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A maldade original de fábrica Veículo: Revista Jurídica Consulex Por

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28<br />

cérebro capacitado para distinguir o certo do errado estão<br />

no DNA <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós. Se a seleção natural tem participação<br />

ativa na construção do senso moral dos humanos, é<br />

<strong>de</strong> esperar que o sentido <strong>de</strong> justiça e a compaixão também<br />

estejam presentes em outros segmentos do reino animal. E<br />

<strong>de</strong> fato estão, especialmente entre os primatas.<br />

Vários experimentos com chimpanzés <strong>de</strong>monstraram<br />

que estes foram capazes <strong>de</strong> apresentar sentimentos <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong><br />

e compaixão ao perceberem humanos, animais<br />

da mesma espécie e até aves em momentos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>.<br />

Tudo leva a crer que eles sabiam qual era a coisa certa a fazer.<br />

Toda a teoria da evolução das espécies se baseia na competitivida<strong>de</strong><br />

e na sobrevivência dos mais aptos. Como po<strong>de</strong>mos<br />

enten<strong>de</strong>r que características <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> e altruísmo<br />

“Se, <strong>de</strong> fato, existe um ‘kit<br />

<strong>de</strong> moralida<strong>de</strong>’ instalado em<br />

nosso cérebro, como explicar o<br />

comportamento <strong>de</strong>sumano dos<br />

psicopatas? Estudos apontam<br />

que esses indivíduos apresentam<br />

uma ‘<strong>de</strong>sconexão’ dos circuitos<br />

cerebrais relacionados à emoção.<br />

Só po<strong>de</strong>mos ter senso moral<br />

quando manifestamos um mínimo<br />

<strong>de</strong> afeto em relação às pessoas<br />

e às coisas ao nosso redor.”<br />

tenham se perpetuado e evoluído em meio à violência do<br />

mundo natural? Teoricamente, os organismos “bonzinhos”<br />

<strong>de</strong>veriam ter ficado pelo caminho nessa corrida biológica.<br />

No entanto, ao longo das últimas décadas, os cientistas<br />

começaram a <strong>de</strong>svendar as vantagens evolutivas das “criaturas<br />

do bem”.<br />

Existem algumas teorias que tentam explicar o senso<br />

<strong>de</strong> justiça mais apurado em <strong>de</strong>terminados animais e nos<br />

humanos. Entre elas estão a “teoria da mente” e a “teoria<br />

do cérebro social”.<br />

A “teoria da mente” consiste basicamente na capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um ser biológico (humano ou não) imaginar que outros<br />

seres possam ter uma vida mental similar à <strong>de</strong>le. Essa teoria<br />

po<strong>de</strong> ser facilmente compreendida quando nos colocamos<br />

no lugar <strong>de</strong> outras pessoas, para inferir como elas <strong>de</strong>vem<br />

estar se sentindo.<br />

A “teoria do cérebro social” se <strong>de</strong>senvolveu <strong>de</strong> forma<br />

significativa nos últimos anos, <strong>de</strong>vido à utilização da Ressonância<br />

Magnética funcional (RMf), capaz <strong>de</strong> gerar um<br />

revista JUrÍDiCa ConsUlex - ano xv - nº 347 - 1º De JUlho/2011<br />

retrato <strong>de</strong>talhado das estruturas cerebrais. Como um ví<strong>de</strong>o,<br />

ela mostra o funcionamento <strong>de</strong> partes específicas do cérebro,<br />

quando ativadas durante certas situações. <strong>Por</strong> exemplo,<br />

ao ouvirmos o choro <strong>de</strong> uma pessoa que amamos, o centro<br />

da afetivida<strong>de</strong> entra em “ebulição”.<br />

Com base nesses estudos, os cientistas começaram a<br />

respon<strong>de</strong>r a uma série <strong>de</strong> perguntas sobre o comportamento<br />

social das pessoas. Existe, <strong>de</strong> fato, algum mecanismo<br />

mental na espécie humana responsável por nossos atos<br />

generosos ou solidários? Caso esse mecanismo exista, ele<br />

nasce “ativado” ou “<strong>de</strong>sativado”, conforme a pessoa? Esse<br />

processo <strong>de</strong> ligar/<strong>de</strong>sligar é algo que apren<strong>de</strong>mos por meio<br />

do convívio social ou trazemos conosco?<br />

Com a utilização da Ressonância Magnética funcional<br />

(RMf), muitos pesquisadores do comportamento humano<br />

passaram a utilizar o termo “cérebro social”, que po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>finido como o somatório <strong>de</strong> todos os mecanismos neurais<br />

envolvidos na orquestração <strong>de</strong> nossas interações sociais.<br />

Assim, o cérebro social nos possibilita a percepção empática<br />

dos sentimentos alheios.<br />

Se, <strong>de</strong> fato, existe um “kit <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong>” instalado em<br />

nosso cérebro, como explicar o comportamento <strong>de</strong>sumano<br />

dos psicopatas? Os estudos indicaram que esses indivíduos<br />

apresentam uma “<strong>de</strong>sconexão” dos circuitos cerebrais relacionados<br />

à emoção. Só po<strong>de</strong>mos ter senso moral quando<br />

manifestamos um mínimo <strong>de</strong> afeto em relação às pessoas<br />

e às coisas ao nosso redor.<br />

Dessa maneira, o comportamento frio e perverso dos psicopatas<br />

não po<strong>de</strong> ser atribuído simplesmente a uma má-criação<br />

ou educação. A origem da psicopatia está na incapacida<strong>de</strong><br />

que essas criaturas têm <strong>de</strong> sentir e não <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> forma<br />

correta. Para enten<strong>de</strong>r como uma mente po<strong>de</strong> funcionar sem<br />

emoção, é preciso conhecer os aspectos neurofuncionais.<br />

CONSULEx_347_ok.indd 28 24/06/2011 23:52:04<br />

PIxMAc

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