Teste 3 Áudio – Cary CDP-1 - Logical Design

Teste 3 Áudio – Cary CDP-1
60 novembro/2006

Este mês recebi o player CDP-1
CDP-1
da Cary e a missão de testá-lo
para esta revista. O CDP-1 CDP-1 é um
CD player que está situado na
faixa de custo de US$ 3.500 e que
conta com alguns recursos
bastante interessantes. Dentro da
linha de produtos da Cary, ele faz
parte da Concept Series. A Concept
Series é composta por aparelhos
que tem como apelo o bom custo
benefício. O projeto do CDP-1 CDP-1 é
derivado diretamente do CD 303/
300 deste mesmo fabricante. O CD
303/300 é bastante conhecido do
meio audiófilo e possui muitos
fãs. A diferença mais
evidente entre os dois
foi o abandono da
saída valvulada,
presente no CD
303/300. Com isto,
o CDP-1 CDP-1 CDP-1 custa
aproximadamente a
metade do que
custa seu irmão
maior. Seu circuito utiliza fontes de
alimentação reguladas que
alimentam a saída discreta solid
state que opera em classe A.
O CDP-1 CDP-1 toca CD’s, CD-R’s e
CD-RW’s e possui decodificação
para HDCD’s e upsampling que
pode ser selecionado pelo usuário.
A conversão analógico / digital
é realizada através de dois
conversores 24 bit da conhecida
marca Burr Brown. O fabricante
declara ter incorporado em seu
projeto os mais recentes avanços
na área digital. Exemplos são a
unidade de transporte utilizada:
uma unidade leitora de CD / DVD
ROM que pode operar em
múltiplas velocidades. O sinal
digital gerado pelo transporte é
entregue para um DSP de 48 bit
que possui um buffer para os
dados recebidos. Um dos
benefícios declarados para este
buffer é a redução do jitter. Jitter é
a imprecisão (ou erro) temporal
de um sinal digital e pode ser
considerado como o “ruído do
digital”. Este ruído não é
percebido, como no analógico, com
um “som” independente do sinal,
mas na forma de uma deterioração
do sinal. Associando o leitor multivelocidade
ao DSP com buffer de
dados, a Cary possibilitou ao
aparelho ler o disco instantes
antes da conversão e realizar
novas leituras para trechos onde
erros sejam detectados. Fica
também a cargo do DSP realizar o
upsampling do sinal, que pode ser
feito para até 768 kHz, sendo que
a taxa de amostragem é
selecionável através do painel do
aparelho ou do controle remoto.
Os valores disponibilizados são: 96,
192, 384, 512 e 768 kHz. Podemos
também optar por reproduzir o
disco em sua taxa de amostragem
original, que é 44.1 kHz. Observe
que a decodificação HDCD só é
utilizada quando o recurso de
upsampling estiver desligado.
Logo à primeira vista, o CDP-1
CDP-1
transmite a impressão de solidez
em sua construção. Esta
Cary CDP-1
Ricardo De Marino
característica é reforçada quando
levantamos o aparelho e sentimos
seu peso, algo em torno de 10,5
kg. O painel combina de forma
muito elegante: alumínio escovado
na parte superior e alumínio preto
na parte inferior, ambos com
10mm de espessura. O display está
posicionado ao centro e exibe as
informações em cor azul, a mesma
dos LED’s que indicam Standby, a
taxa de amostragem e
decodificação HDCD. Temos a
opção de escolher entre três níveis
de intensidade ou desligar o
display. Os botões, localizados na
parte inferior do painel,
são bem visíveis
por serem em
alumínio
escovado,
contrastando com
o fundo preto.
Além dos botões
que comandam as
funções básicas do
CD player e a abertura
da gaveta, um botão liga/
desliga e outro para
alternar entre as diferentes
taxas de amostragem. No painel
traseiro temos as saídas analógicas
à esquerda, a saída RCA fica
centralizada em relação à saída
balanceada. Mais à direita, temos a
saída Toslink (digital ótico) e SPDIF.
Temos também uma entrada para
um trigger, entrada para controle
remoto e outra RS232. Estas últimas
permitem integração do aparelho à
automação. Por fim, temos o
conector padrão IEC para conexão
de cabo de força destacável à
direita. O aparelho vem de fábrica
com a possibilidade de ser ligado
tanto em 110 como em 220V,
bastando trocar a posição de dois
fusíveis internos para selecionar a
novembro/2006 61

Teste – Cary CDP-1
voltagem de operação desejada.
O CDP-1 CDP-1 mostrou-se bastante
suscetível à trocas de cabos, tanto
os cabos de força quanto os de
interconexão. Após estes ajustes
iniciais foi possível fazer as
audições avaliando o player e suas
opções de upsampling e
decodificação HDCD. Quanto ao
upsampling, apesar das diferenças
não serem “estrondosas” são
perceptíveis e a música adquire
outra graça se comparada com a
reprodução na taxa de amostragem
original. Ouvindo repertório variado,
a preferência ficou entre os
valores de 512 e 768 kHz,
justamente os dois valores mais
altos. É interessante que a
preferência entre estes dois valores
varia com o disco e o padrão da
gravação. O próprio fabricante
sugere que o valor do upsampling
seja selecionado de forma a
adaptar-se a cada gravação. Como
é de se esperar, não há mudanças
em equilíbrio tonal variando-se a
taxa de amostragem. Com o
upsampling ativado, a sensação que
temos é de que os instrumentos
adquirem mais vida e realismo,
soando menos “eletrônicos”. As
mudanças mais perceptíveis são
em relação ao corpo harmônico.
O corpo harmônico é
justamente uma das pedras no
sapato de qualquer player nesta
faixa de preço. Em conjunto com
a dinâmica, são o divisor de águas
para os players de ponta. No CDP-
CDP-
1 o corpo harmônico mostrou-se
razoável e o player foi capaz de
reproduzir corretamente a
62 novembro/2006
proporção de
tamanho de cada
instrumento. A
diferenciação entre
diferentes
instrumentos
como flauta e
sax, um
triângulo e prato,
deve ocorrer não
somente através
das óbvias diferenças de timbre. A
massa de ar que é deslocada
quando cada um destes
instrumentos é tocado é
completamente diferente. Quando
esta característica não é preservada
na reprodução eletrônica perde-se
de cara um bom grau de realismo.
A dinâmica também mostrou-se
adequada, sendo possível perceber
maior valorização do detalhamento
e transparência no projeto deste
aparelho. Há também valorização
do palco sonoro. Uma característica
interessante é a capacidade do
CDP-1 CDP-1 em reproduzir o palco de
forma recuada e ainda assim com
muitos planos e camadas. O
silêncio de fundo foi também
outra característica que mostrou-se
muito boa.
Foi dito no parágrafo anterior
que a dinâmica e o corpo
harmônico são divisores de água
entre players na faixa de três a
quatro mil dólares e players de
ponta. A capacidade de reproduzir
o “deslocamento de ar”, uma
característica que qualquer
instrumento possui quando ouvido
ao vivo, também pode ser
considerada como determinante
para avaliarmos se um
equipamento é realmente de ponta.
Foi justamente a sensível
melhora nestas
característica o que
mais me impressionou
ao escutar algumas
gravações em HDCD.
Uma delas foi Green
Chimneys de Andy
Summers (ex Police), na qual toca
músicas compostas por Thelonious
Monk. A introdução da faixa 7,
Shuffle Boil, possui bateria e
guitarra. A diferença na pegada da
bateria quando o disco era tocado
com decodificação HDCD foi
realmente muito grande. O grau de
realismo foi bastante superior a
gravações que, comparadas a esta
sem a decodificação HDCD, seriam
consideradas bastante superiores. A
melhora no arejamento também
colaborou para tal superioridade. É
uma pena que o repertório de
gravações disponibilizadas neste
padrão seja tão pequeno, mas para
estas muito provavelmente a
decodificação HDCD será muito
superior à qualquer outra opção
de upsampling. Ouvindo a este
disco, o player passava literalmente
para outro patamar de reprodução
com a decodificação HDCD.
No universo audiófilo, as
palavras escolha escolha e concessão concessão concessão são
gêmeas siamesas. Isto é verdadeiro
nos equipamentos de ponta, cost
no object, e, como seria de se
esperar, esta realidade torna-se
ainda mais arrebatadora quando
falamos de equipamentos de custo
intermediário. É nesta faixa que se
encontra o CDP-1 CDP-1 CDP-1. CDP-1 A Cary
conseguiu conciliar um conjunto
de atributos de maneira equilibrada
e correta em seu CD player de
entrada. Vale a audição para
descobrir se é ele o aparelho que
possui aquele conjunto de
características que você tanto
procura. Boas audições...

Teste – Cary CDP-1
Assim como o Flávio Adami,
que ficou muito impressionado
quando testou em setembro o
amplificador digital CAI-1 da Cary,
eu também fiquei ao ouvir por
quase dois meses este CD player.
Não vou me debruçar sobre
suas qualidades técnicas e de
construção, já que esta análise foi
feita pelo nosso colaborador
Ricardo de Marino.
Minha segunda opinião tem
como objetivo falar de sua
compatibilidade com outros sistemas
e as mudanças observadas quando
utilizamos sua saída balanceada.
O CDP-1 CDP-1 CDP-1 foi ligado a maior
parte do tempo aos seguintes
equipamentos: Pré-amplificador
Audiopax Model 5 e Accuphase C-
2800. Integrados: Krell FBI, Naim
Nait 5 i, Moon IE-3, Cary CAI-1 e
ASR Emiter II.
Os cabos de interligação foram:
Silver MK II van den Hul, Purist
Anniversary, Sky da Audioquest
(todos balanceados-XLR). No final
também utilizamos o ZU Varial
(RCA e Balanceado).
O cabo Zu foi de enorme
importância, pois para chegarmos à
conclusão da superioridade da
saída balanceada do CDP-1 CDP-1 da
Cary, precisávamos fazer um a x b
nos amplificadores que tivessem
ambas as entradas (Accuphase C-
2800, Krell FBI e ASR Emiter II).
A sonoridade do Cary Cary é bastante
agradável, seu equilíbrio tonal muito
correto, com enorme capacidade de
apresentar todas as ambiências,
arejamento e, no outro extremo,
graves bem vincados e bem
articulados (outro dia um leitor me
mandou um e-mail perguntando qual
a diferença de: vincado e articulado?
Utilizo o termo vincado, para
descrever a qualidade do grave, e
articulado para a facilidade com que
conseguimos acompanhá-lo).
Voltando ao Car Cary, Car são os
médios que mais me
impressionaram pela sua clareza,
64 novembro/2006
CD Player Cary CDP 1
Segunda Opinião
luminosidade e facilidade em
retratar e recuperar micro detalhes.
Para a sua faixa de preço,
tamanho grau de transparência é
realmente um mérito e tanto.
Mesmo em gravações muito
congestionadas na região média, o
Cary Cary consegue se sair muito bem,
sem comprimir ou achatar a
informação.
Seu palco é mais profundo do
que largo, mas o que mais gostei
é de sua apresentação: sempre das
caixas para trás, permitindo um
enorme conforto auditivo e uma
participação muito mais efetiva, já
que você realmente consegue
acompanhar todo o acontecimento
musical.
Seu foco, recorte e, como já disse,
seu arejamento são de primeira
qualidade. As texturas dependerão
muito da sinergia do sistema. Com
caixas e amplificadores muito abertos
na região média perdia-se um pouco
do calor e do contraste, mas com
eletrônica mais neutra o calor
sempre esteve presente.
Dinamicamente o Cary Cary é muito
bom (principalmente quando
lembramos do quanto ele custa).
Claro que não se pode exigir de
um CD Player, não top, uma
performance avassaladora em
macrodinâmica, mas o Cary Cary não se
comprometeu em nenhum exemplo
utilizado em nossa Metodologia.
Talvez este equilíbrio se dê
pela sua alta qualidade na
reprodução de transientes
(principalmente quando utilizamos
a saída XLR-balanceada). Seu senso
de tempo e ritmo é muito bom.
Conclusão
A faixa mais competitiva do
mercado de CD Players é
justamente entre 2 e 4 mil dólares.
São inúmeras opções, e os
fabricantes têm que se desdobrar
para não perder nenhuma fatia de
mercado. O Car Car Cary, Car Car com seus recursos
e opções de upsampling (em que
você pode sentir a diferença e
Fernando Andrette
escolher a melhor opção para cada
disco), é seu grande trunfo frente à
concorrência.
Eu, pessoalmente, preferi sempre
as duas opções mais altas de
upsampling e as reproduções de
discos HDCD.
É um produto robusto, muito
bem construído, com boa
compatibilidade e que atende
perfeitamente o audiófilo que aprecia
excelente transparência e recuperação
dos mínimos detalhes da gravação.
Pelo preço que custa, o
problema passa a ser dos outros
fabricantes que precisarão buscar
soluções para não comer poeira.
Os cuidados são com o
casamento com cabos, eletrônica e
caixas acústicas. Nada de
amplificadores e cabos muito
abertos (e muito menos caixas
com intensa luminosidade na
região médio/alta). Tomados estes
cuidados, certamente poderá se
extrair muito deste Cd-Player.
CARY CDP-1
EQUILÍBRIO TONAL 9,0
PALCO SONORO 9,2
TEXTURA 9,0
TRANSIENTES 9,2
DINÂMICA 8,8
CORPO HARMÔNICO 9,0
ORGANICIDADE 9,0
MUSICALIDADE 9,0
TOTAL 72,2
Pontuação máxima, equipamento
categoria Ouro: 72
Distribuidor: Logical Design
(21) 8234-3000
Preço Médio US$ 3.300