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Ausência de Saúde Moral - FEF - Unicamp

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contrário dos “supereficazes e brilhantes comandantes” que<br />

as <strong>de</strong>squalificam.<br />

Um bom exemplo elucidativo seria aquele em que à<br />

vítima é constantemente atribuída a pecha <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>satenta,<br />

não envolvida com seu trabalho, imperita. Em longo prazo,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns meses, às vezes até anos <strong>de</strong> sofrimento atroz,<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado por essa constante e <strong>de</strong>smerecedora<br />

“adjetivação” direta ou indireta, o indivíduo torna-se exatamente<br />

o que lhe foi atribuído. A vítima po<strong>de</strong> entrar em <strong>de</strong>pressão<br />

e sofrer, por exemplo, um longo período <strong>de</strong> insônia, o<br />

que é comum nesse quadro <strong>de</strong>pressivo. Dessa forma, ela po<strong>de</strong><br />

acabar por se tornar realmente negligente no trabalho, não<br />

por seu <strong>de</strong>sejo e sim pela pauperização, pela fragilização <strong>de</strong><br />

sua saú<strong>de</strong> física e mental.<br />

A “<strong>de</strong>mocratização” do assédio moral: estamos todos<br />

no mesmo barco.<br />

É interessante observarmos que, em épocas passadas,<br />

no Brasil, o assédio moral se dava basicamente com o “peão”,<br />

o serviçal sem maiores qualificações. Hoje, abrange todas as<br />

classes, infelizmente “<strong>de</strong>mocratizou-se” no mau sentido; executivos,<br />

juízes, <strong>de</strong>sembargadores, professores universitários,<br />

médicos e funcionários <strong>de</strong> funções diversas, muitas vezes bastante<br />

qualificados, também são atingidos por esse fenômeno.<br />

Apesar <strong>de</strong> a maioria das pesquisas apontarem que as<br />

mulheres são, estatisticamente falando, as maiores vítimas<br />

do assédio moral, também são elas as que mais procuram<br />

ajuda médica ou psicológica e, não raro, no seu próprio grupo<br />

<strong>de</strong> trabalho, verbalizando suas queixas, pedindo ajuda.<br />

Em relação ao homem, sob alguns aspectos, essa situação<br />

é mais <strong>de</strong>licada, pois fere sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> masculina.<br />

Em um tipo <strong>de</strong> agressão que, como já vimos, é paulatina e<br />

quase-invisível, não raro quando a vítima se apercebe da situação<br />

o fenômeno <strong>de</strong>strutivo já se estabeleceu, o que a leva<br />

a um processo <strong>de</strong>pressivo em que não encontra mais forças e<br />

em relação ao qual nem mesmo possui ânimo para reagir.<br />

Essa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparente passivida<strong>de</strong>, ou melhor, <strong>de</strong><br />

ausência <strong>de</strong> ação, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nossa cultura machista e<br />

preconceituosa é vista mais como um atributo feminino do<br />

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