de</strong> atrito.<br />

Note-se no entanto, que o próprio tacão ou <strong>de</strong>nte, ten<strong>do</strong> uma certa profundida<strong>de</strong> abaixo<br />

<strong>do</strong> plano da base <strong>do</strong> muro, garante sempre a mobilização <strong>de</strong> impulso "passivo" na sua frente.<br />

Além disso, nos cálculos ignorou-se o pp. <strong>do</strong>s contrafortes toman<strong>do</strong>-se em seu lugar o peso <strong>de</strong><br />

VI-20


um volume igual <strong>de</strong> terras, uma vez que o cálculo foi feito por metro corrente. A diferença<br />

porém, é pequena, mas po<strong>de</strong>mos calculá-la:<br />

∆V = 4,20<br />

2<br />

3<br />

( 12,<br />

00 − 0,<br />

90 −1,<br />

50)<br />

x0,<br />

50x(<br />

24 −19)<br />

kN / m<br />

= 6,72 kN/m<br />

(<strong>de</strong>sprezável)<br />

Também po<strong>de</strong>ríamos calcular o impulso "passivo" mobilizável na frente <strong>do</strong> muro, se<br />

as terras ali forem mantidas. Teríamos:<br />

Kp = 1<br />

=<br />

Ka 1<br />

0,26 = 3,846 ⇒ I 1<br />

p =<br />

2 x 19 x (1,20 m)2 x 3,846 = 52,6 kN/m<br />

Este impulso se <strong>de</strong> facto fosse mobilizável já daria um factor <strong>de</strong> segurança ao<br />

escorregamento na base:<br />

F se =<br />

362 + 526<br />

353<br />

= 1,2<br />

Este factor aumentaria ainda se na frente e por baixo <strong>do</strong> muro o solo inicial, que é mau,<br />

fosse substituí<strong>do</strong> por areia ou material granular qualquer (por exemplo escórias, restos <strong>de</strong><br />

construção, "tout venant" <strong>de</strong> pedreiras, etc.). Era uma medida "construtiva" que se <strong>de</strong>via<br />

tomar neste caso, além, naturalmente da construção <strong>do</strong> <strong>de</strong>nte ou tacão.<br />

Observa-se que se usarmos os coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> EC7 (2001) teremos <strong>de</strong><br />

obter o ângulo <strong>de</strong> cálculo φ’d tal que tg φ’d=( tgφ’)/1,25, φ’d=arctg(tg36º/1,25)=30º.2, ou seja<br />

1 2<br />

KAd=(1-sen φd)/(1+sen φd)=0,331 o que implica PAd<br />

= Id<br />

= . 19,<br />

12 x0,<br />

331 = 453kN<br />

/ m.<br />

2<br />

Então o momento <strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>r <strong>do</strong> projecto será:<br />

12<br />

Mdd=453x =1877 kNm/m. Por outro la<strong>do</strong> os pesos próprios, que são favoráveis à<br />

3<br />

estabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vem ser reduzi<strong>do</strong>s pelo factor 0,9, o que dará um momento estabiliza<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

cálculo:<br />

Med=4227 x 0,9 = 3,804 kN m/m.<br />

Portanto, o factor <strong>de</strong> segurança será:<br />

VI-21


F sd<br />

=<br />

3804<br />

1877<br />

=<br />

2,<br />

03<br />

> 1<br />

Quanto ao escorregamento na base, mesmo com tacão teríamos tgφ’d=tg15º/1,25 = φ’d=12º,1.<br />

Então a força resistente na base seria:<br />

Rb = 1121 x 0,9 x tg 12º,1 x (10kN/m 2 /1,25) x 6,15 = 266 kN/m.<br />

Este valor é bastante inferior a Id = 453 Kn/m acima calcula<strong>do</strong> e por isso o muro não seria<br />

estável ao escorregamento na base. Vejamos o que se passa se contarmos com o impulso<br />

passivo das terras na frente <strong>do</strong> muro e <strong>do</strong> tacão. Para isso, como se disse, o terreno argiloso<br />

teria <strong>de</strong> ser substituí<strong>do</strong> por solo granular <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>. Teríamos então:<br />

K<br />

p d<br />

1<br />

1<br />

2<br />

= = 3,<br />

021 ⇒ I pd = x19x(<br />

1,<br />

20)<br />

x3,<br />

020 = 41,<br />

3kN<br />

/ m .<br />

0,<br />

331<br />

2<br />

Mesmo soman<strong>do</strong> este valor com o atrito e coesão na base viria:<br />

R’bd=266+41=307 kN/m que ainda seria inferior ao impulso calcula<strong>do</strong>: Id = 453 kN.<br />

Vemos, pois, que o cálculo com coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança é mais favorável e que, em<br />

qualquer caso, para garantir a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> muro os solos argilosos da base à frente teriam<br />

<strong>de</strong> ser substituí<strong>do</strong>s por solos granulares <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.<br />

c) Estabilida<strong>de</strong> em relação à rotura <strong>do</strong>s solos na base (afundamento)<br />

q ult = c N c s c i c d c + p N q s q i q d q + B<br />

2 γ N γ s γ i γ d γ<br />

Usamos Versic = EC 7 (2001)<br />

N q = K p exp(π tg 15°) Kp = tg 2 (45° + 15°/2) _ N q = 3,94<br />

sc = 1 , iq = ⎜<br />

⎝ ⎛<br />

353<br />

⎞<br />

1 -<br />

1121 + 6,15 x 1 x 10 kN/m<br />

⎟<br />

⎠ 2 cotg 15° 2 = 0,74<br />

VI-22


N c = (N q - 1)cotg φ = 10,972, i c = 0,74 -<br />

1 - 0,74<br />

= 0, 652<br />

3,94 - 1<br />

s q =1, d c = 1 + 0,4 1,20<br />

6,15 = 1,087, d q = 1+2tgφ(1-senφ)2 1,20/6,15 = 1,057<br />

p = 19 x 1,20 = 22,8 kN/m 2<br />

s γ = 1, i γ = (i q ) 3/2 = 0,74 3/2 = 0,6367, d γ = 1<br />

q ult = 10 kN/m 2 x 10,972 x 1 x 0,652 x 1,078 + 22,8 x 3,94 x 1 x 0,74 x 1,057 +<br />

6,15<br />

2 x 19 kN/m3 x 2 (3,94 + 1)tg 15º x 1 x 0,6367 x 1 = 245,86 kN/m 2<br />

Q ult = 245,86 x 6,15 = 1511,9<br />

F s = 1511,9<br />

1121<br />

= 1,35<br />

Este coeficiente <strong>de</strong> segurança é baixo e mostra que é indispensável fazer um cálculo <strong>de</strong><br />

estabilida<strong>de</strong> em relação ao <strong>de</strong>slizamento geral, admitin<strong>do</strong>, como em geral se admite, uma<br />

superfície cilíndrica <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> directriz circular e generatrizes paralelas ao "eixo"<br />

(comprimento) <strong>do</strong> muro. Relegamos esse cálculo para o capítulo <strong>de</strong> "Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Talu<strong>de</strong>s".<br />

O uso <strong>de</strong> coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança (EC7) também daria um coeficiente <strong>de</strong> segurança<br />

ao “afundamento” muito baixo:<br />

10<br />

2<br />

c'd = = 8kN<br />

/ m φ'd<br />

= 12,<br />

1º<br />

1,<br />

25<br />

2<br />

N q = K p exp( πtg12,<br />

1)<br />

K p = tg ( 45º<br />

+ 12,<br />

1/<br />

2)<br />

⇒ N q =<br />

s<br />

c<br />

=<br />

1,<br />

i<br />

q<br />

⎛<br />

= ⎜<br />

⎜1−<br />

⎝ 1121+<br />

356<br />

6,<br />

15x1x8kN<br />

/ m<br />

2<br />

cot g12º<br />

, 1<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

2<br />

3,<br />

00<br />

=<br />

0,<br />

542<br />

VI-23


N c = ( N q −1)<br />

cot gφ'=<br />

9,<br />

329,<br />

ic<br />

=<br />

s q = 1 d c = 1+<br />

0<br />

d<br />

q<br />

, 4<br />

1,<br />

20<br />

6<br />

, 15<br />

= 1,<br />

087<br />

0,<br />

542<br />

2 1,<br />

20<br />

= 1+<br />

2tg12º<br />

, 1(<br />

1−<br />

sen12,<br />

1)<br />

x = 1,<br />

052<br />

6,<br />

15<br />

sr=1, iγ=(iq) 3/2 = 0.399, dγ =1<br />

qd=8kN/m 2 x9,329x1x1,087x<br />

−<br />

1−<br />

0,<br />

542<br />

3,<br />

00 −1<br />

=<br />

0,<br />

313<br />

0,313+22,8x3,00x1x1,052x0,542+6,15x0,5x19x2(3,0+1)tg12º,1x1x0,399x1=104,37 kN/m 2<br />

641,<br />

9<br />

= 104,<br />

37x6,<br />

15 = 641,<br />

9 ⇒ F = = 0,<br />

57 ⇒ falta <strong>de</strong> segurança ao “afundamento”<br />

1121<br />

Qd s<br />

requeren<strong>do</strong>, mais uma vez, que os solos abaixo da base <strong>do</strong> muro sejam susbtitui<strong>do</strong>s ou o muro<br />

seja funda<strong>do</strong> em estacaria.<br />

como B<br />

6<br />

Dimensionamento <strong>de</strong> Armaduras (Estabilida<strong>de</strong> interior)<br />

Localização da Resultante<br />

O ponto <strong>de</strong> intercepção com a base fica a uma distância - x, <strong>do</strong> ponto A tal que:<br />

-<br />

x =<br />

ΣMom.<br />

em rel.<br />

A<br />

ΣV<br />

i<br />

=<br />

4227 −1423<br />

1121<br />

Excentricida<strong>de</strong> em relação ao c.g. da base:<br />

= 6,15<br />

6<br />

e = 6,15<br />

2<br />

- 2,51 = 0,565 m<br />

= 2,51 m<br />

= 1,03 > 0,565, não há problemas <strong>de</strong> redução da secção <strong>de</strong> apoio na base (a<br />

resultante passa <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> terço central). Então:<br />

VI-24


(σv ) A = V<br />

B x 1 + M0 1 x B2<br />

=<br />

6<br />

1121<br />

6,15 +<br />

1121 2<br />

x0,<br />

565<br />

= 283 kN/m<br />

6.<br />

15 / 6<br />

2<br />

(Observe-se que neste caso em rigor não po<strong>de</strong>ríamos aplicar a fórmula da flexão composta porque o terreno<br />

plastificaria na aresta mais comprida A. Porém, pelo que diz respeito ao cálculo das armaduras em que estamos<br />

agora empenha<strong>do</strong>s, a diferença não seria significativa).<br />

pp. da laje<br />

portanto,<br />

(σv ) C = V<br />

B - M0 B2 = 182,3 – 100,5 = 61,8 kN/m2<br />

/6<br />

Pressões das terras sobre a laje da base:<br />

Na frente <strong>do</strong> muro <strong>de</strong>sprezam-se a favor da segurança.<br />

No tardós:<br />

p' DC' = 19 kN/m 3 x (12,00 - 0,90) = 210,9 kN/m 2<br />

p' = 2,4 kN/m 3 x 0,90 = 21,6 kN/m 2<br />

Fig. 6.5.3.3<br />

p DC = 210,9 + 21,6 = 232,5 kN/m 2<br />

VI-25


Trecho AE<br />

Inclinação da recta _ ac que dá o diagrama da reacção <strong>do</strong> solo na base (Fig. 6.5.3.3 d):<br />

283 − 81,<br />

8<br />

6,<br />

15<br />

= 32,72<br />

O diagrama da pressão σv será:<br />

σ v = (283 – 32,72) – 32,72 x = 250.3- 32,72 x<br />

Cálculo <strong>de</strong> esforços transversos T e momentos flectores M:<br />

T = 250,3 x – 32,72 x2<br />

2<br />

M = 250,3 x2<br />

2<br />

- 32,72 x3<br />

6<br />

No ponto E, on<strong>de</strong> x = 1,20 temos T = 277 kN/m e M = 171 kN/m<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> aço A 400ER e betão B 25, temos pelas tabelas B.A <strong>do</strong> L.N.E.C., para d<br />

= 90 - 6 = 84 cm:<br />

A =<br />

portanto<br />

µ =<br />

0,15 x 100 x 84<br />

100<br />

1,<br />

5x171x10<br />

1x0,<br />

842<br />

−3<br />

= 12,6 cm 2 /m;<br />

φ12 a 9 ou φ16 a 16<br />

= 0,30 = ρ = 0,10 = armadura mínima<br />

armadura longitudinal (<strong>de</strong> "distribuição") ρ = 0,06 = A l =<br />

portanto<br />

Trecho DC<br />

φ12 a 20<br />

0,06 x 100 x 84<br />

100<br />

= 5,04 cm 2 /m;<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma laje encastrada na laje vertical z "continuamente" encastrada (apoiada)<br />

nos contrafortes, sujeita a uma carga trapezoidal.<br />

VI-26


Descontan<strong>do</strong> à carga vertical <strong>de</strong> cima para baixo <strong>de</strong>vida ao peso das terras retidas<br />

(232,5 kN/m 2 ), as tensões <strong>de</strong>vidas à reacção <strong>do</strong> solo, temos para carga solicitante da laje (Fig.<br />

6.5.3.4):<br />

ou seja<br />

σ v = 232,5 - (81,8 + 32,72x')<br />

σ v = 150,7 – 32,72x'<br />

Fig. 6.5.3.4<br />

Haverá que utilizar os resulta<strong>do</strong>s das Tabelas Técnicas Portuguesas para cargas uniformes em<br />

lajes encastradas em 3 la<strong>do</strong>s e livres no quarto ou, melhor, as tabelas <strong>de</strong> Bowles (1968) para a<br />

carga trapezoidal.<br />

É porém, visível que o maior momento negativo em módulo se obtém em t na direcção<br />

M 1 (Fig. 6.5.3.5). E que o maior momento positivo se obtém em r, ambos no bor<strong>do</strong> livre. Esta<br />

conclusão resulta não só <strong>de</strong> ser nesse bor<strong>do</strong> que se verifica a maior carga, mas também da<br />

circunstância <strong>de</strong> o bor<strong>do</strong> ser livre. Com efeito na direcção M 1 o bor<strong>do</strong> livre comporta-se<br />

aproximadamente como uma "viga" biencastrada em t e t'.<br />

VI-27


Fig. 6.5.3.5<br />

Por razões construtivas que têm a ver com a impossibilida<strong>de</strong> prática <strong>de</strong> variar <strong>de</strong> ponto<br />

para ponto o espaçamento <strong>do</strong>s ferros, bastará consi<strong>de</strong>rar esses momentos máximos em<br />

módulo.<br />

Utilizan<strong>do</strong> as referidas tabelas teríamos no caso presente:<br />

(Se não tivessemos tabelas po<strong>de</strong>ríamos usar a forma <strong>de</strong> cálculo acima referida, com a certeza <strong>de</strong> estarmos <strong>do</strong><br />

la<strong>do</strong> da segurança.)<br />

M (t) = 444,7 kNm/m, M (r) =187,9, M (s) = - 254,4 kNm/m<br />

Direcção M 1 Direcção M 2<br />

É M (t) que condiciona a espessura da laje e a armadura principal.<br />

Com as Tabelas B.A. <strong>do</strong> L.N.E.C. encontramos para d = 90-6 = 84 cm e<br />

µ =<br />

1,5 x 444,7 x 10-3<br />

1 x 0,84 2 = 0,945 = A 400ER e B 25 = T.B.A. = ρ = 0,28<br />

A =<br />

Para M (r) teríamos:<br />

µ =<br />

=A.=<br />

0,28 x 100 x 84<br />

100<br />

= 23,52 cm 2 = φ20 a 14 ou (φ16 a 19)<br />

1,5 x 187,9 x 10-3<br />

1 x 0,84 2 = 0,399 = armad. mínima =<br />

0,28 x 100 x 84<br />

100<br />

= 12,6 cm2 = φ12 a 9 ou (φ16 a 16)<br />

VI-28


(Fig. 6.5.3.6)<br />

Para M (s) = µ =<br />

=A.=<br />

1,5 x 254,4 x 10-3<br />

1 x 0,84 2 = 0,54 = ρ = 0,161 =<br />

0,161 x 100 x 84<br />

100<br />

= 13,5 cm2 = φ12 a 9 ou (φ16 a 16)<br />

Com estes valores po<strong>de</strong>r-se-ia imediatamente projectar as armaduras da laje da base<br />

Esforço transverso<br />

Fig. 6.5.3.6<br />

Em geral, nas lajes não há problemas <strong>de</strong> esforço transverso. Porém, po<strong>de</strong>mos fazer<br />

uma verificação com qualquer hipótese a favor da segurança, por exemplo, <strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong> a<br />

continuida<strong>de</strong> lateral no último m <strong>de</strong> faixa junto ao bor<strong>do</strong> livre. Teríamos assim uma faixa<br />

("viga") <strong>de</strong> 1m <strong>de</strong> largura e 0,90m <strong>de</strong> altura encastrada nas extremida<strong>de</strong>s sujeita a carga<br />

"uniforme" <strong>de</strong> 169 kN/m.<br />

Então<br />

VI-29


1, 5x150,<br />

7x(<br />

7,<br />

50 − 2x0,<br />

84)<br />

Vsd =<br />

= 657,8 kN, τsd =<br />

2<br />

657,<br />

8<br />

1x0,<br />

84<br />

= 783 kN/m 2 = 0,78 MPa<br />

O REBAP (artº 53) admite que o betão (B 25) absorverá uma tensão <strong>de</strong> corte τ 1 = 0,65<br />

(MPa), <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> a diferença ser absorvida pelo aço.<br />

Neste caso como a diferença entre 0,78 e 0,65 é pequena ten<strong>do</strong> em conta a continuida<strong>de</strong><br />

lateral não seria em princípio necessário armar ao corte.<br />

Laje Vertical. Vista Frontal (Fig. 6.5.3.7) Corte Transversal (Fig. 6.5.3.7)<br />

l 1 =7,50 l 2 =11,50<br />

l 1<br />

l 2 = 0,6757<br />

Fig. 6.5.3.7<br />

Há tabelas (Montoya) que servem para o cálculo <strong>de</strong> momentos flectores e esforços<br />

transversos em lajes, nas direcções x e y, submetidas a uma distribuição <strong>de</strong> cargas triangular,<br />

como a da figura, e com os três bor<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>s encastra<strong>do</strong>s e um livre.<br />

Por essas tabelas se verificam momentos negativos máximos (em módulo) nos pontos<br />

t a 0,63 H <strong>de</strong> altura com o valor<br />

VI-30


direcção xx)<br />

m t = 0,015 x 19 kN/m 3 x 11,1 3 = 389,9 kNm/m<br />

Um momento negativo em s (na direcção y, como é óbvio) com o valor "médio"<br />

m s = 0,013 x γH 3 = 337,8 kNm/m<br />

Um momento positivo máximo m 1 , aproximadamente a meia altura no (centro e<br />

m 1 = 0,08 x γH 3 = 207,9 kNm/m<br />

Um momento positivo máximo m 2 aproximadamente a 0,25H a contar da base:<br />

m 2 = 0,05 x γH 3 = 129,9 kNm/m<br />

E um esforço transverso máximo em módulo, em toda a placa, (na direcção xx)<br />

Cálculo das Armaduras<br />

T = 0,19 x γH 2 = 444,8 kN/m |a cerca <strong>de</strong> 0,4H|<br />

Direcção xx: Pontos t: espessura da laje d=0,30 + (0,75-0,30) x 0',37 = 0,4665<br />

µ = 389,8x1,5x10-3<br />

(face <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> aterro)<br />

1x0,466 2 = 2,686 ⎩ ⎨ ⎧<br />

B 25<br />

A 400ER<br />

Direcção xx: Pontos m 1 : a meio vão, espessura d =<br />

(face <strong>de</strong> fora)<br />

⎫<br />

⎬<br />

⎭<br />

0,90x46,6x100<br />

T.B.A. _ ρ = 0,90 _ A = = 41,94 cm<br />

100<br />

2<br />

φ20 a 7,5 _ interrompe meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ferros a 1/6 <strong>do</strong> vão<br />

_ φ20 a 15 e levanta a 1/3 <strong>do</strong> vão passan<strong>do</strong> a φ20 a 30<br />

0,30 + 0,75<br />

2<br />

= 0,525<br />

µ = 207,9x1,5x10-3<br />

1x0,522 ⎧B<br />

25 ⎫<br />

0,353x52x100<br />

= 1,153 ⎨<br />

⎬<br />

⎩A<br />

400ER<br />

T.B.A. _ ρ = 0,353 _ A = = 18,36<br />

⎭<br />

100<br />

cm 2<br />

Direcção yy: Pontos s: espessura d = 0,75 - 0,04 = 0,71<br />

(face <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> aterro)<br />

φ20 a 15 _ ferros levanta<strong>do</strong>s da zona <strong>de</strong> momentos<br />

negativos + φ20 a 30 <strong>de</strong> reforço, corri<strong>do</strong>s la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>.<br />

VI-31


337,<br />

8x1,<br />

5x10<br />

µ = 2<br />

1x0,<br />

71<br />

cm 2<br />

−3<br />

= 1,005 ⎩ ⎨ ⎧<br />

B 25<br />

A 400ER<br />

⎫<br />

⎬<br />

⎭<br />

0,3056x71x100<br />

T.B.A. _ ρ = 0,3056 _ A = = 21,70<br />

100<br />

φ16 a 7,5 _ interrompe meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ferros a 1/6 <strong>do</strong> vão e<br />

levanta <strong>de</strong> novo a 1/3, fican<strong>do</strong> φ16 a 30 corri<strong>do</strong>s.<br />

Esforços transversos: Máximo T = 444,8 kN/m, espessura = 0,30+(0,75-0,30)x0,6 = 0,57<br />

τ sd = 444,8x1,5<br />

1 m x0,57 = 1170,5 kN/m2 _ 1,17 MPa<br />

Para B 25 o REBAP que o betão apenas absorve τ 1 = 0,65 MPa. Este valor po<strong>de</strong> ser<br />

amplia<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> redução <strong>de</strong> esforço transverso junto aos apoios e reduzi<strong>do</strong> na<br />

proporção <strong>de</strong> 0,6 (1,6-d), com d = 0,57 m (espessura útil da laje). A diferença <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong><br />

corte teria <strong>de</strong> ser absorvida por aço. Uma alternativa seria aumentar a espessura da laje.<br />

Dimensionamento <strong>do</strong>s Contrafortes<br />

Os contrafortes comportam-se como consolas gigantes encastradas na base e<br />

receben<strong>do</strong> os impulsos das terras correspon<strong>de</strong>ntes ao vão da laje vertical entre contrafortes<br />

que é <strong>de</strong> 7,50. Então a carga máxima distribuída na base <strong>de</strong> cada contraforte será (Fig.<br />

6.5.3.8.).<br />

será:<br />

q max = KA γ H L = 54,6 kN/m 2 x7,50 = 407,5 kN/m o momento <strong>de</strong> encastramento na base<br />

M=407,5x 11,10<br />

2 x1x11,10=8368<br />

kNm<br />

3<br />

Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à laje vertical a secção que vai "absorver" este momento é um T com alma<br />

<strong>de</strong> 0,50m x 4,20m e banzo <strong>de</strong> 0,75 e comprimento 7,50m; temos (Tabelas <strong>de</strong> B.A. <strong>do</strong> LNEC)<br />

h = 4,20+0,75-0,11 = 4,84m = 484cm<br />

b<br />

=<br />

b0 7,50<br />

0,50 = 15 , h 0 0,75<br />

= = 0,155<br />

h 4,84<br />

VI-32


µ =<br />

⇒ A<br />

8368x1,<br />

5x10<br />

7,<br />

50x4,<br />

84<br />

s<br />

2<br />

−3<br />

x13,<br />

3<br />

Fig. 6.5.3.8<br />

⎧B25<br />

⎫<br />

A s fsyd<br />

= 0,<br />

0054⎨<br />

⎬T.<br />

B.<br />

A.<br />

⇒ ω = 0,<br />

0054 = x<br />

⎩A400ER⎭<br />

bd fod<br />

13,<br />

3<br />

= 0,<br />

0054x750x<br />

484x<br />

= 74,<br />

9cm<br />

348<br />

15 Φ 25 em duas camadas espaçadas <strong>de</strong> 7,5cm<br />

2<br />

Haveria ainda que dispôr uma armadura <strong>de</strong> montagem nas duas faces <strong>do</strong>s contrafortes<br />

forman<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> horizontal "estribos". O dimensionamento <strong>de</strong>stes far-se-à a partir <strong>de</strong><br />

esforço transverso:<br />

V sd = 1,5 x 407,5 x 11,1<br />

2<br />

τ sd =<br />

−3<br />

3392,<br />

4x10<br />

0,<br />

50x4,<br />

84<br />

= 3392,4 kN<br />

= 1,40 Mpa<br />

τ 1 = 0,65 MPa, parte "absorvida" pelo betão B 25<br />

VI-33


V rd = 0,65 x 0,50 x 4,84 x 10 3 = 1573 kN<br />

V wd = 3392,4 - 1573 = 1819,4 kN, a absorver pelos estribos ⇒ REBAP, Artº<br />

V wd = 0,9 x d x A sw<br />

s f syd (1 + cotg α) sen α<br />

1819,<br />

4x10<br />

α = 90°, s = 0,30, d = 4,84, fsyd = 348 MPa ⇒ Asw =<br />

348<br />

m 2 = 3,6 cm 2 ⇒ 2φ16 = 4,02 cm 2 (1 ferro 16 em cada face).<br />

53.3, estribos horizontais nas<br />

duas faces verticais (φ16 a 0,30)<br />

(os varões verticais forman<strong>do</strong> malha com os estribos po<strong>de</strong>riam ser φ12 a 0,30)<br />

−3<br />

x<br />

0,<br />

9<br />

0,<br />

30<br />

x<br />

4,<br />

84<br />

= 0,00036<br />

O cálculo estrutural que acabamos <strong>de</strong> fazer é um cálculo “clássico”. Se minorarmos a tg φ’ e<br />

c’ pelo coeficiente <strong>de</strong> segurança 1,25 (EC7), o impulso activo viria automaticamente<br />

aumenta<strong>do</strong> e bem assim as pressões na base e no tardós <strong>do</strong> muro. Os momentos flectores e<br />

esforços tranversos que se obteriam com essas pressões já seriam momentos flectores e<br />

esforços transversos <strong>de</strong> cálculo, não precisan<strong>do</strong>, portanto, <strong>do</strong> factor <strong>de</strong> majoração <strong>de</strong> 1,50.<br />

VI-34


ESTACAS - PRANCHAS<br />

Capítulo 7<br />

7.1 - Tipos Construtivos e Consi<strong>de</strong>rações Gerais<br />

As estacas pranchas são elementos estruturais laminares que se cravam verticalmente no<br />

solo. São, em geral, <strong>de</strong> aço com tratamento especial para evitar a corrosão (aço cupro-níquel)<br />

uma vez que, em regra, as cortinas <strong>de</strong> estacas-pranchas se usam em ambientes agressivos (em<br />

obras marítimas ou fluviais).<br />

Nas Figs. 7.1.1. e 7.1.2 apresentam-se alguns tipos <strong>de</strong> estacas-pranchas metálicas. Nas<br />

Figs. 7.1.3 e 7.1.4 apresentam-se fotografias <strong>de</strong> obras com estacas-pranchas metálicas. Nas<br />

Figs. 7.1.5 e 7.1.6 tabelas com características <strong>de</strong> alguns perfis e em 7.1.7 e 7.1.8 ligações <strong>de</strong><br />

estacas a ancoragens.<br />

VII-1


Fig. 7.1.1 - Estacas-pranchas <strong>de</strong> aço (A), (B) e (D) sem gran<strong>de</strong> resistência a momentos flectores; (C) e (F)<br />

com gran<strong>de</strong> resistência a momentos flectores.<br />

VII-2


Fig. 7.1.2 - Estacas-pranchas <strong>de</strong> aço. Perfis vários conforme as várias marcas.<br />

As estacas-pranchas ainda po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> ou mesmo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira se se<br />

trata <strong>de</strong> obras muito provisórias. Po<strong>de</strong> ainda por razões <strong>de</strong> economia ou outras usar-se outros<br />

tipos <strong>de</strong> perfil (carris, ferros I, tubos metálicos ou <strong>de</strong> betão, etc.).<br />

As estacas pranchas usam-se em cortinas <strong>de</strong> retenção que po<strong>de</strong>m ter <strong>de</strong>senvolvimento<br />

rectilíneo ou formarem células circulares <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diâmetro cheias <strong>de</strong> material granular<br />

forman<strong>do</strong>-se com elas enseca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões (construções celulares <strong>de</strong> estacas-<br />

pranchas).<br />

VII-3


Fig. 7.1.3<br />

Fig. 7.1.4<br />

VII-4


Fig. 7.1.5, Fig. 7.1.6<br />

VII-5


Fig. 7.1.7<br />

VII-6


Fig. 7.1.8<br />

Fig. 7.1.9 (a) Estacas-pranchas em Fig. 7.1.9 (b) Estacas-pranchas Fig. 7.1.9 (c) Estacas-pranchas<br />

“balanço ancoradas escoradas<br />

As estacas-pranchas po<strong>de</strong>m funcionar em "balanço", simplesmente encastradas no terreno<br />

<strong>de</strong> fundação, ou, quan<strong>do</strong> a altura H for muito gran<strong>de</strong> ou a penetração D não possa ser<br />

suficiente, usam-se estacas ancoradas (por vezes a vários níveis) ou escoras (Figs. 7.1.9 (a),<br />

7.1.9 (b) e 7.1.9 (c). Algumas vezes as estacas-pranchas <strong>de</strong>stinam-se não à retenção <strong>de</strong> terras,<br />

mas <strong>de</strong> água, para se po<strong>de</strong>r pôr a seco certo espaço (A).<br />

Nesse caso, a penetração D terá <strong>de</strong> atingir as camadas <strong>de</strong> terreno impermeável inferiores<br />

(Fig. 7.1.10)<br />

Como no caso <strong>do</strong>s muros <strong>de</strong> suporte haverá que dimensionar as cortinas <strong>de</strong> estacas-<br />

pranchas com segurança, isto é, com estabilida<strong>de</strong> exterior e estabilida<strong>de</strong> interior. A primeira diz<br />

VII-7


espeito à estabilida<strong>de</strong> geral <strong>do</strong> sistema no seu equilíbrio global. (segurança ao <strong>de</strong>rrubamento e<br />

segurança ao <strong>de</strong>slizamento geral).<br />

A segunda diz respeito à segurança <strong>do</strong> material constitutivo das estacas, tensões <strong>de</strong> tracção nos<br />

aços e <strong>de</strong> compressão nos betões, etc., não excessivas.<br />

Fig. 7.1.10<br />

Antes <strong>de</strong> terminar este número convirá ainda referir as cortinas <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong><br />

moldadas "in situ". Trata-se <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s verticais construídas por escavação prévia <strong>do</strong> solo até à<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada, manten<strong>do</strong>-se as pare<strong>de</strong>s laterais da escavação sem abatimento <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

circulação <strong>de</strong> lamas bentoníticas na escavação que vai sen<strong>do</strong> aberta (furação com lamas).<br />

Há máquinas escava<strong>do</strong>ras e equipamento especial para este tipo <strong>de</strong> operação. Depois <strong>de</strong> aberta a<br />

escavação laminar vertical é feita a betonagem em ambiente submerso <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>scidas as<br />

armaduras previamente fabricadas (Fig. 7.1.11).<br />

Fig. 7.1.11<br />

VII-8


Proprieda<strong>de</strong>s essenciais <strong>de</strong> algumas estacas-pranchas Bethlehem<br />

PERFIL Nº Área Largura Peso Módulo<br />

Resistente<br />

cm2 cm kg/m2 cm3 /m kg/cm<br />

PZ 38<br />

PZ 32<br />

PZ 27<br />

PDA 27<br />

PMA 22<br />

PSA 23<br />

PSA 28<br />

PS 28<br />

PS 32<br />

PSX 35<br />

108.2<br />

100.2<br />

77.0<br />

68.4<br />

68.4<br />

58.0<br />

70.8<br />

66.4<br />

75.9<br />

84.5<br />

45.7<br />

53.3<br />

45.7<br />

40.6<br />

49.8<br />

40.6<br />

40.6<br />

38.1<br />

38.1<br />

38.8<br />

186<br />

156<br />

132<br />

132<br />

107<br />

112<br />

136<br />

136<br />

156<br />

171<br />

Tabela 7.1.1<br />

2 510<br />

2 290<br />

1 620<br />

585<br />

290<br />

128<br />

134<br />

128<br />

128<br />

145<br />

7.2 - Cortinas <strong>de</strong> Estacas-Pranchas seu dimensionamento<br />

7.2.1 - Estacas-pranchas em balanço em solos arenosos (Fig.7.2.1.1).<br />

Resistência<br />

das Ligações<br />

1 425<br />

1 425<br />

1 425<br />

1 425<br />

1 425<br />

2 140<br />

2 140<br />

2 850<br />

2 850<br />

4 810<br />

Como hipótese <strong>de</strong> funcionamento admite-se que entre A e B o terrapleno produz pressões<br />

activas no tardós da cortina. De B a O continuam as pressões activas <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> terrapleno, mas<br />

geram-se pressões passivas <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da "escavação". Em O as duas pressões compensam-se e,<br />

portanto, a pressão resultante é nula. De O a C continua a situação anterior, mas as pressões<br />

passivas (<strong>do</strong> la<strong>do</strong> da escavação) <strong>do</strong>minam. De C a E, invertem-se as situações e passa a haver<br />

pressão passiva <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> terrapleno e pressão activa <strong>do</strong> la<strong>do</strong> oposto.<br />

Com estas hipóteses e fazen<strong>do</strong> o equilíbrio das forças que actuam sobre a estaca,<br />

<strong>de</strong>terminam-se a “ficha”, penetração D = a + Y da estaca, isto é, a profundida<strong>de</strong> que tem <strong>de</strong><br />

atingir a sua ponteira para ter segurança ao <strong>de</strong>rrubamento, e a posição z <strong>do</strong> ponto c <strong>de</strong> rotação.<br />

Sen<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s o peso específico γ , o ângulo <strong>de</strong> atrito φ <strong>do</strong> solo <strong>do</strong> terrapleno e bem assim<br />

a profundida<strong>de</strong> h 1 <strong>do</strong> nível freático, calculam-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo os coeficientes <strong>de</strong> impulso activo<br />

K a e o <strong>de</strong> impulso passivo K p usan<strong>do</strong> a teoria <strong>de</strong> Rankine que dá valores a favor da segurança .<br />

VII-9


Fig. 7.2.1.1<br />

Po<strong>de</strong>ríamos também usar a teoria <strong>de</strong> Coulomb ou outra. Para a parte submersa <strong>do</strong> aterro<br />

logo se po<strong>de</strong>rão calcular os correspon<strong>de</strong>ntes coeficientes K’a e K’b, na medida em que seja<br />

da<strong>do</strong> o ângulo <strong>de</strong> atrito φ ' <strong>do</strong> solo submerso que costuma ser um ou <strong>do</strong>is graus inferior ao<br />

ângulo <strong>de</strong> atrito φ <strong>do</strong> mesmo solo não satura<strong>do</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>rão calcular-se a pressão P a (activa) ao nível B e a partir <strong>de</strong>la a profundida<strong>de</strong> à qual<br />

essa pressão é reduzida a zero <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à contrapressão gerada <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior <strong>de</strong> B até O,<br />

contrapressão essa que é passiva. Assim,<br />

pa + K '<br />

a<br />

γ ' a = K'<br />

p<br />

γ ' a; <strong>do</strong>n<strong>de</strong><br />

p<br />

a<br />

a=<br />

γ '( K'<br />

−K<br />

' )<br />

p<br />

a<br />

t<br />

t<br />

(7.2.1.1)<br />

Por outro la<strong>do</strong> ao nível <strong>de</strong> O temos uma pressão "fictícia" passiva p ' '<br />

p = OP p , que serve<br />

para mais tar<strong>de</strong> calcular p ' '<br />

p ao nível E, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> aterro, dada por<br />

por<br />

p’p = γh1Kp+(h2+a) γ’K’p-γ’aK’a<br />

Se for Y a distância OE temos na extremida<strong>de</strong> inferior (ao nível E):<br />

p”p=p’p+γ’(K’p-K’a)Y<br />

(7.2.1.2)<br />

(7.2.1.3)<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a pressão passiva "fictícia" <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior criada entre O e E será dada<br />

VII-10


' '<br />

= γ '( K − K )Y<br />

(7.2.1.4)<br />

p p<br />

p a<br />

Essa pressão ajuda ao cálculo das forças resultantes <strong>do</strong>s diagramas representa<strong>do</strong>s na Fig.<br />

7.2.1.2. Assim, façamos em escala ampliada o diagrama da Fig. 7.2.1.2 que representa o da Fig.<br />

7.2.1.1 abaixo <strong>de</strong> O. Se pu<strong>de</strong>rmos provar que as áreas <strong>do</strong>s quadriláteros CC"E'E" e C'E"EC"<br />

são iguais, po<strong>de</strong>remos calcular as áreas tracejadas através <strong>de</strong> <strong>do</strong>is triângulos: o<br />

Fig. 7.2.1.2<br />

triângulo OEE" para os impulsos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior e o triângulo CEE''', para os impulsos <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />

das terras.<br />

Ora, <strong>de</strong> facto os quadriláteros em causa compensam-se porque têm áreas iguais o que se<br />

vê soman<strong>do</strong> a cada um a área <strong>do</strong> triângulo C'C"C. Desse mo<strong>do</strong>, ficamos com <strong>do</strong>is trapézios, um<br />

E"ECC' com altura Z e bases p p e C'C e outro com bases E'E''' = p p (por construção) e<br />

também a mesma altura. Portanto, os <strong>do</strong>is trapézios, e daí os quadriláteros, são iguais. Po<strong>de</strong>mos<br />

então escrever com facilida<strong>de</strong> as equações <strong>de</strong> equilíbrio da cortina:<br />

<strong>do</strong>n<strong>de</strong><br />

''<br />

Z Y<br />

( p + p ) − p = O<br />

∑ FH = O ⇒ Ra<br />

+ p p<br />

p<br />

2 2<br />

Z<br />

p pY<br />

− 2Ra<br />

=<br />

p + p<br />

e também toman<strong>do</strong> momentos e relação a E<br />

p<br />

''<br />

p<br />

(7.2.1.5)<br />

(7.2.16)<br />

VII-11


Y<br />

On<strong>de</strong><br />

Z<br />

''<br />

Z ⎛ Y ⎞⎛<br />

Y ⎞<br />

( Y + Y ) + ( p + p ) − p ⎜ ⎟⎜<br />

⎟ = O<br />

∑ M E = O ⇒ Ra<br />

p p<br />

p<br />

3 2 ⎝ 2 ⎠⎝<br />

3 ⎠<br />

Substituin<strong>do</strong> 7.2.1.4 em 7.2.1.6 e esta em 7.2.1.7 temos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> simplificar,<br />

' ( 2Yγ<br />

' K'−<br />

p )<br />

'<br />

'<br />

⎛ p ⎞ p R ⎡ R<br />

⎤ RaY<br />

p<br />

⎜ ⎟ 3 ⎛ 8 a ⎞ 2 6<br />

6<br />

a<br />

Y − ⎜ ⎟Y<br />

− ⎢<br />

p ⎥Y<br />

−<br />

⎜ K ⎟<br />

2<br />

⎝ γ ' '⎠<br />

⎝ γ ' K'<br />

⎠ ⎣(<br />

γ ' K')<br />

⎦ γ<br />

4<br />

p<br />

+ 2<br />

K’= K’p- K’a<br />

( ' K')<br />

+ 4R<br />

2<br />

a<br />

= O<br />

(7.2.1.7)<br />

(7.2.1.8)<br />

(7.2.1.9)<br />

A expressão (7.2.1.8) é uma equação algébrica <strong>de</strong> 4º grau em Y que uma vez resolvida<br />

nos dá o valor da "ficha", pois já conhecemos a profundida<strong>de</strong> a. Assim, essa "ficha"<br />

(comprimento <strong>de</strong> estaca-prancha a cravar será: D = Y + a. Naturalmente que entre as raízes <strong>de</strong><br />

(7.2.1.8) há que escolher a positiva e esta, se o problema tiver da<strong>do</strong>s com senti<strong>do</strong>, há-<strong>de</strong> existir.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, para haver segurança, a "ficha" D terá <strong>de</strong> ser aumentada. Bowles (1977, p.<br />

375) sugere um aumento <strong>de</strong> 20 a 40%. Po<strong>de</strong>, todavia, usar-se um critério mais razoável que é o<br />

<strong>do</strong>s coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança. Assim, se em vez <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito φ usarmos um<br />

ângulo φ d tal que:<br />

tgφ'<br />

tgφ<br />

d = ,<br />

F<br />

s<br />

= 1,<br />

25<br />

já obteremos "automaticamente" uma "ficha" D com valor <strong>de</strong>finitivo uma vez que os impulsos<br />

activos aumentam e os impulsos passivos diminuem.<br />

Note-se que, em geral, o nível freático <strong>de</strong>ntro e fora da cortina não é o mesmo. Nesse<br />

caso, há que acrescentar aos diagramas <strong>de</strong> pressão da Fig. 7.2.1.1 os diagramas da pressão<br />

hidráulica sobre as estacas. Esses diagramas estão representa<strong>do</strong>s na Fig. 7.2.1.3. Eles<br />

correspon<strong>de</strong>m a pressões hidrostáticas quan<strong>do</strong>, na realida<strong>de</strong>, as pressões resultam da percolação<br />

da água <strong>do</strong> solo em regímen permanente. Os valores das pressões sobre a cortina são, portanto,<br />

menores que os indica<strong>do</strong>s.<br />

Esse diagrama é o usa<strong>do</strong> no cálculo convencional. Um cálculo mais rigoroso envolveria<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> traçar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> percolação sob a cortina, Fig. 7.2.1.4. O diagrama <strong>de</strong><br />

F s<br />

VII-12


pressões obter-se-ia então a partir das cotas piezométricas nos pontos A, B, C, D, E, F, G, H da<br />

intercepção das equipotenciais com a cortina.<br />

Fig. 7.2.1.3<br />

No caso <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> cálculo haveria ainda que contar com os efeitos das componentes<br />

horizontais <strong>do</strong> gradiente hidráulico î que criam na massa <strong>de</strong> solo uma solicitação <strong>de</strong> massa<br />

(equivalente a um peso específico actuan<strong>do</strong> horizontalmente) com o valor<br />

h<br />

h<br />

w<br />

t<br />

t<br />

γ = i γ<br />

(7.2.1.10)<br />

on<strong>de</strong> γ w é o peso específico da água = 10KN/m3 e i h é a componente horizontal, |î| cos α <strong>do</strong><br />

gradiente hidráulico, o qual se po<strong>de</strong> calcular em cada ponto uma vez conhecida a re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Fig. 7.2.1.4<br />

VII-13


fluxo. Como esse gradiente varia <strong>de</strong> ponto para ponto po<strong>de</strong>ríamos obter um valor médio e<br />

direcção "média" quer <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> quer <strong>do</strong> outro da cortina e multiplicá-lo pelo volume <strong>de</strong> solo<br />

envolvi<strong>do</strong>.<br />

Do la<strong>do</strong> interior o gradiente hidráulico sen<strong>do</strong> ascen<strong>de</strong>nte po<strong>de</strong>rá criar uma situação <strong>de</strong><br />

"levitação" (rotura hidráulica) <strong>do</strong> solo se for igual ou superior ao valor crítico que como<br />

sabemos é<br />

icrítico<br />

=<br />

γ '<br />

γ<br />

on<strong>de</strong> γ ' é o peso específico submerso <strong>do</strong> solo.<br />

w<br />

(7.2.1.11)<br />

Nesse caso teríamos <strong>de</strong> colocar <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior da cortina uma banqueta estabiliza<strong>do</strong>ra <strong>de</strong><br />

material granular que, além <strong>de</strong> ter dimensões apropriadas <strong>de</strong>verá satisfazer as condições <strong>de</strong><br />

"filtro" em termos <strong>de</strong> granulometria. Não <strong>de</strong>senvolvemos esse importante aspecto da<br />

estabilida<strong>de</strong> das cortinas <strong>de</strong> estacas-pranchas por ser objecto da "Geotecnia".<br />

O E.C.7 (2001) exige que i ≤ i 1,<br />

35.<br />

(i =gradiente <strong>de</strong> saída = ∆ h ∆s<br />

)<br />

crítico<br />

∆h é a diferença <strong>de</strong> carga hidráulica entre duas equipotenciais sucessivas;<br />

∆s é o trecho <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> corrente entre as duas últimas equipotenciais (Fig. 7.2.1.4).<br />

7.2.2 - Cortinas em "balanço" com "ficha" em solo argiloso (Fig. 7.2.2.1)<br />

Neste caso admite-se que o terrapleno é arenoso (como é sempre o caso) e que a fundação<br />

é argilosa com φ = O e c ≠ O<br />

Continuamos a admitir que a cortina roda em torno <strong>de</strong> certo ponto B à distância Z da<br />

ponteira da estaca. Assim, <strong>de</strong> C até A o aterro gera impulsos activos nas estacas e <strong>de</strong> A até B<br />

existem impulsos passivos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior e activos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> aterro resultan<strong>do</strong> um<br />

impulso <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior.<br />

Calculemos esses impulsos:<br />

Se γ i e h i forem respectivamente os pesos específicos e as espessuras das diferentes<br />

camadas <strong>de</strong> solo <strong>de</strong> aterro temos para pressão vertical ao nível da fundação (ponto A) <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> aterro:<br />

p = ∑ γ h<br />

(7.2.2.1)<br />

v<br />

i<br />

i<br />

VII-14


ε<br />

Υ<br />

Fig.7.2.2.1<br />

Os impulsos activos acima <strong>de</strong> A terão uma resultante R a fácil <strong>de</strong> calcular logo que sejam<br />

conheci<strong>do</strong>s os ângulos <strong>de</strong> atrito <strong>do</strong>s solos <strong>de</strong> aterro.<br />

Pela teoria <strong>de</strong> Rankine em solos com atrito e coesão, temos para tensão horizontal no<br />

ponto A <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> aterro:<br />

ou seja<br />

2 ⎛ π ⎞ ⎛ π ⎞<br />

σ a = pvtg ⎜ − φ 2⎟<br />

− 2ctg⎜<br />

− φ 2⎟<br />

⎝ 4 ⎠ ⎝ 4 ⎠<br />

a<br />

v<br />

a<br />

a<br />

υ<br />

Σ Υ<br />

(7.2.2.2)<br />

σ = p K − 2c<br />

K<br />

(7.2.2.3)<br />

Do la<strong>do</strong> oposto teríamos um impulso passivo, assim<br />

2 ⎛ π ⎞ ⎛ π ⎞<br />

σ p = pvtg ⎜ −φ<br />

2⎟<br />

− 2ctg⎜<br />

−φ<br />

2⎟<br />

⎝ 4 ⎠ ⎝ 4 ⎠<br />

(7.2.2.4)<br />

Porém, em A (e abaixo <strong>de</strong>sse ponto) o atrito é nulo (φ =0) e <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior a pressão<br />

vertical é nula. Assim:<br />

( ) = − 2c<br />

σ e ( σ ) = 2c<br />

(7.2.2.5)<br />

a<br />

a diferença dará a or<strong>de</strong>nada <strong>do</strong> diagrama rectangular.<br />

A<br />

h<br />

p v<br />

( pv<br />

− 2c)<br />

= c pv<br />

a<br />

A<br />

σ = 2c<br />

− 4 −<br />

(7.2.2.6)<br />

Por outro la<strong>do</strong>, em senti<strong>do</strong> oposto e em E teríamos a pressão<br />

e uma "contra-pressão" activa<br />

σ = + γD<br />

+ 2c<br />

Kp=Ka=1 (7.2.2.7)<br />

p<br />

p v<br />

VII-15


Resultan<strong>do</strong> uma pressão<br />

σ = γD<br />

− 2c<br />

(7.2.2.8)<br />

a<br />

( ) = + 4c<br />

Entre B e E admite-se uma variação linear.<br />

h<br />

E<br />

p v<br />

σ (7.2.2.9)<br />

Como anteriormente, o diagrama B'BE'E é substituí<strong>do</strong> pelo triângulo BE''EB e o<br />

rectângulo B'BE'''E em senti<strong>do</strong> contrário, uma vez que a área <strong>do</strong> rectângulo é igual à área <strong>do</strong><br />

paralelogramo <strong>de</strong> bases E'E'' e B'B (Fig. 7.2.2.2).<br />

ou seja<br />

Estabelecen<strong>do</strong> a equação <strong>de</strong> equilíbrio horizontal <strong>de</strong> forças, temos<br />

R<br />

a<br />

Fig. 7.2.2.2<br />

Z<br />

+ v<br />

v<br />

v<br />

2<br />

[ 4c<br />

+ p + ( 4c<br />

− p ) ] − D(<br />

4c<br />

− p ) = 0<br />

( c − p )<br />

D 4 v − R<br />

Z =<br />

4c<br />

Note-se que esta equação só tem senti<strong>do</strong> se D(4c - p v ) - R a > 0 e ainda se 4c > p v .<br />

a<br />

(7.2.2.10)<br />

(7.2.2.11)<br />

Se esta última condição se não verificar a pressão <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior seria negativa (ou nula)<br />

o que não é possível. Quer dizer que se a coesão da argila for tão baixa que v p 4 c ≤ , então não<br />

há estabilida<strong>de</strong> possível.<br />

Por exemplo, uma argila com c = (0,02 MPa = 20 kN/m 2 ) não po<strong>de</strong>rá suportar um<br />

terrapleno com o peso específico <strong>de</strong> 18 kN/m 3 e a altura H igual ou superior a:<br />

p<br />

v<br />

3<br />

2<br />

= 18 kN/m x H = 4 x 20 kN/m ⇒ H = 80/18 = 4,4 m<br />

Por outro la<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá acontecer que Z tenha o seu mínimo valor que é 0 (zero).<br />

Daí se <strong>de</strong>duz a "ficha" mínima <strong>de</strong><br />

VII-16


D mín<br />

Ra<br />

=<br />

4c<br />

− p<br />

v<br />

(7.2.2.12)<br />

Desta igualda<strong>de</strong> se vê que quan<strong>do</strong> a pressão p v vertical <strong>do</strong> terrapleno na sua base se<br />

aproxima <strong>de</strong> 4c, a "ficha" ten<strong>de</strong> a ter um comprimento teoricamente infinito.<br />

Mas voltemos à equação 7.2.2.11 on<strong>de</strong> D é uma incógnita. Temos <strong>de</strong> juntar mais uma<br />

equação que é a equação <strong>de</strong> momentos que por comodida<strong>de</strong> tomamos em relação a E. Virá<br />

temos:<br />

2<br />

2<br />

D<br />

Z<br />

( Y + D)<br />

− ( 4c<br />

− p ) + ( 4c)<br />

= 0<br />

2<br />

3<br />

Ra v<br />

(7.2.2.13)<br />

Substituin<strong>do</strong> Z, da<strong>do</strong> por (7.2.2.11) em (7.2.2.13) e simplifican<strong>do</strong> os termos semelhantes<br />

D 2<br />

( 2c<br />

+ p )<br />

v<br />

− 2DR<br />

a<br />

R<br />

−<br />

A resolução <strong>de</strong> (7.2.2.14) dará a "ficha" D.<br />

a<br />

( 12cY<br />

+ Ra<br />

)<br />

= 0<br />

4c<br />

− p<br />

v<br />

(7.2.2.14)<br />

Há, porém, que aumentar D para haver margem <strong>de</strong> segurança. O melhor será afectar as<br />

características <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong>s solos reduzin<strong>do</strong> por um la<strong>do</strong> a tangente <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>do</strong>s<br />

solos <strong>do</strong> aterro o que implica aumento <strong>do</strong> impulso <strong>do</strong> aterro e reduzin<strong>do</strong> a coesão medida para<br />

as argilas <strong>de</strong> fundação. Como anteriormente po<strong>de</strong>remos pôr:<br />

tg<br />

tgφ<br />

φ d = e d '<br />

Fs<br />

Fs<br />

↑<br />

c<br />

c = para a argila da fundação<br />

'<br />

φ d = ângulo <strong>de</strong> cálculo, 1, 2 ≤ F s ≤ 1,<br />

5 , 1,<br />

5 ≤ F s ≤ 2,<br />

0<br />

O EC7 (2001) indica Fs=1,25 e F’s=1,40<br />

Se houver diferença <strong>de</strong> nível “freático”, entre o la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora e o la<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da cortina,<br />

há que consi<strong>de</strong>rar o correspon<strong>de</strong>nte diagrama <strong>de</strong> pressões como se fez anteriormente (Fig.<br />

7.2.1.3).<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a consi<strong>de</strong>ração das pressões <strong>de</strong> poro <strong>de</strong>senvolvidas nos solos argilosos da<br />

fundação por virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> aterro seria <strong>de</strong> bem mais difícil consi<strong>de</strong>ração. Todavia, o facto<br />

<strong>de</strong> a coesão <strong>do</strong> solo da fundação ser <strong>de</strong>terminada em ensaio não drena<strong>do</strong> já tomará<br />

automaticamente esse facto em consi<strong>de</strong>ração.<br />

VII-17


7.3 - Cortinas <strong>de</strong> Estacas-Pranchas Ancoradas<br />

Há vários méto<strong>do</strong>s para obter o impulso <strong>de</strong> terras em cortinas <strong>de</strong> estacas-pranchas flexíveis<br />

ancoradas. Porém, vamos apenas consi<strong>de</strong>rar o méto<strong>do</strong> que usa os impulsos limites (activos e<br />

passivos).<br />

Solos arenosos na fundação<br />

Fig. 7.3.1<br />

Vamos consi<strong>de</strong>rar em primeiro lugar o caso <strong>de</strong> a fundação e as camadas <strong>de</strong> aterro serem<br />

solos arenosos. Seja h 1 a altura (possança) da 1ª camada <strong>de</strong> aterro, com características: γ peso<br />

específico, φ ≠ 0 o ângulo <strong>de</strong> atrito; (c = 0, coesão nula). Seja φ ' o ângulo <strong>de</strong> atrito das<br />

camadas inferiores e γ ' (peso específico submerso) das mesmas camadas (c' = 0). Supunhamos<br />

que a cortina está ancorada (atirantada) em A'. Vamos admitir que <strong>do</strong> topo A da cortina até ao<br />

nível B interior há impulsos activos e que abaixo <strong>de</strong> B até à extremida<strong>de</strong> C da cortina há<br />

impulsos passivos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior e impulsos activos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> aterro. Com estas premissas<br />

ficam <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s os diagramas <strong>de</strong> pressão que actuam nas estacas (há a acrescentar o diagrama<br />

das pressões hidráulicas se houver diferença entre o nível freático no interior e no exterior da<br />

cortina como fizemos na Fig. 7.2.1.3).<br />

Υ<br />

Υ<br />

VII-18


O equilíbrio da cortina nestas condições será o equilíbrio <strong>de</strong> um sistema isostático em que<br />

as incógnitas são o valor da componente horizontal <strong>do</strong> esforço nos tirantes <strong>de</strong> amarração e a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encastramento ou "ficha" D.<br />

A profundida<strong>de</strong> a <strong>do</strong> ponto B' on<strong>de</strong> se anulam as pressões calcula-se como anteriormente<br />

a partir da pressão horizontal activa ao nível B:<br />

Don<strong>de</strong><br />

dada por;<br />

'<br />

aγ K = p + aγ<br />

' K<br />

a =<br />

γ '<br />

p<br />

p<br />

a<br />

a<br />

( K − K )<br />

p<br />

a<br />

a<br />

(7.3.1)<br />

Por outro la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> análogo, a pressão passiva ao nível C das ponteiras das estacas é<br />

= γ '(<br />

K − K )X<br />

(7.3.2)<br />

p p<br />

p a<br />

A resultante das pressões "passivas" será então<br />

X<br />

( K p − K )<br />

2<br />

R p = γ '<br />

a<br />

Essa resultante dista <strong>do</strong> ponto A' <strong>de</strong> ancoragem o comprimento<br />

' 2<br />

Y '=<br />

h2<br />

+ hi<br />

+ a + X<br />

3<br />

2<br />

(7.3.3)<br />

(7.3.4)<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a resultante R a das pressões "activas" acima <strong>de</strong> B', R a , situa-se à distância<br />

Y <strong>do</strong> mesmo ponto A'.<br />

Toman<strong>do</strong> momentos das duas resultantes em relação a A', temos<br />

R p a<br />

Substituin<strong>do</strong> (7.3.3) em (7.3.5) e reor<strong>de</strong>nan<strong>do</strong>, vem<br />

Y R Y = ' (7.3.5)<br />

( K p K ) ⎤ ( ) 2 ⎡ K − K ⎤<br />

a<br />

p a<br />

+ X γ ' ( h + h + a)<br />

− R Y = 0<br />

⎡γ ' −<br />

⎢<br />

⎣ 3<br />

3<br />

X 2 1<br />

a<br />

⎥<br />

⎦<br />

⎢<br />

⎣<br />

2<br />

⎥<br />

⎦<br />

(7.3.6)<br />

Resolven<strong>do</strong> esta equação cúbica que terá necessariamente pelo menos uma raiz positiva,<br />

substituímos o valor <strong>de</strong> X obti<strong>do</strong> em (7.3.2) e <strong>de</strong>finimos <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> o diagrama <strong>de</strong> pressões.<br />

Além disso, obtemos a profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> encastramento das estacas ("ficha").<br />

D = X + a<br />

VII-19


Para obter o esforço (ou melhor a componente horizontal <strong>do</strong> esforço) na ancoragem,<br />

substituímos o valor <strong>de</strong> X em (7.3.3) e obtemos R p e daí<br />

F ANC = R a - R p<br />

Ficamos pois em condições <strong>de</strong> traçar os diagramas <strong>do</strong>s esforços transversos nas estacas e<br />

o <strong>do</strong>s momentos flectores e daí dimensionar as estacas como adiante veremos com mais<br />

pormenor.<br />

arenosos.<br />

Vejamos agora o caso <strong>do</strong>s solos <strong>de</strong> fundação serem somente coesivos sen<strong>do</strong> os <strong>de</strong> aterro<br />

Solos coesivos na fundação<br />

Como no caso correspon<strong>de</strong>nte das cortinas não ancoradas, o trecho BC <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong><br />

pressões é rectangular e representa a diferença entre as pressões passivas no ponto B <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />

interior<br />

(σp)B=2.c<br />

Fig.7.3.2<br />

e as pressões activas <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> aterro e que são<br />

( σ ) = − 2c<br />

a<br />

B<br />

p v<br />

Toman<strong>do</strong> momentos em relação a A', o ponto <strong>de</strong> amarração da ancoragem, temos<br />

Υ<br />

Σ t<br />

VII-20


Reor<strong>de</strong>nan<strong>do</strong> temos<br />

' D<br />

Y − D(<br />

4c<br />

− p )( h2<br />

+ h1<br />

+ ) = 0<br />

2<br />

Ra v<br />

D<br />

2<br />

' 2Y<br />

Ra<br />

+ 2D(<br />

h2<br />

+ h1)<br />

− = 0<br />

4c<br />

− p<br />

v<br />

(7.3.7)<br />

(7.3.8)<br />

Resolven<strong>do</strong> esta equação temos a "ficha" D para as estacas e daí, po<strong>de</strong>mos calcular os<br />

diagramas <strong>de</strong> esforços transversos e, momentos flectores e dimensioná-las.<br />

fundação:<br />

Tem lugar o comentário que antes fizemos quanto ao mínimo valor da coesão <strong>do</strong> solo <strong>de</strong><br />

c ><br />

pv<br />

4<br />

(7.3.9)<br />

Se o solo <strong>de</strong> aterro for homogéneo, <strong>de</strong> peso específico γ ', a condição (7.3.9) implica que<br />

a altura H <strong>do</strong> aterro terá <strong>de</strong> ser menor que certa altura ("crítica") dada por<br />

4c<br />

Hcrit =<br />

γ '<br />

Qualquer aterro com H > H crit será instável.<br />

(7.3.10)<br />

O coeficiente <strong>de</strong> segurança quer em relação à profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encastramento D, quer em<br />

relação a H crit , po<strong>de</strong> obter-se, reduzin<strong>do</strong> como <strong>de</strong> costume a tangente <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>do</strong>s<br />

solos <strong>do</strong> aterro e a coesão <strong>do</strong>s solos <strong>de</strong> fundação através <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> "minoração"<br />

apropria<strong>do</strong>s.<br />

Po<strong>de</strong>remos <strong>de</strong>pois traçar o diagrama <strong>de</strong> momentos flectores. Os momentos obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa<br />

forma serão momentos <strong>de</strong> "cálculo", uma vez que os impulsos nas estacas já vêm "majora<strong>do</strong>s"<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à redução nas características <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong>s solos.<br />

Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> An<strong>de</strong>rsosn ou da Viga Equivalente para o Cálculo <strong>de</strong> Cortinas <strong>de</strong> Estacas-<br />

Pranchas Ancoradas<br />

O fundamento <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> encontra-se em admitir que à profundida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>finida por<br />

(7.3.1) há um ponto <strong>de</strong> inflexão.<br />

Haven<strong>do</strong> um ponto <strong>de</strong> inflexão B' po<strong>de</strong>mos separar a parte superior, supon<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong><br />

somente uma reacção mútua '<br />

R b entre as partes superior e inferior, uma vez que o momento é<br />

nulo.<br />

VII-21


Com efeito:<br />

2<br />

d w ⎛ M<br />

= − 2 ⎜<br />

dx ⎝ EI<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

B'<br />

Fig.7.3.3<br />

= 0<br />

Toman<strong>do</strong> momentos em relação a C' temos<br />

Don<strong>de</strong><br />

1<br />

2<br />

Sen<strong>do</strong> D = 1,2 Y<br />

Y − a<br />

3<br />

'<br />

'<br />

( − a)(<br />

Y − a)<br />

)( γ ' K − γ ' K ) = R ( Y − a)<br />

Y p a<br />

b<br />

⎛ 6R'<br />

p ⎞<br />

Y = a + ⎜ ⎟<br />

⎜ '(<br />

' ⎟<br />

⎝ γ K p −K<br />

a ⎠<br />

1 2<br />

(7.3.11)<br />

(7.3.12)<br />

(7.3.12)<br />

R' b <strong>de</strong>termina-se consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se o equilíbrio da viga "equivalente" superior. Do<br />

equilíbrio <strong>de</strong> momentos em relação a A' temos<br />

Ra<br />

⋅Y<br />

RaY<br />

= R'<br />

b ( H + a);<br />

R'b<br />

=<br />

H + a<br />

A equação <strong>de</strong> equilibrio <strong>de</strong> forças na viga equivalente dá a força <strong>de</strong> ancoragem FANC.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, o equilíbrio <strong>de</strong> forças horizontais dá R b<br />

(7.3.13)<br />

VII-22


1<br />

Rb = ( Y − a)(<br />

Y − a)(<br />

γ ' K p −γ<br />

' K a ) − R'<br />

2<br />

Comprimento e localização das ancoragens (Fig. 7.3.4)<br />

b<br />

(7.3.14)<br />

As ancoragens têm <strong>de</strong> ter um cumprimento e localização tais que, por um la<strong>do</strong> evitem<br />

interacção com a zona activa junto à cortina e por outro com a cunha <strong>de</strong> impulso passivo.<br />

Fig.7.3.4<br />

Bowles (1996, pag. 779) indica a construção da Fig.7.3.4 como forma <strong>de</strong> garantir que a<br />

ancoragem satisfaz essas duas condições.<br />

7.4 - Exemplos<br />

1º Exemplo<br />

Dada a cortina <strong>de</strong> estacas-pranchas da Fig. (7.4.1) e os solos indica<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>terminar:<br />

a) A "ficha" ou profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encastramento D.<br />

b) Os diagramas <strong>de</strong> esforços transversos e momentos flectores.<br />

c) Dimensionar a cortina escolhen<strong>do</strong> estacas <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> perfis correntes<br />

VII-23


t<br />

t<br />

Fig. 7.4.1<br />

Aplican<strong>do</strong> a teoria anterior temos sucessivamente:<br />

⎡tg30º<br />

⎤<br />

Fazen<strong>do</strong> tg φ '= tgφ<br />

1,<br />

5 ⇒ φ'=<br />

arc tg ⎢ ⎥ = 21,<br />

05º<br />

⇒<br />

⎣ 1,<br />

5 ⎦<br />

K'a = tg2 ⎜<br />

⎝ ⎛45<br />

- 21,05° ⎞<br />

⎟ = 0,4714723<br />

2 ⎠<br />

Ra = K'a ⎜<br />

⎝ ⎛<br />

⎞<br />

17,6 x ⎟<br />

⎠<br />

3,002<br />

2 + K'a ⎣ ⎢⎡ 17,6 x 3,00 (6,00 - 3,00) + 9,6 x<br />

R a = 132, 38 kN/m<br />

p a = K' a (17,6 x 3,00 + 0,96 x 3,00) = 38,47 kN/m 2<br />

K' p = tg 2 (45° + 21,05°/2) = 1<br />

K' a = 2,12<br />

a =<br />

pa<br />

γ '( K'<br />

p −K<br />

'a<br />

)<br />

=<br />

38,47<br />

= 2,429 m<br />

9,6(2,1212 - 0,4714727)<br />

Υ<br />

Υ<br />

(6,00 - 3,00)2<br />

2<br />

p' p = 17,6 x 3,00 2,1210 + (3,00 + 2,42946) 9,6 x 2,1210 - 9,6 x 2,42909 x K a =<br />

= 211,56 kN/m 2<br />

K' = K' p - K' a = 1,6497 K'γ ' = 15,24 kN/m 2<br />

Y4 + Y3 ⎟ ⎛ p' p ⎞<br />

⎜ - Y<br />

⎝ γ 'K<br />

'⎠<br />

2 ⎟ ⎛ 8Ra<br />

⎞ ⎡ 6Ra<br />

⎤<br />

⎜ - Y ⎢ ( 2 ' '+<br />

' )<br />

2 Y Y K p p ⎥<br />

⎝ γ 'K<br />

'⎠<br />

⎣(<br />

γ ' K'<br />

)<br />

⎦<br />

Ra Y' = K'a x 17,6 x 3,00 ⎜<br />

⎝ ⎛<br />

⎞<br />

6,00 - ⎟<br />

⎠<br />

2<br />

3 x 3,00 + K'a 2<br />

6Ra<br />

Y p'<br />

p + 4R<br />

a<br />

- 2<br />

( γ ' K'<br />

)<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎦<br />

=<br />

= 0<br />

3,00<br />

x 17,6 x 3,00 x<br />

2 + K'a 9,6 x 3,00 x<br />

VII-24


x 1<br />

2<br />

Y' = 231,96<br />

= 1,752 Y = 1,752 + 2,429 = 4,181 m<br />

132,38<br />

Y 4 + Y 3 13,358 - Y 2 66,871 - 1089,386 Y - 3080,70 = 0<br />

Resolven<strong>do</strong> a equação por tentativas obteríamos Y = 9,45 m.<br />

3,00 x 3,00<br />

3<br />

= 231,96<br />

O encastramento seria então D = 9,45 + a ≈ 11,90 m, valor algo eleva<strong>do</strong> porque o ângulo<br />

<strong>de</strong> atrito <strong>do</strong> solo é baixo e usámos o critério <strong>de</strong> o reduzir exageradamente para obter um<br />

coeficiente <strong>de</strong> segurança F s = 1,5 (segun<strong>do</strong> o EC 7 (2001) po<strong>de</strong>remos tomar Fs=1,25<br />

Po<strong>de</strong>remos agora obter os diagramas <strong>de</strong> esforços transversos a partir <strong>do</strong>s diagramas <strong>de</strong><br />

pressões (Fig.7.4.2).<br />

x' =<br />

p Y − 2R<br />

p<br />

p<br />

p<br />

+ p''<br />

p<br />

a<br />

Υ<br />

Υ<br />

Fig.7.4.2<br />

(a), _<br />

p = γ '(K'<br />

p p - K'a )Y (b), p''p = p'p + γ '(K'p<br />

- K'a )Y (c)<br />

Diagramas <strong>de</strong> Esforços Transversos: T = ⌡ ⌠-p d z + C te (d)<br />

VII-25


p = K' a x 17,6 x z ⇒ T = - K' a x 17,6 x z2<br />

2<br />

(e) trecho AA ' 0 ≤ z ≤ 3,00<br />

p = K'a 17,6 x 3,00 + K'a 9,6 x (z - 3,00) trecho A' B<br />

T = K' a 17,6 x 3,00 x (z - 3) - K' a x 9,6<br />

⎛<br />

⎞<br />

⎜T<br />

⎟<br />

⎝ o = K'a x 17,6 x<br />

⎠<br />

3,002<br />

2 = K'a x 79,2<br />

(z - 3)<br />

2 + T o<br />

(f) 3,00 ≤ z ≤ 6,00<br />

p = p<br />

B<br />

⎜<br />

⎝ ⎛ ⎞<br />

1 - ⎟<br />

⎠<br />

z'<br />

, com z' = z - 6,00 trechos<br />

2,42<br />

e BO + OC<br />

p B = K' a x 17,6 x 3,00 + K' a 9,6 x (6,00 - 3,00)<br />

2 ⎛ z'<br />

⎞<br />

T = pB<br />

⎜ z'−<br />

+ T o comT o = T<br />

x ⎟ ' , '<br />

⎝ 2 2,<br />

43⎠<br />

⎛ z'<br />

⎞ ⎛ 2,<br />

43 + Y − x'<br />

⎞ p pY<br />

− 2Ra<br />

c = pB⎜1<br />

− ⎟ = p ⎜1−<br />

⎟ com x'=<br />

⎝ 2,<br />

43⎠<br />

⎝ 24,<br />

3 ⎠ p + p''<br />

p B<br />

z' = 2,43 + Y - x'<br />

B<br />

O trecho final (CE ) po<strong>de</strong>rá estudar-se <strong>de</strong> baixo para cima a partir da recta E 'C'<br />

cuja<br />

equação p = bx + pc'' com b =<br />

p =<br />

p c<br />

''<br />

p p<br />

x'<br />

−<br />

''<br />

p p − pc<br />

x'<br />

, ou seja<br />

x + ⇒<br />

' '<br />

p p T = ⌡⌠-p d x = -<br />

Diagrama <strong>do</strong>s Momentos Flectores<br />

x'<br />

(g)<br />

p<br />

''<br />

p p − pc<br />

p<br />

2<br />

x ''<br />

+ p p x (h)<br />

2<br />

Seguir-se-ia o cálculo <strong>do</strong>s momentos flectores em cada trecho por integração <strong>do</strong>s<br />

diagramas <strong>de</strong> esforços transversos T. O momento máximo verificar-se-ia no ponto em que T=0,<br />

isto é, algures no trecho OC . Esse ponto tira-se da expressão (g) pon<strong>do</strong><br />

0 = p<br />

B ⎟ 2 ⎛ z'<br />

⎞<br />

⎜ z '−<br />

+ T<br />

⎝ 2x2,<br />

43 B<br />

;<br />

⎠<br />

VII-26


ou seja<br />

z' 2<br />

aí z = 6,00 m.<br />

. ' ' 0<br />

2 2,<br />

43<br />

2 PB<br />

z − pB<br />

z −TB<br />

= com p da<strong>do</strong> pela expressão (f') e TB obti<strong>do</strong> <strong>de</strong> (f) fazen<strong>do</strong><br />

×<br />

B<br />

Obti<strong>do</strong> o momento máximo na cortina dimensionavam-se as estacas-pranchas pela forma<br />

que se <strong>de</strong>senvolverá no problema <strong>do</strong> 2º Exemplo.<br />

2º Exemplo<br />

Dada a cortina da Fig. 7.4.3 com as características geométricas e os solos indica<strong>do</strong>s,<br />

<strong>de</strong>terminar, 1) sem carga; 2) com carga no terrapleno (fica como exercício):<br />

a) A ficha D.<br />

b) A força <strong>de</strong> ancoragem.<br />

c) Os diagramas <strong>de</strong> esforços transversos e momentos flectores.<br />

d) Dimensionar a cortina supon<strong>do</strong> as estacas <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> perfila<strong>do</strong>s correntes.<br />

1º Caso: Sem carga no terrapleno.<br />

t t<br />

t<br />

t<br />

tΥ<br />

υ<br />

Fig.7.4.3<br />

pv = γ h + γ h = 16, 8x2,<br />

40 + 6,<br />

75x20,<br />

6 = 179,<br />

37kN<br />

/ m<br />

1<br />

1<br />

2<br />

2<br />

Se usar o coeficiente <strong>de</strong> redução Fs = 1,5 aplica<strong>do</strong> a tg φ e à coesão c teremos:<br />

⎛ tg33º<br />

⎞<br />

φ '=arc<br />

tg⎜ ⎟ =23º.41 e daí<br />

⎝ 1,<br />

5 ⎠<br />

c’=73 ÷ 1,5=48,666kN/m 2<br />

t<br />

2<br />

t<br />

' ''<br />

2<br />

K a = K a = tg (45º-23º.41/2)=0,43133 e<br />

VII-27


(como já se disse o EC 7 (2001) indica um coeficiente <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> 1,25 para +gφ ' e c’)<br />

Força total <strong>de</strong> impulso da areia:<br />

R<br />

a<br />

= K γ<br />

'<br />

a<br />

1<br />

2<br />

h1<br />

'<br />

+ K aγ<br />

2<br />

1<br />

h<br />

1<br />

h<br />

2<br />

+ K γ<br />

''<br />

a<br />

2<br />

2 ( h 2)<br />

= 340,<br />

68kN<br />

/ m<br />

Momento em relação ao ponto <strong>de</strong> ancoragem A':<br />

Y . R a = K '<br />

a 1<br />

+ K "<br />

a γ 2<br />

2<br />

h 1 ⎛ 2 ⎞<br />

γ ⎜ h 1 −1, 20⎟<br />

+ K<br />

2 ⎝ 3 ⎠<br />

'<br />

h 2 ⎛ 2<br />

⎞<br />

⎜ 2 + h1<br />

−1,<br />

20⎟<br />

2 ⎝ 3<br />

⎠<br />

⇒ Y = 716,36/340,68 = 2,10 m.<br />

2<br />

a γ 1 h h 1 2<br />

h = 716, 36 kN/m.<br />

⎛ h2<br />

⎞<br />

⎜h<br />

1 + −1,<br />

20⎟<br />

+<br />

⎝ 2 ⎠<br />

h = h + h - 1,20 = 7,95 m, p = γ 3 1 2 v 2 h + γ 1 2 h = 179,37 kN/m 2 2<br />

D 2<br />

+ 2 D h -<br />

2 _<br />

Y R a<br />

4c' - p v = 0 ⇒ D 2<br />

+ 2 x 7,95 D - 93,665 = 0<br />

2<br />

⇒ D = - 7,95 ± 7.<br />

95 + 93,<br />

665 = 4,57 m.<br />

Tomemos D = 4,60 m<br />

A tracção no cabo seria F AC = R a - (4c' - p v ) x 4,60 = 270,3 kN/m.<br />

Fig. 7.4.4<br />

VII-28


Assim:<br />

Os esforços transversos calculam-se por integração <strong>do</strong> diagrama das pressões (Fig. 7.4.4).<br />

p = K '<br />

a<br />

16,8 z no intervalo 0 ≤ z ≤ 2,40<br />

p = K '<br />

a 16,8 x 2,40 + K a<br />

20,6 x (z - 2,40) no intervalo 2,40 ≤ z ≤ (6,75 + 2,40).<br />

p = cte = 15,3 kN/m no intervalo 0 ≤ z' < 4,60, z' = 2,4 + 6,75 + 4,60 - z.<br />

Então os esforços transversos serão da<strong>do</strong>s por:<br />

T = - K '<br />

a 16,8 2<br />

z<br />

2<br />

T = - K '<br />

a 16,8 2<br />

z<br />

2<br />

T = - K '<br />

a<br />

2<br />

( 2,<br />

40)<br />

16,8 x<br />

2<br />

x (z - 2,40) - K ' '<br />

a 20,6<br />

no trecho 0 ≤ z < 1,20<br />

+ 270,3 kN/m no trecho 1,20 ≤ z < 2,40 m<br />

+ 270,3 kN/m - K '<br />

a<br />

( z − 2,<br />

40)<br />

2<br />

2<br />

16,8 x 2,40 x<br />

no trecho 2,40 ≤ z ≤ 2,40 + 6,75<br />

T = 15,3 x z', com z' = (2,40 + 6,75 + 4,60) - z, no trecho 0 ≤ z' < 4,60<br />

O esforço transverso máximo existe à cota z = 1,20 e é igual a<br />

T = 270,3 - 16,8 x 1,2 x 1,2<br />

2<br />

= 258,2 KN/m<br />

Por outro la<strong>do</strong> o diagrama <strong>do</strong>s momentos flectores obtinha-se por integração <strong>do</strong> diagrama<br />

<strong>do</strong>s esforços T (Fig. 7.4.4). O máximo verificar-se-ia no trecho 2,40 < z < 2,40 +6,75 e para o<br />

ponto T = 0, isto é, para z tal que<br />

0 = -K '<br />

a<br />

2<br />

( 2,<br />

40)<br />

16,8 x<br />

2<br />

+ 270,3 - K '<br />

a<br />

'<br />

16,8 x 2,40 x (z - 2,40) - K '<br />

a 20,6<br />

2<br />

( 2,<br />

40)<br />

( z − 2,<br />

40)<br />

0 = 270,3- 16,8 x - 16,8 x 2,40 (z - 2,40) - 20,6<br />

2<br />

2<br />

578,3 - 40,32 (z - 2,40) - 10,3 (z - 2,40) 2<br />

2<br />

( z − 2,<br />

40)<br />

2<br />

= 0 ⇒ 57,83 + 4,032 x 2,40 - 4,032 z -<br />

- 1,03 x z 2<br />

+1,03 x 2 x 2,40 x z -<br />

- 1,03 x (2,40) 2<br />

= 0<br />

1,03 z 2<br />

+ (4,032 - 1,03 x 2 x 2,40) z - 57,83 - 4,032 x 2,40 + 1,03 x 2,40 2<br />

= 0<br />

2<br />

VII-29


1,03 z - 0,912 z - 61,574 = 0 ⇒ z =<br />

+<br />

0,<br />

912<br />

±<br />

( 0,<br />

912)<br />

2<br />

2x1,<br />

03<br />

+ 4x1,<br />

03x61,<br />

574<br />

Os valores <strong>de</strong> M d calculam-se integran<strong>do</strong> T no intervalo em causa:<br />

Para o intervalo 120 ≤ z < 2,40 vem Md = - K '<br />

a 16,8<br />

Para 2,40 ≤ z < 2,40 + 6,75:<br />

Md = ⎟ 2<br />

⎛ ' ( 2,<br />

40)<br />

⎞<br />

⎜<br />

⎜−<br />

16,<br />

8x<br />

+ 270,<br />

3<br />

⎝<br />

2 ⎠<br />

K a x (z - 2,40) - K '<br />

a<br />

z<br />

2 x 3<br />

3<br />

16,8 x 2,40<br />

- K ' '<br />

a 20,6<br />

+ 270,3 x z + Mo<br />

( z − 2,<br />

40)<br />

2x3<br />

on<strong>de</strong> M o é o valor <strong>de</strong> M para z = 2,40 m, ou seja, para 1,20 ≤ z < 2,40<br />

M o = - K '<br />

a<br />

3<br />

( 2,<br />

40)<br />

16,8 x + 270,3 (2,40 - 1,20) = 307,66 kNm/m.<br />

2x3<br />

Calculan<strong>do</strong> M no ponto z = 8,187 m (on<strong>de</strong> é máximo), temos:<br />

M d = (- K '<br />

a<br />

x<br />

( 8,<br />

187<br />

2<br />

( 2,<br />

4)<br />

16,8 x<br />

2<br />

− 2,<br />

40)<br />

2<br />

M d = 1172,9 kNm/m<br />

2<br />

- K ' '<br />

a 20,6<br />

+ 270,3 x (8,187 - 2,40) - K '<br />

a<br />

( 8,<br />

187 − 2,<br />

4)<br />

2x3<br />

3<br />

+ 307,66<br />

16,8 + 2,4 x<br />

( z − 2,<br />

40)<br />

2<br />

3<br />

2<br />

+ M o<br />

= 8,187 m<br />

Com este valor po<strong>de</strong>r-se-á calcular o perfil a usar para as estacas-pranchas a instalar. Se<br />

usar-mos, por exemplo, estacas <strong>de</strong> aço A400 com tensão característica <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> 400 MPa ao<br />

qual correspon<strong>de</strong>ria uma tensão <strong>de</strong> "projecto".<br />

ou seja<br />

σ d = 400/1,5 = 266,66 MPa ≅ 2 666,666 Kgf/cm 2<br />

M d I xx σ d = , on<strong>de</strong> Z = é a capacida<strong>de</strong> resistente da secção. (v = distância à fibra<br />

Z<br />

v<br />

266,666 x 10 3<br />

x 10 -4<br />

kN/cm 2<br />

mais afastada).<br />

≥<br />

2<br />

1172,<br />

9kNm<br />

/ mx10<br />

kNcm / m<br />

3<br />

Zcm / m<br />

⇒ Z ≥ 4398 cm 3<br />

/m.<br />

Procuran<strong>do</strong> numa tabela <strong>de</strong> estacas-pranchas (por exemplo nas tabelas técnicas) vê-se que<br />

a estaca Larsen VI seria suficiente:<br />

Z = 4170 cm 3<br />

/m ≈ 4398 cm 3<br />

/m.<br />

-<br />

VII-30


Observa-se que <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Rowe (1956) o momento máximo vem neste caso<br />

exagera<strong>do</strong> porque o diagrama <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> terras não é triangular. No caso presente a redução<br />

seria <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 20% (Matos Fernan<strong>de</strong>s 1990, p. 311).<br />

Comentário: a utilização <strong>de</strong> coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança em tg φ e na coesão c,<br />

com um valor usual F s = 1,5 leva a valores <strong>de</strong> encastramento D por vezes exagera<strong>do</strong>s sobretu<strong>do</strong><br />

quan<strong>do</strong> 4c - p v se aproxima <strong>de</strong> zero. Bowles (1974, pg. 318) admite que nesse caso F s se possa<br />

reduzir a 1,2. Também o EC7 (2001) indica F s = 1,25. Porém, é possível que então a<br />

estabilida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>slizamento geral, que sempre se <strong>de</strong>ve calcular e que adiante trataremos, não<br />

seja suficiente. Nesse caso, a cortina <strong>de</strong> estacas-pranchas terá mesmo <strong>de</strong> ser encastrada a gran<strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong> ou ser escolhi<strong>do</strong> outro tipo <strong>de</strong> obra, como por exemplo uma ponte-cais apoiada<br />

em estacaria fundada a gran<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Razões técnico-económicas ditarão então, como<br />

sempre, a solução mais conveniente.<br />

Dimensionamento <strong>de</strong> Estacas-Pranchas<br />

Fig. 7.4.5<br />

Quan<strong>do</strong> os diagramas <strong>de</strong> pressão na cortina e as forças <strong>de</strong> ancoragem (quan<strong>do</strong> existem)<br />

forem conheci<strong>do</strong>s, os diagramas <strong>de</strong> esforços transversos e momentos flectores obtêm-se por<br />

VII-31


simples cálculo estático e daí o dimensionamento das secções das estacas uma vez que seja<br />

escolhi<strong>do</strong> o tipo <strong>de</strong> material. Nos exemplos práticos trata<strong>do</strong>s e noutros a dar nas aulas práticas<br />

haverá oportunida<strong>de</strong> para o dimensionamento quer <strong>de</strong> estacas metálicas quer <strong>de</strong> estacas-<br />

pranchas <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong>.<br />

7.5 - Comentários sobre a distribuição <strong>de</strong> pressões das terras sobre a cortina<br />

As distribuições das pressões nas cortinas po<strong>de</strong>m ser substancialmente diferentes das que<br />

acima referimos, mormente no caso das cortinas ancoradas. No entanto, po<strong>de</strong>mos a<br />

"sentimento" ver em que senti<strong>do</strong> se dão as variações: assim, não é <strong>de</strong> crer que na parte superior<br />

<strong>de</strong> uma cortina ancorada (atirantada) seja "mobilizada" a pressão activa das terras porque o<br />

tirante, embora "elástico", não permitirá, em geral, um <strong>de</strong>slocamento suficiente para se atingir o<br />

esta<strong>do</strong> activo. Nessa zona, portanto, reinará o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> tensão entre o activo e o <strong>de</strong> "repouso",<br />

isto é:<br />

on<strong>de</strong>:<br />

p < p < K γ h<br />

(7.5.1)<br />

a<br />

h<br />

∑<br />

Ko é o coeficiente <strong>de</strong> pressão das terras em repouso;<br />

∑<br />

p é a pressão activa igual K a aγ ihi<br />

p h é a pressão horizontal real;<br />

γ i é o peso específico <strong>do</strong> solo i, e hi é a "possança" respectiva.<br />

;<br />

o<br />

i<br />

i<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a cortina ten<strong>de</strong> para o "encastramento" na extremida<strong>de</strong> inferior,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong> encastramento das características <strong>do</strong> solo on<strong>de</strong> se cravam as estacas, <strong>do</strong><br />

comprimento <strong>de</strong> cravação ("ficha" D) e da própria forma <strong>de</strong> cravar as estacas. Daí que tenham<br />

surgi<strong>do</strong> vários méto<strong>do</strong>s para obter a distribuição "real" <strong>de</strong> pressões e os consequentes<br />

diagramas <strong>de</strong> esforços transversos e momentos flectores (Tschebotarioff, B. Hansen, etc.). No<br />

méto<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> por P.W. Rowe ("Anchored Sheet Pile Retaining Walls, Proc. Instn. C.E.<br />

Lon<strong>do</strong>n, 1952, pp. 27-70) faz-se uma redução nos momentos flectores quan<strong>do</strong> a fundação é <strong>de</strong><br />

argila. Esses cálculos no entanto, são basea<strong>do</strong>s em comparações com resulta<strong>do</strong>s experimentais,<br />

váli<strong>do</strong>s nas condições próprias <strong>do</strong>s ensaios realiza<strong>do</strong>s e para cortinas com certa rigi<strong>de</strong>z.<br />

VII-32


Mo<strong>de</strong>rnamente, Bowles (1996), pag. 728, tem-se procura<strong>do</strong>, por intermédio <strong>do</strong> cálculo<br />

numérico (diferenças finitas ou elementos finitos), tratar o conjunto <strong>de</strong> cortina-solo-tirantes,<br />

supon<strong>do</strong> esses elementos elásticos lineares ou não lineares. Adiante veremos o caso <strong>de</strong> se<br />

admitir elasticida<strong>de</strong> linear e válida a teoria <strong>de</strong> Winkler, como fizemos no cálculo <strong>de</strong> vigas em<br />

fundação elástica pelo méto<strong>do</strong> das diferenças finitas (5.9). Bowles (1996) apresenta disquetes<br />

com programas <strong>de</strong> elementos finitos. A estaca-prancha é dividida em elementos que são<br />

toma<strong>do</strong>s como barras submetidas à flexão e ao corte. A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z da estrutura é<br />

calculada a partir das matrizes <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> cada “barra”. Essa matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z é alterada para<br />

ter em conta os efeitos <strong>de</strong> “mola” <strong>do</strong>s tirantes e <strong>do</strong> terreno na parte da cortina encastrada nele,<br />

através <strong>do</strong> coeficiente da reacção <strong>do</strong> solo.<br />

7.6 - Cortinas Ancoradas com mais <strong>de</strong> uma fila <strong>de</strong> ancoragens<br />

Se se trata <strong>de</strong> estacas cravadas em geral metálicas e se o "bed-rock" é rochoso a<br />

penetração será, por razões construtivas, pequena (Fig. 7.6.1). Terá, todavia <strong>de</strong> ser o suficiente<br />

para haver um ponto <strong>de</strong> apoio, a não ser que o tipo <strong>de</strong> solo entre B e C' e a distância <strong>de</strong><br />

penetração BC ' , já satisfaçam as condições citadas em (7.3)<br />

Fig. 7.6.1<br />

Em qualquer <strong>do</strong>s casos a existência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is tirantes tornaria o sistema hiperestático. A<br />

in<strong>de</strong>terminação porém, po<strong>de</strong>rá levantar-se, utilizan<strong>do</strong>, por exemplo, o méto<strong>do</strong> das diferenças<br />

finitas. É, porém, necessário nesse caso ter prédimensiona<strong>do</strong> a cortina e os tirantes. Esse<br />

VII-33


prédimensionamento po<strong>de</strong>rá fazer-se, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> apenas um tirante, inicialmente e<br />

realizan<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois iteracções se o perfil escolhi<strong>do</strong> for insuficiente ou <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> conservativo.<br />

t<br />

t<br />

Fig. 7.6.2<br />

Se usarmos o méto<strong>do</strong> das diferenças finitas uma vez dimensionada a cortina e tirantes,<br />

aplicaremos o méto<strong>do</strong> como já foi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> apenas com os ajustes necessários a este caso e que<br />

são os seguintes:<br />

Supon<strong>do</strong> que as ancoragens <strong>do</strong>s tirantes não ce<strong>de</strong>m, as flechas nos pontos 2 e 4 (Fig.<br />

7.6.2) são inversamente proporcionais respectivamente à rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s tirantes F1 e F2, à tracção.<br />

Assim, os esforços F1 e F2 nos tirantes teriam por expressão:<br />

F 1 =<br />

EA 1<br />

EA 2<br />

∆ l 1 e F = ∆ 2 2<br />

l1<br />

l2<br />

l<br />

Projectan<strong>do</strong> na horizontal teríamos<br />

e<br />

α<br />

EA<br />

1<br />

F1=EA1. ∆ l 1/l1<br />

cos 1 = 2<br />

l 1<br />

cos2 1<br />

EA<br />

ω<br />

' 2<br />

F 2 = ω 4 cos<br />

l2<br />

2 α 2<br />

on<strong>de</strong> ω 2 e ω 4 são os <strong>de</strong>slocamentos horizontais <strong>do</strong>s pontos 2 e 4 respectivamente.<br />

α<br />

(7.6.1)<br />

(7.6.2)<br />

VII-34


(Admite-se que as componentes verticais são "absorvidas" pela cortina sem problemas <strong>de</strong><br />

encurvadura ou outros. O EC7 manda fazer a verificação da estaca à compressão admitin<strong>do</strong> que<br />

também possa haver atrito negativo se o aterro assenta).<br />

reacção k.<br />

Assim, os factores<br />

EA 2<br />

1<br />

cos<br />

l<br />

1<br />

α 1 e<br />

EA 2<br />

2<br />

cos<br />

l<br />

1<br />

α 2 funcionariam como coeficientes <strong>de</strong><br />

As cargas P 1 e P 2 , ..., P 6 admitem-se conhecidas através <strong>de</strong> um diagrama <strong>de</strong> pressões<br />

"activas" ou outro que se julgue mais apropria<strong>do</strong> (por exemplo um diagrama resultante <strong>de</strong> uma<br />

média entre K a e K o ).<br />

Na parte cravada das estacas admite-se um coeficiente <strong>de</strong> reacção <strong>do</strong> solo k '<br />

s , sen<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rar um outro bem maior para a parte "encastrada" na rocha, quer haja "encastramento"<br />

real ou simples apoio. Como <strong>de</strong>monstrámos ao tratar das vigas em fundação eslástica, o<br />

problema é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> e obtemos <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> os esforços nos tirantes e as reacções <strong>do</strong> solo<br />

na parte cravada da cortina o que nos permite traçar os diagramas <strong>de</strong> esforços transversos e<br />

momentos flectores e daí verificar a estabilida<strong>de</strong> interna da cortina.<br />

O estu<strong>do</strong> po<strong>de</strong> fazer-se por metro "corrente" <strong>de</strong> cortina (normal ao plano da figura) mas<br />

os tirantes terão um certo espaçamento, digamos 1,50m a 3,00m, o que se escolherá <strong>de</strong> forma a<br />

que as vigas horizontais que correm em A' e A’’ (Fig. 7.6.1) e solidarizam as estacas pranchas e<br />

dão apoio aos tirantes, não venham com gran<strong>de</strong>s dimensões. Essas vigas, po<strong>de</strong>m consi<strong>de</strong>rar-se<br />

como vigas "contínuas" sobre os tirantes. Estes são, em geral, constituí<strong>do</strong>s por varões <strong>de</strong> aço<br />

<strong>de</strong>vidamente protegi<strong>do</strong>s. Os diâmetros normais <strong>do</strong>s varões limitam também o valor <strong>do</strong><br />

espaçamento.<br />

As amarrações à fundação rochosa, P e Q (Fig7.6.1) são feitas em geral perfuran<strong>do</strong> o<br />

maciço rochoso (ou o solo duro <strong>do</strong> "firme") e betonan<strong>do</strong> uma certa extensão l <strong>do</strong> furo <strong>de</strong><br />

forma a que o esforço <strong>de</strong> tracção F no tirante possa ser equilibra<strong>do</strong> pelas forças <strong>de</strong> atrito e<br />

a<strong>de</strong>rência na superfície cilíndrica <strong>de</strong> contacto entre o betão e o "bed rock".<br />

VII-35


Para esse efeito teremos (Fig. 7.6.3)<br />

|F| = π . a . l . f<br />

on<strong>de</strong> f é a a<strong>de</strong>rência e atrito.<br />

Fig. 7.6.3<br />

Wu (Foundations Engineering Handbook) dá a seguinte tabela para f:<br />

"Bedrock"<br />

Argila dura 50 kN/m 2<br />

Areia <strong>de</strong>nsa 100 kN/m 2<br />

Rocha sã 150 kN/m 2<br />

ou qu 4 (qu = tensão <strong>de</strong> rotura à compressão simples)<br />

Mais à frente apresentam-se figuras com aplicações <strong>de</strong> ancoragens à estabilização <strong>de</strong><br />

encostas com solos <strong>de</strong> rochas fracturadas.<br />

7.7 - Ancoragens Baseadas na Resistência Passiva <strong>do</strong>s Solos"<br />

Se se trata <strong>de</strong> um aterro e não <strong>de</strong> uma escavação on<strong>de</strong> é necessário ancorar a cortina <strong>de</strong><br />

retenção e se não há "bedrock" acessível on<strong>de</strong> haveria interesse em ancorar os cabos ou<br />

tirantes, po<strong>de</strong>rão ser utilizadas placas <strong>de</strong> ancoragem (Fig. 7.7.1) <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> embebidas no<br />

aterro em zona suficientemente afastada da parte <strong>do</strong> maciço terroso sujeita a <strong>de</strong>slizamento (Fig.<br />

7.3.4).<br />

VII-36


Fig. 7.7.1<br />

Nessas condições a placa recebe na sua frente uma reacção passiva das terras e no tardós<br />

uma acção activa. A diferença das duas será cd ' = p p a pressão passiva útil. Conhecida a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ponto central da placa, em geral na horizontal <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> amarração <strong>do</strong><br />

tirante à cortina, é fácil calcular o diagrama das pressões p p e <strong>de</strong>le <strong>de</strong>duzir as dimensões<br />

mínimas necessárias para a placa. Para termos a<strong>de</strong>quada segurança começaríamos segun<strong>do</strong> Wu<br />

por multiplicar por <strong>do</strong>is a carga para o tirante calculada em função <strong>do</strong> seu espaçamento.<br />

É claro que essa majoração da carga nos tirantes só será <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar se as pressões<br />

activas e passivas na cortina não estiverem já <strong>de</strong> si majoradas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao facto <strong>de</strong> se ter reduzi<strong>do</strong><br />

tg φ por um factor <strong>de</strong> segurança, e a coesão se a houver.<br />

Suponhamos que <strong>de</strong>sejamos dimensionar uma placa <strong>de</strong> ancoragem que por metro<br />

"corrente" <strong>de</strong> cortina possa receber um tirante com a carga <strong>de</strong> "serviço" <strong>de</strong> 66,5 kN/m. A carga<br />

<strong>de</strong> dimensionamento da placa para um coeficiente <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> 2 será F d = 133 kN/m.<br />

Suponha-se que temos um solo com um peso específico <strong>de</strong> 18,5 kN/m 3<br />

e que o centro da placa<br />

<strong>de</strong> ancoragem se situa a 1,85m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Suponha-se ainda φ = 35°, o ângulo <strong>de</strong> atrito<br />

<strong>do</strong> solo e admita-se, a favor da segurança, que o ângulo <strong>de</strong> atrito entre a placa e o solo seja nulo<br />

(δ = 0°). Então K a = 0,27 e Kp = 3,7 à profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,85m temos a pressão no ponto médio<br />

da placa:<br />

p = Kp x 1,85 γ ' = 78,7 kN/m p 2<br />

p = Ka x 1,85 γ ' = 9,2 kN/m a 2<br />

⇒ p p = 69,5 kN/m2<br />

VII-37


Como a distribuição <strong>de</strong> pressões sobre a placa é linear, a pressão no ponto médio é igual<br />

à pressão média. Então, a área da placa necessária será<br />

133kN<br />

/ m<br />

A = 2<br />

69,<br />

5kN<br />

/ m<br />

= 1,914 m 2<br />

/ m<br />

É claro que se o espaçamento entre tirantes for por exemplo <strong>de</strong> 2 metros, o que seria o<br />

mínimo para evitar a interferência <strong>do</strong>s "cones <strong>de</strong> pressão" <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s à presença das placas,<br />

teríamos<br />

Área/placa = 2A = 3,828 m 2<br />

⇒ placas <strong>de</strong> 1,96 x 1,96 ⇒ 2m x 2m<br />

Todavia, segun<strong>do</strong> Wu, uma tal placa (<strong>de</strong> 2m x 2m), <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a "espalhamento" (Este<br />

“espalhamento” é <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma “difusão” <strong>de</strong> pressões na direcção longitudinal da cortina, “difusão” essa que não<br />

existirá se a placa for contínuamente apoida sobre os tirantes. Isto não quer dizer que não seja extremamente útil à<br />

estabilida<strong>de</strong> global haver um elemento (viga) <strong>de</strong> ligação entre placas na direcção longitudinal da cortina.) da<br />

pressão na direcção <strong>do</strong> comprimento da cortina po<strong>de</strong>ria receber tirantes <strong>de</strong> 1,6 x 133 kN/m x<br />

2m = 426 kN espaça<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 3,20m (1,6 x 2m), a que correspon<strong>de</strong>ria a carga <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong><br />

213kN.<br />

A <strong>de</strong>terminação da espessura da placa <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> e o cálculo e disposição das<br />

armaduras fazem-se como se <strong>de</strong> uma sapata se tratasse, sujeita a uma carga axial aplicada no<br />

seu centro geométrico, mas que em teoria (e às vezes na prática) se aplica no centro <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> das pressões das terras cuja distribuição se admite, como vimos, trapezoidal.<br />

Assim, a espessura é obtida a partir da equação <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> ao corte por punçoamento<br />

(ou em viga larga, sobretu<strong>do</strong> no caso <strong>de</strong> uma placa contínua sobre os tirantes).<br />

As armaduras são obtidas a partir <strong>do</strong>s diagramas <strong>de</strong> momentos flectores.<br />

Para garantir a amarração <strong>do</strong>s tirantes à placa, <strong>de</strong>vem ser solda<strong>do</strong>s convenientemente nas<br />

suas extremida<strong>de</strong>s E (Fig.7.7.2) varões EB, EA, EC e ED, abrin<strong>do</strong> em leque <strong>de</strong> forma a<br />

garantirem a necessária a<strong>de</strong>rência.<br />

VII-38


Fig. 7.7.2<br />

Quan<strong>do</strong> as placas são contínuas sobre os tirantes têm lugar aqui as observações que<br />

fizemos nas sapatas contínuas relativamente à redistribuição <strong>de</strong> momentos provenientes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocamentos diferenciais <strong>do</strong>s apoios. As disposições construtivas serão as mesmas:<br />

armaduras duplas nas duas faces na direcção longitudinal.<br />

VII-39


7.8 - Elementos sobre ancoragens<br />

7.8.1 -Pormenores Construtivos <strong>de</strong> Ancoragens. Cálculo Gráfico da ancoragem<br />

Equipamento <strong>de</strong> Sondagem<br />

Ancoragem em aluviões<br />

Macaco <strong>de</strong> esticamento <strong>do</strong>s cabos<br />

d)<br />

a)<br />

b)<br />

c)<br />

VII-40


R) Nicho para ancoragem quan<strong>do</strong> hélice <strong>de</strong> cintagem da zona<br />

<strong>de</strong> a betonagem maciço <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> tensão<br />

se faz <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> furo <strong>de</strong> sondagem<br />

e <strong>de</strong> colocação <strong>do</strong>s cabos em posição<br />

Fig. 7.8.1.1<br />

e)<br />

f)<br />

VII-41


Aplicão <strong>de</strong> Ancoragens<br />

c)<br />

b)<br />

d)<br />

a)<br />

VII-42


Fig. 7.8.1.2<br />

h)<br />

f)<br />

e)<br />

g)<br />

VII-43


t<br />

Meto<strong>do</strong> gráfico caso I<br />

c)<br />

b)<br />

a)<br />

VII-44


Fig. 7.8.1.3<br />

7.8.2- Consi<strong>de</strong>rações Construtivas sobre Ancoragens<br />

Os pontos fundamentais das ancoragens são as amarrações que se traduzem em fixar<br />

convenientemente o comprimento l da parte "chumbada" no "bedrock" e nos cuida<strong>do</strong>s a ter<br />

para garantir que a calda <strong>de</strong> cimento ou <strong>de</strong> cimento e areia envolva convenientemente os fios<br />

<strong>do</strong> cabo e as pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong> furo <strong>de</strong> forma a tornar monolíticos o cabo com o "bedrock". No caso<br />

<strong>do</strong>s terrenos móveis (areias) esse monolitismo é traduzi<strong>do</strong> por uma "bolsa" <strong>de</strong> areia<br />

transformada em betão por injecção da calda <strong>de</strong> cimento a qual ficará a<strong>de</strong>rente aos fios da<br />

extremida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cabo e a um apêndice que é um varão grosso <strong>de</strong> aço macio ao qual são por<br />

vezes soldadas as extremida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s fios. Estas operações são por vezes melindrosas e requerem<br />

pessoal especializa<strong>do</strong> para a sua execução. (Por isso gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> ancoragem<br />

são objecto <strong>de</strong> patentes). Por esse motivo a maioria das ancoragens <strong>de</strong>vem ser ensaiadas <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> executadas e para isso na sua ligação à cortina <strong>de</strong>vem ser previstas disposições construtivas<br />

para instalação <strong>do</strong>s macacos <strong>de</strong> ensaio.<br />

Outro ponto fundamental é a protecção <strong>do</strong> cabo contra a corrosão. Mesmo os cabos <strong>de</strong><br />

pré-esforça<strong>do</strong> <strong>de</strong>vidamente isola<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fábrica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o isolamento seja "feri<strong>do</strong>" nalgum<br />

d)<br />

VII-45


ponto serão rapidamente <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s porque se cria uma diferença <strong>de</strong> potencial eléctrico entre o<br />

aço <strong>do</strong>s fios e o terreno húmi<strong>do</strong> circundante.<br />

Mostra a experiência a esse respeito que o betão ainda é a melhor protecção <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que em<br />

espessura conveniente (nunca menos <strong>de</strong> 5cm <strong>de</strong> revestimento no caso <strong>do</strong>s tirantes com varões<br />

<strong>de</strong> aço <strong>de</strong> endurecimento natural sen<strong>do</strong> conveniente dispor mesmo <strong>de</strong> uma armadura <strong>de</strong> "pele"<br />

com estribos ou malha" para evitar que por assentamentos diferenciais o revestimento <strong>do</strong><br />

tirante se parta. Pinturas à base <strong>de</strong> resinas tipo "epoxy" parecem ser também eficientes<br />

sobretu<strong>do</strong> para reparação <strong>de</strong> "ferimentos" no isolamento <strong>de</strong> cabos <strong>de</strong> pré-esforça<strong>do</strong>.<br />

As cabeças <strong>do</strong>s tirantes que ficam, em geral, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora da cortina, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ela<br />

"entrar em carga" e terem si<strong>do</strong> feitos os necessários esticamentos e ajustes nos tirantes para que<br />

to<strong>do</strong>s "trabalhem" igualmente, têm <strong>de</strong> ser protegidas eficazmente, crian<strong>do</strong> nessas cabeças um<br />

maciço <strong>de</strong> betão <strong>de</strong> envolvimento.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

"ANCORAGENS", Seminário nº 217, LNEC, Março 1979.<br />

CAMBEFORT, H., "Les Ouvrages Ancrés au Sol", Travaux, Mai, 966.<br />

GRAUX, D. "Resistance <strong>de</strong>s Pieux à la Traction", Annales <strong>de</strong> l'I.T.B.T.P., nº 276, Dec.<br />

1970, Série Théories et Met. et Calcule, Paris.<br />

LOSINGER, S.A., (Catálogo) Berne/Suisse.<br />

STUP (Catálogo) Boulogne (Seine)<br />

Centro <strong>de</strong> Produção da U.E.G. (Brasil), Curso <strong>de</strong> Actualização em Fundações, 1973.<br />

7.9 - Escavações Entivadas por Escoramento ou Ancoragem<br />

7.9.1 - Consi<strong>de</strong>rações gerais e soluções construtivas<br />

As escavações escoradas po<strong>de</strong>m ter larguras muito variáveis <strong>de</strong> alguns metros até duas ou<br />

três <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros. Para larguras maiores aparecerão problemas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a encurvadura das<br />

escoras, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> então recorrer-se à instalação <strong>de</strong> tirantes ancora<strong>do</strong>s para dar apoio à cortina.<br />

A constituição da cortina também po<strong>de</strong> ter duas formas fundamentais: ser constituída por<br />

estacas pranchas <strong>de</strong> aço (Fig. 7.9.1.1) ou <strong>de</strong> betão cravadas ou por pare<strong>de</strong>s moldadas <strong>de</strong> betão<br />

arma<strong>do</strong>. Noutra solução, usada para pequenas profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escavação, po<strong>de</strong>m cravar-se<br />

estacas metálicas, em geral perfis I <strong>de</strong> aba larga, <strong>de</strong>vidamente apoia<strong>do</strong>s em escoras a vários<br />

níveis, ten<strong>do</strong> pranchas horizontais <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira apoian<strong>do</strong> nas abas <strong>do</strong>s perfis I como cortina <strong>de</strong><br />

retenção (Fig. 7.9.1.2). Quan<strong>do</strong> a escavação é pouco profunda, mas muito larga, as escoras<br />

VII-46


po<strong>de</strong>m não ir <strong>de</strong> cortina a cortina (ou pare<strong>de</strong> vertical): as escoras po<strong>de</strong>m então colocar-se<br />

inclinadas e apoiar no fun<strong>do</strong> da escavação. Ficará assim, um espaço central sem qualquer<br />

obstáculo, o que é uma gran<strong>de</strong> vantagem (Fig. 7.9.1.1 c).<br />

7.9.2 - Pressões Exercidas pelas Terras sobre a Cortina<br />

No caso das escavações escoradas a distribuição <strong>de</strong> pressões das terras não se calcula<br />

pelas teorias <strong>de</strong> impulso <strong>de</strong> terras. Experiências realizadas por Terzaghi, Peck e Tschebotarioff<br />

mostram que em vez <strong>de</strong> diagramas triangulares temos diagramas trapezoidais. Não há<br />

coincidência perfeita entre esses autores acerca <strong>do</strong> traça<strong>do</strong> <strong>de</strong>sses diagramas, mas as diferenças<br />

não são muito significativas. No caso das escoras inclinadas são aceites <strong>de</strong>slocamentos<br />

apreciáveis, o que permite "mobilizar" as pressões a toda a altura; portanto, para esse caso <strong>de</strong>ve<br />

usar-se um diagrama triangular (diagrama (j) da Fig. 7.9.2.1. Nessa figura resumem-se os<br />

diagramas segun<strong>do</strong> os diversos autores.<br />

O méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Terzaghi e Peck aplica-se a escavações com profundida<strong>de</strong>s superiores a 6<br />

metros. Usa um diagrama artificial <strong>de</strong> pressão para as terras para calcular os esforços nas<br />

escoras. Admite-se que o nível freático está abaixo <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> da escavação. A resistência ao<br />

corte da argila é tomada em ensaios não drena<strong>do</strong>s. As pressões <strong>de</strong> poro não são por isso<br />

consi<strong>de</strong>radas.<br />

Foi criada a seguinte expressão para indicar o grau <strong>de</strong> segurança traduzida por<br />

movimentos <strong>do</strong> solo no fun<strong>do</strong> da escavação:<br />

N<br />

c<br />

γH<br />

=<br />

c<br />

u<br />

(7.9.2.1)<br />

A expressão (7.9.2.1) <strong>de</strong>riva da aplicação da teoria da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga = γH<br />

.<br />

Assim, esses movimentos tornam-se significativos para N c ≥ 3 ou 4 e haverá muito<br />

provavelmente rotura para N c ≥ 6.<br />

p v<br />

VII-47


Fig. 7.9.1 – Escavação “entivada” com cortinas <strong>de</strong> estacas-pranchas escoradas<br />

Fig. 7.9.1.2 – Tipos <strong>de</strong> entivação em escavações<br />

VII-48


Escvação entivadas Estacas pranchas<br />

a) b) c)<br />

Fig. 7.9.1.1 - Configurações tipicas, (a) escoradas em cruz; (b) escoradas em vala; (c) escoradas <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>;<br />

(d) ancoradas; (e) cortina em anel circular<br />

Água + sobrecarga uniforme<br />

VII-49


Argila dura<br />

Argila média<br />

v<br />

Areia<br />

Ka = (1-sinø)/(1+sinø)<br />

Argilas<br />

Ka = 1 – m (2q/vH)<br />

elástico ou plástico <strong>do</strong> macico arfiloso<br />

m = 1 se Ne > 3 ou 4 (plástico)<br />

m < 1 se Me < 3 (elástico)<br />

7.9.2.1 - Pressões laterais. (a) corte; (b) sobrecarga; (d) Tschebotarioff, 1951; (e) Peck 1969; (f)<br />

Tschebotarioff; (g) argila mole; (h) argila dura (Terzaghi e Peck, 1967).<br />

VII-50


Para areias, Terzaghi e Peck supõem a pressão uniforme e igual a<br />

p = 0,65 K a γ H, on<strong>de</strong> K a = tan 2<br />

(45° - φ /2).<br />

Tschebotarioff dá para a pressão unitária das areias<br />

(7.9.2.2)<br />

p = 0,8 K a γ H cosδ , (7.9.2.3)<br />

on<strong>de</strong> K a é igual ao anterior e δ é o ângulo <strong>de</strong> atrito entre a cortina e as terras.<br />

média<br />

Em geral ≈ ( 2 )<br />

δ φ .<br />

3<br />

Terzaghi e Peck dão para a pressão lateral <strong>de</strong> solos argilosos moles ou <strong>de</strong> compacida<strong>de</strong><br />

p = 1,0 K a γ H cosδ ,<br />

2qu<br />

K = 1 - m ,<br />

a γH<br />

(7.9.2.4)<br />

m é um factor <strong>de</strong> redução <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> valor <strong>de</strong> N c <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por (7.9.2.1). m será igual a 1,0<br />

se N c > 3 ou 4 significan<strong>do</strong> que o maciço argiloso está na base da escavação próximo da rotura<br />

(N c = 2 + π na rotura); m < 1,0 para N c < 3 ou 4 (funcionamento "elástico").<br />

e<br />

q u = tensão axial <strong>de</strong> rotura da argila no ensaio <strong>de</strong> compressão simples:<br />

q u = 2 c u<br />

Para argilas duras fissuradas os mesmos autores referem para a pressão lateral máxima<br />

Para argila dura Tschebotarioff dá<br />

para argila média.<br />

p = 0,2 γ H a 0,4γ H (7.9.2.5)<br />

p = 0,3 γ H (7.9.2.6)<br />

p = 0,375 γ H (7.9.2.7)<br />

Para solos com duas camadas ten<strong>do</strong> areia sobre argila, Peck sugere a seguinte pressão nas<br />

cortinas ancoradas:<br />

p '<br />

m<br />

K '<br />

= K '<br />

a<br />

γ H<br />

(7.9.2.8)<br />

a = 1- 2q'u γ'<br />

H<br />

(7.9.2.9)<br />

VII-51


q '<br />

u<br />

1<br />

H<br />

[ nq ]<br />

2<br />

= γ H K tgφ<br />

+ ( H − H )<br />

a<br />

a<br />

a<br />

[ γ H γ H ]<br />

γ = a a +<br />

H<br />

1<br />

´'<br />

c<br />

c<br />

a<br />

u<br />

(7.9.2.10)<br />

(7.9.2.11)<br />

on<strong>de</strong> γ a , H e K são, respectivamente, o peso específico, a possança e o coeficiente <strong>de</strong> impulso<br />

a a<br />

activo para a areia; φ é o ângulo <strong>de</strong> atrito; γ c , H e q são o peso específico, a possança e a<br />

c u<br />

resistência à compressão simples para a argila não drenada no laboratório; n é a razão entre essa<br />

resistência no campo e os valores no laboratório; H é a profundida<strong>de</strong> total da escavação.<br />

7.9.3 - Instabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida a "inchamento" <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> ou a erosão interna.<br />

Uma fonte <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> frequente nas escavações com fun<strong>do</strong> em argila é, como já<br />

referimos a <strong>de</strong>scompressão e "inchamento" <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> seguida <strong>de</strong> escorregamento localiza<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

fun<strong>do</strong> para o interior da escavação com <strong>de</strong>smoronamento da entivação (Fig. 7.9.3.1).<br />

a)<br />

v<br />

VII-52


)<br />

Fig. 7.9.3.1<br />

Para calcular a segurança em relação a esse fenómeno notemos que se po<strong>de</strong>, em<br />

princípio, substituir o solo lateralmente ao nível <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> da escavação por uma carga<br />

ca = fracção da coesão<br />

φ = ângulo <strong>de</strong> atrito<br />

r = B 2 / 2<br />

Ka = coeficiente <strong>de</strong> pressão das terras<br />

Ff p = p + γ H - v<br />

r<br />

1 2<br />

on<strong>de</strong> Ff = γH<br />

K a tgφ<br />

+ ca<br />

H<br />

2<br />

Se φ = 0 virá ca = cu = coesão não drenada da argila.<br />

(7.9.3.1)<br />

(7.9.3.2)<br />

A força Ff seria o resultante <strong>do</strong> atrito e a<strong>de</strong>rência lateral que surge no bloco <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />

ABCC’.<br />

Tratar-se-ia então <strong>do</strong> funcionamento <strong>de</strong> uma “sapata” fictícia ao contrário; isto é, o solo<br />

entre A’A romperia, não por ter nessa área aplicada uma carga excessiva como seria no caso <strong>de</strong><br />

VII-53


uma sapata com essa largura, mas porque teria aí falta <strong>de</strong> carga e a carga lateral p v faria o solo<br />

refluir para <strong>de</strong>ntro da escavação. De qualquer forma, o fenómeno seria o mesmo e os cálculos<br />

também os mesmos. Po<strong>de</strong>mos, por isso, usar para esse caso a teoria <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong><br />

sapatas (Cap. 3) <strong>de</strong>vidamente adaptada ao caso em questão (φ = 0, coeficiente <strong>de</strong> forma e<br />

outros apropria<strong>do</strong>s).<br />

Assim teríamos um coeficiente <strong>de</strong> “segurança”<br />

sen<strong>do</strong> ult cN c<br />

Fs =<br />

q = c<br />

q<br />

p<br />

ult<br />

v<br />

s c<br />

d + h<br />

γ q N q s q<br />

(7.9.3.3)<br />

d (7.9.3.4)<br />

on<strong>de</strong> c N , c s , c d , q N q s e d q são os factores <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> resistente apresenta<strong>do</strong>s no<br />

parágrafo 3.1. h é a altura <strong>de</strong> terras <strong>de</strong>ntro da escavação acima das ponteiras das estacas-<br />

pranchas. Para terreno só argiloso a 2ª parcela em (7.9.3.4) seria só γ h , c = cu e Nc = 5,14.<br />

Como alternativa a (7.9.3.3) po<strong>de</strong>ríamos usar coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança usan<strong>do</strong><br />

φ d e cd em (7.9.3.4) e (7.9.3.2), tais que φ tg φ Fφ<br />

sen<strong>do</strong> pelo EC7 (2001) F Fc<br />

1,<br />

25 = = .<br />

φ<br />

tg d = e cd = c/Fc<br />

É claro que nesse caso teríamos qd em vez <strong>de</strong> qult e pvd em vez <strong>de</strong> pv. Para haver segurança<br />

<strong>de</strong>verá verificar-se qd ≥ pvd<br />

.<br />

Quanto à cortina é cravada em areia aquífera com nível freático eleva<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá haver<br />

instabilida<strong>de</strong> por efeito <strong>de</strong> "piping" ou levantamento hidráulico <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>. O assunto po<strong>de</strong> ser<br />

estuda<strong>do</strong> pelos méto<strong>do</strong>s usuais que dão os gradientes hidráulicos na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo e a<br />

verificação da segurança em relação a gradiente crítico. Assim, se o gradiente hidráulico<br />

máximo ascen<strong>de</strong>nte nas vizinhanças <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> da escavação fôr i M , e se o peso específico<br />

submerso <strong>do</strong> solo for γ ' e o da água γ w , teríamos como factor <strong>de</strong> segurança<br />

com i crit =<br />

γ '<br />

como sabemos.<br />

γ<br />

w<br />

O valor <strong>de</strong><br />

i<br />

tot<br />

M n<br />

M<br />

FS. =<br />

i<br />

i<br />

crit<br />

M<br />

Fig. 7.9.3.6<br />

= ∆h<br />

on<strong>de</strong> ∆ h<br />

∆l<br />

total é a perda <strong>de</strong> carga total e ∆ l M é o la<strong>do</strong> menor<br />

<strong>do</strong> quadra<strong>do</strong> da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo na zona <strong>de</strong> saída e n é o número total <strong>de</strong> quedas <strong>de</strong> potencial.<br />

VII-54


Este factor <strong>de</strong> segurança diz respeito ao “piping”. Quanto à segurança em relação<br />

“levantamento” hidráulico Terzaghi (1922) indica que o mesmo tem lugar numa faixa junto á<br />

cortina com uma largura d/2, sen<strong>do</strong> d a altura enterrada da cortina. Admitin<strong>do</strong>-se que o bloco <strong>de</strong><br />

solo com a largura d/2 e altura d (Fig. 7.9.3.2) possa sofrer um levantamento para o interior da<br />

Fig. 7.9.3.2 – Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo para o cálculo da segurança relativamente ao “piping” e ao levantamento<br />

hidráulico<br />

escavação se o seu peso for supera<strong>do</strong> pela pressão que a água exerce na sua base. O coeficiente<br />

<strong>de</strong> segurança seria então (Matos Fernan<strong>de</strong>s, 1990, p.414):<br />

F =<br />

∫ 2 / d<br />

w<br />

on<strong>de</strong> pw é a pressão da água na base <strong>do</strong> bloco.<br />

γ<br />

sat<br />

p<br />

d<br />

w<br />

2<br />

2<br />

( x)<br />

dx<br />

Fig. 7.9.3.7<br />

Craig (1987, p. 92) faz cálculos um pouco diferentes para este caso chegan<strong>do</strong> à conclusão<br />

que o coeficiente da segurança seria<br />

on<strong>de</strong> im = hm/d, sen<strong>do</strong> hm a altura piezométrica média na base <strong>do</strong> bloco.<br />

F =<br />

Cortinas cravadas em aquíferos com pressões artesianas<br />

i<br />

crit<br />

i<br />

m<br />

Fig. 7.9.3.8<br />

VII-55


Quan<strong>do</strong> abaixo <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> escavação existe uma camada argilosa ou argilo-siltosa que<br />

repousa sobre uma camada arenosa é natural que haja um efeito <strong>de</strong> pressões artesianas, pelo<br />

menos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao rebaixamento <strong>do</strong> nível freático no interior da escavação (Fig. 7.9.3.3). Neste<br />

Fig. 7.9.3.3 - Escavação com pressões artesianas<br />

caso ter-se-ão <strong>de</strong> fazer medidas piezométricas para <strong>de</strong>terminar a razão <strong>do</strong> peso total <strong>do</strong> solo<br />

situa<strong>do</strong> entre a base da escavação e o plano inferior <strong>do</strong> estrato argiloso e a resultante das<br />

pressões que a água exerce no mesmo plano:<br />

F =<br />

γh2<br />

h<br />

γ w<br />

1<br />

Fig. 7.9.3.9<br />

on<strong>de</strong> h1 é a altura piezométrica na base <strong>do</strong> estrato argiloso fora da escavação e h2 a espessura <strong>de</strong><br />

solo entre o fun<strong>do</strong> da escavação e a base <strong>do</strong> estrato argiloso.<br />

O EC7 (2001, p. 123) admite F = 1. Matos Fernan<strong>de</strong>s (1990, p. 4.14) exige 2,0 a 2,5.<br />

Como a a<strong>de</strong>rência <strong>do</strong>s solos à cortina na parte enterrada será a favor da segurança,<br />

pensa-se que F = 1,25 seria suficiente (Bowles, 1996, p. 816).<br />

VII-56


8.1 - Tipos <strong>de</strong> Estacas. Uso <strong>de</strong> Cada Tipo<br />

Capitulo 8<br />

ESTACAS E MACIÇOS DE ESTACAS<br />

As estacas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, aço, <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> betão pré-esforça<strong>do</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>m ser maciças ou tubulares, <strong>de</strong> secção recta circular ou quadrada (com arestas quebradas)<br />

ou octagonal. Sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> aço, po<strong>de</strong>m ter secção em H ou em outro perfil com os <strong>do</strong>is<br />

momentos principais centrais <strong>de</strong> inércia aproximadamente iguais.<br />

Quanto à forma da sua "instalação" po<strong>de</strong>m ser pré-moldadas e cravadas ou moldadas "in<br />

situ", po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> estas últimas serem ainda <strong>de</strong> tubo crava<strong>do</strong>, <strong>de</strong> tubo <strong>de</strong>sci<strong>do</strong> com extracção <strong>de</strong><br />

solo ou <strong>de</strong> furo sem revestimento (furação directa ou por lamas). Um outro tipo <strong>de</strong> estacas<br />

muito usadas presentemente são estacas <strong>de</strong> furação contínua com tra<strong>do</strong> oco até à profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sejada ou possível.<br />

As estacas <strong>de</strong> aço ou <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira usam-se muito em obras provisórias; para obras<br />

<strong>de</strong>finitivas a ma<strong>de</strong>ira teria <strong>de</strong> ser protegida e manter-se submersa para não ser atacada pelo<br />

"tare<strong>do</strong>" (molúsculo) e a "cheluia" ou por "fungos". Mesmo assim não é <strong>de</strong> recomendar. As <strong>de</strong><br />

aço terão <strong>de</strong> ter uma protecção catódica e/ou terem na liga uma percentagem <strong>de</strong> cobre.<br />

As pré-moldadas e cravadas têm <strong>de</strong> ter armadura reforçada na cabeça e na ponteira, além <strong>de</strong><br />

terem um protector na cabeça durante a cravação. As moldadas "in situ" po<strong>de</strong>rão ter a base<br />

alargada. As estacas pré-moldadas nunca têm gran<strong>de</strong> diâmetro (até 0,60m) <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cravação. Elas utilizam-se quan<strong>do</strong> o solo é mole seguin<strong>do</strong>-se-lhe uma camada<br />

compacta, não, necessariamente o "bed rock". Po<strong>de</strong> até ser inconveniente a existência <strong>de</strong> uma<br />

camada <strong>de</strong> rocha, pois na cravação po<strong>de</strong>rá a estaca ser danificada, além <strong>de</strong> que nunca po<strong>de</strong>rá<br />

encastrar-se na "rocha" como conviria para aproveitamento da sua "total" capacida<strong>de</strong> e se<br />

houver estratos pouco espessos <strong>de</strong> "burgaus" ou "seixos" grossos também a estaca cravada<br />

po<strong>de</strong>rá ter inconvenientes por não conseguir ultrapassar tais camadas e se nelas ficar a<br />

ponteira a sua capacida<strong>de</strong> será reduzida em face da pequena espessura da camada. Por outro<br />

la<strong>do</strong>, em solos arenosos pouco compactos ela é muito vantajosa porque po<strong>de</strong> aumentar<br />

substancialmente a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tais solos. Como é evi<strong>de</strong>nte nas estacas cravadas há<br />

VIII-1


<strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> terreno. O mesmo acontece com estacas <strong>de</strong> tubo obtura<strong>do</strong> na ponta e<br />

crava<strong>do</strong>. A estaca executa-se proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> após a cravação <strong>do</strong> tubo à colocação da armadura e<br />

enchimento com betão ao menor tempo que se retira o tubo.<br />

Fig. 8.1.1 – Estaca Cravada<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a estaca moldada "in situ" com extracção <strong>do</strong> terreno, recomenda-se<br />

quan<strong>do</strong> são necessários gran<strong>de</strong>s diâmetros e há uma boa camada ("firme") para o seu<br />

encastramento. Obstáculos que surjam para atingir tal camada po<strong>de</strong>m ser removi<strong>do</strong>s durante a<br />

furação, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> inclusivé ser <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s a trépano. Muitas vezes surgem em formações<br />

marinhas sedimentares relativamente recentes inclusões gresosas com "cimento" calcário e <strong>de</strong><br />

pequena espessura com pouca capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga por terem por baixo solos argilosos. Aí<br />

torna-se muito conveniente o uso <strong>de</strong> estacas moldadas "in situ" para atingir as camadas firmes<br />

inferiores. Porém, nos casos em que haja "tirante" <strong>de</strong> água e/ou solo muito mole, po<strong>de</strong> não ser<br />

recomendável o uso <strong>de</strong> estacas moldadas "in situ". Aliás, se houver "tirante" <strong>de</strong> água on<strong>de</strong> a<br />

estaca tenha <strong>de</strong> permanecer, nessa parte terá <strong>de</strong> ser sempre "entubada" ou "encamisada". A<br />

estaca moldada "in situ" requer cuida<strong>do</strong>s especiais para a sua execução. Assim, por exemplo,<br />

ao realizar a betonagem terão <strong>de</strong> existir sempre alguns metros <strong>de</strong> betão fresco sem presa<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> tubo para compensar a pressão hidrostática e a <strong>de</strong> solos moles que porventura<br />

existam no perfil geotécnico. O volume <strong>de</strong> betão consumi<strong>do</strong> tem <strong>de</strong> ser controla<strong>do</strong> e sempre<br />

superior ao volume teórico da estaca. Além disso, antes da betonagem o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> furo tem <strong>de</strong><br />

limpar-se cuida<strong>do</strong>samente, o que não é sempre fácil, sobretu<strong>do</strong> no caso <strong>de</strong> furação com lamas<br />

e existência <strong>de</strong> solos moles (Figs. 8.1.2 a 8.1.4 <strong>de</strong> Silva Car<strong>do</strong>so, FEUP, 1990)<br />

VIII-2


Nas estacas com furação com tra<strong>do</strong> oco o tra<strong>do</strong> é rosca<strong>do</strong> até á profundida<strong>de</strong> necessária<br />

e <strong>de</strong> seguida é meti<strong>do</strong> o betão pelo furo central à medida que se vai retiran<strong>do</strong> o tra<strong>do</strong>. A<br />

armadura é <strong>de</strong>pois cravada no betão fresco da estaca. Estas estacas não po<strong>de</strong>m ser encastradas<br />

no “bed-rock” porque o tra<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> ser rosca<strong>do</strong> em terreno duro. Além disso a armadura<br />

tem <strong>de</strong> ser cravada no betão ainda sem presa. Se a estaca levar muito tempo a betonar por ser<br />

muito comprida ou por outro motivo o betão começar a ganhar presa, já não se conseguirá<br />

cravar a armadura <strong>de</strong>pois da betonagem e a estaca ficará inutilizada.<br />

A execução requer ainda outros cuida<strong>do</strong>s como, seja uma boa sintonia entre a<br />

introdução <strong>do</strong> betão e o retirar <strong>do</strong> tra<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> manter-se no furo uma certa altura <strong>de</strong> betão<br />

acima da ponteira <strong>do</strong> tra<strong>do</strong>, para que não haja <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s na estaca por afluência <strong>do</strong><br />

solo lateral ao furo. Isto é particularmente importante nos solos moles. Estes mesmos<br />

cuida<strong>do</strong>s se tem <strong>de</strong> ter em to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> estacas moldadas.<br />

Há ainda as chamadas "estacas <strong>de</strong> areia" (ou brita) que não são mais <strong>do</strong> que processos<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento <strong>do</strong>s solos por dissipação <strong>de</strong> pressões neutras, caso em que as estacas <strong>de</strong> areia<br />

tomam a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> "drenos verticais <strong>de</strong> areia". Estes, usam-se mais quan<strong>do</strong> se quer o<br />

a<strong>de</strong>nsamento rápi<strong>do</strong> <strong>de</strong> um solo argiloso, em geral lo<strong>do</strong> ou argila mole, qual seja a ocupação<br />

<strong>de</strong> um pântano argiloso por uma ro<strong>do</strong>via, aérodromo ou grupo <strong>de</strong> instalações industriais, etc<br />

(Fig. 8.1.5).<br />

O a<strong>de</strong>nsamento po<strong>de</strong> ainda realizar-se por "fibroflotação" a qual se usa para<br />

compactação <strong>de</strong> "areias soltas" que vão servir <strong>de</strong> fundação a qualquer estrutura ou barragem,<br />

etc.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> massa vibrante ("torpe<strong>do</strong>") que se introduz no solo até<br />

profundida<strong>de</strong>s variadas, mas em geral não muito além <strong>do</strong>s 10m. Mesmo assim, po<strong>de</strong>m<br />

conseguir-se <strong>de</strong>slocamentos verticais <strong>do</strong> solo à superfície da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1 a 2m, o que dá bem a<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento consegui<strong>do</strong> e <strong>do</strong> consequente aumento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga<br />

da formação em questão. Este processo usou-se por exemplo na estabilização da fundação<br />

arenosa da barragem <strong>de</strong> terra <strong>de</strong> Massingir em Moçambique e na área <strong>de</strong>stinada á Si<strong>de</strong>rúrgica<br />

<strong>de</strong> Dunquerque no Norte <strong>de</strong> França. Aí usaram-se drenos verticais <strong>de</strong> areia acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

"vibroflotação" e ainda se usou uma sobrecarga temporária para acelerar o processo <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>nsamento e evitar assentamentos diferenciais posteriores.<br />

Os drenos verticais <strong>de</strong> areia para consolidação <strong>de</strong> argilas moles são muitas vezes<br />

constituí<strong>do</strong>s por uma simples “torcida” drenante <strong>de</strong> geotêxtil que é fixada na ponta <strong>de</strong> um<br />

VIII-3


tubo <strong>de</strong> aço que se crava no terreno. A cravação é rápida; um dreno <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong><br />

metros po<strong>de</strong> levar menos <strong>de</strong> 1 hora a executar.<br />

1<br />

2<br />

FIG. 8.1.2 – ESTACAS MOLDADAS.<br />

EQUIPAMENTO DE PERCUSSÃO<br />

PARA CONSTRUÇÃO DE ESTACAS<br />

DE PEQUENO DIÂMETRO<br />

1. COMEÇO DA FURAÇÃO E CRAVAÇÃO DO<br />

TUBO<br />

2. INSTALAÇÃO DE UM TROÇO DO TUBO<br />

3. COMPACTAÇÃO DA BASE DE BETÃO<br />

4. COLOCAÇÃO DA ARMADURA<br />

5. RETIRADA DOS TUBOS À MEDIDA QUE SE<br />

BETONA A ESTACA<br />

3<br />

VIII-4


4<br />

a)<br />

5<br />

b)<br />

VIII-5


c)<br />

FIG. 8.1.3 - ESTACAS MOLDADAS. ABERTURA DO FURO COM TRADO. a) TRADO MECÂNICO, BETONAGEM<br />

POR INJECÇÃO; b) TRADO MECÂNICO DE GRANDES DIMENSÕES; c) FASES DE CONSTRUÇÃO<br />

COM TRADO DE UMA ESTACA DE GRANDE DIÂMETRO COM A BASE ALARGADA; d)<br />

EQUIPAMENTOS PARA ALARGAMENTO DA BASE DAS ESTACAS<br />

d)<br />

VIII-6


FIG. 8.1.4 - ESTACAS MOLDADAS (TIPO). ABERTURA DO FURO COM TRADO COM BALDE DE MAXILAS.<br />

ESTACA BENOTO.<br />

FIG. 8.1.5 Estacas <strong>de</strong> areia ou <strong>de</strong> brita<br />

VIII-7


Hoje usa-se ainda para a<strong>de</strong>nsamento <strong>do</strong> solo o processo <strong>de</strong> "stamping" que consiste em<br />

<strong>de</strong>ixar cair sobre o terreno pilões com gran<strong>de</strong> massa e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> altura (mais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena<br />

<strong>de</strong> metros). A energia <strong>de</strong> queda <strong>do</strong> pilão é comunicada ao terreno por impacto e vibração<br />

produzin<strong>do</strong> o a<strong>de</strong>nsamento <strong>do</strong> solo.<br />

Em reforços <strong>de</strong> <strong>fundações</strong> po<strong>de</strong> ter <strong>de</strong> usar-se estacas cravadas por trechos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

um metro que é em geral o máximo comprimento <strong>do</strong>s macacos hidráulicos existentes no<br />

merca<strong>do</strong> e também a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za <strong>do</strong>s espaços que se conseguem livres para realizar o<br />

reforço.<br />

Numa ponte porta-tubos reconheceu-se por ensaios <strong>de</strong> carga que alguns grupos <strong>de</strong><br />

estacas tinham <strong>de</strong> ser reforça<strong>do</strong>s. Então cravaram-se algumas estacas mais, por trechos,<br />

servin<strong>do</strong> as vigas da ponte <strong>de</strong> reacção aos macacos <strong>de</strong> cravação. Os trechos <strong>de</strong> estaca eram <strong>de</strong><br />

tubos metálicos vulgares com 50cm <strong>de</strong> diâmetro e ao fim <strong>de</strong> cravar cada trecho, soldava-se<br />

rapidamente o seguinte. Antes <strong>de</strong> cravar o último trecho encheu-se o tubo <strong>de</strong> betão e colocou-<br />

se armadura até certa profundida<strong>de</strong> uma vez que se tratava <strong>de</strong> uma formação marinha e os<br />

tubos por economia, tinham pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>lgada. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> cada estaca era<br />

controlada pela pressão lida no manómetro da bomba B que accionava o macaco M (Fig.<br />

8.1.6).<br />

VIII-8


FIG. 8.1.6<br />

Estacas inclinadas usam-se essencialmente em <strong>fundações</strong> sujeitas a importantes forças<br />

horizontais como pontes <strong>de</strong> atracação <strong>de</strong> navios, "<strong>do</strong>lfins" ou "duques dalba" (blocos <strong>de</strong><br />

estacas para amarração <strong>de</strong> navios), encontros <strong>de</strong> pontes, pilares, <strong>fundações</strong> <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong><br />

suporte <strong>de</strong> cabos <strong>de</strong> alta tensão, pontos <strong>de</strong> ancoragem <strong>de</strong> estruturas em membrana, etc.<br />

t<br />

t<br />

FIG. 8.1.7<br />

A inclinação máxima <strong>do</strong>s eixos das estacas sobre a vertical em geral não exce<strong>de</strong> 30%,<br />

sen<strong>do</strong> 20% a mais usual.<br />

As estacas inclinadas po<strong>de</strong>m também ser moldadas "in situ" <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se use tubagem<br />

que <strong>de</strong>sça no terreno com a inclinação apropriada. Porém, a maior parte são cravadas com<br />

bate-estacas os quais po<strong>de</strong>m cravar estacas inclinadas.<br />

8.2 - A Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Carga ou Capacida<strong>de</strong> Resistente <strong>de</strong> Estacas para Cargas<br />

Verticais.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga ou capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong> uma estaca isolada calcula-se usan<strong>do</strong><br />

as fórmulas já dadas, em (3.1) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se conheçam os ângulos <strong>de</strong> atrito e coesões nas<br />

camadas <strong>do</strong> perfil geotécnico <strong>do</strong> terreno.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga Q ult compõe-se <strong>de</strong> duas parcelas: a primeira será a "resistência<br />

<strong>de</strong> ponta"(Q ult ) p ; a segunda será a resistência <strong>de</strong> "atrito lateral e a<strong>de</strong>rência" (Q ult ) f .<br />

VIII-9


Será<br />

Com<br />

Q ult = (Q ult )p + (Q ult )f<br />

(Q )p = Ab . [ c N s d + pN s d ]<br />

ult<br />

c<br />

c<br />

c<br />

q<br />

q<br />

q<br />

8.2.1<br />

' 8.2.2<br />

N = K exp ( φ')<br />

q p<br />

K = tg p 2 ⎛ π φ'<br />

⎞<br />

⎜ + ⎟<br />

⎝ 4 2 ⎠<br />

πtg 8.2.3<br />

8.2.4<br />

N = (N – 1) cot φ '<br />

8.2.5<br />

c q<br />

FIG. 8.2.1<br />

P = pressão vertical ao nivel da ponteira da estaca <strong>de</strong>vida ao peso das camadas<br />

sobrejacentes.<br />

t<br />

t<br />

t<br />

t<br />

VIII-10


Ab = área da secção recta da estaca; c’ = coesão, φ ' é o ângulo <strong>de</strong> atrito da camada<br />

on<strong>de</strong> está encastrada a ponteira da estaca. Para haver “encastramento” e, portanto, se po<strong>de</strong>r<br />

tomar o ângulo φ ' , no factor dq que a seguir se indica <strong>de</strong> novo, torna-se necessário que a<br />

estaca tenha a sua ponteira enterrada pelo menos 3 a 5 diâmetros na camada compacta<br />

inferior.<br />

Segun<strong>do</strong> Vesi c , (1975) como vimos no Capitulo 3, para este caso (B/L ≅ 1) temos:<br />

sc = 1 +<br />

N<br />

N<br />

q<br />

c<br />

8.2.6<br />

sq = 1 + tgφ '<br />

8.2.7<br />

dq = 1 + 2 tgφ ' (1-sen φ ) 2 D<br />

arctg<br />

B<br />

8.2.8<br />

dq = 1 se φ ' = 0 8.2.9<br />

D<br />

dc = 1 + 0,4 arctg<br />

B<br />

8.2.10<br />

O ângulo φ seria o ângulo φ 3


Porém, Bowles diz que a fórmula (8.2.3) que dá Nq é tão boa como qualquer outra.<br />

Ainda uma questão importante é o facto <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito natural <strong>do</strong> solo φ ’ vir a ser<br />

altera<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à instalação da estaca. Silva Car<strong>do</strong>so (1992, p.87) apresenta correcções para<br />

φ ’, obten<strong>do</strong> um ângulo <strong>de</strong> atrito corrigi<strong>do</strong> φ *:<br />

para estacas cravadas φ * = (φ ’ + 40)/2;<br />

para estacas moldadas φ * = φ ’ – 3.<br />

Finalmente um ponto importante relativo à capacida<strong>de</strong> resistente duma estaca refere-se<br />

à “profundida<strong>de</strong> critica”, Zc. Silva Car<strong>do</strong>so indica que vários autores ( Vesi c , Kerisel, etc.)<br />

mostraram que se verifica experimentalmente, pelo menos em estacas instaladas em solos<br />

arenosos homogéneos, que as tensões <strong>de</strong> resistência lateral τa no fuste e as tensões v p =<br />

'<br />

σ ao<br />

nível da base da estaca, <strong>de</strong>vidas aos solos sobrejacentes, não crescem necessáriamente com a<br />

profundida<strong>de</strong>.<br />

A experiência terá mostra<strong>do</strong> que a resistência lateral τa cresce até certa profundida<strong>de</strong><br />

“critica” e <strong>de</strong>pois mantém-se constante.<br />

Também as tensões v p =<br />

'<br />

σ ao nível da ponteira e, portanto, a resistência unitária <strong>de</strong><br />

ponta q ultp , aumentaria com a profundida<strong>de</strong>, mas somente até certo valor, manten<strong>do</strong>-se<br />

constante para profundida<strong>de</strong>s superiores. Estes factos seriam <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a um “efeito <strong>de</strong> arco”<br />

que altera o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> tensão nas vizinhanças <strong>do</strong> fuste e da ponteira da estaca.<br />

Silva Car<strong>do</strong>so indica valores para a razão entre a profundida<strong>de</strong> crítica e o diâmetro da<br />

estaca, Zc/d, em função <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito φ * (solos arenosos):<br />

Zc/d = 5 para φ * = 28º<br />

Zc/d = 10 para φ * = 37º<br />

Zc/d = 20 para φ * = 42º<br />

(para valores intermédios po<strong>de</strong>rá fazer-se interpolação linear).<br />

Verifica-se, pois, que, por ex. para φ * = 33º, a profundida<strong>de</strong> crítica seria Zc = 6.d valor<br />

bastante baixo (para d = 0,50 m, viria Zc = 3 m). Talvez por este motivo Bowles (1996, p.<br />

893) diz que os méto<strong>do</strong>s que usam a profundida<strong>de</strong> crítica para o cálculo <strong>de</strong> Nc e Nq não <strong>de</strong>vem<br />

ser usa<strong>do</strong>s.<br />

VIII-12


Dificulda<strong>de</strong> ainda maior está em calcular a carga <strong>de</strong>vida a "atrito lateral" e "a<strong>de</strong>rência"<br />

da estaca ao terreno se for também coesivo. Essa resistência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito da forma como a<br />

estaca foi instalada. Assim, se a estaca é cravada e pré-moldada; o solo que a cerca será<br />

comprimi<strong>do</strong> até rotura, isto é, no momento <strong>de</strong> passagem da ponteira a cada nível estabelece-se<br />

aí na pare<strong>de</strong> lateral da estaca um impulso passivo. Todavia, se a estaca encontra mais abaixo,<br />

como será natural, camadas mais resistentes, a vibração e encurvadura da estaca <strong>de</strong>vidas às<br />

pancadas <strong>do</strong> bate-estacas po<strong>de</strong>rá até "<strong>de</strong>scolar" a estaca <strong>do</strong> terreno em certos trechos.<br />

Daí que seja muito aleatório o valor <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> impulso; po<strong>de</strong>, porém, dizer-se que será<br />

superior ou pelo menos igual ao coeficiente <strong>de</strong> impulso "em repouso" Ko. E isto por <strong>do</strong>is<br />

motivos: mesmo que "momentaneamente" a estaca "<strong>de</strong>scole" <strong>do</strong> terreno, com o tempo o<br />

terreno volta a encostar à estaca e, como houve introdução <strong>de</strong> um volume adicional <strong>de</strong><br />

matéria sólida (o volume das estacas), o solo na área <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong> estacas tem uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

final maior que a inicial, como já fizemos notar. Por outro la<strong>do</strong>, pelo que diz respeito à<br />

"a<strong>de</strong>rência" que, em princípio seria igual à coesão, suce<strong>de</strong> que ao cravar a estaca o solo é<br />

"remexi<strong>do</strong>" e portanto só uma parte da coesão é mobilizável. Essa fracção vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da<br />

"sensibilida<strong>de</strong>" da argila ao "remeximento" e também da própria coesão, pois se for alta<br />

(maior que 100 kN/m 2 ) em caso algum será mobilizada porque a argila sofrerá fractura.<br />

σ<br />

σ<br />

VIII-13


FIG. 8.2.2<br />

Tomlinson, (1957) dá indicações estatísticas <strong>de</strong> que em média a coesão mobilizada<br />

nunca vai além <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 35 a 40 kN/ m 2 . Em 1971 o mesmo autor apresenta gráficos que<br />

fazem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r o "factor <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são" f a (fracção da coesão a tomar em conta como<br />

"a<strong>de</strong>rência") <strong>do</strong> valor da própria coesão, e portanto da compacida<strong>de</strong> da argila. Desses gráficos<br />

tira-se o quadro 8.1.<br />

Quadro 8.1<br />

Descrição fa<br />

Argilas brandas 10 < cu ≤ 20kN/m 2 1.0 a 0.7<br />

Argilas médias 20 < cu ≤ 50kN/m 2 0.7 a 0.4<br />

Argilas compactas 50 < cu ≤ 100kN/m 2 0.4 a 0.3<br />

Argilas duras cu > 1000kN/m 2 0.3 a 0.2<br />

A tensão <strong>de</strong> atrito seria então dada, em princípio, para as estacas cravadas, por:<br />

τ = Ko σ v tg φ '<br />

8.2.11<br />

com o valor máximo segun<strong>do</strong> Vesi c (1970), cita<strong>do</strong> por Bowles (1996, p. 905), <strong>de</strong><br />

τ max = (kPa) = 8 x 10 1,54<br />

4<br />

D r<br />

8.2.12<br />

Isto é, para uma areia bastante <strong>de</strong>nsa (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa D r = 0,9) teríamos:<br />

Meyerhof em vez <strong>de</strong> (8.2.12) apresenta<br />

τ max = 82kN/m 2 8.2.13<br />

τ (kPa) = 2 N 8.2.12’<br />

max<br />

com τ < 100 kPa e N = número médio <strong>de</strong> pancadas no S.P.T. no estrato em causa.<br />

max<br />

a<strong>de</strong>rência:<br />

Para valor <strong>de</strong> Ko po<strong>de</strong>remos tomar:<br />

Ko = 1 - sen(1,2φ i ), φ i o ângulo <strong>de</strong> atrito da camada respectiva 8.2.14<br />

Teremos assim para a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga na estaca isolada, <strong>de</strong>vida a atrito lateral e à<br />

(Qult)f = [ ( c f K σ tgφ<br />

) ] x área lateral na camada ( dh )<br />

∑<br />

i<br />

ai+<br />

o v i<br />

π 8.2.15<br />

i<br />

VIII-14


d = diâmetro da estaca;<br />

h i = espessura da camada;<br />

f a


(Dr = <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa)<br />

E segun<strong>do</strong> Meyerhof<br />

τ max = (kPa) = 2,5 x 10 1,54<br />

4<br />

D r<br />

8.2.17<br />

τ max = (kPa) = 1,0 N ≤ 40 kN/m 2 8.2.18<br />

Bowles (1996)) citan<strong>do</strong> Shioi e Fukui (1982) sugere:<br />

Para estacas cravadas τ = 2N para areia; τ = 10N para argila (kPa) 8.2.18’<br />

Para estacas moldadas τ = 1N para areia; τ = 5N para argila (kPa) 8.2.18’’<br />

(N = número médio <strong>de</strong> pancadas no S.P.T. no estrato em causa).<br />

Para ensaios <strong>de</strong> cone penetrómetro, Meyerhof (1956) e Thornburn e Mac-Vican (1971)<br />

sugerem τ =0,005 qc (kPa), qc a resistência da ponta no cone em kPa.<br />

Para obter (Q )f usa-se a mesma fórmula (8.2.15), com os valores <strong>de</strong> K e τ ult max agora<br />

da<strong>do</strong>s por (8.2.16) a (8.2.18).<br />

O EC7 (1994, versão portuguesa p. 93) indica a forma <strong>de</strong> calcular a resistência <strong>de</strong><br />

projecto Rd <strong>de</strong> uma estaca. Ela será obtida a partir da soma da resitência última<br />

“característica” Rbk na base, e da resistência última <strong>de</strong> atrito e a<strong>de</strong>rência ao longo <strong>do</strong> fuste,<br />

Rsk.<br />

A resistência “característica” Rbk po<strong>de</strong> tornar-se igual a Qultp da<strong>do</strong> por 8.2.2,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os factores que entram nessa fórmula <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito φ ’ e da coesão c’ (ou cu<br />

para solos argilosos não drena<strong>do</strong>s). Portanto, o ângulo <strong>de</strong> atrito e as coesões a consi<strong>de</strong>rar<br />

<strong>de</strong>verão ter valores “característicos” ou “representativos” das condições reais nas ponteiras<br />

das estacas e ao longo <strong>do</strong> fuste.<br />

O EC7 manda consi<strong>de</strong>rar valores “médios” numa zona <strong>de</strong> solo “vários” diâmetros acima<br />

e abaixo das ponteiras das estacas, para se obter Rbk.<br />

A resistência “característica” <strong>de</strong> atrito e a<strong>de</strong>rência ao longo <strong>do</strong> fuste Rbk será Qultf da<strong>do</strong><br />

por (8.2.15).<br />

A resistência <strong>de</strong> projecto ou <strong>de</strong> “cálculo” da estaca será a soma<br />

Rcd = Rbd + Rsd<br />

8.2.19<br />

sen<strong>do</strong> Rbd = Rbk/ γ b e Rsd = Rsk/ γ 8.2.20<br />

s<br />

VIII-16


on<strong>de</strong><br />

γ b é o coeficiente <strong>de</strong> segurança relativo à base;<br />

γ s é o coeficiente <strong>de</strong> segurança relativa ao atrito e a<strong>de</strong>rência lateral.<br />

γ b e γ s são da<strong>do</strong>s pelo Quadro (8.2.1)<br />

Quadro 8.2.1<br />

Valores <strong>de</strong> γ b , γ s e γ t<br />

Coeficientes parciais γ b γ s γ t<br />

estacas cravadas 1,3 1,3 1,3<br />

estacas moldadas 1,6 1,3 1,5<br />

Estacas construídas com tra<strong>do</strong> contínuo 1,45 1,3 1,4<br />

O valor γ t refere-se à carga última total quan<strong>do</strong> ela não é <strong>de</strong>composta em carga <strong>de</strong><br />

ponta Rbk e carga <strong>de</strong> atrito e a<strong>de</strong>rência lateral, Rsk como é o caso das estacas serem ensaiadas e<br />

só se medir a carga total aplicada.<br />

Para haver segurança a carga <strong>de</strong> projecto aplicada pelo orgão <strong>de</strong> fundação à estaca, Fcd,<br />

terá <strong>de</strong> ser menor que a carga resistente:<br />

Fcd ≤ Rcd<br />

Exemplo<br />

foi cravada.<br />

Suponha-se a estaca da Figura (8.2.3) que se supõe com um diâmetro <strong>de</strong> 0,50m e que<br />

Qual a sua capacida<strong>de</strong> resistente?<br />

Carga <strong>de</strong> ponta:<br />

(Qult)p = π x 0,25 2<br />

x (100 Nc sc + pNq sq)<br />

p = 18 x 2,50 + 8 x 7,50 + 7 x 17,50<br />

= 227,5 kN/m 2<br />

(dc = dq = 1, porque o solo acima da ponteira não tem atrito)<br />

Nq = 3,690 exp (π tgφ ’) = 33,3<br />

VIII-17


Kp = tg 2 ⎛ 35 ⎞<br />

⎜45<br />

º + ⎟ = 3,690<br />

⎝ 2 ⎠<br />

N c = (33,3 - 1) cot 35º = 46,12<br />

⎛ 33,<br />

3 ⎞<br />

sc = 1 + ⎜ ⎟ = 1,722<br />

⎝ 46,<br />

2 ⎠<br />

sq = 1 + tg 35º = 1,70<br />

(Qult)p = π x 0,25 2 (100 6x 46,12 x6 1,722 + 227,5 x 33,3 x 1,700) = 4088 kN<br />

FIG. 8.2.3<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga ou <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong>vida a atrito lateral e a<strong>de</strong>são seria:<br />

Para a camada (1) acima <strong>do</strong> nível freático:<br />

fa = 1,0 Ko = 1 - sen 24º = 0,55477<br />

t<br />

t<br />

t<br />

t<br />

VIII-18


1 2<br />

σ v = x 18 x 2,5 = 22,5 kN/m<br />

2<br />

18 2<br />

τ 1 = 0,55477 x x 2,5 tg 20º = 8,18 kN/m<br />

2<br />

Valor médio acima <strong>do</strong> nível freático.<br />

'<br />

22 , 5 + 7,<br />

5×<br />

8 / 2<br />

τ 1 = 0,55477×<br />

tg 20º = 9,6 kN/m<br />

2<br />

2<br />

Valor médio abaixo <strong>do</strong> nível freático.<br />

Sen<strong>do</strong> uma areia argilosa com pequeno atrito, toma-se Dr = 0,2 ou N = 4<br />

τ<br />

max<br />

= 8×<br />

10<br />

4<br />

1,<br />

54(<br />

0,<br />

2)<br />

= 8kN<br />

/ m<br />

2<br />

Este valor está abaixo <strong>do</strong>s valores anteriores e portanto, é ele que prevalece para toda a<br />

camada. Juntan<strong>do</strong> a coesão, temos então para carga <strong>de</strong> atrito:<br />

'<br />

Q 1 = (20 + 8) x π x 0,50 x (2,50 + 7,50) = 440 kN<br />

Para a camada (2): fa = 0,70<br />

Q2 = 0,7 x 40kN/m 2 x 0,50 x π x 17,5m = 770 kN<br />

(Qult)f = 440 + 770 = 1210 kN<br />

(Qult)t = 4088 + 1210 = 5298 kN<br />

Note-se que semelhante carga nunca po<strong>de</strong>ria ser tomada pelo betão, pois admitin<strong>do</strong>-se<br />

por exemplo um betão B20 teríamos<br />

fcd = 10,7 MPa<br />

2<br />

⎛ 0,<br />

50 ⎞<br />

Qd = π x 10,7 x6 10 3 = 2101 kN<br />

segurança”:<br />

⎜<br />

⎝<br />

2<br />

⎟<br />

⎠<br />

A<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> um coeficiente global <strong>de</strong> segurança igual a 2 teríamos uma carga “<strong>de</strong><br />

2101<br />

Qs = = 1050 kN<br />

2<br />

Usan<strong>do</strong> o EC7, como antes indicamos, as resistências características da ponta Rbk e<br />

atrito Rsk seriam:<br />

Rbk = 4080kN e Rsk = 1210kN. Aplican<strong>do</strong> os coeficientes <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> quadro 8.2.1,<br />

teríamos Rbd = 4080kN/1,3 = 3138kN e Rsd = 1210/3 = 931 kN. A soma seria Rcd = 4059 kN.<br />

Também, por esta via se vê que a capacida<strong>de</strong> resistente da estaca não está, condicionada pelo<br />

terreno, mas pela resistência <strong>do</strong> betão da estaca.<br />

VIII-19


A capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong> uma estaca po<strong>de</strong> ainda ser obtida directamente a partir <strong>de</strong><br />

ensaios <strong>de</strong> campo com o cone holandês (CPT).<br />

A experiência mostra que a resistência <strong>de</strong> ponta da estaca (Qult)p é menor que a média<br />

das resistências medidas no CPT nas "vizinhanças da ponteira".<br />

Para obter a resistência <strong>de</strong> ponta limite Qultp da estaca usa-se o valor médio das<br />

resistências <strong>de</strong> ponta medidas, entre 1,50 diâmetros abaixo e 4,0 diâmetros acima <strong>do</strong> nível da<br />

ponteira da estaca, e <strong>de</strong>vemos afectá-lo <strong>de</strong> um coeficiente <strong>de</strong> redução na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,50 (Van<br />

<strong>de</strong>r Veen, 1973, Vol. 2.1, pp. 251/256; Gregerson et al. "Load Tests", 8ª I. Conf. S.M.F.E.,<br />

Moscovo, 1973, Vol. 2.1, pp. 109/117).<br />

Uma outra forma seria utilizar os valores mínimos das resistências da ponta <strong>do</strong> cone<br />

para <strong>de</strong>terminar por via inversa, aplican<strong>do</strong> a fórmula (8.2.2), o ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>do</strong> solo<br />

(suposto essencialmente arenoso) e a partir <strong>de</strong>le calcular o valor da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong><br />

ponta da estaca.<br />

FIG. 8.2.4<br />

VIII-20


Quanto ao atrito lateral, os valores obti<strong>do</strong>s no ensaio <strong>de</strong> cone, dizem respeito ao atrito e<br />

"a<strong>de</strong>rência" entre o solo e o tubo <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> 3,5cm <strong>de</strong> diâmetro exterior, não oferecem<br />

confiança porque, em primeiro lugar o tubo, ten<strong>do</strong> um diâmetro tão pequeno, "vareja" e<br />

<strong>de</strong>scola <strong>do</strong> solo na parte superior sempre que a ponta encontra um obstáculo (seixo ou camada<br />

mais resistente ainda que <strong>de</strong> pequena espessura) embora esse seja <strong>de</strong>pois ultrapassa<strong>do</strong>. Daí a<br />

forma "errática" que as resistências <strong>de</strong> atrito medidas apresentam (Fig. 8.2.4 (b)). Na prática<br />

verifica-se que essa resistência nem sequer mostra uma tendência a aumentar linearmente com<br />

a profundida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong>, pela teoria <strong>de</strong>via aumentar pelo menos parabolicamente se a tensão<br />

σ K σ , na fórmula (8.2.15) aumentasse linearmente com a profundida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong><br />

unitária, h o v =<br />

o solo arenoso e homogéneo.<br />

Por isso, os valores da resistência <strong>de</strong> atrito e a<strong>de</strong>rência medi<strong>do</strong>s só po<strong>de</strong>m usar-se com<br />

muita reserva. Os aparelhos hoje têm uma manga junto à ponteira para medir o atrito local.<br />

Nesse caso os valores <strong>de</strong> atrito regista<strong>do</strong>s já são mais fiáveis. Usualmente os valores mínimos<br />

medi<strong>do</strong>s estarão <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da segurança, mas em certos casos po<strong>de</strong> dar-se o contrário. Suce<strong>de</strong><br />

isso, por exemplo, quan<strong>do</strong> algum seixo "angular" se "atraca" ao tubo e falseia<br />

sistematicamente o atrito medi<strong>do</strong> abaixo da profundida<strong>de</strong> a que se encontra. As resistências<br />

<strong>de</strong> ponta também po<strong>de</strong>m apresentar valores "erráticos" quan<strong>do</strong> a ponteira encontra seixos com<br />

dimensões da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za <strong>do</strong> diâmetro <strong>do</strong> tubo (3,5cm), mas isso é raro e se essa<br />

camada é espessa não po<strong>de</strong>rá ser ultrapassada.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga ou capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong> uma estaca po<strong>de</strong> ainda obter-se<br />

ensaian<strong>do</strong> a estaca.<br />

Distribuição da carga total numa estaca, entre carga <strong>de</strong> atrito e a<strong>de</strong>rência e carga <strong>de</strong><br />

ponta<br />

É hoje facto comprova<strong>do</strong> que no ensaio <strong>de</strong> uma estaca as primeiras "etapas" <strong>de</strong> carga<br />

po<strong>de</strong>m não chegar praticamente à ponteira da estaca e ficarem apenas sob a forma <strong>de</strong> atrito e<br />

a<strong>de</strong>rência ao longo <strong>do</strong> fuste. Isto é, a "transferência" <strong>de</strong> carga da estaca, para o terreno começa<br />

por dar-se ao longo <strong>do</strong> fuste por atrito e a<strong>de</strong>rência. Em princípio, só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> "mobilizada"<br />

toda a resistência <strong>de</strong> atrito começa a ponta a tomar carga (Fig. 8.2.5). Este facto enten<strong>de</strong>-se<br />

perfeitamente se consi<strong>de</strong>rarmos que para "mobilizar" a resistência <strong>de</strong> atrito que varia<br />

directamente com o impulso lateral activo ou impulso em repouso, são necessários<br />

VIII-21


<strong>de</strong>slocamentos ínfimos (mm), enquanto que para mobilizar a resistência <strong>de</strong> ponta são<br />

necessários <strong>de</strong>slocamentos muito superiores (cm).<br />

Atrito Negativo<br />

FIG. 8.2.5<br />

A força <strong>de</strong> atrito e a<strong>de</strong>rência na estaca po<strong>de</strong> ser negativa: "atrito negativo", e nesse caso<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>duzida e não somada à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> ponta da estaca. Também po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada como acção sobre a estaca e como tal majorada. O "atrito negativo" manifesta-se<br />

sempre que as ponteiras das estacas se localizam em terreno "firme" e há a<strong>de</strong>nsamento nas<br />

camadas superiores <strong>de</strong> solos compressíveis (lo<strong>do</strong>s, argilas moles, etc.), provoca<strong>do</strong> em geral<br />

pela construção <strong>de</strong> um aterro. O a<strong>de</strong>nsamento ou consolidação po<strong>de</strong> ainda ser provoca<strong>do</strong> por<br />

abaixamento <strong>do</strong> nível freático.<br />

VIII-22


FIG. 8.2.6<br />

Dedução da carga <strong>de</strong> “rotura” e da carga segurança <strong>de</strong> uma estaca a partir <strong>de</strong> ensaios<br />

estáticos realiza<strong>do</strong>s sobre ela<br />

Classicamente <strong>de</strong>fine-se carga <strong>de</strong> segurança ou carga admissível <strong>de</strong> uma estaca como a<br />

carga “<strong>de</strong> rotura” dividida por um coeficiente global <strong>de</strong> segurança Fs que tem em geral o valor<br />

2 (no mínimo 1,5). Em qualquer grupo <strong>de</strong> estacas nenhuma <strong>de</strong>las po<strong>de</strong>rá ter carga superior à<br />

da segurança.<br />

VIII-23


FIG. 8.2.7<br />

Em todas as obras <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> realizadas com estacaria, algumas estacas <strong>de</strong>vem<br />

ser ensaiadas. Uma ou duas logo no início da "cravação" ou da execução, se forem estacas<br />

moldadas "in situ". Essa medida <strong>de</strong>ve estar prevista no "Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Encargos", peça<br />

indispensável <strong>de</strong> qualquer projecto. Ela obrigará o empreiteiro a "afinar" o seu estaleiro e<br />

evitará surpresas <strong>de</strong>sagradáveis, como seja a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reforçar as <strong>fundações</strong>. O EC7<br />

(préNorma, 1994) distingue os ensaios <strong>de</strong> estacas experimentais <strong>do</strong> ensaio em estacas<br />

<strong>de</strong>finitivas. A carga naquelas <strong>de</strong>ve ser levada até um valor, que permita estabelecer<br />

conclusões sobre a carga <strong>de</strong> rotura da estaca. Nas estacas <strong>de</strong>finitivas a carga é levada até à<br />

carga “<strong>de</strong> serviço”. Neste caso <strong>de</strong>vem escolher-se as estacas mais carregadas ou aquelas que<br />

durante a execução possam oferecer dúvidas. O número <strong>de</strong> estacas experimentais a ensaiar<br />

<strong>de</strong>ve fixar-se ten<strong>do</strong> em conta:<br />

- a variabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> terreno<br />

- a categoria da obra;<br />

- experiência prévia, com o mesmo tipo <strong>de</strong> estaca e terreno.<br />

- o número previsto <strong>de</strong> estacas.<br />

As estacas experimentais po<strong>de</strong>m ter diâmetro inferior às <strong>de</strong>finitivas, mas não menos <strong>de</strong><br />

meta<strong>de</strong>. Além disso <strong>de</strong>vem ser instrumentadas para obter o atrito lateral separa<strong>do</strong> da<br />

resistência da ponta.<br />

Põem-se então os seguintes problemas:<br />

VIII-24


a) Como realizar os ensaios?<br />

b) Como interpretar os resulta<strong>do</strong>s?<br />

c) Como <strong>de</strong>duzir <strong>de</strong>les a carga <strong>de</strong> segurança"?<br />

- Como avaliar a partir <strong>de</strong>la e <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> estacas a carga <strong>de</strong> "segurança" <strong>de</strong>ste?<br />

a) Praticamente to<strong>do</strong>s os países têm "códigos <strong>de</strong> execução e interpretação <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong><br />

estacas" e po<strong>de</strong>, por exemplo, dizer-se, sem gran<strong>de</strong> exagero que nos E.U.A. cada esta<strong>do</strong> tem o<br />

seu código, diferente <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> para esta<strong>do</strong>. A nossa própria experiência e a contida nos<br />

"códigos" (normas) mais actualiza<strong>do</strong>s diz-nos que a carga se <strong>de</strong>ve fazer por estágios, não<br />

ten<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> interesse que sejam muito inferiores a meta<strong>de</strong> da carga <strong>de</strong> segurança P s prevista<br />

no projecto ou avaliada em face <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> perfil geotécnico pelo processo já antes<br />

indica<strong>do</strong>.<br />

O EC7 indica como norma <strong>de</strong> ensaio a estabelecida pela ISSFE subcommittee of field<br />

and laboratory testing, “axial loading test”, suggested Method, ASTM Journal, June, 1985, pp<br />

79-90. Também se po<strong>de</strong>rá usar a norma ASTM D 1143-81.<br />

No fim <strong>de</strong> cada estágio <strong>de</strong> carga, principalmente para os valores <strong>de</strong> P s , 1,5P s e 2P s<br />

convirá <strong>de</strong>scarregar e voltar a carregar a estaca para se avaliarem os assentamentos<br />

permanentes (“residuais”), únicos realmente importantes. A carga <strong>de</strong>ve permanecer 24 horas<br />

sobre a estaca para carga igual à <strong>de</strong> segurança e para 1,5 ou 2 vezes esse valor (P = 2P s ). Para<br />

valores intermédios algumas normas obrigam à estabilização, isto é, medir os assentamentos<br />

ao longo <strong>do</strong> tempo até que a "velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento a carga constante" seja menor que<br />

certo valor, fixa<strong>do</strong> arbitrariamente. Na prática, não se vê necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse refinamento que é<br />

bastante oneroso pelo pessoal e equipamento que mobiliza (leituras nocturnas, etc., etc.).<br />

Muitos ensaios não vão até à rotura, mas <strong>de</strong>vem ir sempre até duas vezes a carga <strong>de</strong> segurança<br />

prevista no projecto e ela permanecer sobre a estaca pelo menos 24 horas e se durante esse<br />

tempo se registarem <strong>de</strong>slocamentos significativos <strong>de</strong>ve observar-se se a sua "velocida<strong>de</strong>"<br />

ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>crescer rapidamente com o tempo. Assim, se a carga constante na 1ª hora se regista<br />

um acréscimo no <strong>de</strong>slocamento vertical igual a 1mm, na 2ª hora <strong>de</strong> medida o novo acréscimo<br />

<strong>de</strong>ve ser bem inferior a 1mm (0,5 ou mesmo 0,1mm por exemplo). Não fora esse o caso<br />

verifica-se que a estaca estará próxima da rotura. Deverá então ser <strong>de</strong>scarregada e recarregada<br />

para ver se há um aumento progressivo <strong>do</strong> assentamento permanente (“residual”)e se o<br />

VIII-25


houver, o sistema estaca-terreno consi<strong>de</strong>ra-se roto. Se isso se <strong>de</strong>r para valores inferiores,<br />

digamos a 2P s , a estaca não po<strong>de</strong>, em geral, consi<strong>de</strong>rar-se satisfatória (Fig. 8.2.7).<br />

b) e c) Se o assentamento permanente após a <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> 2P s mantida durante 24<br />

horas for inferior, digamos, a 0,02B (B o diâmetro da estaca), a estaca po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se em<br />

boas condições <strong>de</strong> segurança para a carga P s . Convém, no entanto, voltar a repetir um ciclo <strong>de</strong><br />

carga até à carga <strong>de</strong> serviço Ps e para ele não po<strong>de</strong> haver acréscimos no assentamento<br />

permanente (residual), isto é, a estaca <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> suportar a carga P = 2P s terá <strong>de</strong> "trabalhar"<br />

em regime elástico (embora com “histerésis”, como sempre acontece) para a carga <strong>de</strong><br />

segurança P s .<br />

O critério para obter a “carga <strong>de</strong> rotura” a partir da curva carga – assentamento obti<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> ensaio da estaca, não é pacífico. Bowles (1996, p. 996) indica que a carga da rotura<br />

correspon<strong>de</strong> a uma tangente à curva próxima da horizontal (Fig. 8.2.7).<br />

Porém, Silva Car<strong>do</strong>so indica que a carga da rotura correspon<strong>de</strong> a um assentamento<br />

permanente (residual) <strong>de</strong> d/30 (d = diâmetro da estaca) ao qual há a somar o assentamento<br />

elástico δ . l.<br />

AE para obter o assentamento total.<br />

u = Q u<br />

Se a estaca não suportar nas condições indicadas a carga P = 2P s , será ensaiada para<br />

uma carga inferior à qual já se verifiquem as condições indicadas (assentamento permanente<br />

ou residual inferior a 0,02B a 0,03B sen<strong>do</strong> B o diâmetro). Inversamente, a estaca po<strong>de</strong> revelar<br />

uma carga “<strong>de</strong> segurança” superior à prevista no projecto.<br />

De notar que, se for usa<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s "coeficientes <strong>de</strong> segurança parciais" o critério<br />

terá <strong>de</strong> ser outro, (EC7), como adiante indica.<br />

Resistência <strong>de</strong> projecto das estacas<br />

O EC7 indica a forma <strong>de</strong> obter a resistência característica Rck a partir da resistência<br />

média ou mínima Rm medida nos ensaios <strong>de</strong> várias estacas: assim Rck = Rm /α . α é da<strong>do</strong> no<br />

quadro 8.2.2<br />

Quadro 8.2.2<br />

VIII-26


Número <strong>de</strong> estacas ensaiadas 1 2 >2<br />

Coeficiente α aplicável a R médio 1,5 1,35 1,3<br />

Coeficiente α aplicável a R mínimo 1,5 1,25 1,1<br />

o valor <strong>de</strong> Rk é <strong>de</strong>composto em<br />

Rck = Rbk + Rsk<br />

correspon<strong>de</strong>nte à resistência da ponta e resistência lateral.<br />

O valor <strong>de</strong> cálculo da capacida<strong>de</strong> resistente será:<br />

R<br />

cd<br />

= R<br />

bk<br />

b<br />

+ R<br />

os valores <strong>de</strong> γ b , γ s e γ f (aplica<strong>do</strong> ao valor total Rk) são da<strong>do</strong>s no quadro 8.2.1.<br />

γ<br />

Para haver segurança a carga <strong>de</strong> projecto (majorada) aplicada à estaca <strong>de</strong>ve ser<br />

Técnicas <strong>de</strong> ensaio<br />

sk<br />

Fcd ≤ Rcd<br />

γ<br />

s<br />

8.2.21<br />

8.2.20<br />

Não iremos aqui <strong>de</strong>screver as "técnicas" nem os equipamentos necessário para o ensaio,<br />

o que se encontra em qualquer livro (Chellis, 1961, por exemplo).<br />

De resto, em cada caso tem <strong>de</strong> ser escolhi<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong> carga, macacos, bombas,<br />

manómetros, etc. segun<strong>do</strong> as circunstâncias materiais disponíveis.<br />

Porém, não <strong>de</strong>ixaremos <strong>de</strong> dizer que o problema maior resi<strong>de</strong> na "materialização da<br />

carga a aplicar à estaca". Alguns autores (por exemplo Kedzi, 1975, pp. 573, Foundations<br />

Handbook) preconizam o uso <strong>de</strong> estacas à tracção para servir <strong>de</strong> reacção à carga P a aplicar a<br />

estaca <strong>de</strong> ensaio.<br />

VIII-27


FIG. 8.2.8<br />

Para aplicar este sistema usam-se em geral duas estacas, uma <strong>de</strong> cada la<strong>do</strong> da estaca a<br />

ensaiar ligadas por uma viga que serve <strong>de</strong> reacção ao macaco que aplica a carga na cabeça da<br />

estaca em ensaio. As referidas estacas trabalham à tracção, <strong>de</strong>vem ter um comprimento tal que<br />

lhes dê resistência suficiente e <strong>de</strong>vem estar suficientemente afastadas da estaca em ensaio<br />

para não exercerem qualquer influência nesta (Fig. 8.2.8).<br />

<strong>de</strong> “lastro”.<br />

Para que isto não aconteça muitas vezes em vez <strong>de</strong> estacas à tracção usa-se um sistema<br />

O mais indica<strong>do</strong> é usar uma "caixa" gigante cheia <strong>de</strong> areia (ou outro tipo <strong>de</strong> carga) e um<br />

macaco hidráulico entre a base <strong>de</strong>la e a cabeça da estaca.<br />

Este sistema <strong>de</strong> carga é, em geral, bastante mais dispendioso que o que usa estacas à<br />

tracção para materializar a carga na estaca <strong>de</strong> ensaio.<br />

Note-se, que o sistema <strong>de</strong> medida <strong>do</strong>s "assentamentos" com "<strong>de</strong>flectómetros", tipo<br />

relógio é bastante falível <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a variações <strong>de</strong> temperatura.<br />

O melhor ainda é usar um bom nível <strong>do</strong> tipo NII com micrómetro <strong>de</strong> placa e uma régua<br />

graduada em milímetros bem fixada à estaca. O nível <strong>de</strong>ve ficar a mais <strong>de</strong> 10m da estaca <strong>de</strong><br />

ensaio e ter outras réguas (duas) (1) e (2) servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> "testemunhas". Assim, se eliminam<br />

efeitos <strong>de</strong> variações <strong>de</strong> temperatura, porventura gran<strong>de</strong>s da noite para o dia (Fig. 8.2.10).<br />

Note-se que se a estaca se <strong>de</strong>stinar à "investigação", para por exemplo, separar a carga<br />

<strong>de</strong> atrito da carga <strong>de</strong> ponta, então em geral será "instrumentada" com extensómetros eléctricos<br />

coloca<strong>do</strong>s nas armaduras, "transdutores", células <strong>de</strong> pressão, etc.<br />

VIII-28


FIG. 8.2.9<br />

FIG. 8.2.10<br />

Hoje executam-se frequentemente estacas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diâmetro que chega a atingir 2m.<br />

Estacas <strong>de</strong> um tal diâmetro não po<strong>de</strong>m ser ensaiadas. O EC7 permite nesse caso o uso <strong>de</strong><br />

VIII-29


estacas experimentais instrumentadas para se obter separadamente as resistências <strong>de</strong> ponta e<br />

lateral, construídas por processos idênticos aos das estacas <strong>de</strong>finitivas.<br />

Porém, as estacas experimentais não po<strong>de</strong>rão ter diâmetro inferior a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> das<br />

estacas <strong>de</strong>finitivas.<br />

Sobre as estacas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diâmetro fazem-se, em geral, outros ensaios: carotagem a<br />

partir da cabeça para verificar a integrida<strong>de</strong> da estaca e ensaios “sísmicos”, para o mesmo<br />

efeito e, para obter um valor para a capacida<strong>de</strong> resistente da estaca.<br />

Os ensaios dinâmicos on<strong>de</strong> se usa a equação <strong>de</strong> onda para a sua interpretação, são<br />

permiti<strong>do</strong>s pelo EC7, para estacas <strong>de</strong> compressão, mas os seus resulta<strong>do</strong>s têm <strong>de</strong> ser<br />

calibra<strong>do</strong>s por ensaios <strong>de</strong> carga estáticos efectua<strong>do</strong>s sobre as estacas <strong>do</strong> mesmo tipo, com<br />

secção e comprimento semelhantes e em condições <strong>de</strong> terreno comparáveis. Em geral o uso <strong>de</strong><br />

equação <strong>de</strong> onda é limita<strong>do</strong> a estacas cravadas (Bowles 1996, p.996).<br />

Estacas à Tracção<br />

Por vezes, as estacas (algumas num grupo) po<strong>de</strong>m ter <strong>de</strong> trabalhar à tracção como no<br />

caso <strong>de</strong> um "Dolfin" ou "duque d'alba" para amarração <strong>de</strong> navios, num encontro <strong>de</strong> ponte, ou<br />

ponte cais, etc., on<strong>de</strong> as acções horizontais sejam importantes. Importa por isso saber como<br />

se calcularia a "capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga" <strong>de</strong> uma estaca à tracção ou "arranque". Como é evi<strong>de</strong>nte,<br />

uma estaca resiste à tracção axial somente por "atrito e a<strong>de</strong>rência" ao terreno e já sabemos<br />

como calcular esse atrito e a<strong>de</strong>rência. A experiência parece mostrar que à tracção o atrito é<br />

menor que no caso da compressão pelo que convirá usar um coeficiente <strong>de</strong> segurança maior.<br />

(8.2.18).<br />

A fórmula a usar será a (8.2.15) com a limitações (8.2.12), (8.2.12') ou (8.2.17),<br />

VIII-30


FIG.8.2.11<br />

Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> estacas através <strong>de</strong> fórmulas "dinâmicas". Utilida<strong>de</strong> da medida<br />

das "negas"<br />

Alguns livros referem o cálculo da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma estaca a partir da "nega"<br />

que é a penetração da estaca por cada pancada <strong>do</strong> pilão (martelo) na última fase da cravação.<br />

É célebre a chamada fórmula <strong>do</strong>s "holan<strong>de</strong>ses" e a <strong>de</strong> Hiley mas há muitas <strong>de</strong>las. Indica-se a<br />

fórmula <strong>do</strong>s holan<strong>de</strong>ses a qual <strong>de</strong>spresa as perdas <strong>de</strong> energia:<br />

F = W 2 h / [(W+P) e]<br />

on<strong>de</strong> W = peso <strong>do</strong> pilão; h = altura <strong>de</strong> queda; e = penetração da estaca por pancada; P = peso<br />

da estaca; F = resistência da estaca à penetração.<br />

Para obter a carga “admissível” da estaca usa-se o coeficiente da minoração <strong>de</strong> 6<br />

aplica<strong>do</strong> a F. As fórmulas dinâmicas para a capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong> estacas cravadas dão<br />

apenas valores indicativos.<br />

O EC7 permite a <strong>de</strong>dução da capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong> uma estaca a partir <strong>de</strong> fórmulas <strong>de</strong><br />

cravação, mas exige que se façam ensaios estáticos <strong>de</strong> estacas com o mesmo, comprimento e<br />

secção e em condições <strong>de</strong> terreno semelhantes.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma estaca durante ou logo após a cravação po<strong>de</strong> diferir<br />

muito da capacida<strong>de</strong> medida para a mesma estaca alguns dias <strong>de</strong>pois. Nisso intervém uma<br />

VIII-31


certa reconstituição "tixotrópica" da estrutura <strong>do</strong> solo <strong>de</strong>struída durante a cravação. No<br />

entanto, é muito útil calcular as "negas" através da penetração medida, por exemplo, para as<br />

últimas 10 pancadas <strong>do</strong> pilão. Com efeito, logo na cravação das primeiras estacas durante a<br />

execução da obra é preciso fixar a "nega" a usar no resto da estacaria. Aconselha-se a cravar<br />

duas estacas: uma com uma "nega" por exemplo <strong>de</strong> 2mm por pancada (2cm para as últimas 10<br />

pancadas) e outra com uma nega <strong>de</strong> 4 ou 5mm por pancada. Ensaiar as duas estacas e, em<br />

função <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s fixar a "nega" para o resto das estacas a realizar, supon<strong>do</strong> que se<br />

mantém a energia da queda <strong>do</strong> pilão. Este procedimento é tanto mais importante quanto no<br />

uso <strong>de</strong> estacas pré-moldadas se torna necessário fixar "à priori" o comprimento exacto das<br />

estacas a cravar, que têm <strong>de</strong> ser "fabricadas" com uma antecedência da or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s 21 a 28 dias<br />

antes da cravação. Se se verificar serem <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> compridas terão <strong>de</strong> ser cortadas com o<br />

consequente <strong>de</strong>sperdício. Se forem curtas <strong>de</strong>mais terão <strong>de</strong> ser emendadas o que traz gran<strong>de</strong>s<br />

inconvenientes <strong>de</strong> vária or<strong>de</strong>m e gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>spesas.<br />

FIG. 8.2.12<br />

Como se vê neste processo não se usam quaisquer fórmulas <strong>de</strong> cravação, apenas se<br />

usam os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensaios estáticos das estacas cravadas e se "afere" a "nega" para da<strong>do</strong><br />

equipamento e nas condições locais, pelos resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sses ensaios.<br />

VIII-32


Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> estacas em grupos. Espaçamento <strong>de</strong> estacas<br />

Se um grupo é constituí<strong>do</strong> por estacas "flutuantes", isto é, estacas cravadas (* Será pouco<br />

aconselhável moldar "in situ" estacas em solos muito compressíveis. As estacas moldadas "in situ", reservam-se<br />

essencialmente para trabalhar <strong>de</strong> ponta. ) em solos compressíveis, essencialmente argilosos ou argilo-<br />

siltosos, não ten<strong>do</strong> por isso capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> ponta apreciável, po<strong>de</strong> acontecer que a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>do</strong> grupo, que "trabalha" principalmente por "atrito lateral e a<strong>de</strong>rência",<br />

seja menor que a soma das capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carga das estacas tomadas isoladamente. Isso<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong> espaçamento a das estacas relaciona<strong>do</strong> com o diâmetro d das mesmas, bem<br />

como <strong>do</strong> número <strong>de</strong> filas <strong>de</strong> estacas no maciço e da maior ou menor fracção da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

carga total "absorvida" pelas ponteiras (Fig. 8.2.13).<br />

FIG. 8.2.13<br />

Com efeito, se as estacas se cravam muito próximas umas das outras (por razões práticas<br />

nunca a distância mínima entre centros <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong>verá ser menor que 2d), o grupo po<strong>de</strong>rá<br />

romper como um to<strong>do</strong> e, se a resistência <strong>de</strong> ponta não é importante e o "perímetro<br />

envolvente" <strong>do</strong> grupo é menor que a soma <strong>do</strong>s perímetros das estacas, a “capacida<strong>de</strong><br />

resistente” <strong>do</strong> grupo será menor que a soma das capacida<strong>de</strong>s resistentes das estacas tomadas<br />

individualmente. Isto é, a "eficiência" Ef <strong>do</strong> grupo será 1, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

VIII-33


compactação <strong>do</strong> solo, além <strong>de</strong> que o solo "preso" entre as estacas se <strong>de</strong>sloca com elas e<br />

portanto o grupo funciona como um gran<strong>de</strong> bloco cuja base tem, neste caso, área muito<br />

superior à soma das áreas. A parcela da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga relativa ao peso próprio <strong>do</strong> solo<br />

B<br />

<strong>de</strong>sloca<strong>do</strong> ( γ Nγ<br />

' ) que perante as outras parcelas é <strong>de</strong>sprezível para a estaca isolada, já o<br />

2<br />

não será para o "grupo" se o mesmo funcionar em "bloco".<br />

Dimensiona<strong>do</strong> por alguma forma o grupo <strong>de</strong> estacas, <strong>de</strong>ve ser reverificada a sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, tomada no conjunto, isto é, aplican<strong>do</strong> ao grupo a fórmula que dá a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> ponta:<br />

B<br />

qult = c Nc + pNq + γ Nγ<br />

2<br />

8.2.22<br />

com os coeficientes correctivos, s c , s q , d c , dγ , etc., etc., que agora diferem <strong>do</strong>s que se<br />

aplicam a uma estaca simples.<br />

on<strong>de</strong><br />

A carga <strong>de</strong> ponta <strong>do</strong> grupo seria, em princípio, igual a:<br />

Q ultp = A t .q ult<br />

A t = área "envolvente" da base <strong>do</strong> grupo.<br />

A carga <strong>de</strong> atrito e a<strong>de</strong>rência para o grupo seria obtida pela fórmula (8.2.15).<br />

Qultf = ∑ (ci . fai + K σ v tgφ i ) . A l i<br />

8.2.23<br />

8.2.24<br />

A l i = área da superfície lateral para o grupo correspon<strong>de</strong>nte à camada <strong>de</strong> terreno <strong>de</strong><br />

espessura Di.<br />

A l i = 2 (B+L) Di 8.2.25<br />

ten<strong>do</strong> τ i = Kσ v tgφ i os limites fixa<strong>do</strong>s anteriormente, (8.2.12) ou (8.2.12'). A carga total seria:<br />

Q ultt = Q ultp + Q ultf<br />

8.2.26<br />

Note-se, no entanto, que este processo <strong>de</strong> cálculo só tem senti<strong>do</strong> para espaçamentos a<br />

entre estacas relativamente pequenos. Se, em particular, por razões construtivas a ≥ 8d (d =<br />

diâmetro das estacas), o efeito <strong>do</strong> grupo é <strong>de</strong>sprezável e a eficiência será igual a 1 (<strong>de</strong>fine-se<br />

eficiência <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas como o cociente da resistência Rg <strong>do</strong> grupo pela soma das<br />

resistências das estacas consi<strong>de</strong>radas isoladamente (n Ri).<br />

VIII-34


Kedzi (1975), apresenta <strong>de</strong> vários autores, curvas para a eficiência em função da<br />

natureza <strong>do</strong> solo (areia, fôfa ou <strong>de</strong>nsa, ou argila) e <strong>de</strong> e espaçamento das estacas, expresso<br />

em função <strong>do</strong> seu diâmetro e = a/d, e ainda <strong>do</strong> número <strong>de</strong> filas <strong>de</strong> estacas.<br />

Quan<strong>do</strong> há varias filas <strong>de</strong> estacas cravadas em areia, (Fig. 8.2.14) os efeitos <strong>de</strong><br />

“cintagem” po<strong>de</strong>m ser tão gran<strong>de</strong>s que venham a prejudicar a cravação das últimas estacas, se<br />

as mesmas não se situarem na periferia <strong>do</strong> grupo. Assim, por exemplo, se tivéssemos um<br />

grupo <strong>de</strong> 5 estacas para cravar em areia <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média e cravássemos em primeiro lugar<br />

as estacas da periferia (1, 2, 3 e 4), seria muito provável que ao preten<strong>de</strong>r cravar a 5ª estaca no<br />

centro <strong>do</strong> grupo, o não conseguíssemos fazer até à profundida<strong>de</strong> das outras.<br />

FIG. 8.2.14<br />

Claro que em semelhantes casos é recomendável começar sempre por cravar as estacas<br />

interiores e só no final cravar as da periferia.<br />

Se as estacas são "flutuantes" em solos argilosos ou argilo-siltosos compressíveis a<br />

"eficiência" <strong>do</strong> grupo será sempre menor que um ou, quan<strong>do</strong> muito igual à unida<strong>de</strong> (Ef ≤ 1). O<br />

cálculo pelas fórmulas (8.2.22) a (8.2.26) para o grupo e (8.2.1) a 8.2.18) para as estacas<br />

individuais indicará a eficiência <strong>do</strong> grupo.<br />

8.3 – Assentamentos <strong>de</strong> Estacas e Grupos <strong>de</strong> Estacas<br />

8.3.1 - Introdução<br />

VIII-35


O cálculo <strong>do</strong>s assentos <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas faz-se, em geral, a partir <strong>do</strong> cálculo <strong>do</strong><br />

assentamento <strong>de</strong> uma estaca isolada. Po<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo afirmar-se que o assentamento <strong>do</strong> grupo<br />

é maior que o assentamento <strong>de</strong> uma estaca isolada. O cálculo <strong>de</strong>ste assentamento é uma<br />

questão difícil e não tem ainda resposta cabal. Têm si<strong>do</strong> propostos numerosos méto<strong>do</strong>s, uns<br />

teóricos e outros empíricos.<br />

Os méto<strong>do</strong>s teóricos baseiam-se na teoria da elasticida<strong>de</strong> linear, usan<strong>do</strong> ou a teoria <strong>de</strong><br />

Mindlin ou a <strong>de</strong> Boussinesq.<br />

Os méto<strong>do</strong>s empíricos têm a vantagem <strong>de</strong> serem <strong>de</strong> fácil aplicação prática, po<strong>de</strong>rem<br />

utilizar directamente os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> campo <strong>do</strong>s terrenos como o SPT e, estan<strong>do</strong><br />

basea<strong>do</strong>s em ensaios experimentais em obras reais, têm implicitamente em conta as alterações<br />

que os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> construção introduzem nas características mecânicas <strong>do</strong>s solos.<br />

Os méto<strong>do</strong>s teóricos têm a vantagem <strong>de</strong> permitirem estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> a partir <strong>do</strong>s<br />

quais se po<strong>de</strong> analisar quais os parâmetros que em maior grau influenciam os assentamentos<br />

das estacas.<br />

8.3.2 – Assentamento <strong>de</strong> uma estaca isolada.<br />

8.3.2.1 – Méto<strong>do</strong>s empíricos<br />

Silva Car<strong>do</strong>so (1990) cita Meyerhof (1959) como um <strong>do</strong>s primeiros autores a apresentar<br />

uma fórmula para o assentamento <strong>de</strong> uma estaca em areias, quan<strong>do</strong> a estaca tem uma carga<br />

menor que 1/3 da carga <strong>de</strong> rotura:<br />

on<strong>de</strong><br />

s=assentamento da cabeça da estaca;<br />

db= diâmetro da base da estaca;<br />

Qult F= = factor <strong>de</strong> segurança da estaca ≥ 3.<br />

P<br />

s = db/30F 8.3.2.1.1<br />

Qult será da<strong>do</strong> por (8.2.1) e (8.2.2) e P é a carga aplicada na cabeça da estaca.<br />

O mesmo autor cita ainda Vesi c (1975) como ten<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> uma fórmula muito<br />

mais elaborada válida para to<strong>do</strong> o tipo <strong>de</strong> solos:<br />

s = [β + α (1−β)] LP/Ap Ep + [β + γ (1−β)Cb P/(d qult) 8.3.2.1.2<br />

VIII-36


on<strong>de</strong><br />

β= percentagem da carga transmitida pela ponta = Pb/Pt;<br />

α=parâmetro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como se distribuem as tensões tangenciais ao longo<br />

<strong>do</strong> fuste. α = 1/2 se a distribuição é uniforme; α = 2/3 se for linearmente<br />

crescente; α = 1/3 se for linearmente <strong>de</strong>crescente;<br />

L, Ap, Ep são respectivamente o comprimento da estaca, a àrea da secção recta e o<br />

módulo da <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> material da estaca;<br />

γ= 0,93 + 0,16 L d ( L / d )<br />

/ ;<br />

on<strong>de</strong> d = diâmetro da estaca.<br />

Cb um coeficiente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> terreno (tabela 8.3.2.1)<br />

qultp é a tensão limite na ponta da estaca correspon<strong>de</strong>nte a (8.2.1) e (8.2.2)<br />

d= diâmetro da estaca.<br />

Quadro 8.3.2.1<br />

Factor Cb ( Vesi c , 1975)<br />

Solo Estacas<br />

cravadas<br />

areia<br />

0,<br />

04<br />

( 1+<br />

2<br />

)<br />

silte solto<br />

<strong>de</strong>nso<br />

Argila mole<br />

dura<br />

Dr<br />

0,05<br />

0,03<br />

0,04<br />

0,02<br />

Estacas<br />

moldadas<br />

0,<br />

18<br />

2<br />

( 1+<br />

)<br />

Dr<br />

0,12<br />

0,09<br />

0,08<br />

0,04<br />

A fórmula 8.3.2.1.2 resulta <strong>de</strong> três parcelas que contribuem para o assentamento total da<br />

cabeça da estaca:<br />

A 1ª é <strong>de</strong>vida à compressão elástica da estaca;<br />

A 2ª traduz o assentamento da base da estaca causa<strong>do</strong> pelas cargas transmitidas ao<br />

terreno ao longo <strong>do</strong> fuste da estaca;<br />

A 3ª me<strong>de</strong> o assentamento da base da estaca causa<strong>do</strong> pela carga transferida para o<br />

terreno através <strong>de</strong>ssa base.<br />

Bowles (1996, p. 1023), citan<strong>do</strong> Myerhof (1976), indica<br />

VIII-37


on<strong>de</strong><br />

∆ q<br />

sp = , mm<br />

2Nd<br />

sp=assentamento da ponteira da estaca;<br />

∆q =pressão vertical transmitida na ponteira da estaca em kPa.<br />

d =diâmetro da estaca em metros.<br />

8.3.2.1.3<br />

N=número médio <strong>de</strong> pancadas no SPT. Des<strong>de</strong> d acima até 2d abaixo da ponteira.<br />

8.3.2.2 – Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Elasticida<strong>de</strong><br />

O assentamento total po<strong>de</strong>rá tornar-se como o que resulta da <strong>de</strong>formação da estaca se<br />

soma<strong>do</strong> com o assentamento da ponteira sp.<br />

se = α<br />

P<br />

L<br />

Ap<br />

E p<br />

8.3.2.2.1<br />

on<strong>de</strong> P é a carga na cabeça da estaca; L = comprimento; Ap = área da secção recta; Ep =<br />

módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>do</strong> material da estaca, α um coeficiente que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da forma <strong>de</strong><br />

distribuição <strong>de</strong> tensões no fuste da estaca. α = ½ para uma distribuição uniforme.<br />

Admitin<strong>do</strong> um hemi espaço elástico , homogéneo e isotrópico a teoria da Boussinesq<br />

(A. Correia 1996, p. 322) daria<br />

On<strong>de</strong><br />

π<br />

4<br />

Pd<br />

A E<br />

2<br />

sp = ( 1−<br />

ν s )<br />

p s<br />

8.3.2.2.2<br />

P carga na ponteira da estaca ; d= diâmetro da estaca; A p =secção transversal da estaca<br />

Es = módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo;<br />

νs = coeficiente <strong>de</strong> Poisson <strong>do</strong> solo.<br />

Para estar correcta na fórmula (8.3.2.2.2) P <strong>de</strong>veria ser a carga na ponteira da estaca ou,<br />

pelo menos, uma fracção da carga aplicada na cabeça da estaca.<br />

Quan<strong>do</strong> abaixo da ponteira da estaca existe um estrato <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z infinita à profundida<strong>de</strong><br />

h. Silva Ca<strong>do</strong>so, citan<strong>do</strong>, Poulos e Davis (1980) indica para assentamento da cabeça <strong>de</strong><br />

estaca:<br />

s = I P / (Es d) 8.3.2.2.3<br />

VIII-38


com<br />

I = Io Rk Rb Rυ<br />

Em Rk entra o coeficiente <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z relativa solo-estaca da<strong>do</strong> por<br />

K =<br />

E p<br />

RA<br />

E<br />

s<br />

FIG. 8.3.2.2.1<br />

8.3.2.2.4<br />

8.3.2.2.5<br />

Com RA = 1 para estacas cilíndricas e Ep o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>do</strong> material da estaca.<br />

Em (8.3.2.2.4)<br />

Io = coeficiente <strong>de</strong> influência <strong>do</strong> assentamento para estacas incompressíveis<br />

(K = ∞), instaladas num hemiespaço elástico (h = ∞) com νs = 0,5;<br />

Rk = factor <strong>de</strong> correcção para aten<strong>de</strong>r à compressibilida<strong>de</strong> da estaca relativamente ao<br />

solo;<br />

Rb = factor <strong>de</strong> correcção par ter em conta a posição <strong>do</strong> estrato rígi<strong>do</strong>.<br />

Rν = factor <strong>de</strong> correcção para ter em conta o coeficiente da Poisson νs.<br />

Silva Car<strong>do</strong>so apresenta gráficos com famílias <strong>de</strong> cuvas para estes factores (Figs.<br />

8.3.2.2.2 a 8.3.2.2.5), Io em função <strong>de</strong> L/d. Rk em função <strong>de</strong> k e para vários valores <strong>de</strong> L/d. Rh<br />

em função <strong>de</strong> h/L para vários valores L/d e Rν em função <strong>de</strong> νs para vários valores <strong>de</strong> K.<br />

K = Ep/Es, Ep = modulo elastico da estaca; Es = módulo elastico <strong>do</strong> solo<br />

VIII-39


Fig. 8.3.2.2.2<br />

Fig. 8.3.2.2.3<br />

Fig. 8.3.2.2.4<br />

VIII-40


De análise <strong>de</strong>sses gráficos conclue-se que:<br />

Fig. 8.3.2.2.5<br />

- Io diminui rapidamente com L/d entre 0,6 para L/d = 0 e 0,043 para L/d = 50.<br />

Isto é o assentamento duma estaca diminue rapidamente quan<strong>do</strong> o comprimento<br />

aumenta.<br />

- O aumento da compressibilida<strong>de</strong> relativa k produz um aumento <strong>do</strong> assentamento,<br />

especialmente em estacas esbeltas (gran<strong>de</strong> L/d).<br />

- O coeficiente <strong>de</strong> Poisson tem reduzida influência nos assentamentos<br />

- A existência <strong>de</strong> uma camada “rígida” a pequena profundida<strong>de</strong> abaixo da ponteira da<br />

estaca, reduz substancialmente os assentamentos.<br />

O mesmo autor apresenta ainda gráficos que dão o efeito <strong>do</strong>s escorregamentos na<br />

interface solo-estaca em função <strong>do</strong> factor <strong>de</strong> segurança Fs. Conclui-se que para Fs > 3 esses<br />

efeitos são pequenos e que, portanto, há uma a<strong>de</strong>rência “perfeita” entre o solo e a estaca.<br />

Outros efeitos num solo homogéneo:<br />

- se a estaca tiver um maciço <strong>de</strong> encabeçamento ele reduzirá os assentamentos.<br />

- se a estaca tiver uma base alargada, o alargamento reduzirá os assentamentos.<br />

- A teoria <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> relativa a solos homogéneos é aplicável a maciços<br />

estratifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se use um módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formalida<strong>de</strong> global a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>.<br />

VIII-41


8.3.3 – Assentamento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas.<br />

8.3.3.1 – Cálculo por méto<strong>do</strong>s que usam a teoria <strong>de</strong> Elasticida<strong>de</strong>. Solos<br />

homogéneos.<br />

O efeito <strong>de</strong> grupo po<strong>de</strong> ser a<strong>de</strong>quadamente analisa<strong>do</strong> usan<strong>do</strong> um coeficiente <strong>de</strong><br />

majoração Rg <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> por razão <strong>de</strong> assentamento, assim <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>:<br />

Rg = sg/s1<br />

sg= assentamento <strong>do</strong> grupo; s1= assentamento <strong>de</strong> 1 estaca.<br />

8.3.3.1.1<br />

Para grupos <strong>de</strong> estacas com maciços <strong>de</strong> encabeçamento não assentes no terreno e<br />

maciços terrosos semi-infinitos e homogéneos, com νs = 0,5, Silva Ca<strong>do</strong>so, referin<strong>do</strong> Poulos<br />

and Davis, apresenta uma tabela para Rg em função <strong>de</strong> L/d, s/d e K, sen<strong>do</strong> s/d a razão entre o<br />

espaçamento e o diâmetro da estaca.<br />

A tabela refere grupos <strong>de</strong> 2 x 2, 3 x 3, 4 x 4 e 5 x 5 estacas.<br />

Naturalmente que para gran<strong>de</strong>s espaçamentos entre eixos das estacas (s/d = 10) Rg se<br />

aproxima <strong>de</strong> 1. Rg, aumenta com o número <strong>de</strong> estacas <strong>do</strong> grupo. Aumenta também com a<br />

rigi<strong>de</strong>z K <strong>do</strong> material da estaca em relação ao solo e ainda com a esbelteza L/d da estaca.<br />

Rg chega atingir valores superiores a 10 para pequenos espaçamentos, gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

estacas (5 x 5) e valores eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> K (K > 1000).<br />

Em grupos quadra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2 x 2 estacas Rs apresenta uma gama <strong>de</strong> variação estreita, entre<br />

1,5 e 3, sen<strong>do</strong> os maiores valores relativos a estacas com pequeno espaçamento (s/d = 2),<br />

longas e rígidas.<br />

Em contrapartida, em grupos quadra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> (5 x 5) estacas, a gama <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> Rs é<br />

muito ampla, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2,5 a 12,5.<br />

Para grupos “rectangulares” da estacas em maciços terrosos uniformes, o assentamento<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> principalmente da largura B <strong>do</strong> grupo.<br />

Se as ponteiras das estacas estão apoiadas num estrato “infinitamente” rígi<strong>do</strong>, o<br />

assentamento das suas cabeças é consequência unicamente da <strong>de</strong>formação das estacas e da<br />

<strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> maciço <strong>do</strong> maciço terroso que as envolve.<br />

Ao contrário das estacas “flutuantes” Rs diminue com o aumento da rigi<strong>de</strong>z K da estaca<br />

relativamente ao solo, porque a percentagem <strong>de</strong> carga transmitida à ponta aumenta com K.<br />

No que respeita à variação <strong>de</strong> Rg com s/d, L/d e n (nº.<strong>de</strong> estacas), ela é semelhante à das<br />

estacas flutuantes quan<strong>do</strong> K é finito.<br />

VIII-42


Em grupos <strong>de</strong> 2 x 2 estacas o factor Rg po<strong>de</strong> tomar valores entre 1 e 2, enquanto que em<br />

grupos <strong>de</strong> 5 x 5 estacas Rg po<strong>de</strong> variar entre 1 e 7.<br />

Em qualquer <strong>do</strong>s casos os maiores valores correspon<strong>de</strong>m a grupos <strong>de</strong> estacas pouco<br />

espaçadas, longas e pouco rígidas em relação ao solo que as envolve.<br />

Se as estacas estão embebidas num maciço <strong>de</strong>formável mas a certa distância abaixo das<br />

ponteiras existe um estrato muito duro, ele ten<strong>de</strong> a reduzir a razão <strong>de</strong> assentamento Rg<br />

relativamente ao caso <strong>do</strong> maciço homogéneo e semi-“infinito”.<br />

O mesmo acontece se as estacas embebidas em solo <strong>de</strong> módulo Es têm abaixo das<br />

ponteiras um terreno <strong>de</strong> módulo Eb >> Es.<br />

Para o caso <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong> encabeçamento estar em contacto com o terreno o<br />

assentamento <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> estaca é menor <strong>do</strong> que no caso <strong>de</strong>sse maciço não estar nessas<br />

condições. Todavia, a redução só é significativa para estacas afastadas entre si (s/d ≥ 5).<br />

8.3.3.2 – Cálculo por méto<strong>do</strong>s empíricos<br />

Estacas em solos arenosos<br />

Bowles (1996, p. 1023) sugere que para obter o assentamento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong><br />

largura B se multiplique o assentamento relativo a uma estaca isolada dada por (8.3.2.1.3) por<br />

B / d . Esta sugestão advém <strong>de</strong> Vesi c (1969 a 1977). Teríamos então para o grupo<br />

sg =<br />

∆q<br />

⋅ B / d<br />

, mm<br />

2 ⋅ N ⋅ d<br />

8.3.3.2.1<br />

on<strong>de</strong> N sera o número médio <strong>de</strong> pancadas no SPT na zona B acima e 2B abaixo das ponteiras<br />

das estacas;<br />

d = diâmetro <strong>de</strong> cada estaca:<br />

∆q = tensão vertical média nas ponteiras das estacas em kPa<br />

B = largura <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> estacas em metros<br />

Bowles (1996) admite ainda que o assentamento <strong>do</strong> grupo possa ser obti<strong>do</strong> a partir da<br />

resistência <strong>de</strong> ponta qc medida no cone penetrómetro estático (CPT):<br />

sg =<br />

k1∆q ⋅ B<br />

2q<br />

c<br />

8.3.3.2.2<br />

k1 = 1 – L / (8B) > 0,5 8.3.3.2.3<br />

VIII-44


qc será a média das resistências <strong>de</strong> ponta numa zona entre B acima e 2B abaixo das ponteiras<br />

das estacas.<br />

Segun<strong>do</strong> Meyerhof (1959) para grupos quadra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estacas a razão <strong>de</strong> assentamentos<br />

Rg = sg/s1, seria dada por<br />

Rg =<br />

s / d<br />

⋅ ( 5 −<br />

on<strong>de</strong> s = espaçamento entre estacas;<br />

d = diâmetro <strong>de</strong> cada estaca;<br />

( ) 2<br />

1+<br />

1/<br />

r<br />

r = número <strong>de</strong> fiadas <strong>de</strong> estacas.<br />

s )<br />

( 3d)<br />

Skempton (1953) basea<strong>do</strong> nalguns ensaios <strong>de</strong> campo indica:<br />

Rg =<br />

B= largura <strong>do</strong> grupo em metros.<br />

⎛13,<br />

1⋅<br />

B + 9 ⎞<br />

⎜ ⎟<br />

⎝ 3,<br />

3B<br />

+ 12 ⎠<br />

2<br />

8.3.3.2.4<br />

8.3.3.2.5<br />

A Correia (1996) citan<strong>do</strong> Meyerlof 1988 indica para assentamento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas<br />

em areia homogénea saturada:<br />

on<strong>de</strong><br />

B ⋅ I<br />

sg (mm) = 0,9⋅q<br />

N<br />

q = tensão média transmitida pelas ponteiras das estacas em kPa<br />

B<br />

I = 1 - ≥ 0,5<br />

L<br />

B = “largura” <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> estacas em metros<br />

8.3.3.2.6<br />

N = número <strong>de</strong> pancadas no SPT, média <strong>de</strong> valores numa zona entre B acima e 2B<br />

abaixo das ponteiras das estacas.<br />

Para areia siltosa N <strong>de</strong>ve duplicar-se.<br />

Grupos <strong>de</strong> estacas em argilas<br />

Se as estacas estão instaladas num maciço argiloso satura<strong>do</strong> (estacas flutuantes) os<br />

assentamentos <strong>do</strong> grupo são essencialmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s à consolidação da camada argilosa, sen<strong>do</strong><br />

pequena a contribuição <strong>do</strong>s assentamentos imediatos.<br />

VIII-45


Para efeito, <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong>s assentamentos pela teoria da consolidação costuma admitir-<br />

se que o grupo funciona como um pegão ou sapata equivalente com base acima das ponteiras<br />

das estacas na distância L/3, sen<strong>do</strong> L o comprimento das estacas. Admite-se que a carga é<br />

uniforme na base da sapata fictícia e que se <strong>de</strong>grada em profundida<strong>de</strong> a partir da superfície<br />

segun<strong>do</strong> uma recta da tabela 4:1 (4 vertical; 1 horizontal). O cálculo <strong>do</strong> assentamento<br />

processa-se da forma usual, admitin<strong>do</strong> drenagem vertical e o grau <strong>de</strong> consolidação - e daí o<br />

assentamento – varian<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo (Tomlinsom, 1981) em A. Correia (1996,<br />

p.3.23).<br />

A teoria da sapata equivalente po<strong>de</strong> também aplicar-se para estacas trabalhan<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ponta, com ponteiras instaladas em terreno duro (“bed rock” ou firme). Nesse caso consi<strong>de</strong>ra-<br />

se a base da “sapata equivalente” ao nível das ponteiras das estacas (Fig. 8.3.3.2.1).<br />

A mesma meto<strong>do</strong>logia abrange ainda o caso <strong>de</strong> estacas com um certo comprimento L<br />

encastra<strong>do</strong> num estrato arenoso ten<strong>do</strong> acima <strong>de</strong>le solo argiloso mole.<br />

8.4 - Estacas Submetidas a Forças Horizontais<br />

FIG. 8.3.3.2.1<br />

As estacas <strong>de</strong> diâmetros até 0,60 são órgãos <strong>de</strong> fundação essencialmente <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a<br />

receber cargas axiais. Beresantsev recomenda que se use estacaria com estacas verticais,<br />

somente quan<strong>do</strong> a inclinação resultante sobre a vertical for menor que 5º (α


ecomendação pressupõe que as estacas não resistem em boas condições a esforços<br />

transversos e momentos flectores.<br />

Todavia, hoje executam-se estacas que chegam a atingir 1,5 a 2,0 m <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Nesses casos as estacas <strong>de</strong> um grupo já são todas verticais porque po<strong>de</strong>m “absorver” esforços<br />

transversos e momentos e não po<strong>de</strong>riam ser instaladas inclinadas.<br />

No entanto, para o cálculo "correcto" <strong>de</strong> um maciço <strong>de</strong> estacas, isto é, <strong>do</strong>s esforços que<br />

se <strong>de</strong>senvolvem nas estacas, inclusive os esforços transversos e momentos flectores, tem <strong>de</strong><br />

conhecer-se os <strong>de</strong>slocamentos e rotações na cabeça <strong>de</strong> cada estaca (ou grupo <strong>de</strong> estacas) para<br />

acções horizontais.<br />

Para esse efeito tem <strong>de</strong> obter-se a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> sistema estaca-terreno na cabeça<br />

<strong>de</strong> uma estaca. Ela é, por <strong>de</strong>finição, a matriz k tal que<br />

K uu K u θ<br />

⎡<br />

⎤<br />

⎢<br />

⎥<br />

K θ u K θθ<br />

⎭<br />

⎢<br />

⎥<br />

⎢⎣<br />

⎥⎦<br />

⎬⎫<br />

u<br />

H ⎧ ⎫ ⎧<br />

⎨ ⎬ = ⎨<br />

⎩ θ ⎭ ⎩ M<br />

8.4.1<br />

on<strong>de</strong> u é o <strong>de</strong>slocamento horizontal e θ a rotação da cabeça da estaca. H é a força horizontal<br />

e M o momento.<br />

De (8.4.1) tira-se que Kuu e Kθu são respectivamente a força e o momento que é preciso<br />

aplicar na cabeça da estaca para produzir um <strong>de</strong>slocamento u = 1, sem <strong>de</strong>ixar rodar a cabeça<br />

(θ=0). De mo<strong>do</strong> análogo Kuθ e Kθθ seriam a força e o momento a aplicar na cabeça da estaca<br />

para produzir uma rotação = 1, sem <strong>de</strong>slocamento (u = 0) (Fig. 8.4.1).<br />

A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z é <strong>de</strong> calculo “dificil”. Por isso se usa a sua inversa que é a matriz<br />

flexibilida<strong>de</strong>.<br />

VIII-47


θ<br />

θ<br />

θ<br />

θ<br />

θ<br />

FIG. 8.4.1<br />

Esta matriz obtém-se <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>slocamento u = δ H e a rotação θ da cabeça da<br />

estaca embebida no terreno em função da força horizontal H aplicada e <strong>do</strong> momento M<br />

aplica<strong>do</strong>:<br />

⎧<br />

⎨<br />

⎩<br />

u<br />

θ<br />

⎫<br />

⎬<br />

⎭<br />

H M<br />

u = IuH × + IuM × 2<br />

E L E L<br />

s<br />

H M<br />

θ = IθH × + IθM × 3<br />

E L E L<br />

⎡<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎣<br />

I<br />

E<br />

s<br />

uH<br />

s<br />

L<br />

= I θ H<br />

I θ M<br />

2<br />

E s L<br />

3<br />

E s L<br />

s<br />

s<br />

I<br />

E<br />

uM<br />

2<br />

s L<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎦<br />

θ<br />

θ<br />

⎧H⎫<br />

⎨ ⎬<br />

⎩M⎭<br />

θ<br />

8.4.2<br />

8.4.3<br />

8.4.4<br />

Os coeficientes <strong>de</strong> influência IuM e IθH serão iguais se o meio (o solo) fôr elástico linear<br />

e a estaca também. Os coeficientes I <strong>de</strong>terminam-se, fazen<strong>do</strong> sucessivamente H = 1 e M = 0; e<br />

H = 0 e M = 1, e calculan<strong>do</strong> os respectivos <strong>de</strong>slocamentos e rotações à superfície.<br />

A matriz <strong>de</strong> (8.4.4) é a matriz flexibilidae <strong>do</strong> sistema estaca-terreno e a sua inversa a<br />

matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z (8.4.1).<br />

O cálculo <strong>de</strong> tais <strong>de</strong>slocamentos e rotações po<strong>de</strong> fazer-se pela teoria <strong>de</strong> Winkler,<br />

com o conhecimento <strong>do</strong> "coeficiente <strong>de</strong> reacção ou <strong>de</strong> mola" <strong>do</strong> solo k s e sua eventual<br />

VIII-48


variação com a profundida<strong>de</strong>. Outra teoria usual é a <strong>de</strong> Mindlin. Nesta teoria admite-se um<br />

meio elástico linear. Poulos (1971) usou-a para o cálculo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a cargas<br />

pontuais aplicadas a dadas profundida<strong>de</strong>s . Gráficos com esses coeficientes são da<strong>do</strong>s pelo<br />

autor, em função <strong>de</strong>:<br />

on<strong>de</strong><br />

E<br />

I<br />

p p<br />

KR = 4<br />

EsL<br />

E p I p = rigi<strong>de</strong>z da estaca;<br />

E s<br />

L<br />

; e <strong>de</strong> , para υ = 0,5<br />

d<br />

= módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo;<br />

L = comprimento da estaca;<br />

d = diâmetro<br />

υ = coeficiente <strong>de</strong> Poisson.<br />

8.4.5<br />

KR, dá a i<strong>de</strong>ia da rigi<strong>de</strong>z da estaca em relação ao solo. Valores da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> KR = 10 -2<br />

são "críticos", isto é, para valores superiores a estaca consi<strong>de</strong>ra-se "rígida" em relação ao solo<br />

e nesse caso a teoria <strong>de</strong> Winkler daria resulta<strong>do</strong>s semelhantes à solução <strong>de</strong> Mindlin. Para<br />

KR


O cálculo <strong>do</strong>s coeficientes I em (8.4.2) e (8.4.3) tem <strong>de</strong> fazer-se em termos <strong>de</strong><br />

diferenças finitas (ou elementos finitos), quer usan<strong>do</strong> a teoria <strong>de</strong> Winkler, quer usan<strong>do</strong> a<br />

solução <strong>de</strong> Midlin. O primeiro caso já foi trata<strong>do</strong> em (5.9) a propósito das vigas em fundação<br />

elástica. Para ver como po<strong>de</strong>ria ser trata<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong> caso, consi<strong>de</strong>remos dividida, a estaca,<br />

por exemplo em 5 elementos e nela 6 nós. A estaca é sujeita, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral a um<br />

momento M e força H, na cabeça.<br />

Devi<strong>do</strong> a essa solicitação geram-se pressões horizontais <strong>do</strong> terreno sobre a estaca, q i , em<br />

cada elemento que se dividiu a estaca e acções contrárias da estaca no terreno. Por<br />

comodida<strong>de</strong> suporemos que qi é uniforme em cada elemento. Então a força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

comprimento <strong>de</strong> estaca será:<br />

(d = diâmetro da estaca)<br />

pi = qi × d 8.4.12<br />

e é também uniforme. A cada uma <strong>de</strong>ssas cargas correspon<strong>de</strong>rá em cada elemento uma força:<br />

∆ z =<br />

L<br />

5<br />

Pi = pi ∆z = qi × d × ∆z 8.4.13<br />

∆<br />

FIG. 8.4.2<br />

Cada carga Pi, produzirá <strong>de</strong>slocamentos horizontais Wj,i em qualquer outro ponto (nó) j.<br />

Esses <strong>de</strong>slocamentos foram calcula<strong>do</strong>s por Mindlin em função <strong>do</strong> módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> Es,<br />

<strong>do</strong> meio (hemi-espaço) suposto elástico e linear, homógeneo e isotrópico, <strong>de</strong> coeficiente <strong>de</strong><br />

VIII-50


Poisson υ e da posição <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> Pi (profundida<strong>de</strong> zi) (*). Por sobreposição <strong>de</strong><br />

efeitos po<strong>de</strong>remos exprimir os <strong>de</strong>slocamentos nos vários nós:<br />

∑<br />

δ1<br />

= W1,<br />

i Pi<br />

⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

δ = ⎪<br />

2 ∑W2,<br />

i Pi<br />

⎪<br />

⎬<br />

... = ........ ⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

δ =<br />

⎪<br />

6 ∑W6,<br />

i Pi<br />

⎭<br />

8.4.14<br />

* Os valores <strong>de</strong> Wj,i (j≠i) obtêm-se particularizan<strong>do</strong> a solução <strong>de</strong> Mindlin para uma carga horizontal Q aplicada<br />

à profundida<strong>de</strong> c (Poulos & Davis, 1974, p. 19):<br />

δ<br />

x<br />

2<br />

( 3 − 4υ<br />

) 1 x ⎤ ( 3 − 4υ<br />

)<br />

2<br />

2<br />

Q ⎡<br />

x 2cZ<br />

⎛ 3x<br />

⎞<br />

⎢ + + ⎥ + +<br />

+<br />

( )<br />

⎜<br />

⎜1−<br />

⎟<br />

3<br />

3<br />

3<br />

16πG 1−<br />

υ ⎣ R1<br />

R2<br />

R1<br />

⎦ R2<br />

R2<br />

⎝ R2<br />

⎠<br />

= 2<br />

( 1−<br />

υ)(<br />

1−<br />

2 )<br />

( ) ⎥ 2<br />

4 υ ⎛ x ⎞⎤<br />

+<br />

× ⎜<br />

⎜1−<br />

⎟<br />

R2 + Z + c ⎝ R2<br />

R2<br />

+ Z + c ⎠⎦<br />

G=Es/(2(1-ν))<br />

Fig.8.4.3<br />

8.4.15<br />

VIII-51


Os coeficientes W1,i; W2,i; etc., como se disse, obtêm-se das posições <strong>do</strong>s pontos 1 e i a<br />

menos <strong>do</strong>s factores relaciona<strong>do</strong>s com Es e υ.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a teoria da flexão das peças elásticas dá:<br />

p p I E<br />

d − M<br />

= 2<br />

dz<br />

on<strong>de</strong> M é o momento flector e Ep Ip a rigi<strong>de</strong>z à flexão da estaca.<br />

2 δ<br />

8.4.16<br />

Po<strong>de</strong>mos exprimir a equação (8.4.16) em termos <strong>de</strong> diferenças finitas nos pontos 2, 3, . .<br />

., 5. Não o po<strong>de</strong>mos fazer nos nós 1 e 6 porque sen<strong>do</strong> pontos da fronteira não têm pontos<br />

vizinhos para o exterior.<br />

Teremos:<br />

no<br />

no<br />

no<br />

nó<br />

nó<br />

nó<br />

2<br />

3<br />

5<br />

δ 3 + δ 1 − 2δ<br />

2 − M 2 ⎫<br />

=<br />

2<br />

∆z<br />

E<br />

⎪<br />

p I p ⎪<br />

⎪<br />

δ 4 + δ 2 − 2δ<br />

3 − M 3 ⎪<br />

=<br />

2<br />

⎪<br />

∆z<br />

E p I p ⎪<br />

⎬<br />

.<br />

⎪<br />

⎪<br />

.<br />

⎪<br />

⎪<br />

δ + − − M<br />

⎪<br />

6 δ 4 2δ<br />

5<br />

5<br />

= ⎪<br />

2<br />

∆z<br />

E p I p ⎪⎭<br />

8.4.17<br />

Substituin<strong>do</strong> em (8.4.17) os <strong>de</strong>slocamentos da<strong>do</strong>s por (8.4.14) e calculan<strong>do</strong> por outro<br />

la<strong>do</strong> os momentos flectores M2, M3, . . ., M5, em função <strong>de</strong> M e H (conheci<strong>do</strong>s) e <strong>de</strong> Pi (i = 1,<br />

2, . . ., 6) <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s, em (8.4.17), ficaremos com 4 equações lineares em Pi<br />

incógnitas (Pi ).<br />

Po<strong>de</strong>remos, porém, estabelecer as equações <strong>de</strong> equilíbrio geral:<br />

∑ Pi = H e ∑ Pi z i = M (momentos em relação ao ponto (1)) 8.4.18<br />

, a 6<br />

ficamos, pois, com 6 equações a 6 incógnitas, como suce<strong>de</strong> com a Teoria <strong>de</strong> Winkler para<br />

vigas <strong>de</strong> fundação elástica. Substituí<strong>do</strong>s os Pi em (8.4.14) po<strong>de</strong>m obter-se os valores <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>slocamentos, em particular δ1 ≡ u à superfície, e também δ2. A partir <strong>de</strong> δ1 e δ2 obtém-se a<br />

rotação θ da cabeça da estaca, à superfície.<br />

VIII-52


δ1<br />

− δ 2<br />

tg θ ≅ θ =<br />

∆z<br />

8.4.19<br />

Fazen<strong>do</strong> sucessivamente H = 1 kN, M = 0, (cálculo 1); H = 0 e M = 1 kNm (cálculo 2)<br />

po<strong>de</strong>remos obter os correspon<strong>de</strong>ntes valores na cabeça da estaca (ponto 1):<br />

I uH ⎫<br />

( uH<br />

) 1 =<br />

E<br />

⎪<br />

s L<br />

⎪<br />

⎬<br />

IθH<br />

⎪<br />

( θ H ) 1 = 2 ⎪<br />

Es<br />

L ⎭<br />

(1º cálculo);<br />

( u<br />

( θ<br />

M<br />

M<br />

)<br />

)<br />

1<br />

1<br />

=<br />

=<br />

I<br />

E<br />

I<br />

E<br />

(2º cálculo).<br />

uM<br />

2<br />

s L<br />

θM<br />

3<br />

s L<br />

⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎬<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎭<br />

8.4.20<br />

8.4.21<br />

Estes valores são os coeficientes na matriz flexibilida<strong>de</strong> (8.4.4), e servem para obter os<br />

elementos da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z da estaca embebida no solo kθθ, kuu e kθu = kuθ, indica<strong>do</strong>s nas<br />

equações (8.4.6) a (8.4.11).<br />

Os valores <strong>do</strong>s coeficientes <strong>de</strong> influência I (adimensionais) foram já calcula<strong>do</strong>s e<br />

apresenta<strong>do</strong>s em gráficos por Poulos (A.S.C.E., J. Soil M., S.M. 5, May 1971, pp. 711/730)<br />

em função <strong>do</strong> factor <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z relativa da estaca em relação ao solo:<br />

K R =<br />

E<br />

E<br />

p<br />

s<br />

I<br />

L<br />

p<br />

4<br />

8.4.22<br />

para vários valores da razão L/d entre o comprimento L e o diâmetro d da estaca e <strong>de</strong> υ = 0,5.<br />

No entanto, nos casos mais vulgares, para:<br />

10 -4 < KR < 10 -2 , 8.4.23<br />

os coeficientes I, praticamente não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> L/d e também pouco são afecta<strong>do</strong>s por υ<br />

ten<strong>do</strong> a seguinte expressão log10 I = a log10 KR + b. (8.4.24)<br />

As constantes a e b po<strong>de</strong>m tirar-se <strong>do</strong>s valores <strong>do</strong>s gráficos len<strong>do</strong> neles <strong>do</strong>is pares<br />

valores I e KR, forman<strong>do</strong> com cada par uma equação linear em a e b e resolven<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong><br />

duas equações a duas incógnitas (a e b) correspon<strong>de</strong>nte.<br />

Assim:<br />

IuH = 10 ⇒ KR = 10 -4 ⇒ log1010 = a log1010 -4 ⇒ (1 = -4a + b)<br />

VIII-53


e ainda:<br />

⎧<br />

⎪<br />

⎨<br />

⎪<br />

⎩I<br />

θM<br />

IuH = 2 ⇒ KR = 1,5 ⇒ log10 2 = a log101,5 + b ⇒ 0,3 = 0,176 × a + b<br />

⎧0,<br />

7 = ( −4<br />

− 0,<br />

176)<br />

a ⇒ a = −0,<br />

1676⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎨<br />

⎬ ⇒<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎩1<br />

= −4(<br />

−0,<br />

1676)<br />

+ b ⇒ b = 0,<br />

3296 ⎭<br />

−<br />

⇒ I uH = 2,<br />

1360K<br />

R<br />

0,<br />

1676<br />

De mo<strong>do</strong> análogo se obteria:<br />

I<br />

θM<br />

= 1,<br />

= 1000,<br />

K<br />

⎧a<br />

= −0,<br />

7037⎫<br />

⎪ ⎪<br />

⎨ ⎬ ⇒ log<br />

⎪ ⎪<br />

⎩ b = 0,<br />

2407 ⎭<br />

θ M<br />

R<br />

K<br />

R<br />

=<br />

= 1,<br />

2 × 10<br />

10<br />

I<br />

−0,<br />

7037<br />

R<br />

θM<br />

−4<br />

I uH<br />

= 10<br />

0,<br />

3296<br />

× 10<br />

− R K<br />

0,<br />

1676 log10<br />

⇒<br />

8.4.25<br />

IuM = IθH = 1,3586 k 4422 , 0 −<br />

8.4.26<br />

R<br />

2,<br />

2<br />

⇒ log<br />

10<br />

= −0,<br />

7037log<br />

K<br />

⇒ 0 = a log<br />

1000 = 3 = a log<br />

R<br />

10<br />

10<br />

2,<br />

2<br />

+ b<br />

1,<br />

2 × 10<br />

+ 0,<br />

2407 ⇒ I<br />

θM<br />

−4<br />

+ b<br />

= 10<br />

0,<br />

2407<br />

⎧ 0 = 0,<br />

342×<br />

a + b ⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎨<br />

⎬<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎩3<br />

= −3,<br />

291×<br />

a + b⎭<br />

K<br />

−0,<br />

7037<br />

R<br />

⇒ I = 1,<br />

7406 × K<br />

8.4.27<br />

De (8.4.7) a (8.4.11) tiramos agora os valores <strong>de</strong> α2, α3 e α4:<br />

α<br />

α<br />

2<br />

−1<br />

2<br />

−1<br />

2<br />

=<br />

−<br />

−0,<br />

4422 2<br />

−0,<br />

1676<br />

−0,<br />

7037<br />

( 1,<br />

3586K<br />

) + 2.<br />

1360K<br />

× 1,<br />

7405K<br />

R<br />

1,<br />

7406×<br />

K<br />

−0,<br />

7037<br />

R<br />

3 , 717 −0,<br />

8713+<br />

0,<br />

7037 1,<br />

8458 −0,<br />

8844+<br />

= × K R − K R<br />

1,<br />

7406<br />

1,<br />

7406<br />

−0,<br />

1676<br />

R<br />

R<br />

−0,<br />

1807<br />

R<br />

0,<br />

7037<br />

α = 2,<br />

1356K<br />

−1,<br />

0605K<br />

8.4.28<br />

α = 1,<br />

7405K<br />

− 0,<br />

86414K<br />

8.4.29<br />

−1<br />

4<br />

−1<br />

3<br />

−0,<br />

7037<br />

R<br />

−0,<br />

14422<br />

R<br />

−0,<br />

7168<br />

R<br />

α = 1,<br />

3586K<br />

− 2,<br />

7366K<br />

8.4.30<br />

−0,<br />

4291<br />

R<br />

Então as matrizes <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z da cabeça da estaca, escrevem-se:<br />

⎡k<br />

=<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢⎣<br />

k<br />

uu<br />

K s<br />

uθ<br />

k<br />

k<br />

θu<br />

θθ<br />

⎤ ⎡α<br />

2L<br />

⎥ ⎢<br />

⎥<br />

= E ⎢<br />

⎥⎦<br />

⎢ 2<br />

⎣α<br />

3L<br />

2<br />

α ⎤ 3L<br />

⎥<br />

⎥ , no plano Zu<br />

3<br />

α ⎥<br />

4L<br />

⎦<br />

R<br />

⇒<br />

8.4.30<br />

VIII-54


⎡ k<br />

'=<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢⎣<br />

ku<br />

vv<br />

θ '<br />

k<br />

θ 'v<br />

K s<br />

k<br />

θ 'θ<br />

'<br />

'<br />

⎤ ⎡α<br />

2L<br />

⎥ ⎢<br />

⎥<br />

= E ⎢<br />

⎥⎦<br />

⎢ ' 2<br />

⎣α<br />

3L<br />

' 2<br />

α ⎤ 3L<br />

⎥<br />

⎥ , no plano Zv.<br />

' 3<br />

α ⎥<br />

4L<br />

⎦<br />

8.4.31<br />

Expressões <strong>de</strong> Ran<strong>do</strong>lph (1982) para a matriz <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma estaca e para o<br />

momento flector máximo numa estaca submetida a uma força transversal H na cabeça.<br />

No artigo acima indica<strong>do</strong> Ran<strong>do</strong>lph apresenta os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> cálculo feito com<br />

elementos finitos <strong>do</strong> <strong>de</strong>slocamento .u .e da rotação .θ .<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a uma força horizontal H e um<br />

momento M aplica<strong>do</strong>s na cabeça da estaca embebida em meio linearmente elástico:<br />

on<strong>de</strong><br />

E ep G<br />

u =<br />

ρ G<br />

θ =<br />

c<br />

c<br />

c<br />

( G )<br />

⎡ ⎛ l c ⎞<br />

⎢0,<br />

27H⎜<br />

⎟<br />

⎢⎣<br />

⎝ 2 ⎠<br />

1<br />

−<br />

⎛ l ⎤<br />

c ⎞<br />

+ 0,<br />

3M⎜<br />

⎟ ⎥<br />

⎝ 2 ⎠ ⎥⎦<br />

−1 2<br />

1<br />

E 7 ⎡<br />

ep c ⎛ l ⎞<br />

1<br />

c<br />

⎛ l 2 c ⎞<br />

⎢0,<br />

3H⎜<br />

⎟ + 0,<br />

8ρc<br />

M⎜<br />

⎟<br />

ρcG<br />

c ⎢⎣<br />

⎝ 2 ⎠<br />

⎝ 2 ⎠<br />

− −3<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

8.4.23<br />

8.4.24<br />

E pI<br />

p<br />

= é o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> da estaca corrigi<strong>do</strong> para po<strong>de</strong>r consi<strong>de</strong>rar<br />

πd<br />

64<br />

E ep 4<br />

uma estaca com secção recta com momento <strong>de</strong> inércia Ip diferente da secção circular.<br />

d = diâmetro equivalente da estaca 2 ro.<br />

Gc é o módulo <strong>de</strong> distorção “característico” <strong>do</strong> solo, da<strong>do</strong> pelo valor médio <strong>do</strong> módulo<br />

<strong>de</strong> distorção modifica<strong>do</strong> G* = Gs (1 +3 ν), ao longo <strong>do</strong> comprimento da estaca até à<br />

profundida<strong>de</strong> crítica c l (Gs é o módulo <strong>de</strong> distorção <strong>do</strong> solo e ν o coeficiente <strong>de</strong> Poisson).<br />

A profundida<strong>de</strong> crítica é aquela abaixo da qual se po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sprezar os <strong>de</strong>slocamentos,<br />

esforços transversos e momentos flectores na estaca.<br />

Ran<strong>do</strong>lph indica para ela o valor:<br />

ro = raio da secção da estaca<br />

l<br />

c<br />

⎛ E<br />

= 2ro<br />

⎜<br />

⎝ G<br />

G * ( x = l c 4<br />

ρ c =<br />

, <strong>de</strong>fine o grau <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo.<br />

G * ( x = l 2<br />

c<br />

ep<br />

c<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

2<br />

7<br />

8.4.25<br />

8.4.26<br />

VIII-55


Para um solo homogéneo ρc = 1.<br />

Fazen<strong>do</strong> em a) e b) sucessivamente, (H = 1 kN; M = 0) e (H = 0 e M = 1 kNm)<br />

obteremos as duas colunas da matriz flexibilida<strong>de</strong> na cabeça da estaca. Inverten<strong>do</strong> essa matriz<br />

como fizemos anteriormente obtemos a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z (8.4.1).<br />

Ran<strong>do</strong>lph apresentou ainda expressões para o momento flector máximo numa estaca<br />

submetida a uma força horizontal H na cabeça, para os casos <strong>de</strong> uma estaca com cabeça livre<br />

e com rotação impedida na cabeça.<br />

No 1º caso<br />

α<br />

1<br />

M máx = H.<br />

l c<br />

ρc<br />

8.4.27<br />

Este máximo verifica-se à profundida<strong>de</strong> l c 4 . Se o terreno é homogéneo (G* não varia<br />

com a profundida<strong>de</strong>). Se G* aumenta linearmente com a profundida<strong>de</strong> o Mmáx verifica-se à<br />

profundida<strong>de</strong> l c 3.<br />

α1 é um coeficiente que varia ligeiramente com ρc. Na prática po<strong>de</strong> tornar-se α1= 0,1.<br />

Para o 2º caso<br />

α 2<br />

M máx = H.<br />

l c<br />

ρ<br />

c<br />

α2 é um coeficiente que pouco varia com ρc. Na prática po<strong>de</strong> tornar-se α2 = 0,375.<br />

2<br />

8.4.28<br />

Para uma estaca <strong>de</strong> secção circular embebida em meio com coeficiente <strong>de</strong> reacção<br />

k’=cte em profundida<strong>de</strong>, Santos (1999) p.180, dá para a profundida<strong>de</strong> crítica o valor.<br />

on<strong>de</strong><br />

k’ varia com Es e pouco com νs.<br />

l<br />

c<br />

= 3d<br />

4<br />

k’ ≈ α Es<br />

16k'<br />

πE<br />

p<br />

8.4.29<br />

8.4.30<br />

Para estacas <strong>de</strong> betão (Ep = 29 GPa) e 10 3 ≤ Es ≤ 10 5 kPa e νs = 0.3, Santos (1999,<br />

P.175) dá valores <strong>de</strong> α = 1 para Es = 10 3 kPa<br />

VIII-56


α = 1,35 para Es = 10 4 kPa<br />

α = 1,9 para Es = 10 5 kPa<br />

8.5 – Disposição das Estacas num Maciço. Concepção <strong>de</strong> Maciços <strong>de</strong> Estacas.<br />

Já dissemos que, sobretu<strong>do</strong> em maus solos, para se aproveitar a capacida<strong>de</strong> individual<br />

<strong>de</strong> cada estaca <strong>de</strong>vem elas ter entre si espaçamento superior a certo limite. Grosseiramente<br />

po<strong>de</strong>mos dizer que para um espaçamento esp menor que 3d começa a fazer-se sentir bastante o<br />

"efeito <strong>de</strong> grupo" e pelo contrário se esp ≥ 8d o efeito <strong>de</strong> grupo é <strong>de</strong>sprezível. Por outro la<strong>do</strong>, o<br />

"efeito <strong>de</strong> grupo" nas estacas "trabalhan<strong>do</strong>" <strong>de</strong> ponta po<strong>de</strong> até ser benéfico <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista<br />

da capacida<strong>de</strong> resistente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os assentamentos não sejam excessivos e não houver<br />

camadas menos resistentes abaixo das ponteiras das estacas. Assim, se por razões construtivas<br />

o espaçamento é gran<strong>de</strong>, como po<strong>de</strong> acontecer nos pilares ou nos encontros <strong>de</strong> uma ponte, não<br />

temos que nos preocupar com o espaçamento. Aí, em geral, é importante escolher bem o<br />

número e posição das estacas inclinadas, quan<strong>do</strong> existam. Hoje usam-se estacas que po<strong>de</strong>m<br />

ter diâmetros até 1,5 ou 2 m. Nesse caso as estacas <strong>do</strong> grupo po<strong>de</strong>m ser todas verticais,<br />

porque ten<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> diâmetro resistem bem a esforços transversos e momentos flectores<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a cargas horizontais.<br />

Consi<strong>de</strong>remos por exemplo o caso <strong>de</strong> um pilar <strong>de</strong> ponte sujeito a várias alternativas<br />

<strong>de</strong> solicitação (forças e momentos variáveis consoante as combinações das sobrecargas: carga<br />

rolante (móvel), frenagem, "atrito" nos aparelhos <strong>de</strong> apoio, etc.) (Fig. 8.5.1)<br />

Embora não figurem esforços no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> eixo YY (eixo transversal da ponte),<br />

será <strong>de</strong> esperar que, embora pequenos, na prática alguns esforços existam: choque eventual <strong>de</strong><br />

um veículo contra os passeios ou contra a guarda, pressão hidrodinâmica, vento, etc.. Então,<br />

será <strong>de</strong> boa norma prever estacas inclinadas no plano paralelo a YY (estacas 1,7, 8 e 14). Por<br />

outro la<strong>do</strong>, convirá respeitar simetria para evitar efeitos <strong>de</strong> torção. Pelo que diz respeito ao<br />

plano paralelo a zx, a maior componente horizontal das acções, sugere o uso <strong>de</strong> estacas<br />

VIII-57


FIG. 8.5.1<br />

inclinadas nesse plano. É claro que as estacas inclinadas po<strong>de</strong>riam ser por exemplo apenas as<br />

estacas 9 e 13 ou 9, 11 e 13. Porém, sen<strong>do</strong> pequena a inclinação das estacas em relação à<br />

vertical viriam importantes esforços para as referidas estacas, pelo que será importante<br />

colocar estacas inclinadas também na outra fila e no mesmo senti<strong>do</strong> (estacas 2, 4 e 6).<br />

Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> porém, a que as solicitações indicadas não representam to<strong>do</strong>s os casos possíveis e<br />

que tanto a frenagem como por exemplo o atrito nos aparelhos <strong>de</strong> apoio po<strong>de</strong>m mudar <strong>de</strong><br />

senti<strong>do</strong>, este último <strong>de</strong> verão para inverno ou reciprocamente, será pru<strong>de</strong>nte não usar estacas<br />

inclinadas num só senti<strong>do</strong> e assim prever também inclinadas no dito plano mas em senti<strong>do</strong><br />

contrário: as estacas (3, 5, 10 e 12). Preservou-se <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong> a simetria e concebeu-se um<br />

sistema estável para uma solicitação qualquer, inclusivé, <strong>de</strong> torção.<br />

Note-se que em qualquer maciço <strong>de</strong> estacas, se se admitem as estacas "bi-articuladas" (e<br />

mesmo que o não sejam, elas são órgãos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a resistir essencialmente a esforços<br />

axiais), teoricamente só haveria estabilida<strong>de</strong> para qualquer solicitação se os eixos das estacas<br />

se não encontrassem numa mesma linha (ou num ponto) no espaço; daí que por exemplo um<br />

maciço <strong>de</strong> estacas como indica a Fig. 8.5.2, não seja recomendável. Se as inclinações das<br />

estacas nos <strong>do</strong>is alinhamentos fossem iguais: os eixos das estacas (os seus prolongamentos)<br />

encontrar-se-iam to<strong>do</strong>s numa linha horizontal <strong>do</strong> plano ZY, algures acima <strong>do</strong> plano horizontal<br />

XY. Então, o sistema não resistiria "teoricamente" a forças horizontais cuja linha <strong>de</strong> acção<br />

VIII-58


não cortasse a referida linha <strong>de</strong> intercepção <strong>do</strong>s eixos das estacas (Ver livro <strong>de</strong> texto com<br />

sistemas <strong>de</strong> barras isostáticos espaciais).<br />

Se porém, algumas estacas <strong>do</strong> sistema forem verticais, já a acção no bloco po<strong>de</strong>rá ser<br />

qualquer (no plano XZ).<br />

Se por outro la<strong>do</strong>, se tratasse <strong>de</strong> um encontro <strong>de</strong> ponte, já <strong>de</strong>veríamos ter um sistema <strong>de</strong><br />

estacas inclinadas assimétrico com mais estacas fazen<strong>do</strong> face ao impulso das terras no<br />

encontro o qual nunca muda <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>. Não <strong>de</strong>ve, porém, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> haver estacas verticais ou<br />

<strong>de</strong> inclinação oposta pelas razões acima indicadas.<br />

FIG. 8.5.2<br />

Se diversamente <strong>de</strong>stes casos (pontes cais, <strong>do</strong>lfins, etc.) com acções horizontais<br />

importantes e pouco peso, se tratar <strong>de</strong> um edifício "enquadra<strong>do</strong>" por vários outros, sem acções<br />

horizontais importantes e on<strong>de</strong> as acções verticais são <strong>do</strong>minantes, po<strong>de</strong>r-se-á conceber<br />

grupos <strong>de</strong> estacas todas verticais, com o mínimo espaçamento entre si, compatível com os<br />

méto<strong>do</strong>s construtivos e as cargas a suportar (em geral não inferior a 2d). A disposição das<br />

estacas no grupo põe-se <strong>de</strong> forma a conseguir a maior economia (menor volume) possível nos<br />

maciços <strong>de</strong> encabeçamento. Deve dizer-se, <strong>de</strong> passagem, que os blocos <strong>de</strong> encabeçamento das<br />

estacas são caros e custam às vezes pouco menos que as próprias estacas.<br />

As figuras que se seguem indicam formas apropriadas <strong>de</strong> conceber maciços <strong>de</strong> estacas<br />

verticais com a maior economia possível <strong>de</strong> betão.<br />

VIII-59


FIG. 8.5.3<br />

8.6 – Cálculo <strong>do</strong>s esforços nas estacas <strong>de</strong> um maciço (simplificação quan<strong>do</strong> só há<br />

estacas verticais <strong>de</strong> igual comprimento)<br />

Uma vez reconheci<strong>do</strong> que a melhor solução para uma fundação é a estacaria, por razões<br />

técnicas e/ou económicas, há que "projectar", em geral com tentativas sucessivas os grupos <strong>de</strong><br />

estacas. Na sua concepção entram consi<strong>de</strong>rações já feitas <strong>do</strong> “tirante” <strong>de</strong> água, tipo <strong>de</strong> perfil<br />

geotécnico, tipo <strong>de</strong> obra, etc. É vez agora <strong>de</strong> falar das solicitações ou acções. Elas variam<br />

extraordinariamente com o tipo <strong>de</strong> obra e com as circunstâncias. Assim, a combinação <strong>de</strong><br />

acções a consi<strong>de</strong>rar para os pilares <strong>de</strong> um edifício é, em geral, segun<strong>do</strong> o R.S.A.<br />

(Regulamento <strong>de</strong> Segurança e Acções) apenas o peso próprio, as sobrecargas regulamentares<br />

nos pavimentos e a acção <strong>do</strong> vento com o correspon<strong>de</strong>nte factor ψ. Eventualmente, a acção<br />

<strong>do</strong>minante po<strong>de</strong>rá ser o vento ou os sismos, associa<strong>do</strong>s ao peso próprio, sobrecargas,<br />

variações <strong>de</strong> temperatura e/ou assentamentos diferenciais. As normas portuguesas contêm<br />

to<strong>do</strong>s os elementos necessários à avaliação <strong>de</strong> tais acções que aplicadas à estrutura, são<br />

VIII-60


transmitidas às <strong>fundações</strong> em geral através <strong>de</strong> pilares e por vezes também <strong>de</strong> "pilares-<br />

pare<strong>de</strong>s".<br />

Hoje os projectos <strong>de</strong>vem também satisfazer os Eurocódigos em particular o Eurocódigo<br />

1 (EC1), 1991 “Bases <strong>de</strong> projecto e acções em estruturas”. As regras estabelecidas no EC1<br />

não diferem substancialmente das estabelecidas no R.S.A..<br />

Ao projectista <strong>de</strong> <strong>fundações</strong> é, em geral, da<strong>do</strong> um "plano <strong>de</strong> cargas".<br />

FIG. 8.6.1<br />

Esse plano consta das cargas (forças e momentos) na base <strong>do</strong>s pilares calcula<strong>do</strong>s pela<br />

"análise" ou "cálculo" da estrutura hiperestática em geral, e <strong>de</strong>ve fornecer separadamente os<br />

esforços <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a:<br />

- cargas permanentes, <strong>de</strong>vidas ao peso próprio e outros Sg<br />

- cargas variáveis, <strong>de</strong>vidas às sobrecargas regulamentares Sq e respectivo factor ψ.<br />

- cargas variáveis <strong>de</strong>vidas ao vento S ' '<br />

q e respectivo factor ψ.<br />

- outras (sismos, temperaturas, etc.) S '<br />

q .<br />

Para ser completo o plano <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong>ve conter os esforços na base <strong>do</strong>s pilares com e<br />

sem majoração para os vários tipos <strong>de</strong> acção (cargas permanentes e acções variáveis).<br />

Uma vez escolhi<strong>do</strong> o tipo <strong>de</strong> estaca, se as forças horizontais não forem muito<br />

importantes, como em geral o não são nos edifícios, ou se houver "pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z" ou<br />

pare<strong>de</strong>s “cortantes”, projectam-se grupos <strong>de</strong> estacas verticais; um grupo em geral, para cada<br />

pilar isola<strong>do</strong>. Escolhi<strong>do</strong> o diâmetro e tipo <strong>de</strong> estaca e conheci<strong>do</strong> o perfil geotécnico, calcula-se<br />

a "carga <strong>de</strong> segurança". Qs da estaca, ou a resistência <strong>de</strong> projecto Rcd, primeiro sem "efeito <strong>de</strong><br />

VIII-61


grupo". A partir <strong>de</strong>sse valor, e por méto<strong>do</strong>s simplifica<strong>do</strong>s (ou "rigorosos" quan<strong>do</strong> as estacas<br />

não forem verticais) estima-se o número <strong>de</strong> estacas.<br />

Assim, suponhamos que um pilar tem as seguintes cargas sem majoração (*Se as cargas<br />

forem <strong>de</strong> projecto, Fd, os cálculos que se seguem seriam semelhantes só que em vez <strong>de</strong> Qs <strong>de</strong>verá usar-se a carga<br />

resistente <strong>de</strong> projecto Rcd, para as estacas, nomeadamente para a estaca mais carregada.)<br />

P v = 800 tf, P h = 40 tf, M x = 320 tfm = M y<br />

(Isto na combinação <strong>de</strong> acções mais <strong>de</strong>sfavorável). As estacas <strong>de</strong> 0,60 <strong>de</strong> diâmetro, por<br />

hipótese, têm Qs = 150 tf. Suponhamos ainda que as dimensões <strong>do</strong> pilar são <strong>de</strong> 1,80 x 1,80.<br />

Com um furo central <strong>de</strong> 0,50 x 0,50:<br />

FIG. 8.6.2<br />

As excentricida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pv são ex = ey = 0,30 m. Sen<strong>do</strong> assim, é natural que o acréscimo<br />

<strong>de</strong> carga <strong>de</strong>vida aos momentos na estaca mais carregada não seja muito gran<strong>de</strong>, mas, será<br />

mesmo assim importante. Só para as 800 tf, precisaríamos <strong>de</strong> 6 estacas. Ten<strong>do</strong> em conta os<br />

momentos é natural que sejam precisas (estimámos) 9 estacas. Vamos espaçá-las 2d, (em<br />

princípio) e assim obtemos o maciço da Fig. 8.6.3. Para obter a carga na estaca mais carregada<br />

usaremos a seguinte fórmula (semelhente à da flexão composta) que adiante generalizaremos:<br />

Qi = carga na estaca i<br />

i<br />

N M yx<br />

i M x y<br />

= + −<br />

n<br />

n<br />

n<br />

2<br />

x y<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

N = momento (vector) em torno <strong>de</strong> yy<br />

Mx = momento (vector em torno <strong>de</strong> xx<br />

My = momento (vector em torno <strong>de</strong> yy<br />

Q<br />

n = número <strong>de</strong> estacas<br />

i<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

i<br />

2<br />

i<br />

8.6.1<br />

VIII-62


xi,yi = coor<strong>de</strong>nadas que <strong>de</strong>finem a posição da estaca num sistema <strong>de</strong> eixos principais<br />

centrais <strong>de</strong> inércia <strong>do</strong> grupo<br />

FIG. 8.6.3<br />

Calculemos a carga na estaca mais carregada (estaca 7) pela fórmula acima indicada que<br />

adiante será <strong>de</strong>monstrada. Teremos:<br />

800 320×<br />

1,<br />

20 320×<br />

( −1,<br />

20)<br />

800 ⎡320<br />

× 1,<br />

20⎤<br />

+ −<br />

= + 2 ×<br />

= 177,<br />

8tf<br />

2<br />

2<br />

9 x i yi<br />

9<br />

⎢<br />

6 1,<br />

20<br />

⎥<br />

⎣ × ⎦<br />

Q7 =<br />

2<br />

∑<br />

∑<br />

Assim, as 9 estacas não chegam. Ou se alarga o bloco ou se usam mais estacas. É uma<br />

questão económica. Se alargarmos o bloco, manten<strong>do</strong> a simetria teríamos:<br />

800 ⎡320<br />

× e⎤<br />

150 = + 2 × ⇒ e = 1,<br />

75m<br />

2<br />

9 ⎢<br />

⎣ 6×<br />

e ⎥<br />

⎦<br />

Vê-se, pois que, em princípio, vale a pena alargar o espaçamento das estacas. Vamos<br />

tomar o espaçamento e = 1,75 m.<br />

Então:<br />

800 ⎡320<br />

× 1,<br />

75⎤<br />

= + 2×<br />

= 149,<br />

8tf<br />

9<br />

⎢<br />

6 1,<br />

75<br />

⎥<br />

⎣ × ⎦<br />

Q7 2<br />

Quanto à carga horizontal, po<strong>de</strong>mos por exemplo verificar que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a essa carga, a<br />

tensão tengencial média na base <strong>do</strong> bloco <strong>de</strong> estacas, o qual terá <strong>de</strong> ter pelo menos as<br />

dimensões <strong>de</strong> 3,70 x 3,70, seria:<br />

τ<br />

=<br />

3,<br />

70<br />

40<br />

×<br />

tf<br />

3,<br />

70<br />

= 2,<br />

92tf<br />

/ m<br />

2<br />

= 29,<br />

2kN<br />

/ m<br />

2<br />

VIII-63


É natural que o próprio atrito entre a base <strong>do</strong> bloco e o terreno seja suficiente para<br />

"absorver" esta tensão. Supon<strong>do</strong> por exemplo uma areia, mesmo não coesiva, compacta, com<br />

φ = 35º e o bloco "enterra<strong>do</strong>" e com plano <strong>de</strong> base a 1,50 <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, teríamos,<br />

grosseiramente:<br />

σv = 2,50 tf/m 3 × 1,50 = 3,75 tf/m 2 ⇒ τr = 3,75 × tg 35º = 2,63 tf/m 2 = 26,3 kN/m 2 .<br />

Concluíamos pela quási suficiência e ainda não consi<strong>de</strong>rámos os impulsos laterais e a<br />

própria resistência lateral <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong> estacas e a resistência ao corte das referidas estacas,<br />

<strong>do</strong>n<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos concluir a <strong>de</strong>snecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colocar estacas inclinadas, ou alternativamente<br />

usar estacas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diâmetro com gran<strong>de</strong> resistência a esforços transversos.<br />

outra.<br />

É claro que o cálculo que se faz para esta combinação <strong>de</strong> acções far-se-ia para qualquer<br />

Po<strong>de</strong>ria eventualmente interessar-nos saber no caso da acção <strong>de</strong> base ser o vento se a<br />

carga <strong>de</strong> "cálculo" Qd = 1,50 x Qs = 1,50 x 150 tf seria excedida. Isso em edifícios é pouco<br />

provável dada a <strong>do</strong>minância <strong>do</strong> peso próprio. Para esse caso tomávamos:<br />

nos termos <strong>do</strong> R.S.A..<br />

Sd = 1,5 Sg + (ψo Sq + S ' '<br />

q (vento)) x 1,5<br />

Cálculo <strong>do</strong>s Esforços nas Estacas <strong>de</strong> um Maciço <strong>de</strong> Estacas Verticais<br />

Supõe-se que a carga N no maciço <strong>de</strong> estacas é vertical haven<strong>do</strong> momentos no maciço<br />

cujo vector tem duas componentes no plano horizontal, Mx e My.<br />

A obtenção <strong>do</strong>s esforços nas estacas, supostas linearmente elásticas e com ponteiras em<br />

terreno rígi<strong>do</strong> à mesma profundida<strong>de</strong>, faz-se aplican<strong>do</strong> a fórmula da "flexão composta". Isto é,<br />

(Fig. 8.6.3), calculan<strong>do</strong> a posição <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> das secções rectas das estacas e a<br />

partir <strong>de</strong>la os eixos principais centrais <strong>de</strong> inércia das mesmas áreas.<br />

Se as estacas forem todas iguais, cada estaca po<strong>de</strong> tornar-se como uma unida<strong>de</strong> e,<br />

<strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong> os momentos locais da inércia <strong>de</strong> cada estaca, obtém-se como já vimos, a<br />

seguinte fórmula para carga (axial) na estaca i:<br />

Q<br />

i<br />

N M yx<br />

i M x y<br />

= + −<br />

n<br />

n<br />

n<br />

2<br />

x y<br />

∑<br />

j=<br />

1<br />

j<br />

∑<br />

j=<br />

1<br />

j<br />

i<br />

2<br />

8.6.1<br />

VIII-64


on<strong>de</strong>:<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

n<br />

∑<br />

j=<br />

1<br />

n<br />

2<br />

2<br />

⎞<br />

x = I e ∑ x = I , on<strong>de</strong> Ixx e Iyy são momentos principais <strong>de</strong> inércia ⎟<br />

j yy<br />

j xx<br />

⎟<br />

j=<br />

1<br />

⎠<br />

n = número <strong>de</strong> estacas;<br />

N = carga vertical total (<strong>do</strong> pilar) no maciço;<br />

Mx = momento (vector) em torno <strong>do</strong> eixo <strong>do</strong>s xx;<br />

My = momento (vector) em torno <strong>do</strong> eixo <strong>do</strong>s yy;<br />

xi e yi as coor<strong>de</strong>nadas <strong>do</strong> centro da estaca i.<br />

Observa-se que os eixos representa<strong>do</strong>s na Fig. 8.6.3, são já os eixos principais centrais<br />

<strong>de</strong> inércia. No caso <strong>de</strong> uma disposição irregular das estacas no maciço, o c.g. tinha <strong>de</strong> ser<br />

previamente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> e, bem assim a orientação <strong>do</strong>s eixos principais da inércia. É claro<br />

que, se a carga N e os momentos Mx e My forem provenientes <strong>de</strong> uma combinação <strong>de</strong> acções<br />

correspon<strong>de</strong>nte, por exemplo, ao caso da acção da base ser sobrecarga, teremos:<br />

On<strong>de</strong> Nd é a carga <strong>do</strong> "projecto".<br />

N = Nd = 1,5 Ng + 1,5 (Nq + ψo Nw) 8.6.2<br />

Ng é a carga vertical no maciço <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às cargas permanentes (pesos próprios).<br />

Nq é a carga vertical no maciço <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às sobrecargas regulamentares.<br />

Nw é a carga vertical no maciço <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao vento característico (regulamentar).<br />

ψo é um factor


FIG. 8.6.4<br />

A generalização da fórmula (8.6.1), que dá o esforço Q: na estaca i <strong>do</strong> maciço e que é<br />

semelhente à fórmula da “flexão composta” faz-se, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> não a força Qi mas a tensão<br />

normal (axial) na estaca i <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (xiG, yiG) em relação ao sistemas <strong>de</strong> eixos principais<br />

centrais <strong>de</strong> inércia <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong> estacas (corta<strong>do</strong> por um plano horizontal).<br />

Então, pela mesma fórmula da “flexão composta” temos:<br />

σ<br />

i<br />

=<br />

n<br />

∑<br />

j=<br />

1<br />

N<br />

A<br />

j<br />

+<br />

on<strong>de</strong> n = número <strong>de</strong> estacas <strong>do</strong> maciço, Aj a área da secção recta da estaca j<br />

M<br />

n<br />

∑<br />

j=<br />

1<br />

yG<br />

A<br />

x<br />

j<br />

x<br />

Gi<br />

2<br />

Gj<br />

−<br />

M<br />

n<br />

∑<br />

j=<br />

1<br />

xG<br />

A<br />

y<br />

j<br />

y<br />

Gi<br />

2<br />

Gj<br />

8.6.3<br />

(xGi; yGi) as coor<strong>de</strong>nadas <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> intercepção <strong>do</strong> eixo da estaca i com o plano horizontal,<br />

N é a força vertical no maciço (reduzida ao centro da gravida<strong>de</strong> G <strong>do</strong> maciço)<br />

MxG é a componente <strong>do</strong> vector momento aplica<strong>do</strong> no maciço segun<strong>do</strong> o eixo xG (principal<br />

central da inércia), <strong>de</strong>pois da redução da solicitação ao ponto G.<br />

MyG é a componente <strong>do</strong> vector momento aplica<strong>do</strong> no maciço segun<strong>do</strong> o eixo yG (principal<br />

central da inércia), <strong>de</strong>pois da redução da solicitação ao ponto G.<br />

(Nota: Rever num livro <strong>de</strong> texto <strong>de</strong> “Resistência <strong>de</strong> Materiais” a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s eixos principais centrais <strong>de</strong><br />

inércia <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> áreas, ou conjunto das secções rectas Aj das estacas, e a mudança <strong>de</strong> uma força e um<br />

momento <strong>de</strong> um ponto P(x,y) para outro G(x’,y’) → G(xG, yG)).<br />

Fica como exercício a aplicação da fórmula (8.6.3) ao exemplo da Fig. 8.6.4, supon<strong>do</strong>-<br />

se, que a carga vertical é N = 6000 kN e os momentos relação aos eixos x,y são Mx = My =<br />

1000 kNm. As estacas 1 e 2 têm diâmetros <strong>de</strong> 0,60 m e as 3 e 4 diâmetros <strong>de</strong> 0,50m kNm.<br />

VIII-66


As fórmulas que apresentámos (8.6.1) a (8.6.3) só são válidas para grupos <strong>de</strong> estacas<br />

verticais. Quan<strong>do</strong> o grupo tiver estacas inclinadas para avaliar os esforços (carga axial,<br />

esforços transversos e momentos flectores e torcer) na cabeça <strong>de</strong> cada estaca, há que fazer um<br />

cálculo mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> que é da<strong>do</strong> na secção seguinte.<br />

No caso <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> um "<strong>do</strong>lfim" ou "duque d'alba" há que ter em gran<strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>ração os esforços <strong>de</strong> amarração <strong>do</strong>s navios que são praticamente horizontais com<br />

valores iguais à força <strong>de</strong> rotura <strong>do</strong>s cabos <strong>de</strong> amarração e que anda na or<strong>de</strong>m das 200 tf.<br />

Criam-se assim, esforços <strong>de</strong> tracção muito importantes nas estacas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s às forças<br />

horizontais e a momentos da componente horizontal e mesmo momentos torçores (<strong>de</strong> vector<br />

vertical).<br />

Se se trata <strong>de</strong> uma ponte cais para atracação <strong>de</strong> navios com fundação em estacaria há<br />

que consi<strong>de</strong>rar além <strong>do</strong>s esforços <strong>de</strong> tracção nos "cabeços" <strong>de</strong> amarração, também os esforços<br />

<strong>de</strong> compressão lateral e choque <strong>do</strong>s navios contra as "<strong>de</strong>fensas". Inclusive, há que projectar<br />

um sistema <strong>de</strong> estacaria que resista bem a esforços <strong>de</strong> torção. Neste caso ter-se-ão <strong>de</strong> usar<br />

estacas inclinadaspara “absorver” to<strong>do</strong>s estes tipos <strong>de</strong> esforços. Além disso, parte <strong>do</strong> maciço<br />

<strong>de</strong> estacaria fica fora <strong>do</strong> solo. Essa parte po<strong>de</strong> atingir a or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s 20 m sen<strong>do</strong> sempre superior<br />

aos 15 m: (cala<strong>do</strong> <strong>de</strong> 12m + maré + folga).<br />

Vê-se assim que o tipo <strong>de</strong> acção <strong>do</strong>minante e o tipo da obra e suas condições <strong>de</strong>finem a<br />

melhor distribuição das estacas, a sua inclinação e tipo. Tu<strong>do</strong> isso também tem <strong>de</strong> ter relação<br />

com o perfil geotécnico <strong>do</strong> terreno, como é evi<strong>de</strong>nte.<br />

FIG. 8.6.5<br />

8.7 – Cálculo <strong>do</strong>s esforços nas estacas <strong>de</strong> um grupo qualquer.<br />

(*Ver Boletim nº 29 da F.E.U. Porto, <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1979)<br />

()<br />

VIII-67


Os méto<strong>do</strong>s actuais tomam em consi<strong>de</strong>ração a presença <strong>do</strong> terreno. Asiim, as estacas são<br />

consi<strong>de</strong>radas corpos com gran<strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z "embebi<strong>do</strong>s" num meio (elástico, homogéneo e<br />

isotrópico!) <strong>de</strong> bem menor rigi<strong>de</strong>z (o solo). A "rigi<strong>de</strong>z" aqui tem o significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong><br />

"elasticida<strong>de</strong>", ou melhor, módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação (Ep para a estaca e Es para o solo).<br />

Para isso já antes <strong>de</strong>finimos a forma <strong>de</strong> calcular a matriz da rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> "sistema" estaca-<br />

terreno, rigi<strong>de</strong>z essa <strong>de</strong>terminada (calculada ou medida) na cabeça da estaca e em termos <strong>de</strong><br />

eixos locais. Costuma "reduzir-se" a acção que actua no bloco <strong>de</strong> estacas a um sistema <strong>de</strong><br />

eixos cartesianos ortogonais situa<strong>do</strong> no centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> e no plano da base <strong>do</strong> bloco.<br />

Porém, parece-nos mais correcto consi<strong>de</strong>rar o plano médio quan<strong>do</strong> o bloco tiver espessura<br />

constante ou, no caso mais geral <strong>de</strong> a não ter, consi<strong>de</strong>rarmos um plano horizontal qualquer.<br />

FIG. 8.7.1<br />

Tomemos então um referencial geral qualquer XYZ. Seja i uma estaca cujo centro <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> da secção transversal da cabeça encastrada no maciço tem as coor<strong>de</strong>nadas Xi Yi Zi.<br />

A estaca po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida pelas coor<strong>de</strong>nadas Xi Yi Zi. e, por um senti<strong>do</strong> (vector unitário û<br />

dirigi<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> seu eixo) e por um ângulo que <strong>de</strong>fina no espaço a posição <strong>do</strong>s eixos<br />

principais (centrais) <strong>de</strong> inércia da sua secção recta (v, w). Porém, para maior clareza <strong>de</strong><br />

exposição <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> cálculo vamos usar a alternativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a posição da estaca por<br />

três ângulos além das coor<strong>de</strong>nadas da cabeça: são eles o ângulo β que o vector unitário, û, que<br />

representa o eixo da estaca em direcção e senti<strong>do</strong>, forma com um eixo paralelo ao eixo<br />

vertical geral. O ângulo α que a projecção horizontal <strong>de</strong>sse vector forma com o eixo X'<br />

(paralelo a X) e o ângulo γ que o eixo w forma com a sua projecção w' no plano horizontal <strong>de</strong><br />

referência e com o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> eixo geral Z. Claro que no caso <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> secção recta<br />

β<br />

v<br />

v<br />

VIII-68


circular é sempre possível escolher um eixo w assente num plano horizontal e orienta<strong>do</strong> no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Z. Portanto, para estacas <strong>de</strong> secção circular será sempre γ = 0. Se para uma secção<br />

rectangular (ou quadrada) há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar, eventualmente, γ ≠ 0, mesmo assim,<br />

o mais vulgar é termos um <strong>do</strong>s eixos principais <strong>de</strong> inércia da estaca, paralelo ao plano<br />

horizontal, qualquer que seja a posição da estaca.<br />

Em termos <strong>de</strong> eixos locais a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z da cabeça da estaca será:<br />

com:<br />

FIG. 8.7.2<br />

EA<br />

k 11 = L'<<br />

L<br />

L'<br />

k k Es<br />

L × =<br />

8.7.1<br />

= 22 33 α 8.7.2<br />

2<br />

k<br />

44 =<br />

G p J<br />

L<br />

*<br />

k ×<br />

8.7.3<br />

3<br />

55 = k66<br />

= α 4 × E L<br />

8.7.4<br />

− k<br />

8.7.5<br />

2<br />

k 26 = −k<br />

62 = α3<br />

× E sL<br />

= k 35 =<br />

53<br />

VIII-69


fu = carga axial na estaca;<br />

fv e fw = forças transversais;<br />

Mu = momento torçor;<br />

Mv e Mw = momentos flectores;<br />

J* = momento <strong>de</strong> inércia à torção;<br />

Gp = módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> transversal <strong>do</strong> material da estaca;<br />

Gp = Ep/(2 (1 + ν)), ν = coeficiente <strong>de</strong> Poisson.<br />

L’ = comprimento reduzi<strong>do</strong> da estaca para ter em conta que só parte da carga é<br />

transmitida à ponteira. L’ = L/2 para estacas flutuantes (Bowles, 1996).<br />

Com<br />

α2 = (2,1356 K 1676 , 0 −<br />

R - 1,0605 K 1807 , 0 −<br />

R ) -1 8.4.28<br />

α3 = (1,3586 K 4422 , 0 −<br />

R - 2,7368 K 491 , 0 −<br />

R ) -1 8.4.30<br />

α4 = (1,7405 K 7037 , 0 −<br />

R - 0,8614 K 7168 , 0 −<br />

R ) -1 8.4.29<br />

E<br />

I<br />

p p<br />

KR = 4<br />

Es<br />

L<br />

8.4.22<br />

Ep e Ip são respectivamente o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>do</strong> material e o momento <strong>de</strong><br />

inércia da secção recta da estaca. (Suposta com simetria na inércia)<br />

Es é o módulo <strong>de</strong> "elasticida<strong>de</strong>" <strong>do</strong> solo.<br />

Em princípio estamos a admitir que as estacas têm secção circular quadrada ou outra<br />

com simetria. Se fossem rectangulares, por exemplo, os valores <strong>de</strong> KR nas duas direcções<br />

principais da secção transversal seriam diferentes e daí serem diferentes os αi numa ou noutra<br />

direcção. Estas alterações po<strong>de</strong>riam introduzir-se na matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z da Fig. 8.7.2.<br />

As expressões são válidas para 10 -4 < KR < 10 -2 (aproximadamente).<br />

Fora <strong>de</strong>stes valores ver gráficos <strong>de</strong> Poulos (ASCE, JSM, 5, May 1971, p. 711/731).<br />

Vamos supor, o caso <strong>de</strong> γ = 0 e que o eixo vˆ aponta no senti<strong>do</strong> positivo Y, isto é, um<br />

<strong>do</strong>s eixos principais centrais <strong>de</strong> inércia da secção recta da estaca é horizontal. Calculemos as<br />

componentes <strong>do</strong> vector unitário û, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>do</strong> eixo da estaca i, em termos das coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong><br />

X', Y', Z' paralelos a X, Y, Z.<br />

Será:<br />

VIII-70


{ }<br />

û i<br />

{ }<br />

w i<br />

⎧senβ<br />

cosα<br />

⎫<br />

⎪ ⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

= ⎨ cos β ⎬<br />

⎪ ⎪<br />

⎪ ⎪<br />

⎪⎩<br />

senβ<br />

senα<br />

⎪⎭<br />

⎧cos<br />

⎪<br />

⎪<br />

= ⎨<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪⎩<br />

sen<br />

⎧ i<br />

⎪<br />

⎪<br />

vˆ<br />

= wˆ<br />

∧ uˆ<br />

= ⎨wx<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎩ u x<br />

( π / 2 + α)<br />

⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

0 ⎬<br />

⎪<br />

⎪<br />

( π / 2 + α)<br />

⎪⎭<br />

ˆj<br />

w<br />

⎧u<br />

x ⎫<br />

⎧vx<br />

⎫<br />

⎪ ⎪<br />

⎪ ⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

u i = ⎨u<br />

y ⎬,<br />

vˆ<br />

= vi<br />

= ⎨v<br />

y ⎬,<br />

⎪ ⎪<br />

⎪ ⎪<br />

⎪ ⎪<br />

⎪ ⎪<br />

⎪⎩<br />

u z ⎪⎭<br />

⎪⎩<br />

vz<br />

⎪⎭<br />

{ vˆ }<br />

u<br />

y<br />

y<br />

kˆ<br />

⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

wz<br />

⎬<br />

⎪<br />

⎪<br />

u z ⎪<br />

⎭<br />

⎧−<br />

cosα<br />

cosβ⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

= ⎨ + senβ<br />

⎬<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪⎩<br />

− senα<br />

cosβ<br />

⎪⎭<br />

w<br />

i<br />

⎧wx<br />

⎫<br />

⎪ ⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

= ⎨wy<br />

⎬<br />

⎪ ⎪<br />

⎪ ⎪<br />

⎪⎩<br />

wz<br />

⎪⎭<br />

8.7.6<br />

8.7.7<br />

8.7.8<br />

As componentes (8.7.6) são também as componentes segun<strong>do</strong> os eixos gerais X, Y, Z<br />

correspon<strong>de</strong>ntes à força local Fu=1. De mo<strong>do</strong> análogo (8.7.8) são as componentes segun<strong>do</strong> X,<br />

Y, Z <strong>de</strong> uma força local Fv = 1 e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> análogo para (8.7.7) que são as componentes <strong>de</strong><br />

uma força local Fw = 1.<br />

Os momentos <strong>de</strong>stas componentes em relação aos eixos <strong>do</strong> sistema geral são [ci] {ui}<br />

para o vector û, e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> análogo [ci] {vi} e [ci] {wi} para vi e wi respectivamente, com<br />

VIII-71


c<br />

i<br />

⎧ 0 − Zi<br />

Yi<br />

⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

= ⎨+<br />

Zi<br />

0 − X i ⎬ ← matriz <strong>de</strong> translacção<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪⎩<br />

− Yi<br />

X i 0 ⎪⎭<br />

8.7.9<br />

De um mo<strong>do</strong> geral, as forças "generalizadas" aplicadas na estaca i (na cabeça) estão<br />

relacionadas com as forças locais pela relação<br />

P=Pi= Ai Fi , Ai=<br />

⎡ A<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢⎣<br />

A<br />

FF<br />

MF<br />

A<br />

A<br />

FM<br />

MM<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

8.7.10<br />

Pi são as forças generalizadas no sistema geral e Fi são as mesmas forças no sistema local.<br />

on<strong>de</strong> Ai é uma matriz <strong>de</strong> 6 x 6 formada pelas matrizes <strong>de</strong> rotação <strong>do</strong>s eixos e <strong>de</strong> translacção.<br />

AFF são as forças no sistema geral X, Y, Z <strong>de</strong>vidas às forças <strong>do</strong> sistema local; AMF são os<br />

momentos no sistema geral <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s às forças no sistema local; AMM são os momentos no<br />

sistema local. AFM seriam as forças no sistema geral provenientes <strong>de</strong> momentos no sistema<br />

local. Como momentos não produzem força AFM = 0.<br />

Portanto, a matriz Ai será explicitamente dada no quadro (8.7.1).<br />

Fu = 1<br />

ûi<br />

senβ cosα<br />

cos β<br />

senβ senα<br />

Fv = 1<br />

vi<br />

- cosα cosβ<br />

sen β<br />

- senα cosβ<br />

Fw = 1<br />

wi<br />

- sen α<br />

0<br />

cos α<br />

Quadro 8.7.1<br />

Mu = 1<br />

Mv = 1<br />

Mw = 1<br />

[ci] {ûi} [ci] {vi} [ci] {wi} ûi vˆ i wˆ i<br />

0<br />

0<br />

0<br />

8.7.11<br />

Se <strong>de</strong>signarmos por ∆=∆i os <strong>de</strong>slocamentos no sistema geral que são os mesmos para<br />

todas as estacas, e para o maciço, por ser este consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> rígi<strong>do</strong>, e por ei os <strong>de</strong>slocamentos<br />

no sistema local, teremos, pelo princípio <strong>de</strong> "contra gradiência".<br />

ei = A T<br />

i .∆<br />

8.7.12<br />

VIII-72


(*Se Pi e Fi são, como têm <strong>de</strong> ser,estaticamente equivalentes, o trabalho <strong>de</strong> Pi em ∆ tem <strong>de</strong> ser igual ao trabalho<br />

<strong>de</strong> Fi em ei, isto é:<br />

Pi T . ∆= Fi T . ei ou seja Fi . Ai T . ∆= Fi . ei )<br />

Por outo la<strong>do</strong>, a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z local, dá, por sua <strong>de</strong>finição,<br />

Fi = ki ei ∴<br />

Fi = ki A T<br />

i<br />

. ∆<br />

8.7.15<br />

Pi = (Ai ki A T<br />

i ) . ∆<br />

8.7.16<br />

8.7.14<br />

Pi = Ki . ∆ (por <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z Ki) 8.7.17<br />

Portanto, a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z da estaca i no sistema geral, será:<br />

Ki = Ai ki A T<br />

i<br />

8.7.18<br />

on<strong>de</strong> Ai é dada por (8.7.11), em função da geometria e posição da estaca, ki é dada na figura<br />

8.7.2.<br />

A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> estacas obtém-se soman<strong>do</strong> apropriadamente as matrizes<br />

<strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z das estacas<br />

= i nº estacas<br />

K = ∑ A<br />

i=<br />

1<br />

Os <strong>de</strong>slocamentos obter-se-ão inverten<strong>do</strong> K<br />

i<br />

k<br />

i<br />

A<br />

T<br />

i<br />

8.7.19<br />

∆ = K -1 . P ou K . ∆ = P (sistema <strong>de</strong> equações para obter ∆) 8.7.20<br />

on<strong>de</strong> P são as cargas (3 forças e 3 momentos) aplicadas ao bloco. Obti<strong>do</strong>s os ∆, obtêm-se os<br />

<strong>de</strong>slocamentos locais, <strong>de</strong> cada estaca (cabeça) pela operação:<br />

e daí os esforços<br />

F.E.U.P..<br />

ei = A T<br />

i<br />

Fi = ki A T<br />

i<br />

. ∆<br />

8.7.20<br />

. ∆<br />

8.7.21<br />

Um programa para este cálculo apresenta-se no Boletim nº 29, <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1979 da<br />

VIII-73


Os esforços na cabeça <strong>de</strong> cada estaca são o esforço axial, mais <strong>do</strong>is esforços transversos<br />

seguin<strong>do</strong> os eixos v e w e um momento torçor (segun<strong>do</strong> o eixo da estaca) e <strong>do</strong>is momentos<br />

flectores segun<strong>do</strong> os eixos v e w.<br />

O valor <strong>do</strong> esforço axial já é um máximo para toda a estaca e, bem assim, o momento<br />

torçor. Os momentos flectores po<strong>de</strong>m não ser exactamente os máximos para to<strong>do</strong> o<br />

comprimento da estaca, mas não hão-<strong>de</strong> diferir muito <strong>do</strong>s máximos<br />

Po<strong>de</strong>mos, pois com esses esforços dimensionar as armaduras da estaca se ela for <strong>de</strong><br />

betão. Na prática as armaduras-padrão usadas pelo construtor serão suficientes, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>,<br />

eventualmente, ter <strong>de</strong> ser reforçadas.<br />

Exemplo Cálculo <strong>do</strong>s esforços nas estacas <strong>do</strong> maciço da Fig. 8.7.3.<br />

1. Cálculo da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> bloco suposto rígi<strong>do</strong> para o caso <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> betão<br />

<strong>de</strong> d = 0,40, com 20 m <strong>de</strong> comprimento.<br />

Solo com υ = 0,25<br />

Es = 500 tf/m 2<br />

= 5000 kN/m 2<br />

As estacas supõem-se todas inclinadas <strong>de</strong> 20% sobre a vertical (tg β = 0,20) excepto as<br />

estacas 6 e 7 que são verticais. A componente verticar Ry da resultante actua no plano xy e<br />

tem uma excentricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,30m. A componente Rx actua 1,50 acima da base <strong>do</strong> bloco que<br />

contém o plano xz.<br />

FIG. 8.7.3<br />

β<br />

β<br />

β<br />

β<br />

VIII-74


Rx = R1 = - 48 tf<br />

Ry = R2 = - 450 tf<br />

Rz = R3 = - 15 tf<br />

Mx = R4 = - 15 x 2,80 = - 42 tfm<br />

My = R5 = - 7,5 tfm<br />

Mz = (48 x 1,50 - 450 x 0,30) = - 63 tfm<br />

11,3º<br />

2. Cálculo da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> cada sistema estaca-solo<br />

k11 =<br />

π 0,<br />

40<br />

A =<br />

4<br />

k 11 =<br />

FIG. 8.7.4<br />

EA<br />

, toma-se para simplificar L' = L = 20 m.<br />

L'<br />

E = 2000000 tf/m 2<br />

2<br />

= 0,125 m 2<br />

6<br />

2 × 10 × 0,<br />

125<br />

= 12 500 tf/m<br />

20m<br />

k = k = ( 2,1356 k 22 33 1676 , 0 −<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎜k<br />

⎜<br />

⎜<br />

⎝<br />

R<br />

E p I<br />

=<br />

E L<br />

s<br />

p<br />

4<br />

R - 1,605 k 1807 , 0 −<br />

R<br />

6 π<br />

× 0,<br />

40<br />

2,<br />

0×<br />

10<br />

=<br />

64<br />

2 4<br />

500tf<br />

/ m × 20<br />

4<br />

≈<br />

6,<br />

28×<br />

10<br />

tg β = 0,20 ⇒ β =<br />

sen β = 0,196<br />

cos β = 0,981<br />

sen β cos β = 0,1923<br />

sen 2 β = 0,0384<br />

cos 2 β = 0,9624<br />

E<br />

G = = 800000 tf/m<br />

2( 1+<br />

υ)<br />

2<br />

) -1 × Es × L = 6298 tf/m<br />

−5<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎟<br />

⎟<br />

⎟<br />

⎠<br />

VIII-75


k<br />

44<br />

6 π × 0,<br />

40<br />

G J<br />

0,<br />

8×<br />

10 ×<br />

p<br />

= =<br />

32<br />

L'<br />

20<br />

k = k = ( 1,7405 k 55 66 7037 , 0 −<br />

4<br />

R - 0,86434 k 7168 , 0 −<br />

R<br />

k = k = -k26 = - ( 1,3586 k 35 53 4422 , 0 −<br />

6<br />

0,<br />

8×<br />

10 × 0,<br />

0050<br />

≈<br />

≈ 201,<br />

1 tfm / rad.<br />

20<br />

R - 2,7366 k 4291 , 0 −<br />

R<br />

Montagem da matriz para a estaca 5 (por exemplo):<br />

(P)5 = (A)5 (F)5<br />

β = 11,3º<br />

α = - 45º<br />

) -1 Es L 3 = 5816 tfm/rad.<br />

) -1 Es L 2 = 2635 tf/rad.<br />

Substituin<strong>do</strong> sen β, cos β, sen α e cos α no Quadro 8.7.1, obtemos a seguinte matriz:<br />

F<br />

P<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

1 0,139 - 0,981 x 2 / 2 + 2 / 2 0 0 0<br />

2 0,981 0,196 0 0 0 0<br />

3 0,134 + 0,91 x 2 / 2 + 2 / 2 0 0 0<br />

4 + 0,981 x 2,5 2,5 x 0,196 0 0,139 - 0,981 x 2 / 2 + 2 / 2<br />

5<br />

+ 0,139 x 2,5 –<br />

- 0,139 x 1,0<br />

2,5 x 0,981<br />

- 1 x 0,981<br />

2 / 2 -<br />

2 / 2<br />

2,5 2 / 2 -<br />

- 1 x 2 / 2<br />

0,981 0,196 0<br />

6 0,981 x 1,0 0 0 0,139 + 0,981 x 2 / 2 + 2 / 2<br />

Para as estacas que sejam paralelas a um <strong>do</strong>s planos coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s, a matriz Ai seria<br />

muito simples. Assim, para a estaca 1 (por exemplo) viria A1 dada por:<br />

F<br />

P<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

1 0,196 - 0,981 0 0 0 0<br />

2 0,981 0,196 0 0 0 0<br />

3 0 0 1,0 0 0 0 (a)<br />

4 + 0,981 x 2,5 0,196 x 2,5 0 0,196 - 0,981 0<br />

5 - 0,196 x 2,5 0,981 x 2,5 1,0 0,981 0,196 0<br />

6 -0,981 x 1,0 -0,196 x 1,0 0 0 0 1<br />

A contribuição da matriz A1, para a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong> estacaria seria:<br />

⎡ A<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢⎣<br />

A<br />

FF<br />

0⎤<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

[ K ] =<br />

× [ k ]<br />

⎡ A<br />

⎢<br />

× ⎢<br />

⎢<br />

⎣<br />

0<br />

T<br />

FF<br />

A<br />

T<br />

FM<br />

1 1<br />

(b)<br />

MF AMM<br />

T<br />

AMM<br />

on<strong>de</strong> AFF (3 x 3) seria o canto superior esquer<strong>do</strong> <strong>de</strong> A1 o qual dá, como já se viu em 8.7.10, as<br />

forças no sistema <strong>de</strong> eixos geral correspon<strong>de</strong>ntes a forças no sistema local u, v, w liga<strong>do</strong> à<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎦<br />

VIII-76


estaca, e AMF é o canto inferior esquer<strong>do</strong>, que dá os momentos no sistema geral <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a<br />

forças unitárias no sistema local. Por outro la<strong>do</strong>, AMM contém os momentos no sistema geral,<br />

correspon<strong>de</strong>ntes a momentos unitários no sistema local. Como é evi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> 8.7.11<br />

AMM=AFF.<br />

k1 é a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z local da estaca 1, dada por:<br />

Matriz K1<br />

F 1 2 3 4 5 6<br />

P<br />

1 12 500 0 0 0 0 0<br />

2 0 6 298 0 0 0 - 2 635<br />

3 0 0 6 298 0 2 635 0 (c)<br />

4 0 0 0 201,1 0 0<br />

5 0 0 2 635 0 5 816 0<br />

6 0 - 2 635 0 0 0 5 816<br />

Substituin<strong>do</strong> as matrizes (a) e (c) em (b) obtém-se a matriz K1 no sistema geral para a<br />

estaca 1, a qual dá a sua contribuição para a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong> estaca, que é<br />

apenas o somatório das matrizes <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> todas as estacas <strong>do</strong> grupo.<br />

8.8 – Armadura Normal <strong>de</strong> Estacas <strong>de</strong> Betão Arma<strong>do</strong>. Disposições Construtivas.<br />

Momentos Flectores <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s ao Peso Próprio.<br />

Para o dimensionamento da armadura da estaca precisamos <strong>do</strong> momento flector<br />

máximo. Esse po<strong>de</strong> eventualmente acontecer durante o manuseamento da estaca se fôr pré-<br />

fabricada, mas se fôr moldada "in situ" acontecerá necessariamente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao esforço<br />

horizontal H na cabeça e à reacção <strong>do</strong> solo. H resultará <strong>do</strong> cálculo <strong>do</strong>s esforços no bloco <strong>de</strong><br />

estacas, mas Mmax na estaca terá <strong>de</strong> resultar <strong>de</strong> hipóteses relacionadas com a rigi<strong>de</strong>z da estaca<br />

e <strong>do</strong> terreno. Na secção 8.7 vimos como se calculam os esforços axiais, transversos e<br />

momentos flectores e torçor na cabeça <strong>de</strong> uma estaca incluída num grupo.<br />

VIII-77


FIG. 8.8.1<br />

As estacas pré-moldadas em betão arma<strong>do</strong> têm, em geral, a sua armadura <strong>de</strong>terminada<br />

pelas condições <strong>de</strong> "manuseamento" e cravação. É clássica a <strong>de</strong>terminação da posição <strong>do</strong>s<br />

pontos A e B por on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ve pegar uma estaca para que o momento flector seja mínimo (em<br />

módulo). Porém, <strong>de</strong>ve notar-se que na prática não se po<strong>de</strong>rá garantir que as estacas são todas<br />

manuseadas <strong>de</strong>ssa forma. Caso comum a admitir será aquele em que a estaca é levantada por<br />

uma das extremida<strong>de</strong>s. Ainda que isso aconteça não será razoável admitir que tal estaca se<br />

inutilizará. Portanto, a estaca <strong>de</strong>ve ter armadura suficiente para resistir ao momento flector<br />

produzi<strong>do</strong> por seu próprio peso quan<strong>do</strong> simplesmente apoiada nas suas extremida<strong>de</strong>s (B) (Fig.<br />

8.8.2).<br />

Isto é:<br />

2<br />

L<br />

M = p<br />

8<br />

FIG. 8.8.2<br />

on<strong>de</strong> L é o comprimento da estaca e p o seu peso por metro linear.<br />

8.8.1<br />

VIII-78


Porque a posição da estaca po<strong>de</strong>rá ser qualquer, a sua armadura <strong>de</strong>ve ser simétrica, ou<br />

melhor, uniformemente distribuída em to<strong>do</strong> o perímetro. A estaca terá assim <strong>de</strong> pelo menos<br />

resistir ao momento flector indica<strong>do</strong> em (8.8.1) e a esforço transverso, sem carga axial, ou à<br />

carga axial máxima para ela prevista, calculada como pilar com carga axial, mas com<br />

comprimento <strong>de</strong> encurvadura reduzi<strong>do</strong> se ela estiver, pelo menos na maior parte <strong>do</strong> seu<br />

comprimento, enterrada em solo relativamente compacto. A experiência e a teoria parecem<br />

mostrar que não há problemas <strong>de</strong> encurvadura em estacas <strong>de</strong> dimensões correntes enterradas<br />

em solos que não sejam muito moles. O EC7 (1994, p. 103) admite que só há que consi<strong>de</strong>ra a<br />

encurvadura para estacas cravadas em solos com resistência inferior a cu =15 kPa.<br />

Assim, só seria <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a encurvadura em estacas "trabalhan<strong>do</strong>" <strong>de</strong> ponta e<br />

embebidas em solos muito moles, e porventura embebidas apenas em parte <strong>do</strong> seu<br />

comprimento (Fig. 8.8.4).<br />

No entanto, há que consi<strong>de</strong>rar os momentos flectores e esforços transversos que lhe<br />

advirão <strong>do</strong>s <strong>de</strong>slocamentos <strong>do</strong> bloco <strong>de</strong> encabeçamento on<strong>de</strong> a supomos encastrada e ainda os<br />

esforços a que esteja submetida durante a cravação, estes <strong>de</strong> mais difícil avaliação.<br />

Já vimos ao tratarmos <strong>do</strong> cálculo <strong>de</strong> esforços nos maciços <strong>de</strong> estacas quaisquer, como se<br />

po<strong>de</strong>rão avaliar os momentos flectores e esforços tranversos acima referi<strong>do</strong>s.<br />

FIG. 8.8.3<br />

VIII-79


FIG. 8.8.4<br />

Em qualquer caso há que armar a estaca com pelo menos a armadura mínima <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo<br />

algo reforçada, portanto com pelo menos 0,2% <strong>de</strong> aço A400 rugoso, <strong>de</strong> preferência <strong>de</strong> dureza<br />

natural e para que, não sen<strong>do</strong> frágil, resistir em melhores condições a choques e vibrações da<br />

cravação. Se usarmos A235, o mínimo da armadura seria <strong>de</strong> 0,3%, ambos os valores<br />

ligeiramente acima <strong>do</strong>s mínimos regulamentares. Mas, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral, os momentos<br />

flectores mesmo só os <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s aos peso próprio, exigirão maior percentagem <strong>de</strong> armadura.<br />

Além disso, as estacas <strong>de</strong>verão ser cintadas com ferros com o diâmetro mínimo φ <strong>de</strong><br />

6mm em hélice com um passo e ≤ 12d em que d = diâmetro <strong>do</strong>s ferros longitudinais.<br />

Na escolha da armadura longitudinal convirá usar ferros não muito grossos, em<br />

princípio não superiores a 20mm, para estacas <strong>de</strong> diâmetros normais, e daí que o passo<br />

máximo da hélice não seja, nem <strong>de</strong>va ser superior a 20cm:<br />

emax ≤ 0,20m, por outro la<strong>do</strong> emin ≥ 5cm<br />

para permitir que a brita e areia <strong>do</strong> betão cheguem à periferia da estaca.<br />

A cabeça da estaca, no entanto, <strong>de</strong>ve ter armadura <strong>de</strong> cintagem reforçada para resistir às<br />

pancadas <strong>do</strong> pilão que ten<strong>de</strong>m a provocar fortes tracções horizontais. Também a ponteira<br />

<strong>de</strong>verá ter ferragem apropriada e cintagem mais apertada. Nalguns casos chega a usar-se<br />

chapas <strong>de</strong> aço macio <strong>do</strong>bradas, contornan<strong>do</strong> a ponteira e cruzan<strong>do</strong>-se sobre ela sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois<br />

soldadas à armadura longitudinal.<br />

Quanto à armadura para as estacas moldadas vale tu<strong>do</strong> o que se disse, excepto o facto<br />

<strong>de</strong> que não precisam <strong>de</strong> cabeça nem <strong>de</strong> ponteira reforçadas. Pelo contrário, se o terreno é<br />

razoável a partir <strong>de</strong> certa profundida<strong>de</strong> abaixo da qual se prevê já não haver momentos<br />

VIII-80


flectores na estaca, ela po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>ixada sem armadura, se a estaca tem diâmetro razoável<br />

(digamos ≥ 0,60) como na prática sempre acontece com esse tipo <strong>de</strong> estacas.<br />

8.9 – Dimensionamento <strong>do</strong>s Maciços <strong>de</strong> Encabeçamento <strong>de</strong> Grupos <strong>de</strong> Estacas <strong>de</strong><br />

Betão Arma<strong>do</strong><br />

Os maciços <strong>de</strong> encabeçamento <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> estacas, em geral, são <strong>de</strong> espessura<br />

uniforme. Esta é <strong>de</strong>finida ordinariamente por razões <strong>de</strong> "punçoamento" para a carga <strong>de</strong><br />

segurança da estaca (sempre maior ou igual à carga <strong>de</strong> serviço) (Fig. 8.9.1). Se a carga na<br />

estaca já for a <strong>de</strong> cálculo, (Rd), não haverá que aplicar o cieficiente <strong>de</strong> majoração 1,5.<br />

FIG. 8.9.1<br />

FIG. 8.9.2<br />

A altura útil d <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong> encabeçamento po<strong>de</strong> calcular-se a partir da condição <strong>de</strong><br />

segurança ao punçoamento:<br />

53º).<br />

d x π (b + d) x τ1 ≥ Qs x 1,5<br />

sen<strong>do</strong> b o diâmetro da estaca e τ1 da<strong>do</strong> no quadro Q2 <strong>do</strong> capítulo 5 e pelo REBAP (Artº<br />

VIII-81


Observa-se que neste caso, a estaca tem <strong>de</strong> estar suficientemente afastada <strong>do</strong>s bor<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

maciço para que o perímetro crítico (<strong>de</strong> rotura) não venha reduzi<strong>do</strong>.<br />

Outro cálculo <strong>de</strong>verá ser feito relativo ao corte em "viga-larga" ao longo <strong>de</strong> uma<br />

eventual linha <strong>de</strong> rotura AA' á face <strong>do</strong> pilar.<br />

Teríamos<br />

d x B x τ1 ≥ (Qs x 1,5) x 3<br />

Finalmente, há que consi<strong>de</strong>rar o momento "flector" que po<strong>de</strong> também condicionar a<br />

altura útil d se a armadura vier excessiva para o valor <strong>de</strong> d obti<strong>do</strong> na segurança ao corte.<br />

De Md = 3(Qs x 1,5) x (a+1,15 a’), sen<strong>do</strong> a’ a largura <strong>do</strong> pilar, tira-se a armadura por<br />

qualquer tabela <strong>de</strong> Betão Arma<strong>do</strong>, escolhen<strong>do</strong> (por exemplo) betão B25 (fck = 25 Mpa) e aço<br />

A 400N.<br />

FIG. 8.9.3<br />

Para d > 0,80 m tem <strong>de</strong> haver uma armadura "secundária" a meia altura <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong><br />

encabeçamento. Mesmo com valores <strong>de</strong> d menores, convirá prever armadura "secundária".<br />

A armadura calcula-se nos <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s da mesma maneira.<br />

Cálculo <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> betão pré-fabricadas<br />

VIII-82


Como já se disse, as estacas "pré-fabricadas" têm em geral a sua armadura condicionada<br />

pelo "manuseamento e cravação". Como a posição da estaca no "manuseamento" é qualquer<br />

(e muitas vezes também na "cravação"), a armadura longitunal tem <strong>de</strong> distribuir-se<br />

uniformemente ao longo <strong>do</strong> perímetro. Ela terá <strong>de</strong> resistir:<br />

a) Ao momento flector <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao peso próprio (p.p.) durante o manuseamento.<br />

b) Às pancadas <strong>do</strong> pilão.<br />

c) À carga axial máxima.<br />

d) Eventualmente, a essa carga e a um momento flector só <strong>de</strong>terminável <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

concebi<strong>do</strong> e calcula<strong>do</strong> o maciço <strong>de</strong> estacas.<br />

A estaca calcula-se primeiro como pilar sujeito à carga máxima, sem contar com<br />

encurvadura a não ser que boa parte da estaca fique fora <strong>do</strong> solo ou ele seja muito mole.<br />

<strong>de</strong> 20m.<br />

Suponhamos o caso extremo (*) <strong>de</strong> uma estaca <strong>de</strong> diâmetro 0,60m com o comprimento<br />

Por razões construtivas, a estaca não será em geral exactamente circular, mas octogonal,<br />

mas para efeito <strong>de</strong> cálculo, tomamo-la como tal.<br />

axial:<br />

A = 0,283 m 2<br />

peso/m = 0,283 m 3 /m x 2,5 tf/m 3 = 0,7075 tf/m<br />

Momento flector <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao p.p. = 35,375 tfm = ⎟ 2 ⎛ pl<br />

⎞<br />

⎜<br />

⎝ 8 ⎠<br />

(apoiada nos extremos)<br />

Carga máxima tomaremos 150 tf o que dá uma tensão normal <strong>de</strong>vida só ao esforço<br />

150tf 2<br />

σmax ≈ = 530 tf/m = 5,3 MPa<br />

0,<br />

283<br />

admitimos um betão com fck = 250 kgf/cm 2 (25 MPa) e aço A400N na armadura principal e<br />

A235 na hélice <strong>de</strong> cintagem.<br />

(**) - Não é vulgar ter estacas pré-fabricadas com diâmetro superior a 0,60 m e comprimento muito além <strong>do</strong>s<br />

20m por razões <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cravação. O comprimento po<strong>de</strong>rá ser maior se houver "tirante" <strong>de</strong><br />

água.<br />

VIII-83


FIG. 8.9.4<br />

O REBAP exige a armadura mínima <strong>de</strong> 0,25% da secção <strong>de</strong> betão. Uma vez que a<br />

estaca tem <strong>de</strong> resistir a momentos flectores e a pancadas <strong>do</strong> pilão; tomaremos para secção da<br />

armadura<br />

wst= 1%<br />

Assim, teríamos Ast = 2830 cm 2 x (1/100) = 28,3 cm 2 ⇒ 9 φ 20 mm<br />

VIII-84


Fazen<strong>do</strong> um cálculo <strong>de</strong> verificação da estaca quer como pilar quer como viga (durante o<br />

manuseamento) concluiríamos que esta armadura seria suficiente em ambos os casos.<br />

É mesmo natural que, se o funcionamento no grupo não impuser à estaca momentos<br />

flectores importantes, se possa aceitar uma armadura <strong>de</strong> 8 φ 20 mm ⇒ At ≈ 25 cm 2 .<br />

A carga axial, na ausência <strong>de</strong> momentos po<strong>de</strong>ria ir até sensivelmente 200tf.<br />

A acção dinâmica <strong>do</strong> pilão <strong>do</strong> bate-estacas é difícil <strong>de</strong> avaliar. Tu<strong>do</strong> o que há a fazer é<br />

proteger cuida<strong>do</strong>samente a cabeça das estacas com "almofada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira cintada" ou outro<br />

material "elástico".<br />

Po<strong>de</strong> haver muitos elementos "aleatórios" na cravação, provocan<strong>do</strong> momentos flectores<br />

tais como, seixos gran<strong>de</strong>s que a ponteira <strong>de</strong>svia sofren<strong>do</strong> acções laterais <strong>de</strong>les <strong>de</strong>rivadas. Por<br />

isso se <strong>de</strong>vem projectar com folga as armaduras das estacas cravadas.<br />

igual a 20 cm.<br />

Para armaduras <strong>de</strong> cintagem tomaríamos o diâmetro <strong>de</strong> 6 ou 8 mm com passo <strong>de</strong> hélice<br />

Na cabeça e na ponteira o passo será aperta<strong>do</strong> até ao limite mínimo: 1,5 vezes o<br />

diâmetro <strong>do</strong> maior grão <strong>do</strong> agrega<strong>do</strong>. Para brita <strong>de</strong> 1", por exemplo e = 3,75 cm.<br />

Daí ⇒ emin = 4 cm. (Fig. 8.9.5)<br />

Estacas moldadas "in situ"<br />

Como não têm <strong>de</strong> ser "manuseadas" só se conta com o esforço axial, se os momentos<br />

flectores e esforço e esforços transversos que lhe advêm da sua inserção no maciço <strong>de</strong><br />

encabeçamento não forem significativos. Todavia, como a betonagem é em geral "submersa",<br />

convirá consi<strong>de</strong>rar para o betão B20 (fck = 20 MPa = 200 kgf/cm 2 ) embora no ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong><br />

encargos se imponha uma <strong>do</strong>sagem normal <strong>de</strong> cimento: 350 kg/m 3 <strong>de</strong> betão, no mínimo. Os<br />

agrega<strong>do</strong>s também têm <strong>de</strong> ser estuda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma a dar uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> máxima ao betão.<br />

VIII-85


FIG. 8.9.5<br />

VIII-86


9.1 - Consi<strong>de</strong>rações Gerais<br />

Capitulo 9<br />

ESTABILIDADE DE TALUDES<br />

O conceito <strong>de</strong> talu<strong>de</strong> neste capítulo é toma<strong>do</strong> na sua acepção mais geral, significan<strong>do</strong><br />

não só talu<strong>de</strong>s naturais mas principalmente talu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> barragens <strong>de</strong> terra, <strong>de</strong> aterros<br />

ro<strong>do</strong>viários e ferroviários ou <strong>de</strong> aterros semelhantes, talu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diques, ou obras <strong>de</strong> retenção<br />

<strong>de</strong> terras consi<strong>de</strong>radas em conjunto com os respectivos aterros ou escavações (muros <strong>de</strong><br />

suporte <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tipos, principalmente muros-cais, encontros <strong>de</strong> pontes, cortinas <strong>de</strong> estacas<br />

pranchas e construções celulares com estacas pranchas).<br />

Com efeito, a maior incidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres em <strong>fundações</strong> situa-se no <strong>de</strong>slizamento ou<br />

escorregamento geral <strong>do</strong>s terrenos que arrastam consigo as obras neles fundadas e não tanto<br />

em roturas locais <strong>do</strong> solo ou rocha <strong>de</strong> fundação. Daí a importância <strong>de</strong>ste capítulo.<br />

Pelo que diz respeito aos talu<strong>de</strong>s naturais eles têm em geral a estabilida<strong>de</strong> necessária e<br />

suficiente, isto é, o coeficiente <strong>de</strong> segurança é 1. Os escorregamentos ou <strong>de</strong>slizamentos que<br />

ocorrem na natureza são provoca<strong>do</strong>s pelo Homem ou por fenómenos meteorológicos ou<br />

sísmicos. Neste último caso enquadram-se nas mudanças morfológicas normais da superfície<br />

terrestre e ao engenheiro <strong>de</strong> <strong>fundações</strong> ou geotécnico cabe o papel <strong>de</strong> principalmente<br />

interpretar cada situação geomorfológica e, em face <strong>de</strong> tendências já esboçadas e <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

estatísticos no que diz respeito a sismos, pluviosida<strong>de</strong>, neve, etc., <strong>do</strong> local, tomar medidas<br />

correctivas necessárias.<br />

Entre as alterações <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s naturais provocadas pelo Homem há que<br />

referir o efeito provoca<strong>do</strong> nessa estabilida<strong>de</strong> pelo enchimento <strong>de</strong> albufeiras, especialmente em<br />

gran<strong>de</strong>s barragens. Um exemplo e trágico foi o da Barragem <strong>de</strong> Freijus on<strong>de</strong> a redução <strong>do</strong><br />

coeficiente <strong>de</strong> segurança provocada pela inundação das bases <strong>do</strong>s talu<strong>de</strong>s <strong>do</strong> vale on<strong>de</strong> se<br />

situa a albufeira levou ao escorregamento <strong>de</strong> quilómetros <strong>de</strong> encostas o que provocou uma<br />

onda semelhante a um "macaréu" que arrasou completamente povoações inteiras situadas<br />

muitos metros acima da crista da barragem.<br />

IX-1


O engenheiro <strong>de</strong> <strong>fundações</strong> não <strong>de</strong>ve, pois, restringir o seu estu<strong>do</strong> à estabilida<strong>de</strong> da<br />

formação terrosa ou rochosa on<strong>de</strong> vai assentar a sua obra, mas <strong>de</strong>ve olhar também para as<br />

alterações na estabilida<strong>de</strong> geral <strong>do</strong>s maciços terrosos ou rochosos que, no seu conjunto, a obra<br />

vai induzir.<br />

9.2 - Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Avaliação da Estabilida<strong>de</strong><br />

Nos princípios da Mecânica <strong>do</strong> Solo os aterros chegaram a consi<strong>de</strong>rar-se como um<br />

sóli<strong>do</strong> elástico em conjunto com a fundação, calculan<strong>do</strong>-se o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> tensão em cada ponto<br />

pela teoria da elasticida<strong>de</strong> linear e estabelecen<strong>do</strong> tensões <strong>de</strong> segurança em função das<br />

características <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong>s solos da fundação e <strong>de</strong> aterro (Fig. 9.2.1) * .<br />

Ce<strong>do</strong>, porém, se reconheceu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar cálculos à "rotura" e avaliar <strong>de</strong>sse<br />

mo<strong>do</strong> o coeficiente <strong>de</strong> segurança.<br />

A<br />

FIG. 9.2.1<br />

B C<br />

O cálculo <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> segurança em relação ao equilíbrio limite ou <strong>de</strong> rotura<br />

incipiente, não é fácil. A maioria <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s baseiam-se na hipótese <strong>de</strong> que a superfície <strong>de</strong><br />

rotura é cilíndrica e tem directriz circular. Num <strong>do</strong>s primeiros méto<strong>do</strong>s para calcular a<br />

estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aterros em solos argilosos Jackobson (1940) substituía o aterro por uma carga<br />

distribuída correspon<strong>de</strong>nte à pressão vertical <strong>do</strong> aterro (peso próprio) na sua base. Isto é,<br />

ignorava a resistência <strong>do</strong> próprio aterro ao <strong>de</strong>slizamento, o que conduz a coeficientes <strong>de</strong><br />

segurança <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> baixos. Além disso, o méto<strong>do</strong> e outros análogos que se lhe seguiram,<br />

não possui generalida<strong>de</strong>, visto que só se refere a aterros sobre fundação argilosa (Fig. 9.2.2).<br />

* - O ponto <strong>de</strong> maior concentração <strong>de</strong> tensões é o ponto A. Esse ponto será o primeiro on<strong>de</strong> se dá a plastificação<br />

<strong>do</strong> solo. Porém, a plastificação num ponto ou mesmo numa parte <strong>do</strong> maciço terroso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não muito<br />

extensa não significa perda <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>. Bishop fez cálculos comparativos e verificou que a plastificação<br />

no ponto A se iniciava quan<strong>do</strong> o coeficiente <strong>de</strong> segurança em relação ao <strong>de</strong>slizamento era ainda <strong>de</strong> 1,8.<br />

IX-2


X<br />

9.3 - Méto<strong>do</strong>s das Fatias. Méto<strong>do</strong> Sueco<br />

A<br />

W<br />

cilíndrica circular XWV. Como, mesmo com estas hipóteses ainda não seria fácil calcular F, o<br />

IX-3<br />

V<br />

FIG. 9.2.2<br />

B C<br />

De to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s para o cálculo <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> segurança F, em relação à rotura,<br />

os mais usa<strong>do</strong>s são os méto<strong>do</strong>s das fatias. Destes o méto<strong>do</strong> sueco foi o primeiro a<br />

<strong>de</strong>senvolver-se. Originalmente inventa<strong>do</strong> por Fellenius (1927 e 1936), mas usa<strong>do</strong> inicialmente<br />

em larga extensão na Suécia.<br />

Consiste em admitir que há uma massa <strong>de</strong>slizante que se consi<strong>de</strong>ra rígida e que a<br />

superfície <strong>de</strong> escorregamento ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento é cilíndrica e <strong>de</strong> directriz circular. Admite<br />

por outro la<strong>do</strong>, que a segurança se me<strong>de</strong> por um factor F a <strong>de</strong>terminar, tal que, reduzin<strong>do</strong> a(s)<br />

coesão(ões) <strong>do</strong>(s) solo(s) e a(s) tangente(s) <strong>do</strong>(s) ângulo(s) <strong>de</strong> atrito na proporção <strong>de</strong> F, se<br />

obtém ainda assim uma situação <strong>de</strong> equilíbrio limite, isto é, <strong>de</strong> rotura incipiente.<br />

X A<br />

O<br />

y'<br />

α<br />

∆ α i<br />

W<br />

∆S i<br />

Wi<br />

Τ i<br />

α '<br />

i Ν i<br />

FIG. 9.3.1<br />

O<br />

X'<br />

B V<br />

Para estabelecer esse equilíbrio o méto<strong>do</strong> admite que a massa <strong>de</strong> solo que <strong>de</strong>sliza<br />

[XWVAX] (Fig. 9.3.1) se comporta como um corpo sóli<strong>do</strong> que escorrega sobre a superfície<br />

h i


méto<strong>do</strong> admite essa massa <strong>de</strong> solo i<strong>de</strong>almente dividida num certo número N <strong>de</strong> fatias <strong>de</strong> pesos<br />

Wi, por planos verticais espaça<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ∆xi, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que os pesos Wi, se transmitem à<br />

massa <strong>de</strong> solo que não <strong>de</strong>sliza através <strong>do</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes arcos ∆si.<br />

Para haver equilíbrio é necessário que<br />

∑<br />

M<br />

∑<br />

io<br />

∑<br />

n<br />

'<br />

Fxi = ∑Ti<br />

cosα<br />

i − ∑ N isenα<br />

i = 0<br />

n<br />

i=<br />

1<br />

'<br />

Fiy = ∑Wi<br />

−∑Ti<br />

senα<br />

i − ∑ N i cosα<br />

i = 0<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

i=<br />

1<br />

= ∑Wi<br />

× xi<br />

− ∑Ti<br />

R = 0 , n = nº total <strong>de</strong> fatias<br />

i=<br />

1<br />

sen<strong>do</strong> Ti a componente tangencial <strong>do</strong> peso <strong>de</strong> cada fatia e N '<br />

i<br />

efectiva; R o raio <strong>do</strong> círculo e αi o ângulo da normal com a vertical.<br />

n<br />

i=<br />

1<br />

9.1. a<br />

9.1. b<br />

9.1. c<br />

a respectiva componente normal<br />

Para satisfazer as duas primeiras equações <strong>de</strong> (9.1) é condição suficiente, embora não<br />

necessária, que Ti cos αi - Ni sen αi = 0 e também Wi - Ti sen αi - N '<br />

i cos αi = 0. Ora, como Ti<br />

e N '<br />

i são obtidas por <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> Wi, essas duas condições são, por esse facto,<br />

satisfeitas.<br />

que<br />

n ⎛<br />

∑=<br />

i 1<br />

⎜<br />

⎝<br />

A 3ª equação (a <strong>de</strong> momentos) <strong>de</strong> (9.1) <strong>de</strong>senvolve-se na forma seguinte aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a<br />

W<br />

xi = R sen αi e pela lei <strong>de</strong> Coulomb Ti =<br />

i sen<br />

n<br />

⎞<br />

α i ⎟ R - (Σ Ti) R = 0 ⇒ ∑<br />

⎠<br />

=<br />

i 1<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

∆s<br />

F<br />

n 1<br />

Wi sen αi = ∑=<br />

F i 1<br />

tgφ<br />

⎞<br />

⎟<br />

F ⎠<br />

'<br />

ci i ' i<br />

+ N i<br />

'<br />

' ( s + N tgφ)<br />

ci i i<br />

∆ .<br />

No caso <strong>de</strong> não haver pressões <strong>de</strong> poro a dissipar, isto é, no caso da fundação e o aterro<br />

serem arenosos ou <strong>de</strong> o aterro ser arenoso e ser coloca<strong>do</strong> com suficiente lentidão para evitar<br />

que se gerem pressões <strong>de</strong> poro significativas, a componente normal efectiva resultará da<br />

projecção <strong>de</strong> Wi na direcção da normal.<br />

Assim:<br />

N '<br />

i = Wi cos αi<br />

Substituin<strong>do</strong> em (9.3) temos<br />

9.2<br />

9.3<br />

IX-4


∆si = R × ∆αi.<br />

F =<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

'<br />

'<br />

( c ∆s<br />

+ ( W cosα<br />

) tgφ<br />

)<br />

i<br />

i<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

W senα<br />

i<br />

i<br />

i<br />

Se a fatia for homogénea, po<strong>de</strong>remos facilmente calcular Wi a partir da altura hi e <strong>do</strong><br />

peso específico <strong>do</strong> solo γ; teremos Wi = γhi × ∆si × cos αi.<br />

O coeficiente <strong>de</strong> segurança Fs será o menor <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> F calcula<strong>do</strong>s por (9.4) para<br />

vários círculos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento que a sentimento se mostrem ser os mais favoráveis ao<br />

<strong>de</strong>slizamento. Alternativamente po<strong>de</strong>remos obter os Fs para círculos com centros numa re<strong>de</strong><br />

situada nas vizinhanças da vertical <strong>do</strong> pé <strong>do</strong> talu<strong>de</strong> e para cada centro consi<strong>de</strong>rar vários raios<br />

até o circulo <strong>de</strong> maior raio tangenciar a base rígida <strong>do</strong> terreno abaixo <strong>do</strong> talu<strong>de</strong>.<br />

Como se vê a fórmula (9.4) é aplicável mesmo a solos heterogéneos, pois po<strong>de</strong>mos<br />

consi<strong>de</strong>rar os ângulos <strong>de</strong> atrito e os pesos específicos variáveis <strong>de</strong> fatia para fatia. Assim, por<br />

exemplo, se tivéssemos 4 camadas <strong>de</strong> terrenos diferentes po<strong>de</strong>ríamos fazer a divisão indicada<br />

na Fig. 9.3.2 <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que cada arco ∆si se contenha num só tipo <strong>de</strong> terreno.<br />

FIG. 9.3.2<br />

i<br />

Ν'<br />

i<br />

i<br />

ui S<br />

∆ i<br />

,<br />

Τ i (1)<br />

Todavia, os méto<strong>do</strong>s que usam superfícies <strong>de</strong> directriz circular <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento são<br />

mais apropria<strong>do</strong>s para maciços terrosos homogéneos, porque haven<strong>do</strong> uma camada <strong>de</strong> solo<br />

mais fraca, é natural que a superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento mais <strong>de</strong>sfavorável passe por ela e já não<br />

tenha directriz circular.<br />

(4)<br />

(3)<br />

(2)<br />

9.4<br />

IX-5


9.4 - Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Bishop<br />

y<br />

O'<br />

E<br />

N<br />

x<br />

y=f(x)<br />

A<br />

y'<br />

O<br />

α i<br />

∆x<br />

i<br />

R S<br />

R'<br />

P<br />

W i<br />

S'<br />

Q<br />

Ν i<br />

FIG. 9.4.1<br />

Z z=g<br />

(z)<br />

S ∆<br />

U<br />

i i<br />

tg = i tgØ<br />

F<br />

θ<br />

x'<br />

2 C MD<br />

A'<br />

α i<br />

C'<br />

F<br />

u ∆s<br />

i i<br />

θ<br />

s<br />

∆ i<br />

N' i<br />

N'i<br />

tgØ<br />

i<br />

F<br />

piezométrica<br />

Z 1 =g (x)<br />

1<br />

Bishop (Géotechnique, Jan. 1955, pp. 8-17) generalizou o méto<strong>do</strong> das fatias ao caso <strong>de</strong><br />

no aterro e na fundação se <strong>de</strong>senvolverem pressões <strong>de</strong> poro. Para esse efeito supôs que as<br />

pressões <strong>de</strong> poro na base <strong>de</strong> cada fatia se po<strong>de</strong>m tomar proporcionais ao peso da mesma fatia,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o coeficiente <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> B, <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> consolidação ou <strong>do</strong> grau <strong>de</strong><br />

saturação <strong>do</strong> aterro ou da fundação na base da fatia que se está a consi<strong>de</strong>rar:<br />

W i<br />

= σv<br />

∆xi × 1<br />

ui = B ⎟ ⎛ W i ⎞<br />

⎜<br />

⎝ ∆xi ⎠<br />

não é mais que a tensão vertical na base da fatia. B po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar-se em<br />

laboratório, mas em geral não se toma superior a 0,6 a não ser em solos fortemente argilosos e<br />

praticamente satura<strong>do</strong>s. O coeficiente <strong>de</strong> segurança é bastante sensível aos valores <strong>de</strong> B e por<br />

esse facto em aterros muito altos, em particular em barragens da terra com núcleos <strong>de</strong> solos<br />

com gran<strong>de</strong> teor argiloso <strong>de</strong>vem tomar-se medidas construtivas (colocação <strong>do</strong> aterro por fases,<br />

camadas laminares arenosas <strong>de</strong> dissipação, etc.) para reduzir o valor <strong>de</strong> B.<br />

Para consi<strong>de</strong>rar as pressões <strong>de</strong> poro basta substituir na equação<br />

N<br />

i<br />

D'<br />

9.5<br />

IX-6


ou na sua equivalente<br />

n<br />

∑<br />

i= 1<br />

Wi sen αi = F<br />

F =<br />

n 1 '<br />

' ( c ∆s<br />

+ N tgφ<br />

)<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

'<br />

' '<br />

∑(<br />

ci∆s<br />

i + N itgφi<br />

)<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

W senα<br />

i<br />

i<br />

o valor <strong>de</strong> N '<br />

i , o qual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também <strong>de</strong> F. Assim, se na Fig. 9.4.1 (b) projectarmos as<br />

forças na vertical temos:<br />

F=<br />

F =<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

ou seja<br />

ui ∆si cos αi + N '<br />

i cos αi + c '<br />

i × '<br />

∆ si N i<br />

sen αi +<br />

F<br />

F<br />

N '<br />

i =<br />

i<br />

'<br />

⎛ c ⎞<br />

i<br />

Wi<br />

− ⎜u<br />

i cosα<br />

i senα<br />

⎟<br />

⎜<br />

+<br />

i si<br />

F ⎟<br />

× ∆<br />

⎝<br />

⎠<br />

'<br />

tgφi<br />

cosα<br />

i + senα<br />

i<br />

F<br />

i<br />

,<br />

i<br />

i<br />

tg φ '<br />

i sen αi = Wi ;<br />

Substituin<strong>do</strong> (9.7) em (9.6) e arruman<strong>do</strong> os termos semelhantes temos:<br />

F =<br />

W<br />

n<br />

∑<br />

i=1<br />

1<br />

n<br />

∑<br />

i=1<br />

i sen<br />

1<br />

i<br />

α<br />

W senα<br />

1<br />

W senα<br />

i<br />

i<br />

n<br />

∑<br />

i= 1<br />

i<br />

i<br />

n<br />

∑<br />

i= 1<br />

'<br />

⎡<br />

c<br />

⎤<br />

i<br />

'<br />

⎢ ( Wi<br />

− ui<br />

cosα<br />

i∆s<br />

i − senα<br />

i∆s<br />

i ) tgφi<br />

⎥<br />

'<br />

⎢ci∆s<br />

i +<br />

F<br />

⎥<br />

'<br />

⎢<br />

tgφi<br />

⎥<br />

⎢<br />

cosα<br />

i + senα<br />

i<br />

⎣<br />

F<br />

⎥⎦<br />

'<br />

'<br />

⎡ '<br />

' tgφ<br />

⎤<br />

i<br />

' ci<br />

'<br />

⎢ci<br />

∆si<br />

cosα<br />

i + ci∆s<br />

i × senα<br />

i + ( Wi<br />

− ui<br />

cosα<br />

i∆s<br />

i ) tgφi<br />

− senα<br />

i∆s<br />

itgφi<br />

⎥<br />

⎢<br />

F<br />

F<br />

⎥<br />

'<br />

⎢<br />

tgφi<br />

⎥<br />

⎢<br />

cosα<br />

i + senα<br />

i<br />

⎣<br />

F<br />

⎥⎦<br />

n<br />

∑<br />

i= 1<br />

⎡<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢⎣<br />

i i i i i i<br />

⎤<br />

1 ⎥<br />

⎥<br />

tgφ<br />

senα<br />

i<br />

cosα<br />

+ ⎥<br />

i<br />

F ⎥⎦<br />

'<br />

' { c ∆x<br />

+ tgφ<br />

[ W − u × ∆x<br />

] }<br />

Como se vê a equação (9.8) só po<strong>de</strong> resolver-se por tentativas arbitran<strong>do</strong> um valor<br />

inicial para o coeficiente <strong>de</strong> segurança (por exemplo Fo = 1,5) e calculan<strong>do</strong> um primeiro<br />

coeficiente F1, com Fo e os outros valores que constam <strong>de</strong> (9.8). Repetin<strong>do</strong> os cálculos com o<br />

valor F1 que se acabou <strong>de</strong> calcular <strong>de</strong>termina-se F2, e assim sucessivamente até que |Fk-Fk-1|< ε<br />

on<strong>de</strong> ε se po<strong>de</strong> tomar, por exemplo, 0,01.<br />

9.3<br />

9.6<br />

9.7<br />

9.8<br />

IX-7


(9.3).<br />

(9.5),<br />

Note-se que um valor inicial já bastante próximo <strong>do</strong> real se po<strong>de</strong>ria obter toman<strong>do</strong> em<br />

N '<br />

i = Ni - ui ∆si com Ni = Wi cos αi. Viria então, substituin<strong>do</strong> ui pelo valor da<strong>do</strong> em<br />

Fo =<br />

ou Fo =<br />

n<br />

∑<br />

i=1<br />

1<br />

W senα<br />

n<br />

∑<br />

i=1<br />

i<br />

1<br />

W senα<br />

i<br />

i<br />

i<br />

n<br />

∑<br />

i= 1<br />

n<br />

∑<br />

i= 1<br />

'<br />

' [ c ∆ s + tgφ<br />

W (cosα<br />

− B / cosα<br />

) ]<br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

(Fórmula <strong>de</strong> Fellenius)<br />

'<br />

' [ c ∆s + tgφ<br />

( W cosα<br />

− u ∆s<br />

) ]<br />

i<br />

i<br />

se forem conhecidas as pressões <strong>de</strong> poro ui. Todavia, mesmo partin<strong>do</strong> <strong>de</strong> um valor tal como<br />

Fs=1,5 verifica-se que, a convergêngia é muito rápida.<br />

A fórmula (9.8) é facilmente programável em computa<strong>do</strong>r. A geometria po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida<br />

em <strong>de</strong>senho prévio on<strong>de</strong> se traça um certo número <strong>de</strong> círculos que a sentimento se mostram os<br />

mais <strong>de</strong>sfavoráveis. O programa incluirá a <strong>de</strong>terminação automática da intercepção <strong>de</strong> cada<br />

círculo com as poligonais <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>ras das diferentes camadas <strong>do</strong> solo e com as linhas verticais<br />

que <strong>de</strong>finem as fatias. Além disso no programa po<strong>de</strong> estabelecer-se a procura automática <strong>do</strong><br />

centro <strong>do</strong> círculo que conduz ao menor valor para o coeficiente <strong>de</strong> segurança. Todavia, como<br />

se disse, o mais vulgar é consi<strong>de</strong>rar-se uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> círculos nas vizinhanças da<br />

vertical <strong>do</strong> pé <strong>do</strong> talu<strong>de</strong> e para cada centro calcular os Fs para raios progressivamente maiores<br />

até tangenciar a camada inferior <strong>de</strong> “bedrock” ou firme. Há já vários programas para o efeito,<br />

em FORTRAN e noutras linguagens (BASIC, C ++ , etc.).<br />

Note-se que em escoamento permanente as pressões <strong>de</strong> poro ui po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidas para<br />

cada fatia a partir da cota piezométrica z i . Assim, se a partir <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> percolação <strong>de</strong><br />

água através <strong>do</strong> maciço terroso (re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo) soubermos escrever a equação da respectiva<br />

piezométrica z1 = g1 (x) ou <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong> traçá-la, Fig. 9.5 [AA'M'D'] será imediato calcular<br />

os valores <strong>de</strong> Bi em cada fatia. Assim,<br />

_<br />

Bi<br />

=<br />

( z )<br />

1<br />

i<br />

( z )<br />

2<br />

i<br />

− ( y)<br />

i<br />

− ( y)<br />

i<br />

×<br />

γ<br />

γ<br />

w<br />

i<br />

i<br />

i<br />

ou ui = ((z1)i – yi) γw<br />

on<strong>de</strong> (z1)i - é a "cota" piezométrica relativa à vertical que passa pelo centro da fatia i;<br />

(z2)i - é a "cota" da correspon<strong>de</strong>nte superfície livre (talu<strong>de</strong>);<br />

(y)i - é a cota da superfície <strong>de</strong> escorregamento na fatia i (centro);<br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

9.9<br />

9.9’<br />

9.10<br />

IX-8


γi - é o peso específico médio <strong>do</strong> solo na fatia i = Wi / (∆ xi (z2i – yi))<br />

γw = 10 kN/m 3 é o peso específico da água.<br />

Bi também se po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>finir como o cociente entre o peso da água correspon<strong>de</strong>nte à<br />

fracção da fatia i limitada superiormente pela piezométrica, [POR'S'] × γw e o correspon<strong>de</strong>nte<br />

peso <strong>de</strong> solo Wi = [PORS] × γi (Fig. 9.4.1).<br />

Assim,<br />

B negativo.<br />

Bi =<br />

[ POR' S'<br />

] × γ<br />

W<br />

i<br />

Observe-se que na parte da piezométrica A'M' se <strong>de</strong>ve tomar Bi = 0 e nunca um valor <strong>de</strong><br />

Por outro la<strong>do</strong> se parte <strong>do</strong> maciço terroso está submersa, (Fig. 9.4.2), será fácil concluir<br />

que as pressões da água <strong>de</strong>ntro e à superfície <strong>do</strong> maciço po<strong>de</strong>rão ser ignoradas com a condição<br />

<strong>de</strong> tomar em cada fatia o peso específico submerso γ '<br />

i<br />

w<br />

9.11<br />

na parte [R'S'PQ] que realmente está<br />

submersa, enquanto que na parte superior da fatia, [RSR' S'], se tomará o peso específico<br />

normal (por ventura o satura<strong>do</strong>) <strong>do</strong> solo. Com efeito, as pressões da água na fronteira da parte<br />

<strong>de</strong>slizante <strong>do</strong> maciço [EBFC'QE] equilibram-se com a pressão da água nos interstícios <strong>do</strong><br />

solo, porque, por hipótese, a água não se encontra em movimento. Nessas condições, o<br />

equilíbrio <strong>do</strong>s grãos <strong>de</strong> solo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> da água, contanto<br />

que o peso específico da parte submersa seja o peso submerso <strong>do</strong> solo. É claro que, se mesmo<br />

nessas condições houver um excesso u <strong>de</strong> pressão neutra nos poros <strong>do</strong> solo proveniente <strong>de</strong> um<br />

processo <strong>de</strong> consolidação em <strong>curso</strong>, então B terá <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> simultaneamente com a<br />

situação <strong>de</strong> tomar o peso específico submerso nas correspon<strong>de</strong>ntes partes das fatias parcial ou<br />

totalmente submersas.<br />

A E<br />

G<br />

p<br />

v<br />

B<br />

u<br />

F<br />

R<br />

R'<br />

P<br />

FIG. 9.4.2<br />

S<br />

v'<br />

i<br />

S'<br />

W<br />

i<br />

w i<br />

Q<br />

C<br />

C' H<br />

IX-9


9.5 - Crítica <strong>do</strong>s Méto<strong>do</strong>s das fatias (Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Bishop e Méto<strong>do</strong> Sueco) com superfícies<br />

<strong>de</strong> directriz circular<br />

Os méto<strong>do</strong>s das fatias que tomam superfícies <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> directriz circular são<br />

susceptíveis <strong>de</strong> várias críticas embora, ainda hoje sejam os mais a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s porque têm gran<strong>de</strong><br />

versatilida<strong>de</strong>, permitin<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rar maciços terrosos heterogéneos, nas mais variadas<br />

condições e são <strong>de</strong> programação muito fácil. Em primeiro lugar, a superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento<br />

em muitos casos não será circular, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> haja camadas <strong>de</strong> solo menos resistente.<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar, embora o equilíbrio global da massa <strong>de</strong>slizante seja garanti<strong>do</strong>, no caso <strong>de</strong><br />

não haver forças exteriores com componentes horizontais, através das três equações <strong>de</strong><br />

equilíbrio (9.1) o equilíbrio <strong>de</strong> cada fatia não é correctamente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma vez que, as<br />

forças laterais Ei e Ei+1 (Fig. 9.5.1) e as componentes tangenciais Xi e Xi+1 não são<br />

consi<strong>de</strong>radas, admitin<strong>do</strong>-se que o peso Wi se transmite totalmente à base PQ da fatia<br />

respectiva.<br />

A B<br />

E i<br />

X i<br />

P<br />

R<br />

muro-cais da Fig. 9.5.2 e <strong>do</strong> maciço terroso que retém. Consi<strong>de</strong>re-se um círculo <strong>de</strong><br />

IX-10<br />

Wi<br />

S<br />

Q<br />

Ti Ni<br />

Xi<br />

E i<br />

FIG. 9.5.1<br />

Quan<strong>do</strong> não haja forças exteriores aplicadas e/ou a heterogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong> maciço terroso<br />

não for muito marcada essa hipótese po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se razoável. Porém, se houver<br />

componentes horizontais nas forças <strong>de</strong> massa (por exemplo acelerações <strong>de</strong>vidas a sismos) ou<br />

forças exteriores com componentes horizontais <strong>de</strong>sfavoráveis, como tracções <strong>do</strong>s navios nos<br />

cabeços <strong>de</strong> amarração <strong>de</strong> um muro-cais, então o méto<strong>do</strong> já não permite satisfazer as três<br />

equações globais <strong>de</strong> equilíbrio. Consi<strong>de</strong>remos o caso da segurança ao <strong>de</strong>slizamento geral <strong>do</strong><br />

+1<br />

+1<br />

C<br />

D


<strong>de</strong>slizamento [ABCD] <strong>de</strong> centro Co e admita-se que uma força F <strong>de</strong> tracção actua no cabeço<br />

<strong>de</strong> amarração. No equilíbrio global, essa força po<strong>de</strong>ria facilmente ser tomada em consi<strong>de</strong>ração<br />

no que diz respeito ao seu momento (<strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>r) em relação ao centro Co. Porém, no que diz<br />

respeito às equações <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> projecções segun<strong>do</strong> o eixo <strong>do</strong>s xx já seria difícil entrar<br />

com ela. Na verda<strong>de</strong>, quan<strong>do</strong> não há forças exteriores essas equações são "automaticamente"<br />

satisfeitas porque o peso <strong>de</strong> cada fatia Wi é "absorvi<strong>do</strong>" por duas componentes uma Ni<br />

segun<strong>do</strong> a normal ao círculo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento e outra Ti segun<strong>do</strong> a tangente ao mesmo círculo.<br />

Para "absorver" também a força F teríamos logicamente <strong>de</strong> alterar as forças Ni e Ti,<br />

distribuin<strong>do</strong> a força F por forças Fi aplicadas nos pontos Pi das diferentes fatias, sen<strong>do</strong> o<br />

conjunto das forças Fi estaticamente equivalentes a F. Este procedimento só por acaso po<strong>de</strong>rá<br />

vir a ser correcto, visto que, há uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneiras <strong>de</strong> "distribuir" a força F pelos<br />

pontos Pi, satisfazen<strong>do</strong> a equivalência estática não se saben<strong>do</strong> qual seja a distribuição<br />

correcta. Uma distribuição possível seria, dividir a força F num número <strong>de</strong> forças elementares<br />

∆Fi igual ao número <strong>de</strong> fatias, sen<strong>do</strong> ∆Fi proporcional, por exemplo, ao peso Wi da fatia<br />

respectiva.<br />

y<br />

A<br />

d<br />

B<br />

F<br />

P 0 (x ,y )<br />

0 0<br />

Q<br />

Z i<br />

Pi<br />

W i<br />

FIG. 9.5.2<br />

T i<br />

N' i<br />

F jy Fjx<br />

P j (x j,y j)<br />

Para "transportar" ∆Fi <strong>do</strong> cabeço Q para o ponto Pi da base da fatia i não teríamos mais<br />

r<br />

∆ Fi<br />

r<br />

e − ∆Fi<br />

. A força Fi IX-11<br />

r<br />

∆ aplicada no<br />

que aplicar em Pi um par <strong>de</strong> forças iguais e opostas ( )<br />

C<br />

L<br />

x


cabeço Q e a sua simétrica - Fi r<br />

∆ aplicada em Pi formariam um par cujo braço é Zi, a distância<br />

<strong>de</strong> Q à horizontal que passa em Pi. O momento ∆Mi = | Fi r<br />

∆ | × Zi é oposto ao <strong>de</strong> Wi, e que é<br />

Wi xi = Wi sen αi × R. Por outro la<strong>do</strong>, o momento da força Fi r<br />

∆ aplica<strong>do</strong> em Pi a respeito <strong>do</strong><br />

centro Co <strong>do</strong> círculo seria ∆Mi = | Fi r<br />

∆ | (Zi + d) e teria o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> momento Wi xi, sen<strong>do</strong> d a<br />

distância <strong>de</strong> Co à linha <strong>de</strong> acção <strong>de</strong> F r . A diferença <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is momentos seria ∆Mi = | Fi r<br />

∆ | × d.<br />

Como d é o mesmo para todas as forças elementares Fi r<br />

∆ , segue-se que a componente<br />

"<strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>ra" que faz parte <strong>do</strong> quociente em (9.4), (9.6), (9.8) e (9.9) vem aumentada <strong>de</strong><br />

M d<br />

= F × .<br />

R R<br />

Portanto, o coeficiente <strong>de</strong> segurança da<strong>do</strong> por (9.4) torna-se em<br />

F =<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

'<br />

'<br />

[ c ∆s<br />

+ ( W cosα<br />

− tgφ<br />

) ]<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

Também a igualda<strong>de</strong> (9.9) vem alterada:<br />

Fo =<br />

n ⎛<br />

∑=<br />

i 1<br />

⎜<br />

⎝<br />

1<br />

⎞<br />

senα<br />

⎟ + F × d / R<br />

⎠<br />

Wi i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

⎞ r<br />

Wisenα<br />

i ⎟+<br />

| F | × d / R<br />

⎠<br />

n<br />

×∑<br />

i= 1<br />

i<br />

i<br />

'<br />

' [ c ∆ s + tgφ<br />

( W cosα<br />

− B / cosα<br />

) ]<br />

i<br />

i<br />

Pelo que diz respeito à fórmula (9.8) se consi<strong>de</strong>rarmos apenas o efeito nos momentos<br />

ela será substituída pela fórmula:<br />

F =<br />

n ⎛<br />

∑=<br />

i 1<br />

⎜<br />

⎝<br />

1<br />

⎞ r<br />

senα<br />

⎟+<br />

| F | × d / R<br />

⎠<br />

Wi i<br />

n<br />

× ∑<br />

i= 1<br />

i i i i i i<br />

1<br />

tgφ'i<br />

senα<br />

i<br />

cosα<br />

i +<br />

F<br />

[ { c'<br />

∆ x tgφ'<br />

( W − u ∆x<br />

) } x<br />

]<br />

×<br />

A introdução <strong>do</strong>s momentos <strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>res | F r | × d/R das forças exteriores aplicadas ao<br />

maciço terroso nos <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>res da fórmula (9.13) e (9.15) é pacífica para to<strong>do</strong>s os autores.<br />

Se em vez <strong>de</strong> uma força tivéssemos forças exteriores Fj, aplicadas na massa <strong>de</strong>slizante, com<br />

componentes Fjx e Fjy em relação a um sistema geral <strong>de</strong> eixos coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s, em pontos Pj <strong>de</strong><br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

9.12<br />

9.13<br />

9.14<br />

9.15<br />

IX-12


coor<strong>de</strong>nadas xj, yj, então em vez <strong>de</strong> | F r | × d em 9.13 a 9.15 teríamos para o momento <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

às forças a expressão<br />

NFE<br />

∑<br />

j= 1<br />

Fjx × (yj – yo) – Fjy (xj – xo)<br />

On<strong>de</strong> x0,y0 são as coor<strong>de</strong>nadas <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> círculo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento.<br />

A correcção que acabamos <strong>de</strong> fazer para forças externas horizontais aplicadas ao maciço<br />

<strong>de</strong>slizante po<strong>de</strong> aplicar-se também ao caso <strong>de</strong>ssas forças serem provenientes <strong>de</strong> acelerações,<br />

ou melhor, das componentes das acelerações <strong>de</strong>vidas a sismos.Efectivamente, os efeitos <strong>do</strong>s<br />

sismos são algumas das vezes consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s na estabilida<strong>de</strong> das estruturas através <strong>de</strong> forças<br />

horizontais (e verticais) H i<br />

r aplicadas nos centros <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> Gi das massas (Fig. 9.5.3) e<br />

são uma fracção <strong>do</strong> respectivo peso. Assim, para a fatia i po<strong>de</strong>ríamos tomar Hi = Wiα sen<strong>do</strong> α<br />

uma fracção da aceleração da gravida<strong>de</strong> g, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das sismicida<strong>de</strong>s da região on<strong>de</strong> se<br />

situa a obra. No entanto, hoje, a segurança às acções sísmicas é feita consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> não só um<br />

valor mais elabora<strong>do</strong> para α, mas calculan<strong>do</strong> os <strong>de</strong>slocamentos permanentes <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s aos<br />

sucessivos impulsos sísmicos. Ao valor <strong>de</strong> α é associa<strong>do</strong> um parâmetros S que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

tipo <strong>de</strong> solo. Os valores <strong>de</strong> α po<strong>de</strong>m obter-se <strong>do</strong> grau <strong>do</strong> sismo mais intenso ocorri<strong>do</strong> na<br />

região num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo suficiente largo.<br />

A B<br />

Hi = αWi<br />

H i<br />

C D<br />

as forças <strong>de</strong> percolação <strong>de</strong>vidas aos gradientes hidráulicos, as quais como sabemos, po<strong>de</strong>m ser<br />

IX-13<br />

G i<br />

P i<br />

W i<br />

FIG. 9.5.3<br />

Os momentos em relação ao centro <strong>do</strong> círculo das forças sísmicas po<strong>de</strong>m calcular-se a<br />

partir da expressão geral (9.16).<br />

Além <strong>do</strong>s sismos, outro tipo <strong>de</strong> forças <strong>de</strong> massa que po<strong>de</strong>riam ser consi<strong>de</strong>radas seriam<br />

9.16


ascen<strong>de</strong>ntes e reduzir substancialmente o peso <strong>do</strong> solo. Se traçarmos a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo<br />

previamente (para a qual há programas para PC), essas forças po<strong>de</strong>m imediatamente ser<br />

avaliadas e tomadas em consi<strong>de</strong>ração através das suas componentes horizontal e vertical.<br />

Note-se que mesmo para os sismos há que consi<strong>de</strong>rar acelerações verticais que reduzem<br />

e aumentam alternadamente o peso das fatias daí que, essas forças sejam também<br />

<strong>de</strong>sfavoráveis à estabilida<strong>de</strong> das obras <strong>de</strong> terra sobretu<strong>do</strong> nos solos pouco permeáveis e<br />

satura<strong>do</strong>s uma vez que o aumento <strong>do</strong> peso das fatias não se traduzirá num aumento das forças<br />

<strong>de</strong> atrito na superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento mas, tão somente no aumento das pressões <strong>de</strong> poro que<br />

reduzem a resistência <strong>de</strong> atrito. Estes efeitos só não são tão pronuncia<strong>do</strong>s porque as<br />

acelerações sísmicas mudam <strong>de</strong> sinal em fracções <strong>de</strong> segun<strong>do</strong>.<br />

As críticas que acabamos <strong>de</strong> formular levaram a tentativas para consi<strong>de</strong>rar superfícies <strong>de</strong><br />

escorregamento não circulares. Dessas tentativas há que referir as <strong>de</strong> Morgenstern<br />

(Géotechnique, March, 1965), Sarma (Géotechnique, nº 3, Sept., 1973) e mais recentemente o<br />

uso <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s variacionais, Castillo (IX Int. Conf. S.M.F.E., vol. 2, pp. 25-30, 1977), Baker<br />

(IX Int. Conf. S.M.F.E., vol. 2, pp. 9-12, 1977) e <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> programação matemática.<br />

9.6 - Análise com superfícies <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> directriz não circular<br />

Muitos são os casos práticos em que se justifica o uso <strong>de</strong> superfícies <strong>de</strong> escorregamento<br />

<strong>de</strong> directriz não circular.<br />

A Fig. 9.6.1 representa apenas um <strong>do</strong>s casos.<br />

Para uma discussão <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> análise com superfícies não circulares po<strong>de</strong>mos<br />

servir-nos <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> Luis Valenzuela, apresenta<strong>do</strong> no XI Seminário Nacional <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong>s<br />

Barragens, Fortaleza, Ceára, 28/11 a 31/12/76.<br />

A B<br />

E<br />

C D<br />

NUCLEO<br />

ARGILOSO<br />

ESTRATO ARGILOSO NA FUNDAÇÃO<br />

IX-14


FIG. 9.6.1<br />

Consi<strong>de</strong>remos então uma superfície <strong>de</strong> directriz não circular e dividamos a massa<br />

<strong>de</strong>slizante em n fatias por planos verticais normais ao eixo <strong>do</strong>s xx (Fig. 9.6.2 (a) e (b)).<br />

O<br />

y<br />

E i<br />

X i<br />

y =y (x)<br />

o o<br />

Mi<br />

Pi<br />

R<br />

P<br />

(i)<br />

FIG. 9.6.2 (a)<br />

Wi<br />

N i '<br />

ui<br />

FIG. 9.6.2 (b)<br />

Consi<strong>de</strong>remos as forças que actuam na fatia i. São elas o peso da fatia, as forças normal<br />

Ni e tangencial Ti na base e as forças normais Ei e Ei+1, nas faces laterais e as forças Xi e Xi+1<br />

tangenciais nas mesmas faces. Supõe-se que não há forças na superfície livre, mas se<br />

existissem po<strong>de</strong>riam ser tomadas em consi<strong>de</strong>ração.<br />

Q i<br />

T i<br />

Xi+L<br />

S<br />

Q<br />

E i+L<br />

∆yi<br />

Z i+L<br />

Vejamos quantas incógnitas temos, sen<strong>do</strong> n o número <strong>de</strong> fatias:<br />

n - forças Ni, normais, nas bases das fatias;<br />

n - forças Ti, tangenciais nas bases das fatias;<br />

x<br />

y=y(x)<br />

IX-15


n-1 - forças <strong>de</strong> impulso Ei nas faces verticais das fatias;<br />

n-1 - forças tangenciais Xi nas faces verticais das fatias;<br />

n - coor<strong>de</strong>nadas y ou (xi) <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> aplicação das forças Ni em cada<br />

fatia;<br />

n-1 - coor<strong>de</strong>nadas Zi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> aplicação das forças Ei;<br />

1<br />

6n<br />

− 2<br />

- coeficiente<br />

<strong>de</strong> segurança Fs<br />

- o número total <strong>de</strong> incógnitas<br />

O número <strong>de</strong> equações que po<strong>de</strong>mos escrever relacionan<strong>do</strong> essas incógnitas é <strong>de</strong> 4n, 3n<br />

equações <strong>de</strong> equilíbrio e n equações relativas a atrito e coesão nas base das fatias. Há, pois,<br />

que fazer 2n-2 hipóteses para levantar a in<strong>de</strong>terminação. As hipóteses comuns aos vários<br />

méto<strong>do</strong>s referem-se à localização <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> aplicação das forças Ni que se tornam nos<br />

pontos médios das fatias o que as supõe suficientemente <strong>de</strong>lgadas. Ficam assim n-2 hipóteses.<br />

Para resolver o problema, aparecem 4 autores com 4 tipos <strong>de</strong> hipóteses diferentes. Janbu<br />

arbitra os pontos <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong>s impulsos Ei, Morgenstern e Price arbitram a razão entre as<br />

forças Xi e Ei, Sarma arbitra os valores <strong>de</strong> Xi e Valenzuela consi<strong>de</strong>ra fatias horizontais em vez<br />

<strong>de</strong> fatias verticais e arbitra, ou melhor, indica uma forma <strong>de</strong> calcular Ei. Nestes méto<strong>do</strong>s é<br />

introduzida uma incógnita λ com vista a tornar o problema estaticamente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> uma<br />

vez que arbitrar a razão Ei sobre Xi ou o ponto <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> Ei ou os valores <strong>de</strong> Xi ou Ei<br />

introduz n-1 da<strong>do</strong>s e só havia n-2 incógnitas sem equações correspon<strong>de</strong>ntes. Note-se que nos<br />

méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Sarma e <strong>de</strong> Valenzuela em vez <strong>de</strong> se tomar o coeficiente Fs como coeficiente <strong>de</strong><br />

segurança toma-se, ou melhor, calcula-se o valor da aceleração horizontal como fracção da<br />

gravida<strong>de</strong> que levaria ao equilíbrio limite da massa <strong>de</strong>slizante <strong>de</strong> solo, limita<strong>do</strong> pela superfície<br />

escolhida.<br />

9.7 - Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Morgenstern e Price<br />

Consi<strong>de</strong>remos então o equilíbrio <strong>de</strong> uma fatia vertical (Fig.9.6.2 (b)). Projectemos todas<br />

as forças na direcção normal à base da fatia. Teremos:<br />

Ni = Wi cos αi - (Ei+1 - Ei) sen αi - (Xi+1 - Xi) cos αi. 9.17<br />

De mo<strong>do</strong> análogo para a projecção segun<strong>do</strong> a tangente<br />

Ti = Wi sen αi + (Ei+1 - Ei) cos αi - (Xi+1 - Xi) sen αi. 9.18<br />

IX-16


1<br />

F<br />

Então:<br />

Quanto a momentos po<strong>de</strong>remos calculá-los em relação ao ponto médio da base da fatia.<br />

- Ei<br />

⎛ | ∆yi<br />

| ⎞<br />

⎜ i − ⎟<br />

⎝ 2 ⎠<br />

⎛ | ∆y<br />

| ⎞<br />

i<br />

i<br />

Z + Ei+1 ⎜ Z i+<br />

1 − ⎟ + (Xi+1 + Xi)<br />

⎝ 2 ⎠<br />

2<br />

∆ x<br />

= 0<br />

Além <strong>de</strong>stas há que estabelecer a equação <strong>de</strong> Mohr-Coulomb para a fatia i.<br />

Ti = F<br />

1 '<br />

'<br />

[ c ∆ x cosα<br />

+ ( N −U<br />

) tgφ<br />

]<br />

i<br />

i<br />

/ i i i i<br />

on<strong>de</strong> Ui = ui × ∆si é a resultante das pressões <strong>de</strong> poro na base da fatia.<br />

Substituin<strong>do</strong> (9.19) em (9.20), <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> substituir (9.17) em (7.20), vem:<br />

{ [ ( ) ( ) ] } '<br />

'<br />

c ∆x<br />

/ cosα<br />

+ W cosα<br />

− E − E senα<br />

− X − X cosα<br />

−U<br />

tgφ<br />

× i i i i i i+<br />

1 i i i+<br />

1<br />

= Wi sen αi + (Ei+1 - Ei) cos αi - (Xii+1 - Xi) sen αi<br />

As equações (9.19) e (9.21) constituem um sistema <strong>de</strong> 2n equações, uma por cada fatia,<br />

a n-1 incógnitas Ei, n-1 incógnitas Xi e n-1 incógnitas Zi e uma incógnita F.<br />

Se arbitrarmos, como fez Morgenstern e Price, a razão entre Xi e Ei, a menos <strong>de</strong> um<br />

factor comum λ, teremos as relações:<br />

Xi = λ f(xi) Ei<br />

on<strong>de</strong> f(x) é uma função "razoável" que os autores tomam em princípio linear e na prática<br />

chegam a tomar constante. Sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> admitir que a razão entre Xi e Ei seja maior na zona <strong>de</strong><br />

maior curvatura da superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento (Fig. 9.6.2)(a)) manten<strong>do</strong> os senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s eixos<br />

e das forças <strong>de</strong>ssa figura, verifica-se que em média nos exemplos apresenta<strong>do</strong>s pelos autores,<br />

1<br />

o produto λ f(xi) não se afasta muito <strong>de</strong> - . Embora, os autores digam que os valores <strong>do</strong><br />

3<br />

coeficiente <strong>de</strong> segurança são relativamente pouco sensíveis ou mesmo insensíveis à escolha<br />

f(x), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que "razoável" será talvez <strong>de</strong> interesse fazer:<br />

1<br />

f(x) = +<br />

3<br />

2x<br />

− ( x'+<br />

x"<br />

)<br />

5(<br />

x"<br />

−x'<br />

)<br />

sen<strong>do</strong> x' a menor abcissa da massa <strong>de</strong>slizante e x" a maior, o que dará o valor 1/3 no ponto <strong>de</strong><br />

abcissa média da superfície <strong>de</strong>slizante, com uma variação <strong>de</strong> 1/5 para menos em x' e para<br />

mais em x". Desse mo<strong>do</strong>, será <strong>de</strong> esperar que na maioria <strong>do</strong>s casos a constante λ não se afaste<br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

=<br />

9.21<br />

9.19<br />

9.20<br />

9.22<br />

9.23<br />

IX-17


muito <strong>de</strong> -1. O sinal negativo está <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os senti<strong>do</strong>s escolhi<strong>do</strong>s para as forças Xi na<br />

Fig. 9.6.2 (a) que visivelmente estão ao contrário <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> real.<br />

Com a relação (9.23) substituída em (9.22) e <strong>de</strong>pois em (9.19) e (9.21) ficaremos com<br />

<strong>do</strong>is sistemas <strong>de</strong> 2n equações a 2n incógnitas, sen<strong>do</strong> n-1 incógnitas Ei e n-1 incógnitas <strong>de</strong> Zi e<br />

ainda as incógnitas F e λ.<br />

Vejamos como po<strong>de</strong>rá resolver-se, na prática, o problema da Fig. 9.7.1.<br />

x 0<br />

y<br />

1 2<br />

1<br />

3<br />

2 3<br />

4<br />

x<br />

4<br />

FIG. 9.7.1<br />

Começar-se-á por arbitrar um valor "razoável" para F, por exemplo F = 1,5 e para λ, por<br />

exemplo λ = -1 se usarmos a expressão (9.23). Substituin<strong>do</strong> os valores relativos à fatia 1 na<br />

equação (9.21) pon<strong>do</strong> Ei = Eo = 0 e Ei+1 = E1, calculamos E1; com esse valor seguin<strong>do</strong> para a<br />

fatia 2 calculamos E2 e assim sucessivamente até à fatia 7 (inclusive) on<strong>de</strong> calculámos E7 que<br />

é uma acção na fatia 8. Então, quan<strong>do</strong> passarmos ao equilíbrio <strong>de</strong>la já teremos um da<strong>do</strong> a<br />

mais. Ao mesmo tempo que vamos obten<strong>do</strong> os valores <strong>de</strong> Ei das equações (9.21), substituin<strong>do</strong><br />

nelas os Xi pelos seus valores tira<strong>do</strong>s <strong>de</strong> (9.22) com f(x) da<strong>do</strong> por (9.23), po<strong>de</strong>mos ir<br />

calculan<strong>do</strong> os correspon<strong>de</strong>ntes Zi das equações (9.19), chegan<strong>do</strong> também à última fatia, fatia<br />

8, com um da<strong>do</strong> a mais para o seu equilíbrio. Fazemos então aí ajustes em λ e em F <strong>de</strong><br />

maneira a conseguir o equilíbrio quer <strong>de</strong> forças (9.21) quer <strong>de</strong> momentos (9.19). Na resolução<br />

<strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> duas equações a duas incógnitas que então se obtém para o equilíbrio da última<br />

fatia (incógnitas F e λ) po<strong>de</strong>m vir duas ou mais soluções porque as equações <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> ser<br />

lineares em F e λ. Nesse caso, <strong>de</strong>vem escolher-se soluções <strong>de</strong> "bom senso", isto é, F>1, mas<br />

não muito maior que 1 e λ negativo. É que, como dizem Morgenstern e Price uma escolha<br />

errada <strong>de</strong> F e/ou λ, sobretu<strong>do</strong> neste último po<strong>de</strong> levar a divergências no processo como os<br />

autores mostram em "Computer Journal, vol. 9, nº 4, Feb. 1967, pp. 388/393". Fosse esse o<br />

caso, isto é, se ao fim <strong>de</strong> 20 iterações não se obtiver convergência a menos <strong>de</strong> 0,001 a 0,01 em<br />

5<br />

5<br />

6<br />

6<br />

7<br />

7<br />

8<br />

x 1<br />

IX-18


F e λ, há que repetir o processo fazen<strong>do</strong> se necessário λ = 0, quan<strong>do</strong> os valores <strong>de</strong> F não são<br />

razoáveis.<br />

9.8 - Crítica <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s relativos às superfícies <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento não circulares<br />

Como se acaba <strong>de</strong> ver, o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Morgenstern e Price po<strong>de</strong> levar a soluções<br />

divergentes por má escolha <strong>de</strong> f(x), por erros acumula<strong>do</strong>s no processo numérico envolvi<strong>do</strong> ou<br />

simplesmente porque, a superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento escolhida não é cinematicamente<br />

admissível. E o mesmo se po<strong>de</strong> dizer <strong>do</strong>s outros méto<strong>do</strong>s. Esses autores dizem<br />

(Géotechnique, March 1965) que tentaram o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Janbu on<strong>de</strong> se arbitra a linha <strong>do</strong>s<br />

impulsos que é o lugar geométrico <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> aplicação das forças Ei, a menos <strong>de</strong> um<br />

factor λ, para tornar o problema estaticamente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> e também encontraram<br />

divergências em alguns casos. Essa afirmação tem a ver com o facto <strong>de</strong> a superfície escolhida<br />

po<strong>de</strong>r ser estaticamente admissível sem o ser "cinematicamente", quer dizer, para que a<br />

superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento possa ser uma superfície real terá <strong>de</strong> ser possível o movimento da<br />

massa <strong>de</strong>slizante e esse movimento po<strong>de</strong> ser impedi<strong>do</strong> pela própria forma escolhida para a<br />

superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento a menos que possa haver "cortes" ou "rugas" na massa <strong>de</strong>slizante,<br />

casos aos quais correspon<strong>de</strong>riam situações em que as forças Ei seriam <strong>de</strong> tracção ou as forças<br />

Xi exce<strong>de</strong>riam as correspon<strong>de</strong>ntes forças máximas <strong>de</strong> corte calculadas pela lei <strong>de</strong> Mohr-<br />

Coulomb.<br />

A situação po<strong>de</strong> ainda complicar-se mais se os solos forem heterogéneos. Portanto, a<br />

solução encontrada em qualquer méto<strong>do</strong> só po<strong>de</strong> tomar-se por segura se nenhum <strong>do</strong>s<br />

impulsos Ei vier negativo e se as forças Xi calculadas não exce<strong>de</strong>rem as correspon<strong>de</strong>ntes<br />

forças <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong> solo ao corte e que em média são dadas por:<br />

(Xi)máx ≤ c '<br />

i [yo(xi) - y(xi)] + E’i tg φ '<br />

i<br />

on<strong>de</strong> yo(xi) e y(xi) são as or<strong>de</strong>nadas da superfície livre e da <strong>de</strong> escorregamento<br />

respectivamente, na vertical on<strong>de</strong> se calcula Xi e c '<br />

i<br />

e φ '<br />

i<br />

9.24<br />

são a coesão e ângulo <strong>de</strong> atrito<br />

médios na mesma vertical e E '<br />

i = Ei - U i [yo(xi) - y(xi)] é a força <strong>de</strong> compressão efectiva entre<br />

as fatias, sen<strong>do</strong> U i o valor médio da pressão <strong>de</strong> poro ao longo da referida vertical.<br />

9.9 - Um Novo Méto<strong>do</strong><br />

IX-19


on<strong>de</strong><br />

vem<br />

Z i<br />

E i<br />

X i<br />

Q<br />

P<br />

x<br />

∆ i<br />

kWi X i+1<br />

Pi<br />

W i<br />

FIG. 9.9.1<br />

S<br />

R<br />

α<br />

T i i<br />

E i+1<br />

Z i+1<br />

Ni N' i = Ni -U i<br />

Ui = ui<br />

QR<br />

ui = pressão neutra média em<br />

QR=∆ Si<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o equilíbrio horizontal e vertical da fatia i (Fig. 9.9.1) teríamos:<br />

Ti = Wi senαi + kWi cosαi + (Ei+1 - Ei) cosαi - (Xi+1 - Xi) senαi<br />

Ni = Wi cosαi - kWi senαi - (Ei+1 - Ei) senαi - (Xi+1 - Xi) cosαi<br />

Xi+1 - Xi = ∆Xi e Ei+1 - Ei = ∆Ei<br />

Por outro la<strong>do</strong>, na superfície <strong>de</strong> escorregamento o critério <strong>de</strong> Mohr-Coulomb dá:<br />

'<br />

tg i<br />

Ti = (Ni - Ui)<br />

F<br />

c i<br />

'<br />

φ<br />

+<br />

F<br />

× ∆xi sec αi,<br />

Eliminan<strong>do</strong> Ti e Ni entre (9.25), (9.26) e (9.28) ten<strong>do</strong> em conta (9.27) e fazen<strong>do</strong><br />

tg φ '<br />

"<br />

i /F = tg φ i e '<br />

ci F<br />

Wi sen αi + kWi cos αi + ∆Ei cos αi - ∆Xi sen αi =<br />

= c "<br />

i ,<br />

9.25<br />

9.26<br />

9.27<br />

9.28<br />

9.28’<br />

IX-20


ou seja,<br />

Sen<strong>do</strong><br />

vem<br />

= Wi cos αi tg φ "<br />

i - kWi sen αi tg φ "<br />

i - ∆Ei sen αi tg φ "<br />

i - ∆Xi cos αi tg φ "<br />

i -<br />

- Ui tg φ "<br />

i<br />

+ c "<br />

i × ∆xi sec αi<br />

"<br />

Wi ( cosα itgφ<br />

i − senα<br />

i ) - kWi ( i i<br />

i )<br />

tg sen α φ<br />

"<br />

α + cos - ∆Ei ( i i<br />

i )<br />

tg sen α φ α cos<br />

"<br />

- ∆Xi ( cos α tgφ − senα<br />

) = Ui tg φ "<br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

- c "<br />

i ∆xi sec αi.<br />

cosα<br />

senφ<br />

− senα<br />

cosφ<br />

cos αi tg φ "<br />

i - sen αi =<br />

i<br />

"<br />

i<br />

"<br />

cosφi<br />

sen αi tg φ "<br />

i + cos αi<br />

"<br />

i i<br />

= "<br />

cos i<br />

sen senα<br />

φ +<br />

φ<br />

Wi<br />

o que implica<br />

sen<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

"<br />

cosφi = Ui tg φ "<br />

i<br />

i<br />

- kWi<br />

- c "<br />

i ∆xi sec αi<br />

cos<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

cosφ<br />

"<br />

i<br />

i<br />

i<br />

"<br />

i<br />

cosα<br />

cosφ<br />

- ∆Ei<br />

∆Xi = Wi - kWi cotg ( φ −αi<br />

) "<br />

- ∆Ei cotg ( φ −α<br />

) "<br />

+ c "<br />

i ∆xi sec αi<br />

i<br />

"<br />

cosφ<br />

i<br />

" ( φ − )<br />

sen α<br />

Admitin<strong>do</strong> que ∆Ei = λψi<br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

cos<br />

i<br />

"<br />

i<br />

=<br />

=<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

cosφ<br />

- Ui<br />

"<br />

i<br />

i<br />

sen<br />

sen<br />

cos<br />

" + -<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

"<br />

cosφi " ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

cosφ<br />

- ∆Xi<br />

"<br />

senφ<br />

i<br />

" ( φ −αi<br />

)<br />

i<br />

"<br />

i<br />

sen<br />

+<br />

i<br />

i<br />

,<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

"<br />

cosφi on<strong>de</strong> ψ(x) é uma função apropriada que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da posição da fatia (*) , vem em (9.31)<br />

∆Xi = Wi - kWi cotg ( φ −α<br />

) "<br />

- λψi cotg ( φ −α<br />

) "<br />

+ c "<br />

i ∆xi sec αi<br />

i<br />

"<br />

cosφ<br />

i<br />

" ( φ − )<br />

sen α<br />

i<br />

Soman<strong>do</strong> em or<strong>de</strong>m a i e aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a que ∑ =<br />

i<br />

i<br />

i<br />

n<br />

i 1<br />

i<br />

∆X<br />

i<br />

- Ui<br />

sen<br />

= 0, vem:<br />

"<br />

senφ<br />

i<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

(*) - Po<strong>de</strong>ria, por exemplo usar-se uma lei parabólica com valor máximo próximo <strong>do</strong> ponto central da massa<br />

<strong>de</strong>slizante e valores nulos nas extremida<strong>de</strong>s.<br />

i<br />

i<br />

+<br />

i<br />

=<br />

9.31<br />

9.32<br />

9.33<br />

9.29<br />

9.30<br />

IX-21


k ∑ =<br />

n<br />

Wi<br />

i 1<br />

i 1<br />

"<br />

cotg ( ) α −<br />

i i φ + λ ∑<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

"<br />

cosφ<br />

+ ∑ c"<br />

i ∆Xi sec αi ×<br />

=<br />

sen α<br />

n<br />

i<br />

" ( φ − )<br />

i<br />

ψ cotg ( φ −α<br />

) "<br />

i<br />

i<br />

- ∑ =<br />

n<br />

U i<br />

i 1<br />

i<br />

sen<br />

i<br />

= ∑ =<br />

"<br />

senφ<br />

n<br />

Wi<br />

i 1<br />

i<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

Consi<strong>de</strong>re-se o equilíbrio geral da massa <strong>de</strong>slizante e tomem-se momentos <strong>de</strong> todas as<br />

forças em relação ao centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> G(xG, yG) <strong>de</strong>ssa massa. A soma <strong>do</strong>s momentos <strong>de</strong><br />

Wi em relação a esse ponto é nula e nulas também são as somas <strong>do</strong>s momentos <strong>de</strong> Xi e Ei<br />

porque, essas forças constituem pares com sinais contrários. Então, as forças que dão<br />

momentos são Ni e Ti e esses momentos são:<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

( Ti<br />

senα<br />

i + N i cosα<br />

i ) (xi - xG) + ∑ Ti<br />

cosα i − N isenα<br />

i (yi - yG) = 0<br />

=<br />

Sen<strong>do</strong> Ti sen αi + Ni cos αi = Wi - ∆Xi<br />

i 1<br />

e Ti cos αi - Ni sen αi = kWi + ∆Ei = kWi + λψi<br />

resulta em (9.35)<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

( Wi<br />

− ∆X<br />

i )( xi<br />

− xG<br />

) + ∑ ( kWi<br />

+ λψ i )( yi<br />

− yG<br />

) = 0<br />

= 1<br />

Entran<strong>do</strong> em (9.36) com o valor <strong>de</strong> ∆Xi da<strong>do</strong> por (9.33) vem:<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

+ ∑ =<br />

kWi<br />

cot g(<br />

φ " i −α<br />

i )( xi<br />

− xG<br />

) + ∑<br />

= 1<br />

n<br />

i 1<br />

+ ∑ =<br />

o que implica:<br />

k ∑ =<br />

n<br />

kWi<br />

i 1<br />

n<br />

kWi<br />

i 1<br />

n<br />

+ λ ∑ =<br />

i 1<br />

⎡<br />

⎢U<br />

⎣<br />

i<br />

i<br />

i<br />

n<br />

λψ i cotg (φ "<br />

i<br />

i<br />

+<br />

i - αi) (xi - xG) +<br />

( ) ( ) ⎥ "<br />

"<br />

senφ<br />

⎤<br />

i<br />

'<br />

cosφi<br />

− ci∆x<br />

i sec α i<br />

(xi - xG) +<br />

"<br />

"<br />

sen φi<br />

−α i<br />

sen φi<br />

−α<br />

i ⎦<br />

n<br />

(yi - yG) + ∑ =<br />

i 1<br />

λψ (yi - yG) = 0<br />

i<br />

" [ cot g( − α )( x − x ) + ( y − y ) ]<br />

φ +<br />

i<br />

i<br />

i<br />

"<br />

ψi [ cot g( − α )( x − x ) + ( y − y ) ]<br />

G<br />

φ =<br />

i<br />

i<br />

i<br />

G<br />

i<br />

i<br />

G<br />

G<br />

9.34<br />

9.35<br />

9.36<br />

IX-22


dá ∆Xi.<br />

n<br />

= ∑ =<br />

i 1<br />

( ) ( ) ⎥ ⎥<br />

⎡<br />

"<br />

" ⎤<br />

"<br />

cosφi<br />

senφi<br />

⎢ci<br />

∆xi<br />

sec α i<br />

−U<br />

i<br />

(xi - xG) 9.37<br />

"<br />

"<br />

⎢⎣<br />

sen φi<br />

−α<br />

i sen φi<br />

−α<br />

i ⎦<br />

Determinação das incógnitas<br />

O sistema <strong>de</strong> equações (9.34) e (9.37) fornece k e λ. Conhecidas k e λ a relação (9.33)<br />

Os valores Xi <strong>de</strong>terminam-se recursivamente a partir <strong>de</strong> Xo = 0, Xi+1 = Xi+∆Xi<br />

Os ∆Ei <strong>de</strong>terminam-se a partir <strong>de</strong> (9.32). Os valores <strong>de</strong> Ei <strong>de</strong>terminam-se<br />

recursivamente a partir <strong>de</strong> Eo = 0, Ei+1 = Ei + ∆Ei.<br />

A partir das forças Ei a or<strong>de</strong>nada Zi po<strong>de</strong> ser obtida a partir da equação <strong>de</strong> momentos<br />

toma<strong>do</strong>s em cada fatia em relação ao ponto médio da base:<br />

- Ei<br />

⎛ ∆yi<br />

⎞<br />

⎜ i − ⎟<br />

⎝ 2 ⎠<br />

⎛ ∆y<br />

⎞<br />

i<br />

i<br />

Z + Ei+1 ⎜ Z i+<br />

1 + ⎟ + kWi × Zoi + (Xi +1 + Xi)<br />

⎝ 2 ⎠<br />

2<br />

∆ x<br />

= 0,<br />

recursivamente, sen<strong>do</strong> Eo = 0, Xo = 0, e fazen<strong>do</strong> i = 0, 1, 2, ..., n-1 sucessivamente em (9.38),<br />

calculan<strong>do</strong> então Z1, Z2, . . ., Zn-1. Zoi é a distância vertical <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da fatia i ao<br />

ponto médio da base, aproximadamente igual a meta<strong>de</strong> da altura da fatia.<br />

i<br />

Zi+1 = -<br />

2<br />

∆ y<br />

+<br />

E<br />

E i ⎛ ∆yi<br />

⎞<br />

⎜ i − ⎟⎠<br />

i+<br />

1 ⎝ 2<br />

Z - k<br />

W i<br />

Zoi -<br />

E<br />

i+<br />

1<br />

( X<br />

i+<br />

1 +<br />

E<br />

i+<br />

1<br />

X<br />

i<br />

) ∆ xi<br />

2<br />

O processo <strong>de</strong> cálculo consiste em, arbitrar um valor para F e calcular pelas equações<br />

(9.34) e (9.37) as incógnitas k e λ. Se não houver sismos k <strong>de</strong>verá ser nulo. Se o não for<br />

<strong>de</strong>verá dar-se um incremento a F, substituin<strong>do</strong> o novo valor <strong>de</strong> F em (9.28) e repetin<strong>do</strong> o<br />

cálculo. Po<strong>de</strong> terminar-se o processo iterativo quan<strong>do</strong> ⎢k⎢< 0,01. Se obtivermos k < 0<br />

<strong>de</strong>veremos reduzir F; se obtivermos k > 0 <strong>de</strong>veremos aumentar F. Na prática, verifica-se que<br />

pequenas variações <strong>de</strong> F dão gran<strong>de</strong>s variações para k. Deve, pois, partir-se <strong>de</strong> um valor<br />

"razoável" para F (por exº. F = 1,5) e aplicar pequenas variações a F em cada iteração <strong>do</strong><br />

cálculo. Observa-se que, como nos outros méto<strong>do</strong>s para superfícies <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento não<br />

circulares, por vezes a convergência é dificil.<br />

9.10 - Exemplos<br />

1º - A barragem <strong>de</strong> terra é homogénea e o solo (argiloso) com as seguintes características<br />

(Fig. 9.10.1):<br />

9.38<br />

9.39<br />

IX-23


peso específico γ = 23,2 kN/m 3<br />

coesão c' = 17 kN/m 2<br />

ângulo <strong>de</strong> atrito φ' = 37,5º<br />

coeficiente <strong>de</strong> pressão neutra ru = B = 0,40<br />

(2+3/4):1<br />

TAPETE DE DRENAGEM<br />

80.00 mts<br />

Determinar o coeficiente <strong>de</strong> segurança:<br />

FIG. 9.10.1<br />

a) Pelo méto<strong>do</strong> das fatias (Fellenius).<br />

b) Pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Bishop.<br />

c) Pelo méto<strong>do</strong> novo.<br />

d) Pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Morgenstern.<br />

Resposta: a) F = 1,38. b) F = 1,52.<br />

"bed-rock"<br />

43.60 mts<br />

2º - Consi<strong>de</strong>re-se um aterro com a altura <strong>de</strong> 7,00 metros sobre uma argila com as<br />

características da Fig. 9.10.2.<br />

Admita-se que:<br />

γarg = 17 kN/m 3<br />

Resposta: Fs = 1,62<br />

6.00<br />

1<br />

argila C u =40kPa =40kN/m2<br />

2<br />

FIG. 9.10.2<br />

aterro<br />

Ø=30º,C=0<br />

v =19.50 kN/m3<br />

3º - Calcular o coeficiente <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> um monte <strong>de</strong> bauxite com as dimensões e<br />

características da Fig. 9.10.3 assente na formação argilosa com as características indicadas.<br />

7.00<br />

IX-24


Admitir para as argilas saturadas o peso específico <strong>de</strong> 17 kN/m 3 . Consi<strong>de</strong>rar em<br />

primeiro lugar o círculo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento indica<strong>do</strong> <strong>de</strong> centro Co.<br />

a) Resposta: F = 1,08<br />

AB = 13,44 ; AC ' = 7,74 ; C' B =5,70<br />

b) Consi<strong>de</strong>rar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> círculos em torno <strong>de</strong> Co, com ∆x = ∆y = 0,50<br />

1.52<br />

1.32<br />

1.32<br />

8.89<br />

A<br />

argila mole<br />

argila compacta<br />

7.63<br />

argila menos compacta<br />

argila branda azul<br />

3.05<br />

C u = 5 kPa<br />

C u = 64.6 kPa<br />

C u = 29.4 kPa<br />

C u = 17.7 kPa<br />

FIG. 9.10.3<br />

C<br />

bauxite<br />

Ø=36º<br />

v =16.35kN/m2<br />

4º - Calcular o coeficiente <strong>de</strong> segurança ao escorregamento geral da escavação entivada da Fig<br />

9.10.4.<br />

Forças nas escoras N = 10kN<br />

Escoras espaçadas 2m → F = 5 kN/m<br />

15 kPa<br />

4.80<br />

COMPRIMENTO<br />

L<br />

0.60<br />

2.40 0.60<br />

0.60<br />

C u =12kPa<br />

FIG. 9.10.4<br />

8.30<br />

P=15kPa<br />

C u =12kPa<br />

v=19kPa<br />

Q i<br />

B<br />

11.70<br />

IX-25


5º - Consi<strong>de</strong>re-se o aterro indica<strong>do</strong> na Fig. 9.10.5.<br />

segurança.<br />

Calcular para vários círculos com centros sobre a vertical x=5,00m o coeficiente <strong>de</strong><br />

xo=5,00; yo=35,00 Ro=39m<br />

x1=5,00; y1=39,00 R1=43m<br />

x2=5,00; y2=51,00 R1=55m<br />

Resposta: Para R1 = 43m, F = 1,70,<br />

2.00<br />

2.00<br />

Para R2 = 55m, F = 1,22.<br />

y=20.4kN/m3<br />

C<br />

u<br />

= 0,Ø<br />

u<br />

=30º<br />

v = 18 kN/m3<br />

v = 16 kN/m3<br />

v = 11.8 kN/m3<br />

12.00 C u = 50 kPa<br />

1:10<br />

C u = 50 k Pa<br />

C u = 50 k Pa<br />

R 1 =43m<br />

5 m<br />

13.33 m<br />

areia<br />

FIG. 9.10.5<br />

R = 39m<br />

0<br />

R = 43m<br />

1<br />

R = 55m<br />

2<br />

ARGILA POUCO COMPACTA<br />

2<br />

"bed-rock"<br />

6º - Calcular o coeficiente <strong>de</strong> segurança para o talu<strong>de</strong> da Fig. 9.10.6 pelos méto<strong>do</strong>s a) <strong>de</strong><br />

Bishop, b) <strong>de</strong> Fellenius e c) novo méto<strong>do</strong>.<br />

Resposta: a) Centro CB (12,00, 16,00) dá F ≥ 1,40.<br />

(m) x'<br />

b) Centro CF (10,00, 10,00) dá F ≥ 1,18.<br />

β<br />

1/2<br />

tang β=<br />

0.50<br />

16 m 6 m 0 m<br />

y' (m)<br />

8.00 m<br />

5.00<br />

"bed-rock"<br />

FIG. 9.10.6<br />

C' = 0<br />

C' = 15 K Pa<br />

ψ'<br />

= 38º<br />

y = 20.2 kN/m3<br />

-1.50<br />

1<br />

ψ' = 36º<br />

y = 20.2 kN/m3<br />

x<br />

30 kN/m2<br />

F=75 kN/m<br />

IX-26


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

-ASTM Designation D. 4945, Standard test method for high-strain dynamic testing of<br />

piles”.“Procedure for dynamic load test on piles”<br />

-Baker e Garber, (1977) 9th Int. Conf. S.M.F.E., vol. 2, pp. 9-12, Tóquio, Julho<br />

-Bergdahl V, Ottosson E., Malenborg B. S. (1993) “Pllattgrundlagging” (shallow<br />

foundations) in Swedish<br />

-Bishop A. (1955) Géotechnique, Jan. pp.8-17<br />

-Bowles, J. E. (1974) Analytical and Computer Methods in Foundations Engineering.<br />

McGraw Hill Book Co., N.Y.<br />

-Bowles, J. E. (1990) Foundations Analysis and Design, 3rd ed. McGraw Hill Book<br />

Co., N.Y.<br />

-Bowles, J. E. (1996) Foundations Analysis and Design, 5 th ed. McGraw Hill Book<br />

Co., N.Y.<br />

-Cambfort, H. (1966) Les Ouvrages Ancrées au Sol, Travaux, Mai<br />

-Campos e Matos, A. Viana da Fonseca , A. et al. (2000) “Concepção e<br />

Dimensionamento <strong>de</strong> Fundações”, FEUP, Porto (textos)<br />

-Castillo e Revilla, (1977) 9 th Int. Conf. S.M.F.E., vol. 2, pp. 25-30, Tóquio, Julho<br />

-Centro <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> U.E.G. (Brasil), (1973) Curso <strong>de</strong> Actualização em Fundações<br />

-Chellis (1961) “Pile load tests”<br />

-Correia, A. FG. Et al. (1996) “Mecânica <strong>do</strong>s solos e <strong>fundações</strong> II”, IST, Lisboa<br />

-Craig, R. F. (1987) “Soil Mechanics” 6th ed., 1987, VanNostrand Reinhold Cº.<br />

Workingham, Berkshire, UK<br />

-D’ Arga e Lima, J. et al. (1986) Betão Arma<strong>do</strong>. Esforços Normais e <strong>de</strong> Flexão, LNEC<br />

-DIN 4094-100: “Soil verification of earthworks and foundation, part 100: analysis in<br />

accordance with the partial safety concept” Jan. 1996<br />

-DIN 4094 Suplement 1 “Soil exploration by penetration testing: aids to application”,<br />

supplementary information. Dez. 1990<br />

-Duarte, Ana Paula Assis, A. (1997) “Comparação <strong>de</strong> vários processos numéricos para o<br />

cálculo <strong>de</strong> esforços em maciços <strong>de</strong> estacaria”, Tese <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>, U.M. Braga<br />

-EC7, Part 3 pr ENV 1997-3: 1996 “Geotechnical <strong>de</strong>sign assisted by field tests”, Final<br />

Draft, May 1996<br />

-Euroco<strong>de</strong> 7 (EC7) (1994) “Geotechnical <strong>de</strong>sign. General rules”, CEN, Comissão<br />

Europeia <strong>de</strong> normalização. Documento Nacional <strong>de</strong> Aplicação (DNA). Versão<br />

Portuguesa, 1997<br />

-Folque, J. (1976), “Características mecânicas <strong>de</strong> solos <strong>de</strong>duzidas <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong><br />

penetração”, Geotecnia, nº 17 (artigo fotocopia<strong>do</strong> em “Concepção e dimensionamento<br />

<strong>de</strong> <strong>fundações</strong>”, Campos e Matos, 2000, FEUP, pág. 34<br />

-Folque, J. (1979) Fundações, Recomendações Gerais, LNEC<br />

-Fox, E.N. (1948) proc. 2 nd Int. Conf. S.M.F.E., vol. 1 pp. 129-132<br />

-Giraud, J.P. (1973) Tables pour le calcul <strong>de</strong>s Foundations, Dunod, Paris<br />

-Graux, D. (1990) Resistance <strong>de</strong>s Pieux à la Traction, Annales <strong>de</strong> l’I.T.B.T.P., nº 276,<br />

<strong>de</strong>c. Serie Theorie et Mét. <strong>de</strong> Calcul, Paris<br />

-Gregerson et. al. (1973) Load Tests, 8 th Int. Conf. SMFE., vol. 2.1, pp. 109-117<br />

-Gue<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Melo, P. (1993) “Talu<strong>de</strong>s naturais em solos. Técnicas <strong>de</strong> estabilização e seu<br />

dimensionamento”, tese <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong>, FCT, UNL, Lisboa (Monte da Caparica)<br />

Imprensa Nacional, Regulamento <strong>de</strong> Betão Arma<strong>do</strong> e Pré-reforça<strong>do</strong>, (REBAP) Lisboa,<br />

1986<br />

RB-1


-Imprensa Nacional. Regulamento <strong>de</strong> Segurança e Acções, (1983) (RSA), Lisboa<br />

-Int. Soc. Soil Mech F. Eng. “Subcommite on field and slab. Testing”Axial Pile<br />

Loading Test. Suggested Method, ASTM Journal, June, 1985, 79-90<br />

-Janbu, N.L. (1955) “Application of composite slip surfaces for stability analysis”, Proc.<br />

of the European conf. on stability of earth slopes, vol. 3., Sockkolm<br />

-Lemos, V. Boletim da FEUP nº 29, Maio 1979<br />

-LNEC Ancoragens, Seminário nº 217, Março 1971<br />

-Lourenço, P. B. “Betão pré-esforça<strong>do</strong>”, textos da disciplina na U.M.<br />

-Marcello <strong>de</strong> C. Moraes (1976) Estruturas <strong>de</strong> Fundação, McGraw Hill Book Co.,N.Y.<br />

-Martins, J. B. (1979) “Fundações” U.M., Guimarães<br />

-Martins, J.B. (1979) Fundações, Apontamentos, FEUP<br />

-Martins, J.B. (1980) Caracterização <strong>de</strong> Terrenos <strong>de</strong> Fundação, Boletim nº 30 da FEUP,<br />

Gab. Estruturas<br />

-Martins, J.B.(1982) Prospecção Geotécnica e Ensaios <strong>de</strong> Campo, UM<br />

-Maurice, Lenci et al. (1968), Annales <strong>de</strong>s Ponts et Chaussés, Nov./Dec.<br />

-Meyerhof, G.G. (1976) “Bearing capacity and settlement of pile foundations”, Journal<br />

G. Eng. Div. ASCE, 102, GT 3, March pp. 195-228<br />

-Ministério <strong>de</strong> Fomento, 1998, “EH-91 Instruccion para el proyecto y la ejecucion <strong>de</strong><br />

obras <strong>de</strong> hormigon en massa o arma<strong>do</strong>”, Madrid (norma espanhola <strong>de</strong> B. A.)<br />

-Montoya Hormigon Arna<strong>do</strong>, Dossat, Barcelona<br />

-Morgenstern et Price (1967) Computer Journal, vol. 9 nº 4, Feb. pp. 388-393<br />

-Morgenstern N.R. and Price V.E. (1965) “The analysis of the stability of general slip<br />

surfaces”, Geotechnique, vol. 8, 3, p. 113<br />

-Morgenstern N.R. and Price V.E. (1967) “A numerical method for solving the<br />

equations of stability of general slip surfaces”, Computer Journal, vol. 9, 4, pp 388-393<br />

-Poulos, H. G. (1971 a) “Behavior of laterally loa<strong>de</strong>d piles. I single piles”. J. Soil Mech.<br />

Found. DIV., ASCE, vol. 97, 5 May, pp. 711-731<br />

-Poulos, H. G. (1971 b) “Behavior of laterally loa<strong>de</strong>d piles. II pile Groups”. J. Soil<br />

Mech. Found. DIV., ASCE, vol. 97, 5 May, pp. 733-751<br />

-Poulos, H. G. (1972 c) “Behavior of laterally loa<strong>de</strong>d piles. III Socketed piles”. J. Soil<br />

Mech. Found. DIV., ASCE, vol. 98, 4 April, pp. 341-360<br />

-Poulos, H.G. Proc. A.S.C.E. Soil Mech. 1, Jan 1975, pp 19-34<br />

-Poulos, H.G. (1979) “Group factors for pile-<strong>de</strong>flection estimation”, Journal of G. Eng.<br />

Div., ASCE, 105, GT 12, Dec, pp. 1489-1509<br />

-Poulos, H.G. and Davis, E.H. (1980) “Pile foundation analysis and <strong>de</strong>sign”, Wiley,<br />

N.Y.<br />

-Poulos, H.G. e E.H. Davis (1974) Elastic solutions for Soil and Rock Mechanics, John<br />

Willey, N.Y.<br />

-Ran<strong>do</strong>lph, M. F. (1981) “The response of flexible piles to lateral loading”<br />

Geotechnique, Lon<strong>do</strong>, Vol. 31, nº 2 pp. 247-259<br />

-Rowe, P. W. 1952, “Anchored sheet pile retaining walls”, Proc. Inst. C. E., Lon<strong>do</strong>n,<br />

pp. 27-70<br />

-Sanglerat G. (1972) “The penetrometer and soil exploration”, Elsevier, Amsterdam,<br />

pp.464<br />

-Santos, J. A. (1999) “Caracterização <strong>de</strong> solos através <strong>de</strong> ensaios dinâmicos e cíclicos <strong>de</strong><br />

torção. Aplicação ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong> estacas sob acções horizontais<br />

estáticas e dinâmicas”. Tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento, IST, Lisboa<br />

-Sarma (1973) Géotechnique, nº 3, Sept.<br />

-Schmertmann, J.H. (1970) “Static cone to compute settlement over sand” J. Soil Mech.<br />

Found. Engng Div., ASCE, 96 SM3, May pp.1011-1043<br />

RB-2


-Schmertmann, J.H., Hartman J.P., Brown P.R. (1978) “Improved strain influence factor<br />

diagram” J. Geotech. Engng. Div., ASCE, 104, GT8, August, pp. 1131-1135<br />

-Silva Car<strong>do</strong>so A. (1990) “Estacas solicitadas axialmente, isoladas e grupos...”FEUP,<br />

textos <strong>de</strong> apoio<br />

-Silvério Coelho (1996) “Tecnologia das Fundações”, Esc. Profiss. Gustavo Eifel,<br />

Ama<strong>do</strong>ra<br />

-Spenser, E. (1973) “Thrust line criterion in embankment stability analysis”,<br />

Geotechnique, vol. 23, nº 1, 85-100<br />

-Steinbrenner, W. Tafeln zur Setzungsberechnung. Die Strasse, vol. 1, Oct. pp. 121-124<br />

-Terzaghi, K. and R.B. Peck (1967) Soil Mechanics in Engineering Practice, 2nd ed.,<br />

John Willey, N. Y.<br />

-Timoshenko, S. (1934) Theory of Elasticity, McGraw Hill Book Co., N.Y.<br />

-Tomlinson, M. J. (1981) “Pile <strong>de</strong>sign and construction practice”, Viewpoint<br />

publications<br />

U.S. Army Corps of Engineers (1993) Technical Engineering and <strong>de</strong>sign gui<strong>de</strong>s, nº 7<br />

“Bearing capacity of soils”, ASCE, Press.<br />

-Valenzuela, Luis (1976), XI Seminário Nacional <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong>s Barragens, Fortaleza,<br />

Ceará, Brasil, Nov.<br />

-Van <strong>de</strong>r Veen (1973) “Load Tests” 8 th Int. Conf. S.M.F.E., Moscow, vol. 2.1, pp<br />

251/256.<br />

-Van Langen<strong>do</strong>uck, Telémaco “Concreto Arma<strong>do</strong>”, vol. II, 1970<br />

-Winterkorn, H. F. and H. Y. Fang (1975) Foundations Engineering Handbook, Van<br />

Nostrand Reinhold, Co. N. Y.<br />

RB-3


UNIVERSIDADE DO MINHO<br />

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />

MEYERHOF<br />

B<br />

P<br />

(TERZAGHI)<br />

FUNDAÇÕES<br />

(EXºS+EXAMES)<br />

por<br />

J. BARREIROS MARTINS<br />

2ª Edição UM, Braga 1991<br />

q<br />

h= Σhi


3ª Edição UM, Guimarães 2002


Fundacoes02AnexExams95-2000<br />

Ex.1<br />

UNIVERSIDADE DO MINHO<br />

LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL<br />

Disciplina <strong>de</strong> Fundações (4º ano)<br />

Notas dispersas <strong>de</strong> Exercícios e Exames (1998-2000)<br />

Um pilar <strong>de</strong> dimensões 70×70cm 2 está submeti<strong>do</strong> na sua base aos seguintes esforços:<br />

Acções permanentes: V = 900 kN<br />

H = 0<br />

Acções variáveis: V = 3000 kN<br />

(Nota - as acções variáveis são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes)<br />

H = 300 kN<br />

A fundação directa <strong>de</strong>sse pilar tem uma<br />

altura <strong>de</strong> 0,80 m e vai ser fundada a 1.8 m<br />

<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (ver Figura ).<br />

Dimensione a fundação <strong>de</strong>ste pilar <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com a filosofia <strong>do</strong> Eurocódigo 7.<br />

Ex.2<br />

Consi<strong>de</strong>re a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga “última” <strong>de</strong> uma fundação<br />

q ult=cN cα c+pN qα q+1/2γBN γα γ<br />

γ=22kN/m 3 c’k=20 kN/m 2 φ’k=32º<br />

e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projecto q d, obtida com um coeficiente parcial <strong>de</strong> segurança Fs para a<br />

coesão e para a tangente <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito.<br />

Mostre, se quiser através <strong>de</strong> um exemplo, que q d é diferente <strong>de</strong> q ult/Fs.<br />

Ex.3<br />

V<br />

H<br />

1.0 m<br />

0.8 m<br />

1/21


a) Numa fundação por sapatas “contínuas” com base em terrenos heterogéneos e receben<strong>do</strong><br />

cada uma cargas <strong>de</strong> vários pilares, que cálculos po<strong>de</strong>ria fazer para garantir a obtenção <strong>de</strong><br />

momentos flectores máximos (positivos e negativos)? Se quiser po<strong>de</strong> usar como exemplo uma<br />

sapata receben<strong>do</strong> 3 pilares.<br />

b) Quais as consequências da heterogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong> terreno em termos <strong>de</strong> disposição e valores<br />

das armaduras?<br />

Ex.4<br />

Na figura apresenta-se a planta <strong>de</strong> um edificio <strong>de</strong> 20 andares, com pé direito <strong>de</strong> 2,90m (entre<br />

planos médios <strong>de</strong> andares sucessivos), pavimentos <strong>de</strong> lajes aligeiradas sobre vigotas préesforçadas.<br />

a) Estime a carga máxima por pilar (veja o RSA e o REBAP) para os casos:<br />

i) acção <strong>de</strong> base sobrecarga<br />

ii) acção <strong>de</strong> base vento<br />

b) Dimensione, para a combinação mais <strong>de</strong>sfavorável, a sapata mais carregada.<br />

Ex.5<br />

5m<br />

5m<br />

10m 10m 10m<br />

Consi<strong>de</strong>re a sapata <strong>de</strong> forma irregular da figura com uma carga <strong>de</strong> 2000 kN aplicada no ponto<br />

F.<br />

a) Determine os eixos principais centrais <strong>de</strong> inércia e os respectivos momentos <strong>de</strong> inércia.<br />

b) Calcule as tensões nos pontos A, B, D, E.<br />

c) Obtenha a posição <strong>do</strong> eixo neutro.<br />

2/21


Ex.6<br />

A<br />

0.80m<br />

E<br />

•<br />

F<br />

D<br />

B C<br />

0.80m<br />

1.70m<br />

Consi<strong>de</strong>re o plano <strong>de</strong> cargas para a sapata da figura, on<strong>de</strong> os pilares têm 0,60x0,60 m 2 , sen<strong>do</strong>:<br />

0.3m<br />

P = 2000 kN Ma = 1000 kNm a = 4,00m<br />

a) Supon<strong>do</strong> que o solo admite uma tensão máxima <strong>de</strong> 200 kN/m 2 , <strong>de</strong>termine as dimensões em<br />

planta da sapata, procuran<strong>do</strong> que a pressão sob ela seja uniforme.<br />

b) Dimensione a espessura da sapata supon<strong>do</strong> um betão B25.<br />

c) Trace os diagramas <strong>de</strong> momentos flectores e <strong>de</strong> esforços transversos ao longo <strong>do</strong> eixo<br />

longitudinal da sapata.<br />

d) Determine as armaduras da sapata e represente-as.<br />

a1<br />

P P<br />

Ma Ma Ma Ma<br />

1m<br />

1m<br />

P P<br />

a a a<br />

Ex. 7<br />

Dimensione uma sapata rectangular comum aos <strong>do</strong>is pilares representa<strong>do</strong>s solicita<strong>do</strong>s por<br />

cargas <strong>de</strong> 1000kN e 1500kN. A pressão no solo <strong>de</strong>ve ser uniforme e não exce<strong>de</strong>r<br />

q adm=0.5MPa. Por limitações <strong>de</strong> terreno a distância <strong>do</strong> pilar P 1 ao limite da sapata não po<strong>de</strong><br />

exce<strong>de</strong>r 0,60m.<br />

Consi<strong>de</strong>re betão B25 e aço A400NR.<br />

Pilares:40x40cm 2<br />

a2<br />

B<br />

3/21


1000kN 1500kN<br />

P1<br />

0.6m 4.0m<br />

Ex.8<br />

Consi<strong>de</strong>re <strong>do</strong>is pilares P1 e P2 apoia<strong>do</strong>s em sapatas <strong>de</strong> dimensões (B1xB1) e (B2xB2)<br />

respectivamente liga<strong>do</strong>s por uma viga <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z.<br />

As acções nos pilares são:<br />

N1 = 180 tf N2 = 100 tf<br />

M1x = 50 tfm M2x = 0<br />

M1y = 70 tfm M2y = 40 tfm<br />

B1 = 3,50 m B2 = 2,50 m<br />

Supon<strong>do</strong> que as sapatas são rígidas e o terreno <strong>de</strong> fundação elástico:<br />

a) Calcular a tensão máxima σmax no terreno <strong>de</strong> fundação (Consi<strong>de</strong>re a viga não apoiada no<br />

terreno).<br />

b). Supon<strong>do</strong> os pilares <strong>de</strong> dimensões b1 = 0,50 m e b2 = 0,40 m, calcule a espessura da sapata<br />

B1xB1 suposta em B25. (Admita simplificações na distribuição <strong>de</strong> pressões sob a sapata)<br />

c) Apresente a distribuição e posição das armaduras nas sapatas e indique forma <strong>de</strong> as<br />

calcular. Justifique.<br />

Ex.9<br />

B 1/2<br />

B 1/2<br />

D<br />

B 1/2 B 1/2<br />

b 1<br />

A B<br />

Consi<strong>de</strong>re a fundação representada.<br />

y<br />

C<br />

l = 5,0 m<br />

P2<br />

H<br />

B 2<br />

b 2<br />

G<br />

E F<br />

x<br />

4/21


Acções :<br />

2.0m<br />

1.5 m<br />

4.0m<br />

- Permanentes<br />

Aterro<br />

γ = 18kN/m 3<br />

φ’= 25º<br />

2,5 (x1,5)<br />

Areia<br />

γ=20kN/m 3<br />

φ’ = 29º<br />

Areia compacta<br />

γ=22kN/m 3<br />

φ’=40º<br />

Bed-rock<br />

VG = 150 kN ; MGx = 10kN.m ;HG = 50 kN<br />

- Sobrecargas<br />

VQ = 200kN ; MQx = 20 ; HQ = 0<br />

- Vento<br />

VW = 0 ; MWx = 40 kN.m ; MWy = 100kN.m HW = 50kN<br />

a) Determine o coeficiente <strong>de</strong> segurança global em relação à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga da fundação.<br />

Caso não exista estabilida<strong>de</strong> redimensione a fundação.<br />

b) Efectue a verificação <strong>de</strong> segurança em relação ao esta<strong>do</strong> limite último <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong><br />

fundação utilizan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança (EUROCÓDIGO 7).<br />

c) Dimensione completamente a fundação.<br />

d) Determine o assentamento imediato <strong>do</strong> centro da fundadação Esolo = 20 MPa; n = 0,3<br />

(combinação frequente <strong>de</strong> acções).<br />

Ex.10<br />

Consi<strong>de</strong>re a sapata representada na figura.<br />

γ = 19 kN/m 3<br />

γsat = 20 kN/m 3<br />

γsat = 20 kN/m 3<br />

c’= 90 kPa<br />

φ’=0<br />

c = 0<br />

φ' = 25 º<br />

E = 30 MPa<br />

ν = 0,3<br />

2,0 m<br />

1,5 m<br />

6,0 m<br />

5/21


a) Dimensione completamente a fundação representada, admitin<strong>do</strong> os seguintes esforços<br />

( 40% sobrecargas, 60 % cargas permanentes):<br />

V = 9000 kN;<br />

H = 180 kN;<br />

M = 900 kN.m<br />

b) Admitin<strong>do</strong> que o aterro é retira<strong>do</strong> e a solicitação horizontal é <strong>de</strong> apenas 90 kN, verifique se<br />

existe segurança recorren<strong>do</strong> aos coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança (Caso C - EC7).<br />

c) Calcule os assentamentos sofri<strong>do</strong>s pela sapata dimensionada em a).<br />

Ex.11<br />

Dimensione completamente a fundação directa <strong>de</strong> um pilar (50 x 40cm 2 ) sujeito a uma carga<br />

axial <strong>de</strong> 2000 kN, a um momento flector segun<strong>do</strong> xx <strong>de</strong> 350 kN.m e a uma acção horizontal<br />

<strong>de</strong> 200 kN (acções já majoradas).<br />

Consi<strong>de</strong>re betão B25 e aço A400<br />

Ex. 12<br />

Argila arenosa<br />

γ = 18 kN/m 3<br />

φ = 20º<br />

c = 15kN/m 2<br />

Areia Argilosa compacta<br />

γ = 19kN/m 3 c = 8kN/m 2 φ = 34º<br />

Para a sapata excêntrica representada na figura, tornou-se necessário o dimensionamento <strong>de</strong><br />

uma viga <strong>de</strong> equilíbrio. Dimensione as sapatas e a viga <strong>de</strong> equilíbrio, utilizan<strong>do</strong> betão B25 e<br />

aço A400. A<strong>do</strong>pte sapatas quadradas e consi<strong>de</strong>re o peso próprio das mesmas.<br />

Pilares 30 cm × 30 cm<br />

A tensão admissível <strong>do</strong> terreno é <strong>de</strong> 300 kPa.<br />

2.0m<br />

6/21


Ex.13<br />

600 kN 900 kN<br />

4.5 m<br />

Consi<strong>de</strong>re o ensoleiramento geral representa<strong>do</strong> que se preten<strong>de</strong> construir sobre um solo<br />

homogéneo cuja tensão admissível é <strong>de</strong> 150 kPa. Admita também que as cargas não estão<br />

majoradas e que 60 % da carga em cada pilar diz respeito a cargas permanentes e 40 % a<br />

sobrecargas.<br />

a) Verifique se o terreno admite este ensoleiramento. Caso contrário reequacione o problema<br />

das dimensões <strong>do</strong> ensoleiramento.<br />

b) Dimensione completamente o ensoleiramento.<br />

7/21


Ex. 14<br />

Pilares<br />

50 cm × 50cm<br />

B25<br />

A400<br />

400 kN 440 kN<br />

800 kN<br />

560 kN<br />

590 kN<br />

390 kN<br />

1200 kN<br />

1250 kN<br />

800 kN<br />

600 kN<br />

620 kN<br />

360 kN<br />

0,6m 6,0m 5,8m<br />

0,6m<br />

Consi<strong>de</strong>re o muro <strong>de</strong> suporte tipo gravida<strong>de</strong> representa<strong>do</strong>.<br />

7.0m<br />

1.0m<br />

1.0m<br />

b<br />

γ betão=24kN/m3<br />

δ’=30º<br />

Aterro Granular<br />

γ=19kN/m 3<br />

φ’=30º<br />

δ’=2/3 φ’<br />

0,6m<br />

5,0 m<br />

8,0 m<br />

5,8 m<br />

0,6m<br />

Granito <strong>de</strong>composto<br />

Determine a dimensão b <strong>do</strong> muro <strong>de</strong> suporte pelo méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes parciais <strong>de</strong><br />

segurança (Combinação C <strong>do</strong> Eurocódigo 7) <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que se verifique a segurança em<br />

relação ao <strong>de</strong>rrubamento e ao escorregamento pelo base.<br />

8/21


Compare o resulta<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> com o que obteria se recorresse aos coeficientes globais <strong>de</strong><br />

segurança. Comente os resulta<strong>do</strong>s.<br />

Ex. 15<br />

Dimensione o muro <strong>de</strong> suporte maciço (tipo gravida<strong>de</strong>) apresenta<strong>do</strong> na figura.<br />

Ex.16<br />

5,0m<br />

1,0m<br />

≤ 2,5m<br />

Consi<strong>de</strong>re o muro <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> terras representa<strong>do</strong>.<br />

7,0 m<br />

2,0 m<br />

1,0 m 1,0 m 3,0 m<br />

δb = 25º cb = c/2<br />

15º<br />

γsat = 20kN/m 3<br />

φ’ =30º<br />

β = 10º<br />

10 kN/m 2<br />

γ = 20 kN/m 3<br />

φ’ = 30º<br />

δ = φ’/2<br />

Terreno <strong>de</strong> fundação<br />

γ = 22 kN/m 3<br />

φ’ = 38º<br />

c’ = 10 kPa<br />

δb = 2/3 φ’<br />

γsat = 19kN/m 3<br />

φ’ =32º<br />

c = 20 kPa<br />

Betão B25, aço A400<br />

9/21


a) Verifique a estabilida<strong>de</strong> exterior <strong>do</strong> muro <strong>de</strong> suporte utilizan<strong>do</strong> coeficientes globais <strong>de</strong><br />

segurança e coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança. Defina as dimensões em falta e caso não exista<br />

segurança “refaça o muro”.<br />

b) Calcule as armaduras necessárias (estabilida<strong>de</strong> interior).<br />

c) Faça um programa para o cálculo da estabilida<strong>de</strong> exterior <strong>de</strong> muros <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong>finida a<br />

sua geometria.<br />

d) Faça um programa para o cálculo da distribuição <strong>de</strong> tensões no terreno na base <strong>do</strong> muro.<br />

Ex.17<br />

No dimensionamento <strong>de</strong> um muro <strong>de</strong> suporte usa-se muitas vezes a teoria <strong>de</strong> Rankine para o<br />

cálculo da estabilida<strong>de</strong> “exterior” e “interior”.<br />

a) Indique as hipóteses <strong>de</strong>ssa teoria e aplique-a ao muro <strong>de</strong> contrafortes da Figura.<br />

b) Diga em que consiste a estabilida<strong>de</strong> interior no caso <strong>do</strong> muro da Figura. Indique a marcha<br />

<strong>de</strong> cálculo da estabilida<strong>de</strong> exterior.<br />

c) Sen<strong>do</strong> o muro <strong>de</strong> contrafortes como dimensionaria a laje <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> E’B’B’’E’’ ?<br />

Como po<strong>de</strong>ria calcular “sem tabelas” os momentos flectores no bor<strong>do</strong> B’B’’ ? Justifique.<br />

Ex.18<br />

14.0m<br />

1.0m<br />

Planta<br />

Corte<br />

E<br />

E’<br />

E’’<br />

Areia Fina<br />

B<br />

B’<br />

B’’<br />

3.0m<br />

Consi<strong>de</strong>re o muro <strong>de</strong> suporte tipo gravida<strong>de</strong> representa<strong>do</strong> na figura.<br />

l<br />

10/21


9 tf/m<br />

3 m<br />

6m 10 m<br />

0,3b<br />

δ = 32º<br />

b<br />

1,5m<br />

Aterro granular<br />

γ sat = 21kN/m 3<br />

φ’ = 35º<br />

δ = (2/3)φ’<br />

p = 2tf/m 2<br />

a) Determine a dimensão b <strong>do</strong> muro <strong>de</strong> suporte recorren<strong>do</strong> ao méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes parciais<br />

<strong>de</strong> segurança (Caso C <strong>do</strong> EC7) <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que se verifique a segurança em relação ao<br />

<strong>de</strong>rrubamento e ao escorregamento pela base.<br />

b) Compare o resulta<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> na alínea anterior com o que obteria se recorresse aos<br />

coeficientes globais <strong>de</strong> segurança . Comente os resulta<strong>do</strong>s.<br />

c) Faça uma subrotina em BASIC ou FORTRAN para o dimensionamento da dimensão b,<br />

ten<strong>do</strong> em conta o <strong>de</strong>snível da água <strong>de</strong>ntro e fora <strong>do</strong> terrapleno e a existência da carga uniforme<br />

p no terrapleno.<br />

Ex.19<br />

Dada a cortina <strong>de</strong> estacas-prancha da Figura e os solos indica<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>termine:<br />

a) A “ficha” ou profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encastramento D.<br />

b) Os diagramas <strong>de</strong> esforços transversos e momentos flectores.<br />

c) Dimensione a cortina escolhen<strong>do</strong> estacas <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> perfis correntes.<br />

11/21


Ex. 20<br />

1.5m<br />

1.5m<br />

3m<br />

D<br />

γ=16.7kN/m 3<br />

γsat=20.6kN/m 3<br />

φ’=33º<br />

γsat=19.8kN/m 3<br />

φ’=0º<br />

c’=60kN/m 2<br />

Consi<strong>de</strong>re a cortina <strong>de</strong> estacas-pranchas da figura, ancorada com um nível <strong>de</strong> tirantes<br />

constituí<strong>do</strong>s por varões <strong>de</strong> aço A500. O espaçamento <strong>do</strong>s tirante em planta é <strong>de</strong> 1,60m.<br />

a) Verifique se a “ficha” é suficiente, usan<strong>do</strong> os coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança relativos ao<br />

Caso C <strong>do</strong> EC7. (Trace os diagramas das pressões <strong>de</strong> terras e da água, etc.).<br />

b) Dimensione os tirantes.<br />

c) Apresente um pormenor da ligação <strong>do</strong> varão à placa <strong>de</strong> ancoragem.<br />

Ex.21<br />

1 m<br />

6 m<br />

1 m<br />

1,5 m<br />

1 m<br />

5%<br />

Areia<br />

φ = 30º<br />

c = 0<br />

γ = 18 kN/m 3<br />

l = 12 m<br />

Areia argilosa, φ = 32º c = 30kN/m 2 γ = 20 kN/m 3<br />

p = 10tf/m 2<br />

Areia argilosa compacta, φ = 34º c = 60kN/m 2 γ = 20 kN/m 3<br />

12/21


a) Preten<strong>de</strong>-se realizar uma escavação numa área <strong>de</strong> 15x15m 2 num terreno areno-argiloso com<br />

nível freático a pequena profundida<strong>de</strong>. Ten<strong>do</strong>-se opta<strong>do</strong> pelo uso <strong>de</strong> cortinas <strong>de</strong> estacas-<br />

pranchas apresente técnicas para a sua execução.<br />

Indique a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> execução <strong>do</strong>s trabalhos e formas <strong>de</strong> garantir a estabilida<strong>de</strong> durante essa<br />

execução.<br />

b) Supon<strong>do</strong> que se usam ancoragens para fixar a cortina <strong>de</strong> retenção, apresente <strong>de</strong>senhos com<br />

essas ancoragens e sugira como se po<strong>de</strong>ria fixar o seu comprimento mínimo.<br />

c) Que problemas po<strong>de</strong>m surgir no fun<strong>do</strong> da escavação e como po<strong>de</strong>riam ser resolvi<strong>do</strong>s.<br />

Ex.22<br />

Consi<strong>de</strong>re a cortina <strong>de</strong> estacas prancha representada na figura.<br />

1,5m<br />

1,0m<br />

0,8 m<br />

6,0 m<br />

D<br />

γ = 18 kN/m 3<br />

φ’ = 31º<br />

50 kPa<br />

γsat = 20 kN/m 3<br />

φ’ = 31º<br />

γsat = 20 kN/m 3<br />

φ’ = 33º<br />

c’ = 15 kPa<br />

a) Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que se estabelecem as pressões limites activas e passivas, <strong>de</strong>termine a altura<br />

enterrada da cortina (ficha) e dimensione a cortina escolhen<strong>do</strong> estacas prancha <strong>de</strong> aço.<br />

b) Faça um programa em BASIC ou FORTRAN que faça o dimensionamento exterior d a<br />

cortina.<br />

c) Dimensione a ancoragem.<br />

Ex.23<br />

13/21


Consi<strong>de</strong>re a cortina <strong>de</strong> estacas prancha representada na figura<br />

1,5m<br />

0,9 m<br />

5,0 m<br />

D<br />

γ = 18 kN/m 3<br />

φ’ = 32º<br />

20 kPa<br />

γsat = 20 kN/m 3<br />

φ’ = 32º<br />

γsat = 20 kN/m 3<br />

φ’ = 34º<br />

c’ = 19 kPa<br />

a) Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que se estabelecem as pressões limites activas e passivas, <strong>de</strong>termine a altura<br />

enterrada da cortina (ficha) e dimensione a cortina escolhen<strong>do</strong> estacas prancha <strong>de</strong> aço.<br />

b) Faça um programa em BASIC ou FORTRAN que faça o dimensionamento exterior da<br />

cortina e o dimensionamento das estacas prancha.<br />

Ex.24<br />

Dimensione completamente a entivação representada que se preten<strong>de</strong> realizar para a instalação<br />

<strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> conduta <strong>de</strong> saneamento usan<strong>do</strong> uma cortina escorada constituída por perfis<br />

metálicos verticais (Fe360) e por pranchas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira intermédias. Consi<strong>de</strong>re as escoras com<br />

um espaçamento horizontal <strong>de</strong> 2.40m (ao eixo). Verifique a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>.<br />

14/21


12kPa 12kPa<br />

1.0m<br />

3,0 m<br />

2,5 m<br />

2,1 m<br />

3,0 m<br />

Argila mole<br />

Cu(medio)=20kPa<br />

γ = 17kN/m 3<br />

Notas: 1-Para o dimensionamento <strong>do</strong>s perfis metálicos verticais e das pranchas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

consi<strong>de</strong>re uma redução <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> pressões <strong>de</strong> Terzaghi e Peck.<br />

2- Ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> pinho da Classe 5: fmk=24MPa<br />

Ex.25<br />

Uma cortina <strong>de</strong> estacas prancha segura um aterro <strong>de</strong> 12 m <strong>de</strong> altura (Figura) ancorada com<br />

<strong>do</strong>is níveis <strong>de</strong> tirantes (fixa<strong>do</strong>s em A’ e A’’) constituí<strong>do</strong>s por um varão <strong>de</strong> aço A500.<br />

a) Faça <strong>de</strong>senhos esquemáticos da cortina em corte transversal e em planta com medidas <strong>de</strong><br />

bom senso para o comprimento <strong>de</strong> encastramento (“ficha”).<br />

b) Indique como se po<strong>de</strong>m consi<strong>de</strong>rar os impulsos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s à diferença <strong>de</strong> níveis freáticos<br />

<strong>de</strong>ntro e fora <strong>do</strong> aterro. Trace o seu diagrama. Indique forma <strong>de</strong> reduzir esses impulsos.<br />

c) Calcule a ficha consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> apenas o primeiro nível <strong>de</strong> tirantes (A’’) usan<strong>do</strong> coeficientes<br />

parciais <strong>de</strong> segurança.<br />

Arbitre valores apropria<strong>do</strong>s para as características <strong>do</strong>s materiais.<br />

d) Trace com rigor o diagrama <strong>de</strong> momentos flectores.<br />

e) Indique formas <strong>de</strong> proteger os tirantes da corrosão.<br />

f) Desenhe um pormenor da ligação <strong>do</strong>s tirantes às lajes <strong>de</strong> ancoragem.<br />

g) Apresente em concreto a marcha <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>slizamento<br />

geral pelo méto<strong>do</strong> das fatias . Faça comentários em relação aos tirantes.<br />

15/21


Ex.26<br />

1,0m<br />

2,0 m<br />

1,0m<br />

7,0 m<br />

D<br />

A’<br />

A’’<br />

60tf<br />

Areia grossa<br />

Areia Fina<br />

Areia Argilosa SPT = 10<br />

Dimensione completamente a entivação representada constituída por uma cortina <strong>de</strong> estacas<br />

prancha escorada. Consi<strong>de</strong>re as escoras com um espaçamento horizontal <strong>de</strong> 3,0 m (ao eixo).<br />

Verifique a estabilida<strong>de</strong>.<br />

Ex.27<br />

8kPa 8kPa<br />

1.0m<br />

2,5 m<br />

2,5 m<br />

2,1 m<br />

2,4 m<br />

3,5 m<br />

Um pilar está na sua base submeti<strong>do</strong> aos seguintes esforços:<br />

N = 7500 kN<br />

Mx = 200 kN.m<br />

My = 360 kN.m<br />

Argila<br />

Cu(medio)=30kPa<br />

γ = 16.5kN/m 3<br />

preten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a<strong>do</strong>ptar, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às características <strong>do</strong> terreno, uma fundação em estacaria.<br />

16/21


19m<br />

Aterro<br />

γ = 17kN/m 3<br />

φ = 10º<br />

c = 20kPa<br />

γ = 22 kN/m 3 c = 0 φ = 38º<br />

a) Determine a carga total <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> uma estaca com 80 cm <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong> 19 m <strong>de</strong><br />

comprimento, usan<strong>do</strong> um coeficiente global <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> 3,0.<br />

b) Repita a alínea anterior mas recorren<strong>do</strong> aos coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança (Caso C -<br />

EC7)<br />

c) Determine o número <strong>de</strong> estacas necessário para a fundação <strong>de</strong>ste pilar e dimensione o<br />

maciço <strong>de</strong> encabeçamento.<br />

Ex.28<br />

Consi<strong>de</strong>re o maciço <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> diâmetros varia<strong>do</strong>s da Figura. Estão aplica<strong>do</strong>s no centro <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong> maciço a carga N=5500kN e os momentos M x=1800kN.m e M y=1500kN.m.<br />

a) Calcule a carga na estaca mais carregada.<br />

b) Se for retirada a estaca E 2 , calcule o esforço vertical nas restantes estacas.<br />

Ex.29<br />

1.8m<br />

E2<br />

φ=80cm<br />

φ=80cm<br />

2.0m 1.8m<br />

A figura diz respeito a um terreno sobre o qual se<br />

φ=60cm<br />

φ=60cm<br />

φ=80cm<br />

φ=80cm<br />

17/21


preten<strong>de</strong> construir uma estrutura <strong>de</strong> BA. A cota<br />

prevista para o piso térreo vai exigir que se faça um<br />

aterro <strong>de</strong> 1,5m <strong>de</strong> altura sobre a superfície actual <strong>do</strong><br />

terreno.<br />

Preten<strong>de</strong>-se fundar em estacas um pilar <strong>de</strong><br />

0,80x0,60 m 2 , ten<strong>do</strong> na base os seguintes esforços<br />

<strong>de</strong> cáculo:<br />

Nsd = 4000kN Msd,x = 200kNm Msd,y = 400kNm<br />

As estacas terão diâmetro <strong>de</strong> 0,50 m e serão <strong>de</strong> tubo<br />

crava<strong>do</strong> até à areia compacta.<br />

a) Consi<strong>de</strong>re os casos seguintes:<br />

i) As estacas são executadas antes da colocação<br />

<strong>do</strong> aterro.<br />

ii) As estacas são executadas <strong>de</strong>pois da colocação<br />

e assentamento <strong>do</strong> aterro.<br />

Mostre as diferenças que há nas acções sobre as<br />

estacas nos casos i) e ii).<br />

1,50 m<br />

7,50 m<br />

Aterro γ = 18 kN/m 3<br />

Areia Siltosa<br />

γ = 20 kN/m 3<br />

φ = 27º<br />

Areia compacta φ = 45º γ = 22 kN/m 3<br />

b) Apresente a solução em estacaria para o caso i) indican<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> cada<br />

estaca e apresentan<strong>do</strong> o número e disposição das estacas. (A tensão máxima admissível no<br />

betão das estacas é <strong>de</strong> 6,0MPa)<br />

c) Em que situações se <strong>de</strong>vem usar estacas cravadas ou, alternativamente, estacas moldadas<br />

“in situ”?<br />

d) Apresente os tipos <strong>de</strong> estacas moldadas “in situ”, indican<strong>do</strong> os principais cuida<strong>do</strong>s a ter na<br />

sua execução.<br />

Ex. 30<br />

Um pilar está funda<strong>do</strong> num maciço com 9 estacas verticais <strong>de</strong> igual comprimento em Betão<br />

B25 com diâmetros d = 0,50 m, excepto as estacas 3 e 7 que têm diâmetros <strong>de</strong> 0,80m.<br />

O pilar tem as seguintes cargas:<br />

N = 700tf<br />

Mx = 80tfm<br />

My = 60tfm<br />

a) Indique para a estaca 3 quais das acções indicadas a sobrecarregam e quais as que a<br />

aliviam. Justifique.<br />

b) Calcule o esforço que vem para a referida estaca.<br />

c) Desenhe um perfil <strong>do</strong> terreno no local das estacas, escolhen<strong>do</strong> e atribuin<strong>do</strong><br />

apropriadamente características <strong>de</strong> resistência aos solos <strong>de</strong> forma a que a resistência <strong>de</strong><br />

cada estaca seja limitada pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong> Betão Arma<strong>do</strong> da estaca e não<br />

pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>do</strong> terreno.<br />

0.6 m<br />

Nsd<br />

0.8 m<br />

Msd,y<br />

Msd,x<br />

NF<br />

18/21


Ex.31<br />

1,80<br />

1,80<br />

7 4 1<br />

8 5 2<br />

9 6 3<br />

1,80 2,0<br />

y<br />

Demonstre através <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos e cálculos da sua autoria que um grupo <strong>de</strong> estacas com<br />

distâncias mínimas entre eixos (que <strong>de</strong>ve indicar) <strong>de</strong> estacas vizinhas, tem uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

carga ou resistência superior à soma das capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carga das estacas individualmente<br />

consi<strong>de</strong>radas.<br />

Ex. 32<br />

Um pilar está na sua base submeti<strong>do</strong> aos seguintes esforços:<br />

N = 600tf<br />

Mx = 80kN.m<br />

My = 80kN.m<br />

sen<strong>do</strong> a fundação constituída por 5 estacas verticais todas <strong>do</strong> mesmo comprimento e o mesmo<br />

diâmetro, d = 0,60m.<br />

x<br />

y<br />

1,0m<br />

0,70m 1,4m<br />

a) Calcule a carga na estaca 5. Justifique to<strong>do</strong>s os cálculos.<br />

1<br />

5<br />

2<br />

b) Supon<strong>do</strong> que a estaca 4 era eliminada refazer os cálculos para obter a carga na estaca 5.<br />

c) Supon<strong>do</strong> que existia uma força horizontal no maciço <strong>de</strong> 200 tf que tanto po<strong>de</strong> actuar da<br />

direita para a esquerda como da esquerda para a direita, conceba um conjunto <strong>de</strong> estacas<br />

inclinadas para “absorver” essa força.<br />

4<br />

3<br />

x<br />

1,2m<br />

19/21


Ex.33<br />

Um pilar está na sua base submeti<strong>do</strong> aos seguintes esforços:<br />

N = 500tf<br />

Mx = 80kN.m<br />

My = 150kN.m<br />

sen<strong>do</strong> a fundação constituída por 6 estacas verticais todas <strong>do</strong> mesmo comprimento e o mesmo<br />

diâmetro, d = 0,80m.<br />

x<br />

1 2 3<br />

y<br />

1,5m 1,5m<br />

a) Calcule a carga na estaca 5. Justifique to<strong>do</strong>s os cálculos.<br />

6<br />

b) Supon<strong>do</strong> que a estaca 4 era eliminada refazer os cálculos para obter a carga na estaca 5.<br />

c) Calcule os esforços nas estacas usan<strong>do</strong> o programa <strong>do</strong> Prof. Francisco Martins arbitran<strong>do</strong> as<br />

características <strong>do</strong> terreno.<br />

Ex. 34<br />

Consi<strong>de</strong>re o muro <strong>de</strong> suporte representa<strong>do</strong> na figura. Admitin<strong>do</strong> as condições nela<br />

representadas, calcule o factor <strong>de</strong> segurança as <strong>de</strong>slizamento pela superfície indicada<br />

recorren<strong>do</strong> ao:<br />

a) Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fellenius;<br />

b) Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Bishop simplificada;<br />

5<br />

4<br />

1,3m<br />

20/21


Ex. 35<br />

9,0 m<br />

1,5 m<br />

1,5 m 2,0 m 1,0 m 0,8 m<br />

R =13,5 m<br />

γ = 18 kN/m 3<br />

φ’ = 31º<br />

c = 0<br />

γ = 17 kN/m 3<br />

φ’ = 30º<br />

c = 10 kPa<br />

p = 90 kPa<br />

Consi<strong>de</strong>re o muro <strong>de</strong> suporte representa<strong>do</strong> na figura. Admitin<strong>do</strong> as condições nela<br />

representadas, calcule o factor <strong>de</strong> segurança as <strong>de</strong>slizamento pela superfície indicada<br />

recorren<strong>do</strong> ao:<br />

a) Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fellenius;<br />

b) Se a água <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> aterro se encontrar a 1,50 m acima <strong>do</strong> nível exterior como calcula o<br />

FS?<br />

21/21


Ex.31<br />

7,0 m<br />

1,5 m<br />

1,4 m 2,4 m 1,0 m 0,8 m<br />

R =12,5 m<br />

1,5m<br />

γsat = 21kN/m 3<br />

φ’ = 31º<br />

c = 0<br />

γsat = 19kN/m 3<br />

φ’ = 30º<br />

c = 10 kPa<br />

p = 100 kPa<br />

a) Para o muro-cais da Figura atribua características <strong>de</strong> resistência aos solos indica<strong>do</strong>s.<br />

b) Justifique a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavar (dragar) até se atingir um solo compacto ou “bed rock”.<br />

c) Justifique a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar acções horizontais sobre o muro e indique forma <strong>de</strong><br />

as estimar.<br />

d) Calcule o factor <strong>de</strong> segurança por um méto<strong>do</strong> das fatias. Concretize.<br />

2,00 m<br />

1,80 m<br />

8,20 m<br />

NMAA<br />

Areia lo<strong>do</strong>sa<br />

NMBA<br />

F<br />

Areia argilosa compacta<br />

Areia<br />

limpa<br />

22/21


UNIVERSIDADE DO MINHO<br />

Exame <strong>de</strong> Fundações Junho <strong>de</strong> 2000<br />

Observação: os alunos <strong>de</strong>vem fazer <strong>de</strong>senhos elucidativos e bem proporciona<strong>do</strong>s.<br />

1.<br />

a) As <strong>fundações</strong> em estacaria <strong>do</strong>s pilares <strong>de</strong> um edifício têm, em geral, só estacas verticais.<br />

Justifique como são “absorvi<strong>do</strong>s” os esforços <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a forças horizontais como o vento ou<br />

os sismos. Faça <strong>de</strong>senhos.<br />

b) Em que casos se justifica o uso <strong>de</strong> estacas inclinadas? Justifique e dê exemplos com<br />

<strong>de</strong>senhos.<br />

c) Defina as matrizes <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z e <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> na cabeça <strong>de</strong> uma estaca “embebida” no<br />

terreno. Indique as formas <strong>de</strong> calcular as colunas da matriz <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong>.<br />

d) Como serão calcula<strong>do</strong>s os esforços nas cabeças das estacas <strong>de</strong> um maciço nos casos em<br />

que há estacas inclinadas?<br />

2. Os pilares da Figura 1 encastram na sapata (ABCDEF) indicada em planta e têm as<br />

seguintes cargas verticais e momentos flectores:<br />

Fig.1<br />

1.15<br />

2.20<br />

A’<br />

1.25<br />

y<br />

F<br />

A<br />

M2y<br />

2.30<br />

M1y<br />

P1<br />

P2<br />

M2x<br />

P3<br />

M3x<br />

1.15 2.40 1.05<br />

E<br />

D<br />

C<br />

B<br />

2.30<br />

B’<br />

x<br />

P1 = 200 tf M1y = 80 tfm<br />

P2 = 300 tf M2x = 60 tfm<br />

M2y = 40 tfm<br />

P3 = 250 tf M3x = 50 tfm<br />

a) Calcule a tensão transmitida ao terreno no ponto A, supon<strong>do</strong> o terreno linearmente elástico<br />

e a sapata rígida.<br />

b) Dimensione a espessura da sapata, supon<strong>do</strong>, para simplificar, que os pilares são to<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

0,80 m x 0,80 m.<br />

c) Represente um corte A’B’ vertical da sapata e pilares P2 e P3 e indique as armaduras a<br />

colocar. Calcule a armadura principal entre A’ e P2.<br />

23/21


3.<br />

a) A cortina <strong>de</strong> estacas pranchas da Figura 2<br />

<strong>de</strong>ve ser ancorada. Justifique.<br />

b) Complete o <strong>de</strong>senho com a linha <strong>de</strong> tirantes<br />

<strong>de</strong> ancoragem e <strong>de</strong>senhe um pormenor da sua<br />

ligação à cortina. Arbitre um espaçamento<br />

para os tirantes e <strong>de</strong>senhe uma planta com a<br />

cortina e os tirantes.<br />

c) Desenhe o diagrama <strong>de</strong> pressões <strong>de</strong> terras e<br />

água na cortina e calcule a “ficha”. Arbitre as<br />

barida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s solos.<br />

d) Indique a marcha <strong>de</strong> dimensionamento das<br />

estacas-pranchas.<br />

e) Calcule a força em cada tirante e<br />

dimensione-o admitin<strong>do</strong> A400.<br />

TestFund99.<strong>do</strong>c<br />

4.0 m<br />

6.0 m<br />

DEC-UM<br />

FUNDAÇÕES<br />

1ª Chamada 25 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1999<br />

1.5<br />

Fig. 2<br />

1. a) Dimensione a sapata rectangular da Figura 1 comum a três pilares com as cargas:<br />

P1 = 1000 kN<br />

M1 = 200 kNm<br />

P2 = 2000 kN<br />

P3 = 1500 kN<br />

Pilares 0.50 × 0.50<br />

0.70 m<br />

P1 = 1000kN<br />

M1 = 200kNm<br />

4.50 m<br />

Areia limpa<br />

φ = 32º<br />

c = 0<br />

Areia siltosa<br />

φ = 30º<br />

c = 0<br />

Areia argilosa<br />

φ = 28º<br />

c = 15 kPa<br />

P2 = 2000kN P3 = 1500kN<br />

4.00 m<br />

Fig. 1<br />

Admita que 60 % das referidas cargas dizem respeito a acções permanentes e que 40 % dizem<br />

respeito a acções variáveis. Admita também que o terreno suporta uma tensão qd = 0.4 MPa<br />

que se <strong>de</strong>seja uniforme.<br />

b) Se o terreno na zona <strong>do</strong> pilar P3 for menos resistente que o terreno sob os outros <strong>do</strong>is<br />

pilares, que consequências adviriam para os momentos flectores e que medidas<br />

construtivas e <strong>de</strong> projecto tomaria para fazer face a essa situação.<br />

2. a) Até que alturas se po<strong>de</strong>m consi<strong>de</strong>rar económicos os muros <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> Betão Arma<strong>do</strong><br />

em consola. Justifique.<br />

24/21


) Mostre as diferenças <strong>de</strong> funcionamento quanto<br />

à estabilida<strong>de</strong> interna, <strong>do</strong>s muros <strong>de</strong> suporte em<br />

consola e com contrafortes. Faça <strong>de</strong>senhos.<br />

c) Usan<strong>do</strong> a Teoria <strong>de</strong> Rankine calcule os<br />

coeficientes <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> muro da Figura 2<br />

quanto à estabilida<strong>de</strong> externa.<br />

d) Usan<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> fatias como po<strong>de</strong>ria<br />

calcular o coeficiente <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> muro em<br />

relação ao escorregamento global.<br />

12.0m<br />

1.0m<br />

A B<br />

C<br />

E<br />

2.0m 1.5m 3.0m<br />

φ’ = 32º<br />

c’ = 0<br />

γ = 19 kN/m 3<br />

Fig. 2<br />

3. Consi<strong>de</strong>re o maciço <strong>de</strong> estacas da Figura 3. No seu centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> estão aplicadas as<br />

seguintes cargas:<br />

N = 4 000 kN<br />

Mx = 800 kNm<br />

1 4<br />

My = 600 kNm<br />

φ=80cm φ=60cm<br />

a) Calcule a carga na estaca mais carregada.<br />

2.0 m<br />

G<br />

b) Se for retirada a estaca 4 calcule o esforço<br />

x<br />

que vem para a estaca 2.<br />

DEC_UM<br />

FUNDAÇÕES<br />

2ª Chamada 8 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1999<br />

2<br />

φ=80cm φ=60cm<br />

y<br />

1.8 m<br />

Fig. 3<br />

1. A sapata da fundação <strong>de</strong> um encontro <strong>de</strong> uma ponte tem a forma apresentada na Figura 1.<br />

A combinação <strong>de</strong> acções mais <strong>de</strong>sfavorável para o encontro dá, em relação ao centro <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> (G) da sapata, os seguintes valores:<br />

N = 1500 tf<br />

Mx = 150 tfm<br />

My = 600tfm<br />

Tx = -500 tf<br />

a) Calcule a tensão no terreno no ponto mais carrega<strong>do</strong>.<br />

b) Indique forma(s) <strong>de</strong> absorver o esforço horizontal<br />

Tx = -500 tf.<br />

c) Supon<strong>do</strong> que o terreno <strong>de</strong> fundação tem um ângulo<br />

<strong>de</strong> atrito φ’ = 32º e coesão c’ = 30 kN/m 2 , verifique<br />

se há segurança suficiente na fundação.<br />

C<br />

4.0 m<br />

I<br />

H<br />

D E<br />

y<br />

G<br />

12.0 m<br />

3<br />

Fig. 1<br />

B<br />

A<br />

F<br />

2.5m<br />

φ’ = 30º<br />

c’ = 20 kN/m 2<br />

γ = 20 kN/m 3<br />

x<br />

25/21<br />

3.0 m<br />

4.0 m<br />

3.0 m


2. Consi<strong>de</strong>re a entivação escorada da Figura 2,<br />

constituída por estacas-prancha metálicas.<br />

O espaçamento horizontal das escoras é <strong>de</strong> 3.0 m.<br />

a) Complete o <strong>de</strong>senho com as peças que faltam.<br />

b) Desenhe um corte horizontal das estcas-prancha e<br />

justifique o tipo escolhi<strong>do</strong>.<br />

c) Dimensione a entivação.<br />

d) Verifique a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> da escavação. Se<br />

não for suficiente o que é que tem que fazer?<br />

1.2 kN/m 2<br />

Fig. 2<br />

3. a) Quais os tipos <strong>de</strong> obras fundadas em estacaria, que em geral, exigem estacas cravadas<br />

inclinadas. Justifique.<br />

b) Se no mar ou num rio com gran<strong>de</strong> caudal quiser fundar por estacas moldadas, como<br />

po<strong>de</strong>rá proce<strong>de</strong>r na parte das estacas mergulhadas na água?<br />

c) Quais os casos em que não se po<strong>de</strong>m usar estacas cravadas e quais aqueles em que elas são<br />

recomendadas?<br />

d) O maciço <strong>de</strong> estacas verticais da Figura 3 está sujeito às<br />

seguintes cargas, reduzidas ao seu centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>:<br />

N = 600 tf<br />

Mx = -50 tfm<br />

My = -100 tfm<br />

Qual a carga na estaca mais carregada e qual é essa estaca?<br />

e) Se as estacas não tivessem todas o mesmo comprimento,<br />

como po<strong>de</strong>ria usar o méto<strong>do</strong> da flexão composta para<br />

calcular os esforços nas estacas? Que outro méto<strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>ria usar?<br />

2.5 m<br />

x<br />

3<br />

1<br />

G<br />

y<br />

2.5 m<br />

U. Minho Exame <strong>de</strong> Fundações . Época <strong>de</strong> Setº./99<br />

2<br />

0.8 m<br />

2,5 m<br />

2,5 m<br />

2,5 m<br />

2,0 m<br />

2.5 m<br />

x<br />

4.0 m<br />

3<br />

1<br />

Fig. 3<br />

-1 Consi<strong>de</strong>re um edifício <strong>de</strong> escritórios e habitação <strong>de</strong> 40m <strong>de</strong> altura. Desenhe uma planta<br />

esquemática e estime cargas (não majoradas) numa distribuição <strong>de</strong> pilares que <strong>de</strong>ve escolher<br />

G<br />

y<br />

26/21<br />

1.2 kN/m 2<br />

Areia<br />

φ = 31º<br />

c = 0<br />

γ = 18.5 kN/m 3<br />

Argila<br />

Cu = 20 kN/m 2<br />

φ = 0º<br />

γ = 19 kN/m 3<br />

2<br />

2.5 m


com bom senso, admitin<strong>do</strong> que 65% das cargas são <strong>de</strong>vidas a peso próprio e 35% <strong>de</strong>vidas a<br />

sobrecargas nos pavimentos e cobertura. A fundação é um ensoleiramento geral com sapata<br />

em B25.<br />

-a) Calcule a tensão máxima <strong>de</strong> projecto no terreno <strong>de</strong> fundação.<br />

-b) Trace um perfil <strong>de</strong> solos com pelo menos duas camadas que justifique um ensoleiramento<br />

geral. Indique tipo, espessura e características <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> cada solo, e conceba o perfil<br />

<strong>de</strong> solos <strong>de</strong> forma a que o edifício não fique a sofrer assentamentos por muitos anos.<br />

-c) Dimensione a laje <strong>de</strong> fundação.<br />

-d) Se além da sobrecarga acima referida houvesse a acção <strong>de</strong> um vento ciclónico uniforme <strong>de</strong><br />

170 kGf/m2 quais seriam os pilares que iriam ser sobrecarrega<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> quanto? (quantifique a<br />

força horizontal)<br />

-e) Como po<strong>de</strong>ria a fundação “aborver” essa força horizontal?<br />

-2. –a) Como é que numa ponte-cais as componentes horizontais das forças produzidas pelas<br />

tracções <strong>do</strong>s cabos <strong>do</strong>s navios e das atracações po<strong>de</strong>m ser “absorvidas” se a fundação da ponte<br />

fôr em estacaria? (faça <strong>de</strong>senhos)<br />

-b) A cacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma estaca ao arranque é diferente (indique se é menor ou maior)<br />

da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga à compressão. Justifique.<br />

-c) Para o ensaio <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma estaca E<br />

(fig. 2.) à compressão é vulgar usar duas<br />

estacas vizinhas A e B à tracção.<br />

-i) Faça um esquema <strong>do</strong> ensaio.<br />

-ii) Comente sobre a distância d mínima e máxima a usar entre estacas.<br />

-3. Consi<strong>de</strong>re o talu<strong>de</strong> da Fig.3, on<strong>de</strong> as camadas têm as seguintes características:<br />

-1- Φ=32º, c=0.0 ; γ= 18kN/m2<br />

-2- Φ=10º, c=0.10 k/Nm2 ; γsat= 19kN/m2<br />

-1- Φ=40º, c=0.50 k/Nm2 ; γsat= 20kN/m2<br />

-a) Trace um círculo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento que lhe pareça que são <strong>do</strong>s que dão menor coeficiente <strong>de</strong><br />

segurança Fs e justifique.<br />

-b) Equacione o cáculo <strong>de</strong> Fs pelo méto<strong>do</strong> sueco.<br />

-c) Pormenorize <strong>de</strong>senhan<strong>do</strong> e quantifican<strong>do</strong> o cálculo <strong>do</strong> peso <strong>de</strong> uma fatia que abranja os<br />

terrenos 1 e 2 e a sobrecarga.<br />

TestFund1.<strong>do</strong>c<br />

UNIVERSIDADE DO MINHO<br />

Exame <strong>de</strong> Fundações Setembro <strong>de</strong> 1999<br />

1. Consi<strong>de</strong>re um edifício <strong>de</strong> 40 m <strong>de</strong> altura com a planta e as cargas (não majoradas) nos pilares da<br />

Figura1, sen<strong>do</strong> 70 % das cargas <strong>de</strong>vidas a peso próprio e 30 % <strong>de</strong>vidas a sobrecargas nos pavimentos<br />

e cobertura. O edifício é funda<strong>do</strong> por ensoleiramento geral em B30. (Pilares 0.6×0.6)<br />

a) Calcule a tensão máxima <strong>de</strong> projecto no terreno <strong>de</strong> fundação.<br />

b) Trace um perfil <strong>de</strong> solos com pelo menos duas camadas que justifique um ensoleiramento geral.<br />

Indique o tipo, a espessura e as características <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> cada solo, e conceba o perfil <strong>de</strong> solos<br />

<strong>de</strong> forma a que o edifício não fique a sofrer assentamentos por muitos anos.<br />

c) Dimensione a laje <strong>de</strong> fundação.<br />

27/21


d) Se além da sobrecarga acima referida houvesse a acção <strong>de</strong> um vento ciclónico uniforme <strong>de</strong> 170<br />

kgf/m 2 quais seriam os pilares que iriam ser sobrecarrega<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> quanto (quantifique a força<br />

horizontal).<br />

e) Como po<strong>de</strong>ria a fundação “aborver” essa força horizontal?<br />

5,0 m<br />

5,5 m<br />

A’’ 1740 kN<br />

A 3660 kN<br />

A’ 1920 kN<br />

9,0 m<br />

B’’ 3490 kN<br />

C’’ 3620 kN 1550 kN D’’<br />

B 7300 kN<br />

C 6920 kN 3250 kN D<br />

B’ 3840 kN<br />

C’ 3630 kN 1710 kN D’<br />

Fig.1<br />

9,0 m 8,0 m<br />

2. a) Como é que numa ponte-cais as componentes horizontais das forças produzidas pelas tracções<br />

<strong>do</strong>s cabos <strong>do</strong>s navios e das atracações po<strong>de</strong>m ser “absorvidas” se a fundação da ponte for em<br />

estacaria? (faça <strong>de</strong>senhos)<br />

b) A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma estaca ao arranque é diferente (indique se é menor ou maior) da sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga à compressão. Justifique.<br />

c) Para o ensaio <strong>de</strong> carga da estaca E (Fig. 2.) à<br />

compressão é vulgar usar duas estacas vizinhas A e B<br />

à tracção.<br />

i) Faça um esquema <strong>do</strong> ensaio.<br />

ii) Comente sobre a distância d mínima e máxima<br />

a usar entre estacas.<br />

A<br />

E<br />

d d<br />

Fig. 2<br />

3. Consi<strong>de</strong>re o talu<strong>de</strong> da Figura 3, on<strong>de</strong> as camadas têm as seguintes características:<br />

Camada 1: φ = 32º; c = 0.0 ; γ = 18 kN/m 3<br />

Camada 2: φ = 10º; c = 10 kN/m 2 ; γsat = 19 kN/m 3<br />

Camada 3: φ = 40º; c = 50 kN/m 2 ; γ sat = 20 kN/m 3<br />

a) Trace um círculo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento que lhe pareça<br />

que é <strong>do</strong>s que dão menor coeficiente <strong>de</strong> segurança Fs<br />

e justifique.<br />

y<br />

12 m 30 m<br />

1<br />

2<br />

3<br />

Fig. 3<br />

b) Equacione o cálculo <strong>de</strong> Fs pelo méto<strong>do</strong> sueco.<br />

c) Pormenorize <strong>de</strong>senhan<strong>do</strong> e quantifican<strong>do</strong> o cálculo <strong>do</strong> peso <strong>de</strong> uma fatia que abranja os terrenos 1<br />

e 2 e a sobrecarga.<br />

UM 4º. ano <strong>de</strong> Engª.Civil Exame final <strong>de</strong> "FUNDAÇÕES" Julho 1998<br />

B<br />

2 tf/m 2<br />

10 m<br />

2 m<br />

28/21


!. Um pilar está funda<strong>do</strong> num maciço com 9 estacas verticais <strong>de</strong> igual comprimento em Betão<br />

A. com diâmteros d=0,50 excepto a estacas 3 e 7 que têm diâm. <strong>de</strong> 0.80m.<br />

O pilar tem as seguintes cargas:<br />

N= 700tf<br />

Mx= 80tfm<br />

My= 60tfm<br />

a) Indique para a estaca 3 quias são das acções indicadas, quais as que a sobrecarregam e<br />

quais as que a ailiviam.Justifique.<br />

b) Calcule o esforço que vem para a referida estaca.<br />

c) Desenhe um perfil <strong>do</strong> terreno no local das estacas, escolhen<strong>do</strong> e atribuin<strong>do</strong><br />

apropriadamente características <strong>de</strong> resistência aos solos <strong>de</strong> forma a que a resistência <strong>de</strong><br />

cada estaca seja limitada pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong> B.A. da estaca e não pela<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>do</strong> terreno.<br />

1.80<br />

1.80<br />

1 80 2.00<br />

Y<br />

1 . No dimensionamento <strong>de</strong> um muro <strong>de</strong> suporte usa-se muitas vezes a teoria <strong>de</strong> Rankine para<br />

o cálculo da estabilida<strong>de</strong> “exterior” e “interior”.<br />

a) Indique as hipóteses <strong>de</strong>ssa teoria e aplique-a ao muro <strong>de</strong> contrafortes da Fig.1<br />

b) Diga em que consiste a estabilida<strong>de</strong> interior no caso <strong>do</strong> muro da Fig.1. Indique a marcha <strong>de</strong><br />

cálculo da estabilida<strong>de</strong> exterior.<br />

c) Sen<strong>do</strong> o muro <strong>de</strong> contrafortes como dimensionaria a laje <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> E’B’B’’E’’ ?<br />

Como po<strong>de</strong>ria calcular “sem tabelas” os momentos flectores no bor<strong>do</strong> B’B’’ ? Justifique.<br />

29/21


14.0m<br />

1.0m<br />

Planta<br />

Corte<br />

E<br />

E’<br />

E’’<br />

Areia Fina<br />

B<br />

B’<br />

B’’<br />

3.0m<br />

3. Demonstre através <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos e cálculos <strong>de</strong> sua autoria que um grupo <strong>de</strong> estacas,<br />

trabalhan<strong>do</strong> essencialmente <strong>de</strong> ponta, com distâncias mínimas entre eixos (que <strong>de</strong>ve indicar)<br />

<strong>de</strong> estacas vizinhas, tem uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga ou resistência superior à soma das<br />

capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carga das estacasa individualmente consi<strong>de</strong>radas.<br />

UM 4º. ano <strong>de</strong> Engª.Civil Exame final <strong>de</strong> "FUNDAÇÕES" chamadJulho 1998<br />

1. a.) Defina escavação entivada e diga como po<strong>de</strong> ser constituida a entivação.<br />

b)Esclareça em que casos é dispensável a entivação e aqueles em que é indispensável.<br />

c.) Preten<strong>de</strong>-se realizar uma escavação numa área <strong>de</strong> 15x15m num terreno areno-argiloso com<br />

nível freático a pequena profundida<strong>de</strong>.<br />

Ten<strong>do</strong>-se opta<strong>do</strong> pelo uso <strong>de</strong> cortinas <strong>de</strong> estacas-pranchas em BArma<strong>do</strong>, apresente técnicas<br />

para a sua execução.<br />

Indique à or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> execução <strong>do</strong>s trabalhos e formas <strong>de</strong> garantir a estabilida<strong>de</strong> durante essa<br />

execução.<br />

d.) Supon<strong>do</strong> que se usam ancoragens para fixar a cortina <strong>de</strong> retenção, apresente <strong>de</strong>senhos com<br />

essa ancoragens e sugira como po<strong>de</strong>ria fixar se po<strong>de</strong>ria fixar o seu comprimento mínimo.<br />

e) Que problemas po<strong>de</strong>m surgir no fun<strong>do</strong> da escavação e como po<strong>de</strong>riam ser resolvi<strong>do</strong>s.<br />

2) A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> um órgão <strong>de</strong> fundação e, em geral, dada pela fórmula:<br />

qult= c.Nc. αc + q.Nq. αq + (B/2). γ.Nγ. αγ (1)<br />

-a). I<strong>de</strong>ntifique to<strong>do</strong>s os factores da fórmula (1). Faça <strong>de</strong>senhos<br />

-b). Discuta o valor relativo das três parcelas:<br />

l<br />

30/21


-i. Em função da menor dimensão da planta <strong>do</strong> órgão <strong>de</strong> fundação. Exemplifique<br />

-ii Em função <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>do</strong> terreno abaixo da base da fundação.<br />

-iii. Nos parâmetros αc e αq estão inclui<strong>do</strong>s factores <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> dc e dq que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>do</strong> solo acima da base da fundação e não <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong><br />

atrito <strong>do</strong> terreno abaixo <strong>de</strong>la. Justifique.<br />

3.-a). Para o muro-cais da Fig 3 atribua características <strong>de</strong> resistência aos solos indica<strong>do</strong>s.<br />

-b). Justifique a nececssida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavar (dragar) até se atingir um solo compacto ou “bed<br />

rock”<br />

-c). Justifique a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar acções horizontais sobre o muro e indique forma <strong>de</strong><br />

as estimar.<br />

-d). Calcule o factor <strong>de</strong> segurança por um méto<strong>do</strong> das fatias. Concretize.<br />

UNIVERSIDADE DO MINHO<br />

4º. ano <strong>de</strong> Engª. Civil<br />

Exame final <strong>de</strong> "FUNDAÇÕES" Novembro 1998<br />

1. a) Indique os parâmetros que contribuem para a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma estaca e que<br />

são afecta<strong>do</strong>s pelo processo <strong>de</strong> construção das estacas. (Discuta o assunto em função <strong>do</strong> tipo<br />

<strong>de</strong> estaca e <strong>do</strong> processo construtivo). (Faça <strong>de</strong>senhos)<br />

b) Explique porque é que uma fundação em talu<strong>de</strong> tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga menor que a<br />

mesma fundação quan<strong>do</strong> a superfície <strong>do</strong> terreno na zona das estacas é horizontal e os solos<br />

têm as mesma características. (Faça <strong>de</strong>senhos)<br />

c) Indique quanto a materiais e formas os tipos <strong>de</strong> estacas-pranchas que conhece e dê<br />

exemplos <strong>de</strong> cada tipo.<br />

d) Porque razão os assentamentos <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas são sempre maiores que os <strong>de</strong> uma<br />

estaca isolada? (Justifique. Faça <strong>de</strong>senhos)<br />

2. Consi<strong>de</strong>re o maciço <strong>de</strong> estacas verticais da Figura 1 on<strong>de</strong> as estacas 1 e 2 têm diâmetro <strong>de</strong><br />

0,50 m, as estacas 3 e 4 têm diâmetro 0,60 m e as estacas 5 e 6 têm diâmetro 0,80 m, sujeito<br />

às seguintes cargas em relação aos eixos indica<strong>do</strong>s:<br />

Fz= -1.200 tf, Mx= -2.000 kNm, My=3.000 kNm<br />

a) Indique e justifique por um cálculo rápi<strong>do</strong> qual a estaca mais carregada<br />

b) Calcule o esforço nessa estaca (Compressões positivas).<br />

c) Supon<strong>do</strong> agora que a estaca 4 é suprimida e que a solicitação no maciço é a mesma, calcule<br />

o esforço na estaca 2.<br />

31/21


y<br />

(z) •<br />

1<br />

2<br />

d = 50cm<br />

d = 60cm<br />

d = 50cm d = 60cm<br />

3<br />

d = 80cm<br />

4 d = 80cm 6<br />

0,9 m 2,0 m 3,0 m 0,9 m<br />

Figura 1<br />

3. a) Em que casos se justifica o uso <strong>de</strong> muros <strong>de</strong> suporte com contrafortes e não muros <strong>de</strong><br />

suporte em consola simples.<br />

b) Distinga quanto à distribuição <strong>de</strong> armaduras principais na laje vertical e na da base, os<br />

muros em consola simples <strong>do</strong>s muros com contrafortes.(Faça <strong>de</strong>senhos).<br />

a) No caso <strong>de</strong> um muro <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> contrafortes, CONCRETIZE uma marcha <strong>de</strong> cálculo<br />

das armaduras <strong>do</strong>s contrafortes a partir das pressões das terras.(Faça <strong>de</strong>senhos)<br />

UNIVERSIDADE DO MINHO<br />

Exame <strong>de</strong> Fundações Julho <strong>de</strong> 2000<br />

5<br />

2,0 m<br />

0,9 m<br />

x<br />

Observação: os alunos <strong>de</strong>vem fazer <strong>de</strong>senhos elucidativos e bem proporciona<strong>do</strong>s.<br />

1.<br />

a) Que enten<strong>de</strong> por “escavação entivada” e “entivação”. Faça um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> uma escavação<br />

entivada. Apresente pormenores <strong>do</strong>s apoios entre os elementos estruturais da entivação.<br />

b) Indique como são transmiti<strong>do</strong>s os impulsos <strong>do</strong> terreno na escavação entivada <strong>de</strong> a) e quais<br />

são os tipos e como são calcula<strong>do</strong>s, os esforços em cada peça da entivação. Faça <strong>de</strong>senhos.<br />

c) Justifique o facto <strong>de</strong> para uma entivação os impulsos das terras não correspon<strong>de</strong>rem ao<br />

esta<strong>do</strong> activo da tensão que dá impulsos mínimos, (justifique ainda o facto <strong>do</strong>s impulsos<br />

serem maiores e não aumentarem linearmente com a profundida<strong>de</strong>).<br />

d) Desenhe o esquema <strong>de</strong> uma vala aberta entivada com fun<strong>do</strong> argiloso. Mostre o mecanismo<br />

da rotura correspon<strong>de</strong>nte no levantamento <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>. Como calcula o coeficiente da<br />

segurança em relação a esse tipo <strong>de</strong> rotura? Concretize.<br />

2.<br />

a) Em que casos é, por ventura, mais conveniente o uso <strong>de</strong> estacas cravadas <strong>do</strong> que estacas<br />

moldadas. Justifique e faça <strong>de</strong>senhos.<br />

b) Um pilar está sujeito aos seguintes esforços:<br />

N = 5000 kN<br />

32/21


Mx =170 kNm<br />

My = 80 kNm<br />

0,70 m<br />

0,70 m<br />

5<br />

y<br />

0,4 m<br />

My<br />

Mx<br />

4<br />

1 2<br />

1,4 m 0,6 m<br />

i) Calcule o esforço na estaca 2 supon<strong>do</strong> que as estacas são verticais, têm todas o mesmo<br />

diâmetro e o mesmo comprimento.<br />

ii) Supon<strong>do</strong> que a estaca 3 tem diâmetro <strong>de</strong> 80 cm e as restantes estacas têm diâmetros <strong>de</strong><br />

60 cm, como se refazem os cálculos para obter o esforço nessa estaca?<br />

3.<br />

a) Diga o que enten<strong>de</strong> por muro <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> gabiões. Indique a forma da sua construção,<br />

vantagens e inconvenientes <strong>do</strong> seu uso. Faça <strong>de</strong>senhos.<br />

b) Faça <strong>de</strong>senhos cota<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um muro <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> contrafortes, com planta e corte<br />

transversal vertical, <strong>de</strong>senhan<strong>do</strong> também as forças que se exercem na base, mostran<strong>do</strong> as<br />

forças <strong>de</strong> acção e <strong>de</strong> reacção <strong>do</strong> terreno.<br />

c) Mostre como calcularia os esforços na laje <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> entre contrafortes. Faça <strong>de</strong>senhos.<br />

d) Indique e justifique as posições muito diferentes da armadura principal da laje vertical <strong>de</strong><br />

um muro <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> contrafortes e <strong>de</strong> um muro em consola. (Faça <strong>de</strong>senhos com as<br />

posições <strong>de</strong>ssa armadura nos <strong>do</strong>is casos).<br />

e) Desenhe um muro <strong>de</strong> suporte com níveis <strong>de</strong> água diferentes atrás e à frente <strong>do</strong> muro.<br />

Indique os efeitos <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>snível e como po<strong>de</strong>rá entrar com eles no cálculo da estabilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> muro:<br />

i) duma forma aproximada;<br />

ii) duma forma mais rigorosa.<br />

testFund.<strong>do</strong>c<br />

Muros <strong>de</strong> Suporte<br />

EX1<br />

Consi<strong>de</strong>re o muro <strong>de</strong> suporte representa<strong>do</strong>.<br />

3<br />

x<br />

33/21


8.0m<br />

0.7m<br />

1.0m<br />

0.4m<br />

0.8m<br />

3.0m<br />

β=10º<br />

1.5m<br />

γ=17.5kN/m 3<br />

φ=34º<br />

γ=18kN/m 3<br />

a)Verifique a estabilida<strong>de</strong> exterior <strong>do</strong> muro <strong>de</strong> suporte.<br />

b) Calcule as armaduras necessárias (estabilida<strong>de</strong> interior).<br />

Notas: - Consi<strong>de</strong>re betão B25, aço A400<br />

- γbetão=25kN/m 3<br />

- δb= 24º ; cb=c/2<br />

EX2<br />

Consi<strong>de</strong>re o muro <strong>de</strong> suporte tipo gravida<strong>de</strong> representa<strong>do</strong>.<br />

φφ=32º<br />

φ<br />

c=19kN/m 3<br />

34/21


7.0m<br />

1.0m<br />

1.0m<br />

b<br />

γbetão=24kN/m^3<br />

δ’=30º<br />

Aterro Granular<br />

γ=19kN/m^3<br />

φ’=30º<br />

δ’=2/3 φ’<br />

Granito <strong>de</strong>composto<br />

Determine a dimensão b <strong>do</strong> muro <strong>de</strong> suporte pelo méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes parciais <strong>de</strong><br />

segurança (Combinação C <strong>do</strong> Eurocódigo 7) <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que se verifique a segurança em<br />

relação ao <strong>de</strong>rrubamento e ao escorregamento pelo base.<br />

Compare o resulta<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> com o que obteria se recorresse aos coeficientes globais <strong>de</strong><br />

segurança. Comente os resulta<strong>do</strong>s.<br />

EX 3<br />

Dimensione a fundação directa <strong>de</strong> um pilar (50x50cm 2 ) sujeito a uma carga axial <strong>de</strong> 2500kN<br />

(dimensões em planta, altura e armaduras), admitin<strong>do</strong> um coeficiente global <strong>de</strong> segurança<br />

Fs=3.0 e pelo méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança (EC7).<br />

Consi<strong>de</strong>re betão B35 e aço A400NR.<br />

Argila arenosa<br />

γ=18kN/m 3<br />

φ=28º<br />

c=20kN/m 2<br />

Areia Argilosa compacta<br />

γ=19kN/m 3 c=5kN/m 2 φ=31º<br />

1.5m<br />

35/21


EX 4<br />

Dimensione uma sapata rectangular comum aos <strong>do</strong>is pilares representa<strong>do</strong>s solicita<strong>do</strong>s por<br />

cargas <strong>de</strong> 1000kN e 1500kN. A pressão no solo <strong>de</strong>ve ser uniforme e não exce<strong>de</strong>r<br />

q adm=0.5MPa. Por limitações <strong>de</strong> terreno a distância <strong>do</strong> pilar P 1 ao limite da sapata não po<strong>de</strong><br />

exce<strong>de</strong>r 0,60m.<br />

Consi<strong>de</strong>re betão B25 e aço A400NR.<br />

Pilares:40x40cm 2<br />

EX5<br />

1000kN 1500kN<br />

P1<br />

0.6m 4.0m<br />

Na figura representa-se uma pare<strong>de</strong> corrida com a carga indicada. Para evitar efeitos <strong>de</strong><br />

excentricida<strong>de</strong>, a sapata da pare<strong>de</strong> é ligada por uma viga V aos pilares contíguos, os quais<br />

estão espaça<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 5 m. Supon<strong>do</strong> que o terreno aceita uma tensão admissível <strong>de</strong> 0.3MPa,<br />

dimensione as sapatas e a viga, admitin<strong>do</strong> um betão B30 e aço A400.<br />

Procure que a tensão no terreno seja uniforme.<br />

P2<br />

36/21


200kN/m<br />

B1<br />

CORTE<br />

Consi<strong>de</strong>re a fundação representada.<br />

V<br />

PLANTA<br />

B2<br />

Q<br />

B3<br />

Pilar Q (0.4x0.4)<br />

V=900kN<br />

37/21


3.0m<br />

2.5m<br />

4.0m<br />

Aterro<br />

γ=19kN/m^3<br />

φ’=35º<br />

1.5 (x2.0)<br />

Acções:<br />

- Permanentes<br />

VG=300kN ; MG=10kN.m ;HG=0<br />

- Sobrecargas<br />

VQ=100kN ; MQ=0 ; HQ=0<br />

- Vento<br />

VW=0 ; MW=80kN.m ; HW=50kN<br />

Aterro<br />

γ=19kN/m^3<br />

φ’=35º<br />

Areia<br />

γ=20kN/m^3<br />

φ’=35º<br />

Areia compacta<br />

γ=22kN/m^3<br />

φ’=40º<br />

(ψ0Q=0.6 ;ψ1Q=0.4 ; ψ2Q=0.2 ψ0w=0.4 ; ψ1w=0.2 ; ψ2w=0)<br />

Bed-rock<br />

a) Determine o coeficiente <strong>de</strong> segurança global em relação à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga da fundação.<br />

b)Efectue a verificação <strong>de</strong> segurança em relação ao esta<strong>do</strong> limite último <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong><br />

fundação utilizan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança (EUROCÓDIGO 7).<br />

c) Determine o assentamento imediato <strong>do</strong> centro da fundação (Combinação frequente <strong>de</strong><br />

acções). E=20MPa; υ=0.3<br />

Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Carga <strong>de</strong> Fundações Superficiais<br />

Consi<strong>de</strong>re a sapata representada.<br />

1.50<br />

38/21


γ=19kN/m 3<br />

γsat=20kN/m 3<br />

c’=0<br />

φ’=30º<br />

H<br />

V<br />

2.5m(x4m)<br />

1.5m<br />

1.5m<br />

a) Utilizan<strong>do</strong> as expressões propostas por Vesic e pelo EUROCÓDIGO 7 calcule q ult para :<br />

i) Condições da figura com H/V=0.2<br />

ii) Sem solicitação horizontal (H=0) e com o nível freático muito abaixo da base da sapata<br />

(γ=18kN/m 3 )<br />

iii) Não existin<strong>do</strong> terras acima <strong>do</strong> nível da base da sapata , com H/V=0.2<br />

b) Dimensione uma sapata quadrada a colocar à mesma profundida<strong>de</strong> no terreno representa<strong>do</strong>,<br />

solicitada por V=9000KN e H=900kN, <strong>de</strong> forma a garantir um coeficiente <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> 3.0<br />

1 . No dimensionamento <strong>de</strong> um muro <strong>de</strong> suporte usa-se muitas vezes a teoria <strong>de</strong> Rankine para<br />

o cálculo da estabilida<strong>de</strong> “exterior” e “interior”.<br />

a) Indique as hipóteses <strong>de</strong>ssa teoria e aplique-a ao muro <strong>de</strong> contrafortes da Fig.1<br />

b) Diga em que consiste a estabilida<strong>de</strong> interior no caso <strong>do</strong> muro da Fig.1. Indique a marcha <strong>de</strong><br />

cálculo da estabilida<strong>de</strong> exterior.<br />

c) Sen<strong>do</strong> o muro <strong>de</strong> contrafortes como dimensionaria a laje <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> E’B’B’’E’’ ?<br />

Como po<strong>de</strong>ria calcular “sem tabelas” os momentos flectores no bor<strong>do</strong> B’B’’ ? Justifique.<br />

39/21


14.0m<br />

1.0m<br />

Planta<br />

Corte<br />

E<br />

E’<br />

E’’<br />

Areia Fina<br />

B<br />

B’<br />

B’’<br />

Fig.1<br />

3.0m<br />

2. Dada a cortina <strong>de</strong> estacas-prancha da Fig.2 e os solos indica<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>termine:<br />

a) A “ficha” ou profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encastramento D.<br />

b) Os diagramas <strong>de</strong> esforços transversos e momentos flectores.<br />

c) Dimensione a cortina escolhen<strong>do</strong> estacas <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> perfis correntes.<br />

1.1m<br />

1.1m<br />

6.9m<br />

D<br />

Fig.2<br />

l<br />

γ=16.7kN/m 3<br />

γsat=20.6kN/m 3<br />

φ’=33º<br />

γsat=19.8kN/m 3<br />

φ’=0º<br />

c’=60kN/m 2<br />

3. Consi<strong>de</strong>re o maciço <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> diâmetros varia<strong>do</strong>s da Fig.3. Estão aplica<strong>do</strong>s no centro <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong> maciço a carga N=5500kN e os momentos M x=1800kN.m e M y=1500kN.m.<br />

a) Calcule a carga na estaca mais carregada.<br />

b) Se for retirada a estaca E 2 , calcule o esforço vertical nas restantes estacas.<br />

40/21


1.8m<br />

E2<br />

φ=80cm<br />

φ=80cm<br />

2.0m 1.8m<br />

Fig. 3<br />

φ=60cm<br />

φ=60cm<br />

1. Consi<strong>de</strong>re a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga “última” <strong>de</strong> uma fundação<br />

q ult=cN cα c+pN qα q+1/2γBN γα γ<br />

φ=80cm<br />

φ=80cm<br />

e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projecto q d, obtida com um coeficiente parcial <strong>de</strong> segurança Fs para a<br />

coesão e para a tangente <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> atrito.<br />

Mostre, se quiser através <strong>de</strong> um exemplo, que q d é diferente <strong>de</strong> q ult/Fs.<br />

2.<br />

a) Numa fundação por sapatas “contínuas” com base em terrenos heterogéneos e receben<strong>do</strong><br />

cada uma cargas <strong>de</strong> vários pilares, que cálculos po<strong>de</strong>ria fazer para garantir a obtenção <strong>de</strong><br />

momentos flectores máximos (positivos e negativos)? Se quiser po<strong>de</strong> usar como exemplo uma<br />

sapata receben<strong>do</strong> 3 pilares.<br />

b) Quais as consequências da heterogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong> terreno em termos <strong>de</strong> disposição e valores<br />

das armaduras?<br />

3. Na figura 1 apresenta-se a planta <strong>de</strong> um edificio <strong>de</strong> 20 andares, com pé direito <strong>de</strong> 2,90m<br />

(entre planos médios <strong>de</strong> andares sucessivos), pavimentos <strong>de</strong> lajes aligeiradas sobre vigotas<br />

pré-esforçadas.<br />

a) Estime a carga máxima por pilar (veja o RSA e o REBAP) para os casos:<br />

i) acção <strong>de</strong> base sobrecarga<br />

ii) acção <strong>de</strong> base vento<br />

b) Dimensione, para a combinação mais <strong>de</strong>sfavorável, a sapata mais carregada.<br />

41/21


5m<br />

5m<br />

10m 10m 10m<br />

Fig.1<br />

4. Consi<strong>de</strong>re a sapata <strong>de</strong> forma irregular da figura 2 com uma carga <strong>de</strong> 2000kN aplicada no<br />

ponto F.<br />

a) Determine os eixos principais centrais <strong>de</strong> inércia e os respectivos momentos <strong>de</strong> inércia.<br />

b) Calcule as tensões nos pontos A, B, D, E.<br />

c) Obtenha a posição <strong>do</strong> eixo neutro.<br />

A<br />

0.80m<br />

E<br />

•<br />

F<br />

D<br />

B C<br />

0.80m<br />

Fig.2<br />

1.70m<br />

testFund.<strong>do</strong>c<br />

UM 4º. ano <strong>de</strong> Engª.Civil Exame final <strong>de</strong> "FUNDAÇÕES" Dezº..97<br />

1. Consi<strong>de</strong>re o plano <strong>de</strong> cargas <strong>do</strong> edifício da Fig.1<br />

on<strong>de</strong> P=200tf<br />

M a =175tfm M b =255tfm 15 30 60 Rp<br />

90kgf/cm2<br />

a=4,00m b=3,00m<br />

O solo é a areia pouco argilosa com as resistências 1.<br />

<strong>de</strong> ponta registadas no ensaio CPT indicadas. 2.<br />

a) Fixar as características <strong>de</strong> resistência para o solo.<br />

b) Dimensionar a fundação directa usan<strong>do</strong> o EC7.<br />

0.3m<br />

1m<br />

1m<br />

42/21


(valor <strong>de</strong> B, espessura da laje, diagramas <strong>de</strong> momentos<br />

flectores e esforços transversos)<br />

c) colocação <strong>de</strong> armaduras.<br />

P P P P P<br />

B 10.m<br />

Ma Ma Ma Mb Mb<br />

a a b b<br />

Fig.1a Fig1.b<br />

2. Um pilar <strong>de</strong> um edifício tem na sua base o seguinte conjunto <strong>de</strong> esforços não majora<strong>do</strong>s:<br />

-Esforço axial= 900tf (admita como 1ª hipótese que os esforços transversos são <strong>de</strong>sprezáveis)<br />

-Momento flector Mx=3000kNm<br />

-Momento flector My=2000kNm<br />

Dimensione para o pilar uma fundação em estacas <strong>de</strong> diam=0,80 m em BA (B25), com carga<br />

<strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> 180tf, ten<strong>do</strong> em conta a maior economia possível para o maciço <strong>de</strong><br />

encabeçamento.<br />

(Calcule Nº. <strong>de</strong> estacas, o seu espaçamento e a sua melhor disposição). Numa 2ª fase<br />

dimensione o próprio maciço <strong>de</strong> encabeçamento e as armadura das próprias estacas.<br />

Numa 3ª fase admita que o esforço transverso na base <strong>de</strong> pilar é <strong>de</strong> 10tf. Indique a forma como<br />

o mesmo é absorvi<strong>do</strong> sem precisar <strong>de</strong> estacas inclinadas.(faça <strong>de</strong>senhos da planta das estacas e<br />

<strong>de</strong> pormenor <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong> encabeçamento, etc)<br />

3. Dada a cortina <strong>de</strong> estacas-pranchas da Fig 3<br />

e os solos indica<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>terminar:<br />

1.10<br />

a) Os diagramas <strong>de</strong> pressões <strong>do</strong>s solos na cortina<br />

b) Os esforços nos tirantes supostos espaça<strong>do</strong>s<br />

horizontalmente <strong>de</strong> 3,00m<br />

c) A “ficha” ou profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encastramento D.<br />

1.40 γsat=16,7kN/m3<br />

d). Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> um comprimento para o tirante φ‘=34º, c’=0.<br />

que lhe pareça apropria<strong>do</strong>, calcular o coeficiente <strong>de</strong> 7.00 γsat=20,5kN/m3<br />

segurança ao <strong>de</strong>slizamento geral <strong>do</strong> conjunto cortina<br />

terreno, usan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> das fatias <strong>de</strong> Bishop e um<br />

circulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento com centro e raio que lhe<br />

pareçam apropria<strong>do</strong>s.<br />

φ’=15º<br />

Nota: Para resolução da alínea d) a<strong>do</strong>pte D=6.00m c’=80kN/m2<br />

se não tiver resolvi<strong>do</strong> c) D γsat=20kN/m3<br />

Fig.3<br />

UM 4º. ano <strong>de</strong> Engª.Civil Exame final <strong>de</strong> "FUNDAÇÕES" Julho 1998<br />

!. Um pilar está funda<strong>do</strong> num maciço com 9 estacas verticais <strong>de</strong> igual comprimento em Betão<br />

A. com diâmteros d=0,50 excepto a estacas 3 e 7 que têm diâm. <strong>de</strong> 0.80m.<br />

O pilar tem as seguintes cargas:<br />

N= 700tf<br />

43/21


Mx= 80tfm<br />

My= 60tfm<br />

d) Indique para a estaca 3 quias são das acções indicadas, quais as que a sobrecarregam e<br />

quais as que a ailiviam.Justifique.<br />

e) Calcule o esforço que vem para a referida estaca.<br />

f) Desenhe um perfil <strong>do</strong> terreno no local das estacas, escolhen<strong>do</strong> e atribuin<strong>do</strong><br />

apropriadamente características <strong>de</strong> resistência aos solos <strong>de</strong> forma a que a resistência <strong>de</strong><br />

cada estaca seja limitada pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong> B.A. da estaca e não pela<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>do</strong> terreno.<br />

1.80<br />

1.80<br />

1 80 2.00<br />

UM 4º. ano <strong>de</strong> Engª.Civil Exame final <strong>de</strong> "FUNDAÇÕES" Julho 1998<br />

!. Um pilar está funda<strong>do</strong> num maciço com 9 estacas verticais <strong>de</strong> igual comprimento em Betão<br />

A. com diâmteros d=0,50 excepto a estacas 3 e 7 que têm diâm. <strong>de</strong> 0.80m.<br />

O pilar tem as seguintes cargas:<br />

N= 700tf<br />

Mx= 80tfm<br />

My= 60tfm<br />

g) Indique para a estaca 3 quias são das acções indicadas, quais as que a sobrecarregam e<br />

quais as que a ailiviam.Justifique.<br />

h) Calcule o esforço que vem para a referida estaca.<br />

i) Desenhe um perfil <strong>do</strong> terreno no local das estacas, escolhen<strong>do</strong> e atribuin<strong>do</strong><br />

apropriadamente características <strong>de</strong> resistência aos solos <strong>de</strong> forma a que a resistência <strong>de</strong><br />

cada estaca seja limitada pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong> B.A. da estaca e não pela<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>do</strong> terreno.<br />

+Z<br />

X<br />

44/21


Y<br />

45/21


ANEXO<br />

(Anexo ao livro <strong>de</strong> texto “Fundações” <strong>de</strong> J. Barreiros Martins, Engª Civil, UM,<br />

Guimarães 2002)<br />

Exemplo <strong>de</strong> dimensionamento <strong>de</strong> uma sapata <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> usan<strong>do</strong> a norma<br />

espanhola EH-91, associada ao REBAP.<br />

(Autor: Engº Salva<strong>do</strong>r Dias, Estruturas, UM)<br />

Enuncia<strong>do</strong><br />

Consi<strong>de</strong>re que os pilares P1 e P2 representa<strong>do</strong>s na Figura A1, adjacentes a uma junta <strong>de</strong><br />

dilatação, estão submeti<strong>do</strong>s aos seguintes esforços actuantes <strong>de</strong> cálculo:<br />

Combinação 1:<br />

Pilar P1: Nsd = 1500 kN e Msd = 75 kN.m<br />

Pilar P2: Nsd = 1200 kN e Msd = 100 kN.m<br />

Combinação 2:<br />

Pilar P1: Nsd = 1300 kN e Msd = 100 kN.m<br />

Pilar P2: Nsd = 1000 kN e Msd = 150 kN.m<br />

Os pilares são iguais e apresentam uma secção transversal <strong>de</strong> 0.4x0.4 m 2 . O valor <strong>de</strong><br />

cálculo da tensão admissível <strong>do</strong> terreno é <strong>de</strong> 450 kPa ( σ rd = 450 kPa ). Dimensione uma<br />

sapata conjunta aos <strong>do</strong>is pilares e apresente o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> execução cota<strong>do</strong>.<br />

Resolução<br />

Nsd<br />

M sd<br />

P1<br />

P2<br />

Figura A1 – Sapata conjunta aos pilares P1 e P2.<br />

i) Definição das dimensões em planta da sapata<br />

A sapata a dimensionar será homotética, ou seja, as suas dimensões em planta serão<br />

proporcionais às dimensões da secção transversal <strong>do</strong> pilar.


P1<br />

N sd<br />

L (xB)<br />

a<br />

L = 2B<br />

M sd<br />

P 2<br />

Sapata homotética: a/b = L/B<br />

Figura A2 – Sapata homotética.<br />

Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos da<strong>do</strong>s da Figura A2, a área da sapata em planta e a inércia à flexão em<br />

torno <strong>do</strong> eixo correspon<strong>de</strong>nte à menor dimensão em planta da sapata (ver senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

momento flector na Figura A2) valem:<br />

Área:<br />

Inércia:<br />

A = L × B = 2B × B = 2B<br />

;<br />

Combinação 1:<br />

3<br />

B × L B × ( 2B<br />

) 8B<br />

2 4<br />

I = = = = B .<br />

12 12 12 3<br />

2<br />

3<br />

4<br />

O valor <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong>s esforços actuantes na sapata correspon<strong>de</strong>nte à combinação 1<br />

vale:<br />

Nsd = 1500 + 1200 + 0.1 (1500 + 1200) = 2970 kN;<br />

Msd = 75 + 150 = 175 kN.m.<br />

No cálculo <strong>de</strong> Nsd, o valor <strong>do</strong> peso próprio da sapata foi estima<strong>do</strong> como valen<strong>do</strong> 10% <strong>do</strong><br />

valor <strong>do</strong> esforço axial proveniente <strong>do</strong>s pilares P1 e P2.<br />

O critério <strong>de</strong> segurança que se impõe na verificação das tensões instaladas no terreno,<br />

que conduzirá às dimensões em planta da sapata, é que a tensão <strong>de</strong> referência ( σ ref )<br />

b<br />

H<br />

B


seja menor que a tensão admissível <strong>do</strong> terreno ( σ rd ). A tensão <strong>de</strong> referência ( σ ref )<br />

correspon<strong>de</strong> à média “pesada” das tensões máxima ( σ 1)<br />

e mínima ( σ 2 ) instaladas no<br />

terreno, atribuin<strong>do</strong>-se um peso <strong>de</strong> 3 à tensão máxima e um peso <strong>de</strong> 1 à tensão mínima.<br />

Assim, a condição a verificar é:<br />

σ<br />

σ<br />

3 1 + 2<br />

σ ref = ≤ σ rd .<br />

4<br />

De seguida apresentam-se os cálculos necessários para efectuar a referida verificação <strong>de</strong><br />

segurança e que conduzirá às dimensões em planta da sapata para a combinação <strong>de</strong><br />

esforços em análise.<br />

σ<br />

1<br />

=<br />

N<br />

sd<br />

A<br />

M<br />

+<br />

I<br />

sd<br />

2970 175<br />

v = + × 3×<br />

2 4<br />

2B<br />

2B<br />

1485 262.<br />

5 4455 787.<br />

5<br />

σ 1 = + ⇒3σ<br />

2 3 1 = +<br />

2 3<br />

B B<br />

B B<br />

σ<br />

2<br />

=<br />

N<br />

sd<br />

A<br />

M<br />

−<br />

I<br />

sd<br />

1485 262.<br />

5<br />

v = −<br />

2 3<br />

B B<br />

2970<br />

175<br />

1485<br />

262.<br />

5<br />

( L 2)<br />

= + × 3×<br />

B = +<br />

2 4<br />

2 3<br />

2B<br />

2B<br />

3σ 1 + σ 2<br />

Condição <strong>de</strong> segurança a verificar: σ ref = ≤ σ rd<br />

4<br />

4455 787.<br />

5 1485 262.<br />

5<br />

+ + −<br />

2 3 2 3<br />

B B B B<br />

≤ 450 kN<br />

4<br />

4455 787.<br />

5 1485 262.<br />

5<br />

+ + − ≤ 1800 kN m<br />

2 3 2 3<br />

B B B B<br />

4455B + 787.5 + 1485B – 262.5≤ 1800B 3<br />

– 1800B 3 + 5940B + 525 ≤ 0 ⇒ 1800B<br />

− 5940B<br />

− 525 ≥ 0 ⇒ B ≥ 1.<br />

86 m<br />

3<br />

Dimensões em planta da sapata aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos esforços referentes à combinação 1:<br />

Combinação 2:<br />

m<br />

2<br />

⎪⎧<br />

B = 1.<br />

90m<br />

B ≥ 1 . 86m<br />

⇒ ⎨<br />

.<br />

⎪⎩ L = 2B<br />

= 3.<br />

80 m<br />

O valor <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong>s esforços actuantes na sapata correspon<strong>de</strong>nte à combinação 2<br />

vale:<br />

2<br />

B<br />

B


Nsd = 1300 + 1000 + 0.1 (1300 + 1000) = 2530 kN;<br />

Msd = 100 + 150 = 250 kN.m.<br />

De seguida será imposto o critério <strong>de</strong> segurança relativamente à tensão máxima<br />

admissível no terreno. Assim, tem-se:<br />

2530 250<br />

2530 250 1265 375<br />

σ 1 = + × 3×<br />

( L 2)<br />

= + × 3×<br />

B = +<br />

2 4<br />

2 4<br />

2 3<br />

2B<br />

2B<br />

2B<br />

2B<br />

B B<br />

1265 375 3795 1125<br />

σ 1 = + ⇒ 3σ<br />

2 3 1 = + 2 3<br />

B B<br />

B B<br />

1265<br />

= σ<br />

2<br />

2<br />

B −<br />

375<br />

3<br />

B<br />

3σ 1 + σ 2<br />

Condição a verificar: σ ref = ≤ σ rd<br />

4<br />

3795 1125 1265 375<br />

+ + −<br />

2 3 2 3<br />

B B B B<br />

≤ 450<br />

4<br />

3795 1125 1265 375<br />

+ + − ≤ 1800<br />

2 3 2 3<br />

B B B B<br />

3795B + 1125 + 1265B – 375 ≤ 1800B 3<br />

– 1800B 3 + 5060B + 750 ≤ 0 ⇒ 1800B 3 – 5060B – 750 ≥ 0 ⇒ B ≥ 1.<br />

74m<br />

Dimensões em planta da sapata aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos esforços referentes à combinação 2:<br />

⎪⎧<br />

B = 1.<br />

75m<br />

B ≥ 1 . 74m<br />

⇒ ⎨<br />

.<br />

⎪⎩ L = 2B<br />

= 3.<br />

5m<br />

Analisan<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s referentes a cada uma combinações tem-se:<br />

Combinação mais <strong>de</strong>sfavorável: combinação 1 ⇒ L = 3.8 m e B = 1.9 m.<br />

ii) Definição da altura da sapata<br />

ii.1) Condição <strong>de</strong> sapata rígida<br />

É prática corrente dimensionar as sapatas como rígidas assumin<strong>do</strong>-se no seu<br />

dimensionamento uma distribuição <strong>de</strong> tensões uniforme no solo. As exigências em


termos <strong>de</strong> corte/punçoamento conduzem normalmente a alturas <strong>de</strong> sapata tais que se<br />

cumpra a condição <strong>de</strong> sapata rígida.<br />

Condição <strong>de</strong> sapata rígida:<br />

a o<br />

( L − a)<br />

( B b)<br />

⎤<br />

;<br />

⎥⎦<br />

⎡ −<br />

= max<br />

⎢<br />

⎣ 2 2<br />

ao<br />

H ≥ , em que<br />

2<br />

, ou seja, ao é a maior aba da sapata.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a junta <strong>de</strong> dilatação tem 2 cm e aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos da<strong>do</strong>s da Figura A3,<br />

tem-se:<br />

a o<br />

1.<br />

49<br />

= max ( 1 . 49;<br />

0.<br />

75)<br />

= 1.<br />

49m<br />

⇒ H ≥ = 0.<br />

745m<br />

⇒ H = 0.<br />

75m<br />

.<br />

2<br />

3.8 m<br />

1.9/2-0.4/2<br />

= 0.75 m<br />

3.8/2-0.01-0.4<br />

= 1.49 m<br />

1.9 m<br />

Figura A3 – Da<strong>do</strong>s para o cálculo da altura da sapata pela condição <strong>de</strong> sapata rígida.<br />

ii.2) Condição <strong>de</strong> verificação ao corte<br />

A altura obtida pela condição <strong>de</strong> sapata rígida tem que ser verificada em termos da<br />

segurança ao corte. A condição <strong>de</strong> verificação ao corte é efectuada impon<strong>do</strong> que<br />

V V ≤ .<br />

sd<br />

rd<br />

De seguida, será <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> o valor <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> esforço <strong>de</strong> corte actuante V sd . Na<br />

Figura A4 apresentam-se os da<strong>do</strong>s necessários para o cálculo <strong>de</strong> V sd . Assim tem-se:<br />

H = 0 . 75 m ⇒ d = 0.<br />

70 m ⇒ d 2 = 0.<br />

35 m (a secção crítica <strong>de</strong> corte está localizada a<br />

d/2 da face <strong>do</strong> pilar – ver Figura A4);<br />

1485 262.<br />

5<br />

σ1 = + = 449.<br />

6 kPa ;<br />

2 3<br />

1.<br />

9 1.<br />

9<br />

1485 262.<br />

5<br />

σ 2 = − = 373.<br />

1 kPa ;<br />

2 3<br />

1.<br />

9 1.<br />

9


( 449.<br />

6 − 373.<br />

1)<br />

σ( x ) = 373 . 1+<br />

x = 373.<br />

1+<br />

20.<br />

13x<br />

;<br />

3.<br />

8<br />

x = 3 . 8 −1.<br />

4=<br />

2.<br />

66 m ⇒ σ = 426.<br />

6 kPa .<br />

O valor <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> esforço <strong>de</strong> corte actuante V sd correspon<strong>de</strong> ao valor <strong>do</strong> volume <strong>do</strong><br />

sóli<strong>do</strong> cuja base e a altura estão assinala<strong>do</strong>s na Figura A4. Assim, tem-se:<br />

449 2<br />

. 6 + 426.<br />

6<br />

2<br />

Vsd = × 1.<br />

14 × 1.<br />

9 − [ ( 1.<br />

9 − 0.<br />

4)<br />

/ 2 − 0.<br />

7 / 2]<br />

× 426.<br />

6<br />

= 880.67 kN.<br />

Na expressão anterior, quan<strong>do</strong> se retira o volume correspon<strong>de</strong>nte aos sóli<strong>do</strong>s em que as<br />

bases são os triângulos P e P’ (ver Figura A5), por simplificação, foi consi<strong>de</strong>rada uma<br />

altura constante (tensão) e que vale 426.6 kPa.<br />

373.1<br />

x<br />

σ (x) = 373.1+20.13x<br />

373.1<br />

P1 P2<br />

3.8/2-0.01-0.4-0.35 = 1.14 m<br />

426.6<br />

d/2 = 0.35 m<br />

Vsd<br />

(localização da secção<br />

crítica <strong>de</strong> corte)<br />

H = 0.75 m<br />

(d=0.7 m)<br />

449.6<br />

altura <strong>do</strong> sóli<strong>do</strong> para<br />

o cálculo <strong>de</strong> V sd<br />

base <strong>do</strong> sóli<strong>do</strong> para o<br />

cálculo <strong>de</strong> Vsd<br />

b + d = 0.4+0.7 = 1.1 m<br />

Figura A4 – Da<strong>do</strong>s para a verificação ao corte.<br />

426.6<br />

p'<br />

p<br />

Vsd<br />

449.6<br />

b + d = 0.4+0.7 = 1.1 m<br />

Figura A5 – Da<strong>do</strong>s para o cálculo <strong>de</strong> V sd .


O valor <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> esforço <strong>de</strong> corte resistente V rd é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela expressão:<br />

Vrd = τ1 (1.6-d) Ac.<br />

Para um betão C20/25 (B25) o valor <strong>de</strong> τ1 = 0.65 MPa. O parâmetro (1.6-d) vale 1, pois<br />

é o mínimo valor que po<strong>de</strong> tomar o parâmetro (1.6-d). A área <strong>de</strong> corte ( ( b + d ) × d<br />

A c<br />

= )<br />

é <strong>de</strong>finida na secção crítica <strong>de</strong> corte, anteriormente <strong>de</strong>finida, e vale 1. 1×<br />

0.<br />

7 m . Assim,<br />

tem-se:<br />

Vrd = τ1 (1.6-d) Ac = 0 . 65×<br />

1000 × 1.<br />

0×<br />

( 1.<br />

1×<br />

0.<br />

7 ) = 500.<br />

5 kN .<br />

Dos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s verifica-se que:<br />

Vsd > Vrd ⇒ Nova solução.<br />

A nova solução a estudar será uma sapata com uma altura <strong>de</strong> H = 1.0 m (d = 0.95 m).<br />

Verificação ao corte em “viga larga” (não faz parte da norma espanhola mas é<br />

recomendada por Bowles, 1996)<br />

430.5 kPa x 1.90 (1.90-0.40) < 650 x 1.90 x 0.95 x 1<br />

1227 < 1173 kN (Po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se suficiente).<br />

σ (x) = 373.1+20.13x<br />

373.1<br />

x<br />

P1<br />

P 2<br />

d/2 = 0.475 m(localização<br />

da secção<br />

crítica <strong>de</strong> corte)<br />

3.8/2-0.01-0.4-0.475 = 1.015 m<br />

429.2<br />

Vsd<br />

1.35 m<br />

H =1.0 m<br />

(d=0.95 m)<br />

449.6<br />

altura <strong>do</strong> sóli<strong>do</strong> para<br />

o cálculo <strong>de</strong> V sd<br />

base <strong>do</strong> sóli<strong>do</strong> para o<br />

cálculo <strong>de</strong> V sd<br />

Figura A6 – Da<strong>do</strong>s para a verificação ao corte (2ª solução).<br />

O valor <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> esforço <strong>de</strong> corte actuante V sd correspon<strong>de</strong> ao valor <strong>do</strong> volume <strong>do</strong><br />

sóli<strong>do</strong> cuja base e a altura estão assinala<strong>do</strong>s na Figura A6. Assim, tem-se:<br />

σ( x ) = 373 . 1+<br />

20.<br />

13x<br />

;<br />

x = 3.8 – 1.015 ⇒ σ = 429.2 kPa;<br />

2


V sd<br />

449. 6 + 429.<br />

2<br />

2<br />

= × 1.<br />

015×<br />

1.<br />

9 − [ ( 1.<br />

9 − 0.<br />

4)<br />

/ 2 − 0.<br />

95 / 2]<br />

× 429.<br />

2 = 814.9 kN.<br />

2<br />

O valor <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> esforço <strong>de</strong> corte resistente V rd vale:<br />

Vrd = τ1 (1.6-d) Ac = 0 . 65×<br />

1000 × 1.<br />

0 × ( 1.<br />

35×<br />

0.<br />

95 ) = 833.<br />

6 kN .<br />

Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a que Vsd = 814.9 kN ≤ Vrd = 833.6 kN, está verificada a segurança ao corte.<br />

Como a altura da sapata é <strong>de</strong> 1.0 m e aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às linhas <strong>de</strong> rotura a 45º, verifica-se que<br />

não há a formação da superfície <strong>de</strong> rotura por punçoamento, conforme po<strong>de</strong> ser<br />

verifica<strong>do</strong> na Figura A7.<br />

3.8 m<br />

iii) Cálculo das armaduras<br />

H =1.0 m<br />

(d=0.95 m)<br />

1.9 m<br />

Figura A7 – Verificação da segurança ao punçoamento.<br />

H =1.0 m<br />

(d=0.95 m)<br />

O cálculo das armaduras po<strong>de</strong> ser efectua<strong>do</strong> recorren<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> da flexão<br />

simples ou ao méto<strong>do</strong> das bielas.<br />

iii.1) Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> flexão simples<br />

Na Figura A8 apresentam-se os mo<strong>de</strong>los estruturais que serão utiliza<strong>do</strong>s para o cálculo<br />

das armaduras na direcção x e y. O vão para cada uma das consolas representadas são<br />

obtidas soman<strong>do</strong> ao vão útil um cumprimento igual a 15% da dimensão <strong>do</strong> pilar.<br />

0.75 m<br />

417.2 kPa<br />

1.49 m<br />

1.49+0.15x0.8 = 1.61 m<br />

449.6 kPa<br />

430.5 kPa<br />

0.75+0.15x0.4 = 0.81 m<br />

Figura A8 – Definição <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los para o cálculo das armaduras em cada uma das direcções<br />

(méto<strong>do</strong> da flexão simples).


Direcção x<br />

( x)<br />

= 373 . 1+<br />

20.<br />

x<br />

σ 13<br />

x = 3 . 8 −1.<br />

6 = 2.<br />

19 m ⇒ σ = 417.<br />

2 kPa<br />

M sd<br />

( 449.6 - 417.2)<br />

1.<br />

61<br />

× 1.<br />

61 2<br />

= 417.2 × 1 . 61×<br />

× 1.<br />

9 +<br />

× × 1.<br />

61×<br />

1.<br />

9 = 1080.<br />

5 kN.<br />

m<br />

2<br />

2 3<br />

M sd = 1080.<br />

5 kN.<br />

m⎫<br />

⎪<br />

b = 1.<br />

9m<br />

⎪<br />

1080.<br />

5<br />

⎬ ⇒ µ =<br />

2<br />

d = 0.<br />

9m<br />

⎪ 1.<br />

9×<br />

0.<br />

95 × 13.<br />

3×<br />

10<br />

⎪<br />

fcd<br />

= 13.<br />

3 MPa ⎪⎭<br />

3<br />

= 0.<br />

0474<br />

0.<br />

0494×<br />

1.<br />

9×<br />

0.<br />

95×<br />

13.<br />

3<br />

2<br />

µ = 0. 0474 ⇒ w = 0.<br />

0494 ⇒ As<br />

=<br />

= 34.<br />

1 cm ⇒ 17.94 cm<br />

348<br />

As = 17.94 cm 2 .<br />

/m ⇒ 9φ16 ( A = 18.1 cm 2 /m)<br />

Direcção y<br />

σ sd<br />

M sd<br />

M<br />

ef<br />

s<br />

3×<br />

449.<br />

6 + 373.<br />

1<br />

= σ3<br />

4 =<br />

= 430.<br />

5 kPa (tensão <strong>de</strong> referência)<br />

4<br />

b = 1.<br />

0 m<br />

0.<br />

81<br />

= 430 . 5×<br />

0.<br />

81×<br />

× 1.<br />

0 = 141.<br />

2<br />

2<br />

= 141.<br />

2<br />

d = 0.<br />

95 m<br />

f<br />

cd<br />

sd<br />

= 13.<br />

3 MPa<br />

kN.<br />

m<br />

kN.<br />

m /<br />

m<br />

m⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

141.<br />

2<br />

⎬ ⇒ µ =<br />

2<br />

⎪ 1.<br />

0 × 0.<br />

95 × 13.<br />

3×<br />

10<br />

⎪<br />

⎪⎭<br />

3<br />

= 0.<br />

0118<br />

0.<br />

0118×<br />

1.<br />

0 × 0.<br />

95×<br />

13.<br />

3<br />

= 0 . 0118 ⇒ w = 0.<br />

0118 ⇒ A =<br />

= 4.<br />

3 cm<br />

348<br />

µ s<br />

Armadura mínima regulamentar:<br />

0.<br />

15×<br />

100 cm×<br />

95 cm<br />

400 ⇒ ρ = 0 . 15%<br />

⇒ A =<br />

= 14.<br />

25 cm<br />

100<br />

A s<br />

As = 14.25 cm 2 /m ⇒ 8φ16 ( A = 16.1 cm 2 /m)<br />

iii.2) Méto<strong>do</strong> das bielas<br />

ef<br />

s<br />

.<br />

Conforme se referiu anteriormente, o segun<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> para o cálculo das armaduras é o<br />

<strong>de</strong>signa<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> das bielas. Este méto<strong>do</strong> assenta num mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> escoras e tirantes. O<br />

2<br />

m<br />

2<br />

m<br />

2<br />

m


equilíbrio das duas escoras presentes no mo<strong>de</strong>lo é garanti<strong>do</strong> pelo tirante ao nível das<br />

armaduras. Assim, é necessário dimensionar armaduras <strong>de</strong> tal forma a absorverem a<br />

força instalada no referi<strong>do</strong> tirante (Fsd).<br />

Direcção x<br />

L/4<br />

Nsd 2<br />

N sd ⎛ L a ⎞ N sd<br />

Msd = ⎜ − ⎟ = ( L − a )<br />

2 ⎝ 4 4 ⎠ 8<br />

F<br />

A<br />

sd<br />

s<br />

M<br />

=<br />

d<br />

=<br />

F<br />

f<br />

sd<br />

syd<br />

sd<br />

=<br />

N<br />

sd<br />

8d<br />

N<br />

=<br />

8d<br />

f<br />

sd<br />

syd<br />

Nsd<br />

L/4<br />

a (xb)<br />

2<br />

l/2<br />

Fsd<br />

L (xB)<br />

Nsd<br />

L/4<br />

2<br />

Nsd 2<br />

Figura A9 – Cálculo das armaduras pelo méto<strong>do</strong> das bielas.<br />

( L − a)<br />

( L<br />

−<br />

a )<br />

No caso <strong>de</strong> sapatas com momento flector, originan<strong>do</strong> um diagrama trapezoidal <strong>de</strong><br />

tensões, o valor <strong>de</strong> N sd é obti<strong>do</strong> por:<br />

Assim, tem-se:<br />

N sd ref<br />

L/4<br />

= σ × L × B .<br />

= σ × L × B = 430 . 5×<br />

3.<br />

8×<br />

1.<br />

9 = 3108.<br />

2 kN (este valor será utiliza<strong>do</strong> para o cálculo<br />

N sd ref<br />

das armaduras nas duas direcções).<br />

A s<br />

A s<br />

3108.<br />

2<br />

=<br />

8×<br />

0.<br />

95×<br />

348000<br />

2<br />

( 3.<br />

8 − 0.<br />

82)<br />

= 35.<br />

0cm<br />

2<br />

= 35. 0 1.<br />

9 = 18.<br />

42cm<br />

m ⇒ 10φ16 ( A = 20.1 m )<br />

ef<br />

s<br />

.<br />

cm 2<br />

H


Direcção y<br />

N sd ⎛ B b ⎞ N sd<br />

Msd = ⎜ − ⎟ = ( B − b )<br />

2 ⎝ 4 4 ⎠ 8<br />

F<br />

A<br />

sd<br />

s<br />

A s<br />

A s<br />

M<br />

=<br />

d<br />

=<br />

F<br />

f<br />

sd<br />

syd<br />

sd<br />

N sd<br />

=<br />

8d<br />

N<br />

=<br />

8d<br />

f<br />

sd<br />

( B − b)<br />

syd<br />

( B<br />

3108.<br />

2<br />

=<br />

8×<br />

0.<br />

95×<br />

348000<br />

− b )<br />

2<br />

( 1.<br />

9 − 0.<br />

4)<br />

= 17.<br />

6 cm<br />

2<br />

= 17. 6 3.<br />

8=<br />

4.<br />

6 cm m ⇒ armadura mínima ⇒ 8φ16 ( A = 16.1 cm 2 /m)<br />

iv) Pormenorização das armaduras<br />

3φ8<br />

8φ16/m<br />

P1 P2<br />

10φ16/m<br />

3.8 m (x1.9 m)<br />

ef<br />

s<br />

.<br />

3φ10 (zona da junta <strong>de</strong> dilatação)<br />

5φ8/m<br />

3φ8<br />

betão <strong>de</strong> limpeza<br />

Figura A10 – Pormenorização das armaduras.<br />

H = 1.0 m<br />

0.1 m<br />

Nota: Como a sapata tem 1 m <strong>de</strong> altura, o REBAP obriga a que seja colocada uma<br />

armadura secundária distribuída ao longo da altura da sapata com valor <strong>de</strong> pelo menos<br />

4% da armadura principal, isto é, com o valor <strong>de</strong><br />

em cada face lateral.<br />

A '<br />

s<br />

= 35× 0.<br />

04 = 1.<br />

4 cm , ou seja, 3φ8<br />

2


Fundacoes-Complements<br />

Fundações<br />

Notas complementares aos textos “Fundações” UM, por J Barreiros Martins (2002)<br />

Pág. II-1 a II-3.<br />

Coeficientes parciais <strong>de</strong> segurança em Geotecnia e Fundações<br />

(Defini<strong>do</strong>s na pré-norma europeia (ECT) ENV 1997-1:1994, na versão portuguesa, Out.94)<br />

Em vez <strong>de</strong> um coeficiente global <strong>de</strong> segurança Fs usam-se agora coeficientes parciais<br />

Fsφ para a tangente <strong>do</strong>s ângulos <strong>de</strong> atrito <strong>do</strong>s solos e Fsc para as coesões.<br />

São coeficientes <strong>de</strong> “minoração” das características <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong>s solos (ou rochas)<br />

<strong>de</strong> fundação. Isso implica que já não se calcula um qult (carga <strong>de</strong> rotura <strong>do</strong> solo na base<br />

da fundação) mas um qd (d = “<strong>de</strong>sign” = projecto) que vai ser “confronta<strong>do</strong>” com as<br />

cargas que vêm da superestrutura para o órgão função em causa . Essas cargas têm <strong>de</strong><br />

ser cargas “majoradas”, Qd para as combinações <strong>de</strong> acções mais <strong>de</strong>sfavoráveis <strong>do</strong> RSA.<br />

Qd serão “esforços” aplica<strong>do</strong>s pela superestrutura á fundação <strong>do</strong> tipo forças normais (N)<br />

e <strong>de</strong> “corte” (Tx e Ty) momentos que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tipos (flexão em torno <strong>do</strong><br />

eixo <strong>do</strong>s xx (Mx) ou em torno <strong>do</strong> eixo <strong>do</strong>s yy (My) ou em torno <strong>do</strong> eixo vertical zz<br />

momento torsor (Mz).<br />

Em geral, só nos maciços <strong>de</strong> estacaria “tridimensionais” com estacas inclinadas é que se<br />

consi<strong>de</strong>ra (Mz). Também os esforços <strong>de</strong> corte T são, em geral, “absorvi<strong>do</strong>s” pelo terreno<br />

que ro<strong>de</strong>ia a fundação e na base da fundação, e por isso não se consi<strong>de</strong>ram. (Porém,<br />

nada impe<strong>de</strong> que se consi<strong>de</strong>rem esses esforços, no dimensionamento <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong><br />

<strong>fundações</strong> – sapatas, poços, muros <strong>de</strong> suporte, cortinas <strong>de</strong> estacas pranchas e maciços <strong>de</strong><br />

estacaria).<br />

Portanto, os “esforços” nos “órgãos <strong>de</strong> fundação”, mais importantes são N, Mx, My e nos<br />

muros <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> terras e outras obras <strong>de</strong> retenção (cortinas <strong>de</strong> estacas, pranchadas),<br />

forças horizontais (pressões das terras e da água).<br />

Segun<strong>do</strong> o EC7, quan<strong>do</strong> relevante, o projecto <strong>de</strong>ve ser verifica<strong>do</strong> separadamente para<br />

cada um <strong>do</strong>s três casos A, B, e C.<br />

Os casos A, B, e C foram introduzi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a assegurar estabilida<strong>de</strong> e resistência<br />

a<strong>de</strong>quadas na estrutura e no terreno <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o quadro 9.2 da ENV 1991-1,<br />

Eurocódigo 1, “Bases <strong>de</strong> Projecto”.<br />

30a


Os valores <strong>do</strong>s coeficientes <strong>de</strong> segurança parciais para acções permanentes e variáveis<br />

forneci<strong>do</strong>s no quadro <strong>de</strong>vem ser usa<strong>do</strong>s geralmente na verificação <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s limites<br />

últimos <strong>de</strong> tipos convencionais <strong>de</strong> estruturas e <strong>fundações</strong> em situações persistentes e<br />

transitórias. Devem consi<strong>de</strong>rar-se valores mais severos nos casos <strong>de</strong> risco fora <strong>do</strong><br />

comum ou condições <strong>de</strong> terreno ou <strong>de</strong> carregamento não usuais ou excepcionalmente<br />

difíceis. Des<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vidamente justifica<strong>do</strong> com base nas possíveis consequências,<br />

po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s valores menos severos para estruturas temporárias ou em situações<br />

transitórias. No caso <strong>de</strong> situações aci<strong>de</strong>ntais to<strong>do</strong>s os valores numéricos <strong>do</strong>s coeficientes<br />

<strong>de</strong> segurança parciais para as acções <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s iguais a [1,0].<br />

Coeficientes <strong>de</strong> segurança parciais – esta<strong>do</strong>s limites últimos em situações persistentes e transitórias<br />

CASO Permanentes Variáveis<br />

Acções Proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Terreno<br />

Desfavoráveis Favoráveis Desfavoráveis tan φ c' cu qm 1)<br />

A [1,00] [0.95] [1,50] [1,1] [1,3] [1,2] [1,2]<br />

B [1,35] [1,00] [1,50] [1,0] [1,0] [1,0] [1,0]<br />

C [1,00] [1,00] [1,30] [1,25] [1,6] [1,4] [1,4]<br />

(1) Resistência à compressão uniaxial <strong>de</strong> solo ou rocha<br />

No cálculo <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> segurança segun<strong>do</strong>s as novas pré-normas <strong>do</strong> EC7<br />

(Eurocódigo 7 – Projecto <strong>de</strong> Geotecnia) há que consi<strong>de</strong>rar 3 casos como dissemos no<br />

início <strong>de</strong>ste <strong>curso</strong>:<br />

Aplicar às características <strong>do</strong> solo<br />

Acções<br />

(coeficientes <strong>de</strong> majoração)<br />

CASO Permanentes Variáveis<br />

Proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Terreno<br />

(coeficientes <strong>de</strong> minoração)<br />

Desfavoráveis Favoráveis Desfavoráveis tan φ c' cu qm 1)<br />

A [1,00] [0.95] [1,50] [1,1] [1,3] [1,2] [1,2]<br />

B [1,35] [1,00] [1,50] [1,0] [1,0] [1,0] [1,0]<br />

30a


C [1,00] [1,00] [1,30] [1,25] [1,6] [1,4] [1,4]<br />

Isto implica que o projectista da estrutura (superestrutura) dê ao projectista das<br />

<strong>fundações</strong> também três combinações <strong>de</strong> acções, correspon<strong>de</strong>ntes aos três casos.<br />

Assim po<strong>de</strong>remos dizer que há que fazer três cálculos da “capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga” <strong>de</strong> uma<br />

estaca (ou capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência) ou “capacida<strong>de</strong> portante”.<br />

Um QA, um QB e um QC, os quais serão obti<strong>do</strong>s da mesma forma que o Qult “clássico”<br />

ou tradicional apenas alteran<strong>do</strong> as características da resistência <strong>do</strong>s solos como acima se<br />

indica.<br />

(Ex.: obter para uma estaca os QA, QB, e QC).<br />

Estes valores são <strong>de</strong>pois compara<strong>do</strong>s com os valores que se obtêm para a estaca mais<br />

carregada <strong>do</strong> maciço, calculada como adiante se mostrará.<br />

O EC7 não esclarece (por enquanto) como se calcula a “capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência da<br />

estaca a partir <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> penetração estática (CPT) ou dinâmica (SPT ou PDP ou<br />

PDL). Quan<strong>do</strong> são <strong>de</strong>terminadas φ’ e c’ enten<strong>de</strong>remos que se po<strong>de</strong>rão usar os<br />

coeficientes para, digamos, valores mais frequentes médios entre os <strong>de</strong> tgφ’ e c’ se o<br />

solo é areno-argiloso. Se o solo (da ponta) é arenoso usar os da tgφ’ e se é argiloso usar<br />

os <strong>de</strong> Cu.<br />

O problema maior está em que os projectistas da superestrutura não estão habitua<strong>do</strong>s a<br />

dar aos <strong>de</strong> Fundações os três planos <strong>de</strong> carga correspon<strong>de</strong>ntes às combinações mais<br />

<strong>de</strong>sfavoráveis A, B e C.<br />

(Observação: o que acima se diz refere-se à pré-norma <strong>do</strong> EC/ cujo “Documento<br />

Nacional <strong>de</strong> Aplicação” já foi publica<strong>do</strong> em Português. Porém, já foi aprovada em Dezº<br />

.2005 a norma <strong>de</strong>finitiva (EN) em inglês a qual está a ser traduzida para Portugês e virá<br />

a constituir o “Documento Nacional <strong>de</strong> Aplicação” <strong>de</strong>finitivo<br />

Pág.VIII-63 (Capítulo 8º)<br />

Generalização <strong>do</strong> cálculo <strong>do</strong>s esforços em estacas verticais<br />

(Maciço com estacas <strong>de</strong> secções rectas diferentes e com espaçamentos não regulares<br />

(mas todas com o mesmo comprimento))<br />

Consi<strong>de</strong>remos o maciço da Figura 8.6.3a:<br />

30a


y<br />

1,5 m<br />

0,5m<br />

(O)•<br />

0,5m<br />

1<br />

3<br />

yG<br />

MyG<br />

(N)<br />

G •<br />

4<br />

2<br />

MxG<br />

1,5 m 1,5 m<br />

Figura 8.6.3a<br />

A generalização da fórmula da pág. VIII-63, que dá o esforço Q na estaca i <strong>do</strong> maciço e<br />

que é semelhante à fórmula da “flexão composta” faz-se, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> não a força Qi<br />

mas a tensão normal (axial) na estaca i <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (xig, yig) em relação ao sistema<br />

<strong>de</strong> eixos principais centrais <strong>de</strong> inércia <strong>do</strong> maciço <strong>de</strong> estacas (corta<strong>do</strong> por um plano<br />

horizontal).<br />

Então, pela mesma fórmula da flexão composta temos:<br />

N<br />

M<br />

x<br />

M<br />

σ i = n<br />

∑ Aj<br />

yG Gi<br />

+ n<br />

2<br />

∑ Aj<br />

xGj<br />

xG Gi − n<br />

2<br />

∑ Aj<br />

yGj<br />

(a)<br />

j=<br />

1 j=<br />

1<br />

j=<br />

1<br />

on<strong>de</strong> n = nº <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> maciço, Aj a área da secção recta da estaca j, (xGi, yGi) as<br />

coor<strong>de</strong>nadas <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> intercepção <strong>do</strong> eixo da estaca i com o plano horizontal.<br />

N é a força vertical no maciço (reduzida ao centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> G <strong>do</strong> maciço),<br />

MxG é a componente <strong>do</strong> vector momento aplica<strong>do</strong> ao maciço segun<strong>do</strong> o eixo xG<br />

(principal central <strong>de</strong> inércia), <strong>de</strong>pois da redução da solicitação ao ponto G.<br />

MyG é a componente <strong>do</strong> vector momento aplica<strong>do</strong> ao maciço segun<strong>do</strong> o eixo yG<br />

(principal central <strong>de</strong> inércia), <strong>de</strong>pois da redução da solicitação ao ponto G. (Nota: os<br />

alunos que já não souberem a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s eixos principais centrais <strong>de</strong> inércia <strong>de</strong><br />

um conjunto <strong>de</strong> áreas, o conjunto das secções rectas Aj das estacas, nem fazer a<br />

mudança <strong>de</strong> uma força e um momento <strong>de</strong> um ponto P (x,y) para outro G (x’, y’) ou G<br />

(xG, yG) terão <strong>de</strong> rever a matéria dada na ca<strong>de</strong>ira respectiva <strong>do</strong> 2º ano).<br />

Fica como exercício a aplicação da fórmula (a) ao ex. da Figura 6.3.4a, supon<strong>do</strong>-se que<br />

a solicitação em relação aos eixos x,y é N= 600 tf e os momentos em relação aos<br />

mesmos eixos são Mx = My = 100tfm.<br />

5<br />

x<br />

x<br />

M r<br />

M<br />

xG<br />

30a


As estacas 1 e 2 têm diâmetros <strong>de</strong> 0,60 m e as 3, 4 e 5 diâmetros <strong>de</strong> 0,50 m. Observa-se<br />

que σi é a tensão normal na estaca i e que por isso a carga respectiva será: Ni = σi Ai<br />

9º Capítulo. Cálculo <strong>do</strong> Fs <strong>de</strong> um talu<strong>de</strong> pelo “Novo Méto<strong>do</strong>” (Superfície <strong>de</strong><br />

Deslizamento Não circular), pp IX-19 a IX-23.<br />

Observa-se que os senti<strong>do</strong>s arbitra<strong>do</strong>s para as forças Xi e Xi+1 nas faces das fatias<br />

po<strong>de</strong>m, na realida<strong>de</strong> serem ao contrário <strong>do</strong> que está na Fig. 9.9.1, e, portanto o sinal <strong>de</strong><br />

toda a expressão <strong>de</strong> ∆ Xi em (9.33) po<strong>de</strong> ter <strong>de</strong> trocar-se e isso terá influência no valor<br />

<strong>do</strong> Fs a encontrar. Há, portanto, que consi<strong>de</strong>rar duas alternativas para o cálculo <strong>de</strong> Fs,<br />

consoante o sinal <strong>de</strong> ∆ Xi , escolhen<strong>do</strong>-se a que <strong>de</strong>r o menor Fs. Os coeficientes das<br />

incógnitas (K e λ ) e o termo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte na 1ª ( equação (9.34) das duas equações<br />

lineares resolventes <strong>do</strong> problema não viriam altera<strong>do</strong>s, mas o mesmo não se po<strong>de</strong> dizer<br />

<strong>do</strong>s coeficientes e <strong>do</strong> termo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da 2ª equação (9.37), que passaria a ser:<br />

k<br />

n<br />

∑<br />

i= 1<br />

+ λ ∑ =<br />

n<br />

= ∑ =<br />

i 1<br />

W<br />

n<br />

i 1<br />

i<br />

⎡ ⎤<br />

"<br />

⎣<br />

− cot g( φi − αi )(xi − x G ) + (yi − y G )<br />

⎦ +<br />

ψi<br />

⎡ ⎤<br />

"<br />

⎣<br />

− cot g( φi − αi )(xi − x G ) + (yi − y G )<br />

⎦ =<br />

⎡ " "<br />

" cosφi senφ<br />

⎤<br />

⎢ i<br />

−2Wi − ci∆x i sec α i + U<br />

⎥<br />

" i<br />

(xi - xG) 9.37’<br />

"<br />

⎢ sen ( φi − αi ) sen ( φi − αi<br />

) ⎥<br />

⎣ ⎦<br />

Para que fique completa a emenda reproduz-se abaixo o texto inicial:<br />

9.9 - Um Novo Méto<strong>do</strong><br />

30a


Z i<br />

E i<br />

X i<br />

Q<br />

P<br />

x<br />

∆ i<br />

kWi X i+1<br />

Pi<br />

W i<br />

FIG. 9.9.1<br />

S<br />

R<br />

α<br />

T i i<br />

E i+1<br />

Z i+1<br />

Ni N' i = Ni -U i<br />

Ui = ui<br />

QR<br />

ui = pressão neutra média em<br />

QR=∆ Si<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o equilíbrio horizontal e vertical da fatia i (Fig. 9.9.1) teríamos:<br />

Ti = Wi senαi + kWi cosαi + (Ei+1 - Ei) cosαi - (Xi+1 - Xi) senαi 9.25<br />

Ni = Wi cosαi - kWi senαi - (Ei+1 - Ei) senαi - (Xi+1 - Xi) cosαI 9.26<br />

On<strong>de</strong><br />

Xi+1 - Xi = ∆Xi e Ei+1 - Ei = ∆Ei 9.27<br />

Por outro la<strong>do</strong>, na superfície <strong>de</strong> escorregamento o critério <strong>de</strong> Mohr-Coulomb dá:<br />

'<br />

tg i<br />

Ti = (Ni - Ui)<br />

F<br />

c i<br />

'<br />

φ<br />

+ × ∆xi sec αi, 9.28<br />

F<br />

30a


vem<br />

ou seja,<br />

Eliminan<strong>do</strong> Ti e Ni entre (9.25), (9.26) e (9.28) ten<strong>do</strong> em conta (9.27) e fazen<strong>do</strong><br />

tg φ '<br />

"<br />

i /F = tg φ i e '<br />

ci F<br />

Wi sen αi + kWi cos αi + ∆Ei cos αi - ∆Xi sen αi =<br />

= c "<br />

i , 9.28’<br />

= Wi cos αi tg φ "<br />

i - kWi sen αi tg φ "<br />

i - ∆Ei sen αi tg φ "<br />

i - ∆Xi cos αi tg φ "<br />

i -<br />

- Ui tg φ "<br />

i<br />

+ c "<br />

i × ∆xi sec αI 9.29<br />

"<br />

Wi ( cosα itgφ<br />

i − senα<br />

i ) - kWi ( i i<br />

i )<br />

tg sen α φ<br />

"<br />

α + cos - ∆Ei ( i i<br />

i )<br />

tg sen α φ α cos<br />

"<br />

- ∆Xi ( cos α tgφ − senα<br />

) = Ui tg φ "<br />

Sen<strong>do</strong><br />

vem<br />

i<br />

i<br />

i<br />

cos αi tg φ "<br />

i - sen αi =<br />

i<br />

"<br />

i<br />

"<br />

cosφi<br />

i<br />

- c "<br />

i ∆xi sec αi. 9.30<br />

cosα<br />

senφ<br />

− senα<br />

cosφ<br />

sen αi tg φ "<br />

i + cos αi<br />

"<br />

i i<br />

= "<br />

cos i<br />

sen senα<br />

φ +<br />

φ<br />

Wi<br />

o que implica<br />

sen<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

"<br />

cosφi = Ui tg φ "<br />

i<br />

i<br />

- kWi<br />

- c "<br />

i ∆xi sec αi<br />

cos<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

cosφ<br />

"<br />

i<br />

i<br />

i<br />

"<br />

i<br />

cosα<br />

cosφ<br />

- ∆Ei<br />

i<br />

cos<br />

∆Xi = Wi - kWi cotg ( φ −αi<br />

) "<br />

- ∆Ei cotg ( φ −α<br />

) "<br />

+ c "<br />

i ∆xi sec αi<br />

"<br />

cosφ<br />

i<br />

" ( φ − )<br />

sen α<br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

"<br />

i<br />

=<br />

=<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

cosφ<br />

- Ui<br />

"<br />

i<br />

i<br />

sen<br />

sen<br />

cos<br />

" + -<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

"<br />

cosφi " ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

cosφ<br />

- ∆Xi<br />

"<br />

senφ<br />

i<br />

" ( φ −αi<br />

)<br />

i<br />

"<br />

i<br />

sen<br />

+<br />

i<br />

i<br />

,<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

"<br />

cosφi 9.31<br />

on<strong>de</strong> ψ(x) é uma função apropriada que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da posição da fatia (*) , vem em (9.31)<br />

i<br />

=<br />

30a


∆Xi = Wi - kWi cotg ( φ −α<br />

) "<br />

- λψi cotg ( φ −α<br />

) "<br />

+ c "<br />

i ∆xi sec αi<br />

"<br />

cosφ<br />

i<br />

" ( φ − )<br />

sen α<br />

i<br />

i<br />

Soman<strong>do</strong> em or<strong>de</strong>m a i e aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a que ∑<br />

i=<br />

k ∑<br />

i=<br />

n<br />

Wi<br />

1<br />

"<br />

cotg ( ) α −<br />

i<br />

i i φ + λ ∑<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

"<br />

cosφ<br />

+ ∑ c"<br />

i ∆Xi sec αi ×<br />

i=<br />

1<br />

sen α<br />

i<br />

" ( φ − )<br />

i<br />

i<br />

i<br />

n<br />

i<br />

i<br />

n<br />

1<br />

i<br />

∆X<br />

ψ cotg ( φ −α<br />

) "<br />

- ∑<br />

i=<br />

n<br />

U i<br />

1<br />

sen<br />

i<br />

"<br />

senφ<br />

i<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

i<br />

i<br />

i<br />

i<br />

- Ui<br />

sen<br />

= 0, vem:<br />

= ∑<br />

i=<br />

n<br />

Wi<br />

1<br />

"<br />

senφ<br />

i<br />

" ( φ −α<br />

)<br />

+<br />

i<br />

i<br />

+<br />

9.33<br />

9.34<br />

Consi<strong>de</strong>re-se o equilíbrio geral da massa <strong>de</strong>slizante e tomem-se momentos <strong>de</strong><br />

todas as forças em relação ao centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> G(xG, yG) <strong>de</strong>ssa massa. A soma <strong>do</strong>s<br />

momentos <strong>de</strong> Wi em relação a esse ponto é nula e nulas também são as somas <strong>do</strong>s<br />

momentos <strong>de</strong> Xi e Ei porque, essas forças constituem pares com sinais contrários. Então,<br />

as forças que dão momentos são Ni e Ti e esses momentos são:<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

( Ti<br />

senα<br />

i + N i cosα<br />

i ) (xi - xG) + ∑ Ti<br />

cosα i − N isenα<br />

i (yi - yG) = 0 9.35<br />

i=<br />

1<br />

Sen<strong>do</strong> Ti sen αi + Ni cos αi = Wi - ∆Xi<br />

e Ti cos αi - Ni sen αi = kWi + ∆Ei = kWi + λψi<br />

resulta em (9.35)<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

( Wi<br />

− ∆X<br />

i )( xi<br />

− xG<br />

) + ∑ ( kWi<br />

+ λψ i )( yi<br />

− yG<br />

) = 0 9.36<br />

i=<br />

1<br />

Entran<strong>do</strong> em (9.36) com o valor <strong>de</strong> ∆Xi da<strong>do</strong> por (9.33) vem:<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

kWi<br />

cot g(<br />

φ " i −α<br />

i )( xi<br />

− xG<br />

) + ∑<br />

i=<br />

1<br />

n<br />

λψ i cotg (φ "<br />

i - αi) (xi - xG) +<br />

(*) - Po<strong>de</strong>ria, por exemplo usar-se uma lei parabólica com valor máximo próximo <strong>do</strong> ponto central da<br />

massa <strong>de</strong>slizante e valores nulos nas extremida<strong>de</strong>s.<br />

30a


n<br />

+ ∑ =<br />

i 1<br />

+ ∑ =<br />

o que implica:<br />

k<br />

n<br />

kWi<br />

i 1<br />

⎡<br />

⎢U<br />

⎣<br />

i<br />

( ) ( ) ⎥ "<br />

"<br />

senφ<br />

⎤<br />

i<br />

'<br />

cosφi<br />

− ci∆x<br />

i sec α i<br />

(xi - xG) +<br />

"<br />

"<br />

sen φi<br />

−α i<br />

sen φi<br />

−α<br />

i ⎦<br />

n<br />

(yi - yG) + ∑ =<br />

i 1<br />

λψ (yi - yG) = 0<br />

n<br />

"<br />

∑ Wi<br />

[ cot g( i − α i )( xi<br />

− xG<br />

) + ( yi<br />

− yG<br />

) ]<br />

i= 1<br />

n<br />

+ λ ∑ =<br />

n<br />

= ∑ =<br />

i 1<br />

i 1<br />

i<br />

φ +<br />

φ =<br />

"<br />

ψi [ cot g( − α )( x − x ) + ( y − y ) ]<br />

i<br />

i<br />

i<br />

G<br />

i<br />

( ) ( ) ⎥ ⎥<br />

⎡<br />

"<br />

" ⎤<br />

"<br />

cosφi<br />

senφi<br />

⎢ci<br />

∆xi<br />

sec α i<br />

−U<br />

i<br />

(xi - xG) 9.37<br />

"<br />

"<br />

⎢⎣<br />

sen φi<br />

−α<br />

i sen φi<br />

−α<br />

i ⎦<br />

Determinação das incógnitas<br />

O sistema <strong>de</strong> equações (9.34) e (9.37) fornece k e λ. Conhecidas k e λ a relação<br />

(9.33) dá ∆Xi.<br />

Os valores Xi <strong>de</strong>terminam-se recursivamente a partir <strong>de</strong> Xo = 0, Xi+1 = Xi+∆Xi<br />

Os ∆Ei <strong>de</strong>terminam-se a partir <strong>de</strong> (9.32). Os valores <strong>de</strong> Ei <strong>de</strong>terminam-se<br />

recursivamente a partir <strong>de</strong> Eo = 0, Ei+1 = Ei + ∆Ei.<br />

A partir das forças Ei a or<strong>de</strong>nada Zi po<strong>de</strong> ser obtida a partir da equação <strong>de</strong><br />

momentos toma<strong>do</strong>s em cada fatia em relação ao ponto médio da base:<br />

- Ei<br />

⎛ ∆yi<br />

⎞ ⎛ ∆yi<br />

⎞<br />

∆ xi<br />

⎜ Z i − ⎟ + Ei+1 ⎜ Z i+<br />

1 + ⎟ + kWi × Zoi + (Xi +1 + Xi) = 0, 9.38<br />

⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠<br />

2<br />

recursivamente, sen<strong>do</strong> Eo = 0, Xo = 0, e fazen<strong>do</strong> i = 0, 1, 2, ..., n-1 sucessivamente em<br />

(9.38), calculan<strong>do</strong> então Z1, Z2, . . ., Zn-1. Zoi é a distância vertical <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong><br />

da fatia i ao ponto médio da base, aproximadamente igual a meta<strong>de</strong> da altura da fatia.<br />

i<br />

Zi+1 = -<br />

2<br />

∆ y<br />

+<br />

E<br />

E i ⎛ ∆yi<br />

⎞<br />

⎜ i − ⎟⎠<br />

i+<br />

1 ⎝ 2<br />

Z - k<br />

W i<br />

Zoi -<br />

E<br />

i+<br />

1<br />

( X<br />

G<br />

i+<br />

1 +<br />

E<br />

i+<br />

1<br />

X<br />

i<br />

) ∆ xi<br />

9.39<br />

2<br />

O processo <strong>de</strong> cálculo consiste em, arbitrar um valor para F e calcular pelas equações<br />

(9.34) e (9.37) as incógnitas k e λ. Se não houver sismos k <strong>de</strong>verá ser nulo. Se o não for<br />

<strong>de</strong>verá dar-se um incremento a F, substituin<strong>do</strong> o novo valor <strong>de</strong> F em (9.28) e repetin<strong>do</strong> o<br />

cálculo. Po<strong>de</strong> terminar-se o processo iterativo quan<strong>do</strong> ⎢k⎢< 0,01. Se obtivermos k < 0<br />

<strong>de</strong>veremos reduzir F; se obtivermos k > 0 <strong>de</strong>veremos aumentar F. Na prática, verifica-se<br />

que pequenas variações <strong>de</strong> F dão gran<strong>de</strong>s variações para k. Deve, pois, partir-se <strong>de</strong> um<br />

valor "razoável" para F (por exº. F = 1,5) e aplicar pequenas variações a F em cada<br />

30a


iteração <strong>do</strong> cálculo. Observa-se que, como nos outros méto<strong>do</strong>s para superfícies <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slizamento não circulares, por vezes a convergência é dificil.<br />

30a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!