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Prova de Seleção ao 6º ano do Ensino Fundamental 2013

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A história da escrita da língua portuguesa conta com importantes contribuições em<br />

vários países on<strong>de</strong> encontramos temas, situações e formas que dialogam com as<br />

raízes brasileiras. Mia Couto, por exemplo, é um escritor moçambic<strong>ano</strong>, reconheci<strong>do</strong><br />

por vários prêmios literários, <strong>de</strong>ntre eles, o Prêmio Eduar<strong>do</strong> Lourenço recebi<strong>do</strong> em<br />

2011. Abaixo, temos um trecho da obra infantil “O gato e o escuro”:<br />

TEXTO 4<br />

O gato e o escuro<br />

Vejam, meus filhos, o gatinho preto, senta<strong>do</strong> no cimo <strong>de</strong>sta história. Pois ele<br />

nem sempre foi <strong>de</strong>ssa cor. Conta a mãe <strong>de</strong>le que, antes, tinha si<strong>do</strong> amarelo, às<br />

malhas e às pintas. To<strong>do</strong>s lhe chamavam o Pintalgato. Diz-se que ficou <strong>de</strong>sta<br />

aparência, em totalida<strong>de</strong> negra, por motivo <strong>de</strong> um susto. Vou aqui contar como<br />

aconteceu essa trespassagem <strong>de</strong> claro para escuro. O caso, vos digo, não é nada<br />

claro.<br />

Aconteceu assim: o gatinho gostava <strong>de</strong> passear-se nessa linha on<strong>de</strong> o dia<br />

faz fronteira com a noite. Faz <strong>de</strong> conta o pôr <strong>do</strong> Sol fosse um muro. Faz mais <strong>de</strong><br />

conta ainda os pés felpu<strong>do</strong>s pisassem o poente. A mãe se afligia e pedia: - Nunca<br />

atravesse a luz para o la<strong>do</strong> <strong>de</strong> lá.<br />

Essa era a aflição <strong>de</strong>la, que o seu menino passasse além <strong>do</strong> pôr <strong>de</strong> algum<br />

Sol. O filho dizia que sim, acenava consentin<strong>do</strong>. Mas fingia obediência.<br />

Porque o Pintalgato chegava <strong>ao</strong> poente e espreitava o la<strong>do</strong> <strong>de</strong> lá. Namoriscan<strong>do</strong> o<br />

proibi<strong>do</strong>, seus olhos pirilampiscavam. Certa vez, inspirou coragem e passou uma<br />

perna para o la<strong>do</strong> <strong>de</strong> lá, on<strong>de</strong> a noite se enrosca a <strong>do</strong>rmir.<br />

Foi ganhan<strong>do</strong> mais confiança e, <strong>de</strong> cada vez, se a<strong>de</strong>ntrou um bocadinho.<br />

Até que a meta<strong>de</strong> completa <strong>de</strong>le já passara a fronteira, para além <strong>do</strong> limite. Quan<strong>do</strong><br />

regressava <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>sobediência, olhou as patas dianteiras e se assustou. Estavam<br />

pretas, mais que breu. Escon<strong>de</strong>u-se num canto, mais enrola<strong>do</strong> que o pangolim. Não<br />

queria ser visto em flagrante escuridão.<br />

(Fonte: adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> COUTO, Mia. O gato e o escuro. Lisboa: Caminho, 2000.)<br />

NOME:__________________________________________________ INSCRIÇÃO Nº: _________________________<br />

7

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