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Nos Bastidores da Disney - Paulobarretoi9consultoria.com.br

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Livro Distribuido Gratuitamente Por:<<strong>br</strong> />

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Tom Connellan<<strong>br</strong> />

<strong>Nos</strong> bastidores <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong><<strong>br</strong> />

19ª. Edição<<strong>br</strong> />

Os segredos do<<strong>br</strong> />

sucesso <strong>da</strong> mais<<strong>br</strong> />

poderosa.empresa<<strong>br</strong> />

de diversões<<strong>br</strong> />

do mundo


Título original: Inside the magic kingdom<<strong>br</strong> />

© 1996, 1997 by Thomas K. Connellan, Ph.D.<<strong>br</strong> />

© 1998 by Editora Futura (tradução)<<strong>br</strong> />

Coordenação: Roger Trimer<<strong>br</strong> />

Preparação: Rosa Buccino<<strong>br</strong> />

Diagramação: Alessandra Mussato<<strong>br</strong> />

Capa: Soraia Kajiwara<<strong>br</strong> />

Revisão: Maurício Sellmann e Cláudia Amorim<<strong>br</strong> />

Impressão e acabamento: São Paulo<<strong>br</strong> />

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara<<strong>br</strong> />

Brasileira do Livro, SP, Brasil)<<strong>br</strong> />

_____________________________________________________________________<<strong>br</strong> />

Connellan, Thomas K.<<strong>br</strong> />

<strong>Nos</strong> bastidores <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>: os segredos do sucesso <strong>da</strong> mais poderosa<<strong>br</strong> />

empresa de diversões do mundo / Tom Connellan; tradução Marcello<<strong>br</strong> />

Borges. — São Paulo : Futura, 1998.<<strong>br</strong> />

ISBN 85-86082-61-9<<strong>br</strong> />

1. Walt <strong>Disney</strong> Company 2. Walt <strong>Disney</strong> Company —<<strong>br</strong> />

Administração I. Título.<<strong>br</strong> />

98-0615 CDD-790.068<<strong>br</strong> />

_____________________________________________________________________<<strong>br</strong> />

Índices para catalogo sistemático:<<strong>br</strong> />

1. Walt <strong>Disney</strong> Company : Empresas de diversões<<strong>br</strong> />

Administração 790.068<<strong>br</strong> />

18 a reimpressão, setem<strong>br</strong>o de 2006.<<strong>br</strong> />

Proibi<strong>da</strong> a reprodução total ou parcial.<<strong>br</strong> />

Os infratores serão processados na forma <strong>da</strong> lei.<<strong>br</strong> />

Direitos exclusivos para a língua portuguesa<<strong>br</strong> />

cedidos à Siciliano S.A.<<strong>br</strong> />

EDITORA FUTURA<<strong>br</strong> />

Av. Raimundo Pereira de Magalhães, 3305<<strong>br</strong> />

CEP 05145-200 — São Paulo — Brasil<<strong>br</strong> />

e-mail: edfutura@edfutura.<strong>com</strong>.<strong>br</strong>


Orelhas do Livro<<strong>br</strong> />

A <strong>Disney</strong>world é reconheci<strong>da</strong> e admira<strong>da</strong> em todo o mundo.<<strong>br</strong> />

O notável sucesso <strong>da</strong> empresa está em sua capaci<strong>da</strong>de de fazer<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que seus clientes sempre retornem. Quase 70 por cento dos<<strong>br</strong> />

freqüentadores do Reino Encantado já o visitaram antes.<<strong>br</strong> />

Em um estilo divertido e de fácil leitura, este livro revela os<<strong>br</strong> />

princípios que orientam a cultura e o sucesso do grupo <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

Ele revela os sete segredos que podem ser aplicados por qualquer<<strong>br</strong> />

outra empresa e fornece uma série de exemplos que aju<strong>da</strong>rão<<strong>br</strong> />

profissionais de qualquer nível organizacional a voltarem sua<<strong>br</strong> />

atenção para os clientes. Você entenderá <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> cria e<<strong>br</strong> />

mantém uma <strong>da</strong>s mais poderosas culturas empresariais e saberá<<strong>br</strong> />

qual é o ver<strong>da</strong>deiro concorrente <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> — e de sua empresa.<<strong>br</strong> />

Aplicando as estratégias especialmente cria<strong>da</strong>s pela <strong>Disney</strong><<strong>br</strong> />

para fazer <strong>com</strong> que seus mem<strong>br</strong>os apren<strong>da</strong>m a trabalhar em<<strong>br</strong> />

equipe, você fará <strong>com</strong> que todos os seus funcionários<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preen<strong>da</strong>m a importância de seus papéis e acreditem neles.<<strong>br</strong> />

Além de desven<strong>da</strong>r os segredos do sucesso <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, este<<strong>br</strong> />

livro fará <strong>com</strong> que ca<strong>da</strong> leitor se torne, um herói para seus filhos<<strong>br</strong> />

ou até um divertido guia turístico durante qualquer uma de suas<<strong>br</strong> />

próximas visitas ao Reino Encantado!<<strong>br</strong> />

Algumas <strong>da</strong>s lições de sucesso <strong>da</strong> <strong>Disney</strong><<strong>br</strong> />

• Como avaliar a satisfação dos clientes obtendo <strong>da</strong>dos<<strong>br</strong> />

concretos <strong>com</strong> rapidez.<<strong>br</strong> />

• Como usar métodos poderosos <strong>com</strong> o os cartões Guest


Service Fanatic e Spirit of <strong>Disney</strong> Award para reconhecer,<<strong>br</strong> />

cele<strong>br</strong>ar e re<strong>com</strong>pensar o trabalho eficiente.<<strong>br</strong> />

• Como responder a perguntas do tipo: "A que horas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eça o desfile <strong>da</strong>s três <strong>da</strong> tarde?"<<strong>br</strong> />

• Como adequar o recrutamento e o treinamento de sua<<strong>br</strong> />

empresa baseando-se em programas bem-sucedidos <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

Traditions, Wish upon a Stare We've Come a Long Way,<<strong>br</strong> />

Mickey.<<strong>br</strong> />

• Como produzir em seus vendedores externos a sensação<<strong>br</strong> />

de parceria, fazendo <strong>com</strong> que se tornem parte de sua<<strong>br</strong> />

equipe.


Para Walt <strong>Disney</strong>...<<strong>br</strong> />

O exemplo mais bem-acabado de<<strong>br</strong> />

alguém que ousou sonhar.


Sumário<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>e este ........................................................... .............. 9<<strong>br</strong> />

1 Próxima para<strong>da</strong>: Orlando............................... .............. 11<<strong>br</strong> />

2 A Gangue dos Cinco ...................................... .............. 17<<strong>br</strong> />

3 Como identificar a concorrência..................... .............. 25<<strong>br</strong> />

4 Como as pequenas coisas fazem uma grande diferença. 33<<strong>br</strong> />

5 Michael Eisner esclarece................................ .............. 43<<strong>br</strong> />

6 A importância <strong>da</strong>quilo que não enxergamos ... .............. 59<<strong>br</strong> />

7 Ouvindo os clientes ....................................... .............. 69<<strong>br</strong> />

8 Mantendo a magia em ação ........................... .............. 81<<strong>br</strong> />

9 <strong>Nos</strong> bastidores............................................... .............. 97<<strong>br</strong> />

10 Como derrubar paredes <strong>com</strong> facili<strong>da</strong>de .......... .............. 111<<strong>br</strong> />

11 Como a <strong>Disney</strong> escolhe as pessoas certas ...... .............. 123<<strong>br</strong> />

12 Mantendo os melhores clientes ...................... .............. 135<<strong>br</strong> />

13 Construindo fortes parcerias <strong>com</strong>erciais ........ .............. 145<<strong>br</strong> />

14 Alguém dotado de paixão ............................... .............. 155<<strong>br</strong> />

Ferramentas do líder ............................................ .............. 165<<strong>br</strong> />

Notas ................................................................... .............. 173<<strong>br</strong> />

Agradecimentos ................................................... .............. 175


So<strong>br</strong>e este livro<<strong>br</strong> />

Este livro mostra <strong>com</strong>o fazer <strong>com</strong> que os grandes líderes e<<strong>br</strong> />

sua equipe superem as expectativas de seus clientes,<<strong>br</strong> />

satisfazendo-os plenamente. Um dos melhores caminhos para isso<<strong>br</strong> />

é a<strong>com</strong>panhar um modelo eficiente. E a <strong>Disney</strong> é um dos melhores<<strong>br</strong> />

existentes, especialmente o Magic Kingdom.<<strong>br</strong> />

O papel <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>world e do Magic Kingdom neste livro é,<<strong>br</strong> />

ao mesmo tempo, essencial e nulo.<<strong>br</strong> />

É essencial porque o elenco <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> faz de tudo para<<strong>br</strong> />

encantar e manter seus convi<strong>da</strong>dos — <strong>com</strong>o são chamados<<strong>br</strong> />

carinhosamente seus visitantes. Obtive muitos exemplos so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

funcionamento <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> por meio de longas entrevistas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

antigos e atuais mem<strong>br</strong>os desse elenco — desde os vice-<<strong>br</strong> />

presidentes sêniores, passando pelos personagens pitorescos que<<strong>br</strong> />

'perambulam' por seus parques temáticos, até aqueles que atuam<<strong>br</strong> />

nos bastidores e que-nunca são vistos. Muitos outros exemplos<<strong>br</strong> />

surgiram de um seminário organizado pela <strong>Disney</strong> ao qual<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pareci (procure detalhes so<strong>br</strong>e esse seminário e so<strong>br</strong>e outros<<strong>br</strong> />

programas oferecidos pela <strong>Disney</strong> na seção Notas); outros são<<strong>br</strong> />

resultado de uma pesquisa bibliográfica so<strong>br</strong>e a <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

Pelo que sei, todos os exemplos específicos deste livro são<<strong>br</strong> />

reais. O caso dos <strong>br</strong>incos de Mary — exemplificado por dois<<strong>br</strong> />

instrutores <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>. A história <strong>da</strong> construção do Epcot —<<strong>br</strong> />

relata<strong>da</strong> por um indivíduo que participou dela. O caso <strong>da</strong> gaivota e<<strong>br</strong> />

do sorvete — protagonizado por uma amiga e colega de profissão.<<strong>br</strong> />

Digo que o papel <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> e do Magic Kingdom é nulo<<strong>br</strong> />

porque eles não aprovaram nem reprovaram, não incentivaram


nem desestimularam este livro. Mort e a Gangue dos Cinco não<<strong>br</strong> />

representam pessoas reais, vivas ou mortas. Os incidentes, as<<strong>br</strong> />

ações e as palavras atribuí<strong>da</strong>s a Michael Eisner também são<<strong>br</strong> />

fictícios (são minha interpretação do <strong>com</strong>promisso dele <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco e os convi<strong>da</strong>dos, não descrevendo eventos ou<<strong>br</strong> />

frases reais). Os sete segredos do sucesso <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> são de minha<<strong>br</strong> />

autoria, e consistem em análises e conclusões retira<strong>da</strong>s dos<<strong>br</strong> />

fatores que orientam as estratégias aplica<strong>da</strong>s pela empresa.<<strong>br</strong> />

Assim, caso haja qualquer discordância a respeito de alguma<<strong>br</strong> />

delas, ninguém estará discor<strong>da</strong>ndo <strong>da</strong> opinião expressa pela<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> ou de alguma de suas políticas organizacionais; estará<<strong>br</strong> />

discor<strong>da</strong>ndo de minhas próprias observações.<<strong>br</strong> />

ele!<<strong>br</strong> />

Espero que todos gostem deste livro e que apren<strong>da</strong>m <strong>com</strong>


1<<strong>br</strong> />

Próxima para<strong>da</strong>: Orlando<<strong>br</strong> />

Bill Greenfield parou na banca de revistas em frente a seu<<strong>br</strong> />

prédio e pediu um exemplar de Black Enterprise. Pensou na<<strong>br</strong> />

duração do vôo para Orlando e decidiu <strong>com</strong>prar também um<<strong>br</strong> />

exemplar <strong>da</strong> Forbes e outro <strong>da</strong> Fortune. Ele receberia estas últimas<<strong>br</strong> />

no escritório, mas elas não chegariam antes que tivesse viajado —<<strong>br</strong> />

e Bill não queria esperar quatro dias para lê-las.<<strong>br</strong> />

saguão.<<strong>br</strong> />

O segurança levantou a cabeça quando Bill entrou no<<strong>br</strong> />

— Bom dia, sr. Greenfield — disse. — Chegando cedo hoje,<<strong>br</strong> />

não é mesmo?<<strong>br</strong> />

— Viajo <strong>da</strong>qui a pouco — explicou Bill. — Minha mulher<<strong>br</strong> />

veio dirigindo e me deixou aqui, e o táxi chega em uns 40 minutos.<<strong>br</strong> />

Dê-me um alô quando o vir, por favor.<<strong>br</strong> />

Ele saiu do elevador, caminhou pelo corredor que leva até<<strong>br</strong> />

seu escritório e entrou. Acrescentou American Banker à pilha de<<strong>br</strong> />

material de leitura e depois deixou uma série de mensagens de voz<<strong>br</strong> />

e de e-mail para seus colegas. Começou os memorandos <strong>com</strong>:<<strong>br</strong> />

"Como você sabe, não estarei no escritório nos próximos três dias,<<strong>br</strong> />

e..."<<strong>br</strong> />

Reclinou-se em sua poltrona e sorriu. Estava viajando para<<strong>br</strong> />

visitar a <strong>Disney</strong>world,,mas seus memorandos tinham um ar de<<strong>br</strong> />

serie<strong>da</strong>de.


Tratava-se de uma viagem de negócios, algo que poderia ser<<strong>br</strong> />

melhor descrito <strong>com</strong>o uma curiosa <strong>com</strong>binação de programas de<<strong>br</strong> />

treinamento, de benchmarking e de aperfeiçoamento. Três dias<<strong>br</strong> />

desco<strong>br</strong>indo <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> faz para manter um grau de fideli<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

tão elevado por parte de seus convi<strong>da</strong>dos. E qualquer-coisa que<<strong>br</strong> />

pudesse aju<strong>da</strong>r o seu banco a aumentar a sua própria fideli<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

soava <strong>com</strong>o uma melodia agradável aos ouvidos dele. Com a<<strong>br</strong> />

indefinição do setor bancário, de corretagem e de empresas<<strong>br</strong> />

seguradoras, os líderes financeiros passaram a trocar<<strong>br</strong> />

estrategicamente a conquista de novos clientes pela manutenção<<strong>br</strong> />

dos clientes atuais. Bill e os demais sabiam que reter a clientela<<strong>br</strong> />

era vital em um universo ca<strong>da</strong> vez mais <strong>com</strong>petitivo.<<strong>br</strong> />

Nesse contexto, o setor de entretenimento era considerado<<strong>br</strong> />

um negócio rentável. E a <strong>Disney</strong> tinha a fama de ser uma empresa<<strong>br</strong> />

um pouco exigente em suas relações <strong>com</strong>erciais. O pessoal <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> era tido <strong>com</strong>o formado por negociadores irredutíveis e<<strong>br</strong> />

concorrentes impetuosos, sempre defendendo obstina<strong>da</strong>mente seu<<strong>br</strong> />

ponto de vista.<<strong>br</strong> />

Contudo, essas características contrastavam <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

tratamento oferecido a seus convi<strong>da</strong>dos. As pessoas adoravam os<<strong>br</strong> />

parques, os filmes e a parafernália. Curiosamente, a <strong>com</strong>binação<<strong>br</strong> />

de impetuosi<strong>da</strong>de <strong>com</strong>ercial e generosi<strong>da</strong>de para <strong>com</strong> os seus<<strong>br</strong> />

clientes parecia trazer dividendos no mercado. Bill tinha <strong>com</strong>prado<<strong>br</strong> />

ações <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> perto <strong>da</strong> baixa de 1985 e sabia que elas<<strong>br</strong> />

aumentaram quase 20 vezes desde aquela época. Refletiu so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

isso e outras coisas que tinham <strong>da</strong>do certo em sua vi<strong>da</strong>. Educação<<strong>br</strong> />

sóli<strong>da</strong> em Howard. Boa família. Vice-presidente de um banco<<strong>br</strong> />

importante. Firme progresso na carreira.<<strong>br</strong> />

O toque do telefone interrompeu seus devaneios.<<strong>br</strong> />

Era o segurança:


— O táxi chegou.<<strong>br</strong> />

Divirta-se, mamãe.<<strong>br</strong> />

— É, divirta-se.<<strong>br</strong> />

Carmen Bivera mandou beijos para suas filhas assim que<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>primiram seus rostos contra as janelas do ônibus escolar.<<strong>br</strong> />

Observou o ônibus se distanciar. Depois, entrou novamente em<<strong>br</strong> />

seu carro e foi para o escritório. Enquanto estacionava, viu Marge,<<strong>br</strong> />

uma de suas representantes de ven<strong>da</strong>s, tentando a<strong>br</strong>ir uma porta<<strong>br</strong> />

equili<strong>br</strong>ando a bolsa, a pasta e diversos catálogos de produtos.<<strong>br</strong> />

Marge.<<strong>br</strong> />

— Já vou ajudá-la, Marge. — Me dê uns 30 segundos.<<strong>br</strong> />

— Pensei que você tinha ido visitar a <strong>Disney</strong>world — disse<<strong>br</strong> />

— O avião decola em duas horas — respondeu Carmen.<<strong>br</strong> />

— Parece divertido!<<strong>br</strong> />

— Bem que eu gostaria!<<strong>br</strong> />

Ela estava viajando para aprender a metodologia utiliza<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

pela <strong>Disney</strong> no atendimento aos clientes, algo que sua empresa<<strong>br</strong> />

realmente precisava conhecer melhor. To<strong>da</strong> a indústria de<<strong>br</strong> />

produtos de saúde passava por importantes mu<strong>da</strong>nças, e as<<strong>br</strong> />

oportuni<strong>da</strong>des para as empresas <strong>com</strong> produtos e serviços de<<strong>br</strong> />

quali<strong>da</strong>de superior — <strong>com</strong>o os oferecidos pela empresa de Carmen<<strong>br</strong> />

— eram enormes. Carmen sabia que qualquer mu<strong>da</strong>nça<<strong>br</strong> />

importante criaria oportuni<strong>da</strong>des para aqueles que tiram proveito<<strong>br</strong> />

disso e queria fazer <strong>da</strong> visita à <strong>Disney</strong> um trampolim exatamente<<strong>br</strong> />

para aplicar projetos eficientes em sua empresa.<<strong>br</strong> />

Ela ain<strong>da</strong> estava intriga<strong>da</strong> <strong>com</strong> o que a sua equipe de<<strong>br</strong> />

ven<strong>da</strong>s e os outros mem<strong>br</strong>os <strong>da</strong> gerência estariam pensando.<<strong>br</strong> />

Reuniu-se formalmente <strong>com</strong> ambos os grupos no dia anterior à


sua viagem, mas aguar<strong>da</strong>va uma reação mais espontânea.<<strong>br</strong> />

— Marge — disse. — Fique aqui <strong>com</strong>igo um pouco. Gostaria<<strong>br</strong> />

de sua opinião a respeito de uma coisa.<<strong>br</strong> />

De sua poltrona, Don Jenkins contemplava a ponta <strong>da</strong> asa<<strong>br</strong> />

e a pista além dela. Detestava atrasos nos vôos. Pensando bem,<<strong>br</strong> />

detestava tudo o que se relacionava <strong>com</strong> aquela viagem, uma total<<strong>br</strong> />

per<strong>da</strong> de tempo, em sua opinião.<<strong>br</strong> />

O que poderia aprender <strong>com</strong> Mickey Mouse e o Pateta?<<strong>br</strong> />

Tirou do bolso as informações so<strong>br</strong>e o hotel e o mapa <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world. Mickey sorria para ele na capa do folheto.<<strong>br</strong> />

— Puxa, <strong>Disney</strong>world! — exclamou a <strong>com</strong>issária de bordo.<<strong>br</strong> />

— É a primeira vez que você viaja para lá?<<strong>br</strong> />

Ele olhou para ela e franziu a testa.<<strong>br</strong> />

— Primeira — disse. — E última.<<strong>br</strong> />

Judy Crawford passou a mão pelos cabelos, observando o<<strong>br</strong> />

mapa meteorológico no monitor.<<strong>br</strong> />

— Ah, não, lamentou. Não sei <strong>com</strong>o vou sair <strong>da</strong>qui <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong> essa confusão.<<strong>br</strong> />

Estava falando <strong>da</strong> tempestade que devastara a Região<<strong>br</strong> />

Sudeste dos Estados Unidos algumas horas antes, derrubando a<<strong>br</strong> />

rede de energia elétrica local. Na ver<strong>da</strong>de, as centrais telefônicas<<strong>br</strong> />

de Judy não paravam de tocar há horas.<<strong>br</strong> />

— Podemos cui<strong>da</strong>r disso, Judy — disse-lhe sua assistente.<<strong>br</strong> />

— Não é ver<strong>da</strong>de? — perguntou às outras pessoas <strong>da</strong> sala que,<<strong>br</strong> />

embora estivessem ocupa<strong>da</strong>s <strong>com</strong> o atendimento telefônico,<<strong>br</strong> />

olharam e sinalizaram positivamente <strong>com</strong> o polegar.


Judy sorriu. Ela treinara sua equipe corretamente, e todos<<strong>br</strong> />

trabalhavam muito bem. No entanto, será que não deveria ficar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> eles em uma situação <strong>com</strong>o aquela em vez de visitar o Reino<<strong>br</strong> />

Encantado? Bem, é lógico que ela 'estava absolutamente<<strong>br</strong> />

encanta<strong>da</strong> diante dessa nova oportuni<strong>da</strong>de de visitar a <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

Muitas vezes desejou fazer essa visita. E não seria bem alegria e<<strong>br</strong> />

diversão, pois o programa de treinamento prometia <strong>da</strong>r-lhe uma<<strong>br</strong> />

visão interna do modo <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> oferecia seus extraordinários<<strong>br</strong> />

serviços.<<strong>br</strong> />

mesmo?<<strong>br</strong> />

Afinal, Judy também era prestadora de serviços, não é<<strong>br</strong> />

Fez menção de atender o telefone, mas seu assistente<<strong>br</strong> />

chegou primeiro. Falou suavemente ao aparelho, depois co<strong>br</strong>iu o<<strong>br</strong> />

bocal e lhe disse uma única palavra:<<strong>br</strong> />

— Vá.<<strong>br</strong> />

Alan Zimmerman olhou para o espelho e agradeceu ao<<strong>br</strong> />

barbeiro pelo corte rápido. Não que tivesse sido indispensável,<<strong>br</strong> />

mas tinha uma reunião na Sand Hill Road assim que retornasse<<strong>br</strong> />

de viagem e queria estar preparado para ela. Alan pagou a conta e<<strong>br</strong> />

se dirigiu ao terminal do aeroporto para ver se o horário de saí<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

tinha sido alterado.<<strong>br</strong> />

Ele parecia mais jovem do que seus 38 anos, algo que,<<strong>br</strong> />

esperava, poderia se transformar em uma vantagem quando<<strong>br</strong> />

tivesse 58. Naquele exato momento, era principalmente um motivo<<strong>br</strong> />

de provocações bem-humora<strong>da</strong>s de seus colegas na Young<<strong>br</strong> />

Presidents Organization (Associação de Jovens Presidentes). Ele<<strong>br</strong> />

mantinha uma relação calorosa <strong>com</strong> os outros mem<strong>br</strong>os de sua<<strong>br</strong> />

filial. Na ver<strong>da</strong>de, foi um deles quem lhe falou dessa história <strong>da</strong>


<strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

No início, Alan nem acreditou. <strong>Disney</strong>? Sabia que a <strong>Disney</strong><<strong>br</strong> />

havia subido rapi<strong>da</strong>mente na lista <strong>da</strong>s 500 maiores empresas <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

revista Fortune, e que liderava a relação <strong>da</strong>s empresas mais<<strong>br</strong> />

admira<strong>da</strong>s segundo pesquisas <strong>da</strong> mesma revista. O que poderia<<strong>br</strong> />

aprender na <strong>Disney</strong> que seria aplicável à sua empresa de<<strong>br</strong> />

software? O amigo que lhe deu a idéia fora bastante convincente,<<strong>br</strong> />

mostrando que, em empresas de software, um aumento de 1 por<<strong>br</strong> />

cento no índice de retenção de clientes significaria um aumento de<<strong>br</strong> />

7 por cento nos lucros. Convencido por esses números, e pelo fato<<strong>br</strong> />

de que 70 por cento dos visitantes <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>world sempre<<strong>br</strong> />

retornam, Alan concordou em viajar até lá.


2<<strong>br</strong> />

A Gangue dos Cinco<<strong>br</strong> />

Dia 1, 9h30 às 10 horas<<strong>br</strong> />

Carmen Rivera observou as pessoas que passavam diante<<strong>br</strong> />

do City Hall, procurando desco<strong>br</strong>ir aqueles que portavam crachás<<strong>br</strong> />

de identificação <strong>com</strong>o o seu. A multidão fluía diante dela. Carmen<<strong>br</strong> />

ouvira dizer que cerca de 33 milhões de pessoas visitavam os três<<strong>br</strong> />

parques temáticos <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, na Flóri<strong>da</strong>, anualmente. E parecia<<strong>br</strong> />

que todos estavam ali naquele dia.<<strong>br</strong> />

Para a maioria, a <strong>Disney</strong>world era apenas um parque de<<strong>br</strong> />

diversões, mas para Carmen significava um negócio rentável.<<strong>br</strong> />

Afinal, tratava-se do maior parque temático do hemisfério. Essa<<strong>br</strong> />

vice-presidente de ven<strong>da</strong>s de uma importante distribuidora de<<strong>br</strong> />

produtos especialmente voltados para a área <strong>da</strong> saúde estava<<strong>br</strong> />

curiosa em desco<strong>br</strong>ir <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> tratava seus convi<strong>da</strong>dos. Foi<<strong>br</strong> />

por intermédio de uma amiga na Internet que Carmen estava<<strong>br</strong> />

visitando a <strong>Disney</strong>world, tendo <strong>com</strong>o guia Mort Vandeleur —<<strong>br</strong> />

antigo mem<strong>br</strong>o <strong>da</strong> equipe <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>lândia e <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>world e que,<<strong>br</strong> />

na ocasião, também aju<strong>da</strong>va outras empresas a aumentar o foco<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e seus clientes. Além disso, a <strong>Disney</strong>world era um lugar que<<strong>br</strong> />

ela já havia visitado antes e que desejava visitar novamente.<<strong>br</strong> />

Carmem orgulhava-se dos resultados positivos de sua


empresa, provenientes de sua firme concentração e determinação.<<strong>br</strong> />

A empresa onde trabalhava era considera<strong>da</strong> pelos concorrentes<<strong>br</strong> />

uma referência quando falavam de 'melhores práticas'. Para se ter<<strong>br</strong> />

uma idéia, a empresa estava registrando um crescimento de dois<<strong>br</strong> />

dígitos. Ela e sua equipe de trabalho orgulhavam-se <strong>da</strong>quilo que<<strong>br</strong> />

criaram, mas Carmen, nunca satisfeita <strong>com</strong> menos do que a<<strong>br</strong> />

perfeição, secretamente se determinara a encontrar maneiras de<<strong>br</strong> />

aumentar a fideli<strong>da</strong>de dos clientes. Carmen era bem-sucedi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

graças à sua facili<strong>da</strong>de para forjar boas relações <strong>com</strong> a clientela.<<strong>br</strong> />

Tinha um tino <strong>com</strong>ercial afinado, que, aliado a seu modo justo de<<strong>br</strong> />

li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> o pessoal de ven<strong>da</strong>s, fizera dela uma <strong>da</strong>s gerentes mais<<strong>br</strong> />

respeita<strong>da</strong>s <strong>da</strong> empresa. Ao mesmo tempo, ela aumentou a<<strong>br</strong> />

lucrativi<strong>da</strong>de — <strong>com</strong>o na ocasião em que conseguiu sugerir<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>nças nos procedimentos <strong>da</strong> recepção de pedidos de <strong>com</strong>pra,<<strong>br</strong> />

reduzindo o ciclo de <strong>com</strong>pras em seis horas e cortando em um dia<<strong>br</strong> />

o número de pedidos pendentes <strong>da</strong> empresa.<<strong>br</strong> />

Mort tinha telefonado para saudá-la na tarde anterior, logo<<strong>br</strong> />

após sua chega<strong>da</strong> ao hotel. Ela ficara impressiona<strong>da</strong> <strong>com</strong> seu<<strong>br</strong> />

entusiasmo, <strong>com</strong> sua vontade aparentemente sincera de conhecê-<<strong>br</strong> />

la.<<strong>br</strong> />

—Vamos nos encontrar às dez horas bem em frente ao City<<strong>br</strong> />

Hall — disse. — Fica à esquer<strong>da</strong>, após a entra<strong>da</strong> do Magic<<strong>br</strong> />

Kingdom. E se você encontrar outras quatro pessoas meio<<strong>br</strong> />

perdi<strong>da</strong>s portando crachás, apresente-se. São os outros mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

de nossa pequena gangue.<<strong>br</strong> />

A voz de Mort era agradável e amistosa. Ele chegou a fazer<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que ela sorrisse pelo modo <strong>com</strong>o usou a palavra 'gangue'.<<strong>br</strong> />

A poucos passos <strong>da</strong>li, Bill Greenfield viu Carmen em pé e


sozinha. Mesmo a distância, pôde notar que ela não estava ali só<<strong>br</strong> />

para se divertir. Estava observando firmemente as fisionomias <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

pessoas que estavam se reunindo, <strong>com</strong>o que lendo os seus<<strong>br</strong> />

pensamentos.<<strong>br</strong> />

Quando Carmen virou-se para ele, Bill notou que ela<<strong>br</strong> />

carregava o mesmo crachá que o seu. Caminhou rapi<strong>da</strong>mente,<<strong>br</strong> />

apontando para seu próprio crachá ao se aproximar.<<strong>br</strong> />

Carmen viu o crachá dele e sorriu; seus olhos castanho-<<strong>br</strong> />

escuros <strong>br</strong>ilharam.<<strong>br</strong> />

— Olá, Bill — disse. — Vejo que você também está aqui<<strong>br</strong> />

para a sessão de Mort.<<strong>br</strong> />

Bill notou que ela vestia calças <strong>com</strong>pri<strong>da</strong>s, camiseta<<strong>br</strong> />

colori<strong>da</strong> e um par de tênis. No mesmo instante, arrependeu-se de<<strong>br</strong> />

estar de terno. Era um hábito arraigado, assim <strong>com</strong>o a discrição<<strong>br</strong> />

natural e a digni<strong>da</strong>de austera cultiva<strong>da</strong>s ao longo <strong>da</strong> carreira.<<strong>br</strong> />

Ela é pelo menos 20 anos mais nova do que eu, pensou,<<strong>br</strong> />

procurando encontrar uma desculpa para sua formali<strong>da</strong>de. Hoje<<strong>br</strong> />

em dia as pessoas se vestem informalmente. Mas depois ele se<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>ou do que sua mulher disse enquanto arrumava as malas<<strong>br</strong> />

para viajar: "É a <strong>Disney</strong>world, Bill. Leve algumas camisas pólo e<<strong>br</strong> />

algumas calças informais".<<strong>br</strong> />

Apesar de seus 58 anos de i<strong>da</strong>de, ele ain<strong>da</strong> estava em forma<<strong>br</strong> />

e chamava ain<strong>da</strong> mais atenção pela sua altura de 1,90 metro. Era<<strong>br</strong> />

o responsável pelos empréstimos a pessoas jurídicas de um banco<<strong>br</strong> />

no noroeste dos Estados Unidos. Estava trabalhando <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

equipe especial, encarrega<strong>da</strong> de analisar a forma <strong>com</strong>o outras<<strong>br</strong> />

empresas mantinham um foco constante so<strong>br</strong>e seus clientes.<<strong>br</strong> />

Embora tivesse dúvi<strong>da</strong>s so<strong>br</strong>e a serie<strong>da</strong>de do tempo que iria<<strong>br</strong> />

passar ali, estava decidido a aprender o máximo que pudesse —<<strong>br</strong> />

afinal, o desempenho <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> e seu sucesso


financeiro não apenas eram conhecidos <strong>com</strong>o provocavam inveja a<<strong>br</strong> />

qualquer empresa.<<strong>br</strong> />

O banco onde Bill trabalhava tinha noção do efeito <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

fideli<strong>da</strong>de de seus clientes so<strong>br</strong>e a lucrativi<strong>da</strong>de — tinham<<strong>br</strong> />

acabado de concluir um estudo so<strong>br</strong>e a relação entre a<<strong>br</strong> />

manutenção de seus clientes atuais e os lucros, mostrando que<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> ponto percentual obtido por meio desse programa significava<<strong>br</strong> />

um aumento de 1,5 milhão de dólares nos lucros. Bill lera estudos<<strong>br</strong> />

semelhantes, mostrando que melhorias <strong>com</strong>o essa ocorreram não<<strong>br</strong> />

apenas em empresas do mercado financeiro <strong>com</strong>o nas de outros<<strong>br</strong> />

setores <strong>com</strong>erciais.<<strong>br</strong> />

Não menos importante era o fato de estar pouco à vontade<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a idéia de que só trabalho e nenhuma diversão poderiam<<strong>br</strong> />

acabar fazendo dele um sujeito chato, que foi <strong>com</strong>o sua mulher se<<strong>br</strong> />

referiu <strong>br</strong>incando <strong>com</strong> ele durante a visita mais recente dos netos:<<strong>br</strong> />

"Você precisa <strong>da</strong>r-lhes diversão".<<strong>br</strong> />

Bem, talvez fosse essa a lição que aprenderia ali, onde a<<strong>br</strong> />

diversão era o negócio.<<strong>br</strong> />

Carmen o cumprimentou.<<strong>br</strong> />

— Creio que há outros três <strong>com</strong>o nós, além de Mort, claro<<strong>br</strong> />

— disse ela. — Estou pronta para a caminha<strong>da</strong>, e você?<<strong>br</strong> />

Ela olhou novamente para a multidão <strong>com</strong>o se estivesse<<strong>br</strong> />

procurando alguém.<<strong>br</strong> />

disse Bill.<<strong>br</strong> />

— Fico imaginando <strong>com</strong>o Mort deve ser.<<strong>br</strong> />

— Ele me disse que estaria usando uma camisa amarela —<<strong>br</strong> />

— Sim, mas eu fico esperando alguém <strong>com</strong> luvas <strong>br</strong>ancas e<<strong>br</strong> />

calções vermelhos <strong>com</strong> grandes botões amarelos — sorriu ela.<<strong>br</strong> />

— E orelhões? — disse Bill, retribuindo o sorriso.<<strong>br</strong> />

— Exatamente.


— Creio tê-lo visto em alguns filmes — ele disse, desta vez,<<strong>br</strong> />

gargalhando.<<strong>br</strong> />

— Olá! — disse uma voz anima<strong>da</strong> atrás deles. — Vocês dois<<strong>br</strong> />

estão procurando o Mort?<<strong>br</strong> />

Voltaram-se e viram uma jovem pareci<strong>da</strong> <strong>com</strong> um duende<<strong>br</strong> />

de cabelos ruivos e curtos, que poderia ter acabado de sair do<<strong>br</strong> />

colegial.<<strong>br</strong> />

— Sou Judy — disse.<<strong>br</strong> />

Depois, indicou um homem magro e <strong>br</strong>onzeado de uns 40<<strong>br</strong> />

anos que estava atrás dela. — E este é Alan. Alan estendeu a mão.<<strong>br</strong> />

— Creio que estamos aqui pelo mesmo motivo — disse.<<strong>br</strong> />

— Somos parte <strong>da</strong>... <strong>com</strong>o é que Mort nos chama? Sua<<strong>br</strong> />

pequena gangue — disse Judy.<<strong>br</strong> />

— A Gangue dos Cinco — sugeriu Carmen.<<strong>br</strong> />

— Então ain<strong>da</strong> falta um — observou Bill.<<strong>br</strong> />

— E Mort também não está aqui — lem<strong>br</strong>ou Judy.<<strong>br</strong> />

Com seus 28 anos, Judy Crawford era uma <strong>da</strong>s mais jovens<<strong>br</strong> />

líderes de equipe em sua empresa — uma fornecedora de energia<<strong>br</strong> />

elétrica sedia<strong>da</strong> na Carolina do Norte. Sempre alegre, fora a líder<<strong>br</strong> />

natural <strong>da</strong> equipe de relações <strong>com</strong> clientes desde o dia em que<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçou a trabalhar na empresa, três anos antes. O positivismo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que encarava sua vi<strong>da</strong> era sua marca registra<strong>da</strong>. Os mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

de sua equipe a testavam continuamente, ora por <strong>br</strong>incadeira, ora<<strong>br</strong> />

sem querer, mas nunca a viram zanga<strong>da</strong>. Quando surgiam as<<strong>br</strong> />

tempestades de primavera e os constantes relâmpagos, centenas<<strong>br</strong> />

de clientes ligavam para reclamar <strong>da</strong> falta de energia; ela<<strong>br</strong> />

conseguia reverter a situação fazendo <strong>com</strong> que a agradecessem<<strong>br</strong> />

pela equipe que em pouco tempo chegaria para restabelecer o


fornecimento de energia elétrica.<<strong>br</strong> />

Quando surgiu a oportuni<strong>da</strong>de de conhecer novas técnicas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o as <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, Judy se interessou de imediato. Sentia que<<strong>br</strong> />

seria um bom modo de fazer <strong>com</strong> que seu departamento<<strong>br</strong> />

aprimorasse ain<strong>da</strong> mais o tratamento dispensado aos clientes.<<strong>br</strong> />

Sabia disso porque já havia visitado a <strong>Disney</strong>world três vezes:<<strong>br</strong> />

quando era uma colegial, durante sua lua-de-mel e uma outra vez,<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panha<strong>da</strong> de seu marido e sua filha de quatro anos. Quem<<strong>br</strong> />

poderia ser melhor no trato <strong>com</strong> os clientes do que uma<<strong>br</strong> />

organização freqüenta<strong>da</strong> por 50 a 75 mil pessoas diariamente, a<<strong>br</strong> />

maioria saindo de lá feliz?<<strong>br</strong> />

Judy havia encontrado Alan Zimmerman no restaurante do<<strong>br</strong> />

hotel em que se hospe<strong>da</strong>ra, naquela manhã. Alan era um sujeito<<strong>br</strong> />

extrovertido e vigoroso que jogou beisebol na facul<strong>da</strong>de e<<strong>br</strong> />

gerenciou uma pequena empresa de paisagismo para pagar seus<<strong>br</strong> />

estudos universitários. Sabia do grande sucesso <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

prestadora de serviços <strong>com</strong> quali<strong>da</strong>de, e decidiu que aquela seria<<strong>br</strong> />

uma ótima oportuni<strong>da</strong>de para desco<strong>br</strong>ir novas formas de<<strong>br</strong> />

aumentar a fideli<strong>da</strong>de de seus clientes para <strong>com</strong> sua empresa<<strong>br</strong> />

californiana de software, que crescia rapi<strong>da</strong>mente. 1<<strong>br</strong> />

Não que sua empresa não estivesse se saindo bem. Ele<<strong>br</strong> />

ficava radiante <strong>com</strong> os elogios, <strong>com</strong> a leitura dos <strong>com</strong>entários<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e seu êxito nas publicações especializa<strong>da</strong>s, <strong>com</strong> as entrevistas<<strong>br</strong> />

para os jornais locais. Um dia, porém, leu uma citação de Walt<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>. Ele a parafraseou e agora a levava escrita no verso de um<<strong>br</strong> />

cartão de visitas em sua carteira: "Você se torna mais vulnerável<<strong>br</strong> />

justamente quando todos falam de sua grandiosi<strong>da</strong>de". Walt<<strong>br</strong> />

1 Você se torna mais vulnerável justamente quando<<strong>br</strong> />

todos falam de sua grandiosi<strong>da</strong>de.


chamou aquela situação de Zona Vermelha (Red Zone). Alan<<strong>br</strong> />

percebeu que estava entrando nessa situação e se dispôs a evitar<<strong>br</strong> />

os perigos que isso poderia ocasionar.<<strong>br</strong> />

Ele não tinha imaginado, porém, que teria a experiência de<<strong>br</strong> />

explorar o Reino Encantado na prática. Sentiu-se um tanto<<strong>br</strong> />

culpado. Como iria explicar isso a seus dois garotos? Com certeza,<<strong>br</strong> />

teria de <strong>com</strong>pensá-los <strong>com</strong> uma outra viagem para cá, desta vez<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> eles. Não haveria outra maneira.<<strong>br</strong> />

Apontou para o Castelo <strong>da</strong> Cinderela a distância:<<strong>br</strong> />

— Na ver<strong>da</strong>de, não dá para dizer que vamos trabalhar, dá?<<strong>br</strong> />

Nesse. momento, um homem magro e alto, de cabelos e<<strong>br</strong> />

bigodes grisalhos, vestindo uma camisa de mangas curtas, de<<strong>br</strong> />

malha amarela, veio em direção ao grupo e anunciou:<<strong>br</strong> />

— Olá, sou o Mort!<<strong>br</strong> />

Demonstrava confiança, evidenciava estar acostumado ao<<strong>br</strong> />

contato <strong>com</strong> estranhos, deixando-os à vontade.<<strong>br</strong> />

— Contei quatro, de modo que falta um. Será que nosso<<strong>br</strong> />

quinto <strong>com</strong>panheiro ficou perdido por aí? — perguntou enquanto<<strong>br</strong> />

os cumprimentava.<<strong>br</strong> />

— Estou aqui — disse um homem de cabelos escuros,<<strong>br</strong> />

quarentão, anguloso, aparência abati<strong>da</strong>, usando calças cinzentas<<strong>br</strong> />

e uma camisa esporte <strong>br</strong>anca <strong>com</strong> o colarinho aberto. Estava de<<strong>br</strong> />

costas para o grupo, e por isso passara despercebido ao se<<strong>br</strong> />

agachar para limpar o sapato <strong>com</strong> um guar<strong>da</strong>napo de papel. — Só<<strong>br</strong> />

um minuto. Pisei no chiclete de algum garoto, acrescentou.<<strong>br</strong> />

Don Jenkins não estava contente <strong>com</strong> a visita. Como<<strong>br</strong> />

engenheiro e gerente de fá<strong>br</strong>ica de uma grande fornecedora de<<strong>br</strong> />

peças para a indústria automotiva, achava que deveria empregar


seu tempo em outros projetos, e disse isso ao vice-presidente de<<strong>br</strong> />

sua divisão. Lem<strong>br</strong>ou que sua iniciativa para 'enxugar' o processo<<strong>br</strong> />

de fa<strong>br</strong>icação reduzira os níveis do estoque e o ciclo de produção,<<strong>br</strong> />

aumentando a produtivi<strong>da</strong>de — e tinha números que o provavam.<<strong>br</strong> />

O chefe disse que sabia que Don era hábil <strong>com</strong> um lápis, que<<strong>br</strong> />

estava fazendo um ótimo trabalho, mas que queria que fizesse a<<strong>br</strong> />

viagem de qualquer maneira, para desco<strong>br</strong>ir um modo de elevar a<<strong>br</strong> />

satisfação dos clientes de sua empresa.<<strong>br</strong> />

Assim, Don resolveu viajar de Chicago a Orlando — em um<<strong>br</strong> />

vôo cuja parti<strong>da</strong>, conforme notou, deu-se <strong>com</strong> mais de dez<<strong>br</strong> />

minutos de atraso, e cuja chega<strong>da</strong> atrasou mais de 12 minutos —<<strong>br</strong> />

e se preparou para desperdiçar vários dias fazendo amizade <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Mickey Mouse, Pateta e os Sete Anões. Mesmo assim, estava<<strong>br</strong> />

determinado a aproveitar o tempo ao máximo. Estava no sexto<<strong>br</strong> />

telefonema de seu celular quando pisou no chiclete de algum<<strong>br</strong> />

garoto.<<strong>br</strong> />

Como de hábito, conferiu as horas e nem cumprimentou<<strong>br</strong> />

Carmen, Judy, Alan e Bill.<<strong>br</strong> />

— O plano é este — disse Mort. — Quero revelar-lhes os<<strong>br</strong> />

sete segredos do sucesso <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, identificados por mim. <strong>Nos</strong><<strong>br</strong> />

próximos três dias, vamos caminhar, conversar e observar o que<<strong>br</strong> />

acontece aqui. Assim, vocês estarão aprendendo sete lições<<strong>br</strong> />

aplicáveis às suas empresas, tornando-as tão bem-sucedi<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

quanto a <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

"Vamos <strong>com</strong>eçar pelo café <strong>da</strong> manhã na confeitaria <strong>da</strong> Main<<strong>br</strong> />

Street. Algum de vocês ain<strong>da</strong> não <strong>com</strong>eu?<<strong>br</strong> />

Carmen ergueu a mão.<<strong>br</strong> />

— Bem, você tem sorte, Carmen. <strong>Nos</strong>sa primeira para<strong>da</strong>


será para <strong>com</strong>er. Vamos sentar e tomar um café ou um suco de<<strong>br</strong> />

laranja, nos conhecer melhor e falar so<strong>br</strong>e a programação do dia.<<strong>br</strong> />

Antes de saborearmos esse café <strong>da</strong> manhã tardio, alguém tem<<strong>br</strong> />

alguma dúvi<strong>da</strong> que exija resposta imediata?<<strong>br</strong> />

Ninguém falou na<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Don ficou a<strong>com</strong>panhando um jato decolando a distância,<<strong>br</strong> />

rumo ao norte. Mort era prestativo demais, e ele já estava se<<strong>br</strong> />

irritando <strong>com</strong> isso.<<strong>br</strong> />

— Muito bem — disse Mort. — Sei de algo que vocês<<strong>br</strong> />

podem estar se perguntando. Quais são os concorrentes <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>? Com quem as pessoas <strong>com</strong>param a <strong>Disney</strong>world? É uma<<strong>br</strong> />

pergunta que poucas pessoas me fazem, porque a resposta parece<<strong>br</strong> />

óbvia demais.<<strong>br</strong> />

Ele, na reali<strong>da</strong>de, estava testando o grupo.<<strong>br</strong> />

— Pensem nisso enquanto vamos até a confeitaria.


3<<strong>br</strong> />

Como identificar a concorrência<<strong>br</strong> />

Dia 1, 10 às 11 horas<<strong>br</strong> />

Enquanto tomavam café <strong>com</strong> rosquinhas e pães, Judy e<<strong>br</strong> />

Alan falavam de seus filhos, e Bill e Carmen <strong>com</strong>paravam suas<<strong>br</strong> />

experiências profissionais. Don ficou sentado na extremi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

oposta <strong>da</strong> mesa, contemplando sua agen<strong>da</strong> <strong>com</strong>o se fosse a coisa<<strong>br</strong> />

mais interessante <strong>da</strong>quele lugar.<<strong>br</strong> />

Carmen dirigiu-se a Mort.<<strong>br</strong> />

— Não adianta, desisto. Quem são os concorrentes <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world? Outros parques temáticos ou de diversão,<<strong>br</strong> />

naturalmente, mas isso seria óbvio. Além disso, não sei se você<<strong>br</strong> />

pode chamá-los de concorrentes. As pessoas visitam outros<<strong>br</strong> />

parques, <strong>com</strong>o o Universal Studios ou o Six Flags, mas creio que<<strong>br</strong> />

essas visitas só aumentam o interesse deles. É <strong>com</strong>o cinema:<<strong>br</strong> />

assistir a um filme não o impede de assistir a outros.<<strong>br</strong> />

— Para falar a ver<strong>da</strong>de, qualquer um que queira lucrar<<strong>br</strong> />

sempre pode ser considerado um concorrente. Nessa lista,<<strong>br</strong> />

podemos incluir filmes, eventos esportivos e coisas do gênero —<<strong>br</strong> />

disse Alan.


Mort sorriu.<<strong>br</strong> />

— Na ver<strong>da</strong>de, vai muito além disso. Falando de modo<<strong>br</strong> />

prático, a <strong>Disney</strong> tem centenas de concorrentes. Realmente,<<strong>br</strong> />

milhares. A rede L.L. Bean, revendedora de roupas esportivas, a<<strong>br</strong> />

FedEx, empresa de entregas e remessas, e a General Electric são<<strong>br</strong> />

alguns deles.<<strong>br</strong> />

Os quatro estavam curiosos e olhavam atentamente para<<strong>br</strong> />

Mort. Don franziu a testa e olhou para a janela.<<strong>br</strong> />

— Bem, acho que não <strong>com</strong>preendi o que você quis dizer<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> concorrente — disse Carmen. — Nenhuma dessas empresas é<<strong>br</strong> />

um parque temático, nem se aproximam disso.<<strong>br</strong> />

— Vou mais longe — disse Mort. — A <strong>Disney</strong> considera<<strong>br</strong> />

essas três empresas concorrência, e vocês também deveriam fazer<<strong>br</strong> />

o mesmo.<<strong>br</strong> />

Alan ficou ain<strong>da</strong> mais intrigado.<<strong>br</strong> />

— Não entendi o que você quer dizer. Somos uma empresa<<strong>br</strong> />

de software. Nenhuma <strong>da</strong>s empresas que você mencionou cria<<strong>br</strong> />

programas — não que eu saiba.<<strong>br</strong> />

Mort dirigiu-se à Carmen, perguntando: — E você?<<strong>br</strong> />

Considera alguma dessas empresas sua concorrente?<<strong>br</strong> />

Carmen hesitou.<<strong>br</strong> />

— Bem, vendemos alguns monitores avançados de<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhamento de funções biológicas vitais, usados em salas de<<strong>br</strong> />

operações e em vôos espaciais, e por isso acho que a GE poderia<<strong>br</strong> />

ser considera<strong>da</strong> um concorrente.<<strong>br</strong> />

Bill e Judy estavam quietos e expressavam curiosi<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Como ê que alguma dessas empresas pode ser concorrente de um<<strong>br</strong> />

banco?, refletiu Bill.<<strong>br</strong> />

Carmen questionava-se so<strong>br</strong>e o fato de elas possuírem<<strong>br</strong> />

alguma subsidiária que desconhecia.


— Acho que entendi aonde você quer chegar — disse Judy.<<strong>br</strong> />

Don remexeu-se na cadeira, apoiou o queixo nos punhos e<<strong>br</strong> />

ficou olhando pela janela. Lá vamos nós de novo, pensou. Outra<<strong>br</strong> />

dessas novas teorias empresariais. Mais informações so<strong>br</strong>e a nova<<strong>br</strong> />

era e a nova ordem mundial e so<strong>br</strong>e concorrência global. Novas<<strong>br</strong> />

maneiras de desperdiçar tempo produtivo. Ele <strong>com</strong>eçou a batucar<<strong>br</strong> />

na mesa <strong>com</strong> os dedos.<<strong>br</strong> />

Meia hora de conversa e a alegria incessante do lugar já o<<strong>br</strong> />

irritavam. Os garçons, os caixas, o pessoal <strong>da</strong> manutenção — será<<strong>br</strong> />

que ninguém acor<strong>da</strong>va 'zangado' naquele mundo? Sorriu<<strong>br</strong> />

ironicamente <strong>com</strong> seu trocadilho so<strong>br</strong>e os Sete Anões. Don estava<<strong>br</strong> />

absorvendo alguma coisa <strong>da</strong>quele lugar, mas não <strong>da</strong> maneira<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o seu chefe esperava.<<strong>br</strong> />

Talvez os outros entendessem o objetivo <strong>da</strong>quele exercício<<strong>br</strong> />

inútil, mas não ele. Afinal, importantes eram os números. Se<<strong>br</strong> />

alguma coisa existia, existia em quanti<strong>da</strong>de. Se existia em<<strong>br</strong> />

quanti<strong>da</strong>de, havia registros numéricos para <strong>com</strong>prová-la. Se<<strong>br</strong> />

alguma coisa não tinha esses registros, não existia.<<strong>br</strong> />

Para vencer a concorrência bastava apresentar produtos de<<strong>br</strong> />

quali<strong>da</strong>de. Idealize métodos de produção à prova de erros, ponha-<<strong>br</strong> />

os cui<strong>da</strong>dosamente em prática, a<strong>com</strong>panhe ca<strong>da</strong> processo<<strong>br</strong> />

cui<strong>da</strong>dosamente e aperfeiçoe continuamente os métodos.<<strong>br</strong> />

Por que o chefe de Don queria tanto que ele visitasse a<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>? Parecia uma idéia absur<strong>da</strong>. A formação dele também é<<strong>br</strong> />

volta<strong>da</strong> aos números, mas ultimamente vinha falando de clientes<<strong>br</strong> />

insatisfeitos. Don não estava preocupado; um bom produto<<strong>br</strong> />

sempre tem condições de se vender sozinho. Os responsáveis pelo<<strong>br</strong> />

marketing é que têm de se preocupar <strong>com</strong> a fideli<strong>da</strong>de <strong>da</strong> clientela.


Do lado de fora <strong>da</strong> janela, viu uma garotinha de cabelos<<strong>br</strong> />

ruivos e encaracolados, usando óculos do Mickey e um chapéu<<strong>br</strong> />

enorme do Pateta. Suas mãos estavam sujas de chocolate, poeira e<<strong>br</strong> />

lágrimas, e ela estava triste <strong>com</strong> alguma coisa. A mãe dela tentava<<strong>br</strong> />

consolá-la.<<strong>br</strong> />

Ah! Nem todos estão satisfeitos por aqui, pensou Don.<<strong>br</strong> />

Carmen também assistiu à cena. Inclinou-se<<strong>br</strong> />

instintivamente na direção <strong>da</strong> janela, <strong>com</strong>o se fosse consolar a<<strong>br</strong> />

menina.<<strong>br</strong> />

Mort observava as reações deles em silêncio. Também<<strong>br</strong> />

observou algo que eles não notaram. O pai <strong>da</strong> menina estava<<strong>br</strong> />

conversando <strong>com</strong> um funcionário <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, que portava o<<strong>br</strong> />

distintivo <strong>da</strong> empresa. Ele sorriu. Talvez pudesse usar a situação<<strong>br</strong> />

mais tarde, quando falasse <strong>da</strong> atenção aos detalhes.<<strong>br</strong> />

Mort gostava de detalhes, colecionava-os <strong>com</strong>o selos<<strong>br</strong> />

coloridos. Estu<strong>da</strong>ra as informações que esses cinco profissionais<<strong>br</strong> />

lhe enviaram a respeito de suas experiências, de sua educação e<<strong>br</strong> />

de suas empresas — tudo aquilo que achavam que poderiam<<strong>br</strong> />

partilhar <strong>com</strong> ele. Ele sabia em quais áreas atuavam — software,<<strong>br</strong> />

saúde, peças automotivas, serviços públicos, banco — e julgou<<strong>br</strong> />

poder adivinhar <strong>com</strong> quem ca<strong>da</strong> um achava que <strong>com</strong>petia.<<strong>br</strong> />

Voltou-se para Judy.<<strong>br</strong> />

— Diga-me, então: por que L.L. Bean é sua concorrente?<<strong>br</strong> />

— Bom, a relação existente é <strong>com</strong> aquela antiga e eficiente<<strong>br</strong> />

estratégia de satisfazer os clientes, não é mesmo?<<strong>br</strong> />

— Exatamente — disse Mort. — Quando a concorrência<<strong>br</strong> />

provar ser mais eficiente, sua empresa poderá sofrer prejuízos.<<strong>br</strong> />

Todos concor<strong>da</strong>ram. Exceto Don, é claro.


— Uma <strong>da</strong>s maneiras de conhecer a <strong>Disney</strong> é por meio do<<strong>br</strong> />

serviço de atendimento telefônico — prosseguiu Mort. — Todos os<<strong>br</strong> />

dias, a <strong>Disney</strong> recebe milhares de ligações. Muitas são <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

mesmas pessoas que também telefonam para a FedEx e que<<strong>br</strong> />

contam <strong>com</strong> sua presteza e confiabili<strong>da</strong>de. Pode ser que liguem<<strong>br</strong> />

um pouco antes ou um pouco depois, ou mesmo uma semana<<strong>br</strong> />

antes ou depois. Mas ligam.<<strong>br</strong> />

"Depois, à noite, vão para casa e pedem algo <strong>da</strong> L.L. Bean,<<strong>br</strong> />

ou podem ser uma <strong>da</strong>s centenas de milhares de pessoas que<<strong>br</strong> />

telefonam a ca<strong>da</strong> ano para o centro de atendimento <strong>da</strong> GE. Eles<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>param esses telefonemas? Pode apostar! Consciente ou<<strong>br</strong> />

inconscientemente, as pessoas <strong>com</strong>param ca<strong>da</strong> um deles.<<strong>br</strong> />

"Carmen, presumo que seus produtos sejam entregues a<<strong>br</strong> />

seus clientes. Estou dizendo que seus clientes <strong>com</strong>param a<<strong>br</strong> />

confiabili<strong>da</strong>de de suas entregas <strong>com</strong> a <strong>da</strong> FedEx, bem <strong>com</strong>o <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

de qualquer empresa de entregas que utilizem.<<strong>br</strong> />

"Perceba que as pessoas julgam não apenas to<strong>da</strong> a sua<<strong>br</strong> />

experiência <strong>com</strong>o também aquilo que acontece a ca<strong>da</strong> transação.<<strong>br</strong> />

Comparam telefonemas, pedidos, embarques, e entregas."<<strong>br</strong> />

firme.<<strong>br</strong> />

Mort aproximou-se ao grupo e falou em voz baixa, mas<<strong>br</strong> />

— E este simples fato está provocando uma mu<strong>da</strong>nça<<strong>br</strong> />

fun<strong>da</strong>mental no modo <strong>com</strong>o as empresas administram a<<strong>br</strong> />

concorrência. Um concorrente não é somente o banco do outro<<strong>br</strong> />

lado <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de ou a distribuidora de veículos na mesma rua ou no<<strong>br</strong> />

município vizinho. Ele é literalmente qualquer um quem o cliente<<strong>br</strong> />

trave contato e tente <strong>com</strong>parar <strong>com</strong> a sua empresa. Assim, o que<<strong>br</strong> />

Judy disse está correto. Todos estão <strong>com</strong>petindo na área de<<strong>br</strong> />

satisfação <strong>da</strong> clientela. Suspeito que ela saiba disso porque já teve<<strong>br</strong> />

de atender milhares de clientes ao telefone.


— E isso mesmo — disse Judy, seus olhos <strong>br</strong>ilhando ao se<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>ar de alguns desses casos. Ela poderia contar a Mort uns<<strong>br</strong> />

casos bem interessantes! 2<<strong>br</strong> />

primeiro.<<strong>br</strong> />

Mas Alan, pensando em sua empresa de software, falou<<strong>br</strong> />

— Mort — perguntou —- você está dizendo que a<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world e a minha empresa são, na ver<strong>da</strong>de, concorrentes?<<strong>br</strong> />

Mort sorriu, já esperando uma reação <strong>com</strong>o aquela.<<strong>br</strong> />

— Não sei — respondeu. — Você já fez negócios <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

pessoas que visitaram este parque?<<strong>br</strong> />

— Diria que metade ou mais dos clientes de minha empresa<<strong>br</strong> />

estiveram aqui — disse Alan. — Talvez 75 por cento.<<strong>br</strong> />

concorrente.<<strong>br</strong> />

Alan riu.<<strong>br</strong> />

— Bem, para esses 75 por cento, somos uma espécie de<<strong>br</strong> />

— E para os outros 25 por cento?<<strong>br</strong> />

— Só se eles conversaram <strong>com</strong> alguém que já esteve aqui.<<strong>br</strong> />

— Temia que você dissesse isso. Meneou a cabeça: —<<strong>br</strong> />

Todos. Todos são nossos concorrentes.<<strong>br</strong> />

— Parece que ca<strong>da</strong> detalhe pode mu<strong>da</strong>r nosso conceito<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e determinados assuntos, não é mesmo? — perguntou Mort,<<strong>br</strong> />

sorrindo.<<strong>br</strong> />

— Com certeza — disse Alan. — Faz <strong>com</strong> que você repense<<strong>br</strong> />

a maneira <strong>com</strong>o administra os seus negócios.<<strong>br</strong> />

Os demais — todos, exceto Don — concor<strong>da</strong>ram, intrigados<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> essa nova idéia so<strong>br</strong>e seus clientes.<<strong>br</strong> />

— E o que dizer de clientes internos? — perguntou Judy.<<strong>br</strong> />

— Isso se aplica a nossos contatos <strong>com</strong> eles?<<strong>br</strong> />

2 Quando a concorrência for mais eficiente, elevando a<<strong>br</strong> />

satisfação dos clientes melhor do que sua empresa, você<<strong>br</strong> />

poderá sofrer prejuízos <strong>com</strong> essa <strong>com</strong>petição.


— É claro — disse Mort. — Clientes internos procuram o<<strong>br</strong> />

mesmo que externos. Quando um cliente interno telefona para sua<<strong>br</strong> />

empresa, <strong>com</strong>para o seu atendimento <strong>com</strong> o <strong>da</strong> L.L. Bean e <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> FedEx. Muito bem, todos terminaram? Vamos caminhar pela<<strong>br</strong> />

Main Street. Mas, quero lem<strong>br</strong>ar que lhes revelarei os sete<<strong>br</strong> />

segredos do sucesso <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> <strong>com</strong>o se fossem lições escolares.<<strong>br</strong> />

Ele deu a ca<strong>da</strong> um deles um pequeno cartão, contendo a<<strong>br</strong> />

seguinte mensagem:<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 1<<strong>br</strong> />

Concorrente é qualquer<<strong>br</strong> />

empresa <strong>com</strong> a qual o<<strong>br</strong> />

cliente o <strong>com</strong>para.<<strong>br</strong> />

Ao saírem <strong>da</strong> confeitaria, Don leu a frente e o verso do<<strong>br</strong> />

cartão, deu de om<strong>br</strong>os e o guardou no bolso. Pode ser que ele<<strong>br</strong> />

tenha razão, pensou. Mas alguns telefonemas não diferenciam uma<<strong>br</strong> />

empresa <strong>da</strong> outra. É preciso muito mais do que isso.<<strong>br</strong> />

Os seis caminharam pela Main Street, <strong>com</strong> Bill e Carmen à<<strong>br</strong> />

frente, Don no final. Judy e Mort conversavam descontrai<strong>da</strong>mente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> Alan. Bill observava os convi<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>world entrando e<<strong>br</strong> />

saindo felizes de loja em loja, de um lado para outro <strong>da</strong> rua,<<strong>br</strong> />

dirigindo-se para as atrações de outros setores do parque. Viu<<strong>br</strong> />

funcionários do parque — mem<strong>br</strong>os do elenco (<strong>com</strong>o os chamava)<<strong>br</strong> />

— ocupados no papel de proprietários <strong>da</strong>s lojas, mu<strong>da</strong>ndo e


limpando móveis, varrendo a calça<strong>da</strong>, operando carrinhos de<<strong>br</strong> />

algodão-doce, cachorro-quente, etc, aparentemente tão satisfeitos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a experiência quanto as pessoas a quem estavam servindo. O<<strong>br</strong> />

que os deixava tão felizes? E felici<strong>da</strong>de seria a mesma coisa que<<strong>br</strong> />

dedicação? Nesse instante, Carmen cutucou Bill. 3<<strong>br</strong> />

— Talvez seja esse o motivo pelo qual tudo aqui é tão limpo<<strong>br</strong> />

— disse ela. — Está vendo aquele sujeito? Não parece ser um<<strong>br</strong> />

faxineiro, mas acaba de se desviar de seu caminho para recolher<<strong>br</strong> />

um pe<strong>da</strong>ço de papel do chão e colocá-lo em uma cesta de lixo.<<strong>br</strong> />

Você acha que isso significa que a <strong>Disney</strong> economiza na limpeza?<<strong>br</strong> />

faxineiro.<<strong>br</strong> />

Mort ouviu a conversa e sugeriu que perguntassem ao<<strong>br</strong> />

— Farei isso — disse Bill.<<strong>br</strong> />

Ele se aproximou do homem, que tinha parado para<<strong>br</strong> />

conversar <strong>com</strong> outro mem<strong>br</strong>o do elenco. — Desculpe, senhor —<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçou Bill. O homem se virou e olhou para Bill <strong>com</strong> seus olhos<<strong>br</strong> />

azuis.<<strong>br</strong> />

— O senhor faz parte <strong>da</strong> equipe de limpeza?<<strong>br</strong> />

Um grupo barulhento de convi<strong>da</strong>dos praticamente os<<strong>br</strong> />

cercava, dificultando a <strong>com</strong>unicação.<<strong>br</strong> />

— Sim, faço — disse ó homem, acima <strong>da</strong>s risa<strong>da</strong>s do<<strong>br</strong> />

grupo. Ele e Mort trocaram um rápido olhar.<<strong>br</strong> />

— Interessante. O<strong>br</strong>igado e desculpe-me por interromper<<strong>br</strong> />

seu trabalho — disse Bill. Ele virou-se e retornou. Na metade do<<strong>br</strong> />

caminho, porém, parou e perguntou: — Quantas pessoas há na<<strong>br</strong> />

equipe de limpeza?<<strong>br</strong> />

O homem tentou gritar para superar o ruído <strong>da</strong> multidão.<<strong>br</strong> />

Bill pensou ter ouvido '45 mil', mas não seria possível. Bill ia<<strong>br</strong> />

3 “ Clientes internos procuram as mesmas coisas que os<<strong>br</strong> />

externos. Eles <strong>com</strong>param seu padrão de atendimento <strong>com</strong> o <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

L.L.Bean e <strong>com</strong> o <strong>da</strong> FedEx. “


perguntar novamente, mas o homem já estava longe.<<strong>br</strong> />

Quando Bill reuniu-se novamente <strong>com</strong> o grupo, disse à<<strong>br</strong> />

Carmen que o sujeito aparentava ser um faxineiro, e que, se tinha<<strong>br</strong> />

ouvido bem, a equipe era forma<strong>da</strong> por quatro a cinco mil pessoas.<<strong>br</strong> />

— E muita gente! — disse Carmen.<<strong>br</strong> />

— É muita gente deixando cair gomas de mascar,<<strong>br</strong> />

derramando sorvete, coisas assim — disse Don.<<strong>br</strong> />

Bill e Carmen sorriram educa<strong>da</strong>mente.<<strong>br</strong> />

Alan, exercitando um pouco de aritmética mental, também<<strong>br</strong> />

achou que uma equipe de limpeza <strong>com</strong>posta por quatro a cinco<<strong>br</strong> />

mil funcionários era um exagero.<<strong>br</strong> />

Judy, por sua vez, estava encanta<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

— Não é à toa que a <strong>Disney</strong> está sempre tão limpa e<<strong>br</strong> />

organiza<strong>da</strong>! Mort observava o desenrolar <strong>da</strong> história em silêncio.<<strong>br</strong> />

Será que deveria esclarecer as coisas? Melhor esperar o momento<<strong>br</strong> />

mais adequado. Deixar que a situação se solucionasse por si<<strong>br</strong> />

mesma. Talvez ele até pudesse aju<strong>da</strong>r um pouco.


4<<strong>br</strong> />

Como as pequenas coisas fazem uma<<strong>br</strong> />

grande diferença<<strong>br</strong> />

Dia1, 13h30 às 15 horas<<strong>br</strong> />

Mais tarde, após um passeio rápido pela Frontierland, pela<<strong>br</strong> />

Adventureland e Liberty Square, a Gangue dos Cinco e Mort<<strong>br</strong> />

voltaram à Main Street. Mort reuniu o grupo à sua volta e apoiou-<<strong>br</strong> />

se em um dos postes para amarrar cavalos que adornavam a rua.<<strong>br</strong> />

— Bonitos, não? — perguntou Mort.<<strong>br</strong> />

Todos olharam para os postes e acharam que eram<<strong>br</strong> />

interessantes, bem projetados e acabados, limpos, <strong>br</strong>ilhantes e<<strong>br</strong> />

adequados para o lugar — tudo o que um poste <strong>da</strong>queles deveria<<strong>br</strong> />

ser em uma réplica fiel e elegante do tradicional centro de uma<<strong>br</strong> />

antiga ci<strong>da</strong>dezinha norte-americana. E o que mais?<<strong>br</strong> />

Assim, contemplaram os postes, olharam para Mort e<<strong>br</strong> />

sorriram sem muita convicção.<<strong>br</strong> />

— Estes postes são muito bonitos — concor<strong>da</strong>ram e ficaram<<strong>br</strong> />

calados, esperando a reação de Mort.<<strong>br</strong> />

não é?<<strong>br</strong> />

Alan rompeu o <strong>br</strong>eve silêncio.<<strong>br</strong> />

— Creio que deveríamos perguntar algo so<strong>br</strong>e esses postes,


Mort sorriu.<<strong>br</strong> />

— Está bem. Qual a importância desses postes?<<strong>br</strong> />

Estava esperando essa pergunta. Tem relação <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

.segundo segredo que desejo lhes revelar. Ele deu a todos um<<strong>br</strong> />

segundo cartão, <strong>com</strong> a seguinte mensagem:<<strong>br</strong> />

— Sabem, as pontas mais gastas desses postes para<<strong>br</strong> />

amarrar cavalos são retira<strong>da</strong>s e retoca<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as noites.<<strong>br</strong> />

Judy.<<strong>br</strong> />

Todos se entreolharam.<<strong>br</strong> />

— Ca<strong>da</strong> um desses postes, to<strong>da</strong>s as noites? — perguntou<<strong>br</strong> />

— Se for preciso, sim — disse Mort. — Mas nem sempre<<strong>br</strong> />

isso se faz necessário. A meta c fazer <strong>com</strong> que o parque pareça<<strong>br</strong> />

novo to<strong>da</strong>s as manhãs. Há 37 postes <strong>com</strong>o este aqui. Eles não se<<strong>br</strong> />

desgastam <strong>da</strong> mesma forma, mas as pontas mais gastas são<<strong>br</strong> />

retoca<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as noites.<<strong>br</strong> />

perguntou.<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 2<<strong>br</strong> />

Fantástica atenção<<strong>br</strong> />

aos detalhes.<<strong>br</strong> />

Bill ergueu uma so<strong>br</strong>ancelha. Judy sorriu para Mort.<<strong>br</strong> />

— Vamos, Mort, você não está <strong>br</strong>incando conosco, está? —<<strong>br</strong> />

Mort fez que não <strong>com</strong> a cabeça. Don parecia irritado.<<strong>br</strong> />

— Sabe — disse —, preocupo-me <strong>com</strong> os detalhes tanto


quanto qualquer pessoa. Na ver<strong>da</strong>de, sou considerado um fanático<<strong>br</strong> />

por detalhes em minha empresa. Mas retocar ou refazer a pintura<<strong>br</strong> />

desses postes to<strong>da</strong>s as noites me parece um desperdício de<<strong>br</strong> />

recursos. Por que não aplicar verba e empenho onde há<<strong>br</strong> />

necessi<strong>da</strong>de? E se for preciso manter um esquema regular, por<<strong>br</strong> />

que não retocá-los uma vez por semana ou refazer a pintura uma<<strong>br</strong> />

vez por mês? É possível executar uma boa manutenção mesmo<<strong>br</strong> />

uma vez a ca<strong>da</strong> três ou quatro meses. Seus clientes têm outras<<strong>br</strong> />

preocupações. Quantos deles irão notar a diferença? Ele olhou<<strong>br</strong> />

para os outros.<<strong>br</strong> />

— É pior do que você pensa, Don — disse Mort. — Não só<<strong>br</strong> />

os postes são retocados to<strong>da</strong>s as noites, <strong>com</strong>o o horário de início<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> tarefa depende <strong>da</strong> temperatura e <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de, para que a tinta<<strong>br</strong> />

já esteja seca no horário de abertura do parque, na manhã<<strong>br</strong> />

seguinte.<<strong>br</strong> />

enfatizando:<<strong>br</strong> />

Judy assobiou e Don meneou a cabeça. Mort continuou,<<strong>br</strong> />

— Uma empresa que se preocupa <strong>com</strong> um poste prestará<<strong>br</strong> />

essa mesma atenção a qualquer coisa que envolva seus<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos, pois a atenção aos detalhes faz parte <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

empresa. Agora, gostaria que vocês respondessem a uma<<strong>br</strong> />

pergunta.<<strong>br</strong> />

empresa?<<strong>br</strong> />

Olhou para ca<strong>da</strong> um deles antes de continuar.<<strong>br</strong> />

— A atenção aos detalhes faz parte <strong>da</strong> cultura de sua<<strong>br</strong> />

Todos silenciaram. Bill lem<strong>br</strong>ou <strong>da</strong> ocasião em que um<<strong>br</strong> />

cliente o deteve no saguão para pedir uma guia de depósito.<<strong>br</strong> />

Naquele momento, não havia mais nenhuma no balcão de


atendimento, e nenhum funcionário sabia de quem seria a<<strong>br</strong> />

responsabili<strong>da</strong>de por sua reposição. Um pequeno detalhe, mas<<strong>br</strong> />

quantas vezes não teria feito <strong>com</strong> que os clientes pensassem que<<strong>br</strong> />

essa distração poderia fazer parte de outras operações do banco,<<strong>br</strong> />

até mesmo <strong>da</strong>quelas relaciona<strong>da</strong>s <strong>com</strong> a contabili<strong>da</strong>de e a<<strong>br</strong> />

segurança?<<strong>br</strong> />

Outros tiveram pensamentos semelhantes.<<strong>br</strong> />

Alan passou a mão so<strong>br</strong>e um dos postes.<<strong>br</strong> />

— Se traduzo isso para o modo <strong>com</strong>o tratamos nossos<<strong>br</strong> />

clientes — disse —, surpreendo-me <strong>com</strong> algumas <strong>da</strong>s coisas que já<<strong>br</strong> />

aconteceram. Em minha empresa, sempre enfatizei a necessi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de satisfazer os clientes, mas certa vez... Bem, vou dizer o<<strong>br</strong> />

seguinte: somos bons, mas não tão bons assim.<<strong>br</strong> />

Carmen sabia que a atenção aos detalhes era fun<strong>da</strong>mental<<strong>br</strong> />

no processo de fa<strong>br</strong>icação dos produtos de saúde de alta<<strong>br</strong> />

quali<strong>da</strong>de revendidos por ela e sua equipe. Também sabia que era<<strong>br</strong> />

vital para sua distribuição e ven<strong>da</strong>, bem <strong>com</strong>o na verificação de<<strong>br</strong> />

sua correta utilização. Naquele trabalho, a atenção aos detalhes<<strong>br</strong> />

não era apenas uma questão de gerar e manter clientes; poderia<<strong>br</strong> />

significar a diferença entre a vi<strong>da</strong> e a morte. Ela recordou quando<<strong>br</strong> />

insistiu para que mu<strong>da</strong>ssem o texto de um dos folhetos<<strong>br</strong> />

promocionais até corrigir quaisquer problemas de interpretação.<<strong>br</strong> />

Mas a equipe de design reclamou tanto... Pelo que me consta,<<strong>br</strong> />

pensou, ain<strong>da</strong> temos um longo caminho pela frente.<<strong>br</strong> />

— Aposto que ninguém faz <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> — disse Judy. —<<strong>br</strong> />

Mas você poderia <strong>da</strong>r outros exemplos?<<strong>br</strong> />

Sigam-me.<<strong>br</strong> />

— É claro — disse Mort. — O lugar está repleto deles.


O Castelo de Cinderela surgia imponente diante deles. Mort<<strong>br</strong> />

conduziu o grupo até a entra<strong>da</strong> principal. Lá dentro, dirigiu-se<<strong>br</strong> />

rapi<strong>da</strong>mente para um grande mural na parede.<<strong>br</strong> />

— Vejam isto — disse Mort, acenando <strong>com</strong> o <strong>br</strong>aço. A turma<<strong>br</strong> />

virou e olhou. Encontraram à sua direita um imenso mural<<strong>br</strong> />

ilustrando cenas de Cinderela.<<strong>br</strong> />

Mort <strong>com</strong>entou:<<strong>br</strong> />

— Bonito, não?<<strong>br</strong> />

— Lindo! — disse Judy. Bill e Alan assentiram.<<strong>br</strong> />

— Por diversos motivos, este é um bom exemplo de atenção<<strong>br</strong> />

a detalhes — disse Mort. — Mas nem todos são óbvios à primeira<<strong>br</strong> />

vista. Vejam se conseguem desco<strong>br</strong>ir algum.<<strong>br</strong> />

Analisaram o mural em silêncio. Então, Carmen disse:<<strong>br</strong> />

— Acho que encontrei um. Já faz tempo desde que li<<strong>br</strong> />

Cinderela, mas lem<strong>br</strong>o que uma <strong>da</strong>s filhas <strong>da</strong> madrasta estava<<strong>br</strong> />

'verde de inveja' e a outra 'vermelha de raiva'. E aqui estão! Foi<<strong>br</strong> />

exatamente assim que o artista as pintou! O rosto de uma, verde<<strong>br</strong> />

de inveja, e o <strong>da</strong> outra, vermelho de raiva.<<strong>br</strong> />

— <strong>Nos</strong>sa! — disse Judy Tem razão! Já estive aqui umas mil<<strong>br</strong> />

vezes... <strong>com</strong> certeza, três... c nunca tinha percebido isso!<<strong>br</strong> />

— A maioria <strong>da</strong>s pessoas não percebe — disse Mort. — O<<strong>br</strong> />

importante é que você percebeu. Algumas pessoas notam esses<<strong>br</strong> />

detalhes de imediato. Outras os observam após diversas visitas, e<<strong>br</strong> />

isso tornará sua visita ain<strong>da</strong> mais agradável. As pessoas vêm até<<strong>br</strong> />

aqui por muitas razões: gostam de determina<strong>da</strong>s atrações,<<strong>br</strong> />

apreciam o ambiente, desejam reviver a infância etc. Se houver<<strong>br</strong> />

algo novo para se desco<strong>br</strong>ir to<strong>da</strong>s as vezes em que visitam o<<strong>br</strong> />

parque, estarão ain<strong>da</strong> mais propensas a retornar.<<strong>br</strong> />

Para alguns é um novo trenzinho ou atração, mas para<<strong>br</strong> />

muitos outros é um detalhe que nunca haviam notado. As pessoas


<strong>da</strong> equipe <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>world acham que isso é importante, e é por<<strong>br</strong> />

isso que atentam para os menores detalhes. 4<<strong>br</strong> />

"Outro exemplo de <strong>com</strong>o é importante a atenção aos<<strong>br</strong> />

detalhes está na forma <strong>com</strong>o o Castelo de Cinderela foi construído.<<strong>br</strong> />

As pedras próximas ao solo são maiores do que as do alto. Isso faz<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que o castelo pareça maior, mas sem torná-lo opressivo.<<strong>br</strong> />

"A mesma técnica foi emprega<strong>da</strong> em outras partes do<<strong>br</strong> />

parque. Na Haunted Mansion, por exemplo. Na Main Street, se<<strong>br</strong> />

você <strong>com</strong>parar os an<strong>da</strong>res dos prédios, verá que o segundo an<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

é sempre menor que o primeiro. E o terceiro menor do que o<<strong>br</strong> />

segundo. O exemplo mais nítido disso está na loja Crystal Arts,<<strong>br</strong> />

pois as janelas do terceiro an<strong>da</strong>r estão alinha<strong>da</strong>s exatamente<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e as do segundo an<strong>da</strong>r. E apesar de ser um prédio de três<<strong>br</strong> />

pisos, é apenas um pouco mais alto do que o prédio de dois pisos<<strong>br</strong> />

a seu lado.<<strong>br</strong> />

"Bem, sei que alguns de vocês ain<strong>da</strong> terão dúvi<strong>da</strong>s a<<strong>br</strong> />

respeito desse assunto. Talvez tenham visto que é bastante<<strong>br</strong> />

lucrativo, até essencial, estabelecer priori<strong>da</strong>des ou racionar seus<<strong>br</strong> />

recursos. A <strong>Disney</strong> faz a mesma coisa. Ninguém dispõe de<<strong>br</strong> />

recursos ilimitados. Mas a <strong>Disney</strong> injeta recursos em qualquer<<strong>br</strong> />

coisa que afete a experiência de seus convi<strong>da</strong>dos, tanto a curto<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a longo prazo.<<strong>br</strong> />

"Este é o Reino Encantado. E se é para continuar mágico,<<strong>br</strong> />

temos de prestar muita atenção em todos os detalhes.<<strong>br</strong> />

"Minha pergunta é: se vocês soubessem que uma maior<<strong>br</strong> />

atenção a alguns detalhes aumentaria a fideli<strong>da</strong>de dos clientes,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o aplicariam esse programa em sua empresa?"<<strong>br</strong> />

4 Pergunte a si mesmo: a atenção aos detalhes tal <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

na <strong>Disney</strong> faz parte <strong>da</strong> cultura de sua empresa?


Enquanto caminhavam de volta pela Main Street, Bill falou:<<strong>br</strong> />

— Estou curioso para saber quem cui<strong>da</strong> de todos esses<<strong>br</strong> />

detalhes. Parece uma tarefa imensa; <strong>com</strong>o decidem quais são os<<strong>br</strong> />

detalhes dignos de tanta atenção?<<strong>br</strong> />

— Começa <strong>com</strong> o programa Imagineering (Imagenharia) —<<strong>br</strong> />

disse Mort — levado a cabo por pessoas que são chama<strong>da</strong>s de<<strong>br</strong> />

Imagineers (Imagenheiros). Eles iniciam esse programa <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

sessões chama<strong>da</strong>s de O Céu é o Limite.<<strong>br</strong> />

— Fico imaginando um curso para treinar esses<<strong>br</strong> />

profissionais — <strong>br</strong>incou Judy.<<strong>br</strong> />

Mort e os outros sorriram, mas ele prosseguiu:<<strong>br</strong> />

-— Os Imagenheiros <strong>com</strong>eçam <strong>com</strong> uma decisão acerca de<<strong>br</strong> />

um grande conceito. Eles podem decidir: "Certo, vamos construir<<strong>br</strong> />

um parque aquático." Então, fazem um <strong>br</strong>ainstorming baseado no<<strong>br</strong> />

conceito e geram to<strong>da</strong>s as possibili<strong>da</strong>des so<strong>br</strong>e ele. Sei que quando<<strong>br</strong> />

estavam trabalhando na idéia de um parque aquático, em certo<<strong>br</strong> />

momento pensaram em construir um acampamento militar, que<<strong>br</strong> />

foi descartado posteriormente. Mas de to<strong>da</strong>s as idéias gera<strong>da</strong>s, a<<strong>br</strong> />

melhor foi a de um tufão. Foi assim que chegaram à Typhoon<<strong>br</strong> />

Lagoon (Lagoa do Tufão). Mas a maioria <strong>da</strong>s coisas <strong>com</strong>eça na<<strong>br</strong> />

Imagenharia.<<strong>br</strong> />

— Então eles analisam as possibili<strong>da</strong>des, escolhem a<<strong>br</strong> />

melhor, desenvolvem um projeto e iniciam sua implementação?<<strong>br</strong> />

— Em síntese, Bill, é assim que acontece — Mort explicou.<<strong>br</strong> />

— Mas a atenção fanática aos detalhes está presente desde o<<strong>br</strong> />

início do processo de planejamento. Antes de se construir<<strong>br</strong> />

qualquer coisa, por exemplo, eles planejam as cores.<<strong>br</strong> />

— Cores? — perguntou Don.<<strong>br</strong> />

— Cores. John Hench prepara to<strong>da</strong>s as cores. Ele foi um<<strong>br</strong> />

dos nove artistas originais. Está hoje <strong>com</strong> mais de 80 anos, mas é


quem cui<strong>da</strong> <strong>da</strong>s cores para todos os locais: Paris, Tóquio, Epcot.<<strong>br</strong> />

E ele quem define as cores de ca<strong>da</strong> hotel.<<strong>br</strong> />

"Ele chega a definir as cores para as calça<strong>da</strong>s levando em<<strong>br</strong> />

conta detalhes <strong>com</strong>o o angulo de incidência dos raios solares em<<strong>br</strong> />

diferentes épocas do ano. Ele projetou a iluminação noturna <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

grande esfera do Epcot para manter a tonali<strong>da</strong>de de púrpura<<strong>br</strong> />

adequa<strong>da</strong>. A atenção aos detalhes permeia todo." 5<<strong>br</strong> />

— Então não é só o Magic Kingdom, mas o Epcot também?<<strong>br</strong> />

— perguntou Judy.<<strong>br</strong> />

— Ca<strong>da</strong> atração, hotel, loja, recebe todos os cui<strong>da</strong>dos na<<strong>br</strong> />

fase de desenvolvimento.<<strong>br</strong> />

Mort deteve-se por um instante para pensar.<<strong>br</strong> />

— Vocês estão hospe<strong>da</strong>dos no hotel Polynesian, não? Vou<<strong>br</strong> />

lhes exemplificar so<strong>br</strong>e o que estou falando. Vamos pegar o<<strong>br</strong> />

monotrilho para uma rápi<strong>da</strong> viagem ao hotel.<<strong>br</strong> />

Já no Polynesian, Mort e a Gangue dos Cinco atravessaram<<strong>br</strong> />

a recepção e foram caminhando pela praia. Mort descreveu um<<strong>br</strong> />

círculo <strong>com</strong>pleto <strong>com</strong> a mão, a<strong>br</strong>angendo a Seven Seas Lagoon,<<strong>br</strong> />

uma ala do hotel, a piscina e voltando à Lagoon.<<strong>br</strong> />

— Agora, lem<strong>br</strong>ando sempre que estamos Talando so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

atenção a detalhes, o que vocês encontram aqui para ilustrar esse<<strong>br</strong> />

princípio?<<strong>br</strong> />

minutos.<<strong>br</strong> />

Todos contemplaram o cenário em silêncio durante alguns<<strong>br</strong> />

5 “ Se vocês soubessem que uma maior atenção a alguns<<strong>br</strong> />

detalhes aumentaria a fideli<strong>da</strong>de dos clientes, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

aplicariam esse programa em sua empresa? “


Alan disse:<<strong>br</strong> />

— Paguei meus estudos fazendo paisagismo, e prestei<<strong>br</strong> />

parte de meu serviço militar nos Mares do Sul. Duas coisas<<strong>br</strong> />

ficaram evidentes para mim.<<strong>br</strong> />

"Primeiro, a vegetação aqui e nessas ilhas parece ser a <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

própria Polinésia. Não posso garantir que to<strong>da</strong> a vegetação seja<<strong>br</strong> />

natural de lá, mas, à primeira vista, é o que parece.<<strong>br</strong> />

"Segundo tenho a impressão de que o cenário foi<<strong>br</strong> />

cui<strong>da</strong>dosamente planejado. Parece aleatório, mas a única coisa<<strong>br</strong> />

que consigo ver são as pontas de três estruturas do Magic<<strong>br</strong> />

Kingdom e na<strong>da</strong> mais ao olhar na direção do hotel. Isso sugere<<strong>br</strong> />

que a altura, a densi<strong>da</strong>de, a localização e o tipo de vegetação<<strong>br</strong> />

foram muito bem idealizados. Muito mesmo."<<strong>br</strong> />

— Você está duplamente certo — disse Mort <strong>com</strong> ar de<<strong>br</strong> />

aprovação. — A vegetação é uma mistura de plantas polinésias e<<strong>br</strong> />

vegetação nativa, que lem<strong>br</strong>a bastante a paisagem original.<<strong>br</strong> />

— Não é só no Polynesian — disse Carmen. — No ano<<strong>br</strong> />

passado, minha família e eu nos hospe<strong>da</strong>mos no Wilderness<<strong>br</strong> />

Lodge, do <strong>com</strong>plexo <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>world. Tive a impressão de estar nas<<strong>br</strong> />

Montanhas Rochosas. Eles esconderam o hotel lá na ponta, longe<<strong>br</strong> />

de tudo. Parece ser feito de troncos de árvore. Há pega<strong>da</strong>s de alces<<strong>br</strong> />

e de ursos por to<strong>da</strong> a parte. Há menos luz solar direta ali do que<<strong>br</strong> />

em qualquer outro ponto do parque. Dá a sensação de frescor,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se você estivesse no meio <strong>da</strong> floresta. Você chega a acreditar<<strong>br</strong> />

que está em alguma parte do interior. O mesmo acontece <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

vegetação. Estou certa de que ela não é nativa <strong>da</strong> Flóri<strong>da</strong>, embora<<strong>br</strong> />

pareça perfeitamente natural naquele lugar.<<strong>br</strong> />

Ela sorriu, recor<strong>da</strong>ndo <strong>com</strong> prazer a visita, e prosseguiu.<<strong>br</strong> />

— Há nele uma grande lareira de pedra, de sete ou oito<<strong>br</strong> />

an<strong>da</strong>res de altura. Quando pedi a alguém para me falar dela,


soube que ela estava basea<strong>da</strong> nas cama<strong>da</strong>s de rocha encontra<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

no Grand Canyon. Como era de se esperar, ao visitarmos ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

an<strong>da</strong>r encontramos textos referentes ao período geológico<<strong>br</strong> />

representado por aquela cama<strong>da</strong>. Não só nos deu a idéia de<<strong>br</strong> />

precisão, <strong>com</strong>o foi educativo. Meus filhos ficaram fascinados.<<strong>br</strong> />

Quando voltamos para casa, eles foram até a biblioteca e<<strong>br</strong> />

estu<strong>da</strong>ram os livros de geologia.<<strong>br</strong> />

"Tudo é coerente <strong>com</strong> o jeito rústico do lugar, até os<<strong>br</strong> />

números nas portas dos quartos. Os decoradores pesquisaram<<strong>br</strong> />

uns 30 hotéis do Oeste. Um deles ficava em uma ci<strong>da</strong>de próxima<<strong>br</strong> />

ao Grand Canyon — chamava-se Thunderbird. Eles gostaram do<<strong>br</strong> />

modo <strong>com</strong>o o Thunderbird numerou as portas, e a<strong>da</strong>ptaram o<<strong>br</strong> />

projeto quando fizeram o Wilderness Lodge.<<strong>br</strong> />

"E tem mais", prosseguiu. "Quando caminhei na parte de<<strong>br</strong> />

trás do Lodge, só conseguia ver a Discovery Island. Sei que a área<<strong>br</strong> />

contemporânea fica por ali, mas não dá para enxergá-la. Não se<<strong>br</strong> />

consegue ver na<strong>da</strong> que não seja 'selvagem'.<<strong>br</strong> />

"O mesmo acontece aqui no Polynesian. Quando você está<<strong>br</strong> />

aqui, está na Polinésia e não em outro lugar. Lá, você está em um<<strong>br</strong> />

hotel de algum parque nacional, <strong>com</strong>o o Old Faithful Inn, em<<strong>br</strong> />

Yellowstone. 6<<strong>br</strong> />

"Exceto por uma coisa", acrescentou. "Ou talvez 12..Doze<<strong>br</strong> />

itens que não têm na<strong>da</strong> a ver <strong>com</strong> a vi<strong>da</strong> selvagem ou <strong>com</strong> nossos<<strong>br</strong> />

parques nacionais. Doze itens que meus filhos desco<strong>br</strong>iram<<strong>br</strong> />

escondidos, mas à mostra, por assim dizer."<<strong>br</strong> />

Mort a interrompeu <strong>com</strong> um assobio agudo.<<strong>br</strong> />

Carmen calou-se, e ela e os demais fitaram Mort, curiosos.<<strong>br</strong> />

Ele pôs um dedo so<strong>br</strong>e os lábios. — Segure esse pensamento,<<strong>br</strong> />

6 O Old Faithful (Velho Fiel) é um gêiser que expele jatos de água em intervalos<<strong>br</strong> />

regulares, localizado no Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA (N. do T.).


Carmen — disse. Depois, sorriu: — Vejo os amanhã de manhã, às<<strong>br</strong> />

nove horas, em frente ao City Hall.<<strong>br</strong> />

Don tirou seu bloco de anotações do bolso e escreveu<<strong>br</strong> />

alguma coisa nele, enquanto os outros, atônitos, observavam a<<strong>br</strong> />

parti<strong>da</strong> de Mort.


5<<strong>br</strong> />

Michael Eisner esclarece<<strong>br</strong> />

Dia 2, 8h50 às 13h30<<strong>br</strong> />

Mort gostava de chegar cedo para ver o parque a<strong>br</strong>ir as<<strong>br</strong> />

portas para seus convi<strong>da</strong>dos. Aparentemente, porém, outra pessoa<<strong>br</strong> />

teve a mesma idéia. Ao chegar no City Hall às dez para as nove,<<strong>br</strong> />

encontrou Judy já ali, conversando <strong>com</strong> um mem<strong>br</strong>o do elenco.<<strong>br</strong> />

Alan, Bill e Carmen chegaram pouco depois, seguidos por um<<strong>br</strong> />

inexpressivo Don, que apareceu somente às nove, <strong>com</strong> um ar<<strong>br</strong> />

premedita<strong>da</strong>mente informal e sem na<strong>da</strong> dizer.<<strong>br</strong> />

Durante o rápido café <strong>da</strong> manhã, a Gangue dos Cinco<<strong>br</strong> />

revisou as lições do dia anterior. Enquanto conversavam, Mort<<strong>br</strong> />

olhou pela janela e viu uma família folheando um mapa, tentando<<strong>br</strong> />

localizar algumas <strong>da</strong>s atrações do parque <strong>com</strong> uma certa<<strong>br</strong> />

dificul<strong>da</strong>de. Pedindo licença ao grupo, ele saiu e pôs-se a<<strong>br</strong> />

conversar <strong>com</strong> eles. Em um <strong>da</strong>do momento, inclinou-se e disse<<strong>br</strong> />

algo para uma <strong>da</strong>s crianças. A menina, que aparentava uns dez<<strong>br</strong> />

anos de i<strong>da</strong>de, deu um grande sorriso. Mort apontou para certa<<strong>br</strong> />

direção — e Don estranhou que ele o fizesse <strong>com</strong> dois dedos — e a<<strong>br</strong> />

família olhou para aquele lado, <strong>com</strong> gestos de assentamento e<<strong>br</strong> />

aparente gratidão pela aju<strong>da</strong>.


— O que estava acontecendo lá fora? — perguntou Alan<<strong>br</strong> />

quando Mort voltou.<<strong>br</strong> />

— Estava sendo 'agressivamente gentil' — explicou Mori.<<strong>br</strong> />

Todos os mem<strong>br</strong>os do elenco <strong>Disney</strong> recebem orientação de parar<<strong>br</strong> />

imediatamente o que estiverem fazendo, se for possível, para<<strong>br</strong> />

oferecer aju<strong>da</strong> sempre que virem algum convi<strong>da</strong>do precisando<<strong>br</strong> />

dela. Esse é o termo oficial <strong>com</strong> que a <strong>Disney</strong> trata um visitante:<<strong>br</strong> />

um convi<strong>da</strong>do. Quando eles estiverem confusos <strong>com</strong> um mapa,<<strong>br</strong> />

por exemplo, os mem<strong>br</strong>os do elenco oferecem aju<strong>da</strong> o mais rápido<<strong>br</strong> />

possível. Se alguém estiver tentando tirar a foto de seu grupo,<<strong>br</strong> />

também se oferecem para tirá-la, para que todos possam aparecer<<strong>br</strong> />

nela.<<strong>br</strong> />

"Ser 'agressivamente gentil' é, por acaso, um bom exemplo<<strong>br</strong> />

do assunto desta manhã."<<strong>br</strong> />

bolso.<<strong>br</strong> />

perguntou:<<strong>br</strong> />

Mort deu a todos um cartão <strong>com</strong> a seguinte frase:<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 3<<strong>br</strong> />

Todos mostram<<strong>br</strong> />

entusiasmo.<<strong>br</strong> />

Don leu o seu cartão e revirou os olhos, enfiando o papel no<<strong>br</strong> />

Bill leu a mensagem durante um minuto e depois<<strong>br</strong> />

— Se você fosse um funcionário... desculpe, mem<strong>br</strong>o do<<strong>br</strong> />

elenco... então aquilo que você acaba de fazer seria parte de seu


trabalho. Será isso que mostrar entusiasmo quer dizer? Executar<<strong>br</strong> />

suas tarefas?<<strong>br</strong> />

— Não — disse Mort. — Essa lição diz respeito ao modo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o você executa as tarefas em seu trabalho. O Magic Kingdom<<strong>br</strong> />

li<strong>da</strong> <strong>com</strong> diversão e magia. Quando você entra no monotrilho, o<<strong>br</strong> />

locutor diz: "Você está prestes a chegar ao lugar mais mágico do<<strong>br</strong> />

planeta". Todos os mem<strong>br</strong>os do elenco querem preservar essa<<strong>br</strong> />

experiência mágica. Ca<strong>da</strong> um deles deseja aju<strong>da</strong>r os convi<strong>da</strong>dos a<<strong>br</strong> />

desfrutar ao máximo a sua visita. Não querem apenas falar dela.<<strong>br</strong> />

Eles mostram entusiasmo. Os convi<strong>da</strong>dos têm, em média, 60<<strong>br</strong> />

oportuni<strong>da</strong>des de contato, pontos nos quais entram em contato<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> um mem<strong>br</strong>o do elenco. A <strong>Disney</strong> quer tornar ca<strong>da</strong> um desses<<strong>br</strong> />

momentos algo mágico. Esse elenco busca ativamente<<strong>br</strong> />

oportuni<strong>da</strong>des para criar um desses momentos mágicos.<<strong>br</strong> />

"Assim, quando surge a oportuni<strong>da</strong>de, ca<strong>da</strong> um aju<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

ativamente o convi<strong>da</strong>do. Ajudei aquela família <strong>da</strong>ndo-lhes algumas<<strong>br</strong> />

orientações, pois era disso que precisavam para aproveitar melhor<<strong>br</strong> />

a visita, e casualmente fui o primeiro a constatar sua necessi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de aju<strong>da</strong>. Poderia muito bem ter sido um faxineiro ou qualquer<<strong>br</strong> />

outra pessoa, pois ca<strong>da</strong> um de nós procura ser 'agressivamente<<strong>br</strong> />

gentil'.<<strong>br</strong> />

"Portanto, quando a cultura diz: 'Ajude o convi<strong>da</strong>do', isso se<<strong>br</strong> />

aplica a todos. Ca<strong>da</strong> pessoa mostra entusiasmo. Contadores;<<strong>br</strong> />

engenheiros mecânicos; supervisores, por exemplo."<<strong>br</strong> />

— Qual é o significado de cultura? — perguntou Don.<<strong>br</strong> />

— É a maneira pela qual a <strong>Disney</strong>world funciona — disse<<strong>br</strong> />

Mort. . — Aqui, este é o significado <strong>da</strong> palavra 'cultura'.<<strong>br</strong> />

— Sabe — disse Judy, pensativa —, às vezes você diz "nós",


às vezes você diz "eles". Como é isso? Será que você na ver<strong>da</strong>de faz<<strong>br</strong> />

parte do elenco, Mort, ou apenas se sente assim?<<strong>br</strong> />

— Na ver<strong>da</strong>de, é isso, sinto-me mem<strong>br</strong>o do elenco — sorriu<<strong>br</strong> />

Mort. — Já não trabalho para a <strong>Disney</strong> há muito tempo. Acontece<<strong>br</strong> />

que acho que eles fazem um bom trabalho, e gosto de mostrar a<<strong>br</strong> />

grupos <strong>com</strong>o o de vocês <strong>com</strong>o é possível elevar seus negócios a um<<strong>br</strong> />

estágio superior aprendendo <strong>com</strong> os melhores... e a <strong>Disney</strong> c, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

certeza, líder no atendimento ao cliente.<<strong>br</strong> />

— Então nós cinco, <strong>com</strong>o convi<strong>da</strong>dos, ou seja lá o que<<strong>br</strong> />

formos, também poderíamos mostrar entusiasmo, não? —<<strong>br</strong> />

perguntou Judy, <strong>br</strong>incando.<<strong>br</strong> />

— Na<strong>da</strong> os impede — disse Mort. — Para falar a ver<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

sabemos que somos estimulados a aju<strong>da</strong>r e notamos o quanto isso<<strong>br</strong> />

entusiasma os convi<strong>da</strong>dos. As pessoas — convi<strong>da</strong>dos e todo<<strong>br</strong> />

mundo — parecem mais amáveis, mais solidárias aqui do que<<strong>br</strong> />

quando estão do lado de fora do parque. Estou certo de que parte<<strong>br</strong> />

disso se deve ao fato de estarem se divertindo na <strong>Disney</strong>, mas, ao<<strong>br</strong> />

mesmo tempo, não consigo deixar de sentir que muito se deve à<<strong>br</strong> />

atitude dos mem<strong>br</strong>os do elenco.<<strong>br</strong> />

"Já vi convi<strong>da</strong>dos pararem de fazer algo para aju<strong>da</strong>r alguém<<strong>br</strong> />

que está tendo dificul<strong>da</strong>des <strong>com</strong> sua cadeira de ro<strong>da</strong>s. Vi gente<<strong>br</strong> />

consolando crianças perdi<strong>da</strong>s enquanto outros vão ao Guest<<strong>br</strong> />

Relations, o departamento de atendimento ao convi<strong>da</strong>do, para<<strong>br</strong> />

pedir aju<strong>da</strong> na localização dos parentes ou amigos. É lógico que as<<strong>br</strong> />

pessoas fazem coisas assim lá fora, mas a impressão que se tem é<<strong>br</strong> />

de que aqui isso é uma regra, não a exceção. É muito inspirador,<<strong>br</strong> />

mesmo depois de tantos anos estu<strong>da</strong>ndo este lugar.<<strong>br</strong> />

"Pensem em suas empresas. To<strong>da</strong> vez que um cliente entra<<strong>br</strong> />

em contato <strong>com</strong> ela, você tem a chance de criar algo valioso.<<strong>br</strong> />

Aproveite bem essa oportuni<strong>da</strong>de e ganhará. Caso a desperdice,


perderá sempre. É muito simples raciocinarmos so<strong>br</strong>e esse<<strong>br</strong> />

assunto."<<strong>br</strong> />

Mort viu as horas.<<strong>br</strong> />

— Bem, se vocês já tomaram o café, gostaria que<<strong>br</strong> />

assistissem a uma apresentação especial, a uns cinco minutos<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>qui. Com franqueza, em virtude de algo que presenciamos<<strong>br</strong> />

ontem, acho que vocês irão gostar. Gostaria de poder receber o<<strong>br</strong> />

crédito por isso, mas não seria capaz de organizar um exemplo<<strong>br</strong> />

melhor a respeito do que acabamos de falar. Já estão todos<<strong>br</strong> />

bastante intrigados? Nesse caso, sigam-me."<<strong>br</strong> />

Em pouco tempo a Gangue dos Cinco se viu dentro de uma<<strong>br</strong> />

sala de aulas, onde outras 30 pessoas, aproxima<strong>da</strong>mente, já<<strong>br</strong> />

estavam a<strong>com</strong>o<strong>da</strong><strong>da</strong>s. Mort sentou-se em uma poltrona na ponta<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> fila <strong>da</strong> frente; os outros sentaram-se ali perto.<<strong>br</strong> />

Mort virou-se para os demais e disse:<<strong>br</strong> />

— Creio que vocês gostarão disto. Michael Eisner, diretor<<strong>br</strong> />

presidente e presidente do Conselho <strong>da</strong> Walt <strong>Disney</strong> Company,<<strong>br</strong> />

está hoje no parque. Ele vai parar um pouco por aqui para <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

partilhar alguns pensamentos e responder às suas perguntas. Aí<<strong>br</strong> />

vem ele.<<strong>br</strong> />

Todos os olhares se dirigiram para uma porta lateral, pela<<strong>br</strong> />

qual um homem vigoroso, usando camisa pólo e orelhas de Mickey<<strong>br</strong> />

passou, sau<strong>da</strong>ndo outros mem<strong>br</strong>os do elenco <strong>com</strong> tapas nos<<strong>br</strong> />

om<strong>br</strong>os.<<strong>br</strong> />

Seus olhos eram de um azul forte.<<strong>br</strong> />

— Bill! — sussurrou Carmen. — Não era ele?!<<strong>br</strong> />

— O faxineiro que vimos ontem? Aquele <strong>com</strong> quem<<strong>br</strong> />

conversei? Parece muito <strong>com</strong> ele.


— É ele!<<strong>br</strong> />

— Sim — disse Mort. — Quando o vi, Bill, conversando<<strong>br</strong> />

ontem <strong>com</strong> ele, tive a esperança de conseguir hoje esta pequena<<strong>br</strong> />

surpresa para vocês. Surpresa! Caso tenham perguntas para as<<strong>br</strong> />

quais desejarem respostas, agora é a melhor ocasião para fazê-las.<<strong>br</strong> />

As outras pessoas na sala estavam em pé, aplaudindo<<strong>br</strong> />

Eisner enquanto ele caminhava até o microfone.<<strong>br</strong> />

— Olá para todos! É ótimo poder passar algum tempo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

vocês. Estão <strong>com</strong> o pó mágico <strong>da</strong> Sininho à mão?<<strong>br</strong> />

— Sim! — responderam, rindo.<<strong>br</strong> />

Eisner dirigiu-se para a Gangue dos Cinco.<<strong>br</strong> />

— Oi, Mort! — disse. — É bom vê-lo novamente. Pelo que<<strong>br</strong> />

vejo, trouxe sua turma de alunos. Bem-vindos, amigos!<<strong>br</strong> />

Por que um figurão <strong>com</strong>o Eisner desperdiçaria, seu tempo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> uma aula de treinamento do Mickey Mouse? pensou Don. Ou<<strong>br</strong> />

mesmo aqueles dois segundos para responder à pergunta de Bill,<<strong>br</strong> />

ontem?<<strong>br</strong> />

Eisner falou um pouco e depois ofereceu-se para responder<<strong>br</strong> />

as perguntas. Ao concluir seus <strong>com</strong>entários, disse:<<strong>br</strong> />

— Ninguém gosta de fazer a primeira pergunta; assim,<<strong>br</strong> />

quem gostaria de fazer a segun<strong>da</strong>?<<strong>br</strong> />

Após uma <strong>br</strong>eve on<strong>da</strong> de risos, a sala foi inun<strong>da</strong><strong>da</strong> por<<strong>br</strong> />

perguntas. 7<<strong>br</strong> />

Que maneira inteligente de <strong>da</strong>r inicio à sessão de perguntas<<strong>br</strong> />

pensou Alan. Em seu escritório, quando convocava funcionários<<strong>br</strong> />

para alguma reunião, era sempre difícil fazer <strong>com</strong> que se<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>issem. A técnica de Eisner, por sua vez, deixava as pessoas à<<strong>br</strong> />

7 “ To<strong>da</strong> a vez que um cliente entra em contato <strong>com</strong> sua<<strong>br</strong> />

empresa, você tem a oportuni<strong>da</strong>de de criar valor. “


vontade na mesma hora. Prometeu-se lem<strong>br</strong>ar disso.<<strong>br</strong> />

anterior.<<strong>br</strong> />

Carmen perguntou so<strong>br</strong>e o que a in<strong>com</strong>o<strong>da</strong>va desde o dia<<strong>br</strong> />

— Sr. Eisner — <strong>com</strong>eçou —, ontem lhe perguntamos... ou<<strong>br</strong> />

a alguém muito parecido — so<strong>br</strong>e o número de faxineiros <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>. Entendemos que disse quatro ou cinco mil. Tenho duas<<strong>br</strong> />

perguntas. Primeiro, era realmente o senhor? Segundo, a<<strong>br</strong> />

impressão que temos é que esse número é muito grande para uma<<strong>br</strong> />

equipe de limpeza, embora tenha de admitir que este é o lugar<<strong>br</strong> />

mais limpo que já vi.<<strong>br</strong> />

Um murmúrio de aprovação se ergueu na sala.<<strong>br</strong> />

— Era eu... e, por favor, trate-me por Michael. Creio ter<<strong>br</strong> />

sido este cavalheiro — apontou para Bill — que me fez a pergunta<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a equipe de limpeza. Creio que não me fiz <strong>com</strong>preender em<<strong>br</strong> />

virtude do ruído. Não disse quatro ou cinco mil.<<strong>br</strong> />

tantos.<<strong>br</strong> />

Don pensou: Ah! Então melhorou. Sabia que não eram<<strong>br</strong> />

— O número era 45 mil — prosseguiu Michael.<<strong>br</strong> />

Carmen sorriu surpresa. Don pareceu ter sido atingido por<<strong>br</strong> />

um raio. Alan verbalizou aquilo que Carmen e os outros<<strong>br</strong> />

perceberam subitamente.<<strong>br</strong> />

— Então todos fazem parte <strong>da</strong> equipe de limpeza?<<strong>br</strong> />

— Sim, exatamente. A limpeza do parque é crucial. Faz<<strong>br</strong> />

parte <strong>da</strong>quilo que torna este lugar ver<strong>da</strong>deiramente mágico. E tão<<strong>br</strong> />

importante para nós que todos se consideram parte <strong>da</strong> equipe de<<strong>br</strong> />

limpeza.<<strong>br</strong> />

Bill perguntou se isso faria parte do conjunto de políticas e<<strong>br</strong> />

procedimentos <strong>da</strong> empresa. Estava claro que a limpeza era um<<strong>br</strong> />

valor automático, até instintivo do parque, mas o que o fazia<<strong>br</strong> />

funcionar? O banco tinha estabelecido regras para o serviço aos


clientes, mas a obediência à maior parte delas parecia ser fraca.<<strong>br</strong> />

— Isso faz parte de alguma política instituí<strong>da</strong>? —<<strong>br</strong> />

perguntou. Caso faça, <strong>com</strong>o vocês fazem para praticá-la?<<strong>br</strong> />

— Não é uma regra — foi a resposta —, mas a limpeza do<<strong>br</strong> />

parque faz parte de nossa cultura. Creio que uma <strong>da</strong>s razões para<<strong>br</strong> />

isso é a iniciativa que os mem<strong>br</strong>os do elenco exibem, em todos os<<strong>br</strong> />

níveis.<<strong>br</strong> />

Oh, não, pensou Don. Agora vamos entrar naquela la<strong>da</strong>inha<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e liderança.<<strong>br</strong> />

alta.<<strong>br</strong> />

— O que isso quer dizer, na prática? — perguntou em voz<<strong>br</strong> />

Mort se levantou e voltou-se para o grupo, falando em voz<<strong>br</strong> />

alta o suficiente para que todos os presentes o escutassem.<<strong>br</strong> />

— Acho que posso aju<strong>da</strong>r. Ontem, vimos Michael colher um<<strong>br</strong> />

pe<strong>da</strong>ço de papel e jogá-lo em um cesto de lixo. To<strong>da</strong>s as vezes em<<strong>br</strong> />

que isso acontece, ou seja, sempre que Michael vê algum detrito<<strong>br</strong> />

no parque, a importância <strong>da</strong> limpeza é enfatiza<strong>da</strong> de maneira mais<<strong>br</strong> />

eloqüente do que qualquer política ou regra de procedimento<<strong>br</strong> />

jamais escrita.<<strong>br</strong> />

— O<strong>br</strong>igado, Mort — disse Michael. — Tão importante, ou<<strong>br</strong> />

até mais, é o fato de todos os supervisores fazerem o mesmo. Dick<<strong>br</strong> />

Nunis e Judson Green, respectivamente presidente do conselho c<<strong>br</strong> />

presidente <strong>da</strong> Walt <strong>Disney</strong> Attractions, recolhem detritos <strong>com</strong>o to<<strong>br</strong> />

dos os demais. Assim, esse <strong>com</strong>promisso <strong>com</strong> a limpeza está grava<<strong>br</strong> />

do na mente de todo mundo.<<strong>br</strong> />

"O <strong>com</strong>promisso pode ser localizado no próprio Walt<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>. Ele costumava levar sua filha a outros parques de<<strong>br</strong> />

diversão, e não conseguia acreditar na sujeira desses lugares.


Idealizou algo sem essa atmosfera, o tipo de lugar para o qual um<<strong>br</strong> />

pai não hesitaria em levar seus filhos."<<strong>br</strong> />

Seu semblante ficou sério.<<strong>br</strong> />

— Queremos que a mesma postura interior seja instiga<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

em ca<strong>da</strong> novo mem<strong>br</strong>o do elenco. Assim, durante o Traditions<<strong>br</strong> />

(Tradições), que é o primeiro curso de treinamento a que todos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>parecem, os novos mem<strong>br</strong>os do elenco contemplam duas<<strong>br</strong> />

imagens: uma rua do lado de fora do parque e a Main Street, aqui<<strong>br</strong> />

no parque. Compara<strong>da</strong> à do parque, a rua de fora é o próprio caos.<<strong>br</strong> />

Os prédios têm estilos e i<strong>da</strong>des diferentes, e alguns exigem<<strong>br</strong> />

reparos. Há papéis e lixo pela rua. Na<strong>da</strong> se encaixa. Por outro<<strong>br</strong> />

lado, a Main Street está sempre impecavelmente limpa, e todos os<<strong>br</strong> />

prédios e adornos são fiéis ao período. As pessoas olham para<<strong>br</strong> />

uma foto... e para a outra... e então todos <strong>com</strong>eçam a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender a importância de se manter o parque limpo.<<strong>br</strong> />

— E então, <strong>com</strong>o você mantém esse espírito vivo? —<<strong>br</strong> />

perguntou Bill, voltando à sua pergunta original.<<strong>br</strong> />

— Devo dizer que é uma dessas coisas que simplesmente<<strong>br</strong> />

acontecem — disse Michael. — Ninguém fala so<strong>br</strong>e isso, mas<<strong>br</strong> />

ninguém pensa em fazer as coisas de outro modo. Estava<<strong>br</strong> />

conversando <strong>com</strong> um mem<strong>br</strong>o do elenco na semana passa<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Fazia um mês que ela entrara para o elenco. Perguntei-lhe so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

que a teria impressionado de modo mais marcante no Magic<<strong>br</strong> />

Kingdom.<<strong>br</strong> />

"Ela me disse que quando o seu gerente a a<strong>com</strong>panhou<<strong>br</strong> />

para lhe mostrar seu posto — ela trabalha na Main Street —,<<strong>br</strong> />

ficaram conversando, e to<strong>da</strong>s as vezes que ele via um pe<strong>da</strong>ço de<<strong>br</strong> />

papel no chão ou algo assim, abaixava-se e o recolhia. São coisas<<strong>br</strong> />

assim que dão o tom e aju<strong>da</strong>m a manter todo mundo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>prometido <strong>com</strong> o entusiasmo.


"Uma <strong>da</strong>s vantagens de que dispomos agora é que podemos<<strong>br</strong> />

transportar esse <strong>com</strong>promisso. Quando inauguramos o Wilderness<<strong>br</strong> />

Lodge, por exemplo, 80 por cento dos mem<strong>br</strong>os do elenco já<<strong>br</strong> />

haviam trabalhado em outras áreas <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>world. Isso responde<<strong>br</strong> />

à sua pergunta?", Michael perguntou a Bill.<<strong>br</strong> />

— Sim, mas tenho outra. Por que você usa o Tradições<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o curso inaugural para o treinamento de novos funcionários?<<strong>br</strong> />

— Não temos funcionários — Michael lem<strong>br</strong>ou o grupo —,<<strong>br</strong> />

temos mem<strong>br</strong>os do elenco. Essa é uma diferença importante cm<<strong>br</strong> />

nossa cultura. Com isso, não nos vemos <strong>com</strong>o 'orientadores' dos<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco, mas <strong>com</strong>o transmissores de tradições, Se você<<strong>br</strong> />

é um novo mem<strong>br</strong>o do elenco <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>world, acabará passando<<strong>br</strong> />

por esse curso.<<strong>br</strong> />

Interrompeu-se, e <strong>com</strong> um gesto a<strong>br</strong>angente, indicou a sala.<<strong>br</strong> />

— Inclusive eu. Embora tenha assistido ao Tradições na<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>lândia, foi em uma sala quase idêntica a esta.<<strong>br</strong> />

Ao ouvir isso, Bill pensou no programa de serviços a<<strong>br</strong> />

clientes de seu banco. Ele nunca tinha participado de um curso<<strong>br</strong> />

similar a esse em sua empresa, pois eram reservados aos<<strong>br</strong> />

funcionários <strong>da</strong> área de atendimento ao cliente. Duvidou que a<<strong>br</strong> />

presidente do banco tivesse assistido também a um desses cursos,<<strong>br</strong> />

mas ela sempre lem<strong>br</strong>ava que criar e manter clientes c que fazia o<<strong>br</strong> />

banco funcionar. Se os clientes fossem tão importantes, pensou<<strong>br</strong> />

agora, por que não oferecer esse curso para todos'? Com certeza, o<<strong>br</strong> />

que faltava ao banco era mostrar entusiasmo.<<strong>br</strong> />

— Mas, Michael — disse Carmen —, se todos fazem parte<<strong>br</strong> />

de tudo, a equipe de limpeza, o pessoal do Tradições e tudo o<<strong>br</strong> />

mais, será que de vez em quando as linhas hierárquicas não ficam<<strong>br</strong> />

confusas? Você já ficou se perguntando quem é que man<strong>da</strong>?<<strong>br</strong> />

Michael sorriu.


— Bem, o convi<strong>da</strong>do é quem man<strong>da</strong>. Mas, às vezes as<<strong>br</strong> />

linhas hierárquicas ficam borra<strong>da</strong>s. Outro dia, estava caminhando<<strong>br</strong> />

pelo parque <strong>com</strong> diversos executivos <strong>da</strong> empresa. Um dos<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco se aproximou e me mostrou que eu não estava<<strong>br</strong> />

usando crachá, e que todos deveriam usá-lo. Ficaram <strong>br</strong>incando<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>igo o dia todo por causa dessa história.<<strong>br</strong> />

"Ao mesmo tempo, quando ca<strong>da</strong> pessoa se encarrega <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

coisas, mesmo em uma situação temporária ou localiza<strong>da</strong>, essa<<strong>br</strong> />

pessoa leva a sério as suas responsabili<strong>da</strong>des. Ela é 'dona' de seu<<strong>br</strong> />

emprego, diurna parte do parque ou de uma situação. E isso faz<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que cuide <strong>da</strong> coisa e considere o bem-estar dos convi<strong>da</strong>dos<<strong>br</strong> />

uma questão pessoal. É exatamente assim que nós, mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco, nos sentimos. Por isso, quando me lem<strong>br</strong>aram do crachá,<<strong>br</strong> />

agradeci a preocupação <strong>da</strong>quele mem<strong>br</strong>o do elenco <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

preservação de nossas tradições, e logo encontrei o meu crachá e o<<strong>br</strong> />

coloquei." Michael prosseguiu.<<strong>br</strong> />

— Essa é uma <strong>da</strong>s lições que Mort esteve passando para<<strong>br</strong> />

seu grupo, creio: "Mostrar entusiasmo". E provavelmente vocês<<strong>br</strong> />

também estiveram ouvindo alguma coisa a respeito <strong>da</strong> atenção a<<strong>br</strong> />

detalhes, certo? Bem, o que aquele mem<strong>br</strong>o do elenco fez ilustra<<strong>br</strong> />

ambos os temas. Ele estava prestando atenção em detalhes, o uso<<strong>br</strong> />

universal de crachás de identificação, e mantendo a tradição<<strong>br</strong> />

segundo a qual todos mostram entusiasmo. São coisas distintas,<<strong>br</strong> />

mas interliga<strong>da</strong>s. Uma dá sustentação à outra. Nenhuma de<<strong>br</strong> />

nossas tradições se mantém isola<strong>da</strong>mente.<<strong>br</strong> />

Mort levantou e disse:<<strong>br</strong> />

— Posso <strong>da</strong>r muitos outros exemplos. Dick Nunis costuma<<strong>br</strong> />

fazer o que chamamos de um 'inspeção severa' de um tipo<<strong>br</strong> />

específico de detalhe: tinta descasca<strong>da</strong>, por exemplo. Sempre que<<strong>br</strong> />

faz isso, está mostrando entusiasmo pela atenção aos detalhes.


— Como você ensina as pessoas a mostrar entusiasmo ou a<<strong>br</strong> />

prestar tanta atenção nos detalhes? — perguntou Carmen.<<strong>br</strong> />

— Essas coisas não são propriamente 'ensina<strong>da</strong>s' no<<strong>br</strong> />

sentido formal <strong>da</strong> palavra, pois são aprendi<strong>da</strong>s pelo elenco de uma<<strong>br</strong> />

série de maneiras — respondeu Mort.<<strong>br</strong> />

— Acho que não percebi a diferença. Mort explicou.<<strong>br</strong> />

— Sempre que Dick Nunis procura alguma pintura<<strong>br</strong> />

descasca<strong>da</strong>, mem<strong>br</strong>os do elenco, inclusive Dick Nunis e Michael<<strong>br</strong> />

Eisner, aprendem so<strong>br</strong>e a importância <strong>da</strong> atenção aos detalhes, ou<<strong>br</strong> />

são lem<strong>br</strong>ados disso. E muito mais fácil aprender assim do que se<<strong>br</strong> />

isso estivesse em um regulamento ou se fosse um cartão pregado<<strong>br</strong> />

no quadro de avisos, alertando: "É importante prestar atenção nos<<strong>br</strong> />

detalhes".<<strong>br</strong> />

Michael interrompeu.<<strong>br</strong> />

— Ralph Waldo Emerson expressou a idéia <strong>com</strong> muito mais<<strong>br</strong> />

eloqüência do que Mort ou eu. Ele disse: "Aquilo que você faz<<strong>br</strong> />

ressoa tão forte so<strong>br</strong>e sua cabeça que não consigo ouvir as<<strong>br</strong> />

palavras que você pronuncia". 8<<strong>br</strong> />

— Tem-se a impressão de que essa abor<strong>da</strong>gem faz bastante<<strong>br</strong> />

diferença no modo <strong>com</strong>o as pessoas li<strong>da</strong>m <strong>com</strong> seu trabalho —<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>entou Carmen.<<strong>br</strong> />

— E permanece? Quanto tempo dura o entusiasmo?<<strong>br</strong> />

— Muito mais do que você imagina — disse Michael.<<strong>br</strong> />

Mas tem uma pessoa aqui na sala que pode lhe responder<<strong>br</strong> />

melhor do que eu.<<strong>br</strong> />

Ele ergueu o olhar e fez um gesto para alguém no fundo <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

8 “ Emerson disse <strong>com</strong> muita eloqüência: 'Aquilo que<<strong>br</strong> />

você faz ressoa tão forte so<strong>br</strong>e sua cabeça que não consigo<<strong>br</strong> />

ouvir as palavras que você pronuncia ” .


sala.<<strong>br</strong> />

sua história?<<strong>br</strong> />

— Marvin, será que você poderia subir aqui e nos contar<<strong>br</strong> />

Marvin, magro, alto, cabelos castanhos, mais ou menos 35<<strong>br</strong> />

anos, levantou-se. Recebeu quase tantos aplausos quanto<<strong>br</strong> />

Michael, além de um grito de um jovem do outro lado <strong>da</strong> sala, que<<strong>br</strong> />

disse: "É isso aí, cara!'<<strong>br</strong> />

Obviamente, Marvin era muito conhecido e querido.<<strong>br</strong> />

— Bom, é interessante — <strong>com</strong>eçou Marvin timi<strong>da</strong>mente,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se não estivesse acostumado a falar em público. — Saí <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world em 1993 porque tive a chance de ganhar mais<<strong>br</strong> />

trabalhando em um parque de diversões no norte <strong>da</strong> Flóri<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

"Fiquei lá uns três anos e não tinha a intenção de sair.<<strong>br</strong> />

Então, em um fim de semana, estava fazendo plantão na gerência<<strong>br</strong> />

quando recebi um telefonema de um hóspede que estava <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

problemas cm seu apartamento. Na ver<strong>da</strong>de, o casal já havia<<strong>br</strong> />

reclamado diversas vezes nos últimos dias, e ninguém resolvia os<<strong>br</strong> />

seus problemas, nem mesmo os escutava. Assim, tinha nas mãos<<strong>br</strong> />

dois hóspedes mais zangados que vespas."<<strong>br</strong> />

Enquanto o ouvia, Judy assentia enfaticamente. Ela<<strong>br</strong> />

conhecia muito bem clientes zangados.<<strong>br</strong> />

— Fui até o apartamento e me sentei para discutir o<<strong>br</strong> />

problema — continuou Marvin, sorrindo para Judy. — Depois de<<strong>br</strong> />

uns 20 minutos, o hóspede me interrompeu e disse: "Você não é<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>qui, é?" "Não, não sou <strong>da</strong>qui", disse-lhe. "Mas trabalho aqui há<<strong>br</strong> />

quase três anos." Então, ele me perguntou: "Você já trabalhou na<<strong>br</strong> />

organização <strong>Disney</strong>?" "Sim", respondi. "Trabalhei lá uns 13 anos."<<strong>br</strong> />

"Bem", ele disse, "dá para perceber. Vi que você estava disposto a<<strong>br</strong> />

nos aju<strong>da</strong>r. Que você teve empatia por nossa situação. Minha<<strong>br</strong> />

mulher e eu trabalhamos na <strong>Disney</strong>lândia quando estávamos na


facul<strong>da</strong>de, e lem<strong>br</strong>o <strong>com</strong>o era bom fazer parte <strong>da</strong>quela equipe,<<strong>br</strong> />

parar o que estava fazendo para ser útil".<<strong>br</strong> />

"Engraçado", disse Marvin. "Pensei: Por que estou<<strong>br</strong> />

trabalhando aqui quando poderia estar trabalhando para a número<<strong>br</strong> />

um ? E assim eu voltei."<<strong>br</strong> />

Um murmúrio de <strong>com</strong>preensão e aplausos encheu a sala.<<strong>br</strong> />

Marvin ergueu um dedo e a platéia silenciou novamente.<<strong>br</strong> />

— Creio que isso se aplica à maioria dos mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco. Certas coisas ficam arraiga<strong>da</strong>s na gente. É a maneira <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

fazemos as coisas. Fui e sou um grande fã e, mesmo se acabasse<<strong>br</strong> />

novamente fazendo alguma coisa em outro lugar, ain<strong>da</strong> seria um<<strong>br</strong> />

grande fã. Estou coberto pelo pó mágico de Sininho — confessou.<<strong>br</strong> />

— Já ouvi falar desse pó mágico. — disse Judy — Você<<strong>br</strong> />

poderia explicar o que é isso?<<strong>br</strong> />

— E um sentimento especial <strong>com</strong> relação a este lugar —<<strong>br</strong> />

disse Marvin. — As pessoas lavam pratos e servem refeições <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

em muitos outros restaurantes, trabalham em lojas e varrem as<<strong>br</strong> />

ruas tal <strong>com</strong>o fazem em to<strong>da</strong>s as ci<strong>da</strong>des do mundo. Mas a<<strong>br</strong> />

dedicação é diferente.<<strong>br</strong> />

"E essa dedicação à quali<strong>da</strong>de o a<strong>com</strong>panha onde quer que<<strong>br</strong> />

você esteja. Você pode tirar o Marvin <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, mas não pode<<strong>br</strong> />

tirar a <strong>Disney</strong> do Marvin."<<strong>br</strong> />

Isso rendeu a Marvin mais aplausos e alguns assobios<<strong>br</strong> />

estridentes enquanto ele se sentava.<<strong>br</strong> />

Mais tarde, Mort, Don, Bill, Alan e Judy reuniram-se ao<<strong>br</strong> />

redor de uma mesa na calça<strong>da</strong> em um dos cafés do parque. Uma<<strong>br</strong> />

cadeira ficou vazia, reserva<strong>da</strong> para Carmen.<<strong>br</strong> />

— Isso é o que chamo de grupo motivado! — explicou Judy.


— Esta organização sabe transmitir energia às pessoas, não?<<strong>br</strong> />

— Se você tivesse me falado so<strong>br</strong>e entusiasmo ontem —<<strong>br</strong> />

disse Alan —, teria dito: 9<<strong>br</strong> />

Lógico, claro, o mantenho o tempo todo". Hoje, não tenho<<strong>br</strong> />

tanta certeza. Acho que Walt <strong>Disney</strong> superou as expectativas,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o Michael, Marvin e tantas pessoas que conhecemos. Terei de<<strong>br</strong> />

pensar nisso durante algum tempo, mas estou <strong>com</strong>eçando a ter<<strong>br</strong> />

algumas idéias so<strong>br</strong>e mu<strong>da</strong>nças que posso praticar em minha<<strong>br</strong> />

empresa.<<strong>br</strong> />

— Bem, é algo para ser analisado — disse Mort. — Muitos<<strong>br</strong> />

gerentes ficariam espantados se desco<strong>br</strong>issem <strong>com</strong>o seus<<strong>br</strong> />

funcionários desconfiam do entusiasmo <strong>da</strong> gerência. Não que não<<strong>br</strong> />

estejam se esforçando. É que não se esforçam totalmente. E isso é<<strong>br</strong> />

crítico.<<strong>br</strong> />

Mort voltou-se para Don.<<strong>br</strong> />

— Don, você está achando tudo isto útil?<<strong>br</strong> />

— Claro. Interessante — respondeu Don, mas seu tom de<<strong>br</strong> />

voz dizia: Está bem, OK.<<strong>br</strong> />

Mort ergueu as som<strong>br</strong>ancelhas levemente. Ele estava<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçando a considerar Don um caso difícil.<<strong>br</strong> />

— Estive pensando — disse Bill — no que iria acontecer se<<strong>br</strong> />

alguém abor<strong>da</strong>sse a presidente de nosso banco para lhe falar<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e algo parecido <strong>com</strong>o a falta de um crachá. Para dizer a<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>de, acho que ela li<strong>da</strong>ria bem <strong>com</strong> o caso, mas não sei se<<strong>br</strong> />

posso dizer o mesmo dos vice-presidentes — e me incluo aí. No<<strong>br</strong> />

entanto, aqui, até Dick Nunis sai à procura de tinta descasca<strong>da</strong>. A<<strong>br</strong> />

admiração na voz de Bill era patente.<<strong>br</strong> />

9 “ A dedicação à quali<strong>da</strong>de o a<strong>com</strong>panha onde quer<<strong>br</strong> />

que você esteja. “


— Essa história de todos os mem<strong>br</strong>os do elenco<<strong>br</strong> />

participarem do Tradições me impressionou muito — prosseguiu.<<strong>br</strong> />

— Sabia que todos eram chamados de mem<strong>br</strong>os do elenco, mas<<strong>br</strong> />

pensei que isso se aplicava aos funcionários, não à cúpula<<strong>br</strong> />

administrativa. Mas o Tradições fez muito mais sentido quando<<strong>br</strong> />

percebi que 'todos' significava exatamente isso — todos são<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco! Em outros lugares, o curso Tradições seria<<strong>br</strong> />

interpretado <strong>com</strong>o "Faça o que dizemos, não o que fazemos." Aqui,<<strong>br</strong> />

é "Estamos todos juntos nisto!" 10<<strong>br</strong> />

Nesse momento, Carmen reuniu-se novamente ao grupo.<<strong>br</strong> />

— Você perdeu o meu discurso — <strong>br</strong>incou Bill.<<strong>br</strong> />

— Estava sendo 'agressivamente gentil' — disse Carmen. —<<strong>br</strong> />

Vi uma família tirando fotos, e me ofereci para tirar um retrato do<<strong>br</strong> />

grupo. — Ela sorriu para Mort. — Será que isso me torna mem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

do elenco?<<strong>br</strong> />

— Lógico — sorriu Mort. — Tenho fichas de.inscrição para<<strong>br</strong> />

todos vocês. Quem quer assinar?<<strong>br</strong> />

— Ora, Mort — disse Judy. — Esse é o único motivo pelo<<strong>br</strong> />

qual vim até aqui, não sabia?<<strong>br</strong> />

— Carmen, estávamos falando de nossa sessão <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Michael e Marvin — disse Alan.<<strong>br</strong> />

— Foi interessante, não é mesmo? Fiquei pensando nisso.<<strong>br</strong> />

Enquanto ouvia Michael, fui concluindo que ele estava falando de<<strong>br</strong> />

bom senso. Mas também percebi que em sua maioria as empresas<<strong>br</strong> />

não são sensatas. O segredo está em transformar bom senso em<<strong>br</strong> />

boa prática. Gostei particularmente de sua resposta à minha<<strong>br</strong> />

pergunta so<strong>br</strong>e o número de mem<strong>br</strong>os <strong>da</strong> equipe de limpeza. No<<strong>br</strong> />

10 “A magia consiste em transformar o bom senso numa<<strong>br</strong> />

prática <strong>com</strong>um.”


total, minha empresa tem 620 funcionários. Bem, não se pode<<strong>br</strong> />

chamá-los de mem<strong>br</strong>os do elenco, nem gostaria de fazê-lo. Mas<<strong>br</strong> />

estive pensando nessa questão do entusiasmo. Se pudéssemos<<strong>br</strong> />

criar um padrão <strong>com</strong>o o <strong>da</strong>qui, teríamos 620 funcionários na<<strong>br</strong> />

limpeza, 620 em ven<strong>da</strong>s, 620 no atendimento ao cliente e assim<<strong>br</strong> />

por diante. Tudo ficaria mais limpo, correria melhor e atenderia<<strong>br</strong> />

melhor às necessi<strong>da</strong>des dos clientes.<<strong>br</strong> />

Os outros sorriram e concor<strong>da</strong>ram, obviamente pensando<<strong>br</strong> />

nas maneiras de se colocar essas idéias em prática em seus<<strong>br</strong> />

próprios locais de trabalho. Don não assentiu, mas parecia<<strong>br</strong> />

pensativo.<<strong>br</strong> />

— Você está absolutamente certa — disse Mort. — O<<strong>br</strong> />

importante não é o fato de Michael Eisner catar papel. O<<strong>br</strong> />

importante é que todos tenham entusiasmo. Agora, vamos até o<<strong>br</strong> />

Hall of Presidents e ver se podemos aprender alguma coisa por lá.


6<<strong>br</strong> />

A importância <strong>da</strong>quilo que não<<strong>br</strong> />

enxergamos<<strong>br</strong> />

Dia 2, 13h35 às 14h45<<strong>br</strong> />

Mais tarde, a Gangue dos Cinco entrou no Hall of<<strong>br</strong> />

Presidents e encontrou várias reproduções de personali<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

famosas, entre elas, as dos quatro ex-presidentes norte-<<strong>br</strong> />

americanos George Washington, Thomas Jefferson, A<strong>br</strong>aham<<strong>br</strong> />

Lincoln e Theodore Roosevelt — os famosos rostos do Monte<<strong>br</strong> />

Rushmorc, localizado no Estado de Dakota do Sul, Estados<<strong>br</strong> />

Unidos. A Gangue dos Cinco não se impressionava <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

autori<strong>da</strong>des, ain<strong>da</strong> mais <strong>com</strong> reproduções, mas todos — incluindo<<strong>br</strong> />

Don, que também parecia muito impressionado — reverenciaram<<strong>br</strong> />

a figura <strong>da</strong>queles gigantes, todos admiravelmente realistas, pois<<strong>br</strong> />

moviam se, sorriam e até falavam <strong>com</strong>o se fossem os<<strong>br</strong> />

próprios ex-presidentes ressuscitados <strong>da</strong> História.<<strong>br</strong> />

— Veja, Bill — sussurrou Judy, quando chegaram à parte<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> exibição que incluía os presidentes modernos. — Clinton está<<strong>br</strong> />

usando o seu relógio modelo Iron Man.<<strong>br</strong> />

Bill sorriu.<<strong>br</strong> />

— E ele está marcando a hora certa — disse.


O interesse de Carmen se voltou para as roupas usa<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

pelos presidentes. Roupas antigas eram uma de suas paixões, e<<strong>br</strong> />

ela rapi<strong>da</strong>mente observou que os estilos dos trajes pareciam fiéis a<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> período. Obviamente, mais um exemplo de atenção aos<<strong>br</strong> />

detalhes.<<strong>br</strong> />

— Mort, essas roupas parecem autênticas — disse. — São<<strong>br</strong> />

mesmo antigas ou são reproduções?<<strong>br</strong> />

— São reproduções. Mas foram confecciona<strong>da</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

materiais disponíveis na época que retratam. Você é muito<<strong>br</strong> />

observadora, Carmen. Estu<strong>da</strong> estilos e modelos antigos de<<strong>br</strong> />

vestuário?<<strong>br</strong> />

Enquanto falava, ele se lem<strong>br</strong>ou do tecido vivamente<<strong>br</strong> />

colorido <strong>da</strong> camiseta que ela usara no dia anterior. Hoje, o tecido<<strong>br</strong> />

in<strong>com</strong>umente frisado de seu vestido também lhe chamara a<<strong>br</strong> />

atenção. Era óbvio que ela valorizava bastante estilo e técnica.<<strong>br</strong> />

— Sim — disse Carmen —, mas não saberia dizer que eram<<strong>br</strong> />

réplicas. Só que a maioria <strong>da</strong>s peças autênticas que já vi em<<strong>br</strong> />

museus não têm uma aparência tão boa. E difícil preservar tecidos<<strong>br</strong> />

antigos.<<strong>br</strong> />

— Há outra coisa nessas roupas que talvez você tenha<<strong>br</strong> />

notado — disse Mort. —Analise de perto as costuras,<<strong>br</strong> />

especialmente nas camisas de Washington e de Jefferson.<<strong>br</strong> />

— É, percebi. São mesmo costura<strong>da</strong>s à mão?<<strong>br</strong> />

— São. E vou lhe contar mais uma coisa. Os tecidos não<<strong>br</strong> />

apenas são fa<strong>br</strong>icados usando-se velhos métodos, <strong>com</strong>o os pontos<<strong>br</strong> />

usados para costurá-los são exatamente os mesmos do período<<strong>br</strong> />

retratado.<<strong>br</strong> />

Carmen sorriu.<<strong>br</strong> />

— Achei que eram reais, mas mesmo desta distância não<<strong>br</strong> />

há <strong>com</strong>o perceber a diferença. E de onde as pessoas ficam, aposto


que nem um convi<strong>da</strong>do em um milhão sequer perceberia as<<strong>br</strong> />

costuras, muito menos diria que são autênticas. Eu sei que a<<strong>br</strong> />

atenção para <strong>com</strong> os detalhes é importante na cultura <strong>Disney</strong>,<<strong>br</strong> />

mas isso já não seria um exagero?<<strong>br</strong> />

Amém, pensou Don.<<strong>br</strong> />

— Talvez — respondeu Mort —, se isto fosse apenas um<<strong>br</strong> />

exemplo de atenção fanática para <strong>com</strong> detalhes, e acho que<<strong>br</strong> />

estamos de acordo ao dizer que isso ultrapassa o fanatismo.<<strong>br</strong> />

"Mas isso não é o mais importante. É ver<strong>da</strong>de que os<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos não perceberão esse tipo de detalhe. Não é algo que<<strong>br</strong> />

contribuirá para sua experiência aqui — pelo menos, não<<strong>br</strong> />

diretamente. Os convi<strong>da</strong>dos nunca irão notar a diferença.<<strong>br</strong> />

"Mas os mem<strong>br</strong>os do elenco irão. Isso é que é importante. E<<strong>br</strong> />

6 a essência de nossa próxima lição.<<strong>br</strong> />

Ele entregou a todos o próximo cartão.<<strong>br</strong> />

— Percebam que não apenas todos devem mostrar<<strong>br</strong> />

entusiasmo. As coisas também. E, embora 99,9 por cento dos<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos nunca saibam so<strong>br</strong>e essa costura especial, c embora<<strong>br</strong> />

muitos mem<strong>br</strong>os do elenco sequer tenham visto a costura, todos<<strong>br</strong> />

eles conhecem essa história. Tudo aqui mostra entusiasmo, e este<<strong>br</strong> />

é apenas um exemplo.<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 4<<strong>br</strong> />

Tudo mostra<<strong>br</strong> />

entusiasmo.


Todos ficaram olhando para Mort, na esperança de que ele<<strong>br</strong> />

revelasse mais alguns segredos <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, Ele não os<<strong>br</strong> />

decepcionou.<<strong>br</strong> />

— Outro exemplo é a tinta usa<strong>da</strong> no carrossel. Ca<strong>da</strong> parte<<strong>br</strong> />

que deveria ser doura<strong>da</strong> foi pinta<strong>da</strong> <strong>com</strong> tinta à base de pó de<<strong>br</strong> />

ouro de 23 k. Não é tinta doura<strong>da</strong>, é tinta de ouro 23 k! Duvido<<strong>br</strong> />

que garotos consigam perceber a diferença entre tinta doura<strong>da</strong> e<<strong>br</strong> />

tinta de ouro. Tampouco seus pais. Tampouco a maioria dos<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco. Eu, <strong>com</strong> certeza, não consigo.<<strong>br</strong> />

"Mas", enfatizou, "todos os mem<strong>br</strong>os do elenco sabem que<<strong>br</strong> />

se trata de tinta de pó de ouro 23 k. E isso é importante para eles.<<strong>br</strong> />

É apenas uma <strong>da</strong>s maneiras de fazer <strong>com</strong> que saibam que,<<strong>br</strong> />

quando se trata de nossos convi<strong>da</strong>dos, não impomos limites<<strong>br</strong> />

naquilo que fazemos."<<strong>br</strong> />

Judy.<<strong>br</strong> />

— E por que a tinta precisa ser de ouro? — perguntou<<strong>br</strong> />

— A tinta de ouro é um lem<strong>br</strong>ete para os mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco. Lem<strong>br</strong>a-nos de que nossos convi<strong>da</strong>dos são o que há de<<strong>br</strong> />

mais importante. Às vezes, limpar o carrossel não é uma tarefa<<strong>br</strong> />

agradável, e precisamos ser lem<strong>br</strong>ados do motivo pelo qual o<<strong>br</strong> />

fazemos: pelas crianças e pelos convi<strong>da</strong>dos. A tinta de ouro é um<<strong>br</strong> />

símbolo muito importante. Sabem, seria fácil deixar a coisa pela<<strong>br</strong> />

metade e <strong>da</strong>r alguma' desculpa, <strong>com</strong>o "De que adianta prestar<<strong>br</strong> />

atenção fanática aos detalhes de alguma coisa se os convi<strong>da</strong>dos<<strong>br</strong> />

nem irão perceber?"<<strong>br</strong> />

Don deu de om<strong>br</strong>os, pensando na goma de mascar do<<strong>br</strong> />

garoto no dia anterior. Mort prosseguiu sem se abalar pela<<strong>br</strong> />

expressão de Don.<<strong>br</strong> />

— O ouro lem<strong>br</strong>a que cui<strong>da</strong>mos dos equipamentos, <strong>da</strong>s


instalações, dos locais freqüentados por nossos convi<strong>da</strong>dos,<<strong>br</strong> />

porque estes são o nosso ver<strong>da</strong>deiro ouro, a razão pela qual<<strong>br</strong> />

pertencemos a uma empresa bem-sucedi<strong>da</strong>. Se não fosse por eles,<<strong>br</strong> />

não existiríamos. Sem convi<strong>da</strong>dos, sem na<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Gosto dessa filosofia — disse Alan. — E lógico que tentamos<<strong>br</strong> />

manter o cliente à frente, seja qual for o nosso negócio. Às vezes,<<strong>br</strong> />

porém, não fazemos tudo que poderíamos. Vou me lem<strong>br</strong>ar <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

tinta de ouro quando voltar e ver se consigo aplicar esse conceito<<strong>br</strong> />

em minha empresa.<<strong>br</strong> />

Judy o interrompeu. — Espere um pouco, Alan. Conte-lhes<<strong>br</strong> />

aquilo que você me contou so<strong>br</strong>e os cartões de visita.<<strong>br</strong> />

— Ah, é — disse Alan. — Há alguns anos, <strong>com</strong>eçamos a<<strong>br</strong> />

perceber que nossos funcionários haviam concluído, <strong>com</strong> base em<<strong>br</strong> />

experiências anteriores ou em nossa empresa, que só os<<strong>br</strong> />

profissionais de destaque possuíam cartões de visita. Assim,<<strong>br</strong> />

decidimos <strong>da</strong>r cartões de visita para os demais funcionários.<<strong>br</strong> />

"Aí, tivemos de decidir o que iríamos colocar nos cartões. No<<strong>br</strong> />

início, íamos usar apenas o nome <strong>da</strong> pessoa ou títulos <strong>com</strong>o:<<strong>br</strong> />

Gerente de Ven<strong>da</strong>s, Assistente Administrativo etc. Mas uma <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

pessoas que ditam códigos disse que, <strong>com</strong>o o presidente <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

empresa gostava de falar <strong>da</strong> importância de nossos clientes, por<<strong>br</strong> />

que não colocar Gerente de Atendimento ao Cliente no cartão de<<strong>br</strong> />

todos?"<<strong>br</strong> />

A idéia de ouvir as opiniões <strong>da</strong>quele que, no fundo, era um<<strong>br</strong> />

trabalhador <strong>br</strong>açal na versão de uma empresa de software, em<<strong>br</strong> />

uma reunião de gerência., era demais para Don. — para não falar<<strong>br</strong> />

na idéia de <strong>da</strong>r cartões de visita a ca<strong>da</strong> funcionário.<<strong>br</strong> />

— Se o cartão de todos diz a mesma coisa — argumentou


—, qual a vantagem de tê-los? E quanto isso custa?<<strong>br</strong> />

— Bem, eu acho que é uma ótima idéia! — disse Judy.<<strong>br</strong> />

— Alguns de nossos próprios funcionários também<<strong>br</strong> />

acharam tolice ter cartões. Outros acharam ótimo, e o resto deu<<strong>br</strong> />

de om<strong>br</strong>os. No final, aquilo que vai impresso nos cartões de<<strong>br</strong> />

nossos funcionários é o título original e também Assistente de<<strong>br</strong> />

Atendimento ao Cliente — disse Alan a Don.<<strong>br</strong> />

"Mas o importante disso é que uma atitude simples e barata<<strong>br</strong> />

— e foi barata, Don — provocou uma grande mu<strong>da</strong>nça na maneira<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o nosso pessoal trabalha. Esse cartão de visitas é um lem<strong>br</strong>ete<<strong>br</strong> />

constante de que todos precisam se concentrar cm oferecer ao<<strong>br</strong> />

cliente aquilo de que este precisa... até mesmo os funcionários que<<strong>br</strong> />

nunca entram em contato direto <strong>com</strong> clientes.<<strong>br</strong> />

"Na ver<strong>da</strong>de, achamos que o cliente é tão importante que,<<strong>br</strong> />

quando me encontro <strong>com</strong> ca<strong>da</strong> um dos novos funcionários em sua<<strong>br</strong> />

primeira semana de trabalho para explicar a importância dos<<strong>br</strong> />

clientes, algo que faço desde que a empresa foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong>, dou a<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> um deles uma caixa <strong>com</strong> seus cartões de visita para que esse<<strong>br</strong> />

foco so<strong>br</strong>e o cliente vá se formando desde o primeiro dia."<<strong>br</strong> />

— E o que diz o seu cartão, Alan? — perguntou Bill.<<strong>br</strong> />

Alan pegou um de seus cartões e o entregou a Bill, que o<<strong>br</strong> />

leu em voz alta; "Alan E. Zimmerman, Presidente e Assistente de<<strong>br</strong> />

Atendimento ao Cliente".<<strong>br</strong> />

— Muito bom — disse Bill, devolvendo o cartão, — Isso é<<strong>br</strong> />

mostrar entusiasmo!<<strong>br</strong> />

— Concordo — disse Mort. — Além disso, Alan, quanto<<strong>br</strong> />

mais coisas <strong>com</strong>o essa você conseguir embutir em seu ambiente<<strong>br</strong> />

de trabalho, mais ca<strong>da</strong> funcionário se sentirá parte <strong>da</strong> equipe e<<strong>br</strong> />

mais forte será a cultura <strong>da</strong> empresa.<<strong>br</strong> />

— Nesse caso, Mort — disse Judy —, e as coisas que não


mostram entusiasmo? Será que tendem a enfraquecer a cultura?<<strong>br</strong> />

Como impedir que surjam?<<strong>br</strong> />

Mort sorriu.<<strong>br</strong> />

— Boa pergunta, Judy. Os projetistas <strong>da</strong>qui têm uma<<strong>br</strong> />

palavra para alguma coisa que não mostra entusiasmo: chamam-<<strong>br</strong> />

na de intrusa. Quando idealizam um tema e <strong>com</strong>eçam a projetá-lo,<<strong>br</strong> />

procuram intrusos potenciais — coisas que não se encaixam. 11<<strong>br</strong> />

"Algumas são bastante óbvias. Enquanto caminhamos,<<strong>br</strong> />

observem os carrinhos de alimentação de ca<strong>da</strong> área. Todos foram<<strong>br</strong> />

projetados para se adequar ao tema local. Eles não passam de<<strong>br</strong> />

uma área para outra. O carrinho de pipocas <strong>da</strong> Liberty Square<<strong>br</strong> />

está decorado de modo a a<strong>com</strong>panhar somente a sua área e<<strong>br</strong> />

nenhum outro lugar.<<strong>br</strong> />

"Já repararam que vocês nunca vêem um mem<strong>br</strong>o do<<strong>br</strong> />

elenco <strong>com</strong> roupas <strong>da</strong> Frontierland caminhando pela<<strong>br</strong> />

Fantasyland?"<<strong>br</strong> />

A Gangue dos Cinco assentiu em silêncio. Mort sorriu e<<strong>br</strong> />

acenou para que o seguissem enquanto a<strong>br</strong>ia uma porta c<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçava a descer um lance de esca<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

Trinta minutos depois, saíram de um amplo an<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

subterrâneo. A <strong>Disney</strong>world que o convi<strong>da</strong>do vê, conforme<<strong>br</strong> />

desco<strong>br</strong>iram, é apenas o segundo an<strong>da</strong>r. Abaixo dele há um túnel<<strong>br</strong> />

imenso que não só possibilita aos mem<strong>br</strong>os do elenco saírem dos<<strong>br</strong> />

vestiários e chegarem a seus postos sem serem vistos, <strong>com</strong>o é<<strong>br</strong> />

11 “Todos precisam se concentrar em oferecer ao cliente<<strong>br</strong> />

aquilo de que este precisa — até mesmo os funcionários que<<strong>br</strong> />

nunca entram em contato direto <strong>com</strong> clientes.”


também um modo de distribuir alimentos e mercadorias e de ter<<strong>br</strong> />

acesso a to<strong>da</strong>s as instalações. Viram lá o vestiário central, uma<<strong>br</strong> />

lanchonete, salas de descanso, barbearia e esca<strong>da</strong>s <strong>com</strong> acesso a<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s as áreas do Magic Kingdom. Até Don ficou impressionado.<<strong>br</strong> />

— É grande — disse Mort. — Outras coisas não são grandes<<strong>br</strong> />

assim, mas igualmente importantes, <strong>com</strong>o as latas de lixo. Vocês<<strong>br</strong> />

vão perceber de imediato que muitas delas receberam pintura e<<strong>br</strong> />

decoração especiais, adequa<strong>da</strong>s a uma área específica. Às vezes,<<strong>br</strong> />

porém, os projetistas ultrapassam a mera pintura c decoração.<<strong>br</strong> />

"Para citar um exemplo, <strong>com</strong>o é um lugar rústico, o Fort<<strong>br</strong> />

Wilderness gera mais detritos diretos dos convi<strong>da</strong>dos do que um<<strong>br</strong> />

hotel, digamos. Ora, ninguém quer encontrar sacos de lixo na<<strong>br</strong> />

calça<strong>da</strong>, e por isso os projetistas criaram latas de lixo mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

em fi<strong>br</strong>a de vidro que foram pinta<strong>da</strong>s e envelheci<strong>da</strong>s para que se<<strong>br</strong> />

parecessem <strong>com</strong> tocos de árvore. A fi<strong>br</strong>a de vidro não era<<strong>br</strong> />

resistente o bastante para ser fixa<strong>da</strong> no chão, e eles mu<strong>da</strong>ram<<strong>br</strong> />

para concreto.<<strong>br</strong> />

"Não sei dizer quanto isso custou, mas uma vez alguém me<<strong>br</strong> />

disseque a <strong>Disney</strong> tem latas de lixo bem caras. O importante,<<strong>br</strong> />

porém, é que as latas de lixo são apenas uma outra maneira de<<strong>br</strong> />

dizer que tudo mostra entusiasmo.<<strong>br</strong> />

"Outro exemplo seria a Typhoon Lagoon. A idéia por trás<<strong>br</strong> />

dela é a de que um tufão teria atingido certa área <strong>com</strong> ventos tão<<strong>br</strong> />

fortes que indo foi varrido para a terra onde agora está. Por isso,<<strong>br</strong> />

há um rebocador encalhado no alto de um morro, <strong>com</strong> água<<strong>br</strong> />

saindo <strong>da</strong> ilumine a ca<strong>da</strong> hora c apitos que marcam o horário.<<strong>br</strong> />

"Todos esses elementos se <strong>com</strong>binam para mostrar<<strong>br</strong> />

entusiasmo. O rebocador foi varrido para o alto desse morro, o<<strong>br</strong> />

que mostra a força dos ventos, e a água que sai dele mostra que o<<strong>br</strong> />

tufão passou por ali faz pouco tempo. Muita energia, tempo e


dinheiro foram gastos para se chegar a um conceito que fosse<<strong>br</strong> />

diferente de qualquer coisa no mundo. Se tudo não levasse nessa<<strong>br</strong> />

direção, boa parte desses esforços seriam desperdiçados.<<strong>br</strong> />

"John Hench, o sujeito a quem me referi quando falei <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

cores, contou-me uma história que pode aju<strong>da</strong>r a colocar em<<strong>br</strong> />

perspectiva isso tudo. Quando os projetistas estavam montando a<<strong>br</strong> />

Liberty Tree Tavern, Walt lhes disse que um conceito seria<<strong>br</strong> />

essencial: "Quero que as pessoas entrem em um prédio de cinco<<strong>br</strong> />

milhões de dólares para <strong>com</strong>prar um hambúrguer de cinco<<strong>br</strong> />

centavos". O preço do hambúrguer subiu desde a época de Walt,<<strong>br</strong> />

mas a premissa de valorizá-los continua. Não é possível ser<<strong>br</strong> />

fanático a respeito de um hambúrguer, afinal, um hambúrguer é<<strong>br</strong> />

apenas um lanche, mas você pode oferecer um lugar fantástico<<strong>br</strong> />

para saboreá-lo.<<strong>br</strong> />

"Usar a palavra 'Tradições' em vez de 'orientação' é outro<<strong>br</strong> />

modo pelo qual to<strong>da</strong>s as coisas mostram entusiasmo. Na ver<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

é mais profundo do que isso; tudo aquilo que diz respeito à nossa<<strong>br</strong> />

história mostra entusiasmo. Os participantes desse curso ficam<<strong>br</strong> />

sentados ao redor de mesas redon<strong>da</strong>s. Usamos mesas por um<<strong>br</strong> />

motivo: estimular o conceito de equipes. Os novos mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco aprendem a trabalhar em equipe não apenas escutando<<strong>br</strong> />

alguém explicar so<strong>br</strong>e o funcionamento desse trabalho."<<strong>br</strong> />

— Deixe-me ver se <strong>com</strong>preendi — disse Bill. — Quando você<<strong>br</strong> />

fala em "atenção aos detalhes", você quer dizer detalhes que<<strong>br</strong> />

afetam diretamente a experiência dos visitantes no parque; mas<<strong>br</strong> />

quando diz "tudo mostra entusiasmo", está falando de alguma<<strong>br</strong> />

coisa que afeta a experiência de modo indireto.<<strong>br</strong> />

—- Certo — disse Mort. — Pense em "tudo mostra


entusiasmo" em termos de alinhamento ou congruência <strong>com</strong> o seu<<strong>br</strong> />

propósito. Se você vai falar de trabalho em equipe, por que não<<strong>br</strong> />

fazer <strong>com</strong> que as pessoas trabalhem em equipes? Quando as<<strong>br</strong> />

pessoas <strong>com</strong>eçam mesmo a mostrar entusiasmo, fica fácil<<strong>br</strong> />

perceber que as coisas também precisam mostrar entusiasmo.<<strong>br</strong> />

Assim, todos quer dizer de Eisner a Nunis, dos bilheteiros aos<<strong>br</strong> />

operadores de equipamento, todos os mem<strong>br</strong>os do elenco. Tudo<<strong>br</strong> />

são as mesas <strong>da</strong>s salas de treinamento, o boletim interno, o<<strong>br</strong> />

processo de recrutamento. Tudo isso está coerente <strong>com</strong> a filosofia<<strong>br</strong> />

e o caráter <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

"Naturalmente, o fato de tudo mostrar entusiasmo afeta a<<strong>br</strong> />

experiência dos convi<strong>da</strong>dos, mas de maneira que ele sequer<<strong>br</strong> />

costuma perceber. E é assim que deveria ser. As coisas que<<strong>br</strong> />

mostram entusiasmo devem mesmo ser invisíveis para os<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos.<<strong>br</strong> />

"Citando um exemplo: talvez alguns de vocês saibam que a<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world dispõe de um sistema próprio de geração de energia<<strong>br</strong> />

elétrica e seu próprio corpo de bombeiros. São sistemas de apoio;<<strong>br</strong> />

garantem um funcionamento tranqüilo ao Magic Kingdom. Muitas<<strong>br</strong> />

empresas de porte têm a mesma coisa. O entusiasmo do corpo de<<strong>br</strong> />

bombeiros <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> reside no fato de seu prédio estar pintado de<<strong>br</strong> />

acordo <strong>com</strong> o tema de 101 Dálmatas. Da próxima vez em que<<strong>br</strong> />

passarem por lá, dêem uma olha<strong>da</strong> na lateral do prédio.<<strong>br</strong> />

Impossível não perceber que ele é <strong>br</strong>anco <strong>com</strong> manchas pretas.<<strong>br</strong> />

Muitos mem<strong>br</strong>os do elenco passam por ele no caminho de i<strong>da</strong> ou<<strong>br</strong> />

de volta, todos os dias. E um lem<strong>br</strong>ete constante do sentido do<<strong>br</strong> />

Magic Kingdom.<<strong>br</strong> />

"E o boletim interno — chama-se Eyes and Ears. Isso não<<strong>br</strong> />

deve surpreender. Na ver<strong>da</strong>de, seria surpreendente se tivesse<<strong>br</strong> />

outro nome. A maioria <strong>da</strong>s empresas faz algo similar <strong>com</strong> os


oletins internos — o nome geralmente diz respeito àquilo que a<<strong>br</strong> />

empresa faz. A diferença que observei é que, na maioria <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

empresas, poucas coisas mostram entusiasmo. Aqui, e em outras<<strong>br</strong> />

empresas de categoria mundial, tudo mostra entusiasmo.<<strong>br</strong> />

"Um último exemplo. Quando os convi<strong>da</strong>dos chegam pela<<strong>br</strong> />

manhã, ouvem música anima<strong>da</strong>; os mem<strong>br</strong>os do elenco recebem<<strong>br</strong> />

os convi<strong>da</strong>dos <strong>com</strong> vitali<strong>da</strong>de. A noite, porém, a música é suave;<<strong>br</strong> />

os mem<strong>br</strong>os do elenco agem <strong>com</strong> tranqüili<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

"Essa diferença é planeja<strong>da</strong> e proposital. A idéia é entrar em<<strong>br</strong> />

sintonia <strong>com</strong> o humor dos convi<strong>da</strong>dos.<<strong>br</strong> />

"Ca<strong>da</strong> um deles entra pelo portão principal e sai pelo portão<<strong>br</strong> />

principal. Assim, ca<strong>da</strong> convi<strong>da</strong>do que permanece aqui durante boa<<strong>br</strong> />

parte do dia vivência isso. A música realça a experiência;<<strong>br</strong> />

acrescenta algo à sensação de satisfação e de bem-estar do<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>do; faz <strong>com</strong> que ele se lem<strong>br</strong>e <strong>com</strong> prazer <strong>da</strong> visita e deseje<<strong>br</strong> />

voltar. Mas nem um em ca<strong>da</strong> mil tem consciência dessa diferença<<strong>br</strong> />

musical.<<strong>br</strong> />

"Faria diferença se os convi<strong>da</strong>dos percebessem?<<strong>br</strong> />

Provavelmente, não. Provavelmente gostariam de saber. Afinal,<<strong>br</strong> />

quem quer entrar todo entusiasmado no Magic Kingdom e ser<<strong>br</strong> />

recebido por um mem<strong>br</strong>o do elenco todo relaxado, pacato? E quem<<strong>br</strong> />

quer terminar um longo dia no Magic Kingdom, rumando para o<<strong>br</strong> />

portão principal, cansado, mas feliz, tendo de agüentar mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

do elenco pulando de lá para cá?"<<strong>br</strong> />

Judy riu, um pouco nervosa. A idéia fez <strong>com</strong> que se<<strong>br</strong> />

controlasse. Tinha a tendência de ser uma animadora, sempre<<strong>br</strong> />

liga<strong>da</strong>, sempre entusiasma<strong>da</strong>. Talvez isso não fosse necessário.<<strong>br</strong> />

Talvez, de vez em quando, as pessoas preferissem que ela ficasse<<strong>br</strong> />

um pouco mais tranqüila, especialmente nos momentos em que<<strong>br</strong> />

era difícil manter-se entusiasma<strong>da</strong> e em que se esforçava para


isso. A noite ela iria prestar atenção nos anfitriões e conferir.<<strong>br</strong> />

Carmen pensou na freqüência <strong>com</strong> que escolhia uma<<strong>br</strong> />

determina<strong>da</strong> roupa para causar uma impressão específica em sua<<strong>br</strong> />

equipe ou em seus clientes. E agora, perguntou-se, <strong>com</strong>o poderia<<strong>br</strong> />

aplicar o conceito "tudo mostra entusiasmo" de maneira<<strong>br</strong> />

significativa em seus negócios?<<strong>br</strong> />

Até Don parecia pensativo, <strong>com</strong>o se achasse que essa idéia<<strong>br</strong> />

poderia, afinal, funcionar em sua própria empresa.


7<<strong>br</strong> />

Ouvindo os clientes<<strong>br</strong> />

Dia 2, 15 horas às 13h30<<strong>br</strong> />

Eles estavam passando pela entra<strong>da</strong> para a Frontierland.<<strong>br</strong> />

Alguns passos adiante de Mort, Carmen estava refletindo so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

que estava aprendendo, impressiona<strong>da</strong> pela profundi<strong>da</strong>de <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

que os projetos e execuções de ca<strong>da</strong> ação e de ca<strong>da</strong> detalhe <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> eram conduzidos, sempre mantendo cui<strong>da</strong>dosamente em<<strong>br</strong> />

vista seu efeito final so<strong>br</strong>e seus convi<strong>da</strong>dos. Isso a deixara<<strong>br</strong> />

intriga<strong>da</strong>. Como é que ficavam sabendo de seu desempenho?<<strong>br</strong> />

Como avaliavam a satisfação dos clientes?<<strong>br</strong> />

Ela andou mais devagar para que Mort a alcançasse.<<strong>br</strong> />

—- Sabe — disse —, sei que to<strong>da</strong> empresa precisa se<<strong>br</strong> />

concentrar na satisfação do cliente, mas poucas empresas têm um<<strong>br</strong> />

contato tão direto <strong>com</strong> tantos clientes quanto esta. Os negócios <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world parecem ter lugar principalmente entre um mem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

do elenco e um convi<strong>da</strong>do. Assim, devo presumir que os mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

do elenco têm maneiras de obter feedback de seus visitantes a<<strong>br</strong> />

respeito de seu sucesso ou fracasso.<<strong>br</strong> />

"Contudo, se os seus convi<strong>da</strong>dos forem <strong>com</strong>o todos, hoje cm<<strong>br</strong> />

dia, estão cansados de responder a entrevistas. Temos uma<<strong>br</strong> />

pesquisa de satisfação do cliente e presumo que a maioria <strong>da</strong>s


empresas tem a sua. E a <strong>Disney</strong>? Como faz para analisar seu<<strong>br</strong> />

sucesso global? Como desco<strong>br</strong>e aquilo de que ca<strong>da</strong> um dos<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos gosta ou não so<strong>br</strong>e sua experiência, e <strong>com</strong>o isso afeta<<strong>br</strong> />

os planos e políticas <strong>da</strong> empresa?"<<strong>br</strong> />

— Há muitas e muitas coisas envolvi<strong>da</strong>s nesse processo,<<strong>br</strong> />

Carmen — respondeu Mort. — E o motivo pelo qual digo isso está<<strong>br</strong> />

relacionado <strong>com</strong> nossa próxima lição.<<strong>br</strong> />

Don, caminhando perto o suficiente para entreouvir essa<<strong>br</strong> />

conversa, teve sua curiosi<strong>da</strong>de aguça<strong>da</strong>. Aproximou-se mais de<<strong>br</strong> />

Mort, supondo que poderia colher alguma informação útil. De to<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

a 'conversa' fantástica e maravilhosa que já ouvira a respeito de<<strong>br</strong> />

atenção a detalhes e a mostrar entusiasmo, lem<strong>br</strong>ou-se de ter lido<<strong>br</strong> />

algo so<strong>br</strong>e os métodos de pesquisa <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

— Mort — perguntou —, ouvi dizer que vocês usam laptops<<strong>br</strong> />

para entrevistar convi<strong>da</strong>dos no meio do parque. Isso é ver<strong>da</strong>de?<<strong>br</strong> />

Na cabeça de Don, o uso de <strong>com</strong>putadores era, pelo menos,<<strong>br</strong> />

uma ínfima indicação de que alguma coisa séria estava<<strong>br</strong> />

acontecendo, algo baseado em <strong>da</strong>dos e tecnologia.<<strong>br</strong> />

— É — respondeu Mort. — Percebemos que os<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>putadores eram muito úteis no registro instantâneo <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

impressões dos convi<strong>da</strong>dos — ou seja, enquanto as coisas estão<<strong>br</strong> />

frescas em suas memórias. Os mem<strong>br</strong>os do elenco que fazem isso<<strong>br</strong> />

são chamados de Super Greeters (Superanfitriões). Seu principal<<strong>br</strong> />

papel consiste em caminhar por aí o dia inteiro, garantindo a<<strong>br</strong> />

satisfação dos convi<strong>da</strong>dos. Eles usam camisas especiais que os<<strong>br</strong> />

identificam <strong>com</strong>o Superanfitriões do Walt <strong>Disney</strong> World.<<strong>br</strong> />

"Ca<strong>da</strong> anfitrião leva consigo um pager e responde<<strong>br</strong> />

imediatamente a uma chama<strong>da</strong>. Se uma atração tiver de ser<<strong>br</strong> />

interrompi<strong>da</strong>, os mem<strong>br</strong>os do elenco que ali estiverem trabalhando<<strong>br</strong> />

chamam esses anfitriões, que imediatamente aju<strong>da</strong>m os


convi<strong>da</strong>dos que se sentiram in<strong>com</strong>o<strong>da</strong>dos. É uma <strong>da</strong>s partes mais<<strong>br</strong> />

importantes desse trabalho.<<strong>br</strong> />

"Mas outra importante responsabili<strong>da</strong>de consiste em<<strong>br</strong> />

entrevistai-os convi<strong>da</strong>dos. Eles usam laptops e digitam as<<strong>br</strong> />

respostas imediatamente. Ao todo, os Superanfitriões entrevistam<<strong>br</strong> />

700 a 1400 convi<strong>da</strong>dos semanalmente. Os resultados são<<strong>br</strong> />

somados e repassados semanalmente ao elenco. Esse feedback é<<strong>br</strong> />

muito importante. Diz-nos quão próximos estamos de atingir cem<<strong>br</strong> />

por cento <strong>da</strong> satisfação dos convi<strong>da</strong>dos."<<strong>br</strong> />

— Vocês não receiam aborrecer seus convi<strong>da</strong>dos? —<<strong>br</strong> />

perguntou Carmen. — Sei que algumas <strong>da</strong>s pesquisas que recebo<<strong>br</strong> />

são maçantes. Para dizer a ver<strong>da</strong>de, a maioria.<<strong>br</strong> />

— Bem, pense um pouco nisso — disse Mort. — Se você<<strong>br</strong> />

fosse um mem<strong>br</strong>o do elenco <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, <strong>com</strong>o resolveria o<<strong>br</strong> />

problema? Lem<strong>br</strong>e-se dos pontos de que já tratamos.<<strong>br</strong> />

— Bem... — Carmen franziu os lábios enquanto pensava.<<strong>br</strong> />

Depois, disse: —Acho que prestaria muita atenção nos detalhes e<<strong>br</strong> />

me lem<strong>br</strong>aria de que tudo mostra entusiasmo. Assim, tendo isso<<strong>br</strong> />

em mente...<<strong>br</strong> />

Fez uma pausa.<<strong>br</strong> />

— Procuraria um modo de fazer <strong>da</strong> entrevista uma parte <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

experiência <strong>com</strong>o um todo. Tentaria torná-la diverti<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

— Claro! — disse Judy. — Você poderia pedir para que<<strong>br</strong> />

Sininho lhe entrevistasse. Puxa, mas você já disse que os<<strong>br</strong> />

Superanfitriões é que fazem isso, não é mesmo?<<strong>br</strong> />

— Na ver<strong>da</strong>de, você está duplamente certa — disse Mort,<<strong>br</strong> />

sorrindo. — Eles é que digitam as informações, mas, de modo bem<<strong>br</strong> />

prático, Sininho é quem faz a entrevista. O programa de<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>putador usa Sininho e outros personagens <strong>Disney</strong> para<<strong>br</strong> />

animar o processo. Estão programados para entrevistar os


convi<strong>da</strong>dos, que, por sinal, gostam muito disso.<<strong>br</strong> />

Alan já estava imaginando <strong>com</strong>o poderia implementar essa<<strong>br</strong> />

idéia em sua empresa. Seu negócio não estava relacionado <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> tampouco <strong>com</strong> diversão, mas isso não implicaria não poder<<strong>br</strong> />

em pregar toques divertidos em suas técnicas de pesquisa. Muitos<<strong>br</strong> />

de seus funcionários tinham um animado senso de humor, que<<strong>br</strong> />

não era de surpreender em um grupo de programadores intensos,<<strong>br</strong> />

criativos e superinteligentes. Com certeza, essa criativi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

poderia ser posta em prática na revisão dos formulários de<<strong>br</strong> />

pesquisa <strong>da</strong> empresa.<<strong>br</strong> />

— Como pode ver — prosseguiu Mort —, o modo <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

pesquisa é feita é um exemplo de que tudo mostra entusiasmo.<<strong>br</strong> />

Não é apenas um detalhe que está ali para melhorar a experiência<<strong>br</strong> />

do convi<strong>da</strong>do; é a integração de temas <strong>Disney</strong> em todos os<<strong>br</strong> />

aspectos <strong>da</strong> experiência. Os convi<strong>da</strong>dos sabem que estão sendo<<strong>br</strong> />

entrevistados <strong>com</strong>o se Sininho formulasse as perguntas, mas, na<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>de, isso é um mero pano de fundo para que eles se<<strong>br</strong> />

concentrem para responder às nossas perguntas. Essa pesquisa<<strong>br</strong> />

exemplifica o quinto segredo para o sucesso <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

Assim, Mort deu a todos o quinto cartão contendo uma<<strong>br</strong> />

nova lição, que dizia:<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 5<<strong>br</strong> />

Múltiplos postos<<strong>br</strong> />

de escuta.<<strong>br</strong> />

Ele esperou enquanto ca<strong>da</strong> um lia o seu cartão. Quando


todos olharam novamente para ele, Mort prosseguiu:<<strong>br</strong> />

— Isto significa — disse — que fazer <strong>com</strong> que os<<strong>br</strong> />

Superanfitriões entrevistem os convi<strong>da</strong>dos é apenas uma <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

maneiras de que dispomos para saber <strong>com</strong>o estamos nos saindo.<<strong>br</strong> />

É muito importante, mas não é a única maneira. Se fosse, só<<strong>br</strong> />

estaríamos ouvindo uma fonte, por meio de um único veículo.<<strong>br</strong> />

Achamos que é crucial entrevistar os convi<strong>da</strong>dos, mas é<<strong>br</strong> />

igualmente importante usar outras ferramentas e son<strong>da</strong>r outras<<strong>br</strong> />

fontes de informação para saber so<strong>br</strong>e nosso desempenho.<<strong>br</strong> />

Algumas dessas ferramentas são formais, tal <strong>com</strong>o a pesquisa via<<strong>br</strong> />

laptop — e nesse instante deu uma olha<strong>da</strong> para Don. — E<<strong>br</strong> />

algumas, bastante informais.<<strong>br</strong> />

"Por exemplo: um restaurante pode ter 25 mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco trabalhando <strong>com</strong>o garçons em diversos turnos. É difícil<<strong>br</strong> />

reuni-los ao mesmo tempo para falar de melhorias no<<strong>br</strong> />

atendimento. São Em vez disso, todos os mem<strong>br</strong>os do elenco de<<strong>br</strong> />

um mesmo turno passam alguns minutos avaliando o dia em<<strong>br</strong> />

uma escala de zero a dez.<<strong>br</strong> />

"Pode ser que dêem um sete. Por que sete? O que deve<<strong>br</strong> />

ser mu<strong>da</strong>do para fazer nota um dez? Eles localizam os problemas<<strong>br</strong> />

e procuram solucioná-lo. Na reunião seguinte, ca<strong>da</strong> problema é<<strong>br</strong> />

analisado; todos avaliam se ocorreram melhorias e as reações dos<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos. 12<<strong>br</strong> />

"Bem, essas discussões podem fazer parte de um processo<<strong>br</strong> />

formal, mas normalmente são uma coisa que acontece, pura e<<strong>br</strong> />

simplesmente. Faz parte <strong>da</strong> cultura. É o modo <strong>com</strong>o as coisas<<strong>br</strong> />

12 “ As pesquisas são cruciais, mas é igualmente<<strong>br</strong> />

importante usar outras fontes que também lhe digam <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

você está se saindo. “


acontecem.<<strong>br</strong> />

"Outro exemplo: há muitos anos, a cúpula <strong>da</strong> empresa<<strong>br</strong> />

decidiu que o cardápio do restaurante <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> deveria ser<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>do; o antigo estava ultrapassado. Bem, a equipe de<<strong>br</strong> />

atendimento se reuniu c decidiu que o ponto de vista <strong>da</strong> cúpula<<strong>br</strong> />

estava errado. Assim, procuraram Dick Nunis e lhe disseram que<<strong>br</strong> />

o cardápio era muito bom.<<strong>br</strong> />

"Na ver<strong>da</strong>de, os convi<strong>da</strong>dos que <strong>com</strong>iam lá adoravam o<<strong>br</strong> />

cardápio. Só que os executivos haviam se cansado dele. Os<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os <strong>da</strong> equipe insistiram em afirmar que o cardápio deveria<<strong>br</strong> />

ser mantido, e foi o que aconteceu."<<strong>br</strong> />

— Isso também aconteceu em minha empresa — disse<<strong>br</strong> />

Alan. Tínhamos alguns materiais promocionais que estávamos<<strong>br</strong> />

utilizando há mais de um ano, e pensei que deveríamos modificá-<<strong>br</strong> />

los. Estava cansado deles. Até o pessoal de ven<strong>da</strong>s e de marketing<<strong>br</strong> />

achou que seria interessante inovar. Mas a ver<strong>da</strong>de é que tanto os<<strong>br</strong> />

representantes de ven<strong>da</strong>s <strong>com</strong>o nossos clientes adoravam aquele<<strong>br</strong> />

material. Funcionava.<<strong>br</strong> />

— Ao mesmo tempo, lem<strong>br</strong>o-me de diversas ocasiões em<<strong>br</strong> />

que nossa empresa se apegou por tempo demais a alguma coisa.<<strong>br</strong> />

Como você sabe quando deve mu<strong>da</strong>r e quando não deve? —<<strong>br</strong> />

perguntou Judy.<<strong>br</strong> />

Carmen respondeu:<<strong>br</strong> />

— Acho que o problema consiste em saber se a coisa em<<strong>br</strong> />

questão traz algum valor para o cliente.<<strong>br</strong> />

— Bem lem<strong>br</strong>ado — disse Mort. — Quando inauguramos o<<strong>br</strong> />

Epcot, por exemplo, você nunca via Mickey, Pateta ou Minnie por<<strong>br</strong> />

lá. Achávamos que os convi<strong>da</strong>dos pensariam que eles estavam fora<<strong>br</strong> />

de lugar. Na ver<strong>da</strong>de, era o contrário. Os convi<strong>da</strong>dos reclamaram<<strong>br</strong> />

por não encontrá-los ali. Assim, mu<strong>da</strong>mos a agen<strong>da</strong> de visitas, e


agora alguns personagens também visitam o Epcot.<<strong>br</strong> />

— Parece que alguns de seus múltiplos postos de escuta<<strong>br</strong> />

são apenas mem<strong>br</strong>os do elenco ouvindo diretamente os<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos — disse Bill.<<strong>br</strong> />

— No fundo, todos os nossos postos de escuta são mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

do elenco ouvindo os convi<strong>da</strong>dos, em vez de ouvirem uns aos<<strong>br</strong> />

outros ou a si mesmos. Os executivos que queriam mu<strong>da</strong>r o<<strong>br</strong> />

cardápio estavam se ouvindo; a equipe do restaurante estava<<strong>br</strong> />

ouvindo os convi<strong>da</strong>dos.<<strong>br</strong> />

— E agora, eis que se aproxima um de nossos melhores<<strong>br</strong> />

postos de escuta. Nicole, poderia vir até aqui e me aju<strong>da</strong>r a <strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

minha aula?<<strong>br</strong> />

Uma mulher sorridente se reuniu ao grupo. Mort a<<strong>br</strong> />

apresentou para a Gangue dos Cinco.<<strong>br</strong> />

— Nicole está aqui há 14 anos — disse. - Nicole, calávamos<<strong>br</strong> />

acabando de falar nas diferentes maneiras de que a <strong>Disney</strong> dispõe<<strong>br</strong> />

para ouvir seus convi<strong>da</strong>dos. Poderia <strong>da</strong>r-nos um exemplo pessoal?<<strong>br</strong> />

— Claro — respondeu. — Vamos ver... que tal este? Há<<strong>br</strong> />

vários anos, era gerente de alimentação e de bebi<strong>da</strong>s no hotel<<strong>br</strong> />

Polynesian. Era quatro de julho, uma noite muito agita<strong>da</strong>. Na<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>de, estava tão agita<strong>da</strong> que usamos um salão de banquetes<<strong>br</strong> />

normalmente reservado para convenções e o transformamos em<<strong>br</strong> />

um restaurante para aquela noite, e, mesmo assim, as pessoas<<strong>br</strong> />

tiveram de esperar até uma hora por uma mesa.<<strong>br</strong> />

"Estava casualmente em pé no saguão quando um homem<<strong>br</strong> />

foi perguntar à recepcionista quanto tempo levaria até sua mesa<<strong>br</strong> />

estar pronta. Trinta minutos, disse ela. Ele voltou ao lugar onde<<strong>br</strong> />

estava sua mulher, ambos em pé. Eu ia pela mesma direção.


Quando passei por eles, entreouvi as desculpas que ele pedia à<<strong>br</strong> />

mulher. Ao que pareceu, era o décimo aniversário de casamento e<<strong>br</strong> />

ele havia esquecido de fazer uma reserva.<<strong>br</strong> />

"Nesse momento, tinha duas opções. Continuar no meu<<strong>br</strong> />

caminho ou fazer alguma coisa a respeito <strong>da</strong> situação. Voltei à<<strong>br</strong> />

recepcionista e sugeri que ela desse ao casal a primeira mesa<<strong>br</strong> />

disponível, e que contássemos ao garçom que os atenderia que se<<strong>br</strong> />

tratava do décimo aniversário de casamento deles. Foi o que ela<<strong>br</strong> />

fez, e acabamos <strong>da</strong>ndo <strong>br</strong>ilho à sua visita."<<strong>br</strong> />

— É claro — disse Don. — Mas as pessoas que estavam à<<strong>br</strong> />

frente do casal não se irritaram?<<strong>br</strong> />

— Não, de fato não — disse Nicole. —Assim que o casal foi<<strong>br</strong> />

para a mesa, a recepcionista contou às outras pessoas o motivo<<strong>br</strong> />

para o casal ler recebido mesa antes dos demais. Todos ficaram<<strong>br</strong> />

contentes cm lazer parte do esquema. Lem<strong>br</strong>e-se, eu disse que a<<strong>br</strong> />

atitude positiva dos mem<strong>br</strong>os do elenco costuma passar para os<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos.<<strong>br</strong> />

— Pó mágico <strong>da</strong> Sininho — disse Judy.<<strong>br</strong> />

— Pó mágico <strong>da</strong> Sininho — riu-se Mort.<<strong>br</strong> />

— Isso é in<strong>com</strong>um? — perguntou Bill. Ou esse tipo de<<strong>br</strong> />

coisa acontece o tempo todo?<<strong>br</strong> />

— Acontece muito continuou — Nicole. Um mem<strong>br</strong>o do<<strong>br</strong> />

elenco, uma recepcionista, ofereceu-se para tirar uma foto de um<<strong>br</strong> />

casal. Eles disseram: "Puxa, será bárbaro, porque estamos em lua-<<strong>br</strong> />

de-mel!" Disseram ain<strong>da</strong> que estavam indo jantar no Café Chefs de<<strong>br</strong> />

France, no Epcot. Dito isso, ele procurou seu supervisor e lhe<<strong>br</strong> />

disse que era um casal simpático e que estavam em lua-de-mel e<<strong>br</strong> />

que ele gostaria de preparar algo especial para eles.<<strong>br</strong> />

"O supervisor disse: 'Claro, o que você julgar apropriado'.<<strong>br</strong> />

Bem, temos uma floricultura que dispõe de flores recém-colhi<strong>da</strong>s.


O mem<strong>br</strong>o do elenco foi até lá, pegou um belo maço de flores e o<<strong>br</strong> />

entregou ao casal no restaurante, cortesia de todo o elenco <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world. 13<<strong>br</strong> />

Se a recepcionista não tivesse sido tão prestativa — é aquilo<<strong>br</strong> />

a que chamamos de ser 'agressivamente gentil', de que Mort<<strong>br</strong> />

provavelmente já lhes falou —, não teria tido a oportuni<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

conversar <strong>com</strong> eles. E se não tivesse tido a oportuni<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

conversar <strong>com</strong> eles, não teria sido capaz de agir <strong>com</strong>o posto de<<strong>br</strong> />

escuta.<<strong>br</strong> />

"Isso acontece de muitas outras maneiras. Alguém de um<<strong>br</strong> />

hotel ouve falar em um aniversário e avisa o restaurante; um<<strong>br</strong> />

garçom fica sabendo de uma <strong>com</strong>emoração importante e<<strong>br</strong> />

providencia uma so<strong>br</strong>emesa especial. Os mem<strong>br</strong>os do elenco<<strong>br</strong> />

sabem que ca<strong>da</strong> um pode fazer algo para tornar especial uma<<strong>br</strong> />

visita.<<strong>br</strong> />

"Pensem nisso <strong>da</strong> seguinte forma", disse Nicole. "Temos uns<<strong>br</strong> />

45 mil mem<strong>br</strong>os no elenco. Isso nos dá 90 mil ouvidos. Pensem<<strong>br</strong> />

nessa coleção de ouvidos <strong>com</strong>o um gigantesco posto de escuta<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> vi<strong>da</strong> própria, sem mesmo contarmos todos os outros modos<<strong>br</strong> />

pelos quais podemos — e o fazemos — ouvir os convi<strong>da</strong>dos."<<strong>br</strong> />

— Assim, na ver<strong>da</strong>de, duas são as maneiras pelas quais os<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco podem agir <strong>com</strong>o postos de escuta — disse<<strong>br</strong> />

Alan. — Formalmente, <strong>com</strong>o em pesquisas para a coleta de <strong>da</strong>dos<<strong>br</strong> />

a respeito <strong>da</strong> satisfação dos convi<strong>da</strong>dos, e informalmente, que li<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> alguma coisa em <strong>da</strong>do momento.<<strong>br</strong> />

— Bem, há muitas outras maneiras além dessas duas —<<strong>br</strong> />

disse Nicole. — Algumas são muito simples, mas muito poderosas<<strong>br</strong> />

na melhoria <strong>da</strong> satisfação dos convi<strong>da</strong>dos.<<strong>br</strong> />

13 “Os postos de escuta são a empresa ouvindo os clientes em z<<strong>br</strong> />

de ouvirem uns aos outros ou eles próprios.”


Digamos, por exemplo, que alguém vai <strong>com</strong>prar pipocas e<<strong>br</strong> />

pede um mapa ao mem<strong>br</strong>o do elenco, mas não há nenhum<<strong>br</strong> />

disponível. Ninguém pensou em fazer um estoque. O mem<strong>br</strong>o do<<strong>br</strong> />

elenco anota o pedido. To<strong>da</strong> vez em que isso ocorrer novamente, o<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>o do elenco registra o fato em um bloco. Caso aconteça<<strong>br</strong> />

mais do que uma vez, provavelmente haverá mapas no carrinho de<<strong>br</strong> />

pipocas ou perto dele, pois os <strong>da</strong>dos provam que os convi<strong>da</strong>dos<<strong>br</strong> />

precisam de mapas naquela área específica.<<strong>br</strong> />

"Às vezes, as melhores ferramentas são as mais simples.<<strong>br</strong> />

Quer dizer, usamos grupos de foco e outras ferramentas de<<strong>br</strong> />

marketing <strong>com</strong>o qualquer empresa, mas se deixarmos de' lado as<<strong>br</strong> />

informações dos mem<strong>br</strong>os do elenco, estaremos menosprezando<<strong>br</strong> />

aquela que é, provavelmente, a mais valiosa fonte de informações<<strong>br</strong> />

de que dispomos: pessoas que têm centenas de milhares de<<strong>br</strong> />

contatos <strong>com</strong> nossos convi<strong>da</strong>dos todos os dias. E é isso de que<<strong>br</strong> />

trata a <strong>Disney</strong>, convi<strong>da</strong>dos.<<strong>br</strong> />

"Era isso, Mort?"<<strong>br</strong> />

— O<strong>br</strong>igado, Nicole — disse Mort. — Sua aju<strong>da</strong> foi muito<<strong>br</strong> />

valiosa. Agora eles sabem que não estou inventando tudo isso.<<strong>br</strong> />

Carmen pensou naquilo que Nicole acabara de lhes contar.<<strong>br</strong> />

Sua empresa fazia pesquisas so<strong>br</strong>e a satisfação de clientes,<<strong>br</strong> />

formava grupos de foco e discussões individuais <strong>com</strong> clientes, mas<<strong>br</strong> />

ninguém na empresa tinha a habili<strong>da</strong>de que os mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> mostravam para agir. A idéia de totalizar pedidos<<strong>br</strong> />

era interessante; sua empresa tinha um sistema que lhes<<strong>br</strong> />

informava quando algum cliente pedia algo que estava<<strong>br</strong> />

temporariamente esgotado mas na<strong>da</strong> que indicasse quando os


clientes pediam algum produto fora <strong>da</strong> linha <strong>da</strong> empresa. Carmen<<strong>br</strong> />

anotou a idéia em seu bloco de anotações.<<strong>br</strong> />

Ela ouviu Mort e Bill rindo. Quando olhou na direção deles,<<strong>br</strong> />

viu Judy sorrindo, segurando um par de orelhas grandes,<<strong>br</strong> />

redon<strong>da</strong>s e pretas so<strong>br</strong>e sua cabeça.<<strong>br</strong> />

— Gostou do meu novo chapéu? — perguntou Judy.<<strong>br</strong> />

— Onde você conseguiu isso? — perguntou Bill.<<strong>br</strong> />

— Estava em minha bolsa desde que cheguei. Dá para<<strong>br</strong> />

notar: tem a marca dos dentes <strong>da</strong> minha filha. Recebi pelo correio<<strong>br</strong> />

algumas semanas depois de minha segun<strong>da</strong> visita. Está vendo?<<strong>br</strong> />

Tem um pequeno questionário no lado de trás. Decidi manter as<<strong>br</strong> />

orelhas, e por isso fiz uma cópia do questionário, respondi e<<strong>br</strong> />

mandei para eles. Não é o questionário mais criativo que você já<<strong>br</strong> />

viu? E também é um bom exemplo <strong>da</strong> multiplici<strong>da</strong>de de postos<<strong>br</strong> />

de escuta.<<strong>br</strong> />

Alan teve um insight repentino. Sua empresa tinha acabado<<strong>br</strong> />

de lançar um pacote de softwares para <strong>com</strong>putador e estava<<strong>br</strong> />

man<strong>da</strong>ndo um questionário para ca<strong>da</strong> <strong>com</strong>prador. 14<<strong>br</strong> />

Mas os índices de retorno eram baixos, tornando os <strong>da</strong>dos<<strong>br</strong> />

virtualmente inúteis. O que aconteceria, pensou, se incluíssemos o<<strong>br</strong> />

questionário em um dos programas de impressora — uma página<<strong>br</strong> />

de testes, por exemplo ? Ou se fizéssemos o questionário no formato<<strong>br</strong> />

de um disquete? Será que essas idéias aumentariam o índice de<<strong>br</strong> />

retorno? Ele escreveu um lem<strong>br</strong>ete para checar aquelas<<strong>br</strong> />

possibili<strong>da</strong>des.<<strong>br</strong> />

— Enquanto vocês estão fazendo suas anotações — disse<<strong>br</strong> />

Mort —, deixem-me resumir os benefícios de se ter múltiplos<<strong>br</strong> />

postos de escuta.<<strong>br</strong> />

14 “ Se deixamos de lado as informações coleta<strong>da</strong>s pelos<<strong>br</strong> />

funcionários, estaremos menosprezando a fonte de<<strong>br</strong> />

informação mais valiosa de que dispomos.“


Alguns postos de escuta possibilitam ações imediatas a<<strong>br</strong> />

partir de uma informação: bolos de aniversário preparados pelas<<strong>br</strong> />

arrumadeiras, uma refeição especial, flores para um casal em lua-<<strong>br</strong> />

de-mel. Um mem<strong>br</strong>o do elenco ouve alguma coisa e age. Se houve<<strong>br</strong> />

um problema, se não correspondemos às expectativas de um<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>do, então tentamos chegar à causa desse problema para<<strong>br</strong> />

garantir que ele não tornará a ocorrer.<<strong>br</strong> />

"Outros postos de escuta registram as necessi<strong>da</strong>des dos<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos e seus índices de satisfação — as anotações e<<strong>br</strong> />

totalizações dos mem<strong>br</strong>os do elenco, questionários pós-visita,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o que Judy recebeu, e os Superanfitriões <strong>com</strong> seus laptops<<strong>br</strong> />

são bons exemplos. Há outros que não mencionamos. A pesquisa<<strong>br</strong> />

telefônica é um tipo de posto de escuta mais formal. Pelo telefone,<<strong>br</strong> />

podemos desco<strong>br</strong>ir coisas que a escrita não permite — o tom de<<strong>br</strong> />

uma voz diz muito, e você pode ir atrás de outras informações.<<strong>br</strong> />

"Outro exemplo diz respeito a mem<strong>br</strong>os do elenco que são<<strong>br</strong> />

supervisores. Uma de suas responsabili<strong>da</strong>des profissionais<<strong>br</strong> />

consiste em caminhar por aí e conversar <strong>com</strong> os convi<strong>da</strong>dos.<<strong>br</strong> />

Enquanto estão conversando, também estão fazendo perguntas<<strong>br</strong> />

para saber <strong>com</strong>o estão indo as coisas — tomando a temperatura,<<strong>br</strong> />

por assim dizer.<<strong>br</strong> />

"Não há uma fonte única que possa nos oferecer tudo<<strong>br</strong> />

aquilo de que necessitamos. Ca<strong>da</strong> posto de escuta proporciona<<strong>br</strong> />

uma visão levemente diferente <strong>da</strong>s coisas. E <strong>com</strong>o a história dos<<strong>br</strong> />

sete sábios cegos <strong>com</strong> o elefante: para um, o elefante é uma cor<strong>da</strong>;<<strong>br</strong> />

para outro, uma árvore. Quando usamos múltiplos postos de<<strong>br</strong> />

escuta, obtemos uma visão equili<strong>br</strong>a<strong>da</strong> <strong>da</strong>s diferentes formas<<strong>br</strong> />

pelas quais nossos convi<strong>da</strong>dos vivenciam a <strong>Disney</strong>world, e<<strong>br</strong> />

obtemos detalhes graças a esses pontos de vista específicos."


Carmen estava se perguntando se a <strong>Disney</strong>world recebia<<strong>br</strong> />

correspondência dos convi<strong>da</strong>dos, satisfeitos ou não.<<strong>br</strong> />

- Visitei o parque <strong>com</strong> minha família há alguns anos —<<strong>br</strong> />

disse ao grupo —, e um mem<strong>br</strong>o do elenco saiu de seu posto para<<strong>br</strong> />

nos aju<strong>da</strong>r. Escrevi uma carta à <strong>Disney</strong>world descrevendo o que<<strong>br</strong> />

ela fez. Essa carta seria um exemplo de posto de escuta, Mort?<<strong>br</strong> />

— Sem dúvi<strong>da</strong>. As cartas são uma janela para o modo <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

os mem<strong>br</strong>os do elenco tratam os convi<strong>da</strong>dos. Nesse sentido, sua<<strong>br</strong> />

carta fez parte de um posto de escuta. Foi a observação de um<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>do acerca de um incidente envolvendo um mem<strong>br</strong>o do<<strong>br</strong> />

elenco.<<strong>br</strong> />

"Será que o fato de ter sido um convi<strong>da</strong>do, um incidente e<<strong>br</strong> />

um mem<strong>br</strong>o do elenco significa que a carta não foi importante?<<strong>br</strong> />

Pelo contrário. Ca<strong>da</strong> convi<strong>da</strong>do é importante, e cartas <strong>com</strong>o a sua<<strong>br</strong> />

demonstram a importância de ca<strong>da</strong> interação <strong>com</strong> os convi<strong>da</strong>dos."


8<<strong>br</strong> />

Mantendo a magia em ação<<strong>br</strong> />

Dia 2, 15h30 às 16h30<<strong>br</strong> />

— Com certeza, sua carta foi parar em um departamento<<strong>br</strong> />

chamado Guest Letters (correspondências dos convi<strong>da</strong>dos) —<<strong>br</strong> />

prosseguiu Mort. — Depois, chegou às mãos do supervisor<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>quele mem<strong>br</strong>o do elenco, que provavelmente a mostrou aos<<strong>br</strong> />

demais mem<strong>br</strong>os. Isso não foi muito mais do que uma gentileza.<<strong>br</strong> />

Foi um bom exemplo para os demais. É assim que se trata um<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>do!<<strong>br</strong> />

"O fato de sua carta ter sido li<strong>da</strong> e <strong>com</strong>partilha<strong>da</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco e supervisores é um exemplo do uso eficiente<<strong>br</strong> />

de um posto de escuta, naturalmente. Mas o modo <strong>com</strong>o sua carta<<strong>br</strong> />

elogiosa foi trata<strong>da</strong> e usa<strong>da</strong> é um outro segredo para o sucesso <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> e uma maneira de demonstrar a sexta lição."<<strong>br</strong> />

Ele deu um novo cartão para ca<strong>da</strong> um, que dizia:<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 6<<strong>br</strong> />

Re<strong>com</strong>pensa,<<strong>br</strong> />

reconhecimento e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>emoração


— Quando recebemos cartas <strong>com</strong>o a sua, temos uma<<strong>br</strong> />

grande oportuni<strong>da</strong>de para mostrar reconhecimento e <strong>com</strong>emorar.<<strong>br</strong> />

Acho melhor exemplificar esse assunto. Carmen, qual era o nome<<strong>br</strong> />

do mem<strong>br</strong>o do elenco?<<strong>br</strong> />

Carmen.<<strong>br</strong> />

— Nunca me esquecerei. Seu nome era Murphy — disse<<strong>br</strong> />

— Muito bem — prosseguiu Mort. — Alguma vez você<<strong>br</strong> />

sentiu a necessi<strong>da</strong>de de se tornar uma atriz? Não? Não faz mal,<<strong>br</strong> />

você vai ficar ótima se <strong>com</strong>para<strong>da</strong> <strong>com</strong>igo. Vamos representar<<strong>br</strong> />

papéis. Vou <strong>da</strong>r uma idéia de <strong>com</strong>o teria sido essa situação.<<strong>br</strong> />

Carmen sorriu e sentou-se perto de Mort.<<strong>br</strong> />

— Seremos o mesmo personagem — disse Mort. — O<<strong>br</strong> />

supervisor de Murphy. Tudo o que tem a fazer é repetir aquilo que<<strong>br</strong> />

você disse em sua carta. Certo?<<strong>br</strong> />

Carmen sorriu: — Não me lem<strong>br</strong>o <strong>da</strong>s palavras exatas, mas'<<strong>br</strong> />

posso chegar perto.<<strong>br</strong> />

Ótimo — disse Mort. — Alan, fique a meu lado <strong>com</strong> o Oscar,<<strong>br</strong> />

por favor. Judy, prepare o aviso de aplausos. Bem, primeiro temos<<strong>br</strong> />

o supervisor diante de um grupo de mem<strong>br</strong>os do elenco. Ele diz:<<strong>br</strong> />

"Recebemos uma carta de uma família que veio de Nova York para<<strong>br</strong> />

nos visitar. Murphy transformou uma pequena dificul<strong>da</strong>de em<<strong>br</strong> />

algo ver<strong>da</strong>deiramente mágico para eles, e a mãe nos mandou esta<<strong>br</strong> />

carta, que gostaria de repartir <strong>com</strong> vocês".<<strong>br</strong> />

Dito isso, Mort ficou segurando uma carta imaginária e fez<<strong>br</strong> />

um sinal para Carmen, que disse:<<strong>br</strong> />

Cara <strong>Disney</strong>:<<strong>br</strong> />

Recentemente, minha família desfrutou de férias magníficas no<<strong>br</strong> />

Magic Kingdom. Mas um acontecimento tornou nossa visita realmente<<strong>br</strong> />

mágica.


Chegamos no <strong>com</strong>eço <strong>da</strong> fila <strong>da</strong> Space Mountain, e só lá fomos<<strong>br</strong> />

informados de que nossa filhinha Gloria não podia tomar sorvete no<<strong>br</strong> />

passeio. Certo, devíamos ter imaginado isso desde o início, mas era tão<<strong>br</strong> />

grande a excitação por estarmos lá que sequer pensávamos.<<strong>br</strong> />

Glória pôs-se a chorar e ficamos sem saber <strong>com</strong>o agir. Foi então<<strong>br</strong> />

que um dos mem<strong>br</strong>os do elenco — Murphy — chegou, se agachou e<<strong>br</strong> />

disse à Gloria que ela iria tomar conta de seu sorvete, devolvendo-o<<strong>br</strong> />

quando acabasse o passeio. Gloria disse: "Promete?" Então, deu a<<strong>br</strong> />

Murphy o sorvete e divertiu-se no passeio.<<strong>br</strong> />

Na saí<strong>da</strong>, a nova amiga de Gloria estava lá <strong>com</strong> um sorvete.<<strong>br</strong> />

Sabemos muito bem o que aconteceu, pois um sorvete não dura 20<<strong>br</strong> />

minutos em uma tarde de verão na Flóri<strong>da</strong>. Murphy sabia o horário de<<strong>br</strong> />

nossa saí<strong>da</strong>, foi até o carrinho mais próximo e <strong>com</strong>prou outro sorvete<<strong>br</strong> />

30 segundos antes de caminharmos pela saí<strong>da</strong>. Gloria disse:<<strong>br</strong> />

"O<strong>br</strong>iga<strong>da</strong>", mas creio que, <strong>com</strong>o to<strong>da</strong> criança, imaginou que fosse a<<strong>br</strong> />

mesma casquinha de sorvete.<<strong>br</strong> />

Sabemos que ela saiu <strong>da</strong> rotina para tornar especial a nossa<<strong>br</strong> />

visita. Muito o<strong>br</strong>iga<strong>da</strong> por ter feito algo acima e além do normal!<<strong>br</strong> />

Sua fã,<<strong>br</strong> />

Carmen Rivera<<strong>br</strong> />

Ain<strong>da</strong> no papel de supervisor, Mort abaixou a sua cópia <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

carta fictícia e dirigiu-se ao grupo <strong>com</strong>o se fossem todos mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

do elenco:<<strong>br</strong> />

— Este é um grande exemplo de um excepcional serviço<<strong>br</strong> />

prestado aos convi<strong>da</strong>dos. Murphy notou o problema e teve uma<<strong>br</strong> />

solução criativa. Pessoas <strong>com</strong>o Carmen economizam durante<<strong>br</strong> />

vários meses para visitar a <strong>Disney</strong> <strong>com</strong> suas famílias, e ca<strong>da</strong> um<<strong>br</strong> />

de nós tem um papel importante: tornar essa visita<<strong>br</strong> />

uma»experiência mágica. Quero agradecer Murphy por isso.


Mort deixou de desempenhar o papel de supervisor.<<strong>br</strong> />

— Depois, o supervisor afixaria aquela carta no quadro de<<strong>br</strong> />

avisos para que os mem<strong>br</strong>os do elenco pudessem ver exatamente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um de seus colegas tornou a visita de uma família de<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos agradável.<<strong>br</strong> />

— Isso seria re<strong>com</strong>pensa, reconhecimento ou<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>emoração? — perguntou Bill.<<strong>br</strong> />

— Nesse caso, uma <strong>com</strong>binação de reconhecimento e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>emoração — disse Mort. — Principalmente reconhecimento. O<<strong>br</strong> />

reconhecimento diz respeito a agradecer, a mostrar que se está<<strong>br</strong> />

consciente do fato de que alguém fez algo especial. Com certeza,<<strong>br</strong> />

Murphy fez algo especial naquela situação, e por isso foi<<strong>br</strong> />

reconheci<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

"O desejo de ser querido é um dos anseios humanos mais<<strong>br</strong> />

profundos. E Murphy satisfez à risca essa necessi<strong>da</strong>de. O<<strong>br</strong> />

reconhecimento adicional diante de outros mem<strong>br</strong>os do elenco<<strong>br</strong> />

também mostrou que temos consciência do papel valioso de<<strong>br</strong> />

Murphy dentro <strong>da</strong> equipe. Muitas empresas procuram mostrar<<strong>br</strong> />

reconhecimento pelas pessoas, mas poucas fazem disso parte de<<strong>br</strong> />

um sistema— o único modo de garantir que isso acontecerá."<<strong>br</strong> />

Carmen estava tentando reverter tudo isso a seu favor.<<strong>br</strong> />

— Minha empresa tem diversos prêmios para o<<strong>br</strong> />

departamento de ven<strong>da</strong>s — Clube <strong>da</strong> Presidência, Clube <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

Diretoria, coisas assim. Ain<strong>da</strong> não introduziu nenhum tipo de<<strong>br</strong> />

premiação para funcionários que não trabalham em ven<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

Quanto mais penso nisso, concluo que também deveríamos fazer<<strong>br</strong> />

algo pelos outros.<<strong>br</strong> />

— Tem razão — disse Mort. — Vou lhes contar mais a


espeito <strong>da</strong>s coisas que acontecem por aqui, e depois veremos o<<strong>br</strong> />

que você acha.<<strong>br</strong> />

"Uma <strong>da</strong>s ferramentas que utilizamos é o cartão Guest<<strong>br</strong> />

Service Fanatic (Fanático pelo Serviço ao Convi<strong>da</strong>do), que contém<<strong>br</strong> />

a seguinte mensagem: 'Você foi reconhecido <strong>com</strong>o um Fanático<<strong>br</strong> />

pelo Serviço ao Convi<strong>da</strong>do por (________)'. Os gerentes an<strong>da</strong>m por<<strong>br</strong> />

aí <strong>com</strong> esses cartões, entregando-os a outros mem<strong>br</strong>os do elenco e<<strong>br</strong> />

agradecendo por suas boas ações. Eles também depositam esses<<strong>br</strong> />

cartões em uma caixa. No final de ca<strong>da</strong> mês há um sorteio, e cinco<<strong>br</strong> />

ou seis mem<strong>br</strong>os cujas boas ações lhes deram chances de<<strong>br</strong> />

disputar — quanto mais boas ações, maiores as chances —<<strong>br</strong> />

ganham prêmios. Esse sorteio é um grande evento <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

cerimônia especial, e fogos de artifício e <strong>da</strong>nçarinos. Mickey ou o<<strong>br</strong> />

vice-presidente do parque é quem sorteia os nomes."<<strong>br</strong> />

— Quais são os critérios usados para a distribuição desses<<strong>br</strong> />

cartões? — perguntou Bill.<<strong>br</strong> />

— Depende do grau de responsabili<strong>da</strong>de e do princípio que<<strong>br</strong> />

está sendo observado. São muitas áreas diferentes, mas vamos<<strong>br</strong> />

analisar duas de que já falamos: serviços e trabalho em equipe.<<strong>br</strong> />

"Falaremos primeiramente de serviços. Há cinco padrões."<<strong>br</strong> />

Ele ergueu um dedo.<<strong>br</strong> />

— Primeiro padrão: estabelecer contatos diretos e sorrir.<<strong>br</strong> />

Depois ele ergueu dois dedos.<<strong>br</strong> />

— Segundo padrão: supere as expectativas dos convi<strong>da</strong>dos<<strong>br</strong> />

e busque contato <strong>com</strong> eles.<<strong>br</strong> />

"Terceiro: faça <strong>com</strong> que a quali<strong>da</strong>de de seus serviços seja<<strong>br</strong> />

sempre excelente. Quarto: dê as boas vin<strong>da</strong>s a todo c qualquer<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>do. Quinto: mantenha um padrão pessoal de quali<strong>da</strong>de em<<strong>br</strong> />

seu trabalho."<<strong>br</strong> />

Nesse momento, seus cinco dedos estavam erguidos. Ele


abaixou a mão e <strong>com</strong>eçou novamente.<<strong>br</strong> />

— Há quatro parâmetros para o trabalho em equipe.<<strong>br</strong> />

"Primeiro: supere o mero cumprimento do dever. Segundo:<<strong>br</strong> />

demonstre forte iniciativa de equipe. Terceiro: <strong>com</strong>unique-se<<strong>br</strong> />

agressivamente <strong>com</strong> os convi<strong>da</strong>dos e <strong>com</strong> os demais mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco. Quarto: preserve a experiência mágica do convi<strong>da</strong>do."<<strong>br</strong> />

— Parece-me uma lista bem explícita de parâmetros —<<strong>br</strong> />

disse Bill. — Será que isso de manter contatos diretos e sorrir não<<strong>br</strong> />

leva a <strong>com</strong>portamentos automáticos?<<strong>br</strong> />

— Em teoria, sim — disse Mort —, e provavelmente todos já<<strong>br</strong> />

passamos por isso. Mas você deve mentalizar certas coisas. Antes<<strong>br</strong> />

de mais na<strong>da</strong>, não é uma lista de regras, e sim de parâmetros que<<strong>br</strong> />

cercam nossos padrões de serviço. Fornece uma ferramenta e um<<strong>br</strong> />

impulso à gerência para mostrar reconhecimento pelos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamentos que, <strong>com</strong>o sabemos, aju<strong>da</strong>m a tornar essa<<strong>br</strong> />

experiência mágica.<<strong>br</strong> />

"Mais importante ain<strong>da</strong> é o fato de esses parâmetros não<<strong>br</strong> />

agirem no vazio. Ca<strong>da</strong> supervisor do parque mol<strong>da</strong> esses<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamentos. Ca<strong>da</strong> mem<strong>br</strong>o do elenco passou pelo curso<<strong>br</strong> />

Tradições. Ca<strong>da</strong> mem<strong>br</strong>o do elenco sabe <strong>com</strong>o é manti<strong>da</strong> a tinta<<strong>br</strong> />

doura<strong>da</strong> do carrossel.<<strong>br</strong> />

"Outra empresa poderia vir "aqui e copiar esses parâmetros<<strong>br</strong> />

palavra por palavra — e iria se <strong>da</strong>r mal, pois o resto não estaria no<<strong>br</strong> />

lugar."<<strong>br</strong> />

Bill concordou. Lem<strong>br</strong>ou-se de to<strong>da</strong>s as tentativas isola<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

feitas por seu banco para aumentar a fideli<strong>da</strong>de dos clientes. Os<<strong>br</strong> />

resultados nunca duravam muito. Talvez isso se devesse ao fato<<strong>br</strong> />

de nunca terem procurado embutir isso no sistema.


— Ain<strong>da</strong> não sei se entendi do que estamos falando — disse<<strong>br</strong> />

Carmen. — É re<strong>com</strong>pensa, reconhecimento ou <strong>com</strong>emoração?<<strong>br</strong> />

— Sim, sim e sim! — disse Mort, sorrindo. — Sim, é<<strong>br</strong> />

re<strong>com</strong>pensa porque as pessoas podem ganhar aparelhos de TV,<<strong>br</strong> />

conjuntos <strong>da</strong> Pocahontas coisas assim. Sim, é reconhecimento<<strong>br</strong> />

porque os cartões identificam mem<strong>br</strong>os do elenco e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamentos dignos de nota. E, sim, é uma cerimônia de<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>emoração, <strong>com</strong> fogos de artifício, <strong>da</strong>nçarinos e tudo o mais.<<strong>br</strong> />

Essas coisas não se excluem mutuamente.<<strong>br</strong> />

— Parece muito legal — disse Judy.<<strong>br</strong> />

— Mas você acha justo que a gerência dê todos os cartões<<strong>br</strong> />

de reconhecimento? — perguntou Bill.<<strong>br</strong> />

— Claro que não — disse Mort. — Mas talvez seja por isso<<strong>br</strong> />

que existe outra forma de reconhecimento, esta demonstra<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

pelos outros mem<strong>br</strong>os do elenco. Chama-se Spirit of <strong>Disney</strong> Award<<strong>br</strong> />

(Prêmio Espírito <strong>Disney</strong>). Um outro mem<strong>br</strong>o do elenco o indica<<strong>br</strong> />

para o prêmio. Você ganha um crachá de prata por isso.<<strong>br</strong> />

— Ah, gostei disso! — disse Judy.<<strong>br</strong> />

— Vou <strong>da</strong>r um exemplo — disse Mort. — Conheço um<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>o do elenco que viu uma mulher senta<strong>da</strong> em um banco,<<strong>br</strong> />

sozinha na chuva, e foi falar <strong>com</strong> ela. A mulher disse que tinha<<strong>br</strong> />

acabado de torcer o tornozelo e não podia an<strong>da</strong>r. O mem<strong>br</strong>o do<<strong>br</strong> />

elenco — seu nome era Dot — conseguiu um guar<strong>da</strong>-chuva para<<strong>br</strong> />

ela e depois uma cadeira de ro<strong>da</strong>s para que ela pudesse sair <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

chuva. Dot chamou uma enfermeira e depois pediu que alguém<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhasse a convi<strong>da</strong><strong>da</strong> a seu hotel.<<strong>br</strong> />

"Mais tarde, nesse mesmo dia, outro mem<strong>br</strong>o do elenco,<<strong>br</strong> />

que presenciou to<strong>da</strong> a história, indicou Dot para um Prêmio<<strong>br</strong> />

Espírito <strong>Disney</strong>."<<strong>br</strong> />

Alan pensou no tipo de reconhecimento que as pessoas


ecebiam em sua empresa. Na maioria <strong>da</strong>s vezes, era uma<<strong>br</strong> />

repreensão — não o tipo de reconhecimento que as pessoas<<strong>br</strong> />

buscam.<<strong>br</strong> />

— O feedback aqui é sempre positivo? — perguntou.<<strong>br</strong> />

— Nem sempre — disse Mort. — Depois <strong>da</strong> para<strong>da</strong>, os<<strong>br</strong> />

supervisores afixam avisos no quadro. Se um mem<strong>br</strong>o do elenco<<strong>br</strong> />

se saiu bem, sorrindo, <strong>da</strong>nçando e animando os convi<strong>da</strong>dos, o<<strong>br</strong> />

aviso diz alguma coisa <strong>com</strong>o: "Bom trabalho, Tony. E assim que se<<strong>br</strong> />

faz!" Por outro lado, se um mem<strong>br</strong>o do elenco faz um trabalho<<strong>br</strong> />

abaixo do padrão, isso também fica registrado. Se o desempenho<<strong>br</strong> />

foi normal, não se divulga um aviso.<<strong>br</strong> />

— Eles procuram oferecer mais feedback positivo do que<<strong>br</strong> />

negativo? — perguntou Judy.<<strong>br</strong> />

— Não é algo forçado, simplesmente acaba sendo assim. A<<strong>br</strong> />

maioria dos mem<strong>br</strong>os do elenco acerta mais do que erra. A <strong>Disney</strong><<strong>br</strong> />

apenas reflete aquilo que está acontecendo.<<strong>br</strong> />

Mort silenciou por um instante. Depois, prosseguiu.<<strong>br</strong> />

— Tenho a oportuni<strong>da</strong>de de conhecer os bastidores de<<strong>br</strong> />

muitas outras empresas além <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> e, <strong>com</strong>o forasteiro em<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s elas, tenho uma boa idéia <strong>da</strong>quilo que realmente acontece.<<strong>br</strong> />

Muitas empresas, mas nem to<strong>da</strong>s, passam mais tempo apontando<<strong>br</strong> />

para os erros do que para as realizações, mesmo quando os<<strong>br</strong> />

funcionários acertam mais do que erram. Um índice de feedback<<strong>br</strong> />

de um positivo para três negativos não aju<strong>da</strong> muito o moral.<<strong>br</strong> />

"Por outro lado, um índice de três positivos para um<<strong>br</strong> />

negativo aju<strong>da</strong> a manter elevados a motivação e o espírito de<<strong>br</strong> />

equipe. Em meu entender, esse é um motivo pelo qual o Prêmio<<strong>br</strong> />

Espírito <strong>Disney</strong> funciona tão bem — estimula o trabalho de equipe


e aju<strong>da</strong> a manter o índice de três positivos para um negativo. Se<<strong>br</strong> />

um mem<strong>br</strong>o do elenco aju<strong>da</strong> outro, o segundo pode indicar aquele<<strong>br</strong> />

para receber um Prêmio Espírito <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

"Pense no que acontece em suas empresas. Sua<<strong>br</strong> />

contabili<strong>da</strong>de acertou cem vezes, e errou na centésima-primeira<<strong>br</strong> />

vez. De qual vão ouvir falar?"<<strong>br</strong> />

— Obviamente, do erro — disse Carmen. — Mas não<<strong>br</strong> />

ouvem na<strong>da</strong> so<strong>br</strong>e as outras cem.<<strong>br</strong> />

— Nesses casos, o que acontece?<<strong>br</strong> />

— Na<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

— E exatamente aonde eu queria chegar — disse Mort. —<<strong>br</strong> />

Ouvem berros quando erram, mas na<strong>da</strong> acontece quando<<strong>br</strong> />

acertam. Os psicólogos expressam o que acontece quando não há<<strong>br</strong> />

feedback, dizendo: extinção. Reforço é o feedback positivo. Punição<<strong>br</strong> />

é o negativo. Extinção é a ausência de feedback. Infelizmente, a<<strong>br</strong> />

falta de feedback é a reação mais <strong>com</strong>um a bons desempenhos.<<strong>br</strong> />

"A maioria <strong>da</strong>s empresas tem consciência <strong>da</strong> importância<<strong>br</strong> />

do feedback positivo, mas não são tão bem-sucedi<strong>da</strong>s quanto<<strong>br</strong> />

poderiam. Talvez por não <strong>com</strong>preenderem o impacto <strong>da</strong> diferença<<strong>br</strong> />

entre os três tipos de feedback. Digamos que você se distraiu e<<strong>br</strong> />

esmagou o canteiro de flores do vizinho <strong>com</strong> o seu carro. O vizinho<<strong>br</strong> />

sai de casa e grita <strong>com</strong> você. Que tipo de feedback é esse?"<<strong>br</strong> />

— Negativo — disse Alan.<<strong>br</strong> />

— Certo. E você espera algo assim, não é mesmo? Agora,<<strong>br</strong> />

esqueça o canteiro. Você não passou em cima dele, e está tudo<<strong>br</strong> />

bem. Suponha, em vez disso, que você fique sabendo que seu<<strong>br</strong> />

vizinho está doente, e resolva aparar o gramado <strong>da</strong> casa dele sem<<strong>br</strong> />

que ninguém lhe peça. Mais tarde, o vizinho vai até a sua casa<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> um grande bolo de chocolate e agradece a sua aju<strong>da</strong>. O que é<<strong>br</strong> />

isso?


uníssono.<<strong>br</strong> />

— Reforço! — disseram Alan, Carmen e Judy em<<strong>br</strong> />

— Exatamente. E todos preferem um feedback positivo.<<strong>br</strong> />

Bem, suponha que você apare a grama desse vizinho que está<<strong>br</strong> />

doente, e na<strong>da</strong> aconteça. Uma semana depois, você a apara<<strong>br</strong> />

novamente. Outra vez, na<strong>da</strong> acontece. Você vê o seu vizinho<<strong>br</strong> />

entrando no carro para ir trabalhar. Ele acena distraído enquanto<<strong>br</strong> />

passa diante de você. Como você se sente?<<strong>br</strong> />

— Péssimo! — disse Alan.<<strong>br</strong> />

— Extinto — disse Bill. Judy e Mort riram.<<strong>br</strong> />

— Então, vocês entenderam o que quis dizer — disse Mort.<<strong>br</strong> />

"A maioria <strong>da</strong>s pessoas <strong>com</strong>preende o feedback positivo,<<strong>br</strong> />

mesmo que não o pratique o suficiente. E a maioria <strong>da</strong>s pessoas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preende o impacto negativo de um feedback negativo. Mas a<<strong>br</strong> />

maioria <strong>da</strong>s pessoas não consegue entender a terrível sensação<<strong>br</strong> />

deixa<strong>da</strong> pela ausência de feedback. Extinção — a ausência de<<strong>br</strong> />

feedback — faz <strong>com</strong> que as pessoas deixem de lado seu<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>prometimento.<<strong>br</strong> />

"Não receber feedback pode ser tão devastador quanto um<<strong>br</strong> />

feedback negativo. To<strong>da</strong> vez que você vê um funcionário ou sócio<<strong>br</strong> />

executando alguma tarefa relaciona<strong>da</strong> ao trabalho em equipe,<<strong>br</strong> />

mostrando entusiasmo, atento aos detalhes, ouvindo a opinião<<strong>br</strong> />

dos clientes ou qualquer coisa que ajude a seus clientes e a fazer<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que voltem sempre, e você não reconhece aqueles<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamentos, muito provavelmente essa pessoa irá se sentir<<strong>br</strong> />

do jeito que você se sentiria se o seu vizinho não agradecesse a<<strong>br</strong> />

sua aju<strong>da</strong>. 15<<strong>br</strong> />

15 “ A maioria <strong>da</strong>s pessoas não consegue entender a<<strong>br</strong> />

terrível sensação deixa<strong>da</strong> pela ausência de feedback.”


"Assim, quero que vocês mantenham a sensação <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

ausência de feedback diante de sua mente. E quero que vocês<<strong>br</strong> />

mostrem reconhecimento a ca<strong>da</strong> pessoa pela contribuição dela.<<strong>br</strong> />

Pode ser alguém que trabalha para vocês; pode ser um funcionário<<strong>br</strong> />

de outro departamento; pode ser um fornecedor; pode até ser um<<strong>br</strong> />

cliente que os aju<strong>da</strong> a melhorar aquilo que ele deseja. Pode ser<<strong>br</strong> />

qualquer pessoa que contribua para a meta, mas o importante é<<strong>br</strong> />

que vocês mostrem reconhecimento pela contribuição <strong>da</strong> pessoa.<<strong>br</strong> />

"Não apenas é o correto, <strong>com</strong>o aju<strong>da</strong> a aumentar a<<strong>br</strong> />

satisfação do cliente. As pessoas tratam os clientes tal <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

desejam ser trata<strong>da</strong>s. Há correlações muito bem defini<strong>da</strong>s entre a<<strong>br</strong> />

satisfação dos funcionários e a satisfação dos clientes."<<strong>br</strong> />

Alan parecia pouco à vontade.<<strong>br</strong> />

— Preciso confessar uma coisa — disse. — Acho que meu<<strong>br</strong> />

índice positivo-negativo está mais próximo do um-para-três do que<<strong>br</strong> />

do três-para-um. Dito o <strong>com</strong>passo em minha empresa, e acho que<<strong>br</strong> />

às vezes sou um pouco duro <strong>com</strong> as pessoas que <strong>com</strong>etem erros<<strong>br</strong> />

ou negligenciam, e geralmente nem fico sabendo se alguém fez<<strong>br</strong> />

algo realmente bem.<<strong>br</strong> />

— Creio que também sou assim, Alan — disse Carmen. —<<strong>br</strong> />

<strong>Nos</strong>so relacionamento <strong>com</strong> o departamento de contabili<strong>da</strong>de varia<<strong>br</strong> />

entre bom e sofrível. A maioria <strong>da</strong>s coisas que fazem é bem-feita.<<strong>br</strong> />

Um dia, porém, atrasaram um relatório e nós os esfolamos. E não<<strong>br</strong> />

é só o meu departamento, é to<strong>da</strong> a empresa. Isso provavelmente<<strong>br</strong> />

explica o forte efeito de isolamento que já observei, o modo <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

as pessoas parecem preocupa<strong>da</strong>s apenas <strong>com</strong> seu departamento e<<strong>br</strong> />

não <strong>com</strong> a empresa <strong>com</strong>o um todo. Obviamente, preciso repensar<<strong>br</strong> />

o modo <strong>com</strong>o estou li<strong>da</strong>ndo <strong>com</strong> o meu pessoal, e tentar fazer <strong>com</strong>


que os outros departamentos o façam.<<strong>br</strong> />

— É o que também preciso fazer — disse Alan. — Mas não<<strong>br</strong> />

estou muito seguro quanto à abor<strong>da</strong>gem. Receio que esse um-<<strong>br</strong> />

para-três tenha se tornado um hábito, e <strong>da</strong>queles difíceis de se<<strong>br</strong> />

abandonar.<<strong>br</strong> />

Ele olhou para Mort.<<strong>br</strong> />

— Vocês têm sorte — disse-lhes Mort. — Tenho um<<strong>br</strong> />

exercício simples e prático que pode ajudá-los. Lem<strong>br</strong>em-se: não é<<strong>br</strong> />

algo <strong>com</strong>o ter que arranjar três continue assim, to<strong>da</strong> vez que você<<strong>br</strong> />

der um esta horrível. A idéia é chegar à média de, pelo menos, três<<strong>br</strong> />

positivos para um negativo ao longo do tempo — uma semana ou<<strong>br</strong> />

um mês, por exemplo.<<strong>br</strong> />

16<<strong>br</strong> />

"Eis o que vocês devem fazer: no <strong>com</strong>eço do dia, ponham<<strong>br</strong> />

dez moe<strong>da</strong>s de dez centavos no bolso ou em um lugar de fácil<<strong>br</strong> />

acesso.<<strong>br</strong> />

"To<strong>da</strong> vez que virem alguém fazendo bem alguma coisa —<<strong>br</strong> />

prestando atenção a detalhes, escutando clientes, qualquer coisa<<strong>br</strong> />

que ajude a satisfazer os clientes — quero que mostrem<<strong>br</strong> />

reconhecimento a essa pessoa por sua contribuição.<<strong>br</strong> />

"Feito isso, passem uma moe<strong>da</strong> para outro bolso. Na<<strong>br</strong> />

próxima vez em que mostrarem reconhecimento, passem outra<<strong>br</strong> />

moe<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

"Sua meta é passar to<strong>da</strong>s as moe<strong>da</strong>s de dez centavos até o<<strong>br</strong> />

final do dia. Façam-no durante 30 dias e verão <strong>com</strong>o as coisas<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>m. Acho que terão uma agradável surpresa."<<strong>br</strong> />

— Por que 30 dias? — perguntou Bill.<<strong>br</strong> />

— A maioria <strong>da</strong>s pessoas leva 21 dias para formar um novo<<strong>br</strong> />

16 “ Extinção — a ausência de feedback — pode fazer <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

que as pessoas deixem de lado seu <strong>com</strong>prometimento.”


hábito — disse Mort. — Só acrescentei uma pequena margem de<<strong>br</strong> />

garantia para ter certeza de que ele realmente vai 'pegar'.<<strong>br</strong> />

Judy concluiu suas anotações.<<strong>br</strong> />

— Isso é realmente útil — disse. — Se entendi direito, você<<strong>br</strong> />

não está dizendo para reconhecer qualquer coisa, mas certas<<strong>br</strong> />

coisas — só as coisas que aju<strong>da</strong>m a satisfazer os nossos clientes.<<strong>br</strong> />

Acho que tenho sido boa nisso de <strong>da</strong>r feedback positivo, mas<<strong>br</strong> />

agora, pensando melhor, percebo que o tenho <strong>da</strong>do por qualquer<<strong>br</strong> />

motivo. Talvez deva ser mais cui<strong>da</strong>dosa e observadora acerca do<<strong>br</strong> />

que estou reconhecendo.<<strong>br</strong> />

— Exatamente, isso é vital — disse Mort. — O importante é<<strong>br</strong> />

fazer feedback positivo, imediatamente e de modo específico.<<strong>br</strong> />

Don ouvia a tudo sem fazer qualquer <strong>com</strong>entário, ca<strong>da</strong> vez<<strong>br</strong> />

mais inquieto e insatisfeito <strong>com</strong> essa conversa de feedback<<strong>br</strong> />

positivo e negativo.<<strong>br</strong> />

— Não sei se concordo <strong>com</strong> isso — disse. — Pago as<<strong>br</strong> />

pessoas para que façam um bom trabalho. Por que deveria <strong>da</strong>r-<<strong>br</strong> />

lhes reconhecimento especial por terem feito aquilo pelo qual já<<strong>br</strong> />

são pagas?<<strong>br</strong> />

— Bem, vejamos — disse Mort. — Estou ouvindo você dizer<<strong>br</strong> />

que paga as pessoas para serem cui<strong>da</strong>dosas na fa<strong>br</strong>icação de<<strong>br</strong> />

produtos, e que por isso elas devem ser cui<strong>da</strong>dosas na fa<strong>br</strong>icação<<strong>br</strong> />

de produtos.<<strong>br</strong> />

— É exatamente isso que estou dizendo!<<strong>br</strong> />

— Sua empresa tem pessoas que não são cui<strong>da</strong>dosas na<<strong>br</strong> />

fa<strong>br</strong>icação de produtos? — perguntou Mort.<<strong>br</strong> />

— Naturalmente!<<strong>br</strong> />

— Elas são pagas?<<strong>br</strong> />

— Sim, são.<<strong>br</strong> />

— Assim, na ver<strong>da</strong>de, você as está pagando para não serem


cui<strong>da</strong>dosas na fa<strong>br</strong>icação de produtos, porque elas não são<<strong>br</strong> />

cui<strong>da</strong>dosas, e você acaba pagando o salário de qualquer jeito.<<strong>br</strong> />

Don franziu a testa, mas não respondeu. O argumento fora<<strong>br</strong> />

convincente. Lem<strong>br</strong>ou-se do orgulho que sentira <strong>com</strong> os números-<<strong>br</strong> />

recorde <strong>da</strong> fá<strong>br</strong>ica, no semestre anterior, e <strong>com</strong>o se sentiu<<strong>br</strong> />

magoado em segredo quando seu chefe sequer mencionou o feito.<<strong>br</strong> />

Bill sorriu. .Simples, mas poderoso, pensou.<<strong>br</strong> />

— Eis outra maneira de li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> re<strong>com</strong>pensa e<<strong>br</strong> />

reconhecimento: ponha-se no lugar do funcionário. Ele precisa<<strong>br</strong> />

ganhar a vi<strong>da</strong>. Essa é a ren<strong>da</strong> econômica: salário, bônus,<<strong>br</strong> />

benefícios adicionais, descontos e assim por diante. Depois, há a<<strong>br</strong> />

ren<strong>da</strong> psicológica, que inclui elogios, cartas de re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>ção,<<strong>br</strong> />

cerimônias de reconhecimento, <strong>com</strong>emorações, lestas e coisas do<<strong>br</strong> />

gênero. As pessoas precisam <strong>da</strong>s duas formas de ren<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

— É uma forma interessante de analisar a questão — disse<<strong>br</strong> />

Carmen. — E qual você acha a mais importante, a ren<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

econômica ou a psicológica?<<strong>br</strong> />

— Creio que seria melhor deixar que outra pessoa tire sua<<strong>br</strong> />

dúvi<strong>da</strong> — disse Mort. Ele <strong>com</strong>eçou a caminhar. — Vamos<<strong>br</strong> />

encontrar um mem<strong>br</strong>o do elenco e perguntar.<<strong>br</strong> />

Alguns minutos depois, chegaram a uma área dos<<strong>br</strong> />

bastidores na qual diversos mem<strong>br</strong>os do elenco faziam uma<<strong>br</strong> />

pausa.<<strong>br</strong> />

Mort os saudou. — Tenho aqui algumas pessoas que fazem<<strong>br</strong> />

parte de um grupo de estudos para desco<strong>br</strong>ir <strong>com</strong>o vocês mantêm<<strong>br</strong> />

o pó mágico <strong>da</strong> Sininho espalhado pelo Magic Kingdom.<<strong>br</strong> />

Estávamos falando de re<strong>com</strong>pensa, reconhecimento e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>emoração. Uma <strong>da</strong>s dúvi<strong>da</strong>s era so<strong>br</strong>e o que seria mais


importante, re<strong>com</strong>pensa ou reconhecimento. O que vocês acham?<<strong>br</strong> />

— Qual a diferença entre os dois? — perguntou um dos<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco.<<strong>br</strong> />

— Imagine a re<strong>com</strong>pensa <strong>com</strong>o o rendimento econômico, e<<strong>br</strong> />

o reconhecimento <strong>com</strong>o o rendimento psicológico — disse Mort.<<strong>br</strong> />

— Acho que posso responder — disse outro mem<strong>br</strong>o do<<strong>br</strong> />

elenco. — Oi, Mort. Lem<strong>br</strong>a-se de mim? Sou o David. Ajudei-o no<<strong>br</strong> />

ano passado quando um dos mem<strong>br</strong>os de seu grupo precisou de<<strong>br</strong> />

uma cadeira de ro<strong>da</strong>s. — Ele estendeu a mão e Mort o<<strong>br</strong> />

cumprimentou.<<strong>br</strong> />

— Sim, David, claro que me lem<strong>br</strong>o. Você estu<strong>da</strong> na<<strong>br</strong> />

Universi<strong>da</strong>de de Massachusetts e trabalha aqui no verão, não é<<strong>br</strong> />

mesmo?<<strong>br</strong> />

— Isso — disse David, obviamente satisfeito. — Bem, para<<strong>br</strong> />

mim essa questão é pareci<strong>da</strong> <strong>com</strong> outra, se o mais importante é a<<strong>br</strong> />

água ou a <strong>com</strong>i<strong>da</strong>. A resposta é: ambas são importantes. Sem<<strong>br</strong> />

água, você morre em pouco tempo, talvez em alguns dias. Sem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>i<strong>da</strong>? Você também morre. Só leva um pouco mais de tempo.<<strong>br</strong> />

"O mesmo se dá <strong>com</strong> o salário e o reconhecimento. O<<strong>br</strong> />

salário é <strong>com</strong>o a água: não dá para passar sem ele. Mas, sem<<strong>br</strong> />

reconhecimento, a vi<strong>da</strong> se apagaria. Estaria ali fisicamente, mas o<<strong>br</strong> />

meu coração, não.<<strong>br</strong> />

"Vê aquilo?" Apontou para um quadro de avisos coberto de<<strong>br</strong> />

cartas e fotos. "São cartas e cartões de convi<strong>da</strong>dos dizendo que<<strong>br</strong> />

tornamos muito agradáveis as suas férias."<<strong>br</strong> />

Annie, disse:<<strong>br</strong> />

Outro mem<strong>br</strong>o do elenco, em cujo crachá se lia o nome<<strong>br</strong> />

— Certa vez, recebi uma carta que é o exemplo acabado <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

importância do reconhecimento. Era de um garotinho, portador de<<strong>br</strong> />

uma doença terminal. Durante sua visita aqui, ele colecionou um


monte de autógrafos. Aí, perdeu o livro de autógrafos. Eu estava<<strong>br</strong> />

cui<strong>da</strong>ndo <strong>da</strong> central de informações naquele dia, e sua mãe nos<<strong>br</strong> />

telefonou. Ela estava arrasa<strong>da</strong>, e éramos a única esperança que<<strong>br</strong> />

tinha de encontrar o livro de autógrafos.<<strong>br</strong> />

"Comecei a telefonar para todo mundo, tentando localizá-lo.<<strong>br</strong> />

Liguei para todos os lugares onde ele poderia estar. Achados e<<strong>br</strong> />

perdidos, o estacionamento, tudo. E na<strong>da</strong>. Assim, telefonei para a<<strong>br</strong> />

mãe do garoto e lhe disse que não conseguimos encontrar o livro.<<strong>br</strong> />

Também perguntei quando iriam voltar para casa. Tinham mais<<strong>br</strong> />

dois dias por aqui. Perguntei-lhe quais autógrafos havia no livro e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o ele se parecia. Disse-lhe para vir até o Departamento de<<strong>br</strong> />

Atendimento ao Convi<strong>da</strong>do em dois dias e que teríamos um livro<<strong>br</strong> />

para ela.<<strong>br</strong> />

"E reunimos tudo. Um novo livro <strong>com</strong> todos os autógrafos.<<strong>br</strong> />

Dois dias depois, o pai do menino passou por lá e levou o livro.<<strong>br</strong> />

Ficaram radiantes <strong>com</strong> os autógrafos, e eu fiquei radiante por<<strong>br</strong> />

poder ajudá-los.<<strong>br</strong> />

"Nunca cheguei a vê-lo. Um mês depois, porém, recebi um<<strong>br</strong> />

cartão de agradecimento <strong>com</strong> uma foto do garotinho. Ele morreu<<strong>br</strong> />

uma semana depois de receber o livro. Contudo, aproveitou os<<strong>br</strong> />

seus autógrafos e se lem<strong>br</strong>ou dos bons momentos que teve aqui.<<strong>br</strong> />

Ain<strong>da</strong> guardo a foto e o cartão. Ficaram pregados no quadro por<<strong>br</strong> />

algum tempo, mas agora eu os mantenho em casa. Ain<strong>da</strong> fico<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ovi<strong>da</strong> quando os vejo.<<strong>br</strong> />

"Sou <strong>com</strong>o David. Preciso receber meu salário. Mas são<<strong>br</strong> />

coisas <strong>com</strong>o esse cartão que fazem <strong>com</strong> que eu deseje pôr meu<<strong>br</strong> />

coração em todos os contatos que mantenho <strong>com</strong> ca<strong>da</strong> convi<strong>da</strong>do<<strong>br</strong> />

— especialmente naqueles dias em que não acordo <strong>com</strong> o melhor<<strong>br</strong> />

dos humores."


Depois de deixarem os mem<strong>br</strong>os do elenco, sentaram-se a<<strong>br</strong> />

uma mesa perto <strong>da</strong> Main Street, in<strong>com</strong>umente quieta. Finalmente,<<strong>br</strong> />

Alan falou:<<strong>br</strong> />

— Mort, tenho uma pergunta. Nem tudo que a <strong>Disney</strong> faz<<strong>br</strong> />

dá certo. Como é, por exemplo, que a <strong>Disney</strong>lândia de Paris se<<strong>br</strong> />

encaixa no esquema? Sabemos que ela não está sendo bem-<<strong>br</strong> />

sucedi<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

— Bem, há algumas coisas que devemos ter em mente.<<strong>br</strong> />

Primeiro, uma empresa que não derrapa de vez em quando<<strong>br</strong> />

provavelmente não experimenta na<strong>da</strong> de novo. A maneira mais<<strong>br</strong> />

garanti<strong>da</strong> de evitar erros é essa: nunca tentar coisas novas. Assim,<<strong>br</strong> />

podemos que a <strong>Disney</strong> estava experimentando alguma coisa nova.<<strong>br</strong> />

"Uma segun<strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de é a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> situação.<<strong>br</strong> />

O convi<strong>da</strong>do médio passa quatro noites e cinco dias na<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world. O convi<strong>da</strong>do médio vai à <strong>Disney</strong>lândia de Paris e<<strong>br</strong> />

passa uma noite e dois dias. As distâncias são mais curtas na<<strong>br</strong> />

Europa, e a economia é diferente. 17<<strong>br</strong> />

"A terceira é algo que já observei em muitas organizações de<<strong>br</strong> />

sucesso. Os dois subprodutos mais <strong>com</strong>uns de um sucesso<<strong>br</strong> />

fenomenal são a arrogância e a <strong>com</strong>placência. Não sei até que<<strong>br</strong> />

ponto estes contribuíram para os resultados <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>lândia<<strong>br</strong> />

francesa.<<strong>br</strong> />

"Com certeza, nenhuma empresa ou pessoa é perfeita.<<strong>br</strong> />

'Todos <strong>com</strong>etem erros. O sucesso a longo prazo não vem apenas<<strong>br</strong> />

por se evitar erros. Vem quando você os corrige o mais depressa<<strong>br</strong> />

possível."<<strong>br</strong> />

17 “ As pessoas tratam os clientes do mesmo modo <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

são trata<strong>da</strong>s.”


— E o que dizer do parque temático em Virgínia, que nem<<strong>br</strong> />

chegou a a<strong>br</strong>ir? — perguntou Alan.<<strong>br</strong> />

— Pessoalmente, achei uma grande idéia — disse Mort —,<<strong>br</strong> />

mas obviamente a <strong>Disney</strong> escolheu o lugar errado. Subestimaram<<strong>br</strong> />

não apenas o número de pessoas que iriam se opor a ele, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

também sua intensi<strong>da</strong>de e tenaci<strong>da</strong>de. Foi um engano? Claro.<<strong>br</strong> />

Mas, <strong>com</strong>o disse, se você está experimentando algo de novo, vai<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eter alguns erros. Uma coisa an<strong>da</strong> junto <strong>com</strong> a outra.<<strong>br</strong> />

— Alguém tem mais alguma pergunta?<<strong>br</strong> />

Como não havia nenhuma, Mort deu o dia por encerrado.<<strong>br</strong> />

— Espero que vocês não tenham planejado dormir demais.<<strong>br</strong> />

Vamos nos encontrar do lado de fora do portão principal às 7h30.<<strong>br</strong> />

"E calcem sapatos confortáveis."


9<<strong>br</strong> />

<strong>Nos</strong> bastidores<<strong>br</strong> />

Dia 3, 7h25 às8h15<<strong>br</strong> />

Na manhã seguinte, todos estavam diante do portão<<strong>br</strong> />

principal por volta <strong>da</strong>s 7h25. Alan e Carmen discutiam<<strong>br</strong> />

anima<strong>da</strong>mente so<strong>br</strong>e participação de mercado. Bill escutava<<strong>br</strong> />

atentamente, adicionando um <strong>com</strong>entário ou uma questão de vez<<strong>br</strong> />

em quando. Judy estava revisando as páginas de sua agen<strong>da</strong>. E<<strong>br</strong> />

Don observava o parque <strong>com</strong> um aparente ar de interesse.<<strong>br</strong> />

Mort estava pensando na melhor maneira de revelar o<<strong>br</strong> />

último segredo, pois era a partir dele que os outros segredos<<strong>br</strong> />

poderiam funcionar ou não. Ele decidiu <strong>com</strong>eçar sua próxima aula<<strong>br</strong> />

formulando uma pergunta.<<strong>br</strong> />

— Bill, baseado em sua experiência até aqui, qual o<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>o do elenco que você julgaria o mais importante: aquele que<<strong>br</strong> />

aju<strong>da</strong> a subir no Jungle Cruise, aquele que prepara o seu<<strong>br</strong> />

hambúrguer, aquele que conserta as roupas, aquele que esvazia<<strong>br</strong> />

as latas de lixo ou aquele que atende aos telefonemas em seu<<strong>br</strong> />

hotel?<<strong>br</strong> />

— Bem, a resposta é que todos são importantes —<<strong>br</strong> />

respondeu Bill. — O lugar não funcionaria sem qualquer um


deles.<<strong>br</strong> />

— E no seu banco?<<strong>br</strong> />

— A mesma coisa. Todos têm uma função.<<strong>br</strong> />

— Carmen?<<strong>br</strong> />

— Concordo. A pessoa que anota os pedidos é tão<<strong>br</strong> />

importante quanto a que recebe telefonemas na recepção, que é<<strong>br</strong> />

tão importante quanto a que li<strong>da</strong> <strong>com</strong> a fá<strong>br</strong>ica... Todos são peças-<<strong>br</strong> />

chave. Naturalmente, nem sempre se sentem importantes.<<strong>br</strong> />

Todos concor<strong>da</strong>ram, inclusive Don.<<strong>br</strong> />

— Tenho visto essa reação em muitas empresas. Eis a<<strong>br</strong> />

minha opinião a respeito desse assunto — disse Mort, entregando<<strong>br</strong> />

a ca<strong>da</strong> um mais um cartão, que dessa vez trazia uma mensagem<<strong>br</strong> />

cifra<strong>da</strong>:<<strong>br</strong> />

Intrigado <strong>com</strong> a estranha grafia, Alan virou o cartão. No<<strong>br</strong> />

verso, leu o seguinte:<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 7<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong>s as pxssoas são<<strong>br</strong> />

importantxs.<<strong>br</strong> />

Às vxzxs, fico pxnsando qux aquilo qux faço não x<<strong>br</strong> />

importantx, mas xntão lxm<strong>br</strong>o-mx dx minha vxlha máquina dx<<strong>br</strong> />

xscrxvxr. A maioria <strong>da</strong>s txclas gxralmxntx funcionava bxm. Um<<strong>br</strong> />

dia, contudo, uma <strong>da</strong>s txclas parou dx funcionar, x isso foi um<<strong>br</strong> />

problxma x tanto. Por isso, quando mx sinto txntado a dizxr qux<<strong>br</strong> />

não faz difxrxnça sx xu fizxr alguma coisa dirxito ou não, porqux<<strong>br</strong> />

sou apxnas uma pxssoa, lxm<strong>br</strong>o-mx dx minha vxlha máquina dx


xscrxvxr. X digo para mim mxsmo: "Sou nxcxssário x as pxssoas<<strong>br</strong> />

prxcisam dx mim".<<strong>br</strong> />

Puxa, gostei disso, pensou Alan. É a lição mais simples de<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s, talvez a mais poderosa.<<strong>br</strong> />

Mort esperou até que o grupo terminasse de ler.<<strong>br</strong> />

— Geralmente, exemplifico e ilustro ca<strong>da</strong> um dos segredos<<strong>br</strong> />

em forma de lição — disse —, mas percebi que essa dispensa<<strong>br</strong> />

exemplos, Ela já diz tudo.<<strong>br</strong> />

"Seria útil, porém, que ca<strong>da</strong> mem<strong>br</strong>o do grupo sugerisse<<strong>br</strong> />

maneiras de empregá-la em sua própria empresa. Como ela pode<<strong>br</strong> />

ser aplica<strong>da</strong> para aprimorar o foco so<strong>br</strong>e seus clientes? Alguma<<strong>br</strong> />

idéia? Pois não, Carmen?"<<strong>br</strong> />

— Primeiro, gostaria de saber se posso usar o texto. Quero<<strong>br</strong> />

dá-lo a ca<strong>da</strong> mem<strong>br</strong>o <strong>da</strong> minha equipe. Na ver<strong>da</strong>de, gostaria de<<strong>br</strong> />

a<strong>da</strong>ptá-lo um pouco, imprimir alguns cartões e <strong>da</strong>r um a ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

funcionário <strong>da</strong> empresa.<<strong>br</strong> />

— Esteja à vontade para fazê-lo. Só lhe peço para indicar a<<strong>br</strong> />

fonte. Basta imprimir: "A<strong>da</strong>ptado do livro <strong>Nos</strong> bastidores <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>" e "Usado <strong>com</strong> a permissão do editor" na parte de baixo do<<strong>br</strong> />

cartão. Para mim, é um elogio.<<strong>br</strong> />

"Agora, poderia nos dizer <strong>com</strong>o espera que essa lição ajude<<strong>br</strong> />

sua empresa?"<<strong>br</strong> />

Carmen sorriu.<<strong>br</strong> />

— Estou pensando particularmente nas pessoas que fazem<<strong>br</strong> />

as embalagens ou que remetem faturas, no pessoal<<strong>br</strong> />

administrativo. Estou pensando em minha equipe de ven<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

Enfim, em todos os funcionários. Para dizer a ver<strong>da</strong>de, vou levar<<strong>br</strong> />

um <strong>com</strong>igo. Há dias em que o mundo parece estar conspirando<<strong>br</strong> />

contra mim. Às vezes, sinto-me <strong>com</strong>o aquele sujeito... <strong>com</strong>o é o


nome? Sísifo? O que ficava empurrando a pedra montanha acima<<strong>br</strong> />

e, quando chegava no cume, via a pedra rolar novamente<<strong>br</strong> />

montanha abaixo. Quando isso acontece, sinto-me <strong>com</strong>o se aquilo<<strong>br</strong> />

que faço não tivesse valor, embora, no fundo, saiba que tem.<<strong>br</strong> />

"Por isso, eu sou a aplicação mais imediata <strong>da</strong> lição. Mas<<strong>br</strong> />

acho que ela seria boa para todos."<<strong>br</strong> />

outros.<<strong>br</strong> />

— Muito bom! — disse Mort. Ele analisou a expressão dos<<strong>br</strong> />

Alan falou a seguir.<<strong>br</strong> />

— Vou incluir uma versão desse texto <strong>com</strong>o parte de<<strong>br</strong> />

minhas conversas <strong>com</strong> novos funcionários. Antes, porém, vou <strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

uma cópia para ca<strong>da</strong> um de nossos atuais funcionários e ver se<<strong>br</strong> />

posso derrubar algumas paredes. Alguma idéia, Mort?<<strong>br</strong> />

— Minha idéia inicial — disse Mort — seria fazê-lo em<<strong>br</strong> />

grupos de trabalho naturais, mas agora estou achando que pode<<strong>br</strong> />

funcionar até melhor se você reunir grupos de pessoas que<<strong>br</strong> />

normalmente não trabalham juntas. Talvez seja uma<<strong>br</strong> />

oportuni<strong>da</strong>de para reforçar equipes e derrubar paredes ao mesmo<<strong>br</strong> />

tempo. Pode levar mais tempo, mas se você tem problemas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

trabalhos em equipe entre departamentos, essa técnica pode<<strong>br</strong> />

significar um tempo bem investido.<<strong>br</strong> />

— Fico ouvindo vocês falando em paredes... — sorriu Judy.<<strong>br</strong> />

— Alan, você li<strong>da</strong> <strong>com</strong> softwares, não <strong>com</strong> construção civil. Diga-<<strong>br</strong> />

me: o que você quer dizer <strong>com</strong> parede? 18<<strong>br</strong> />

— Tem razão, Judy. Meu negócio não é construção — riu-se<<strong>br</strong> />

18 “ Para obter um bom trabalho de equipe e incrementar<<strong>br</strong> />

a fideli<strong>da</strong>de dos clientes, é preciso derrubar paredes.”


Alan —, mas provavelmente usamos parede no mesmo sentido que<<strong>br</strong> />

você . É uma expressão para falar de mem<strong>br</strong>os de um<<strong>br</strong> />

departamento que só pensam em suas próprias funções. Pensam e<<strong>br</strong> />

agem verticalmente, e raramente o fazem dentro <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

organização. Para citar um exemplo: se a contabili<strong>da</strong>de idealiza<<strong>br</strong> />

seus sistemas de modo a facilitar seu trabalho, mas ignora o<<strong>br</strong> />

impacto so<strong>br</strong>e o cliente ou so<strong>br</strong>e a produção, a contabili<strong>da</strong>de está<<strong>br</strong> />

agindo atrás de uma parede, de uma muralha. Para obter um bom<<strong>br</strong> />

trabalho de equipe e incrementar a fideli<strong>da</strong>de dos clientes, é<<strong>br</strong> />

preciso derrubar essas paredes. Judy assentiu.<<strong>br</strong> />

— Usamos a palavra tia mesma maneira. Deve haver 40 ou<<strong>br</strong> />

50 paredes em nossa empresa, e bem que gostaríamos de nos<<strong>br</strong> />

livrar delas! Mas não é assim que vou usar o meu cartão, Mort.<<strong>br</strong> />

Vou usá-lo <strong>com</strong> todos os mem<strong>br</strong>os de minha equipe. E depois<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>rei um para ca<strong>da</strong> pessoa <strong>da</strong> empresa que faz a manutenção de<<strong>br</strong> />

nossos equipamentos. O trabalho deles é ótimo, e não temos o<<strong>br</strong> />

hábito de lhes dizer isso. É essa história do reconhecimento de<<strong>br</strong> />

que você falou ontem. E vou pensar em muitos outros usos antes<<strong>br</strong> />

de chegar em casa.<<strong>br</strong> />

Bill?<<strong>br</strong> />

— Tenho certeza disso, Judy — disse Mort. — Pois não,<<strong>br</strong> />

— Adoraria ser a pessoa que vai distribuir esse cartão pelo<<strong>br</strong> />

banco — disse Bill —, mas não vou fazê-lo. Isso diluiria seu poder.<<strong>br</strong> />

Vou <strong>da</strong>r a idéia à presidente. Ela apóia totalmente esse conceito.<<strong>br</strong> />

Na ver<strong>da</strong>de, não consigo imaginar uma única pessoa em posição<<strong>br</strong> />

de liderança que não acredite nele. Mas o fato de sair dela e não<<strong>br</strong> />

de mim aumenta imensuravelmente o seu valor.<<strong>br</strong> />

"Creio que ele pode nos aju<strong>da</strong>r de duas maneiras. Primeiro,<<strong>br</strong> />

é um modo de pôr em termos muito práticos um de nossos valores<<strong>br</strong> />

corporativos: a importância <strong>da</strong> contribuição de ca<strong>da</strong> funcionário.


Mais importante, porém, é que algumas pessoas do banco expõem<<strong>br</strong> />

essa idéia mas não fazem muito para praticá-la. Isso pode ajudá-<<strong>br</strong> />

las a melhorar sua demonstração de entusiasmo, <strong>com</strong>o você diz de<<strong>br</strong> />

forma tão prática."<<strong>br</strong> />

— Muito bom. E você, Don?<<strong>br</strong> />

— Sempre que tenho oportuni<strong>da</strong>de, digo às pessoas <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

elas são importantes. Mas acho que isso pode nos aju<strong>da</strong>r a fazer<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que se conscientizem de maneira diferente. Ain<strong>da</strong> não sei<<strong>br</strong> />

direito <strong>com</strong>o vou usá-lo, mas vou pensar nisso.<<strong>br</strong> />

— To<strong>da</strong>s são ótimas idéias — disse Mort. — Agora, vamos à<<strong>br</strong> />

nossa grande experiência de laboratório. Todos trouxeram seus<<strong>br</strong> />

óculos de proteção?<<strong>br</strong> />

Judy levantou suas orelhas de Mickey, provocando risos em<<strong>br</strong> />

Carmen e Alan.<<strong>br</strong> />

M ais uma vez, estavam diante do City Hall.<<strong>br</strong> />

— Já conhecemos os sete segredos do sucesso <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>:<<strong>br</strong> />

concorrente é qualquer empresa <strong>com</strong> a qual o cliente o <strong>com</strong>para;<<strong>br</strong> />

fantástica atenção aos detalhes; todos mostram entusiasmo; tudo<<strong>br</strong> />

mostra entusiasmo; múltiplos postos de escuta; re<strong>com</strong>pensa,<<strong>br</strong> />

reconhecimento e <strong>com</strong>emoração; e to<strong>da</strong>s as pessoas são<<strong>br</strong> />

importantes — disse Mort.<<strong>br</strong> />

"Tentei transmitir a visão de <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> põe essas idéias<<strong>br</strong> />

em prática. Vocês provavelmente pensaram em modos de aplicá-<<strong>br</strong> />

las em suas empresas, e, se forem <strong>com</strong>o a maioria <strong>da</strong>s pessoas,<<strong>br</strong> />

algumas dessas idéias fazem mais sentido do que outras.<<strong>br</strong> />

"Agora, quero que façam três coisas. Primeiro: fiquem<<strong>br</strong> />

sentados durante dez ou 15 minutos e mantenham uma<<strong>br</strong> />

conversação imaginária <strong>com</strong> vocês mesmos. Deci<strong>da</strong>m qual o<<strong>br</strong> />

segredo que não foi muito bem <strong>com</strong>preendido ou <strong>com</strong> o qual


sentem maior dificul<strong>da</strong>de para li<strong>da</strong>r. Damos a isso o nome de<<strong>br</strong> />

'estratégia inexplora<strong>da</strong>'.<<strong>br</strong> />

"Depois, gostaria que ca<strong>da</strong> um de vocês explorasse o Magic<<strong>br</strong> />

Kingdom por conta própria, concentrando-se nos exemplos desse<<strong>br</strong> />

ou desses segredos. Não menosprezem os demais, mas<<strong>br</strong> />

concentrem-se na 'estratégia inexplora<strong>da</strong>'. Se encontrarem<<strong>br</strong> />

exemplos interessantes para o restante do grupo, melhor ain<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

"Finalmente, quero que desenvolvam uma lista de medi<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

específicas a serem toma<strong>da</strong>s em função do tempo que passaram<<strong>br</strong> />

aqui. Essas medi<strong>da</strong>s podem ser algo que vocês já mencionaram<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o uma possibili<strong>da</strong>de, algo que alguém do grupo sugeriu ou<<strong>br</strong> />

algo que surja <strong>com</strong>o resultado de sua busca.<<strong>br</strong> />

"Para ajudá-los em sua rota pelo Magic Kingdom, tenho<<strong>br</strong> />

aqui um crachá especial e uma carta de apresentação para ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

um de vocês, que facilitarão o relacionamento <strong>com</strong> os mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco e os convi<strong>da</strong>dos."<<strong>br</strong> />

Mort distribuiu os crachás e as cartas.<<strong>br</strong> />

— Agora são 7h55 — disse. — Isso lhes dá mais ou menos<<strong>br</strong> />

uma hora para conversar <strong>com</strong> mem<strong>br</strong>os do elenco e ver o que<<strong>br</strong> />

acontece antes de o parque a<strong>br</strong>ir. Depois disso, passem cinco<<strong>br</strong> />

horas observando o parque em funcionamento. Visitem atrações,<<strong>br</strong> />

observem o contato entre mem<strong>br</strong>os do elenco e convi<strong>da</strong>dos, o que<<strong>br</strong> />

quiserem. Basta que se concentrem, observem bem de perto e<<strong>br</strong> />

façam muitas anotações.<<strong>br</strong> />

"Depois, vamos nos reunir aqui às 14 horas para<<strong>br</strong> />

conversarmos e <strong>com</strong>pararmos nossas anotações. Alguma<<strong>br</strong> />

pergunta?"<<strong>br</strong> />

— Não sei se vou precisar de um total de seis horas para<<strong>br</strong> />

caminhar por aí e acabar de fazer anotações — disse Bill.<<strong>br</strong> />

— Provavelmente, a maioria de vocês precisará desse tempo


todo — concordou Mort —, mas quero que vocês façam mais do<<strong>br</strong> />

que simplesmente observar o que está acontecendo no Magic<<strong>br</strong> />

Kingdom. Quero que observem também o que estiver ocorrendo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> vocês. Quero que vivenciem a experiência. Como estão<<strong>br</strong> />

reagindo? Do que gostam, e por quê? Quais são os <strong>com</strong>ponentes<<strong>br</strong> />

emocionais, e <strong>com</strong>o eles se ajustam ao quadro geral?<<strong>br</strong> />

— Parece razoável — disse Bill —, mas e se dois de nós<<strong>br</strong> />

ficarmos observando a mesma coisa?<<strong>br</strong> />

— Ótimo! — respondeu Mort. — Teremos duas maneiras<<strong>br</strong> />

diferentes de analisar a mesma coisa. O elemento básico é fazer o<<strong>br</strong> />

que é importante para ca<strong>da</strong> um. Todos aprendem algo diferente.<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>a-se do velho ditado: "Quando o aluno está pronto, o mestre<<strong>br</strong> />

aparece"? É quase a mesma coisa. Só que "quando o aluno está<<strong>br</strong> />

pronto, a lição aparece".<<strong>br</strong> />

"Assim, caso dois de vocês fiquem observando a mesma<<strong>br</strong> />

coisa c apren<strong>da</strong>m o mesmo <strong>com</strong> ela, é isso que deviam aprender.<<strong>br</strong> />

Vocês também podem observar a mesma coisa e aprender de<<strong>br</strong> />

maneiras diferentes, mas igualmente valiosas. Ou podem observar<<strong>br</strong> />

dois itens diferentes e aprender exatamente a mesma coisa.<<strong>br</strong> />

Concentrem-se naquilo que estiverem aprendendo, e não fiquem<<strong>br</strong> />

preocupados se estão fazendo direito ou não."<<strong>br</strong> />

Alan se manifestou.<<strong>br</strong> />

— Precisamos nos limitar ao Magic Kingdom? — perguntou.<<strong>br</strong> />

— Focalizamos a maior parte de nossa atenção aqui, mas também<<strong>br</strong> />

vimos alguns dos hotéis.<<strong>br</strong> />

— E se estabelecermos que vocês irão se limitar a qualquer<<strong>br</strong> />

coisa de que falamos ou que visitamos fisicamente, ou que os<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos ou mem<strong>br</strong>os do elenco mencionem quando vocês<<strong>br</strong> />

estiverem conversando <strong>com</strong> eles?<<strong>br</strong> />

A Gangue dos Cinco concordou.


Boa caça<strong>da</strong>!<<strong>br</strong> />

— Ótimo! Vamos planejar um reencontro aqui às 14 horas.<<strong>br</strong> />

Enquanto Judy caminhava sozinha, meditou so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

paradoxo que era o Magic Kingdom. Claro, a <strong>Disney</strong>world era pura<<strong>br</strong> />

magia. Ela podia sentir esse clima por to<strong>da</strong> a parte. O tom <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

vozes dos mem<strong>br</strong>os do elenco e dos convi<strong>da</strong>dos era dosado de<<strong>br</strong> />

acordo <strong>com</strong> a intensi<strong>da</strong>de dessa magia.<<strong>br</strong> />

Aparentemente, porém, isso não acontecia por acaso. Não<<strong>br</strong> />

era <strong>com</strong>o se alguém <strong>br</strong>andisse uma varinha de condão e de<<strong>br</strong> />

repente surgisse tudo aquilo.<<strong>br</strong> />

Ela revisou os cartões que Mort havia lhe <strong>da</strong>do.<<strong>br</strong> />

A primeira lição era um conceito novo para Judy, mas tinha<<strong>br</strong> />

lógica. As pessoas realmente ligavam para a FedEx, para sua<<strong>br</strong> />

empresa e para a L.L. Bean. É claro que <strong>com</strong>paravam to<strong>da</strong>s essas<<strong>br</strong> />

ligações. E as pessoas também ligavam para a <strong>Disney</strong>. Judy não<<strong>br</strong> />

gostava de pensar na <strong>Disney</strong>world <strong>com</strong>o um concorrente. Mas o<<strong>br</strong> />

parque fazia tantas coisas tão bem que os convi<strong>da</strong>dos esperavam<<strong>br</strong> />

que outras empresas — inclusive a sua — atingissem os mesmos<<strong>br</strong> />

padrões elevados.<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 1<<strong>br</strong> />

Concorrente é qualquer<<strong>br</strong> />

empresa <strong>com</strong> a qual o<<strong>br</strong> />

cliente o <strong>com</strong>para.


Todo mundo em sua empresa dizia que os negócios eram<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>petitivos, mas ninguém sabia exatamente o porquê. Judy<<strong>br</strong> />

percebeu que ninguém havia pensado na primeira lição de Mort.<<strong>br</strong> />

Ela resolveu que iria transmiti-la à sua equipe e a seus colegas.<<strong>br</strong> />

Depois, Judy tirou o segundo cartão que Mort dera a todos.<<strong>br</strong> />

Essa foi a lição que mais a deixou intriga<strong>da</strong> — todo esse<<strong>br</strong> />

planejamento e atenção aos detalhes. Os mem<strong>br</strong>os do elenco não<<strong>br</strong> />

mediam esforços para tornar a experiência de ca<strong>da</strong> convi<strong>da</strong>do<<strong>br</strong> />

realmente mágica. O diretor de marketing ao qual se reportava<<strong>br</strong> />

vivia falando em 'execução'. "Temos de executar, executar,<<strong>br</strong> />

executar!" era a sua frase favorita, segui<strong>da</strong> por: "O perigo está nos<<strong>br</strong> />

detalhes".<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 2<<strong>br</strong> />

Fantástica atenção<<strong>br</strong> />

aos detalhes.<<strong>br</strong> />

Judy <strong>com</strong>preendeu a lição mentalmente, mas seu coração<<strong>br</strong> />

não a recebeu por inteiro. Talvez ela não tivesse percebido o<<strong>br</strong> />

restante <strong>da</strong> conexão. Assim, passou ao terceiro cartão.<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 3<<strong>br</strong> />

Todos mostram<<strong>br</strong> />

entusiasmo.


Judy gostava muito dessa lição. Acreditava nela de iodo o<<strong>br</strong> />

coração. Naturalmente, o presidente de sua empresa não era tão<<strong>br</strong> />

entusiasmado. Vivia falando so<strong>br</strong>e a importância dos clientes, mas<<strong>br</strong> />

não fazia muito para praticá-la. Para dizer a ver<strong>da</strong>de, o que ele<<strong>br</strong> />

dizia e o que fazia eram, às vezes, coisas bem diferentes. Gostaria<<strong>br</strong> />

de levá-lo para ouvir o que Mort tinha a dizer a respeito de todos<<strong>br</strong> />

mostrarem entusiasmo.<<strong>br</strong> />

Também desejou que o presidente pudesse ouvir Mort falar<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a lição seguinte.<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 4<<strong>br</strong> />

Tudo mostra<<strong>br</strong> />

entusiasmo.<<strong>br</strong> />

Muita coisa em sua empresa não mostrava entusiasmo.<<strong>br</strong> />

Não que esperasse tinta doura<strong>da</strong> ou coisas assim. Mas muita<<strong>br</strong> />

coisa poderia ser feita, gastando-se pouco ou nenhum dinheiro,<<strong>br</strong> />

para que as coisas funcionassem melhor.<<strong>br</strong> />

Quanto às duas próximas lições, Judy gostava de ambas.<<strong>br</strong> />

Contemplou o cartão em sua mão esquer<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 5<<strong>br</strong> />

Múltiplos postos<<strong>br</strong> />

de escuta.


Que grande idéia! Às vezes, ela adiava que ela e sua equipe<<strong>br</strong> />

eram as únicas pessoas <strong>da</strong> empresa responsáveis pela fideli<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

dos clientes. Meu Deus! Todos deveriam ser responsáveis pela<<strong>br</strong> />

manutenção dessa fideli<strong>da</strong>de. Ven<strong>da</strong>s, contabili<strong>da</strong>de, expedição —<<strong>br</strong> />

todos! Com certeza, ela e sua equipe eram responsáveis por boa<<strong>br</strong> />

parte do contato <strong>com</strong> os clientes, mas muitos outros funcionários<<strong>br</strong> />

ficavam sabendo de coisas que, se Judy e sua equipe soubessem,<<strong>br</strong> />

poderiam melhorar em muito o serviço aos clientes. Esses<<strong>br</strong> />

funcionários deveriam aprender essa lição.<<strong>br</strong> />

Depois, Judy leu o cartão em sua mão direita.<<strong>br</strong> />

De to<strong>da</strong>s as lições, essa era a que Judy mais gostava,<<strong>br</strong> />

provavelmente porque sabia muito mostrar reconhecimento e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>emorar. As reuniões <strong>com</strong> sua equipe eram ótimas;<<strong>br</strong> />

aproximavam as pessoas. Mark, uma <strong>da</strong>s pessoas <strong>com</strong> quem mais<<strong>br</strong> />

se preocupara quando assumiu o atendimento aos clientes, tirou<<strong>br</strong> />

de sua gaveta um dia uma pilha de bilhetinhos redigidos por ela,<<strong>br</strong> />

dizendo: muito-bom! e disse a ela <strong>com</strong>o eles aju<strong>da</strong>ram-no a<<strong>br</strong> />

enfrentar os dias mais difíceis.<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 6<<strong>br</strong> />

Re<strong>com</strong>pensa,<<strong>br</strong> />

reconhecimento<<strong>br</strong> />

e <strong>com</strong>emoração.<<strong>br</strong> />

E a pesquisa anual de opinião sempre a classificava muito<<strong>br</strong> />

bem nessa área. A maioria <strong>da</strong>s pessoas mencionava<<strong>br</strong> />

especificamente o quadro de avisos, chamado de "O que diz o


cliente, nosso patrão", idealizado para gerar motivação. Era por<<strong>br</strong> />

esse motivo que ela concor<strong>da</strong>va totalmente <strong>com</strong> Mort. Essa era<<strong>br</strong> />

sua lição favorita.<<strong>br</strong> />

Exceto, porém, pela última lição...<<strong>br</strong> />

O que poderia ser melhor do que isso?<<strong>br</strong> />

Agora, ela estava mais confusa do que nunca. Onde poderia<<strong>br</strong> />

testar suas aptidões? De to<strong>da</strong>s essas lições, qual representaria seu<<strong>br</strong> />

talento menos desenvolvido? Ela <strong>com</strong>preendia a maioria, gostava<<strong>br</strong> />

mais de algumas do que de outras, mas achava que tinha algo<<strong>br</strong> />

para aprender <strong>com</strong> to<strong>da</strong>s elas. Talvez a lição so<strong>br</strong>e atenção aos<<strong>br</strong> />

detalhes fosse aquela em que devesse se concentrar.<<strong>br</strong> />

Por algum motivo, porém, ela não conseguia se entusiasmar<<strong>br</strong> />

muito <strong>com</strong> essa lição, logo ela que era sempre entusiasma<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Adorava a <strong>Disney</strong>world. Queria visitar novamente todo o lugar,<<strong>br</strong> />

vagar por ele e desfrutar de sua magia, tal <strong>com</strong>o fizera antes <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

sua família. Tal <strong>com</strong>o fizera quando sonhou pela primeira vez<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>...<<strong>br</strong> />

L I Ç Ã O 7<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong>s as pxssoas são<<strong>br</strong> />

importantxs.<<strong>br</strong> />

Subitamente, Tudy percebeu o que iria fazer.<<strong>br</strong> />

Don caminhava tranqüilamente pela Main Street, um pouco


aliviado por estar longe de Mort e dos demais. Pessoas que não<<strong>br</strong> />

direcionavam suas energias o cansavam. Mort o cansava. Claro,<<strong>br</strong> />

muito do que dizia fazia sentido, mas boa parte se aceitava apenas<<strong>br</strong> />

por boa vontade.<<strong>br</strong> />

Tudo aquilo era irracional demais. Não era possível<<strong>br</strong> />

tensionar um nervo do coração; não era possível cali<strong>br</strong>ar<<strong>br</strong> />

sentimentos. Obsessão fanática por detalhes insignificantes,<<strong>br</strong> />

pensou. Pó mágico <strong>da</strong> Sininho!, exclamou.<<strong>br</strong> />

Já ouvira ludo isso em sua empresa: "Somos uma grande<<strong>br</strong> />

família feliz. Empowerment. Espírito de equipe". To<strong>da</strong>s essas<<strong>br</strong> />

práticas acabavam caindo no lugar <strong>com</strong>um.<<strong>br</strong> />

Vamos tentar analisar as coisas racionalmente, pensou. Ele<<strong>br</strong> />

caminhou até um banco, um pouco distante do fluxo de visitantes,<<strong>br</strong> />

e se sentou. To<strong>da</strong> aquela confusa história conceituai. Estava ali, e<<strong>br</strong> />

não estava ali. Estava presente na base, mas não na superfície.<<strong>br</strong> />

Era um ambiente familiar e também era bom. Mas ninguém<<strong>br</strong> />

proclamava isso. O lugar era divertido e 'mágico' — até para ele.<<strong>br</strong> />

Mas na<strong>da</strong> de camisetas <strong>com</strong> frases. E essa história de<<strong>br</strong> />

empowerment. Ninguém mencionara a palavra, mas os<<strong>br</strong> />

funcionários <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>— vá lá, mem<strong>br</strong>os do elenco — agiam<<strong>br</strong> />

exatamente <strong>com</strong>o o guru favorito — desculpe, o consultor— de seu<<strong>br</strong> />

patrão dizia que as pessoas que recebem poder deveriam agir.<<strong>br</strong> />

Um conceito irracional: O que meu diretor-presidente faria<<strong>br</strong> />

se algum operário o abor<strong>da</strong>sse e dissesse: "Desculpe, mas você está<<strong>br</strong> />

sem o seu crachá!"? Pensando nisso, <strong>com</strong>o eu reagiria 7. Talvez o<<strong>br</strong> />

chefe não estivesse mostrando entusiasmo. Talvez eu também não<<strong>br</strong> />

esteja, pensou.<<strong>br</strong> />

Espírito de equipe, nesse caso? Imagine. Funcionários<<strong>br</strong> />

gritando: "Vamos, turma, vamos!"? Nem pensar. Grandes cartazes<<strong>br</strong> />

proclamando o amor pelos clientes — ou melhor, convi<strong>da</strong>dos?


Não.<<strong>br</strong> />

Alguma coisa faz <strong>com</strong> que este lugar funcione, pensou. Os<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco parecem realmente preocupados <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos. Fazem-no sem cartazes ou slogans. Fazem-no em troca<<strong>br</strong> />

de uma carta e de uma foto no quadro de avisos. Pensou<<strong>br</strong> />

novamente no caso do último trimestre. De <strong>com</strong>o esperava o<<strong>br</strong> />

reconhecimento de seu chefe. E então, na<strong>da</strong>. Um mero elogio não<<strong>br</strong> />

iria matá-lo, pensou Don. Então, ele voltou a si.<<strong>br</strong> />

Chega desses absurdos, pensou. Agora, <strong>com</strong>o posso passar<<strong>br</strong> />

as próximas seis horas agra<strong>da</strong>velmente?<<strong>br</strong> />

Começou a ver os rostos alegres à sua volta.<<strong>br</strong> />

Bem, poderia fazer o habitual de quando era pequeno: ficar<<strong>br</strong> />

sentado <strong>com</strong> um bloco de anotações e contar as coisas que vejo.<<strong>br</strong> />

Carrinhos de sorvete. Orelhas de Mickey. Bexigas. Qual dessas?<<strong>br</strong> />

De repente, lem<strong>br</strong>ou-se de algo que Carmen tinha dito a<<strong>br</strong> />

respeito do número 12. Procurou rapi<strong>da</strong>mente suas anotações.<<strong>br</strong> />

Ah! Ele iria se divertir, e, ao mesmo tempo...


10<<strong>br</strong> />

Como derrubar paredes <strong>com</strong> facili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

Dia 3, 13h55 às 14h15<<strong>br</strong> />

Cinco minutos antes <strong>da</strong> hora marca<strong>da</strong>, a Gangue dos<<strong>br</strong> />

Cinco, menos Don, estava diante do City Hall, trocando histórias<<strong>br</strong> />

mirabolantes.<<strong>br</strong> />

— Almocei na França 19 <strong>com</strong> o Pato Donald! — disse Alan.<<strong>br</strong> />

— Que França, que na<strong>da</strong>. Comi no Japão <strong>com</strong> o Pateta e a<<strong>br</strong> />

Minnie — alardeou Judy.<<strong>br</strong> />

perguntou:<<strong>br</strong> />

Eles se viraram na direção de Mort, que chegava. Judy lhe<<strong>br</strong> />

— Onde você almoçou, Mort?<<strong>br</strong> />

— Ah, por to<strong>da</strong> a parte — disse, mostrando o resto de um<<strong>br</strong> />

sanduíche de queijo. — Onde está o Don?<<strong>br</strong> />

— Por perto, creio — disse Carmen. — Eu o vi agachado<<strong>br</strong> />

conversando <strong>com</strong> uma garotinha. — Ela esperou antes de<<strong>br</strong> />

acrescentar:<<strong>br</strong> />

— Pelo menos, se parecia <strong>com</strong> o Don. Judy riu.<<strong>br</strong> />

— Vamos, Carmen, seja boazinha.<<strong>br</strong> />

19 Os personagens referem-se figurativamente aos pavilhões localizados no<<strong>br</strong> />

World Showcase do Epcot Center (N. do T.).


— Aí vem ele — sussurrou Alan.<<strong>br</strong> />

Don chegou apressado às 14h01, um pouco sem fôlego,<<strong>br</strong> />

lápis cm uma <strong>da</strong>s mãos, bloco na outra.<<strong>br</strong> />

— Desculpem-me o atraso, disse ele.<<strong>br</strong> />

— Chegou bem na hora — disse Mort. — Certo, pessoal, sei<<strong>br</strong> />

que vocês terminaram uma tarefa difícil. Agora é que vem a parte<<strong>br</strong> />

diverti<strong>da</strong>. Vamos encontrar uma som<strong>br</strong>a e trocar histórias.<<strong>br</strong> />

Mort contemplou o grupo sentado à sua volta.<<strong>br</strong> />

— Esta é a parte em que ficamos em pé e falamos de<<strong>br</strong> />

nossas observações e percepções para os outros integrantes <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

Gangue. Como, sem dúvi<strong>da</strong>, vocês passaram as últimas seis horas<<strong>br</strong> />

em pé, podem permanecer sentados se assim desejarem. Usem<<strong>br</strong> />

cinco, dez, 15 minutos, quanto precisarem. Os outros ficarão à<<strong>br</strong> />

vontade para formular perguntas.<<strong>br</strong> />

"Bem, sei que todos estão ansiosos para <strong>com</strong>eçar, e assim,<<strong>br</strong> />

para evitar ofender alguém, idealizei a ordem mais lógica. A<<strong>br</strong> />

primeira pessoa a falar será aquela <strong>com</strong> o menor bloco de<<strong>br</strong> />

anotações."<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> um dos mem<strong>br</strong>os <strong>da</strong> Gangue dos Cinco olhou para<<strong>br</strong> />

seus blocos de anotações, depois para os de seus colegas mais<<strong>br</strong> />

próximos. Todos os olhos fitavam Don, que, após uma pausa,<<strong>br</strong> />

fechou sua pequena agen<strong>da</strong> de couro e disse:<<strong>br</strong> />

— Preferiria ser o último.<<strong>br</strong> />

— Bem — disse Mort, uma <strong>da</strong>s so<strong>br</strong>ancelhas ergui<strong>da</strong>s —,<<strong>br</strong> />

isso não nos oferece saí<strong>da</strong>, pois o próximo <strong>da</strong> lista é aquele que<<strong>br</strong> />

fala primeiro.<<strong>br</strong> />

— Eu falo — disse Bill.


— O palanque é seu — disse Mort.<<strong>br</strong> />

— Não tive tempo de organizar isto — <strong>com</strong>eçou Bill — e por<<strong>br</strong> />

isso explicarei os itens de minha lista em ordem de anotações.<<strong>br</strong> />

Espero que, no fim, tudo faça sentido,<<strong>br</strong> />

Ele manuseou diversas páginas.<<strong>br</strong> />

— Para falar a ver<strong>da</strong>de, a primeira coisa é algo que observei<<strong>br</strong> />

enquanto estava pensando no que iria procurar.<<strong>br</strong> />

"Estava sentado em um banco, e próximo <strong>da</strong>li havia um<<strong>br</strong> />

poste em forma de T. Em ca<strong>da</strong> um dos <strong>br</strong>aços do T havia uma<<strong>br</strong> />

planta pendura<strong>da</strong>. Estava admirando a beleza e a aparência<<strong>br</strong> />

saudável <strong>da</strong>quelas plantas quando, de repente, elas <strong>com</strong>eçaram a<<strong>br</strong> />

ser rega<strong>da</strong>s. Vi que ca<strong>da</strong> <strong>br</strong>aço do T a<strong>br</strong>igava um pequeno<<strong>br</strong> />

irrigador. Tudo naquela estrutura fora imaginado anteriormente,<<strong>br</strong> />

até os menores detalhes, <strong>com</strong>o a forma simétrica, a economia<<strong>br</strong> />

gera<strong>da</strong> pelo uso de irrigadores automáticos, e assim por diante.<<strong>br</strong> />

"Mas esse era apenas um ponto interessante. Depois que o<<strong>br</strong> />

irrigador parou, 11 minutos depois (cronometrei, por curiosi<strong>da</strong>de),<<strong>br</strong> />

decidi que queria avaliar a contribuição de alguns mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco. Queria ver a importância do papel de ca<strong>da</strong> um.<<strong>br</strong> />

"Parei um mem<strong>br</strong>o do elenco que estava passando, mostrei-<<strong>br</strong> />

lhe minha carta e perguntei-lhe so<strong>br</strong>e a possibili<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

dedicarmos alguns minutos a uma conversa. 'Claro', disse ela.<<strong>br</strong> />

Perguntei se ela considerava importante o seu papel e sentia-se<<strong>br</strong> />

segura ao desempenhá-lo. Prometi que não revelaria o seu nome.<<strong>br</strong> />

"Ela me disse que, na semana anterior, tinha renovado sua<<strong>br</strong> />

carteira de motorista e feito um teste de mamografia — bem aqui<<strong>br</strong> />

na <strong>Disney</strong>world. Ela também disse que seria possível <strong>com</strong>prar<<strong>br</strong> />

selos, arrumar ou cortar os cabelos em qualquer um dos diversos<<strong>br</strong> />

salões ou barbearias e até <strong>com</strong>prar sapatos na loja de calçados<<strong>br</strong> />

ambulante. Disse também que embora esses serviços não pareçam


importantes para muita gente, significavam muito para ela.<<strong>br</strong> />

Economizavam muito tempo e facilitavam o cumprimento de<<strong>br</strong> />

determina<strong>da</strong>s tarefas diárias. E que essas coisas a faziam se sentir<<strong>br</strong> />

importante.<<strong>br</strong> />

"Depois, ela tirou do bolso o que chamou de cartão de<<strong>br</strong> />

identi<strong>da</strong>de do Pato Donald. Os mem<strong>br</strong>os do elenco podem usá-lo<<strong>br</strong> />

para obter descontos em restaurantes, cinemas, concertos de rock<<strong>br</strong> />

e eventos esportivos, e até em ingressos para eventos especiais<<strong>br</strong> />

que, de outro modo, seria impossível obter.<<strong>br</strong> />

"Mas, segundo ela, o melhor é o apoio que recebe dos<<strong>br</strong> />

outros mem<strong>br</strong>os do elenco. Ela me falou so<strong>br</strong>e sua amizade <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Pat, mem<strong>br</strong>o do elenco e colega de equipe. As vezes, quando as<<strong>br</strong> />

coisas saem direitinho, disse, ela e Pat são unânimes em dizer:<<strong>br</strong> />

'Não há lugar <strong>com</strong>o este'. Ela realmente admira esse espírito de<<strong>br</strong> />

união."<<strong>br</strong> />

— Estou curiosa para saber quanto tempo ela trabalhou<<strong>br</strong> />

aqui antes de <strong>com</strong>eçar a se sentir satisfeita — disse Judy.<<strong>br</strong> />

— Acho que não faz muito tempo. Ela trabalha aqui há sete<<strong>br</strong> />

anos, creio que foi isso o que ela me disse, tanto é que ain<strong>da</strong> se<<strong>br</strong> />

recor<strong>da</strong> de suas primeiras sessões do treinamento Tradições, as<<strong>br</strong> />

histórias so<strong>br</strong>e Walt e outras pessoas <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, e ain<strong>da</strong> tem a<<strong>br</strong> />

sensação de estar <strong>com</strong>eçando a trabalhar aqui... sente-se <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

parte de uma equipe, não apenas uma engrenagem em uma<<strong>br</strong> />

máquina, segundo explicou.<<strong>br</strong> />

"E ela me causou a impressão de que seu conceito de<<strong>br</strong> />

trabalho cm equipe incluía li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> mem<strong>br</strong>os do elenco nos<<strong>br</strong> />

hotéis espalhados pela <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

"Esta parte é chama<strong>da</strong> de Parques, não é, Mort?<<strong>br</strong> />

"Ela não me causou a impressão de que se considerasse<<strong>br</strong> />

mais do que qualquer outro de seus <strong>com</strong>panheiros do elenco,


aquela velha divisão 'nós versus eles' <strong>com</strong>umente emprega<strong>da</strong> em<<strong>br</strong> />

outros ambientes de trabalho, <strong>com</strong>o no banco em que trabalho.<<strong>br</strong> />

"Isso me recor<strong>da</strong> algo que aconteceu no escritório na<<strong>br</strong> />

semana passa<strong>da</strong>. Estava conversando <strong>com</strong> uma de nossas<<strong>br</strong> />

clientes, uma empresária fanática por serviços aos clientes.<<strong>br</strong> />

Durante nossa conversa, ela ocasionalmente confessou não se<<strong>br</strong> />

sentir <strong>com</strong>o uma cliente do banco. Sentia-se <strong>com</strong>o uma<<strong>br</strong> />

correntista ou <strong>com</strong>o investidora financeira. Completou dizendo<<strong>br</strong> />

que não havia alguém que funcionasse <strong>com</strong>o o porta-voz do<<strong>br</strong> />

banco. E que quando era necessária a <strong>com</strong>unicação entre os<<strong>br</strong> />

departamentos, os funcionários não sabiam atender, sentindo-se<<strong>br</strong> />

perdidos. Ain<strong>da</strong> tracei um plano para solucionar essa situação,<<strong>br</strong> />

mas vou tratar disso assim que retornar. <strong>Nos</strong>sos clientes devem<<strong>br</strong> />

ser satisfeitos. Eles devem sentir que o trato <strong>com</strong> nosso banco<<strong>br</strong> />

deve ser uma experiência absolutamente gratificante."<<strong>br</strong> />

assentiu.<<strong>br</strong> />

— O efeito 'parede' ataca novamente — disse Judy. Alan<<strong>br</strong> />

Bill prosseguiu,<<strong>br</strong> />

— Bem, o parque estava quase a<strong>br</strong>indo e um dos mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

do elenco estava ocupado, por isso decidi sair e entrar novamente<<strong>br</strong> />

na <strong>Disney</strong>, só para me sentir <strong>com</strong>o a maioria dos convi<strong>da</strong>dos.<<strong>br</strong> />

Fiquei satisfeito <strong>com</strong> isso, pois pude notar que até uma simples<<strong>br</strong> />

bilheteira consegue animar um convi<strong>da</strong>do desde o início de sua<<strong>br</strong> />

visita ao parque.<<strong>br</strong> />

— Estava na fila atrás de um grupo de quatro mulheres,<<strong>br</strong> />

quando a bilheteira apanhou o ingresso de uma <strong>da</strong>s mulheres e<<strong>br</strong> />

disse: 'Bem-vin<strong>da</strong> de volta, Mary!' Ela exibiu um grande sorriso e<<strong>br</strong> />

entrou.


"Preferi ficar atrás do grupo durante cerca de um minuto c<<strong>br</strong> />

escutar os <strong>com</strong>entários. Mary estava ao mesmo tempo espanta<strong>da</strong> e<<strong>br</strong> />

satisfeita pelo fato de a bilheteira ter lem<strong>br</strong>ado de seu nome.<<strong>br</strong> />

Perguntava-se <strong>com</strong>o isso era possível, <strong>com</strong> tantos visitantes<<strong>br</strong> />

entrando a todo o instante.<<strong>br</strong> />

"As amigas de Mary lem<strong>br</strong>aram que ela estava usando<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>incos <strong>com</strong> o seu nome. 'Ah, é ver<strong>da</strong>de', confirmou ela. Mas <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

aquela moça sabia que já havia visitado a <strong>Disney</strong> anteriormente?<<strong>br</strong> />

Já fazia um ano desde sua última visita.<<strong>br</strong> />

"Dei meia volta e perguntei à bilheteira. Simples, disse ela.<<strong>br</strong> />

Ela havia notado os <strong>br</strong>incos e também sabia que 70 por cento dos<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos retornam, aumentando as chances de que Mary<<strong>br</strong> />

também o fizesse. Mas o que realmente fez a diferença foi a<<strong>br</strong> />

intuição — uma sensação e um palpite de que Mary tinha visitado<<strong>br</strong> />

o parque antes.<<strong>br</strong> />

"Fiquei espantado. Essa jovem soube usar uma sofistica<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>binação de atenção aos detalhes, informações prévias,<<strong>br</strong> />

intuição c aquilo que pode ser chamado de 'cordiali<strong>da</strong>de agressiva'<<strong>br</strong> />

e, em uma fração de segundo, iluminou o dia de um cliente.<<strong>br</strong> />

Gostaria de poder man<strong>da</strong>r todo o nosso pessoal para cá a fim de<<strong>br</strong> />

poder observá-la cm seu trabalho. Especialmente nossos caixas."<<strong>br</strong> />

— Eles terão de permanecer em fila, atrás <strong>da</strong> minha equipe<<strong>br</strong> />

de suporte técnico — disse Carmen.<<strong>br</strong> />

prosseguiu.<<strong>br</strong> />

— E <strong>da</strong> minha sogra — disse Judy. Todos riram. Bill<<strong>br</strong> />

— Deixem-me contar o caso do outro mem<strong>br</strong>o do elenco<<strong>br</strong> />

que conheci. Estava conversando <strong>com</strong> ele quando um casal <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

três filhos apareceu e perguntou a que horas <strong>com</strong>eçava a para<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s 15 horas. Fiquei pensando... Será que existe pergunta mais<<strong>br</strong> />

idiota?


"A reação do mem<strong>br</strong>o do elenco me surpreendeu. E, tenho<<strong>br</strong> />

de admitir, me humilhou. Ele sorriu para o pessoal e disse: 'Bem,<<strong>br</strong> />

a para<strong>da</strong> <strong>com</strong>eça pontualmente, e vocês devem chegar por volta<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s 14h30 para conseguir um bom lugar'. O casal agradeceu e<<strong>br</strong> />

saiu caminhando.<<strong>br</strong> />

"Ao pensar no caso, percebi que ele não chegou a responder<<strong>br</strong> />

a pergunta que fizeram. Fez algo ain<strong>da</strong> melhor. Respondeu à<<strong>br</strong> />

pergunta que não fora formula<strong>da</strong> — aquilo que realmente<<strong>br</strong> />

queriam saber. É uma habili<strong>da</strong>de especial. E é uma atitude<<strong>br</strong> />

positiva: acreditar que as pessoas são mais inteligentes do que<<strong>br</strong> />

parecem e saber que ocasionalmente elas têm dificul<strong>da</strong>de para se<<strong>br</strong> />

expressar <strong>com</strong> clareza. Gostaria que um número maior de<<strong>br</strong> />

funcionários do banco tivesse essa atitude." 20<<strong>br</strong> />

— Puxa, Bill — exclamou Judy — sabe quem esse mem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

do elenco me lem<strong>br</strong>a? Já assistiu ao filme ou ao seriado de TV<<strong>br</strong> />

M*A*S*H*? Lem<strong>br</strong>a-se do Ra<strong>da</strong>r O´Reilly? Ele conseguia ouvir os<<strong>br</strong> />

helicópteros antes de qualquer um. E sabia sempre o que o<<strong>br</strong> />

coronel Blake queria, mesmo antes de o próprio coronel saber.<<strong>br</strong> />

"Creio que, quando voltar, vou criar um Prêmio Ra<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

O´Reilly para pessoas que se mostram hábeis na antecipação <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

necessi<strong>da</strong>des dos clientes, sejam externos ou internos."<<strong>br</strong> />

— Não é má idéia — disse Bill. — Podemos muito bem usar<<strong>br</strong> />

uma idéia <strong>com</strong>o essa no banco. Iria nos aju<strong>da</strong>r na manutenção de<<strong>br</strong> />

clientes, algo que queremos muito. Você pode emprestá-la?<<strong>br</strong> />

— Claro. Basta dizer: "Usa<strong>da</strong> <strong>com</strong> a permissão de Judy<<strong>br</strong> />

Crawford, do departamento de atendimento ao cliente e fanática<<strong>br</strong> />

por velhos seriados de TV!"<<strong>br</strong> />

20 “ Responder a uma pergunta não-formula<strong>da</strong> — aquilo que<<strong>br</strong> />

as pessoas realmente querem saber — é uma habili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

especial.”


Depois, Judy percebeu que todos estavam anotando sua<<strong>br</strong> />

receita em seus blocos — inclusive Mort.<<strong>br</strong> />

dizendo?<<strong>br</strong> />

— Mort! — disse ela. — Você está anotando o que eu estou<<strong>br</strong> />

— Ei, também preciso aprender! — disse Mort. — É por isso<<strong>br</strong> />

que gosto destas aulas. To<strong>da</strong> vez que as organizo, tenho novas<<strong>br</strong> />

idéias para <strong>com</strong>partilhar <strong>com</strong> os próximos grupos. Vejamos...<<strong>br</strong> />

"Usa<strong>da</strong> <strong>com</strong> a permissão de..." Foi isso que você disse?<<strong>br</strong> />

— Certo, estou assumindo a aula — disse ela. — Quero<<strong>br</strong> />

ouvir se Bill tem algo mais a dizer.<<strong>br</strong> />

Bill riu.<<strong>br</strong> />

— Sabe — disse ele —, se nos divertíssemos assim no<<strong>br</strong> />

banco, metade de nossos problemas <strong>com</strong> clientes seria resolvi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

do dia para a noite. Essa é outra <strong>da</strong>s coisas que percebi durante<<strong>br</strong> />

meu passeio. Sei que uma de minhas deficiências profissionais<<strong>br</strong> />

tem a ver <strong>com</strong> a diversão. Minha tendência é ser um tanto só<strong>br</strong>io<<strong>br</strong> />

no trabalho. Em parte, isso se deve à própria estrutura bancária,<<strong>br</strong> />

pois os banqueiros pensam que os clientes podem não confiar<<strong>br</strong> />

neles caso pareçam muito <strong>br</strong>incalhões.<<strong>br</strong> />

"Essa também é uma característica minha. Talvez eu não<<strong>br</strong> />

saia c me divirta tanto quanto deveria. Às vezes, penso que meus<<strong>br</strong> />

netos têm medo de mim. Passo muito tempo li<strong>da</strong>ndo <strong>com</strong> assuntos<<strong>br</strong> />

sérios. Todos os anos, desde que me formei, tenho sido mentor de,<<strong>br</strong> />

um recém-graduado de minha facul<strong>da</strong>de. Levo isso e a maioria<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>quilo que faço muito a sério.<<strong>br</strong> />

"Por isso, nesta manhã, decidi que iria procurar me divertir.<<strong>br</strong> />

Não falamos disso, mas aqui estamos cercados de situações<<strong>br</strong> />

favoráveis. Achei que deveria me imaginar <strong>com</strong>o uma criança,


fazendo tudo aquilo que uma criança gostaria de fazer. E o que<<strong>br</strong> />

poderia ser mais divertido para uma criança do que visitar a<<strong>br</strong> />

atração It's a Small World, na Fantasyland?<<strong>br</strong> />

"E foi o que fiz. Embora não seja mais criança, gostei muito.<<strong>br</strong> />

Fiquei o tempo todo desejando que meus netos estivessem aqui,<<strong>br</strong> />

mas prometi a mim mesmo trazê-los em <strong>br</strong>eve.<<strong>br</strong> />

"Como sabem, essa atração está repleta de bonecas do<<strong>br</strong> />

mundo inteiro. Desco<strong>br</strong>i algo bastante interessante so<strong>br</strong>e ela —<<strong>br</strong> />

algo que um mem<strong>br</strong>o do elenco me confidenciou: há apenas duas<<strong>br</strong> />

bonecas dos Estados Unidos.<<strong>br</strong> />

"Ora, sou tão patriota quanto qualquer um, mas gostei<<strong>br</strong> />

disso. De vez em quando, nossa cultura convencional faz <strong>com</strong> que<<strong>br</strong> />

usemos viseiras, fazendo-nos crer que só existem os Estados<<strong>br</strong> />

Unidos. Provavelmente, por ser afro-americano, tenho mais<<strong>br</strong> />

consciência disso que a maioria.<<strong>br</strong> />

"Saí de lá sentindo-me bem. Estava <strong>com</strong> fome, e por isso<<strong>br</strong> />

decidi almoçar no Pavilhão do Marrocos, no Epcot Center.<<strong>br</strong> />

"Na fila, acabei ficando na frente de um ex-mem<strong>br</strong>o do<<strong>br</strong> />

elenco, e convidei-o para almoçar <strong>com</strong>igo. A <strong>com</strong>i<strong>da</strong> estava ótima,<<strong>br</strong> />

assim <strong>com</strong>o a conversa. Fiquei sabendo que, embora o projeto<<strong>br</strong> />

básico do Pavilhão do Marrocos tenha sido feito pelos<<strong>br</strong> />

Imagenheiros, a decoração e os trabalhos artísticos foram<<strong>br</strong> />

confeccionados à mão por 23 artesãos do próprio Marrocos. Em<<strong>br</strong> />

seis meses, criaram as fontes, os entalhes e muitos outros belos<<strong>br</strong> />

objetos. Sua o<strong>br</strong>a foi um presente para a <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

"Os azulejos são os mesmos usados na decoração de<<strong>br</strong> />

palácios marroquinos. Os entalhes não se valem de imagens de<<strong>br</strong> />

plantas, animais ou seres humanos. O Islã proíbe a representação<<strong>br</strong> />

artística de coisas vivas, por isso todos os desenhos são de figuras<<strong>br</strong> />

geométricas. "Também fiquei sabendo que o projeto foi inspirado


em três ci<strong>da</strong>des: Fez, Casablanca e Marrakech. Assim, não apenas<<strong>br</strong> />

os azulejos, <strong>com</strong>o todo o lugar, mostra o entusiasmo dessas três<<strong>br</strong> />

ci<strong>da</strong>des. E, tal <strong>com</strong>o a maioria <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des marroquinas, o<<strong>br</strong> />

pavilhão é dividido em duas seções: a Villa Nouvelie, ou ci<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

nova, e a Medina ci<strong>da</strong>de velha".<<strong>br</strong> />

— Minha última anotação trata de alguns desses pequenos<<strong>br</strong> />

detalhes que chamam a sua atenção e simplesmente fazem <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

que você se sinta bem — continuou Bill. — Ain<strong>da</strong> tinha algum<<strong>br</strong> />

tempo de so<strong>br</strong>a e, assim, voltando para cá, perambulei pela Main<<strong>br</strong> />

Street. Por acaso, olhei para cima, e vi um banho turco. Uma<<strong>br</strong> />

placa indicava que o supervisor era Dick Nunis. Nunis? Ah, sim,<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>ei, que ele era o presidente do conselho <strong>da</strong> <strong>Disney</strong><<strong>br</strong> />

Attractions. Também há uma academia de ginástica <strong>com</strong> o seu<<strong>br</strong> />

nome.<<strong>br</strong> />

"Daí <strong>com</strong>ecei a olhar para os nomes <strong>da</strong>s lojas. Alguns<<strong>br</strong> />

desses nomes não me diziam na<strong>da</strong>, e por isso pedi que um<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>o do elenco os explicasse. Eis alguns que encontrei:<<strong>br</strong> />

"M.T. Lott Real Estate Investments. E um bom trocadilho,<<strong>br</strong> />

lógico, mas as subsidiárias relaciona<strong>da</strong>s abaixo — Latin American<<strong>br</strong> />

Development, Tomahawk Properties, Ayefour Corporation, Com-<<strong>br</strong> />

pass East Corporation, Reedy Creek Ranch e Bay Lake<<strong>br</strong> />

Properties— são as empresas fictícias cria<strong>da</strong>s para a aquisição do<<strong>br</strong> />

terreno <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>world antes de a área do parque se tornar<<strong>br</strong> />

pública.<<strong>br</strong> />

"Depois, há Roy E. <strong>Disney</strong>, fa<strong>br</strong>icante de velas e instrutor<<strong>br</strong> />

de navegação. Fica acima <strong>da</strong> loja Crystal Arts. Roy E. é so<strong>br</strong>inho<<strong>br</strong> />

de Walt. Seu pai, Roy O. <strong>Disney</strong>, foi o supervisor <strong>da</strong> construção <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world depois <strong>da</strong> morte de Walt. Depois temos Patty <strong>Disney</strong>,


mulher de Roy E., na <strong>com</strong>panhia dos outros, bem <strong>com</strong>o quatro<<strong>br</strong> />

nomes que, presumo, são de seus filhos — Susan, Timothy, Roy<<strong>br</strong> />

Patrick e Abigail.<<strong>br</strong> />

"O escritório do Lazy M Cattle Company, em Wyoming, de<<strong>br</strong> />

Ron e Diane Miller, fica so<strong>br</strong>e a pa<strong>da</strong>ria onde tomamos café to<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

as manhãs. Ron é um antigo presidente do conselho <strong>da</strong> Walt<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> Company, e Diane é uma <strong>da</strong>s filhas de Walt. Seus filhos<<strong>br</strong> />

estão relacionados <strong>com</strong>o sócios dessa empresa.<<strong>br</strong> />

"Para mim, porém, o melhor foi o Ice Cream Corner de<<strong>br</strong> />

Walter E. <strong>Disney</strong>. E Walt, claro, mas de todos os nomes, o de Walt<<strong>br</strong> />

é o único que fica de frente para o Castelo <strong>da</strong> Cinderela. Acho que<<strong>br</strong> />

isso é especial, assim <strong>com</strong>o a tinta de ouro do carrossel é especial.<<strong>br</strong> />

"São coisas que, na maioria, só um mem<strong>br</strong>o do elenco<<strong>br</strong> />

saberia ou identificaria. Podem ser pequenas <strong>br</strong>incadeiras<<strong>br</strong> />

internas, aparentemente inconseqüentes, mas, reuni<strong>da</strong>s, se<<strong>br</strong> />

tornam importantes. O mesmo pode acontecer no banco onde<<strong>br</strong> />

trabalho. Se reunir diversas coisas aparentemente<<strong>br</strong> />

inconseqüentes, elas se tornarão significativas.<<strong>br</strong> />

"Agora, Mort, você também disse para prestarmos atenção<<strong>br</strong> />

naquilo que estivesse acontecendo dentro de nós. A coisa mais<<strong>br</strong> />

importante que percebi foi a diversão. <strong>Disney</strong> é um lugar divertido<<strong>br</strong> />

— diversão para crianças de to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des. Para mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco. Para todos. Até para banqueiros.<<strong>br</strong> />

"Às vezes, confundo a serie<strong>da</strong>de naquilo que faço <strong>com</strong> levar-<<strong>br</strong> />

me muito a sério. Por isso, vou tentar me divertir mais <strong>com</strong> aquilo<<strong>br</strong> />

que faço no banco, mas não à custa de ser menos sério <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

minhas responsabili<strong>da</strong>des."<<strong>br</strong> />

— Maravilhoso! — disse Mort. — Gostei de seus exemplos


de atenção aos detalhes e mostrar entusiasmo, e você foi bastante<<strong>br</strong> />

sincero no que tange às deficiências profissionais de ca<strong>da</strong> um de<<strong>br</strong> />

nós, mas, a julgar por aquilo que vejo, creio que você se<<strong>br</strong> />

subestima. Agora, você teve idéias específicas para a aplicação<<strong>br</strong> />

dessas constatações em seu banco?<<strong>br</strong> />

— Bem, <strong>com</strong>o já disse, primeiro vou usar a idéia de Judy: o<<strong>br</strong> />

Prêmio Ra<strong>da</strong>r O'Reilly.<<strong>br</strong> />

"Depois, vou visitar novamente a cliente que não se sentia<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o cliente do banco. Vou lhe pedir que participe de uma<<strong>br</strong> />

reunião <strong>com</strong> alguns de nossos executivos, inclusive<<strong>br</strong> />

representantes <strong>da</strong>s áreas <strong>com</strong> que ela trata. É muito valioso ouvir<<strong>br</strong> />

certas coisas diretamente do cliente. Vou pedir que seja sincera e<<strong>br</strong> />

perguntarei: 'O que foi que aconteceu? O que teria impedido o<<strong>br</strong> />

problema de acontecer? Como deveríamos fazer no futuro?'<<strong>br</strong> />

Depois, vou pôr em prática aquilo que ela sugerir. Temos<<strong>br</strong> />

pesquisas so<strong>br</strong>e satisfação de clientes em muitas áreas, mas<<strong>br</strong> />

pessoas <strong>com</strong>o essa mulher são um posto de escuta negligenciado<<strong>br</strong> />

que deveríamos explorar. E vamos explorá-la! Vou procurar outros<<strong>br</strong> />

clientes <strong>com</strong>o ela. Quanto mais postos de escuta, melhor. Menos<<strong>br</strong> />

pesquisas e mais escuta!<<strong>br</strong> />

"Também me senti inspirado pela importância do Tradições<<strong>br</strong> />

e pelos nomes <strong>da</strong>s lojas na Main Street. A maioria de nossos<<strong>br</strong> />

funcionários não pensa em tradição, sequer tem consciência de<<strong>br</strong> />

nossas raízes. Quero encontrar um modo de embutir mais<<strong>br</strong> />

tradições no treinamento que <strong>da</strong>mos aos funcionários — se<<strong>br</strong> />

possível, <strong>com</strong> um toque de humor. É antiga nossa história na<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de, já vem <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 20. E, embora tenhamos<<strong>br</strong> />

excelentes fotografias desses primeiros tempos, estão to<strong>da</strong>s na<<strong>br</strong> />

sala de reuniões do conselho e as pessoas que realmente deveriam<<strong>br</strong> />

vê-las raramente o fazem. Poderíamos montar uma interessante


exposição pública <strong>com</strong> elas. Só pela farra, poderíamos <strong>com</strong>emorar<<strong>br</strong> />

o Dia <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção no aniversário do banco, <strong>com</strong> as pessoas<<strong>br</strong> />

trajando roupas <strong>da</strong> época e <strong>da</strong>ndo certificados de <strong>com</strong>pra de<<strong>br</strong> />

hambúrgueres por cinco centavos ou outras coisas a preços de<<strong>br</strong> />

antigamente. 21<<strong>br</strong> />

"Também vou procurar enfatizar a atenção aos detalhes.<<strong>br</strong> />

Não em questões financeiras, pois já atentamos para isso até<<strong>br</strong> />

demais. <strong>Nos</strong>sa fraqueza está nos detalhes do foco so<strong>br</strong>e o cliente.<<strong>br</strong> />

Parte de ca<strong>da</strong> sessão de treinamento deveria tratar <strong>da</strong> satisfação<<strong>br</strong> />

dos clientes e de sua retenção. Não apenas o treinamento do<<strong>br</strong> />

pessoal de atendimento aos clientes, mas o do pessoal de crédito,<<strong>br</strong> />

de informática e de to<strong>da</strong>s as áreas.<<strong>br</strong> />

"Por fim, vou tirar a minha conta de nossa matriz. Vou<<strong>br</strong> />

transferi-la para alguma filial. Tudo é fácil demais para mim,<<strong>br</strong> />

especialmente na matriz, mas isso talvez não se aplique a outros<<strong>br</strong> />

clientes. Se puder li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> o banco <strong>com</strong>o nossos clientes o<<strong>br</strong> />

fazem, essa nova perspectiva vai me aju<strong>da</strong>r a entender <strong>com</strong>o eles<<strong>br</strong> />

pensam."<<strong>br</strong> />

Com isso, Bill fechou seu bloco de anotações.<<strong>br</strong> />

— Muito bem — disse Mort.<<strong>br</strong> />

"Você nos deu exatamente o tipo de relatório que eu havia<<strong>br</strong> />

pedido. Aposto que não é fácil a<strong>com</strong>panhá-lo nas reuniões <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

diretoria."<<strong>br</strong> />

— Também não é fácil a<strong>com</strong>panhá-lo aqui — disse Carmen.<<strong>br</strong> />

— Contudo, se ele está usando a idéia de Judy, creio que tenho o<<strong>br</strong> />

direito de usar as dele. Ele me proporcionou duas páginas de<<strong>br</strong> />

anotações. E não sou a única.<<strong>br</strong> />

21 “ É muito valioso ouvir a opinião diretamente do cliente. “


— É disso que estamos tratando — disse Mort. — Se você<<strong>br</strong> />

quer elevar o nível de seu negócio, não pode fazê-lo sozinho. Não<<strong>br</strong> />

importa quem teve as idéias, e de onde se originaram. O<<strong>br</strong> />

importante é que sejam usa<strong>da</strong>s. Vamos atrás disso!


11<<strong>br</strong> />

Como a <strong>Disney</strong> escolhe as<<strong>br</strong> />

pessoas certas<<strong>br</strong> />

Dia 3, 14h15 às 14h30<<strong>br</strong> />

Vejamos — disse Mort, revisando seu bloco de anotações.<<strong>br</strong> />

— O próximo a falar será a pessoa que tem as maiores orelhas.<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> um olhou a dos outros.<<strong>br</strong> />

— Ah, sim — disse Judy. Ela vasculhou sua bolsa e pôs as<<strong>br</strong> />

grandes orelhas redon<strong>da</strong>s em sua cabeça.<<strong>br</strong> />

— Você me deixou preocupado — disse Alan. — Ain<strong>da</strong> não<<strong>br</strong> />

estava pronto.<<strong>br</strong> />

Os outros riram enquanto Judy a<strong>br</strong>ia sua agen<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

— Certo — disse. — Antes de mais na<strong>da</strong>, não é segredo<<strong>br</strong> />

que, para mim, a <strong>Disney</strong>world é um lugar fantástico. Passei<<strong>br</strong> />

semanas entusiasma<strong>da</strong> <strong>com</strong> a perspectiva desta visita.<<strong>br</strong> />

"Mas o que nunca contei para ninguém é que um de meus<<strong>br</strong> />

sonhos sempre foi me tornar mem<strong>br</strong>o do elenco. Estive aqui três<<strong>br</strong> />

vezes antes, e em to<strong>da</strong>s elas nutri o desejo secreto de me<<strong>br</strong> />

candi<strong>da</strong>tar.<<strong>br</strong> />

"Assim, decidi fazê-lo nesta manhã. Que momento seria<<strong>br</strong> />

melhor para ver se meus sonhos poderiam se tornar reali<strong>da</strong>de? Foi


o que fiz."<<strong>br</strong> />

Alan.<<strong>br</strong> />

— Bem, isso é que é mostrar entusiasmo! — exclamou<<strong>br</strong> />

— Você pediu emprego aqui? — perguntou Mort.<<strong>br</strong> />

— Lógico! Só me senti um pouco culpa<strong>da</strong> porque sabia que<<strong>br</strong> />

nunca iria trabalhar de fato aqui. Afinal, tenho um ótimo emprego<<strong>br</strong> />

e não iria pedir a minha família que deixasse suas raízes e se<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>sse para cá. Mas sempre tive curiosi<strong>da</strong>de de saber se iria<<strong>br</strong> />

conseguir. Sabe <strong>com</strong>o é.<<strong>br</strong> />

— Sim, creio que sei — disse Mort. — E o que aconteceu?<<strong>br</strong> />

— Bem, fui até um mem<strong>br</strong>o do elenco e perguntei a ela<<strong>br</strong> />

onde poderia obter informações a respeito de empregos no Magic<<strong>br</strong> />

Kingdom. Ela me orientou, e quando apontou o caminho que<<strong>br</strong> />

deveria tomar, percebi que o fez <strong>com</strong> dois dedos em vez de um.<<strong>br</strong> />

Assim. — Ela ergueu o <strong>br</strong>aço e mostrou <strong>com</strong>o era o gesto. — Ora,<<strong>br</strong> />

vi que você fez isso outro dia, Mort, e, embora tivesse achado<<strong>br</strong> />

estranho, não pensei muito no caso até ver essa pessoa fazê-lo<<strong>br</strong> />

também.<<strong>br</strong> />

"Por isso, perguntei-lhe o motivo para os dois dedos. Ela<<strong>br</strong> />

explicou que havia duas razões. Primeiro, é mais fácil manter o<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>aço reto <strong>com</strong> dois dedos, o que facilita a orientação.<<strong>br</strong> />

Experimentem."<<strong>br</strong> />

Todos experimentaram apontar <strong>com</strong> um e <strong>com</strong> dois dedos e<<strong>br</strong> />

concor<strong>da</strong>ram que <strong>com</strong> dois era melhor.<<strong>br</strong> />

— A outra razão — disse Judy —, é que em algumas<<strong>br</strong> />

culturas não é educado apontar <strong>com</strong> um dedo, chegando mesmo a<<strong>br</strong> />

ser considerado um insulto. É apenas um pequeno detalhe, mas<<strong>br</strong> />

importante.<<strong>br</strong> />

"Bem, cheguei na Central Casting, a central de escalação do<<strong>br</strong> />

elenco. Ali! E o motivo pelo qual um funcionário é chamado de


mem<strong>br</strong>o do elenco é porque ele não é contratado, mas entra para<<strong>br</strong> />

participar de um elenco em seu papel respectivo. Outro exemplo<<strong>br</strong> />

de <strong>com</strong>o tudo mostra entusiasmo. A primeira coisa que notei foi<<strong>br</strong> />

uma maçaneta de latão na forma de uma cabeça de taturana,<<strong>br</strong> />

retira<strong>da</strong> de Alice no País <strong>da</strong>s Maravilhas. Tive a mesma sensação<<strong>br</strong> />

de quando era garotinha e assisti ao desenho animado pela<<strong>br</strong> />

primeira vez."<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>o-me de você ter dito que tudo mostra entusiasmo,<<strong>br</strong> />

Mort. Essa maçaneta é um bom exemplo. Poucos convi<strong>da</strong>dos<<strong>br</strong> />

chegarão a vê-la, não é exatamente para que eles notem que a<<strong>br</strong> />

maçaneta está naquele lugar. É para prováveis mem<strong>br</strong>os do<<strong>br</strong> />

elenco. Pergunto-me quantos deles já perceberam a maçaneta,<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>aram do filme e sentiram a mesma on<strong>da</strong> de sau<strong>da</strong>des que<<strong>br</strong> />

eu. Aposto que isso é um bom <strong>com</strong>ponente <strong>da</strong> magia de trabalhar<<strong>br</strong> />

aqui.<<strong>br</strong> />

"Comecei então a <strong>com</strong>preender <strong>com</strong>o essas coisinhas vão se<<strong>br</strong> />

acumulando. Sabe, Mort, eu achava que <strong>com</strong>preendia o que você<<strong>br</strong> />

estava dizendo antes, mas depois que vi a maçaneta de Alice no<<strong>br</strong> />

País <strong>da</strong>s Maravilhas, realmente <strong>com</strong>ecei a <strong>com</strong>preender. Depois,<<strong>br</strong> />

um dos mem<strong>br</strong>os do elenco me disse que a maçaneta fora<<strong>br</strong> />

coloca<strong>da</strong> ali para deixar os candi<strong>da</strong>tos à vontade, mostrando-lhes<<strong>br</strong> />

que tudo mostra entusiasmo. Assim, acho que ela conseguiu<<strong>br</strong> />

atingir exatamente o seu intento. Comigo, funcionou mesmo!<<strong>br</strong> />

"Decidi que seria melhor tirar meu crachá para que as<<strong>br</strong> />

pessoas não ficassem perguntando porque um convi<strong>da</strong>do especial<<strong>br</strong> />

estaria se candi<strong>da</strong>tando a trabalhar aqui. Depois, fui em frente.<<strong>br</strong> />

Passei por um corredor e cheguei a uma sala circular repleta de<<strong>br</strong> />

estátuas de personagens <strong>Disney</strong>. Percebi que todos estavam


pintados de ouro — tal <strong>com</strong>o o carrossel de que você nos falou.<<strong>br</strong> />

Não saberia a diferença, e por isso presumo que se tratava de tinta<<strong>br</strong> />

de ouro 23 k. Devo dizer, Mort, que suas conversas conosco<<strong>br</strong> />

realmente me aju<strong>da</strong>ram a perceber todos esses detalhes. Se não<<strong>br</strong> />

fossem elas, provavelmente não os teria notado.<<strong>br</strong> />

"Depois, fui até a recepcionista e disse que queria me<<strong>br</strong> />

candi<strong>da</strong>tar. Não sabia o que esperar, mas já havia muitos<<strong>br</strong> />

candi<strong>da</strong>tos por ali, e em pouco tempo levaram-nos para uma sala<<strong>br</strong> />

onde apresentaram um vídeo de alguns minutos. Falava tudo<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e as condições básicas de emprego e coisas assim.<<strong>br</strong> />

"Foi bem objetivo quanto aos elevados padrões que a <strong>Disney</strong><<strong>br</strong> />

espera dos mem<strong>br</strong>os do elenco. A pessoa que estava nos<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhando disse que depois de assistirmos ao vídeo<<strong>br</strong> />

provavelmente iríamos achar que ser um mem<strong>br</strong>o do elenco <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world era tudo o que queríamos, ou então que não seria<<strong>br</strong> />

algo para nós. Disse que, se não nos sentíssemos encaixados,<<strong>br</strong> />

ninguém iria ficar ofendido se não prosseguíssemos.<<strong>br</strong> />

"Sabe o que aconteceu? Das 25 pessoas que estavam na<<strong>br</strong> />

sala, quatro se levantaram e saíram logo após o vídeo. A princípio<<strong>br</strong> />

fiquei espanta<strong>da</strong>, mas depois percebi que era apenas bom senso.<<strong>br</strong> />

Este não é um lugar para todos. Você pode ser muito talentoso,<<strong>br</strong> />

pode ser um gênio, mas se você precisa se esforçar para manter<<strong>br</strong> />

um sorriso no rosto, vai acabar ficando maluco aqui. O vídeo<<strong>br</strong> />

ajudou algumas pessoas a se selecionarem antes que perdessem<<strong>br</strong> />

mais tempo, e desperdiçassem o <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>, <strong>com</strong> entrevistas.<<strong>br</strong> />

"Fiquei, e cm pouco tempo fui chama<strong>da</strong> para uma<<strong>br</strong> />

entrevista que durou uns 30 minutos."<<strong>br</strong> />

Judy ficou quieta. Os outros ficaram olhando para ela.<<strong>br</strong> />

— E então? — perguntou Carmen. Judy sorriu.<<strong>br</strong> />

— Consegui.


— Ofereceram-lhe emprego? — perguntou Bill.<<strong>br</strong> />

— Com certeza!<<strong>br</strong> />

— Muito bem, Judy! Mas você ia dizendo... — disse Mort.<<strong>br</strong> />

— Sim, é claro que não poderia aceitar, Mort. Contei-lhes<<strong>br</strong> />

que estava me sentindo um pouco culpa<strong>da</strong> por desperdiçar o<<strong>br</strong> />

tempo deles, e por isso, assim que me ofereceram emprego, disse<<strong>br</strong> />

logo que não poderia aceitar, pois estava apenas pesquisando.<<strong>br</strong> />

Mostrei-lhes a carta e o crachá. Disse onde trabalhava e o que<<strong>br</strong> />

fazia. Também disse que gostaria de conhecer melhor seus<<strong>br</strong> />

métodos de seleção e contratação.<<strong>br</strong> />

"Disse que me sentia honra<strong>da</strong> por ter recebido a proposta,<<strong>br</strong> />

especialmente depois de ter aprendido tanto nos últimos três dias<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o significado de ser um bom mem<strong>br</strong>o do elenco. Eles não<<strong>br</strong> />

ficaram nem um pouco aborrecidos, e disseram que teriam prazer<<strong>br</strong> />

em permitir que eu continuasse o processo. Pareciam até<<strong>br</strong> />

contentes <strong>com</strong> meu interesse no modo <strong>com</strong>o faziam as coisas.<<strong>br</strong> />

Fizeram <strong>com</strong> que me sentisse melhor.<<strong>br</strong> />

"O passo seguinte foi uma apresentação so<strong>br</strong>e benefícios. O<<strong>br</strong> />

entrevistador estava prestes a fazer uma pausa e por isso se<<strong>br</strong> />

ofereceu para ficar <strong>com</strong>igo, explicando o processo. Eis o que ele<<strong>br</strong> />

me contou.<<strong>br</strong> />

"No final <strong>da</strong> entrevista, pode acontecer uma destas três<<strong>br</strong> />

coisas, Uma: você recebe uma oferta. Duas: dizem-lhe que você<<strong>br</strong> />

não é um candi<strong>da</strong>to muito forte no momento e relacionam os<<strong>br</strong> />

motivos. Três: dizem-lhe que você é um candi<strong>da</strong>to bem forte, mas<<strong>br</strong> />

que não há cargos em aberto no momento e que podem chamá-lo<<strong>br</strong> />

no futuro.<<strong>br</strong> />

"Os entrevistadores fazem rodízio em um período que varia


de nove a doze meses, e, juntos, entrevistam 75 mil pessoas por<<strong>br</strong> />

ano.<<strong>br</strong> />

"Depois, vem o treinamento. O primeiro é o Tradições, que<<strong>br</strong> />

todos nós conhecemos. Mas isso é apenas o <strong>com</strong>eço. Depois<<strong>br</strong> />

dele, o treinamento que você recebe depende <strong>da</strong> área para a qual<<strong>br</strong> />

você vai, se de hotéis, parques etc. É um treinamento mais<<strong>br</strong> />

especializado. 22<<strong>br</strong> />

"Depois, os novos mem<strong>br</strong>os do elenco recebem de três a<<strong>br</strong> />

cinco dias de treinamento individual, após o que passam por uma<<strong>br</strong> />

verificação final. Nesse ponto, o treinador decide se<<strong>br</strong> />

o novo mem<strong>br</strong>o do elenco necessita ou não de mais treinamento<<strong>br</strong> />

antes de ir para 'o palco'. A última coisa que querem é alguém no<<strong>br</strong> />

palco antes <strong>da</strong> hora."<<strong>br</strong> />

Mort.<<strong>br</strong> />

— É um treinamento extenso — disse Bill, olhando para<<strong>br</strong> />

— E ver<strong>da</strong>de — admitiu Mort —, mas também é crítico.<<strong>br</strong> />

Para ca<strong>da</strong> cem dólares de remuneração, as empresas de nível<<strong>br</strong> />

internacional investem cinco ou seis dólares em treinamento.<<strong>br</strong> />

Segundo tenho visto, empresas que incentivam o crescimento de<<strong>br</strong> />

seus funcionários têm maiores lucros. Empresas que<<strong>br</strong> />

desestimulam seus funcionários reduzem suas chances de lucros.<<strong>br</strong> />

Assim, analise o investimento que sua empresa está fazendo nas<<strong>br</strong> />

pessoas para ver se é suficiente.<<strong>br</strong> />

— Ain<strong>da</strong> há mais — disse Judy, folheando seu bloco de<<strong>br</strong> />

anotações. — Bill, lem<strong>br</strong>a-se <strong>da</strong>quela bilheteira? Você vai gostar<<strong>br</strong> />

desta. Ticket Taking and Selling (Recepção e Ven<strong>da</strong> de Ingressos) é<<strong>br</strong> />

um curso de duas semanas. Duas semanas! Não era à toa que<<strong>br</strong> />

22 “Empresas que incentivam o crescimento de seus<<strong>br</strong> />

funcionários têm maiores lucros. Empresas que desestimulam<<strong>br</strong> />

seus funcionários reduzem suas chances de lucro. “


aquele mem<strong>br</strong>o do elenco sabia dizer: "Bem-vin<strong>da</strong> de volta, Mary".<<strong>br</strong> />

"Agora, escutem esta! O mem<strong>br</strong>o do elenco <strong>com</strong> quem eu<<strong>br</strong> />

estava conversando trabalhava no Atendimento ao Convi<strong>da</strong>do. O<<strong>br</strong> />

curso de Atendimento ao Convi<strong>da</strong>do também leva duas semanas.<<strong>br</strong> />

Mas o melhor vem agora. Ele disse que o exame para esse curso<<strong>br</strong> />

de duas semanas leva de quatro a seis horas, e foi mais difícil que<<strong>br</strong> />

as provas de direito constitucional que ele fez na facul<strong>da</strong>de. Difícil<<strong>br</strong> />

é isso!<<strong>br</strong> />

"Os mem<strong>br</strong>os mais experientes do elenco também recebem<<strong>br</strong> />

outros treinamentos. Durante a Career Enhancement Week<<strong>br</strong> />

(Semana de Aperfeiçoamento <strong>da</strong> Carreira), você pode ter uma aula<<strong>br</strong> />

chama<strong>da</strong> Futuras Carreiras, na qual fica conhecendo novas<<strong>br</strong> />

oportuni<strong>da</strong>des que estão surgindo na <strong>Disney</strong>world, e <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

preparar para elas."<<strong>br</strong> />

anotações.<<strong>br</strong> />

Judy folheou página após página de seu bloco de<<strong>br</strong> />

— Há cursos que ensinam a participar de entrevistas,<<strong>br</strong> />

montar um bom currículo, a usar seu currículo para sua<<strong>br</strong> />

autopromoção, entrevistar o entrevistador. Há um curso so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

transferências, so<strong>br</strong>e <strong>com</strong>o falar <strong>com</strong> seu supervisor a respeito de<<strong>br</strong> />

subir dentro <strong>da</strong> organização.<<strong>br</strong> />

"Depois, há um curso chamado Wish upon a Star (Peça a<<strong>br</strong> />

uma Estrela), uma espécie de aula so<strong>br</strong>e motivação. Ali são<<strong>br</strong> />

ofereci<strong>da</strong>s maiores informações so<strong>br</strong>e a história de Walt <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>e seus sonhos. E <strong>com</strong>o seus sonhos são importantes. Mostra<<strong>br</strong> />

também <strong>com</strong>o você faz diferença. Aju<strong>da</strong> ca<strong>da</strong> mem<strong>br</strong>o do elenco a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender que ele ou ela faz parte <strong>da</strong> produção do espetáculo.<<strong>br</strong> />

"Mas o programa de treinamento de que mais gostei foi o<<strong>br</strong> />

We've Come a Long Way, Mickey (Foi Longo o Caminho, Mickey).<<strong>br</strong> />

Foi feito para pessoas que já são mem<strong>br</strong>os do elenco há muito


tempo e ain<strong>da</strong> não tiveram uma boa oportuni<strong>da</strong>de para sair e ver<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o as coisas mu<strong>da</strong>ram. Podem ter acrescentado dois hotéis,<<strong>br</strong> />

cinco restaurantes e três atrações desde que você fez o Tradições.<<strong>br</strong> />

Você se afasta de suas ativi<strong>da</strong>des e tem três dias de aula, boa<<strong>br</strong> />

parte dos quais você passa percorrendo o parque para ver o que<<strong>br</strong> />

há de novo, de diferente. E educativo, mas também é uma<<strong>br</strong> />

oportuni<strong>da</strong>de de revitalização, de evitar a monotonia e a falta de<<strong>br</strong> />

motivação. 23<<strong>br</strong> />

"Treinamento, treinamento. Estou sendo um pouco<<strong>br</strong> />

repetitiva, não? Mas o que estou querendo dizer é que tive a<<strong>br</strong> />

chance de realizar meu sonho de me tornar mem<strong>br</strong>o do elenco, c<<strong>br</strong> />

aprendi muito so<strong>br</strong>e a quanti<strong>da</strong>de de treinamento necessária para<<strong>br</strong> />

ser um bom mem<strong>br</strong>o do elenco. Foi muito interessante.<<strong>br</strong> />

"Quando cheguei aqui, simplesmente presumia que as<<strong>br</strong> />

pessoas eram contrata<strong>da</strong>s e recebiam um ou dois dias de<<strong>br</strong> />

orientação, e depois eram designa<strong>da</strong>s a esta ou aquela vaga<<strong>br</strong> />

disponível. Sabe <strong>com</strong>o é, contrate um bom pessoal e deixe-os fazer<<strong>br</strong> />

o que precisam. Mas desco<strong>br</strong>i que fazer <strong>com</strong> que o convi<strong>da</strong>do se<<strong>br</strong> />

divirta exige muito planejamento, treinamento e esforço. '<<strong>br</strong> />

"Se tivesse de resumir isso tudo — e nós, do Sul dos<<strong>br</strong> />

Estados Unidos, não somos conhecidos por isso — diria que<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>dos felizes não são fruto de acasos felizes."<<strong>br</strong> />

Frenéticos, Alan e Carmen faziam anotações, tentando<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhar o que ela dizia.<<strong>br</strong> />

— Vou dizer o que diria à minha empresa: clientes fiéis não<<strong>br</strong> />

são fruto de acasos felizes. São fruto de planejamento detalhado,<<strong>br</strong> />

trabalho impecável de equipe e execução a to<strong>da</strong> prova. Que tal?<<strong>br</strong> />

23 “ Clientes fiéis não são fruto de acasos felizes.”


— Ótimo, Judy — disse Mort. — Agora, poderia dizer <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

planeja transformar isso tudo em ação?<<strong>br</strong> />

— Bem, estive bastante ocupa<strong>da</strong> ouvindo e aprendendo,<<strong>br</strong> />

mas, sim, pensei em algumas coisas...<<strong>br</strong> />

"Sempre analisei a parte pessoal <strong>da</strong>s equações, quase<<strong>br</strong> />

nunca estudei os sistemas. Imaginava que pudéssemos motivar as<<strong>br</strong> />

pessoas a fazer qualquer coisa. Agora, porém, vejo que é preciso<<strong>br</strong> />

contar <strong>com</strong> sistemas para <strong>da</strong>r apoio às pessoas desde o princípio.<<strong>br</strong> />

"Assim, a primeira coisa que farei será redefinir o modo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o contratamos nossos funcionários de atendimento ao cliente.<<strong>br</strong> />

Sempre fiz essas contratações por meio de entrevistas pessoais,<<strong>br</strong> />

cara a cara. Hoje, enquanto caminhava, percebi que nossos<<strong>br</strong> />

clientes nunca se defrontavam <strong>com</strong> esses funcionários. O contato<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> eles dá-se por telefone. Bem, há pessoas que causam boa<<strong>br</strong> />

impressão quando são vistas, mas nem tanto quando falam ao<<strong>br</strong> />

telefone. Portanto, de hoje em diante, minha primeira entrevista<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> todos eles será telefônica. Desse modo, posso ter <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

candi<strong>da</strong>to o mesmo tipo de contato que o cliente tem.<<strong>br</strong> />

"É claro que ain<strong>da</strong> irei entrevistá-los cara a cara, pois há<<strong>br</strong> />

coisas que se desco<strong>br</strong>em em entrevistas pessoais que nunca serão<<strong>br</strong> />

descobertas ao telefone. Mas vou usar a entrevista telefônica <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

etapa inicial.<<strong>br</strong> />

"Também tentei pensar em algumas perguntas que poderia<<strong>br</strong> />

fazer para ter uma idéia melhor do modo <strong>com</strong>o as pessoas<<strong>br</strong> />

realmente se <strong>com</strong>portam. Tenho feito perguntas padroniza<strong>da</strong>s e<<strong>br</strong> />

recebido respostas pré-fa<strong>br</strong>ica<strong>da</strong>s. Eis algumas <strong>da</strong>s novas<<strong>br</strong> />

perguntas que idealizei..."<<strong>br</strong> />

Judy pigarreou para limpar a garganta e leu as perguntas<<strong>br</strong> />

para o grupo.


"Houve alguma ocasião em que um cliente pediu algo pouco<<strong>br</strong> />

razoável? Como você resolveu o problema?<<strong>br</strong> />

Sei que ocasionalmente fico aborreci<strong>da</strong> quando tenho de li<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> um cliente zangado. Você já teve experiências <strong>com</strong> clientes difíceis.<<strong>br</strong> />

Como lidou <strong>com</strong> eles?<<strong>br</strong> />

"Fale-me de uma ocasião em que você fez mais do que o normal<<strong>br</strong> />

para atender um cliente.<<strong>br</strong> />

"Ao chegar aqui hoje, o que, <strong>da</strong>quilo que fazemos no atendimento<<strong>br</strong> />

ao cliente, achou realmente bem feito? Em que precisamos melhorar?<<strong>br</strong> />

"De que mais gosta no trabalho de contato <strong>com</strong> o cliente?<<strong>br</strong> />

"De que menos gosta no trabalho de contato <strong>com</strong> o cliente?"<<strong>br</strong> />

Ela olhou para seus amigos e prosseguiu.<<strong>br</strong> />

— Esta é a melhor de to<strong>da</strong>s:<<strong>br</strong> />

"De vez em quando, todos se cansam <strong>da</strong> pressão causa<strong>da</strong> pelo<<strong>br</strong> />

contato <strong>com</strong> o público. O que você faz para se manter alerta, tranqüilo e<<strong>br</strong> />

entusiasmado? Como li<strong>da</strong> <strong>com</strong> o estresse do contato <strong>com</strong> a clientela?"<<strong>br</strong> />

Judy co<strong>br</strong>iu o bloco de anotações <strong>com</strong> a mão disse imaginar<<strong>br</strong> />

que não havia respostas prontas para essas perguntas.<<strong>br</strong> />

As pessoas precisam me <strong>da</strong>r respostas verídicas a situações<<strong>br</strong> />

verídicas que irão enfrentar em seu trabalho. Aposto que, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

essas, há centenas de boas perguntas que eu poderia fazer, mas já<<strong>br</strong> />

é um <strong>com</strong>eço.<<strong>br</strong> />

— É um ótimo <strong>com</strong>eço! — exclamou Carmen. — Posso tirar


uma cópia dessa lista?<<strong>br</strong> />

— Claro, vou <strong>da</strong>tilografá-la quando voltar para o escritório e<<strong>br</strong> />

lhe man<strong>da</strong>rei uma cópia. — Ela olhou para os outros. — Alguém<<strong>br</strong> />

mais gostaria de uma cópia?<<strong>br</strong> />

Cinco pessoas disseram que sim, inclusive, Mort e Don.<<strong>br</strong> />

— Podem deixar — disse Judy. — Por falar nisso, ain<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

não recebi os cartões de visita de todos. O meu está aqui. — Ela<<strong>br</strong> />

deu um cartão para ca<strong>da</strong> um.<<strong>br</strong> />

"Outra coisa que vou <strong>com</strong>eçar a fazer é o pré-recrutamento.<<strong>br</strong> />

Tenho um amigo que sempre leva muitos cartões de visita onde<<strong>br</strong> />

quer que vá. Quando alguém lhe presta um bom serviço, seja em<<strong>br</strong> />

um restaurante, um supermercado ou uma lavanderia, meu amigo<<strong>br</strong> />

dá à pessoa um cartão, diz que está sempre procurando pessoas<<strong>br</strong> />

de valor, e avisa que, se um dia a pessoa estiver à procura de<<strong>br</strong> />

emprego, deve telefonar para ele. Ele diz que conseguiu alguns de<<strong>br</strong> />

seus melhores funcionários dessa maneira. Vou tentar fazer o<<strong>br</strong> />

mesmo."<<strong>br</strong> />

— Assim, é isso que vou fazer, em função do que aprendi<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o modo <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> contrata seu pessoal. É claro que não<<strong>br</strong> />

vou fazer exatamente o que a <strong>Disney</strong> faz, pois nossas necessi<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

não são as mesmas. Mas vou embutir o conceito de sistemas no<<strong>br</strong> />

modo <strong>com</strong>o fazemos contratações.<<strong>br</strong> />

"E fiquei realmente impressiona<strong>da</strong> <strong>com</strong> a quanti<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

treinamentos <strong>da</strong>dos aqui. Oferecemos alguns cursos e isso<<strong>br</strong> />

funciona, mas poderíamos fazer muito mais. Por isso, vou<<strong>br</strong> />

desenvolver algumas idéias para incrementar o treinamento.<<strong>br</strong> />

Alguns serão treinamentos normais e outros informais.<<strong>br</strong> />

"Posso, por exemplo, chamar uma equipe de oito a dez


funcionários de atendimento ao cliente uma vez por semana e<<strong>br</strong> />

pedir-lhes que falem do modo <strong>com</strong>o li<strong>da</strong>ram <strong>com</strong> os piores<<strong>br</strong> />

telefonemas. Eles formam a linha de frente do contato diário <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

os clientes, sei que enfrentam situações difíceis, e sei que<<strong>br</strong> />

conseguem resolvê-las. Mas nunca repartimos esses<<strong>br</strong> />

conhecimentos, nem os incluímos em nosso modo de trabalhar. A<<strong>br</strong> />

forma <strong>com</strong>o nosso melhor pessoal li<strong>da</strong> <strong>com</strong> situações difíceis<<strong>br</strong> />

nunca é passa<strong>da</strong> para o papel. Vamos <strong>com</strong>eçar a fazer isso.<<strong>br</strong> />

“ A seguir, vou <strong>com</strong>eçar a estu<strong>da</strong>r outros sistemas. Se a<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> pode usar <strong>com</strong>putadores portáteis para entrevistar as<<strong>br</strong> />

pessoas, então deve haver maneiras de se utilizar melhor a<<strong>br</strong> />

tecnologia. O pessoal que li<strong>da</strong> <strong>com</strong> sistemas de informações tem<<strong>br</strong> />

me falado muito de algo a que chamam de middleware. Nunca me<<strong>br</strong> />

esforcei para <strong>com</strong>preender isso. Mas hei de fazê-lo."<<strong>br</strong> />

— Middleware é... — <strong>com</strong>eçou Alan, mas Judy sequer<<strong>br</strong> />

reduziu a veloci<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

— Também vou enfatizar bastante aquela lição so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

concorrentes. Como todos sabem, as empresas concessionárias<<strong>br</strong> />

estão tendo dores de cabeça <strong>com</strong> tantas privatizações e <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />

novas formas de concorrência. Ficamos falando so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

importância do serviço ao cliente porque é a única coisa que<<strong>br</strong> />

realmente nos diferencia de ou trás empresas. Mas nunca me<<strong>br</strong> />

ocorreu que o padrão é estabelecido por empresas fora de nosso<<strong>br</strong> />

setor. Tenho de transmitir essa mensagem a todos.<<strong>br</strong> />

cm silêncio.<<strong>br</strong> />

Ela esperou para ver a reação do grupo, mas todos ficaram<<strong>br</strong> />

— Bem, creio que era isso — riu. — Ah! Quase me esqueci.<<strong>br</strong> />

Decidi que vou registrar a idéia do Prêmio Ra<strong>da</strong>r O'Reilly.


12<<strong>br</strong> />

Mantendo os melhores clientes<<strong>br</strong> />

Dia 3, 14h30 às 14h45<<strong>br</strong> />

— O<strong>br</strong>igado, Judy — disse Mort. — Bem, meus amigos,<<strong>br</strong> />

acho que perdi meu bloco de anotações e não consigo me lem<strong>br</strong>ar<<strong>br</strong> />

de quem será o próximo orador. Será a pessoa mais alta de<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>incos ou a mais baixa de cartola.<<strong>br</strong> />

Carmen enrubesceu, tocou a orelha e sorriu.<<strong>br</strong> />

— Bem, isto pode parecer estranho, mas gostei do Hall of<<strong>br</strong> />

Presidents, e ain<strong>da</strong> estava pensando naquele local, por isso<<strong>br</strong> />

retornei depois que nos separamos.<<strong>br</strong> />

"Procurei um pouco, encontrei vim mem<strong>br</strong>o do elenco e me<<strong>br</strong> />

apresentei. Mostrei-lhe minha carta e contei o que estávamos<<strong>br</strong> />

fazendo. Não tinha nenhuma pergunta específica para lhe<<strong>br</strong> />

formular, só queria conhecer melhor o lugar. Ela disse que teria<<strong>br</strong> />

muito prazer em me aju<strong>da</strong>r.<<strong>br</strong> />

"Eis algumas <strong>da</strong>s coisas que desco<strong>br</strong>i.<<strong>br</strong> />

"Primeiro, o pessoal <strong>da</strong> Imagenharia passou mais de 15<<strong>br</strong> />

anos de<strong>br</strong>uçado so<strong>br</strong>e o conceito, o projeto e a execução do Hall of<<strong>br</strong> />

Presidents. Dois bibliotecários fizeram pesquisas intensas durante<<strong>br</strong> />

18 meses e encontraram mais de 600 livros, 300 revistas e cinco


mil fotografias para uso <strong>com</strong>o material de referência.<<strong>br</strong> />

"Quando visitamos o local antes, fiquei impressiona<strong>da</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

aquilo que você me falou a respeito <strong>da</strong> costura <strong>da</strong>s roupas, Mort,<<strong>br</strong> />

Mas isso é apenas uma gota no oceano quando vemos o restante.<<strong>br</strong> />

A cadeira de George Washington, por exemplo. É uma reprodução<<strong>br</strong> />

exata <strong>da</strong> cadeira na qual ele se sentou durante a Convenção<<strong>br</strong> />

Constitucional em 1787.<<strong>br</strong> />

"Mais do que disso, porem, gostei de Franklin D. Roosevelt.<<strong>br</strong> />

Acho que todos sabem que ele teve paralisia e usava aparelhos<<strong>br</strong> />

nas pernas, mas muita gente não costuma pensar nisso. Naquela<<strong>br</strong> />

atração, ele está sentado em uma cadeira. Se você levantar a barra<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> calça, verá que ele está usando um aparelho <strong>com</strong>pleto. Bem,<<strong>br</strong> />

poderiam ter deixado de lado esse detalhe e nenhum convi<strong>da</strong>do<<strong>br</strong> />

iria perceber. Para mim, porém, isso reafirmou duas lições —<<strong>br</strong> />

atenção aos detalhes c tudo mostra entusiasmo.<<strong>br</strong> />

"Depois, lem<strong>br</strong>ei-me de nossa visita ao Castelo de<<strong>br</strong> />

Cinderela, o que suscitou mais perguntas em minha mente. Por<<strong>br</strong> />

isso, voltei ao lugar e procurei novos exemplos de atenção aos<<strong>br</strong> />

detalhes. Desco<strong>br</strong>i características muito interessantes. O mural de<<strong>br</strong> />

mosaicos, por exemplo, tomou dois anos de seis pessoas para ser<<strong>br</strong> />

concluído. Há centenas de milhares de cacos de vidro nele. Alguns<<strong>br</strong> />

estão fundidos <strong>com</strong> pe<strong>da</strong>ços de prata e de ouro 14k.<<strong>br</strong> />

"O melhor de tudo, porém, foi algo parecido <strong>com</strong> a história<<strong>br</strong> />

dos nomes dos estabelecimentos <strong>da</strong> Main Street — a Academia<<strong>br</strong> />

Nunis e coisas assim. No Castelo, há <strong>br</strong>asões representando as<<strong>br</strong> />

famílias <strong>da</strong>s pessoas que efetivamente auxiliaram Walt <strong>Disney</strong>. Há<<strong>br</strong> />

o <strong>br</strong>asão <strong>da</strong> família Nunis, <strong>da</strong> família Lund — Sharon <strong>Disney</strong> Lund<<strong>br</strong> />

é uma <strong>da</strong>s filhas de Walt. Há ain<strong>da</strong> a família Redmond; Dorthea<<strong>br</strong> />

Redmond projetou o mosaico.<<strong>br</strong> />

"Me diverti desco<strong>br</strong>indo a importância desses detalhes.


Contei ao mem<strong>br</strong>o do elenco — seu nome era Tim — so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />

outros detalhes ocultos de que havíamos falado, e perguntei-lhe se<<strong>br</strong> />

haveria ain<strong>da</strong> outras coisas engraça<strong>da</strong>s na <strong>Disney</strong>world que talvez<<strong>br</strong> />

o convi<strong>da</strong>do médio não ficasse conhecendo."<<strong>br</strong> />

— Os olhos de Tim piscaram quando ele respondeu à<<strong>br</strong> />

minha pergunta. 'Posso mostrar algumas coisas interessantes na<<strong>br</strong> />

Haunted Mansion', disse, oferecendo-se para me a<strong>com</strong>panhar. No<<strong>br</strong> />

caminho, informou-me so<strong>br</strong>e os bastidores <strong>da</strong>quela atração. Walt<<strong>br</strong> />

queria uma casa assom<strong>br</strong>a<strong>da</strong>, mas não uma construção que<<strong>br</strong> />

parecesse abando na<strong>da</strong>. Para conseguir a aparência ideal,<<strong>br</strong> />

escolheu uma mansão do sul dos Estados Unidos. Disse: 'Vamos<<strong>br</strong> />

manter uma boa aparência exterior, e os fantasmas cui<strong>da</strong>m do<<strong>br</strong> />

interior'.<<strong>br</strong> />

"Para aju<strong>da</strong>r os fantasmas a manter a aparência<<strong>br</strong> />

abandona<strong>da</strong> do interior <strong>da</strong> Haunted Mansion, a <strong>Disney</strong>world<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pra um 'pó' especial a granel e o espalha <strong>com</strong> um fumigador<<strong>br</strong> />

agrícola. Desde que foi inaugura<strong>da</strong>, espalharam tanta poeira que<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>ria para co<strong>br</strong>ir to<strong>da</strong> a mansão.<<strong>br</strong> />

"Quando chegamos à mansão, Tim me mostrou os pontos<<strong>br</strong> />

em que os projetistas se divertiram <strong>com</strong> os detalhes. As lápides,<<strong>br</strong> />

por exemplo, do lado de fora <strong>da</strong> mansão. Os nomes gravados nelas<<strong>br</strong> />

são os dos Imagenheiros que aju<strong>da</strong>ram a criar aquela atração. Eu<<strong>br</strong> />

os anotei."<<strong>br</strong> />

Carmen <strong>com</strong>eçou a ler seu bloco de anotações.<<strong>br</strong> />

— "Vovô Marc" é Marc Davis. Foi o diretor artístico que fez<<strong>br</strong> />

a maior parte do projeto conceitual dessa atração.<<strong>br</strong> />

'"Um Homem Chamado Martin' é Bud Martin, antigo chefe<<strong>br</strong> />

do departamento de efeitos especiais.


"'Irmão Dave' é Dave Burkhart, diretor artístico que ajudou<<strong>br</strong> />

a construir modelos <strong>da</strong> Haunted Mansion.<<strong>br</strong> />

"'Wathel Bender' é, na ver<strong>da</strong>de, Wathel Rogers. Ele é<<strong>br</strong> />

conhecido aqui <strong>com</strong>o o avô <strong>da</strong> áudio-animatrônica, a tecnologia<<strong>br</strong> />

que faz <strong>com</strong> que objetos inanimados se movam <strong>com</strong>o se fossem<<strong>br</strong> />

vivos. É o que faz Lincoln se mexer e falar.<<strong>br</strong> />

"Bem, depois de ter perambulado e reunido todos esses<<strong>br</strong> />

detalhes interessantes, percebi que sequer havia pensado em<<strong>br</strong> />

meus talentos subdesenvolvidos. Portanto, eu não estava<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhando o espírito <strong>da</strong> tarefa que você nos deu, Mort. Não<<strong>br</strong> />

estava sendo organiza<strong>da</strong>, o que me surpreendeu quando me dei<<strong>br</strong> />

conta disso, pois normalmente sou muito estrutura<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

"E o que eu estava fazendo? Estava apenas vagando,<<strong>br</strong> />

procurando coisas que me interessavam. Estava à vontade. Estava<<strong>br</strong> />

me divertindo. Estava aprendendo um monte de coisas.<<strong>br</strong> />

"Foi aí que percebi — meu talento inexplorado. É bem<<strong>br</strong> />

aquilo que você falou, Bill. Não nos divertimos em minha empresa.<<strong>br</strong> />

"Comecei a notar que embutir um pouco de diversão no<<strong>br</strong> />

trabalho é um modo de fazer o trabalho ficar mais ameno, de fazer<<strong>br</strong> />

as pessoas interagirem melhor, terem um estado de espírito mais<<strong>br</strong> />

tranqüilo para que possam aprender as coisas mais facilmente.<<strong>br</strong> />

Justamente o que eu estava fazendo.<<strong>br</strong> />

"Parece ser exatamente isso o que acontece aqui. Todo<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>o do elenco <strong>com</strong> quem conversei parece levar seu trabalho<<strong>br</strong> />

muito a sério. Mas ca<strong>da</strong> um deles também parece estar se<<strong>br</strong> />

divertindo muito.<<strong>br</strong> />

E coisinhas <strong>com</strong>o os nomes na Main Street, os <strong>br</strong>asões do<<strong>br</strong> />

Castelo ou as lápides <strong>da</strong> Haunted Mansion aju<strong>da</strong>m muito. "E é<<strong>br</strong> />

esta a mensagem que quero levar para minha empresa. Somos<<strong>br</strong> />

muito sérios no que fazemos, e é assim que deveríamos ser. Isso


ajudou muito na formação de nossa fama de excepcional<<strong>br</strong> />

desempenho na prestação de serviços. Mas acho que já estamos<<strong>br</strong> />

nos levando demasia<strong>da</strong>mente a sério. 24<<strong>br</strong> />

"Distribuição é uma ativi<strong>da</strong>de difícil. Por isso, as pessoas<<strong>br</strong> />

acham que temos de ser sérios. Mas podemos ser sérios sem<<strong>br</strong> />

sermos solenes. Quero que as pessoas gostem de ir trabalhar, que<<strong>br</strong> />

anseiem por isso. Quando tocamos um desses pontos sensíveis,<<strong>br</strong> />

precisamos do senso de humor para contrabalançar."<<strong>br</strong> />

Ela percebeu que todos concor<strong>da</strong>ram <strong>com</strong> ela.<<strong>br</strong> />

— Além disso, tanto em serviços de saúde <strong>com</strong>o de<<strong>br</strong> />

distribuição de produtos, a consoli<strong>da</strong>ção tem aumentado dia a dia.<<strong>br</strong> />

Fusões, aquisições, tudo. Às vezes a concorrência e as mu<strong>da</strong>nças<<strong>br</strong> />

podem ser assustadoras, mas não quero que fiquemos paralisados<<strong>br</strong> />

de medo. Quero que o caminho seja divertido.<<strong>br</strong> />

"Provavelmente, ca<strong>da</strong> um de nós acha que seu negócio é<<strong>br</strong> />

único. E é ver<strong>da</strong>de. Bill, o seu banco, ou Alan, sua empresa de<<strong>br</strong> />

software. Mas enfrentamos os mesmos problemas. Essa é outra<<strong>br</strong> />

mensagem que vou difundir em alto e bom som."<<strong>br</strong> />

— Certíssimo — disse Judy.<<strong>br</strong> />

— Mas sabe de uma coisa? — disse Carmen — de tudo que<<strong>br</strong> />

estou aprendendo, creio que meu primeiro passo quando retornar<<strong>br</strong> />

ao escritório será inserir algumas <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des diverti<strong>da</strong>s que<<strong>br</strong> />

costumávamos fazer quando éramos menores. Será <strong>com</strong>plicado, é<<strong>br</strong> />

claro. E preciso gostar do trabalho, mas também devemos nos<<strong>br</strong> />

certificar de que não deixamos de ser sérios quanto aos resultados<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o quali<strong>da</strong>de e serviço ao cliente. Creio que o melhor a se fazer<<strong>br</strong> />

é contar a eles o que aprendi aqui e o que planejo fazer a respeito.<<strong>br</strong> />

— Acho que é uma idéia que merece ser discuti<strong>da</strong> — disse<<strong>br</strong> />

24 “ É mais importante conquistar os clientes que contam do<<strong>br</strong> />

que contar os clientes que você conquistou.”


Mort.<<strong>br</strong> />

— Todos vocês têm funcionários que, neste exato momento,<<strong>br</strong> />

estarão imaginando o que vocês estão aprendendo aqui e <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

essas lições serão postas em prática. No mínimo, isso os deixa<<strong>br</strong> />

nervosos — até receosos. A maneira mais fácil de li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> isso é<<strong>br</strong> />

a franqueza. Digam-lhes o que aprenderam aqui. Mostrem-lhes<<strong>br</strong> />

suas idéias. E peçam feedback so<strong>br</strong>e o modo de fazer <strong>com</strong> que<<strong>br</strong> />

essas idéias funcionem. Isso aju<strong>da</strong>rá a que<strong>br</strong>ar o gelo e superar a<<strong>br</strong> />

inércia.<<strong>br</strong> />

Carmen analisou suas anotações antes de prosseguir.<<strong>br</strong> />

— Quase na hora do almoço, decidi que queria provar a<<strong>br</strong> />

autêntica culinária francesa, então fui de monotrilho até o Epcot e<<strong>br</strong> />

visitei o Pavilhão <strong>da</strong> França.<<strong>br</strong> />

"Depois de ter pedido o almoço, <strong>com</strong>ecei a conversar <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

um jovem casal que estava na mesa ao lado. Aprendi duas coisas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> eles. Primeiro, que estavam se divertindo muito. Explicaram<<strong>br</strong> />

que era <strong>com</strong>o <strong>da</strong>r a volta ao mundo. Disse-lhes que parecia<<strong>br</strong> />

divertido, mas preciso confessar que, no íntimo, estava pensando,<<strong>br</strong> />

sei, sei.<<strong>br</strong> />

"Foi aí que a moça me disse: 'Não podemos ir à França ou à<<strong>br</strong> />

Itália, pelo menos por enquanto. Mas podemos vir até aqui'. E<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preendi a magia que esse lugar representa. Aqueles dois não<<strong>br</strong> />

estavam se enganando, pensando que aquilo se aproxima do lugar<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>deiro. Seu orçamento é limitado, e um dia eles<<strong>br</strong> />

provavelmente irão à Europa, mas por ora a ilusão é suficiente.<<strong>br</strong> />

Afinal, é uma ilusão muito boa, não?<<strong>br</strong> />

"Tampouco eram ingênuos. Tinham feito sua lição de casa.<<strong>br</strong> />

O marido me perguntou se eu estava gostando <strong>da</strong> <strong>com</strong>i<strong>da</strong>, e eu


disse que era muito boa. Ele concordou, <strong>com</strong>entando que os<<strong>br</strong> />

cogumelos estavam bem frescos, e disse que o pavilhão de ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

país prepara e serve sua própria e autêntica culinária. Ali, no<<strong>br</strong> />

Pavilhão <strong>da</strong> França, estávamos almoçando em um restaurante<<strong>br</strong> />

chamado Les Chefs de France. Os responsáveis por ele são três<<strong>br</strong> />

famosos cozinheiros franceses", Carmen consultou seu bloco de<<strong>br</strong> />

anotações, "Paul Bocuse, Roger Vergé e Gaston LeNôtre. Se isso<<strong>br</strong> />

não é tudo e todos mostrando entusiasmo, não sei o que pode ser.<<strong>br</strong> />

"A conversa do almoço a<strong>br</strong>iu meus olhos um pouco mais, e<<strong>br</strong> />

depois fui caminhando por ali e observando as coisas sob uma<<strong>br</strong> />

nova ótica. O Pavilhão <strong>da</strong> França foi projetado em estilo Belle<<strong>br</strong> />

Époque, e <strong>com</strong>ecei a acreditar que a vi<strong>da</strong> naquela época deveria<<strong>br</strong> />

ser bem pareci<strong>da</strong> <strong>com</strong> aquilo, ao menos para alguns franceses<<strong>br</strong> />

mais abonados.<<strong>br</strong> />

"Lem<strong>br</strong>ei-me de algo que meu professor de história disse:<<strong>br</strong> />

'Diga-me, e me esqueço. Mostre-me, e me lem<strong>br</strong>o. Envolva-me, e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preendo'. E me senti no Pavilhão <strong>da</strong> França: envolvi<strong>da</strong>. Parei<<strong>br</strong> />

de achar que era apenas um lugar para almoçar e <strong>com</strong>ecei a<<strong>br</strong> />

aproveitar o momento — algo que preciso lazer <strong>com</strong> mais<<strong>br</strong> />

freqüência.<<strong>br</strong> />

"Outra coisa que desco<strong>br</strong>i <strong>com</strong> o jovem casal foi o hotel<<strong>br</strong> />

onde estavam hospe<strong>da</strong>dos, o Port Orleans. O tema é o bairro<<strong>br</strong> />

francês de Nova Orleans. Disseram que tem bons restaurantes e<<strong>br</strong> />

uma lin<strong>da</strong> piscina construí<strong>da</strong> ao redor de uma serpente marinha.<<strong>br</strong> />

Mas gostei mesmo do que me falaram <strong>com</strong> relação aos quartos.<<strong>br</strong> />

"Todo quarto tem fotografias e retratos emoldurados nas<<strong>br</strong> />

paredes, o que lhes dá um ar caseiro. Eles disseram à<<strong>br</strong> />

arrumadeira que gostaram muito <strong>da</strong>s fotos. A arrumadeira<<strong>br</strong> />

respondeu: Ah... Estes são os meus pais, e este é meu marido, e<<strong>br</strong> />

esta é minha filha. Foi assim que ficaram sabendo que os


mem<strong>br</strong>os do elenco usam os retratos de suas próprias famílias nos<<strong>br</strong> />

quartos.<<strong>br</strong> />

"Isso me fez sentir bem. Pensei, que toque humano. E que<<strong>br</strong> />

senso de proprie<strong>da</strong>de. Não era mais um quarto de hotel; era um<<strong>br</strong> />

quarto que tinha fotos de uma família de ver<strong>da</strong>de. Os quartos do<<strong>br</strong> />

hotel envolvem os mem<strong>br</strong>os do elenco de forma bastante direta.<<strong>br</strong> />

"Agora percebi que, <strong>com</strong> o crescimento de nossa empresa,<<strong>br</strong> />

perdemos um pouco desse senso de envolvimento. Vou recuperá-<<strong>br</strong> />

lo. Não sei bem <strong>com</strong>o, porque ain<strong>da</strong> não entendi <strong>com</strong>o ele foi<<strong>br</strong> />

perdido. Mas sei que vou recuperá-lo. Essa, portanto, é a segun<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

coisa que vou fazer."<<strong>br</strong> />

— Também estou percebendo melhor <strong>com</strong>o os detalhes<<strong>br</strong> />

afetam nosso relacionamento <strong>com</strong> os clientes. Muitos detalhes são<<strong>br</strong> />

pequenos, muitos passam quase despercebidos, mas juntos, eles<<strong>br</strong> />

causam um grande efeito. Estivemos nos lançando à frente, sendo<<strong>br</strong> />

bastante <strong>com</strong>petitivos, conquistando clientes. Mas depois que os<<strong>br</strong> />

conquistamos, deixamos um pouco de lado os detalhes, e em<<strong>br</strong> />

pouco tempo eles são <strong>com</strong>o os clientes de qualquer outra empresa.<<strong>br</strong> />

Temos de melhorar o tratamento dispensado aos clientes de pois<<strong>br</strong> />

que os conquistamos.<<strong>br</strong> />

"Preciso confessar que o departamento de ven<strong>da</strong>s — ao<<strong>br</strong> />

menos, o de nossa empresa — tem uma mentali<strong>da</strong>de volta<strong>da</strong> mais<<strong>br</strong> />

para a conquista de clientes do que para sua manutenção. É<<strong>br</strong> />

preciso <strong>da</strong>r atenção aos detalhes que mantêm os clientes que já<<strong>br</strong> />

temos. Como aprendemos <strong>com</strong> Bill, dois terços dos convi<strong>da</strong>dos <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>world retornam para uma nova visita. Em parte, os<<strong>br</strong> />

detalhes é que os trazem de volta. Acho que dedicar mais tempo à<<strong>br</strong> />

manutenção dos clientes aju<strong>da</strong>ria a aumentar os lucros.


"Bem, isso não significa que vamos ignorar a conquista de<<strong>br</strong> />

novos clientes, algo muito importante. Mas vou fazer <strong>com</strong> que<<strong>br</strong> />

minha equipe se concentre mais na manutenção dos que já<<strong>br</strong> />

existem, obtendo maiores volumes de ca<strong>da</strong> conta e pensando em<<strong>br</strong> />

termos de participação dentro <strong>da</strong> clientela, em vez de apenas em<<strong>br</strong> />

participação de mercado.<<strong>br</strong> />

"Outra coisa que me ocorreu: prestar mais atenção nos<<strong>br</strong> />

clientes que realmente conquistamos. Como a maioria <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

empresas, passamos tempo demais contando novos clientes.<<strong>br</strong> />

Precisamos mu<strong>da</strong>r isso. Eis uma anotação que fiz para mim<<strong>br</strong> />

mesma: É mais importante conquistar os clientes que contam do<<strong>br</strong> />

que contar os clientes que se conquista. E é exatamente isso o que<<strong>br</strong> />

vamos fazer. Vamos tratar de obter os clientes certos.<<strong>br</strong> />

"Judy, também vou usar suas idéias so<strong>br</strong>e recrutamento e<<strong>br</strong> />

treinamento. Mas não vou parar por aí. Gosto <strong>da</strong> idéia de embutir<<strong>br</strong> />

o foco so<strong>br</strong>e o cliente em tudo — todos mostram entusiasmo — e<<strong>br</strong> />

por isso vou endossar a idéia de Alan so<strong>br</strong>e <strong>da</strong>r a ca<strong>da</strong> funcionário<<strong>br</strong> />

de minha empresa cartões de visita <strong>com</strong> o título Atendimento ao<<strong>br</strong> />

Cliente. Se sou uma boa vendedora, devo conseguir demonstrar o<<strong>br</strong> />

valor dessa idéia a meu chefe.<<strong>br</strong> />

"Tenho certeza de que surgirão mais idéias depois que eu<<strong>br</strong> />

voltar ao escritório. Por hora, creio que isso é tudo. Ah! Só mais<<strong>br</strong> />

uma coisa. Mort, posso falar so<strong>br</strong>e aquelas 12 coisas que meus<<strong>br</strong> />

filhos encontraram na Wilderness Lodge?"<<strong>br</strong> />

— Bem, creio que — <strong>com</strong>eçou Mort, interrompido por um<<strong>br</strong> />

assovio <strong>br</strong>eve e agudo.<<strong>br</strong> />

Todos se viraram e olharam para Don, que estava <strong>com</strong> um<<strong>br</strong> />

dedo so<strong>br</strong>e os lábios. Ele piscou. Mort pareceu satisfeito. —<<strong>br</strong> />

Desculpe-me, Carmen — disse. — Don pediu para esperar.


13<<strong>br</strong> />

Construindo fortes parcerias <strong>com</strong>erciais<<strong>br</strong> />

Dia 3, 14h45 às 15 horas<<strong>br</strong> />

M ort voltou-se lentamente para Alan.<<strong>br</strong> />

— Certo — disse. — Agora é a vez <strong>da</strong>quele que está sem<<strong>br</strong> />

cartola. Alan sorriu e ficou diante do grupo.<<strong>br</strong> />

— Bem, estava esperando um conferencista convi<strong>da</strong>do, mas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o ele ain<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> não chegou, vou contar primeiro uma<<strong>br</strong> />

história pessoal e depois uma observação que fiz.<<strong>br</strong> />

"Alguns anos atrás, meu so<strong>br</strong>inho teve aulas básicas de<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>putação na facul<strong>da</strong>de. O professor dividiu a turma de 20<<strong>br</strong> />

alunos em quatro equipes de cinco.<<strong>br</strong> />

"Ca<strong>da</strong> equipe tinha de reunir <strong>da</strong>dos de fontes locais, criar<<strong>br</strong> />

um banco de <strong>da</strong>dos e gerar planilhas, gráficos e outras coisas. O<<strong>br</strong> />

projeto final consistia em apresentar o trabalho na forma de um<<strong>br</strong> />

caderno de anotações. Representaria 40 por cento <strong>da</strong> nota final de<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> equipe.<<strong>br</strong> />

"Meu so<strong>br</strong>inho, que normalmente é um aluno meio<<strong>br</strong> />

displicente, sofreu uma transformação. Não consigo me lem<strong>br</strong>ar<<strong>br</strong> />

de outra ocasião em que tenha dedicado tanto tempo, energia ou<<strong>br</strong> />

esforço <strong>com</strong>o fez <strong>com</strong> aquelas aulas. Depois, percebi que ficou


mais fácil <strong>com</strong>unicar-me <strong>com</strong> ele, e que sua participação no time<<strong>br</strong> />

de basquete melhorou.<<strong>br</strong> />

"Ele desenvolveu essas técnicas — técnicas humanas — cm<<strong>br</strong> />

tempo real, enquanto estava envolvido <strong>com</strong> um projeto sem<<strong>br</strong> />

relação aparente <strong>com</strong> tais habili<strong>da</strong>des. Fiquei curioso por conhecer<<strong>br</strong> />

seu professor. Fiz algumas perguntas e desco<strong>br</strong>i que ele já <strong>da</strong>va<<strong>br</strong> />

aquelas aulas há muito tempo. As empresas <strong>da</strong> região <strong>br</strong>igavam<<strong>br</strong> />

para contratar seus alunos, tanto pela capaci<strong>da</strong>de de trabalhar<<strong>br</strong> />

em equipe <strong>com</strong>o por outros talentos. As mesas redon<strong>da</strong>s usa<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

no curso Tradições para promover o espírito de equipe é que me<<strong>br</strong> />

fizeram lem<strong>br</strong>ar disso. Na classe de meu so<strong>br</strong>inho, boa parte <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

nota de ca<strong>da</strong> aluno dependia <strong>da</strong> boa <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> os outros<<strong>br</strong> />

alunos. E essa é minha primeira lição.<<strong>br</strong> />

"Uma <strong>da</strong>s coisas que vou fazer quando voltar é promover<<strong>br</strong> />

um pouco desse aprendizado em tempo real so<strong>br</strong>e trabalho em<<strong>br</strong> />

equipe. Em nossos cursos de treinamento de ven<strong>da</strong>s, vamos<<strong>br</strong> />

colocar as pessoas senta<strong>da</strong>s em círculos. Quando juntarmos o<<strong>br</strong> />

pessoal de ven<strong>da</strong>s internas <strong>com</strong> o de campo, vamos fazer <strong>com</strong> que<<strong>br</strong> />

formem equipes e lidem <strong>com</strong> tarefas reais. Gostei tanto <strong>da</strong> idéia de<<strong>br</strong> />

mesas redon<strong>da</strong>s que vou <strong>com</strong>prar uma para a nova sala de<<strong>br</strong> />

reuniões, onde recebemos fornecedores e clientes.<<strong>br</strong> />

"A outra coisa é apenas uma rápi<strong>da</strong> observação so<strong>br</strong>e o que<<strong>br</strong> />

conseguimos aqui. Representamos desde empresas pequenas até<<strong>br</strong> />

as grandes. Mas aquilo que estamos conseguindo aqui se aplica a<<strong>br</strong> />

qualquer empresa. Um bom exemplo é a minha mulher. Ela está<<strong>br</strong> />

prestes a largar seu emprego para montar seu próprio negócio.<<strong>br</strong> />

Ora, uma <strong>da</strong>s coisas que aprendemos em nosso primeiro dia aqui<<strong>br</strong> />

foi que, aos olhos de um cliente, uma microempresa é julga<strong>da</strong> tal<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong>, a FedEx e a L.L. Bean. Essa primeira lição se<<strong>br</strong> />

aplica tanto à minha mulher <strong>com</strong>o a qualquer um de nós! Na


ver<strong>da</strong>de, percebo que se aplica até a meu so<strong>br</strong>inho. Ele está em<<strong>br</strong> />

uma imobiliária e seus clientes se valem do telefone, tal <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

analisamos antes. Ele não ficará muito contente quando eu lhe<<strong>br</strong> />

disser quais são os seus concorrentes, mas ele deveria<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender que sua concorrência é mais pesa<strong>da</strong> do que ele<<strong>br</strong> />

imagina.<<strong>br</strong> />

"Ali, vejo que meu conferencista convi<strong>da</strong>do chegou. Com<<strong>br</strong> />

licença." Alan levantou-se e caminhou até um homem que estava<<strong>br</strong> />

an<strong>da</strong>ndo por ali, <strong>com</strong>o se estivesse procurando alguém. Era um<<strong>br</strong> />

homem forte, moreno, usando calças escuras e uma camisa pólo.<<strong>br</strong> />

— Achei que ele estava <strong>br</strong>incando — disse Judy.<<strong>br</strong> />

— Este é Randy Dent — disse Alan. Todos se levantaram c<<strong>br</strong> />

se apresentaram a Randy, dizendo que estavam contentes por ele<<strong>br</strong> />

poder reunir-se ao grupo. Alan a<strong>br</strong>iu um espaço no banco para<<strong>br</strong> />

que Randy se sentasse a seu lado.<<strong>br</strong> />

— Primeiro, algumas informações de bastidores — disse<<strong>br</strong> />

Alan ao grupo. 25<<strong>br</strong> />

"Estava caminhando pela Main Street , sem perceber os<<strong>br</strong> />

nomes que Bill observou nos estabelecimentos de segundo an<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

dos prédios. Tampouco percebi os irrigadores em forma de T. Mas<<strong>br</strong> />

notei uma coisa em um local por onde havia passado várias vezes<<strong>br</strong> />

antes e nunca tinha me <strong>da</strong>do conta — a História de Walt <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

"Essa atração fala <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de Walt e de suas realizações —<<strong>br</strong> />

seus filmes, seus Oscars, fotos tira<strong>da</strong>s <strong>com</strong> o Gordo e o Magro e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> outros amigos. E algo que quero que meus filhos vejam —<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o sonho de um homem resultou em tudo isto.<<strong>br</strong> />

25 “ Sob o ponto de vista de um cliente, uma microempresa é<<strong>br</strong> />

julga<strong>da</strong> tal <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong>, a FedEX e a L.L. Bean.”


"Depois de sair de lá, sentei-me em um banco e fiquei<<strong>br</strong> />

pensando na tarefa, Mort, mas não demorou para que <strong>com</strong>eçasse<<strong>br</strong> />

a conversar <strong>com</strong> este sujeito sentado a meu lado. Em pouco<<strong>br</strong> />

tempo, ele disse: 'Você não é um convi<strong>da</strong>do <strong>com</strong>um, não é<<strong>br</strong> />

mesmo?' Eu disse que não e expliquei o que estávamos fazendo.<<strong>br</strong> />

"Ele passou a me contar uma história. Foi uma história<<strong>br</strong> />

muito interessante, e tratou de várias assuntos so<strong>br</strong>e os quais<<strong>br</strong> />

conversamos. Por isso, convidei-o para vir aqui contar-lhes o que<<strong>br</strong> />

me contou.<<strong>br</strong> />

"Antes de mais na<strong>da</strong>, vocês devem saber que Randy<<strong>br</strong> />

também não é um convi<strong>da</strong>do <strong>com</strong>um. E um ex-mem<strong>br</strong>o do elenco<<strong>br</strong> />

que voltou para fazer uma visita. Ele fez parte <strong>da</strong> equipe de<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicações <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> durante a construção do Epcot.<<strong>br</strong> />

contou?"<<strong>br</strong> />

"Randy, poderia falar a meus amigos aquilo que me<<strong>br</strong> />

Randy <strong>com</strong>eçou.<<strong>br</strong> />

— Bom, fiquei lisonjeado por Alan achar que minha<<strong>br</strong> />

história seria interessante o suficiente para <strong>com</strong>partilhar <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

classe 'ginasial’.<<strong>br</strong> />

Todos riram.<<strong>br</strong> />

— E vou tentar me lem<strong>br</strong>ar exatamente do que disse a ele.<<strong>br</strong> />

"Tudo aconteceu por ser a <strong>Disney</strong> uma <strong>da</strong>s poucas organizações<<strong>br</strong> />

do mundo a escolher uma <strong>da</strong>ta específica vários anos antes e dizer<<strong>br</strong> />

que vai fazer uma inauguração naquela <strong>da</strong>ta. 'No dia 1 de outu<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

de 1971, vamos inaugurar a Walt <strong>Disney</strong>world'. 'No dia 1 de<<strong>br</strong> />

outu<strong>br</strong>o de 1982, vamos inaugurar o Epcot'. Eles anunciam isso e<<strong>br</strong> />

cumprem o prometido.<<strong>br</strong> />

"Na época, o Epcot foi o maior projeto de construção civil do<<strong>br</strong> />

mundo. Desde então, muitos outros projetos o superaram, mas<<strong>br</strong> />

naquele tempo era algo imenso. A maioria <strong>da</strong>s pessoas que


trabalhou nele não era contrata<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>; trabalhava para<<strong>br</strong> />

empreiteiras e subempreiteiras. Os operários <strong>da</strong> construção civil<<strong>br</strong> />

não têm dedicação exclusiva a nenhum projeto específico. Em um<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>do mês podem estar trabalhando em um arranha-céu em Nova<<strong>br</strong> />

York, no outro em uma represa no Utah, e depois vão para o<<strong>br</strong> />

Epcot.<<strong>br</strong> />

"O que a <strong>Disney</strong> decidiu, e isto é algo que a <strong>Disney</strong> faz <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

poucos, foi fazer esses operários se sentirem parte <strong>da</strong> família<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> — fazer <strong>com</strong> que se identificassem <strong>com</strong> o Epcot Center,<<strong>br</strong> />

mesmo não fazendo efetivamente parte <strong>da</strong> organização <strong>Disney</strong>.<<strong>br</strong> />

Isso nunca havia sido feito antes."<<strong>br</strong> />

— Eis o que fizeram. Durante mais de um ano, fecharam<<strong>br</strong> />

o local <strong>da</strong> o<strong>br</strong>a um domingo por mês. Bem, não se esqueçam de<<strong>br</strong> />

que este era o maior projeto de construção civil do mundo, de que<<strong>br</strong> />

tinham à frente uma inexorável <strong>da</strong>ta de inauguração e, por isso,<<strong>br</strong> />

parar a o<strong>br</strong>a um dia por mês era algo significativo.<<strong>br</strong> />

"A <strong>Disney</strong> trazia diversas dessas lonas de circo enormes e<<strong>br</strong> />

as montava onde mais tarde seria o estacionamento do Epcot.<<strong>br</strong> />

Instalavam a cozinha em uma <strong>da</strong>s ten<strong>da</strong>s. Preparávamos<<strong>br</strong> />

cachorro-quente e hambúrguer e servíamos Coca-Cola, batatas-<<strong>br</strong> />

fritas e coisas assim. Em outras palavras, fazíamos um<<strong>br</strong> />

piquenique.<<strong>br</strong> />

"Em outra ten<strong>da</strong>, criamos uma miniatura do Epcot.<<strong>br</strong> />

Trouxemos projetistas, o departamento artístico, os<<strong>br</strong> />

patrocinadores do pavilhão. Esculpimos o chão para mostrar onde<<strong>br</strong> />

ficariam a terra e a água. Exibimos fotos do progresso <strong>da</strong> o<strong>br</strong>a.<<strong>br</strong> />

Trouxemos pinturas feitas por artistas mostrando <strong>com</strong>o seria a<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>a quando terminasse, e deixamos alguém ali para explicar ca<strong>da</strong>


um dos pavilhões. Mantivemos tudo no prazo. Compactamos a<<strong>br</strong> />

estra<strong>da</strong> que circulava o centro do Epcot para que os ônibus<<strong>br</strong> />

pudessem chegar até ali.<<strong>br</strong> />

"Nesse domingo mensal, parávamos a o<strong>br</strong>a e todos os<<strong>br</strong> />

operários traziam suas famílias, oferecíamos um piquenique e<<strong>br</strong> />

todos caminhavam pelo local. Aproveitavam a <strong>com</strong>i<strong>da</strong> e an<strong>da</strong>vam<<strong>br</strong> />

pelas ten<strong>da</strong>s e to<strong>da</strong> a família podia ver o que o papai, ou, em<<strong>br</strong> />

alguns casos, a mamãe, estava fazendo.<<strong>br</strong> />

"Eu ficava observando tudo aquilo. Não estou <strong>br</strong>incando —<<strong>br</strong> />

alguns desses operários me assustavam mesmo. Alguns eram os<<strong>br</strong> />

sujeitos mais mal-encarados que já vi. Mas esses demônios,<<strong>br</strong> />

motoqueiros e durões, traziam as namora<strong>da</strong>s ou as esposas e os<<strong>br</strong> />

filhos, que corriam por aí, gritando: 'É aqui que o papai trabalha,<<strong>br</strong> />

este é o prédio do papai'. Depois de passearem pelos pavilhões,<<strong>br</strong> />

entravam nos ônibus e percorriam a o<strong>br</strong>a. E sei que estavam<<strong>br</strong> />

criando orgulho e senso de proprie<strong>da</strong>de pelo projeto.<<strong>br</strong> />

"Fizemos isso todos os meses, para que as famílias<<strong>br</strong> />

pudessem ver a o<strong>br</strong>a crescer e os operários pudessem observar o<<strong>br</strong> />

que estavam criando — não apenas a imagem global, mas onde<<strong>br</strong> />

sua contribuição entrava nessa imagem global.<<strong>br</strong> />

"Outra coisa: criamos o jornal semanal Epcot Center<<strong>br</strong> />

Construction News. Onde quer que eu fosse, levava duas câmeras<<strong>br</strong> />

e uma sacola de filmes. Aproximava-me de um grupo de homens<<strong>br</strong> />

trabalhando em alguma coisa e tirava uma foto do grupo,<<strong>br</strong> />

anotando seus nomes e ci<strong>da</strong>des natais. Publicamos esse jornal<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s as semanas, <strong>com</strong> pontuali<strong>da</strong>de <strong>br</strong>itânica, durante um ano e<<strong>br</strong> />

meio. Tinha muitas, muitas fotos. Eram 20 ou 30 por edição, mais<<strong>br</strong> />

ou menos 400 ou 500 pessoas por mês.<<strong>br</strong> />

"Eu também visitava um pavilhão diferente a ca<strong>da</strong> vez e<<strong>br</strong> />

entrevistava o capataz para saber so<strong>br</strong>e o an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> o<strong>br</strong>a. Não


ficávamos só no palco. Visitávamos os bastidores e escrevíamos<<strong>br</strong> />

matérias so<strong>br</strong>e as empresas responsáveis pela parte elétrica, pela<<strong>br</strong> />

fiação subterrânea, pelo sistema de esgotos, coisas assim. Um<<strong>br</strong> />

reportagem foi so<strong>br</strong>e o monotrilho. Visitei a fá<strong>br</strong>ica onde<<strong>br</strong> />

mol<strong>da</strong>ram os trilhos, depois mostrei os trilhos sendo postos so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

caminhões e transportados até a o<strong>br</strong>a.<<strong>br</strong> />

"Isso foi feito durante todo o ciclo de construção, até a<<strong>br</strong> />

inauguração do Epcot. O projeto foi concluído no prazo e dentro<<strong>br</strong> />

do orçamento, <strong>com</strong> poucas exceções. Tudo isso só foi possível, em<<strong>br</strong> />

parte, devido à colaboração de milhares de pessoas que não eram<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco. Não éramos responsáveis por seus salários.<<strong>br</strong> />

Não lhes dávamos benefícios. Não podíamos fazer por elas as<<strong>br</strong> />

coisas que tradicionalmente fazemos para deixar os funcionários<<strong>br</strong> />

contentes.<<strong>br</strong> />

"E assim, o que podíamos fazer? Nós os tratamos <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

fossem mem<strong>br</strong>os do elenco. Foi o que fizemos. E funcionou. Ain<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

me lem<strong>br</strong>o do dia <strong>da</strong> inauguração do Epcot, a grande festa de<<strong>br</strong> />

inauguração. Foi um grande evento. E praticamente to<strong>da</strong>s as<<strong>br</strong> />

pessoas que trabalharam no projeto estavam lá, <strong>com</strong> suas<<strong>br</strong> />

famílias."<<strong>br</strong> />

— Fale do Land Pavilion — disse Alan.<<strong>br</strong> />

— Claro. Um dia, Dick Nunis e eu estávamos dirigindo um<<strong>br</strong> />

carro de golfe por aí para a<strong>com</strong>panhar as o<strong>br</strong>as, cerca de seis<<strong>br</strong> />

meses antes do dia <strong>da</strong> inauguração. Dirigimo-nos até o Land<<strong>br</strong> />

Pavilion, que tem um grande átrio <strong>com</strong> um restaurante no fundo.<<strong>br</strong> />

Há nesse átrio diversos móbiles, bem grandes, que sobem e<<strong>br</strong> />

descem lentamente em cabos pendurados no teto. Representam<<strong>br</strong> />

situações relaciona<strong>da</strong>s <strong>com</strong> a terra — a época <strong>da</strong> colheita, do


plantio etc.<<strong>br</strong> />

"O projetista estava insatisfeito. As partes do mobile<<strong>br</strong> />

deveriam ficar sempre orienta<strong>da</strong>s na mesma direção, mas <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

movimento de sobe-e-desce, os cabos se enrolavam e as partes<<strong>br</strong> />

ficavam girando lentamente. Vários engenheiros estavam<<strong>br</strong> />

intrigados. Ninguém conseguia encontrar um modo de impedir<<strong>br</strong> />

esse retorcimento dos cabos.<<strong>br</strong> />

"Havia um operário por ali varrendo serragem. Ele apoiou-<<strong>br</strong> />

se em sua vassoura e disse: 'Trabalhei em uma torre de<<strong>br</strong> />

perfuração de óleo. Os cabos que usávamos não retorciam. Tinha<<strong>br</strong> />

algo a ver <strong>com</strong> a trama do cabo.'<<strong>br</strong> />

"Nunis e todos esses engenheiros ficaram imóveis, sem<<strong>br</strong> />

dizer palavra. Nunis virou-se para o chefe e disse: 'Veja se<<strong>br</strong> />

funciona'. O sujeito rabiscou um monte de coisas e saiu. Nunis<<strong>br</strong> />

voltou-se para o camara<strong>da</strong> <strong>com</strong> a vassoura, perguntou seu nome,<<strong>br</strong> />

agradeceu a sugestão e prometeu que iria experimentar.<<strong>br</strong> />

"Foi assim que resolveram o problema. Era apenas um<<strong>br</strong> />

faxineiro, mas a organização <strong>Disney</strong> escuta qualquer pessoa que<<strong>br</strong> />

tenha uma idéia criativa. Nunis está sempre procurando novas<<strong>br</strong> />

maneiras de fazer as coisas, soluções criativas para os problemas,<<strong>br</strong> />

e é por isso que ele tem sido tão bom para a <strong>Disney</strong>. Muitos<<strong>br</strong> />

executivos deixam seus egos interferir em seu trabalho. Se não foi<<strong>br</strong> />

idéia deles, não é boa. Nunis não está preocupado <strong>com</strong> a origem<<strong>br</strong> />

de idéias <strong>com</strong>o mem<strong>br</strong>o do elenco, convi<strong>da</strong>do, vice-presidente,<<strong>br</strong> />

faxineiro. Se for boa, ele a aproveita, e dá o devido crédito."<<strong>br</strong> />

os demais.<<strong>br</strong> />

— Bem, Alan, era isso que você queria que eu contasse?"<<strong>br</strong> />

— Exatamente, Randy. Muito o<strong>br</strong>igado. Alan voltou-se para


— Imaginei que se Nunis pode usar as idéias dos outros, e<<strong>br</strong> />

se a Liga Americana de Beisebol pode usar um rebatedor<<strong>br</strong> />

específico, eu também poderia. Assim, escalei Randy <strong>com</strong>o meu<<strong>br</strong> />

rebatedor. É justo, não é, Mort?<<strong>br</strong> />

— Se você consegue uma história <strong>com</strong>o essa, porque não?<<strong>br</strong> />

— respondeu Mort.<<strong>br</strong> />

— Seja <strong>com</strong>o for — disse Alan —, passei o resto do meu<<strong>br</strong> />

tempo caminhando e pensando. Pensei em minha empresa e no<<strong>br</strong> />

modo <strong>com</strong>o trabalhamos, no modo <strong>com</strong>o <strong>com</strong>ercializamos e<<strong>br</strong> />

distribuímos nossos produtos. 26<<strong>br</strong> />

"Somos uma empresa de software, muito boa, por sinal.<<strong>br</strong> />

Mas temos a tendência de pensar em quali<strong>da</strong>de <strong>com</strong>o algo<<strong>br</strong> />

relacionado <strong>com</strong> o aspecto material. Temos alianças e parcerias<<strong>br</strong> />

estratégicas. E fizemos um bom trabalho na estruturação <strong>da</strong> parte<<strong>br</strong> />

referente ao 'lado material' nesses relacionamentos.<<strong>br</strong> />

Temos acordos, nossos <strong>com</strong>putadores conversam uns <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

os outros, temos reuniões <strong>com</strong> nossos parceiros. Fazemos aquilo<<strong>br</strong> />

que a maioria dos especialistas em quali<strong>da</strong>de diz que você deve<<strong>br</strong> />

fazer.<<strong>br</strong> />

"Até agora, porém, nunca havia nos ocorrido li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

meta <strong>da</strong> maneira <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> fez <strong>com</strong> o Epcot. Se aplicássemos<<strong>br</strong> />

esse mesmo tipo de pensamento a nossos relacionamentos<<strong>br</strong> />

externos, eles seriam bem mais fortes do que já são, e já são muito<<strong>br</strong> />

bons.<<strong>br</strong> />

"Eis, em suma, o que aprendi. Quali<strong>da</strong>de não diz respeito<<strong>br</strong> />

apenas a possibili<strong>da</strong>des limita<strong>da</strong>s. Quali<strong>da</strong>de se estende a<<strong>br</strong> />

possibili<strong>da</strong>des ilimita<strong>da</strong>s. Se você <strong>com</strong>eça a pensar em quali<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

em termos de possibili<strong>da</strong>des ilimita<strong>da</strong>s, isso mu<strong>da</strong> seu modo de<<strong>br</strong> />

26 “Quali<strong>da</strong>de não diz respeito apenas a possibili<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

limita<strong>da</strong>s. Quali<strong>da</strong>de se estende a possibili<strong>da</strong>des ilimita<strong>da</strong>s. “


pensar. Por isso, uma <strong>da</strong>s coisas que farei em minha empresa será<<strong>br</strong> />

insistir para que todos <strong>com</strong>ecem a pensar dessa maneira. E, para<<strong>br</strong> />

garantir que todos <strong>com</strong>preenderão o significado disso, vou contar<<strong>br</strong> />

a todos aquilo que Randy nos contou.<<strong>br</strong> />

"Quem sabe aonde isso pode nos levar? Só sei que podemos<<strong>br</strong> />

elevar a quali<strong>da</strong>de a um patamar muito mais alto que o que já<<strong>br</strong> />

conseguimos."


14<<strong>br</strong> />

Alguém dotado de paixão...<<strong>br</strong> />

Dia 3, 15 horas às 15h15<<strong>br</strong> />

— Certo, Don, parece que chegou a sua vez — disse Mort.<<strong>br</strong> />

Don titubeou.<<strong>br</strong> />

— Antes de mais na<strong>da</strong>, tenho de fazer uma confissão. Não<<strong>br</strong> />

sei se vocês perceberam, mas não fiquei muito contente <strong>com</strong> isto<<strong>br</strong> />

tudo. Valorizo muito o meu tempo, e não gosto de desperdiçá-lo.<<strong>br</strong> />

Tive de deixar para trás uma pilha de trabalho para fazer esta<<strong>br</strong> />

viagem. Mas o patrão insistiu.<<strong>br</strong> />

"Ora, não posso dizer que não gostei ou que não aprendi<<strong>br</strong> />

algumas coisas, mas nesta manhã ain<strong>da</strong> estava achando que tudo<<strong>br</strong> />

era um desperdício de tempo. Por isso, decidi conferir uma coisa e<<strong>br</strong> />

depois tentar encaixar outras.<<strong>br</strong> />

"Quis conferir aquilo que Carmen estava tentando dizer<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o Wilderness Lodge e que Mort não queria que ela contasse.<<strong>br</strong> />

E por que Mort não queria que ela nos contasse? Por quê, Mort?"<<strong>br</strong> />

Mort sorriu.<<strong>br</strong> />

— Porque estava esperando que alguém fosse curioso o<<strong>br</strong> />

suficiente para pesquisar por conta própria — admitiu Mort.


— Bem, funcionou. Decidi que, fossem quais fossem essas<<strong>br</strong> />

12 coisas, eu as encontraria.<<strong>br</strong> />

"Fui até o hotel e <strong>com</strong>ecei a perguntar. Perguntei a dois<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco se eles sabiam de algo que destoava do tema<<strong>br</strong> />

do Wilderness Lodge. Cocaram as cabeças e disseram que não<<strong>br</strong> />

conseguiam imaginar o que poderia ser — que todos os temas<<strong>br</strong> />

estavam de acordo <strong>com</strong> os parques nacionais do oeste dos Estados<<strong>br</strong> />

Unidos.<<strong>br</strong> />

"Depois, outros dois mem<strong>br</strong>os do elenco se juntaram ao<<strong>br</strong> />

grupo no saguão, e não tardou para que tivéssemos um acalorado<<strong>br</strong> />

debate. Insisti em que deveria haver algo ali que não se ajustava<<strong>br</strong> />

ao tema, e queria saber o que era. Todos afirmavam que tudo se<<strong>br</strong> />

encaixava no tema.<<strong>br</strong> />

"Finalmente, disse a eles: 'Olha, não importa. Vocês não<<strong>br</strong> />

têm tempo mesmo para ficar aqui respondendo a um monte de<<strong>br</strong> />

perguntas de Mickey'.<<strong>br</strong> />

"Bastou dizer isso para uma <strong>da</strong>s moças gritar: 'Mickey!' E<<strong>br</strong> />

os outros três disseram: 'Sim, é isso!'<<strong>br</strong> />

"Eu disse, 'O que é isso?'<<strong>br</strong> />

"'Mickey!', disse um deles. 'Há mais ou menos uma dúzia de<<strong>br</strong> />

imagens do Mickey escondi<strong>da</strong>s nos detalhes! São chamados de<<strong>br</strong> />

Mickeys ocultos. Venha, vou lhe mostrar', e apontou para a<<strong>br</strong> />

enorme lareira de pedra. Eu ain<strong>da</strong> não estava percebendo na<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Ela disse: 'Olhe para a forma <strong>da</strong>s pedras à direita, naquela<<strong>br</strong> />

cama<strong>da</strong> avermelha<strong>da</strong> uns seis metros acima do chão'. E lá estava:<<strong>br</strong> />

se você prestar atenção, pode ver o contorno <strong>da</strong> cabeça e <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

orelhas do Mickey.<<strong>br</strong> />

"Aí, todos <strong>com</strong>eçaram a tagarelar. 'Quando for à Toca do<<strong>br</strong> />

Ursinho, olhe para a esquer<strong>da</strong> <strong>da</strong> ten<strong>da</strong> na parede do fundo.'<<strong>br</strong> />

Comecei a anotar os lugares onde disseram que haveria Mickeys


escondidos, e — naturalmente -— entre eles, os 12 dentro e ao<<strong>br</strong> />

redor do hotel. Acontece que to<strong>da</strong> atração, hotel e loja tem pelo<<strong>br</strong> />

menos um Mickey oculto."<<strong>br</strong> />

— Segundo os mem<strong>br</strong>os do elenco, esses Mickeys ocultos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçaram <strong>com</strong>o uma pia<strong>da</strong> interna entre os Imagenheiros. Em<<strong>br</strong> />

seus projetos e edificações, eles esconderam Mickeys em lugares<<strong>br</strong> />

que poderiam ser vistos quase que diante do nariz, desde que<<strong>br</strong> />

soubesse mos procurar.<<strong>br</strong> />

"Mas ninguém manteve um registro <strong>com</strong>pleto deles. E <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

as atrações mu<strong>da</strong>m ao longo dos anos, alguns se perdem e outros<<strong>br</strong> />

são acrescentados. Eles <strong>com</strong>petem para ver quem consegue<<strong>br</strong> />

desco<strong>br</strong>ir o maior número de Mickeys ocultos. Lem<strong>br</strong>am-me esses<<strong>br</strong> />

observadores de pássaros que viajam pelo mundo fazendo listas e<<strong>br</strong> />

reunindo-se para contar vantagem e <strong>com</strong>parar anotações."<<strong>br</strong> />

— Você está dizendo que há outros além dos ocultos no<<strong>br</strong> />

Wilderness Lodge? — perguntou Alan.<<strong>br</strong> />

— Você joga golfe? — perguntou Don.<<strong>br</strong> />

— Tem gente que diz que eu não jogo — <strong>br</strong>incou Alan. —<<strong>br</strong> />

Quer disputar uma parti<strong>da</strong> depois que sairmos <strong>da</strong>qui?<<strong>br</strong> />

— Claro — disse Don. — E se formos ao campo Magnolia,<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>e-me de conferir a armadilha no sexto buraco, onde há um<<strong>br</strong> />

Mickey oculto. Ou no gramado, se formos ao campo Osprey Ridge.<<strong>br</strong> />

E se vocês voltarem ao It's a Small World — coisa que não tenho a<<strong>br</strong> />

intenção de fazer, a menos que sob ameaça física — observem as<<strong>br</strong> />

som<strong>br</strong>as lança<strong>da</strong>s pelas orelhas do bebê canguru. Formam um<<strong>br</strong> />

Mickey. Vejam os antolhos dos cavalos na Main Street. A Splasli<<strong>br</strong> />

Mountain, no final, tem uma nuvem na forma de Mickey. Vamos<<strong>br</strong> />

ver... — Ele se esforçou para ler suas anotações. — Não consigo


entender meus rabiscos...<<strong>br</strong> />

"Ah!, sim. Gostei deste. No Epcot, no Pavilhão <strong>da</strong> Noruega,<<strong>br</strong> />

há um mural <strong>com</strong> a história do país. Um dos homens<<strong>br</strong> />

representados no mural é o Imagenheiro que projetou o pavilhão.<<strong>br</strong> />

O sujeito não só sé colocou no mural <strong>com</strong>o está usando um relógio<<strong>br</strong> />

do Mickey. Um dos vikings usa orelhas de Mickey.<<strong>br</strong> />

"Quem já levou os filhos para ver O Rei Leão? perguntou,<<strong>br</strong> />

Judy e Carmen fizeram que sim. —- Quando alugarem a fita,<<strong>br</strong> />

observem bem quando as formigas marcharem pelo televisor. Uma<<strong>br</strong> />

delas usa orelhas.<<strong>br</strong> />

— Ei, Don. — disse Carmen — Você me dá unia lista dos<<strong>br</strong> />

Mickeys que desco<strong>br</strong>iu? Quero impressionar meus filhos.<<strong>br</strong> />

— Você não vai conseguir entender a minha letra. Na<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>de, nem eu estou conseguindo entender algumas dessas<<strong>br</strong> />

anotações. Vou <strong>da</strong>tilografar a lista e mando-a depois por fax,<<strong>br</strong> />

certo?<<strong>br</strong> />

"Bem, saí <strong>da</strong> Wilderness Lodge <strong>com</strong> diversas páginas de<<strong>br</strong> />

anotações a respeito de Mickeys ocultos, mas pouca coisa mais.<<strong>br</strong> />

Foi interessante, mas não consegui encontrar algo de significativo<<strong>br</strong> />

nisso. Sei que você falou <strong>da</strong> atenção aos detalhes, Mort, mas estou<<strong>br</strong> />

acostumado a pensar em termos de priori<strong>da</strong>des. Às vezes, as<<strong>br</strong> />

coisas acontecem tão depressa em nossas empresas que temos de<<strong>br</strong> />

fazer uma espécie de triagem, cui<strong>da</strong>r primeiro <strong>da</strong>s emergências e<<strong>br</strong> />

deixar que os detalhes aguardem.<<strong>br</strong> />

"Por isso, voltei para cá e fiquei vagando mais um pouco,<<strong>br</strong> />

percorri mais duas atrações, <strong>com</strong>prei um cachorro-quente e<<strong>br</strong> />

sentei-me em um banco, observando to<strong>da</strong> essa gente<<strong>br</strong> />

exagera<strong>da</strong>mente feliz passar.<<strong>br</strong> />

"Então, enquanto estava sentado, vi essa menina ruiva que<<strong>br</strong> />

parecia estar se divertindo muito. E me lem<strong>br</strong>ei de tê-la visto


antes, em nosso primeiro dia aqui — não <strong>da</strong>va para não notá-la<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> óculos de Mickey e o enorme chapéu de Pateta <strong>com</strong> orelhas<<strong>br</strong> />

caí<strong>da</strong>s. Quando estávamos no restaurante tomando café, vi-a pela<<strong>br</strong> />

janela. Ela estava bem triste, lem<strong>br</strong>am?<<strong>br</strong> />

"Mostrando meu crachá e minha carta, fui conversar <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

essa família, e disse-lhes o que estava fazendo aqui. Contei que<<strong>br</strong> />

vira sua filhinha — seu nome é Nancy — chorando por algum<<strong>br</strong> />

motivo uns dois dias atrás e que agora estava feliz por ver que<<strong>br</strong> />

tudo ia bem."<<strong>br</strong> />

Don fez uma pausa para observar a reação do grupo.<<strong>br</strong> />

— Eis o que me contaram. Nancy estava na fila para<<strong>br</strong> />

conseguir um autógrafo do Capitão Gancho. Quando chegou sua<<strong>br</strong> />

vez, o Capitão Gancho sumiu sem mais nem menos. Isso a deixou<<strong>br</strong> />

triste na mesma hora, e Nancy pôs-se a chorar. Ninguém<<strong>br</strong> />

conseguia consolá-la. Assim, saíram <strong>da</strong>quela atração.<<strong>br</strong> />

"O pai foi reclamar do <strong>com</strong>portamento do Capitão Gancho<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> um mem<strong>br</strong>o do elenco. Este pediu desculpas e disse que<<strong>br</strong> />

quando termina o turno de um Capitão Gancho, outro Capitão<<strong>br</strong> />

Gancho toma seu lugar. Teria havido um desencontro, e o novo<<strong>br</strong> />

Gancho não tomou seu lugar tão rápido quanto deveria. O<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>o do elenco perguntou onde a família estava aloja<strong>da</strong> e disse<<strong>br</strong> />

que tentaria resolver as coisas para Nancy.<<strong>br</strong> />

"Quando Nancy entrou em seu quarto, encontrou um<<strong>br</strong> />

boneco do Peter Pan e um bilhete em sua cama. Dizia a nota:<<strong>br</strong> />

'Queri<strong>da</strong> Nancy, fiquei triste por saber que hoje o Capitão Gancho<<strong>br</strong> />

foi malvado <strong>com</strong> você. Às vezes ele é malvado <strong>com</strong>igo, também. Por<<strong>br</strong> />

favor, volte e visite-nos assim que puder. Seu amigo, Peter Pan'.<<strong>br</strong> />

"Ela ficou muito contente. Peter Pan tinha voado até o seu


quarto e deixado um bilhete em sua cama!<<strong>br</strong> />

"Fiquei muito impressionado <strong>com</strong> a eficiência <strong>da</strong> operação.<<strong>br</strong> />

No <strong>br</strong>eve período entre a volta ao Contemporary Hotel para<<strong>br</strong> />

almoçar e para o descanso de Nancy, muitas coisas aconteceram.<<strong>br</strong> />

O mem<strong>br</strong>o do elenco <strong>com</strong> quem reclamaram telefonou para o hotel<<strong>br</strong> />

e pediu a alguém para escrever um bilhete. Esse alguém<<strong>br</strong> />

conseguiu um boneco e pediu a uma arrumadeira que deixasse o<<strong>br</strong> />

boneco e o bilhete naquele quarto.<<strong>br</strong> />

"Bem, antes eu vi outra coisa. Estava em algum lugar do<<strong>br</strong> />

Fantasyland, ou perto dele. Uma mulher estava <strong>com</strong> um sorvete<<strong>br</strong> />

de casquinha na mão. Estava conversando <strong>com</strong> sua amiga. Uma<<strong>br</strong> />

gaivota passou voando baixo e derrubou o sorvete no chão, e um<<strong>br</strong> />

monte de gaivotas saíram do na<strong>da</strong> e pousaram so<strong>br</strong>e ele.<<strong>br</strong> />

"Um mem<strong>br</strong>o do elenco viu a cena. Imediatamente,<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhou a mulher até a frente <strong>da</strong> fila do sorvete e conseguiu<<strong>br</strong> />

um novo sorvete de casquinha.<<strong>br</strong> />

"Detive a mulher <strong>com</strong> o sorvete e perguntei <strong>com</strong>o foi o caso.<<strong>br</strong> />

De início, ela pensou que eu fosse um repórter. Mesmo depois de<<strong>br</strong> />

explicar o que estava fazendo e que a única reportagem que faria<<strong>br</strong> />

seria para uns poucos <strong>com</strong>o eu, ela insistiu em me <strong>da</strong>r seu nome c<<strong>br</strong> />

telefone, caso eu quisesse tirar uma foto dela para minha<<strong>br</strong> />

'matéria'. "Nas duas situações, um problema foi corrigido em um<<strong>br</strong> />

deles, um mem<strong>br</strong>o do elenco <strong>com</strong>eteu um erro e no outro, uma<<strong>br</strong> />

gaivota causou um problema. E ambos foram corrigidos <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

rapidez e eficiência. Como eles fazem isso, Mort?"<<strong>br</strong> />

— E um processo chamado Service Recovery (recuperação<<strong>br</strong> />

de serviço) — disse Mort. — Quando alguma coisa não sai <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

maneira <strong>com</strong>o alguém espera, ò elenco se desdo<strong>br</strong>a para consertar<<strong>br</strong> />

a situação. Eles não querem que ninguém saia <strong>da</strong>qui<<strong>br</strong> />

desencantado, e por isso é um ponto de honra recuperar o


equilí<strong>br</strong>io <strong>da</strong>s coisas. Acho que isso é vital para manter a<<strong>br</strong> />

fideli<strong>da</strong>de dos convi<strong>da</strong>dos. Também aju<strong>da</strong> a manter a dedicação<<strong>br</strong> />

dos mem<strong>br</strong>os do elenco, pois lhes dá a oportuni<strong>da</strong>de de consertar<<strong>br</strong> />

as coisas na hora para aquele convi<strong>da</strong>do. Como em tudo o que faz,<<strong>br</strong> />

a <strong>Disney</strong> dedica muito tempo e energia a uma boa recuperação,<<strong>br</strong> />

mas vale a pena.<<strong>br</strong> />

"Mas gostaria de ouvir mais so<strong>br</strong>e o seu passeio. Que<<strong>br</strong> />

conclusão você tirou <strong>da</strong>quilo que viu? E <strong>com</strong>o isso afetará o que<<strong>br</strong> />

você faz em sua empresa?"<<strong>br</strong> />

Don ficou organizando seus pensamentos em silêncio<<strong>br</strong> />

durante alguns instantes. Quando olhou para cima, era <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong> a tensão dos últimos dias tivesse saído dele. Até deu um<<strong>br</strong> />

sorriso antes de <strong>com</strong>eçar a falar.<<strong>br</strong> />

aguar<strong>da</strong>ram.<<strong>br</strong> />

Os outros, espontaneamente, sorriram também e<<strong>br</strong> />

— Bem, <strong>com</strong>o disse, estava tendo dificul<strong>da</strong>des para ver a<<strong>br</strong> />

importância dessas coisas em meu trabalho e na minha empresa.<<strong>br</strong> />

Quer dizer, algumas coisas foram bastante interessantes, é<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>de, mas para mim, vamos direto ao ponto: basicamente foi<<strong>br</strong> />

apenas uma gincana à procura de fatos isolados e costumes<<strong>br</strong> />

estranhos. E, então, aconteceu uma coisa.<<strong>br</strong> />

— Estava sentado em um banco, quase vindo para cá,<<strong>br</strong> />

quando um casal se sentou a meu lado para que a mulher<<strong>br</strong> />

pudesse amarrar os ca<strong>da</strong>rços dos sapatos. O sujeito <strong>com</strong>entou<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> ela alguma coisa a respeito <strong>da</strong> limpeza do lugar. Ela<<strong>br</strong> />

concordou, e ambos <strong>com</strong>eçaram a imaginar quantos faxineiros<<strong>br</strong> />

haveria por ali. Ela disse 300. Ele disse que deviam ser 400 ou<<strong>br</strong> />

500. Nesse momento, não resisti.


"Disse-lhes: '45 mil'. Naturalmente, ficaram espantados.<<strong>br</strong> />

Deixei que ficassem um pouco espantados por algum tempo.<<strong>br</strong> />

Depois, expliquei o motivo e o modo pelo qual sabia disso.<<strong>br</strong> />

"Aí, ficaram mais espantados ain<strong>da</strong>. 'Sabe de uma coisa',<<strong>br</strong> />

disse o sujeito, 'se mais pessoas em mais empresas tivessem a<<strong>br</strong> />

mesma dedicação a seus clientes, suas empresas seriam mais<<strong>br</strong> />

lucrativas, seus empregos estariam mais seguros e eu seria um<<strong>br</strong> />

cliente mais satisfeito. Não que todos tenham o mesmo grau de<<strong>br</strong> />

paixão por agra<strong>da</strong>r ao máximo seus clientes.' Dizendo isso,<<strong>br</strong> />

levantaram-se, despediram-se e foram embora. 27<<strong>br</strong> />

"Acontece que o sujeito disse 'paixão'. E quando ele disse<<strong>br</strong> />

isso, tive minha curiosi<strong>da</strong>de desperta<strong>da</strong>. Lem<strong>br</strong>ei-me de algo que<<strong>br</strong> />

meu técnico de futebol americano do ginásio disse certa vez.<<strong>br</strong> />

"Eu não era o jogador mais talentoso, nem o mais hábil do<<strong>br</strong> />

time, mas sempre joguei <strong>com</strong> coração. No primeiro ano, tive de<<strong>br</strong> />

repartir minha posição <strong>com</strong> outro jogador. Ele geralmente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçava a parti<strong>da</strong>, e eu ficava boa parte do" tempo no banco de<<strong>br</strong> />

reservas. Mas eu sempre dei o máximo de mim, mesmo nos<<strong>br</strong> />

treinos, e, embora raramente <strong>com</strong>eçasse a parti<strong>da</strong>, quase sempre<<strong>br</strong> />

jogava.<<strong>br</strong> />

"Um dia, durante um treino, as coisas não estavam indo<<strong>br</strong> />

muito bem. Todos estavam jogando automaticamente. Eu estava<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>ndo duro, mas pensando em relaxar. Foi aí que o técnico<<strong>br</strong> />

mandou que todos saíssem do campo para conversar conosco.<<strong>br</strong> />

"Ain<strong>da</strong> me lem<strong>br</strong>o dele, de pé so<strong>br</strong>e o banco, e ain<strong>da</strong> posso<<strong>br</strong> />

ouvir sua voz. Ele disse: 'Quantos de vocês querem ganhar o jogo<<strong>br</strong> />

27 " Se mais pessoas em mais empresas tivessem<<strong>br</strong> />

dedicação real a seus clientes, suas empresas seriam mais<<strong>br</strong> />

lucrativas e seus empregos estariam mais seguros. "


<strong>da</strong> sexta à noite?'<<strong>br</strong> />

"Quarenta e uma mãos se ergueram.<<strong>br</strong> />

"'Bem, tenho más notícias para vocês', disse ele. 'Estar<<strong>br</strong> />

interessado não basta. Muita gente está interessa<strong>da</strong> em um monte<<strong>br</strong> />

de coisas. Estou interessado em vencer a Maratona de Boston.<<strong>br</strong> />

Mas sabem de uma coisa? Nunca vou vencer a Maratona de<<strong>br</strong> />

Boston. Não me dedico a ela. Não estou suficientemente<<strong>br</strong> />

apaixonado por ela. E só disso que precisamos: paixão e<<strong>br</strong> />

dedicação! E vocês estão longe de mostrar paixão e dedicação. Na<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>de, só vejo um jogador apaixonado pelo jogo, que é o<<strong>br</strong> />

Jenkins. Mas vou lhes dizer uma coisa', prosseguiu. 'Estou<<strong>br</strong> />

apaixonado pelo jogo de sexta à noite. Estou tão apaixonado por<<strong>br</strong> />

ele que vou lhes prometer uma coisa. Todos que entrarem em<<strong>br</strong> />

campo na sexta à noite terão paixão e dedicação. Agora, só tenho<<strong>br</strong> />

uma pessoa para iniciar a parti<strong>da</strong>. Uma. É o Jenkins. Não vou pôr<<strong>br</strong> />

em campo ninguém que não tenha paixão pela vitória. Se Jenkins<<strong>br</strong> />

for o único jogador em campo, tudo bem. É melhor um dotado de<<strong>br</strong> />

paixão do que 40 meramente interessados.'<<strong>br</strong> />

"Dizendo isso, ele saiu do campo, e o assistente dele dirigiu<<strong>br</strong> />

o resto do treino.<<strong>br</strong> />

"Bem, <strong>com</strong>ecei a parti<strong>da</strong> naquela sexta, e foi um de nossos<<strong>br</strong> />

melhores jogos do campeonato. Ganhamos por 35 a 6. Comecei<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s as outras parti<strong>da</strong>s depois <strong>da</strong>quela. Ganhei prêmios do<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eço ao fim do curso.<<strong>br</strong> />

"Percebi imediatamente por que estava pensando no<<strong>br</strong> />

treinador. Vira a mesma paixão nos mem<strong>br</strong>os do elenco que<<strong>br</strong> />

estavam me aju<strong>da</strong>ndo a desco<strong>br</strong>ir os Mickeys ocultos. Mesmo<<strong>br</strong> />

enquanto não conseguiam entender do que eu estaria falando,<<strong>br</strong> />

mostravam entusiasmo e dedicação. Todos mostraram paixão<<strong>br</strong> />

aju<strong>da</strong>ndo-me a desco<strong>br</strong>ir o que quer que fosse, mesmo sem eu ter


<strong>da</strong>do uma pista.<<strong>br</strong> />

"Também percebi que vira isso no mem<strong>br</strong>o do elenco que<<strong>br</strong> />

falou <strong>da</strong>s cartas pendura<strong>da</strong>s no quadro de avisos. E em Michael<<strong>br</strong> />

Eisner e em ca<strong>da</strong> um de vocês."<<strong>br</strong> />

Ele fez uma pausa.<<strong>br</strong> />

— Continue — disse Mort. -— Diga-nos <strong>com</strong>o você aplicará<<strong>br</strong> />

tudo isso em seu trabalho.<<strong>br</strong> />

Don pensou um pouco.<<strong>br</strong> />

— Bem, acho que temos nos saído muito bem no controle<<strong>br</strong> />

de quali<strong>da</strong>de dos produtos de minha empresa. Observamos os<<strong>br</strong> />

números diariamente. Somos apaixonados por essas coisas. Mas<<strong>br</strong> />

isso não é o mesmo que sermos apaixonados pelos clientes. Ter<<strong>br</strong> />

paixão pela quali<strong>da</strong>de é apenas uma parte <strong>da</strong> paixão pelos<<strong>br</strong> />

clientes. 28<<strong>br</strong> />

"É isso o que acontece aqui. As pessoas são apaixona<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

pela experiência do convi<strong>da</strong>do. Os veículos para torná-la uma pela<<strong>br</strong> />

grande experiência são to<strong>da</strong>s essas coisas de que estivemos<<strong>br</strong> />

falando. Não sei <strong>com</strong>o tinta a ouro, um mural, o curso Tradições<<strong>br</strong> />

ou coisas assim poderiam fazer alguma diferença para a minha<<strong>br</strong> />

equipe. A ver<strong>da</strong>de é que não fazem — para mim.<<strong>br</strong> />

"Mas elas fazem diferença aqui. Essas coisas dizem respeito<<strong>br</strong> />

à alegria e à magia, e é isso que esse lugar significa: alegria e<<strong>br</strong> />

magia.<<strong>br</strong> />

"Tudo contribui para a experiência global, e é isso que<<strong>br</strong> />

importa. Vamos encarar os fatos: não é o lugar mais barato do<<strong>br</strong> />

28 “Ter paixão pela quali<strong>da</strong>de é apenas uma parte <strong>da</strong> paixão<<strong>br</strong> />

pelos clientes. “


mundo para se visitar.<<strong>br</strong> />

Quanto a mim, pessoalmente, nunca ficaria tão<<strong>br</strong> />

entusiasmado <strong>com</strong> ele quanto você, Judy. Mas quando chegamos<<strong>br</strong> />

ao fundo <strong>da</strong> questão, temos de admitir que o pessoal <strong>da</strong> <strong>Disney</strong><<strong>br</strong> />

realmente oferece quali<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

"É isso que to<strong>da</strong>s as empresas precisam fazer. A <strong>Disney</strong><<strong>br</strong> />

precisa oferecer quali<strong>da</strong>de, e nós também. É tão enganosamente<<strong>br</strong> />

simples que nem percebi isso antes.<<strong>br</strong> />

"Tudo isso é um rodeio para dizer que meu plano de ação<<strong>br</strong> />

tem apenas um único passo. Vou transformar a paixão que tenho<<strong>br</strong> />

pela quali<strong>da</strong>de em uma paixão pela experiência total de ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

cliente. É uma pequena mu<strong>da</strong>nça de palavras, mas causará uma<<strong>br</strong> />

grande mu<strong>da</strong>nça no modo <strong>com</strong>o fazemos as coisas e no modo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o nossos clientes nos vêem. Só isso já teria valido a viagem.<<strong>br</strong> />

"E o<strong>br</strong>igado por terem me agüentado. Espero que tenha<<strong>br</strong> />

valido a pena."<<strong>br</strong> />

Judy sorriu e apertou a mão de Don.<<strong>br</strong> />

— Sabia que você conseguiria, disse ela.<<strong>br</strong> />

Enquanto o resto <strong>da</strong> Gangue dos Cinco tagarelava e se<<strong>br</strong> />

preparava para seguir seus diferentes caminhos, Carmen fez uma<<strong>br</strong> />

última anotação em seu bloco:<<strong>br</strong> />

"Uma pessoa dota<strong>da</strong> de paixão é melhor do que 40<<strong>br</strong> />

meramente interessa<strong>da</strong>s."<<strong>br</strong> />

Ela sorriu, pensando em Don.


Ferramentas do líder<<strong>br</strong> />

Como colocar em prática os sete segredos do sucesso <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> em sua empresa<<strong>br</strong> />

As pessoas que leram este livro antes que ele fosse<<strong>br</strong> />

preparado e impresso trabalham em empresas de diferentes<<strong>br</strong> />

tamanhos c setores. Uma era de uma pequena organização de<<strong>br</strong> />

prestação de serviços, outra de uma agência de propagan<strong>da</strong>. Duas<<strong>br</strong> />

eram presidentes de empresas de pequeno a médio portes, e<<strong>br</strong> />

quatro eram diretores de treinamento de grandes empresas. Mas<<strong>br</strong> />

elas — e outros oito leitores escolhidos aleatoriamente — tinham<<strong>br</strong> />

um pedido <strong>com</strong>um: um veículo para usar <strong>com</strong> outras pessoas de<<strong>br</strong> />

sua equipe a fim de "sair na frente <strong>da</strong> concorrência", nas palavras<<strong>br</strong> />

de uma delas.<<strong>br</strong> />

Estas ferramentas podem ajudá-lo a tornar o foco so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

cliente parte integrante de seu trabalho e de suas negociações,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o acontece na <strong>Disney</strong>. As pessoas <strong>com</strong> as quais as testamos<<strong>br</strong> />

acharam que elas aju<strong>da</strong>ram a formar o espírito de equipe, a<<strong>br</strong> />

aguçar o foco so<strong>br</strong>e o cliente e a melhorar seus sistemas.<<strong>br</strong> />

Você pode usar estas ferramentas <strong>com</strong>o parte de um<<strong>br</strong> />

programa de treinamento, <strong>com</strong>o parte de um programa do tipo<<strong>br</strong> />

almoce e apren<strong>da</strong> ou para examinar <strong>com</strong>o você negocia <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

clientes internos ou externos.<<strong>br</strong> />

Em suma, estas ferramentas consistem em um meio para<<strong>br</strong> />

você criar seu próprio programa de treinamento de funcionários e<<strong>br</strong> />

suas estratégias de trabalho. Reúna um grupo de funcionários de<<strong>br</strong> />

diferentes departamentos ou de seu setor e sua equipe<<strong>br</strong> />

administrativa. Se você tem uma empresa individual, reflita so<strong>br</strong>e


o problema consigo mesmo — ou <strong>com</strong> um grupo de quatro a sete<<strong>br</strong> />

pessoas na mesma posição. No caso de você se reunir <strong>com</strong> um<<strong>br</strong> />

grupo de estudos, utilize este veículo para examinarem<<strong>br</strong> />

alternativas. Ca<strong>da</strong> um tem um modo diferente de experimentar<<strong>br</strong> />

este material. Durante uma discussão, você pode estimular a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>paração de percepções divergentes, incentivar a solução<<strong>br</strong> />

criativa de problemas e aumentar a receptivi<strong>da</strong>de a novas idéias.<<strong>br</strong> />

Preparando-se para a discussão<<strong>br</strong> />

Discussões funcionam melhor em grupos de cinco ou seis<<strong>br</strong> />

indivíduos. Se você estiver trabalhando <strong>com</strong> um público maior,<<strong>br</strong> />

peça às pessoas para se dividirem em pequenos grupos,<<strong>br</strong> />

discutirem e registrarem suas idéias e voltarem para trocar<<strong>br</strong> />

conclusões. Assentos dispostos em forma circular aju<strong>da</strong>m a<<strong>br</strong> />

interação.<<strong>br</strong> />

Prepare uma lista <strong>da</strong>s questões a serem discuti<strong>da</strong>s. Escreva<<strong>br</strong> />

duas ou três questões em um flip-chart para que todos as vejam<<strong>br</strong> />

durante a discussão. Utilize perguntas <strong>da</strong> lista ou invente as suas.<<strong>br</strong> />

Escreva <strong>com</strong> letras grandes. O propósito de exibir as perguntas é<<strong>br</strong> />

manter o foco do grupo, tal <strong>com</strong>o você faria <strong>com</strong> uma pauta de<<strong>br</strong> />

reunião.<<strong>br</strong> />

Apresente as questões aos participantes antes <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

discussão. Isso lhes <strong>da</strong>rá tempo para refletir e para que consultem<<strong>br</strong> />

seções específicas do livro. Você pode até pedir que acrescentem<<strong>br</strong> />

outras questões à lista.


Conduzindo a discussão<<strong>br</strong> />

Ponha as questões bem à vista de todos os participantes.<<strong>br</strong> />

Formule uma pergunta de ca<strong>da</strong> vez. Depois que a conversa<<strong>br</strong> />

estiver em an<strong>da</strong>mento, tente ficar de longe observando. Dê ao<<strong>br</strong> />

grupo o controle <strong>da</strong> discussão. Evite repetir a questão, a menos<<strong>br</strong> />

que o grupo saia do tema, caso em que você deve pedir que se<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>em <strong>da</strong> quês tão apresenta<strong>da</strong>. Se algumas pessoas derem a<<strong>br</strong> />

impressão de estar retraí<strong>da</strong>s, traga-as à discussão <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

pergunta: "O que você acha disto?" Registre to<strong>da</strong>s as idéias<<strong>br</strong> />

sugeri<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

Resuma. Antes de passar à pergunta seguinte, faça um<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>eve resumo dos principais pontos que vocês discutiram. Refira-<<strong>br</strong> />

se aos pontos que você registrou.<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>para.<<strong>br</strong> />

Perguntas<<strong>br</strong> />

LIÇÃO 1<<strong>br</strong> />

Concorrente é qualquer empresa <strong>com</strong> a qual o cliente o<<strong>br</strong> />

■ Lem<strong>br</strong>e-se de alguma situação em que você ficou<<strong>br</strong> />

impressionado <strong>com</strong> o nível do serviço que recebeu. Como isso<<strong>br</strong> />

elevou sua expectativa <strong>com</strong> relação a outras empresas?<<strong>br</strong> />

■ Em <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> as demais, <strong>com</strong>o têm sido os<<strong>br</strong> />

serviços prestados por nossa empresa?


■ Quem são nossos concorrentes diretos?<<strong>br</strong> />

■ Com quem mais nossos clientes podem nos <strong>com</strong>parar?<<strong>br</strong> />

■ O que isso sugere quanto às mu<strong>da</strong>nças que temos de<<strong>br</strong> />

fazer na nossa maneira de trabalhar?<<strong>br</strong> />

LIÇÃO 2<<strong>br</strong> />

Fantástica atenção aos detalhes.<<strong>br</strong> />

■ Que detalhes fazem <strong>com</strong> que nossos clientes nos vejam<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o uma empresa difícil <strong>com</strong> a qual negociar?<<strong>br</strong> />

■ Que detalhes poderiam ser aprimorados para fazer <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

que os clientes voltem sempre?<<strong>br</strong> />

■ Que detalhes no ambiente de trabalho poderiam ter o<<strong>br</strong> />

mesmo cui<strong>da</strong>do que os postes adornados para amarrar cavalos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o na Main Street <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>?<<strong>br</strong> />

LIÇÃO 3<<strong>br</strong> />

Todos mostram entusiasmo.<<strong>br</strong> />

■ Pense no modo <strong>com</strong>o as pessoas trabalham aqui. Será<<strong>br</strong> />

que poderíamos a<strong>da</strong>ptar o conceito de 'agressivamente gentil' ao


ambiente de nossa empresa?<<strong>br</strong> />

■ Como poderíamos expandir o atendimento ao cliente,<<strong>br</strong> />

transformando um departamento em uma tradição?<<strong>br</strong> />

■ Como ca<strong>da</strong> um poderia mostrar entusiasmo ain<strong>da</strong> maior<<strong>br</strong> />

do que atualmente?<<strong>br</strong> />

■ O que mostrar entusiasmo significa aqui?<<strong>br</strong> />

■ Como a experiência <strong>com</strong> um cliente poderia mu<strong>da</strong>r se<<strong>br</strong> />

todos aqui mostrassem entusiasmo?<<strong>br</strong> />

LIÇÃO 4<<strong>br</strong> />

Tudo mostra entusiasmo.<<strong>br</strong> />

■ Lem<strong>br</strong>e-se <strong>da</strong> tinta doura<strong>da</strong> no carrossel <strong>da</strong> <strong>Disney</strong>. Que<<strong>br</strong> />

mensagens estão sendo envia<strong>da</strong>s a nossos associados e<<strong>br</strong> />

funcionários quanto ao valor do cliente?<<strong>br</strong> />

■ Tendo em mente o valor <strong>da</strong>s coisas invisíveis, de que<<strong>br</strong> />

maneiras poderíamos lem<strong>br</strong>ar os funcionários de que os clientes<<strong>br</strong> />

valem ouro?<<strong>br</strong> />

■ Imagine que tudo em nossa empresa mostra entusiasmo.<<strong>br</strong> />

Como ela seria?<<strong>br</strong> />

■ Pense em uma coisa que pode ser mu<strong>da</strong><strong>da</strong> para que saia


melhor na demonstração de entusiasmo.<<strong>br</strong> />

LIÇÃO 5<<strong>br</strong> />

Múltiplos postos de escuta.<<strong>br</strong> />

■ Como podemos usar nossos ouvidos para detectar a<<strong>br</strong> />

satisfação dos clientes?<<strong>br</strong> />

■ Como podemos tornar o processo de coleta de feedback<<strong>br</strong> />

mais criativo e divertido?<<strong>br</strong> />

■ Lem<strong>br</strong>e-se do impacto causado por uma ação imediata.<<strong>br</strong> />

Como podemos melhorar nosso tempo de reação?<<strong>br</strong> />

■ Identifique e relacione aspectos de nosso(s) trabalho(s)<<strong>br</strong> />

que envolvam contato <strong>com</strong> o cliente. (Melhor se aplica<strong>da</strong> em um<<strong>br</strong> />

grupo de discussão homogêneo.)<<strong>br</strong> />

■ Que novos postos de escuta, formais ou informais,<<strong>br</strong> />

poderíamos empregar?<<strong>br</strong> />

■ Como poderíamos nos tornar mais ágeis nas respostas<<strong>br</strong> />

às necessi<strong>da</strong>des do cliente?<<strong>br</strong> />

LIÇÃO 6<<strong>br</strong> />

Re<strong>com</strong>pensa, reconhecimento e <strong>com</strong>emoração.


■ Com que freqüência um bom desempenho passa sem<<strong>br</strong> />

reconhecimento?<<strong>br</strong> />

■ De um modo geral, qual a proporção de feedback<<strong>br</strong> />

positivo-negativo em nossa empresa/fá<strong>br</strong>ica/departamento etc?<<strong>br</strong> />

negativo?<<strong>br</strong> />

■ Como poderíamos melhorar essa proporção?<<strong>br</strong> />

■ Qual é a sua proporção individual de feedback positivo-<<strong>br</strong> />

LIÇÃO 7<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong>s as pxssoas são importantxs.<<strong>br</strong> />

■ Pensando na máquina de escrever <strong>com</strong> a tecla que<strong>br</strong>a<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o nossa empresa poderia aplicar essa lição?<<strong>br</strong> />

lição?<<strong>br</strong> />

■ De que formas temos experimentado pessoalmente essa<<strong>br</strong> />

■ Como podemos transmitir essa crença aos outros<<strong>br</strong> />

funcionários <strong>da</strong> empresa?<<strong>br</strong> />

Perguntas genéricas<<strong>br</strong> />

■ Qual é a principal mensagem deste livro?


■ Que insights você teve ao ler este livro?<<strong>br</strong> />

■ Cite algo que você passará a fazer de maneira diferente,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçando hoje mesmo.<<strong>br</strong> />

Encerrando a discussão<<strong>br</strong> />

Em uma ou duas frases, declare aquilo que você realizou<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> relação às questões inicialmente formula<strong>da</strong>s. Se a meta final<<strong>br</strong> />

de sua discussão é aplicação prática, crie um plano de ação que<<strong>br</strong> />

inclua quem, o quê e quando.


Notas<<strong>br</strong> />

Caso você tenha lido a seção So<strong>br</strong>e este livro,<<strong>br</strong> />

provavelmente percebeu que Mort e sua Gangue dos Cinco são<<strong>br</strong> />

criações <strong>da</strong> minha imaginação. Qualquer semelhança entre eles e<<strong>br</strong> />

alguém que você conheça é mera coincidência. Mort, por exemplo,<<strong>br</strong> />

foi a maneira que encontrei para descrever aquilo que acontece na<<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong>, acrescentando seus (meus) <strong>com</strong>entários. Nunca trabalhei<<strong>br</strong> />

na <strong>Disney</strong>, em nenhuma posição ou cargo.<<strong>br</strong> />

Com três exceções — Michael Eisner, Dick Nunis e Judson<<strong>br</strong> />

Green —, todos os mem<strong>br</strong>os do elenco <strong>da</strong> <strong>Disney</strong> também são<<strong>br</strong> />

fictícios. Todos os fatos e as sete lições são reais, mas são<<strong>br</strong> />

resultados de minha versão <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Ca<strong>da</strong> lição é fruto de<<strong>br</strong> />

minha observação so<strong>br</strong>e o modo <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> e outras empresas<<strong>br</strong> />

que têm seu foco voltado para os clientes dirigem seus negócios.<<strong>br</strong> />

Pelo que sei, por exemplo, a <strong>Disney</strong> não distribui cartões onde se<<strong>br</strong> />

lê "To<strong>da</strong>s as pxssoas são importantxs". É apenas o meu modo de<<strong>br</strong> />

descrever a importância que atribuem a ca<strong>da</strong> mem<strong>br</strong>o do elenco,<<strong>br</strong> />

bem <strong>com</strong>o a importância que você deveria atribuir a ca<strong>da</strong> mem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

de sua equipe.<<strong>br</strong> />

Como você pôde notar, a <strong>Disney</strong> é uma organização<<strong>br</strong> />

fascinante para ser observa<strong>da</strong>. Aqueles que quiserem conhecer<<strong>br</strong> />

melhor a maneira <strong>com</strong>o a <strong>Disney</strong> trata liderança, administração de<<strong>br</strong> />

pessoal ou quali<strong>da</strong>de de serviços podem entrar em contato <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Disney</strong> University Seminars, P.O. Box 10-093, Lake Buena Vista,<<strong>br</strong> />

FL, 32830-0093. Telefone: 001/407-824-4855.


Agradecimentos<<strong>br</strong> />

É muito <strong>com</strong>um os autores dedicarem esta seção para<<strong>br</strong> />

dizer: "Não teria conseguido fazer este livro sem a colaboração de<<strong>br</strong> />

vários profissionais".<<strong>br</strong> />

Isso é sempre ver<strong>da</strong>de. Especialmente no caso deste livro.<<strong>br</strong> />

Primeiro, um imenso muito o<strong>br</strong>igado aos atuais e antigos<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os do elenco que repartiram seu tempo e me permitiram<<strong>br</strong> />

entrevistá-los. Seus cargos eram variados — incluindo os vice-<<strong>br</strong> />

presidentes de parques e hotéis, o editor do jornal Eyes and Ears,<<strong>br</strong> />

numerosos personagens, o motorista dos calhambeques e os en<<strong>br</strong> />

carregados de atendimento ao cliente. Destaco, particularmente,<<strong>br</strong> />

Corey Colien, Mike Turner, Keith Gossett, Kerry Price, Terri<<strong>br</strong> />

Cooksey e Ani Costa. Um agradecimento especial a Drew Turner<<strong>br</strong> />

que, embora não seja mem<strong>br</strong>o do elenco, foi de inestimável aju<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

na realização de minha pesquisa.<<strong>br</strong> />

O crédito pelas Ferramentas do Líder vai para Deb<<strong>br</strong> />

Woudenberg, Doug Kerfoot, Dan Houston, Bill Stimer e Kristi<<strong>br</strong> />

Heyboer.<<strong>br</strong> />

A equipe <strong>da</strong> Bard Press foi soberba. Sem eles, os leitores<<strong>br</strong> />

não teriam a possibili<strong>da</strong>de de um dia ter este livro em mãos. Ray<<strong>br</strong> />

Bard, Scott Bard, Nancy Thomas e Karen Kobe foram<<strong>br</strong> />

excepcionais, equipe de edição, projeto e produção forma<strong>da</strong> por<<strong>br</strong> />

Jeff Morris, Leslie Stephen, Carolyn Banks, Suzanne Pustejovsky,<<strong>br</strong> />

Deborah Costenbader, Doreen Piano e Sherry Sprague facilitou a<<strong>br</strong> />

concretização <strong>da</strong>s idéias.<<strong>br</strong> />

Robert Blaha, Clay Carey, Caryn Colgan, Sheryl Horton,<<strong>br</strong> />

Stacey Crowley, John Murphy, Cherise Person, Ed Pope, Sara<<strong>br</strong> />

Schroeder, Kay Scott, Alan Sultan, Buddy Tune e Mike Turner


eservaram um tempo precioso para ler o manuscrito e <strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

valiosas opiniões e sugestões. Além disso, o<strong>br</strong>igado a tantas<<strong>br</strong> />

pessoas que ofereceram feedback so<strong>br</strong>e diversas <strong>com</strong>binações de<<strong>br</strong> />

títulos e subtítulos.<<strong>br</strong> />

Meus três sócios, Kristin Anderson, Chip Bell e Ron Zemke,<<strong>br</strong> />

também leram o manuscrito — não uma versão, mas três versões<<strong>br</strong> />

diferentes. Seus <strong>com</strong>entários bastante diretos e perspicazes foram<<strong>br</strong> />

necessários e bem recebidos. Nunca sei <strong>com</strong>o eles conseguem<<strong>br</strong> />

tempo para <strong>da</strong>r tanto apoio <strong>com</strong> tudo o que já têm a fazer, mas<<strong>br</strong> />

sempre conseguem, e amo-os por isso. Jill Applegate e Karen<<strong>br</strong> />

Revill também conseguiram manter nós quatro na direção certa.<<strong>br</strong> />

O<strong>br</strong>igado por seu apoio constante. Agradecemos também a nossa<<strong>br</strong> />

equipe de apoio <strong>com</strong>plementar, Peppy e Kippy, cuja permanente<<strong>br</strong> />

atenção a ca<strong>da</strong> detalhe deste projeto foi inestimável.<<strong>br</strong> />

E quem ficou de fora? Pam, por exemplo, minha adorável<<strong>br</strong> />

esposa, que não só suportou o despertador todos os dias às 5h30,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o também três viagens consecutivas ao It's a Small World para<<strong>br</strong> />

conferir todos os detalhes. E minha filha, Avis, que me deu seu<<strong>br</strong> />

feedback so<strong>br</strong>e várias coisas importantes. Além disso, os dois<<strong>br</strong> />

filhos de Pam, Scott e Doug.<<strong>br</strong> />

O<strong>br</strong>igado a todos!


Tom Connellan é um dos maiores especialistas norte-<<strong>br</strong> />

americanos em fideli<strong>da</strong>de de clientes. Conhecido por seu estilo<<strong>br</strong> />

cativante e informativo <strong>com</strong>o escritor e conferencista, tem aju<strong>da</strong>do<<strong>br</strong> />

centenas de empresas a li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> situações de mu<strong>da</strong>nça, a<<strong>br</strong> />

aumentar o desempenho dos funcionários e <strong>da</strong>s próprias<<strong>br</strong> />

organizações e a fortalecer seus vínculos <strong>com</strong> os clientes.<<strong>br</strong> />

Esta o<strong>br</strong>a foi digitaliza<strong>da</strong> e revisa<strong>da</strong> pelo grupo Digital Source para proporcionar,<<strong>br</strong> />

de maneira totalmente gratuita, o benefício de sua leitura àqueles que não podem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>prá-la ou àqueles que necessitam de meios eletrônicos para ler. Dessa forma, a<<strong>br</strong> />

ven<strong>da</strong> deste e-book ou até mesmo a sua troca por qualquer contraprestação é<<strong>br</strong> />

totalmente condenável em qualquer circunstância. A generosi<strong>da</strong>de e a humil<strong>da</strong>de é<<strong>br</strong> />

a marca <strong>da</strong> distribuição, portanto distribua este livro livremente.<<strong>br</strong> />

Após sua leitura considere seriamente a possibili<strong>da</strong>de de adquirir o original, pois<<strong>br</strong> />

assim você estará incentivando o autor e a publicação de novas o<strong>br</strong>as.<<strong>br</strong> />

Se quiser outros títulos nos procure :<<strong>br</strong> />

http://groups.google.<strong>com</strong>/group/Viciados_em_Livros, será um prazer recebê-lo<<strong>br</strong> />

em nosso grupo.<<strong>br</strong> />

http://groups.google.<strong>com</strong>/group/Viciados_em_Livros<<strong>br</strong> />

http://groups.google.<strong>com</strong>/group/digitalsource

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