Kardec e Não Roustaing - ViaSantos
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tt.-EDICEL
12 volumes encadernados,<br />
pela primeira vez traduzidos<br />
para o português,<br />
contendo todos os<br />
escritos de <strong>Kardec</strong> ao<br />
longo de seus 11 anos e<br />
4 meses em que redigiu<br />
a magnifica Revue.<br />
8 volumes encadernados :<br />
O LIVRO DOS ESPIRITOS<br />
O LIVRO DOS MEDIUNS<br />
O EVANGELHO SEGUNDO<br />
O ESPIRITISMO<br />
A G:eNESE, OS MILAGRES<br />
E AS PREDlÇOES<br />
O CEU E 0 INFERNO<br />
OBRAS PóSTUMAS<br />
O PRINCIPIANTE ESPIRITA<br />
O QUE E O ESPIRITISMO<br />
VIAGEM ESPIRITA<br />
VIDA E OBRA DE ALLAN<br />
KARDEC, de André Moreil<br />
e outros estudos sObre o<br />
Codlttcador.<br />
20 volumes da única e a mais completa coleção<br />
para o estudo da FILOSOFIA ESPíRITA.<br />
EDICEL<br />
EDlTóRA CULTGRAL ESPtRITA LTDA.<br />
Rua Maria Paula, 1 1 - Sobreloja - Telefone 36-2273 - São Paulo
PENSE - Pensamento Social Espírita<br />
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KARDEC E NÃO ROUSTAJNG
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LUCIANO COITA<br />
KARDEC<br />
E. NAO<br />
ROUSTAING<br />
F.-) EDICEL<br />
R.Maria Paula, 181-s/loja-F.36.2273<br />
São Paulo
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APRESENTAÇÃO:<br />
LUCIANO COSTA E ROUSTAING<br />
Egydio Regis<br />
Quem foi Luciano Costa? Infelizmente,<br />
não temos dados a respeito desse admirável<br />
escritor espírita. Autor de um dos mais importantes<br />
trabalhos de crítica aos Quatro Evangelhos<br />
de J.B. <strong>Roustaing</strong>, na década de 40, teve<br />
este seu livro <strong>Kardec</strong> e <strong>Não</strong> <strong>Roustaing</strong> reeditado<br />
nos anos 1970, por iniciativa de Herculano<br />
Pires, segundo ele nos confidenciou em um encontro<br />
em sua casa, nessa época. Lamentavelmente,<br />
a editora Edicel não registrou uma<br />
linha sequer da biografia de Luciano, fato que<br />
o deslustra e não faz justiça a uma obra dessa<br />
importância. (1)<br />
Outros autores como Júlio Abreu Filho,<br />
Herculano Pires e Wilson Garcia, que trataram<br />
do mesmo tema, preocuparam-se em suas<br />
análises mais com o corpo fluídico, carro-chefe<br />
de <strong>Roustaing</strong>, enquanto Luciano foi mais fundo.<br />
Estudando ponto a ponto a maçante obra,<br />
ele descobriu que os próprios comunicantes se<br />
autocondenaram em tantas incoerências.<br />
Transcrevemos, como exemplo, o trecho abaixo,<br />
extraído das páginas 267 e 268, do referido<br />
livro (referente ao terceiro volume de Os Quatro<br />
Evangelhos): “Esta revelação, que podeis<br />
intitular de Revelação da Revelação e que, repetimos,<br />
mostra aos homens todos os fatos
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evangélicos numa harmonia luminosa, no primeiro<br />
momento encontrará grande oposição.<br />
Porém, quanto mais os espíritos sérios estudarem<br />
a questão, tanto mais compreenderão a<br />
sua razão de ser e verão que fora dela, nada<br />
pode ser, nem é admissível.” (grifo nosso).<br />
<strong>Não</strong> são nada modestos, como acabamos<br />
de verificar, os nossos cândidos irmãos reveladores<br />
que, sem disso fazerem nenhuma cerimônia,<br />
dão à sua obra um caráter absoluto de<br />
infalibilidade, afirmando de modo dogmático<br />
que nada pode ser e nem admissível, fora de<br />
sua revelação, que por isso deverá ser aceita<br />
como sendo a revelação da revelação.<br />
Até parece (continua Luciano) pela forma<br />
prepotente — do que sinceramente, não duvidamos<br />
— uma ultrarevelação jesuítica, com<br />
todos os seus sacramentos. Antes de nos estendermos<br />
a novos comentários, passemos a<br />
estudar o que se diz em outro lugar com referência<br />
a essa revelação, para verificarmos se,<br />
realmente, essa “Revelação da Revelação” é<br />
uma obra com os qualificativos apresentados<br />
pelos ensinos que acabamos de citar.<br />
Sob as assinaturas de Moisés, Matheus,<br />
Marcos, Lucas e João e sob a assistência de<br />
todos os apóstolos, ensina a página 10, do<br />
quarto volume:<br />
“Fica sabendo e faze saber a teus irmãos<br />
que a obra que lhes colocas sob as vistas é uma<br />
obra preparatória, ainda incompleta, uma en-
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trada na matéria; que não passa de um prefácio<br />
do que sairá das mãos daqueles que o Mestre<br />
enviará para esclarecer as inteligências e despojar<br />
inteiramente da letra o espírito. Aquele<br />
que há de desenvolvê-la e cuja obra será preparatória,<br />
não tardará a se dar a conhecer, porquanto<br />
a atual geração humana verá os seus<br />
primeiros ensaios messiânicos.” (grifo nosso).<br />
“Há, como se vê, (conclui Luciano) completa<br />
harmonia entre os ensinos anteriores e estes<br />
que acabamos de transcrever, porque ambos<br />
se desdizendo e ambos se aniquilando,<br />
acabam se desmaterializando e se infalibilizando,<br />
como duas quantidades negativas —<br />
nada e zero. E como zero é igual em valor a<br />
nada, daí a harmonia perfeita entre esses ensinos,<br />
pela igualdade perfeita e absoluta dos<br />
seus valores.”<br />
Na verdade, Luciano Costa foi um dos<br />
primeiros a provar que a questão do corpo fluídico<br />
na obra de <strong>Roustaing</strong> é mero “boi de piranha”<br />
para possibilitar a passagem do resto<br />
do rebanho, isto é, as verdadeiras intenções<br />
dos “reveladores”: fazer do Espiritismo uma<br />
caricatura da Igreja, baseado em ideias esdrúxulas<br />
e incoerentes com seus próprios princípios.<br />
O objetivo, está claro, era confundir, distorcer<br />
e desacreditar a Doutrina.<br />
Interessantes também são suas críticas<br />
aos formadores de opinião espírita, o que marca<br />
a sua posição corajosa em defesa da Doutrina,<br />
já naquela época:
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“Nos capítulos anteriores procuramos demonstrar<br />
a ascendência da doutrina espírita<br />
sobre a cristã, e a esse mesmo assunto tornaremos,<br />
mormente por se tratar de uma questão<br />
que reputamos seríssima e que por isso precisa<br />
ficar bem esclarecida.”<br />
“Comecemos, portanto, estes outros comentários<br />
e que são, como já dissemos, um<br />
melhor esclarecimento à questão já iniciada,<br />
criticando a maneira indevida, de que alguns<br />
dos nossos confrades se servem, quando se referem<br />
ao Espiritismo...”<br />
“Em artigos, discursos e preces, não raro é<br />
ler-se e ouvir-se ‘a doutrina de Jesus’, em se<br />
referindo à doutrina dos Espíritos.”<br />
“Temos lido, constantemente, artigos e<br />
crônicas de fonte espírita, mas que, bem pensado,<br />
até parecem ser de autores protestantes<br />
e católicos, pois coisa nenhuma se encontra<br />
nesses escritos de moral espírita, e tudo neles<br />
está impregnado pelo espírito do Cristianismo,<br />
como se só cristã fosse a Doutrina Espírita.<br />
<strong>Não</strong> observam os espiritistas que o mesmo que<br />
nos está acontecendo, deu-se na era cristã, em<br />
que o espírito da época, por estar afeito ao velho<br />
testamento, não se conformava com a superioridade<br />
dos ensinos de Jesus, embora essa<br />
superioridade moral existisse em todos os pontos.<br />
O mesmo, infelizmente, vem se verificando<br />
em nossos tempos, porque alguns espiritistas,<br />
embora vivendo em época de muito maior progresso,<br />
em pleno advento do espírito, fazendo
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coro com padres e pastores, querem violentar<br />
as consciências, que nascem para a luz, amoldando<br />
o Espiritismo dentro de um sistema religioso<br />
de vinte séculos atrás. O fato de reconhecermos<br />
a superioridade da moral espírita<br />
sobre a cristã, superioridade que vimos procurando<br />
demonstrar, não é que desmerece o nosso<br />
amor e o nosso respeito a Jesus, desde que<br />
esse amor e esse respeito continuam intactos,<br />
mesmo depois deste nosso julgamento.”<br />
Espírita lúcido, combativo, pelo que se depreende<br />
de sua pena corajosa, Luciano Costa<br />
não contemporizou com os erros de seus companheiros<br />
e muito menos com o império da<br />
Federação Espírita Brasileira (FEB). Talvez<br />
por isso tenha sido marginalizado no meio espírita,<br />
embora ele mesmo informa ter viajado<br />
pelo Brasil levando a todos os cantos a sua palavra<br />
esclarecedora. Deve ter sido injuriado<br />
por muitos “religiosos” febianos, do mesmo<br />
modo como somos tratados hoje pela bandeira<br />
da atualização doutrinária.<br />
Mas, voltemos aos trechos do livro, que<br />
saboreamos pela sua autenticidade e descortinamento:<br />
“É dessa religiosidade que procuramos<br />
nos libertar, estudando, investigando e<br />
pensando sobre a razão de ser de todas as coisas,<br />
para que a nossa mente não se deixe ficar<br />
paralisada, ante a letra que mata, e prossiga,<br />
confiante, no espírito que vivifica...”.<br />
“Tomando-se, portanto, por paradigma as<br />
épocas em que se deram as revelações cristã e
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espírita, e confrontando-se o progresso de uma<br />
e outra humanidade, nessas mesmas épocas,<br />
fácil nos será reconhecer que, pela desigualdade<br />
entre elas, o embaixador de Deus no século<br />
19 não podia ser um missionário inferior ao da<br />
Palestina.”<br />
“Jesus, não negamos, deve ser o mestre de<br />
Allan <strong>Kardec</strong>, deve ser o orientador do movimento<br />
espírita; mas um Jesus outro, um Jesus,<br />
que não ficou sepultado vinte séculos e<br />
que veio sempre progredindo, em cumprimento<br />
da Lei de Deus.”<br />
“Amarmos, porém, a um Jesus estacionado<br />
dentro de sua doutrina, a um Jesus imobilizado<br />
dentro de seus evangelhos como fazem os<br />
nossos irmãos cristãos, é simplesmente insuportável,<br />
por importar na negação do progresso<br />
espiritual do próprio Jesus.” (pág.254). E<br />
mais: “<strong>Não</strong> insistamos, portanto, no erro de<br />
conduzir espíritos, almas que já procuram a<br />
luz, pelos atalhos estreitos da religião cristã,<br />
quando deverá ser pela estrada larga do Espiritismo<br />
que todos os homens terão que passar.”<br />
“Assim, não procuremos estacionar o Espiritismo,<br />
com nossos embargos religiosos, com<br />
heranças funestas de nossas existências passadas,<br />
quando sem o conhecimento da lei das<br />
vidas sucessivas, esperavam na fé a salvação<br />
apenas de poucos.”<br />
“O Espiritismo, por ser uma filosofia progressiva,<br />
que tem por diretriz acompanhar e<br />
orientar o progresso da humanidade, em que
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veio, não pode ser amoldado aos ensinos morais<br />
das revelações anteriores, desde que se<br />
reconhece que, também nessas épocas, os homens<br />
não comportavam os seus ensinos.”<br />
“Adaptar o Espiritismo a essa moral antiga,<br />
a essas revelações apropriadas ao progresso<br />
das épocas em que vieram, importa em querer<br />
fazê-lo retroceder e, com ele, também a<br />
humanidade para qual o Espiritismo veio.”<br />
(págs. 266 e 267).<br />
Cremos que com estas transcrições conseguimos<br />
fazer justiça a um homem que, desconhecido<br />
dos espíritas de hoje, foi um precursor<br />
dos que lutam por um Espiritismo escoimado<br />
dos corpos estranhos de origem religiosoroustainguista.<br />
(1) A primeira edição de <strong>Kardec</strong> e <strong>Não</strong> <strong>Roustaing</strong> foi<br />
lançada em 1943 pela Gráfica Mundo Espírita, Rio de<br />
Janeiro-RJ. (Nota do Pense).<br />
Fonte: Jornal de cultura espírita Abertura - setembro de<br />
2001, Santos-SP.<br />
Egydio Regis é orador espírita, articulista e estudioso do<br />
Espiritismo. Foi presidente da União Municipal Espírita<br />
de Santos, fundador da Associação dos Centros<br />
Espíritas da Baixada Santista e presidente do Centro<br />
Espírita Allan <strong>Kardec</strong>, de Santos. Mantém uma coluna<br />
sobre a Revista Espírita no jornal de cultura espírita<br />
Abertura, de Santos-SP.<br />
E-mail: egyregis@uol.com.br
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KARDEC E NAO 'ROUSTAING 3<br />
ticar êsses ensinos, que vêm sendo o pômo de<br />
discordia entre os espiritistas estudiosos.<br />
Se bem que o autor de "<strong>Kardec</strong> ou <strong>Roustaing</strong>"<br />
? , se limitasse apenas a entrar em considerações,<br />
segundo o seu modo de ver e de<br />
sentir, sôbre o corpo material ou fluídico de<br />
Jesus, ao estudarmos <strong>Roustaing</strong> verificàmos,<br />
com acerba tristeza, ser o corpo de Cristo a<br />
divergencia de menos tmportância entre as<br />
duas obras, cujos ensinamentos, no que se retere<br />
à base do Espiritismo, estão em campos<br />
completamente opostos.<br />
Pelos estudos que fizemos e pelo entendfmento<br />
a que chegámos, concluímos que os<br />
-"Quatro Evangelhos" de <strong>Roustaing</strong>, por ser<br />
uma abra plena de mistificação, por estar<br />
impregnada de Cristianismo, dentro dos moldes<br />
da igreja católíca apostolica romana, é,<br />
como não podia deixar de ser, um corpo compretamente<br />
estranho no organismo espírita.<br />
Trata-se, portanto, de um ensinamento<br />
cristológico, que, como um verdadeiro quisto,<br />
deturpa e deforma a doutrina espírita, e, como<br />
tal, pensàmos logo em extirpá-lo.<br />
Quem se propõe a jazer uma operação delicadíssima,<br />
como , sóe ser essa a que nos entregamos<br />
de corpo e alma, deve estar prevenido<br />
contra os insucessos, que daí possam advir,<br />
munindo-se de ferramenta ótima, para,<br />
com mão fi1·me e de um só golpe, lancetar a<br />
massa estranha, que enfeia o Espiritismo, sem<br />
que com isso sofram a doutrina e os espiritistas.<br />
Nossa ferramenta tem sido o devotamento,<br />
com que nos entregamos à causa do<br />
Espiritismo: e a nossa firmeza no aolpe tem
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A ANTONIO BARATA<br />
Ao inesquecível amigo, por me haver<br />
faladl> da existência da luz.<br />
A CESAR GONÇALVES<br />
Ao comagrado mestre e dedicado amigo,<br />
por me haver preparado parareceber<br />
a luz.<br />
A JONATHAS BOTELHO<br />
.Ao meu me3tre em literatura, por ser<br />
alma gemea da minha.
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' 1 Ninguem pode servir a dois senhores,<br />
porque ou odiará a um e amará a outro, ou<br />
se entregará a um e desprezará a outro.<br />
"Vós não podeis servir ao mesmo tempo<br />
a Deus e a Mamom".<br />
- S. Lucas - Cap. XIII - V. 13 -
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KARDEC E NAO ROUSTAING
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I<br />
Antes de nos entregarmos ao estudo e à<br />
crítica das obras de <strong>Roustaing</strong>, façamos, segundo<br />
os nossos conhecimentos e entendimento,<br />
um ligeiro esboço do que aceitamos<br />
como sendo Espiritismo, guiado pelos ensinamentos<br />
adquiridos nas obras doutrinárias<br />
e tambem pelo que, na prática dessa filosofia,<br />
vimos aprendendo. ·<br />
O Espiritismo é o conjunto de revelações<br />
verdadeiras, dadas pelos espfritos aos homens,<br />
tendo por escopo a reforma moral da humanidade,<br />
pelo conhecimento gradativo das leis<br />
de Deus.<br />
A filosofia espírita sendo, portanto, a revelação<br />
feita em caráter de verdade, nela não<br />
poderão ter acesso, como ensinos doutrinários,<br />
as mistificações grosseiras, plena.S de<br />
contradições, que muito prejudicaram a todas<br />
as revelações anteriores ao Espiritismo.<br />
Assim é, por ser este o consolador prometido<br />
por Jesus, consolador que viria esclarecer<br />
todas as coisas e ficar eternamente com os<br />
homens, para que os homens, guiados pela sua<br />
luz, não se deixassem mais enganar pelos fal<br />
sos messias e profetas.
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IO A R D E C E N A O R O U S T A I N G lS<br />
mando novos envólucros de formas diferentes<br />
e ganhando sensibilidade e instinto, até<br />
entrar definitivamente para o reino dos animais<br />
inferiores.<br />
No reino animal, passando tambem por<br />
todas as espécies, sempre em escala progressiva,<br />
vem a alma, ainda sob a custódia de pensamentos<br />
externos, concatenando, modelan-do<br />
e aprimorando os seus envólucros, até que,<br />
pela purificaço do instinto, penetre definitivamente<br />
no domínio do espírito, que é, nesse<br />
caso, o reino do pensamento ou hominal.<br />
Passando, assim, a ter algum raciocínio,<br />
pela luz espiritual adquirida nessas constantes<br />
e progressivas transmigrações, entra a alma<br />
para o domínio do pensamento, e, como<br />
espírito simples e ignorante, vai animar o corpo<br />
do primeiro homem, encarnando-se em<br />
mundos primitivos, ou ainda inferiores como<br />
o nosso.<br />
Através de continuadas incarnações, ·sempre<br />
progressivas, em que se despirá tambem<br />
sempre de um corpo velho para tomar um<br />
novo - de que é artífice, e que se amolda às<br />
suas necessidades - vem o espírito adeantando-se<br />
moral e intelectualmente, integralisando-se<br />
no conhecimento de si mesmo e entrando,<br />
definitivamente, para o domínio da<br />
responsabilidade, que será sempre relativa ao<br />
progresso, que fôr alcançando, em sabedoria<br />
e amor.<br />
Pela responsabilldade adquirida entra o<br />
espírito a compreender a lei de Deus, a saberse<br />
artífice de seu progresso, e de que será feliz<br />
ou infeliz, mediante o bem ou o mal que<br />
tiver feito,
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• A R D E C E N A O R O U I T A I N G 11<br />
como os homens fossem melhores, passou a<br />
ter tambem atributos de bondade.<br />
Nesse constante progresso, sentindo os<br />
homens necessidade de mais luz, ao mundo<br />
foram tambem descendo espíritos elevados<br />
que, pelos seus conhecimentos, inspirados e<br />
guiados por sucessivas revelações, foram integrando<br />
o homem no conhecimento de si<br />
mesmo e num melhor conhecimento dos atributos<br />
Divinos.<br />
Assim vieram os profetas e os messias; e<br />
a luz se fazia progressivamente para o mundo,<br />
na razão direta do progresso da humanidade.<br />
As revelações passadas, dada a ignorância<br />
do homem, sofreram, como não podia deixar<br />
de acontecer, os erros e os absurdos oriundos<br />
das épocas em que foram recebidas.<br />
E o Cristianismo, vindo no tempo dos<br />
milagres, no tempo em que os homens só conheciam<br />
como sendo enviados de Deus os que<br />
obrassem prodígios dignos de uma divindade,<br />
tinha de tambem ser assim propagado, corno,<br />
realmente, foi.<br />
Jesus, naquela época, teve de passar como<br />
sendo um homem miraculoso, um sêr<br />
extraordinário e fóra do comum dos homens,<br />
para que 'OS seus ensinos e exemplos fossem<br />
aceitos pela humanidade do :;eu tempo e chegassem<br />
até nós.<br />
E, embora Jesus tivesse pais e irmãos como<br />
qualquer homem; embora o seu nascimento<br />
se verificasse como o de todo homem:<br />
embora Jesus se dissesse homem; e embora<br />
vivesse, comesse, bebesse e sofresse como to·<br />
do homem, a :5ua doutrina, devido à ignorân-
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I. ·V . C: l A ft O C O I f A<br />
II<br />
Deus, - pensamos sempre, - sendo a<br />
Onisciência absoluta, não se lhe. pode atribuir<br />
um só ato, que seja, de imprevidência.<br />
<strong>Não</strong> iria Ele, portanto, mandar-nos a maior<br />
de todas as revelações até hoje enviadas aos<br />
homens, para que ela se perdesse, pelas muitas<br />
interpretações que lhe seriam dadas.<br />
E, mesmo, não mandára o Senhor, em<br />
épocas anteriores, seus filhos bem amados, para<br />
que recebessem e distribuíssem entre os<br />
homens daqueles tempos o pão espiritual destinado<br />
á Terra?!<br />
<strong>Não</strong>! Deus não deixaria de fazer agora<br />
aquilo que sampre fizera!<br />
O mundo não podia ficar entregue às trevas,<br />
quando os homens, por haverem alcançado<br />
um maior progresso, necessitavam de<br />
mais luz!<br />
E, por ser assim, o missionário de Deus<br />
veio; mas os homens, vendo nele o filho do<br />
homem, não o aceitaram como sendo o filho<br />
de Deus.<br />
<strong>Não</strong> encontrando nêle qualidades milagrosas,<br />
trataram-no e tratam-no como não sendo<br />
o ele i to do Pai .<br />
Ele veio; mas, não vestindo uma túnica,<br />
não andando sobre as águas, não pregando<br />
nas sinagogas, não fazendo sinais no céu e não<br />
morrendo na cruz, não podia ter vindo de<br />
Deus.<br />
Seria preciso que ele jejuasse quarenta e<br />
dias e quarenta noites, que ressuscitasse os
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ESTRANHA MORAL<br />
"Meus bem amados, não creiais em todos<br />
os espíritos, mas provai se os espíritos são de<br />
Deus; porque são muitos os falsos profetas,<br />
que se levantaram no mundo"<br />
(S . João- Epístola I- Cap. IV-VI)
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K A R D E C E N A O R O U S T A I N G 33<br />
que para aqui transportemos a imagem que<br />
nos veio à mente, quando estudámos essa obra.<br />
Suponhamos um grande jardim, quase em<br />
abandono, em que, mescladas com flores de<br />
grande beleza e de suave perfume, estão tarobem<br />
as de espécies selvagens, e até arvores<br />
daninhas.<br />
Como êsse jardim, em que maus arbustos<br />
crescem, ensombrando, fazendo definhar as<br />
ricâs espécies de flores, de policromia e essên<br />
. cias diversas, assim tambem são "Os Quatro<br />
Evangelhos" de <strong>Roustaing</strong>, em que as mensagens<br />
plenas de sabedoria, amor e moral se encontram<br />
misturadas e prejudicadas por comunicações<br />
levianas, absurdas e mentirosas.<br />
O que é plausível, instrutivo e sublime,<br />
mesclado com que é obtuso, ilógico, contraditório<br />
e mentiroso! ·<br />
Regatos de água cristalina, pura, leve e<br />
deliciosa, prejudicados por mananciais de águas<br />
barrentas, lodosas e infectas!<br />
E tudo isso porque?<br />
Porque Roustaíng, embora tivesse amor à<br />
causa de Deus, esquecera-se da recomendação<br />
de que nem todos os espíritos a Deus servem<br />
por amor; porque <strong>Roustaing</strong>, embora o bondoso<br />
empenho de bem servir a Jesus, não se<br />
lembrou da sua recomendação, que manda<br />
"orar e vigiar"; porque <strong>Roustaing</strong>, embora<br />
quisesse ser, mas não sendo ainda, um missionário,<br />
não estava em condições de bem s::rvir<br />
a Deus, tomando para si uma missão, que<br />
só fora destinada a <strong>Kardec</strong>; porque <strong>Roustaing</strong>,<br />
como falso profeta que foi, ficou sujoito às<br />
profecias mentirosas dos Espíritos que, contra<br />
a moral verdadeira, queriam impôr sua<br />
estranha. moral.
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FALSO CRISTO<br />
''Então, se alguem 1.JOS disser:<br />
HEis que o Cristo está aquí, ou alí, ná·o<br />
deis crédito.<br />
HPorque surgirão falsos Cri:;tos e falsos<br />
profetas, e farão tão grandes sinais e prodigios<br />
que, se possível fôra, enganariam até os<br />
escolhidos"<br />
(S. Matheus, Cap. XXIV-V. V. 23 e 24.)
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38 L U C I A N O C O S T A<br />
Os livros de <strong>Roustaing</strong> não obedecem a<br />
uma disposição harmônica entre si; seus ensinos<br />
estão todos baralhados e confusos, e o<br />
pensamento evangélico domina sobre quase<br />
todos eles.<br />
Como os evangelhos são, portanto, a praça<br />
forte em que se abriga "Revelação da Revelação";<br />
e como o Cristo, que é todo o amor<br />
e só pede amor, é, por ignorancia dos homens,<br />
o pomo de discóraia dos espiritistas recalcitrantes,<br />
estudemos e critiquemos, primeiramente,<br />
a vida de Jesus, segundo "Os Quatro<br />
Evangelhos" de J . B. <strong>Roustaing</strong>.<br />
São do primeiro volume, páginas 121, 265,<br />
266 e 342, os ensinos que vamos estudar e<br />
criticar:<br />
121 - "Jesus, que é a maior essência depois<br />
de Deus, porém não é a única essência<br />
espiritual desse gráu ... "<br />
"Cada planeta tem o seu espírito fundador,<br />
protetor e governador, üüalivel por se<br />
achar em relação direta com Deus, recebendo<br />
diretamente a inspiração divina e que nunca<br />
faliu".<br />
265- ••Jesus é um espírito que, puro na<br />
fase da inocência e da ignorancia, na da infancia<br />
e da instrução, sempre dócil aos que<br />
tinham o encargo de o guiar e o desenvolver,<br />
seguiu simples e gradualmente a diretriz que<br />
lhe era indicada para progredir; que, não ten<br />
Jo falido nunca, se conservou puro, atingiu à<br />
perfeição sideral e se tornou espírito de puleza<br />
perfeita e imaculada".<br />
:466 - u A genealogia de Jesus, espfrlto<br />
tle pureza perfeita e imaculada, remonta a<br />
tldtto, fiftllradamente, do mesmo modo que a
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JCI A R D E C E N A O R O U S T A I N G 39<br />
criação da corpo do homem, formado de limo,<br />
remonta a Deus".<br />
jjAcompanhai-lhe a genealogia espiritual<br />
e remontareis a Deus, criador imediato e único<br />
de tudo que é puro e perfeito" .<br />
342- H Haveis de convir que ha uma grande<br />
presunção da parte dos homens e especialmente<br />
dos que se obstinam em considerar Jesus<br />
uma parcela de Deus, embora tenham Deus<br />
como indivisível, quando pretendem que o Mestre<br />
revestiu um corpo igual ao. vosso.<br />
"De fato isso equivale a dizer que Deus,<br />
o Espírito dos Espíritos, a essência oe inapreciavel<br />
subtileza, se haja encerrado num vaso<br />
de argila tão grosseiro como são os vossos corpos".<br />
Pelo que acabamos de estudar ficou bem<br />
entendido que Jesus é a maior essência ,depois<br />
de Deus; que é infalível, fundador, protetm·<br />
e governador do nosso planeta; que desde a<br />
sua infancia espiritual foi sempre puro, nunca<br />
tendo falido, e sempre docil aos seus guias;<br />
que a genealogia espiritual de Jesus remonta<br />
a Deus; que Deus foi o criador imediato e único<br />
de tudo que é puro e perfeito; que aceitarmos<br />
Jesus como tendo uma incarnação igual<br />
à nossa seria o mesmo que confessarmos que,<br />
tarnbem para Deus, a incarnação era passivei.<br />
<strong>Não</strong> é pensamento nosso, neste periodo,<br />
apresentar desde logo, as contradições e os<br />
absurdos, que são muitos em <strong>Roustaing</strong>; deixamos,<br />
por agora, esse trabalho ao cuidado<br />
doa lei tores.<br />
Prosseguiremos, tambem, sem discutir o<br />
nexo desses ensinos, apenas limitando-nos a
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JC A R D E C E N A O R O U S T A I N G 41<br />
conc1encia ver que, mesmo contra a nossa<br />
vontade, mas por ordem de Deus, estavamos<br />
enganando os nossos irmãos atrazados e, pior<br />
do que isso, os nossos queridos paist<br />
Seria que esse Jesus infalivcl não sentia<br />
doer a sua conciência, com uma tal comédia?!<br />
Mas admitamos, ainda, só por um grande<br />
absurdo, que, naquela época, assim fôra<br />
preciso, porque os homens só aceitavam aqujlo<br />
que viesse em tom de mistério, aquilo que,<br />
por ser maravilhoso e inconcebível, maravilhasse<br />
os seus espíritos . ·<br />
Mas hoje?<br />
Hoje, que tudo nos é revelado, pela infalível<br />
"Revelação da RevE)lação", que valôr<br />
moral pode ter um messias, que não se pejou<br />
de representar uma farça co,mo o pandego<br />
Jupiter?<br />
Sem perturbar a serenidade do nosso espírito,<br />
passemos adiante, estudando o que se<br />
diz a páginas 201 e 204, do mesmo volume.<br />
201 - "Quando Maria, sendo Jesus na<br />
aparência pequenino, lhe dava o seio, o leite<br />
era desviado pelos espíritos superiores, que<br />
o cercavam, de um modo bem simples: - em<br />
vez de ser sorvido pelo menino, que dele não<br />
precisava, era restituído à massa do sangue,<br />
por uma ação fluídica, que se exercia sobre<br />
Maria, inconciente dela".<br />
204 - "Antes de chegar a época de cessar<br />
a amamentação ordinária, começou ele<br />
(Jesus) a ir: para os campos, ou com os outros<br />
meninos ou só.<br />
"Depois passou a ir sózinho, a séparar-se<br />
das demais crianças, a afastar-se de suas vis-
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K A R D E C E N A O R O U S T A I N G 43<br />
Seria porque se aproveitasse dessas folgazinhas,<br />
para dar um passeio no céu, de que,<br />
segundo tambem o testemunho dos "Quatro<br />
Evangelhos", como mais tarde veremos, parecia<br />
sempre saudoso?<br />
r...:ras, sendo assim, indagamos:<br />
<strong>Não</strong> seria mais prático e menos perigoso<br />
para ele, - pois não corria o risco de ser<br />
apanhado em flagrante delito de mistificador,<br />
- deixar-se ficar no seu berço, ou na<br />
sua esteirinha, a fingir que mamava, a aparentar<br />
que se alimentava de mingaus, sopnhas<br />
ou outros quaisquer alimentos, para que,<br />
à proporção que fosse fingindo que se alimentava,<br />
tambem fossem os Espíritos superiores,<br />
pelo processo anterior, fazendo desaparecer os<br />
alimentos e restituindo-os à massa do sangue?<br />
Alem disso, em seu favor, na sua pouca<br />
idade, quase toda criança passa grande pm;te<br />
do dia dormindo; portanto, ser-lhe-ia mais<br />
facil aparentar que estava nos braços de Morfeu,<br />
para que, desviando e tranquilizando o<br />
pensamento de sua mãe aparente, pudesse,<br />
muito lampeiro, pôr-se ao fresco.<br />
Assim procedendo, embora não fosse nada<br />
divino, seria pelo menos mais humano, pois<br />
teria a vanta.gem de evitar que, mais tarde,<br />
cs homens, ao terem conhecimento da sua<br />
aparentosa biografia, pela "Revelação da Revelação",<br />
ficassem fazendo juizo temerário de<br />
sua mãe, julgando-a uma mulher desnaturada,<br />
por -ter sido indiferente e descuidosa até<br />
com o próprio filho.
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111 A R D E C E N A O R O U S T A I N G 45<br />
"Revelação da Revelação", trazendo para aqu.i,<br />
o que diz o primeiro volume dessa obra, páginas<br />
204, 205 e 208:<br />
204- "Por vezes desaparecia no momento<br />
em que Maria preparava o repasto e passava<br />
a hora da refeição.<br />
"Quando Maria e José o procuravam, dizia-lhes<br />
ele:<br />
- <strong>Não</strong> tendes que vos inquietar e me<br />
procurar".<br />
"As solicitações que lhe faziam para com<br />
eles tomar parte na refeição, respondia:<br />
- "<strong>Não</strong> tenho necessidade de cousa alguma".<br />
205 - "Gostava da solidão e os seus hábitos<br />
eram tidos por quase selvagens, visto<br />
não conviver com os meninos de sua idade".<br />
208- "Acostumado a uma vida contemplativa<br />
e um tanto selvagem relativa aos homens,<br />
seus pais não exerciam sobre ele a vigilancia,<br />
que exerceis sobre os vossos filhos".<br />
Esse Jesus que, segundo "Os Quatro Evangelhos"<br />
de <strong>Roustaing</strong>, fora sempre um espírito<br />
docil e meigo, desde a sua infancia espiritual,<br />
era agora, depois de puro e imaculado,<br />
segundo o testemunho dessa mesma fonte,<br />
uma entidade impulsiva, cheia de caprichos<br />
e áspera até para com os seus pobres e iludidos<br />
pais.<br />
<strong>Não</strong> se unia aos seus companheiros infantís;<br />
e, como criança, pelo menos na aparência,<br />
passava todo o seu tempo em contempln.·<br />
ções e vivia na solidão, todo entregue 2. um n<br />
vida selvagem .<br />
Esse Jesus selvagem, em relação aos homens,<br />
assim procedendo, era bastante inhábil,<br />
porque, não se precavendo, como devia,
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IS A R D E C E N A O R O U S T A I N G 47<br />
211 - Eis o que fez Jesus, nos três dias<br />
em que esteve em Jerusalem:<br />
- "Ao abrir-se o templo, entrava com. a<br />
multidão e com a multidão safa, quando o<br />
templo se fechava".<br />
"Uma vez fóra e longe dos olhares humanos,<br />
desaparecia, despojando-se do aeu envólucro<br />
fluidico tangível e das vestes que o<br />
cobriam, os quais, confiados à guarda dos<br />
Espíritos prepostos a esses efeitos, eram transportados<br />
para longe das vistas e do alcance<br />
dos homens.<br />
"Voltava para as regiões superiores onde<br />
paira ainda, nas alturas dos esplendores<br />
celestes, como espírito protetor e governador<br />
da terra".<br />
Sem nos preocuparmos coni a parte física,<br />
em que esse Jesus aparente, fugindo aos<br />
olhares da multidão, se despojava do seu envólucro<br />
e das suas vestes, para que os Espíritos<br />
prepostos os encondessem em algum buraco,<br />
e ele pudesse ir, livremente, deleitar-se<br />
no céu, vamos apenas tratar da parte moral,<br />
no que se refere à inquietação dos seus<br />
país. Será que nesse Jesus <strong>Roustaing</strong>uista, ainda<br />
desta vez, sua pureza não se maculava<br />
pela sua falta de amor, de bondade c de piedade,<br />
para com as criaturas que viviam na<br />
ilusão de que eram seus pais, o que só ele<br />
sabia não ser verdade?<br />
Será que, nunca havendo falido, não falia<br />
agora, por não ter em sua alma o sentimento<br />
de compaixão para os que, tangidos<br />
pelo seu amor paternal, vinham há três dias,<br />
inquietos por tão longa ausência, abandonan-
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48 LUCIANO COSTA<br />
do deveres, pisando o pó das estradas, batendo<br />
de porta em porta, pedindo a todos notícias<br />
suas?<br />
Sendo esse Jesus um Espírito puro, infalível,<br />
fluídico e de aparência humana, e<br />
dispondo, como dispunha, de meios assim tão<br />
faceis para ir ao céu, que ficava tão dis-tante,<br />
não seria preferível que, dada a sua<br />
pureza imaculada, fosse tranquilizar, com o<br />
seu corpo aparente, os seus aparentes pais,<br />
que deviam estar realmente inquietos, não<br />
com o seu sustento e o seu pouso, mas sim<br />
com a sua saúde, ou coisa que o valha, o que<br />
não foi revelado?<br />
Deixemos sem respostas as nossas indagações<br />
para que as nossas palavras, impregnadas<br />
das revoltas dos nossos pensamentos,<br />
não venham fazer ainda mais doer essas conciências<br />
já doloridas, que ditaram uma obra<br />
plena de insultos a Jesus, tendo por único<br />
movel dificultar a ação propulsora e benéfica<br />
da doutrina espírita.<br />
Voltemos, novamente, os nossos cuidados<br />
para o primeiro volume de "Revelação da<br />
:Revelação", para estudarmos e criticarmos o<br />
que se diz a páginas duzentos e trinta e cinco.<br />
235 -·"Jesus, cuja origem espírita agora<br />
conheceis, Jesus, espírito puro por excelência,<br />
espírito perfeito, não precisava de ser batisado<br />
com água por João, de receber um<br />
batismo de penitência para remissã.o de pecados,<br />
ele que nenhum pecado tinha, que nenhum<br />
confessou, que não trazia, para ser lavado,<br />
um corpo de lama qual os vossos''.<br />
E mais adeante:<br />
"Por que, então., foi Jesus receber de João,
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IZ LUCIANO COITA<br />
mesmíssimo volume, pigina 80, que dizem<br />
claramente:<br />
80 - "<strong>Não</strong> admitais fiWlca, repetimos, a<br />
possibilidade de uma união, embora momentanea,<br />
entre o Espírito e o animal".<br />
Terceiro: - Porque em se tratando de<br />
Espíritos obsessores, que já estavam no plano<br />
terráqueo, tanto assim que até exerciam<br />
possessão sobre os homens infelizes, não se<br />
compreende a necessidade deles incarnarem<br />
em porcos, para ficarem circunscritos à humanidade.<br />
Passemos agora a um outro trabalho, estudando<br />
e criticando o que se diz a páginas<br />
84, 202 e 204, desse mesmíssimo segundo volume<br />
e em continuação aos milagres de Jesus:<br />
84 - "Jesus realizava ·um milagre, que<br />
numerosas pessôas podiam testemunhar; por<br />
isso mesmo não ordenou ao homem que se<br />
calasse: ao contrário, o concitou a espalhar a<br />
notícia do que se dera" .<br />
202- "Quanto à cura da mulher doente,<br />
Jesus a operou pelos meios que conheceis, pelo<br />
seu poder magnético" .<br />
204- "A pergunta: -Quem me tocou?<br />
pergunta que, feita pelo mestre, pode causar<br />
estranheza, ele a formulou, intencionalmente,<br />
para provocar, deante da multidão, a confissão<br />
da mulher e assim tornar patente a<br />
todos o milagre".<br />
o primeiro milagre refere-se a um possesso,<br />
cujos obsesiores, vindos do céu, das reg!.ú
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1.1 A ll D E C E M A O B O U 8 T A 1 N G 65<br />
dias lá onde se achava, para que o fato, que<br />
ele ia produzir, se verificasse nas condiçoes<br />
previstaS;- todáS de ·molde a mais impressionar<br />
os homens" .<br />
329 - "Lázaro para eles todos estava<br />
morto, menos para Jesus".<br />
335 - "Senhor, diz Martha: - se houveras<br />
estado aquí, meu irmão não estaria<br />
morto".<br />
341 - ''Jesus deixou ver aos que o cercavam<br />
a parte que tomava na dôr que os afiigia,<br />
para dar- aos homens uma prova palpavel<br />
de sua ternura".<br />
Como devemos jUlgar a um de nós, que,<br />
chamado -para acudir a wn sofredor, mes<br />
mo em se tratando de um desconhecido, ao<br />
envez de atender- com presteza, se deixe ficar,<br />
calculadarnente, dous dias, para dar tempo<br />
a que, a doença se agravando, venha, pela<br />
sua miraculosa cura,- a contribuir para qu&<br />
enorme seja o seu prestígio entre os ho-·<br />
mens?<br />
Como devemos julgar portanto, a um<br />
messias, que, chamado insistentemente para<br />
socorrer a um grande anúgo, que sofria de<br />
uma moléstia contagiosa, e cujas carnes<br />
se decompunham horrivemente, se deixasse<br />
ficar, premeditadamente, dois dias onde se<br />
encontrava, dando tempo a que a morte aparente<br />
do amigo se verificasse, para só então<br />
se apresentar, ·e, pela ressurreição tambem<br />
aparente desse infelizt aumentar o record de<br />
seus rnilagres 1 milagres esses que eram todo<br />
o seu gaudio, por haver compreendido que<br />
populaça só por isso o admirava, lhe queria<br />
bem e o cobria de aplausos?!
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kAftDIC I RA.O 1\0UITAIKC* U<br />
IV<br />
A maior pantomima dêsse Jesus da "Revelação<br />
da Revelação" é a sua entrada em<br />
Jerusalem, onde todas as cenas. e montagens<br />
foram adrede preparadas, com o concurso<br />
dos tais espíritos prepostos e tambem de um<br />
Deus, que,além de ser o autor da peça burlesca,<br />
era comparsa e encarregado de toda<br />
a sua montagem.<br />
Para que· nada faltasse à representação,<br />
os jumentos estavam nos lugares previstos e<br />
o dono dos animais era espíi'ito incarnado, em<br />
cumprimento da missão de Jesus, e que, por<br />
isso e sob a inspiração de seu guia, deixava,<br />
sem reclamar, que lhe levassem os animais.<br />
Aos espíritos e aos discípulos, que ser-·<br />
viam a Jesus, coubera a gosadíssima missão<br />
de promoverem uma formidavel recepção ao<br />
mestre, quando da sua entrada em Jerusalém.<br />
Sentimos não poder trazer toda a peça<br />
fantástica para aquí, por isso apenas nos limitaremos<br />
a transcrever algumas cenas do<br />
que foi a entrada triunfal do falso Cristo na<br />
cidade, que mata profetas.<br />
Tomemos, portanto, do 3.o volume e<br />
transcrevamos, sómente, o que se diz às suas<br />
páginas ns . 198 e 197:<br />
198 - "Quando Jesus entrou em Jerusalem<br />
toda a cidade se abalou .<br />
"Sim, enorme era a surpresa dos que o<br />
viam tão humilde e cercado de grande multidão.<br />
"A fama o precedera, . mas o que todos<br />
esperavam ver era um doutor orgulhoso no
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K A R D E C E N A O R O U S TA J N G 61<br />
go de manifestações públicas; o recordista de<br />
milagres!<br />
- Esse, então, não é aquele que, censurando<br />
os hipócritas, ensinou aos seus discí·<br />
pulos e ao povo:<br />
- "<strong>Não</strong> façais como fazem todos que<br />
obram para o público, afim de serem vistos<br />
e saudados pelos homens;<br />
"Como os que amam os primeiros lugares<br />
nas ruas e nas sinagogas;<br />
"Como os que adoram as manifestações<br />
em público, e amam o ser tratados. com a<br />
reverência de Rabi"?<br />
-Nada disso: o Jesus verdadeiro, o filho<br />
de José e de Maria, o carpinteiro da Galiléa, o<br />
condutor de almas, o bom, o justo, o amoroso,<br />
o meigo; o que ensinava com ternura, exemplificando<br />
pelo seu amor aos homens o seu<br />
amor a Deus, há muito abandonou o seu<br />
corpo, morrendo crucificado em holocausto à<br />
humanidade.<br />
- Então, quem é esse pandego?<br />
- E' o filho do milagre, o espírito infalivel<br />
sem ter nunca incarnado; é o Jesus endeusado,<br />
para ridicularizar o Jesus homem;<br />
é o espírito da mentira, servindo-se das trevas.<br />
para velar a luz; é a criação da "Revelação<br />
da Revelação", para dar golpe de morte<br />
no Espiritismo. .<br />
v<br />
Embora a obra de <strong>Roustaing</strong> seja plena<br />
de ridículos·, ironia! e insultos à personalida-
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ROUSTAING VERSUS ROUSTAINO<br />
"<strong>Não</strong>, Jesús não nasceu do homem. A matéria<br />
perecível não entrou, por cousa alguma,<br />
no conjunto das suas perfeições". · ·<br />
<strong>Roustaing</strong>- 1.0 volume- pág. 119.<br />
"Jesús era nascido do Espírito. Todo<br />
homem, que não vive em seu corpo, mas em<br />
sua inteligência, pode dizer-se, como Jesús,<br />
nascido do espírito.<br />
"Só é nascido do Espírito aquele que se<br />
encontra em condições de compreender os<br />
mistérios que vos desvendamos,.<br />
<strong>Roustaing</strong> - 4.o volume -- págs. 131<br />
e 132.
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ROUSTAING VERSUS ROUSTAING<br />
Assim como há certos nomes próprios, que<br />
assentam, perfeitamente, nas pessôas que os<br />
usam, assim tambem é o título, que damos<br />
a esta parte do nosso livro e que serve, lindamente,<br />
como se fôsse feito por medida, para<br />
tôda a maravilhosa obra de <strong>Roustaing</strong>.<br />
Explicada a razão de ser do presente título,<br />
continuemos a nossa tarefa de moralização<br />
espírita.<br />
Anteriormente estudámos, segundo "Revelação<br />
da Revelação", a vida e obra do Cristo<br />
fluídico, provando, pela incongruência dêsses<br />
ensinos e pela incoerência dos argumentos<br />
apresentados em abono da mentira roustaínguista,<br />
que êsse boneco de aparências, êsse<br />
infalível fazedor de milagres, êsse messias<br />
sem moral, não podendo ser o Jesús de dous<br />
mil anos atrás, muito menos ainda seria o que<br />
inspirou <strong>Kardec</strong>, quando no trabalho sábio e<br />
sublime da codificação do Espiritismo.<br />
Voltl\mos, ainda, a cuidar dessa empreitada<br />
cristológica, mas agora para escalpelarmos<br />
o corpo aparente dêsse Jesús fantasma,<br />
afim de estudarmos de que matéria era composto<br />
o seu corpo, como se deu a sua gestação,<br />
como se verificou o seu nascimento e, final-
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&o A R D E C E H A O R O U I T A l N G 73<br />
confirmar êstes ensinos, apoiados nas revelações<br />
que já tiveram.<br />
"Há perto de vinte séculos, falou-se, é<br />
certo, a crianças.<br />
"Julgais, porém, que já chegasies à maturidade,<br />
pobres filósotos, cuja sabedoria consiste<br />
em solapar wn edifício, que sois incapazes<br />
de reparar, e que não basta às necessidades<br />
da vossa época?<br />
"<strong>Não</strong>, Jesús não nasceu do homem.<br />
"A matéria pereCível não entrou por cousa<br />
alguma no conjunto de suas perfezções".<br />
Comentemos êsses ensinos por partes,<br />
para que os sofismas e as contradições fiquem<br />
oem claros e possam ser percebidos por todos.<br />
Dizem êles:<br />
"E' novo êste ponto de vista, mas precisa<br />
não continuar ignorado, porque, pelo trabalho<br />
que vos levamos a empreender, ele conduzirá<br />
os homens à unidade àe crença".<br />
Como se cQillpreende, pelo que acabamos<br />
de novamente citar, o ponto de vista de um<br />
Cristo fluídico era novidade de última hora,<br />
que precisava ser revelada para que a união<br />
de crença se fizesse entre os homens.<br />
Quanto à novidade, po1· enquanto, nada<br />
temos a criticar; já o mesmo não acontece<br />
quanto à união de crença, porque, conforme<br />
os fatos demonstram, êsses novos ·pontos de<br />
vista sôbre o corpo de Jesús só vieram trazer<br />
a desunião entre os espiritistas estudiosos,<br />
que, sem êles, estariam unidos, firmes e coêsos<br />
nas suas idéias.<br />
Também a espiritistas e católicos não<br />
veio unificar, porque, embora sendo "Revelação<br />
da Revelação" uma revelação católica
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t2: l.UCIAMO coâ'tA<br />
podia ser derrogada; no segundo Jesus não<br />
podia ter um corpo material., segundo as leis<br />
da reproduçâ.o no no:;so planeta, porque uma<br />
anunciação mentirosa tinha poderes para derrogar<br />
a lei, que era imutável de tôda a eternidade.<br />
Aceitando-se o primeiro, tem-se um Jesus<br />
homem, em cumprimento da lei de Deus,<br />
mas comete-se o crime inafianÇàvel de chamar<br />
de impostores aos que, servindo-se do<br />
nome de Deus, anunciaram aos homens wna<br />
impostura, que cabe a nós espiritistas, recusar,<br />
por heresia .<br />
Aceitando-se o segundo ensino, temos Jesus<br />
fantasma, em cumprimento· de uma impostura<br />
feita em nome de Deus, mas nos tornamos<br />
cumplicé de uma profecia mentirosa,<br />
que, vindo derrogar a lei da maternidade, tambem<br />
negava Justiça, Sabedoria e Amor a Deus,<br />
o que, como espiritistas, devemos recusar, por<br />
heresia.<br />
Vamos admitir que, embora tôdas essas<br />
contradições apresentadas em <strong>Roustaing</strong>, a<br />
nossa argumentação não teve força bastante<br />
para convencer a todos do êrro em que se encontram<br />
e que, só por isso, os mais recalcitrantes<br />
continuam firmes nas suas idéias preconcebidas<br />
de que Jesus foi, realmente, um fantasma<br />
e não um homem.<br />
Sem nos contrariarmos com o estado de<br />
alma dêsses nossos irmãos, aos quais só desejamos<br />
esclarecer, sem molestar, aceitemos, como<br />
possível, a hipótese absurda de que, realmente,<br />
Jesus teve um corpo fluídico e que<br />
tambem a obra de <strong>Roustaing</strong> deve ser tomada<br />
a sério, como doutrina espírita.
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M!ARI>EC E RAO BOUITAIIfG 17<br />
v<br />
Para que se fique conhecendo até onde<br />
vão os ardis dêsses falsos profetas, iremos entrar<br />
em conhecimento de novos ensinos, onde<br />
êles, como sempre, procuram estabelecer<br />
confusão para sustentar o ponto de vista<br />
falso, em que se estribam.<br />
Passemos, portanto, a estudar o que se<br />
diz à página 472, do terceiro volume da obra<br />
jesuftfca:<br />
- 472- "Logo, se Jesus tivesse tido um<br />
corpo material, como os vossos, impossível<br />
fôra que êsse corpo não se achasse mais, mr-··<br />
to ou vivo, no sepulcro, quando a pedra, que<br />
o fechava, foi deslocada e derrubada.<br />
c'lmpossfvel fôra que houvesse desaparecido<br />
de um sepulcro cavado na rocha, dele<br />
houvesse saído, estando chumbada a pedra<br />
que o tapava.<br />
4 'Fôra impossível que, com semelhante<br />
corpo, Jesus desaparecesse da vista dos dois<br />
discípulos, que iam para a aldeia de Emaus,<br />
achando-se com êles à mesa.<br />
ccFôra impossível que houvesse conseguido<br />
introduzir-se, entrar, penetrar no aposento<br />
onde seus discípulos se tinham reunido,<br />
surgir no meto deles que, de medo dos judeus,<br />
ali se encontravam de portas fechadas.<br />
"Se tivesse revestido um corpo humano,<br />
idêntico aos vossos, como, com tal corpo, houvera<br />
Jesus podido, no cume da montanha de<br />
Nazareth, escapar-se, passando entre as mãos<br />
dos judeus que, enfurecidos o levaram preso<br />
até aquela altura, para o atirarem dalf abaixo?
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lOf L U C I A N O C O S T A<br />
mas em sua inteligênc:aa, pode dizer-se, como<br />
Jesus, nascido do espírito". .<br />
Isso só, pelo muito que significa, era o<br />
bastante para destruir todos os ardis, todos<br />
os sofismas e tôdas as mentiras apresentadas<br />
a favor de um Jesus infalível e fluidico, porquanto<br />
diz claramente que "todo homem,<br />
que vive em sua inteligência, pode dizer-se,<br />
como o Cristo, nascido do espírito, o que quer<br />
tambem dizer que: Cristo, embora :tosse filho<br />
do homem, era nascido do espírito, porque<br />
vivia da sua inteligênCia e não de seu corpo.<br />
Para que os nossos comentários não venham<br />
desfigurar a beleza dêsses ensinos, fiquemos<br />
·aquí, e continuemos a citação que vai<br />
até página 133, sem que, uma só vez, o sofisma<br />
e a maledicência venham empanar a<br />
clareza dêsses sublimes ensinamentos:<br />
- 131 a 133- "Do corpo procede o corpo.<br />
"Todos conhecem a fonte donde êle provém<br />
e a matéria que o compõe.<br />
"Quão poucos, porém, são hoje, como ao<br />
tempo de Nicodemus, os que podem dizer donde<br />
vem e para onde vai o espírito, qual a sua<br />
essência, em que momento anima o vaso de<br />
argila que lhe serve de envoltório!<br />
''Que é para a humanidade, a inteligência?<br />
"Será um corpo palpável, sensível?<br />
"Pode fixar-se o momento da sua presença<br />
ou da sua ausência ?<br />
"Sabe-se donde o espírto vem e para onde<br />
vai?<br />
"Só o pode saber aquele que nasceu de<br />
espírito.
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K A R D E C E !I .I O I O U I 1' A 1 N Cl 109<br />
sem, sem grande importância darem às altas<br />
credenciais com que se apresentam os reveladores,<br />
sem se sentirem impuros defronte só<br />
de nomes, que não são seres, para, só então,<br />
julgarem por sua própria justiça os enganos<br />
de que foram vitimas, as mentiras de que se<br />
fizeram cumplices.
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A LEI DA REINCARNAÇAO<br />
"Na verdade, na verdade vos digo que<br />
não pode ver o reino de Deus sinão aquele<br />
que renascer ãe novo".<br />
S. João - Cap. III - V. 3.
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111 L t1 C I A H O C O S T A<br />
já o explicámos, antes que a primeira falta<br />
o tenha sujeitado à incarnação humana.<br />
11 Só então êle é preparado, como igualmente<br />
já o mostrámos, para lhe sofrer as<br />
consequências"<br />
Como acabámos de vêr, nada mais, nada<br />
menos do que a doutrina do anjo decaído.<br />
Aceitando-se e propagando-se êsses ensinamentos<br />
como sendo de Doutrina Espirita,<br />
consuma-se o maior atentado de que há. memória<br />
contra o Espiritismo.<br />
Tendo-se como Verdade Espirita essa<br />
concepção católica, concepção bastante razoável<br />
para os que acreditam numa vida única<br />
e no pecado original, também se comete<br />
o maior sacrilégio contra a doutrina dos Espíritos,<br />
por negar esta doutrina que haja<br />
Deus criado almas puras e inocentes para<br />
serem anjos e almas impuras e execradas<br />
para serem homens.<br />
Além disso, a desnecessidade da incarnação<br />
para todos os Espíritos vem pôr em<br />
cheque a lei da reincarnação, que deixará de<br />
ser uma lei geral para todos os Espíritos.<br />
Porque, negando-se a incarnação primitiva,<br />
como uma condição para todos os Espfritos,<br />
nega-se, ipso-facto, também, a lei da<br />
reincarnação. porque ninguem estará sujeito<br />
a nascer muitas vezes desde que, por não ser<br />
obrigatória a incarnação, fica o esp1rlto livre<br />
de, ao ser criado, tomar um primeiro corpo.<br />
Negar, portanto, a rein
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118 L t1 C I A N O C O S T A<br />
ensinamentos, além de estarem em completa<br />
discordância com a revelação espirita, codií'icada<br />
por Allan <strong>Kardec</strong>, tamb&m estão em<br />
franca oposição aos ensinos de Jesús ao douto<br />
Nicodemos.<br />
Ensinando as obras de <strong>Kardec</strong> que a<br />
reincarnação é uma lei sábia de Deus, lei essa<br />
a que ficam sujeitos todos os Espíritos, desde<br />
a sua criação; e ensinando a obra de <strong>Roustaing</strong><br />
coisa completamente diversa, temos<br />
que, estando essas obras em campos comple·<br />
tamente opostos, naquilo que é de importância<br />
capital para a vida da doutrina, não se<br />
justifica, por ilógica e inconcebível, a permanência<br />
de ambos em o mesmo templo, mormente<br />
em se sabendo, como é de dever, que<br />
nesse recinto só pode ter assento o que estiver<br />
com a Verdade.<br />
O Espiritismo (precisamos reconhecer e<br />
concordar afim de que sejam evitados erros<br />
sempre prejudiciais à sua propagação), ensinando<br />
de maneira diferente as leis de Deus,<br />
é uma doutrina falida, por se contradizer<br />
a si mesma.<br />
Em questão que diz respeito à base do<br />
Espiritismo, naquilo que êle tem de mais sublime<br />
e consolador, não existem duas ·medidas<br />
e dous pesos; portanto, não se pode torcer<br />
e amoldar às nossas conveniências e aos<br />
nossos enganos, uma doutrina que, pela harmonia<br />
dos seus ensinamentos, não pode aceitar<br />
o que esteja em contradição com a verdade<br />
ensinada pelos espíritos guias a <strong>Kardec</strong>.<br />
E se assim ·é, como pois conciliarmos os<br />
ensinos de <strong>Kardec</strong> com os de Roustatng, es·<br />
tando êsses ensinamentos em flagrante luta
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A R D I C I R A O 1\ 0 V I 't A I K G lU<br />
tismo nenhum caso fazem de "Revelação da<br />
Revelação", poi.s se importancia desses a ê-sse<br />
amontoado de incongruências e de absurdos,<br />
ao invés de sermos nós, seriam êles que haviam<br />
de tirar os adeptos dessa obra de ilusão<br />
em que se encontram.<br />
Seria muito divertido se tal cousa se verificasse;<br />
seria até de uma comicidade e de uma<br />
utilidade grandiosa, porque só assim os nossos<br />
adversários, sem o perceberem, teriam<br />
prestado um grande e valioso serviço ao Espiritismo,<br />
pelo saneamento desta doutrina.<br />
Deixemos os adversários da filosofia dos<br />
espiritos na sua luta com <strong>Kardec</strong>, que resistira<br />
a todas as investidas capciosas, com a mesma<br />
facilidade com que o Sol resiste ao nosso olhar,<br />
e entreguemos à "Revelação da Revelação''<br />
a fácil tarefa de destruir-se a si mesma.<br />
Citemos, portanto, o que se diz ainda sôbre<br />
a incarnação e reincamação à página 289,<br />
do primeiro tomo da obra de <strong>Roustaing</strong>, para,<br />
em seguida nesses mesmos livros, procurarmos<br />
ensinos completamente diferentes dos que<br />
vamos ler.<br />
289- ((A incarnação humana, em princípio,<br />
é apenas consequente à primeira falta,<br />
àquela que deu causa A queda.<br />
"A reincamação é a pena da reincidência,<br />
da recaída, pois que todas as vossas existências<br />
são solidárias entre si.<br />
uo espírito reincarnado traz consigo a<br />
pena secreta em que incorreu na sua incarnação<br />
precedente".<br />
Confirmando os ensinos anteriores, êstes<br />
outros dizem tambem e mui claramente que<br />
a incarnação é, em principio. imposta na fa-
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122 L t1 C I A N O C O S 'I' A<br />
libilidade do espírito que, sendo infalivel, estará<br />
isento de se incarnar.<br />
Ficou bem explicado tambem que a reincarnação<br />
é a pena da reincidência no pecado,<br />
na culpa, o que nos leva à compreensão de<br />
que tanto a incarnação como a reincamação<br />
não são leis de Deus para todos os espíritos,<br />
pois só delas participam os que foram criados<br />
falíveis, por êsse deus roustanguista, que em<br />
tudo é igual a êsse outro que criou filhos voltados<br />
para o Bem e filhos devotados ao Mal.<br />
Sem outros comentários, citemos agora<br />
o que diz à página 287 dêste mesmo volume:<br />
287 - "A incarnação é uma necessidade<br />
até o momento em que, alcançando um certo<br />
desenvolvimento intelectual, o espírito está<br />
apto a receber o '-precioso dom, mas tão perigoso,<br />
do livre arbítrio".<br />
Já agora temos que a incarnação é uma<br />
necessidade até que o Espírito, tendo alcançado<br />
uma certa elevação intelectual, passa a<br />
entrar para o domínio do livre arbitrio, que,<br />
sendo um dom precioso, é tarnbem pefigoso.<br />
Compreende-se dêsses ensinos que todos<br />
os Espíritos, no seu estado primitivo, por serem<br />
ainda ignorantes do Bem e do Mal e por<br />
isso, só por isso, por não estarem em condições<br />
de entrar para o dominio do livre arbítrio,<br />
que é o da responsabilidade, têm necessidade<br />
de passar pela incarnação, sem que<br />
esta importe na sua queda, para que seja<br />
aceita como um castigo.<br />
Como se justificar a harmonia dos ensinos<br />
anteriormente por nós estudados. de que<br />
a primeira incarnação imposta na falência do<br />
Espírito, tanto que Jesús, por nunca haver
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X A Jl D E C J N A O R O U I T A 1 N C US<br />
obra nuidica, com os ensinamentos dos espíritos<br />
verdadeiros, que, aliás mui raramente,<br />
intervieram na construção dos livros de<br />
<strong>Roustaing</strong>.<br />
Assim, iremos mais uma vez arrazar as<br />
inverdades que negam a lei da reincamação,<br />
com as verdades contidas às páginas 11 O e<br />
111 do quarto tomo dessa mesmíssima obra:<br />
110 e 111 - "Entretanto, declarando:<br />
- "Em verdade, em verdade te digo que<br />
ninguem pode entrar no reino de Deus se não<br />
nascer de novo", Jesús tinha em mente afírmar<br />
a realidade da lei natural e imatavel, do<br />
renascimento, da reincarnação; a obrigação<br />
de reviver pela carne, como sendo, para o espíf'lito,<br />
o único meio de se depurar e de progredir,<br />
de chegar à perfeição, de entrar assim<br />
no reino do céu.<br />
"Mas, êsse pensamento do Mestre só havia<br />
de ser compreendido, de modo exato e<br />
completo, pelas gerações então futuras, no<br />
tempo da revelação predita e prometida:<br />
- a revelação espírita, que vem explicar<br />
em espírito e verdade, pondo-a claramente<br />
diante dos olhos de todos, essa lei natural e<br />
imutável do renascimento, da reincarnação,<br />
rrt()Strando o princípio de justiça a que obedece,<br />
nas suas aplicações, seu objetivo e suas<br />
consequências".<br />
Como vimos de verificar, não são mais<br />
necessários outros argumentos para que fique<br />
bem demonstrado que as tais pêtas, que<br />
negam a reincarnação como lei imutável e<br />
equitativa de· Deus para com todos os espíritos<br />
e o fazem com o fim único de justificar<br />
a doutrina do anjo decaído 1 dando um golpe
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121 L tJ C I A N O C O I T A<br />
de morte no Espiritismo, são como as casinhas<br />
de areia construídas pas praias pelas<br />
crianças, casinhas essas que, ao mais leve<br />
contacto das marés mansas, são completamente<br />
desmoronadas.<br />
Estando, portanto, êsses ensinos do quarto<br />
volume em franca oposição aos do primeiro<br />
tomo, e de completo acôrdo com os ensinamentos<br />
dados pelos espíritos a Allan <strong>Kardec</strong>,<br />
temos de reconhecer que são êsses próprios<br />
ensinos que declaram estar tôda a verdade<br />
com o codificador do Espiritismo enquanto<br />
que a mentira está só na obra de <strong>Roustaing</strong>.<br />
Mas dirão:<br />
Com ''Revelação da Revelação" tambem<br />
está a verdade, porque, embora negando alí,<br />
já aqui afirma e de modo categórico, que a<br />
reincarnação é uma lei natural e imutável,<br />
por ser ela a única via de progresso para o espirita,<br />
que dela depende para alcançar a perfeição<br />
e entrar·· no reino do céu.<br />
A êsses que, teimosamente, se agarram<br />
a tudo, contanto que não sofram o seu orgulho<br />
e o seu preconceito religioso, em nome da<br />
bôa lógica indagamos:<br />
- Que valor moral pode ter uma obra<br />
de Doutrina Espírita que, por ser a base em<br />
de ser de sua existência, por ser a base em<br />
aue se assenta essa filosofia, usa de ensinos<br />
diferentes, os quais se contradizem completamente?<br />
Que julgamento devemos fazer de uma<br />
obra que, em determinadas páginas está em<br />
completa oposição à lei das vidas sucessivas.<br />
enquanto que noutras, por estar de pleno<br />
acôrdo com os ensinos de J esús a Nicodemos,
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DA CRIAÇAO DOS MUNDOS
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1<br />
Tendo com ajuda da própria "Revelação<br />
da Revelação", provado ser a reincarnação<br />
uma Lei Divina, lei a que ficam sujeitos todos<br />
os espíritos, vamos agora estudar e criticar,<br />
nessa mesma obra, novos ensmos atentorios<br />
ao Espiritismo e ofensivos até à Divindade.<br />
Consultemos, portanto, o que se diz com<br />
respeito à Justiça do Senhor e à criação dos<br />
espíritos, às páginas 283 e 284 do primeiro<br />
volume da obra de <strong>Roustaing</strong>:<br />
- 283 e 284 - "O bom senso, ao contrário,<br />
indica que a preciência de Deus lhe faculta<br />
saber que, no número dos que êle cria<br />
simples, ignorantes e falíveis, haverá muitos<br />
que pelo mau uso do livre arbítrio, sucumbirão<br />
às suas fraquezas, se deixarão arrastar<br />
pelo orgulho, que se origina da ignorância<br />
e tem por derivado a presunção, o egoísmo<br />
e a inveja".<br />
Façamos uma pequenina pausa para que<br />
à nossa e à vossa atenção não passem despercebidos<br />
os verdadeiros valores dêsses ensinos.<br />
Dizem êles:<br />
"O bom senso, ao contrário, indica que<br />
a presciência de Deus lhe faculta saber que,
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I A R D E C E N A O R O V S T A I N G 135<br />
incarnações humanas primitivas, vícios que<br />
enraízam tanto nas criaturas que milhares<br />
de séculos por sôbre elas passam sem as conseguir<br />
polir; que a torrente impetuosa do<br />
tempo corre sem cessar por sôbre êsses pedregulho<br />
tôscos e ásperos sem conseguir alisarlhes<br />
as superfícies?<br />
"Sem conseguir alisar-lhes as superfícies,<br />
s.im, porquanto, ainda nêste dia que para vós<br />
brilha, inúmeras baixezas afligem o gênero<br />
humano".<br />
Façamos ainda uma outra pausa, mas<br />
agora para dar lugar a um pequeno comentário,<br />
sem o que a confusão se estabelecerá,<br />
e difícil se tornará a nossa crítica.<br />
Nessa obra tudo é confusão, tudo é truncado<br />
propositadamente, para que as perfídias<br />
atentarias até da própria Divindade passem<br />
despercebidas dos menos prevenidos.<br />
Assim, dizendo êsses Espíritos que a nós<br />
homens, Deus se nos apresenta como o tipo<br />
supremo de tôda a perfeição, faz até parecer<br />
que êles por estarem fora da humanidade,<br />
não participam de igual sentimento.<br />
Sem tomarmos, por agora, em maior<br />
consideração o sentimento dêsses infelizes<br />
para com a Divindade e deixando isso, por<br />
enquanto, ao cuidado dos nossos leitores, passemos<br />
à nossa crítica sôbre os estudos que<br />
acabamos de fazer e que se refere aos espíritos<br />
criados inocentes.<br />
Dizem êsses inocentinhos ensinos que<br />
Deus não iria criar Espíritos inocentes para<br />
sujeitá-los a um meio corrupto, em que milhões<br />
de séculos por êles passam, sem os conseguir<br />
polir.
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138 L U C 1 A M O C O S T A<br />
a uma incarnação entre almas viciosas, indignas<br />
e assassinas, para as quais milhões de<br />
séculos se passam, sem jamais conseguir desviá-las<br />
da senda da maldade.<br />
E pintam, com côres horríveis, um sofrimento<br />
para os espíritos incarnados que quase<br />
se eterniza, porquanto o tempo corre ininterruptamente,<br />
sem jamais conseguir o polimento<br />
dos pedregulhos tôscos e espêssos, que<br />
são nêsse caso as imperfeições dos homens.<br />
E, para mell1or efeito de cena e também<br />
para justificativa da detestável heresia de<br />
que a obra do Criador, é tão semelhante às<br />
dos homens, em que umas sáem perfeitas e<br />
outras inferiores, dizem êsses ensinos que<br />
Deus não iria conceder aos Espíritos o dom<br />
precioso, mas sempre perigoso do livre arbítrio,<br />
para depois submetê-los à lei do pecado.<br />
que é a lei da incarnação.<br />
Já demonstrámos, com os ensinos dêsses<br />
mesmos livros, que a reincarnação é uma lei<br />
imutável de Deus, lei essa a que estão sujeitos<br />
todos os Espíritos, sem a qual nenhum<br />
alcançará o céu, que é, como se sabe, o estado<br />
de perfeição a que se destinam todas as almas.<br />
Podíamos ainda trazer para aquí, em<br />
confirmação da lei das vidas sucessivas e,<br />
portanto, das diversas incarnações obrigatórias<br />
para todas as almas, indistintamente, outros<br />
ensinamentos dessa mesma obra, em<br />
confirmação da lei da reincarnação; mas disso<br />
não vemos mais necessidade, desde que o<br />
assunto já foi suficientemente esplanada,<br />
cam ganho de causa para a doutrina codificada<br />
por Allan <strong>Kardec</strong>.<br />
Vamos, portanto, admitir que. realmente.
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142 L U C I A N O C O S T A<br />
a todas as almas falíveis, deixando-os sempre<br />
sob a custódia de espíritos infalíveis, afim de<br />
que êles, assim protegidos, tambem jamais se<br />
percam.<br />
Mas, neste caso, êsses inocentes nunca<br />
teriam mérito, porque o seu progresso só se<br />
faria sob a dependência de um amparo todo<br />
especial, com que foram galardoados desde a<br />
sua primitiva criação.<br />
Estamos a desperdiçar o nosso precioso<br />
tempo, comentando o absurdo deque são os<br />
homens, pelos seus vícios, que obsedam os espíritos<br />
nas suas primitivas incarnações, quando,<br />
pelo que se observa no cenário dêste mundo,<br />
são os espíritos desincarnados que mais<br />
exercem a sua ação maligna sôbre a humanidade.<br />
Nenhum melhor exemplo se pode dar do<br />
quanto são capazes os espíritos desincarnados<br />
para obsedarem os seus irmãos incarnados,<br />
do que êste, que nos oferecem os reveladores<br />
da obra fluídica, que vimos estudando e criticando.<br />
Como, porém, êsse exemplo nenhum valor<br />
tem para os que acreditam nesses sagradinhos<br />
livros e na pureza tôda angelical dêsses<br />
inocentinhos reveladores, vamos ainda<br />
servir-nos dos infalíveis ensinamentos dessa<br />
própria obra, trazendo para aquí o que se diz<br />
à página 318, do sagradissimo primeiro volume<br />
:<br />
313 - "O homem na terra, quem quer<br />
que seja, está sujeito às tentativas que, para<br />
arrastá-lo ao mal, fazem os maus Espíritos,<br />
os quais, ignorantes, não sabem distinguir
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X A R D i: C E N A O R O U S T A I N G 151<br />
contendo ensinos ofensivos até à moral divina,<br />
recebeu desde logo a nossa repulsa e só<br />
tem servido para pôr a prova o nosso estoicismo<br />
espírita.<br />
Voltemos a comentar êsses transcendentais<br />
ensinamentos, mas no que se refere ao<br />
espírito faltoso, acompanhando essas almas<br />
falidas e não falidas, nas suas vias-sacras por<br />
êsses mundos em construção, em solidificação,<br />
em localização e em arrumação para novas<br />
moradas dos espíritos falidos.<br />
E visto que, antes da nossa primeira<br />
incarnação, segundo êsses transcendentais<br />
ensinos, eramos espírito moral e intelectualmente<br />
adiantado, estudemos tambem os motivos<br />
que nos levaram a falir, e que deram<br />
causa a nascermos homens.<br />
Como de cousa nenhuma nos recordamos<br />
sigamos, segundo essa mesma revelação,<br />
um dêsses obreiros, que tendo alcançado um<br />
determinado grau de progresso, foi atraído<br />
para o estudo dos mundos e dos elementos<br />
necessários à composição dêsses planetas.<br />
Lá está êle, trepado em um andaime<br />
fluídico, todo entregue ao seu estafante trabalho<br />
- o de construir, de desenvolver e carregar<br />
mundos, de céu em céu, para as regiões<br />
virgens de planetas e de sóes.<br />
Dado o seu progresso espiritual, seus<br />
olhos são meigos, seu semblante está impregnado<br />
de bonissima candura, embora trabalhando<br />
sem cessar, porque, como espirito,<br />
não perde tempo em comer e em dormir, como<br />
fazem os homens.<br />
Havendo lá em cima um rigor sanitário<br />
superior ao daquí de baixo, só depois do
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1$2 L \1 C 1 A M O C O I t A<br />
mundo estar confortável e higienificado, para<br />
receber o "habite-se" da saúde pública do céu<br />
e para ser entregue aos seus novos habitantes,<br />
é que o coitadinho pode dar como terminada<br />
a sua obra gigante.<br />
Tudo êle faz com verdadeira dedicação,<br />
mas só não se conforma com êsse serviço de<br />
carregar mundos, porque, como operário que<br />
se presa, não se sente honrado com o trabalho<br />
grosseiro de carregador.<br />
Mesmo, porque, si os espíritos pesam,<br />
os mundos ainda são mais pesados do que os<br />
espiritos.<br />
Sôa, então, a hora da rebelião, e o pobrezinho,<br />
seguindo o exemplo dos seus irmãos<br />
terráqueos, provoca uma greve, não para pedir<br />
aumento de salário nem para pedir diminuição<br />
de horas de trabalho, mas para exigir<br />
a compra de um caminhão.<br />
Com isso não se conformando o espírito<br />
superior, que tambem já carregou mundos,<br />
mas no tempo em que não havia automóveis,<br />
concorre para que o grevista seja apontado<br />
como um elemento perigoso.<br />
Antes de sua punição abre-se um inquérito<br />
administrativo, em que tomam parte os<br />
juizes mais austeros da côrte celeste e, se ficar<br />
apurado que o réu é elemento nocivo<br />
à tranquilidade pública do Céu, terá êle de<br />
sofrer uma incarnação tão horrivel, que não<br />
há têrmo de analogia entre o críme e o castigo.<br />
Na falta do primitivo obreiro, que faliu,<br />
embora já tivesse o diploma de construtor<br />
de mundos, dado pela escola de belas artes<br />
do céu, vem, então, um espírito infal!vel
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15& L U C I A N O C O S T A<br />
de polémica e êsse nosso pobre irmão em Deus<br />
passou a ser um ente execrado, pelo espírito<br />
de intolerância, em que nós tambem tomavamos<br />
parte.<br />
Nesse tempo, em que lemos ou ouvimos<br />
essa anedota, tinhamos as nossas razões de<br />
assim proceder, porque, além de sermos no-.<br />
vissimo no Espiritismo, ainda não havíamos<br />
travado conhecimento com êsse arsenal de<br />
impropérios contra a nossa doutrina, a que<br />
se chama, indevidamente, "Revelação da Revelação",<br />
quando o seu verdadeiro nome deveria<br />
ser: - "Revelação pela Obsessão".<br />
Por isso, só por isso, foi que não demos<br />
gostosas risadas, como hoje acontece, ao recordarmos<br />
êsse episódio, que tanto nos; amargurou<br />
e que, finalmente, em nada prejudica<br />
a nossa doutrina, por ser uma crítica e como<br />
crítica que é, não ser propagada como sendo<br />
Espiritismo.<br />
Aliás, não será preferível aceitarmos,<br />
como sendo possível, a burrice dessa anedota,<br />
a essa outra, em que se diz que as almas, depois<br />
de haverem progredido moral e intelectualmente,<br />
incarnam, por castigo, em corpos<br />
de lagartas?!<br />
Por que, então, havemos de nos encher<br />
de razões contra uma crítica engraçada, e<br />
quedar-nos silenciosos, ao assistirmos confrades<br />
nossos que, aceitando <strong>Roustaing</strong>, porpag·am,<br />
como sendo de doutrina espírita. anedctas<br />
mil vezes mais prejudiciais ao Espiritismo?<br />
Por que havemos de ser severos para com<br />
os críticos de nossa doutrina e complacentes
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K A R D E C E N A O R O U S T A 1 N G 159<br />
para com os que, dela se dizendo mentores,<br />
vivem só para o seu descrédito?!<br />
Por que havemos de notar os argueiros<br />
nas outras doutrinas e deixarmos que a cegueira<br />
tome conta da nossa?<br />
Que moral pode ter uma doutrina, que<br />
aceita em seu seio, como parte integrante de<br />
si mesma, ensinos que se insurgem contra<br />
a Justiça e a Misericórdia Divina?<br />
E que moral podem ter os espiritistas,<br />
para defenderem a sua doutrina contra os<br />
ataques de seus adversários, ac"itando ensinos<br />
inspirados na doutrina do an,jo decaído,<br />
ensinos êsses que, contrariando a lei da reíncarnação,<br />
vêm destruir os alicérces em que se<br />
firma tôda a filosofia dos espíritos?<br />
Tôda a crítica, portanto, feita ao Espiritismo,<br />
pelos inimigos dessa doutrina, é muito<br />
menos terrível do que essa obra revelada pelo<br />
espírito da mentira, para pôr em choque a<br />
revelação feita pelo Espírito da Verdade.
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38 - "Como criou Deus o uni?Jerso?<br />
- tcPara me servir de uma expres·<br />
são corrente, direi: pela sua Vontade.<br />
"Nada caracteriza melhor essa<br />
Vontade onipotente do que estas belas pa·<br />
lavras da Genese: Deus disse: jaça-se a<br />
luz e a luz foi feita."<br />
39 - "Poderemos conhecer o modo<br />
de formação dos mundos?<br />
- uTudo o que a ésse respeito se<br />
pode dizer e podeis compreender é que os<br />
mundos se formam pela condensação da<br />
matéria ·disseminada no espaçoJ•.<br />
Livro dos Espíritos. Allan <strong>Kardec</strong>.
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DA CRIAÇAO DOS ESP:tRITOS
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I<br />
Ainda e sempre com Allan <strong>Kardec</strong>. continuaremos<br />
a nossa critica aos ' 4 Quatro Evangelhos<br />
de <strong>Roustaing</strong>u, estudando agora o que<br />
se diz a páginas 284 e 285, do primeiro volume,<br />
e que se refere ainda à preciência de<br />
Deus, quanto aos espíritos e à criação dos<br />
m\Uldos.<br />
Dizem êsses ensinos:<br />
284 e 285 - "A preciência de Deus lhe<br />
faculta saber desde tôda a eternidade, pois que<br />
o presente, o passado e o futuro lhe estão patentes<br />
a todos os instantes, que nada faltou,<br />
nem faltará à vida e à harmonia universal;<br />
que houve, há e haverá sempre espíritos culposos<br />
para alimentar as terras primitivas, o<br />
vosso corpo e os outros que êle criou, cria e<br />
criará, destinados a servirem de habitação aos<br />
espfritos falidos, que faliram, estão falindo e<br />
hão de falir, os quais todos tiveram, têm e<br />
terão que expiar e progredir nêsses mundos<br />
e que trabalhar para a melhoria material deles.<br />
"A preciêncla de Deus lhe faculta saber,<br />
desde e por tôda a eternidade, que tambem<br />
houve e haverá sempre espíritos que, puros<br />
no estado da inocência, docets aos seus gulas,
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168 L U C I A N O C O I T A<br />
dentro do edifício espírita, valend
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K A R I> E C E lf A O a O V S T A I .N C 1St<br />
de <strong>Roustaing</strong>, já provámos a realidade da lei<br />
da reincan1açãot nada mais temos a comentar<br />
sôbre essa tolice de espíritos criados falíveis<br />
e infalíveis, mesmo porque a nossa própria<br />
razão grita que Deus não podia ser parcial<br />
em sua obra e os fatos provam a existência<br />
das vidas sucessivas.<br />
II<br />
Fugindo ao nosso propósito de só nos<br />
ocuparmvs de assuntos, que digam respeito às<br />
cousas espirituais, vamos, todavia, afastar-nos<br />
dessa deliberação assentada, para entrarmos<br />
tambem no domínio das cousas materiais, onde<br />
os ensinos, por serem supinamente burlescos,<br />
servem como um prêmio ao nosso espírito,<br />
tão atormentado pela "espiritualidade" dessa<br />
obra, que não se peja de ridicularizar até a Divindade.<br />
Além disso, observamos tanta cousa inverosímil<br />
e absurda nessas outras mensagens espíritas<br />
que, como espiritista, temos por dever<br />
de criticá-las, para que o nosso julgamento sôbre<br />
<strong>Roustaing</strong> não seja apenas severo, mas sobretudo<br />
justiceiro.<br />
Nos estudos meticulosos que vimos fazendo<br />
em "Revelação da Revelação", temos observado<br />
que a maioria dos seus reveladores são espíritos<br />
trocistas, os quais se háo de estar rindo<br />
de nós, por perdermos o nosso precioso tempo,<br />
criticando e tomando a sério as suas gaiatices.<br />
<strong>Não</strong> suspeitando êles de que todo o nosso<br />
empenho é o de evitar que essa obra de insultos<br />
à moral divina e ao Espiritismo continue
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1: A R • E C E lf A O R O U S T A I H 0 1'3<br />
tos, são tambem como estes criados falfveis e<br />
infaliveis, é que nos entregaremos, de corpo e<br />
alma, à critica de um tão magno e respeitável<br />
assunto.<br />
Assim, para que não se perca uma só<br />
virgula, um só ponto e uma só linha de tão<br />
sábios e respPltosos ensinamentos, continuaremos<br />
na mesma página, do mesmissimo livro<br />
e em prosseguimento ao estudo que vinhamos<br />
fazendo, a transcrever o que ainda alf se<br />
diz com referência aos mundos:<br />
"Assim como há espíritos que nunca faliram,<br />
tambem há mundos que se conservaram<br />
sempre fluidicos e outros mais ou menos materiais,<br />
de acôrdo com a necessidade dos espíritos<br />
a cuja habitação se destinam."<br />
Apesar de toda a nossa seriedade e da<br />
nossa não menos respeituosidade aos conceitos<br />
espirituais desses ensinos, não podemos<br />
evitar uma gostosa risadinha, ao constatarmos,<br />
maravilhados, que tambem há mundos<br />
que, por nunca haverem falido, nunca tam ..<br />
bem· se incarnaram hominalmente e que, por<br />
isso, foram sempre fluídicos, como esse Jesús<br />
e outros tantos espíritos infalíveis, dos ensinos<br />
infalfveis, dessa obra tambem infalfvel.<br />
Como facilmente se justifica, não houve,<br />
não há e nem haverá injustiça de um tal Deus<br />
contra os demais mundos, desde que tambem<br />
se justifique, como no caso dos espíritos, que<br />
esse Deus unão iria criar mundos inocentes<br />
para lhes ensinar a prática da inocência no<br />
assassinio, na indignidade e na multiplicidade<br />
de vicios das incarnações humanas".<br />
E, desde que "assim como há espíritos
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18D L U C J A N O C O I T A<br />
passa a ser uma certeza absoluta, como tambem<br />
verdade que é.<br />
Agora não mais podemos duvidar de que<br />
êsses nossos irmãos, embora muito adeantados,<br />
a ponto de já terem entrado para a intimidade<br />
do seu Deus, que tambem é decantado juntamente<br />
com mundos e espíritos, não são lá<br />
muito entendidos em questões de astronomia.<br />
Talvez, mesmo, por se dedicarem à ciência<br />
universal, misturem astros com espfritos<br />
e todos com Deus, como aqui fazem certos espiritistas,<br />
que estudam as obras de <strong>Kardec</strong> de<br />
parceria com essas outras que vimos criti·<br />
cando.<br />
Vamos admitir o absurdo inconcebível de<br />
que, realmente, com os nossos impagáveis re-veladores<br />
está a verdade, para comentarmos,<br />
com jocosa ironia, os ridículos ensinos que<br />
acabamos de citar e que se referem aos múndos.<br />
Essa revelação formidável de que tambem<br />
os mundos passalll por fases hominais, ·que s6<br />
julgavamos admissíveis nos espíritos, ao invés<br />
de nos entristecer, nos deixou radiantes de<br />
alegria.<br />
E' sempre consolador, para quem não via<br />
nenhuma justiça na criação dos espíritos falíveis<br />
e infalíveis, ver-se comparado, quando<br />
mais nada esperava do Alto, a êsses mundos<br />
gigantes que, havendo tambem passado pela<br />
fase hominal, haviam conseguido, pelo tempo,<br />
alcançar tão colossal progresso. . . em tamanho.<br />
Ai, pensamos, é que está definida tôda a<br />
Justiça da obra dêsse Deus roustainguista;
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k A R b E C E N A. O R O U S 1 A I N G i81<br />
porque se os espíritos não foram crir4dos, uns<br />
e outros, com ígual destino, em compensação.<br />
os mundos tambem foram criados iguais aos<br />
espíritos.<br />
Isso, sim, dissemos conosco mesmo e baixinho,<br />
com receio de pecar: - isso é que é<br />
obra digna de um Deus portentoso!<br />
Um Deus em quem os prodígios e as miraculosidades<br />
não sejam parte integrante de<br />
sua obra, não deve ser divindade, que se tome<br />
muito a sério.<br />
Um Deus, para ser Deus, deve estar cercado<br />
de absurdos, de incoerências, de fantasmagorias,<br />
como sóe ser êsse Deus, de que fazem<br />
uso exclusivo os infalíveis evangelhos de<br />
<strong>Roustaing</strong> e algumas seitas espahadas pelo<br />
mundo.<br />
Essa compreensão, a que se chega, de que,<br />
com o volver dos anos, chegaremos a progredir<br />
em tamanho e em luz como Saturno, passando,<br />
então, ·o nosso imenso corpo a ser iluminado<br />
por um anel e mais oito luas, nos deixa<br />
embebidos de vaidade; e passamos arrogantes<br />
a contemplar os nossos irmãos planetas,<br />
com o mesmo orgulho da rã da fábula ao<br />
medir-se com o boi .<br />
Nós que, antes de entrarmos no conhecimento<br />
dessa justiça impagável, chegáramos a<br />
sentir horror pela nossa sorte de espírito ·falfvel,<br />
mais pela iniquidade da justiça, do que<br />
pelo nosso sofrimento, criamos alma nova, e,<br />
olhando para o céu, onde viamos Jupiter, cheio<br />
de luz branca e brilhante, pensámos com os<br />
nossos botões:<br />
Em que época da sua vida planetária
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110 L U C I A N O C O I T A<br />
ainda estivesse fluidicamente incorporado, nos<br />
disse quasi entre dentes:<br />
11 Tá dirêto, meu fio, tã celtinho; ús tá<br />
ispritos da instranja tã cum a veldade, pruque<br />
ús nacfoná tambem si limentam· de fludos".<br />
Como vastíssima fosse a nossa estupefação,<br />
sentenciou Militão, com tôda a sabedoria:<br />
"Tabacu é fumaça. . . difumadô é insençu.<br />
. . i marafo é isprituu.<br />
Logo em seguida, abrindo os olhos, fingjndo-se<br />
atordoado, falou, conselheiro: e-amigo:<br />
"Num .si podJ negá, meu fio, us ispritus,<br />
cumo as arvres, tambem si limentam di fuido".<br />
Sem tambem indagarmos se êle tinha<br />
aberto os olhos para ver o valor da nota, pagamos<br />
as despesas e tomamos à casa acerbamente<br />
tristes, por havermos constatado que<br />
'tambem êstes, embora se digam espíritos kardecistas,<br />
estão fora do Espiritismo.<br />
Felizmente a nossa tristeza não foi duradoura,<br />
porque, querendo nos distrair, abrimos<br />
o primeiro volume da peça burlesca em<br />
quatro a tos, "Revelação da Revelação", para<br />
lermos à página 831, a engraçadíssima cena<br />
do aleijão.<br />
Como 'tambem é digna de menção tôda<br />
especial, vamos transcrevê-la, sempre conforme<br />
o original:<br />
"<strong>Não</strong> há capricho nem acaso na obra do<br />
progresso e da transformação.<br />
"Os espirltos que incarnam nas condições<br />
de serem considerados, do vosso ponto de<br />
vlstp., indivíduos tencnn,enais, serão espíritos
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K A R D E C E N A O R 0: U S T A I N G 191<br />
mais ou menos elevados, que têm por missão<br />
servir de ponto de partida para as investigacões<br />
da ciência. despertar atenção para certas<br />
questões e fornecer materiais necessários<br />
à.s construções futuras".<br />
Sentimos, de tôda a alma, que êsses valiosos<br />
ensinos não esclareçam se tambem as<br />
bananas, que nascem inconhas, estão animadas<br />
por espíritos superiores, com o fim todo<br />
especial e santo de servir tambem de fôrça<br />
ao braço da ciência sideral. ·<br />
C?mo êles silenciam a êsse respeito, nada<br />
afirmaremos, para não passarmos como<br />
tambem sendo reveladores de "mentiras cariocas".<br />
Assim, continuaremos a fazer os nossos<br />
comentários, limitando-nos apenas ao que foi<br />
revelado.<br />
Essa afirmação de que os corpos fenomenais<br />
são animados por espíritos mais ou menos<br />
elevados, em missão, tem poderosa razão<br />
de ser.<br />
A favor dêsses ensinamentos conhecemos<br />
muitos exemplos, mas só de um nos serviremos,<br />
por ser tambem o primeiro que nos veio<br />
à lembrança.<br />
Em nossa infância travamos conhecimento<br />
com um dêsses fenomenais missionários.<br />
Era um mendigo anão, horrivelmente feio,<br />
pois tinha a cabeça quasi maior do que todo o<br />
corpo.<br />
J!:sse espírito elevado era bem um legí1.i·mo<br />
misfiionário, pois tinha a grande e vallosa<br />
missiio de meter medo às criançus de meu<br />
tempo.
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l' A I D E C E N A O R CJ f1 B T A I N G !93<br />
Facil vos será perceber a transformação<br />
que se há de verificar na materia exterior.<br />
"Tempo virá em que, tornando-se cada vez<br />
mais rara a alimentação material
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SOO LUCIANO COSTA<br />
ce-se que o Espiritismo realiza todas as pra.<br />
messu do Christo a respeito do Consolador<br />
anunciado.<br />
"Ora, como é o Espírito de Verdade<br />
que preside ao grande movimento da regeneração,<br />
a promessa de sua vinda acha-se por<br />
essa forma realizadat porque, de fato, é êle o<br />
Verdadeiro Consolador.<br />
Kardcc, A Genesis - N.o 42.
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O CONSOLADOR PROMETIDO
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K A R D E C E N Jl O R O U I T A I 1t O 213<br />
comentá-los por partes, para um melhor julgamento<br />
dessas enganosas asserções.<br />
Dizem êles:<br />
13 - "A mediunidade dos que entre vós<br />
servem de instrumento aos espíritos, está apenas<br />
em começo.<br />
"Mas contrariamente ao que sucedeu na<br />
época dos discípulos, os mediuns só entrarão<br />
no gozo completo de suas faculdades mediúnicas,<br />
quando estiver entre os homens o Regenerador,<br />
espírito que desempenhará a missão<br />
superior de conduzir a humanidade ao<br />
estado de inocência, isto é: ao grau de perfeição<br />
a que ela tem direito.<br />
"Até lá, obterão somente fatos isolados,<br />
estranhos d ardem comum dos falos".<br />
Esses inocentes ensinos dizendo que, ao<br />
contrário do que se dava na época dos discípulos,<br />
os mediuns atuais ainda não entraram<br />
no gozo de uma completa mediunidade, afirmam,<br />
sem disso fazerem nenhum segredo, a<br />
superioridade da doutrina cristã sôbre a doutrina<br />
espírita.<br />
Tambem vaticinando a vinda de um espírito<br />
regenerador, que virá em cumprimento<br />
de uma missão superior, como seja a de<br />
conduzir a humanidade ao estado de inocência,<br />
que querem seja o da perfeição, negam,<br />
maliciosamente, o advento do Espfrito de Verdade,<br />
prometido por Jesús, e que viria restabelecer<br />
todas as cousas, seja o atual Espirithlmo.<br />
Seguindo o seu programa contra o Espiritismo,<br />
esses inocentes reveladore1, como bons<br />
serYOB católicos, empregam, manhoeamente,
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2111 LUCIANO OOITA<br />
o de aparência, mas o real, quando à terra<br />
veio em. sua missão de devotamento, saiu tambem<br />
do entorpecimento em que se encontrava,<br />
no seu túmulo espiritual, despertado pelo<br />
clamor retumbante das trombetas de Josaphat.<br />
Como essa interpretação é errónea, porque<br />
nem mesmo os espíritos infelizes sáem do<br />
túmulo espiritual, para entrarem na liberdade<br />
da incarnação, temos que esses ensinos, invertendo<br />
os fatos reâis, para estabelecer a confusão,<br />
visam contrariar a verdade espírita, que<br />
tanto os 'incomoda.<br />
Certos de que êles nada conseguirão, nem<br />
mesmo dispondo da cumplicidade de certos<br />
espiritistas, continuaremos a estudar. esses<br />
assuntos católicos, que deixam de merecer a<br />
sanção do papa, porque até êle ainda não<br />
chegou essa obra infallvel.<br />
Continuam êles:<br />
"0 chefe da igreja católica, nessa época,<br />
em que este qualificativo terá a sua verdadeira<br />
significação, pois que ela estará em via<br />
de tornar-se universal, como sendo a igreja<br />
do Cristo, o chefe da igreja católica, dizemos,<br />
será um dos principais pilares do edifício".<br />
Nenhum Jivro católico defende, com tanto<br />
amor, a soberania de sua santa madre igreja,<br />
como, esses que a Federação Espirita do<br />
Brasil propaga, juntamente com as obras de<br />
<strong>Kardec</strong>.<br />
Esses ens1nos, em que se diz que a igreja<br />
católica, por ser a igreja do Cristo, está em<br />
via de se tornar universal, e que o chefe des<br />
•• 1ireja será um dos pilares do edifício, que
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K A R D E C E N A O lt O 11 S T A I N O -21'1<br />
não sabemos quantos pilares terá, têm tanto<br />
de Espiritismo, como nós temos de católicos •.<br />
negando o inferno e a eficácia das missas, dos<br />
batisados, dos casamentos religiosos e de tudo<br />
quanto a santa igreja vende para a salvação<br />
da alma.<br />
Mas dirão: - igreja católica quer dizer<br />
igreja universal, portanto, como sendo o Espiritismo<br />
a religião universal, é que se devem<br />
entender esses ensinos.<br />
<strong>Não</strong>! diremos! <strong>Não</strong> I ! ...<br />
Quando se diz claramente que a igreja<br />
católica, por 3er a igreja de Cristo, estará em<br />
via de tornar-se a igreja universal, e que o<br />
chefe dessa igreja será um dos pilares do edifício,<br />
por muito· que se queira sofismar, por<br />
muito que se queira enganar a si próprio e<br />
aos outros, não se poderá provar que esses ensinos<br />
se referem ao Espiritismo.<br />
Passemos a transcrever, como devem ser<br />
analisados e entendidos esses ensinos que, propositadamente,<br />
foram truncados, para, pela<br />
ambiguidade da forma, terem sentidos diferentes:<br />
"O chefe da igreja católica, nessa época,<br />
em que este significativo terá a sua verdadeira<br />
significação, será um dos pilares dessa<br />
igreja que, sendo a igreja de Cristo, estará em<br />
via de ser a igreja universalu.<br />
Como acabamos de verificar, não se trata,<br />
em absoluto, do Espiritismo, de que ne'ln<br />
siquer se cogita e que é letra morta para tais<br />
ensinamentos.<br />
Trata-se, sim, da religião catóUca, da religião<br />
do Vaticano, religião essa que aerâ uni-
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X A J1 D I C I: li A O a O 1J I T A J H G 2lt<br />
mão o cajado do viajante, podeis dizer: começaram<br />
a despontar os rebentos da figueira;<br />
vem próximo o estio".<br />
Acreditamos que, somente por essa bf.so..<br />
nha figura dos futuros papas. é que a igreja<br />
católica não reclama como sendo sua a su·<br />
per-revelação, alegando ser a mesma uma santa<br />
e divina inspiração do espírito santo, de<br />
que ela se fez herdeira, e que seria, nesse<br />
caso, o tal regenerador, que tambem viria reformar<br />
os hábitos do clero, pela reforma inteira<br />
de sua indumentária.<br />
Desde que a igreja não reclama, co,mo<br />
sendo seu, o papa humilde dessa inlalível revelação,<br />
procuremos estudar a sua figura exótica,<br />
comparando-o a alg·uns tipos populares,<br />
dos muitos que tembs encontrado, pelas encruzilhadas<br />
de nossa vida ...<br />
No nosso labor de antigo viajante, por<br />
esses brasls á fora, temos, esporadicamente,<br />
deparado com esses pobres diabos, esses falsos<br />
regeneradores, de que fala a nitra-revelação<br />
...<br />
São criatursa incultas, de vestes humildes,<br />
de barbas e cabelos crescidos, olhares<br />
amortecidos, atitudes beáticas, cingidos por<br />
cordões, sobraÇando um grosso cajado, tendo<br />
numa das mãos um crucifixo, noutra um seboso<br />
evangelho, e que servem de alvo à ironia<br />
pública.<br />
Temos, como espiritista, observado essea<br />
pobres infelizes, procurando desvendar noa<br />
aeus atos e nas suas ações de regenera.dor da<br />
humanidade, os tristes arcanos de 1ua vida;<br />
e, quanto mais os estudamo•, mail noa con·
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"Tudo quanto, com relação ao presente,<br />
cwnpre que conheçais, vos é. revelado.,.<br />
Essa advertência eríl tom conselheiro e<br />
amigo, quasi com desvelo de mãe carinhosa,<br />
é o prólogo dos belfssimos ensinos sôbre o fu·<br />
turo que nos espera, se continuarmos aceitando,<br />
como sendo de Doutrina Espirita, ensinamentos<br />
contrários à sua moral.<br />
v<br />
Já nos afirmaram, com arM de absoluta<br />
verdade, que "Revelação da Revelação", por<br />
ser uma obra muito transcendente, não tem<br />
sido compreendida pelos que a combatem.<br />
Negando, embora, esse qualificativo à<br />
obra de <strong>Roustaing</strong>, não deixamos, todavia, de<br />
reconhecer que a maioria dos espiritistas, que<br />
se batem contra "Revelação da Revelação", o<br />
íazem unicamente por divergência sôbre o<br />
corpo do Cristo, mas sem se haverem dado<br />
ao cuidado de fazer um profundo estudo sôbre<br />
esses livros.<br />
Somos levados a acredita-lo, porque, de<br />
nossa parte, sem nunca havermos aberto um<br />
.só dos quatro volumes da obra roustainguista,<br />
contra ela sempre nos insurgimos, por<br />
não aceitarmos o seu ponto de vista sôbre o.<br />
corpo de Jesús, e que era, segundo nos afirmavam,<br />
a única divergência existente entre<br />
as obras de <strong>Kardec</strong> e as de <strong>Roustaing</strong>.<br />
Esse lamentável êrro, em que nos deixámos<br />
ficar por muíto tempo e em que ainda<br />
se encontram muitos, tem sido, nio Be pode<br />
negar, o maior entrave a que uma di8cussão
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22-' LUCIANO COSTA<br />
séria se estabelecendo, dela pudesse resplandecer<br />
a luz da verdade, em todo o seu esplendor<br />
...<br />
Estribados uns e outros no corpo de Jesús,<br />
só vendo o que é de somenos importância<br />
e sem nada perceberem do que é de importância<br />
capital para a moral espírita, só prejudiciais<br />
têm sido à doutrina todas essas parlendas<br />
inúteis que adeptos e adversários de<br />
<strong>Roustaing</strong> vêm mantendo até o presente.<br />
Por isso, só por isso, vem a obra de <strong>Roustaing</strong><br />
resistindo a todas as investidas dos que<br />
a discutem sem conhecimento de causa, sem<br />
jamais conseguirem demover dos erros a que<br />
se apegam os que a aceitam e a propagam<br />
como artigo de fé ...<br />
E' que, uns, não a estudando convenientemente,<br />
tambem não se encontram em con·<br />
dições de fazer aparecer, mas suas contradições<br />
e os seus falsos ensinamentos; enquanto<br />
que outros, estudando-a, mas parceladamente<br />
e assim mesmo confiantes demais, nada<br />
tambem poderão observar de anmmal nos<br />
seus ensinos .<br />
Fazia-se mister, portanto, um estudo em<br />
conjunto de todos os seus ensinamentos, mesmo<br />
até um pouco de prevenção contra essa<br />
obra, para que, não se deixando escapar as<br />
contradições existentes na mesma, se pudesse<br />
provar que não são o:s argumentos estranhos<br />
que destroem os mf>ntirosos ensinos dados<br />
pelos espíritos mentirosos a <strong>Roustaing</strong>,<br />
mas, sim, outros ensinamentos dados por espíritos<br />
superiores e insertos tambem nessa<br />
mesma obra.
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.E A R D E C E N .l O R O U & T A I N G 227<br />
ação, ora ocultà, ora patente, dos espíritos<br />
purificados que, sob a direção do Mestre, trabalham<br />
pelo vosso progresso, mediante inspirações<br />
e comunicações mediúnicas, e tereis<br />
tambem os espíritos que virão incarnar com<br />
a missão de defender essas verdades e de vos<br />
levar a reconhecê-las como tais.<br />
"Eles vos levarão a reconhecê-las, pela<br />
liberdade do Senhor, que vem a ser: liberdade<br />
de conciência, liberdade de razão, liberdade<br />
de exame.<br />
41 Efetivamente, como tambem já tivemos<br />
ocasião de dizer, a liberdade dó Senhor implica,<br />
para vós, o uso livre da razão, a apreciação<br />
dos fatos e das cousas, a aplicação da<br />
ciência, a marcha progressiva em todos os<br />
assuntos, mas tudo isso com inteira simplicidade<br />
de coração, com humildade de espírito,<br />
desinteresse e desejo de progredir> tendo por<br />
guias únicos o amor a Deus acima de tudo<br />
e ao próximo mais do que a si mesmo".<br />
;E, ainda, em prosseguimento, responden<br />
:lo a algumas interpelações de <strong>Roustaing</strong>, mas<br />
:-;em se afastarem do objetivo anterior, o de<br />
demonstrar o valor sempre p-rogressivo das<br />
revelações posteriores sôbre as anteriores: ;<br />
"Porventura a revelação que Moisés trou·<br />
xe impediu o aparecimento dos númeroooo<br />
profetas que surgiram em Israel, todos esses<br />
espíritos em missão, mediuns inspirados e<br />
guiados pelos espíritos do Senhor, tendo todos<br />
por objetivo reconduzir os israelitas às<br />
crenças puras, libertando-os dos laços com<br />
que os tinham presos a tradição c a ambição<br />
dos levitas ?
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K A ft I> E C E K A O ft O l1 S T A I N G 2.21<br />
..<br />
pírito Santo, o espírito da verdade) estão vindo<br />
preparar e realizar o fim do mundo do<br />
êrro e da mentira, glorificar a Jesús, recordar-vos<br />
tudo o que êste disse, explicando, em<br />
espírito e verdade, e, desenvolvendo os seus<br />
ensinamentos, ensinar-vos progressij\'amente<br />
toda a verdade e anunciar-vos as cousas que<br />
hão de vir. ·<br />
"A terceira revelação, que assim vos trazem<br />
os espíritos do Senhor, enviados pelo Pai<br />
em nome de Jesús, vos é feita na medida do<br />
que podeis suportar e continuará progressi·<br />
vamente a ser feita na medida do que vos<br />
for sendo possível receber.<br />
u Ainda agora não acrediteis que tendes<br />
a revelação integral.<br />
4 '0s espíritos do Senhor vêm preparar o<br />
novo advento de Jesús que, quando fordes capazes<br />
e dignos de recebê-lo, vos virá mostrar<br />
sem véu a verdade, da qual êle é, como espírito<br />
da verdade, o complemento e a sanção,..
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A LEI E OS PROFETAS<br />
"<strong>Não</strong> julgueis que 'l.ri.m destruir a lei ou<br />
os profetas; não vim destruí-los, mas, sim,<br />
dar-lhes cumprimento; porque em verdade vos<br />
digo que o céu e a terra não passarão antes<br />
que tudo quanto se encontra na lei seja cum-<br />
1Jrido sem perda de um tü ou de um ponto."<br />
S. Mateus<br />
"Os anais rellgiosos narram como no sepulcro<br />
de Jesús seus amigos aflitos receberam<br />
do anjo uma comunicação pela qual aspiravam.<br />
- "Por que procurais o vivo entre os<br />
mortos?<br />
"Ele não está ali, ressuscitou.<br />
"Assim, amigos, tambem vos dizemos: -<br />
Por que vos retardar com insensata tristeza<br />
no sepulcro da verdade desaparecida?<br />
"Ela não está lá, ressuscitou, deixou o corpo<br />
do ensinamento dogmático, e nós vos proclamamos<br />
uma verdade sublime, uma fé<br />
mais apurada, um credo mais nobre, um Deus<br />
mais divino.<br />
"A voz que 'inspirou os instrutores das gerações<br />
passadas ressoou até vós; uma outra se<br />
eleva agora ... Deus procede sempre assim com
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A LEI E OS PROFETAS
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I<br />
Deante dos belíssimos conceitos morais da<br />
doutrina espírita, conceitos de que estão<br />
cheias todas as obras de Allan <strong>Kardec</strong> e dos<br />
seus continuadores, admira nos que ainda<br />
haja por esse mundo de Deus quem, embora já<br />
vivendo para o espirita, tenha para si que toda<br />
a moral do Espiritismo está na dependência<br />
da moral do Cristianismo.<br />
Essa concepção absurda pelo ilogismo<br />
que encerra, de que a doutrina dos espíritos<br />
depende da moral da Doutrina Cristã, faz<br />
acreditar qué os seus conceptores, de todo o<br />
arsenal de obras espyritas, só conhecem "Os<br />
Quatro Evangelhos de RÓustaing" e "O Evangelho<br />
Segundo o Espiritismo" e, deste último,<br />
apenas as citações evangélicas.<br />
<strong>Não</strong> negamos o imenso valor moral da<br />
doutrina cristã, sabemos o quanto de valioso<br />
e de sublime encerram os seus ensinamentos,<br />
porque tambem tem sido nesse relicário de<br />
inesgotáveis tesouros morais que vimos enriu<br />
quecendo o nosso pobre espírito; só apenas<br />
discordamos, pelo absurdo que isso representa,<br />
dessa substituição indevida do nome da<br />
doutrina cristã, como, infelizmente, se vem
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LVCJARO COITA<br />
cionemos deante dos evangelhos de Jesús e façamos<br />
dele um ser privllegiado.<br />
Amemos e respeitemos a .Jesús, como se<br />
deve amar e respeitar a um· irmão mais velho,<br />
mais sa.bio e mais mora.lisado; veneremos a<br />
Jesús, como se deve venerar a um espírito que<br />
sabemos ter alcançado a perfeição; mas não<br />
lhe emprestemos fóros de infalibilidade, nem<br />
tambem aceitemos os seus ensinamentos como<br />
sendo a última palavra de Deus.<br />
DI<br />
Tem sido toda a nossa tarefa o de querermos<br />
unificar, pela moral emanada do Espiritismo,<br />
os que de nós vivem dispersos, por se<br />
arraigarem a uma outra moral.<br />
Nesse empenho vimos lutando; as vêses ferindo-os<br />
no orgulho, escandalisando-os na<br />
crença e até mesmo lidicularisando-os na fé<br />
cega a que se agarram ,para acabar pezarosos<br />
conosco mesmo, por vê-los aferrados aos seus<br />
enganos e surdos aos clamores que já se fizeram<br />
sentir antes dos nossos.<br />
Apontarmos sempre as ilusões de que os<br />
cercam e chamá-los para realidade da verdadeira<br />
doutrina, antes que a noite venha e o<br />
dia seja considerado perdido para eles, tem<br />
sido, no entanto, o nosso mais acalentado desejo.<br />
Assim, sem nos mover outro interesse senão<br />
o de convence-los dos seus enganos, façamoa<br />
mais uma vez sentir a todos que são êles,
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241 LVCIANO COStA<br />
mos que só ante as provas dos erros em que se<br />
encontra <strong>Kardec</strong>, passaremos a recusar os seus<br />
ensinos morais e sabias, passando a aceitar<br />
<strong>Roustaing</strong>, com toda a sua cristologia e aparente<br />
religiosidade.<br />
Conseguirão os roustainguistas essa diticilima<br />
empreitada, esse quasi impossivel?<br />
Deixemos ao tempo, na sua eternidade, o<br />
cuidado de responder.<br />
IV<br />
·-<br />
Nos capítulos anteriores "procurámos demonstrar<br />
a ascendência da doutrina espirita<br />
sobre a cristã, e a esse mesmo assunto tornaremos,<br />
mórmente por se tratar de uma questão<br />
que reputamos serissima e que por isso precisa<br />
ficar bem esclarecida.<br />
Comecemos, portanto, estes outros comentários<br />
e que são, como já dissemos, um melhor<br />
esclarecimento à questão já iniciada, criticando<br />
a máneira indevida, de que alguns dos nossos<br />
confrades se servem, quando se referem<br />
ao Espiritismo ...<br />
Em artigos, discursos e preces não raro é<br />
ler-se e ouvir-se:- "A doutrina de Jesús'', em<br />
se referindo à doutrina dos Espíritos_.<br />
Temos lido, constantemente, artigos. e<br />
crónicas de fonte espirita, mas que, bem pensado,<br />
até parecem ser de autores protestantes<br />
e católicos, por cousa nenhuma se encontrar<br />
nesses escritos de moral espirita, e tudo ne•es<br />
tttar impregnado pelo espfrlto do CristianJs·
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E A B D I C I K A O a O V I f A I lf Q 161<br />
neração a Jesús, se, atendendo à época em que<br />
veio cada revelação e aos progressos dessas humanidades,<br />
concluirmos que, de todos os mis:"'<br />
sionários, nenhum foi superior a <strong>Kardec</strong>.<br />
A nossa arrojada concepção, bem sabemos,<br />
irá ser motivo de escandal.o entre os que.<br />
apegados à "Revelaçé.o da Revelação", aceitam<br />
um Cristo fluidico, infalivel e com atributos<br />
de divindade.<br />
Mas que fazer?<br />
<strong>Não</strong> estudamos o Espiritismo estribados<br />
em <strong>Roustaing</strong>; estamos apoiados na verdadeira<br />
revelação; é ela·que nos transporta para o<br />
dominio dessas belíssimas ·inspirações; quanto<br />
à Sabedoria, à Justiça e ao Amor a Deus.<br />
E' êle, o Espiritismo, que, havendo nos batisado<br />
pelo espírito da verdade, nos faculta estudar,<br />
admirar e julgar, sem l'eceio de nisso<br />
contrairmos pecado, as obras de todos os profetas,<br />
nos cenarios dessas humanidades, das<br />
quaís parUciparam.<br />
E' o Espiritismo, que, concitando-nos a devassar<br />
os ensinos considerados sagrados pelos<br />
antigos, transporta os nossos pensamentos para<br />
esses tempos remotos, afim de, por esforço<br />
da nossa inteligencia, desvendarmos os segredos<br />
dessas épocas plenas de mistério, em que<br />
o homem, educado no fanatismo religioso, só<br />
via o maravilhoso em tudo que o cercava..<br />
E' ele que, devassando parte do passado,<br />
aclarando todo o presentee deixando vislumbrar<br />
n que será o futuro, nos integraU.Ja den·<br />
tro de conhecimentos valiosos, conhecimentos<br />
esses, que nos facUltam apreciar como ae vem
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1: A B I) I C I • J. O a O V· I T A I lf G 211<br />
nossos innãos cristãos, é simplesmente insuportavel,<br />
por importar na negação do progresso<br />
espiritual do proprio Jesús.<br />
Essa enganosa compreensão de Jesús faz<br />
até parecer que, êle, cioso de sua doutrina, não<br />
participou da revelação espirita, para que e3ta<br />
não viesse, pela novidade dos seus ensinamentos,<br />
diminuir o número de seus admiradores<br />
entre os homens.<br />
Faz supor tambem que, enquanto Deus<br />
era servido mandar-nos maiores mésses de luz,<br />
Jesús, por estar só adstrlcto à sua obra., cruzou<br />
os braços e, no seu canto, sem esconder os seus<br />
ciumes à vontade de Deus, se deixou ficar descontente<br />
e invejoso contra os novos ensinos.<br />
que vinham em concorrencia à sua infalivel<br />
doutrina.<br />
Essa, infelizmente, é a dolorosa bnpressão<br />
que temos dos que, dizendo-se espiritistas,<br />
abandonaram a Jesús espírito, sempre presente,<br />
sempre em nós, para ir adorá-lo lá distante,<br />
nas catacumbas de seus evangelhos.<br />
Esse espfrito de religiosidade evangélica,<br />
de que <strong>Roustaing</strong> está cheio, é que faz com<br />
que os roustainguistas, contrariando os ensinamentos<br />
do codificador, procurem dar ao Espiritismo<br />
destino diferente daquele para que o<br />
Espiritismo veio.<br />
<strong>Não</strong> veio o espiritismo para dispersar os<br />
homens; mas sim para que os homens se reuncm<br />
em torno dêle.<br />
<strong>Não</strong> veio o Espiritismo para que tlr.aasemos<br />
er;quecídos em um passado. que nlo mais<br />
pertence ao homem atual: mu 11m para nos
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JJt ttrC!AMO COSTA<br />
de encontrará lugar em todos os corações e a<br />
filosofia do Amor será cultivada por todos.<br />
v<br />
Demonstrada a superioridade da moral espirita<br />
sobre as demais, encerremos o nosso<br />
trabalho com os ensinamentos belíssimos de<br />
Alan K.ardec, insertos no seu livro "Ceu e Inferno"<br />
cap. III n° 18, e que vêm em confirmação<br />
do que afirmamos:<br />
-"Nessa imensidade ilimitada, onde está<br />
o céu?<br />
"Por toda a parte. Nenhum contorno lhe<br />
traça limites.<br />
••os mundos adiantados são a.s últimas estações<br />
do seu caminho, que as virtudes fran.<br />
queiam, e os vícios lnterditatn.<br />
"Ante este quadro grandioso que povôa. o<br />
universo que dá a todos as cousas da criação<br />
um (im e uma razão de ser, quanto é pequena<br />
c mesquinha a doutrina que circunscreve a<br />
humanidade a um ponto imperceptível do espaço,<br />
que no-Ia mostra começando em dado<br />
instante para acabar igualmente com o mundo<br />
que a contem, não abrangendo mais do<br />
que um minuto na eternidade!<br />
"Como é triste, fria, glacial essa doutrina<br />
quando nos mostra o resto do universo, durante<br />
e depois da humanidade terrestre, sem vida,<br />
sem movimento, qual vastíssimo deserto<br />
Jmerso em profundo silencio!<br />
.. Como é desesperadora a perspectiva dos<br />
eleitos votados i contemplação perpetua, en-