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os tamanquinhos de natal

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No dia seguinte, pela manhã, quando a velha,<br />

acordada pelo frio e pelo catarro, <strong>de</strong>sceu à sala<br />

<strong>de</strong>baixo - oh maravilha! - viu a gran<strong>de</strong> chaminé<br />

cheia <strong>de</strong> brinqued<strong>os</strong> rutilantes, <strong>de</strong> caixas com bol<strong>os</strong><br />

magnífic<strong>os</strong>, <strong>de</strong> riquezas <strong>de</strong> toda espécie; e no meio<br />

<strong>de</strong>stes tesour<strong>os</strong>, o tamanco do pé direito, aquele<br />

que seu sobrinho <strong>de</strong>ra ao pequenino vagabundo,<br />

estava ao lado do pé esquerdo, que ela <strong>de</strong>ixara aí<br />

nessa mesma noite, e on<strong>de</strong> colocaria algumas<br />

chibatas.<br />

E enquanto o pequeno Wolff, que acordara ao ouvir<br />

<strong>os</strong> grit<strong>os</strong> da tia, se extasiava ingenuamente<br />

<strong>de</strong>fronte d<strong>os</strong> esplêndid<strong>os</strong> presentes <strong>de</strong> Natal,<br />

ouviram-se gran<strong>de</strong>s gargalhadas lá fora. A velha e a<br />

criança saíram para saber o que aquilo significava, e<br />

viram todas as vizinhas reunidas em volta do<br />

chafariz. O que suce<strong>de</strong>ra? Uma coisa muito<br />

engraçada e muito extraordinária! Os filh<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />

tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> ricaç<strong>os</strong> da terra, aqueles cuj<strong>os</strong> pais<br />

queriam surpreen<strong>de</strong>r com <strong>os</strong> melhores presentes,<br />

tinham encontrado apenas chibatas <strong>de</strong>ntro d<strong>os</strong><br />

sapat<strong>os</strong>.<br />

Então, o órfão e a velha, lembrando-se das riquezas<br />

que estavam na sua chaminé, tiveram medo; mas,<br />

<strong>de</strong> repente, chegou o senhor cura, com a fisionomia<br />

transtornada. Tinha visto, naquele momento, por<br />

cima do banco colocado à porta da igreja, no lugar<br />

on<strong>de</strong>, na véspera, uma criança vestida <strong>de</strong> branco e<br />

<strong>de</strong>scalça, apesar do frio, estivera com a cabeça<br />

enc<strong>os</strong>tada, dormindo, um círculo <strong>de</strong> ouro incrustado<br />

na pedra.<br />

Tod<strong>os</strong> se benzeram com <strong>de</strong>voção e, compreen<strong>de</strong>ndo<br />

que aquela form<strong>os</strong>a criança adormecida, que tinha

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