PCN – Geografia
PCN – Geografia
PCN – Geografia
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<strong>PCN</strong><br />
Fáceis de entender<br />
■ Não se aprende <strong>Geografia</strong> com decoreba<br />
■ Ensine seus alunos a ler os mapas<br />
■ Mostre como o homem muda a natureza<br />
<strong>Geografia</strong><br />
Você pode fazer seus alunos perceberem os diferentes espaços geográficos em que vivemos<br />
de 1ª a 4ª série<br />
A <strong>Geografia</strong> não<br />
pára de mudar<br />
A partir dos anos 80, a forma tradicional de<br />
ensinar <strong>Geografia</strong> no primeiro grau começou a<br />
ser questionada. O que se argumenta é que,<br />
quando os professores se limitam a descrever as<br />
paisagens naturais e a pedir aos alunos que decorem<br />
os elementos que as formam, eles não<br />
fornecem dados suficientes para que os estudantes<br />
sejam capazes de entender as transformações<br />
do mundo em que vivem.<br />
Ao se relacionar com a natureza, o ser humano<br />
está sempre produzindo mudanças. E elas<br />
só podem ser compreendidas se integrarmos a<br />
<strong>Geografia</strong> Física e a <strong>Geografia</strong> Humana a outros<br />
campos do saber, como a Sociologia e a<br />
Biologia.<br />
Essa integração é o que se busca no ensino<br />
atual da <strong>Geografia</strong>.<br />
Uma disciplina para ver na prática<br />
A <strong>Geografia</strong> não é a única disciplina que<br />
utiliza a observação, a descrição, a comparação<br />
Ouso de fotos, vídeos<br />
e desenhos é<br />
essencial no ensino da<br />
<strong>Geografia</strong>. Com esse<br />
material podem-se, por<br />
exemplo, comparar as<br />
características da<br />
vegetação da Amazônia<br />
e as da Floresta Negra<br />
européia. Ou as das<br />
estepes africanas<br />
e as da caatinga. “A<br />
exploração da fotografia<br />
facilita a percepção<br />
visual e permite a<br />
Parâmetros Curriculares Nacionais<br />
e a explicação, mas talvez<br />
seja a área que mais<br />
necessita desses procedimentos<br />
para ser bem<br />
compreendida. Muitas<br />
vezes, a descrição é vista<br />
como única forma de<br />
interpretação da paisagem<br />
e é definida como<br />
a “descrição da Terra”.<br />
Mas descrever é apenas<br />
um dos momentos do<br />
aprendizado e, como a<br />
observação, constitui<br />
um ponto de partida para<br />
a leitura e a explicação<br />
da paisagem. Para<br />
permitir que seus alunos construam esses procedimentos,<br />
o professor deve planejar a realização<br />
de excursões e a utilização de mapas, fotografias,<br />
imagens aéreas e de TV. As aulas descritivas<br />
são necessárias, mas não suficientes para<br />
que se compreenda a dinâmica de uma paisagem.<br />
É preciso, ainda, explicar e localizar no<br />
espaço geográfico seus componentes e compará-los<br />
com os de outras paisagens.<br />
Revele o mundo pela força das imagens<br />
Fotos Gustavo Lourenção<br />
observação de<br />
paisagens distantes”,<br />
explica a professora<br />
Elizabeth Popp, da<br />
Universidade de São<br />
Paulo (USP). Fotos<br />
de revistas e jornais,<br />
cartões-postais ou<br />
desenhos são fáceis<br />
de achar e fornecem<br />
imagens que não<br />
existem nos livros<br />
Leonardo Carneiro<br />
didáticos. “É possível<br />
obter imagem de tudo”,<br />
diz Elizabeth. Com esses<br />
recursos, ela propõe aos<br />
alunos que encontrem<br />
imagens relacionadas aos<br />
conteúdos ensinados, à<br />
descrição de paisagens<br />
e à observação do modo<br />
de vida de pessoas<br />
que moram em outros<br />
lugares.<br />
Alunos associam<br />
figuras aos países<br />
na aula de<br />
<strong>Geografia</strong>:<br />
observação<br />
prática<br />
Um mapa<br />
ilustrado do<br />
Brasil ajuda<br />
os alunos a<br />
fazer uma<br />
associação<br />
entre áreas<br />
específicas do país<br />
e suas características<br />
econômicas, sociais,<br />
culturais ou étnicas<br />
<strong>PCN</strong> 1ª a 4ª série - 19
Língua<br />
Portuguesa<br />
Pluralidade<br />
Cultural<br />
<strong>Geografia</strong><br />
Meio<br />
Ambiente<br />
Ciências<br />
Naturais<br />
Educação<br />
Física<br />
Saúde<br />
Orientação<br />
Sexual<br />
História<br />
Matemática<br />
Arte<br />
Ética<br />
?Como relacionar o<br />
construtivismo com<br />
a <strong>Geografia</strong>?<br />
Não há fórmulas<br />
prontas sobre o<br />
construtivismo. No<br />
entanto, um de seus<br />
princípios é o de que<br />
a aprendizagem<br />
acontece se os<br />
conteúdos se<br />
aproximam da<br />
realidade do aluno.<br />
O professor tem o<br />
papel de orientador,<br />
motivador. O caráter<br />
multidisciplinar da<br />
<strong>Geografia</strong> e um<br />
professor disposto a<br />
motivar sua turma a<br />
ligar os conteúdos à<br />
realidade farão dela<br />
uma disciplinachave<br />
para esse<br />
trabalho. A prática<br />
construtivista<br />
considera as<br />
percepções dos<br />
estudantes sobre o<br />
lugar onde vivem<br />
como o ponto inicial<br />
da aprendizagem.<br />
Um exemplo: as<br />
crianças da cidade<br />
identificam o<br />
trânsito como uma<br />
característica do<br />
lugar. O professor<br />
pode aproveitar<br />
essa percepção<br />
para pesquisar<br />
as mudanças no<br />
cenário urbano<br />
local. “Será que<br />
sempre houve esse<br />
trânsito? Como era<br />
na época de seu<br />
avô?” Tais questões<br />
podem gerar um<br />
projeto de estudo.<br />
20 - <strong>PCN</strong> 1ª a 4ª série<br />
Marcio Lima<br />
Convide as<br />
crianças para<br />
dar um mergulho<br />
na paisagem<br />
A visita a um lugar ou o contato com uma<br />
paisagem por meio de fotografias, leituras, vídeos<br />
ou relatos permitem abordar muitos conteúdos<br />
da <strong>Geografia</strong>. As crianças consideram<br />
essas atividades prazerosas. Com as duas iniciativas,<br />
a identificação de aspectos sociais, culturais<br />
e naturais dos espaços geográficos torna-se<br />
mais fácil. Os alunos podem começar sua pesquisa<br />
a partir de observações do próprio cotidiano,<br />
sobre como o bairro em que vivem é organizado,<br />
quais os trajetos que percorrem. Outras<br />
atividades, como a análise de músicas regionais<br />
e de obras literárias ou entrevistas com pessoas<br />
de outras regiões, são também preciosas. Como<br />
uma mesma imagem pode ser descrita de várias<br />
maneiras por diferentes observadores, a comparação<br />
das interpretações das músicas, textos e<br />
depoimentos permitirá o confronto de idéias, interesses<br />
e valores <strong>–</strong> o que é muito útil para perceber<br />
os problemas enfrentados no bairro ou na<br />
cidade, no passado e no presente.<br />
Lições tiradas da lama<br />
Em Maragogipe, a<br />
200 quilômetros de<br />
Salvador, boa parte da<br />
população vive dos<br />
caranguejos, peixes e<br />
mariscos que tira do<br />
manguezal que circunda<br />
a cidade. Mesmo assim,<br />
até há pouco, os<br />
moradores tratavam<br />
Alunos pesquisam o manguezal: ambiente respeitado<br />
Os alunos dos dois primeiros ciclos devem desenvolver<br />
as seguintes habilidades:<br />
No primeiro ciclo<br />
■ Saber observar como a sua comunidade lida<br />
com as diversas manifestações da natureza e compreender<br />
que elas, muitas vezes, determinam a<br />
maneira pela qual o espaço em que a criança vive<br />
é ocupado. Por exemplo, a orientação de um rio<br />
pode ser a principal causa da forma como a população<br />
se distribuiu na cidade.<br />
■ Conhecer e comparar a natureza da paisagem<br />
local com a de outros lugares.<br />
■ Reconhecer semelhanças e diferenças nas<br />
formas pelas quais os diferentes grupos sociais<br />
lidam com as manifestações da natureza, relacionando<br />
atitudes desses grupos com o trabalho,<br />
hábitos cotidianos e lazer. Um exemplo: o<br />
verão para os moradores da cidade pode significar<br />
que é chegado o período de férias, na praia.<br />
Na área rural, é a época das chuvas essenciais<br />
para a lavoura.<br />
■ Utilizando imagens e textos, observar e descrever<br />
a paisagem e conhecer pontos de referência<br />
para se deslocar com autonomia e representar os<br />
lugares onde vivem.<br />
■ Espera-se que eles adquiram uma atitude<br />
responsável em relação à preservação da natureza.<br />
■ Ser capazes de utilizar a linguagem oral e<br />
ilustrações para observar e descrever a paisagem.<br />
essa riqueza natural<br />
com desdém: o<br />
manguezal servia como<br />
depósito de lixo, suas<br />
árvores eram cortadas e<br />
a profissão de<br />
pescador do<br />
mangue, tratada<br />
como uma<br />
atividade sem<br />
importância. A<br />
situação mudou<br />
quando o<br />
professor Carlos<br />
Antônio de<br />
Oliveira mobilizou<br />
os alunos e<br />
professores da<br />
cidade. Os<br />
professores<br />
estudaram o<br />
manguezal e<br />
passaram a freqüentá-lo<br />
com seus alunos. Juntos,<br />
todos limparam a área,<br />
semearam árvores e<br />
passaram a controlar<br />
seu crescimento<br />
e o dos animais que<br />
voltaram a viver na<br />
lama. As aulas<br />
começaram a ser dadas<br />
diretamente no local.<br />
“Hoje eu sei que o<br />
manguezal não é lixo,<br />
mas um lugar de onde<br />
tiramos nosso alimento”,<br />
aprendeu a aluna Thaís<br />
de Araújo Souza. A<br />
certeza das crianças<br />
contagiou a cidade. Hoje<br />
todos se empenham<br />
em preservar sua<br />
paisagem natural.
Fotos Biô Barreira<br />
No segundo ciclo<br />
■ Utilizar a linguagem cartográfica para re- Como posso evitar<br />
■ Os alunos devem reconhecer e comparar o presentar e interpretar informações, sabendo in- que minhas aulas<br />
papel da sociedade e da natureza nas diferentes dicar direção, distância e proporção. Os mapas sejam soníferas,<br />
paisagens urbanas e rurais brasileiras.<br />
são as ferramentas básicas da <strong>Geografia</strong>. Copiar mesmo contando<br />
■ Identificar semelhanças e diferenças entre e colorir mapas, escrever nomes de rios e cidades<br />
apenas com o<br />
os modos de vida no campo e na cidade; perceber ajuda a memorizar e ensina a representar o espa-<br />
como são as relações de trabalho, as construções ço geográfico.<br />
quadro-negro<br />
e moradias, os hábitos, o lazer e a cultura.<br />
?<br />
e o giz?<br />
■ Conhecer as relações entre o mundo urba- Simule uma situação de “caça ao<br />
no e o rural e os contatos que sua coletividade es- tesouro”. Divida a turma em grupos Não é difícil tornar<br />
tabeleceu com as de outros lugares no passado e e entregue a cada um deles um as aulas de<br />
pedaço de cartolina numerada que<br />
e permanecem no presente.<br />
<strong>Geografia</strong> mais<br />
representará o tesouro. Cada equipe<br />
■ Saber o papel das tecnologias, da informa-<br />
interessantes para<br />
esconde seu tesouro numa área<br />
ção, da comunicação e dos transportes nas paisa-<br />
os alunos. Você<br />
delimitada e entrega as indicações,<br />
gens urbanas e rurais e na vida em sociedade.<br />
em forma de texto, à equipe<br />
pode ter, na sala, só<br />
■ Entender algumas conseqüências das trans- adversária. Depois de encontrar o quadro-negro e giz.<br />
formações da natureza causadas pelo homem, no tesouro, os grupos deverão representar Mas certamente sua<br />
local e em paisagens urbanas e rurais.<br />
o caminho percorrido em um mapa. escola está em uma<br />
comunidade que<br />
Consiga imagens antigas e novas de ■ Valorizar o uso da tecnologia para preser-<br />
tem muito que<br />
um lugar conhecido de seus alunos. var o ambiente e melhorar a qualidade de vida.<br />
Peça a eles que comparem as<br />
contar. Os<br />
■ Ter uma atitude responsável em relação ao<br />
mudanças na paisagem. Essa<br />
meio ambiente, reivindicando o direito de todos funcionários mais<br />
atividade será uma chance de<br />
à vida em um espaço preservado e saudável. antigos da escola,<br />
discutir como e por que elas<br />
■ Respeitar os modos de vida de diferentes os moradores do<br />
ocorreram e que alterações<br />
grupos sociais; saber como se relacionam com o bairro, a família<br />
trouxeram para a comunidade.<br />
espaço e a paisagem onde vivem.<br />
de seus alunos<br />
■ Saber empregar a observação, a descrição, o ■ Identificar e avaliar as ações dos homens têm lembranças e<br />
registro, a comparação, a análise e a síntese no uso em sociedade e suas conseqüências em diferen- informações que<br />
das informações de fontes escritas e de imagens. tes espaços e épocas.<br />
indicarão para as<br />
crianças como era<br />
aquele lugar e as<br />
transformações que<br />
Voando sobre os mapas o deixaram como é<br />
agricultura, turismo, que devem ser seguidas, hoje. Velhas fotos,<br />
economia e conflitos em enquanto descreve as jornais antigos e<br />
garimpos e terras<br />
paisagens e os até mesmo mapas e<br />
indígenas. Os alunos acidentes que está plantas do bairro<br />
participam ativamente “sobrevoando”. Na<br />
que os moradores<br />
da viagem com um Região Norte, por<br />
aviãozinho de papel e exemplo, os alunos podem ter<br />
um mapa que reproduz acompanham o guardado em<br />
o desenho dos<br />
encontro das águas alguma gaveta<br />
instrumentos dos aviões. do Rio Negro e do servem como<br />
Vôo panorâmico: aula com aviãozinho de papel O professor vai ditando Solimões, o Pico preciosas fontes<br />
as coordenadas<br />
da Neblina, os garimpos<br />
O<br />
de informação.<br />
professor Fernando apresentar-lhes as geográficas e pontos no Araguaia uma<br />
Carraro, do Liceu convenções<br />
cardeais das direções viagem inesquecível. São documentos<br />
Coração de Jesus, em cartográficas. O<br />
que permitem a<br />
São Paulo, faz a<br />
professor grava uma fita<br />
interação entre<br />
imaginação de seus<br />
alunos voar durante as<br />
aulas. Carraro simula um<br />
vôo em um avião sobre<br />
simulando a linguagem<br />
dos aeronautas e fala de<br />
cidades, hidrografia,<br />
vegetação, relevo,<br />
O professor<br />
Fernando<br />
Carraro e<br />
sua turma:<br />
<strong>Geografia</strong> e<br />
História no<br />
estudo do lugar.<br />
mapas de várias regiões recursos minerais,<br />
uma viagem<br />
brasileiras para<br />
transportes, população, inesquecível<br />
Dica<br />
Dica<br />
<strong>PCN</strong> 1ª a 4ª série - 21
Língua<br />
Portuguesa<br />
Pluralidade<br />
Cultural<br />
<strong>Geografia</strong><br />
Meio<br />
Ambiente<br />
Ciências<br />
Naturais<br />
Educação<br />
Física<br />
Saúde<br />
Orientação<br />
Sexual<br />
História<br />
Matemática<br />
Arte<br />
Como trabalhar a<br />
Pluralidade<br />
Cultural em<br />
<strong>Geografia</strong>?<br />
Ensinar que os<br />
grupos sociais<br />
estabelecem<br />
diferentes formas<br />
de viver em um<br />
determinado lugar<br />
é um dos objetivos<br />
da <strong>Geografia</strong>.<br />
Isso pode ser feito<br />
por meio de um<br />
estudo no qual<br />
as crianças<br />
pesquisem modos<br />
de vida distintos do<br />
seu. Se os alunos<br />
vivem em uma<br />
grande cidade,<br />
podem estudar<br />
como é a vida das<br />
crianças que<br />
moram na beira de<br />
um rio<br />
na Floresta<br />
Amazônica.<br />
E um indiozinho?<br />
Para ele, qual é<br />
a diferença entre<br />
viver na aldeia<br />
ou na cidade?<br />
As respostas para<br />
essas questões<br />
estão em livros,<br />
revistas, jornais,<br />
na Internet...<br />
É fundamental<br />
que os alunos<br />
relacionem seu<br />
modo de vida<br />
com o do grupo<br />
social estudado e<br />
compreendam a<br />
importãncia de<br />
respeitar e<br />
valorizar as<br />
diferenças que<br />
Ética ?E<br />
22 - <strong>PCN</strong> 1ª a 4ª série<br />
Mapas ajudam<br />
a compreender<br />
processos históricos<br />
A representação do espaço geográfico é muito<br />
importante para que os alunos compreendam<br />
fenômenos e processos históricos e sociais. Para<br />
ensiná-la, o professor deve trabalhar, simultaneamente,<br />
a leitura e a produção de mapas.<br />
Não é necessário saber ler mapas para produzi-los.<br />
Além disso, os alunos dos primeiros<br />
ciclos ainda não conhecem todos os aspectos<br />
da linguagem cartográfica. No entanto, mesmo<br />
sem que dominem proporcionalidade ou símbolos<br />
sistematizados, eles podem desenhar<br />
“Alfabetização” cartográfica <strong>–</strong><br />
O mapa da mina<br />
ntender mapas não<br />
é nada fácil para as<br />
crianças. Sem a ajuda do<br />
professor, elas acabam<br />
tendo problemas para<br />
relacionar esses<br />
“desenhos” a um<br />
espaço, conforme<br />
explica a especialista<br />
paulista em cartografia<br />
infantil Rosângela Doin<br />
de Almeida. O professor,<br />
mapas. O professor deve criar situações em<br />
que, gradualmente, os alunos aprendam mais<br />
sobre a linguagem da representação cartográfica.<br />
Pode-se, por exemplo, aproveitar idéias<br />
que eles já têm sobre como distribuir os móveis<br />
em um cômodo ou pedir que desenhem<br />
um “mapa do tesouro”. O professor poderá fazer<br />
novas exigências, como a criação de legendas<br />
ou a manutenção da proporcionalidade nos<br />
desenhos.<br />
Deve-se lembrar também que a leitura de mapas<br />
incentiva a dedução a partir de um conhecimento<br />
que as crianças já possuem sobre o espaço<br />
representado. Não se pode esquecer que a<br />
função da linguagem cartográfica é exatamente a<br />
de comunicar. E é em situações comunicativas<br />
que a aprendizagem acontece.<br />
Pesquise as diferenças e as semelhanças<br />
entre a vida urbana e a rural<br />
Os alunos podem compreender melhor as<br />
relações do homem com a natureza estudando<br />
as paisagens urbanas e rurais e os diferentes<br />
modos de ser, viver e trabalhar dos grupos sociais<br />
dos dois ambientes. Eles podem pesquisar<br />
como a vida se organiza em diferentes regiões<br />
brasileiras, a interdependência entre as áreas urbanas<br />
e rurais e os limites dos recursos naturais.<br />
Representação da sala: primeiro em maquete,... .<br />
Fotos Luis Gomes<br />
Uma sugestão interessante é observar a utilização<br />
de diferentes meios de transporte. Há lugares<br />
onde se anda a cavalo, de barco ou a pé e outros<br />
onde o trânsito gera graves problemas, provocando<br />
congestionamentos, acidentes e poluição.<br />
Outros aspectos ainda podem ser discutidos,<br />
como os problemas ambientais e de saúde,<br />
na cidade e no campo.<br />
ensina Rosângela, deve<br />
fazer um trabalho com o<br />
uso de termos do<br />
cotidiano, como “na<br />
frente”, “atrás”, “à direita”<br />
e “à esquerda”, para<br />
indicar a direção, a<br />
...depois em uma planta baixa<br />
orientação e a distância<br />
dos objetos no espaço.<br />
O pulo-do-gato é fazer<br />
as crianças entenderem<br />
que mapas são<br />
representações<br />
bidimensionais e<br />
reduzidas de<br />
grandezas<br />
tridimensionais.<br />
Uma boa maneira<br />
de conseguir isso é<br />
construir uma<br />
maquete da classe<br />
e representá-la em<br />
uma planta baixa.<br />
O conceito de<br />
proporção também<br />
é visualizado com<br />
esse exercício.
Alexandre Belem<br />
Como avaliar o aproveitamento<br />
escolar de sua turma<br />
Alguns critérios de avaliação devem ser<br />
definidos para que o professor possa planejar a<br />
continuidade dos estudos em função dos conhecimentos<br />
que os alunos já adquiriram:<br />
No primeiro ciclo<br />
■ Os alunos devem ser capazes de identificar,<br />
em seu cotidiano, manifestações da relação entre<br />
sociedade e natureza.<br />
Com esse critério é possível avaliar se o estudante<br />
entendeu a idéia de interdependência entre<br />
a sociedade e a natureza e também se ele sabe<br />
identificar os aspectos dessa relação na paisagem<br />
e no lugar onde vive.<br />
■ As crianças devem saber comparar as características<br />
da paisagem local com as de outros<br />
lugares.<br />
Aqui, devem ser verificadas a capacidade de<br />
observar, descrever e comparar os componentes<br />
sociais e naturais da paisagem e a aptidão de<br />
perceber como os vários espaços que a compõem<br />
surgiram ao longo do tempo.<br />
■ Ler, interpretar e representar o espaço usando<br />
mapas simples.<br />
Os alunos precisam mostrar que são capazes<br />
de representar as características de um espaço e<br />
Aprende-se de tudo nas ruas<br />
Jeanne e sua turma: <strong>Geografia</strong> nas ruas do Recife<br />
Acidade do Recife<br />
é pontuada por<br />
ilhas, canais, bacias,<br />
pontes, praias e rios.<br />
“Ela constitui um prato<br />
cheio para o ensino da<br />
<strong>Geografia</strong>”, explica<br />
a professora Jeanne<br />
Amália de Andrade<br />
Tavares, que percorreu<br />
com seus alunos de 2ª<br />
série vários bairros da<br />
a melhor<br />
forma de usar fitas<br />
de vídeo nas aulas<br />
de <strong>Geografia</strong>?<br />
Vídeos são um<br />
recurso motivador.<br />
Mas é preciso<br />
seguir alguns<br />
mandamentos<br />
antes de exibi-los:<br />
1. Não mostre a<br />
fita a seus alunos<br />
de delimitar suas vizinhanças com o emprego de sem examiná-la<br />
elementos da linguagem cartográfica.<br />
antes;<br />
2. Habitue-se a<br />
No segundo ciclo<br />
parar a fita,<br />
■ Os estudantes devem saber explicar como retroceder imagens<br />
acontece a interação entre as regiões urbanas e<br />
e usar seu<br />
rurais no Brasil, utilizando a comparação de ele-<br />
conteúdo como<br />
mentos sociais e naturais que as compõem.<br />
A vida no campo é diferente da vida na complemento de<br />
cidade. A avaliação segundo esse critério deve outras explicações<br />
levar em conta a capacidade da criança de obser- apresentadas antes<br />
var, descrever e compreender as relações de sua e durante a aula;<br />
coletividade com o campo e com outras cidades. 3. Proponha uma<br />
■ Os alunos devem conseguir distinguir as série de questões<br />
semelhanças e as diferenças entre os modos de para ser<br />
vida nas cidades e no campo.<br />
Para saber se eles sabem reconhecer essas?Qual<br />
cidade. A intenção<br />
era mostrar a<br />
diversidade<br />
urbana. “Em cada<br />
bairro o espaço<br />
é ocupado de<br />
maneira diferente,<br />
o relevo e a<br />
história de cada<br />
região têm<br />
variações, nem<br />
as pessoas são<br />
as mesmas.” Nas<br />
visitas, os alunos<br />
descobriram a<br />
geografia política<br />
da cidade. “Os bairros<br />
da região norte são<br />
mais pobres do que<br />
os da região sul.” As<br />
crianças marcavam em<br />
um papel os detalhes<br />
Jardim<br />
mais significativos da<br />
paisagem. Uma ponte,<br />
um braço de rio, uma<br />
avenida mais larga...<br />
Depois as marcações<br />
eram comparadas com<br />
um mapa da cidade e o<br />
deslocamento realizado<br />
se traçava.<br />
Em outra ocasião,<br />
Jeanne Amália invertia<br />
o processo e os alunos,<br />
mapa na mão,<br />
checavam os locais<br />
por onde passavam.<br />
Nessa atividade a<br />
turma teve contato<br />
com as convenções<br />
cartográficas,<br />
como as cores e<br />
os símbolos usados<br />
nos mapas.<br />
respondidas após<br />
a apresentação.<br />
Assim, o aluno<br />
assistirá à fita<br />
como um<br />
pesquisador que<br />
sabe o que quer<br />
descobrir;<br />
4. Promova um<br />
debate em que se<br />
estabeleçam<br />
relações entre os<br />
conteúdos<br />
conhecidos antes e<br />
depois da exibição;<br />
5. Não improvise.<br />
A apresentação<br />
deve ser parte de<br />
seu planejamento,<br />
e não uma<br />
atividade feita ao<br />
acaso. Evite passar<br />
uma fita apenas<br />
porque ela chegou<br />
<strong>PCN</strong> 1ª a 4ª série - 23
Língua<br />
Portuguesa<br />
Pluralidade<br />
Cultural<br />
<strong>Geografia</strong><br />
Meio<br />
Ambiente<br />
Ciências<br />
Naturais<br />
Educação<br />
Física<br />
Saúde<br />
Orientação<br />
Sexual<br />
História<br />
Matemática<br />
Arte<br />
Ética<br />
?Como explicar a<br />
diferença entre<br />
país e nação?<br />
Imagine a torcida<br />
brasileira em um<br />
estádio. Nem todos<br />
os torcedores se<br />
conhecem, mas<br />
estão ligados pelo<br />
amor aos mesmos<br />
esportistas e ao<br />
Brasil que<br />
representam.<br />
Eles estão unidos,<br />
também, por<br />
costumes parecidos<br />
e se identificam<br />
pela maneira<br />
como torcem<br />
e têm as mesmas<br />
lembranças,<br />
interesses e<br />
aspirações. Afinal,<br />
gritam pela vitória<br />
de “sua” seleção. A<br />
imagem de uma<br />
torcida facilita a<br />
compreensão do<br />
que é uma nação,<br />
um agrupamento de<br />
pessoas ligadas por<br />
sua origem,<br />
tradições e<br />
histórias, unidas<br />
por seu modo de<br />
vida, lembranças e,<br />
muitas vezes, por<br />
uma mesma língua.<br />
O conceito de país<br />
é diferente. O país é<br />
a região, a terra, o<br />
espaço físico<br />
habitado por uma<br />
coletividade.<br />
Tomando-se o<br />
exemplo acima, a<br />
nação seria a<br />
“torcida” e o país,<br />
o “estádio”.<br />
24 - <strong>PCN</strong> 1ª a 4ª série<br />
Ilustrações Jardim<br />
características, o professor deve observar se levam<br />
em conta os tipos e o ritmo de trabalho, as<br />
moradias, a organização e a distribuição da população,<br />
seus hábitos, expressões culturais e lazer.<br />
■ Reconhecer o papel das tecnologias, da informação,<br />
da comunicação e dos transportes para<br />
as sociedades urbanas e rurais.<br />
As necessidades dos grupos sociais que vivem<br />
no campo e nas cidades são diferentes. O<br />
professor deve verificar se seus alunos compreendem<br />
os motivos que levam esses grupos a<br />
desenvolver novas técnicas e tecnologias e os benefícios<br />
e prejuízos que elas podem trazer.<br />
■ Fazer relações entre as ações da sociedade<br />
e suas decorrências para o meio ambiente.<br />
Todas as ações do homem têm conseqüências<br />
para a natureza. Os alunos devem ser capazes de<br />
compreender como essas transformações acontecem,<br />
no campo e na cidade.<br />
■ Conhecer alguns símbolos da linguagem<br />
Os truques didáticos do professor Wilson<br />
Como explicar o<br />
crescimento<br />
vertical das metrópoles<br />
para jovens de uma<br />
cidade do interior como<br />
Cruzeiro (no Vale do<br />
Paraíba, em São Paulo),<br />
onde quase não há<br />
prédios? “Com um<br />
elástico”, responde o<br />
professor Wilson<br />
Mendes dos Santos<br />
Filho. Ele forma um<br />
círculo com seus<br />
alunos, prende-os com<br />
um elástico e pede que<br />
se afastem uns dos<br />
outros. O elástico<br />
estica, arrebenta e é<br />
remendado. Colocam-se<br />
cada vez mais crianças<br />
Alice Hattori<br />
no círculo. “Logo elas<br />
percebem que para<br />
todos caberem é preciso<br />
levantar os braços”,<br />
explica. Um truque<br />
simples, mas eficiente<br />
cartográfica para representar paisagens.<br />
Algumas das convenções dessa linguagem<br />
são importantes para a leitura de mapas simples,<br />
maquetes e roteiros. Os alunos devem saber<br />
utilizá-las na representação de direção, distâncias,<br />
proporções, legendas ou pontos cardeais.<br />
Eles também devem ser capazes de<br />
fazer comparações e sobreposições entre<br />
as informações de mapas com diferentes<br />
temas: relevo, clima, distribuição de<br />
população e outros.<br />
■ Observar, descrever, explicar e comparar<br />
paisagens urbanas e rurais.<br />
No segundo ciclo, os alunos devem estar aptos<br />
a observar, descrever, explicar, comparar e<br />
representar paisagens urbanas e rurais. Esses<br />
são os requisitos para a interpretação de imagens<br />
e de paisagens. No entanto, eles devem saber<br />
que essa primeira leitura pode ser questionada,<br />
comparada e enriquecida com pesquisas<br />
feitas posteriormente.<br />
Wilson em ação: urbanização explicada com um elástico<br />
do professor Wilson. “Eu<br />
procuro mostrar como a<br />
<strong>Geografia</strong> se relaciona<br />
com outras disciplinas.”<br />
Para explicar como as<br />
sociedades ocupam e<br />
transformam<br />
o espaço de<br />
acordo com seus<br />
interesses em<br />
momentos<br />
históricos, Wilson<br />
organiza uma<br />
visita ao museu<br />
da cidade, que<br />
surgiu no ciclo do<br />
café. Para checar<br />
a atual situação<br />
da região, a<br />
turma entrevista<br />
pescadores e faz<br />
redações que registram<br />
a degradação do Rio<br />
Paraíba e a precária<br />
saúde da população<br />
pobre que vive no Vale<br />
do Paraíba.