“O ultimo dia de um poeta”:
“O ultimo dia de um poeta”:
“O ultimo dia de um poeta”:
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Um olhar hermenêutico sobre<br />
<strong>“O</strong> último <strong>dia</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>poeta”</strong><br />
Giselle Andra<strong>de</strong><br />
Res<strong>um</strong>o<br />
A teoria hermenêutica foi escolhida como base interpretativa do conto <strong>“O</strong> último <strong>dia</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>poeta”</strong>, do escritor Machado <strong>de</strong> Assis, por estar internamente conectada à arte <strong>de</strong><br />
falar e pensar e esse é o objetivo da análise <strong>de</strong>ste conto: realizar <strong>um</strong>a leitura crítica tendo<br />
como fundamento pensamentos filosóficos como os <strong>de</strong> Friedrich Schleiermacher, alemão<br />
precursor da hermenêutica mo<strong>de</strong>rna, e o filósofo francês Paul Ricouer.<br />
O trabalho fará <strong>um</strong>a abordagem intrínseca do conto levando em consi<strong>de</strong>ração,<br />
segundo Schleiermacher não apenas como se interpreta tal ou tal texto, mas o que significa<br />
<strong>de</strong> modo geral interpretar e compreen<strong>de</strong>r, isto é, pergunta pelas condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong><br />
e/ou pelo “como” da efetivação da interpretação. Do que Ricouer discorda em sua análise<br />
interpretativa. Para o francês, a compreensão se dá na e pela distância, <strong>um</strong>a vez que o texto<br />
se subtrai ao horizonte do autor.<br />
Utilizaremos a teoria hermenêutica do pensamento filosófico <strong>de</strong> Schleiermacher e <strong>de</strong><br />
Ricouer para analisar este conto.<br />
O amor <strong>de</strong> <strong>um</strong> poeta<br />
O substantivo abstrato AMOR será a base da análise <strong>de</strong>sta primeira seção. O que é o<br />
amor para o Poeta Macha<strong>dia</strong>no senão o mais puro dos sentimentos? “Foi com o verda<strong>de</strong>iro<br />
amor, o amor que consorcia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira hora as almas, as vonta<strong>de</strong>s e os pensamentos<br />
para nunca mais se separarem. Nunca mais! Logo mais verás que não foi assim! (ASSIS.<br />
1867. Capítulo VIII). Entretanto Machado já, aqui, esboça sua veia apocalíptica para este<br />
sentimento tão cantado por diversos poetas. Ao transformar o substantivo Poeta em nome<br />
próprio e sentenciá-lo a viver o mal dos românticos, Machado matava “literalmente” todo<br />
esse sentimento, ou melhor, <strong>de</strong>struía a visão do que era o amor. Agora, o amor é mais real,<br />
se <strong>de</strong>sdobra às necessida<strong>de</strong>s impostas. Como ele mesmo disse: “Não foi bem assim”. Nem
tudo tem final feliz e Machado <strong>de</strong> Assis comprova que a vida em socieda<strong>de</strong> não é lá muito<br />
romanesca.<br />
Ao iniciar a leitura <strong>de</strong> <strong>“O</strong> <strong>ultimo</strong> <strong>dia</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>poeta”</strong> qualquer leitor <strong>de</strong>satento teria a<br />
impressão <strong>de</strong> que Machado havia perdido as estribeiras e escrito <strong>um</strong> texto romântico tal<br />
grau <strong>de</strong> dilaceração vive sua personagem principal e narrador da história: o Poeta. Mas,<br />
quem conhece Machado sabe que isso seria impossível em sua literatura. O filósofo<br />
Schleiermacher acreditava que a interpretação psicológica compreen<strong>de</strong> como o autor opera<br />
a linguagem, ou seja, <strong>um</strong> discurso também representa <strong>um</strong>a ação individual <strong>de</strong> seu autor.<br />
“Sob essa perspectiva, o fator objetivo (a linguagem) aparece unicamente como <strong>um</strong><br />
instr<strong>um</strong>ento manipulado seguindo regras subjetivas”. (Schleiermacher. 2006).<br />
Significa dizer que é preciso levar em consi<strong>de</strong>ração fatores prepon<strong>de</strong>rantes para<br />
interpretar corretamente este conto. O primeiro, a vida <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis e a segunda<br />
on<strong>de</strong> e como foi publicado. <strong>“O</strong> último <strong>dia</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>poeta”</strong> foi veiculado no Jornal das<br />
Famílias, em 1867. Este periódico circulou na capital do império por 15 anos e era<br />
<strong>de</strong>stinado ao público feminino. Essas informações influenciam na análise final do conto,<br />
<strong>um</strong>a vez que as mulheres estavam emergindo como leitoras e era preciso conquistá-las, ou<br />
seja, usar <strong>um</strong>a linguagem que fosse totalmente voltada para essas moçoilas aristocráticas.<br />
Por isso, é certo afirmar que o público a que se <strong>de</strong>stina a obra se envolveria com a<br />
estória <strong>de</strong> <strong>um</strong> jovem rapaz apaixonado que por força da circunstância seria <strong>de</strong>ixado por sua<br />
amada. Afinal <strong>de</strong> contas, as moças bem nascidas da época sabiam bem o que era abandonar<br />
<strong>um</strong>a paixão para viver <strong>um</strong> casamento. Assim, Machado expressa como funciona a<br />
socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua época.<br />
Carlota representa as moças que se vêem na obrigação <strong>de</strong> casar com os preten<strong>de</strong>ntes<br />
arranjados por seus pais em prol <strong>de</strong> alg<strong>um</strong> interesse, seja manter a fortuna, seja manter o<br />
“nome”, a posição, mesmo Carlota não tendo muitos bens. O casamento recaía como<br />
obrigação e era preciso obe<strong>de</strong>cer às vonta<strong>de</strong>s. No caso <strong>de</strong> Carlota, primeiro obe<strong>de</strong>cer aos<br />
seus pais e <strong>de</strong>pois ao seu tio. A jovem enamora-se pelo Poeta, no entanto, a história <strong>de</strong><br />
amor tem final triste, ou realista.
Machado continua:<br />
“Era <strong>um</strong>a viúva que se achava ainda solteira. Procurava <strong>um</strong>a alma para<br />
casar. Apareceu-lhe o poeta. Força da fatalida<strong>de</strong> os impeliu <strong>um</strong> para o<br />
outro. Parece que mesmo <strong>um</strong> para o outro se tinham conservado, ela na<br />
prisão que lhe armaram os pais, ele na torre <strong>de</strong> marfim <strong>de</strong> sua sossegada<br />
isenção. Mas viram-se e se amaram”. (Assis. 1867. Capítulo VIII).<br />
“Amaram-se pois. É preciso observar que o poeta tinha se<strong>de</strong> <strong>de</strong> amor.<br />
Atravessara <strong>um</strong> <strong>de</strong>serto, on<strong>de</strong> as miragens suce<strong>dia</strong>m-se <strong>de</strong> hora em hora, e<br />
chegava enfim ao oásis da vida, <strong>um</strong>a fonte, <strong>um</strong>a relva, <strong>um</strong>a palmeira.<br />
Determinou não ir a<strong>dia</strong>nte e <strong>de</strong>scansou, com a longa caravana das suas<br />
ilusões, sobre a relva, à sombra da palmeira, à beira da fonte....Desculpe<br />
esta linguagem romanesca e oriental: é própria da imaginação exaltada...”<br />
(Assis. 1867. Capítulo IX).<br />
Scheleiermacher explica, em seu livro (Hermenêutica: Arte e técnica da<br />
interpretação), que a própria linguagem interpreta o real. Ou seja: que Machado <strong>de</strong> Assis<br />
está fazendo em seu conto é apenas dar voz ao que acontece na socieda<strong>de</strong> e confrontá-la.<br />
Schleiermacher acrescenta ainda que a hermenêutica é o signo da unificação do realismo<br />
com o i<strong>de</strong>alismo, o que significa pensar o universal e o particular, o i<strong>de</strong>al e o histórico. Para<br />
o alemão, não há interpretação por mera indução, o “todo” <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da “parte”,<br />
mutuamente.<br />
Então, ao ler <strong>“O</strong> último <strong>dia</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>poeta”</strong> enten<strong>de</strong>-se que o “todo”, “o universo<br />
macha<strong>dia</strong>no”, não sobrevive sem “a parte’, “o entendimento <strong>de</strong> mundo do leitor”. Os dois<br />
juntos formam <strong>um</strong> terceiro texto, compreendido por cada <strong>um</strong> a sua maneira. Machado <strong>de</strong><br />
Assis <strong>de</strong>u vida à palavra Poeta, dando a enten<strong>de</strong>r que esse era o nome do Jovem rapaz. Pela<br />
história contada pelo Poeta chega-se a <strong>um</strong>a dupla crítica: primeiro Machado <strong>de</strong> Assis fala<br />
da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua época e em segundo da corrente romântica que pregava o improvável:<br />
o amor verda<strong>de</strong>iro.
É por isso que Machado <strong>de</strong> Assis encerra o conto com o seguinte diálogo entre o<br />
médico e o Poeta.<br />
“(...) Que faz agora? Perguntou o moço ao velho. — Sou <strong>um</strong> ex-médico.<br />
Vivo do que ajuntei. — Eu sou <strong>um</strong> ex-poeta. Vivo do que aprendi. (...) Sou.<br />
Sou hoje o homem-prosa, vivo terra-a-terra, livre das quimeras que me<br />
atordoaram e nas quais não encontrei senão dissabores. Quis forçar a<br />
or<strong>de</strong>m das coisas e opor aos sentimentos comuns a i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong> dos meus<br />
sentimentos. Sofri as conseqüências <strong>de</strong>sta temerida<strong>de</strong>. Hoje, se não<br />
reneguei o culto da poesia, não faço praça <strong>de</strong>le, <strong>de</strong> modo que aquele <strong>dia</strong><br />
em que me viu tão <strong>de</strong>sanimado foi, por assim dizer, o último <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />
<strong>poeta”</strong>. (Assis. 1867. Epílogo).<br />
Para complementar essa parte, utilizaremos outro trecho do precursor da hermenêutica<br />
mo<strong>de</strong>rna. Segundo o mestre em filosofia pela PUCRS, Adair Adams, a orientação<br />
romântica em Schleiermacher revela-se no procedimento interpretativo “por seu apelo a<br />
<strong>um</strong>a relação viva com o processo <strong>de</strong> criação” com o propósito <strong>de</strong> “compreen<strong>de</strong>r <strong>um</strong> autor<br />
tão bem e melhor do que ele se compreen<strong>de</strong>u a si mesmo”(Adams. 2001). Adair expõe<br />
ainda que a questão para Paul Ricouer é mais complexa e requer <strong>um</strong>a reflexão além do<br />
sujeito autor. Para o filósofo francês, a compreensão se dá na e pela distância, <strong>um</strong>a vez que<br />
o texto se subtrai ao horizonte do autor: Toda a interpretação é <strong>um</strong> processo que pressupõe<br />
o autor como morto para a manifestação do sentido <strong>de</strong> sua obra.<br />
A <strong>dia</strong>lética entre o doutor e o poeta<br />
Machado <strong>de</strong> Assis, tão sabiamente, criou <strong>um</strong> discurso <strong>dia</strong>lético entre o Poeta e o<br />
médico. Há no médico a figura <strong>de</strong> quem quer convencer o Poeta <strong>de</strong> que os versos são perda<br />
<strong>de</strong> tempo e o adoecem ainda mais. O Poeta, doente <strong>de</strong> amor, não quer enxergar e enfrenta o<br />
tempo inteiro o médico, chegando ao extremo <strong>de</strong> lhe contar a historia <strong>de</strong> seu frustrado<br />
romance.
O Poeta discorda do médico por acreditar que todo “<strong>poeta”</strong> necessita <strong>de</strong>ssa<br />
temerida<strong>de</strong> do amor para sobreviver. O torpor, a angústia...a quimera....são palavras<br />
pertencentes aos versos românticos. Há <strong>um</strong> ser que luta para se <strong>de</strong>svencilhar da poesia. Só<br />
mais tar<strong>de</strong>, findo o tratamento, é que o ex-poeta, ao reencontrar o então ex-médico em <strong>um</strong>a<br />
estação <strong>de</strong> trem, dá o braço-a-torcer e admite que o melhor é escrever prosa, ou seja, é ter o<br />
domínio do texto. Nesta forma <strong>de</strong> expressar os pensamentos está o racional, presente na<br />
i<strong>de</strong>ologia da escola realista.<br />
Retomamos mais <strong>um</strong>a vez ao precursor da hermenêutica mo<strong>de</strong>rna para explicar a<br />
existência do discurso <strong>dia</strong>lético entre o Poeta e o doutor. Schleiermacher diz que a <strong>dia</strong>lética<br />
nunca escapa da temporalida<strong>de</strong> da linguagem em que se expressa, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das<br />
possibilida<strong>de</strong>s abertas por esta linguagem. Para o filosofo alemão, a hermenêutica visa à<br />
apreensão do pensamento contido em <strong>um</strong> discurso, enquanto a <strong>dia</strong>lética visa à exposição<br />
do pensamento em <strong>um</strong> discurso. A união das duas mostra que a hermenêutica impõe <strong>um</strong><br />
limite à <strong>dia</strong>lética (Schleiermacher. 2006).<br />
No Dicionário <strong>de</strong> Análise do Discurso <strong>de</strong> Patrick Chareau<strong>de</strong>au e Dominique<br />
Maingueneau, o conceito <strong>de</strong> <strong>dia</strong>lética vai além. “A palavra <strong>dia</strong>lética <strong>de</strong>signa <strong>um</strong>a forma<br />
particular <strong>de</strong> diálogo que se <strong>de</strong>senvolve entre dois parceiros cujas trocas são estruturadas<br />
em função <strong>de</strong> papéis específicos, orientados para a procura metódica da verda<strong>de</strong>”.<br />
(Chareau<strong>de</strong>au e Maingueneau. 2004. P.159).<br />
O dicionário afirma ainda que “no prolongamento <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>de</strong>finição geral da<br />
<strong>dia</strong>lética como a prática do diálogo racional, a arte <strong>de</strong> arg<strong>um</strong>entar por questões e<br />
respostas, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que o processo conversacional se torna <strong>dia</strong>lético na medida<br />
em que ele repousa sobre <strong>um</strong> problema preciso, <strong>de</strong>finido a partir <strong>de</strong> com<strong>um</strong> acordo, e se<br />
<strong>de</strong>senrola entre, entre os quais a fala circula livremente, orientada para a busca do<br />
verda<strong>de</strong>iro, do justo ou do bem com<strong>um</strong>, aceitando falar segundo regras explicitamente<br />
estabelecidas”. (Chareau<strong>de</strong>au e Maingueneau. 2004. P.160).<br />
Em seu trabalho “A crítica da hermenêutica e a hermenêutica da crítica”, Antônio<br />
Inácio Andrioli, Professor do Mestrado em Educação nas Ciências da Educação da UNIJUI<br />
– RS, <strong>de</strong>screve o pensamento do filósofo Ricouer <strong>de</strong>stacando do texto “Interpretações e<br />
i<strong>de</strong>ologias” consi<strong>de</strong>rações do autor francês sobre <strong>dia</strong>lética. Diz Ricouer que verda<strong>de</strong> e
método (teoria <strong>de</strong> Hans-Gerog Gadamer) não são categorias isoladas, mas constituem <strong>um</strong>a<br />
oposição <strong>de</strong> caráter <strong>dia</strong>lético. “A coisa do texto não é aquilo que <strong>um</strong>a leitura ingênua<br />
revela, mas aquilo que o agenciamento formal do texto me<strong>dia</strong>tiza. Se é assim, verda<strong>de</strong> e<br />
método não constituem <strong>um</strong>a alternativa, porém <strong>um</strong> processo, <strong>um</strong> processo <strong>dia</strong>lético”.<br />
(Andrioli. 2003). Com esse entendimento, Ricouer preconiza o momento hermenêutico<br />
como <strong>um</strong>a abertura, através da interrogação, sobre o sentido do texto: “o sentido da obra é<br />
<strong>um</strong>a organização interna, sua referência é o modo <strong>de</strong> se manifestar <strong>dia</strong>nte do texto”.<br />
(Andrioli. 2003).<br />
Em <strong>um</strong>a leitura <strong>de</strong>spretensiosa, dificilmente percebe-se a <strong>dia</strong>lética entre as duas<br />
personagens (doutor e Poeta). Tendo ainda como base o trabalho <strong>de</strong> Antônio Inácio sobre a<br />
crítica vemos que, para Ricouer, o leitor, ou crítico, participa da construção do que é<br />
“verda<strong>de</strong>” no entendimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> texto. O que seria verda<strong>de</strong> no diálogo entre o doutor e o<br />
Poeta? A vonta<strong>de</strong> que <strong>um</strong> tem <strong>de</strong> morrer ou a necessida<strong>de</strong> do outro em recuperar <strong>um</strong> doente<br />
que já se <strong>de</strong>u por vencido? O que se percebe <strong>dia</strong>nte <strong>de</strong>ste diálogo é a tentativa que Machado<br />
<strong>de</strong> Assis tem em explicar, por meio do doutor, o sentido do amor no texto.<br />
Para Machado <strong>de</strong> Assis o amor não mata ninguém. Há <strong>de</strong> se sobreviver <strong>de</strong>pois das<br />
<strong>de</strong>cepções e frustrações causadas por esse sentimento.<br />
“Há <strong>de</strong> viver. Se alg<strong>um</strong>a coisa houver que o possa fazer, visto que nem a<br />
ciência nem os conselhos dos amigos po<strong>de</strong>m fazê-lo sair <strong>de</strong>sse abatimento<br />
em que está, acredite que empregarei os meus esforços para lhe dar esse<br />
remédio supremo. (...) Eu lhe prometo. Entretanto, ainda mais <strong>um</strong>a vez lhe<br />
peço, não se <strong>de</strong>ixe per<strong>de</strong>r nessas recordações angustiosas do passado;<br />
seja homem, e principalmente seja filho!...”(Assis. 1867. capítulo XI).<br />
A linguagem do contista<br />
<strong>“O</strong> último <strong>dia</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>poeta”</strong> tem <strong>um</strong>a linguagem teatralizada, talvez por ter sido<br />
publicado em partes. Machado <strong>de</strong> Assis, neste conto, prioriza os parágrafos curtos e <strong>de</strong>staca<br />
em gran<strong>de</strong> parte as características da escola realista: a valorização pela natureza e a crítica à<br />
socieda<strong>de</strong> aristocrática <strong>de</strong> sua época.
O que nos chama atenção n<strong>um</strong> primeiro momento é a forma com que Machado <strong>de</strong><br />
Assis expõe as palavras, com frases firmes e diretas, nada típicas <strong>de</strong> <strong>um</strong> poeta. O rapaz vai<br />
narrando seu <strong>dia</strong> na forma <strong>de</strong> <strong>um</strong> diário “quase póst<strong>um</strong>o”. Se faz necessário o <strong>de</strong>staque <strong>de</strong><br />
alg<strong>um</strong>as palavras para o firme entendimento <strong>de</strong> que há na personagem <strong>um</strong> ar melancólico,<br />
ar <strong>de</strong> morte.<br />
“Tenho necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever. Quero <strong>de</strong>rramar a minha última gota <strong>de</strong><br />
poesia no papel, e <strong>de</strong>ixar ao mundo ao menos <strong>um</strong>a lembrança <strong>de</strong> que fui<br />
mártir e poeta. Será este o canto do cisne. Que direi? Sinto a cabeça<br />
pesada; e o meu espírito mal po<strong>de</strong> aplicar-se ao que a minha vonta<strong>de</strong> o<br />
solicita. Ah! Já nem sou poeta! Musa ar<strong>de</strong>nte dos tempos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> e<br />
do sossego, on<strong>de</strong> paras agora que não vens reclinar-te, como aurora, à<br />
ca<strong>de</strong>ira do teu poeta infeliz?”(Assis. 1867. Capítulo XII).<br />
A sensação <strong>de</strong> que o leitor presencia <strong>um</strong>a encenação teatral dá-se pela forma com que<br />
conseguimos visualizar cada cena. Isso se <strong>de</strong>ve, em primeiro plano, pela colocação<br />
minuciosa das palavras e das frases curtas. A conversa do rompimento do romance entre<br />
Carlota e o Poeta é <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> exemplo da narrativa teatral. Quando a musa do Poeta lhe<br />
conta que vai casar com outro esse quase <strong>de</strong>saba e, somente por meio <strong>de</strong> palavras, Machado<br />
remete o leitor à cena, tornando fácil a visualização do <strong>de</strong>sespero do rapaz.<br />
(...) Enfim, restabelecido da febre, mas, como disse, doente <strong>de</strong> outra<br />
doença, o poeta levantou-se e não teve mão em si. Resolveu ir procurar a<br />
viúva. Queria a todo o transe conhecer as causas da recusa <strong>de</strong> Carlota, e<br />
sobretudo queria lançar-lhe em rosto a sua perfí<strong>dia</strong>, <strong>de</strong> moda a não<br />
parecer covar<strong>de</strong>. Carlota recebeu-o com <strong>um</strong> gesto <strong>de</strong> surpresa. Foi a ele e<br />
perguntou-lhe se já estava bom. Ele <strong>de</strong>scobriu logo o fingimento daquela<br />
solicitu<strong>de</strong> e quis mostrar que não se enganava. Suas exprobrações foram<br />
enérgicas e veementes. Carlota ouviu-o com <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> torpor.<br />
Depois, quando a alma do poeta <strong>de</strong>rramou em palavras amargas a dor <strong>de</strong>
que estava possuído, veio <strong>um</strong>a prostração moral, e o poeta, já mais<br />
brando, pediu a Carlota <strong>um</strong>a explicação da carta que esta lhe mandara.<br />
Então, a viúva, fingindo <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> esforço, <strong>de</strong>u em pleno rosto ao<br />
namorado poeta <strong>um</strong>a resposta que equivalia a <strong>um</strong> tiro. Disse-lhe que se ia<br />
casar, e com Venâncio. (...) o rapaz sentiu que lhe faltava o chão <strong>de</strong>baixo<br />
dos pés. Pareceu-lhe que ia cair em <strong>um</strong> abismo. É assim que <strong>de</strong>ve ser a<br />
vertigem do naufrago. Como o naufrago, o poeta agarrou-se ao primeiro<br />
objeto que encontrou. Era <strong>um</strong> sofá. Encostou-se ao sofá e olhou fixo para<br />
Carlota (...) (Assis. 1867. Capítulo IX).<br />
Outro ponto a ser <strong>de</strong>stacado é a narração em terceira pessoa feita do capítulo VIII até<br />
o capítulo XI apenas para contar a história do romance ao doutor. Nessa parte, o poeta<br />
ass<strong>um</strong>e a palavra e passa a ser <strong>um</strong> narrador em terceira pessoa, tornando-se <strong>um</strong>a<br />
personagem como o próprio narrador. O poeta utiliza <strong>de</strong>ste recurso para distanciar-se da<br />
história. No capítulo XIII, a narração volta a ser em primeira pessoa, com o poeta narrando<br />
seu reencontro com Carlota. Aqui, o poeta conta a parte da história que cabia à amante. No<br />
capítulo seguinte, o XIV, o poeta explica, sob seu ponto <strong>de</strong> vista, o que aconteceu à jovem<br />
Carlota para ter que abandonar seu amor. Segundo o Poeta, a ex-amada o procura <strong>um</strong> <strong>dia</strong><br />
para explicar o motivo da separação: o casamento com Venâncio. Em primeiro lugar,<br />
Machado expôs o pensamento do Poeta e por último o <strong>de</strong> Carlota. Como suspense, sim,<br />
mas ele não dá voz à Carlota. Ela fala por intermédio do poeta. E quem nos garante que ele<br />
está sendo totalmente isento? Po<strong>de</strong>ria ele, muito bem, ter floreado a questão. Por que não?<br />
Sobre este aspecto <strong>de</strong> manipulação do entendimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> texto, po<strong>de</strong>mos nos ater ao<br />
pensamento do filósofo Ricouer, <strong>de</strong>stacado no texto As idéias fundamentais <strong>de</strong> Paul<br />
Ricouer sobre texto-ação-história e razão prática.<br />
<strong>“O</strong> que preten<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r não é o evento, na medida em que é<br />
fugidio, mas sua significação. (...) Se todo discurso é efetuado como<br />
evento, todo discurso é compreendido como significação. (...) É na<br />
lingüística do discurso que o evento e o sentido se articulam <strong>um</strong> sobre o
outro. (...) Assim como a língua, ao articular-se sobre o discurso,<br />
ultrapassa-se como sistema e realiza-se como evento; da mesma forma, ao<br />
ingressar no processo <strong>de</strong> compreensão, o discurso se ultrapassa, enquanto<br />
evento, na significação” (Monografia para o curso Tópicos em<br />
Fenomenologia e Hermenêutica do Mestrado em Filosofia da UFC, 2001).<br />
É disso que se vale Machado ao dar voz a apenas <strong>um</strong>a pessoa no conto, rechear a<br />
história <strong>de</strong> outras pequenas outras, tudo sob o ponto <strong>de</strong> vista do Poeta.<br />
A natureza e o tempo<br />
Machado <strong>de</strong> Assis remonta à infância do rapaz por meio <strong>de</strong> objetos característicos,<br />
como o tanque em que se banhava em pequeno, o canteiro mal cuidado, a mangueira<br />
gran<strong>de</strong>, a verdura, a água, as árvores... o narrador <strong>de</strong>screve, em primeira pessoa, como se<br />
remontando à época <strong>de</strong> sua meninice. É genial porque o leitor consegue embarcar em sua<br />
viagem ao tempo. Machado nos dá a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar o tempo em que se passa a estória.<br />
Mais à frente, o narrador vai pincelando vagarosamente em época se passa a narrativa.<br />
A passagem do tempo se faz subjetivamente. Só se tem noção <strong>de</strong> que o tempo<br />
transcorre por perguntas do tipo: “on<strong>de</strong> foi agora este tempo?”. O rapaz utiliza a figura <strong>de</strong><br />
palavra símile para respon<strong>de</strong>r:<br />
“passou como passaram as folhas <strong>de</strong> todos os arbustos; mas os arbustos, se<br />
per<strong>de</strong>ram <strong>um</strong>as ganharam outras, e nem houve, neste abençoado clima,<br />
espaço alg<strong>um</strong> entre a queda das primeiras e o cair das últimas. Só em mim<br />
ilusões e esperanças que me caíram <strong>um</strong>a vez, não me renasceram mais e eu<br />
fiquei como <strong>um</strong> tronco árido e seco, chorando o que fui, o que sou,<br />
chorando o que hei <strong>de</strong> ser”.(Assis. 1867. Capítulo II).<br />
O autor se faz das figuras <strong>de</strong> linguagem para explicar a passagem do tempo e o<br />
envolvimento do jovem poeta com a mãe natureza. Em “a natureza vem assistir à minha<br />
morte, garrida e alegre como se fosse <strong>um</strong> espetáculo”, dá voz à natureza para culpá-la por
seus pesares. O sol significa vida para o poeta. Por isso, seria melhor morrer n<strong>um</strong> <strong>dia</strong><br />
sombrio, sem luz.<br />
Ainda no que diz respeito às figuras da linguagem, o narrador faz uso da metáfora<br />
para apresentar <strong>um</strong> confronto entre a vida e a morte. É a metáfora do espelho. Em que o<br />
poeta se vê refletido e se questiona:<br />
Que feições apresentarei hoje? Serão as mesmas quebradas e mortais <strong>de</strong><br />
ontem? Serão as mesmas animadas e vivas <strong>de</strong> há três <strong>dia</strong>s? Uma ou outra<br />
coisa, que importa isso? O espinho da morte sinto eu <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim agudo,<br />
dilacerante, mortal... Que valem as feições? Esperanças ou terrores para o<br />
moribundo, sintomas ou provas para a ciência. Nada mais.”(Assis. 1867.<br />
Capítulo III).<br />
A estória <strong>de</strong>ntro da história<br />
A forma como conta a história – presente, passado e futuro - é <strong>um</strong> recurso utilizado<br />
pelo autor para envolver seu leitor e transformá-lo em cúmplice na construção da narrativa.<br />
O enlaçamento é percebido ainda pelo suspense que o narrador faz até o capítulo VII,<br />
quando começa a posicionar o leitor sobre o que se passou com o poeta e o motivo <strong>de</strong> sua<br />
doença. Ele vai pincelando, dando pistas e <strong>de</strong>ixando à revelia o entendimento <strong>de</strong>sta estória.<br />
O ponto em que queremos nos <strong>de</strong>ter é a forma com que Machado <strong>de</strong> Assis conta o<br />
romance entre o poeta e sua amada. É por meio do diálogo que o poeta expõe sua malsucedida<br />
experiência amorosa ao doutor. É a maneira que o escritor encontra <strong>de</strong> narrar a<br />
história para seus leitores e convencê-los do sofrimento pelo qual passa o jovem. Parece<br />
que o poeta espera <strong>um</strong>a opinião do doutor sobre o assunto. Mas esse não gosta <strong>de</strong> ouvir a<br />
história e insiste para que o poeta pare e não agrave ainda mais seu estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Uma outra estória corre paralela à do poeta. É a explicação <strong>de</strong> Carlota para o fim do<br />
romance. No entanto, Machado <strong>de</strong> Assis não dá voz à menina. Ele <strong>de</strong>ixa ao encargo do<br />
poeta explicar e narrar o que fez a moça <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> <strong>um</strong> amor em prol <strong>de</strong> <strong>um</strong> casamento <strong>de</strong><br />
fachada.<br />
A compreensão aqui po<strong>de</strong> ser feita graças à teoria <strong>de</strong> Ricouer sobre a autonomia do<br />
texto. Para o filósofo francês, sobrepor a compreensão da subjetivida<strong>de</strong> para compreen<strong>de</strong>r o<br />
sentido <strong>de</strong> <strong>um</strong>a obra, e também aquilo que a interpretação realmente procura fazer
compreen<strong>de</strong>r, é <strong>um</strong>a individualida<strong>de</strong> genial. Ricouer dizia que o texto, por ser <strong>um</strong>a obra<br />
fixada pela escrita, subtrai-se ao horizonte finito do seu autor, abrindo na e pela<br />
interpretação <strong>um</strong> mundo como modo <strong>de</strong> ser habitado.<br />
“Na interpretação é rompida a situação do interlocutor com o autor,<br />
liberando o texto a quem quer que saiba ler. Esta universalização é também<br />
o limite da obra porque os seus mundos possíveis serão <strong>de</strong>scortinados pela<br />
dimensão <strong>de</strong> interpretações que <strong>de</strong>la far-se-á, ou seja, sua riqueza se<br />
<strong>de</strong>svelará pelo mundo <strong>de</strong> leitores que ela chamar para si e a partir <strong>de</strong>la se<br />
<strong>de</strong>scortinarem....”.(Adams. 2001).<br />
Conclusão<br />
Dessa forma, po<strong>de</strong>mos concluir que a hermenêutica, tendo em vista a teoria <strong>de</strong> dois<br />
filósofos (Schleiermacher e Ricouer), é j<strong>um</strong>a teoria interpretativa cuja importância faz-se<br />
por auxiliar no entendimento crítico e pormenorizado <strong>de</strong> “qualquer” texto. Tentou-se aqui<br />
expor as diversas implicações que envolvem a arte <strong>de</strong> interpretar, <strong>de</strong>stacando como<br />
fundamental em cada pensamento filosófico acerca da hermenêutica, a preocupação em<br />
enten<strong>de</strong>r a linguagem, o ser no mundo, ir além da visão do autor, inferir sobre questões<br />
como a <strong>dia</strong>lética do discurso, a posição da verda<strong>de</strong> e do método (H.G. Gadamer) e a<br />
importância <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a fundo o significado dos verbos explicar e compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> Paul<br />
Ricouer.<br />
A hermenêutica é <strong>um</strong> importante recurso interpretativo por possibilitar os<br />
esmiuçamentos <strong>de</strong> <strong>um</strong> texto, levando em consi<strong>de</strong>ração vários aspectos que, sob <strong>um</strong>a visão<br />
não-critica, seriam impossíveis <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r. Esta teoria retomada por Schleiermacher<br />
nos dá possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos aventurar n<strong>um</strong> mundo lingüístico amplo e complexo, em que a<br />
verda<strong>de</strong> está expressa muitas vezes <strong>de</strong> maneiras subjetivas.<br />
A hermenêutica, compreendida por diversos pensadores ao redor do mundo, agiliza e<br />
maximiza o po<strong>de</strong>r da visão crítica <strong>de</strong> <strong>um</strong>a obra. Portanto, a utilização <strong>de</strong>ste método para<br />
compreen<strong>de</strong>r e explicar o conto <strong>“O</strong> <strong>ultimo</strong> <strong>dia</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>poeta”</strong> foi <strong>de</strong> extrema importância<br />
para levantar questões sobre a obra e seu autor. Inferimos, portanto, que Machado <strong>de</strong> Assis
ao preterir estes textos publicados no Jornal das Famílias, periódico conservador e<br />
monarquista estava mesmo era preservando sua posição literária, <strong>um</strong>a vez que era mulato,<br />
pobre e epilético. Um <strong>de</strong>slize e ninguém o perdoaria. Além <strong>de</strong> <strong>um</strong> ótimo escritor é possível<br />
compreen<strong>de</strong>r que também foi perfeito marketeiro, ou seja, soube muito bem proteger sua<br />
imagem. Essas percepções po<strong>de</strong>riam não se concretizar <strong>de</strong>ssa forma se caso não<br />
conhecêssemos a vida e obra <strong>de</strong>ste escritor. Como Schleiermacher dizia: “(...) a<br />
hermenêutica é a arte <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir os pensamentos <strong>de</strong> <strong>um</strong> autor, <strong>de</strong> <strong>um</strong> ponto <strong>de</strong> vista<br />
necessário, a partir <strong>de</strong> sua exposição. (...) A hermenêutica não se exerce apenas no<br />
domínio clássico e não é <strong>um</strong> mero, órganon filológico, mas ela pratica o seu trabalho em<br />
toda parte on<strong>de</strong> existirem escritores e, assim, os seus princípios <strong>de</strong>vem também satisfazer<br />
todo este domínio e não retomar apenas à natureza das obras clássicas”. (Schleiermacher.<br />
2006).<br />
Referências bibliográficas<br />
Doc<strong>um</strong>entos eletrônicos<br />
ASSIS, <strong>de</strong> Machado –<strong>“O</strong> último <strong>dia</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>poeta”</strong>, Jornal das Famílias, 1867. Disponível<br />
em http://www2.uol.com.br/machado<strong>de</strong>assis. Acesso em 14 <strong>de</strong> Junho. 2008.<br />
ANDRIOLI, Antonio Inácio – Professor do mestrado em Educação nas Ciências da<br />
UNIJUI (RS) e doutor em Ciências Econômicas pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Osnabrück<br />
(Alemanha) – A critica da hermenêutica e a hermenêutica da crítica. Revista Espaço<br />
Acadêmico – Ano III – N. 24 - Maio <strong>de</strong> 2003. Disponível em<br />
http://br.monografias.com/trabalhos906/a-critica-hermeneutica/a-criticahermeneutica.shtml.<br />
Acesso em 21 <strong>de</strong> junho. 2008.<br />
________________. As idéias fundamentais <strong>de</strong> Paul Ricoeur texto-ação-história e Razão<br />
prática. Monografia para o curso Tópicos em Fenomenologia e hermenêutica do Mestrado<br />
em Filosofia da UFC, 2001. Disponível em<br />
http://www.dcc.ufla.br/~rudini/filos/ricoeur.htm. Acesso em 21 <strong>de</strong> Junho.2008.<br />
Livros<br />
SCHLEIERMACHER, Firedrich D. E. – Hermenêutica Arte e técnica da interpretação. 5ª<br />
edição. Bragança Paulista : editora universitária São Francisco, 2006.<br />
CHARAUDEAU, Patrick e MAINGUENAU, Dominique. Dicionário <strong>de</strong> Análise do<br />
Discurso. São Paulo: Contexto, 2004.
RICOEUR, Paul. Interpretação e i<strong>de</strong>ologias. 4ª edição, Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora Francisco<br />
Alves, 1983.<br />
Teses e dissertações<br />
MELLO, Kátia Rodrigues. Jornal das Famílias e Machado <strong>de</strong> Assis: <strong>um</strong> perfil do<br />
periódico <strong>de</strong> Garnier e seu principal colaborador. Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Letras –<br />
UNESP/Assis.<br />
ADAMS, Adair. A hermenêutica <strong>de</strong> Schleiermacher em discussão. Dissertação <strong>de</strong><br />
Mestrado em Filosofia. PUCRS, Porto Alegre, 2001.