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Relatório Mesa 5 - CGU - Unicamp

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Sustentabilidade na geração e uso de energia no Brasil : os próximos 20 anos<br />

Terça Feira,19 de Fevereiro de 2002<br />

14:00 – 17: 00 hs.<br />

<strong>Mesa</strong> 5 – Ralph Overend – NREL, USA<br />

Isaias Macedo – <strong>Unicamp</strong><br />

Laércio Couto – UFV<br />

Marcos Freitas - ANA<br />

Relator: Secundino Soares Filho<br />

A temática desta mesa redonda girou em torno de duas fontes de energia<br />

renováveis: biomassa e hidroeletricidade. Foram abordados os temas de estado<br />

da arte das tecnologias para conversão de biomassa, a sustentabilidade do cultivo<br />

e industrialização da cana de açúcar no país, das florestas energéticas,<br />

focalizando particularmente o caso do Eucalipto, e finalmente da hidroeletricidade<br />

no Brasil.<br />

O Dr. Ralph P. Overend, do National Renewable Energy Laboratory, frisou que<br />

Biomassa é um termo amplo que inclui desde lamas de esgoto a culturas<br />

desenvolvidas para geração de energia, como pastagens, florestas. Em função<br />

disto, realizar uma revisão das tecnologias disponíveis é um formidável desafio.<br />

Apresentou as tecnologias para geração de energia elétrica e calor, em cogeração<br />

ou separadamente: sistemas com gaseificação e ciclo combinado, com queima<br />

simultânea de combustível de biomassa e fósseis, de queima direta com ciclo a<br />

vapor, células combustíveis, inclusive em sistemas híbridos, com turbinas a gás.<br />

Também mencionou a produção / utilização de gases pobres com fins energéticos<br />

através de digestão anaeróbia, a produção de combustíveis líquidos (biocombustíveis)<br />

como etanol, incluindo a utilização de licor negro das plantas de<br />

celulose (processo Kraft) para produção de energia térmica e elétrica. Foram<br />

mencionadas em cada caso as eficiências, custos por MWh, e o impacto<br />

ambiental.<br />

No referente à sustentabilidade da indústria sucro-alcooleira, o Prof. Dr. Isaías de<br />

Carvalho Macedo apresentou uma série de fortes argumentos em favor da<br />

produção de etanol: i) na produção do mesmo, o fator que relaciona a energia<br />

produzida/energia consumida é de 9,2; valor que pode ir para 11,2 se se fizer um<br />

melhor aproveitamento da palha, ii) com a introdução da tecnologia de<br />

gaseificação e a redução de consumo de vapor existe um potencial de aumento da<br />

cogeração de 3.0 até 7.0 GW, iii) há um efeito líquido de redução do efeito estufa<br />

pela captura de 12,74 milhões de ton de carbono/ano, valor que pode ser<br />

aumentado até 25 milhões de ton C/ano; iv) a utilização do álcool misturado á<br />

gasolina permitiu que o Brasil eliminasse a adição de chumbo na mesma, já desde<br />

1990, v) a utilização do etanol reduz a produção de SOx , particulados e sulfatos<br />

em torno de 22 %, vi) reduz a utilização de fertilizantes minerais através da<br />

utilização de vinhoto e torta de filtro no solo, vii) utiliza controle biológico de plagas<br />

(ex: na broca da cana), viii) já está sendo feito o cultivo orgânico a escala industrial<br />

ix) gera 150 mais empregos que a indústria de petróleo, x) permite a adaptação da


tecnologia ao nível educacional dos trabalhadores xi) o preço do etanol é<br />

competitivo com a gasolina hoje. Finalizou sua apresentação assinalando alguns<br />

campos futuros de desenvolvimento, no cultivo: proteção do solo, manejo da água,<br />

em novas tecnologias: desenvolvimento de aditivos para Diesel, utilização em<br />

célula combustível.<br />

No tocante a florestas plantadas para produção de energia, o Prof. Dr. Laércio<br />

Couto destacou que a biomassa florestal pode ser utilizada como fonte de energia<br />

limpa, renovável, e geradora de empregos. Tomando o caso do Eucalipto como<br />

estudo de caso, mostrou sua introdução no país no início do século, inicialmente<br />

para uso como lenha e dormentes, a seguir como carvão vegetal na siderurgia, e<br />

posteriormente como insumo da industria de papel e celulose. Os aspectos<br />

técnicos da produção envolvem a preparação de mudas, a implantação florestal,<br />

tratos silviculturais, proteção florestal, e finalmente a colheita e transporte, no qual<br />

estão cerca de 50% dos custos. Esta talvez seja a explicação para o não<br />

aproveitamento da biomassa florestal na geração de eletricidade no Brasil, embora<br />

o país possua extensas áreas, relevo, clima e condições biológicas excepcionais<br />

para a produção da biomassa florestal. Considerando a capacitação tecnológica<br />

desenvolvida no país na exploração de recursos florestais e as condições naturais<br />

favoráveis, o Brasil poderá vir a abastecer o mercado mundial e se tornar líder na<br />

produção de energia a partir da biomassa.<br />

Quanto a energia hidrelétrica no Brasil, o Prof. Dr. Marcos Aurélio Vasconcelos de<br />

Freitas apresentou um detalhado quadro dessa que é a principal componente da<br />

matriz energética nacional, correspondendo a cerca de 40% do total. No setor de<br />

energia elétrica, a hidroeletricidade é responsável por 91% da capacidade<br />

instalada e 95% da produção. Do potencial de 260 GW só foram explorados até<br />

agora 25%, o que faz supor que continuaremos sendo caracterizados por essa<br />

fonte renovável de energia elétrica. Entretanto, a maior parte do potencial<br />

hidrelétrico do Brasil está concentrada na região amazônica, e será um desafio<br />

superar as questões ambientais levantadas pela exploração desses recursos.<br />

Além disso, a geração de energia elétrica deverá cada vez mais compartilhar a<br />

água com outros usos tais como navegação, controle de cheias, irrigação,<br />

abastecimento e lazer. De qualquer forma, a hidroeletricidade continuará sendo a<br />

principal vocação energética brasileira uma vez que o país possui 13% da água<br />

doce de superfície no mundo.

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