1. 2. Texto para a reflexão pessoal: “O Mistério da Encarnação
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<strong>Texto</strong>s <strong>para</strong> a oração <strong>pessoal</strong>:<br />
Propomos o texto de Fl 2,6-8 com o esquema <strong>da</strong> lectio divina como<br />
aju<strong>da</strong> <strong>para</strong> a oração <strong>pessoal</strong>. Esquema que se pode aplicar a<br />
outros textos.<br />
Leitura: Leio com devoção a Palavra de Deus até que<br />
toque o meu coração.<br />
Meditação: Deixo-me impelir pelo amor de Deus que se<br />
abaixa até fazer-se homem. Acolho e saboreio a Palavra.<br />
Oração: Dou resposta. Falo com Deus, digo-lhe o que<br />
sinto neste momento e escuto o que percebo que Ele me<br />
está a dizer.<br />
Contemplação: Deixo-me conduzir por Ele e comprometo-me<br />
a mu<strong>da</strong>r algo <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong> à luz desta Palavra.<br />
Outros textos<br />
Descanso<br />
A Anunciação-<strong>Encarnação</strong>: Mt 1,18-25; Lc 1, 26-38; Jo<br />
1,14; Jo 1,14<br />
A <strong>Encarnação</strong> é um acto de amor de Deus aos homens:<br />
Jo 3,16; Gl 4,4-7; 1Jo 4,9-10.<br />
Com a sua <strong>Encarnação</strong> ilumina a reali<strong>da</strong>de do ser humano:<br />
Jo1,9; Jo 8,12; Jo 12,46.<br />
Jesus, fazendo-se homem, faz-se solidário com os seres<br />
humanos e ensina-nos a viver o amor: Mt 11,28-30,<br />
Jo13,1; Jo 13,34.<br />
Jo 15,12-13; Rom 8,3-4; Heb 2,17-18; Heb 4,15.<br />
Retiro Primeiro<br />
Bicentenário<br />
(Irmãs e Leigos)<br />
<strong>Texto</strong> <strong>para</strong> a<br />
<strong>reflexão</strong> <strong>pessoal</strong><br />
<strong>“O</strong> <strong>Mistério</strong> <strong>da</strong> <strong>Encarnação</strong> “<br />
<strong>1.</strong>2
<strong>Texto</strong> <strong>para</strong> <strong>reflexão</strong> <strong>pessoal</strong><br />
O MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO<br />
Considerai, meus irmãos, o grandíssimo amor de Deus <strong>para</strong><br />
connosco, pois entre muitos meios, mais fáceis <strong>para</strong> Ele, que<br />
podia ter escolhido <strong>para</strong> salvar o homem, escolheu o mais conveniente<br />
<strong>para</strong> o exaltar, pois na<strong>da</strong> podia honrar tanto a raça<br />
humana do que contar como um <strong>da</strong> sua raça o Seu próprio Filho,<br />
a segun<strong>da</strong> pessoa <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de. De forma que,<br />
<strong>para</strong> nos comunicar a Sua grandeza, Deus desce até nós e fazse<br />
de imortal, mortal; de eterno, temporal; e de Senhor e Rei,<br />
que é, converte-se em escravo e opróbrio <strong>da</strong> terra”(Padre Usera.<br />
Escritos, pág. 294).<br />
O Padre Usera descreve como todo o Antigo Testamento é<br />
uma pre<strong>para</strong>ção deste momento especialíssimo. Vê que o sentido<br />
do Povo Eleito só se descobre plenamente à luz <strong>da</strong> <strong>Encarnação</strong>.<br />
Os patriarcas, os reis e os juízes, os profetas e sacerdotes<br />
que aparecem ao longo <strong>da</strong> História <strong>da</strong> Salvação têm um único<br />
fim: criar, garantir e pre<strong>para</strong>r um Povo no qual Deus vai-se fazer<br />
presente. Desde o primeiro momento Deus o adverte desta<br />
ver<strong>da</strong>de: “Eu porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua<br />
descendência e a dela; ela te esmagará a cabeça e tu só tocarás o<br />
seu calcanhar” (Gn 3,15).<br />
“As promessas de Deus atingem o seu cumprimento, de forma<br />
surpreendente e insuperável, na <strong>Encarnação</strong>. O desígnio de<br />
Deus sobre a vi<strong>da</strong> realiza-se na humani<strong>da</strong>de plena de um homem,<br />
Jesus de Nazaré, em quem o Verbo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> (1 Jo 1,1) assume<br />
a debili<strong>da</strong>de humana <strong>para</strong> a resgatar <strong>da</strong> morte e fazê-la<br />
participante do amor divino” (Jesus Cristo, a vi<strong>da</strong> do mundo,<br />
23).<br />
sacrifício <strong>da</strong> missa, dor muito mais sensível quanto o que fazia o inolvidável<br />
e virtuoso finado era gratuito e em benefício dos desvalidos”.<br />
(Positio sobre as Virtudes e Fama de Santi<strong>da</strong>de, pág. 460).<br />
CONCLUSÃO<br />
Com a <strong>Encarnação</strong> a história humana não mu<strong>da</strong> de rumo mas compreende-se<br />
de forma diferente. Já não é uma história meramente humana.<br />
É a história de Deus que se torna presente ao homem e chama-o<br />
à comunhão com Ele.<br />
O homem, ca<strong>da</strong> homem, torna-se participante de uma vi<strong>da</strong> nova que<br />
se tem de ir construindo <strong>para</strong> que seja viva. O mistério <strong>da</strong> <strong>Encarnação</strong>,<br />
como uma luz, ilumina a vi<strong>da</strong> do ser humano e descobre-lhe o sentido<br />
<strong>da</strong> existência.<br />
“Na reali<strong>da</strong>de, o mistério do homem não se culmina ver<strong>da</strong>deiramente<br />
a não ser no mistério do Verbo Encarnado. Adão, o primeiro homem,<br />
era a figura do que havia de vir: Cristo, o Senhor. Cristo, o novo<br />
Adão, na mesma revelação do mistério do Pai e do seu amor, manifesta<br />
plenamente o homem ao próprio homem e descobre-lhe a sublimi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> sua vocação” (GS 22).<br />
PERGUNTAS PARA O APROFUNDAMENTO DO TEMA:<br />
Jesus, fazendo-se homem, faz-se solidário com os seres<br />
humanos e ensina-nos a viver o amor:<br />
<strong>1.</strong> Que implicações concretas tem, <strong>para</strong> a tua vi<strong>da</strong>, o <strong>Mistério</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Encarnação</strong>?<br />
<strong>2.</strong> Como é que o <strong>Mistério</strong> <strong>da</strong> <strong>Encarnação</strong> influiu na vi<strong>da</strong> do<br />
Padre Usera?<br />
3. Que significa <strong>para</strong> ele a dignificação <strong>da</strong> pessoa a partir<br />
deste <strong>Mistério</strong>?<br />
4. Como é que os escritos do Padre Usera iluminam a nossa<br />
vi<strong>da</strong> de crentes?<br />
6
“Estou decidido a identificar a minha sorte com a <strong>da</strong>s nossas possessões<br />
do golfo <strong>da</strong> Guiné… Nenhum outro fim me conduziu a esses longínquos<br />
países senão o de contribuir com os meus escassos conhecimentos e<br />
bom zelo <strong>para</strong> o bem-estar dos seus simples habitantes <strong>da</strong>ndo-lhes a conhecer<br />
as vantagens <strong>da</strong> civilização, quando vão acompanha<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s consolações<br />
<strong>da</strong> graça e dos luminosos conhecimentos que traz consigo a religião<br />
do Crucificado (Memória <strong>da</strong> Ilha de Fernando Pó. Escritos,<br />
pág.137).<br />
Para os que não me conhecem, deverei dizer que há muito tempo que<br />
me consagrei inteiramente a defender os direitos <strong>da</strong> raça negra á que amo<br />
em Jesus Cristo, que é o melhor e o mais desinteressado amor”.<br />
(Observações ao Opúsculo sobre a colonização de Fernando Pó. Escritos,<br />
pág. 225).<br />
Na Memória <strong>da</strong> Ilha de Fernando Pó (Escritos pág. 183), o Padre Usera<br />
relata a doença e morte de um grumete, Manuel Rodríguez, de 37 anos,<br />
“vítima dos rigores do clima”, durante a viagem. Jerónimo administra-lhe<br />
os sacramentos e a sua presença ao lado do doente devia ser constante, a<br />
julgar pelos pormenores que recor<strong>da</strong> na Memória, e pelo respeito que manifesta<br />
pela grandeza <strong>da</strong> pessoa, especialmente do pequeno e débil: “Não<br />
me acusem de minucioso al mencionar o falecimento de um pobre grumete,<br />
porque aquele grumete era um espanhol que perdeu a sua vi<strong>da</strong>, deixando<br />
uma infeliz mulher e duas pobrezinhas órfãs, <strong>para</strong> servir lealmente<br />
a sua rainha e a sua pátria: Que Deus lhe tenha concedido o seu eterno<br />
descanso!”<br />
O último serviço que realizou Jerónimo foi o de exercer gratuitamente<br />
de capelão do Asilo de Mendigos. Uma semana depois <strong>da</strong> sua morte, o<br />
presidente do Conselho Económico do Asilo Geral de Mendigos <strong>da</strong> Misericórdia,<br />
D. Jaime Nogueira, comunicava ao Bispo de Havana, entre outros,<br />
estes sentimentos: “o profundo pesar causado por tão irreparável<br />
per<strong>da</strong>... os pobres acolhidos nesta Casa de Cari<strong>da</strong>de viam nele um pai<br />
pelo solícito carinho que sempre lhes ofereceu, atendendo ao mesmo tempo<br />
á saúde <strong>da</strong>s suas almas, pois até aos últimos dias <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> não deixou<br />
de celebrar na capela do Estabelecimento nos dias festivos o santo<br />
5<br />
Na novena de Nossa Senhora de Belém, prega<strong>da</strong> em Porto Rico<br />
pelo Venerável Padre Jerónimo Usera, destaca a figura de Maria<br />
que “submetendo-se à vontade de Deus que a escolheu por Mãe,<br />
ficou feita Mãe de Deus” (Escritos pág. 299). E por ser a Mãe de<br />
Deus é a raiz inseri<strong>da</strong> e presente na história que torna visível e humano<br />
o rosto de Deus em Cristo.<br />
ENCONTRO ENTRE DEUS E O HOMEM<br />
“Muitas vezes e de muitas formas tinha Deus falado aos nossos<br />
pais por meio dos profetas; nestes últimos tempos falou-nos por<br />
meio do Seu Filho” (Heb 1,1-2). E assim, “ao chegar a plenitude<br />
dos tempos, enviou Deus o Seu Filho nascido de Mulher” (Gl 4,4).<br />
Com aquele sim generoso pronunciado por Santa Maria (Lucas 1,<br />
38) a humani<strong>da</strong>de inteira acolhia o dom divino, continuando a obra<br />
reconciliadora na história humana inicia<strong>da</strong> por Deus depois do pecado<br />
original.<br />
Deus não se esquece <strong>da</strong> sua criatura e oferece-lhe a possibili<strong>da</strong>de<br />
de se reconciliarem com Ele, através de um acto de amor infinito: A<br />
Anunciação-<strong>Encarnação</strong> do Filho é a manifestação mais sublime<br />
desse amor divino aos homens, o cúmulo do desígnio amoroso de<br />
Deus. Ela revela-nos a iniciativa divina d’Aquele que sai ao encontro<br />
do homem: “Porque Deus amou tanto o mundo que lhe deu o<br />
Seu Filho único, <strong>para</strong> que quem nele acreditar não se perca, mas<br />
tenha a vi<strong>da</strong> eterna” (Jo 3,16).<br />
Na encarnação, Jesus insere-se na condição humana com todo o<br />
Seu realismo: nasce no meio de um povo concreto, assumindo a sua<br />
identi<strong>da</strong>de, a sua história, a sua religiosi<strong>da</strong>de; nele vai elaborando a<br />
sua personali<strong>da</strong>de e a sua maneira de ser, aprende a amar e a ser amado;<br />
partilha a existência do seu povo, o seu trabalho e os acontecimentos<br />
simples de ca<strong>da</strong> dia, …abre os ouvidos, sabe escutar, vai<br />
conhecendo a reali<strong>da</strong>de, insere-se no meio dos pobres do seu povo e<br />
a eles dirige de preferência a sua acção; encontra o Pai em to<strong>da</strong>s as<br />
situações humanas, tendo uma visão contemplativa <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de; a<br />
2
sua mensagem é portadora de sentido <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, de esperança e de<br />
abertura ao infinito, de transcendência, a sua pe<strong>da</strong>gogia é de<br />
testemunho e diálogo (Missão carismática Amor de Deus, pág.44).<br />
REVELAÇÃO DA PLENA HUMANIDADE<br />
O mistério do Verbo Encarnado não só nos manifesta quem<br />
é Deus. Também é uma chave imprescindível <strong>para</strong> aprofun<strong>da</strong>r no<br />
mistério do próprio ser humano. À luz <strong>da</strong> <strong>Encarnação</strong> e <strong>da</strong> sua<br />
misteriosa reali<strong>da</strong>de nos actos, palavras e vi<strong>da</strong> do Senhor Jesus, a<br />
pessoa descobre-se a si mesma e percebe a grandeza do seu destino.<br />
O filho de Maria “manifesta plenamente o homem ao próprio<br />
homem e descobre-lhe a sublimi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> sua vocação (Gaudium et<br />
Spes, 22). Porque “só pode descobrir o significado pleno <strong>da</strong><br />
ver<strong>da</strong>deira humani<strong>da</strong>de aquele que sendo Deus se fez homem como<br />
um de nós, elevando a digni<strong>da</strong>de do ser humano até ao incrível,<br />
<strong>da</strong>ndo assim à vi<strong>da</strong> humana a dimensão que lhe queria <strong>da</strong>r desde o<br />
seu princípio” (Redemptor hominis, 1). Não é em vão que Santo<br />
Ireneu exulta cheio de assombro:” A glória de Deus é o homem<br />
vivente” (Adversus haereses).<br />
A encarnação é, ao mesmo tempo, o acontecimento Jesus<br />
de Nazaré e uma proposta de um modo de vi<strong>da</strong>. Precisamente<br />
porque é a manifestação de Deus na humani<strong>da</strong>de de Jesus, é também<br />
a revelação mais plena <strong>da</strong> pessoa humana: a natureza humana foi<br />
feita radicalmente capaz de ser manifestação de Deus; o ser humano<br />
é capaz de transcendência, é um ser aberto de tal forma que possa vir<br />
a ser outro-desde-si; a nossa humani<strong>da</strong>de, pelo menos<br />
potencialmente, é auto-expressão de Deus (Missão carismática<br />
Amor de Deus, pág. 45).<br />
3<br />
AMOR DE DEUS AOS SERES HUMANOS<br />
“Considerai, meus irmãos, o grandíssimo amor de Deus <strong>para</strong><br />
connosco, pois na<strong>da</strong> podia honrar tanto a raça humana como contar,<br />
entre os seus indivíduos, com o Filho de Deus, a segun<strong>da</strong> pessoa <strong>da</strong><br />
Santíssima Trin<strong>da</strong>de” (P. Usera. Escritos, pág. 294).<br />
É que o mistério do Verbo Encarnado constitui um <strong>da</strong>do<br />
fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> poder compreender o grande amor de Deus <strong>para</strong><br />
com a humani<strong>da</strong>de e a magnitude <strong>da</strong> exigência do amor aos nossos<br />
irmãos. O Verbo Eterno, fazendo-se Filho de Mulher, “por nós<br />
homens e por nossa salvação” (Credo de Niceia e Constantinopla),<br />
vem ao nosso encontro num acto sublime de generosi<strong>da</strong>de, de<br />
entrega, de amor, a ensinar-nos a ser mais humanos, pondo como<br />
horizonte <strong>da</strong> nossa existência o man<strong>da</strong>mento do amor aos nossos<br />
irmãos, (Jo 13,34), o amor sem medi<strong>da</strong> (Jo 15,13) como Ele mesmo<br />
fez (Jo 13,1; 15,12) No Senhor Jesus descobrimos a radicali<strong>da</strong>de<br />
deste amor, pois Ele nos amou primeiro (1 Jo 4,10.19).<br />
Jesus faz-se homem solidário com todos os homens, pois, apesar <strong>da</strong><br />
sua condição divina, não faz alarde <strong>da</strong> sua categoria de Deus, antes<br />
despoja-se de si mesmo fazendo-se passar por um qualquer (Fl 2,6-<br />
7). O seu amor pelos seres humanos é tal que se faz semelhante a nós<br />
em tudo, excepto no pecado (Heb 4,15), partilhando <strong>da</strong>s nossas<br />
fraquezas e debili<strong>da</strong>des até ao extremo de entregar a sua vi<strong>da</strong> por nós<br />
(cf. Fl.2,8).<br />
Jesus, na sua <strong>Encarnação</strong>, revela-nos que amar a Deus significa<br />
encontrar e servir a pessoa humana; e amá-la e caminhar a seu lado<br />
significa encontrar a Deus, princípio e razão de todo o amor (Missão<br />
carismática Amor de Deus, pág.45). Por isso, o carisma legado pelo<br />
Venerável Jerónimo Usera à Congregação consista em encarnar o<br />
Amor de Deus na vi<strong>da</strong>, de modo que chegue a ser manifestação desse<br />
amor aos homens e mulheres do nosso mundo, com sinais e gestos<br />
adequados ao nosso tempo, (cf.C3 e DC’96, pág. 66), tal como ele<br />
mesmo fez e podemos ver a seguir.<br />
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