ARTIGO TÉCNICO 05 (Travamento de Válvulas) - ERMAer

ERMAER – Empresa Revisora de Motores Aeronáuticos
Artigo Técnico Nº 005
O que acontece quando uma válvula trava?
Quando um motor tem válvula presa, uma destas cinco coisas pode acontecer, cada uma delas é uma má notícia:
1. As varetas empenam.
2. A superfície do comando ou o tucho danificam-se.
3. A válvula abre mais não fecha.
4. O apoio do balancim quebra.
5. A capa rotativa cai da ponta da haste da válvula (somente motores Lycoming).
Uma válvula que trava fechada, muitas vezes resulta em sérios e onerosos danos ao motor. Cada vez que o
mecanismo de acionamento das válvulas tenta acionar esta válvula presa ocorre o risco de danificar muito o motor. Com o
travamento de válvula, a válvula não tende a se mover. Uma grande força é desenvolvida através do mecanismo, que tenta
forçar a abertura da válvula. O eixo de comando e o tucho são os componentes mais críticos do motor, mesmo em
condições normais, e a carga adicional provocada por um travamento de válvula, pode resultar em uma falha catastrófica
do eixo do balancim, varetas, tucho e ressalto do comando.
Um ressalto do eixo de comando danificado requer a desmontagem completa do motor. O mesmo é verdadeiro
para um tucho danificado se ele for do tipo cabeça de cogumelo utilizada em alguns motores Lycoming.
Algumas vezes, a válvula de escapamento que trava fechada pode causar o empeno da vareta de admissão, ou
quebra do apoio do balancim de admissão. Como isso pode acontecer? Se a válvula de escapamento trava fechada os
gases de escapamento não irão sair do cilindro. A pressão dos gases dentro do cilindro impede que a válvula de admissão
se abra. Se isso acontecer alguma coisa tem que ser feita, pois neste caso, ou a vareta empena, ou o eixo de apoio do
balancim se quebra.
Você pode pensar que se uma válvula trava aberta, a situação seria menos grave, mais isso não acontece
necessariamente assim. Se for uma válvula de admissão você perde a potencia e terá que fazer um pouso forçado. E se for
uma válvula de escapamento você não terá a menor compressão no seu cilindro.
Em ambos os casos, se a mola de válvula não consegue fechar a válvula, todo mecanismo de acionamento das
válvulas, (tucho, vareta e balancins) ficará sem carga. A ponta da vareta que se apóia no tucho, pode sair do seu apoio e
sair do centro. Se a esfera da vareta se posicionar de volta ao eixo de ressaltos ela poderá ser apertada contra o cárter
normalmente causando sérios danos.
Em motores Lycoming, a capa rotativa da válvula é mantida na haste da válvula de escape pelo balancim. Se a
válvula travar aberta, o balancim pode mover sem atuação uma distância suficiente para permitir a queda da capa rotativa
na ponta da haste da válvula. Quando isso acontece, não é só o claro de válvulas que se torna excessivo, mas também o
apoio do balancim que passa a contatar o prato de retenção da mola. A capa rotativa é demasiado grande para cair abaixo
dos envelopes. Ela ficará dentro da caixa dos balancins até que você retire a tampa dos balancins, e então ela cairá
despercebidamente no chão do hangar. Se você notar a falta de uma capa rotativa, é provável que a válvula de
escapamento travou em algum momento. Procure na caixa de balancins ou no chão que você irá encontrar a capa.
Danos no motor nem sempre ocorrem quando a válvula trava, mas quanto mais tempo o motor funcionar nessa
condição, maiores são as chances de que algum dano ocorra.
Ação corretiva
Reparar uma válvula presa pode ser feito sem retirar o cilindro do motor. O procedimento é descrito na SI
Lycoming 1425 e consiste em deslocar a válvula para a câmara de combustão, usinar a guia, e reinstalar a válvula.
Outro método consiste em amarrar um fio dental na ponta da válvula de escape e deslocá-la para dentro do cilindro. Usine
a guia e puxe a válvula de volta para a guia.
Se for necessário remover o cilindro, nós recomendamos que você inspecione as condições do comando e dos tuchos.
Você pode observar as condições ambientais que o motor opera. Preste atenção especialmente para os intervalos de troca
de óleo, condições dos defletores e técnicas operacionais.
O procedimento descrito na SI Lycoming 1425 e descrito aqui também pode ser usado em motores Continental.
22 de Novembro de 2009 Página 3