O CRISTÃO E O PRAZER SEXUAL - Casa da Bíblia Online
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Calvino Coutinho Fernandes<br />
O <strong>CRISTÃO</strong><br />
E O<br />
<strong>PRAZER</strong> <strong>SEXUAL</strong><br />
Curitiba – 2003
Todos os direitos reservados.<br />
Copyright©2003.<br />
A. D. SANTOS EDITORA<br />
Al. Júlia <strong>da</strong> Costa, 215<br />
80410-070 - Curitiba - Paraná - Brasil<br />
+55(41)3324-9390<br />
www.adsantos.com.br<br />
editora@adsantos.com.br<br />
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)<br />
Coutinho Fernandes, Calvino.<br />
O Cristão e o Prazer Sexual / Calvino Coutinho Fernandes – Curitiba:<br />
A. D. SANTOS EDITORA, 2003. 138 p.<br />
ISBN – 85-7459-084-3<br />
1. Educação Sexual 2. <strong>Bíblia</strong> 3. Cristianismo<br />
2ª Edição: março/2008 – 2000 Exemplares.<br />
Proibi<strong>da</strong> a reprodução total ou parcial,<br />
por quaisquer meios a não ser em citações breves,<br />
com indicação <strong>da</strong> fonte.<br />
Edição e Distribuição:<br />
Capa<br />
PROC Design<br />
Diagramação<br />
Manoel Menezes<br />
Impressão e acabamento:<br />
Reproset<br />
CDD–230.3
Agradecimentos<br />
Gostaria de agradecer a minha aju<strong>da</strong>dora,<br />
namora<strong>da</strong>, esposa e amante Priscila,<br />
pelas idéias, desvelo.<br />
À confiança <strong>da</strong>s minhas pacientes,<br />
pois sou apenas um instrumento nas mãos<br />
de Deus. Às inúmeras ouvintes (especialmente<br />
<strong>da</strong>s rádios locais) que incessantemente<br />
ligam para compartilhar suas<br />
dúvi<strong>da</strong>s e ansie<strong>da</strong>des; e à minha secretária<br />
Veronice, que com dedicação digitou este<br />
trabalho.<br />
Agradeço a todos os colegas e amigos<br />
<strong>da</strong> SBRASH, pela participação que<br />
têm na minha formação cultural e afetiva.<br />
Acima de tudo, agradeço a Deus que<br />
tudo, tudo mesmo me deu graciosamente,<br />
inclusive estes três lindos tesouros que<br />
chamo de filhos.<br />
iii
Prefácio<br />
“Dentro <strong>da</strong> sexuali<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de<br />
e sem conservadorismo, Calvino se<br />
coloca nesta obra de uma forma um tanto<br />
tradicional, que é o que todos gostam.<br />
Fala de ciência, de liberação <strong>da</strong> libido<br />
feminina, de comportamento saudável,<br />
sem deixar as tradições de lado. Calvino<br />
constrói e mantém a família, que é o eixo<br />
do ser humano (alguém já se pensou sem<br />
família?).<br />
Muitos gostam de transgressão, mas<br />
chega um momento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em que todos<br />
querem o marido, o companheiro, a<br />
esposa, a companheira, a continência <strong>da</strong><br />
família. O livro trata de sexuali<strong>da</strong>de dessa<br />
forma, e com meiguice. Não de um jeito<br />
impositivo, mas eluci<strong>da</strong>tivo e amistoso.<br />
Portanto, a obra é adequa<strong>da</strong> à mulher<br />
e seu companheiro, de to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des,<br />
nas dúvi<strong>da</strong>s que têm no decorrer <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
Eu, como mulher, gostaria de ter um ginecologista<br />
e orientador sexual como Calvino.<br />
Ele é médico e olha a pessoa por<br />
inteiro. É capaz de aconselhar, de eluci<strong>da</strong>r.<br />
v
Muito me orgulho de ter sido sua<br />
supervisora. Neste momento, constato o<br />
que eu já sabia: Calvino é um profissional<br />
brilhante".<br />
Sônia Daud<br />
Sônia Daud é Psicóloga e Terapeuta Sexual,<br />
Coordenadora dos cursos de Pós Graduação em<br />
Terapia Sexual <strong>da</strong> SBRASH (Socie<strong>da</strong>de Brasileira<br />
de Estudos em Sexuali<strong>da</strong>de Humana), em São<br />
Paulo. É membro do Conselho Científico <strong>da</strong><br />
mesma enti<strong>da</strong>de.<br />
vi
Sumário<br />
PRIMEIRA PARTE<br />
O CASAMENTO NA SUA PLENITUDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07<br />
CAPÍTULO I<br />
O INÍCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09<br />
CAPÍTULO II<br />
O TEMPO PASSA , O AMOR NÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23<br />
SEGUNDA PARTE<br />
DISFUNÇÕES SEXUAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43<br />
CAPÍTULO III<br />
DESEJO <strong>SEXUAL</strong> HIPOATIVO (FRIGIDEZ). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45<br />
CAPÍTULO IV<br />
DISFUNÇÕES DO ORGASMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67<br />
CAPÍTULO V<br />
DISTÚRBIOS DA EJACULAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77<br />
CAPÍTULO VI<br />
DISFUNÇÃO ERÉTIL (IMPOTÊNCIA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87<br />
TERCEIRA PARTE<br />
DEFICIÊNCIA FÍSICA E <strong>SEXUAL</strong>IDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111<br />
CAPÍTULO VIII<br />
SEXO SEM DEFEITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113<br />
CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129<br />
vii
viii
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
Introdução<br />
A necessi<strong>da</strong>de primária do ser humano é a intimi<strong>da</strong>de<br />
com o seu semelhante, uma união íntima e indissolúvel.<br />
A gestação é um estado de profun<strong>da</strong> ligação biológica,<br />
onde um indivíduo brota <strong>da</strong>s entranhas do outro e durante<br />
trinta e sete semanas comem <strong>da</strong> mesma comi<strong>da</strong>, dormem<br />
misturados, compartilham hormônios, sangue e emoções.<br />
Quando interrompe-se a gestação, no parto, o bebê<br />
entra pela primeira vez em contato direto com o mundo,<br />
tornando-se um solitário que vai viver eternamente em<br />
“busca do outro”.<br />
O filhote <strong>da</strong> fêmea humana vive e se alimenta de um<br />
universo chamado mãe e sua dependência é tão profun<strong>da</strong><br />
até um ano de vi<strong>da</strong>, que chega a <strong>da</strong>r impressão que foi<br />
meio que abortado, necessitando completar seu período<br />
gestacional numa encubadeira materno-familiar.<br />
Neste período só quer e necessita de 3 coisas: mãe,<br />
mãe e mãe (ou... sua substituta). Do lado de fora <strong>da</strong> “maternagem”<br />
está o pai postado com a espa<strong>da</strong>, facilitando a<br />
simbiose mãe-filho e filtrando as múltiplas interferências <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong>de, para que a relação familiar não seja excessivamente<br />
contamina<strong>da</strong> por intromissões vin<strong>da</strong>s de fora...<br />
Quando a criazinha finalmente se apruma sobre as<br />
próprias pernas, dá-se como que um outro parto, psicologicamente<br />
falando, os olhos buscam o horizonte, os pés se<br />
afastam em retumbante sinal de liber<strong>da</strong>de e o pai é vislum-<br />
1
Calvino Coutinho Fernandes<br />
brado quase que pela primeira vez, como uma terceira<br />
figura no universo, antes constituído somente pela díade<br />
mãe-filho. A partir <strong>da</strong>qui o triângulo familiar é ca<strong>da</strong> vez<br />
mais intensamente vivido, lançando o alicerce <strong>da</strong> socialização,<br />
<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de de sexo e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de de gênero.<br />
A necessi<strong>da</strong>de mais primitiva do ser humano é estabelecer<br />
contato com o outro, seja tátil, visual, auditivo, olfativo,<br />
gustativo ou genital.<br />
A sexuali<strong>da</strong>de é uma forma de comunicação e pode<br />
até levar ao prazer genital, mas de modo geral ela é usa<strong>da</strong><br />
para aproximar as pessoas sem que haja um interesse<br />
sexual. Vamos exemplificar: muitas empresas colocam<br />
moças na recepção, porque a característica básica do sexo<br />
feminino é a receptivi<strong>da</strong>de. É claro que a comunicação é<br />
favoreci<strong>da</strong> quando o público recepcionado é mais masculino.<br />
Por quê? Porque a sexuali<strong>da</strong>de feminina é até certo<br />
ponto oposta à sexuali<strong>da</strong>de masculina e esta heterossexuali<strong>da</strong>de<br />
facilita a comunicação entre as pessoas nestas situações<br />
sociais. Por outro lado, na hora <strong>da</strong>quele bate-bola do<br />
sábado à tarde, o sexo oposto não seria tão bem-vindo a<br />
não ser que fosse no alambrado gritando: vai lá amor! ...<br />
No gramado, a sexuali<strong>da</strong>de semelhante dos “craques”<br />
facilita a comunicação na base dos berros, trancos e cara<br />
feia, o que não se pode negar, ser fonte de prazer no campo<br />
e no churrasquinho logo depois.<br />
Resumindo: a sexuali<strong>da</strong>de é fonte de muitos prazeres<br />
por si mesma e é uma ponte para o ser humano atingir o seu<br />
maior desejo de se ligar ao seu semelhante.<br />
Quando as crianças de pais normais descobrem que o<br />
amor dedicado pelos genitores é exclusivamente familiar<br />
pois, a namora<strong>da</strong> do papai é a mamãe e não a filhinha, e o<br />
namorado <strong>da</strong> mamãe é o papai e não o filhinho, elas<br />
sentem-se mais alivia<strong>da</strong>s renunciando a esse “amor impos-<br />
2
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
sível”. Essa renúncia é o motor que vai alimentar o início <strong>da</strong><br />
ver<strong>da</strong>deira “socialização do afeto” na adolescência.<br />
Este ser humano, filho de pais não-psicóticos, passa<br />
então a dirigir o seu desejo as pessoas que estão fora do<br />
vínculo familiar.<br />
Neste sublime e traumático “parto social” os pais<br />
devem respeitar alguns espaços, continuar <strong>da</strong>ndo limites e<br />
muito, muito afeto para que o seu amado(a) filho(a) não<br />
seja mais um produto de consumo desta socie<strong>da</strong>de adolescente<br />
e cruel.<br />
Por quê as pessoas se casam?<br />
Pessoas tími<strong>da</strong>s podem se unir através <strong>da</strong> intermediação<br />
de um conhecido com complexo de cupido que<br />
acaba, sem querer, sendo responsabilizado pelo prazer ou<br />
desprazer resultante <strong>da</strong> união. Esses casais podem entrar<br />
em crise na ausência física ou afetiva do “santo casamenteiro”.<br />
Adolescentes podem se unir baseados em promessas<br />
de que o outro vai se transformar, como numa metamorfose,<br />
exatamente naquela pessoa com a qual ele sempre<br />
sonhou. Naturalmente que essas promessas feitas no<br />
caldeirão <strong>da</strong>s paixões não poderão ser cumpri<strong>da</strong>s e produzirão<br />
frustrações no futuro, que podem levar a atritos graves<br />
e cobranças intermináveis.<br />
Outros se unem, mas de modo consciente ou inconsciente<br />
colocam um pé no casamento e o outro no mundo.<br />
Socialmente “casal de pombinhos”, por baixo do pano<br />
mantém relacionamentos íntimos. Há uma espécie de<br />
acordo inconsciente para que os dois permaneçam na<br />
ignorância e possam manter esta relação esquizofrenizante...<br />
obviamente algumas distrações como uma marca<br />
de batom na gola, fazem brotar conflitos indesejáveis.<br />
3
Calvino Coutinho Fernandes<br />
Outros se unem, na terceira i<strong>da</strong>de, por amizade,<br />
companheirismo, fuga <strong>da</strong> solidão tão duramente imputa<strong>da</strong><br />
por uma socie<strong>da</strong>de que supervaloriza a juventude e a<br />
produtivi<strong>da</strong>de.<br />
Alguns mais maduros psicologicamente, são mais<br />
independentes na sua decisão de se ligarem como casal.<br />
Estão satisfeitos com o modo de ca<strong>da</strong> um. Não têm<br />
santo casamenteiro nem promessas de mu<strong>da</strong>nças radicais.<br />
Os atritos nestes relacionamentos podem aflorar devido às<br />
mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong>s características de ca<strong>da</strong> um com o tempo,<br />
que podem não mais ser motivo de admiração, respeito ou<br />
desejo.<br />
Alguns sob o fogo <strong>da</strong> paixão, se precipitam envolvendo-se<br />
em casamentos que tem tudo para levá-los de um<br />
oásis à sequidão mais profun<strong>da</strong>, insípi<strong>da</strong> e estéril do<br />
deserto.<br />
O desejo é a materialização <strong>da</strong>s fantasias e em geral,<br />
as pessoas são escravas de fantasias, de sonhos, acreditando<br />
sinceramente que um dia num passe de mágica, vai<br />
surgir na sua frente o homem ou a mulher dos seus<br />
sonhos... um ser angelical, perfeito, repleto de virtudes e de<br />
formas, uma espécie de estátua de Davi ambulante, capaz<br />
de realizar todos os seus sonhos, satisfazer todos os seus<br />
desejos. Este ser seria fonte inesgotável de prazer, êxtase e<br />
paz. Quando finalmente há o encontro tão almejado, a<br />
adrenalina é lança<strong>da</strong> na corrente sangüínea, a feniletilamina<br />
(molécula do amor) banha o cérebro e todo o corpo,<br />
os feromônios são produzidos e eliminam odores que,<br />
captados inconscientemente atraem um para o outro.<br />
Encharcados, envolvidos e embotados pela “química <strong>da</strong><br />
paixão”, as pernas bambeiam, o coração palpita, as mãos<br />
ficam úmi<strong>da</strong>s e frias, as palavras titubeiam ou somem...<br />
Enfim, as emoções mais ocultas e desconheci<strong>da</strong>s invadem<br />
4
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
o ego, ofuscam ou mesmo suprimem a razão por longos<br />
períodos.<br />
Cui<strong>da</strong>do adolescentes! Este turbilhão de hormônios<br />
pode levá-los a cometer atos intempestivos, que vão contra<br />
to<strong>da</strong> a sua moral sexual. Parem, reflitam, evitem situações<br />
estimulantes do sexo como locais isolados, músicas,<br />
bebi<strong>da</strong>s.<br />
Tudo na nossa socie<strong>da</strong>de hedonista, capitalista,<br />
imediatista, empurra as pessoas a se usarem como objetos<br />
de consumo descartável. Você não é coisa, e embora<br />
desperte os mais variados desejos, a sua função não é<br />
simplesmente satisfazer os famintos de sexo.<br />
O sexo é uma coisa maravilhosa, uma inesgotável<br />
fonte de prazeres (sem aposentadoria), mas é só uma parte<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Usado dentro do casamento num ambiente<br />
permeado de amor, ele produz um crescimento do prazer,<br />
um brilho ofuscante do amor. Os cônjuges ligados intimamente<br />
por este amor-sexual, não terão maiores problemas<br />
com a educação sexual dos filhos.<br />
Neste trabalho, tenho o objetivo de levantar as principais<br />
questões sexuais que causam inquietações para o<br />
casal, sem me aprofun<strong>da</strong>r exaustivamente na história<br />
pessoal de ca<strong>da</strong> “namorante”. Pretendo, se Deus permitir,<br />
numa outra ocasião detalhar mais o intrigante universo <strong>da</strong>s<br />
inter-relações do casal.<br />
As perguntas ou questões a seguir foram basea<strong>da</strong>s em<br />
palestras proferi<strong>da</strong>s, encontros, entrevistas na mídia e<br />
também em algumas experiências na Clínica de Terapia<br />
Sexual e Ginecologia, com freqüência também utilizarei<br />
questionamentos de colegas escritores.<br />
Propositalmente, não segui a seqüência científica na<br />
ordem dos capítulos. Após passar por uma furiosa luta<br />
interna, a minha formação médica cedeu a uma força<br />
5
Calvino Coutinho Fernandes<br />
maior chama<strong>da</strong> amor e iniciei esta obra pela “O <strong>Casa</strong>mento<br />
na sua Plenitude” pois “O Tempo Passa , o Amor<br />
não”; e discorri sobre “Disfunções Sexuais” que normalmente<br />
surgem no chamado normal; e finalizei com a<br />
descoberta <strong>da</strong> prazerosa intimi<strong>da</strong>de na Deficiência Física.,<br />
intitulando “Sexo sem Defeito”, pois os portadores de deficiência<br />
tem to<strong>da</strong> a chance de usufruir de um sexo perfeito.<br />
Não pretendo insinuar que os jovens não saibam<br />
desfrutar do oceano do amor, eles apenas começaram a<br />
banhar os seus pés, mas as longas travessias, as poderosas<br />
braça<strong>da</strong>s, só foram <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelos que atingiram o colorido<br />
róseo do crepúsculo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Eles já desembarcaram em<br />
longínquas e desconheci<strong>da</strong>s terras, e como náufragos,<br />
algumas vezes, já sobreviveram a grandes borrascas.<br />
São com estes sobreviventes, que precisamos<br />
aprender a beber do desejo dia-a-dia, a superar as tempestades<br />
e a na<strong>da</strong>r contra a maré.<br />
E se algum dia, contemplarmos face a face o deficiente<br />
físico, aí sim que descobriremos a força do amor de<br />
modo mais puro e profundo; amor divino colocado em<br />
vaso de barro.<br />
Os casos descritos em todos os capítulos se referem a<br />
pacientes de todos os níveis sócio-econômico-culturais e<br />
de diversas religiões, inclusive não evangélicos.<br />
Aproveitem a leitura. Escrevi para aqueles que<br />
querem ser eternos namorados.<br />
6.
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
Primeira Parte<br />
O CASAMENTO<br />
NA SUA PLENITUDE<br />
7
Calvino Coutinho Fernandes<br />
8
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
Capítulo I<br />
O Início<br />
1. Na primeira relação sexual é obrigatório haver<br />
sangramento?<br />
Não. Nem sempre o hímen se rompe e em alguns<br />
casos ocorre ruptura sem sangramento. O hímen complacente<br />
permite a relação sexual sem que haja lesão.<br />
Fiquem tranqüilos, a ausência de sangue não significa<br />
que a mulher não seja mais virgem.<br />
2. Tive a primeira relação há uma semana e estou com<br />
um sangramento bem vermelho. O rompimento do<br />
hímen pode causar esse sangramento tão demorado?<br />
Pode sim. Geralmente o sangramento é bem discreto,<br />
muitas vezes não passando de uma pequena mancha na<br />
roupa. Em alguns casos ele pode persistir por vários dias.<br />
Para não haver preocupações desnecessárias vá ao ginecologista,<br />
que com uma rápi<strong>da</strong> inspeção vai tranqüilizá-la.<br />
A ruptura do hímen pode ocorrer num local onde existe um<br />
vaso sangüíneo que fica “babando” por vários dias. Raramente<br />
é necessária uma pequena cauterização local feita<br />
pelo médico.<br />
9
Calvino Coutinho Fernandes<br />
3. Muitas pessoas acham que sabem tudo sobre sexo,<br />
mas na prática os casais muitas vezes já iniciam a vi<strong>da</strong><br />
sexual com diversas frustrações. Isto pode ser<br />
evitado?<br />
Sim. Hoje nós conhecemos muito mais sobre sexo e<br />
relacionamento do que há alguns anos atrás. Esses novos<br />
conhecimentos precisam ser divulgados para que as<br />
pessoas usufruam com mais intensi<strong>da</strong>de do prazer a dois.<br />
Aquela falsa idéia de que o macho sabe tudo e é o responsável<br />
pelo prazer do casal, não convence mais. A mulher<br />
antigamente era vista tão somente como fonte de prazer e<br />
geradora de filhos. Hoje elas exigem a sua parcela de<br />
prazer e às vezes não querem só um “orgasminho” não, o<br />
que elas desejam é um super-orgasmo ou até mesmo múltiplos<br />
orgasmos. O homem infelizmente foi educado para<br />
pensar que nasceu um super-macho conhecedor profundo<br />
<strong>da</strong>s mulheres e capaz de arrancar prazer <strong>da</strong> mais géli<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
criaturas. Ledo engano! Quando este Don-Juan de meia-tigela<br />
se encontra com a nova mulher, há uma razoável<br />
chance de virar um Dom Quixote.<br />
Vejamos algumas dicas para evitar frustrações e<br />
futuras disfunções sexuais:<br />
a) Planejem o primeiro encontro num local privativo<br />
onde certamente não serão interrompidos.<br />
b) Antecipem o momento com fantasias sexuais e um<br />
excitante namoro.<br />
c) Evitem pensamentos negativos, conversas inoportunas.<br />
d) Um breve telefonema ou recados estimulantes<br />
preparam os hormônios antecipa<strong>da</strong>mente.<br />
e) Nunca, nunca se apressem (dica mais para os<br />
homens) em chegar ao final. Muitas vezes uma viagem é<br />
mais prazerosa do que o ponto de chega<strong>da</strong>. Lembrem-se<br />
10
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
sempre: a intimi<strong>da</strong>de dos corpos que se desejam e amam é<br />
sempre muito prazerosa. Não deve haver preocupação<br />
com o orgasmo. O compromisso é com o prazer e não há<br />
na<strong>da</strong> mais prazeroso do que o contato corporal com o ser<br />
amado. Sem regras e juizes. Mais e muito não é sinônimo<br />
de melhor...<br />
4. E quanto às posições do casal durante o sexo, muitos<br />
afirmam que qualquer posição além do tradicional<br />
“papai e mamãe” é pecado.<br />
As religiões costumam relacionar sexo com pecado,<br />
ao ponto de alguns religiosos dizerem que o pecado<br />
original é o sexo!<br />
A <strong>Bíblia</strong> declara sem rodeios que o sexo, além de estar<br />
a serviço <strong>da</strong> reprodução, foi <strong>da</strong>do ao homem para que<br />
pudesse viver um sublime prazer com a sua esposa. Em<br />
provérbios 5:18 e 19 lemos: “Seja bendito o teu manancial<br />
e alegra-te com a mulher <strong>da</strong> tua moci<strong>da</strong>de, corça de<br />
amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo<br />
o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias.”<br />
Esta e muitas outras passagens bíblicas revelam claramente<br />
o imenso prazer que o Criador do universo nos deu<br />
através do sexo. O ser humano não é uma “linha de<br />
montagem” onde espermatozóides e óvulos entram por um<br />
lado e bebês saem por outro. Há muito mais prazer envolvido<br />
nesta “linha de montagem” do que nós podemos<br />
imaginar.<br />
Então sexo com amor e respeito mútuo, não precisa<br />
ficar engessado, empalhado numa única posição. Há uma<br />
regra básica no sexo: fujam <strong>da</strong> rotina... rotina <strong>da</strong> posição,<br />
rotina <strong>da</strong> hora, rotina do local. Variem dependendo do<br />
prazer maior ou menor, nesta ou naquela posição. Certas<br />
posições dão mais prazer devido a uma visualização<br />
11
Calvino Coutinho Fernandes<br />
melhor de certas partes do corpo. Lateralmente, mulher<br />
sobre o homem, não importa: divirtam-se.<br />
5. É ver<strong>da</strong>de que o homem se estimula mais rapi<strong>da</strong>mente<br />
do que a mulher?<br />
Alguns terapeutas sexuais, como eu, acreditam que o<br />
desejo do homem é, em geral, mais urgente, tem mais<br />
pressa em atingir o orgasmo. Poderíamos explicar isto, em<br />
parte, devido ao fato do homem fantasiar muito mais que a<br />
mulher. Ora, o desejo na<strong>da</strong> mais é que a materialização<br />
<strong>da</strong>s fantasias. Por estas razões há necessi<strong>da</strong>de de calma,<br />
relaxamento e uma tranqüila interação de corpos, não<br />
exigente, para que o casal cresça na vi<strong>da</strong> íntima e os<br />
cônjuges apren<strong>da</strong>m ca<strong>da</strong> vez mais <strong>da</strong>r e receber prazer.<br />
6. Há alguma fórmula mágica para <strong>da</strong>r mais prazer à<br />
mulher?<br />
Não há fórmulas mágicas para atingir-se a “magia do<br />
sexo”. O ver<strong>da</strong>deiro afrodisíaco é o amor. Parceiros que<br />
realmente vivem o amor na sua dimensão mais profun<strong>da</strong>,<br />
buscam sempre o prazer do outro. Não há obrigação do<br />
homem proporcionar prazer, o que há é um forte desejo do<br />
macho-amador em ver a sua parceira deleitar-se em<br />
profundo êxtase.<br />
A “hora <strong>da</strong> cama,” deve ser uma conseqüência natural<br />
do namoro no transcorrer do dia. Um beijinho na nuca de<br />
manhã, um maroto beliscão na hora do almoço, um rápido<br />
alô por telefone... essa sensuali<strong>da</strong>de vai preparando os<br />
hormônios <strong>da</strong> parceira e estimulando intensamente o seu<br />
apetite sexual. Quando finalmente o momento tão sublime<br />
chega, é bom lembrar que a mulher tem uma sensibili<strong>da</strong>de<br />
corpórea difusa maior do que o homem e por isso, as carícias<br />
devem ser constantes desde os primeiros momentos.<br />
12
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
É conveniente evitar o contato íntimo, mesmo com as<br />
mãos, até que haja um bom nível de excitação. Após um<br />
adequado período de estímulo, os lábios vaginais estarão<br />
ingurgitados (inchados), a vagina úmi<strong>da</strong> , o clitóris e região<br />
periclitoridiana poderão ser delica<strong>da</strong>mente afagados, o<br />
que elevará sobremaneira o nível do prazer. Evitem muito<br />
contato direto com o clitóris porque rapi<strong>da</strong>mente o estímulo<br />
pode passar a ser uma agressão devido a grande<br />
sensibili<strong>da</strong>de deste órgão que é altamente inervado.<br />
A partir <strong>da</strong>qui estão abertas as portas dos momentos<br />
mais intensos de prazer que Deus construiu para o<br />
homem..<br />
Maridos, tenham muita calma, entrem em sintonia<br />
com o seu corpo, as suas sensações, apren<strong>da</strong>m a controlar<br />
o orgasmo e lembrem-se que há muitas mulheres que têm<br />
capaci<strong>da</strong>de de múltiplos orgasmos, e quanto mais prazer<br />
elas sentirem mais realizados vocês se sentirão.<br />
7. Como aumentar a excitação masculina sem terminar<br />
tudo muito cedo?<br />
O homem não tem a mesma sensibili<strong>da</strong>de corporal <strong>da</strong><br />
mulher, mas pode ser muito estimulado com carícias<br />
adequa<strong>da</strong>s no mamilo, pescoço, orelhas. A região genital e<br />
perigenital é a principal fonte de excitação masculina, principalmente<br />
a glande. Estas áreas, quando sensualmente<br />
estimula<strong>da</strong>s, incrementam muito a excitação. Movimentos<br />
de deslizamento <strong>da</strong> pele do pênis com as mãos, certa<br />
compressão <strong>da</strong> base peniana são muito prazerosos, assim<br />
como um contato oral com a glande.<br />
Os movimentos não podem ser muito bruscos e<br />
intensos porque. poderiam precipitar o orgasmo muito<br />
cedo. A mulher deve estar atenta às sensações do marido e<br />
nos momentos de intensa excitação o estímulo deve ser<br />
13
Calvino Coutinho Fernandes<br />
interrompido por alguns segundos. Isto adia o orgasmo e<br />
prolonga o prazer. Veja mais sobre isso no capítulo sobre<br />
as disfunções sexuais.<br />
8. Raramente eu e meu esposo podemos gozar juntos.<br />
Sou muito lenta. Seguimos a idéia de “brincar”<br />
bastante antes, mas não mudou muito. Não sabemos<br />
resolver o problema. O que podemos fazer?<br />
Criou-se nos últimos anos o “mito do orgasmo simultâneo”<br />
e isto foi exaustivamente divulgado às pessoas em<br />
geral, de tal modo que muitos casais se sentem incompetentes<br />
por não conseguirem.<br />
Não há a menor necessi<strong>da</strong>de dessa concomitância<br />
orgásmica, embora ela possa ocorrer ás vezes e ser prazerosa.<br />
Na intimi<strong>da</strong>de do casal o importante é a comunicação<br />
completa dos corpos, o prazer mútuo, nem mesmo o<br />
orgasmo precisa ser atingido. Os parceiros nunca devem se<br />
escravizar com a obrigatorie<strong>da</strong>de do orgasmo, porque isto<br />
poderia desviar a atenção de outros prazeres inesquecíveis.<br />
O orgasmo deveria ser uma conseqüência natural de todo<br />
um enlace entre mentes e corpos que pode durar de<br />
segundos a horas.<br />
É conveniente refletir que a simultanei<strong>da</strong>de do<br />
orgasmo interfere negativamente na mecânica sexual do<br />
casal, pois o homem no momento orgástico tende a ficar<br />
parado e a mulher mantém movimentos vigorosos com a<br />
bacia. O ideal seria o homem protelar ao máximo a ejaculação,<br />
para permitir o orgasmo(s) <strong>da</strong> parceira e só então<br />
permitir-se o prazer pleno.<br />
9. Qual a duração normal do ato sexual?<br />
Não há um tempo considerado normal. A média de<br />
duração pelas estatísticas é de dez minutos. Quanto maior<br />
14
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
a duração, maior o prazer e quanto maior o prazer, mais<br />
estimulado ficará o “centro sexual cerebral” liberando um<br />
nível maior de desejo para outros prazeres futuros.<br />
Evite sempre a rotina até em relação a duração do ato<br />
sexual: aquela “rapidinha” no meio do dia, pode ser uma<br />
boa pita<strong>da</strong> de estímulo!<br />
10. Não se pode ter relação menstrua<strong>da</strong>?<br />
Há três períodos nos quais a mulher está mais receptiva<br />
para o homem: na fase fértil, no período pré-menstrual<br />
e no período menstrual.<br />
Se ambos sentirem o desejo de “fazer amor” não há<br />
problema. Sugiro uma rápi<strong>da</strong> higiene que retire o excesso<br />
de fluxo sangüíneo. Este é o período do ciclo onde não há<br />
possibili<strong>da</strong>de de ocorrer gestação, pois o endométrio está<br />
se dissolvendo e sendo eliminado pela vagina. Se houver<br />
quaisquer suspeitas de infeções genitais, não tenha relação,<br />
principalmente durante a menstruação e caso ocorra<br />
contato genital, coloque antes a camisinha ou até mesmo o<br />
diafragma.<br />
A mulher judia era considera<strong>da</strong> imun<strong>da</strong> neste período<br />
mais isso foi descrito no velho testamento perdendo o significado<br />
com a dispensação <strong>da</strong> graça.<br />
11. Meu marido e eu gostamos de fazer amor no chuveiro<br />
e muitas vezes com quase todo o corpo mergulhado<br />
na banheira. Isto causa algum mal?<br />
Não. A introdução de novas formas de relação é muito<br />
estimulante e aumenta o prazer. Muitas pessoas se sentem<br />
grandemente excita<strong>da</strong>s com fantasias sexuais na água. As<br />
variações são “vitaminas” para os centros sexuais cerebrais.<br />
15
Calvino Coutinho Fernandes<br />
12. Há alguma frigidez em sentir satisfeita com só um<br />
orgasmo por semana?<br />
Não, nenhuma. A imensa maioria <strong>da</strong>s pessoas apresentam<br />
um desejo moderado e raramente atendo pessoas<br />
hipersexua<strong>da</strong>s com altíssimo desejo no consultório.<br />
O importante é o casal estar feliz e saciado com o seu<br />
“ritmo sexual”. Quando há grandes diferenças nas necessi<strong>da</strong>des<br />
sexuais dos cônjuges, então aconselhamos a terapia<br />
sexual para diminuir esta discrepância e restabelecer o equilíbrio<br />
sexual.<br />
13. Tenho uma boa relação sexual com o meu marido.<br />
Depois de ca<strong>da</strong> jorna<strong>da</strong> de trabalho, separados,<br />
cheios de responsabili<strong>da</strong>des e preocupações, fazer<br />
amor significa nos comunicarmos, fazermos companhia<br />
um ao outro, compreensão, desfrute, descanso.<br />
Porém, às vezes, sem motivo, não tenho orgasmo.<br />
Ouvi falar que isso pode me deixar neurótica e fiquei<br />
preocupa<strong>da</strong>.<br />
Esqueça o que ouviu. A sua relação com o marido está<br />
excelente, continuem assim que vocês vão crescer juntos.<br />
O que pode levar à neurose é a fixação pelo orgasmo.<br />
O prazer de atravessar um lindo rio a nado pode ser muito<br />
grande se você aprecia as águas lambendo o seu corpo a<br />
correnteza massageando seus músculos e banhando o seu<br />
rosto. A chega<strong>da</strong> à outra margem deve sempre ser vista<br />
como um fato possível, mas nunca obrigatório, uma decorrência<br />
natural.<br />
Esqueçam do orgasmo e usufruam do imenso gozo <strong>da</strong><br />
intimi<strong>da</strong>de!<br />
16
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
14. Em que consiste o orgasmo do ponto de vista físico?<br />
Muitas mulheres fazem esta pergunta com o intuito de<br />
saber se alguma vez já tiveram um orgasmo. Quando há<br />
uma excitação adequa<strong>da</strong>, segui<strong>da</strong> de um grande incremento<br />
<strong>da</strong> sensação prazerosa, um arrebatamento tão<br />
intenso ocorre que dificilmente haverá dúvi<strong>da</strong>s sobre o<br />
êxtase orgásmico ocorrido. Quando esta explosão de<br />
prazer atinge o clímax, ocorre uma salva de rápi<strong>da</strong>s contrações<br />
dos músculos que circun<strong>da</strong>m os genitais segui<strong>da</strong>s de<br />
uma sensação de alívio <strong>da</strong> tensão muscular acumula<strong>da</strong> e<br />
relaxamento lento. No homem, o orgasmo (prazer<br />
corpóreo) é em geral acompanhado <strong>da</strong> ejaculação do<br />
esperma. Após o orgasmo, o casal é envolvido numa<br />
sensação profun<strong>da</strong>mente relaxante, permea<strong>da</strong> por satisfação<br />
e sacie<strong>da</strong>de; estabelecendo um momento propício<br />
para a comunicação dos amantes. Há uma per<strong>da</strong> progressiva<br />
<strong>da</strong> ereção peniana e clitorideana, desentumescimento<br />
dos lábios vaginais e mamilos e relaxamento dos músculos<br />
perivaginais.<br />
15. Se a natureza usa o instinto sexual para burlar os<br />
amantes e assegurar a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> espécie, por<br />
que sentimos desejo fora dos dias férteis? Por que<br />
podemos satisfazer o desejo sexual com atos infecundos,<br />
como as carícias? Para quê os homens e<br />
mulheres estéreis têm impulsos sexuais?<br />
Sua pergunta seria muito instigante e polêmica, não<br />
fosse a extrema clareza e serie<strong>da</strong>de com a qual o sexo é<br />
tratado na <strong>Bíblia</strong>. A palavra de Deus revela que o sexo tem<br />
pelo menos dois grandes objetivos: prazer e procriação.<br />
Examine por exemplo Provérbios 5:19: “... saciem-te os<br />
seus seios em todo o tempo e embriaga-te sempre com as<br />
17
Calvino Coutinho Fernandes<br />
suas carícias”. Veja que a recomen<strong>da</strong>ção é para um prazer<br />
constante e embriagador, não simplesmente um ato reprodutivo<br />
coman<strong>da</strong>do enganadoramente pela mãe natureza<br />
para produção de bebezinhos em série.<br />
Quanto aos seres humanos estéreis, fica clara a função<br />
prazerosa do instinto sexual. Além <strong>da</strong> reprodução e do<br />
gozo, o sexo ocupa um papel essencial na comunicação<br />
entre homens e mulheres.<br />
16. O que quer um homem na cama?<br />
Os homens são excessivamente estimulados social e<br />
biologicamente para obterem uma penetração-ejaculação.<br />
A nossa socie<strong>da</strong>de idolatra o pênis ereto e desbravador,<br />
mas esta postura masculina que busca sempre a finalização,<br />
costuma com o tempo, levar a frustrações para a<br />
mulher e à grande limitação do próprio prazer masculino.<br />
Mas eles, como as mulheres, necessitam de afeto, estímulo,<br />
paixão, compreensão, jogos e espontanei<strong>da</strong>de. Muitas<br />
vezes os homens sentem-se fracos e precisam ser procurados;<br />
são falhos e precisam ser aceitos. Às vezes disfarçam<br />
sua fragili<strong>da</strong>de atrás de uma máscara de super-macho.<br />
Procurem conversar sobre isso para que o prazer flua<br />
ca<strong>da</strong> vez mais espontaneamente, sem excessivas travações<br />
culturais.<br />
Na hora <strong>da</strong> cama, o homem precisa de uma parceira<br />
versátil, disposta a acompanhá-lo numa estimulante e<br />
varia<strong>da</strong> ginástica sexual. É importante que a mulher tenha<br />
em mente, que muitas posições são especialmente excitantes<br />
e deverão ser descobertas com o tempo. Neste caso,<br />
o “peixe morre pela visão”.<br />
18
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
17. Segundo os padrões de beleza que conheço, não sou<br />
uma mulher bonita. Isso quer dizer que não sou<br />
gostosa?<br />
O conceito de beleza está ligado à cultura de ca<strong>da</strong><br />
país e também às preferências culturais regionais. Uma<br />
mesma mulher pode ser lin<strong>da</strong> na Itália e sem muita beleza<br />
no Brasil.<br />
Os brasileiros, em geral, são educados numa socie<strong>da</strong>de<br />
imatura e superficial e criam imagens padroniza<strong>da</strong>s<br />
de beleza fora <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Quando surge um “príncipe”<br />
ou uma “princesa”, que se encaixam naquela imagem tão<br />
almeja<strong>da</strong>, as pessoas instantaneamente se apaixonam e se<br />
tornam temporariamente cegas a todos os defeitos<br />
inerentes aos seres humanos. Com a convivência, as fortes<br />
emoções diminuem e sobrevem a desilusão (quando não<br />
surgiu o amor), pois a reali<strong>da</strong>de, e a razão põem à mostra o<br />
que de fato as pessoas são no íntimo. Este fogo passageiro<br />
pouco tem a ver com uma vi<strong>da</strong> a dois prazerosa na cama.<br />
A simpatia, o charme, a afetivi<strong>da</strong>de, a receptivi<strong>da</strong>de, a<br />
feminili<strong>da</strong>de e o amor, é que são os grandes afrodisíacos.<br />
Lembre-se que muitos casais na terceira i<strong>da</strong>de tem<br />
uma vi<strong>da</strong> sexual intensa e agradável, o que revela a importância<br />
relativa, ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s imagens de perfeição<br />
cobra<strong>da</strong>s pela socie<strong>da</strong>de.<br />
Gostaria de destacar um fator que não tem sido considerado<br />
por muitos: a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> musculatura perineal.<br />
Na minha clínica, há vários anos venho fazendo medi<strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong> força muscular perineal e posso dizer que muitas<br />
mulheres jovens ou idosas submeti<strong>da</strong>s a cesárea ou mesmo<br />
a parto normal apresentam flacidez vaginal e até cistocele<br />
(que<strong>da</strong> de bexiga). Costumo dizer que a vagina é um órgão<br />
muscular e estes músculos podem ser exercitados com<br />
ginásticas específicas. Com um controle voluntário melhor,<br />
19
Calvino Coutinho Fernandes<br />
evitamos uma série de problemas e podemos melhorar o<br />
desempenho sexual do casal. É óbvio que com uma musculatura<br />
forte a mulher se sentirá muito mais gostosa e segura.<br />
18. Casei-me e continuei morando com os meus pais, isto<br />
pode interferir no meu relacionamento sexual?<br />
Tenho a impressão que seria diferente se estivéssemos<br />
sozinhos.<br />
O ideal seria que, ao se casar, os “namorantes”<br />
pudessem gozar do máximo de intimi<strong>da</strong>de e privaci<strong>da</strong>de.<br />
Mesmo morando sozinhos, os cônjuges deverão ter uma<br />
boa maturi<strong>da</strong>de para evitar influências excessivas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />
e <strong>da</strong> família. Quanto maior a dependência econômica<br />
ou afetiva, maior a necessi<strong>da</strong>de dos noivos<br />
procurarem o seu próprio caminho. Enquanto vocês estiverem<br />
nesta situação, procurem sempre ter em mente que<br />
precisam construir um relacionamento de afeto, amor,<br />
parceria e cumplici<strong>da</strong>de, onde o outro é sempre a pessoa<br />
mais importante, e as intromissões dos familiares tem de ser<br />
tolera<strong>da</strong>s até certo ponto, mas sempre tem de ser discuti<strong>da</strong>s<br />
em particular pelos dois. Prestem honra aos pais e sogras,<br />
mas priorizem a construção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> íntima de vocês. E<br />
assim que puderem, migrem para seu próprio ninho onde<br />
ca<strong>da</strong> cantinho <strong>da</strong> casa deverá ser impregnado pelo seu<br />
amor.<br />
19. Por que existe um líquido que sai pelo canal urinário<br />
durante a ereção masculina? Contém espermatozóides?<br />
Alguns especialistas dizem que sim e outros<br />
que não. Como distinguí-lo <strong>da</strong> ejaculação propriamente<br />
dita?<br />
Este líquido existe para uma prévia lubrificação <strong>da</strong><br />
uretra facilitando a ejaculação. Ele é proveniente <strong>da</strong>s glân-<br />
20
dulas (próstata e cowper) e <strong>da</strong>s vesículas seminais. Este<br />
líquido pode conter espermatozóides. Não tem como ser<br />
confundido com a ejaculação, pois nesta o líquido é de<br />
aspecto turvo, leitoso e é lançado a uma certa distância.<br />
Durante a ejaculação o pênis sofre um alongamento adicional<br />
e ocorre um grande incremento <strong>da</strong> excitação que se<br />
alastra por todo o corpo.<br />
20. Sinto prazer por dentro, mas não sai na<strong>da</strong> pela<br />
vagina. É normal?<br />
É normal. Durante a excitação, a mulher fica úmi<strong>da</strong><br />
devido à dilatação dos vasos sangüíneos que irrigam a<br />
vagina ocorrendo a passagem de um líquido claro que vai<br />
lubrificar as paredes e o intróito (entra<strong>da</strong>) vaginal.<br />
O orgasmo no homem é acompanhado <strong>da</strong> expulsão<br />
em jato de um líquido (ejaculação), mas a mulher não tem<br />
ejaculação, pois não há estruturas apropria<strong>da</strong>s para isso no<br />
aparelho genital feminino.<br />
21. O que é o ponto G?<br />
O Cristão e o Prazer Sexual<br />
É uma pequena área na parede vaginal anterior,<br />
próxima <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>, muito erógena, muito sensível ao<br />
toque. Esta região na<strong>da</strong> mais é do que o local que recobre<br />
parte do clitóris. Como todos já sabem, o clitóris é a parte<br />
mais facilmente excitável de todo o aparelho reprodutor<br />
feminino, consequentemente to<strong>da</strong> a área que o circun<strong>da</strong><br />
também é muito sensível e quando estimula<strong>da</strong> nas carícias<br />
ou no coito pode levar ao êxtase facilmente.<br />
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Calvino Coutinho Fernandes<br />
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