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os tamanquinhos de natal

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esperava, ingenuamente, que o Menino Jesus não<br />

se esquecesse <strong>de</strong>le e tinha a intenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>os</strong><br />

seus tamanc<strong>os</strong> em cima da cinza da lareira.<br />

Logo que terminou a missa do galo, <strong>os</strong> fiéis<br />

retiraram-se, impacientes pela ceia, e o bando <strong>de</strong><br />

estudantes, sempre dois a dois, precedid<strong>os</strong> pelo<br />

pedagogo, saiu da igreja.<br />

Fora, <strong>de</strong>baixo do pórtico, sentada num banco <strong>de</strong><br />

pedra, por cima do qual havia um nicho ogival,<br />

estava uma criança dormindo, uma criança coberta<br />

com um vestido <strong>de</strong> lã branca, e com <strong>os</strong> pés nus,<br />

apesar do frio. Não era um mendigo, pois o vestido<br />

era asseado e novo, e ao seu lado, no chão, viamse,<br />

amarrad<strong>os</strong> <strong>de</strong>ntro dum pedaço <strong>de</strong> sarja, um<br />

esquadro, um compasso, um machado e outr<strong>os</strong><br />

utensíli<strong>os</strong> <strong>de</strong> aprendiz <strong>de</strong> carpinteiro. O seu r<strong>os</strong>to,<br />

iluminado pela luz das estrelas, tinha uma<br />

expressão <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> divina, e <strong>os</strong> seus cabel<strong>os</strong><br />

comprid<strong>os</strong> e anelad<strong>os</strong>, <strong>de</strong> um louro ruivo,<br />

formavam-lhe uma espécie <strong>de</strong> auréola em torno da<br />

fronte. Mas <strong>os</strong> seus pés pequenin<strong>os</strong>, arroxead<strong>os</strong><br />

pelo frio daquela noite cruel <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, oprimiam<br />

o coração.<br />

Os estudantes, tão bem vestid<strong>os</strong> e calçad<strong>os</strong> para o<br />

inverno, passaram com indiferença junto da criança<br />

<strong>de</strong>sconhecida. Alguns, filh<strong>os</strong> d<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong> mais<br />

notáveis da terra, dirigiam àquele vagabundo um<br />

olhar on<strong>de</strong> se lia o <strong>de</strong>sprezo d<strong>os</strong> ric<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> pobres,<br />

d<strong>os</strong> gord<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> magr<strong>os</strong>.<br />

Mas o pequeno Wolff, que fora o último a sair da<br />

igreja, parou, comovido, diante da form<strong>os</strong>a criança<br />

que dormia.<br />

- Ah! pensou o órfão, que horror! Este pobre

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