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A PINEAL, GLÂNDULA DA VIDA MENTAL
Dra. Marlene Nobre *
(Uma análise sob a óptica médica e espírita da glândula que regula, desde o
funcionamento harmonioso do corpo, até ao processo mediúnico)
No séc. XVII, Descartes ensinava que a glândula pineal ou epífise, era a sede da
alma. Mas até há pouco tempo, esta estrutura cerebral era considerada apenas um órgão
vestigial, um resíduo do fotorreceptor dorsal ou terceiro olho, que se encontra nalguns
vertebrados inferiores.
Conhecida pelas religiões orientais, a glândula pineal era especialmente aprovada
entre os hindus, por ser um dos componentes do chacra coronário – a flor das mil pétalas.
Mas foi só a partir de 1945, com o lançamento do livro Missionários da Luz,
recebido
pelo médium Chico Xavier, que se obtiveram revelações de grande alcance, relativamente
às suas funções no complexo mente-corpo-espírito. Aqui, o autor espiritual André Luíz
(pseudónimo de um respeitado médico e cientista do princípio do século XX, falecido no
Rio de Janeiro), exprimindo-se mais como um repórter do que como um pesquisador,
explica as funções – até então desconhecidas – da pineal. "Não se trata de um órgão
morto, mas sim de uma poderosa fábrica", esclarece. Estas e outras informações
importantíssimas podem ser resumidas nas seguinte cinco alíneas:
a) A pineal segrega hormonas psíquicas ou "unidades-força" que controlam as
glândulas sexuais e todo o sistema endócrino. Na puberdade, acorda no organismo
humano as forças criadoras. Por volta dos 14 anos, abandona a acção de refrear que
exerceu durante o período da infância e volta a funcionar como fonte criadora e válvula de
escape. Portanto, a partir da adolescência promove a recapitulação da sexualidade,
fazendo com que a pessoa faça o inventário das paixões vividas noutras existências, que
reaparecem sob fortes impulsos. Tanto os cromossomas da bolsa seminal como os dos
ovários, recebem a sua directa e determinada influência. Assim, a sua posição na
experiência sexual, é básica e total;
b) Dirige os fenómenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada
expressão do corpo espiritual que é;
c) Sob resolução directa da vontade e graças à sua ligação com a mente, comanda
as forças subconscientes, através dos princípios electromagnéticos do campo vital;
d) Abastece com energias psíquicas todos os armazéns autónomos dos órgãos;
e) É a glândula da vida mental, um dos principais componentes do chacra
coronário, o mais importante centro vital do psicossoma ou corpo espiritual, localizado no
diencéfalo.
Como vemos, André Luíz revelou, em 1945, umas funções extremamente
importantes e específicas da glândula pineal na economia orgânica, ainda nem sequer
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suspeitadas pela investigação médica terrestre, e foi mais além, afirmando que, por seu
intermédio, estamos ligados a outras dimensões da vida como, por exemplo, durante a
tarefa mediúnica, em que a pineal ou epífise, se torna extremamente luminosa. Nessa
altura, entram em jogo vibrações subtilíssimas, que são indetectáveis pelos aparelhos
normais.
A Divina Providência dotou esta pequena estrutura – com um peso inferior aos 100
mg., parecida a uma ervilha e com o formato de um cone –, com uns potenciais
extraordinários, que lhe permitem traduzir estímulos psíquicos em reacções de ordem
somática e vice-versa, pondo o ser encarnado em contacto permanente com o mundo
espiritual – eterno, primitivo e pré-existente.
O Sono e o Envelhecimento
Foram realizados muitos estudos, a fim de se determinar quais os efeitos da luz
sobre a produção da melatonina (a hormona da mediunidade) no homem. Concluiu-se que
a luz do sol ou uma luz artificial forte, leva à supressão da secreção de melatonina.
Habitualmente, o organismo tem um padrão constante de actuação, em que há altos
níveis de secreção da melatonina à noite, e baixos durante o dia. Assim, a luz exerce um
papel fundamental na regulação da hormona pineal, que actua em ciclos de 25 ou 26
horas. Os estudos cronobiológicos de Wurtman a respeito da melatonina, levaram
inclusivamente à utilização de luz artificial intensa nalguns casos de depressão, tendo-se
obtido bons resultados.
Portanto, a escuridão tem influência, aumentando a taxa de produção da
melatonina. É possível que intuitivamente o homem sempre o tivesse sabido, porque
desde tempos imemoriais, tem tentado realizar os intercâmbios com o outro lado da vida,
em ambientes muito pouco iluminados.
Mas não é só a luz… O pólo magnético da Terra, exerce também uma influência
directa sobre o seu funcionamento. E ficou igualmente demonstrado que a produção de
melatonina varia conforme as estações do ano e que tem influência na reprodução
sazonal dos animais e nos fenómenos de hibernação.
Esta variação sazonal também está presente no homem. Com efeito, há uma
redução deste processo hormonal nos idosos, mas os investigadores não acreditam que a
redução esteja relacionada com a calcificação, mas sim com outros factores.
A produção máxima de melatonina é alcançada durante o sono e coincide com os
períodos de maior escuridão.
Verificou-se também que os pacientes com jet-lag têm desordens dos ritmos
circadianos*, com perturbação nos níveis de produção da melatonina: picos em horários
anormais e falta de sincronização. Nestes casos, há distúrbios do sono, da concentração,
da fadiga, da capacidade de concentração, etc.
O Sistema Imunológico
Sabe-se que o sistema imunológico apresenta um ritmo circadiano e sazonal no
cumprimento das suas funções, o que indica que, provavelmente, a sua actividade é
regulada pela pineal. Esta dependência já foi constatada nalgumas experiências com
animais.
Também se verificou que a ablação da pineal provoca um crescimento do tecido do
tumor canceroso, enquanto que a administração de melatonina, produz o efeito contrário.
Sobretudo no cancro da mama, parece que a baixa secreção de melatonina, pode influir
no seu desenvolvimento.
E tudo indica que a pineal também tenha um papel no stress. Já se confirmou a
relação directa entre os níveis de produção da melatonina e a fadiga e a sonolência em
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indivíduos submetidos à privação constante de sono, e à informação relativa ao período
claro-escuro.
Em ratos pinealecomizados (privados da pineal) houve uma indução da hipertensão
arterial, que foi bloqueada pela administração de melatonina. É provável que também
tenha influência nas alterações da mielina e no glaucoma.
Há ainda relatos da influência da pineal em doenças neurológicas como a epilepsia,
a doença de Parkinson, a esclerose lateral amiotrófica, assim como em distúrbios
endócrinos, como a síndrome de Turner, o hipogonadismo [conjunto de manifestações
devidas a uma insuficiência da secreção das glândulas genitais (ovários ou testículos)],
etc.
O Centro das Emoções
"Se pudéssemos apontar para um centro de emoções no cérebro, esse seria o
hipotálamo. Isto apenas significa que é nesse nível que os vários componentes da
reacção emocional são organizados em padrões definitivos", afirma Marino Jr.. De facto, o
hipotálamo faz parte de um sistema complexo responsável pelo mecanismo que elabora
as funções emotivas – o sistema límbico de Maclean.
André Luíz afirma que a pineal dirige os fenómenos nervosos da emotividade e já
vimos que dois núcleos hipotalâmicos sofrem a sua acção directa. Assim, estamos em
crer que a constatação científica desta informação mediúnica, é uma questão de tempo.
Altschule (1957), Eldred et al. (1961) e outros investigadores, têm levado a cabo
estudos importantes, que demonstram a acção benéfica, nos esquizofrénicos, de extractos
pineais.
Hartley e Smith (1973), pelos resultados dos seus trabalhos na Escola de Farmácia
da Universidade de Bradford (Inglaterra), estão inclinados a admitir que nos casos de
esquizofrenia, a HIOMT (a enzima responsável pela sintetização da melatonina) estaria a
agir sobre substratos anormais, produzindo as substâncias implicadas na doença. Como a
enzima actua num ritmo circadiano, é possível que na esquizofrenia trabalhe fora de fase
com o seu substrato, favorecendo uma transmetilação anormal. Há indícios da implicação
da pineal na etimologia desta doença, mas as investigações precisam de avançar mais,
para se chegar a uma conclusão definitiva.
André Luíz, o médico desencarnado, afirma que a pineal é a glândula-mestra, a que
tem ascendência sobre todo o sistema endócrino.
Neste artigo, citámos grandes nomes da investigação que já detectaram a acção da
melatonina sobre o hipotálamo, a estrutura nobre que até hoje é considerada como a
responsável pelo sistema endócrino. Vimos também a acção gonadal desta hormona
sobre a reprodução sazonal dos animais, em diversos distúrbios endócrinos.
Wurtman lembrou – e muito bem – que nenhuma glândula foi tão exaustivamente
investigada como a tiróide. No entanto, só muito recentemente foi detectada a
tireocalcitonina, a hormona tiroideana, com um enorme significado fisiológico.
Com este apontamento, Wurtman quis sublinhar o número ainda reduzido de
pesquisas sobre a pineal, visto que estas só começaram em meados do século XX, ao
passo que as outras glândulas endócrinas, já nessa altura eram investigadas há muitas
décadas.
Não temos dúvida de que a pesquisa médica vai evoluir muitíssimo neste milénio.
Não nos podemos esquecer de que o perispírito ainda é um ilustre desconhecido, e a sua
simples descoberta por parte da ciência oficial, bem como a sua posterior investigação
laboratorial, irá contribuir decisivamente para a mudança definitiva da visão materialista e
mecanicista, em que actualmente se apoia a investigação. Aliás, o potencial da pineal só
se conhecerá na íntegra, com as concomitantes pesquisas do psicossoma ou corpo
espiritual. A verdadeira fábrica de luz em que, segundo a descrição de André Luíz, a
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pineal se transforma durante o fenómeno mediúnico, só poderá ser detectada por lentes
que alcancem a quarta dimensão.
Quanto à revelação que o ilustre médico desencarnado faz de que a pineal é o
centro das emoções, já vimos que ainda é o hipotálamo que é considerado como tal.
Contudo, ao estudar-se o sistema límbico e as suas ligações à habénula (epitálamo),
assim como as interrelações desta com a glândula pineal, não é difícil prever que o
aprofundar das pesquisas, determinará uma participação mais ampla desta última, no
mecanismo das emoções.
O autor espiritual refere ainda nos seus estudos, que a pineal comanda as forças
subconscientes, sob determinação directa da vontade. Ele entende como “forças
subconscientes”, todo o arquivo da personalidade encarnada, respeitante às suas
experiências nas outras encarnações, e isto, desde a fase pré-racional até aos dias de
hoje.
Este assunto é tão vasto e importante, que exigiria um outro artigo muito mais
extenso do que este, inclusivamente com considerações psicanalíticas.
A pineal abastece de energias psíquicas todos os armazéns autónomos dos
órgãos. Aqui, é útil lembrar que num outro livro – Evolução em Dois Mundos – André Luíz
introduz o conceito de bióforos, esclarecendo que são estruturas do corpo espiritual que
estão presentes no interior da célula e que têm uma acção marcante no seu
funcionamento. Como exemplo, dá as mitocôndrias, que acumulam energias espirituais
sob a forma de grânulos e que imprimem a vontade do espírito no âmago da célula, pelo
que todos os estados mentais felizes e infelizes se reflectem na economia orgânica.
A Função Espiritual
Finalmente, é preciso considerá-la como a glândula da vida mental. Já comentámos
os estudos que a situam na etiologia de doenças como a esquizofrenia.
É preciso considerar também o que Philip Lansky comenta sobre a conversão da
melatonina em 10-methoxyharmalan, um potente alucinogénio. No seu artigo
“Neurochemistry and the Awakening of Kundalini”, publicado em 1975, Lansky foca o
processo através do qual se dá a conversão da energia sexual em psíquica, procurando
explicar neuroquimicamente a experiência vivida por Gopi Krishna na sua autobiografia.
Eis um extracto do descrito por Krishna, denominado Kundalini:
“Durante uma dessas intensas concentrações, subitamente, senti uma estranha sensação
na base da espinha, no sítio onde se liga ao cóccix, logo que me sentei de pernas
cruzadas num tapete dobrado no chão. A sensação foi tão extraordinária e prazenteira,
que a minha atenção, inevitavelmente se focou ali. No preciso instante em que a atenção
se focou naquele ponto, a sensação passou... Quando já estava completamente imerso na
concentração, voltei novamente a sentir a mesma sensação, mas desta vez, em vez de
alongar a minha mente até ao ponto que tinha anteriormente fixado, mantive a minha
atenção rigidamente no exterior. A sensação voltou a estender-se para cima, crescendo
em intensidade, e eu senti-me a flutuar; mas com um grande esforço, mantive a atenção
concentrada à volta do lótus. De repente, senti uma corrente luminosa de líquido a entrar
no meu cérebro através da espinal medula”.
Ao procurar explicações neuroquímicas para a experiência espiritual, Lansky faz as
seguintes observações:
a) os conceitos tradicionais conhecidos, revelam uma interacção entre os centros
sexuais dos chacras inferiores e os centros psíquicos localizados no cérebro, nos chacras
superiores;
b) a experiência de Gopi Krishna envolve a percepção subjectiva da luz. Este
fenómeno mental, podia ser chamado "alucinatório";
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c) o chacra superior, o mais importante de todos eles, está associado à glândula
pineal.
A seguir, Lansky faz considerações sobre a melatonina e as suas funções, que
ainda são em grande parte desconhecidas, sublinhando as experiências que evidenciam o
seu efeito inibidor sobre os mamíferos (machos e fêmeas) e também o inverso, isto é, as
hormonas sexuais testosterona, estrogéneo e progesterona, a inibirem a biossíntese da
melatonina. Frisa também o que já se sabe desde há muito: que a glândula pineal está
envolvida na percepção da luz.
Neste ponto, Lansky diz que a melatonina pode transformar-se em 10methoxyharmalan,
(que é um potente alucinogénio) o que poderia explicar também as
alucinações que acontecem em várias desordens mentais. Como se vê, a experiência do
nascimento da kundalini e da sua transformação, parece envolver directamente a pineal…
É interessante realçar também que a glândula pineal ou epífise, permite ao homem
reencarnado adaptar-se ao tempo da terceira dimensão, assim como lhe faculta a
percepção do tempo noutras dimensões, no decorrer do fenómeno mediúnico.
O facto dela abastecer o organismo com um tempo circulante, parece estar ligado à
sua actividade rítmica de cerca de 24 horas, em que produz maior ou menor quantidade
de melatonina, de acordo com os períodos de escuridão e de claridade.
Na verdade, o olho humano deixa passar a informação de claro-escuro, mas só a
pineal, sob o comando da mente, é capaz de interpretar de maneira mais abrangente os
dados ambientais, incluindo o do pólo magnético da Terra.
E não podemos deixar de lembrar aqui as investigações feitas pela NASA com uns
médiuns brasileiros do estado de Minas Gerais, entre os quais, Chico Xavier. Neste, os
cientistas da NASA detectaram a sua aura, com mais de 20 metros (um autêntico recorde)
e procuraram relacionar os dados conhecidos do magnetismo terrestre deste estado
brasileiro (que tem os índices mais baixos do mundo) com a incidência de médiuns
excepcionais nesta mesma área.
Segundo as informações espirituais, há efectivamente uma relação directa, porque
a pineal funciona também com base no pólo magnético da Terra. Estas três experiências,
portanto, devem ser tidas em conta pelos investigadores da glândula pineal.
Mas ela ainda tem a nobre missão de facultar ao homem a percepção de uma outra
luz que emana do mundo espiritual, através de um fenómeno conhecido desde tempos
imemoriais: o da mediunidade, capaz de impelir o homem para as mais vastas e
definitivas conquistas.
* médica ginecologista, escritora, e presidente das Associações
Médico-Espírita (AME) do Brasil e Internacional.
(Transcrito da Revista Cristã de Espiritismo, edição especial nº 8)
* O ritmo circadiano, ou ciclo circadiano, designa o período de aproximadamente um dia, ou 24 horas, sobre o
qual se baseia todo o ciclo biológico do corpo humano, influenciado através da luz solar, regulador de todos os
ritmos biológicos e alguns psicológicos, como a digestão, o estado de vigília, o crescimento e renovação das
células, assim como a subida ou descida da temperatura.
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