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PERFORMANCE DESPORTIVA - cidesd - Utad

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VOLUME 2, NÚMERO 5<br />

BOLETIM TÉCNICO-CIENTÍFICO<br />

JULHO-SETEMBRO DE 2010<br />

<strong>PERFORMANCE</strong> <strong>DESPORTIVA</strong><br />

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM DESPORTO,<br />

SAÚDE E DESENVOLVIMENTO HUMANO (ISSN 1647-3280)<br />

EDITORES - JAIME SAMPAIO; MÁRIO MARQUES; ANTÓNIO SILVA<br />

Editorial<br />

John Robert Wooden (14 Outubro 1910 – 4 Junho 2010) foi um dos maiores treinadores de<br />

sempre, deixa um legado profissional e pessoal de grande importância, que está<br />

disponível em diversos livros da sua própria autoria e agora num resumo final intitulado:<br />

“The Wisdom of Wooden: My Century On and Off the Court”. Entre dezenas de tópicos de<br />

interesse, ficam de forma mais vincada, a definição de sucesso (é a paz de espírito que é<br />

resultado directo da satisfação própria em saber que você fez o melhor que pôde para se<br />

tornar o melhor que você é capaz de se tornar), a pirâmide do sucesso (ver figura acima) e<br />

a distinção entre carácter e reputação (o seu carácter é o que você realmente é, enquanto<br />

a reputação é apenas o que os outros pensam que você é).<br />

Referem os seus jogadores, que ele se preocupava mais em ensinar sobre a vida e as<br />

pessoas, e menos sobre o basquetebol, relembrando-os constantemente que apenas se<br />

tornariam bons jogadores assim que se tornassem boas pessoas. É esta provavelmente<br />

uma das razões pela qual a sua obra é admirada em várias àreas das ciências sociais e que<br />

influênciou a vida de tantas pessoas.<br />

Mais do que o discurso, ficou também o exemplo de um Homem que considerava que não<br />

podia viver um dia perfeito sem fazer algo por alguém que provavelmente nunca lho<br />

poderia retribuir.<br />

Os Editores,<br />

Neste número:<br />

Planear datas de nascimento...<br />

Resistência Aeróbia no<br />

Ténis.<br />

Modalidades de Ginástica<br />

de Competição.<br />

Velocidade e frequência<br />

gestual crítica após 12<br />

semanas de treino em<br />

natação.<br />

Performance em<br />

Nadadores de Ranking<br />

Mundial.<br />

Performance no jogo de<br />

Voleibol.<br />

2<br />

3<br />

4<br />

6<br />

7<br />

8


<strong>PERFORMANCE</strong> <strong>DESPORTIVA</strong><br />

PÁGINA 2<br />

A investigação científica tem revelado<br />

consistentemente que os desportistas de alto-nível<br />

tendem a nascer nos primeiros trimestres do ano<br />

(efeito da idade relativa). Considerando que<br />

habitualmente no desporto de formação se<br />

organizam os escalões competitivos em períodos de<br />

24 meses, por exemplo, enquadram-se no mesmo<br />

escalão competitivo, jovens de 14 e 15 anos de<br />

idade. Contudo, estes procedimentos não pesam<br />

devidamente os quase dois anos de diferença na<br />

maturação destes desportistas e naturalmente<br />

podem criar grandes diferenças nas oportunidades<br />

para aprendizagem, desenvolvimento e sucesso. Foi<br />

feito um estudo em que se analisou a distribuição<br />

das datas de nascimento dos 18.132 desportistas<br />

que participaram dos Jogos Olímpicos de Pequim<br />

(2008) em função do continente de nascimento e do<br />

tipo de desporto. Os resultados revelaram<br />

distribuição muito similar entre os desportistas<br />

masculinos e femininos. O efeito da idade relativa<br />

foi mais claro nos desportistas europeus e asiáticos<br />

do sexo masculino, particularmente nos desportos<br />

de alvo, desportos individuais e de invasão.<br />

Também nos sujeitos femininos se detectou este<br />

efeito, particularmente nas desportistas europeias e<br />

asiáticas, em desportos de rede/parede, desportos<br />

de combate de invasão, enquanto que nos<br />

desportos individuais revelaram maior<br />

predisposição para o nascimento nos ultimos dois<br />

trimestres. Os macro e micro constrangimentos<br />

ambientais, como por exemplo, as políticas<br />

desportivas nacionais e as estratégias de selecção<br />

dos desportistas para os clubes devem considerar<br />

este efeito nos programas de formação desportiva a<br />

longo prazo.<br />

Referencia:<br />

Nuno Leite 1,2<br />

nleite@utad.pt<br />

Planear datas de nascimento...<br />

Leite, N.; Duarte, R. & Sampaio, J. (2010) Examining the relative<br />

age effects across continents and types of sports in Beijing Olympic<br />

athletes (em revisão).<br />

Ricardo Duarte 3<br />

rduarte@fmh.utl.pt<br />

Jaime Sampaio 1,2<br />

ajaime@utad.pt<br />

1. CIDESD<br />

2. Laboratório de Jogos Desportivos Colectivos, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real.<br />

3. Laboratório de Perícia no Desporto, Faculdade de Motricidade Humana, UTL.<br />

Figura 1. Proximidade entre trimestres de nascimento e tipos de<br />

desportos para desportistas masculinos (em cima) e femininos (em<br />

baixo).


A Importância da Resistência Aeróbia no Ténis.<br />

O Ténis, embora esteja associado à<br />

realização de esforços de curta duração<br />

e de alta intensidade, a condição<br />

física do tenista durante a competição<br />

depende, em grande parte, da maior<br />

ou menor capacidade de recuperação<br />

entre os diferentes esforços. Assim, a<br />

recuperação está fortemente dependente<br />

da rápida restauração energética,<br />

logo de uma eficiente resistência<br />

aeróbia.<br />

Também aqui devemos aplicar e<br />

diferenciar os conceitos de potência e<br />

de capacidade aeróbia. O primeiro<br />

representa a capacidade máxima de<br />

consumo de oxigénio, aquilo a que<br />

costumamos denominar de VO2 máximo.<br />

Por outro lado, a capacidade aeróbia<br />

traduz as possibilidades do organismo<br />

realizar esforços relativamente<br />

prolongados, utilizando<br />

preferencialmente o oxigénio como<br />

via de produção energética.<br />

Relativamente aos sistemas de<br />

treino da resistência aeróbia,<br />

existem basicamente dois processos<br />

para o seu aumento: os<br />

contínuos (são realizados sem<br />

pausas intermédias) e os intervalados<br />

(com recuperação incompleta<br />

entre séries).<br />

No Quadro 1 (proposta de<br />

treino) apresentam-se os<br />

valores de intensidade,<br />

repetição, séries e pausas, assim<br />

como o tipo e a duração<br />

média dos exercícios para os<br />

dois sistemas de treino anteriormente<br />

descritos.<br />

Bibliografia<br />

Marques, M.C. 2002. O trabalho<br />

de resistência no ténis<br />

de alto rendimento. Horizonte.<br />

18(103): 13-20.<br />

http://jssf.net/wcsf2011/home.html<br />

VOLUME 2, NÚMERO 5<br />

PÁGINA 3<br />

Mário Marques 1,2<br />

mmarques@ubi.pt<br />

1 Universidade da<br />

Beira Interior,<br />

Covilhã.<br />

2. CIDESD


<strong>PERFORMANCE</strong> <strong>DESPORTIVA</strong><br />

PÁGINA 4<br />

Mudanças necessárias na prática das modalidades de<br />

Ginástica de Competição.<br />

José Ferreirinha<br />

CIDESD<br />

Universidade de<br />

Trás-os-Montes e<br />

Alto Douro, Vila<br />

Real.<br />

jferreirin@utad.pt<br />

Paulo Barata<br />

Director Técnico Nacional<br />

– Formação<br />

Director da Escola<br />

Nacional de Ginástica –<br />

FGP<br />

engym@gympor.com<br />

Tendo por base a conferência<br />

do Professor Keith Russell no<br />

passado mês de Outubro de<br />

2009 por ocasião do Congresso<br />

“Sciences for Gymnastics and<br />

Acrobatic Activities”, o actual<br />

presidente da comissão<br />

científica da Federação<br />

Internacional de Ginástica<br />

afirmou categoricamente a<br />

necessidade de mudança em<br />

diversos procedimentos da<br />

prática das diversas<br />

modalidades da Ginástica<br />

actual, sejam métodos de<br />

treino, regras de competição,<br />

entre outros.<br />

Como ponto de partida foram<br />

apresentados alguns exemplos<br />

ilustrativos do significado<br />

benéfico que a prática das<br />

modalidades gímnicas detinha<br />

algumas décadas atrás, saúde e<br />

bem-estar, músculos bem<br />

tonificados e flexíveis,<br />

capacidade superior de<br />

destreza, ritmo, elegância e<br />

harmonia dos movimentos, etc.<br />

Esses efeitos positivos<br />

reflectiam-se através das<br />

imagens de beleza que a<br />

Ginástica proporcionava,<br />

através da literatura científica,<br />

médica ou outras, as quais<br />

transbordavam de elogios<br />

relativos à prática das<br />

actividades gímnicas.<br />

Contrastam com a realidade<br />

acima descrita alguns exageros<br />

que se cometem actualmente,<br />

na procura da vitória no mundo<br />

da competição que, também<br />

porque as regras permitem,<br />

levam à procura de amplitudes<br />

articulares extremas, níveis de<br />

complexidade acima do que é<br />

compreensível por quem<br />

assiste, enfim, situações que<br />

estão na base de métodos muito<br />

criticados e por vezes<br />

efectivamente penosos para os<br />

praticantes. A título de exemplo,<br />

Keith Russell questiona: é perceptível<br />

para o público a diferença entre uma<br />

dupla pirueta e meia ou tripla e meia<br />

no Solo? Como resposta propõe que<br />

muitas vezes nem os juízes as<br />

diferenciam, quanto mais o público.<br />

É perceptível para o público a<br />

execução de um Endo nas Paralelas<br />

ou Barra com a pega palmar ou<br />

cubital? Não. Acontece que alguns<br />

elementos, cuja dificuldade e/ou<br />

complexidade não é sequer<br />

perceptível pelo público, obrigam a<br />

um acentuado aumento das cargas de<br />

treino, as quais levam aos referidos<br />

exageros que assombram algumas<br />

práticas gímnicas actuais.<br />

É preciso mudar, concluiu Keith<br />

Russell. Com o objectivo claro de<br />

orientar e fiscalizar a formação dos<br />

técnicos que preparam ginastas para<br />

a competição, com o objectivo de<br />

combater os abusos ou exageros<br />

acima referidos, a Federação<br />

Internacional de Ginástica iniciou em<br />

2002 (tendo efectuado uma<br />

actividade teste em 1999) um<br />

programa de formação de<br />

treinadores a que chamou “FIG<br />

Coaches Academy” e que é o ponto<br />

culminante de um vasto programa<br />

mundial de educação para<br />

treinadores nas seis disciplinas FIG,<br />

nomeadamente, Ginástica Artística<br />

Masculina (GAM), Ginástica Artística<br />

Feminina (GAF), Ginástica Rítmica<br />

(GR), Trampolim (Tr), Ginástica<br />

Acrobática (Acro) e Ginástica<br />

Aeróbica (GA).<br />

Este programa começou a ser<br />

construído com base no programa de<br />

Desenvolvimento por Idades (FIG<br />

Age Group Development Program), o<br />

qual efectuou uma revisão<br />

abrangente e mundial da literatura<br />

das ciências relacionadas com o<br />

desporto para o crescimento e as<br />

características de desenvolvimento


da criança, desde o nascimento<br />

até a idade adulta. Tendo sido<br />

completado e validado por<br />

equipas de especialistas de todo<br />

o mundo para identificar uma<br />

série de informações essenciais<br />

para a organização técnica e<br />

desportiva de cada uma das<br />

disciplinas FIG, nomeadamente:<br />

Height, weight and body shape<br />

profiles.altura, peso e forma do<br />

corpo (perfis); Discipline specific<br />

technical development stages.<br />

estágios de desenvolvimento de<br />

cada disciplina técnica específica;<br />

Physical ability profiles and<br />

Physical ability tests across<br />

development stages. perfis de<br />

capacidade física e exames de<br />

aptidão física ao longo dos<br />

estágios de desenvolvimento;<br />

Sport specific skill development,<br />

acquisition, and perfection profi<br />

desenvolvimento desportivo das<br />

habilidades específicas, aquisição<br />

e perfis de perfeição; Training<br />

volume and intensity profiles and<br />

recommendations. volume e<br />

intensidade de treino e<br />

recomendações por faixa etária;<br />

Competition structure<br />

recommendations for Age Group<br />

gymnasts. estrutura de<br />

competição adequada para cada<br />

grupo de idade; Competition<br />

routine content recommendations<br />

for Age Group gymnasts.<br />

recomendações para os de<br />

conteúdo dos esquemas de<br />

competição para cada grupo de<br />

idades, e;Recommendations for<br />

content and structuring of<br />

“universal” Codes of Points.<br />

recomendações para a<br />

estruturação do conteúdo dos<br />

Códigos de Pontuação<br />

"universais".<br />

As Academias FIG foram<br />

completadas com a pré-Academia<br />

“Foundations of Gymnastics” da<br />

responsabilidade do Comité<br />

Técnico da Ginástica para<br />

Todos (GpT), como um<br />

substituto para os cursos de<br />

instrutores de ginástica geral,<br />

realizados anteriormente.<br />

Para melhor compreensão da<br />

complexidade da estrutura de<br />

competição das disciplinas<br />

gímnicas, é necessário dizer<br />

que se organizam em 39 tipos<br />

de competição diferentes,<br />

entre aparelhos e tipologia de<br />

participação (Individuais,<br />

Pares, Pares Mistos, Trios,<br />

Grupos e Sincronizados. Para<br />

responder a esta<br />

complexidade de exigências<br />

competitivas e de níveis de<br />

qualidade de treino, as<br />

Academias organizam-se em 3<br />

níveis, tendo sido efectuadas<br />

até Maio de 2010, 46<br />

academias de GAM/F, 11 de<br />

GA, 8 de GR, 6 de Tr., 6 de<br />

GpT e 2 de Acro.. Até ao fim de<br />

2010 estão previstas mais 25<br />

academias em todas as<br />

disciplinas, níveis e<br />

continentes.<br />

As 79 academias organizadas<br />

tiveram as seguinte<br />

distribuições:<br />

Temporal, em 2002 (1), 2003<br />

(3), 2004 (4), 2005 (8), 2006 (8),<br />

2007 (13), 2008 (18), 2009 (19)<br />

e em 2010 (5 já realizadas e 30<br />

previstas).<br />

Geográfica, em África (18),<br />

América (15), Ásia (16),<br />

Oceânia(1) e Europa (29). Dos<br />

1303 treinadores formados,<br />

374 são Europeus e<br />

especificamente, 47 são<br />

Portugueses, apresentando as<br />

seguintes distribuições. GR<br />

(11), Acro. (8), GA (7), GAF (6),<br />

GAM (4) e GpT (2), dos quais<br />

23 de Nível 1, 11 de Nível 2, 11<br />

VOLUME 2, NÚMERO 5<br />

PÁGINA 5<br />

Mudanças necessárias na prática das modalidades de<br />

Ginástica de Competição (cont.).<br />

de Nível 3 e 2 de GpT. Neste<br />

conjunto de treinadores, Portugal<br />

tem 5 Treinadores/Formadores no<br />

conjunto de 131 mundiais,<br />

distribuídos por 2 na GAM (Pedro<br />

Almeida e Manuel Costa), 2 na GpT<br />

(Rogério Valério e Paulo Barata) e 1<br />

na GR (Eunice Lebre).<br />

Portugal já organizou e vai<br />

organizar até ao fim de 2010, 10<br />

Academias, das quais 5 em 2009.<br />

Distribuídas da seguinte forma:<br />

GAM/F (2), GR (2), GA (2), Tr. (1) e<br />

Acro. (3).


<strong>PERFORMANCE</strong> <strong>DESPORTIVA</strong><br />

PÁGINA 6<br />

A evolução da velocidade e da frequência gestual crítica após<br />

12 semanas de treino em natação.<br />

Marta Marinho 1<br />

Mário Marques 1,2<br />

mmarques@ubi.pt<br />

Daniel A. Marinho 1,2<br />

1 Universidade da<br />

Beira Interior,<br />

Covilhã.<br />

2. CIDESD<br />

A velocidade crítica foi<br />

definida como a<br />

velocidade máxima que<br />

pode ser mantida<br />

durante um longo<br />

período de tempo, sem<br />

exaustão. Para além do<br />

conceito de velocidade<br />

crítica, que tem sido<br />

utilizado com alguma<br />

regularidade pelos<br />

treinadores de natação<br />

como forma de<br />

determinar a<br />

intensidade da<br />

capacidade aeróbia<br />

dos nadadores, foi<br />

sugerida a hipótese da<br />

existência de uma<br />

frequência gestual<br />

teórica que poderia ser<br />

mantida sem exaustão<br />

durante um longo<br />

período de tempo,<br />

definido como a<br />

frequência gestual<br />

crítica. Parece também<br />

ser indicado que a<br />

velocidade crítica e a<br />

frequência gestual<br />

crítica estão associados<br />

com a performance<br />

aeróbia. Todavia, estas<br />

duas variáveis nem<br />

sempre se encontram<br />

ligadas durante o<br />

treino. Neste aspecto,<br />

não é claro que a<br />

melhoria da<br />

capacidade aeróbia<br />

(i.e. velocidade crítica)<br />

esteja dependente de<br />

melhorias energéticas<br />

e/ou mecânicas<br />

(eficiência técnica).<br />

Neste sentido, o<br />

objectivo do presente<br />

trabalho foi analisar a<br />

evolução da<br />

velocidade crítica e da<br />

frequência gestual<br />

crítica após doze<br />

semanas de treino em<br />

nadadores jovens.<br />

Catorze nadadores<br />

infantis do sexo<br />

masculino participaram<br />

neste estudo. As<br />

avaliações decorreram<br />

em dois diferentes<br />

momentos. O primeiro<br />

decorreu no início da<br />

época desportiva e o<br />

segundo após doze<br />

semanas de treino.<br />

Para cada sujeito, a<br />

velocidade crítica e a<br />

frequência gestual<br />

crítica foram<br />

determinadas nos dois<br />

momentos. Os<br />

principais resultados<br />

mostraram que a<br />

velocidade crítica<br />

aumentou, enquanto a<br />

frequência gestual<br />

crítica diminuiu entre<br />

as duas avaliações.<br />

Estes dados parecem<br />

sugerir que a<br />

habilidade técnica foi<br />

melhorada após as<br />

doze semanas de<br />

treino. Os nadadores<br />

foram capazes de nadar<br />

com a mesma<br />

intensidade fisiológica<br />

com uma velocidade<br />

superior e com menor<br />

frequência gestual. Esta<br />

informação pode<br />

permitir auxiliar os<br />

treinadores de natação<br />

a monitorizarem o<br />

processo de treino, não<br />

necessitando de<br />

instrumentos de<br />

avaliação com elevados<br />

custos.<br />

Referência<br />

Marinho, M.A. et al.<br />

(2010). Swimming<br />

performance changes<br />

in young swimmers: a<br />

case study. Journal of<br />

Sports Science and<br />

Medicine 8(Suppl 11),<br />

138-139.


Mário Costa 1,2<br />

mario.costa@ipb.pt<br />

Tiago Barbosa 1,2<br />

barbosa@ipb.pt<br />

António J. Silva 2,3<br />

ajsilva@utad.pt<br />

1 Departamento de<br />

Desporto, Instituto<br />

Politécnico de<br />

Bragança<br />

2. CIDESD<br />

3. Universidade de<br />

Trás-os-Montes e Alto<br />

Douro, Vila Real.<br />

A natação pura desportiva<br />

é uma modalidade cíclica<br />

onde o alcançar da máxima<br />

performance é o<br />

derradeiro objectivo. Mais<br />

ainda, o número de<br />

pesquisas de âmbito<br />

longitudinal em natação é<br />

bastante reduzido. A<br />

abordagem longitudinal da<br />

performance apresenta-se<br />

importante por: (i) permitir<br />

descrever e estimar a<br />

progressão e variabilidade<br />

da performance entre<br />

competições; (ii) encontrar<br />

pontos cronológicos<br />

determinantes na predição<br />

da performance ao longo<br />

da carreira e; (iii)<br />

d e t e r m i n a r a<br />

probabilidade de atingir<br />

finais ou medalhas em<br />

competições importantes.<br />

Foram analisados um total<br />

de 477 nadadores<br />

masculinos pertencentes<br />

ao top-150 FINA (época<br />

2007-2008) e 2385 tempos<br />

oficiais. A performance foi<br />

analisada ao longo de 5<br />

épocas consecutivas, entre<br />

os Jogos Olímpicos de<br />

Atenas 2004 (época<br />

2003/2004) e Pequim 2008<br />

(época 2007/2008) com<br />

recurso ao melhor tempo<br />

nas provas de Livres<br />

pertencentes ao calendário<br />

Olímpico (50-m, 100-m, 200<br />

-m, 400-m e 1500-m). A<br />

interpretação longitudinal<br />

da estabilidade e mudança<br />

na performance foi<br />

efectuada com base em<br />

duas abordagens: (i)<br />

estabilidade das médias e;<br />

ii) estabilidade normativa.<br />

A performance de<br />

nadadores de ranking<br />

mundial em todas as provas<br />

sofreu uma acentuada<br />

melhoria durante o período<br />

entre os Jogos Olímpicos<br />

de Atenas 2004 e Pequim<br />

2008. A estabilidade e<br />

predição da performance<br />

final baseadas no<br />

rendimento ao longo de<br />

todo o ciclo Olímpico foram<br />

moderadas. Contudo,<br />

quanto mais restritos foram<br />

os intervalos de análise, a<br />

estabilidade e capacidade<br />

preditiva da performance<br />

aumentou a partir da<br />

VOLUME 2, NÚMERO 3<br />

PÁGINA 7<br />

Análise Longitudinal da Performance<br />

em Nadadores de Ranking Mundial.<br />

terceira época do ciclo<br />

Olímpico.<br />

Este facto sugere a<br />

necessidade de os nadadores<br />

de ranking mundial<br />

necessitarem de estar perto<br />

do seu pico de forma na<br />

terceira época do ciclo<br />

Olímpico. Como tal,<br />

treinadores deverão atentar<br />

para o desenho e<br />

periodização do treino<br />

sempre baseado numa ideia<br />

a “longo prazo”, tomando a<br />

terceira época do ciclo<br />

Olímpico como um marco<br />

fundamental para a obtenção<br />

de elevadas performances.<br />

Neste ponto, a estabilidade e<br />

a capacidade de predição da<br />

performance em ano<br />

Olímpico aumenta de forma<br />

acentuada.<br />

Referência<br />

Costa MJ, Marinho DA, Reis<br />

VM, Silva AJ, Marques MC,<br />

Bragada JA, Barbosa TM.<br />

(2010) Tracking the<br />

performance of world-ranked<br />

swimmers. Journal of Sports<br />

Science and Medicine<br />

(submetido).


<strong>PERFORMANCE</strong> <strong>DESPORTIVA</strong><br />

PÁGINA 8<br />

Paulo Vicente João 1,2<br />

pvicente@utad.pt<br />

Performance no jogo de Voleibol.<br />

Apesar do Voleibol estar condicionado por regras<br />

específicas, o desenrolar do marcador não reflecte<br />

apenas a prestação dos jogadores, uma vez que é<br />

possível que em determinado momento seja alterado,<br />

devido a efeitos e interacções externas. Por<br />

exemplo, no decorrer de uma competição, os<br />

treinadores conscientes da possibilidade de influenciar<br />

positiva ou negativamente a performance<br />

das equipas, interrompem o jogo através de substituições<br />

e descontos de tempo. Todavia, existem<br />

outras acções mais directamente relacionadas com<br />

a performance dos jogadores que também podem<br />

contribuir significativamente para o resultado do<br />

jogo (vitória/derrota).<br />

Alguns estudos referem a possível ocorrência de<br />

momentos mais importantes durante uma determinada<br />

fase do set (entre os 15/16 e os 19/21 pontos).<br />

Os treinadores conferem importância distinta ao<br />

fluxo do set/jogo, destacando a divisão do set/jogo<br />

em momentos diferenciados (momento do set, momento<br />

do jogo), em função do resultado. Outros<br />

autores ainda estudaram a importância das estatísticas<br />

dos procedimentos de jogo como discriminantes<br />

do resultado, com incidência no ataque,<br />

serviço e bloco (Marcelino et al., 2008). Ou seja, a<br />

questão de fundo parece, à partida, residir na localização<br />

dos momentos mais importantes e na identificação<br />

das variáveis que mais contribuem para ter<br />

sucesso nesses momentos.<br />

Assim, parece evidente que deste problema<br />

emergem dois aspectos importantes, um directamente<br />

relacionado com a dimensão temporal do<br />

jogo (evolução do jogo) e outro com a prestação<br />

dos jogadores, que poderá ser avaliada no Voleibol<br />

através do efeito do desempenho dos procedimentos<br />

de jogo no resultado final. A importância de se<br />

estudar o tipo de set deve-se ao facto de estes constituírem<br />

micro-jogos independentes, os quais podem<br />

ter um poder preditor distinto sobre o resultado<br />

na competição. É essencial particularizar a<br />

localização do set no jogo, em referência a ser um<br />

momento de adaptação inicial ao jogo (pelo set<br />

inicial), um momento de continuidade, onde a situação<br />

para cada uma das equipas pode ser favorável,<br />

equilibrada ou desfavorável (pelos sets intermédios)<br />

e, ainda, o momento em que definitiva-<br />

Jaime Sampaio 1,2<br />

mente se decide o jogo (pelo set final).<br />

Os resultados conduzem-nos a uma discussão com<br />

especial incidência nos procedimentos de jogo. Numa<br />

primeira análise, sendo o momento inicial do<br />

jogo (primeiro set) uma ocasião de conhecimento<br />

mútuo das equipas, os treinadores e respectivos<br />

jogadores tentam descodificar os aspectos débeis<br />

da equipa opositora, ou seja, realizam adaptações<br />

necessárias entre as equipas. Neste sentido, verificamos<br />

que, para não se perder o jogo, é necessário<br />

no 1º set, obter o maior número de pontos, usufruir<br />

dos erros do adversário e falhar o menos possível no<br />

serviço.<br />

Num segundo momento do jogo (sets intermédios)<br />

as equipas já vão conhecendo a forma de jogar uma<br />

da outra. Todavia, não sendo o momento decisivo<br />

que determina o resultado do jogo, as equipas vão<br />

ainda adaptando as suas estratégias ao adversário<br />

no sentido de obter condições favoráveis para o set<br />

final.<br />

O set final, por ser considerado o set das grandes<br />

decisões, assume extrema importância. Neste sentido,<br />

podemos dizer que à medida que o jogo se<br />

aproxima do seu final, emergem mais variáveis que<br />

diferenciam as equipas quanto ao resultado (vitória/<br />

derrota). Sugerem os estudos que os treinadores<br />

devem dar particular atenção ao treino da recepção<br />

e criar dificuldades ao adversário através de maior<br />

diversidade ofensiva. Por outro lado, incidir as estratégias<br />

numa boa organização do bloco. Por último,<br />

referir que nos jogos equilibrados, um serviço<br />

eficaz diferencia significativamente as equipas que<br />

ganham das equipas que perdem.<br />

Referências<br />

1. CIDESD<br />

2. Universidade de Trás<br />

-os-Montes e Alto Dou-<br />

João P. V. (2008). Análise do Jogo de Voleibol de alto<br />

-nível. Dissertação de Doutoramento, UTAD, Vila<br />

Real.<br />

Marcelino, R., Mesquita, I., & Afonso, J. (2008). The<br />

weight of terminal actions in Volleyball. Contributions<br />

of the spike, serve and block for the teams’<br />

rankings in the World League’2005. International<br />

Journal of Performance Analysis in Sport, 8 (2), 1-7.


VOLUME 2, NÚMERO 5<br />

PÁGINA 9


<strong>PERFORMANCE</strong> <strong>DESPORTIVA</strong><br />

Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano<br />

O Boletim técnico-científico Performance Desportiva é um boletim técnico-científico que tem o objectivo<br />

de publicar material que combine os resultados provenientes do conhecimento científico<br />

mais actual com as aplicações práticas e o conhecimento profissional. Pretende divulgar informação<br />

e produzir conhecimento em três linhas de investigação prioritárias: 1) Determinantes genéticos,<br />

biomecânicos e fisiologicos da performance, através do desenvolvimento de modelos descritores e<br />

preditivos do movimento humano e a sua relação com a performance desportiva; 2) Análise da performance<br />

desportiva, através da observação, tratamento e interpretação de registos de performance<br />

desportiva estáticos e dinâmicos; 3) Análise da performance motora, através da avaliação e controlo<br />

das performances motoras. O âmbito de aplicação destas linhas é durante ou após o processo de<br />

treino ou competição desportivas e centra-se nos desportistas, nos treinadores e nos juízes, masculinos<br />

e femininos, envolvidos no desporto de formação e no desporto de alto-rendimento.<br />

Conselho Editorial<br />

António Jaime Eira Sampaio; Antonio Jose Rocha Martins da Silva; António Manuel Vitória Vences de Brito; Carlos Manuel Marques<br />

da Silva; Carlos Manuel Pereira Carvalho; Jorge Manuel Gomes Campaniço; José Augusto Afonso Bragada; José Carlos Gomes de<br />

Carvalho Leitão; José Eduardo Fernandes Ferreirinha; Luís Miguel Teixeira Vaz; Mário António Cardoso Marques; Nuno Miguel<br />

Correia Leite; Paulo Alexandre Vicente João; Tiago Manuel Cabral dos Santos Barbosa; Victor Manuel de Oliveira Maçãs<br />

Contribuições para o Boletim...<br />

O Performance Desportiva é um boletim sujeito a revisão científica e técnica, mas é aberto e encorajase<br />

à participação de todos os interessados nesta àrea do conhecimento. Os artigos a submeter deverão<br />

ter entre 1000-1500 palavras, podendo também conter quadros e/ou figuras (até o máximo de 2).<br />

Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano<br />

Edifício CIFOP – Rua Dr. Manuel Cardona<br />

UTAD – Apartado 1013 – 5001-801 Vila Real<br />

Doutoramento<br />

Ciências do Desporto — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro<br />

Mestrado<br />

Jogos Desportivos Colectivos — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro<br />

E-mail (secretariado): <strong>cidesd</strong>.geral@utad.pt<br />

E-mail (direcção): <strong>cidesd</strong>.direcao@utad.pt<br />

Telefone: 259 330 155<br />

Fax: 259 330 168<br />

Formação técnica e científica no âmbito da Performance Desportiva<br />

Avaliação nas Actividades Físicas e Desportivas — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro<br />

Ciências do Desporto — Universidade da Beira Interior<br />

Licenciatura<br />

Ciências do Desporto. Ramos: Desportos Individuais; Jogos Desportivos Colectivos — Universidade de<br />

Trás-os-Montes e Alto Douro<br />

Licenciatura em Desporto — Instituto Politécnico de Bragança<br />

Cursos de Especialização Tecnológica<br />

MAIS INFORMAÇÕES!<br />

HTTP://CIDESD.ORG/<br />

Treino Desportivo do Jovem Atleta — Instituto Politécnico de Bragança

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